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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Rafael Parizotto Identificação e Classificação dos Aspectos e Impactos Ambientais em uma Empresa Metal Mecânica Passo Fundo, 2011.

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Rafael Parizotto

Identificação e Classificação dos Aspectos e Impactos Ambientais

em uma Empresa Metal Mecânica

Passo Fundo, 2011.

1

Rafael Parizotto

Identificação e Classificação dos Aspectos e Impactos Ambientais

em uma Empresa Metal Mecânica

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título

de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Adalberto Pandolfo, Dr.

Passo Fundo, 2011.

2

Rafael Parizotto

Identificação e Classificação dos Aspectos e Impactos Ambientais

em uma Empresa Metal Mecânica

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:_________________________

Prof. Dr. Adalberto Pandolfo

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Prof. Dra. Aline Ferrão Custódio Passini

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Prof. Msc. Eduardo Pavan Korf

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

Passo Fundo, 2011.

3

RESUMO

Devido aos processos de industrialização e com várias técnicas de procedimentos adotados

pelo homem, desde a matéria-prima até o produto final, são diagnosticados vários aspectos e

impactos ambientais. Qualquer produto desenvolvido gera algum tipo de impacto ambiental,

seja ele, no meio físico, biológico e socioeconômico. A identificação e avaliação dos aspectos

e impactos ambientais devem ser classificadas quantitativamente e qualitativamente de acordo

com alguns autores citados no trabalho. O objetivo do trabalho é identificar e classificar os

aspectos e impactos ambientais no setor industrial de estamparia, proporcionando

conhecimento científico para o desenvolvimento de medidas, visando reduzir os impactos

decorrentes do processo de fabricação. Os resultados obtidos se deram através da utilização

do processo de Leopold, processo reformulado por L. Bianchi e matriz modificada, com isso,

foram classificados os aspectos e impactos ambientais em significativos e não significativos

através de análises qualitativas e quantitativas como caráter, magnitude, importância,

severidade, probabilidade, frequência e duração do impacto ambiental. Assim, permite

direcionar todos os esforços da empresa, no que se refere a recursos para a atividade industrial

compensando na melhoria da imagem da empresa, aumento da produtividade, abertura de

novos mercados, racionalização de custos, sistematização da gestão ambiental, minimização

dos riscos de acidentes e dos produtos, segurança das informações e redução de riscos de

sanções do Poder Público.

Palavras-chaves: Aspecto ambiental. Impacto Ambiental. Avaliação de Aspecto e Impacto

ambiental.

4

ABSTRACT

Due to the processes of industrialization and with several techniques of proceedings adopted

by the man, from the raw material up to the final product, several aspects and environmental

impacts are diagnosed. Any developed product produces some type of environmental impact,

be he, in the physical, biological environment and socioeconomic. The identification and

evaluation of the aspects and environmental impacts must be classified quantitatively and

qualitatively in agreement with some authors quoted in the work. The objective of the work is

to identify and to classify the aspects and environmental impacts in the industrial sector of

printshop, providing scientific knowledge for the development of measures, aiming to reduce

the impacts resulting from the process of manufacture. The obtained results happened through

the use of Leopold's processes, reformulated processes for L. Bianchi and modified matrix,

with that, were classified the aspects and environmental impacts in significant and not

significant through qualitative and quantitative analyses like character, magnitude,

importance, severity, probability, frequency and duration of the environmental impact. Thus,

it allows direct all the efforts of the enterprise, in what it refers to resources for the industrial

activity paying in the improvement of the image of the enterprise, increase of the productivity,

opening of new markets, rationalization of costs, systematization of the environmental

management, minimization of the risks of accidents and of the products, security of the

informations and reduction of risks of sanctions of the Public Power.

Keywords: Environmental aspect. Environmental Impact. Evaluation of Environmental

Aspects and Impacts.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado forças e iluminando meu caminho para que pudesse

concluir mais uma etapa da minha vida;

Aos meus pais, por todo amor e dedicação que sempre tiveram comigo, principalmente

minha mãe que me apoiou e sempre fez acreditar que nada é impossível, pessoa que sigo

como exemplo, dedicada, amiga, batalhadora, que abriu mão de muitas coisas para me

proporcionar a realização deste trabalho;

Aos meus avós, por estarem sempre torcendo e rezando para que meus objetivos sejam

alcançados, por ter sido minha estrutura familiar por muitos anos onde convivi com eles desde

pequeno, pessoas que mostraram que muitas vezes um gesto marca mais que muitas palavras,

honestidade acima de tudo, exemplo de pessoas que dedicaram toda sua vida a família, meu

eterno amor e agradecimento;

A minha namorada em especial, a quem devo muito, exemplo de pessoa, agradeço

pela paciência, companheirismo, pela força que me deu nos momentos mais difíceis, pela

dedicação e o amor acima de tudo;

Ao meu orientador, professor Adalberto Pandolfo, pelo ensinamento e dedicação

dispensados no auxilio à concretização desse trabalho;

A todos os professores do curso de Engenharia Ambiental, pela paciência, dedicação e

ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma especial contribuiu para a

conclusão desse trabalho e consequentemente para minha formação profissional;

Por fim, gostaria de agradecer aos meus amigos, colegas de estágio e familiares, pelo

companheirismo e pela compreensão nos momentos em que a dedicação aos estudos foi

exclusiva, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para que esse trabalho fosse

realizado.

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 7 1.1 Considerações iniciais .................................................................................................. 7 1.2 Problema de pesquisa ................................................................................................... 8 1.3 Justificativa .................................................................................................................. 9 1.4 Objetivos .................................................................................................................... 10

1.4.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 10 1.4.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 10

2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 11

2.1 Evolução da humanidade em relação ao meio ambiente ........................................... 11 2.2 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) ........................................................................ 12 2.3 A NBR ISO 14001 e a avaliação ambiental............................................................... 14 2.4 Aspectos ambientais .................................................................................................. 16 2.5 Identificação dos aspectos e impactos ambientais ..................................................... 16

2.6 Impacto ambiental ...................................................................................................... 19

2.7 Aspectos históricos da avaliação de impactos ambientais ......................................... 20 2.8 A AIA como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente .......................... 22

2.9 Quantificação dos impactos ambientais utilizando o processo matricial de Leopold 23 2.10 Quantificação dos impactos ambientais utilizando o processo de Leopold

reformulado por L. Bianchi ................................................................................................... 25

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 27

3.1 Local de estudo .......................................................................................................... 27 3.2 Procedimentos metodológicos ................................................................................... 29 3.3 Elaboração da metodologia ........................................................................................ 30

3.4 Levantamento e caracterização dos aspectos e impactos ambientais na empresa ..... 30 3.5 Identificação e classificação dos aspectos e impactos ambientais ............................. 31

4 RESULTADOS ................................................................................................................. 34 4.1 Método matricial modificado pela FIESP ................................................................. 34 4.2 Processo matricial de Leopold ................................................................................... 38 4.3 Processo matricial de Leopold reformulado por L. Binachi ...................................... 41

4.4 Avaliação dos processos matriciais ........................................................................... 44 5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 46

5.1 Conclusão do trabalho ............................................................................................... 46

5.2 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................ 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 48

7

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais

Atualmente, as empresas estão se preocupando em atingir e demonstrar um apreço

maior ao seu desempenho ambiental. A visão contemporânea das organizações com relação

ao meio ambiente insere-se no processo de mudanças que vem ocorrendo na sociedade nas

últimas décadas e, segundo Donaire (1995), faz a empresa ser vista como uma instituição

sociopolítica com claras responsabilidades sociais que excedem a produção de bens e

serviços.

Conforme Ottman (1994), um dos motivos básicos é que se identificam nas questões

ambientais um dos mais importantes e emergentes fatores de sucesso para a continuidade da

aceitação dos seus produtos no mercado interno e externo, especialmente se consideradas as

leis já em vigor nos países desenvolvidos, aliada à demanda crescente por produtos com

menor impacto ambiental.

Além disso, devido às mudanças estruturais que têm ocorrido na economia mundial e

com o surgimento de blocos comerciais como Mercosul, Nafta e União Européia, os quais

estão motivando a busca de novas formas de protecionismo e de disputa geopolíticas, sendo

que alguns segmentos econômicos dos países desenvolvidos vêm pressionando os governos

locais com o objetivo de fixar barreiras comerciais que permitam a sobrevivência das suas

atividades pouco competitivas num regime de livre concorrência (VITÓRIA, 2011).

A preocupação que a sociedade vem demonstrando com a qualidade do ambiente e

com a utilização sustentável dos recursos naturais, tem-se refletido na elaboração de leis

ambientais cada vez mais restritivas à emissão de poluentes atmosféricos, à disposição de

resíduos sólidos e efluentes, à emissão de ruídos e à exploração dos recursos naturais.

Acrescente-se a tais exigências, a existência de um mercado em crescente processo de

conscientização ecológica, no qual mecanismos como selos verdes e Normas, como a Série

ISO 14000, passam a constituir atributos desejáveis, não somente para a aceitação e compra

8

de produtos e serviços, mas também para a construção de uma imagem ambientalmente

positiva junto à sociedade que vem buscando uma qualidade de vida maior (VITÓRIA, 2011).

A implantação de processos de gestão ambiental tem sido uma das respostas das

empresas a este conjunto de pressões. A gestão ambiental no âmbito das empresas tem

significado a implementação de programas voltados para o desenvolvimento de tecnologias, a

revisão de processos produtivos, o estudo de ciclo de vida dos produtos e a produção de

“produtos verdes”, entre outros, que buscam cumprir imposições legais, aproveitando

oportunidades de negócios e investir na imagem institucional (DONAIRE, 1995).

1.2 Problema de pesquisa

A gestão ambiental pode ser definida como um conjunto de políticas, programas e

práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas

e a proteção do meio ambiente por meio da eliminação ou diminuição dos impactos

ambientais decorrentes do seu processo de fabricação, incluindo todas as fases de processo de

um produto, qualquer produto desenvolvido provoca algum tipo de impacto ambiental, seja

ele no meio físico, biológico e socioeconômico.

A Mecânica Equipagiro Implementos Ltda é uma empresa que fabrica caçambas e

peças rodoviárias, possui aproximadamente 40 funcionários exercendo funções técnicas,

administrativas e operacionais no chão de fábrica. Enquadra-se, como uma empresa de

pequeno porte de acordo com a classificação do SEBRAE. Foi selecionada para o

desenvolvimento deste trabalho, devido ao seu grande número de aspectos e impactos

ambientais decorrentes do seu processo de fabricação.

Em uma entrevista com o diretor, obtiveram-se as informações de que a empresa quer

associar o seu nome ao uso de tecnologias limpas, respeitando o meio ambiente, prestando

serviços e vendendo produtos com excelente qualidade a seus clientes e fornecedores no

mercado nacional.

A empresa possuiu no seu processo de fabricação vários aspectos e impactos

ambientais em função de não haver um sistema de gestão ambiental ou medidas para

minimizar os problemas em consequência do seu processo fabril. Os aspectos e impactos

serão classificados de acordo com métodos quantitativos e qualitativos, resultando num valor

final para o setor de estamparia em estudo.

9

1.3 Justificativa

A justificativa se deu a partir da necessidade das indústrias a se adequarem às pressões

exercidas por órgãos públicos, pelos clientes e pela sociedade em geral, para que sejam

reduzidos ou minimizados os impactos ambientais decorrentes de seu processo de fabricação.

A partir de uma visita técnica na empresa mecânica Equipagiro Implementos Ltda,

através de uma visão geral para o conhecimento científico, onde o presente trabalho foi

desenvolvido no ramo Metal-mecânica por ser um setor representativo, financeiro e ao mesmo

tempo agressor ao meio ambiente, visando à realidade Brasileira e empresarial.

No seu processo de fabricação existem vários fatores que causam impactos ambientais,

deve-se considerar àqueles referentes às emissões atmosféricas, a contaminação do solo, água,

os resíduos sólidos, prejuízos para a empresa e incômodos para a vizinhança.

Com a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental ou algum tipo de

procedimento adotado pela empresa é de suma importância para avaliar e classificar os

aspectos e impactos ambientais em seu processo de fabricação. Com isso a empresa tende a se

adequar a legislação e expandir o seu produto no mercado nacional.

Em relação a um Sistema de Gestão Ambiental, Carina Henkels afirma:

Um SGA, conforme a NBR ISO 14001 é parte do sistema de gestão global

que inclui a estrutura organizacional, planejamento, responsabilidades,

práticas, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir,

analisar criticamente, e manter a política ambiental (2002, p.32).

Diante disso, a empresa estará em vantagem em relação àquelas que apenas priorizam

seus lucros e desconsideram estes aspectos. Desta forma, evitarão problemas como processos,

multas, prejuízo na imagem perante a opinião pública e econômica, a saúde e segurança de

seus funcionários e, consequentemente, a rejeição de seus produtos no mercado nacional.

10

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo geral

O objetivo geral foi identificar e classificar os aspectos e impactos ambientais no setor

industrial de estamparia de uma empresa do ramo metal-mecânica, proporcionando o

desenvolvimento de medidas para reduzir os impactos decorrentes do processo de fabricação.

1.4.2 Objetivos específicos

O presente trabalho tem como objetivos específicos:

1. Identificar e classificar os aspectos ambientais no setor industrial de estamparia do

processo de fabricação;

2. Classificar os impactos ambientais no setor de estamparia decorrentes do processo

de fabricação.

11

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Evolução da humanidade em relação ao meio ambiente

Desde a geração da humanidade os recursos naturais são utilizados pelo homem,

causando de alguma forma impactos ambientais, gerando assim resíduos que se diluíam sem

maiores problemas.

Tofler, (1980) em sua obra “A terceira onda” utiliza a imagem de “ondas de mudança"

para descrever a evolução da humanidade, suas condições de vida, seu trabalho, a geração de

riquezas, o poder, bem como o meio ambiente.

Conforme Carina Henkels afirma:

Assim, antes da passagem da primeira onda o homem era caçador e

extrativista, se servindo da natureza para satisfazer suas necessidades e,

portanto nômade. O mesmo tinha forte interação com o meio ambiente,

gerando um impacto ambiental muito pequeno, uma vez que os recursos

naturais são muito grandes em relação ao consumo. Esta passagem ocorre

com o advento da agricultura e iniciou em 8000 a.C. O homem se fixava nos

locais propícios para a agricultura, e isto permitia a formação dos primeiros

agrupamentos humanos e o surgimento das primeiras civilizações no Oriente

Médio.

A sociedade produzia seus alimentos gerando impactos ambientais em virtude do

desmatamento necessário para o cultivo. A irrigação constante, ano após ano provocava a

desertificação do solo, uma vez que os sais contidos na água permanecem no solo e a erosão

ocasionada pela exposição do mesmo para o cultivo gera a perda deste que é arrastado pela

água das chuvas.

O trabalho tinha como característica a individualidade, permanecendo uma forte

ligação com a natureza, e havia necessidade de um conhecimento sobre o meio ambiente para

se exercer as atividades relacionadas a agricultura e a produção de animais.

A segunda onda ocorre com o surgimento da industrialização, e a Europa ficou

marcada pelo advento da Revolução Industrial. O homem que, até pouco tempo atrás tinha e

12

dependia de um contato direto com a natureza para a sua sobrevivência, agora passava a

trabalhar em ambientes controlados e de forma coletiva, de forma que já havia uma separação

entre as coisas do homem e as coisas da natureza (CARINA HENKELS, 2002).

A partir disso, o impacto ambiental começa a ser preocupante, se agravando

drasticamente, pois há um elevado nível de consumo dos recursos naturais, que a princípio

pareciam inesgotáveis e hoje com a geração de resíduos muitas vezes maiores que a

capacidade do ambiente em absorvê-los.

Com a passagem da terceira onda, que se iniciou no final de século passado, de uma

forma muito intensa, nos processos industriais a mão-de-obra foi substituída pela

automatização.

O homem aproxima-se da natureza não para suprir sua alimentação como o homem na

época da primeira onda, mas pela necessidade de uma qualidade ambiental para a sua própria

continuidade e sobrevivência (CARINA HENKELS, 2002).

O modelo de Tofler, (1980) identificando as "ondas de mudança", não significa que

elas ocorreram de forma uniforme em todo o mundo e que se trata de pontos de mudança

radical, mas sim, uma forma de se entender a evolução da humanidade.

Com a evolução das indústrias e tecnologias avançadas, o agravamento da degradação

ambiental se tornou cada vez mais visível, provocando muitos impactos ambientais, onde fez

com que o movimento ambientalista venha sendo desenvolvido desde muito tempo nos países

centrais do sistema capitalista mundial.

2.2 Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

O Sistema de Gestão Ambiental é um conjunto de procedimentos para gerir ou

administrar uma empresa, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente.

Um SGA busca analisar por completo as atividades, produtos e serviços da empresa no

que se refere à sua influência sobre o meio ambiente, assumindo um comprometimento

contínuo com a qualidade ambiental da empresa. Um conjunto de normas internacionais vem

dar auxílios e estabelecer critérios às empresas para se adequarem e estruturarem o Sistema de

Gestão Ambiental.

Segundo Vitória (2011) segue:

13

A Certificação Ambiental que não é obrigatória é um instrumento

diferenciador para a empresa num mercado altamente competitivo de que

está comprometida com a qualidade ambiental e em conformidade com os

princípios estabelecidos nas normas ambientais. A obtenção da Certificação

Ambiental proporciona a melhoria da imagem da empresa, aumento da

produtividade, abertura de novos mercados, racionalização de custos,

sistematização da gestão ambiental, minimização dos riscos de acidentes e

dos produtos, segurança das informações e redução de riscos de sanções do

Poder Público.

Um Sistema de Gestão Ambiental eficaz pode ajudar uma empresa a gerenciar, medir

ou melhorar os aspectos ambientais de suas atividades desenvolvidas no seu processo de

fabricação, levar a conformidade mais eficiente com os requisitos ambientais obrigatórios e

voluntários e ajudar as empresas a efetivarem uma mudança cultural à medida que práticas

gerenciais forem sendo incorporadas nas operações gerais do negócio.

As normas de qualidade ambiental fornecem ferramentas e estabelecem padrões de

gerenciamento ambiental. Através delas, as empresas podem sistematizar a sua gestão do

meio ambiente e estabelecer metas para a Certificação Ambiental.

Segundo Vitória, (2011), o processo de implantação de um Sistema de Gestão

Ambiental baseia-se em cinco etapas:

Estabelecimento da Política Ambiental da Empresa: declaração dos

princípios e compromissos da empresa, contendo os objetivos e metas em

relação ao meio ambiente;

Plano de Ação: definição de responsabilidades, práticas, procedimentos,

processos e recursos para implementar a política ambiental da empresa e

seus objetivos;

Implementação e Operação: definição do funcionamento da estrutura

organizacional, treinamento de pessoas, comunicação e registros da

documentação. O Sistema de Gestão Ambiental define o controle de todos os

documentos e informações, referentes aos requisitos da norma (legislações e

normas) e os estabelecidos pela política definida na organização

(procedimentos, instruções de trabalho);

Monitoramento e Ações Corretivas: realização de avaliações

qualiquantitativas periódicas do desempenho ambiental da empresa;

Revisão ou Análise Crítica: avaliação permanente da política estabelecida,

através de auditorias, para assegurar a melhoria contínua do desempenho

ambiental da empresa.

14

Para garantir o melhoramento ambiental contínuo, existe um ciclo gerencial anual. As

principais etapas podem ser resumidas da seguinte forma (VITÓRIA, 2011):

Planejamento: identificação das ações necessárias para atingir os objetivos.

Desenvolvimento de programas para suplementar a política, atingir objetivos

e metas (Plano de Ação);

Organização e Comunicação: definição de responsabilidade e

estabelecimento da organização, alocação de recursos, fornecimento de

informação e treinamento, definirem padrões e procedimentos, garantir

motivação e comunicação;

Execução: conceito de responsabilidade de operação ou produto “do berço

ao túmulo” para novas operações e produtos, operações e produtos

existentes, operações passadas;

Controle e Verificação: “performance” ambiental, análise de incidentes,

divulgação, auditorias ambientais;

Ajustes: avaliação dos resultados obtidos e revisão do planejamento.

2.3 A NBR ISO 14001 e a avaliação ambiental

A NBR ISO 14000 (2004) é um conjunto de normas técnicas referentes a métodos e

análises, que possibilita certificar produtos e organizações, que estejam de acordo com a

legislação ambiental e não produzem danos ao meio ambiente. É, também, um processo e não

um padrão de desempenho, a expectativa é a de que um melhor gerenciamento leve a um

melhor desempenho (VALLE, 1995).

No enfoque deste autor, essa nova Série recebeu a designação NBR ISO 14000 que se

aplica às atividades industriais, extrativas, agro-industriais e de serviços. No entanto, ao

contrário da NBR ISO 9000, que apenas certifica as instalações das empresas e suas linhas de

produção que cumprem os requisitos de qualidade, a NBR ISO 14000, também, possibilitará a

certificação dos próprios produtos que satisfaçam os padrões de qualidade ambiental.

Observa-se na literatura especializada que muitos autores consideram a NBR ISO

14000 como a mais importante coleção de normas editadas internacionalmente, devido a sua

abrangência e aos benefícios que proporcionará à sociedade, buscando um desenvolvimento

sustentado por meio da contínua adaptação de todas as atividades humanas ao meio ambiente.

Segundo a NBR ISO 14001, aspecto ambiental constitui “elementos das atividades,

produtos e serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente”. Sendo que,

"um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental

15

significativo”. Isto é, a organização identifica os aspectos ambientais quando da avaliação

para diagnosticar o que cada atividade, tarefa ou passo de seus processos podem causar

alterações no meio ambiente, assim os agentes de cada alteração constituem os aspectos

ambientais desta atividade.

Com relação às diretrizes sobre os aspectos ambientais, a NBR ISO 14001 dá

exemplos genéricos de aspectos:

1) Emissões atmosféricas;

2) Lançamentos em corpos d’água;

3) Geração de resíduos;

4) Uso de matérias-primas e de recursos naturais;

5) Outras questões relativas ao meio ambiente e as comunidades;

6) Ruído, vibração, odor, poeira, vapores e névoas;

7) Radiações, descarga gasosa para a atmosfera;

8) Efluentes líquidos, incluindo esgotos domésticos com descarga para o solo ou para

mananciais de água;

9) Consumo de água, energia elétrica, ar comprimido;

10) Consumo de produtos químicos como N2, 01, H2, ácidos, bases, sais, açúcares,

proteínas, vitaminas etc.;

11) Consumo específico dos recursos naturais não renováveis: combustíveis fósseis, vidro,

óleo, óleo combustível, argila, plástico etc.;

12) Vazamentos de recursos líquidos e de químicos perigosos ou tóxicos;

13) Escape de recursos gasosos e de gases perigosos e/ou tóxicos;

14) Explosões, incêndios, inundações;

15) Uso do solo através de equipamentos, máquinas, substâncias e operações que

interajam com o solo;

16) Uso de reservas nativas, áreas paisagísticas ou áreas culturais, através de

equipamentos, máquinas e operações que interajam com as tais áreas;

17) Reutilização de insumos, reciclagens, usos alternativos, aproveitamento de resíduos

etc.;

18) Equipamentos, máquinas e operações que interajam com tais áreas;

19) Geração de resíduos sólidos e líquidos (restos de alimentos, materiais infectados de

ambulatórios, borras, graxas, estopas usadas, sucatas ferrosas e não-ferrosas, óleo

queimado, etc);

16

20) Uso de aterros, jazidas ou incineradores;

21) Manipulação, manuseio e/ou transferência de produtos tóxicos ou perigosos;

22) Armazenamento (Inclusive tanques e diques) de produtos tóxicos, explosivos ou

inflamáveis;

23) Transporte de cargas (químicas, tóxicas ou perigosas) por meio rodoviário, ferroviário,

aéreo, fluvial e marítimo;

24) Disposição do produto da organização por clientes consumidores.

2.4 Aspectos ambientais

Aspectos ambientais são entendidos como elementos das atividades, produtos ou

serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente, causando ou

podendo causar impactos ambientais, positivos ou negativos.

A identificação de aspectos ambientais de uma organização é o primeiro passo no

planejamento de um sistema de gestão ambiental. Em seguida, identificam-se os impactos

ambientais associados aos aspectos, sendo necessário classificar como aspectos significativos

ou não significativos, adversos ou benéficos. O aspecto ambiental é a causa e o impacto

ambiental é o efeito.

2.5 Identificação dos aspectos e impactos ambientais

Para identificar os aspectos e impactos ambientais pode-se construir uma matriz para

relacionar, desta forma também será possível classificar e determinar sua significância. Para

determinar a significância dos impactos relacionados aos aspectos podem ser consideradas

algumas características.

Segundo o Departamento de Meio Ambiente / FIESP cita as seguintes características

obtidas:

Incidência

Relaciona o aspecto/impacto ambiental levantado com a atividade exercida no local.

A incidência pode ser direta (quando se refere àquele aspecto sobre o qual a

organização exerce ou pode exercer controle efetivo, causando-se ou podendo-se

causar um impacto ambiental direto); ou indireta (aquele aspecto/impacto sobre o qual

a organização pode apenas exercer influência, não tendo controle efetivo, causando-se

ou podendo-se causar um impacto indireto). Sugere-se que este aspecto/ impacto seja

classificado qualitativamente quanto a esta característica, ou seja, apenas em direto ou

indireto.

17

Abrangência

Procura expressar a capacidade de interferência do aspecto/impacto no meio ambiente.

Pode ser classificada em local (quando se encontra nas dependências da organização),

regional (quando o impacto afeta o entorno da organização e a região onde a mesma

se encontra) ou global (quando o impacto atinge um componente ambiental de

importância coletiva, nacional ou até mesmo internacional ou global). Sugere-se

atribuir o valor de 1 ponto para a abrangência local, 2 pontos para a regional e 3

pontos para a global.

Probabilidade

Os aspectos/impactos ambientais potenciais, associados ou não a situações de risco,

devem ser avaliados segundo sua probabilidade de ocorrência, a qual se sugere que

seja qualificada e pontuada da seguinte forma: alta (3 pontos), média (2 pontos) e

baixa (1 ponto). Deve-se ressaltar que aqueles aspectos/impactos ambientais

associados a situações de risco devem ser abordados em estudos específicos de análise

de risco, para que sua probabilidade seja determinada por métodos de análise de risco

aplicáveis.

Frequência Os aspectos/impactos ambientais reais devem ser avaliados de acordo com sua

provável frequência de ocorrência, a qual pode ser qualificada e pontuada da seguinte

forma: alta (3 pontos), média (2 pontos) e baixa (1 ponto).

Severidade

Os aspectos/impactos ambientais devem ser avaliados segundo sua magnitude e

reversibilidade. Sugere-se que a qualificação e pontuação desta característica sejam da

seguinte forma: alta (3 pontos, referindo-se àquele aspecto que causa ou pode causar

impactos de alta ou média magnitude ou intensidade, irreversíveis ou de difícil

reversão), média (2 pontos, referindo-se àquele aspecto que causa ou pode causar

impactos de alta ou média magnitude ou intensidade, mas que sejam reversíveis), e

baixa ou mínima (1 ponto, referindo-se àquele aspecto que causa ou pode causar

impactos de intensidade/magnitude mínima, independentemente de sua

reversibilidade).

Detecção

Existem diferentes níveis de dificuldade de avaliação e/ou medição, quantitativa ou

qualitativa dos aspectos/impactos ambientais potenciais e reais de uma organização,

conhecidos por graus ou limites de detecção. Esses limites influenciam a interpretação

da significância dos aspectos/impactos ambientais, que podem ser assim qualificados

e pontuados: difícil (3 pontos), moderado (2 pontos) e fácil (1 ponto). Fonte: Adaptada de Departamento de Meio Ambiente / FIESP, 2007.

Quadro 1: Características para identificação e classificação dos aspectos e impactos ambientais.

Por meio da análise dessas características, é possível avaliar a significância do

aspecto/impacto ambiental da organização exibido no Quadro 2, que é obtida pelo resultado

da seguinte equação 1.

Significância = Probabilidade (Pr) x Severidade (Sr) x Abrangência (Ab) x Detecção (De) (1)

Pontuar cada característica é necessário, mas não suficiente, para avaliar a

significância final dos aspectos/impactos ambientais de uma organização. A frequência apesar

de ser um critério que não entra na equação também deve ser considerada na avaliação final

da significância.

Segundo Fiesp (2007), as seguintes situações devem ser consideradas:

18

Caso existam requisitos legais ou outros requisitos que a organização

subscreva (normas, por exemplo) e/ou demandas diversas de partes

interessadas, não se deve considerar os aspectos/impactos associados aos

requisitos como “não significativos”.

Caso exista não atendimento de legislação aplicável, deve-se tornar o

aspecto/impacto ambiental associado “muito significativo”.

Se a frequência for alta ou média, deve-se considerar o aspecto/impacto

ambiental como, pelo menos, significativo.

Caso não ocorra nenhuma das situações acima, considerar apenas a

pontuação obtida, para avaliação final da significância de determinados

aspectos/impactos ambientais.

Com o conhecimento prévio dos impactos ambientais potenciais associados

aos aspectos ambientais da organização, por meio de instrumentos de

planejamento e avaliação de impacto ambiental, podem ser adotadas

medidas que evitem ou minimizem tais impactos, reduzindo,

consequentemente, os custos envolvidos na sua mitigação e controle, na

recuperação de áreas degradadas e/ou na remediação de solos e aqüíferos

contaminados.

Pontuação

Obtida Significância Ações Mínimas Sugeridas

De 01 a 06

pontos

Não

significativo

“Manter rotina” (se o respectivo aspecto ambiental for real) ou

“Plano de ação” (se o respectivo aspecto ambiental for potencial)

De 08 a 16

pontos Significativo

“Controle operacional” (se se o respectivo aspecto ambiental for

real) ou “Plano de ação e/ou Emergência” (se o respectivo

aspecto ambiental for potencial)

Igual ou acima

de 18 pontos

Muito

significativo

“Controle Operacional e Plano de Ação e/ou emergência” (se o

respectivo aspecto ambiental for real) ou “Plano de ação e/ou

Emergência” (se o respectivo aspecto ambiental for potencial).

Fonte: FIESP, 2007.

Quadro 2: Significância final dos aspectos/impactos ambientais e ações a serem tomadas, de acordo com a

pontuação sugerida

Todos os itens abordados anteriormente podem ser organizados em uma única matriz.

O Quadro 3 apresenta um exemplo genérico da avaliação e significância, juntamente com

alguns exemplos de aspectos e impactos ambientais bastante encontrados em algumas

atividades industriais. Neste exemplo genérico, foram identificados aspectos e impactos

ambientais associados a inúmeras atividades industriais.

É importante também salientar que um aspecto pode ter um ou mais impactos

ambientais associados e que isso precisa ser sistematizado e avaliado, individual ou

conjuntamente, com os demais aspectos e impactos ambientais da atividade.

19

Fonte: FIESP, 2007.

Quadro 3: Avaliação de significâncias de aspectos/impactos ambientais

2.6 Impacto ambiental

Segundo Sachs, (1993), impacto ambiental é a alteração da qualidade ambiental

quando ocorrem modificações no meio ambiente pela ação humana.

De acordo com a norma ISO 14001(2004), os impactos ambientais se classificam em:

Impacto Adverso: quando este representa uma mudança negativa ao meio

ambiente, como por exemplo, esgotamentos dos recursos naturais renováveis

e não renováveis e a contaminação do solo, da água e do ar,

comprometimento da biodiversidade, erosões e compactações do solo,

doenças e lesões, etc.;

Impacto Benéfico: quando este representa uma mudança positiva no meio

ambiente, por exemplo: regenerações, redução de consumos,

descontaminações, geração de riquezas, etc.

20

2.7 Aspectos históricos da avaliação de impactos ambientais

Os fundamentos do processo de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) foram

estabelecidos nos Estados Unidos em 1969, quando o Congresso aprovou a “National

Environmental Policy of Act”, mais conhecida pela sigla NEPA, sancionada pelo presidente

no ano seguinte (DIAS, 2001). A NEPA é considerada o principal marco da conscientização

ambiental, sendo uma resposta às pressões crescentes da sociedade organizada para que os

aspectos ambientais passassem a ser considerados na tomada de decisão sobre a implantação

de projetos capazes de causar significativa degradação ambiental (DIAS, 2001).

Este instrumento legal dispunha sobre os objetivos e princípios da política ambiental

americana, exigindo, para todos os empreendimentos com potencial impactante, a observação

dos seguintes pontos: identificação dos impactos ambientais, dos efeitos ambientais negativos

da proposta, das alternativas da ação, da relação entre a utilização dos recursos ambientais em

curto prazo e a manutenção ou mesmo melhoria do seu padrão a longo prazo e a definição

clara quanto a possíveis comprometimentos dos recursos ambientais, para o caso de

implantação da proposta (MOREIRA, 1985).

Num primeiro momento, a Avaliação de Impactos Ambientais passou a ser exigida

apenas para as ações de responsabilidade do governo federal americano. Porém, alcançou não

apenas os projetos governamentais, mas todas as suas decisões, programas, licenças,

autorizações e empréstimos. A elaboração dos estudos ambientais era atribuição do governo

americano, por intermédio de suas agências, e foi posteriormente regulamentada pelo “US

Councilon Environmental Quality” (CEQ), criado pela mesma lei para assessorar o presidente

em assuntos relativos ao meio ambiente (DIAS, 2001).

A aplicação da Avaliação de Impactos Ambientais generalizou-se rapidamente nos

Estados Unidos, tendo em vista a força da NEPA e das legislações estaduais afins, assim

como em outros países desenvolvidos e, pouco mais tarde, junto aos países em

desenvolvimento (QUEIROZ, 1990).

De acordo com Dias (2001), os problemas ambientais associados ao desenvolvimento

econômico não eram privativos dos Estados Unidos, e a concepção da Avaliação de Impactos

Ambientais, formalizada no NEPA e nos documentos do CEQ, difundiu-se mundialmente,

sofrendo adaptações em diferentes níveis para ajustar-se ao sistema de governo de cada

jurisdição – país, região, governo local em que foi introduzida.

21

Em relação a isto, Moreira (1985), explica que as peculiaridades jurídicas e

institucionais de cada país vêm determinando o momento, a forma e a abrangência de sua

adoção.

Segundo Andreazzi & Milward-de-Andrade, (1990) observam que, a partir da

Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, realizada em junho de 1972, os problemas

ambientais passaram a ser encarados com maior atenção, principalmente em virtude da

exigência de Avaliações de Impactos Ambientais para a concessão de empréstimos

internacionais.

Mesmo em locais onde a Avaliação de Impactos Ambientais não está prevista na

legislação, este instrumento tem sido aplicado por força das exigências de organismos

internacionais (DIAS, 2001). Atualmente, fazem uso da Avaliação de Impactos Ambientais,

todos os principais organismos de cooperação internacional, como os órgãos setoriais da

Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial (BIRD), o Banco Interamericano

de Desenvolvimento (BID), entre outros (MOREIRA, 1985).

Segundo Andreazzi & Milward-de-Andrade (1990), no Brasil, os Estudos de Impactos

Ambientais passaram a ser elaborados a partir da década de 70, por causa das exigências do

Banco Mundial, principalmente em projetos de construções de usinas hidrelétricas. A

Avaliação de Impactos Ambientais é conceituada, conforme Moreira 1985, como: “um

instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos capazes de

assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos

ambientais de uma ação proposta, projeto, programa, plano ou política e de suas alternativas,

e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela

tomada de decisão, e por eles devidamente considerados”.

Claudio (1987), explica que a Avaliação de Impactos Ambientais tem como objetivo

prevenir e minimizar as alterações que podem ocorrer na elaboração de um projeto ou

determinada atividade, pois o estudo é essencialmente um instrumento de previsão. Neste

sentido, Silva 1994, acrescenta que a avaliação propriamente dita dos impactos ambientais

representa a prognose das condições emergentes, segundo as alternativas contempladas, sendo

realizada em três etapas: identificação, previsão e interpretação da importância dos impactos

ambientais relevantes.

No processo de Avaliação de Impactos Ambientais, são caracterizadas todas as

atividades impactantes e os fatores ambientais que podem sofrer impactos dessas atividades,

22

os quais podem ser agrupados nos meios físico, biótico e antrópico, variando com as

características e a fase do projeto (SILVA, 1994).

Os métodos de Avaliação de Impactos Ambientais são mecanismos estruturados para

identificar, coletar e organizar os dados de impacto ambiental, permitindo a sua apresentação

em formatos visuais que facilitem a interpretação pelas partes interessadas (ANDREAZZI &

MILWARD-DE-ANDRADE, 1990). Estes métodos variam com as características do projeto

e as condições ambientais. Dentre os principais métodos empregados na Avaliação de

Impactos Ambientais estão: ad hoc, checklists, matrizes, overlays, redes e modelagem

(MAGRINI, 1989; SILVA, 1994).

2.8 A AIA como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) pode ser definida como um processo de

avaliação dos efeitos ecológicos, econômicos e sociais, que podem advir da implantação de

atividades antrópicas (projetos, planos e programas), e de monitoramento e controle desses

efeitos pelo poder público e pela sociedade (BRASIL, 2006).

Também é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela

(BRASIL, 1981), Lei 6.938/81, que tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação

da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao

desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da

dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

a) Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio

ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido,

tendo em vista o uso coletivo;

b) Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

c) Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

d) Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

e) Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

f) Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a

proteção dos recursos ambientais;

g) Acompanhamento do estado da qualidade ambiental.

23

2.9 Quantificação dos impactos ambientais utilizando o processo matricial de

Leopold

A Matriz de Leopold tem sido uma das matrizes mais utilizadas no Brasil, sendo

frequentemente tomada como o método padrão para a elaboração de estudos de EIA/RIMA

(IBAMA, 1985).

A matriz consiste da união de duas listas de verificação. Uma lista de ações ou

atividades é mostrada horizontalmente, enquanto uma lista de componentes ambientais

aparece verticalmente. A inclusão dessas duas listas de verificação em uma matriz ajuda a

identificar os impactos, uma vez que os itens de uma lista podem ser sistematicamente

relacionados a todos os outros itens da outra lista, com o objetivo de identificar os possíveis

impactos (LEOPOLD, 1971, apud JÚNIOR DOS SANTOS, 2010).

Segundo Tommasi (1994), o uso da Matriz de Leopold permite uma rápida

identificação, ainda que preliminar dos problemas ambientais envolvidos em determinado

processo, também permite identificar para cada atividade, os efeitos potenciais sobre as

variáveis ambientais. A Matriz de Leopold é a matriz mais conhecida e utilizada, a partir dela

muitas outras foram reformuladas. É um método muito útil no processo de avaliação e

descrição, porque possibilita o confronto entre os componentes ambientais e os componentes

de projeto.

Métodos Matriciais: técnicas bidimensionais que relacionam ações com fatores

ambientais. Utilizam indicadores que quantificam e qualificam os impactos de cada ação

configurando seu potencial de impacto visando fixar medidas mitigadoras de impactos

negativos ou potencializadores de impactos positivos (LEOPOLD, 1971, apud JÚNIOR DOS

SANTOS, 2010).

Em sua concepção original, a matriz possui 88 linhas e 100 colunas, perfazendo um

total de 8.800 quadrículos ou células matriciais. No ponto correspondente ao cruzamento

entre a linha do componente impactante do projeto e a coluna do componente do meio

ambiente impactado, tem-se uma célula na matriz que representará o impacto ambiental

previsto (LEOPOLD, 1971, apud JÚNIOR DOS SANTOS, 2010).

Estas células matriciais são divididas em quatro campos, destinados à colocação dos

valores dos atributos:

24

Célula matricial:

C I

M D

Legenda:

C = caráter;

M = magnitude;

I = importância;

D = duração.

Para cada parâmetro de avaliação dos impactos corresponderá um símbolo, ou seja,

um peso a ser lançado no respectivo campo celular. Geralmente são utilizadas as seguintes

classificações para o símbolo representativo dos parâmetros de avaliação de impactos

ambientais, conforme Quadro 4, que segue.

ATRIBUTO PARÂMETRO DE AVALIAÇÃO SÍMBOLO

Caráter Benéfico 1

Adverso 2

Magnitude

Grande 3

Média 4

Pequena 5

Importância

Significativa 6

Moderada 7

Não significativa 8

Duração

Curta 9

Intermediária 10

Longa 11 Fonte: BRASIL, 2006.

Quadro 4: Parâmetro de avaliação de impactos ambientais

Para a valoração dos atributos seguem as seguintes formas:

a) Caráter:

1) Benéfico: para àqueles impactos que representam aspectos positivos na atividade do

empreendimento;

2) Adverso: para os impactos negativos identificados com a atividade do

empreendimento.

b) Magnitude:

1) Grande: impactos que abrangerão toda a Área de Influência Indireta;

2) Média: impactos identificados em algumas áreas de Influência Indireta;

25

3) Pequena: impactos que abrangerão apenas a Área de Influência Direta do

empreendimento.

c) Importância:

1) Significativa: quando atinge fortemente os meios (físico, antrópico e biológico);

2) Moderada: quando o impacto atinge de forma razoável os meios;

3) Não significativa: quando atinge fracamente os meios.

d) Duração:

1) Longa: para àqueles impactos que continuarão ocorrendo após o término das

atividades do empreendimento;

2) Intermediária: impactos que cessarão com o fim do período de atividade do

empreendimento;

3) Curta: impactos que ocorrerão apenas em alguma fase da atividade do

empreendimento.

2.10 Quantificação dos impactos ambientais utilizando o processo de Leopold

reformulado por L. Bianchi

A reformulação do método matricial de Leopold por L. Bianchi permitiu a introdução

de várias modificações e adaptações. O método descrito a seguir foi originado a partir do

método de Leopold, com isso, pode-se ser feito a avaliação ponderal de impactos ambientais.

Seguem as modificações adotadas por L. Bianchi, segundo DNIT, (2006):

Estas modificações, em resumo, são as seguintes:

Substituição dos símbolos 1 e 2, pelo sinais (+) ou (-), para designação dos

impactos benéficos ou adversos, na avaliação do caráter;

Acréscimo do caráter indefinido, para os impactos que não podem ser

prontamente qualificados. Utiliza-se o símbolo (±);

Utilização de cores (verde, vermelho e amarelo) para melhor visualização do

caráter dos impactos, seja ele benéfico, adverso ou indefinido,

respectivamente;

As tonalidades forte, média e clara dessas cores, caracterizam a importância

grande, média ou pequena do impacto.

Reformulação da valoração dos atributos:

Caráter: benéfico (+), indefinido (±), adverso (-);

Magnitude: grande (3), média (2), pequena (1);

Importância: significativa (3), moderada (2), não significativa (1);

Duração: longa (3), intermediária (2), curta (1).

26

Então, uma célula matricial relativa a um impacto benéfico, de pequena magnitude,

importância moderada e longa duração será:

+ 2

1 3

Em seguida, o “índice de Avaliação Ponderal” é obtido através da avaliação ponderal

dos impactos:

Cálculo do peso do impacto ambiental (PIA): Soma dos pesos dos atributos.

Cálculo do peso total dos impactos (PTI): É a soma dos módulos dos pesos

de benefícios, de adversidades e de indefinições. PTI = (PB) + (PA) + (PI),

onde PB é a soma de todos os pesos de impactos benéficos na matriz.

Cálculo dos índices de benefícios (IB), adversidades (IA) e de indefinições

(II):

São percentuais de benefícios, adversidades e indefinições, ponderados em

relação ao peso total dos impactos.

2

3

4

Segundo DNIT, (2006), o Índice de Avaliação Ponderal (IAP) será a razão entre o IB e

a soma dos módulos (IA) + (II). Neste processo de Bianchi, quando o IAP < 1, o

empreendimento fica caracterizado como adverso e/ou mal definido, em relação aos impactos

previstos.

Este processo de avaliação ponderal permite uma melhor análise dos critérios de

avaliação que foram utilizados, porém como nos demais processos, onde as grandezas são de

naturezas diferentes, persiste o fator de subjetividade na ponderação dos impactos.

27

3 METODOLOGIA

3.1 Local de estudo

O local de estudo constituiu uma empresa Mecânica Equipagiro Implementos Ltda

localizada na região Norte do estado do Rio Grande do Sul, no Município de Passo Fundo. A

empresa iniciou suas atividades em setembro de 2003, anteriormente funcionava no local

outra empresa do mesmo ramo. Após o início das atividades foram ampliando os serviços e

peças, aumentando o número de clientes e funcionários. Em 2006 iniciou suas atividades na

empresa A, no mesmo endereço, trabalhando em conjunto com a empresa B. Em 2008

efetuando a fusão das duas empresas deu origem a suas atividades a empresa em estudo,

fábrica de caçambas e peças rodoviárias.

A empresa possui uma área construída de 499,5 m2 e área total de 1200 m

2 e está

localizado na RS 324, km 114, Bairro Prof. Schisler no Município de Passo Fundo – RS. O

seu quadro funcional é composto por aproximadamente 40 funcionários exercendo funções

técnicas, administrativas e operacionais no chão de fábrica. Enquadra-se, como uma empresa

de pequeno porte, de acordo com a classificação do SEBRAE. A Figura 1 apresenta a

localização da empresa em estudo no mapa do estado do Rio Grande do Sul.

28

Fonte: Google Earth

Figura 1: Mapa de localização do município de Passo Fundo

A Empresa fabrica caçambas agrícolas para o transporte de materiais, as quais vêm

substituindo em larga escala as antigas caçambas de madeira. Atualmente, as carrocerias de

madeira estão em desuso e estão sendo substituída em função dos custos e durabilidade, não

podendo deixar de comentar a questão ambiental devido à escassez de madeiras legalizadas

que suportem a intempérie ambiente. A figura 2 apresenta uma vista aérea da empresa em

estudo.

Figura 2: Vista aérea da empresa em estudo

Hoje, a empresa tem capacidade de produção para atender uma demanda mensal de

fabricação de 21 caçambas de aço carbono. As figuras 3 e 4, respectivamente, apresentam os

dois tipos de caçambas que são os principais produtos da empresa.

Passo Fundo

29

Figura 3: Caçamba basculante agrícola Figura 4: Caçamba basculante para material de

construção

A empresa tem como objetivo no futuro incluir no seu processo de fabricação, técnicas

voltadas às adequações ambientais, porém, ainda não foi almejado no desenvolvimento do

produto, devido a escassez de recursos renováveis e altos custos da matéria-prima fomentaram

a alteração de fabricar carrocerias de aço-carbono ao invés das tradicionais caçambas de

madeira.

3.2 Procedimentos metodológicos

Para atender os objetivos propostos no presente trabalho, o método desenvolvido foi

inicialmente idealizado a partir de uma visita técnica na empresa, onde foi feito o

levantamento dos aspectos e impactos ambientais no setor industrial de estamparia. A Figura

5 apresenta o fluxograma da estrutura metodológica para o desenvolvimento do trabalho.

30

Figura 5: fluxograma da estrutura metodológica para o desenvolvimento do trabalho

Ao longo do trabalho está descrito o desenvolvimento metodológico que compõem as

respectivas fases para o atendimento dos objetivos específicos propostos.

3.3 Elaboração da metodologia

Buscou-se a elaboração de uma metodologia para o levantamento dos dados obtidos na

empresa. A metodologia usada para avaliar e classificar os resultados dos aspectos e impactos

ambientais foi dividida nas seguintes etapas:

(1) Processo matricial de Leopold;

(2) Processo matricial de Leopold reformulado por L. Bianchi;

(3) Matriz modificada pela FIESP.

Esta metodologia foi usada para o levantamento qualitativo e quantitativo dos

resultados obtidos no setor de estamparia da empresa em estudo.

3.4 Levantamento e caracterização dos aspectos e impactos ambientais na empresa

O levantamento foi realizado em horário de funcionamento da empresa, com o

objetivo de identificar todos os aspectos e impactos ambientais durante seu processo de

Aspectos

Ambientais

Identificação

Classificação

Impactos

Ambientais

Identificação

Classificação

Lev

an

tam

ento

do

s D

ad

os

VIS

ITA

CN

ICA

Matriz modificada

pela FIESP

Resultado

final

Processo matricial

de Leopold

Processo matricial

de L. Bianchi

31

fabricação no setor industrial de estamparia. A caracterização dos aspectos e impactos

ambientais resulta numa visão ampla do desempenho ambiental da empresa e

consequentemente no direcionamento necessário para a definição das mudanças e

investimentos a serem priorizados.

3.5 Identificação e classificação dos aspectos e impactos ambientais

Para identificar os aspectos e impactos ambientais seguiram-se as seguintes etapas:

a) Foram levantados todos os processos da atividade industrial no setor de estamparia,

com isso, foi indispensável à formação de uma equipe multidisciplinar competente para

realizar este levantamento do processo através da realização de Workshops (reunião de grupos

de pessoas interessados).

b) Foram desdobrados os processos da atividade industrial para que os aspectos

ambientais específicos pudessem ser considerados e os respectivos impactos caracterizados no

setor industrial da empresa.

Este processo de identificação e classificação dos aspectos e impactos ambientais de

uma atividade resulta na classificação qualitativa desses impactos como significativos ou não

significativos.

Na classificação, elencaram-se os aspectos ambientais da empresa, determinando os

impactos ambientais associados à atividade industrial e avaliando a sua importância, em

termos de severidade, frequência e classificação.

A classificação dos aspectos ambientais resulta numa planilha que é de suma

importância para o gerenciamento de rotina e controle do sistema de gestão ambiental da

empresa. Com esses dados levantados pode-se fazer uma classificação dos aspectos

ambientais a fim de monitorar o desempenho ambiental da empresa. O método de classificar

os aspectos ambientais é qualitativamente se o aspecto é classificado como significativo ou

não significativo.

A identificação de aspectos e impactos ambientais, foi realizada conforme os critérios

que seguem:

Os aspectos ambientais podem ser diferenciados pelo seu controle ou incidência sendo

ele direto ou indireto. O controle direto é aquele sobre o qual a organização exerce ou pode

exercer um controle efetivo. O controle indireto é aquele sobre o qual a organização pode

apenas exercer influência, notadamente junto às partes interessadas externas.

32

Também os aspectos ambientais podem ser diferenciados pela sua forma ou descrição

no setor da empresa em estudo. Descrição dos aspectos ambientais: nele, descreve-se o

aspecto ambiental que gerou o impacto, por exemplo, geração de resíduos de aço, consumo de

energia elétrica, geração de poluentes atmosféricos.

Situação do aspecto: no qual se classifica o aspecto em N (normal), quando é

decorrente da atividade normal, em A (anormal), quando ocorre por motivo da realização de

atividades de manutenção ou em E (emergencial), quando se dá em situações ou atividades

não planejadas.

Severidade do Impacto: classifica-se a gravidade do impacto causado ao meio

ambiente de acordo com o respectivo grau de severidade observando-se:

Severidade Baixa: abrangência local. Impacto ambiental: potencial de magnitude

desprezível. Degradação ambiental sem consequências para o negócio e para a imagem da

empresa, totalmente reversível com ações de controle.

Severidade Média: abrangência regional. Impacto ambiental de média magnitude

capaz de alterar a qualidade ambiental. Degradação ambiental com consequências para o

negócio e à imagem da empresa, reversíveis com ações de controle (ações mitigadoras).

Severidade Alta: abrangência global. Impacto ambiental potencial de grande

magnitude. Degradação ambiental com consequências financeiras e de imagem irreversíveis

mesmo com ações de controle (ações mitigadoras).

Frequência/Probabilidade do Impacto: define-se com qual frequência o impacto

ocorre, para cada aspecto ambiental caracterizado são analisadas as probabilidades ou as

frequências observando-se:

Frequência/Probabilidade Baixa: Existência de procedimentos, controles e

gerenciamentos adequados dos aspectos ambientais. Reduzido número de aspectos ambientais

associados ao impacto em verificação de importância.

Frequência/Probabilidade Média: Ocorre mais de uma vez por mês. Existência de

procedimentos, controles e gerenciamentos inadequados dos aspectos ambientais. Número

médio de aspectos ambientais associados ao impacto em questão.

Frequência/Probabilidade Alta: Ocorre diariamente. Inexistência de procedimentos,

controles e gerenciamento dos aspectos ambientais. Elevado número de aspectos ambientais

associados aos impactos em verificação de importância.

33

A classificação do impacto ambiental foi definida através do cruzamento dos critérios

de análise de severidade e frequência/probabilidade, conforme Quadro 5, fornecendo a

categoria final no aspecto ambiental em análise (POTRICH, 2007).

Classificação do Aspecto Ambiental

Frequência/Probabilidade Severidade Alta Severidade Média Severidade Baixa

Alta Alta Significância Média Significância Média Significância

Média Média Significância Média Significância Baixa Significância

Baixa Média Significância Baixa Significância Baixa Significância

Fonte: BARROW, (1997).

Quadro 5: Classificação do Aspecto Ambiental

34

4 RESULTADOS

Não existe um método específico para ser utilizado em cada tipo de empreendimento,

nem mesmo um método com eficiência garantida devido à extensa variedade de tipos de

projetos, as diferentes escalas de cada um, a quantidade de impactos ambientais possíveis de

ocorrer e as suas respectivas quantidades e qualidades de informações (TOMASI, 1994;

BRASIL, 2006).

A partir disso, são apresentados os resultados obtidos no processo de fabricação de

caçambas basculantes em um único setor industrial da empresa, seja ele, no setor de

estamparia tendo como atividades industriais o corte e dobramento das chapas de aço.

Os resultados deram-se através das seguintes etapas:

1. Método matricial modificado pela FIESP;

2. Processo matricial de Leopold;

3. Processo matricial de Leopold reformulado por L. Binachi.

4.1 Método matricial modificado pela FIESP

O método matricial modificado pela FIESP descreve sobre o levantamento de todos os

aspectos e impactos ambientais no setor industrial de estamparia da empresa. O método

apresenta os resultados da identificação dos aspectos ambientais que está apresentado no

Quadro 6 e a identificação e classificação pelo método modificado da FIESP apresentado no

Quadro 7.

35

Setor Industrial – Estamparia

Atividade Industrial – Corte e Dobramento

Aspectos Ambientais Impactos Ambientais

Consumo de energia elétrica Alteração dos recursos naturais

Estopas com óleo Contaminação do solo, água e ocupação do aterro

Fumo metálico Geração de poluentes atmosféricos

Graxa Contaminação do solo e água

Limalha de ferro Geração de poluentes atmosféricos e contaminação do solo

Luvas com óleo Contaminação do solo, água e ocupação do aterro

Madeira Ocupação do aterro

Óleo lubrificante Contaminação do solo e água

Panos mecânico com óleo Contaminação do solo, água e ocupação do aterro

Papelão Ocupação do aterro

Plásticos (filme) Ocupação do aterro

Resíduos de aço Contaminação do solo

Retalhos de lixas Ocupação do aterro

Ruídos Aumento dos índices de ruídos, incômodo para a vizinhança

Tíner Contaminação do solo e água

Vibrações Aumento dos índices de ruídos, incômodo para a vizinhança

Quadro 6: Identificação dos aspectos e impactos ambientais no setor industrial

Por análise do Quadro 6 percebe-se que, na atividade industrial em seu processo de

fabricação obteve-se 16 aspectos ambientais, dentre os quais tem-se: ruídos, vibrações, óleo

lubrificante (SAE 68), plásticos (filme), retalhos de lixas, limalha de ferro, panos mecânico

com óleo, tíner, papelão, fumo metálico, madeira, graxa, estopas com óleo, luvas com óleo,

resíduos de aço e consumo de energia elétrica.

Vale ressaltar que cada aspecto ambiental pode ter um ou mais impacto ambiental, isso

vai depender do tipo de aspecto.

A identificação e classificação dos aspectos ambientais qualitativamente está

apresentado no Quadro 7.

36

Setor Industrial – Estamparia

Atividade Industrial – Corte e Dobramento

Aspecto Ambiental Impacto Ambiental

Descrição do Aspecto Forma Situação

N/A/E

Severidade

B/M/A

Frequência

B/M/A

Classificação

B/M/A

Consumo de energia elétrica Outros N B A Média Significância

Estopas com óleo Sólido N M A Média Significância

Fumo metálico Gasoso N M M Média Significância

Graxa Líquido A B M Baixa Significância

Limalha de ferro Sólido N M A Média Significância

Lixas usadas Sólido N M A Média Significância

Luvas com óleo Sólido N M A Média Significância

Madeira Sólido N B M Baixa Significância

Óleo lubrificante (SAE 68) Líquido A M M Média Significância

Panos mecânicos com óleo Sólido N M A Média Significância

Papelão Sólido N B M Baixa Significância

Plástico (filmes) Sólido N B M Baixa Significância

Resíduos de aço Sólido N M A Média Significância

Ruídos Pressão sonora N M A Média Significância

Tíner Líquido A B B Baixa Significância

Vibrações Pressão sonora N B A Média Significância

Legenda:

Situação do Aspecto: N (normal), A (anormal) e E (emergencial);

Severidade do Impacto: B (baixa), M (média) e A (alta);

Frequência/Probabilidade do Impacto: B (baixa), M (média) e A (alta).

Quadro 7: Identificação e classificação dos aspectos e impactos ambientais

A classificação dos aspectos e impactos ambientais no setor de estamparia da empresa

obteve como resultados finais de Média Significância e Baixa Significância, estes resultados

foi classificado através do cruzamento dos critérios de análise de severidade e

frequência/probabilidade, conforme Quadro 5 apresentado anteriormente, fornecendo a

categoria final do aspecto ambiental em análise (POTRICH, 2007).

A tabela 1 apresenta os resultados da classificação dos aspectos e impactos ambientais

em margens percentuais do método qualitativo do Quadro 7.

37

Tabela 1: Classificação dos aspectos e impactos ambientais

Setor Industrial – Estamparia

Atividade Industrial – Corte e Dobramento

Aspecto

Ambiental

Classificação

(Severidade x Frequência)

Porcentagem

(%)

5 Baixa Significância 31,25

11 Média Significância 68,75

0 Alta Significância 0

16 << Total >> 100

Como pode ser visto na Tabela 1, a maioria dos aspectos e impactos ambientais

apresentou-se como média significância (68,75%) totalizando em 11 aspectos levantados,

baixa significância apresentou-se com (31,25%) com 5 aspectos e alta significância não

obtiveram-se resultados significativos do total dos aspectos e impactos ambientais levantados

no setor de estamparia.

Na figura 6, percebe-se que a maioria dos aspectos ambientais encontrados no setor

industrial da empresa é proveniente de materiais sólidos atingindo um percentual de 56% dos

aspectos ambientais levantados, seguido por aspectos líquidos com 19% e os outros aspectos

que somam juntos 25%.

Figura 6: Caracterização dos aspectos ambientais

38

4.2 Processo matricial de Leopold

O método mais conhecido e usual para avaliação de aspectos e impactos ambientais é

o processo matricial de Leopold, nele possibilita a união entre ação proposta e fator

ambiental, considerando a magnitude e a importância de cada aspecto e impacto. O grau de

alteração do ambiente provocado pela fabricação de caçambas basculantes caracteriza-se

principalmente pela valoração da magnitude objetiva ou empírica. Por outro lado, a pontuação

da importância é subjetiva, pois envolve atribuição de pesos no âmbito do processo fabril, o

que aumenta a subjetividade do método.

A escolha do método de avaliação, na grande maioria dos casos, depende da

capacidade da equipe de trabalho, das ferramentas e dos recursos disponíveis, o que explica a

grande utilização do processo matricial de Leopold, pela facilidade e baixos custos de

elaboração.

A identificação e classificação quantitativa pelo processo matricial de Leopold dos

aspectos e impactos ambientais estão apresentadas no Quadro 8.

39

PROCESSO MATRICIAL DE LEOPOLD

Setor Industrial – Estamparia

Atividade Industrial – Corte e Dobramento

Impacto

Aspecto Co

nta

min

açã

o

do

so

lo

Co

nta

min

açã

o

da

ág

ua

Ocu

paçã

o d

o

ate

rro

Po

luiç

ão

atm

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éric

a

Au

men

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os

índ

ices

de

ruíd

os

Incô

mo

do

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izin

ha

nça

Des

va

lori

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áre

as

do

en

torn

o

Alt

era

ção

dos

recu

rso

s n

atu

rais

SO

MA

RIO

TO

TA

L

Consumo de

energia elétrica

2 7 2 7 2 8 2 8 2 8 2 8 2 8 2 7 16 61 187

5 9 5 9 5 9 5 9 5 9 5 9 5 9 3 9 38 72

Estopas com óleo 2 6 2 6 2 6 2 8 2 8 2 7 2 6 2 6 16 53

177 3 10 3 9 4 10 5 9 5 9 5 10 3 10 3 10 31 77

Fumo metálico 2 8 2 8 2 8 2 6 2 8 2 7 2 7 2 8 16 60

184 5 9 5 9 5 9 3 10 5 9 4 9 4 9 4 9 35 73

Graxa 2 7 2 7 2 8 2 8 2 8 2 8 2 8 2 7 16 61

185 3 10 3 9 4 9 5 9 5 9 5 9 5 9 4 10 34 74

Limalha de ferro 2 7 2 8 2 7 2 6 2 7 2 8 2 8 2 8 16 59

183 4 10 4 9 5 9 4 10 3 10 5 9 4 9 4 9 33 75

Lixas usadas 2 7 2 7 2 7 2 8 2 7 2 7 2 8 2 8 16 59

176 3 10 3 9 4 9 4 9 3 9 3 9 4 9 4 9 28 73

Luvas com óleo 2 6 2 6 2 6 2 8 2 8 2 7 2 7 2 7 16 55

176 3 10 3 9 4 9 5 9 5 9 4 9 3 10 3 10 30 75

Madeira 2 7 2 7 2 7 2 8 2 8 2 7 2 7 2 7 16 58

184 5 9 5 9 3 10 5 9 5 9 5 9 4 10 3 10 35 75

Óleo lubrificante

(SAE 68)

2 7 2 8 2 8 2 8 2 8 2 8 2 8 2 7 16 62 188

4 9 4 9 5 9 5 9 5 9 5 9 5 9 5 9 38 72

Panos mecânicos

com óleo

2 6 2 6 2 6 2 8 2 8 2 7 2 7 2 6 16 54 178

3 10 3 10 3 10 5 9 5 9 5 10 3 10 3 10 30 78

Papelão 2 7 2 8 2 7 2 8 2 8 2 7 2 7 2 7 16 59

184 4 9 4 9 3 10 5 9 5 9 4 10 4 10 4 10 33 76

Plástico (filmes) 2 7 2 8 2 7 2 8 2 8 2 8 2 8 2 7 16 61

187 5 9 5 9 5 10 5 9 5 9 4 9 4 9 4 9 37 73

Resíduos de aço 2 6 2 6 2 8 2 8 2 7 2 6 2 6 2 6 16 53

177 3 10 3 10 5 9 5 9 4 10 3 10 3 10 4 10 30 78

Ruídos 2 8 2 8 2 8 2 6 2 6 2 6 2 7 2 8 16 57

181 5 9 5 9 5 9 3 10 3 10 3 9 5 9 5 9 34 74

Tíner 2 7 2 7 2 8 2 7 2 8 2 8 2 8 2 8 16 61

188 5 9 5 9 5 9 4 9 5 9 5 9 5 9 5 9 39 72

Vibrações 2 8 2 8 2 8 2 6 2 6 2 8 2 8 2 8 16 60

187 5 9 5 9 5 9 4 10 4 10 4 9 5 9 5 9 37 74

Valor Total do Setor Industrial - Estamparia 2922 Quadro 8: Identificação e classificação dos aspectos e impactos ambientais pela matriz de Leopold

O Quadro 8 classificou os impactos ambientais de acordo com o método matricial de

Leopold, tendo em vista, um valor total para caráter, importância, magnitude e duração, dando

origem a um somatório para cada aspecto ambiental no setor da empresa em estudo. A

40

pontuação total levantada no setor industrial teve um valor significativo de 2922 pontos para o

setor de estamparia.

Na Tabela 2 nota-se que a diferença do aspecto ambiental mais significativo (lixas

usadas) pelo menos significativo (tíner) é de 12 pontos, essa diferença é muito pequena para

obter uma classificação exata nos aspectos ou impactos que estão num nível intermediário da

tabela, sendo ele significativo ou não significativo. Qualquer atribuição de um peso em um

quadrículo pode mudar a classificação do aspecto/impacto para significativo ou não

significativo.

Não se tem dados concretos na literatura para avaliação final dos aspectos e impactos

ambientais que informa um valor significativo na pontuação final. O valor total para cada

aspecto é definido através de um Ecotime ou pela administração da empresa que vai avaliar os

aspectos e impactos ambientais com maior ou menor significância.

Desta forma, é possível direcionar todos os esforços da empresa para as atividades que

apresentam os impactos ambientais mais significativos. Na área ambiental, é muito rara a

precisão científica e a existência de dados exatos para comprovação do impacto ambiental.

Resumindo, uma avaliação de impacto ambiental pode ser efetuada através das seguintes

etapas:

1- Levantamento dos processos e atividades envolvidos;

2- Identificação dos Aspectos Ambientais;

3- Identificação dos Impactos Ambientais;

4- Classificação e Avaliação dos Aspectos e Impactos Ambientais;

5- Definição de Ações de Gerenciamento.

Com estas informações, o responsável pela empresa já pode ter uma boa idéia das

avaliações de aspectos e impactos ambientais, como base da gestão ambiental, e aplicar um

método viável para a empresa.

A Tabela 2 descreve a classificação das atividades industriais da empresa, relacionado

a cada aspecto ambiental encontrado dentro do setor de estamparia. Como pode ser visto, para

cada aspecto ambiental tem um valor total no final da classificação, isso representa o

somatório dos quadrículos de cada aspecto e impacto ambiental exibido no processo matricial

de Leopold.

O somatório dos quadrículos se deu pelo caráter, magnitude, importância e duração.

Pelo somatório de cada aspecto ambiental podemos classificar o valor total exibido na Tabela

2, ou seja, os aspectos que tiverem um valor mais próximo de 176 são classificados como

41

significativos e os aspectos que tiverem valores mais próximos de 188 são classificados como

não significativos. O somatório desses aspectos para o setor industrial de estamparia pode ser

comparada com outras atividades da empresa em estudo. Com o somatório final pode-se

comparar qual atividade tem mais aspectos/impactos significativos e adotarmos um

procedimento para minimização destes.

Tabela 2: Classificação dos aspectos ambientais pelo processo de Leopold

4.3 Processo matricial de Leopold reformulado por L. Binachi

Como pode ser descrito sobre os métodos de avaliação de impactos, realizou-se

também a aplicação quantitativa da avaliação de impacto ambiental através do processo

matricial de Leopold reformulado por L. Bianchi.

Aos impactos ambientais identificados para o setor industrial de estamparia, foi

aplicado este método como forma de avaliar a viabilidade ambiental no setor da empresa. O

Quadro 9 descreve os valores obtidos a partir do processo matricial de Leopold reformulado

por L. Bianchi:

Setor Industrial – Estamparia

Atividade Industrial – Corte e Dobramento

Descrição do Aspecto Valor Total Classificação

Lixas usadas 176 Significativo

Luvas com óleo 176 Significativo

Estopas com óleo 177 Significativo

Resíduos de aço 177 Significativo

Panos mecânicos com óleo 178 Significativo

Ruídos 181 Significativo

Limalha de ferro 183 Significativo

Fumo metálico 184 Não Significativo

Madeira 184 Não Significativo

Papelão 184 Não Significativo

Graxa 185 Não Significativo

Consumo de energia elétrica 187 Não Significativo

Plástico (filmes) 187 Não Significativo

Vibrações 187 Não Significativo

Óleo lubrificante (SAE 68) 188 Não Significativo

Tíner 188 Não Significativo

VALOR TOTAL 2922

42

PROCESSO MATRICIAL DE LEOPOLD REFORMULADO POR L. BIANCHI

Setor Industrial – Estamparia

Atividade Industrial – Corte e Dobramento

Impacto

Aspecto Co

nta

min

açã

o

do

so

lo

Co

nta

min

açã

o

da

ág

ua

Ocu

pa

ção

do

ate

rro

Po

luiç

ão

atm

osf

éric

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Au

men

to d

os

índ

ices

de

ruíd

os

Incô

mo

do

pa

ra

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izin

ha

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Des

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lori

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o

Alt

era

ção

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recu

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SO

MA

RIO

TO

TA

L

Consumo de energia

elétrica

- 2 - 2 - 1 - 1 - 1 - 1 - 1 - 2 - 11 29

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 10 8

Estopas com óleo - 3 - 3 - 3 - 1 - 1 - 2 - 3 - 3 - 19

49 3 2 3 1 2 2 1 1 1 1 1 2 3 2 3 2 17 13

Fumo metálico - 1 - 1 - 1 - 3 - 1 - 2 - 2 - 1 - 12

34 1 1 1 1 1 1 3 2 1 1 2 1 2 1 2 1 13 9

Graxa - 2 - 2 - 1 - 1 - 1 - 1 - 1 - 2 - 11

35 3 2 3 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 14 10

Limalha de ferro - 2 - 1 - 2 - 3 - 2 - 1 - 1 - 1 - 13

39 2 2 2 1 1 1 2 2 3 2 1 1 2 1 2 1 15 11

Lixas usadas - 2 - 2 - 2 - 1 - 2 - 2 - 1 - 1 - 13

42 3 2 3 1 2 1 2 1 3 1 3 1 2 1 2 1 20 9

Luvas com óleo - 3 - 3 - 3 - 1 - 1 - 2 - 2 - 2 - 17

46 3 2 3 1 2 1 1 1 1 1 2 1 3 2 3 2 18 11

Madeira - 2 - 2 - 2 - 1 - 1 - 2 - 2 - 2 - 14

38 1 1 1 1 3 2 1 1 1 1 1 1 2 2 3 2 13 11

Óleo lubrificante (SAE

68)

- 2 - 1 - 1 - 1 - 1 - 1 - 1 - 2 - 10 28

2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10 8

Panos mecânicos com

óleo

- 3 - 3 - 3 - 1 - 1 - 2 - 2 - 3 - 18 50

3 2 3 2 3 2 1 1 1 1 1 2 3 2 3 2 18 14

Papelão - 2 - 1 - 2 - 1 - 1 - 2 - 2 - 2 - 13

39 2 1 2 1 3 2 1 1 1 1 2 2 2 2 2 1 15 11

Plástico (filmes) - 2 - 1 - 2 - 1 - 1 - 1 - 1 - 2 - 11

31 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 2 1 2 1 2 1 11 9

Resíduos de aço - 3 - 3 - 1 - 1 - 2 - 3 - 3 - 3 - 19

51 3 2 3 2 1 1 1 1 2 2 3 2 3 2 2 2 18 14

Ruídos - 1 - 1 - 1 - 3 - 3 - 3 - 2 - 1 - 15

39 1 1 1 1 1 1 3 2 3 2 3 1 1 1 1 1 14 10

Tíner - 2 - 2 - 1 - 2 - 1 - 1 - 1 - 1 - 11

28 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 8

Vibrações - 1 - 1 - 1 - 3 - 3 - 1 - 1 - 1 - 12

33 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 11 10

Valor Total do Setor Industrial - Estamparia 611

Quadro 9: Identificação e classificação dos aspectos e impactos ambientais pelo processo matricial de Leopold

reformulada por L. Bianchi

O Quadro 9 classificou os impactos ambientais de acordo com o processo matricial de

Leopold reformulado por L. Bianchi. Com esse processo matricial foi feito uma avaliação dos

aspectos e impactos ambientais da atividade industrial, resultando num valor final para cada

aspecto, os valores obtidos pelo método são classificados de acordo como aspectos

significativos e não significativos.

43

Os valores apresentam-se numa escala de 28 a 51 exibidos na Tabela 3, os aspectos

ambientais classificados como significativos estão numa escala de maior pontuação (38 a 51),

os aspectos não significativos estão classificados com escala de menor pontuação (28 a 35),

essa pontuação se deu através do somatório da classificação dos aspectos e impactos

ambientais obtidos no Quadro 9.

Não existe um modelo específico de classificação para esses aspectos sobre um valor

total, isso vai depender da equipe de trabalho ou pela administração da empresa que vai

trabalhar com esses dados para avaliar se o aspecto ambiental é significativo ou não

significativo.

O somatório de todos os aspectos e impactos ambientais teve uma pontuação de 611,

essa pontuação se deu do cruzamento do aspecto ambiental pelo impacto ambiental com os

seguintes valores atribuídos para caráter, magnitude, importância e duração. Através dessa

pontuação final do setor de estamparia pode ser feito uma comparação com os demais setores

industriais da empresa, quanto maior é a pontuação maior é número de aspectos e

consequentemente maior será os impactos ambientais resultando num desempenho mais

crítico do setor, isso vai depender da sua classificação no processo de fabricação.

A tabela 3 apresenta a classificação dos aspectos ambientais pelo processo matricial de

Leopold modificado por L. Bianchi.

Tabela 3: Classificação dos aspectos ambientais por L. Bianchi

Setor Industrial – Estamparia

Atividade Industrial – Corte e Dobramento

Descrição do Aspecto Valor Total Classificação

Óleo lubrificante (SAE 68) 28 Não Significativo

Tíner 28 Não Significativo

Consumo de energia elétrica 29 Não Significativo

Plástico (filmes) 31 Não Significativo

Vibrações 33 Não Significativo

Fumo metálico 34 Não Significativo

Graxa 35 Não Significativo

Madeira 38 Significativo

Ruídos 39 Significativo

Limalha de ferro 39 Significativo

Papelão 39 Significativo

Lixas usadas 42 Significativo

Luvas com óleo 46 Significativo

Estopas com óleo 49 Significativo

Panos mecânicos com óleo 50 Significativo

Resíduos de aço 51 Significativo

VALOR TOTAL 611

44

4.4 Avaliação dos processos matriciais

A situação da empresa em estudo encontra-se com grande número de aspectos e

impactos ambientais nos setores industriais da empresa, foi levado em consideração, a

diversidade dos aspectos e impactos na sua atividade industrial. O setor escolhido para o

levantamento dos aspectos e impactos é o setor de estamparia onde se tem como atividade

industrial o corte e o dobramento das chapas de aço.

A seguir, estão apresentadas as figuras 7 e 8, que apresenta a situação ambiental da

empresa.

Figura 7: Situação da empresa Figura 8: Situação da empresa

Como pode ser visto nas figuras 7 e 8 a empresa não apresenta nenhum tipo de sistema

de gestão ambiental ou gerenciamento para minimizar os impactos ambientais decorrentes do

seu processo fabril.

Com isso, foram avaliados e classificados os aspectos e impactos ambientais no setor

industrial da empresa. A avaliação dos processos matriciais se deu a partir da matriz

modificada pela FIESP, processo matricial de Leopold e processo matricial de Leopold

reformulado por L. Biachi que descrevem a situação ambiental da empresa em estudo.

O método mais utilizado no Brasil para identificar e classificar os aspectos e impactos

ambientais é processo matricial de Leopold, é um método quantitativo onde se atribui pesos

ou símbolos nos quadrículos na sua matriz. Para a classificação dos resultados finais para cada

aspecto ambiental exige uma dedicação ou atenção mais severa, pois o somatório do resultado

final de cada aspecto tem uma escala de pontuação, essa escala se dá através do aspecto mais

45

significativo pelo menos significativo, no meio termo dessa classificação tem vários aspectos

ambientais onde a diferença de pontuação é mínima, ou seja, os resultados ficam com valores

bem próximos uns dos outros dificultando em classificar os aspectos em significativos e não

significativos.

Pelo processo matricial de Leopold reformulado por L. Bianchi demonstrou uma

maior avaliação em classificar os aspectos ambientais. Devido a isso, o processo apresenta

nos valores finais para cada aspecto ambiental uma margem de diferença de um aspecto pelo

outro maior no somatório dos pesos atribuídos em relação ao processo de Leopol, com isso,

facilita para avaliação e classificação dos aspectos em significativos e não significativos.

A diferença de pontuação na classificação final pelo processo matricial de Leopold é

de 12 pontos do aspecto mais significativo (lixas usadas) pelo aspecto não significativo (tíner)

enquanto o processo matricial de Leopold reformulado por L. Bianchi apresenta uma

diferença de pontuação na classificação final de 23 pontos do aspecto mais significativo

(resíduos de aço) pelo aspecto não significativo (óleo lubrificante).

A matriz modificada pela FIESP apresenta a classificação qualitativa adotada por

Barrow, 1997, é de suma importância para avaliar os aspectos ambientais através do

cruzamento de severidade e frequencia/probabilidade, com isso permite num acréscimo para a

avaliação final junto com os outros procedimentos apresentados.

Com esses métodos apresentados a empresa só tem a crescer em termos econômicos,

sociais e administrativos em seu processo de fabricação. Com isso a empresa melhora a sua

imagem perante a sociedade e seus colaboradores, aumentando no número de pedidos,

melhorando o bem estar de seus funcionários e também no desempenho ambiental da

empresa.

46

5 CONCLUSÃO

5.1 Conclusão do trabalho

A identificação e a classificação dos aspectos e impactos ambientais significativos e

não significativos da empresa realizadas através de análises qualitativas e quantitativas,

permite direcionar todos os esforços da empresa no que se refere a recursos para a atividade

industrial, compensando na melhoria da imagem da empresa, aumento da produtividade,

abertura de novos mercados, racionalização de custos, sistematização da gestão ambiental,

minimização dos riscos de acidentes e dos produtos, segurança das informações e redução de

riscos de sanções do Poder Público.

A empresa pesquisada apresenta uma grande preocupação com as questões ambientais,

pois perceberam que a necessidade estratégica de incluir os seus produtos num sistema mais

ambientalmente correto e de qualidade faz com que todos os esforços fiquem ligados a

adequação ambiental, justificando em acréscimo de pedidos, serviços, viabilidade econômica

e a expansão da empresa no mercado nacional e internacional.

Desenvolveram-se vários métodos para avaliar os aspectos e impactos que apresentam

na grande maioria dos casos, um alto grau de subjetividade e dificuldade para analisar o valor

final do somatório de cada aspecto ambiental, ou seja, classificar o impacto ambiental em

significativo ou não significativo.

O método mais utilizado para identificar e classificar os aspectos e impactos

ambientais é processo matricial de Leopold. A partir disso, obteve-se mais dificuldade em

classificar em significativos e não significativos, devido à pequena diferença no valor total do

aspecto mais significativo pelo aspecto menos significativo no somatório dos pesos atribuídos

nos quadrículos na matriz.

A aplicação do método matricial de Leopold reformulado por L. Bianchi demonstrou

um apreço maior para a avaliação e classificação dos aspectos e impactos ambientais. Devido

a isso, houve uma margem um pouco maior de diferença no somatório dos pesos atribuídos

47

em relação à de Leopol, isso facilita para avaliação e classificação dos aspectos e impactos em

significativos e não significativos.

A avaliação e classificação podem ser feitas em todos os setores da empresa com os

métodos apresentado no trabalho, assim, consegue-se diagnosticar melhor o desempenho

ambiental nas atividades industriais pertinentes da empresa em estudo.

Com esses métodos apresentados, é de suma importância para a empresa viabilizar o

seu processo produtivo voltado a adequação ambiental. Com isso, a empresa só tem a ganhar,

aumentando o número de pedidos, melhorando a sua imagem perante a sociedade e

expandindo o seu produto no mercado nacional.

Portanto, não há métodos específicos de avaliação e classificação de aspectos e

impactos ambientais para cada tipo de atividade, mas alguns são mais adequados

principalmente em função das peculiaridades do projeto, meio ambiente e especialidade da

equipe de execução.

5.2 Sugestões para trabalhos futuros

Para a continuidade e ampliação deste trabalho sugere-se:

a) Realizar a avaliação e o levantamento dos aspectos e impactos ambientais em todos

os setores industriais da empresa;

b) Classificar os dados do levantamento e sugerir alguma proposta para minimizar os

impactos decorrentes do processo fabril.

48

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