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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS LISTA DE CONSTRUÇÃO NAVAL Questão 1. Esboce a articulação entre os diferentes atores da construção naval, definindo-os e explicando brevemente como eles se relacionamento entre si. Para entender a articulação entre os atores da construção naval é necessário compreender o objetivo final da mesma: o navio. Navio: nada mais é que uma embarcação de grandes dimensões, que tem como objetivo o transporte de grandes quantidades de carga e ou passageiros. A importância da compreensão do conceito do navio se dá pela definição do objetivo final de todo o processo da construção naval, passando por cada ator até chegar no produto final. Uma vez compreendido o objetivo final da construção naval, é possível definir em cada etapa do processo da construção naval o correspondente agente responsável, e explanar sobre a integração entre os mesmos dissertando sobre o que cada um contribui para alcançar o produto final.

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Page 1: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS LISTA DE CONSTRUÇÃO NAVAL · A construção naval exige um corpo técnico bem estruturado e experiente para um bom funcionamento da execução

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

LISTA DE CONSTRUÇÃO NAVAL

Questão 1. Esboce a articulação entre os diferentes atores da construção naval,

definindo-os e explicando brevemente como eles se relacionamento entre si.

Para entender a articulação entre os atores da construção naval é necessário

compreender o objetivo final da mesma: o navio.

Navio: nada mais é que uma embarcação de grandes dimensões, que tem

como objetivo o transporte de grandes quantidades de carga e ou passageiros.

A importância da compreensão do conceito do navio se dá pela definição do

objetivo final de todo o processo da construção naval, passando por cada ator

até chegar no produto final.

Uma vez compreendido o objetivo final da construção naval, é possível definir em

cada etapa do processo da construção naval o correspondente agente responsável,

e explanar sobre a integração entre os mesmos dissertando sobre o que cada um

contribui para alcançar o produto final.

Page 2: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS LISTA DE CONSTRUÇÃO NAVAL · A construção naval exige um corpo técnico bem estruturado e experiente para um bom funcionamento da execução

Estaleiro: é o agente que tem a maior influência imediata no produto final, pois

é onde o estágio da confecção do navio é realizado. Ao mesmo tempo que o

estaleiro agrega os requisitos exigidos por outros atores como o armador por

meio de um corretor, e muitas vezes atendendo também os requisitos dos

projetistas. Também atua como o “cliente” dos fornecedores de

equipamentos e serviços durante a etapa da construção propriamente dita.

Engenharia: compreende todos os agentes que estão envolvidos na fase de

projeto do navio, podendo ser indivíduos da própria empresa de projeto, ou

engenheiros próprios do estaleiro. A sua importância para o processo da

construção naval se dá pelo fato de ser nessa fase que os requisitos do

armador são atendidos, também dos órgãos responsáveis pela classificação e

certificação.

Armador: podendo se caracterizar como o proprietário ou o afretador da

embarcação, neste contexto é quem exige os principais requisitos para a

construção, uma vez que são esses requisitos que deverão ser levados em

conta para que o mesmo possa operar o navio de acordo com seu propósito.

Não obstante, ele também está subordinado a regulação de entidades de

classificação e certificação. Com base nesta regulação e de acordo com sua

necessidade, o armador exerce o papel de “cliente” do estaleiro, uma vez que

este presta um serviço para ele.

Certificadoras e Classificadoras: são os órgãos de regulação que regem todas

as normas que devem seguidas nas fases de projeto, construção e operação do

navio, normas essas que devem ser seguidas pelos projetistas, pelo estaleiro e

pelo armador.

Fornecedor de Máquinas e Serviços: são os agentes que atuam diretamente na

construção do navio, fornecendo serviços terceirizados aos estaleiros,

“poupando-os“ de certos trabalhos e gastos, e também fornecendo

equipamentos indispensáveis para o funcionamento dos mesmos.

Banco marítimo: é o agente responsável pelo financiamento de diversas etapas

da construção e até mesmo pela emissão de títulos de propriedade dos navios

para os armadores.

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Seguradores: são os agentes responsáveis por prover os seguros e serviços

correlatos de gerenciamento de riscos de embarcações. Se relacionam

diretamente com os bancos e as classificadoras.

Corretores: são os agentes que atuam como intermediários entre o afretador e

o armador, ou até mesmo um comprador e um vendedor de navio, podendo

ser entre estaleiros e armadores, recebendo uma comissão pelo valor

negociado.

Questão 2. Quais as principais diferenças entre os processos de construção, reparo e

desmantelamento de navios? Considere o tipo de trabalho realizado, a localização e o

tipo de instalações necessárias.

Os processos de construção e de reparo naval apesar de envolverem as

mesmas categorias profissionais e utilizarem dos mesmos tipos de tecnologias, diferem

nas suas estratégias e nas suas gestões de operações.

Construção Naval

Partindo da divisão da construção do casco até o lançamento, a evolução dos

processos de construção e o aumento das capacidades de elevação e transporte

proporcionaram novas estratégias construtivas como a de construção do navio feita

por blocos estruturais que são edificados na carreira ou dique de lançamento. Na

indústria naval existem os estaleiros de pequeno, médio e grande porte. A grande

totalidade de estaleiros de grande porte estão localizados próximo ao mar ou em

canais e rios de fácil acesso ao mar. Já os estaleiros de pequeno e médio porte situam-

se em locais de águas mais tranquilas, rios interiores, etc.

Pontos forte e fracos da Construção Naval

- É muito sensível à variação da economia global

- É extremamente competitivo

-Possibilita emprego qualificado

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- Promove a economia local

- Constitui um factor de prestígio nacional, dado o carácter internacional do transporte

marítimo e das outras actividades que usam estruturas marítimas e navios

- É necessário dispor de forte apoio bancário para garantias e financiamento, tanto

para construção quanto para o pagamento pelo armador.

- Por serem projctos longos, a boa gestão dos contratos é fundamental para o sucesso

econômico das construções. O controle rigoroso dos custos, prazos e da qualidade, é

fundamental para o sucesso dos contratos.

Reparação Naval

A reparação naval é definida basicamente como uma prestadora de serviços

industriais. Em relação à infraestrutura industrial, existem algumas diferenças em

relação ao estaleiro de construção: a estrutura de cais de atracação e as oficinas para

efetuar as reparações nas maquinas, componentes e equipamentos do navio. O

estaleiro de reparação é caracterizado também por possuir maiores limites de calado,

facilidades de manobra e de atracação, entre diversas modos de docagem da

embarcação.

A construção naval exige um corpo técnico bem estruturado e experiente para

um bom funcionamento da execução da construção, já no mercado de reparo naval a

exigência com a necessidade de uma maior qualificação técnica e flexibilidade, além da

eficiência na gestão de projetos. A atividade de reparação é uma atividade de nível

perigoso relacionada a segurança e saúde no trabalho.

Pontos fortes e fracos na Reparação Naval

- Relativa à construção, possui menor influência direta dos ciclos econômicos, isto é, é

possível uma melhor previsão da procura.

- Menor dependência de financiamento para concretização da atividade e menores

durações na execução da atividade.

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- Menor risco financeiro e, em geral, maiores margens.

- Boas condições para melhoria da produtividade quando se investe em planejamento,

organização da produção e introdução de novas tecnologias

- Capacidade de diferenciação do potencial tecnológico dos estaleiros através da

apresentação ao armador de soluções de reparação.

- Requer maior agilidade na gestão das operações.

Desmantelamento

No fim da sua vida útil, muitos navios mercantes de mar são vendidos a

estaleiros de baixa qualidade, localizados na Ásia, mais precisamente em países como

a Índia, Paquistão e Bangladesh. O processo começa depois que um atravessador

adquire embarcações de um corretor internacional que lida com navios desativados.

Um capitão especialista em manobras de encalhe é contratado para entregá-lo ao local

de desmantelamento. Uma vez que o navio fica atolada na lama, seus líquidos são

drenados, incluindo qualquer restante de combustível diesel, óleo do motor e

extintores químicos de incêndio, que são revendidos. Em seguida, as máquinas e

equipamentos são removidos. Tudo é retirado e vendido para negociantes e onde são

transformados em materiais de construção, vigas, chapas de metal e móveis.

Desde motores enormes, baterias, geradores, e quilômetros de fios de cobre a

beliches da tripulação, vigias, botes salva-vidas, pias, vasos sanitários, e mostradores

eletrônicos da ponte de comando. Depois que o navio tenha sido reduzido a grandes

pedaços de aço, trabalhadores das regiões mais próximas ao local de

desmantelamento usam maçaricos de acetileno para cortar a carcaça em pedaços.

Estes são transportados para fora da praia por equipes de carregadores, então são

derretidos e refeitos em vergalhões para a construção civil.

O desmantelamento de navios é um negócio rentável, em três ou quatro

meses, um navio médio retorna o lucro aproximado de um milhão de dólares em um

investimento de cinco milhões a um estaleiro de desmantelamento. Navios de todos

os tamanhos, tipos e bandeiras são descartados nesses locais e a demolição é feita por

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homens, mulheres e crianças, sem qualquer preocupação com a segurança das

pessoas e do meio ambiente, inalando fumaças nocivas e vulneráveis a queda de

destroços e explosões de gás.

Para desmanchar um navio, seguindo as melhores práticas, o custo é igual ou

até mais alto do que construir um novo navio. A alternativa encontrada é a deposição

de navios em locais onde leis trabalhistas, normas de segurança e ambientais, não têm

qualquer valor, evitando custos maiores e muita dor de cabeça aos armadores em

relação à gestão de suas embarcações em fim de vida.

Fontes:

http://www.shipbreakingplatform.org/shipbrea_wp2011/wp-

content/uploads/2016/02/Press-release-2015-List-NGO-Shipbreaking-Platform-Jan-

2016-PORTOGUESE.pdf

http://www.curionautas.com.br/2014/07/o-desmantelamento-de-navios-em.html

http://pinheiropedro.com.br/site/imprensa/reciclagem-de-navios/

http://www.ordemengenheiros.pt/fotos/editor2/eng.naval/11construcaonaval_sintes

ejorn.pdf

QUESTÃO 3. Comente brevemente sobre ao menos cinco características marcantes da

indústria de construção naval.

As características mais marcantes da indústria naval são: grande dependência

geográfica (acesso a mares e rios, influência em restrições nas dimensões principais

dos navios e clima); alto valor de investimento inicial (desde a montagem de fábrica

até a fabricação do produto); sua sazonalidade, ou seja, não é uma indústria de longo

prazo; a individualidade de cada produto, ou seja, apesar das delimitações

dimensionais que uma embarcação necessita para funcionar integralmente, o estaleiro

está aquém das exigências do armador, logo, não é possível completa automatização;

e é responsável pela fabricação do produto de maior importância para a exportação

mundial.

Questão 4. Diferencie os seguintes conceitos e explique como se calcula:

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a) Eficácia x Eficiência;

b) Produção x Produtividade;

c) Lucro x Lucratividade.

a) Segundo Maximiano (2000), a eficiência define-se pela realização das

atividades ou tarefas de maneira certa, sem erros ou atrasos e pela realização

das tarefas de maneira inteligente, com o mínimo de esforço e com o melhor

aproveitamento possível de recursos.

(...) O princípio da eficiência é o da relação entre esforço e resultado. Quanto

menor o esforço necessário para produzir um resultado, mais eficiente é o

processo.

De forma geral, a eficiência é determinante da eficácia.

A eficiência é definida como:

Onde Entrada Padrão é o tempo estimado para produzir um resultado e Entrada

Consumida é o tempo real gasto para produzir o resultado.

Já a eficácia, ainda segundo Maximiano (2000), é conceito de desempenho que

envolve a comparação entre objetivos (desempenho esperado) e resultados

(desempenho realizado). Eficácia significa o grau ou taxa de realização dos

objetivos finais da organização. Satisfação dos clientes, satisfação dos

acionistas, impacto na sociedade e aprendizagem organizacional são alguns dos

mais importantes indicadores de desempenho final da organização.

Eficácia é definida como:

Metas Atingidas = Desempenho realizado;

Metas Programadas = Desempenho esperado.

b) A produção é apenas uma medida de resultados, ou seja, um dado sobre o que

foi produzido em determinada empresa por um período de tempo. Estas

informações são importantes para o planejamento e controle de produção

(PCP), que controlará a atividade de decidir sobre o melhor uso dos recursos de

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produção. Este planejamento e controle de produção trabalha solucionando as

seguintes questões:

O que produzir;

Quanto produzir;

Onde produzir;

Como produzir;

Quando produzir;

Com o que produzir;

Com quem produzir.

Para ajudar neste processo, há estudos como o estudo de Curva de Possibilidades de

Produção (C.P.P), que é um conjunto teórico com o qual se ilustra como a questão da

escassez impõe um limite à capacidade produtiva, como também a ociosidade de

produção. Pode ser usado também para um estabelecimento de metas. Sanadas estas

questões, o PCP pode ser considerado ‘’pronto’’.

O cálculo do tempo de produção é dado por:

(http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/diferencas-entre-producao-e-

produtividade/39023/)

A produtividade, segundo Maximiano (2000), é definida como a relação entre os

recursos utilizados e os resultados obtidos, ou produção. Todo sistema tem um índice

de produtividade, que é a quantidade de produtos e serviços que cada unidade de

recursos fornece.

De forma geral, quanto mais elevada a quantidade de resultados obtidos com a mesma

unidade de recursos, mais produtivo o sistema é. Ao longo de um período, a

produtividade pode aumentar porque a produção aumenta e, ao mesmo tempo,

porque diminui o volume de recursos empregados.

Produtividade é definida por:

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c) Lucro é o retorno positivo de um investimento. Na economia, o termo lucro

tem dois significados distintos, mas relacionados. O lucro normal representa

o custo de oportunidade total (explícitos e implícitos) de uma empresa de um

empreendedor ou investidor, enquanto que o lucro econômico é, pelo menos

na teoria neoclássica, que domina a economia moderna, a diferença entre a

receita total da empresa e todos os custos, inclusive o lucro normal. (Carbaugh,

2006. p.84.)

É dado por:

A lucratividade mede a relação entre o valor obtido pelas saídas geradas e o

valor gasto com as entradas consumidas.

Questão 5 – Como se define a capacidade de produção de um estaleiro? Como se

define produtividade?

De maneira geral, a capacidade de produção é definida como o máximo nível

de valor adicionado em determinado período de tempo. Em um estaleiro, a prática

comum é que este valor seja expresso em t/ano ou em CGT/ano. A primeira unidade

geralmente se refere a capacidade da área de edificação ou da oficina de montagem e

costuma ser inapropriada para comparar a capacidade de produção entre estaleiros

que constroem embarcações de diferentes níveis de sofisticação, sendo a segunda

mais apropriada e elegante.

A produtividade é definida como a razão entre as saídas geradas e as entradas

consumidas. A indústria de construção naval é intensiva em mão de obra, sendo o

homem-hora um dos principais recursos consumidos. Desta forma, a prática comum é

que a produtividade de um estaleiro seja representada em t/hh ou CGT/hh.

Resposta:

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Capacidade -> t/ano ou CGT/ano

Produtividade -> t/hh ou CGT/hh

Questão 6. Descreva como os cinco objetivos competitivos de uma organização se

articulam num estaleiro.

Os cinco objetivos competitivos de um estaleiro são:

Preço/custo: Em um estaleiro os maiores custos diretos estão na grande quantidade de

matéria-prima necessário, aos equipamentos caros e também da grande quantidade

de mão-de-obra empregada. Já os custos indiretos estão relacionados à produtividade

geral, englobando mão-de-obra, equipamentos e processos, mas não se fixando

apenas nestes. Estaleiros que obtém sucesso são aqueles que consegue enxugar sua

produção de gargalos, reduzindo ao máximo estoques e portanto conseguindo

oferecer um preço competitivo no mercado.

Velocidade: A velocidade está ligada ao tempo entre o pedido do armador e a entrega

da embarcação. Para se obter competitividade neste quesito é preciso conhecer os

lead times internos e externos do estaleiro, reduzir estoques intermediários no

processo, conhecer e reduzir o tempo perdido com atividades que não agreguem valor

ao produto, como movimentação de material e pessoal dentro do estaleiro, atingido

com a redução das distâncias entre processos consecutivos.

Confiabilidade: A confiabilidade de um estaleiro está ligada principalmente ao

atendimento do prazo de entrega da embarcação. Outro ponto extremamente

importante é a segurança, uma vez que em estaleiros ocorrem processos perigosos, se

tornando essencial adotar medidas para se garantir a integridade do pessoal, dos

equipamentos e dos bens produzidos. Para atacar este quesito um estaleiro deve

conhecer seu tempo de atraso médio, seus lead times e percentual de entregas no

prazo e buscar otimizar estes fatores.

Qualidade: Um estaleiro de qualidade é aquele que entrega embarcações confiáveis,

sem defeitos e que atenda as especificidades do armador. Para isso é preciso conhecer

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a qualidade comparada a concorrência, manter uma comunicação saudável com o

armador, para garantir que seus requisitos estejam de fato sendo cumpridos, além de

estudar o número de reclamações, observar a taxa de retenção de clientes e atingir as

metas preestabelecidas.

Flexibilidade: É essencial que um estaleiro seja flexível o suficiente para que atenda

aos requisitos específicos de cada armador mantendo a produtividade, uma vez que

esta será a flexibilidade percebida pelos clientes do estaleiro. Outro ponto essencial

para um estaleiro é ser flexível quanto aos tipos de embarcação que este produz, uma

vez que o mercado é cíclico e imprevisível, é importante que este seja capaz de se

adaptar às demandas e assim se manter saudável no longo prazo.

Questão 7. Explique a filosofia Lean e comente sobre os 5 passos para sua aplicação.

A Filosofia ´Lean´ - ‘Just in Time’ ou Manufatura Enxuta trata-se de uma filosofia

orginalmente concebida com o Sistema Toyota de Produção e é inteiramente focada

na eficiência dos processos e redução de desperdícios. Nesta, o objetivo principal de

todas as ações envolvidas é entregar o máximo de valor com o mínimo possível de

recursos. Segundo ela você deve eliminar todos os desperdícios e trabalhar apenas

com o que está sendo demandado no momento. Ela defende também a melhoria

contínua dos processos não se detendo severamente a regras e burocracias. Ou seja,

se é encontrada uma maneira de produção mais eficiente o processo deve ser

alterado. Outro ponto importante dessa filosofia é o desenvolvimento de pessoas.

Acredita-se na importância de incentivar e desafiar as pessoas envolvidas no trabalho

para que aja melhoria não apenas no processo, mas também dos profissionais

envolvidos no mesmo.

Dentre os desperdícios que devem ser subtraídos do processo produtivo tem-

se: espera, superprodução, transporte desnecessário, excesso de processamento,

retrabalho, estoque, excesso de movimentação.

Dentre as metas “inatingíveis” que eliminam os desperdícios citados acima se

tem: tempo zero de preparação, lead time zero, zero defeito, estoque zero,

movimentação zero.

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Os princípios para implementação de uma metodologia Lean são, em ordem:

1. Valor: definir o que é valor sob a ótica cliente.

2. Fluxo de Valor: Identificar o fluxo de valor e redefinir os

processos deixando apenas o que realmente gera valor ao cliente.

3. Fluxo Contínuo: estabelecer um fluxo sem interrupções para os

processos restantes.

4. Produção Puxada: Só produza quando houver demanda do

cliente.

5. Perfeição: Melhore continuamente o que for necessário e

busque sempre pela perfeição.

Referências

http://ramonkayo.com/conceitos-e-metodos/o-que-e-manufatura-enxuta-lean-

manufacturing

http://www.leanti.com.br/conceitos/4/O-que-e-Lean-Thinking.aspx

http://www.leanti.com.br/conceitos/5/Os-5-principios-do-Lean-Thinking.aspx

http://www.ft.unicamp.br/liag/semanaliag/Slides/Lean.pdf

Questão 8. Explique a filosofia da Teoria das Restrições (TOC) e comente sobre os

cinco passos para sua implementação.

A Teoria das Restrições é um desenvolvimento relativamente recente no

aspecto prático da tomada de diversas decisões organizacionais em função de

restrições. O Dr. Eliyahu Goldratt desenvolveu toda uma lógica de princípios que tinha

como base um software extremamente poderoso, entretanto ele se deparou com a

necessidade de popularizar sua ferramenta e para isso editou o livro, “A Meta”.

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Esta pode ser compreendida como a ampliação do pensamento da tecnologia

da produção otimizada, valorizando o resultado global ao invés do resultado das

partes, utilizando da premissa que as restrições que são os obstáculos do sistema

visando que estas não venham prejudicar a lucratividade e o alcance das metas.

Gargalos ou restrições são tidos como recursos restritivos, ou seja, aqueles que

limitam a capacidade produtiva e as não-restrições possuem capacidade maior do que

a demanda, sendo assim, deverá haver um balanceamento do fluxo, devendo os

recursos que não são restrições estar subordinados as restrições para que não haja um

acumulo de estoques.

1. Identificar a restrição do sistema

Tendo em vista a melhoria da atuação de um sistema, é preciso identificar qual

é o recurso que mais influência no desempenho do mesmo. Uma vez encontrado o que

mais restringe o sistema, inicia-se o processo de focagem.

2. Explorar a restrição do sistema

Após a identificação do recurso que limita o desempenho, deve-se garantir que

esse seja explorado em toda sua plenitude. Nesta parte vale a premissa que uma hora

perdida em um gargalo corresponde a uma hora perdida pelo próprio sistema. Assim

sendo, todo e qualquer recurso que não seja restrição deverá ser utilizado em função

de fornecer o que a restrição necessita para executar a operação

3. Subordinar o sistema à restrição

Todos os recursos que não são gargalos devem trabalhar na cadência da

restrição. Não se deve faltar material para ser processado no gargalo e ainda e

totalmente ineficaz trabalhar mais rápido que o mesmo pois não estaria melhorando o

sistema, apenas aumentando os estoques intermediários.

4. Romper ou elevar a restrição do sistema

Foca-se na visão de alternativas para aumentar a capacidade do gargalo tais

como mais turnos, redução do tempo de preparo dos recursos, etc. A partir desta ação

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é possível elevar a capacidade de todo o sistema até o momento que irá surgir outra

restrição, surgindo assim outro limitador do sistema.

5. Identificar a nova restrição do sistema caso a restrição seja rompida

Se no passo anterior alguma restrição for quebrada, deve-se volt ar ao passo de

identificar a nova restrição, porém com o cuidado de não deixar que a inércia do

sistema cause uma restrição no mesmo. É crucial após o controle da restrição verificar

o sistema como um todo visando evitar o monopólio por uma só restrição tornando

assim o estudo mais completo e eficaz

Questão 9. Assista o filme “A Meta” e responda:

a) Foi possível ampliar a capacidade do gargalo sem investimentos? Por que?

Não, pois para solução do gargalo foi reciclada uma máquina obsoleta e foi necessário

certo investimento, além do aumento das despesas operacionais e as peças que

apresentavam imperfeições eram descartadas antes de serem processadas no gargalo,

aproveitando mais seu tempo, que era limitado. Mas os gastos com estoque foram

diminuídos, assim como os gastos com as despesas operacionais de máquinas

superprodutivas que geravam produtos em espera pelo processamento do gargalo.

b) Ao longo de todo o processo de melhoria evidenciado no filme, o gargalo se

alterou? Se sim, quantas vezes? E para onde o gargalo se moveu? Ou seja, que etapas

da cadeia de valor (do fornecedor ao cliente) se tornaram – mesmo que

temporariamente – gargalos?

O primeiro gargalo destacado foi uma máquina que era a única responsável pela

fabricação de uma peça específica. Quando isso foi solucionado com uma nova

máquina reciclada e controle de qualidade antes dela para aproveitamento maior do

seu tempo, o gargalo foi atribuído a uma máquina que ficava inativa enquanto seu

setup era realizado. Depois, o gargalo tornou-se uma máquina que produzia demais:

ela gerava mais produtos por unidade de tempo do que o resto da cadeia produtiva

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tinha capacidade de absorver, então seu custo operacional podia diminuir sem

prejudicar o resto da produção.

c) Relacione o estudo de caso do filme com uma situação semelhante num estaleiro.

Em um estaleiro um problema de mesmo cunho o gargalo poderia ser o tratamento de

chapas que gera um estoque de chapas tratadas que não são processadas e se

acumulam esperando o resto da cadeia produtiva “desengarrafar” e causam um gasto

para serem mantidas assim Também poderia ser comparado um problema de

edificação, que atrasa a produção dos produtos seguintes, sendo que poderia ser

resolvido com outra carreira que exige um investimento, mas se paga com o tempo e

melhora a eficiência do estaleiro

Questão 10. Uma oficina de tubulação de um estaleiro opera uma máquina que dobra

60 tubos por dia (8 horas). Num dado momento, havia 200 tubos esperando para

serem processados num estoque intermediário ou sendo processados dentro da

oficina. A soma do tempo de todas as tarefas necessárias para dobrar um tubo é de 7

minutos. Qual é a eficiência percentual de atravessamento?

Sendo: Eficiência percentual de atravessamento é a taxa com que as unidades emergem do processo. Quociente entre o número de unidades e o tempo;

Temos que:

Onde:

Conteúdo de Trabalho (CT) : volume total de trabalho necessário para produzir uma unidade de recurso de saída.Pode ser dado em capital ($$) ou em unidades de tempo. Tempo de atravessamento (TA): tempo médio consumido pelos inputs para passarem pelo processo,tornando-se outputs.

Temos que:

Onde:

Trabalho em processo (TP): número de unidades em processo (é uma média por um período de tempo). São os recursos sendo processados,incluindo fila. Tempo de ciclo (TC): tempo médio entre unidades de recursos de saída (outputs) emergindo do processo;

Dados: TP= 200 un. TC= 8 min/tubo *todos tubos processados dividido pelo

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tempo total, considerando filas e esperas

CT= 7 min/tubo *tempo de produção de um tubo sem

considerar as filas e esperas

Resultado: TA= 1600 min

Ef. Atravessamento= 0,0044

Questão 11. Quais são os 5 tipos de processos em manufatura? Cite exemplos.

Em ordem de aumento de volume e diminuição de variedade:

1) Processos de projeto: produtos discricionários e customizados. Baixo volume,

alta variedade, tempo longo. As atividades podem ser mal definidas e incertas,

às vezes, até mesmo modificando-se durante o processo de produção.

Exemplos: construção civil e naval, produção de filmes, etc.

2) Processos de jobbing: cada produto deve compartilhar os recursos de operação

com diversos outros produtos. Exemplos: mestres ferramenteiros,

restauradores de móveis, alfaiates, etc.

3) Processos em lotes ou bateladas: semelhantes a processos de jobbing, mas

com menor variedade. Exemplos: manufatura de máquinas-ferramenta e de

peças de automóveis.

4) Processos de produção em massa: alto volume, variedade restrita. Atividade

repetitivas e previsíveis. Embora possa haver variabilidade, as diferentes

variantes do produto não afetam o processo básico de produção. Exemplos:

fabricação de automóveis, televisores, etc.

5) Processos contínuos: operam por longos períodos de tempo. Tecnologias

inflexíveis e intensivas em capital. Exemplos: refinarias, centrais elétricas,

siderúrgicas, etc.

Questão 12 Explique o que é MRP, MRP II e ERP, e quais são os impactos que essas

ferramentas de gestão e planejamento podem ter num estaleiro.

MRP -> MRP I (Material Requirements Planning) permite que as empresas calculem

quantos materiais de determinado tipo são necessários e em que momento. Para fazer

isso, ele utiliza os pedidos em carteira, assim como uma previsão para os pedidos que

a empresa acha que irá receber. O MRP verifica, então, todos os ingredientes ou

componentes que são necessários para completar esses pedidos, garantindo que

sejam providenciados a tempo. É um sistema que ajuda as empresas a

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fazerem cálculos de volume e tempo similares a esses, mas numa escala e grau de

complexidade muito maiores.

MRP II -> MRP II (Manufacturing Resources Planning) permite que as empresas avaliem

as implicações de demanda futura nas áreas financeira e de engenharia, assim como as

necessidades de materiais. Como resultado, o MRP oferece a documentação que

converterá as necessidades do mercado em uma linguagem que possa ser entendida

pela produção. Serão, portanto, geradas listas de materiais, ordens de produção, etc.

ERP-> ERP (Enterprise Resource Planning), é um sistema de informação que integra

todos os dados e processos de uma organização em um único Sistema. A integração

pode ser vista sob a perspectiva funcional e sob a perspectiva sistêmica. Os ERPs em

termos gerais, são softwares desenvolvidos para integrar os diversos departamentos

de uma empresa, possibilitando a automação e armazenamento de todas as

informações de negócios.

Num estaleiro, as ferramentas de gestão são imprescindíveis para o seu crescimento,

fazendo com que o impacto de suas implementações seja demasiadamente positivo. O

MRP em um estaleiro fornece a lista de materiais para a construção da embarcação,

assim como o gerenciamento do estoque e o cronograma detalhado da estrutura do

projeto. O MRP II trabalha com o controle de qualidade do projeto da embarcação, as

finanças e o marketing do estaleiro e a previsão da demanda dos produtos. O ERP é

mais global e trabalha na relação do estaleiro com o cliente, a cadeia de suprimentos

do estaleiro, gestão de projetos e a integração de todos os setores da empresa.

Questão 13. Trace um panorama da construção naval no Brasil nos últimos 15 anos,

citando os PROMEF´s I e II, o PROREFAM e as demandas da Sete Brasil. Quais lições

podem ser aprendidas?

No ano de 1999 foi criado o Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio

Marítimo), que teve como objetivo substituir importações e estimular a produção de

embarcações nacionais. A partir daí as indústria naval brasileira começava a dar sinais

de crescimento. Mas foi a partir do ano de 2004, com a criação do Promef que a

indústria naval começou a ser de fato retomada. O programa de modernização e

expansão da frota (etapas I e II) teve como premissas construir navios no Brasil, ter

índice de no mínimo 65% de conteúdo nacional e atingir competitividade

internacional.

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Inicialmente abrangendo a construção de 49 novos petroleiros, com investimento na

ordem de R$ 11,2 bilhões, o Promef vem sofrendo sucessivos atrasos e cancelamentos,

o que levanta o questionamento sobre sua realização. Desde o início do Promef, já

foram canceladas as aquisições de 14 embarcações e apenas 12 foram entregues até

agora. Parte desse problema se deve à empresa Sete Brasil, criada em 2008 para

atender o maior plano de frota de exploração de águas ultraprofundas do mundo. Esse

projeto de começou a ter problemas em 2014, quando a Petrobras e a Sete Brasil

mergulharam num escândalo de corrupção investigado pela operação Lava Jato. O

escândalo fez o governo atrasar financiamentos e a assinatura do contrato de longo

prazo.

Atualmente o segmento offshore ainda tem encomendas relevantes em processo de

construção. A questão é a continuidade. A Petrobras anunciou que as encomendas de

plataformas de produção de petróleo serão direcionadas para a licitação internacional

de grandes integradores de sistemas como a Modec, a SBM, a BW, a Teekay e Bumi

Armada. Mesmo assim existem estaleiros com alinhamento internacional que são o

Brasfels, o Jurong Aracruz e o Brasa que provavelmente poderão se beneficiar com

contratos de integração local de módulos, segmento onde o Brasil apresenta

competitividade. Seria essa a comprovação do fracasso da implantação do Promef (da

forma como ele é)?

No Brasil e nos demais países onde a construção naval é relevante a crise promoveu a

redução de encomendas. A redução do crescimento econômico internacional reduziu o

dinamismo do comércio mundial e mudou completamente o cenário.

Como lições, mais uma vez comprovamos que a construção naval é um setor cíclico

sendo necessário demonstrar que os estaleiros possuem capacidade de reação com

geração de empregos, renda e atração de investimentos. Além disso, é interessante a

flexibilidade na construção de diferentes tipos de embarcações.

Outro ponto são os programas criados pelo governo que contrastam com política de

afretamento da Petrobras, que ao longo das duas últimas décadas levou a estatal a

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contratar cerca de 300 navios estrangeiros, contra apenas 33 navios brasileiros, sendo

somente 12 (agora) as embarcações construídas e entregues no século atual.

Fontes:

https://www.ufpe.br/engnaval/images/pdf/prominp/Disciplina1/disciplina1_a_industria_de_construcao

_naval_e_offshore.pdf

http://www.sindmar.org.br/promef-do-futuro-promissor-a-promessa-nao-cumprida/

https://www.portosenavios.com.br/noticias/ind-naval-e-offshore/34396-a-situacao-da-construcao-

naval-brasileira

https://jornalggn.com.br/noticia/construcao-naval-brasileira-a-politica-industrial-que-deu-certo

http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/04/lava-jato-descobre-que-estatal-sete-brasil-foi-criada-

para-ajudar-na-corrupcao.html

http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/08/sete-brasil-buscara-ate-us-5-bilhoes-em-

plano-de-reorganizacao.html

http://www.transpetro.com.br/pt_br/imprensa/noticias/transpetro-convida-estaleiros-para-a-segunda-

fase-do-promef.html

Questão 14. Que fatores influenciam nos preços de venda de novos navios num

estaleiro?

O preço de venda de um navio é regido por quanto o mercado mundial está disponível

a pagar naquele momento pelo navio, que está ligando de forma direta com o lei da

oferta e da procura do mercado de frete referente a cada segmento de produto

(granel, container, carga geral e outros). No entanto esses fatores só podem ser

alcançados para uma venda quando o estaleiro possui condições de competir preços

com demais estaleiros e os fatores que fornecem essas condição são fatores

estratégicos, táticos e operacionais. Os fatores estratégico referem-se aos custos

locais, leis, capacitação da mão de obra, ciclos de mercado, proximidade com o

fornecedor que por fim são consequências do local de instalação do estaleiro. Os

fatores táticos tratam da gestão organizacional, de processos, espaço, relação com

fornecedores e o fator preponderante para os estaleiros mais produtivos esta a

estratégia construtiva. Por fim o tem-se o fator operacional que é influenciado pelos

outros fatores e gera informações sobre o estaleiro e medidas de contenção, expansão

e resolução podem ser tomadas.

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Questão 15. Explique qual é o impacto do uso de sistemas CAD/CAE/CAM em

construção naval. Quais as vantagens e desvantagens?

O CAD/CAE/CAM são ferramentas computacionais de trabalho, através do uso do

computador de forma a facilitar e melhorar a produtividade de um produto e/ou

empresa, tais ferramentas possibilitam sua utilização de maneira isolada ou integrada

entre si. No mercado Naval a competitividade entre as empresas é determinada pela

qualidade de seus recursos, pelo conhecimento que são capazes de produzir e pela

capacidade de aplicar ciência, tecnologia e conhecimento na produção de

embarcações cada vez mais eficientes, porem existem restrições físicas que dificultam

a realização de diversas tarefas de projeto, como projetar, construir, testar e aceitar o

protótipo de um produto.

Uma das principais vantagem desses software e podermos minimizar estes processos,

através de uma simulação como uma maneira eficaz de criar um teste preliminar,

antes de desenvolver protótipos caros, testes de campo ou execuções reais. Podendo

assim prever futuros defeitos e dificuldades.

Como desvantagem podemos citar e o alto valor de obtenção que esses software

específicos da indústria naval possuem, limitando o acesso de forma legal a muitos

profissionais na área ou empresas. Outra desvantagem também, e a complexidade que

alguns desses software podem apresentar, necessitando de uma melhor qualificação e

capacitação dos profissionais que iram utilizar esses programas, de forma a obter

maior aproveitamento possível de tais ferramentas.

Questão 16. Como escolher a localização de um estaleiro?

Na escolha da localização, deve-se levar em consideração sobretudo os custos

espacialmente variáveis (se alteram com a localização geográfica), o serviço que a

operação é capaz de prestar a seus clientes e a receita potencial da operação.

Tipicamente, em construção naval, a preocupação maior é em minimizar os custos,

pois a receita é menos sensível em relação à localização.

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Em relação à oferta, consideram-se os custos da mão-de-obra, os custos de terreno, os

custos de energia, os custos de transporte e os fatores da comunidade. Quanto à

demanda, a habilidade da mão-de-obra, a adequação do local em si, a imagem do local

e a conveniência para os clientes.

Para auxiliar na escolha da localização, algumas técnicas podem ser utilizadas, como a

pontuação ponderada (o mesmo que ponderação qualitativa ou matriz de decisão, o

centro de gravidade (encontrar uma solução que minimize os custos de transporte) e

métodos de otimização (minisoma – programação linear e minimax – teoria dos jogos).

Questão 17. Quais são os aços mais utilizados em construção naval e quais são suas

principais características?

R= AH 32, DH 32, AH 36, DH 36, EH 32, EH 36, Grau A, Grau B, Grau C, Grau D e Grau E,

esses são os Aços de média e alta resistência mecânica com limitação de carbono

geralmente, são os aços mais utilizados na construção Naval. Por conta de todos os

processos pelos quais esses aços passam, como, laminação convencional, laminação

controlada e tratamento térmico de normalização, eles são de excelente limpidez

podendo garantir tenacidade a baixas temperaturas, tração da direção da espessura,

qualidade interna por ensaio de ultrassom e tem ótima soldabilidade (levando em

conta os mais diversos processos de soldagem utilizado na construção naval).

Devido a menor quantidade de carbono equivalente a microestrutura refinada, esses

tipos de aço proporcionam excelentes características na Zona Termicamente Afetada,

mesmo com alto aporte térmico.

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Questão 18. Quais as vantagens e desvantagens desse utilizar perfis bulbo ao invés de

cantoneiras em L?

Os perfis bulbo apresentam vantagens estruturais como a maior resistência à

flambagem em relação aos perfis soldados ou dobrados, além de maior facilidade na

soldagem de chapas colar; rápida pintura e soldagem do perfil; menor área para o

mesmo módulo de seção (menos material de revestimento), menor índice de corrosão

devido aos cantos arredondados e maior facilidade e rapidez na limpeza no interior de

tanques de lastro.

Como desvantagem: este tipo de perfil apresenta várias dimensões, ou seja, a maior

variedade dificulta a logística e a manutenção.

Questão 19. Como definir a capacidade de um estaleiro?

R: A capacidade produtiva é o valor máximo que define a saída do processo produtivo

por unidade de tempo. Para pequenas empresas esse tempo é geralmente o dia. Logo,

a capacidade de produção desta empresa seria a quantidade de peças que ela

consegue produzir por dia. Para determinar a capacidade, deve-se primeiro saber a

forma de medi-la, considerando os aspectos da empresa.

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Num estaleiro essa capacidade de produção é medida em toneladas, expressa

geralmente em toneladas de aço processado no ano. Há quatro formas de determinar

a capacidade do estaleiro: Saída de jato, saída de corte, saída de blocos e peso leve das

embarcações.

Quanto mais rápido é realizado o processo ou saída de um produto de uma máquina

onde se deseja medir o processamento, menor deve ser a tomada de tempo deste

produto. Numa máquina de jato e corte saem uma grande quantidade de aço por um

determinado período de tempo, logo é aconselhável medir estes por semana ou mês.

Com objetivo de obter um melhor controle sobre a quantidade de aço processado.

Cada estaleiro adota sua medida para calcular a sua capacidade dependendo de sua

necessidade. Visto que vários fatores são levados em conta. Um deles é o porte do

estaleiro (pequeno, médio ou grande), demanda de embarcações, tipos de

embarcações construídas, etc.

O cálculo pelo peso leve é um dos mais fáceis de se realizar, pois esse se dá pelo

somatório do peso leve em toneladas das embarcações construídas em um ano pelo

estaleiro.

Fontes:

http://www.blogdaqualidade.com.br/qual-e-minha-capacidade-produtiva/

http://www2.rj.sebrae.com.br/boletim/como-estabelecer-a-capacidade-produtiva-da-

minha-empresa/

Questão 20. Como definir a quantidade de trabalho a ser subcontratado no estaleiro,

e como ranquear os fornecedores de serviços subcontratados?

Resposta: A terceirização é adotada por estaleiros com uma maior capacidade

produtiva pois permite às empresas contratantes uma produção mais enxuta e mais

focada no objetivo final. Dessa forma, para definir a quantidade de trabalho a ser

subcontratada deve-se primeiro compreender dois principais aspectos: o primeiro são

serviços que não são o foco do estaleiro e que estejam ocupando tempo e mão de obra

em números relevantes e o segundo são os gargalos produtivos de curto e médio prazo

dentro de um estaleiro. Os serviços desnecessários, pois excluindo postos de trabalho

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que não refletem o objetivo construtivo do estaleiro é possível realocar mão de obra

para postos chave que permitam o aumento da produção e da competitividade. Os

gargalos produtivos, pois em picos de demanda o estaleiro acaba por encontrar

restrições para sua produção, como capacidade de algumas máquinas por exemplo, e

nesses casos é necessário subcontratar serviços para aumentar a capacidade

produtiva. Assim, para ranquear os fornecedores de serviços, uma boa prática seria

subdividir os fornecedores em áreas produtivas (ex. fornecedores de dobras,

fornecedores de máquinas, fornecedores de serviços) e dentro de cada área ranquear

os mesmos de acordo com os preços ofertados, qualidade do serviço e

capacidade/velocidade de entrega, onde os que apresentassem os melhores valores

seriam os preferenciais na escolha do estaleiro. Além desses fatores, a subcontratação

de serviços em empresas do ramo naval permite uma maior velocidade de produção,

versatilidade em diferentes estratégias construtivas e a redução de estoques. Segundo

Queiroz, “ a terceirização vai comandar as atividades empresariais no Brasil. Aqueles

empresários que não a entender bem no mundo dos negócios poderá tornar-se

desatualizado e, por isso, tornar-se um candidato a ver sua empresa perder a

competitividade, a eficiência e a eficácia empresarial”. Essa tendência vem sendo

adotada principalmente por estaleiros europeus e asiáticos.

http://wwwo.metalica.com.br/centros-de-servicos-intensificam-acoes-para-apoiar

http://antigoprominp.petrobras.com.br/objects/files/2009-

06/2491_1.%20Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20COPPE%20-%20Floriano%20Pires.pdf

http://www.guiaoilegas.com.br/pt/site_extras_detalhes.asp?id_tb_extras=422637

http://feemar.weebly.com/0803---estruturaccedilatildeo-de-redes-de-

subcontrataccedilatildeo-e-flexibilizaccedilatildeo-laboral-do-sector.html

QUESTÃO 21. Esboce uma estratégia construtiva para as seguintes embarcações:

a) AHTS;

b) Barco de carga e passageiros (“recreio”);

c) Navio ro-ro.

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OBS: Galera a estratégia foi elaborada somente para a embarcação de “Recreio”.

Devido ao fato, de o AHTS e Ro-Ro todo mundo já ter feito em seus trabalhos, então,

para evitarmos estratégias iguais no trabalho final de construção preferi fazer uma

estratégia bem simples, só para termos uma noção.

Toda estratégia construtiva é dividida em duas partes: fluxo de processos e plano de

construção. O primeiro refere-se ao fluxo de aço, materiais e serviços realizados pelo

estaleiro.

Por exemplo: Tudo começa com o recebimento de materiais (chapas, perfis, tubos,

tintas, elétrica, equipamentos e etc), em seguida cada material vai para o ser

determinado estoque/oficina. Depois, ocorre o beneficiamento do aço (jato/primer,

corte e dobra), com as peças tratadas elas são levadas para a oficina de pré-fabricação,

onde é feita a montagem de painéis planos e/ou curvos.

Terminado essa etapa, é passado para sub-montagem, onde é feito a união dos

painéis. Em seguida, vai para a oficina de montagem de blocos/seções, nesta oficina

pode ser realizado os processos de pré-outfitting da parte elétrica, tubulação e outros.

Após, é levado a peça para a pintura, podendo ser realizado numa cabine de pintura

ou em área aberta com air-less.

Depois é levado para uma oficina de edificação, onde pode ser feito por ilha ou

pirâmide, blocos ou seções, de baixo para cima, de popa para proa, enfim. Pode ser

feito também o outfitting da tubulação, instalação das modularizações, pré-outfitting

de marcenaria e mecânica.

Terminado a edificação, a embarcação pode ser lançada e levada para o cais de

acabamento. Por fim, é feito os testes e prova e a entrega para o armador.

O plano de construção depende da forma de cada embarcação, nº de blocos/seções,

pesos dos blocos/seções, capacidade de carga das pontes do estaleiro, se é edificado

em dique ou em carreira, área das oficinas, sistema de informação do estaleiro

(engenharia, PCP, compra), entre outros.

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Fazendo uma suposição de que a embarcação de recreio tenha 50 m de comprimento,

17 metros de boca e 5 metros de pontal. Devido ser uma embarcação de

pequeno/médio porte pode ser edificada somente por blocos diminuindo o tempo de

chegada da peça no dique. Pode ser edificada da popa a proa, deixando mais tempo

para instalação da praça de máquinas, de baixo para cima e do centro para transversal

para depois ir no sentido longitudinal. Pode ser feito por ilha com origem ao mesmo

tempo na popa e na proa, vindo em direção a meia-nau. A fabricação de painéis planos

e curvos pode ser feita em paralelo se o estaleiro tiver capacidade para tanto, se não

em série mesmo.

Questão 22: Por que modularizar a produção num estaleiro? Quais as vantagens e

desvantagens?

R: O projeto por modularização em um estaleiro lida com boas vantagens, pois reduz o

trabalho a ser empregado na obra e o tempo de ciclo. Construir um bloco da praça de

máquinas pelo processo de modularização é instalar todo o chapeamento, esqueleto,

sistemas elétricos, tubulações, instalações propulsoras na fase de construção do bloco,

facilitando o processo de edificação, reduzindo o tempo em acabamento quando

comparado aos processos usuais de construção. Outra vantagem é que a produção

para a construção do bloco se torna enxuta, pois não vai ser gerado conflito no

acabamento, tornando as ligações dos blocos mais simples. As desvantagens estão

pelo fato de ser um processo altamente preciso, a engenharia deve ser capaz de

detalhar todos os processos, todas as ligações de tubos e etc enquanto está na fase de

bloco, de forma que a edificação a junção desses blocos ocorra perfeitamente. A mão

de obra precisa ser mais especializada para realizar este tipo de produção.

Questão 23. Esboce o WBS para o mastro de um navio

WBS para a construção de um mastro de navio

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Questão 24. O que deve-se considerar para a definição do layout de um estaleiro?

Deve-se levar em consideração o fluxo dos materiais e pessoas, de modo que tal fluxo

seja claro e atenda aos objetivos operacionais do estaleiro, além de fornecer o devido

conforto, iluminação, ventilação e segurança aos funcionários. O fluxo em questão

pode ser alterado diversas vezes no momento de definição de layout, em formato de

linha reta, U, L, T, W, adaptando-se aos limites do terreno, e buscando dessa forma

uma melhor integração das atividades. Deve-se considerar o total uso do espaço do

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terreno, tanto a área de chão quanto áreas para possíveis alterações futuras e

adaptação, caso haja mudança de necessidades de operação.

A distribuição de galpões e prédios adjacentes (administração, engenharia,

manufatura, almoxarifado) também é um ponto crucial, visto que o layout deve

facilitar também, a questão supervisional e o deslocamento de maquinário para

manutenção.

Uma das principais considerações são os tipos de embarcação que serão projetadas no

estaleiro e a quantidade de produção, pois, essa determinação irá expor a quantidade

de maquinário necessária, os espaços, os tipos de equipamentos de movimentação,

além de estratégias construtivas diversificadas, acarretando adaptações necessárias.

Questão 25 Quais os tipos de layout operacional? Quais são mais tipicamente

utilizados em estaleiros? Cite exemplos.

Os tipos de layout operacional são: posicional, funcional, celular e por produto. No

primeiro, os recursos transformados não se movem entre os recursos

transformadores. No segundo, os processos similares se localizam juntos um do outro.

No terceiro, os recursos transformados são movimentados até uma área específica da

operação na qual todos os recursos transformadores necessários se encontram e no

quarto as máquinas são organizadas de modo que cada operação necessária para

fabricar um produto seja realizada em estações de trabalho dispostas em uma

sequência fixa.

Em um estaleiro em geral usa-se um arranjo do tipo posicional, visto que a construção

das embarcações se encontram eu um lugar especifico (dique) e das oficinas estarem

sempre distribuídas ao seu redor. Mas esse layout não se aplica necessariamente a

todas as oficinas do estaleiro, visto que é necessário ver qual tipo de layout fica melhor

para cada uma das mesmas. Por exemplo na oficina de edificação, o melhor layout

seria o posicional, já nas oficinas mecânicas e elétricas, o melhor arranjo seria o celular

e nas oficinas de tubulação, o melhor layout seria o funcional.