universidade de sÃo paulo instituto de energia e ... · tanto a madeira como a tração animal,...

77
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ENERGIA E ELETROTÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E NEGÓCIOS NO SETOR ENERGÉTICO BEATRIZ VICENTE DE FREITAS OPORTUNIDADES BRASILEIRAS PARA UMA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO SÃO PAULO 2012

Upload: buicong

Post on 10-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ENERGIA E ELETROTÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E

NEGÓCIOS NO SETOR ENERGÉTICO

BEATRIZ VICENTE DE FREITAS

OPORTUNIDADES BRASILEIRAS PARA UMA ECONOMIA DE BAIX O CARBONO

SÃO PAULO 2012

BEATRIZ VICENTE DE FREITAS

OPORTUNIDADES BRASILEIRAS PARA UMA ECONOMIA DE BAIX O CARBONO Monografia para Conclusão de Curso de Pós Graduação em Gestão Ambiental e Negócios do Setor Energético, do Instituto de Energia e Eletrotécnica (IEE) da Universidade de São Paulo.

Orientador: Dr. Oswaldo Lucon

SÃO PAULO 2012

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔN ICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Freitas, Beatriz Vicente de

Oportunidades brasileiras para uma economia de baixo carbono./ Beatriz Vicente de Freitas; orientador Oswaldo Lucon. – São Paulo, 2013.

77f. : il.; 30 cm.

Monografia (Curso de Especialização em Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético) Instituto de Energia e Ambiente, Universidade de São Paulo.

1.Mudança Climática 2. Efeito estufa. 3. Eficiência energética

I. Título.

BEATRIZ VICENTE DE FREITAS

OPORTUNIDADES BRASILEIRAS PARA UMA ECONOMIA DE BAIX O CARBONO

São Paulo, 31 de janeiro de 2012

___________________________________ Orientador

Dr. Oswaldo Lucon

___________________________________ Professor Examinador

___________________________________ Professor Examinador

DEDICATÓRIA

Ao longo desta trajetória muitos foram aqueles que me apoiaram e me incentivaram. Este

trabalho é dedicado a todas essas pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram nesse

processo de aprendizado, contribuindo para a minha formação pessoal e profissional.

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos a minha família que não poupa esforços na formação de minha base

acadêmica, profissional e humana.

RESUMO

FREITAS, B. V.; OPORTUNIDADES BRASILEIREAS PARA UMA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO . Monografia para a Pós Graduação Lato sensu em Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético do Instituto de Energia e Eletrotécnica da Universidade de São Paulo. 2002.

O presente estudo analisa as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa do Brasil no

cenário atual e as expectativas de crescimento para 2030, considerando o cenário de crescimento

do País. Identifica as principais oportunidades de redução de gases de efeito estufa dos setores

com maiores emissões, abordando os planos e programas estabelecidos pelo Governo brasileiro,

bem como as curvas de custo de implantação das medidas de mitigação por setor. Destaca a ação

conjunta de diversas frentes para o atendimento das metas brasileiras assumidas voluntariamente

no cenário nacional e mundial, dentre essas a importante contribuição da eficiência energética,

buscando criticamente elucidar as medidas que caminham na contramão das metas assumidas

pelo Brasil.

Palavras-chave: Mudanças climáticas. Emissões de gases de efeito estufa. Metas brasileiras.

Oportunidades de redução. Curva de custo. Eficiência energética.

ABSTRACT

FREITAS, B.V., BRASILIAN’S OPORTUNITIES FOR A LOW CARBON ECONOMY . Monograph for Lato sensu Graduate in Environmental Management and Business in the Energy Sector of the Institute for Energy and Electrical Engineering, University of São Paulo, 2011

The present study examines the main sources of emissions of greenhouse gases in Brazil in the

current scenario and growth expectations for 2030, considering the growth scenario of the

country identifies the main opportunities for reducing greenhouse gas sectors with higher

emissions, addressing plans and programs established by the Brazilian government, as well as

cost curves deployment of mitigation measures by sector. Highlights the joint action of several

fronts to meet the Brazilian goals voluntarily assumed in the national and worldwide, among

these the important contribution of energy efficiency, seeking to elucidate the critical steps that

go counter to the goals set by Brazil.

Keywords: Climate change. Emissions of greenhouse gases. Brazilian targets. Reduction

opportunities. Mitigation Cost Curve. Energy efficiency.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curva de custo de redução de gases do efeito estufa do Brasil em 2030 (MCKinsey,

2009)

Figura 2: Curva de custos marginais de abatimento para medidas de mitigação com custo de

implantação inferior a U$50 por tCO2e - taxa de desconto social 8% (Banco Mundial, 2010)

Figura 3: Curva de custos marginais de abatimento para medidas de mitigação com custo de

implantação acima de U$50 por tCO2e - taxa de desconto social 8% (Banco Mundial, 2010)

Figura 4: Emissões de GEE em MtCO2e no Brasil nos anos 1994, 2005, 2007, e projeções para

2020 em três cenários.

Figura 5: Emissões de GEE do Brasil - 1990, 2020 e 2050.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Emissões Brasileiras (mil toneladas de CO2eq)

Tabela 2: Ações para Mitigação de Emissões até 2020

Tabela 3: Custos médios de abatimento da tonelada de CO2eq (U$) de acordo com os estudos

elaborados pela McKinsey (2009) e pelo Banco Mundial (2010).

Tabela 4: Compromissos voluntários de redução de GEE do Brasil – 2020

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABESCO – Associação Brasileira de Empresas de Serviço

AQUA – Alta Qualidade Ambiental

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CFCs – Clorofluorcarbonos

CH4 – Gás Metano

CMMAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

CO – Monóxido de Carbono

CO2 – Gás Carbônico

CO2e – Gás Carbônico Equivalente

CONPET – Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás

Natural

COP – Conferência das Partes

CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima

EE – Eficiência Energética

ESCO – Empresa de Serviços de Conservação de Energia

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FMI – Fundo Monetário Internacional

GEE – Gases de Efeito Estufa

H2SO4 – Ácido Sulfúrico

HNO3 – Ácido Nítrico

IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change

LEED – Leadership in Energy and Environmental Design

MBRE – Mercado Brasileiro de Redução de Emissões

MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MtCO2 eq – Milhões de toneladas de gás carbônico equivalente

N2O – Óxido Nitroso

NOx – Óxidos de Nitrogênio

PBE – Programa Brasileiro de Etiquetagem

PNEf – Plano Nacional de Eficiência Energética

PNMC – Plano Nacional de Mudanças Climáticas

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPCDAM – Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal

PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia

PROCONVE - Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores

PSA – Pagamentos por Serviços Ambientais

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SO2 – Dióxido de Enxofre

SOx – Óxidos de Enxofre

tCO2e/GWh – Tonelada de Gás Carbônico Equivalente por Giga Watt hora

NAMA – Nationally Appropriate Mitigation Actions

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 16

1.1 Energia e Meio Ambiente...................................................................................................... 16

1.2 Crescimento versus Desenvolvimento .................................................................................. 21

1.3 CONVENÇÃO QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇAS DO CLIMA

....................................................................................................................................................... 22

1.4 EXPECTATIVAS RIO +20 - BRASIL ................................................................................ 25

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 26

2.1 Panorama mundial e cenário brasileiro de emissões de GEE ........................................... 26

2.2 Oportunidades de Abatimento detalhadas por setor ......................................................... 29

2.2.1 Geração de energia ............................................................................................................... 29

2.2.2 Transporte rodoviário ........................................................................................................... 31

2.2.3 Siderurgia ............................................................................................................................. 32

2.2.4 Setor químico ........................................................................................................................ 32

2.2.5 Setor petróleo e gás .............................................................................................................. 33

3.2.6 Cimento ................................................................................................................................ 34

2.2.7 Tratamento de resíduos ......................................................................................................... 35

2.2.8 Edificações ........................................................................................................................... 35

2.2.9 Agricultura ............................................................................................................................ 36

2.2.10 Florestas .............................................................................................................................. 37

3. COMPARAÇÃO ENTRE OS ESTUDOS ............................................................................. 37

4. INICIATIVAS E COMPROMISSOS DO GOVERNO PARA REDUÇ ÃO DAS

EMISSÕES ................................................................................................................................... 41

4.1 PLANO NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA ......... ......................................... 43

4.2 PROGRAMA DE COMBATE AO DESMATAMENTO ........... ....................................... 48

4.3 PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ........................................................... 49

4.4 PROCEL ................................................................................................................................ 50

4.5 PROGRAMA NACIONAL DE RACIONALIZAÇÃO DO USO DOS DERIVADOS DO

PETRÓLEO E DO GÁS NATURAL (CONPET) .................................................................... 53

4.6 PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM (PBE) ...... ....................................... 53

4.7 PROGRAMA SEBRAE DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ...... ....................................... 54

4.8 PROCONVE .......................................................................................................................... 55

4.9 LINHA PROESCO ................................................................................................................ 55

4.10 LINHA BNDES .................................................................................................................... 56

4.11 CERTIFICAÇÕES .............................................................................................................. 57

5. A REALIDADE DE EMISSÕES NO BRASIL ................................................................... 58

6. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 61

16

1. INTRODUÇÃO

A luz da inter-relação entre energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, o presente

trabalho se propõe a analisar as oportunidades dos setores industriais brasileiros na redução das

emissões de gases de efeito estufa.

Para elaboração deste trabalho foram utilizadas informações de domínio público dos órgãos

públicos brasileiros, também foram consideradas informações disponíveis na rede mundial de

computadores (internet), disponibilizadas por universidades renomadas do país.

Para a análise do cenário instalado referente a desenvolvimento, energia e meio ambiente, e as

oportunidades de redução de gases de efeito estufa, considerou-se o relatório Caminhos para uma

economia de baixa emissão de carbono no Brasil e o estudo do Banco Mundial para uma

economia de baixo carbono.

1.1 Energia e Meio Ambiente

Embora o clima tenha sempre variado naturalmente, agora, os cientistas acreditam que as

emissões agrícolas e industriais de dióxido de carbono e outros gases podem provocar uma

mudança permanente e irreversível no clima. As concentrações atmosféricas desses gases

aumentaram drasticamente nos últimos 100 anos, o que pode gerar temperaturas mais altas e

novos padrões climáticos nas próximas décadas e séculos.

Muitas dúvidas persistem, e os pesquisadores estão se esforçando para poder respondê-las. Mas

enquanto alguns anos nos separam de uma certeza científica, os Governos do mundo decidiram

que os riscos são simplesmente grandes demais para serem ignorados.

REIS (2005) defendeu que o conhecimento das inter relações entre energia – um dos vetores da

infra-estrutura – e o meio ambiente, considerando o modelo de desenvolvimento vigente consiste

em aspecto fundamental para que ações práticas em prol da sustentabilidade sejam estabelecidas.

A força endossomática, durante um longo período na história, foi a única forma de energia

utilizada pelo homem, ou seja, o homem usa-se da sua força muscular para ir e vir em busca dos

elementos necessários para a sua sobrevivência. REIS (2005) estimou o gasto energético diário

17

em torno de 2000 kcal por dia, provenientes dos alimentos ingeridos.

A partir da era do homem caçador até meados do século XVIII da nossa era, o recurso energético

mais utilizado pelo homem foi a madeira, que teve seu uso iniciado pela descoberta do fogo,

passando a ser utilizada como fonte de calor para cocção e aquecimento.

Mais tarde, a madeira passou a ser utilizada como fonte térmica na obtenção de carvão vegetal,

combustível utilizado nas indústrias em geral. No início, o uso deste combustível era moderado,

pois a escala industrial era modesta, organizada em determinado local e dependente de recursos

locais para abastecimento das comunidades. Não havia na época grandes transações comerciais,

pelas dificuldades de transposição dos materiais a longas distâncias.

A escassez do combustível energético levava as populações à migração, ou na impossibilidade

desta mudança, à falência e conseqüente ao desaparecimento. Como exemplo desta sucumbência,

pode-se citar a Ilha de Páscoa, que teve sua população extinta pela exploração desenfreada dos

recursos florestais, conforme Jared Diamond em Colapso (2007).

A utilização de energia mecânica iniciou-se com a domesticação de animais como bois, cavalos,

dromedários, búfalos e camelos, para uso no transporte e nos trabalhos da lavoura, como aragem

de terras, moagem de grãos, bombeamento de água, entre outros. Durante milênios, esta foi a

principal fonte de energia mecânica utilizada, estendendo seu domínio até a segunda metade do

século XVIII depois de Cristo.

Tanto a madeira como a tração animal, ambas consideradas fontes primitivas de energia, ainda

nos dias de hoje, são as únicas fontes utilizadas por uma considerável parte da humanidade –

mesmo nas sociedades urbanas mais evoluídas estas fontes ainda são utilizadas.

Outro uso da energia mecânica, pelo aproveitamento da energia cinética dos ventos, iniciou-se

nos primeiros séculos da nossa era e obteve um impulso maior a partir do século X, com os

avanços tecnológicos alcançados.

Até o século XVII, com uma população relativamente pequena e um consumo per capita modesto

de calor e potência, foi possível manter um equilíbrio entre as fontes de energia renováveis

(madeira, força humana e animal e ventos) e a demanda de energia.

Porém, os avanços da mecânica, resultaram em uma aceleração do crescimento econômico por

meio da intensificação das atividades industriais, agrícolas, comerciais, da urbanização e do

crescimento demográfico. Ao mesmo passo, a procura e a exploração por madeira também se

18

intensificou, levando a escassez deste recurso em algumas regiões da Europa Ocidental; isso

levou o aparecimento de problemas respiratórios, devido à emissão dos produtos da combustão

em locais onde a queima da madeira era intensa. Conseqüentemente, a exploração da madeira se

fez necessária em regiões mais distantes, o que ocasionou o aumento natural dos preços dos

produtos.

Diante deste fato e das leis ambientais que impediam o desmatamento em determinadas regiões,

reinicia-se a exploração e utilização do carvão mineral, primeiro recurso fóssil a ser explorado de

forma maciça pelo homem.

Enquanto na Europa, a utilização da madeira e dos moinhos hidráulicos perdia força, na América

do Norte ambos os recursos continuavam sendo amplamente explorados, dada a abundancia do

recurso florestal, os rios numerosos e o potencial eólico bastante favorável. Somente no final do

século XIX, esses recursos começaram a ser substituídos pelo carvão mineral e pelo petróleo.

Com o crescimento das cidades, do comércio, da indústria e o aumento da potência das máquinas

levaram a um substancial aumento do consumo de carvão mineral, fazendo com que o mesmo

passasse a dominar a matriz energética mundial.

A inserção da máquina a vapor no modo de produção provocou uma ruptura no sistema, exigindo

uma nova ordem de grandeza no uso de energia. Segundo REIS (2005) a taxa de elevação do

consumo de energia não acompanhava mais proporcionalmente o crescimento populacional,

sendo o consumo per capita médio anual de aproximadamente 80.000 Kcal por dia.

Na segunda metade do século XIX, os trabalhos de exploração do petróleo já tinham iniciado; e

em pouco tempo os avanços e técnicas de perfuração e refino aliado aos impulsos promovidos

pela indústria automobilística, levaram este recurso à dianteira do carvão mineral.

A substituição do carvão mineral na matriz energética pelo petróleo, não se deu pelos mesmos

motivos da substituição ocorrida no passado de madeira por carvão mineral. A substituição da

madeira se fez necessária em face de escassez deste recurso, enquanto que a substituição do

carvão mineral aconteceu devido às limitações tecnológicas impostas pelos equipamentos que

utilizavam este combustível.

Paralelamente ao petróleo, a eletricidade foi ganhando espaço no suprimento mundial de energia,

primeiramente com a iluminação e em seguida com a força motriz. No início do século XX, a

energia elétrica era produzida em usinas térmicas com a utilização de turbinas a vapor e em

usinas hidrelétricas com a utilização de turbinas hidráulicas. À medida que a indústria elétrica foi

19

se desenvolvendo, redes elétricas iam sendo construídas, possibilitando o atendimento de novas

regiões.

Para atender a demanda energética que se instalava com o crescimento das cidades, a energia

nuclear passou a ser explorada após a segunda guerra mundial. Países que não possuíam reservas

petrolíferas passaram a investir pesadamente neste recurso. A necessidade de reconstrução dos

países envolvidos na guerra, e o crescimento das atividades econômicas resultaram no aumento

considerável do consumo de energia e, consequentemente, a exploração maciça dos recursos

naturais.

As fontes foram sucedendo-se e nenhuma delas substituiu integralmente a outra. Todas tem tido

sua parcela de mercado, com maior ou menor participação em função de suas disponibilidades,

preços, políticas governamentais e leis ambientais, dentre outros fatores limitantes.

A partir da década de 1950, ao passo que diversos relatos de problemas ambientais foram

aparecendo, inúmeros estudos científicos eram elaborados, revelando os desequilíbrios geofísicos

e ecológicos causados pela exploração e pelo uso descontrolado dos recursos naturais.

Os principais problemas ambientais relacionados com energia são: poluição do ar, chuva ácida,

efeito estuda e mudanças climáticas, desmatamento, desertificação, alagamento de terras ou

perdas de terras agricultáveis e contaminação radioativa por urânio.

A poluição do ar urbano é um dos problemas atuais mais visíveis; principalmente relacionada à

queima do carvão mineral e dos derivados de petróleo na indústria, no transporte e na geração de

eletricidade. Os principais poluentes do ar são o óxido de enxofre (SOx), óxido de nitrogênio

(NOx), dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), monóxido de carbono (CO), ozônio e partículas

suspensas. As quantidades dependem das características especificas de cada tecnologia e do tipo

de combustível utilizado (gás natural, carvão, óleo, madeira etc). Há também problemas de

poluição do ar em ambientes fechados, devido às emissões de CO causadas pela queima dos

derivados da biomassa durante atividades domésticas nas áreas rurais dos países em

desenvolvimento. A concentração desses poluentes na atmosfera tem causado inúmeras doenças,

como bronquites crônicas, ataques de asma, rinite alérgica, entre outras doenças respiratórias e

cardíacas segundo DUCHIADE (1992).

A chuva ácida refere-se ao efeito da poluição causada por reações ocorridas na atmosfera quando

acontece associação de água com o dióxido de enxofre (SO2) e os óxidos de nitrogênio (NOx),

20

formando o ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3). Ao serem depositados nos solos,

esses ácidos têm efeitos bastante negativos na vegetação e estruturas (prédios e monumentos) –

efeito conhecido como precipitação seca – e são dissolvidos na chuva e levados até os lençóis

freáticos e rios – efeito conhecido como precipitação úmida. A ingestão de alimentos ou água

contaminados pela chuva ácida é um dos causadores de problemas neurológicos no ser humano.

A chuva ácida é um problema sem fronteiras, uma vez que os ácidos podem ser carregados pelos

ventos a distancias superiores a mil quilômetros. A queima do carvão mineral é um dos grandes

causadores da chuva ácida na Europa, estados Unidos e países asiáticos, que são grandes

consumidores deste combustível.

O efeito estufa e as mudanças climáticas se devem à modificação na intensidade da radiação

térmica emitida pela superfície da Terra, por causa do aumento da concentração de gases de

efeito estufa na atmosfera. O efeito estufa consiste em um fenômeno natural, que permite a

manutenção da temperatura da Terra em condições tais que permita a existência biológica.

Porem, o aumento da quantidade de gases provenientes principalmente da queima de

combustíveis fosseis, tem ampliado este efeito. O dióxido de carbono (CO2) é o mais

significativo e preocupante entre os gases emitidos, devido às quantidades emitidas à longa

duração de seus efeitos na atmosfera. Outros gases são o metano, óxido nitroso (N2O) e os

clorofluorcarbonos (CFCs). Estima-se que nos últimos cem anos, a temperatura média da

superfície da terra se elevou entre 0,4 e 0,8 graus Celsius, segundo REIS (2007).

O desmatamento e a desertificação são um dos problemas ambientais mais antigos. As florestas

vêm sendo devastadas há setecentos anos, primeiramente na Europa; hoje, boa parte das florestas

tropicais está ameaçada. A destruição das florestas pode ser ocasionada pela poluição do ar,

urbanização, implantação de projetos hidrelétricos, expansão da agricultura, exploração de

produtos florestais, queimadas e também pela degradação da terra em áreas áridas, semi-áridas e

sub-úmidas secas, em função do impacto humano adverso relacionado ao cultivo e práticas

agrícolas inadequadas, assim como o desflorestamento. A destruição de florestas por queimadas

tem um duplo efeito ambiental, pois emite dióxido de carbono e ao mesmo tempo reduz a

quantidade de água evaporada do solo e produzida pela transpiração das plantas, afetando o ciclo

de chuvas. O desflorestamento tem influencia no aquecimento global já que as florestas possuem

poder de absorção de carbono (REIS, 2007).

21

O alagamento ou perda de áreas de terra agricultáveis ou de valor histórico, cultural e biológico

está relacionado principalmente ao desenvolvimento de barragens e reservatórios, os quais são

formados para fins de navegação, saneamento básico, irrigação, lazer e geração de eletricidade. O

alagamento de áreas para implantação de hidrelétricas provocam emissão de monóxido de

carbono, em função da decomposição da madeira submersa, alteração no ecossistema aquático,

erosão nas margens dos lagos, alterações nos lençóis freáticos e cursos de rios. As hidrelétricas

causam, além dos problemas ambientais, impactos sociais relacionados ao reassentamento das

populações.

A contaminação radioativa é proveniente do beneficiamento de urânio utilizado em grande parte

nas usinas nucleares para geração de eletricidade. O resíduo liberado pelas usinas, conhecido

como lixo atômico, se não for bem acondicionado, pode se tornar um grande problema, pois tem

vida longa. A segurança da usina contra vazamentos radioativos é um fator primordial, já que

vazamentos nucleares contaminam o ambiente e causam mortes imediatas e doenças graves.

1.2 Crescimento versus Desenvolvimento

O crescimento econômico, termo aclamado por economistas e – principalmente – políticos de

todo o mundo, traduz-se pela riqueza material de um país e pode ser verificado pelo aumento do

PIB.

Rankings elaborados pelo Banco Mundial e pelo FMI posicionam o Brasil dentre as dez maiores

economias do mundo, no entanto, para quem vive no Brasil e tem um mínimo de olhar crítico, é

evidente que o crescimento econômico não carrega consigo necessariamente uma melhoria

social, ou melhoria no bem estar da população. Essa melhoria é o que se chama de

Desenvolvimento Econômico, ou seja, nível de bem estar e qualidade de vida dos cidadãos.

Em suma, nem sempre um alto crescimento econômico, um elevado PIB, corresponde a um país

desenvolvido. É evidente que, sem haver um crescimento da economia em uma economia

capitalista, é impossível o desenvolvimento. Mas essa condição, por si só, não é suficiente para

um país atingir o desenvolvimento econômico.

A partir das idéias expostas acima, foram desenvolvidos índices que levassem em conta aspectos

sociais, além do simples aumento global de riquezas.

22

Assim, foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em

1990 o Índice de Desenvolvimento Humano, a partir do trabalho de dois economistas,

o paquistanês Mahbub Ul Haq e o indiano Amartya Sem. O índice nasceu para servir como uma

medida alternativa de desenvolvimento em contraposição ao mero uso do Produto Interno Bruto

(PIB) dos países, segundo PNUD (2010).

Segundo o World Resources Institute, a energia tem uma influência substancial sobre a economia

global e do clima. Gastos com energia representam cerca de oito por cento do PIB mundial,

enquanto a sua utilização na eletricidade, no aquecimento e na indústria somam cerca de 40 por

cento das emissões globais de gases de efeito estufa. Nenhuma solução para a crise climática é

possível sem uma mudança fundamental para energia de baixo carbono, conforme McKinsey

(2009).

1.3 Convenção Quadro das Nações Unidas sobre mudanças do clima

Desde a década de 70, é observada a preocupação com o meio ambiente nas pautas das

discussões internacionais. A partir dos anos 80, documentos como o Nosso Futuro Comum e

acordos internacionais como a Convenção de Viena e o Protocolo de Montreal, dava indícios de

uma maior cooperação internacional nesta temática, mais especificamente com relação à proteção

da camada de ozônio, conforme MCT (2011).

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate

Change - IPCC) foi criado em 1988, e sua primeira publicação sobre avaliação do meio ambiente

alertou o mundo sobre as possíveis consequências negativas da ação sobre o clima do planeta.

Em um contexto histórico, observa-se que a partir da Revolução Industrial, a preocupação com as

atividades do humano e seus impactos no meio ambiente começam a aumentar, dado os eventos

de poluição nos países cuja base das atividades industriais era a queima do carvão.

Finalmente em 1992, foi criada a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre

Mudanças do Clima (CQNUMC), que consiste em uma série de acordos recentes por meio dos

quais os países de todo o mundo estão se unindo para enfrentar o desafio das mudanças

23

climáticas, e que passou a reunir-se anualmente das para tratar especificamente dos problemas do

aquecimento global na Conferência das Partes (COP).

A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima enfoca um problema

especialmente inquietante: nós estamos mudando a forma com que a energia solar interage com a

atmosfera e escapa dela e corremos o risco de alterar o clima global. Entre as consequências

possíveis, está um aumento na temperatura média da superfície da Terra e mudanças nos padrões

climáticos mundiais.

Ao longo dos últimos anos, a concentração de gases de efeito estufa vem aumentando por causa

da maior atividade industrial, agrícola e de transporte, principalmente devido ao uso de

combustíveis fósseis. O acúmulo desses gases, conhecidos como de efeito estufa porque prende o

calor na atmosfera, efeito análogo ao dos painéis de vidro em uma estufa, impede que a radiação

da superfície terrestre seja liberada de volta ao espaço, conforme SANTOS (2000).

Como conseqüência, da concentração de gases na atmosfera potencializada pela ação humana, a

temperatura média da Terra está aumentando, colocando em perigo, o delicado balanço de

temperatura que torna o nosso meio ambiente habitável.

Durante os encontros anuais promovidos pela Convenção Quadro, diversos assuntos foram pauta,

e no histórico dessas reuniões merecem destaque o COP 3, em que foi proposto o Protocolo de

Quioto, um importante instrumento legal que definiu a redução de emissões dos gases de efeito

estufa (GEE) para nos países desenvolvidos signatários, impondo metas de redução de 5% das

emissões em relação aos níveis de 1990, para o período de 2008 a 2012.

O ápice destas discussões se deu em Copenhague, no ano de 2009, na COP 15, um evento que

teve grande repercussão na mídia mundial e presença de 192 países e diversos líderes mundiais,

bem como organizações não-governamentais, especialistas, órgãos das Nações Unidas, ativistas

ambientais, agências especializadas, Banco Mundial e entidades internacionais interessadas no

assunto. Apesar da expectativa mundial, a Conferência resultou no Acordo de Copenhague, que

não teve nenhum caráter obrigatório por conta da não aceitação do documento por alguns países.

Nesta oportunidade, o Brasil assumiu como NAMA, ou no português Ações de Mitigação

Apropriadas para a Nação, investimentos em relação aos setores com maior potencial de emissão

24

de CO2 no país, conforme tabela 1 abaixo. As ações de mitigação são em relação: ao uso da terra,

com a redução do desmatamento da Amazônia e do Cerrado; a agropecuária, por meio da

recuperação de pastos, integração da lavoura e da pecuária, plantio direto e fixação biológica de

nitrogênio; a fonte de energia, com incentivos a eficiência energética, ao incremento do uso de

biocombustíveis, expansão da oferta de energia por hidrelétrica e incentivo a fontes alternativas

(como pequenas centrais hidrelétricas, bioeletricidade e eólica); e a outros setores, o incentivo a

substituição do carvão de desmate por carvão plantado nas usinas de siderurgia, conforme tabela

2.

Tabela 1: Emissões Brasileiras (mil toneladas de CO2e)

Fonte: Brasil, 2009.

25

Tabela 2: Ações para Mitigação de Emissões até 2020

Fonte: Brasil, 2009.

Apesar da falta de um acordo internacional na COP 15, em inúmeros países houve a criação de

leis, políticas, projetos, produtos, planos de ação, dentre outras iniciativas, visando à mitigação e

à adaptação do homem às mudanças climáticas. Alguns países da Europa, o Estado da Califórnia

nos Estados Unidos, o Brasil e alguns de seus estados federativos, estabeleceram políticas e

adotaram metas e prazos para a redução das suas emissões de GEE, de modo a firmar

mundialmente um compromisso com o desenvolvimento sustentável.

1.4 Expectativas Rio +20 - Brasil

Foi no Brasil, em 1992 que aconteceu um dos maiores eventos sobre meio ambiente, a

Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida

26

como Cúpula da Terra, Eco 92 ou Rio 92, que, entre outros resultados, criou a Agenda 21 e a

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (CQNUMC).

Nos termos da CQNUMC, o papel dos governos é de coletar e compartilhar informações sobre as

emissões de gases de efeito estufa (GEE), as políticas nacionais e melhores práticas; lançar

estratégias nacionais para lidar com as emissões de GEE e de adaptação aos impactos esperados,

incluindo o fornecimento de apoio financeiro e tecnológico aos países em desenvolvimento e

cooperar na preparação para a adaptação aos impactos das alterações climáticas (UNFCCC).

Dando seqüência aos eventos sediados pelo Brasil, haverá em junho de 2012, a Rio +20, a ser

realizada na cidade do Rio de Janeiro.

O documento com a contribuição brasileira, bem como o documento oficial que conduzirá as

discussões está disponível no site oficial da Conferência. (Documentos Oficiais do Brasil para a

Conferência, 2011).

A contribuição brasileira traz um trecho específico para tratar o tema energia, e sustenta a

necessidade de implementação de ações, que favoreçam o aumento da eficiência energética.

Ainda traz que a qualidade dos combustíveis utilizados possui relação direta com os índices de

poluentes emitidos, e que investimentos em combustíveis limpos consistem em uma “alternativa

sustentável e com viabilidade comprovada para a mitigação da mudança do clima, com efeitos

positivos sobre as emissões” de GEE (Documentos Oficiais do Brasil para a Conferência, 2011).

Já no Draft Zero, documento oficial da Rio + 20, é claro ao reafirmar que as mudanças climáticas

consistem em um dos maiores desafios do nosso tempo, e que os países em desenvolvimento

estão vulneráveis aos impactos negativos causados por essas mudanças. E, encoraja iniciativas

internacionais e parcerias para endereçar as relações, dentre outros, energia e mudanças

climáticas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Panorama mundial e cenário brasileiro de emissões de GEE

27

De acordo com McKinsey (2009), cerca de 45 GtCO2e foram emitidas globalmente em 2005, e

para o ano de 2030 é estimado um aumento de aproximadamente 55% dessas emissões, atingindo

cerca de 70 GtCO2e.

Segundo o World Resources Institute, o Brasil é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa

(GEE) na atmosfera, e conforme o relatório “Caminhos para uma economia de baixa emissão de

carbono no Brasil”, é também um dos cinco países cm maior potencial para reduzir suas

emissões, conforme (McKinsey,2009). Este papel de destaque na agenda global de mudança

climática traz algumas implicações e uma série de oportunidades, que serão tratadas neste

trabalho.

Na análise global de emissões, a consultoria revelou que é possível reduzir as emissões previstas

para 2030 de 70 para 32 GtCO2e, a partir de uma série de iniciativas coordenadas globalmente.

Nesse contexto, a consultoria ainda identifica e ressalta o papel relevante do Brasil, pois é o país

responsável por 5% das emissões atuais de gases de efeito estufa globais e será responsável por

4% das emissões que são estimadas para o ano de 2030.

A consultoria identificou que a redução do desmatamento e das emissões do setor de pecuária e

agricultura como as principais oportunidades de abatimento das emissões brasileiras, o que

representam somadas cerca de 85% do potencial atual do País. Ainda defende que o país tem

condições para implementar um programa de reflorestamento em larga escala, considerando seu

grande volume de terras degradadas e improdutivas, com o objetivo de sequestrar carbono da

atmosfera.

Para o setor energético, o estudo evidencia que o Brasil possui uma posição diferenciada do que

os demais paises do planeta. Globalmente, as principais fontes de emissão de gases de efeito

estufa correspondem à geração de energia e transporte, que somados representam cerca de 40%

das emissões de 2030. No Brasil esses setores têm um desempenho ambiental relativamente bom

e são responsáveis por somente 13% das emissões. A predominância de hidroelétricas em nosso

parque de geração de eletricidade e a elevada penetração do etanol no mercado de combustíveis

impactam positivamente esses setores. Mesmo assim, existem oportunidades de redução de

emissão nesses setores, mas o impacto não é muito grande dado o bom desempenho

razoavelmente bom até 2030.

28

Na média global, o setor industrial (cimento, siderurgia, produtos químicos, petróleo e gás e

outras indústrias) representa 26% das emissões esperadas para 2030. No Brasil esse setor

representa 13% devido à fonte energética utilizada pelas indústrias, que reflete a matriz mais

limpa brasileira, e, em partes, às características intrínsecas da produção brasileira, que já adotam

medidas ambientais na produção de petróleo e gás, por exemplo.

Os setores de construção civil e de tratamento de resíduos são responsáveis respectivamente por

7% e 2% das emissões globais em 2030. No Brasil as emissões somadas dos setores representam

3%, essa diferença justifica-se pelo fato de o Brasil ser um país tropical, o que reduz a demanda

energética para sistemas de calefação. Desse modo, as iniciativas relacionadas ao isolamento

térmico de habitações e escritórios têm menor impacto e totalizam somente 0,4% de redução em

2030, enquanto que tratamento de resíduos sólidos representa 3% do potencial de redução do

País; principalmente devido à baixa utilização dos sistemas de tratamento de gases oriundos de

aterros sanitários e reciclagem destes resíduos; as oportunidades se concentram em reciclagem de

lixo e aproveitamento de gases de aterros sanitários.

Conforme mencionado anteriormente, atualmente os setores mais representativos, tanto em

termos de emissão como em oportunidades, estão relacionados ao uso da terra – agricultura e

floresta. Cerca de 70% das emissões estimadas para 2030 e 85% das oportunidades de abatimento

vem desses dois setores, sendo fundamental a redução significativa de suas emissões.

O setor de agricultura e pecuária representa aproximadamente 25% das emissões brasileiras

atuais, porcentagem que deve aumentar para 30% em 2030. Metade dessas emissões origina-se na

pecuária, onde a fermentação entérica e os resíduos orgânicos produzem metano, um dos gases de

efeito estufa. A outra metade origina-se das práticas agrícolas, como por exemplo, o uso de

queimadas para limpeza do terreno e uso excessivo de fertilizantes nitrogenados que leva à

produção N2O, outro gás do efeito estufa. A oportunidade de abatimento neste setor representa

14% do total do país em 2030.

No entanto, no cenário brasileiro, a maior parcela de emissões vem do setor florestal, que

representa 55% das emissões atuais, dado o desmatamento do bioma Amazônia. Esse percentual

deve cair para 43% em 2030, partindo-se da premissa que o volume desmatado se mantém na

média histórica dos últimos 10 anos, conforme McKinsey (2009).

29

Na região da Amazônia há oportunidades, como por exemplo, o reflorestamento de áreas onde a

floresta nativa foi desmatada. Essas oportunidades podem se transformar em objetivos de

exploração comercial, como por exemplo, de madeira e celulose, ou de recomposição de áreas de

reservas legais e de reservas permanentes.

Segundo o IPCC (2007), as mudanças climáticas afetarão o ciclo da água em diversas áreas

semiáridas no mundo, incluindo a região nordeste do Brasil.

2.2 Oportunidades de Abatimento detalhadas por setor

A maior oportunidade que o Brasil tem para reduzir os gases de efeito estufa reside em eliminar o

desmatamento e promover o reflorestamento de terras degradadas, que segundo o estudo da

McKinsey (2009) representa cerca de 70% da oportunidade de abatimento. Entretanto, destaca-se

que apesar dos outros setores (indústria, edificações, transporte, energia e tratamento de resíduos)

apresentarem relevância relativa menor, em termos absolutos eles representam um abatimento

potencial de 530MtCO2e.

Em linha com o objetivo da McKinsey, o BANCO MUNDIAL (2010) elaborou o Estudo de

Baixo Carbono para o Brasil visando apresentar ao Governo Brasileiro insumos necessários para

a avaliação do potencial e das condições para o desenvolvimento com baixa emissão de carbono

dos principais setores responsáveis pelas emissões brasileiras. Este estudo indica que quatro

setores da economia brasileira apresentam grande potencial rumo a economia de baixo carbono:

(i) uso e mudança no uso da terra e florestas; (ii) sistemas de transportes; (iii) produção de uso de

energia em especial de eletricidade e petróleo e gás; e 9iv) resíduos urbanos, tanto sólidos quanto

líquidos.

2.2.1 Geração de energia

Nos países desenvolvidos, o setor de energia é responsável por um volume significativo de

emissões de carbono, mas no Brasil, esse setor tem um desempenho ambiental diferenciado,

devido principalmente a matriz energética brasileira ser uma das mais limpas do mundo, com

30

elevada participação de grandes hidrelétricas, que respondem por 85% da energia gerada, o que

hoje representa em média 94 tCO2e para cada GWh de energia produzida. Essa quantidade de

emissões representa apenas 1% do total de emissões do país, posicionando o setor de energia

como o de menos índice de emissão de gases de efeito estufa, conforme McKinsey (2009).

Na média global, as emissões do setor de energia chegam a 26% do total, posicionando o setor

como líder na lista de maiores emissores. A expectativa para esses países, é que investimentos

sejam feitos para fomentar o desenvolvimento de outras fontes mais limpas de energias, como

eólica, solares, nucleares e co-geração a partir de biomassa. Isso poderia reduzir as emissões do

setor porem as emissões totais ainda continuaram dobradas quando comparada a média brasileira

atual. (McKinsey, 2009).

Segundo o Plano Nacional de Energia (2007), a geração de energia elétrica no Brasil deve mais

que dobrar nos próximos 20 anos. Esse crescimento, apesar de contemplar grandes investimentos

em energia hidrelétrica e promover fontes alternativas como a nuclear, acarretará em um aumento

da dependência de combustíveis fósseis da matriz de geração elétrica. Conseqüentemente, as

emissões do setor deverão aumentar, sendo os derivados de petróleo os principais responsáveis

por ser incremento das emissões do setor energético. Ao todo o setor energético que representa

9% das emissões totais do Brasil em 2005, passará a representar 14% em 2030 segundo

McKinsey (2009).

Neste cenário, uma opção para redução dessas emissões projetadas para 2030, seria a priorização

de investimentos em fontes alternativas e renováveis de energia, explorando o potencial brasileiro

para a geração a partir do aproveitamento dos ventos, luz e calor solar e de biomassa. As opções

de energia solar e eólica apresentam ainda um custo bem superior às demais, com tendências de

queda no futuro a partir da evolução tecnológica, ganhos de escala ou possíveis subsídios do

governo. Além disto, a opção de energia de biomassa poderia ser mais intensamente explorada.

Ainda poderiam contribuir para a redução das emissões projetas, segundo o Plano Nacional de

Energia (2007), na geração de energia elétrica, a adoção de tecnologias mais novas, com o

aumento da eficiência, por exemplo, a queima conjunta de carvão mineral e biomassa, a adição

de biogás ao gás natural e a estocagem de CO2. (McKinsey,2009).

31

Já, o BANCO MUNDIAL (2010) destaca oportunidades de mitigação para eficiência energética e

para a substituição de combustíveis na industria de refino e conversão de gás natural em

combustível líquido, geração de energia eólica e cogeração do bagaço de cana, alem de

eletrodomésticos de alta eficiência. Porem, o estudo é enfático ao afirmar que mesmo com a

implantação dessas medidas, as emissões do setor de energia permaneceriam 28% mais altas em

2030, em comparação com 2008.

2.2.2 Transporte rodoviário

O setor de transporte rodoviário, definido como as emissões da frota nacional de veículos leves

(carros de passageiros) e veículos comerciais leves e veículos pesados, responde por 6% das

emissões brasileiras de gases de efeito estufa atuais, atrás somente dos setores florestal e agrícola.

O setor é fortemente beneficiado no Brasil pela alta penetração do etanol. Considerando as

vendas atuais de veículos leves, que concentram 85% em carros flexfuel, a expectativa é de que a

penetração destes veículos aumente dos atuais 20% para mais de 80% até 2020, segundo a

McKinsey (2009).

As oportunidades para redução de emissões no setor de transporte rodoviário podem ser

classificadas em melhorias tecnológicas e aumento da penetração de bicombustíveis. Também é

considerada uma oportunidade para a redução de setor, a penetração no mercado de modelos de

carros híbridos e elétricos.

Já no caso de veículos pesados e comerciais, as oportunidades se concentram em melhorias

tecnológicas. Esses investimentos devem levar a uma redução de 25% das emissões esperadas

para 2030.

No estudo apresentado pelo BANCO MUNDIAL (2010) o setor de transportes responde por mais

da metade do consume total de combustíveis fosseis do país, representando 12% das emissões

nacionais. A maior oportunidade para a redução das emissões do setor está atrelada a mudança de

modais tanto para o transporte de passageiro, como de carga; ou seja, investimentos em ferrovias,

e transporte público metropolitano.

32

2.2.3 Siderurgia

O setor da siderurgia também possui perspectivas de crescimento das emissões para o cenário de

2030, conforme o relatório da McKinsey (2009). A produção brasileira de aço também depende

fortemente de carvão vegetal para produção do ferro gusa, com uma penetração atual de 35%, o

que pode reduzir as emissões, se o carvão vegetal for produzido a partir de reflorestamento e não

de florestas nativas.

Considerando o posicionamento brasileiro atual, economicamente, é previsto um intenso

crescimento para este setor, motivado pelo desenvolvimento do país e pelas exportações de

produtos semi-acabados. É esperado que a capacidade de produção triplique até 2030, mantendo

a elevada participação do ferro gusa produzido com carvão vegetal.

As melhores oportunidades, de redução das emissões de GEE deste setor, estão diretamente

ligadas à eficiência energética (utilização de tecnologias mais eficientes em novas instalações), a

troca de combustíveis (substituição do coque mineral pelo carvão vegetal de reflorestamento,

obrigatoriamente), a utilização de tecnologias de captura e armazenamento de carbono e a

instalação de co-geração em novas plantas para utilizar os gases dos altos fornos para a geração

de energia.

2.2.4 Setor químico

O setor químico no Brasil utiliza o petróleo como fonte de geração de energia nas plantas, que

responde por 40% do equivalente de petróleo consumido. Na média global, grande parte da

energia vem do gás natural, que é uma fonte energética mais limpa do que o petróleo e contribui

para limitar as emissões. Porem, no caso brasileiro, a oferta deste produto é um fator que dificulta

sua maior penetração além dos níveis já praticados no mercado.

Como característica positiva do setor, destaca-se a baixa utilização de carvão - com representação

de cerca de 1% enquanto a média mundial fica em torno de 14% - e a penetração de biomassa,

que já atinge aproximadamente 2% da energia utilizada no setor químico, conforme McKinsey

(2009).

33

Até o ano de 2030, é esperado um aumento das emissões em 2,4 vezes, acompanhando a intensa

expansão projetada para o setor.

As oportunidades para o setor também estão diretamente ligadas às questões energéticas,

mostrando o potencial que o Brasil apresenta nesta área direta e indiretamente. Vinte por cento

das oportunidades de abatimento do setor químico concentram-se na troca do combustível

utilizado para a geração de energia, deslocando o uso de carvão e ampliando o uso do gás natural

e de biomassa. Normalmente, este tipo de troca tem um custo econômico negativo, ou seja, os

investimentos se pagam em um curto período de tempo, tornando a substituição vantajosa para o

negócio.

Com igual relevância, destacam-se as oportunidades relacionadas à intensificação de processos,

por exemplo, em melhorias de processos contínuos, nos controles de processo, na manutenção

preventiva e em logística; e à otimização do uso de catalisador – que reduzem emissões diretas a

partir da melhoria na estrutura química e de reação em cadeia -, trazem vantagens com um custo

positivo. Estas e outras oportunidades relacionadas ao aproveitamento da energia da produção de

potência para geração de calor, que reduzem a quantidade de combustível utilizado, somam

24MtCO2e de abatimento, com um custo médio negativo.

2.2.5 Setor petróleo e gás

As emissões do setor de petróleo e gás incluem apenas as atividades de produção e refino.

Quando comparado a outros países, o setor de petróleo e gás brasileiro emite pequenas

quantidades de GEE, refletido pelo tipo de petróleo produzido no País, da tecnologia empregada

nos processos de produção e refino e, principalmente, devido ao volume e qualidade das medidas

ambientais já adotadas pelas empresas brasileiras.

Segundo a McKinsey (2009), para 2030, é esperado aumento de até 50% nas emissões, atingindo

cerca de 60MtCO2e, que correspondem a cerca de 2% das emissões totais. Esse crescimento nas

emissões reflete o crescimento esperado para o setor de 3% ao ano, enquanto que mundo é

esperado crescimento de 1% ao ano, evidenciando que novos campos irão naturalmente adotar

tecnologia mais avançada e os esforços no setor ambiental deverão continuar.

34

Ainda segundo a McKinsey, as oportunidades de abatimento das emissões somam 20MtCO2e, o

que representa 35% das emissões estimadas para 2030, e 1% do total de abatimento do país. Mais

uma vez, verifica-se que 40% das oportunidades resulta de iniciativas de melhoria de eficiência

energética, como o aperfeiçoamento nos processos de manutenção (garantindo o uso otimizado

dos equipamentos).

No entanto, a exploração do pré-sal, poderá inverter este cenário de oportunidades no abatimento

do setor, dado que há incertezas quanto à concentração de CO2 na camada do pré-sal, e a

Petrobrás ainda estuda tecnologias para captura e armazenamento geológico do gás carbônico

associado a este tipo de exploração.

3.2.6 Cimento

Face ao crescimento do País, a produção de cimento deverá triplicar até 2030, conforme

McKinsey (2009), de modo a atender a demanda de concreto do mercado das construções civis e

infraestutura. A expansão do setor acarretará no aumento das emissões de GEE.

Uma oportunidade do setor está atrelada à substituição do clínquer – produto resultante da

calcinação de calcário e argila – por escória da produção siderúrgica, iniciativa esta que possui

um custo negativo. No Brasil, a escória pode ser proveniente de alto-forno a carvão vegetal de

reflorestamento, em substituição ao coque, o que possibilita o abatimento completo das emissões

de GEE, devido à origem renovável da escória. Esta oportunidade corresponde a 35% do total de

redução de GEE na indústria, que chega a 16MtCO2e.

Outra oportunidade do setor consiste no uso de combustíveis alternativos, como resíduos

industriais ou a utilização de biomassa; ou ainda à captura e armazenagem de carbono, com custo

mais elevado. Segundo a McKinsey (2009), o abatimento total pode potencialmente reduzir as

emissões brasileiras em 30% em relação ao esperado para 2030.

35

2.2.7 Tratamento de resíduos

Depois dos setores florestal e agrícola, o setor de tratamento de resíduos é o que possui mais

oportunidades de abatimento no Brasil, segundo a McKinsey (2009), devido principalmente a

produção de metano a partir da decomposição anaeróbica de materiais orgânicos, o que

representa o volume de 53 MtCO2e, posicionando o Brasil entre os 10 maiores emissores neste

setor atualmente. Para 2030 a expectativa é de crescimento moderado, considerando que

iniciativas para o tratamento de gases de aterros serão desenvolvidas e implantadas.

Assim como os outros setores, também há oportunidades de abatimento das emissões no setor de

tratamento de resíduos, especialmente ligadas à reciclagem, compostagem e à captura de gases de

aterros. As oportunidades ligadas a reciclagem representam 75%do potencial de abatimento do

setor, principalmente devido ao reaproveitamento de metais e papéis. A compostagem representa

2% das oportunidades, e os 23% restantes relacionam-se à captação de gases de aterro e geração

de eletricidade. Todas essas iniciativas são apontadas como de custo negativo pela McKinsey

(2009), posto que as barreiras tecnológicas são pequenas, porem é necessário mudança no hábito

da população quanto a separação e reciclagem dos materiais.

De acordo com o BANCO MUNDIAL (2010), até o ano de 2008, o setor apresentava emissões

limitadas, representando apenas 4,7% das emissões nacionais. Porem, a tendência estimada para

o setor é de aumento das emissões a partir do maior acesso da população a sistemas de coleta de

resíduos sólidos e líquidos. Mesmo com esta tendência, um cenário de baixa emissão de carbono,

a partir de incentivos a mecanismos de desenvolvimento limpo, o que poderia reduzir as emissões

projetadas para o setor em 80%.

2.2.8 Edificações

Representando 8% das emissões totais atuais brasileiras, o setor de edificações residenciais e

comerciais, representará aproximadamente 1% das emissões em 2030. Este cenário se deve ao

fato do Brasil ser um país tropical e não necessitar de sistemas de calefação e aquecimento de

36

água, segundo McKinsey (2009). No entanto é estimado um aumento nas emissões para 2030,

atingindo 36MtCO2e, destes 65% das emissões são relativas ao segmento residencial e 35%

relativo ao segmento comercial.

As oportunidades de redução das emissões concentram-se na substituição de sistema de

aquecimento de água elétricos por energia solar tanto em edificações residenciais e comerciais,

troca de lâmpadas incandescentes e lâmpadas fluorescentes compactas por LEDs e substituição

de equipamentos atuais por produtos de maior eficiência energética. Todas essas iniciativas, de

custo negativo, podem reduzir em 24% as emissões estimadas do setor para 2030, conforme

McKinsey (2009).

2.2.9 Agricultura

Ficando atrás apenas do setor florestal, o setor agrícola é o segundo que mais emite GEE no

Brasil, representando 29% das emissões totais projetadas para 2030. Os principais gases

vinculados à atividade são o óxido nitroso (oriundo da gestão de nutrientes no solo e queima de

resíduos agrícolas) e o metano – devido à fermentação entérica e o depósito de resíduos nos

pastos da pecuária brasileira.

A expectativa econômica de crescimento deste setor brasileiro faz com que as emissões de 2030

sejam 40% maiores do que em 2005, conforme McKinsey (2009).

Em contrapartida, o potencial de abatimento das emissões do setor, para 2030, é estimado em

262MtCO2e, e está vinculado a iniciativas tanto na pecuária – com a maior eficiência da gestão

dos pastos (aumento do número de cabeça por hectate), maior eficiência no aproveitamento de

nutrientes e na redução da produção de subprodutos indesejáveis da fermentação, como o metano

– quanto na agricultura, por meio, principalmente, da restauração de solos.

Assim como a McKinsey, o BANCO MUNDIAL (2010) aponta como oportunidade para o setor

de agricultura, o aumento da produtividade da pecuária, implantação de sistemas intensivos de

produção de carne e melhoramento genético para a redução do CH4, incluindo melhoramento da

forragem para herbívoros e touros geneticamente superiores.

37

2.2.10 Florestas

No Brasil, o setor florestal é o que apresenta maior emissões de GEE, devido principalmente ao

desmatamento, sendo o seu controle um dos principais desafios brasileiros. Segundo a McKinsey

(2009) para que seja possível a eliminação das emissões associadas ao desmatamento da

Amazônia é necessária uma abordagem complexa, que envolve a criação de alternativas de

empregos formais, e melhoria dos índices de desenvolvimento humano das populações, uma

oferta de produtos baseados em atividades legais que utilizem práticas sustentáveis,

fortalecimento das instituições de regularização fundiária, polícia e atuação do poder judiciário,

reforço do comando e controle do Estado, incentivo ao desenvolvimento de cadeias produtivas

que sejam independentes da exploração degradante da floresta, adoção de pagamento pos

serviços ambientais e reflorestamento das áreas marginais de pastos e terras agrícolas.

Porem, segundo a McKinsey (2009), todas essas iniciativas possuem um custo positivo.

Já para o BANCO MUNDIAL (2010) a oportunidade do setor está concentrada no controle do

desmatamento ilegal, e consequentemente, proteção das florestas. O estudo ainda aponta duas

oportunidades de remoção de carbono como o restauro das matas nativas e florestas de produção

para a indústria de aço e de ferro, pois defende que a construção de uma economia de baixo

carbono deve se pautar tanto no controle da principal fonte de emissão (desmatamento) e

identificação de oportunidades atreladas à mitigação, evitando o potencial vazamento de carbono.

3. Comparação entre os estudos

Os trabalhos utilizados como base do presente estudo – Caminhos para uma economia de baixo

carbono da McKinsey (2009) e o Estudo de Baixo Carbono para o Brasil do Banco Mundial

(2010) – são independentes e apresentam variações, muitas vezes, grande do custo de redução das

emissões para o mesmo setor econômico. Essa disparidade das informações demonstra que os

estudos estão pautados em modelagens e premissas distintas, conforme já descrito no estudo do

IPAM (2011).

A tabela abaixo se ocupa de mostrar as diferenças dos custos estimados em ambos os estudos.

38

Tabela 3: Custos médios de abatimento da tonelada de CO2e (U$) de acordo com os estudos

elaborados pela McKinsey (2009) e pelo Banco Mundial (2010).

Fonte: IPAM (2011)

A disparidade entre os dados apresentados nos estudos de economia de baixo carbono para o

Brasil deve-se a falta de informações precisas, o que acarreta em dificuldades no estabelecimento

de metais setoriais mais concretas. Além disso, podemos destacar a falta de transparência de

ambos os estudos na descrição da metodologia utilizada na quantificação das emissões setoriais

apresentadas, bem como na mensuração dos resultados esperados de redução.

Corroborando com os dados apresentados da tabela, apresentamos abaixo as curvas de custo de

ambos os estudos. A figura 1 mostra a curva de custo da McKinsey para as ações de redução das

emissões por setor. A curva mostra as principais iniciativas que fazem parte do volume de

redução de gases de efeito estufa e o custo associado a cada uma delas.

A construção da curva de custo pela McKinsey considerou 100 medidas de redução de seis

setores econômicos em um processo dividido em quatro etapas. A primeira etapa se preocupou

em montar um caso base mantendo as tendências atuais para as emissões presentes e futuras. A

segunda etapa preocupou-se em identificar as oportunidades de redução de emissões e seus

custos. A terceira etapa agregou os custos e os volumes de gases formando então a curva de

custos de redução de emissões dos gases de efeito estufa para o Brasil. Por fim, a quarta etapa

analisou o impacto dos possíveis cenários em termos de regulamentação e tecnologia sobre os

custos e potencial de redução e quantificou as prováveis consequências econômicas para o país.

39

Figura 1: Curva de custo de redução de gases do efeito estufa do Brasil em 2030 (MCKinsey, 2009)

O Grupo Banco Mundial está comprometido em oferecer suporte para o desenvolvimento dos

países em desenvolvimento, como o Brasil. Esse suporte associa ações de combate às mudanças

climáticas às demais ações já empreendidas pelo Grupo voltadas ao crescimento e à redução da

pobreza.

A curva de custos marginais de abatimento apresentada pelo Banco Mundial mostra seus

resultados classificados por valores crescentes, permitindo uma rápida leitura de como é possível

comparar as medidas de redução em termos de custos de implantação e de volume de emissões de

gases de efeito estufa. A figura 2 ilustra as medidas de mitigação com custo de implantação

abaixo de U$ 50 por tCO2e, considerando a taxa de 8% de desconto social, que é o valor

considerado como taxa de desconto social para projetos no Brasil.

40

Figura 2: Curva de custos marginais de abatimento para medidas de mitigação com custo de implantação

inferior a U$50 por tCO2e - taxa de desconto social 8% (Banco Mundial, 2010)

O Banco Mundial também se ocupou em construir uma curva de custos para as medidas com

valor de implantação acima de U$50, conforme Figura 3 abaixo:

41

Figura 3: Curva de custos marginais de abatimento para medidas de mitigação com custo de implantação

acima de U$50 por tCO2e - taxa de desconto social 8% (Banco Mundial, 2010)

Ambas as curvas de custo, apresentadas pelo Banco Mundial e pela McKinsey buscam mostrar

para o governo brasileiro as medidas e ações que podem ser adotadas em cada setor para a

redução das emissões de GEE com o respectivo custo de implantação.

No entanto, nenhum dos estudos detalha como é possível colocar as medidas indicadas em

práticas.

4. Iniciativas e compromissos do Governo para redução das emissões

No âmbito nacional, a aprovação da Política Nacional de Mudanças Climáticas (Lei nº 12.187, de

29 de Dezembro de 2009) instituiu o compromisso voluntário nacional de reduzir as emissões

brasileiras entre 36,1% e 38,9%, com base nas projeções de emissões previstas até 2020, e

estabeleceu os princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos para aplicação da referida Política.

42

Além de amparar as posturas adotadas pelo Brasil no âmbito global, a Política Nacional de

Mudanças Climáticas constitui-se em um marco legal para a regulação das ações de mitigação e

adaptação no país, pois estabeleceu os princípios, as diretrizes e os instrumentos para a execução

da Política, independentemente da evolução dos acordos globais sobre mudanças do clima.

O Decreto nº 7.390 de 9 de dezembro de 2010, regulamentou os artigos sexto, décimo primeiro e

décimo segundo da Política Nacional de Mudança do Clima, que tratam respectivamente, dos

instrumentos; dos princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos das políticas públicas e

programas governamentais; e por fim, da meta voluntária nacional de redução das emissões

considerando aquelas projetas até 2020.

O referido decreto permitiu esclarecer e definir vários aspectos regulatórios do texto legal quanto

à mensuração das metas, à formulação dos planos setoriais e à estrutura de governança. (IPEA,

2011, p.31).

A parte que estabelece as metas no Decreto no 7.390/2010 (2010b) associa os planos setoriais

para ações de mitigação até 2020 somente aos setores de mudança de uso da terra, agropecuária e

energia, sem indicar metas setoriais de redução, mas metas de emissões para 2020. Os setores da

indústria e a geração de resíduos sólidos encontram-se em “outros”. Quanto aos demais setores, é

possível que sejam objetos de planos futuramente. Cabe ressaltar que as metas nacionais possuem

esforço concentrado no setor do desmatamento, posto que é responsável por mais de 57% das

emissões totais de GEE (IPEA, 2011).

O Decreto que regulamenta a Política Nacional de Mudança do Clima, ainda projeta as emissões

nacionais de GEE para 2020 em 3.236 milhões tCO2eq. Na tabela 3 observar-se que o

compromisso assumido na Política representaria uma redução entre 6% e 10% dos níveis em

2005.

Tabela 4: Compromissos voluntários de redução de GEE do Brasil – 2020

43

Fonte: Brasil (2009a, 2010b apud IPEA, 2011, p.32)

A postura nacional adotada pelo governo brasileiro, também é refletida no âmbito global, mais

especificamente nas participações estratégicas do Brasil nas COP. Na última COP realizada em

Durban, COP 17, os negociadores brasileiros tiveram destaque nas negociações, até mesmo por

não representarem um país com metas obrigatórias no contexto mundial. Pela primeira vez,

observou-se que o Brasil se posicionou oficialmente a favor de adotar metas obrigatórias de

redução dos GEE, conforme SECOM (2011).

Com base na participação brasileira nas negociações internacionais mais recentes, pode-se

afirmar que há uma forte tendência do país se manter na liderança nas próximas Conferências.

Para tanto, o país precisa reforçar e aprimorar os programas que já possui disponível para os

setores industriais em busca de redução individual porem nacionalizada, ou seja, todos os setores

tanto os representativos nas emissões nacionais, quanto os menos representativos deverão adotar

soluções, sejam elas quais forem mais apropriadas, para reduzirem suas emissões, e assim,

nacionalmente, se terá a redução pretendida pelo país, e será reafirmado o compromisso brasileiro

em busca de uma economia de baixo carbono, que estará alinhada com os preceitos iniciais dos

debates internacionais de desenvolvimento sustentável.

Abaixo serão evidenciados iniciativas e programas que podem ser adotadas por diversos setores

da economia brasileira, em busca da redução das emissões de GEE.

4.1 Plano Nacional sobre Mudança do Clima

O Plano Nacional sobre Mudança do Clima foi publicado com o intuito de incentivar o Brasil no

desenvolvimento de ações colaborativas de combate ao impasse das mudanças climáticas e criar,

44

ao mesmo tempo, condições internas para o enfrentamento das consequências dessas mudanças

(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE).

Para isto, o plano define em seu conteúdo ações e medidas que visam à mitigação e a adaptação

do clima, com determinados objetivos, quais sejam:

(i) Fomentar aumentos de eficiência no desempenho dos setores produtivos na busca constante do

alcance das melhores práticas.

É defendido que o desenvolvimento sustentável dos setores produtivos do Brasil será possível

quando o governo empreender ações que visem à promoção do uso eficiente dos recursos

naturais, científicos, tecnológicos e humanos.

Dessa maneira, uma forma de reduzir as emissões de GEE do setor produtivo será realizado por

esforços em incremental o nível de desempenho dos setores, aumentando a competitividade dis

produtos nacionais no mercado internacional, fazendo crescer a renda e gerar excedentes

econômicos que possam garantir maiores níveis de bem-estar social.

(ii) Buscar manter elevada a participação de energia renovável na matriz elétrica, preservando

posição de destaque que o Brasil sempre ocupou no cenário internacional.

Conforme já comentado anteriormente, o setor energético brasileiro relativamente aos demais

países é extremamente limpo. Porem, a demanda crescente por energia elétrica e a perspectiva de

esgotamento em longo prazo do potencial hidrelétrico nacional, somada as questões

socioambientais, que cada dia mais se colocam em pauta quanto a expansão de hidrelétricas,

levarão ao incentivo e incorporação de outras fontes de energia na expansão da matriz brasileira.

A necessidade de incorporação de fontes alternativas de energia na expansão da oferta brasileira,

não é entendida como um problema, dado que o país possui opções com baixa emissão de GEE,

como as fontes renováveis, a partir de biomassa, energia dos ventos ou energia solar.

Além disso, segundo o BRASIL (2008), não deverão ser poupados esforços no incentivo a

eficiência energética e na conservação de energia, pois é entendido que ambas as iniciativas

consistem em formas de redução de consumo, o que reduz intrinsecamente as emissões de GEE, e

45

na incorporação da questão socioambiental esteja cada vez mais inserida no planejamento da

expansão da oferta de eletricidade.

(iii) Fomentar o aumento sustentável da participação de biocombustíveis na matriz de transportes

nacional e, ainda, atuar com vistas à estruturação de um mercado internacional de

biocombustíveis sustentáveis.

A produção de etanol e biodiesel além de gerarem renda no campo, são combustíveis mais limpos

do que os combustíveis de origem fósseis, emitindo, portanto menores quantidades de GEE e

empatando menos a qualidade do ar dos centros urbanos. Nesse sentido, o Plano Nacional de

Mudança sobre o Clima (2008) o governo incentivará cada vez mais o uso desses combustíveis

em substituição ao uso de combustíveis de origem fóssil, aumentando cada vez mais a

participação daqueles na matriz de transportes brasileira. Da mesma maneira, o país incentivará a

desconcentração do mercado do etanol no cenário internacional, permitindo a expansão

sustentável da demanda.

(iv) Buscar a redução sustentada das taxas de desmatamento, em sua média quadrienal, em todos

os biomas brasileiros, até que se atinja o desmatamento ilegal zero.

Como já demonstrado no capítulo anterior, o setor brasileiro que mais contribui com as emissões

de GEE nacionais, é o setor das florestas. Por este motivo, o desenvolvimento de programas que

tenham como objetivo o controle do desmatamento serão os programas que apresentarão maior

efetividade para o alcance do compromisso brasileiro no que tange suas emissões de gases de

efeito estufa.

O Plano pretende uma redução consistente nas taxas de desmatamento em períodos quadrienais,

pautado principalmente no Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na

Amazônia Legal (PPCDAM), que já mostrou resultados significativos quanto ao desmatamento

da floresta amazônica: 59% de diminuição da taxa de desmatamento no período de 2004 a 2007.

(BRASIL, 2008).

O PPCDAM está pautado em eixos temáticos como o ordenamento fundiário e territorial, o

monitoramento e controle do desmatamento e o fomento às atividades produtivas sustentáveis,

este último em linha com o Plano Amazônia Sustentável (PAS).

46

No controle do desmatamento de suas florestas, a intenção do governo brasileiro é ainda a

expansão do PPCDAM para outros biomas, com envolvimento dos estados federativos, dos

municípios, da sociedade civil e dos setores produtivos.

(v) Eliminar a perda líquida da área de cobertura florestal no Brasil, até 2015.

O governo brasileiro entende que as florestas nativas possuem um valor agregado superior ao

valor dos serviços ambientais que se pode perceber, dado o rico patrimônio genético. A intenção

de se manter elevada a cobertura florestal, se dá pelo fato das matas representarem sumidouros de

carbono, contribuindo para a redução das emissões de GEE. Além de possibilitarem reconstrução

de ecossistemas, permitirem os devidos fluxos de água, evitarem o assoreamento dos rios,

permitir o desenvolvimento da flora e da fauna na manutenção da biodiversidade local e

melhorarem o micro-clima.

Ainda com o intuito de eliminar a perda líquida de cobertura florestal, o governo pretende

desenvolver esforços para o ordenamento das diversas iniciativas de planejamento do uso solo no

país, mobilizando mecanismos que contribuam para o alcance do objetivo principal.

(vi) Procurar identificar os impactos ambientais decorrentes da mudança do clima e fomentar o

desenvolvimento de pesquisas científicas para que se possa traçar uma estratégia que minimize os

custos sócio-econômicos de adaptação do País.

O PNMC traz que o governo brasileiro envidará esforços em busca do aumento do conhecimento

cientifico sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos que as mudanças do clima

acarretam tanto local quanto nacionalmente, de maneira a promover uma adaptação que minimize

os custos do País às novas condições climáticas.

O BRASIL (2008) entende no PNMC que as mudanças e substituições tecnológicas que reduzam

o uso de recursos e as emissões de GEE por unidade de produção, e as medidas que aumentem os

sumidouros de carbono empreendem a mitigação.

No setor de energia, as melhores práticas estão concentradas na eficiência da oferta e na

distribuição de energia, na substituição dos combustíveis fosseis por combustíveis de fonte

47

renovável, e no investimento em tecnologias que permitam a captação e o armazenamento do

carbono.

Já para o setor de transportes, as melhores oportunidades de redução das emissões de GEE estão

concentradas na utilização de veículos eficientes, de sistemas ferroviários, de transportes

coletivos e, por fim, no planejamento do uso da terra e do sistema de transportes.

Para o setor de edificação, assim como apontado anteriormente neste trabalho pela consultoria

McKinsey (2008), o governo brasileiro entende que as melhores oportunidades de redução de

GEE concentram-se na utilização de equipamentos eficientes e do uso da energia solar para os

sistemas de aquecimento de água. O que o BRASIL (2008) traz de novo como oportunidade é o

planejamento integrado das edificações que permitam ganhos de eficiência no uso da energia.

Para o setor industrial, a utilização de equipamentos eficientes, adoção de práticas de reciclagem

e de substituição de materiais, controle das emissões de gases, captação e armazenamento de

carbono. E, para o setor da agricultura, o manejo adequado para aumentar o armazenamento de

carbono no solo, recuperação de áreas degradadas, intensificação da pecuária bovina, melhorias

em cultivos e na fertilização para reduzir emissões de CH4 e N2O e estabelecimento de culturas

energéticas.

Para o setor de silvicultura e florestas, a redução do desmatamento, estímulo ao manejo florestal

sustentável, ao florestamento e reflorestamento e ao uso de produtos e subprodutos florestais,

obtidos em bases sustentáveis, para geração de energia.

E, por fim, para o setor de resíduos, a recuperação do metano de aterros sanitários, incineração

com recuperação energética e reciclagem.

Além das práticas dos setores econômicos brasileiros, o IPCC (2007) aponta que a mudança no

estilo de vida da população também é necessária, com a adoção de programas educativos e de

conscientização social.

48

4.2 Programa de combate ao desmatamento

Além do PPCDAM citado anteriormente, outras iniciativas se destacam no campo de combate ao

desmatamento. Dentre essas iniciativas, destaca-se o Fundo Amazônia, que tem por finalidade

captar doações para investimento não-reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e

combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no

Bioma Amazônia, apoiando projetos em áreas temas específicas, tais como: gestão de florestas

públicas e áreas protegidas; controle, monitoramento e fiscalização ambiental; manejo florestal

sustentável; atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta;

zoneamento ecológico e econômico, ordenamento territorial e regularização fundiária;

conservação e uso sustentável da biodiversidade e, por último, recuperação de áreas desmatadas.

O Fundo Amazônia foi criado com grande enfoque para a região do bioma Amazônia, mas seus

recursos podem ser até 20% utilizados para o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e

controle do desmatamento em outros biomas brasileiros, ou ainda, em outros países de florestas

tropicais.

O Fundo Amazônia é gerenciado BNDES, que também é responsável pela captação de recursos,

pela contratação e pelo monitoramento dos projetos e ações apoiados com o recurso.

No âmbito de preservação, controle do desmatamento e manejo sustentável de florestas também

se destaca o Plano Amazônia Sustentável (PAS), que consiste em uma iniciativa do Governo

Federal em parceria com os estados da região amazônica. O PAS propõe estratégias e linhas de

ação, aliando a busca do desenvolvimento econômico e social com o respeito ao meio ambiente.

O PAS tem como objetivo programar um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia

brasileira, pautado na valorização da potencialidade de seu enorme patrimônio natural e sócio-

cultural. Suas estratégias estão voltadas para a geração de emprego e renda, a redução das

desigualdades sociais, a viabilização das atividades econômicas dinâmicas e inovadoras, com

inserção em mercados regionais, nacionais e internacionais, bem como para o uso sustentável dos

recursos naturais com manutenção do equilíbrio ecológico.

49

A organização do PAS está pautada em cinco grandes eixos temáticos: produção sustentável com

inovação e competitividade; gestão ambiental e ordenamento territorial; inclusão social e

cidadania; infraestrutura para o desenvolvimento; e, novo padrão de financiamento.

4.3 Programas de Eficiência Energética

Conforme definição do Ministério de Minas e Energia contida no Plano de Eficiência Energética

(2008), eficiência energética consiste em um conjunto de ações que contribuem para a redução do

uso de energia necessária para atender as demandas da sociedade. Sendo o objetivo principal o

atendimento das necessidades da economia com menor uso da energia primária, e,

conseqüentemente causando menor impacto à natureza.

As ações de eficiência energética compreendem modificações ou aperfeiçoamentos tecnológicos

ao longo da cadeia, mas podem resultar de uma melhor organização, conservação e gestão

energética por parte das entidades que a compõem.

Os ganhos em eficiência energética são provenientes de duas parcelas: progresso autônomo ou

progresso induzido. O progresso autônomo consiste nas modernizações realizadas nos setores

industriais, por meio de substituição de maquinas por equipamentos mais modernos e eficientes.

Já o progresso induzido consiste naquele orientado por políticas públicas, por meio dos planos e

programas de governo.

O Plano Nacional de Energia 2030 estabeleceu como meta o ganho de eficiência energética em

5% por meio do método de progresso induzido, que foi mais bem detalhado no Plano Nacional de

Eficiência Energética (PNEf). Para promover o progresso induzido, o PNEf (2009) identificou os

instrumentos de ação e de captação dos recursos, de promoção do aperfeiçoamento do marco

legal e regulatório afeto ao assunto, de forma a possibilitar um mercado sustentável de eficiência

energética (EE) e mobilizar a sociedade brasileira no combate ao desperdício de energia,

preservando recursos naturais.

Há pelo menos duas décadas o Brasil possui programas de EE, como o Programa Nacional de

Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), o Programa Nacional de Racionalização do Uso dos

Derivados do Petróleo e do Gás Natural (CONPET) e o Programa Brasileiro de Etiquetagem

50

(PBE). Antes da criação desses, iniciativas isoladas se destacaram: a Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP) obteve autorização da Presidência da República para alocar recursos

financeiros à realização do Programa de Estudos da Conservação de Energia, em 1975, passando

a desenvolver e apoiar estudos visando à busca de maior eficiência na cadeia de captação,

transformação e consumo de energia.

4.4 PROCEL

O Programa Nacional de Conservação de Energia (PROCEL) consiste em um programa do

Governo Federal vinculado ao Ministério de Minas e Energia, criado em 1985 e executado pela

Eletrobrás. A missão do programa é promover a eficiência energética, contribuindo para a

melhoria da qualidade de vida da população e eficiência dos bens e serviços, reduzindo os

impactos ambientais, nos diversos setores do país, uma vez que a energia economizada contribui

para a redução das emissões de GEE

Dentre os objetivos do PROCEL destacam-se: o estímulo ao uso eficiente e racional de energia

elétrica, o fomento e apoio à formulação de leis, regulamentos e tecnologias voltadas para as

práticas de eficiência energética, o aumento da competitividade do país, a redução dos impactos

ambientais, de modo a proporcionar benefícios à própria sociedade.

O PROCEL/Eletrobras dispõe de subprogramas que atuam diretamente na execução de ações e

projetos nos segmentos público e privado (PROCEL Reluz, PROCEL Sanear, PROCEL GEM,

PROCEL Edifica, PROCEL EPP e PROCEL Indústria), como também subprogramas que visam

alcançar a sociedade em geral, como a promoção de tecnologias eficientes e disseminação da

informação (PROCEL Selo e PROCEL Info), bem como promover mudanças de hábitos e

capacitação acadêmica (PROCEL Educação).

O programa se estende por diversas frentes, sendo que o principal resultado energético alcançado

no ano de 2010 foi devido ao Selo PROCEL, indicando o destaque dado pela Eletrobrás/

PROCEL ao consumidor final, por meio da orientação e do estímulo à aquisição de equipamentos

mais eficientes. Ao longo dos anos, o Selo PROCEL vem contribuindo para um aumento dos

51

índices de EE de diversos equipamentos e, conseqüentemente, para uma redução significativa do

consumo de energia elétrica.

O PROCEL Edifica tem por objetivo desenvolver atividades com vistas à divulgação e ao

estímulo à aplicação dos conceitos de eficiência energética em edificações, apoiar a viabilização

da Lei de Eficiência Energética (10.295/2001), no que concerne a edificações eficientes e

contribuir com a expansão, de forma energeticamente eficiente, do setor habitacional do país,

reduzindo os custos operacionais na construção e utilização dos imóveis.

Dentre os resultado do PROCEL Edifica em 2010, destacam-se a publicação do Regulamento

Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-

R) e o lançamento da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia para Edificações

Residenciais. Sendo que no mesmo ano, já foram certificadas 54 edificações residenciais e 18

edificações comerciais, públicas e de serviços (PROCEL, 2011).

O PROCEL Educação tem como objetivo o desenvolvimento de ações que visam à construção de

conhecimentos, habilidades, competências, atitudes e valores voltados para o uso eficiente da

energia pelo cidadão brasileiro, de forma a consolidar a educação para eficiência energética no

país. Para isso, o subprograma atua na educação básica e na formação profissional (níveis

técnico, superior e pós-graduação), bem como na implantação de redes de laboratórios e centros

de pesquisa em eficiência energética.

Em 2010, os projetos do subprograma contaram com investimentos da Eletrobras de

aproximadamente R$ 4 milhões, incluindo o custeio de bolsas para bolsistas. Além disto, este

programa realiza parcerias com fundações para o desenvolvimento de programas de TV e de

rádio, além da produção de material impresso. Todo esse material didático visa oferecer um

panorama do uso da energia pelos brasileiros no que diz respeito às diversidades regionais,

culturais e sociais, tendo como referência o conceito de eficiência energética, conforme PROCEL

(2011). O programa ainda se destaca nas parcerias com universidades, disponibilizando cursos de

capacitação em eficiência energética e na consolidação da rede de laboratórios e de centros de

pesquisa em eficiência energética.

O PROCEL EPP desenvolve, dentre outras, as seguintes ações: apoio aos agentes envolvidos na

administração de prédios públicos, promoção de projetos demonstração, suporte a normatização,

52

implantação de infra-estrutura e apoio às concessionárias de energia elétrica em projetos de

eficiência energética.

O PROCEL GEM tem como missão auxiliar as prefeituras a gastar menos com energia elétrica.

Para isso, colabora com o administrador público municipal na gestão e uso eficiente da energia

nas unidades consumidoras da prefeitura, na identificação de oportunidades para minimizar os

desperdícios e na monitoração dos gastos com energia elétrica, obtendo-se, em consequência,

mais recursos financeiros para serem utilizados em setores considerados prioritários para o

município.

O PROCEL Indústria visa dar suporte técnico aos diversos segmentos industriais no que diz

respeito à melhoria do desempenho energético de suas instalações.

O Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética - PROCEL Info é o subprograma

responsável por gerenciar de forma sistemática a disseminação do conhecimento sobre o uso

eficiente da energia elétrica, reunindo, gerando, organizando e divulgando via o Portal PROCEL

Info informações qualificadas, produzidas no país ou no exterior, relacionadas à eficiência

energética.

O PROCEL Reluz, que atua em todo território nacional, consiste, basicamente, na implementação

de projetos de eficiência energética nos sistemas de iluminação pública e sinalização semafórica

através da substituição de lâmpadas incandescentes, mistas e a vapor de mercúrio por lâmpadas a

vapor de sódio a alta pressão e a vapor metálico. No caso da sinalização semafórica, substituem-

se as lâmpadas incandescentes por sistemas que utilizam diodos emissores de luz (LEDs), com

maior vida útil e consumo de energia até 90% menor.

O objetivo do Programa de Eficiência Energética no Saneamento Ambiental - PROCEL Sanear é

promover a eficiência energética no setor de saneamento ambiental, bem como o gerenciamento

do uso da água e a diminuição de seu desperdício.

Instituído em 1993 pelo Governo Federal, o Selo PROCEL de Economia de Energia é uma

ferramenta simples que permite ao consumidor tomar conhecimento dos equipamentos e

eletrodomésticos mais eficientes à disposição no mercado, além de induzir o desenvolvimento e

53

aprimoramento tecnológico de tais produtos. A gestão do subprograma é realizada em parceria

com o Inmetro, no âmbito do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

Em 2010, segundo PROCEL (2011), o programa passou a contemplar mais quatro categorias de

equipamentos (condicionadores de ar do tipo split cassete; reatores eletrônicos para lâmpadas

fluorescentes tubulares; Televisores LED - Modo de espera e Painéis fotovoltaicos de geração de

energia). Assim, o número de categorias candidatas ao Selo PROCEL foi estendido a 31,

totalizando a participação de 206 fabricantes e 3.778 modelos diferentes, resultado 24% superior

em relação a 2009.

PROCEL (2011) indica que as ações combinadas de todos os subprogramas do PROCEL,

proporcionaram em 2010 uma economia de energia de 6,16 bilhões de kWh, o que correspondeu

a 1,47% de todo consumo nacional de eletricidade naquele ano, evitando ainda que 316 mil

tCO2e fossem emitidos na atmosfera.

4.5 Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás

Natural (CONPET)

O Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural -

CONPET, criado em 1991, por decreto presidencial, visa o desenvolvimento e a integração de

ações que objetivem a racionalização do uso dos combustíveis derivados do petróleo e do gás

natural, em sinergia com as diretrizes do Programa Nacional de Racionalização da Produção e do

Uso da Energia.

O CONPET também possui diversas frentes, assim como o PROCEL, e vem mostrando

resultados positivos ao longo dos anos que já está em execução.

4.6 Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

Desde 1984, o Inmetro, visando contribuir com a racionalização do uso da energia no Brasil,

discute com a sociedade a possibilidade de criação de um programa de avaliação da

54

conformidade dos equipamentos, disponíveis no mercado nacional, tendo como foco o

desempenho energético dos mesmos.

Em princípio, idealizou-se um programa para o mercado automotivo, motivados pela crise do

petróleo, porem o programa foi redirecionado e ampliado, tornando-se um programa de

etiquetagem de desempenho, denominado de Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

O PBE engloba programas de avaliação da conformidade que utilizam a Etiqueta Nacional de

Conservação de Energia para prestar informações quanto ao desempenho da eficiência energética

dos produtos.

Dentre os objetivos do PBE destacam-se, a promoção de informações capazes de influenciar a

decisão de compra do mercado consumidor e o estímulo à competitividade da indústria, por meio

da indução do processo de melhoria contínua dos equipamentos fabricados.

Atuando desta maneira, o PBE incentiva a inovação e a evolução tecnológica dos produtos e

funciona como instrumento para redução do consumo de energia, estando alinhado, dessa forma,

com as metas do Plano Nacional de Energia (PNE2030) e ao Plano Nacional de Eficiência

Energética (PNEf).

4.7 Programa SEBRAE de Eficiência Energética

Desenvolvido pelo SEBRAE e voltado para pequenas e médias empresas, o Programa SEBRAE

de Eficiência Energética contempla desde o estudo e a avaliação detalhada do uso de energia das

micro e pequenas empresas até o desenvolvimento e a implantação de técnicas mais econômicas

e eficientes de uso de energia.

Dentre os objetivos do programa, destaca-se a conscientização dos empresários e dos

funcionários quanto à importância da racionalização do uso da energia elétrica. A aplicação do

programa se inicia com uma auto avaliação realizada pelo próprio empresário, por meio de

respostas a um questionário, que fornece um panorama da empresa quanto ao uso da energia,

identificando as possíveis ações de racionalização e otimização.

55

Após o diagnóstico da situação da empresa, um consultor do SEBRAE faz uma visita às

instalações da empresa, que faz novos levantamentos para otimizar e substituir processos e

equipamentos, por meio de um modelo de gestão de energia elétrica.

A consultoria oferecida pelo SEBRAE possibilita que micro e pequenos empreendedores tenham

acesso a conhecimentos de suporte técnico e empresarial, modernização e inovação tecnológica

disponíveis no mercado.

4.8 PROCONVE

No setor de transportes, terceiro maior emissor de gases de efeito estufa, destaca-se a criação, em

1986 pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente, do Programa de Controle de Poluição do Ar

por Veículos Automotores. (Proconve), que tem como objetivo: reduzir os níveis de emissão de

poluentes por veículos automotores visando o atendimento aos Padrões de Qualidade do Ar,

especialmente nos centros urbanos; promover o desenvolvimento tecnológico nacional, tanto na

engenharia automobilística, como também em métodos e equipamentos para ensaios e medições

da emissão de poluentes; criar programas de inspeção e manutenção para veículos automotores

em uso; promover a conscientização da população com relação à questão da poluição do ar por

veículos automotores; estabelecer condições de avaliação dos resultados alcançados; promover a

melhoria das características técnicas dos combustíveis líquidos, postos à disposição da frota

nacional de veículos automotores, visando a redução de emissões poluidoras à atmosfera.

O programa vem sendo implantado gradualmente, e a cada versão os limites de poluição aceitos

pelas resoluções são menores, desafiando as montadoras de veículos. No Brasil, a elevada

penetração do etanol no mercado de combustíveis impacta positivamente o cenário de emissões

de GEE provenientes do transporte.

4.9 Linha PROESCO

A Linha PROESCO consiste em uma linha de financiamento de apoio a projetos de eficiência

energética. Investe em projetos que comprovadamente contribuam para a economia de energia e

56

água, por exemplo, os projetos que utilizam equipamentos com tecnologia mais eficiente, tais

como: lâmpadas, motores elétricos, controladores de velocidade variável, bombas, aquecedores,

ventiladores, refrigeradores, sistemas de ar condicionado, fornos e fornalhas, caldeiras e sistemas

de vapor, sistemas de cogeração e sistemas automatizados de gerenciamento de energia

Os beneficiários da linha são as Empresas de Serviços de Conservação de Energia – ESCOs e os

usuários finais de energia. Sendo que, são financiáveis estudos e projetos, obras e instalações,

máquinas e equipamentos, serviços técnicos especializados, sistemas de informação,

monitoramento, controle e fiscalização.

4.10 Linha BNDES

Em fevereiro de 2012, em parceria com o MMA, o BNDES lançou as linhas de crédito do

Programa Fundo Clima. O objetivo do novo Fundo é apoiar projetos relacionados a ações de

mitigação e adaptação às mudanças climáticas e redução de emissões de GEE.

Os recursos do fundo são provenientes de até 60% da Participação Especial do Petróleo, recebida

pelo MMA; e estão disponíveis nas modalidades: reembolsáveis, operada pelo BNDES, e não

reembolsáveis, sob a gestão do MMA.

A linha que tem o intuito de estimular investimentos provados, municipais e estaduais com maior

eficiência do ponto de vista climático, apresenta juros mais atrativos do que os aplicados

atualmente pelo BNDES. Os prazos de financiamento chegam a 25 anos.

Os projetos que podem captar este recurso são: modais de transporte eficiente (projetos que

contribuam para reduzir a emissão de GEE e de poluentes locais no transporte coletivo urbano de

passageiros, bem como para a melhoria da mobilidade urbana nas regiões metropolitanas);

máquinas e equipamentos eficientes (financiamento de máquinas e equipamentos novos e

nacionais com maiores índices de EE); energias renováveis (voltado para investimentos na

geração de energia a partir de energia eólica em sistemas isolados, ou uso de biomassa, dos

oceanos e da radiação solar, além de projetos de desenvolvimento tecnológico e da cadeia

produtiva desses setores); resíduos com aproveitamento energético (apoio a projetos de

racionalização da limpeza urbana e disposição de resíduos com geração de energia nas cidades

57

sede da Copa do Mundo ou em suas regiões metropolitanas); carvão vegetal destinado a

investimentos voltados à melhoria da eficiência energética na produção de carvão vegetal; e

combate à desertificação (projetos de restauração de biomas e de atividades produtivas

sustentáveis de madeiras nativas, fibras e frutos na região Nordeste).

4.11 Certificações

Apesar de construção civil não estar listado dentre os setores mais emissores do país, é apontado

no Estudo da McKinsey (2009), que o setor deverá ter suas emissões aumentadas para 2030.

Diante deste cenário, algumas iniciativas se destacam para que este setor seja mais eficiente

quanto ao uso de energia, como por exemplo, a adoção de certificações LEED e a nacional

AQUA, desenvolvida pela Fundação Vanzolini.

A certificação LEED teve origem nos Estados Unidos, e consiste em um sistema de certificação

que considera critérios de sustentabilidade no edifício, atribuindo pontos a cada um dos itens:

sustentabilidade da localização, eficiência no uso da água, eficiência energética e cuidados com

as emissões na atmosfera, otimização do uso de materiais e recursos, e por fim, qualidade

ambiental no interior da edificação.

Já a certificação AQUA desenvolvida pela Fundação Vanzolini e definida como um processo de

gestão de projeto que visa obter qualidade ambiental de um empreendimento novo ou antigo (em

reabilitação). O processo de certificação estrutura-se nos aspectos: implementação de um sistema

de gestão ambiental, adaptação do edifício habitacional ao ambiente e informação passado pelo

empreendedor aos compradores e usuários das habitações quanto ao uso de práticas mais

eficientes.

Outra certificação que merece destaque é a Bonsucro, que atesta o cumprimento dos requisitos

socioambientais no plantio da cana-de-açúcar e na produção de seus subprodutos, como o etanol.

A certificação Bonsucro visa assegurar um futuro sustentável para a cana-de açúcar e seus

subprodutos, por meio de iniciativas ambientais, sociais e econômicas responsáveis de plantio e

produção. A certificação atende aos pré-requisitos para a exportação de biocombustível para o

58

mercado Europeu e consiste em uma alternativa para os produtores que pretendem alcançar este e

outros mercados internacionais.

5. A realidade de emissões no Brasil

Antes da COP 15, o Governo Brasileiro divulgou linhas de tendência de emissões de seus setores

e ações de mitigação correlacionadas, projetando três cenários para o ano de 2020: o primeiro

chamado de “atividade como atualmente se faz”, em que as projeções de emissões não

consideram nenhuma ação de mitigação; o segundo que considera as emissões de 2020 com o

máximo de ações de mitigação implantada o terceiro, e último que considera as emissões

projetadas com o mínimo de mitigação implantada, conforme figura 4 abaixo.

59

Figura 4: Emissões de GEE em MtCO2eq no Brasil nos anos 1994, 2005, 2007, e projeções para 2020 em três cenários. (BRASIL, 2009b).

Considerando os cenários de emissões projetadas para 2020 com o cenário atividade como

atualmente se faz e aquele com o máximo de ação de mitigação e as emissões calculadas de 2005,

LUCON e GOLDEMBERG (2010) defendem que se comparando as emissões totais do cenário

de 2020 com o máximo de mitigação implantada com o cenário de 2020 atividade como

atualmente se faz, alcançaríamos uma redução de 1052 MtCO2e, e comparando-se aquele cenário

com as emissões de 2005, teríamos 191 MtCO2e de redução. Porem, para o setor de energia, o

cenário não é mesmo. Comparando-se as emissões do setor energia projetadas para 2020 com o

máximo de implantação de ações de mitigação com o cenário que projeta as emissões de

60

atividade como atualmente se faz, é observada uma redução de 207 MtCO2e, porem, quando

comparamos aquele cenário com as emissões do ano base de 2005, temos um acréscimo nas

emissões de 446 MtCO2e.

O cenário oficial projetado pelo BRASIL (2009b) considera um aumento das emissões de GEE

no setor de energia, devido a esperadas expansão do uso de fontes fósseis de combustível,

motivados inclusive pela descoberta de petróleo na camada do pré-sal.

Figura 5: Emissões de GEE do Brasil - 1990, 2020 e 2050. ( LA ROVERE; RAUBENHEIMER)

Segundo ROVERE e RAUBENHEIMER, a figura 5 ilustra as emissões projetadas para o Brasil

para os anos 2020 e 2050, evidenciando que mesmo com as ações de eficiência energética e

incentivo ao uso de fonte renováveis de energia, as emissões do setor deverão aumentar

61

significativamente, se comparada com as emissões de 1990. Para os demais setores, as ações de

mitigação previstas serão suficientes para controlar as emissões de GEE.

Importante trazer para a discussão a questão da alteração feita na linha de base dos cálculos das

emissões brasileiras. O Decreto nº 7.390/2010, que regulamenta a Política Nacional sobre

Mudanças do Clima, incrementou as emissões esperadas para o ano de 2020 em 533 MtCO2e, de

modo que as emissões relativas ficassem no mesmo patamar de redução anunciado – entre 36,1%

e 38,9%, porem as emissões absolutas correspondentes ficaram mais confortáveis, principalmente

no setor de florestas que é o mais importante para o contexto brasileiro.

A alteração feita na linha de base dos cálculos das emissões brasileiras também impactou o setor

de energia, que teve suas emissões reduzidas de 901 para 868 MtCO2eq, retirou-se o uso do

carvão siderúrgico renovável, prevendo-se somente um incremento da utilização na siderurgia do

carvão vegetal originário de florestas plantadas e melhoria na eficiência do processo de

carbonização. Estão previstas medidas de expansão hidroelétrica, instalação de pequenas centrais

elétricas, parques eólicos, bioeletricidade por meio dos biocombustíveis e incremento da

eficiência energética.

Outros setores também foram impactados com o aumento das emissões projetadas para 2020,

como o setor de agropecuária que teve sua linha de base ampliada.

6. CONCLUSÃO

A mudança do clima é o resultado de um processo de acúmulo de gases de efeito estufa na

atmosfera, que está em curso desde a revolução industrial. Mundialmente, entende-se que os

países apresentam diferentes responsabilidades históricas por este fenômeno, dado os volumes de

suas emissões antrópicas históricas.

Essa idéia central contribui para a definição, atualmente muito utilizada, de responsabilidades

comuns, porém diferenciadas, que norteiam, por um lado, as obrigações de países desenvolvidos

e, por outro, de países em desenvolvimento no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas

sobre Mudança do Clima (UFNCCC).

62

A UFNCCC e o Protocolo de Quioto são os principais marcos jurídicos internacionais para lidar

com a mudança do clima. Por ser um país em desenvolvimento, o Brasil não possui, diante da

Convenção e do Protocolo compromissos quantitativos de redução de emissões, como possuem

os países desenvolvidos, seguindo o princípio da responsabilidade comum por diferenciadas.

Entretanto, cabe ao Brasil harmonizar suas ações nesse campo com os processos de crescimento

sócio-econômico, no marco do desenvolvimento sustentável e dedicar-se a cumprir aquilo que a

Convenção lhe atribui como compromisso – elaborar inventários nacionais de emissões

antrópicas de gases de efeito estufa, formular programas nacionais de mitigação e adaptação à

mudança do clima, promover cooperação tecnológica, científica e educacional em matéria de

mudança do clima, promover o manejo sustentável de sumidouros e reservatórios de carbono, e

comunicar à Conferência das Partes informações relativas à implementação da Convenção – e

ainda assumir seu papel de destaque rumo a uma economia de baixo carbono, independente das

obrigações internacionais, por entender mudanças climáticas como um fenômeno global.

Existe a necessidade de uma resposta coordenada a nível global e local, efetiva e eficiente, tanto

na mitigação como na adaptação às mudanças climáticas. Entendendo aqui por mitigação as

ações para reduzir as fontes de emissões ou, ainda, o aumento dos sumidouros de gases de efeito

estufa; e por adaptação as ações para reduzir as vulnerabilidades das mudanças atuais ou

antecipadas do clima.

As reais possibilidades sócio-econômicas das nações individualmente e suas disposições para

enfrentar as causas e conseqüências do problema são questões presentes nas discussões

internacionais relativas ao tema de mudanças climáticas e seus efeitos. Certo seria se cada país

equacionasse suas respostas e organizasse suas ações para enfrentar tal realidade. Assim como o

posicionamento brasileiro, que vem buscando encontrar um caminho onde o esforço de mitigação

da mudança do clima seja efetivo e a garantia do bem-estar de seus cidadãos a principal variável;

mesmo não tendo obrigações quantificadas de redução de emissões no âmbito da CQNUMC, por

não ter responsabilidade histórica significativa pelo acúmulo de gases de efeito estufa na

atmosfera.

O Brasil assumiu compromissos mundiais e nacionais para a redução de suas emissões de GEE.

No âmbito nacional, destaca-se a Política Nacional de Mudanças Climáticas apresentadas pelo

63

país na COP 15, que busca equalizar o desenvolvimento econômico-social com a proteção do

meio ambiente; reduzir as emissões antrópicas de GEE em relação às suas diferentes fontes;

fortalecer as remoções antrópicas por meio de sumidouros de GEE no território nacional;

programar medidas para promover a adaptação à mudança do clima pelas três esferas da

Federação; preservar, conservar e recuperar os recursos ambientais, com particular atenção aos

grandes biomas naturais tidos como Patrimônio Nacional; consolidar e expandir as áreas

legalmente protegidas e incentivar o reflorestamento e à recomposição da cobertura vegetal em

áreas degradadas; e por fim, buscar estimular o desenvolvimento do Mercado Brasileiro de

Redução de Emissões.

Tanto no cenário mundial, quanto no nacional há oportunidades de abatimento de emissões de

gases de efeito estufa. A estratégia do Brasil, para atingir seu compromisso de redução de gases

de efeito nas percentagens assumido na Polícia Nacional de Mudanças Climáticas, é somar todas

as reduções setoriais a partir da implantação de todos os programas e planos apresentados neste

trabalho.

No Brasil, a maior oportunidade de redução está concentrada no setor florestal, principalmente no

controle do desmatamento e na promoção do reflorestamento de terras degradadas. Para o alcance

deste ideal diversas iniciativas brasileiras já estão sendo realizadas com destaque para o Plano de

Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, que já apresentou

resultados positivos quanto à preservação da floresta, o Programa Amazônia Sustentável e o

Fundo Amazônia. Se implantadas todas as ações de mitigação no setor florestal, considerando

aqui os demais planos e programas que o Governo já desenvolveu, as emissões do setor

caminharão para a redução.

No entanto, algumas práticas e políticas vinculadas ao setor florestal deixam dúvidas quanto ao

real compromisso brasileiro com as reduções das emissões, por exemplo a edição do novo

Código Florestal que afrouxou as regras de controle e preservação dos biomas e a própria

alteração da linha de base das emissões tímidas para 2020, que permitirá um incremento das

emissões do setor.

Apesar de o setor florestal ser o principal para que o Brasil atinja suas metas de redução das

emissões de GEE definidas na Política Nacional de Mudanças Climáticas, não podemos

64

desconsiderar a importante participação dos demais setores industriais para o atendimento deste

objetivo. As principais iniciativas para os setores industriais estão concentradas em ações de

eficiência energética. O objetivo de redução de emissões dos demais setores será alcançado caso

haja empenho no aumento da eficiência energética dos processos produtivos; trabalho na

descarbonização de fontes energéticas – por incentivo de fontes renováveis de energia –; o

desenvolvimento de tecnologias de baixa emissão de carbono; e incentivo de empresas e

consumidores – por meio de programas de consumo consciente, como o PROCEL.

Iniciativas como estas podem ser consideradas como educativas em duas frentes, tanto na frente

industrial, posto que a identificação dos produtos com o selo faz com que as indústrias produtoras

dos equipamentos fabriquem produtos que serão mais eficientes; quanto na frente do consumidor,

que já entende que a opção de compra por produtos mais eficientes acarreta em um consumo na

conta de luz.

Além de contribuir para as metas brasileiras de redução das emissões de GEE, a adoção de

programas de eficiência energética agrega outros benefícios, por exemplo, evita o desperdício e

aumenta a competitividade das atividades, melhora os processos industriais, promove

equipamentos mais eficientes, posterga investimentos na geração e beneficia o meio ambiente.

Em linha com os demais programas, destaca-se também o recente lançamento do Programa

Fundo Clima, do MMA e do BNDES, que busca incentivar investimentos relevantes para que o

Brasil atinja suas metas de redução de emissões de gases do efeito estufa — estabelecidas na

Política Nacional sobre Mudança do Clima — reduza suas vulnerabilidades aos efeitos adversos

da mudança do clima e se prepare para competir em uma economia de baixo teor de carbono.

Destaca-se a importante participação do setor energético que apresenta oportunidades de redução

de gases de efeito estufa associadas a baixo custo de implantação das medidas de abatimento, por

exemplo, as ações voltadas para iluminação residencial, cogeração de cana-de-açúcar e sistemas

de recuperação de vapor. Esta descriminação das medidas que podem ser adotadas com o menor

custo de implantação é possível por meio da análise das curvas de custo do abatimento das

emissões de GEE.

Ainda para o setor energético, vale destacar a controvérsia que se coloca na análise geral das

oportunidades e das reais práticas adotadas pelo governo brasileiro. Apesar do incentivo a fontes

65

renováveis de energia, o desenvolvimento do país necessita do consumo energético também

crescente, e barreiras ambientais para o licenciamento de hidrelétricas na Bacia do Amazonas,

incentiva o governo a buscar outras fontes. A descoberta do petróleo na camada do pré-sal surge

em meio a este cenário, e certamente, por ser uma fonte não renovável, se explorado, aumentará

muito as emissões deste setor para os cenários projetados para 2020 e 2050.

Por fim, apesar do ano de 2012 ter sido eleito como o Ano Internacional de Energia Sustentável

para Todos pela Assembléia Geral da ONU, com o objetivo principal de chamar a atenção para a

importância de se aumentar o acesso à energia renovável em todas as partes do, não mundo é esse

o raciocínio percebido quando falamos da realidade brasileira. O Brasil caminha no sentindo de

reduzir suas emissões de GEE totais, desenvolvendo programas, que sejam eficientes neste

objetivo, para os setores que representam as maiores emissões nacionais, porem cabem

discussões quanto a metodologia das projeções utilizadas como base, bem como do incentivo à

exploração de fontes não renováveis de energia.

66

REFERÊNCIAS

______. Congresso Nacional. Lei no 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política

Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), e dá outras providências. Brasília: 9 dez. 2010c.

______. Ministério da Ciência e Tecnologia. Cenários para oferta brasileira de mitigação de

emissões. Brasília, 2009b.

______. Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Inventário Brasileiro das Emissões e

Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. Brasília, 2009a.

______. Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Plano Nacional de Eficiência Energética -

Premissas e Diretrizes Básicas. Brasília, 2009b.

______. Presidência da República (PR). Decreto no 6.263, de 21 de novembro de 2007. Institui

o Comitê Interministerial sobre Mudanças do Clima – CIM, orienta a elaboração do Plano

Nacional sobre Mudanças do Clima e dá outras providências. Brasília: 21 nov. 2007.

______. Presidência da República (PR). Decreto no 7.390, de 9 de dezembro de 2010.

Regulamenta os Arts. 6, 11 e 12 da Lei no 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que institui a

Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), e dá outras providências. Brasília: 9 dez.

2010b.

67

______. Senado Federal. Decreto de 18 de julho de 1991. Institui o Programa Nacional da

Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural – CONPET e dá outras

providências. Brasília: 18 de julho de 1991.

ABESCO. Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Conservação de Energia. Proesco,

financiamento gerando eficiência energética. Disponível em:

http://www.abesco.com.br/siterobot/. Acessado em 15 de dezembro de 2011.

ALDY, Joseph E., ROBERT, N. Stavins. “Climate Negotiations Open a Window: Key

Implications of the Durban Platform for Enhanced Action,” Cambridge, Mass.: Harvard

Project on Climate Agreements, September 2012,

<http://belfercenter.ksg.harvard.edu/files/durban-brief_digital5.pdf >

ARRUDA, M. C. Coutinho, WHITAKER, M. C.; RAMOS, J. M. R. Fundamentos de ética

empresarial e econômica. São Paulo: Atlas, 2001.

Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia. Disponível em

<http://www.abesco.com.br/datarobot/sistema/paginas/pagebody2.asp?id=22&msecundario=39>.

Acessado em 05/01/2012.

BANCO MUNDIAL. Economia de Baixo Carbono para o Brasil. Disponível em:

<http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/HOMEPORTUGUESE/EXTPAISES/EXTLACINPOR/BRA

ZILINPOREXTN/0,,contentMDK:21436415~pagePK:141137~piPK:141127~theSitePK:3817167,00.html>.

Acessado em 22 de fevereiro de 2012.

68

BANCO MUNDIAL. Ranking of Economies. Disponível em: <

http://search.worldbank.org/all?qterm=ranking&intitle=&as_sitesearch=&as_filetype=>.

Acessado em 27 de fevereiro de 2012.

BNDES. MMA e BNDES lançam linha de crédito para projetos que reduzam emissões.

Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Sala_de_

Imprensa /Destaques_Primeira_Pagina/20120213_fundo_clima.html>. Acessado em 25 de

fevereiro de 2012.

BODANSKY, Daniel. 2011. “The Negotiations That Would Not Die.” Opinio Juris blog, December 11,

2011, http://opiniojuris.org/2011/12/11/the-negotiations-that-would-not-die/.

BODEN, Tom and T.J. Blasing. 2012. Preliminary 2009 and 2010 Global and National Estimates of

Carbon Emissions from Fossil Fuel Combustion and Cement Manufacture. Carbon Dioxide

Information Analysis Center, Oak Ridge National Laboratory,

http://cdiac.ornl.gov/trends/emis/prelim_2009_2010_estimates.html.

BODEN, T.A., G. Marland, and R.J. Andres. 2011. Global, Regional, and National Fossil Fuel CO2

Emissions. Carbon Dioxide Information Analysis Center, Oak Ridge National Laboratory,

http://cdiac.ornl.gov/trends/emis/overview_2008.html.

BONSUCRO. Disponível em http://www.bonsucro.com/. Acessado em 20 de julho de 2013.

BRASIL. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional 2011 –

Ano base 2010: Resultados Preliminares. Rio de Janeiro: EPE, 2011

69

CETESB (São Paulo). Qualidade do ar no estado de São Paulo 2010 / CETESB. - São Paulo.

CETESB, 2011. 234 p. : il. color. ; 30 cm.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Energia 2030 / Ministério de

Minas e Energia ; colaboração Empresa de Pesquisa Energética . _ Brasília: MME : EPE, 2007.

p. 324 : il.

BRASIL. Relatório Anual de Atividades do Fundo Amazônia. Disponível em:

<http://www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/fam/site_pt>. Acessado em 25 de fevereiro

de 2012.

BRASIL. Rio +20 Conferencias das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável.

Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/>. Acessado em 25 de fevereiro de 2012.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Inventário de emissões antrópicas

de gases de efeito estufa diretos e indiretos do Estado de São Paulo, 2.ed. São Paulo:

CETESB, 2011.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Negociações Internacionais.

Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br. Acesso em: 20 ago 2011.

de Janeiro, 1992.

DIAMOND, Jared M. Colapso. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.

70

DIREITO AMBIENTAL. 1987 - CMMAD Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento, São Paulo, 4 de março de 2010. Disponível em:

http://dirambientalexlege.blogspot.com/2010/03/1987-cmmad-comissao-mundial-sobre-o.html.

Acessado em 23 de fevereiro de 2012.

Disponível, em: <http://insights.wri.org/news/2012/01/three-ideas-are-good-both-economy-and-

environment>, acessado em 04/01/2012.

DIRINGER, Elliot. 2011. “Durban — How Big a Deal?” Center for Climate and Energy Solutions blog,

December 11, 2011, Internet: http://www.c2es.org/blog/diringere/durban-how-big-a-deal.

DUCHIADE, M. P. Air Pollution and Respiratory Diseases: A Review. Cad. Saúde Públ., Rio

Economia e Energia. Cenários para Oferta Brasileira de

Mitigação de Emissões. Disponível em: http://ecen.com/eee75/eee75p/metas_gee_brasil.htm.

Acessado em 28 de fevereiro de 2012.

EMPRESAS PELO CLIMA. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil. Disponível em <

http://www.empresaspeloclima.com.br/index.php?r=publicacoes/view&id=277> Acessado em 10

de julho de 2013

ENTENDA o significado da Plataforma de Durban aprovado na COP-17. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 11 dez. 2011. Disponível em:

<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,entenda-o-significado-da-plataforma-de-durban-

aprovada-na-cop-17,809577,0.htm>. Acesso em: 12 jan 2012.

71

Esse Tal Meio Ambiente. Certificação LEED. Disponível em:

<http://essetalmeioambiente.com/certificacao-leed/> Acessado em 05 de fevereiro de 2012.

Forum Clima. Cenários para Oferta Brasileira de Mitigação de Emissões 2009. Disponível

em:< http://www.forumclima.pr.gov.br/arquivos/File/CenariosparaOferta

BrasileiradeMitiga.pdf>. Acessado em 28 de fevereiro de 2012.

FUNDAÇÃO VANZOLINI. Referencial Técnico de Certificação – Processo AQUA

Construção Sustentável. São Paulo: fevereiro 2010. v1. 99p.

GOLDEMBERG, J.; LUCON, O.. Energia e meio ambiente no Brasil. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/ea/v21n59/a02v2159.pdf. Acessado em: 15 de janeiro de 2012.

Governo Federal. Fundo Amazônia. Disponível

em:<http://www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/export/sites/default/site_pt/Galerias/Arq

uivos/Relatorioanual/RAFA_2010.pdf>. Acessado em 25 de fevereiro de 2012.

GOVERNO FEDERAL. Plano Nacional sobre Mudança do Clima, Brasília, 2008. Disponível

em <http://www.mma.gov.br/estruturas/169/_arquivos/169_29092008073244.pdf>. Acessado em

16 de fevereiro de 2012.

HESTON, A., ROBERT S. and BETTINA, A.; 2006. Penn World Table Version 6.2, Center for

International Comparison of Production, Income, and Prices at the University of Pennsylvania, September

2006.

72

IBAMA . RESOLUÇÃO CONAMA Nº 18, de 6 de maio de 1986. Disponível

em:http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res1886.html. Acessado em 25 de fevereiro de

2012.

IPAM. Instituto de Pesquisa ambiental da Amazônia. Mecanismos inovadores de

financiamento ambiental. Brasília: dezembro de 2011. 148p.

IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2007: Synthesis Report.

Disponível em < http://www.ipcc.ch/> . Acessado em 15 de julho de 2013.

INMETRO. Programa Brasileiro de Etiquetagem – PBE /Eficiência Energética. Disponível

em:http://www.inmetro.gov.br/qualidade/eficiencia.asp. Acessado em 15 de fevereiro de 2012.

LUCON, O.; GOLDEMBERG, J. São Paulo - The ''Other'' Brazil: Different Pathways on Climate

Change for State and Federal Governments. The Journal of Environment and Development; 19;

335. 2010.

Major Economies Forum on Energy and Climate. 2009. Declaration of the Leaders of the Major

Economies Forum. L’Aquila, Italy, July 9, 2009,

http://www.whitehouse.gov/the_press_office/Declaration-ofthe-Leaders-the-Major-Economies-Forum-on-

Energy-and-Climate.

MCKINSEY & COMPANY. Caminhos para uma Economia de Baixo Carbono. São Paulo.

73

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA. Convenção-Quadro das Nações Unidas

Sobre o Meio Ambiente. Disponível em:

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/3996.html. Acessado em 05 de setembro de 2011.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano Amazônia Sustentável. Disponível em :

<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=59&idMenu=

3155>. Acessado em 24 de fevereiro de 2012.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Governo Federal: Comitê Interministerial sobre

Mudança do Clima. Disponível em < http://www.mma.gov.br/estruturas/smcq_climaticas/_

arquivos/plano_nacional_mudanca_clima.pdf> Acessado em 20 de julho de 2013.

ONU: 2012 será o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos. Eco Debate Cidadania

e Meio Ambiente, São Paulo, 4 de janeiro de 2012. Disponível em:

http://www.ecodebate.com.br/2012/01/04/onu-2012-sera-o-ano-internacional-de-energia-

sustentavel-para-todos/. Acessado em 7 de janeiro de 2012.

PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de Desenvolvimento

Humano. Disponível em:< http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2010_PT_Chapter1_reprint.pdf>

Acessado em 15 de dezembro de 2011.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Plano Nacional para a Prevenção e Controle do

Desmatamento na Amazônia Legal, Brasília, março de 2004. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/casacivil/desmat.pdf. Acessado em 18 de dezembro de 2011.

PROCEL; ELETROBRAS. Resultados PROCEL 2011 – ano base 2010. Disponível em: <

http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View=%7B5A08CAF0-06D1-4FFE-B335-

74

95D83F8DFB98%7D&Team=&params=itemID=%7B4139A7E2-0383-4DC5-892C-

438AB182F9C8%7D;&UIPartUID=%7B05734935-6950-4E3F-A182-629352E9EB18%7D>

Acessado em 15 de janeiro de 2012.

Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural.

Disponível em:<http://www.conpet.gov.br/w3/>. Acessado em 20 de janeiro de 2012.

REIS, L.B.; FADIGAS, E.A.A. e CARVALHO, C.E.. Energia, recursos naturais e a prática

do desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole 2005.

FERLING, F.F.; Gestão de bacias aéreas como instrumento de gestão ambiental: estudo de

caso em projetos de geração de energia no Estado de São Paulo. São Paulo, 2008. 127p.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Bacias aéreas -

gerenciamento e controle das emissões atmosféricas no Estado de São Paulo, 2011.

Disponível em:

http://www.fiesp.com.br/ambiente/area_tematicas/licenciamento/bacias_aereas.aspx. Acessado

em 05 de janeiro de 2012.

Relatório Nosso Futuro Comum. Disponível em:

<http://pt.scribd.com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland-Nosso-Futuro-Comum-Em-

Portugues>. Acessado em 25 de fevereiro de 2012.

75

Rio + 20. Esboço Zero do Documento Oficial da Conferencia. Disponível em:

http://www.rio20.gov.br/documentos/esboco-zero-do-documento-final-da-conferencia. Acessado

em 25 de fevereiro de 2012.

Rio + 20: Conferência das Nações Unidas Sobre o Desenvolvimento Sustentável. Documentos

Oficiais do Brasil para a Conferência. Disponível em: <

http://www.rio20.gov.br/documentos>. Acessado em 25 de fevereiro de 2012.

ROVERE, E.L.; RAUBENHEIMER, S. Low Carbon Scenarios in Emergent Economies: The

Brazilian Case. Disponível em: <http://lcs-

rnet.org/meetings/2011/10/pdf/R1.3_2%20Emilio%20La%20Rovere%20abstract.pdf>. Acessado

em 28 de fevereiro de 2012.

SANTOS, M. A. Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Rio de Janeiro, 2000.

148p.

SECOM: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Brasil coordenou

países em desenvolvimento na COP-17. Disponível em: < http://www.secom.gov.br/sobre-a-

secom/nucleo-de-comunicacao-publica/copy_of_em-questao-1/edicoes-anteriores/janeiro-

2012/boletim-1454-23.01/brasil-coordenou-paises-em-desenvolvimento-na-cop-

17/?searchterm=cop 17>. Acessado em 15 de janeiro de 2012.

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE. Programa Sebrae de

Eficiência Energética. Disponível em:< http://www.sebrae.com.br/setor/agroenergia/o-

setor/inovacao-e-tecnologia/eficiencia-energetica/integra_bia/ident_unico/707>. Acessado em 24

de fevereiro de 2012.

76

SGS GROUP. Certificação BONSUCRO. Disponível em <http://www.sgsgroup.com.br/pt-

BR/Sustainability/Environment/Energy-Services/Alternative-Fuels/Bonsucro-Certification.aspx>.

Acessado em 20 de julho de 2013.

UNITED NATIONS. 1992. United Nations Framework Convention on Climate Change,

http://unfccc.int/resource/docs/convkp/conveng.pdf.

UNITED NATIONS. 1995. Berlin Mandate. Decision 1/CP.1, U.N. Framework Convention on Climate

Change, http://unfccc.int/resource/docs/cop1/07a01.pdf.

UNITED NATIONS. 2009. Copenhagen Accord. Decision 2/CP.15, U.N. Framework Convention on

Climate Change, http://unfccc.int/resource/docs/2009/cop15/eng/l07.pdf.

WORLD RESOUCES INSTITUTE. 2012. Climate Analysis Indicators Tool, http://cait.wri.org/

UNITED NATIONS. 2010. The Cancun Agreements. Decision 1/CP.11, U.N. Framework Convention

on Climate Change, http://unfccc.int/resource/docs/2010/cop16/eng/07a01.pdf.

UNITED NATIONS. 2011. Establishment of an Ad Hoc Working Group on the Durban Platform for

Enhanced Action. Decision 1/CP.17, U.N. Framework Convention on Climate Change,

http://unfccc.int/files/meetings/durban_nov_2011/decisions/application/pdf/cop17_durbanplatform.pdf.

UNITED STATES ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION. 2012. International Energy

Statistics, http://www.eia.gov/cfapps/ipdbproject/IEDIndex3.cfm.

UNITED STATES SENATE. 1997. Expressing the sense of the Senate regarding the conditions for

the United States becoming a signatory to any international agreement on greenhouse gas emissions

under the United Nations Framework Convention on Climate Change. Senate Resolution 98, 105th

Congress, http://www.gpo.gov/fdsys/pkg/BILLS-105sres98ats/pdf/BILLS-105sres98ats.pdf.

77

UNFCCC. The United Nations Framework Convention on Climate Change. Disponível em:

http://unfccc.int/essential_background/convention/items/2627.php. Acesso em 2 set. 2011