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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS DANIEL DOMINGOS DA SILVA UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA MTM PARA AUXILIAR REPROJETO DE UM PRODUTO COM FOCO NO PROCESSO DE MONTAGEM JOINVILLE – SC 2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

DANIEL DOMINGOS DA SILVA

UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA MTM PARA AUXILIAR REPROJETO

DE UM PRODUTO COM FOCO NO PROCESSO DE MONTAGEM

JOINVILLE – SC

2007

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

DANIEL DOMINGOS DA SILVA

UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA MTM PARA AUXILIAR REPROJETO

DE UM PRODUTO COM FOCO NO PROCESSO DE MONTAGEM

Trabalho de graduação apresentado aoCurso de Engenharia de Produção eSistemas da Universidade do Estado deSanta Catarina, como requisito paraobtenção do título de Engenheiro deProdução e Sistemas.

Orientador: Prof. Adalberto JoséTavares Vieira

JOINVILLE – SC

2007

DANIEL DOMINGOS DA SILVA

UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA MTM PARA AUXILIAR REPROJETO

DE UM PRODUTO COM FOCO NO PROCESSO DE MONTAGEM

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de

Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina,

como requisito para obtenção do título de Engenheiro de Produção e

Sistemas.

Banca Examinadora

Orientador:

_______________________________________________

Adalberto José Tavares Vieira, Dr.

Membro: _______________________________________________

Régis Kovacs Scalice, Dr.

Membro:

_______________________________________________

Nilson Campos, Esp.

Joinville, 13/06/2007

RESUMO

Na atual cenário de concorrência, as empresas devem ter um potencial

competitivo elevado, para assim se manter no mercado. Aumentar a produtividade e

reduzir custos tem sido o objetivo de diversas empresas. Focando a produtividade e

a redução de custos no fator tempo, se faz necessário um estudo para tornar o

tempo utilizado em um sistema produtivo mais eficiente. Desde que Taylor iniciou os

estudos sobre análise de tempos e métodos na Administração Científica, surgiram

outros que aprimoraram o sistema. Com base nesses estudos em 1948 Maynard,

Schwab e Stergemerten criaram um sistema de tempos pré-determinados MTM (

Methods - Time Measurement). O MTM pode ser utilizado tanto na fase de

planejamento de um produto, no modo de visualização da operação de montagem

assim evitando custos ao invés de reduzi-los, quanto na análise de execução onde é

avaliado o método utilizado, visualiza-se e põe em prática as melhorias. Diversas

empresas já obtiveram resultados expressivos em produtividade e redução de

custos utilizando esta ferramenta.

Palavras-Chave: Administração Científica, Métodos e Tempos, MTM.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Ilustração da Evolução dos Estudos de Tempos e Movimentos.............26

Figura 02 – Tabela de Tempos e Movimentos MTM..................................................28

Figura 03 – Ilustração da Compactação dos Sistemas de Análise MTM...................31

Figura 04 – Nível de Método......................................................................................34

Figura 05 – Folha de Análise MTM............................................................................36

Figura 06 – Ilustração das Peças que compõe o Scrolling Mouse Digital.................40

Figura 07 – Ilustração da seqüência de montagem do Mouse..................................43

Figura 08 – Rede Pert Processo Inicial......................................................................44

Figura 09 – Esboço (de acordo com a visualização) do Posto de Trabalho..............46

Figura 10 – Rede Pert Processo Final.......................................................................49

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Tabela de Conversão de Tempos.........................................................37

Quadro 02 – Seqüência e Tempos - Análise MTM Inicial..........................................47

Quadro 03 – Seqüência e Tempos - Análise MTM Após Modificações.....................49

LISTA DE ABREVIATURAS

MTM Methods - Times Measurement

MTM UAS Universelles Analisier - System

MTM MEK MTM für die Einzel - und Kleinserienfertigung

MTM BSD Büro-Sachbearbeiter-Daten

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................09

1. 1 APRESENTAÇÃO DO TEMA..............................................................................10

1.2 OBJETIVO GERAL...............................................................................................10

1.2 OBJETIVO GERAL...............................................................................................10

1.4 JUSTIFICATIVA...................................................................................................11

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...............................................................................11

1.6 METODOLOGIA...................................................................................................11

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................14

2.1 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA...........................................................................14

2.2 ESTUDO DE TEMPOS .......................................................................................16

2.3 ESTUDO DOS MOVIMENTOS ...........................................................................19

2.4 DEFINIÇÃO DE ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS.................................22

2.5 SISTEMAS DE TEMPOS PRE DETERMINADOS...............................................24

2.6 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO BÁSICO MTM...........................................25

3. MTM.......................................................................................................................27

3.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS................................................................................27

3.2 VANTAGENS.......................................................................................................29

3.3 PROPAGAÇÃO DO MTM....................................................................................29

3.4 DESENVOLVIMENTO DE OUTROS SISTEMAS DE ANÁLISE..........................303.4.1 MTM – Básico....................................................................................................323.4.2 MTM – UAS ......................................................................................................323.4.3 MTM – MEK ......................................................................................................32

3.5 NÍVEL DE MÉTODO............................................................................................33

3.6 ANÁLISE MTM.....................................................................................................35

3.7 PROCESSO DE MELHORIA CONTÍNUA NA APLICAÇÃO DO MTM ...............36

4. SIMULAÇÃO - ESTUDO DE CASO......................................................................39

4.1 CENÁRIO FICTÍCIO.............................................................................................39

4.2 PRODUTO – SCROLLING MOUSE DIGITAL – CRIANDO A OPERAÇÃO .......40

4.3 VISUALIZAR E ORGANIZAR AS INFORMAÇÕES.............................................414.3.1 Função de Cada Peça ......................................................................................414.3.2 Seqüência de Montagem – Planejamento do Método......................................424.3.3 Ferramentas / Dispositivos................................................................................454.3.4 Organização do Posto de Trabalho...................................................................45

4.3 ANÁLISE MTM.....................................................................................................46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................48

5.1 PROPOSTAS DE MELHORIAS...........................................................................48

5.2 CONCLUSÃO.......................................................................................................50

REFERÊNCIAS..........................................................................................................51

APÊNDICES...............................................................................................................53

APÊNDICE 01 – Analise MTM Inicial.........................................................................53

APÊNDICE 02 – Analise MTM Final..........................................................................63

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Sugai (2001), MTM é uma abreviação de “Methods – Time

Measurement” que pode ser traduzida como medição do tempo de método. O MTM

é um sistema de tempos pré-determinados que foi desenvolvido por H. B. Maynard,

G. J. Stegemerten e J. L. Schwab em 1948. Trata-se do processo de tempos pré-

determinados mais difundidos em todo mundo, pertencente ao instrumento básico

dos estudos da administração operacional de prazos (Epic, 2002).

Com o trabalho não sendo mais avaliado pelo desempenho individual, mas

sim pelos resultados de equipes, sendo as mesmas responsáveis pela sua

capacidade competitiva, e tendo como fatores de desempenho custos baixos,

qualidade, capacidade de atendimento e flexibilidade, os estudos de tempos e

métodos se tornam importantes, no cenário globalizado, com ênfase às

necessidades de racionalização da produção.

O tempo se manifesta em indicadores, porém não é nada além da expressão

da qualidade de um processo. Influenciar o parâmetro tempo significa modificar

processos.

Utilizando a metodologia MTM é possível analisar individualmente cada posto

de trabalho, eliminando movimentos desnecessários e criando ferramentas/

dispositivos para obter tempos otimizados e competitivos. O método pode ser

aplicado tanto no projeto, para a determinação do tempo de produção, quanto como

uma ferramenta de melhoria de uma produção já existente. Assim, padroniza-se o

método, determina-se o tempo necessário e se treina o colaborador da produção no

método preferido. Racionalizar o tempo de produção é fundamental para a

sustentabilidade de um processo produtivo (Barnes, 1963).

1. 1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O tema deste trabalho é a utilização da ferramenta MTM (Methods- Times

Measurement) para a avaliação de novos produtos em relação a sua montabilidade,

otimizando o potencial competitivo de uma empresa.

1.2 OBJETIVO GERAL

Simular uma avaliação da engenharia de processos sobre um novo produto,

no caso um Scrolling Mouse para computador, propor melhorias para o produto, ao

setor de desenvolvimento, em relação à montagem, baseado nos estudos de

métodos e tempos MTM.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho estão listados a seguir:

− Revisar literatura sobre o estudo de métodos e tempos MTM;

− Análise MTM da montagem de um Scrolling Mouse de acordo ao que

foi entregue pelo desenvolvimento de produto (simulação);

− Identificar ferramentas/ dispositivos necessários para a produção

− Visualizar e esboçar posto de trabalho;

− Propor modificações a fim de melhorar o processo de montagem do

produto.

10

1.4 JUSTIFICATIVA

Um dos grandes problemas que surgem em uma empresa é quando o setor

de desenvolvimento de produto faz um projeto e não visualiza sua montagem em

linhas de produção.

No projeto de um novo produto todos os setores que serão afetados devem

ser envolvidos. Cada um expressando sua justificativa, com argumentos concretos,

para que o projeto e produto cheguem aos consumidores finais de maneira mais

eficiente.

Neste trabalho será abordada a avaliação de um produto, Scrolling Mouse

para computador, baseado nos estudos de métodos e tempos MTM com o objetivo

de propor melhorias de projeto ao setor de desenvolvimento de produtos.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esse estudo não tem como objetivo realizar um novo projeto detalhado das

peças que compõe o produto, mas sim, identificar possíveis alterações no conceito

de montagem do produto que torne sua montagem mais rápida. Todas as melhorias

são baseadas na necessidade da empresa reduzir futuros problemas, identificando,

ainda no projeto, operações desnecessárias e que não agregam valor ao produto,

aumentando a eficiência do tempo em relação à produção, evitando assim, possíveis

custos.

1.6 METODOLOGIA

Dentro de um processo de fabricação, existe a constante busca pelo melhor

desempenho da empresa. Com esse foco, este trabalho visa à avaliação do

11

processo de montagem de um novo produto, com a interação entre os

departamentos de uma empresa na fase de detalhamento do projeto.

Para alcançar os objetivos propostos, esse trabalho simula um estudo de

caso explorando as informações, que a analise feita com a ferramenta MTM

proporciona visando evitar problemas futuros, decorrentes da falta de comunicação

entre departamentos de uma empresa.

O procedimento do estudo baseia-se na visualização. Esse procedimento

pode ser dividido em 4 passos básicos:

- Criar a operação;

- Visualizar e organizar a informação;

- Planejar o método da operação;

- Analisar os detalhes da operação e estabelecer o tempo.

Esses passos serão explanados e descritos no decorrer do trabalho

(Capítulo 4).

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente estudo foi organizado em cinco capítulos, sendo que num primeiro

momento descreve-se o objetivo geral do trabalho, os objetivos específicos, a

justificativa, a delimitação e a metodologia do estudo.

Em seguida, aborda-se a revisão bibliográfica, com o intuito de buscar

informações necessárias para esclarecer o estudo e para embasar os

procedimentos metodológicos utilizados.

O terceiro capítulo trata da descrição da metodologia utilizada, definição e

conceitos, vantagens, propagação do método, desenvolvimento de novos sistemas

de analise, nível de método e o processo de melhoria contínua na aplicação do

MTM.

12

O quarto capítulo traz o estudo de caso simulado na fictícia Empresa X-MEX

de Joinville, com a caracterização da empresa, os levantamentos do cenário e a

aplicação do método.

Finalizando, as considerações finais, apresentando uma discussão e

conclusão sobre a simulação.

As referências bibliográficas consultadas apresentam-se ao final do trabalho.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA

Conforme Sugai (2003), por Administração Científica entende-se o conjunto

dos primeiros esforços para elaborar uma “Ciência da Administração”. Com a

Administração Científica, a improvisação deveria ceder lugar ao planejamento e o

empirismo à ciência. Neste contexto, Taylor teve um papel de destaque por ter sido

pioneiro na realização de um trabalho extremamente metódico.

De acordo com Taylor (1976), o principal objetivo da administração deve ser o

de assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e ao mesmo tempo, o máximo de

prosperidade ao empregado.

A administração científica definia claramente o papel de cada funcionário

dentro da empresa e sua função. Operários não deveriam pensar em como fazer o

método e sim em cumprir o tempo padrão de operação definido pelos seus

superiores de acordo com a melhor maneira encontrada. Assim os funcionários

produziriam mais, gerando maior redução de custos, maior retorno financeiro para

as empresas e aos funcionários. O homem passa a ser tratado como um mero

instrumento de trabalho e sua produção depende diretamente de sua remuneração

(MIYAKE e FRANCISCHINI, 2007).

Em Taylor (1976) indica-se os problemas decorrentes do uso inadequado de

seus princípios, conforme concebidos inicialmente, afirma que o estudo minucioso

do tempo, por exemplo, é um instrumento poderoso, e pode ser usado, de um lado,

para promover a harmonia entre os trabalhadores e a direção gradualmente

instruídos, treinando e dirigindo o operário dentro de novos e melhores métodos de

realizar o trabalho e, de outro, para levá-lo a produzir mais no trabalho diário, com

mais ou menos o mesmo salário que ele recebia anteriormente. Infelizmente, os

diretores encarregados deste trabalho não registraram o tempo, nem se esforçaram

em treinar os chefes funcionais ou instrutores que seriam adaptados gradualmente

para dirigir e educar os trabalhadores. Tentaram, com capatazes do velho tipo, a

nova arma – o estudo minucioso do tempo – para forçar o operário, contra os

próprios desejos e sem aumento de salário, a trabalhar muito mais, em vez de

gradualmente ensinar-lhe os novos métodos e orientá-lo na sua aplicação,

convencendo-o com lições objetivas de que a administração por tarefa significa

trabalho mais árduo, porém proporciona maior prosperidade. O resultado do

desprezo aos princípios fundamentais foi uma série de greves seguida do insucesso

daqueles que pretenderam fazer a mudança, e o retorno de todo o estabelecimento

a condições piores do que as existentes antes da tentativa.

Essa consideração vai de encontro com o trabalho de Aitken (1960), com o

qual se nota que a introdução do sistema de Taylor de gerenciamento no Watertown

Arsenal (maior fábrica americana de armamentos durante a 1° e 2° Guerra Mundial)

não foi apenas uma inovação tecnológica. Foi também uma mudança social de alta

complexidade, envolvendo padrões de comportamento estabelecidos, criando novos

sistemas de autoridade e controle e também novas fontes de insegurança,

ansiedade e ressentimento.

Conforme Chiavenato (1987); os princípios da Administração Científica são:

1. Princípio de planejamento: substituir no trabalho o critério individual do operário, a

improvisação e atuação empírico-prática, pelos métodos baseados em

procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência, através do

planejamento do método.

2. Princípio de preparo: selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com

suas aptidões e prepará-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o

método planejado. Além do preparo da mão-de-obra, preparar também as máquinas

e equipamentos de produção, bem como o arranjo físico e a disposição racional das

ferramentas e materiais.

15

3. Princípio do controle: controlar o trabalho para se certificar de que está sendo

executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto. A

Aerência deve cooperar com os trabalhadores, para que a execução seja a melhor

possível.

4. Princípio da execução: distribuir distintamente as atribuições e as

responsabilidades para que a execução seja bem mais disciplinada

Há muitos pontos de estudos da Administração Científica. Para este trabalho,

cita-se apenas a divisão do trabalho, o estudo do tempo, o estudo dos movimentos e

os tempos pré-determinados (SUGAI, 2003).

2.2 ESTUDO DE TEMPOS

No fim do século XIX e início do século XX, Frederick Winslow Taylor foi o pai

da gestão científica do trabalho e o precursor do estudo do tempo e do movimento.

Iniciou a sua carreira na companhia de aço Midvale Steel Works como operário,

tornando-se mais tarde engenheiro-chefe. Depois foi consultor na Bethlehem Steel

Works de Pittsburgh, onde realizou as suas famosas experiências. Fanático da

medição dos tempos acreditava que desse modo podia melhorar a eficiência

produtiva. A máxima de Taylor era de que só havia uma melhor maneira de

desempenhar uma tarefa, pelo que cabe aos gestores fazerem à supervisão do

trabalho, recompensando ou punindo as pessoas de acordo com o seu

desempenho. Logo, as duas funções básicas do gestor são planejar e controlar

(MARTINS, 2007).

16

A decomposição de operações possibilita eliminar movimentos inúteis e ainda

simplificar, racionar ou fundir os movimentos úteis proporcionando economia de

tempos e esforço do operário. A partir disso, determina-se o tempo médio para

execução das tarefas mediante o uso de um cronômetro. MEYERS (1999) diz que

Taylor foi a primeira pessoa a usar o cronômetro para estudar o trabalho e, portanto

é chamado “Pai do Estudo do Tempo”.

Taylor (1976), no início, cuidava apenas do processo. Mais tarde, com a

consolidação de seus métodos, após os bons resultados obtidos através da

experimentação chegou à caracterização dos princípios baseados na preocupação

da observação científica, dos fatos que diante dele se apresentavam. Eis os três

princípios dessa fase:

a – atribuir a cada operário a tarefa mais elevada que lhe permitissem as

aptidões.

b – solicitar a cada operário o máximo de produção que pudesse esperar de

um trabalhador hábil de sua categoria.

c – que cada operário, produzindo a maior soma de trabalho, tivesse uma

remuneração adequada.

Nesses três enunciados esta contida a principal orientação dos trabalhos de

Taylor, obtenção de mão de obra econômica, retribuída, entretanto com salários

mais elevados.

Mais tarde, Taylor (1976), evidenciou de forma explícita os seguintes

objetivos:

− desenvolvimento de uma ciência que pudesse ser aplicada a cada fase do

trabalho humano, em lugar dos velhos métodos rotineiros.

− selecionar o melhor trabalhador para cada serviço, passando em seguida

ensiná-lo, treiná-lo e formá-lo.

− criar um espírito de profunda cooperação entre a direção e os trabalhadores,

com o objetivo de que as atividades se desenvolvessem de acordo com os

princípios da ciência aperfeiçoada.

17

− divisão do trabalho de quase iguais processos entre a direção e os

trabalhadores, devendo cada departamento atuar sobre aqueles trabalho

pelos quais estivessem melhor preparado.

Alem daqueles princípios, Taylor também expôs regras técnicas e normas

para o trabalho de usina ou oficina:

− para cada tipo de indústria ou processo estudar e determinar a técnica mais

conveniente.

− analisar, metodicamente, o trabalho do operário, estudando e cronometrando

os movimentos elementares.

− transmitir, sistematicamente, instruções e técnicas ao operário.

− selecionar, cientificamente, os operários.

− separar as funções de preparação e execução, definindo-as com atribuições

precisas.

− especializar os agentes nas funções de preparação e execução.

− predeterminar tarefas individuais e conceder-lhe prêmios, quando realizados.

− unificar o tipo de ferramenta e utensílios.

− distribuir, igualmente, por todo o pessoal, as vantagens que decorressem do

aumento de produção.

− controlar a execução do trabalho.

− classificar mnemonicamente as ferramentas, os processos e os produtos.

Um dos pontos principais do trabalho de Taylor (1976), é a separação entre

as funções de preparação e as de execução. Para que o trabalho industrial se torne

eficiente, são necessários quatro agentes de preparação, diretamente ligados aos

operários:

− o encarregado das ordens de execução, que acompanha as encomendas, o

planejamento de execução e o seu andamento, não só de elementos que vão

ser trabalhados como ainda dos que contribuem no trabalho.

− o encarregado das fichas de instrução, que trata das minúcias da execução

de acordo com os planejamentos.

− o encarregado do tempo, que registra os tempos, faz a sua apuração e

controle, efetua apuração do custo de trabalho realizado e chama a atenção

18

dos executantes para a obediência à ficha de instrução, no que respeita aos

assuntos ligados ao tempo abonado e ao salário a ser atribuído.

− o encarregado da disciplina ou relações humanas que trata da administração

do pessoal, recrutamento, seleção, comportamento, dispensa, etc.

A finalidade do planejamento é caracterizar qual o trabalho que deve ser feito,

como deve ser feito, onde e por quem deverá executá-lo, e, finalmente, quando

deverá ser feito.

No campo da execução, Taylor (1976), passou a usar também quatro

encarregados:

− o encarregado geral, para o trabalho geral do trabalho a ser executado:

suprimento de matéria prima, utensílios, etc.

− o encarregado da fabricação, para controlar o andamento dos trabalhos e o

aperfeiçoamento dos trabalhadores.

− o encarregado da inspeção, para controlar a qualidade dos produtos.

− o encarregado da conservação, para inspecionar a limpeza. a conservação e

a reparação dos equipamentos, zelando para que funcione da melhor forma.

Esses resultados obtidos por Taylor não foram acidentais, mas

conseqüências de um estudo sistemático de fatores que afetam um problema a cada

momento. A contribuição real de Taylor para a indústria foi seu método científico,

substituindo processos rotineiros por outros deduzidos de analises prévias.

Sua atitude critica sua constante investigação das causas proporcionaram-lhe

um lugar privilegiado, que mantém como precursor da ciência da direção; foi, ao

mesmo tempo, um descobridor da aplicação da ciência àquela fase da produção que

afeta intimamente o trabalhador (BARNES, 1963).

2.3 ESTUDO DOS MOVIMENTOS

Os precursores dos métodos foram Frank B. Gilbreth e a sua esposa Lillian M.

Gilbreth, que, baseados nos estudos da Administração Científica de F. W. Taylor,

em 1885 se preocupavam com este assunto (PRONACI, 2003). Frank Bunker

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Gilbreth nasceu em 1868. Ele começou a fazer observações sobre movimentos com

27 anos de idade, quando trabalhava como superintendente em uma empresa de

construção. Sempre interessado, Frank inventou dispositivos como andaimes

móveis, misturadores de concreto, correias transportadoras, barras de reforço, tudo

com o objetivo de evitar o desperdício de movimento. Lílian Gilbreth era psicóloga e

tinha uma verdadeira preocupação com o fator humano na produção. Frank e Lilian

Gilbreth são conhecidos como pais do estudo do movimento (MARTINS, 2007).

Barnes (1963), lista as inúmeras atividades realizadas por eles:

“Invenções e melhorias de valor na construção civil, estudos sobre a fadiga,

monotonia, transferência de habilidades entre operários, trabalhos para os

desabilitados e o desenvolvimento de técnicas como o gráfico de fluxo de processo

e o estudo de micromovimentos.”.

O casal Gilbreth acompanhou Taylor no seu interesse pelo esforço humano

como meio de aumentar a produtividade. Aplicaram inicialmente os métodos de

Taylor passando a desenvolver as próprias técnicas no estudo do trabalho.

A principal influência dos estudos do Taylor para o MTM foi ter aberto o

caminho para a padronização dos métodos de trabalho e análise do tempo

destinado à sua execução (SUGAI, 2003).

Conforme Chiavenato (1987), Taylor “verificou que o trabalho pode ser

executado melhor e mais economicamente através da análise do trabalho, isto é, da

divisão e subdivisão de todos os movimentos necessários à execução de cada

operação de uma tarefa”.

A decomposição das operações possibilita eliminar movimentos inúteis e

ainda simplificar, racionar ou fundir os movimentos úteis proporcionando economia

de tempos e esforço do operário.

O objetivo do estudo dos movimentos é a determinação do melhor método

para execução de um trabalho, mediante a análise dos movimentos feitos pelo

operador durante a operação. Procura-se eliminar todos os movimentos que não

concorrem realmente para o desenvolvimento e progresso do trabalho (MARTINS,

2007).

20

De acordo com Sugai (2003), o trabalho realizado pelo casal tornou-se

tradição na engenharia industrial, além de alcançar uma redução de custo

substancial.

Com o estudo dos movimentos pode-se alcançar três finalidades:

− Evitar os movimentos inúteis na execução de uma tarefa;

− Executar o mais economicamente possível – do ponto de vista fisiológico –

os movimentos inúteis;

− Dar a esses movimentos selecionados uma seriação apropriada (princípios

de economia de movimentos).

Um estudo sobre movimentos, portanto, complementa o estudo de tempos.

Apenas o uso do estudo de tempos não é o suficiente para a melhoria das

operações.

Reconhecendo que, para a execução de uma operação, é necessário um

tempo, variável conforme o método, Gilbreth verificou a possibilidade de subdividir

mais ainda os elementos de trabalho de Taylor. Com a ajuda de filmes e outras

técnicas fotográficas, conseguiu identificar uma grande quantidade de execuções

manuais (SUGAI, 2003).

Abaixo temos os elementos divididos por Gilbreth:

1. Alcançar

2. Pegar

3. Mover

4. Colocar em posição

5. Juntar (posicionar)

6. Desmontar (separar)

7. Usar

8. Soltar

9. Procurar

10.Encontrar

11.Escolher

12.Pré-colocar em posição (preparar)

13.Pensar

14.Examinar

21

15.Atraso inevitável

16.Atraso evitável

17.Tempo de descanso

A estes 17 elementos, um aluno de Gilbreth acrescentou mais um,

posteriormente:

18.Segurar

Gilberth chamou esses 17 elementos de movimento de Therbligs – um

anagrama com seu nome. Esses foram antecessores dos movimentos básicos do

MTM.

Com o estudo desses elementos de movimentos, Gilberth e seus

colaboradores passaram a realizar estudos sobre os médotos de trabalho, retirando

movimentos desnecessários e criando dispositivos que evitassem o excesso de

movimentos. A análise era realizada sobre a movimentação das duas mãos do

operador, ficando conhecida como Análise Bimanual (EPIC, 2002).

2.4 DEFINIÇÃO DE ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS

Segundo Barnes (1963), o estudo dos tempos e movimentos é o estudo

sistemático dos sistemas de trabalho com os seguintes objetivos:

− desenvolver o sistema e o método preferido, usualmente aquele de menor

custo;

− padronizar esse método e sistema;

− padronizar o tempo de necessário gasto por uma pessoa qualificada e

devidamente treinada trabalhando num ritmo de trabalho normal para

executar um tarefa específica ou uma operação;

− Orientar o treinamento dos operadores no método preferido

Define também que, para Taylor o estudo do tempo é o elemento da

administração científica que torna possível a transferência da habilidade da

22

administração para os operários... “Estudo de tempos” consiste em duas categorias

gerais, a primeira, a fase analítica, e a segunda, a fase construtiva.

A fase analítica do estudo de tempos é a seguinte:

− dividir o trabalho de um homem executando qualquer operação em

movimento elementar;

− selecionar todos os movimentos desnecessários e elimina-los;

− observar como vários operários habilidosos executam cada movimento

elementar, e com o auxilio de um cronômetro, escolher o melhor e mais

rápido método;

− descrever, registrar e codificar cada elemento elementar com seu respectivo

tempo, de forma que possa ser facilmente identificável;

− estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo

selecionado de um bom operário para cobrir esperas inevitáveis, interrupções,

pequenos acidentes, etc;

− estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo

selecionado para cobrir a inexperiência dos funcionários nas primeiras vezes

que ele executa a operação;

− estudar e registrar a porcentagem de tempo, que deve ser tolerada para

descanso e os intervalos em que o descanso deve ser efetuado afim de

eliminar a fadiga física.

A fase construtiva pode ser sumarizada como se segue:

− combinar em vários grupos os movimentos elementares, que não são usados

frequentemente na mesma seqüência, em operações semelhantes; registra-

los e arquiva-los de tal forma que eles possam ser facilmente encontrados;

− destes registros é fácil selecionar a seqüência adequada de movimentos que

devem ser usados por um operário produzindo um determinado produto;

somando os tempos relativos a esses movimentos e adicionando as

tolerâncias correspondentes, obterem-se então o tempo padrão para a tarefa

em estudo;

− a analise de uma operação quase sempre revela imperfeições nas condições

que cercam essa operação, tais como: o uso de ferramentas inadequadas, o

23

emprego de máquinas obsoletas, existência de má condições de trabalho,

etc. E o conhecimento adquirido através da analise muitas vezes permite a

padronização das ferramentas e condições de trabalho e o desenvolvimento

de melhores máquinas e métodos.

Com isso é evidente que Taylor iniciou o estudos dos métodos e preocupação

com os tempos de trabalho, porém, quem deu a forma para o sistema de tempos

pré-determinados mais utilizado mundialmente foi Gilberth (SUGAI, 2003).

2.5 SISTEMAS DE TEMPOS PRE DETERMINADOS

Somente com o estudo dos movimentos não era possível quantificar o método

e avaliar alguma alternativa para o mesmo. Desta necessidade surgiu em 1924 o

MTA (Motion Time Analysis), o primeiro Sistema de Tempos Pré-Determinados

criado por Segur, funcionário de Gilberth. O Sistema de tempos pré-determinados

são métodos com os quais deverão ser apurados os tempos teóricos para a

execução dos procedimentos, totalmente influenciáveis pelo elemento humano. Da

aplicação dos sistemas de tempo pré-determinados surgem orientações essenciais

para a configuração dos locais e métodos de trabalho.

Os sistemas de tempos pré-determinados são utilizados para:

a) descrever seqüências operacionais;

b) atribuir tempos as seqüências descritas.

Os sistemas de tempos pré-determinados são complementados no estudo do

trabalho por meio da utilização de outros métodos como, por exemplo, levantamento

de tempos, estudo de multimomentos, aproximações, comparações, cálculos e

anotações próprias. Além disso, a aplicação dos sistemas de tempos pré-

determinados nos educa a avaliar criteriosamente as seqüências operacionais do

trabalho, e a pensar constantemente de acordo com os parâmetros de influência

(EPIC, 2002).

24

Há muitas vantagens em utilizar os tempos pré-determinados. Conforme

Barnes (1963), “pode-se determinar com antecedência o tempo necessário para

execução de uma operação, simplesmente examinando-se um esquema do local de

trabalho e uma descrição do método a ser empregado. Da mesma forma, pode-se

fazer uma avaliação precisa de diversos métodos de trabalho ou de diferentes

projetos de ferramenta”. Proporciona uma maior consistência nos tempos padrões.

Assim foi possível determinar a seqüência operacional e estabelecer tempos

predefinidos para estas seqüências.

2.6 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO BÁSICO MTM

Conforme a Figura 01, o sistema MTM começou a ser concebido em 1940

quando o engenheiro Stergemerten, responsável pelos métodos de trabalho na

Westinghouse, chamou o consultor Maynard a Pittsburgh para assessorá-lo na

execução de um vasto programa de melhoria de seus métodos.

Eram os anos da 2a. Guerra Mundial. A utilização da otimização de

procedimentos na indústria bélica com o uso de cronômetro estava fora de

cogitação, tendo em vista os problemas já aponta dos em Aitken (1960). Surgiu,

portanto, a necessidade de criar um conjunto de padrões elementares para compor

o tempo das atividades.

O estudo, conforme Fullmann (1975), começou com 18 empresas em

Pittsburgh, seguindo a uma aplicação do método em uma fábrica Westinghouse em

Lima (Peru), ampliando seguidamente para outras 25 empresas. A consolidação do

MTM foi em 1948, com a publicação do livro “Methods-Time Measurement”

25

1920 - MTA (Motion Time Analysis) : Publicação

- Rudolf Thun (Berlin) publicou “Sugestões para o desenvolvimento

de um sistema de tempos predeterminados”.

1930 - WF (Work Factor): Início do desenvolvimento

1940 - MTM (Methods Time Measurement): Início do desenvolvimento.

- WF: Publicação.

- MTM Publicação.

1950 - MTS (Motion Time Survey): Publicação.

- BMT (Basic Motion Time): Publicação

- DMT (Dimensional Motion Time): Publicação

- Primeira aplicação na Alemanha.

1960 - MTM-SD (Standard Daten) da Associação MTM Alemã: Publicado

os valores básicos e início do desenvolvimento de dados.

- MTM-2 : Publicação

- MTM-3 : Publicação

1970 - MTM-BSD (Büro-Sachbearbeiter-Daten): Publicação

- MTM-UAS (Universselles Analysier - System): Publicação

- MTM-MEK (MTM Para produção individual e pequenas séries):

Publicação

1980 - MEK- Módulo específico: Publicação

- UAS- Módulo específico: Publicação

1990 - PROKON (Engenharia de produto adequada a produção):

Publicação

- MTM-Controle Visual: Publicação

Figura 01 – Ilustração da Evolução dos Estudos de Tempos e Movimentos

Fonte: EPIC DO BRASIL- Representante autorizada MTM- Apostila de Treinamento 2002.

26

3. MTM

3.1 DEFINIÇÃO E CONCEITOS

Methods - Time Measurement (MTM), se traduz como mensuração de

métodos e tempos. Isso quer dizer que o tempo necessário para realizar uma

determinada tarefa é dependente do método utilizado para realizá-la.

Segundo Maynard (1970), o MTM é um procedimento que analisa qualquer

operação manual ou método nos movimentos básicos necessários para executá-la,

e atribui a cada movimento um tempo padrão pré-determinado, o qual é determinado

pela natureza do movimento e condições sob as quais ele é realizado.

Pode ser visto por meio dessa definição, que o procedimento prepara os

movimentos de trabalho básico estabelecidos e o tempo necessário para suas

execuções, a fim de servir de base para a medida de qualquer operação manual.

Além disso, ele estabelece as leis e conceitos de como e porque os movimentos

padrões são feitos por pessoas de qualificações mentais e físicas normais.

No mesmo estudo Maynard (1970), afirma que o procedimento MTM consiste

não só em tabelas de dados que estabelece o tempo normal para certos

movimentos básicos sobre condições variadas, mas ele também estabelece as leis

sobre as seqüências que esses movimentos deverão seguir em muitos casos.

De acordo com a Associação MTM do Brasil, essa ferramenta se trata de um

método destinado a estruturar seqüências de movimentos em movimentos básicos,

a cada movimento básico é atribuído um valor de tempo padrão, pré-determinado

pelos fatores que influenciam sua execução.

O MTM abrange todos os movimentos do corpo que podem ser realizados

pelo homem, decisões binárias de como "Sim - Não", não alcança tempos que

podem ser influenciáveis pelo processo, esses tempos devem ser cronometrados ou

calculados.

Os tempos pré determinados dos micro-movimentos estão organizados em

uma tabela de tempos e movimentos de acordo como mostra a Figura 02.

Figura 02 – Tabela de Tempos e Movimentos MTM

Fonte: EPIC DO BRASIL- Representante autorizada MTM- Apostila de Treinamento 2002.

28

3.2 VANTAGENS

Segue algumas vantagens em utilizar o MTM, de acordo com Epic 2002.

- Com o auxilio do MTM é possível determinar o tempo de execução de

uma tarefa antes dela ser realizada;

- Com uma análise crítica do método desenvolvido, é possível encontrar o

método e o tempo ideal ainda no planejamento da atividade reduzindo custo já no

planejamento;

- A codificação utilizada é internacional, facilitando assim, a comparação

de processos produtivos;

- O treinamento dos operadores pode ser iniciado quando definido o

método.

3.3 PROPAGAÇÃO DO MTM

Segundo Sugai (2003), Logo após a publicação do método em 1948, o

sistema de tempos pré-determinados teve uma disseminação rápida e intensa, no

qual seus autores passaram por aflições na tentativa de manter o controle do

método e sua correta aplicação. Para amenizar esta condição foi criado, em 1951, o

"U.S. MTM - Association for Standards and Research" em Nova Iorque. Em 1953 a

Associação se mudou para Ann Arbor, em Michgam. Os direitos autorais do MTM

foram transferidos dos autores para Associação, que assumiu o compromisso de:

− Fomentar e permitir pesquisas de seus princípios básicos e pesquisas

aplicadas no âmbito MTM,

− Incentivar a propagação do método MTM e sua aplicação correta e uniforme

na prática,

− Considerado este objetivo, tornar público os resultados das pesquisas,

− Padronizar e fiscalizar o ensino do método MTM pela aplicação de princípios

de treinamento e estabelecimento de regras para os exames.

29

Associações semelhantes ligadas a Associação Americana, surgiram em

diversos paises da Europa e Ásia. Em 1957, na conferencia de Paris, foi constituído

um Diretório Internacional MTM. Em 1962, empreendimentos industriais fundaram a

Associação MTM Alemã, a Deutsche MTM-Vereinigung e. V. (DMTM-V). Esta

Associação é muito ativa, um verdadeiro pólo de desenvolvimento de MTM, pois

congrega grupos de trabalhos, juntas técnicas e encontros para trocas de

experiência entre usuários do MTM.

3.4 DESENVOLVIMENTO DE OUTROS SISTEMAS DE ANÁLISE

De acordo com Sugai (2003), módulos do MTM surgiram na medida em que

as empresas sentiram a necessidade de aplicações específicas do MTM. Para

atender estas solicitações, a Associação Internacional MTM agrupa profissionais

capazes para realizar pesquisas e buscar soluções. O resultado do trabalho é

associado ao corpo de conhecimento da mesma e divulgado para as demais

Associações Nacionais.

O desenvolvimento de novos módulos deve seguir as seguintes premissas:

- O método deve ser aplicável em todos os ramos de atividade;

- O método deve ser compreensível por todos, e seu aprendizado deve

ser fácil não exigindo conhecimentos específicos;

- O método deve ser elaborado de tal maneira que o tempo de sua

execução seja uma “decorrência dele próprio”;

- O método deve ser padronizado mundialmente.

O MTM publicado em 1948 foi base de criação de múltiplos desenvolvimentos

de Dados Padrões, processos complementares mais complexos, patrocinados por

diferentes Associações MTM. A Associação MTM Americana desenvolveu e

propagou o GPD (MTM - General Purpose Data) em 1963. No âmbito da Associação

MTM Alemã, desenvolveu-se o MTM-SD (Standard-Daten), tendo como base a

condensação de dados. Nesse mesmo princípio também criou os sistemas de

analise MTM-UAS (Universelles Analisiersystem – Sistema de Analise Universal) e o

30

MEK (MTM für die Einzel – und Kleinserienfertigung – MTM para produção individual

e em pequenas séries). A figura 03 mostra a simplificação.

Figura 03 – Ilustração da Compactação dos Sistemas de Análise MTM

Fonte: EPIC DO BRASIL- Representante autorizada MTM- Apostila de Treinamento 2002

Muito embora o desenvolvimento dos Dados Padrões tenha ocorrido em

diferentes países, há um intercâmbio entre as associações e uma unidade na base

original que possibilita uma universalidade do MTM mesmo em diferentes países.

3.4.1 MTM – Básico

O MTM básico é utilizado em processos com o tempo de ciclo curtos que

exigem postos de trabalho altamente organizados com a descrição de movimentos

ALCANÇAR

PEGAR

SOLTAR

MOVER

POSICIONAR

APANHAR

COLOCAR NOLUGAR

APANHAR ECOLOCARNO LUGAR

MOVIMENTOSBÁSICOS

SEQÜÊNCIA DEMOVIMENTOS

PROCESSOSBÁSICOS

MTM - BÁSICO MTM – UAS / MEKMTM - SD

31

feita da maneira mais enxuta, com funcionários de alto nível de treinamento e

movimentos descritos detalhadamente, conforme Epic (2002).

3.4.2 MTM – UAS

(Universelles Analysien System ou Sistema de Análise Universal)

O termo “universal” indica a possibilidade de aplicação do MTM-UAS em

praticamente todas as seqüências operacionais manuais, nas diferentes áreas

aplicativas com características de produção seriada. O Sistema de Análise Universal

foi desenvolvido para aplicação na produção seriada. Os segmentos industriais que

fazem uso desse módulo são as grandes montadoras de veículos, indústria de

eletrodomésticos, entre outros, de acordo com Epic (2002).

3.4.3 MTM – MEK

(MTM für die Einzel und Klein serienfestingung ou MTM para produção

individual e em pequenas séries)

O MTM para produção individual e em pequenas séries está voltado para

indústrias de produção de baixa repetição ou mesmo sem repetição. Aplica-se na

indústria aeronáutica e construção de máquinas sob encomenda, conforme Epic

(2002).

Na década de 80, elaborou-se, por meio da condensação de dados, as

“Etapas de Evolução” para os módulos MEK e UAS. Atividades como parafusar,

prender, afrouxar, examinar ou medir foram aglutinadas e assim a análise da

atividade mais simplificada.

Os sistemas de análise MTM perseguem o objetivo de descrever e quantificar

as seqüências de movimentos executados pelo operador. O método básico MTM

32

permite o mais alto grau de detalhamento. O MTM-SD, o detalhamento reduz-se um

pouco. Entretanto, nas descrições através do UAS e MEK, a redução é sensível.

Quanto mais compactado for o sistema de análise, tanto menos informação

dos detalhes terá sobre a seqüência de movimentos. Isto atinge diretamente o

método de trabalho e conseqüentemente, o nível do método.

3.5 NÍVEL DE MÉTODO

Antes de tratarmos detalhadamente da denominação nível de método, terá de

ser estabelecido o relacionamento existente entre o nível do método e a habilidade,

de acordo com Epic, 2002.

Habilidade é o conhecimento adquirido durante a realização de uma tarefa na

execução do movimento, que por sua vez depende das capacidades básicas, bem

como de experiências e treinamento.

Com o crescimento da quantidade de repetições de tarefas idênticas e/ou

semelhantes reduz-se o tempo necessário para a execução de uma tarefa, sem

provocar desgaste para a pessoa que a executa.

Desta forma, o efeito do treinamento e a habilidade associada determinam

consideravelmente os métodos de trabalho e/os seus níveis.

Nível de método é a qualidade com que é executada uma tarefa, diretamente

relacionada com a habilidade de quem a executa e com o grau de organização do

sistema de trabalho. O entendimento do nível de método pressupõe que as

denominações método de trabalho e modo de trabalho estejam devidamente

definidas.

Ponto de partida para a analise é a observação de uma seqüência de

movimentos de qualquer. Colocando-se a pergunta O QUE?, o resultado é uma

descrição do método de trabalho, composto pelas regras da seqüência operacional

com que o ser humano executa esta tarefa. em um primeiro momento é indiferente

se a descrição é feita verbalmente, ou então utilizando os módulos MTM.

33

Em oposição esta a pergunta QUAL BOM? A resposta representa uma

avaliação da realização do método de trabalho descrito, passando a ser uma

declaração sobre o modo de trabalho. Assim é a seqüência individual da seqüência

operacional definida pelo método de trabalho.

A definição nível de método, como consta, é uma descrição da dispersão dos

modos de trabalho

Este conceito permite o relacionamento entre o método básico MTM, MTM–

SD, UAS e MEK, isto é, os módulos relacionados diretamente com a manufatura.

Para compreender este conceito, supõe-se o entendimento das denominações

Método de trabalho e Modo de trabalho. A partir da diferença entre os dois teremos

a expressão do Nível do Método, conforme figura 04. Pode-se exemplificar o Nível

de Método comparando uma troca de pneus feita por um mecânico de Formula - 1 e

outra feita por uma pessoa comum. Ambos tem o posto de trabalho, tarefa definida,

porém a as ferramentas de um é mais específica que de outro, os itens são

padronizados, existe uma seqüência bem definida de movimentos para enquanto

para outro se dá totalmente sem qualquer padronização de movimentos, itens,

ferramentas, tornando o Nível de Método mais baixo, com uma diferença maior entre

como deveria ser feito e como é feito.

Figura 04 – Nível de Método

Fonte: EPIC DO BRASIL- Representante autorizada MTM- Apostila de Treinamento 2002

MÉTODO DETRABALHO

MODO DETRABALHO

DIFERENÇA = EXPRESSÃO DO NÍVEL DE MÉTODO

34

A qualidade com que é executada uma tarefa é verificada pela diferença entre

o que deve ser feito e como é executado. A diferença entre o Método de trabalho e o

Modo de trabalho define a expressão do nível do método.

Depois da definição geral de nível de método, serão examinados os

parâmetros de influência que determinam o nível de método. Levantamentos

empíricos demonstraram que dois parâmetros de influências principais são

determinantes para o nível de método:

- O PEDIDO: uma serie de influências é determinada por meio do tipo, da

amplitude, ou seja, do tamanho do lote, e da freqüência do pedido de produção.

- A ORGANIZAÇAO DO TRABALHO: uma serie de influências é

determinada por meio das condições organizacionais nas áreas de trabalho

especificas (sistema de trabalho).

A influência da organização do trabalho está diretamente relacionada ao tipo

de fabricação. Assim tem-se uma boa organização no trabalho, na produção de

peças individuais e em pequenas séries, que leva a um nível de método

sensivelmente mais elevado, do que numa má organização do trabalho. Na

fabricação em massa, no entanto, a influencia da organização do trabalho sobre a

parte intrínseca ao sistema do nível de método é relativamente baixa.

3.6 ANALISE MTM

A análise MTM Básica é feita baseada na decomposição da tarefa em

elementos de operação seqüenciados e detalhados em micro-movimentos (básicos)

necessários para a realização da determinada tarefa. A esses micro-movimentos

são atribuídos tempos pré-determinados, de acordo a tabela de tempos e

movimentos MTM, onde o resultado do somatório destes é o tempo necessário para

um funcionário realizar a tarefa.

Como ilustrado na Figura 05 a análise é feita em folhas específicas. Essa

folha deve conter as informações pertinentes ao processo, como classificação da

análise, descrição do elemento de operação, delimitações, movimentos realizados

35

por cada uma das mãos, quantidades de repetições do movimento, a freqüência

com que o mesmo é realizado e organização dos dados.

Figura 05 – Folha de Análise MTM

Fonte: PRÓPRIA

3.7 PROCESSO DE MELHORIA CONTÍNUA NA APLICAÇÃO DO MTM

O processo de melhoria contínua na aplicação do MTM é feito de acordo com

os seguintes passos:

1. Selecionar a atividade: o especialista em MTM deve estabelecer em qual posto de

trabalho fará a aplicação do MTM, definindo onde é o seu início e qual é o fim da

atividade do operador. Uma imprecisão nos parâmetros da atividade agregará

indevidamente mais tempo na atividade. A escolha de uma atividade pode ser

36

motivada pela imprecisão de seus tempos ou por ser uma atividade (gargalo) que

dita o fluxo das demais operações [Goldratt, 1996].

2. Seqüenciar operações: após definir a atividade, o passo seguinte é listar

seqüencialmente as operações realizadas pelo operador. O especialista deve utilizar

o módulo que realmente corresponde ao estilo de trabalho (MTM Método Básico,

MTM-SD, UAS ou MEK) sem misturá-los. De acordo com o módulo usado, varia-se o

detalhamento da seqüência de operações, como também a precisão do tempo do

padrão final.

3. Identificar micromovimentos: um especialista pode identificar todos os

micromovimentos envolvidos em uma atividade com as respectivas variações

(comprimento do movimento, grau de dificuldade, etc.). Esses micromovimentos

devem corresponder aos elementos básicos dos movimentos do operador.

4. Associar valores de tempo: para cada movimento básico estão associadas

unidades de tempos que estão resumidas em tabelas desenvolvidas pela

Associação MTM.

5. Definir o tempo padrão: a composição do tempo global da atividade se faz pela

simples adição dos tempos de cada parte. O tempo padrão torna-se a referência

para cada atividade e possibilita o planejamento da produção por oferecer o tempo

da atividade.

No método MTM, os valores de tempo dos movimentos básicos são especificados

como TMU (Time Measurement Unit) que é a unidade usual no método. O Quadro

01 demonstra a conversão de unidades de tempo, onde 1 segundo se equivale a

27.8 TMU.

Unidade de Tempo

TMU Segundo Minuto Hora

1 0,36 0,0006 0,00001

27,8 1 - -

1666,7 - 1

100000 - 1

Quadro 01 – Tabela de Conversão de TemposFonte: EPIC DO BRASIL- Representante autorizada MTM- Apostila de Treinamento 2002.

37

6. Melhorias na atividade: este é o ponto chave na aplicação do MTM. Durante a

realização do estudo da atividade, o especialista em MTM pode observar melhorias

que no o posto de trabalho pode receber ajustes ergonômicos que favorecem o

operador. Pode também realizar a aproximação de ferramentas ou dispositivos ou

ainda sugerir a mudança do método de trabalho que poderia gerar diminuição do

tempo da atividade.

Segue-se então ao início de um novo ciclo de estudo de tempos para adequar

o tempo total em conformidade à atividade ajustada. Conforme o caso, o especialista

deve realizar o ciclo de melhoria, fazendo uso de todos os recursos oferecidos pelos

módulos do MTM, até atingir o tempo ou método desejável para a atividade.

38

4. SIMULAÇÃO - ESTUDO DE CASO

4.1 CENÁRIO FICTÍCIO

A empresa fictícia é a X-MEX, uma empresa localizada em Joinville, a 180

quilômetros da capital do Estado de Santa Catarina. Instalada na cidade desde

1990, esta unidade emprega em torno de 150 funcionários em uma área total de

5.000 m². A empresa monta equipamentos de informática como computadores,

mouses e teclados. Nela estão instalados o setor administrativo, a área de infra-

estrutura industrial, desenvolvimento de produtos, vendas, marketing, também a

escola profissionalizante.

A empresa utiliza a ferramenta MTM desde sua inauguração, todos os

engenheiros de processos da empresa possuem treinamento e são formados na

ferramenta. A engenharia de desenvolvimento de produto não participa dos

treinamentos.

Frente a esta situação, após o departamento de marketing e vendas verificar

as tendências do mercado consumidor e tecnológico, a Empresa decide entrar e um

novo nicho de mercado, produzir Mouses Scrolling Digitais, e não mais analógicos.

O departamento de desenvolvimento de produtos iniciou o projeto. Passado algumas

semanas do início do projeto, o departamento de desenvolvimento já tinha um

projeto inicial. Sendo assim, foi construído um protótipo e enviado a engenharia de

processos para analise de montabilidade do produto em uma linha de produção.

Sendo assim, o departamento deverá enviar posições sólidas a respeito da

montagem do produto, antes do mesmo ser aprovado e seguir para produção em

larga escala.

Esse é o cenário sobre o qual será feita a Simulação.

4.2 PRODUTO – SCROLLING MOUSE DIGITAL – CRIANDO A OPERAÇÃO

O produto a ser estudado é um “Scrolling Mouse Digital” para computador. A

Figura 06 demonstra as peças que o compõe.

Peça: Capa

Externa

Cód.:001

Peça: Capa Externa

Traseira (visão

inferior)

Cód.:001

Peça: Botões

Cód.:002

Peça: Botões

(visão inferior)

Cód.:002

Peça: Suporte

Cód.:003

Peça: Parafuso 1

Cód.:004

Peça: Placa

Eletrônica

Cód.:005

Peça: Scroll

Cód.:006

Peça: Base

Cód.:007

Peça: Parafuso 2

Cód.:008

Figura 06 – Ilustração das Peças que compõe o Scrolling Mouse Digital

40

O Scrolling Mouse Digital é composto pelo conjunto de peças que possuem as

seguintes funções, como ilustrado na Figura 04:

− 1 Pç – Cód. 011- Capa Externa;

− 1 pç – Cód. 012- Botões;

− 1 pç – Cód. 013- Suporte Interno;

− 2 pç – Cód. 001 - Parafuso 1;

− 1 pç – Cód. 021- Placa Eletrônica + Cabo;

− 1 pç – Cód. 022 - Scroll;

− 1 pç – Cód. 023 - Base;

− 1 pç – Cód. 002 - Parafuso 2.

4.3 VISUALIZAR E ORGANIZAR AS INFORMAÇÕES

Segundo Maynard (1970); para visualizar a situação deve-se organizar toda

informação tangível, com o máximo grau de detalhe, em relação à especificação da

qualidade, características de produção, equipamentos e ferramentas, localização e

condições, material e peças e observação de operações similares.

Sendo assim, é necessário descrever as funções de cada peça, visualizar

como é feita a montagem dessas peças, como essas peças estarão dispostas no

layout do posto de trabalho quais ferramentas e dispositivos serão necessários para

a montagem e como eles estarão dispostos para o funcionário.

4.3.1 Função de Cada Peça

Já feita a lista de peças, é preciso descrever suas funções para

posteriormente visualizar sua seqüência de montagem.

41

− Capa Externa: Peça que suporta a palma da mão do usuário do mouse;

− Botões: Apóia os dedos e funcionam como dispositivo de acionamento para

a função desejada pelo usuário;

− Suporte Interno: Estrutura que limita o movimento dos botões e apóia tanto a

capa externa como os botões na base do mouse;

− Parafuso 1: Fazem a fixação do Kit ( capa externa + botões + suporte);

− Placa Eletrônica + Cabo: Responsável pela função de leitura de movimentos

e envio de dados para a o CPU do computador;

− Scroll: Toro de rolagem que facilita alguns comandos do usuário do mouse;

− Base: Suporta a placa eletrônica e faz o contato com a superfície onde o

mouse é utilizado;

− Parafuso 2: Fixa base do Scrolling Mouse junto ao Kit ( capa externa +

botões + suporte)

4.3.2 Seqüência de Montagem – Planejamento do Método

Definido a função de cada peça, se faz necessário a estruturação de uma

seqüência de montagem. A seqüência deve ser clara e muito bem definida. Para

ajudar todas as peças devem ser identificadas com códigos, fotos, nome a fim de

evitar erros.

Sendo assim, a Figura 07 demonstra a estruturação das seqüências de

montagem do Scrolling Mouse Digital.

42

1. Pegar Base (Cód.:023) e mover para

área de montagem

2. Encaixar Capa Externa (Cód.:011)

com Botões (Cód.:012)

3. Encaixar Suporte Interno (Cód.:013)

ao Kit (Cód.:011+ Cód.:012)

4. Fixar montagem do Kit 1 (Cód.:011+

Cód.:012+ Cód.:013) com dois

Parafusos 1 (Cód.:001)

5. Pegar Scroll (Cód.:022) e Placa

Eletrônica (Cód.:021)

6. Posicionar Scroll (Cód.:022) na Placa

Eletrônica (Cód.:021)

43

7. Posicionar Placa Eletrônica + Cabo

+Scroll (Cód.:021 + Cód.:022 ) na

Base(Cód.:023) Kit 2

8. Montar Kit 1 + Kit 2

9. Fixar montagem de Kits com

Parafuso 2 (Cód.:002)

Figura 07 – Ilustração da seqüência de montagem do Mouse

Figura 08 – Rede Pert Processo Inicial

132,9

5512,8

2109,3

6

3199,6

7642,2

8742,3

4459,4

9

556,9

857,6 857,6

742,3

642,2

556,9

512,8

459,4

199,632,9

109,3

44

A Figura 06 é a Rede Pert do processo de montagem. Cada elipse contém o

número da atividade na parte superior, na inferior esquerda o tempo mais cedo e na

inferior direita o tempo mais tarde.

4.3.3 Ferramentas / Dispositivos

O MTM avalia operações feitas pelo homem, porém a utilização de

dispositivos torna o processo de montagem mais prático e rápido. Um exemplo de

como isso é verdadeiro, são máquinas pneumáticas ou elétricas que realizam o

esforço, ao invés do colaborador, mais eficientemente, ou então se há a

necessidade de alcançar lugares com passagens estreitas ou difíceis de alcançar,

se faz necessário algum tipo de dispositivo para auxiliar na execução da operação.

Na análise MTM é possível visualizar as situações onde o uso de algum tipo de

ferramenta ou dispositivo poderá auxiliar a operação e assim evitar desperdícios de

tempo.

De acordo com o que foi visualizado na montagem do Mouse, existem 3

parafusos que compõe o produto, portanto a utilização de uma parafusadeira elétrica

ou pneumática irá representar um significativo ganho de tempo na operação.

4.3.4 Organização do Posto de Trabalho

Um posto de trabalho organizado e funcional é indispensável para melhor

aproveitar o tempo de um processo produtivo. A localização de peças e ferramentas

deve ser bem definida e identificadas de modo que, qualquer funcionário treinado,

possa realizar determinada atividade. As embalagens que abastecem o posto de

trabalho devem ser identificadas com nome, código e foto da peça.

A visualização do posto de trabalho onde será montado o Scrolling Mouse

Digital é uma mesa retangular, conforme figura 07. O espaço que o colaborador tem

para montar o mouse é tem formato de meio círculo, com um raio de 40 cm, formado

pela disposição das embalagens das peças que compõe o mouse. No diâmetro

45

deste meio círculo, segue uma esteira onde são postos os produtos acabados a fim

de que esse produto passe por testes de qualidade e seja embalado. A esteira está

rebaixada 10 cm para que o colaborador não derrube acidentalmente algum produto

com os cotovelos.

Figura 09 – Esboço (de acordo com a visualização) do Posto de Trabalho

4.3 ANÁLISE MTM

Para facilitar a analise MTM deve-se dividir as operações em elementos de

montagem, para ter entorno de 10 movimentos por elemento. As análises de

movimentos e a determinação de tempo são feitas sob a Tabela de Tempos Padrão

MTM (ver ANEXO 01). Utilizar os valores sem o devido treinamento pode conduzir a

erros e resultados falsos.

46

Com a análise MTM é possível verificar processos, peças e funções que não

agregam ou que poderiam ser remodelados de modo a tornar a montagem mais fácil

e rápida. A Tabela 02 demonstra o tempo de cada seqüência de operação.

Nr.Descrição TMU

1. Pegar Base (Cód.:023) e mover para área de montagem 32,9

2. Encaixar Capa Externa (CE) (Cód.:011) com Botões (Cód.:012) 76,4

3. Encaixar Suporte Interno (SI) (Cód.:013) ao Kit (Cód.:011+ Cód.:012) 90,3

4. Fixar montagem do Kit 1 com dois Parafusos 1 (Cód.:001) 259,8

5. Pegar Scroll (Cód.:022) e Placa Eletrônica (Cód.:021) 53,4

6. Posicionar Scroll (Cód.:022) na Placa Eletrônica (Cód.:021) 44,1

7.Posicionar Placa Eletrônica + Cabo + Scroll (Cód.:021 + Cód.:022) na

Base(Cód.:023) Kit 285,3

8. Montar Kit 1 + Kit 2 100,1

9. Fixar montagem de Kits com Parafuso 2 (Cód.:002) 115,3

Total 857,6

Quadro 02 – Seqüência e Tempos - Análise MTM Inicial

De acordo a tabela de conversões: 857,6 / 27,8 = 30,9 segundos

Os valores de tempo desta operação correspondem a um rendimento de

100% conforme sistema LMS. As analises encontram-se no Apêndice 01.

47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 PROPOSTAS DE MELHORIAS

As análises geram as informações do tempo necessário para cada elemento

de montagem. Um profissional treinado em MTM tem percepção de conceitos de

montagem e consegue visualizar melhorias a este processo. De acordo com a

análise, as propostas de melhoria são:

- Utilizar acabamento fosco ao invés de brilhante. Como resultado indireto

da análise do protótipo,observa-se que devido à forma de estocagem, da disposição

no ponto de uso e ao manuseio, as peças plásticas podem sofrer algum tipo de

contato prejudicial a sua qualidade, ocasionando riscos, quebra e demais defeitos. O

acabamento de peças plásticas brilhantes denuncia riscos e defeitos, mesmo

quando o produto final não perde sua função. O departamento de qualidade é

instruído a relatar não uma conformidade ao produto padrão a produtos que

apresentam este tipo de defeito. Sendo assim, a utilização do acabamento fosco

reduziria a chance pronuncia desses de riscos, devido às características do mesmo.

- Eliminar Suporte interno. Remodelando Base, Capa Externa e Botões é

possível eliminar esta peça e assim facilitar a montagem e reduzir quantidade de

peças utilizadas na montagem. Além de reduzir o volume de peças e aumentar a

organização do posto de trabalho.

- Eliminar Parafusos 1 (internos). Montar sistema de encaixe entre as

peças Capa Externa e Botões, a fim de evitar movimentos com tempo de duração

significativo desnecessários. Fixar Kit 1 com dois parafusos é a tarefa mais longa da

análise, um sistema de encaixe reduziria um tempo expressivo dentro do processo

de montagem. Além de reduzir o volume de peças e aumentar a organização do

posto de trabalho.

Com essas modificações será possível eliminar os elementos de montagem 3

e 4 da seqüência da análise anterior e provocaria uma pequena alteração no

elemento número 2. A nova seqüência será:

Nr.Descrição TMU

1. Pegar Base (Cód.:023) e mover para área de montagem 32,9

2. Encaixar Capa Externa (CE) (Cód.:011) com Botões (Cód.:012) 74,1

3. Pegar Scroll (Cód.:022) e Placa Eletrônica (Cód.:021) 53,4

4. Posicionar Scroll (Cód.:022) na Placa Eletrônica (Cód.:021) 44,1

5.Posicionar Placa Eletrônica + Cabo + Scroll (Cód.:021+ Cód. 022) na

Base(Cód.:023) Kit 285,3

6. Montar Kit 1 + Kit 2 100,1

7. Fixar montagem de Kits com Parafuso 2 (Cód.:002) 115,3

Total 505,2

Quadro 03 – Seqüência e Tempos - Análise MTM Após Modificações

De acordo a tabela de conversões: 505,2 / 27,8 = 18,2 segundos

A nova análise se encontra no APÊNDICE 02.

Figura 10 – Rede Pert Processo Final

Comparando as duas analises nota-se um ganho de 41% de tempo de

processo produtivo, reduzindo o tempo de montagem em 12,7 segundos, tempo

extremamente expressivo em uma produção seriada com tempo de ciclo.

132,9

5389,9

2107

6

3160,4

4289,8 505,2

32,9

107

160,4

289,8

389,9

505,2

49

5.2 CONCLUSÃO

Para Aitken (1960), apesar de criticado por diversos autores e classificado

como mecanizador do trabalho humano, não se pode negar e reconhecer a

importância da busca de melhores adaptações do corpo de trabalho de Taylor aos

novos tempos. Todavia, não seria produtivo abandonar todos os estudos realizados

por ele para depois novamente desenvolvê-los a partir do zero. Os estudos que hoje

são realizados nas diversas frentes em engenharia de produção, quando se verifica

a necessidade de se estabelecer critérios de tempos e movimentos, depara-se com

a importância de reler os antigos manuais que versam sobre os estudos de Taylor e

seus colaboradores.

Com as visualizações para as análises MTM, se mostrou possível definir,

ainda no projeto, a seqüência de montagem do produto, identificando ferramentas e

dispositivos que facilitam sua produção e o posto de trabalho necessário para a

montagem.

Conforme analises MTM, foi possível identificar os elementos cuja montagem

necessita de maior tempo, propor melhorias a fim de mudar o sistema de sem perder

sua funções, utilizando menor quantidade de tempo.

Assim, acredito ser é importante para estudantes e profissionais de

engenharia de produção entender a abordagem do estudo do método para o projeto

do trabalho.

50

REFERÊNCIAS

AITKEN, H. G. J. Taylorism at Watertown Arsenal: Scientific Management in

Action. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1960, pp. 1-26.

BARNES, R. M. Método de Movimentos e de Tempos: projeto de medida do

trabalho. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1963. 744p.

CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração: abordagens prescritivas e

normativas da administração. Volume 1. São Paulo: McGraw-Hill, 1987, Cap. 3, A

Administração Científica, pp. 64 –102.

EPIC DO BRASIL – Representante autorizada MTM. Apostila de Treinamento

MTM – Básico, 2002, 236p.

FRANCISCHINI, P. G; MIYAKE, D. I. Administração Científica e o Estudo de

Tempos e Movimentos. Disponível em: <http://www.prd.usp.br/disciplinas/

docs/pro2421-2005-Dario-Paulino/Administra%C3%A7%C3%A3o Cient%C3%ADfica

e ET&M.pdf> Acesso em: 03 abr. 2007.

FULMANN, C. Estudo do Trabalho. São Paulo: IMAM, 1975 Cap. 4, Medida do

Trabalho, pp. 148-159.

GOLDRATT, E., Cox, J., A Meta – Um Processo de Melhoria Contínua, Nobel,2002.

MARTINS, E. M. MTM como ferramenta para redução de custos: O taylorismo

aplicado com sucesso nas empresas de hoje. Disponível em:

<http://www.eps.ufsc.br/labs/grad/disciplinas/temposEmetodos/trabalhos/mtm_reduc

ao_de_custos.doc > Acesso em: 03 abr. 2007.

MAYNARD, H. B., Manual de Engenharia de Produção – Padrões de Tempos

Elementares Pré Determinados – Seçã0 05. Edgard Blücher: São Paulo, 1970.

MEYERS, F. E. Motion and Time Study: for Lean Manufacturing. New Jersey:

Prentice-Hall, Inc., 2 ed, 1999, 339p.

PRONACI – Programa Nacional de Qualificação de Chefias Intermédias. Métodos e

Tempos: manual pedagógico, 2003, 46p.

SUGAI, Miguel. Avaliação do Uso do MTM em uma Empresa Metal-Mecânica . 2003.

115 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Estadual de

Campinas – Faculdade de Engenharia Mecânica - Campinas.

TAYLOR, F. W. Princípios de Administração Cientifica. São Paulo: Atlas, 7ª

edição, 1976. 134p.

52

APÊNDICES

APÊNDICE 01 – Analise MTM Inicial

APÊNDICE 02 – Analise MTM Final

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