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Universidade de São Paulo Instituto de Psicologia Departamento de Neurociências e Comportamento Thaís Amanda Rodrigues EFEITO DA DIMINUIÇÃO DA VELOCIDADE NO TREINO DE MARCHA ROBÓTICA EM INDIVÍDUOS COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL CRÔNICO: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO São Paulo 2016

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    Universidade de So Paulo

    Instituto de Psicologia

    Departamento de Neurocincias e Comportamento

    Thas Amanda Rodrigues

    EFEITO DA DIMINUIO DA VELOCIDADE NO TREINO DE MARCHA

    ROBTICA EM INDIVDUOS COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

    CRNICO: ENSAIO CLNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO

    So Paulo

    2016

  • - 2 -

    Thas Amanda Rodrigues

    EFEITO DA DIMINUIO DA VELOCIDADE NO TREINO DE MARCHA

    ROBTICA EM INDIVDUOS COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

    CRNICO: ENSAIO CLNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO

    Dissertao apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Cincias: Programa de Neurocincias e Corportamento.

    Orientador: Prof. Dr. Daniel Gustavo Goroso

    So Paulo

    2016

  • - 3 -

    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE

    TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO,

    PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Catalogao na publicao

    Biblioteca Dante Moreira Leite

    Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo

    Rodrigues, Thas Amanda.

    Efeito da diminuio da velocidade no treino de marcha robtica

    em indivduos com acidente vascular cerebral crnico: ensaio clnico

    controlado e randomizado / Thas Amanda Rodrigues; orientador

    Daniel Gustavo Goroso. -- So Paulo, 2016.

    60 f.

    Dissertao (Mestrado Programa de Ps-Graduao em

    Psicologia. rea de Concentrao: Neurocincias e Comportamento)

    Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo.

    1. Acidente vascular cerebral 2. Robtica 3. Locomoo 4. Marcha 5.

    Reabilitao I. Ttulo.

    RC388.5

  • - 4 -

    Nome: Thas Amanda Rodrigues

    Ttulo: Efeito da diminuio da velocidade no treino de marcha robtica em

    indivduos com acidente vascular cerebral crnico: ensaio clnico controlado e

    randomizado

    Dissertao apresentada ao Instituto de Psicologia

    a Universidade de So Paulo para obteno do

    ttulo de Mestre em Cincias: Programa de

    Neurocincias e Corportamento.

    Aprovado em: ____ / ____ / ____

    BANCA EXAMINADORA

    Prof Dr.______________________________________ Instituio ______________

    Julgamento __________________________________ Assinatura ______________

    Prof Dr.______________________________________ Instituio ______________

    Julgamento __________________________________ Assinatura ______________

    Prof Dr.______________________________________ Instituio ______________

    Julgamento __________________________________ Assinatura ______________

  • - 5 -

    DEDICATRIA

    Dedico este estudo a todos os pacientes voluntrios que aceitaram participar

    e contribuir para o avano do conhecimento da cincia e tecnologia da

    reabilitao de pacientes com Acidente Vascular Cerebral.

    Muito obrigada!

  • - 6 -

    AGRADECIMENTOS

    Dra Lumy Sawaky e ao professor Daniel Gustavo Goroso, pela

    oportunidade, incentivo e confiana em realizarmos este estudo. Foi muito

    gratificante todo o aprendizado profissional e pessoal que, certamente, levarei para a

    minha vida.

    todos os meus amigos e excelentes profissionais do Instituto Lucy Montoro

    unidade Morumbi, pelo apoio e aprendizado constante durante este perodo do

    estudo.

    Aos amigos que contriburam brilhantemente para a realizao deste estudo:

    Ana Paula de C. Andrade Estico, Dayana Lopes F. de Paula, Diovana Arlete

    Pinheiro, Gemal Emanuel Pirr, Lilian Zancop e Thiago de Oliveira Ramos. Com a

    ajuda de vocs foi possvel finalizar este estudo. Muito obrigada pela parceria, pelo

    crescimento profissional e pessoal e pelo aprendizado de um trabalho em equipe.

    Aos meus pais Gilmar e Edna, meu irmo Renan e ao Victor por me

    apoiarem, me incentivarem e serem meus maiores parceiros sempre!

  • - 7 -

    RESUMO

    Rodrigues T.A; Goroso D.G. Efeito da diminuio da velocidade no treino de

    marcha robtica em indivduos com acidente vascular cerebral crnico: ensaio

    clnico controlado e randomizado 2016. Dissertao para defesa do ttulo de

    mestrado. Instituto de Psicologia. Universidade de So Paulo. So Paulo.

    O objetivo deste estudo foi comparar os efeitos de dois protocolos de

    interveno para o treino de marcha robtica no Lokomat em indivduos ps

    acidente vascular cerebral crnico. O primeiro protocolo foi estabelecido com a

    diminuio progressiva da velocidade da marcha e da assistncia do rob durante o

    treino de marcha. O outro protocolo foi estabelecido com o aumento progressivo da

    velocidade da marcha e a diminuio progressiva da assistncia do rob durante o

    treino de marcha. Este um ensaio clnico duplo cego, controlado e randomizado

    realizado no Instituto de Reabilitao Lucy Montoro em So Paulo com indivduos

    em regime de internao. Participaram deste estudo 18 individuos com apenas um

    episdio de acidente vascular cerebral crnico acima de 06 meses de leso,

    classificados com escore 1-2 pela Escala de Deambulao Funcional EDF. Os

    participantes foram randomizados no grupo experimental (N= 10): com o protocolo

    da diminuio progressiva da velocidade da marcha e da assistncia do rob e no

    grupo controle (N=08): com o protocolo do aumento progressivo da velocidade da

    marcha e a diminuio progressiva da assistncia do rob. Cada sujeito realizou 30

    sesses de treino de marcha robtica, 5 dias por semana, com durao de 30

    minutos cada treino, por 6 semanas. As medidas de avaliao foram: Time Up and

    Go (TUG), teste de caminhada de 6 minutos (6M), teste de caminhada de 10 metros

    (10M), escala de equilbrio de Berg (EEB), Fugl-Meyer de funo motora de

    extremidade de membros inferiores (FMMI), Escala de Deambulao Funcional

    (EDF) e medida de independncia funcional (MIF) com escore total e item

    locomoo. A anlise estatstica foi realizada com o teste MANOVA e Wilcoxon por

    meio da comparao dos dados inicias e finais e as diferenas entre os grupos.

    Posteriormente foi realizado um ps teste para comparar a diferena entre os grupos

    com aplicao do teste Anova e Ancova. Foram analisados 18 indivduos e, ao final

    deste estudo, houve diferena estatistica do grupo experimental para as

  • - 8 -

    mensuraes EDF (p=0,004), TUG (p=0,03), 6M (p=0,04), EEB(p

  • - 9 -

    ABSTRACT

    Rodrigues T.A; Goroso D.G. Novel locomotor training with robotic gait orthosis

    in stroke: a randomized controlled trial. 2016. Dissertao para qualificao do

    mestrado. Instituto de Psicologia. Universidade de So Paulo. So Paulo.

    The aim of this study was to compare the effects of two intervention protocols

    for robotic gait training in Lokomat with individuals chronic stroke: novel versus

    conventional protocol. The Novel protocol was established with the progressive

    decrease in gait velocity and assistance robot for gait training and the Conventional

    protocol was established with the progressive increase in gait velocity and the

    progressive decrease of robot assistance during gait training. This is a clinical

    double-blind, randomized controlled trial conducted at Lucy Montoro Rehabilitation

    Institute in So Paulo with inpatients. The study included 18 subjects with only one

    episode of chronic stroke above 06 months of injury, classified by the score 1-2

    Functional Ambulation Category FAC. Subjects were randomized in the Novel

    group (N = 10) and Conventional group ( N = 08). Each subject performed 30 robotic

    gait training sessions, 5 days a week, lasting 30 minutes each training for 6 weeks.

    The initial and final evaluation measures were: Time Up and Go (TUG), 6-minute

    walk test (6MWT), 10 meter walk test (10MWT), Berg Balance Scale (BBS), Fugl-

    Meyer motor function of the lower limbs (FM), Functional ambulation category (FAC)

    and Functional Independence Measure (FIM ) with total score and locomotion item.

    Statistical analysis was performed with the MANOVA and Wilcoxon test comparing

    the initial and final data and differences between groups, after this was performed a

    post-test comparing the difference between the groups with application of Anova and

    ANCOVA test. In all were analysed 18 individuals in this study, there was statistical

    difference in the Novel group for measurements: FAC (p = 0.004), TUG (p = 0.03) ,

    6MWT (p = 0.04) , BBS (p < 0.0001), FM (p = 0.02), MIF (p = 0.01) and MIF

    Locomotion item (p = 0.04). In the conventional group was observed differences in

    measurements: BBS (p = 0.02), MIF (p = 0.0002) and MIF Locomotion item (p =

    0.04). The results show that the Novel group can show greater benefits than the

    Conventional group, but studies with larger numbers of participants and different

  • - 10 -

    evaluation tools are needed to establish conclusive evidence for the robotic gait

    training . This study was funded support by Coordenao de Aperfeioamento de

    Pessoal de Nvel Superior - CAPES .

    KEY WORDS: stroke, cerebral vascular disorders, robotics, locomotion, gait, walking,

    rehabilitation.

  • - 11 -

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Imagem do equipamento de treino de marcha robtica - Lokomat ......... 20

    Figura 2 Fluxograma do estudo baseado no formulrio Consort .......................... 22

    Figura 3 Apresentao da escala EDF na avaliao inicial e final do GC e GE.... 30

    Figura 4 Anlise dos outliers do teste de 6M, 10M e FMMI .................................. 33

    Figura 5 Apresentao da escala TUG na avaliao inicial e final do GC e GE.... 35

    Figura 6 Apresentao do teste de 6M na avaliao inicial e final do GC e GE.... 36

    Figura 7 Apresentao do teste de 10M na avaliao inicial e final do GC e GE...37

    Figura 8 Apresentao da EEB na avaliao inicial e final do GC e GE .............. 37

    Figura 9 Apresentao da escala FMMI na avaliao inicial e final do GC e GE...38

    Figura 10 Apresentao da escala MIF na avaliao inicial e final do GC e GE... 39

    Figura 11 - Apresentao da escala MIF locomoo na avaliao inicial e final

    GC e GE............................................................................................... 39

  • - 12 -

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Protocolo de Interveno do estudo ...................................................... 27

    Tabela 2 Dados demogrficos e caractersticas dos participantes do estudo ...... 29

    Tabela 3 Diferena (1 quartil, 3 quartil) da EDF e valor de P do GC e GE......... 30

    Tabela 4 Avaliao inicial e final de cada grupo GC e GE ................................. 31

    Tabela 5 Mdias estimadas (Erro padro), intervalos de confiana de 95% e os

    valores de P correspondente a diferena mdia entre o GE e GC ............... 32

    Tabela 6 - Mdias estimadas (Erro padro), intervalos de confiana de 95% e os

    valores de P correspondente a diferena mdia entre o GE e GC aps

    a remoo dos outliers aplicando o teste Anova........................................... 34

    Tabela 7 Mdias estimadas (Erro padro), intervalos de confiana de 95% e os

    valores de P correspondente diferena mdia entre o GE e GC aplicando

    o teste Anova.................................................................................................. 34

    Tabela 8 Mdias estimadas (Erro padro), intervalos de confiana de 95% e os

    valores de P correspondente a diferena mdia entre o GE e GC aps

    a remoo dos outliers aplicando o teste de Ancova..................................... 35

  • - 13 -

    LISTA DE ABREVIAES, SIGLAS E SMBOLOS

    AVC Acidente Vascular Cerebral

    GE Grupo experimental

    GC Grupo controle

    TUG Time Up and Go Test

    6M Teste de marcha de 6 minutos

    10M Teste de marcha de 10 metros

    EEB Escala de Equilbrio de Berg

    MIF Medida de Independncia Funcional

    EDF Escala de Deambulao Functional

    FMMI Fugl Meyer para membros inferiores

    Km/h Quilmetro por hora

    m/s Metros por segundo

    Cm Centmetro

    Alpha

    % Por cento

    Mais ou menos

  • - 14 -

    SUMRIO

    1.0 INTRODUO ................................................................................................... 15

    1.1 Hiptese ............................................................................................................. 18

    1.2 Objetivo .............................................................................................................. 18

    1.3 Objetivo primrio ................................................................................................ 18

    1.4 Objetivo secundrio ............................................................................................ 18

    2.0 MATERIAIS E MTODOS ................................................................................. 19

    2.1 Participantes do estudo ...................................................................................... 19

    2.2 Material do estudo .............................................................................................. 20

    2.3 Desenho do estudo ............................................................................................ 22

    2.4 Procedimentos do estudo ................................................................................... 26

    2.5 Anlise de dados ................................................................................................ 28

    3.0 RESULTADOS ................................................................................................... 29

    3.1 Anlise estatstica do objetivo primrio .............................................................. 29

    3.2 Anlise estatstica do objetivo secundrio........................................................... 30

    4.0 DISCUSSO ...................................................................................................... 41

    4.1 Limitao do estudo ........................................................................................... 45

    5.0 CONCLUSO .................................................................................................... 46

    Referncias ............................................................................................................. 47

    Anexos...................................................................................................................... 51

    A - Termo de Aprovao do estudo do comit de tica e pesquisa ......................... 51

    B - Escala de Equilbrio de Berg ............................................................................... 53

    C - Escala de Avaliao de Fugl-Meyer para membros inferiores ........................... 58

    D - Medida de Independncia Funcional .................................................................. 60

    E - Escala de Deambulao Functional ................................................................... 60

  • - 15 -

    INTRODUO

    O Acidente Vascular Cerebral (AVC) uma doena cerebrovascular e uma

    das principais causas de mortalidade e de sequelas no Brasil. Um levantamento

    realizado pela Pesquisa Nacional de Sade no Brasil no ano de 2013, estima 2.231

    milhes casos de pessoas com AVC, com prevalncia de 1,6% e 1,4% em homens e

    mulheres respectivamente. O levantamento registra ainda 568 mil casos de AVC

    com limitaes funcionais e incapacidades com variaes entre 25% e 35% dos

    casos e mostra ainda a importncia da reabilitao em sobreviventes do AVC 1.

    Algumas caractersticas clinicas observadas em um indivduo ps AVC so:

    fraqueza muscular, tnus muscular anormal, dficit do ajuste postural, perda da

    mobilidade, movimentos sinrgicos anormais, dficit de coordenao dos

    movimentos e da referncia sensorial2. Essas disfunes podem limitar a

    funcionalidade desses indivduos nas atividades de vida diria e a marcha uma

    das principais queixas de limitao funcional na reabilitao 3.

    Alm das terapias convencionais realizadas na fisioterapia que visam

    estimular a recuperao da marcha desses indivduos, tem aumentado o interesse

    pela terapia robtica para facilitar o treino e a habilidade da marcha em indivduos

    ps AVC 2. Um desses equipamentos de marcha robtica utilizados na reabilitao

    o Lokomat (Hocoma AG, Volketswil, Switzerland), uma rtese robtica que

    acoplada nos membros inferiores e auxilia no movimento da marcha sob uma

    esteira, associado a um sistema de suspenso de peso corporal e um software que

    controla a assistncia das rteses e a velocidade da esteira durante o treino de

    marcha 4.

    Desta forma o Lokomat permite trs importantes ajustes durante o treino de

    marcha. So eles: aumentar ou diminuir a assistncia do rob nos movimentos da

    marcha (medido pelo software do rob no valor entre 0% 100% de auxlio, sendo 0

    igual nenhuma assistncia e 100 totalmente assistido), aumentar ou diminuir

    porcentagem da descarga de peso corporal do indivduo na esteira e aumentar ou

    diminuir a velocidade da esteira durante o treino de marcha.

  • - 16 -

    O treino de marcha robtica com o Lokomat comeou a ser descrito como um

    recurso promissor para a reabilitao da marcha em indivduos ps AVC quando

    associado terapia convencional na fisioterapia 5, 6, 7, 8, 9. Entretanto, quando

    comparados, o treino de marcha robtica frequentemente no superior

    fisioterapia convencional ou ao treino de marcha suspensa sob a esteira nos

    indivduos ps AVC. Esse resultado pode ser atribudo assistncia do rob para o

    indivduo durante o treino de marcha, que pode levar a menor participao ativa do

    indivduo e interferir no aprendizado motor, visto que alguns estudos mostram a

    permanncia com o mximo de assistncia do rob durante o perodo de

    treinamento e outros mostram diminuio desta assistncia conforme aceitao do

    indivduo durante o treino, dado que no h um parmetro ou protocolo exato do uso

    dessa assistncia do rob 10, 11, 12, 13, 14, 15.

    Estudos mostram que a contribuio ativa no movimento mais efetiva para a

    memria motora e ativao cortical do que o movimento passivo 16, 17. Corroborando

    com estes estudos, Perez A. M et al. (2004), em estudo extremamente relevante

    para a reabilitao da marcha, observaram mudanas plsticas corticais na rea

    motora de membro inferior e relacionaram-nas com o grau de dificuldade da tarefa

    motora, visto que o treinamento ativo mostrou maior excitabilidade cortical, enquanto

    o treinamento passivo comprovou menor excitabilidade cortical 18. O treino de

    habilidades motoras e as mudanas plsticas neuronais so importantes fatores na

    reabilitao de indivduos aps o AVC 19.

    Nesse sentido, a participao ativa no treino de marcha robtica fortemente

    influenciada pelas propriedades mecnicas do rob e seu sistema de controle, pelas

    instrues do terapeuta e pela motivao do paciente, entre outros fatores 20.

    Ressalta-se, pois, que a participao ativa do indivduo durante o treino de marcha

    robtica de extrema relevncia para favorecer a melhor ativao cortical e

    recuperao motora 15.

    Alm de controlar a assistncia da marcha robtica, o equipamento tambm

    controla a suspenso de peso corporal e a velocidade da esteira durante o treino de

    marcha no rob. Os estudos demonstram que a suspenso de peso corporal

    utilizada inicialmente entre 50% e 40% do peso corporal do individuo e progride com

  • - 17 -

    o aumento da descarga de peso corporal, ou seja com a diminuio da suspenso

    de peso corporal durante o perodo de treinamento, conforme o grau de tolerncia

    do indivduo. Poucos estudos, porm, mostram experincias que utilizam nenhuma

    suspenso de peso corporal 5, 11, 12, 8, 21, 22 .

    Quanto efetividade da velocidade empregada durante o treinamento, alguns

    estudos utilizam a velocidade mxima tolerada pelos indivduos ou o aumento

    progressivo desta velocidade durante o treino de marcha robtica. No h porm,

    evidncias que mostrem a efetividade da velocidade da marcha durante o treino de

    marcha robtica 6, 11, 10, 12, 8, 20.

    Danzl M. et al. (2013), observaram melhora da marcha em indivduos ps

    AVC quando submetidos a um novo protocolo de treino de marcha robtica no

    Lokomat associado ao uso da estimulao transcraniana por corrente direta. Esse

    novo protocolo consiste da diminuio progressiva da velocidade da esteira em

    conjunto com a diminuio progressiva da assistncia do rob. Aumenta-se assim, a

    demanda fsica e mental do individuo de forma progressiva durante o treino. A base

    terica para este novo protocolo no Lokomat consistiu em alinhar princpios bsicos

    da neuroplasticidade como a prtica repetitiva e intensiva, realizar uma tarefa

    especfica e favorecer o treino ativo com motivao, ateno e feedback 23.

    Dessa forma, visto que o treinamento de uma habilidade motora de forma

    ativa favorece a maior ativao e reorganizao cortical e que a assistncia do rob

    durante o treino de marcha robtica pode influenciar a participao ativa do

    individuo, questiona-se se a velocidade da esteira durante o treino de marcha

    robtica tambm pode contribuir para a participao mais ativa do individuo durante

    o treino de marcha e, por consequncia, favorecer o desempenho destes indivduos.

    A partir dessa questo inicial, este estudo comparou o grupo experimental

    (GE) que estabelece a diminuio progressiva da velocidade da marcha e da

    assistncia do rob durante o treino de marcha robtica, com o grupo controle (GC)

    que estabelece o aumento progressivo da velocidade da marcha e a diminuio

    progressiva da assistncia do rob durante o treino de marcha robtica em

    indivduos ps AVC.

  • - 18 -

    1.1 Hiptese

    Tem-se por hiptese que o protocolo do GE - que estabelece a diminuio

    progressiva da velocidade da marcha e da assistncia do rob, poder facilitar a

    maior recuperao motora se comparado utilizao do protocolo do GC - que

    estabelece o aumento progressivo da velocidade da marcha com diminuio

    progressiva da assistncia do rob.

    1.2 Objetivo

    Comparar os efeitos de um treino de marcha robtica com diminuio

    progressiva da velocidade da marcha e da assistncia do rob (GE) ao treino de

    marcha robtica com aumento progressivo da velocidade da marcha e diminuio

    progressiva da assistncia do rob (GC) em indivduos ps AVC submetidos ao

    treino de marcha robtica.

    1.3 Objetivo Primrio

    Comparar a independncia da marcha pela Escala de Deambulao

    Funcional (EDF) entre o GE e GC nos indivduos ps AVC submetidos ao treino de

    marcha robtica.

    1.4 Objetivo Secundrio

    Comparar o tempo da marcha com o Time Up and Go Test (TUG) e com o

    teste de marcha de 10 metros (10M), a distncia percorrida da marcha com o Teste

    de marcha de 6 minutos (6M), o equilbrio esttico e dinmico com a escala de Berg

    (EEB), a independncia nas atividades de vida diria com a Medida de

    Independencia Funcional (MIF) e a funo motora de membros inferiores pela escala

    Fugl Meyer (FMMI) entre o GE e GC nos indivduos ps AVC submetidos ao treino

    de marcha robtica.

  • - 19 -

    2.0 MATERIAIS E MTODOS

    2.1 Participantes do Estudo

    Os indivduos ps AVC que participaram deste estudo, realizaram o programa

    de internao para reabilitao no Instituto de Reabilitao Lucy Montoro unidade

    Morumbi em So Paulo. Este estudo foi aprovado pelo comit de tica e pesquisa do

    Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo

    (Anexo A).

    Este um estudo com anlise de dados de 20 indivduos ps AVC, que

    estiveram internados para programa de reabilitao no Instituto Lucy Montoro entre

    o perodo de outubro de 2014 a maro de 2016 e com permanncia mdia de 8

    semanas de internao.

    Quanto aos critrios de incluso do estudo considerou-se: ter idade acima de

    18 anos; ser do gnero: feminino ou masculino; ter diagnstico clnico e de imagem

    de AVC com hemiparesia esquerda ou direita; possuir apenas um episdio de

    AVC isqumico ou hemorrgico em um hemisfrio cerebral ocorrido h mais de 06

    meses; ser capaz de deambular com auxilio pontuando escore 1 ou 2 na Escala de

    Deambulao Functional EDF, ter comprovada estabilidade clnica verificada em

    avaliao mdica; apresentar espasticidade grau I ou II na escala de Ashworth e

    outorga por escrito do termo de consentimento informado para participar do estudo.

    Os indivduos que participaram deste estudo foram avaliados na primeira

    semana de internao para verificar se estavam dentro dos critrios de incluso do

    estudo. Caso estes indivduos estivessem dentro dos critrios de incluso do estudo

    e tivessem interesse em participar do estudo com disponibilidade para permanecer

    no Instituto durante o tempo de execuo do protocolo, seriam considerados aptos

    para participar do estudo.

    Foram estabelecidos tambm os critrios de Excluso: dependncia para

    realizar as atividades de vida diria antes do AVC; contra indicaes clnicas para os

    exerccios (como instabilidade cardiopulmonar e diabete descontrolada); dficit

  • - 20 -

    cognitivo severo; alterao psiquitrica grave que necessitasse de acompanhamento

    psiquitrico; osteoporose severa; espasticidade severa de membro inferior,

    deformidades ou contraturas fixas que impedissem a realizao dos movimentos;

    falta de resistncia ou fadiga incapacitante; peso corporal acima de 150 Kg; angina

    instvel ou outra doena cardaca descompensada; doena pulmonar obstrutiva

    crnica; fraturas no consolidada; lceras de presso; outras doenas neurolgicas.

    2.2 Material do Estudo

    Todos os indivduos deste estudo realizaram treino de marcha robtica no

    Lokomat (Hocoma, Volketswil, Switzerland), um sistema que consiste de rteses

    para marcha, acoplada nos membros inferiores do indivduo e integradas com um

    computador que controla a atuao da articulao do quadril e joelho sobre uma

    esteira, com sistema de suspenso de peso corporal por hastes fixas no colete

    posicionado no indivduo (Figura 1).

    Figura 1 Imagem do equipamento de treino de marcha robtica - Lokomat. (Fonte: Instituto de

    Reabilitao Lucy Montoro).

  • - 21 -

    Os indivduos que participaram do treinamento de marcha neste equipamento,

    realizaram uma avaliao inicial, que consiste em medida da altura de membros

    inferiores, medida do dimetro da coxa e da perna para a escolha do tamanho dos

    braceletes das rteses do rob e medida do tamanho do colete que posicionado

    no tronco e pelve do indivduo para a suspenso de peso corporal pelas hastes do

    colete com o sistema de suspenso corporal do equipamento.

    Aps realizada as medidas descritas, os indivduos foram colocado sobre a

    esteira do equipamento (em p ou na cadeira de rodas, conforme limitao funcional

    do indivduo) e submetido colocao do colete em tronco e pelve com fixao das

    hastes do colete no sistema de suspenso corporal do equipamento. Em seguida,

    com o indivduo suspenso, as rteses do rob foram fixadas nos membros inferiores

    do indivduo e realizado ajuste dos membros inferiores no plano frontal e sagital para

    alinhamento do quadril, joelho e tornozelo.

    Feito isso, iniciou-se a marcha com acionamento manual no computador feito

    pelo terapeuta, para comear o movimento das pernas do rob e a rolagem da

    esteira. Os indivduos ento, foram submetidos a descarga de peso at encostar os

    ps na esteira durante o movimento da marcha, de acordo com a descarga de peso

    programada para o treino. Os dados da avaliao foram salvos no computador do

    equipamento e utilizados para o prximo treinamento.

    possvel adequar as fases da marcha com a programao do computador

    sob o rob, que controla a sincronia da esteira com as passadas do indivduo e

    aumenta ou diminui o tamanho do passo e a amplitude de movimento do quadril e

    do joelho no plano sagital. A velocidade da esteira e a assistncia passiva do rob

    so controladas manualmente no computador do equipamento e a suspenso de

    peso corporal medida em quiilograma pelo equipamento e um controle remoto

    utilizado pelo terapeuta para aumentar ou diminuir essa suspenso.

    O treino de marcha no rob pode ser finalizado pelo terapeuta de forma

    manual no computador, para retirada das rteses do rob dos membros inferiores e

    acompanhar a sada do indivduo do equipamento. Tambm pode ser finalizado por

    botes de segurana acionados a qualquer momento pelo indivduo que realiza o

    treino de marcha e/ou terapeuta que acompanha o treino. Pode, tambm, ser

    realizado de forma automtica pelo prprio equipamento, devido a um bloqueio ou

  • - 22 -

    alterao do padro de marcha que ocorra durante o treino, a fim de garantir a

    segurana do indivduo no equipamento. Para entrada e sada do equipamento h

    uma rampa de acesso.

    2.3 Desenho do Estudo

    Este um ensaio clnico randomizado, duplo cego e com controle ativo. A

    randomizao foi realizada atravs de sorteios por cartas lacradas e o resultado da

    randomizao foi mantido em envelope opaco lacrado.

    Participaram deste estudo 20 indivduos que foram randomizados em 2

    grupos: grupo experimental (GE) e grupo controle (GC) (Figura 2). Todos os

    indivduos que participaram deste estudo foram submetidos a uma avaliao antes

    do incio do protocolo de interveno e uma avaliao posterior ao trmino do

    protocolo de interveno.

    Figura 2 Fluxograma do estudo baseado no formulrio Consort.

    Eleitos para o estudo (n= 47)

    Fora

    GE (n= 10)

    Receberam interveno (n=10)

    GC (n= 10)

    Recebram interveno (n=8)

    No receberam interveno devido

    intercorrncias clnicas (n=2)

    Analisados (n= 08)

    Analisados (n= 10)

    Distribuio

    Participantes

    Anlise

    Randomizados (n= 20)

    Excludos (n=27)

    No entraram no critrio

    de incluso (n= 26)

    No aceitou participar do

    estudo (n= 1)

    Fora

  • - 23 -

    A mensurao foi realizada com uso de escalas e testes, e foi aplicada por

    um avaliador cego em um atendimento variando entre 45-60 minutos. As escalas de

    avaliao utilizadas neste estudo foram: Time Up and Go Test (TUG); Teste de

    marcha de 6 minutos (6M); teste de marcha de 10 metros (10M); Escala de Equilbrio

    de Berg (EEB); Fugl Meyer para funo de extremidade de membros inferiores

    (FMMI), Medida de Independncia Funcional (MIF) escore total e item locomoo da

    escala e Escala de Deambulao Functional (EDF).

    - TUG: Esse teste avalia o nvel de mobilidade do indivduo para mensurar o

    tempo gasto pelo voluntrio para levantar-se de uma cadeira, andar a uma distncia

    de 3 metros, dar a volta e retornar 24. No incio do teste, os indivduos ficavam com

    as costas apoiadas no encosto da cadeira e o tempo foi cronometrado a partir da

    voz de comando inicial valendo, feito pelo avaliador, at o momento em que os

    indivduos retornavam e apoiavam novamente suas costas no encosto da cadeira.

    Na avaliao, foi realizado o teste uma primeira vez para familiarizao e uma

    segunda vez para tomada do tempo. A altura do assento utilizado para o teste foi de

    46 cm. O cho foi marcado com fita, no incio em frente cadeira e em uma

    distncia de 3 metros da cadeira. Foi permitida a utilizao do meio auxiliar de

    locomoo para o individuo adotar sua velocidade habitual e realizar apoio no brao

    da cadeira se necessrio.

    O TUG tem validao no Brasil e considerado rpido e de fcil aplicao.

    Os indivduos so considerados independentes quando realizam o teste em at 10

    segundos e como muito dependentes quando realizam o teste acima desse tempo

    ou encontram dificuldades para levantar e sentar na cadeira ou andar com

    assistncia, avaliados em uma populao de indivduos idosos saudveis 25.

    - 6M: Este teste avalia a distncia que o indivduo pode percorrer em 6

    minutos em um percurso de 30 metros, marcados a cada 3 metros. Esse teste

    validado no Brasil e considerado seguro e de fcil aplicao 26.

    O teste foi realizado em um corredor com marcao de 30 metros, marcados

    a cada 3 metros no cho com fita adesiva do incio ao fim. A mensurao do teste

    iniciou-se com o individuo em p sob a marcao de incio do teste e foi

    cronometrado a partir da voz de comando valendo do avaliador. Os individuos

    ento, iniciaram a marcha em velocidade normal e, quando cronometrados os 6

  • - 24 -

    minutos, o avaliador finalizou o teste e o individuo permaneu parado no local para a

    mensurao da distncia percorrida. Durante o teste, a instruo dada aos

    indivduos recomendava andar normalmente at que o avaliador finalizasse o teste,

    conforme o tempo marcado no cronmetro e os indivduos poderiam parar a

    qualquer momento por motivo de desconforto. Foi permitido o uso de meio auxiliar

    de locomoo para os individuos adotarem sua velocidade habitual e o avaliador

    acompanhou os indivduos, posterior a eles, durante todo o percurso por motivo de

    segurana.

    - 10M: Este teste avalia o tempo e velocidade percorrida em uma distncia de

    10 metros. Embora no tenha sido validado para a populao no Brasil, utilizado

    como ferramenta para mensurao da velocidade da marcha em estudos 27. O teste

    foi realizado em um corredor com marcao de 14 metros, sendo desconsiderados

    os 2 metros iniciais e finais. A mensurao do teste iniciou-se com o individuo em p

    sob a marcao inicial, seguida com a voz de comando valendo, feita pelo

    avaliador, para inicio da marcha. O teste foi cronometrado aps os 2 metros inicias

    at a marcao dos 10 metros, com excluso, assim, dos 2 metros finais. Durante o

    teste, a instruo dada aos indivduos foi de andar normalmente do inicio ao final da

    marcao. Foi permitido o uso de meio auxiliar de locomoo para que adotassem

    sua velocidade habitual e o avaliador acompanhou os indivduos, posterior a eles,

    durante todo o percurso por motivo de segurana.

    - EEB: Esta uma escala funcional do desempenho do equilbrio, baseada

    em 14 itens comuns do dia a dia que avaliam o equilbrio esttico e dinmico. O

    escore mximo da escala 56 e cada item da escala possui cinco alternativas que

    vo de 0 a 4 pontos. Essa escala validada no Brasil e considerada simples e de

    fcil aplicao para indivduos idosos. Alm disso, considerada um dos melhores

    modelos para avaliao do risco de queda com nota de corte escore 45, e indica

    91% de sensibilidade e 82% de especificidade 28 (Anexo B).

    - FMMI: A Escala Fugl Meyer um sistema de pontuao numrica

    acumulativa que avalia seis aspectos do indivduo: a amplitude de movimento, dor,

    sensibilidade, funo motora da extremidade superior e inferior e equilbrio, alm da

    coordenao e velocidade do movimento, com total de 226 pontos. Uma escala

    ordinal de trs pontos aplicada em cada item: 0 no pode ser realizado, 1-

  • - 25 -

    realizado parcialmente e 2- realizado completamente. Para este estudo foi utilizada

    somente a avaliao da funo motora da extremidade de membros inferiores com

    escore total de 34 pontos. A menor pontuao indica maior comprometimento motor.

    A escala Fugl Meyer validada no Brasil e considerada segura e de fcil

    aplicabilidade29. (Anexo C).

    - MIF: A Medida de Independncia Funcional um instrumento de avaliao

    da incapacidade de indivduos com restries funcionais de origem variada. Seu

    objetivo primordial avaliar de forma quantitativa a carga de cuidados demandada

    por uma pessoa para a realizao de uma srie de tarefas motoras e cognitivas de

    vida diria. Entre as atividades avaliadas esto os autocuidados, transferncias,

    locomoo, controle esfincteriano, comunicao e cognio social, que inclui

    memria, interao social e resoluo de problemas. Cada uma dessas atividades

    avaliada e recebe uma pontuao que parte de 1 (dependncia total) a 7

    (independncia completa) e a pontuao total varia de 18 a 126 30.

    Para anlise da MIF neste estudo foi utilizado o escore total da escala e

    tambm utilizado individualmente o escore do item Locomoo, uma vez que traz

    medidas relevantes para este estudo em relao independncia na locomoo.

    Este item locomoo da MIF avalia duas atividades: a locomoo realizada com

    maior frequncia pelo individuo e a locomoo em escadas, com total de 14 pontos

    neste item. Esta escala validade no Brasil e considerada til e sensvel aos ganhos

    funcionais desenvolvidos durante um programa de reabilitao 30. (Anexo D)

    - EDF: A escala de deambulao funcional (Functional Ambulation Category

    FAC) avalia a independncia do indivduo durante a marcha e, segue uma escala

    de seis nveis: 0 - Paciente no consegue caminhar ou requer ajuda de duas ou

    mais pessoas; 1 Paciente requer suporte contnuo de uma pessoa que auxilia com

    o peso e o equilbrio; 2 Paciente necessita contnuo ou intermitente suporte de

    uma pessoa para ajudar com equilbrio e coordenao; 3 Paciente requer

    superviso verbal ou requer prontido de uma pessoa sem contato fsico; 4

    paciente pode caminhar independentemente no cho, mas requer ajuda em escadas

    e rampas; 5 Paciente pode caminhar independentemente. A FAC uma escala de

    medida confivel e validada nos estudos de reabilitao da marcha 31. No Brasil a

  • - 26 -

    escala foi traduzida como EDF e, embora bastante utilizada nos estudos, no h

    uma validao original da escala 32 (Anexo E).

    Aps aplicadas as escalas de avaliao inicial do protocolo pelo avaliador

    cego, os indivduos do estudo foram submetidos a uma avaliao no equipamento

    de marcha robtica por outro terapeuta, para medida dos braceletes das rteses do

    rob de membros inferiores, medida do colete para a suspenso de peso corporal,

    adaptao e reconhecimento do equipamento de treino de marcha robtica.

    Em seguida, os indivduos foram randomizados entre os dois grupos do

    estudo e iniciaram, no dia seguinte, o protocolo de interveno em seus respectivos

    grupos de randomizao, acompanhados pelo mesmo terapeuta da avaliao do

    equipamento de treino de marcha robtica. Ao final do protocolo de interveno

    todos os indivduos realizaram a avaliao final com o mesmo avaliador cego da

    avaliao inicial. Somente um avaliador cego aplicou as escalas de avaliao inicial

    e final deste estudo para evitar subjetividades entre avaliadores.

    No houve acompanhamento dos resultados ou follow up dos participantes

    aps a finalizao deste estudo devido a distncia da residncia destes indivduos e

    a dificuldade de retorno ao Instituto, uma vez que estes participantes estavam em

    sistema de internao durante a realizao do protocolo e coleta de dados.

    2.4 Procedimentos do Estudo

    Todos os indivduos realizaram o treino de marcha robtica 5 vezes por

    semana, durante 6 semanas por 30 minutos. Submeteram-se tambm a 3 sesses

    por semana de fisioterapia convencional durante 45 minutos. Ambas terapias

    tiveram durao de 45 minutos, sendo que o treino de marcha robtica no Lokomat

    consistiu em 30 minutos de treino e 15 minutos de preparo. A fisioterapia

    convencional consistiu de alongamentos, exerccios de fortalecimento muscular,

    treino de equilbrio, trocas posturais, transferncias e marcha na barra paralela ou

    solo com uso de dispositivo de auxlio necessrio.

    O protocolo de interveno (Tabela 1) para o GC seguiu um treino com

    aumento progressivo da velocidade, a cada semana aumentava-se 0,1km/h na

    velocidade da marcha. O GE seguiu um treino com diminuio progressiva da

  • - 27 -

    velocidade e o objetivo era diminuir o mximo possvel a velocidade da marcha at a

    ltima semana (velocidade mnima 1,0km/h) e os indivduos manterem o treino.

    Ambos os grupos iniciaram o treino de marcha robtica na mesma velocidade de

    1,4km/h. A suspenso de peso corporal foi iniciada com 40% para ambos os grupos

    e foi diminuda a cada semana a fim de favorecer a maior descarga de peso corporal

    durante o treino. A assistncia passiva do rob foi diminuda ao mximo possvel

    para ambos os grupos, para que o exoesqueleto fornecesse a menor assistncia

    possvel, mas suficiente para facilitar o padro de marcha e a participao ativa do

    indivduo (Tabela 1).

    Tabela 1: Protocolo de Interveno do Estudo

    Semanas Suspenso de peso corporal

    GC GE Assistncia do rob

    1

    40%

    Velocidade mais confortvel

    (1,4 km/h)

    Velocidade mais

    confortvel (1,4km/h)

    e diminuir o mximo

    da velocidade e

    indivduo manter o

    treino (velocidade

    mnima 1,0km/h)

    Porcentagem em

    que o rob fornea

    menor assistncia

    passiva possvel,

    mas suficiente

    para facilitar a

    marcha

    2 40% Aumentar 0,1 km/h

    3 30% Adicionar aumento 0,1km/h

    4

  • - 28 -

    Foram calculados os valores mdios, desvio padro e erro padro inicial para

    os dados paramtricos e a mediana com valor mnimo e mximo para os dados no

    paramtricos da avaliao inicial e final de cada grupo para cada escala de

    avaliao utilizada neste estudo.

    Para a anlise dos dados do objetivo primrio foi utilizado o teste de Wilcoxon

    e para os dados do objetivo secundrio foi utilizado o teste MANOVA a fim de

    comparar os dados inicias e finais e as direfenas entre os grupos. Foi tambm,

    utilizado o teste de Wilcoxon para analisar a diferena entre os grupos.

    Foi realizada anlise das medidas discrepantes do estudo (outliers) e

    realizado um ps teste para estabelecer a diferena entre os grupos com anlise do

    Anova e Ancova. Foram excludos os outliers com o mtodo de graus de liberdade

    de Kenward e Roger para a interferncia.

    Todos os dados disponveis foram utilizados para anlises. Toda a anlise

    estatistica adotou o nivel de significncia de P

  • - 29 -

    3.0 RESULTADOS

    Ao total 20 indivduos (10 sexo masculino e 10 sexo feminino) ps AVC

    crnico iniciaram a participao no estudo, porm somente 18 indivduos (10 sexo

    masculino e 08 sexo feminino) com mdia de idade: 54,414,3 anos (entre 39-77

    anos) e mdia de tempo de leso 14,75,7 meses (entre 7-27 meses), finalizaram o

    protocolo de interveno do estudo. Os dois indivduos que no finalizaram o estudo

    tiveram intercorrncia clnica durante o perodo de internao no instituto e tiveram

    alta mdica antecipada. Foram avaliados dados iniciais do GC e GE por meio da

    utilizao do teste t para dados no pareados e no houve diferena estatistica nos

    dados idade e tempo de leso (Tabela 2).

    Tabela 2: Dados demogrficos e caractersticas dos participantes do estudo

    Indivduos Idade (anos) mdia DP

    Tempo de Leso (meses) mdia DP

    Sexo (M/F)

    Tipo de Leso (I/H)

    Lado da Leso (E/D)

    Todos os indivduos

    54,4 14,3 14,7 5,7 10M/8F 14 I / 4H 8E/10D

    GC 59,3 13,8 13,0 5,0 4M/4F 5 I/3H 3E/5D

    GE 50,6 14,4 16,1 6,2 6M/4F 9 I/1H 5E/5D

    Valor de P 0,21* 0,27* - - -

    Abreviaes: DP desvio padro; M - Masculino/F Feminino; I isqumico/H hemorrgico; E esquerda/ D direita; *Teste t no pareado (valor de P).

    3.1 Anlise Estatistica do Objetivo Primrio

    O objetivo primrio do estudo foi comparar a EDF entre o GE e GC nos

    indivduos ps AVC submetidos ao treino de marcha robtica. A anlise apresenta a

    diferena entre 1 quartil e 3 quartil da EDF entre os grupos e valor de P=0,004

    estatisticamente significante para o GE (Tabela 3). A figura 3 apresenta o valor da

    mdia e o erro padro dos valores da mensurao inicial e final da escala EDF entre

    o GE e GC.

  • - 30 -

    Tabela 3: Diferena (1 quartil, 3 quartil) da EDF e valor de P do GC e GE.

    Mensurao GC GE Valor de P

    EDF 0 (0, 1.5)

    p = 0,25

    1 (1, 2)

    p = 0,004

    0,16

    Abreviaes: EDF Escala de deambulao funcional.

    Mdia e Erro Padro da escala EDF

    Figura 3 Apresentao da EDF na avaliao inicial e final do GC e GE.

    3.2 Anlise Estatistica do Objetivo Secundrio

    O objetivo secundrio foi comparar o TUG, 10M, 6M, EEB, MIF escore total e

    locomoo e FMMI entre o GE e GC nos indivduos ps AVC submetidos ao treino

    de marcha robtica.

    Foram realizadas anlises da mdia e desvio padro para variveis

    paramtricas e anlises da mediana e valor mnimo e mximo para variveis no

    paramtricas dos resultados das escalas de avaliao inicial e final do GC e GE para

    comparao dos dados do estudo. Foram avaliados dados iniciais do GC e GE pela

    utilizao do teste t para dados no pareados e no houve diferena estatistica nas

    mensuraes iniciais de GC e GE (Tabela 4).

  • - 31 -

    Tabela 4: Avaliao inicial e final de cada grupo (GC e GE)

    Escalas de Avaliao

    GC [mdia DP (Erro padro) ou mediana (mnimo e mximo)]

    Inicial Final

    GE [mdia DP Erro padro) ou mediana (mnimo e mximo)]

    Inicial Final

    Valor de P da avaliao inicial entre GC e GE

    TUG

    (segundos)

    78,31 63,70 66,98 48,91

    (22,52) (17,29)

    127,13 86,36 95,40 74,77

    (27,31) (15,55)

    0,20*

    6M

    (metros)

    65,26 52,90 72,84 45,97

    (18,7) (16,26)

    35,26 30,44 60,64 48,34

    (9,63) (15,29)

    0,15*

    10M

    (segundos)

    85,28 95,19 65,00 41,45

    (33,66) (14,66)

    148,19 114,16 95,40 74,77

    (36,1) (23,64)

    0,23*

    EEB 21,5 (13 39) 32 (17 43) 24,5 (5 38) 37,5 (23 48) 0,87*

    FMMI 20,5 (12 25) 20,5 (13 25) 17 (14 23) 20 (15 25) 0,30*

    MIF 74 (42 96) 92,5 (50 109) 80,5 (57 109) 93,5 (65 112) 0,40*

    EDF 1,5 (1 - 2) 2 (1 4) 1 (1 2) 3 (1 4) 0,41*

    Abreviaes: TUG Time up and Go; Teste de caminhada de 6 minutos; Teste de caminhada de 10 metros; EEB Escala de equilbrio de Berg; EDF Escala de deambulao funcional; MIF Medida de independncia funcional; FMMI Escala de Fugl Meyer de funo motora de membros inferiores. *Teste t no pareado (Valor de P).

    Foram comparadas as medidas inicial e final da interveno de cada grupo.

    Tambm foi comparado um grupo em relao ao outro, no intuito de saber se houve

    diferena entre ambos os protocolos aplicados e aplicou-se um teste no

    paramtrico a fim de conhecer se houve diferenas antes e depois da interveno

    em ambos os grupos. Quando analisadas as medidas inicial e final do GE, pode-se

    observar diferenas nas escalas de TUG (p=0,03), 6M (p=0,04), EEB (p

  • - 32 -

    Tabela 5: Mdias estimadas (Erros padro), intervalos de confiana de 95% e os valores -P correspondente diferena mdia entre o GE e GC

    Mensurao Inicial e Final a interveno Valor de P do teste de Wilcoxon*

    GE GC GE - GC

    TUG (segundos)

    -42,1 (16,4)

    (-79,1 5,0)

    p=0,03

    -11,3 (22,9)

    (-65,6 - 42,9)

    p=0,64

    -30,7 (27,4)

    (-88,9 27,5)

    p=0,28

    0,33

    Teste de 6M (metros)

    25,4 (10,4)

    (1,8 - 49,0)

    p=0,04

    7,6 (14,1)

    (-25,8 41,0)

    p=0,61

    17,8 (17,2)

    (-20,0 - 55,6)

    p=0,32

    0,51

    Teste de 10M (segundos)

    -52,8 (27,9)

    (-115,8 10,2)

    p=0,09

    -20,3 (30,5)

    (-92,3 - 51,8)

    p=0,53

    -32,5 (41,4)

    (-120,3 - 55,2)

    p=0,44

    0,36

    EEB

    11,1 (1,6)

    (7,4 14,8)

    p

  • - 33 -

    Teste de 6 Minutos

    Teste de 10 Metros

    FMMI

    Figura 4 Anlise dos outliers do teste de 6 Minutos, teste de 10 Metros e FMMI.

    Aps realizada anlise dos outliers, foi comparada a diferena entre os grupos

    com anlise do Anova e Ancova com excluso dos outliers. A tabela 6 mostra as

    escalas do estudo: teste de 6M, teste 10M e FMMI aps remoo dos outliers e

    aplicar o teste ANOVA. Foi observada diferena estatstica no GE para o teste de

    6M (p= 0,02) e FMMI (p=0,02). (Tabela 6).

    GC

    GE

    GC

    GE

    GC

    GE

  • - 34 -

    Tabela 6: Mdias estimadas (Erros padro), intervalos de confiana de 95% e os valores-P correspondente diferena mdia entre o GC e GE aps a remoo dos outliers aplicando o teste de ANOVA.

    Escalas Inicial e Final a interveno

    GE GC Lento Rpido

    Teste de 6 M (metros)

    2 outliers removidos, 1 de cada grupo

    16,2 (5,5)

    (3,5 - 28,8)

    p=0,02

    19,5 (8,7)

    (-1,9 - 40,9)

    p=0,07

    - 3,3 (9,9)

    (-24,5 - 17,9)

    p=0,74

    Teste de 10 M (segundos)

    4 outliers removidos, 2 de cada grupo

    -11,6 (5,8)

    (-25,4 2,2)

    p=0,09

    -2,8 (4,6)

    (-14,6 9,0)

    p=0,57

    -8,8 (7,8)

    (-25,9 8,8)

    p=0,28

    FMMI

    1 outlier removido do GC

    2,3 (0,8)

    (0,4 4,2)

    p=0,02

    0,9 (0,9)

    (-1,2 3,0)

    p=0,36

    1,4 (1,2)

    (-1,2 4,1)

    p=0,26

    Abreviaes: Teste de caminhada de 6 minutos; Teste de caminhada de 10 metros; FMMI Escala de Fugl Meyer de funo motora de membros inferiores.

    Na tabela 7 utilizou-se o teste ANCOVA para comparar a diferena mdia

    entre o GC e GE. No houve diferena estatstica entre os grupos nesta anlise

    (Tabela 7).

    Tabela 7: Mdias estimadas (Erros padro), intervalos de confiana de 95% e os valores-P

    correspondente diferena mdia entre o GC e GE aplicando o teste de ANCOVA.

    Escalas Diferena mdia Inicial e Final da interveno Valor de P

    TUG 9,3 (-46,8 - 65.3) p=0,73

    Teste de 6M 10,8 (-28,1 - 49,7) p=0,56

    Teste de 10M 9,3 (-46,8 - 65,3) p=0,73

    EEB 4,9 (-0,1 - 10,0) p=0,054

    FMMI 2,8 (-1,8 7,5) p=0,21

    MIF Item Locomoo 0,1 (-1,6 - 1,8) p=0,92

    MIF -1,3 (-10,1 7,5) p=0,75

    Abreviaes: TUG Time up and Go; Teste de caminhada de 6 minutos; teste de caminhada de 10 metros; EEB Escala de equilbrio de Berg; FMMI Escala de Fugl Meyer de funo motora de membros inferiores; MIF Medida de independncia funcional.

  • - 35 -

    Na tabela 8 esto representadas 3 mensuraes: teste de 6M, teste de 10M e

    FMMI aps remoo dos outliers e aplicar o teste ANCOVA. No houve diferena

    estatstica entre os grupos nesta anlise (Tabela 8).

    Tabela 8: Mdias estimadas (Erros padro), intervalos de confiana de 95% e os valores-P

    correspondente diferena mdia entre o GC e GE aps a remoo dos outliers aplicando o

    teste de ANCOVA.

    Escalas Diferena mdia Inicial e Final da interveno Valor de P

    Teste de 6M -1,7 (-24,6 - 21,2) p=0,87

    Teste de 10M -2,5 (-19,7 - 14,6) p=0,75

    FMMI 1,1 (-1,6 - 3,8) p=0,40

    Abreviaes: Teste de caminhada de 6 minutos; Teste de caminhada de 10 metros; FMMI Escala de Fugl Meyer de funo motora de membros inferiores.

    A figura 5 representa, a mdia e o erro padro do tempo (segundos) da

    mensurao inicial e final da escala TUG, respectivamente antes e depois da

    interveno entre o GC e GE. Houve diferena estatisticamente significante quando

    comparada a diferena entre a avaliao inicial e a final do GE (p=0,03).

    Mdia e Erro Padro da escala TUG

    Figura 5 Apresentao da escala TUG na avaliao inicial e final do GC e GE.

  • - 36 -

    A figura 6 representa a mdia e erro padro da distncia percorrida (metros)

    da mensurao inicial e a final do teste de 6M, respectivamente antes e depois da

    interveno entre o GE e GC. Houve diferena estatstica quando comparada a

    diferena entre a avaliao inicial e final do GE (p=0,04).

    Mdia e Erro Padro da escala 6 Minutos

    Figura 6 Apresentao da escala 6M na avaliao inicial e final do GC e GE.

    A figura 7 representa a mdia e o erro padro do tempo (segundos) da

    mensurao inicial e a final do teste de 10M, respectivamente antes e depois da

    interveno entre o GE e GC. No houve diferena estatstica entre o GC e GE.

  • - 37 -

    Mdia e Erro Padro da escala 10 Metros

    Figura 7 Apresentao da escala 10M na avaliao inicial e final do GC e GE.

    A figura 8 representa a mdia e erro padro dos valores da mensurao inicial

    e a final da escala de EEB, respectivamente antes e depois da interveno entre o

    GE e GC. Houve diferena estatstica quando comparada a diferena entre a

    avaliao inicial e final do GC (p=0,02) e do GE (p

  • - 38 -

    A figura 9 representa a mdia e erro padro dos valores da mensurao inicial

    e a final da escala de FMMI - funo motora para extremidades de membros

    inferiores, respectivamente antes e depois da interveno entre o GE e GC. Houve

    diferena estatstica quando comparada a diferena entre a avaliao inicial e a final

    do GE(p=0,02).

    Mdia e Erro Padro da escala de Fugl Meyer da Funo Motora de membros inferiores

    Figura 9 Apresentao da escala de FMMI na avaliao inicial e final do GC e GE.

    A figura 10 e 11 representam, a mdia e erro padro dos valores da

    mensurao inicial e final da escala MIF, respectivamente antes e depois da

    interveno entre o GE e GC. Na figura 10 houve diferena estatstica quando

    comparada a diferena da avaliao inicial e final do GC (p=0,0002) e do GE

    (p=0,01). A figura 11 representa somente o escore locomoo da escala MIF entre o

    GE e GC. Houve diferena estatstica quando comparada a diferena da avaliao

    inicial e final do GC (p=0,04) e do GE (p=0,04).

  • - 39 -

    Mdia e Erro Padro da escala MIF

    Figura 10 Apresentao da escala MIF na avaliao inicial e final do GC e GE.

    Mdia e Erro Padro da escala MIF Locomoo

    Figura 11 Apresentao da escala MIF Locomoo na avaliao inicial e final do GC e GE.

    Foi utilizado o teste de 10 metros para calcular a velocidade mdia (m/s) em

    solo inicial e final de cada grupo. A velocidade mdia inicial do GC foi (0,19 m/s

  • - 40 -

    0,11) e do GE (0,11 m/s 0,10), porm no foi observada diferena estatstica na

    velocidade inicial entre os grupos (p=0,14). Tambm foi calculada a velocidade

    mdia final do GC (0,20 m/s 0,11) e do GE (0,17 m/s 0,12) e, houve diferena

    estatstica na velocidade final entre o GC e GE (p=0,54). Entretanto, quando

    comparada a mdia inicial e final da velocidade da marcha no GE houve diferena

    estatstica (p=0,04) e no GC no houve diferena estatstica (p=0,70).

  • - 41 -

    4.0 DISCUSSO

    Este estudo analisou a velocidade do treino de marcha robtica para verificar

    a possibilidade de favorecimento na recuperao motora e na marcha aps o AVC.

    Este o primeiro estudo que compara o treino de marcha robtica no Lokomat com

    aumento progressivo da velocidade versus a diminuio progressiva da velocidade

    da marcha. Ambos os grupos apresentaram melhora aps o treino, porm o GE

    mostrou maiores e significativos resultados em relao as mensuraes EDF, TUG,

    6M, EEB, FMMI e MIF quando comparado com os resultados obtidos pelo GC.

    Aps um AVC, a recuperao funcional corresponde a um processo de

    plasticidade com a reorganizao de estruturas sensoriomotoras corticais e

    subcorticias e, a reaquisio de habilidades motoras influencia no tipo e na

    qualidade da plasticidade funcional que ocorre no crtex 19.

    A habilidade motora a habilidade de planejar e executar um movimento.

    Para a melhora da performance e aprendizado motor desta habilidade necessrio

    que ocorra a prtica e a repetio desta mesma habilidade 34. Desta forma, os

    princpios da neuroplasticidade e do aprendizado motor so relevantes para este

    estudo de reabilitao da marcha aps o AVC.

    O protocolo utilizado pelo GE que estabelece a diminuio progressiva da

    velocidade da marcha e da assistncia passiva do rob parece ter relevncia e

    mostrar melhora dos resultados, como observados por Danzl M. et al. (2013), Alm

    disso este protocolo alinha-se de perto com os princpios bsicos da

    neuroplasticidade, como a prtica intensiva, o treino de uma tarefa especfica, alm

    de enfatizar o treino de forma ativa e solicitar maior ateno e motivao durante o

    treino de marcha robtica 23. Outros estudos indicam que o movimento ativo mostrou

    maior ativao cortical e contribuio para a memria motora do que o movimento

    passivo 16, 17, 18.

    O protocolo utilizado pelo GC tambm foi realizado com o treino de forma

    intensiva, de uma tarefa especifica, com nfaze na participao ativa durante o

  • - 42 -

    treino. Porm, a proposta do protocolo da diminuio progressiva da velocidade da

    marcha e da assistencia do rob submeteu os indivduos a realizar o treino de forma

    cada vez mais lenta, justamente para que tivessem mais tempo para planejar e

    executar o movimento motor e, ento, participar do treino o mais ativamente

    possvel, com a assistncia mnima do rob, uma vez que diante das limitaes

    motoras desses indivduos o treino de marcha rpida pode tornar mais difcil a

    manuteno da participao, ateno e tornar o treino mais automtico ou passivo

    pelo rob.

    De acordo com os dados analisados pelo Lokomat, foi possvel observar que

    os participantes do GC utilizaram uma mdia de 63% da assistncia do rob e os

    participantes do GE utilizaram uma mdia de 48% da assistncia do rob. Essa

    assistncia medida de 0 a 100%, sendo 0% sem ajuda do rob e 100% com

    mxima ajuda do rob. Quando, porm, diminuda a assistncia do rob e o

    indivduo no participa do treino de marcha, o equipamento interrompe o treino

    imediatamente. Sendo assim, no protocolo do GE foi possvel diminuir mais a

    assistncia do rob do que no GC, uma vez que a velocidade mais lenta

    possivelmente facilita com que os indivduos com dficits motores e dependentes

    para a marcha participem do treino com menor assistencia do rob.

    Perry J. et al. (1995), relatam que a velocidade da marcha 0,8m/s sugere

    marcha independente, valores em torno de 0,4m/s indicam uma mobilidade restrita

    na comunidade e 0,2 04m/s mobilidade restrita em casa 34. O GE que treinou em

    velocidade progressivamente lenta apresentou ganhos maiores e significativos no

    que diz respeito velocidade da marcha em solo quando comparada a velocidade

    mdia inicial e final deste grupo (0,11 m/s para 0,17 m/s), j o GC no apresentou

    ganhos significativos quando comparadas as velocidades mdia inicial e final da

    marcha (0,19 m/s para 0,20 m/s).

    Alm disso, o objetivo primrio deste estudo foi avaliar a independncia da

    marcha antes e aps a interveno entre o GC e GE. Foi observada melhora

    significativa do GE pela escala EDF. De acordo com os dados coletados com todos

    os indivduos do estudo, no GC 62,5% dos individuos tiveram alta sem necessidade

  • - 43 -

    de cadeira de rodas. No GE 70% tiveram alta sem necessidade de cadeira de rodas,

    mas, ambos os grupos com necessidade de um dispositivo auxiliar.

    Dessa forma possvel que o protocolo do GE possa favorecer o ganho da

    velocidade da marcha em solo em indivduos dependentes para a marcha aps o

    AVC. Durante a interveno do estudo foi possvel observar a mudana no ritmo da

    marcha e variao no tamanho dos passos entre os grupos. A falta de uma

    mensurao da atividade eletromiogrfica e anlise biomecnica da marcha, porm,

    limitam este estudo.

    Em relao velocidade lenta utilizada no protocolo deste estudo,

    encontramos alguns estudos que discutiram esse uso. Westlake et al. (2009),

    embora tenham utilizado velocidades mais rpidas neste estudo, puderam observar

    que o treino de marcha robtica em velocidade lenta (2,0 km/h) no Lokomat

    apresentou maiores ganhos da velocidade da marcha em solo em indivduos ps

    AVC do que o treino de marcha robtica em velocidade rpida (3,0km/h) e o treino

    de marcha suspensa sob a esteira 8.

    Hidler et al. (2005), discutem que a variabilidade no treino de marcha uma

    importante estratgia para favorecer o padro de marcha e mostram que o treino de

    marcha robtica em velocidade mais lenta (1,5km/h 2,7km/h) resultou em uma

    maior mobilidade plvica e variabilidade da marcha 36. Tambm foi observada maior

    variabilidade da atividade eletromiogrfica dos msculos de membro inferior no

    treino de marcha na esteira em velocidade lenta 37.

    Estudos mostram que a variabilidade durante a performance da tarefa facilita

    o aprendizado e a resposta da tarefa motora 38 39. Alm disso, a no variabilidade do

    movimento expe o sistema sensorial a respostas adaptativas por ativao de

    padres repetitivos e idnticos 40.

    Alm disso, outros estudos observaram que a diminuio mxima da

    assistncia passiva do rob durante o treino de marcha robtica no Lokomat,

    quando combinado com uma tarefa de aprendizado motor com feedbak visual,

    melhorou a participao ativa do indivduo durante o treino e mostrou maior

  • - 44 -

    atividade muscular na eletromiografia. Os autores tambm reforam importantes

    fatores cognitivos tais como a ateno e a motivao durante o treino 15.

    Similarmente, outro estudo utilizou a diminuio da assitncia do rob

    somente no membro inferior hemipartico durante o treino de marcha robtica e

    mostrou maior atividade muscular na eletromiografia. Sugeriu, assim, um aumento

    do recrutamento muscular que, embora no acompanhado do aumento de fora,

    contribui para a melhora do controle motor 41.

    Entretanto, autores citam que o gasto metablico parece ser maior no

    indivduo que se mantm sobre a esteira do que o indivduo que fica estabilizado e

    fixado no equipamento de treino de marcha robtica Lokomat 11. Israel et al, porm,

    mostraram a importncia de minimizar a assistncia passiva do rob e a

    estabilizao para aumentar o gasto metablico durante o treino de marcha

    robtica13.

    Em um estudo realizado com roedores que receberam treino de marcha

    robtica (somente nas patas traseiras e com patas dianteiras suspensa) com

    assistncia passiva parcial conforme necessidade ou erros durante o treino, mostrou

    melhora da atividade muscular na eletromiografia e maior nmero de passos do que

    aquela verificada em roedores que realizaram o treino de marcha robtica

    completamente assistido 38. Sendo assim, a assistncia passiva do rob deve ser

    ajustada de modo a propiciar que menos assistncia seja fornecida, com o objetivo

    de encorajar o movimento ativo e independente 38 39.

    Hogan N. et al. (2013), enfatizam que a participao ativa do individuo

    elemento essencial na terapia robtica e o aprendizado motor para a reabilitao42,

    alm disso recente estudo mostra que a transferncia do aprendizado motor ocorre

    de movimentos discretos para movimentos ritimicos e que os movimentos discretos

    demandam de maior rea de planejamento do movimento, como: rea pr motora,

    motora suplementar e parietal posterior 43.

    Sendo assim, para encorajar o treino de marcha robtica de uma forma mais

    ativa possvel, importante considerar os parmetros discutidos e analisados neste

  • - 45 -

    estudo para facilitar o aprendizado e resposta da tarefa motora, assim como

    proposto no protocolo do GE.

    4.1 Limitao do Estudo

    Inicialmente, este estudo no tinha base de dados para o calculo da amostra,

    porm, gerou dados que possibilitam um planejamento amostral para uma futura

    pesquisa. Dessa forma, o clculo da amostra deste estudo baseado nos dados do

    desfecho primrio e a adoo de um valor de erro de 5% (1,96), um poder

    separador de 20% (0,84), um desvio padro das diferenas entres os grupos de

    0,59, mdia de diferena entre os grupos de 0,6 com ajuste amostral 1,5 e um fator

    de perda de 10%, obtm-se um numero de pares igual a 13, com total de 26

    individuos 44.

    O GC apresentou uma avaliao inicial melhor do que o GE nas mensuraes

    do TUG, 6M e 10M, talvez isso possa ter limitado a melhora do GC na avaliao

    final, porm no houve diferena estatstica entre as mdias das mensuraes

    inicias do GC e GE quando aplicado o teste t no pareado. Apesar disso, foi possvel

    perceber a melhora no GE.

    Outro fator limitante para este estudo foi o fato de os grupos permanecerem

    com as terapias fsicas dirias no Instituto (fisioterapia, terapia ocupacional e

    condicionamento fsico). Todos os indivduos, porm, receberam o mesmo nmero

    de sesses para todas as terapias.

    Este foi um estudo piloto para poder direcionar novos estudos. O uso de

    outras ferramentas de avaliao e o nmero adequado de indivduos para o estudo

    pode favorecer a anlise de dados.

  • - 46 -

    5.0 CONCLUSO

    Os indivduos ps AVC submetidos as mensuraes realizadas por esse

    estudo, apresentaram melhoras no desempenho aps a interveno de dois

    protocolos distintos. Entretanto, os indivduos submetidos ao protocolo do GE

    indicaram maiores benefcios do que os do GC nas seguintes mensuraes: EDF,

    TUG, 6M, EEB, FMMI e MIF.

    O protocolo que utiliza a diminuio progressiva da velocidade mostra um

    enorme potencial para expandir a eficcia da reabilitao da marcha robtica em

    indivduos ps AVC, entretanto futuros estudos com maior nmero de participantes e

    diferentes instrumentos de avaliao so necessrios para estabelecer evidncias

    conclusivas para o treino de marcha robtica.

  • - 47 -

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    Comput Neurosci, v. 7, p. 71, 2013.

    43 IKEGAMI, T. et al. Asymmetric transfer of visuomotor learning between discrete and

    rhythmic movements. J Neurosci, v. 30, n. 12, p. 4515-21, Mar 2010.

    44 MIOT, H.A. Tamanho da amostra em estudos clnicos e experimentais. J. Vas. Bras. v. 10, n. 4, 2011.

  • - 51 -

    ANEXOS

    A Termo de Aprovao do estudo do Comit de tica e Pesquisa

  • - 52 -

  • - 53 -

    ANEXO B - Escala de Equilbrio de BERG

    1. Posio sentada para posio em p

    Instrues: Por favor levante-se. Tente no usar suas mos para se apoiar.

    ( 4 ) capaz de levantar-se sem utilizar as mos e estabilizar-se independentemente

    ( 3 ) capaz de levantar-se independentemente utilizando as mos

    ( 2 ) capaz de levantar-se utilizando as mos aps diversas tentativas

    ( 1 ) necessita de ajuda mnima para levantar-se ou estabilizar-se

    ( 0 ) necessita de ajuda moderada ou mxima para levantar-se

    2. Permanecer em p sem apoio

    Instrues: Por favor, fique em p por 2 minutos sem se apoiar.

    ( 4 ) capaz de permanecer em p com segurana por 2 minutos

    ( 3 ) capaz de permanecer em p por 2 minutos com superviso

    ( 2 ) capaz de permanecer em p por 30 segundos sem apoio

    ( 1)necessita de vrias tentativas para permanecer em p 30 segundos sem apoio

    ( 0 ) incapaz de permanecer em p por 30 segundos sem apoio

    Se o paciente for capaz de permanecer em p por 2 minutos sem apoio, d o

    nmero total de pontos para o item nmero 3. Continue com o item nmero 4.

    3. Permanecer sentado sem apoio nas costas ,mas com os ps apoiados no

    cho ou num banquinho

    Instrues: Por favor, fique sentado sem apoiar as costas com os braos cruzados

    por 2 minutos.

    ( 4 ) capaz de permanecer sentado com segurana e com firmeza por 2 minutos

    ( 3 ) capaz de permanecer sentado por 2 minutos sob superviso

    ( 2 ) capaz de permanecer sentado por 30 segundos

    ( 1 ) capaz de permanecer sentado por 10 segundos

    ( 0 ) incapaz de permanecer sentado sem apoio durante 10 segundos

    4. Posio em p para posio sentada

  • - 54 -

    Instrues: Por favor, sente-se.

    ( 4 ) senta-se com segurana com uso mnimo das mos

    ( 3 ) controla a descida utilizando as mos

    ( 2 ) utiliza a parte posterior das pernas contra a cadeira para controlar a descida

    ( 1 ) senta-se independentemente, mas tem descida sem controle

    ( 0 ) necessita de ajuda para sentar-se

    5. Transferncias

    Instrues: Arrume as cadeiras perpendicularmente ou uma de frente para a outra

    para uma transferncia em piv. Pea ao paciente para transferir-se de uma cadeira

    com apoio de brao para uma cadeira sem apoio de brao, e vice-versa. Voc

    poder utilizar duas cadeiras (uma com e outra tem apoio de brao) ou uma cama e

    uma cadeira.

    ( 4 ) capaz de transferir-se com segurana com uso mnimo das mos

    ( 3 ) capaz de transferir-se com segurana com o uso das mos

    ( 2 ) capaz de transferir-se seguindo orientaes verbais c/ou superviso

    ( 1 ) necessita de uma pessoa para ajudar

    ( 0 ) necessita de duas pessoas para ajudar ou supervisionar para realizar a tarefa

    com segurana

    6. Permanecer em p sem apoio com os olhos fechados

    Instrues: Por favor fique em p e feche os olhos por 10 segundos.

    ( 4 ) capaz de permanecer em p por 10 segundos com segurana

    ( 3 ) capaz de permanecer em p por 10 segundos com superviso

    ( 2 ) capaz de permanecer em p por 3 segundos

    ( 1 ) incapaz de permanecer com os olhos fechados durante 3 segundos, mas

    mantm-se em p

    ( 0 ) necessita de ajuda para no cair

    7. Permanecer em p sem apoio com os ps juntos

    Instrues: Junte seus ps e fique em p sem se apoiar.

  • - 55 -

    ( 4 ) capaz de posicionar os ps juntos independentemente e permanecer por l

    minuto com segurana

    ( 3 ) capaz de posicionar os ps juntos independentemente e permanecer por l

    minuto com superviso

    ( 2 ) capaz de posicionar os ps juntos independentemente e permanecer por 30

    segundos

    ( 1 ) necessita de ajuda para posicionar-se, mas capaz de permanecer com os

    ps juntos durante 15 segundos

    ( 0 ) necessita de ajuda para posicionar-se e incapaz de permanecer nessa

    posio por 15 segundos

    8. Alcanar a frente com o brao entendido permanecendo em p

    Instrues: Levante o brao a 90o. Estique os dedos e tente alcanar a frente o mais

    longe possvel. (O examinador posiciona a rgua no fim da ponta dos dedos quando

    o brao estiver a 90o. Ao serem esticados para frente, os dedos no devem tocar a

    rgua. A medida a ser registrada a distncia que os dedos conseguem alcanar

    quando o paciente se inclina para frente o mximo que ele consegue. Quando

    possvel, pea ao paciente para usar ambos os braos para evitar rotao do

    tronco).

    ( 4 ) pode avanar frente mais que 25 cm com segurana

    ( 3 ) pode avanar frente mais que 12,5 cm com segurana

    ( 2 ) pode avanar frente mais que 5 cm com segurana

    ( 1 ) pode avanar frente, mas necessita de superviso

    ( 0 ) perde o equilbrio na tentativa, ou necessita de apoio externo

    9. Pegar um objeto do cho a partir de uma posio em p

    Instrues: Pegue o sapato/chinelo que est na frente dos seus ps.

    ( 4 ) capaz de pegar o chinelo com facilidade e segurana

    ( 3 ) capaz de pegar o chinelo, mas necessita de superviso

    ( 2 ) incapaz de peg-lo, mas se estica at ficar a 2-5 cm do chinelo e mantm o

    equilbrio independentemente

    ( 1 ) incapaz de peg-lo, necessitando de superviso enquanto est tentando

    ( 0 ) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para no perder o equilbrio ou cair

  • - 56 -

    10. Virar-se e olhar para trs por cima dos ombros direito e esquerdo enquanto

    permanece em p

    Instrues: Vire-se para olhar diretamente atrs de voc por cima, do seu ombro

    esquerdo sem tirar os ps do cho. Faa o mesmo por cima do ombro direito. O

    examinador poder pegar um objeto e posicion-lo diretamente atrs do paciente

    para estimular o movimento.

    ( 4 ) olha para trs de ambos os lados com uma boa distribuio do peso

    ( 3 ) olha para trs somente de um lado o lado contrrio demonstra menor

    distribuio do peso

    ( 2 ) vira somente para os lados, mas mantm o equilbrio

    ( 1 ) necessita de superviso para virar

    ( 0 ) necessita, de ajuda para no perder o equilbrio ou cair

    11. Girar 360 graus

    Instrues: Gire-se completamente ao redor de si mesmo. Pausa. Gire-se

    completamente ao redor de si mesmo em sentido contrrio.

    ( 4 ) capaz de girar 360 graus com segurana em 4 segundos ou mos

    ( 3 ) capaz de girar 360 graus com segurana somente para um lado em 4

    segundos ou menos

    ( 2 ) capaz de girar 360 graus com segurana, mas lentamente

    ( 1 ) necessita de superviso prxima ou orientaes verbais

    ( 0 ) necessita de ajuda enquanto gira

    12. Posicionar os ps alternadamente ao degrau ou banquinho enquanto

    permanece em p sem apoio

    Instrues: Toque cada p alternadamente no degrau/banquinho. Continue at que

    cada p tenha tocado o degrau/banquinho quatro vezes.

    ( 4 ) capaz de permanecer em p independentemente e com segurana,

    completando 8 movimentos em 20 segundos

    ( 3 ) capaz de permanecer em p independentemente e completar 8 movimentos

    em mais que 20 segundos

  • - 57 -

    ( 2 ) capaz de completar 4 movimentos sem ajuda

    ( 1 ) capaz de completar mais que 2 movimentos com o mnimo de ajuda

    ( 0 ) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para no cair

    13. Permanecer em p sem apoio com um p frente

    Instrues: (demonstre para o paciente) Coloque um p diretamente frente do

    outro na mesma linha se voc achar que no ir conseguir, coloque o p um pouco

    mais frente do outro p e levemente para o lado.

    ( 4 ) capaz de colocar um p imediatamente frente do outro, independentemente,

    e permanecer por 30 segundos

    ( 3 ) capaz de colocar um p um pouco mais frente do outro e levemente para o

    lado. Independentemente e permanecer por 30 segundos

    ( 2 ) capaz de dar um pequeno passo, independentemente. e permanecer por 30

    segundos

    ( 1 ) necessita de ajuda para dar o passo, porm permanece por 15 segundos

    ( 0 ) perde o equilbrio ao tentar dar um passo ou ficar de p

    14. Permanecer em p sobre uma perna

    Instrues: Fique em p sobre uma perna o mximo que voc puder sem se

    segurar.

    ( 4 ) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por mais que

    10 segundos

    ( 3 ) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por 5-10

    segundos

    ( 2 ) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por 3 ou 4

    segundos

    ( 1 ) tenta levantar uma perna, mas incapaz de permanecer por 3 segundos,

    embora permanea em p independentemente

    ( 0 ) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para no cair

    ( ) Escore Total (Mximo = 56)

  • - 58 -

    ANEXO C - Escala de Avaliao de Fugl-Meyer para membros inferiores

  • - 59 -

  • - 60 -

    Anexo D Medida de Independencia Funcional MIF

    ANEXO E - EDF Escala de Deambulao Funcional

    5 Paciente pode caminhar independentemente Tarefa: pedido ao paciente para ficar em p e dar alguns passos se possvel, Se puder deambular, a habilidade da marcha ser avaliada por 15 minutos.

    0 - Paciente no consegue caminhar ou requer ajuda de 2 ou mais pessoas 1 Paciente requer suporte contnuo de 1 pessoa que auxilia com o peso e o equilbrio 2 Paciente necessita contnuo ou intermitente suporte de 1 pessoa para ajudar com equilbrio e coordenao 3 Paciente requer superviso verbal ou requer prontido de 1 pessoa sem contato fsico 4 paciente pode caminhar independentemente no cho, mas requer ajuda em escadas e rampas