universidade de passo fundo -...

52
Elaboração de procedimentos de ação emergencial em acidentes químicos nos laboratório de ensino do curso de Engenharia Ambiental da UPF UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Patrícia Ângela Pigosso Elaboração de procedimentos de ação emergencial em acidentes químicos nos laboratório de ensino do curso de Engenharia Ambiental da UPF Passo Fundo, 2011.

Upload: doankhanh

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Elaboração de procedimentos de ação emergencial em acidentes químicos nos laboratório de ensino do curso de Engenharia Ambiental da UPF

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Patrícia Ângela Pigosso

Elaboração de procedimentos de ação emergencial em acidentes químicos nos laboratório de ensino do curso de Engenharia Ambiental

da UPF

Passo Fundo, 2011.

2

Patricia Angela Pigosso

Elaboração de procedimentos de ação emergencial em acidentes químicos nos laboratório de ensino do curso de Engenharia Ambiental

da UPF

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientador: Prof. Eduardo Pavan Korf, Mestre.

Passo Fundo, 2011.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente á DEUS por estar sempre comigo. Agradeço a meus pais Ana K. Pigosso e Odésio Pigosso e demais familiares pelo apoio e compreensão em todos os momentos. Agradeço ao meu orientador Prof. Eduardo Pavan Korf, por se dedicar e se empenhar para a realização do meu Trabalho de Conclusão de Curso.

Agradeço aos meus colegas de estágio da Fundação Estadual de Proteção Ambiental - FEPAM e colegas do curso que de uma forma ou outra me apoiaram e contribuíram para a realização deste trabalho.

4

5

RESUMO

Mudanças no comportamento e atitudes de prevenção ainda não são o bastante para

prevenir acidentes ambientais. As conseqüências dos acidentes com produtos químicos estão

associados a diferentes tipos de impactos no meio ambiente e á sociedade. Os laboratórios de

pesquisas também são considerados fontes de acidentes e passivos à saúde e ao meio

ambiente. O objetivo do trabalho foi a elaboração de procedimento de ação emergencial em

acidentes com produtos químicos perigosos nos laboratórios de ensino do curso de

Engenharia Ambiental da UPF – Universidade de Passo Fundo. O levantamento dos dados

para o estudo foi feito em uma visita técnica nos laboratórios em que se utilizou um check-list

aplicado ao funcionário do laboratório para o levantamento das diferentes substâncias

químicas existentes nos laboratórios. Aplicou-se a análise de risco que se consistiu em três

etapas: (1) estimativa da freqüência; (2) Estimativa das conseqüências e (3) Estimativa e

classificação do risco. Com estes resultados foi possível realizar a estimativa de riscos através

da matriz de classificação de risco, estabelecida pela FEPAM (2001) tendo como resultado

que de 11 substâncias consideradas perigosas, 8 são não-aceitáveis e 3 aceitáveis. Para os

reagentes não aceitáveis serão priorizadas as ações de prevenção e manuseio correto através

de treinamento dos funcionários dos laboratórios, após os funcionários poderão repassar os

cuidados necessários para os alunos, para um melhor manuseio com os reagentes, assim

evitando possíveis acidentes. Utilizando o programa CANUTEC ERGO (2008), software

Emergency Response Guidebook e a bibliografia de Savariz, Manual de Produtos Perigosos

(2002), foi possível elaborar fichas de emergência para um detalhamento maior sobre cuidado

com as substâncias. As causas de acidentes em laboratórios de pesquisa têm motivos variados,

por isso a importância da aplicação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), o qual é

essencial para conhecer e caracterizar os reagentes presentes nos laboratórios, seus riscos e

perigos ocupacionais e ambientais e quais providências tomar se ocorrer acidentes. Os

funcionários dos laboratórios do curso de Engenharia Ambiental serão convidados a

participarem de cursos para melhor manusear os laboratórios e os respectivos produtos

perigosos e assim passar o aprendizado para os alunos e mestrandos que freqüentam os

laboratórios os cuidados necessários para uma prática segura na rotina do dia-a-dia nos

laboratórios.

Palavras-chave: Meio Ambiente. Segurança humana. Plano de prevenção de risco. Plano de

ação em emergências (PAE).

6

ABSTRACT

Changes Changes in behavior and attitudes of prevention are not enough to prevent

environmental accidents, the consequences of chemical accidents are associated with

different types of impacts on the environment and society. The research laboratories are also

considered sources of accidents and liabilities to health and the environment. The objective of

this study was the preparation of emergency action procedure in accidents with hazardous

chemicals in the laboratories of the course of the Environmental Engineering - University of

Passo Fundo - UPF. Data collection for the study was done on a technical visit to the

laboratories, which was used a check-list applied to the official laboratory for the lifting of

various chemical substances in laboratories. It was applied to risk analysis that consisted of

three steps: (1) estimation of the frequency; (2) Estimation of the consequences and (3)

estimation and classification. With these results it was possible to estimate the risk by risk

classification matrix established by FEPAM (2001) that the result is: of the 11 substances

considered dangerous, 8 are non-acceptable, and acceptable are 3. For the non-acceptable

reagents will be prioritized the prevention and proper handling through training of

laboratory employees, then the employees will pass the necessary care for the students, for

better handling with the reagents, thus avoiding possible accidents. Using the program

CANUTEC ERGO (2008), Emergency Response Guidebook and software bibliography

Savariz, Manual of Dangerous Goods (2002), it was possible to design chips for emergency

care for better detail, with the substances. The causes of accidents in research laboratories

have various reasons, so the importance of implementing the Risk Management Program

(RMP), each is essential to evaluate and characterize the reagents present in the laboratory,

its risks and environmental and occupational hazards and what action taken if accidents

occur. The employees of the laboratories of the Environmental Engineering invited to

participate in courses to better handle the labs and their dangerous products and thus pass

the learning for students Who attend masters and laboratories necessary care for a safe

practice in the routine of the day-to-day in the labs.

Key-words: Environment. Human Security. Risk prevention plan. Action plan for emergencies (PAE).

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Painel de Segurança mostrando a colocação do N° de Risco e Nº da ONU ............. 32

Figura 2: Padronização de rótulo de risco - Subclasse 5.2 ....................................................... 32 Figura 3: Fluxograma do programa de gerenciamento de risco. .............................................. 33 Figura 4: Matriz de análise preliminar de perigos e avaliação de riscos (APP/APR) com

categorias estabelecidas por FEPAM (2001). .................................................................... 34 Figura 5: Mapa de localização da Universidade de Passo Fundo............................................. 37

Figura 6: Imagem de localização do laboratório de Eng. Ambiental dentro do Campus. ........ 38

Figura 7: Instalações dos laboratórios de ensino do curso de Engenharia Ambiental – UPF. . 38

8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Agentes físicos - descrição e conseqüências à saúde humana e meio ambiente. .... 16

Quadro 2: Agentes biológicos - descrição e conseqüências à saúde humana e meio ambiente. ........................................................................................................................................... 16

Quadro 3: Agentes químicos - descrição e conseqüências à saúde humana e meio ambiente. 17

Quadro 4: Quadro de classes e subclasses. ............................................................................... 28 Quadro 5: Designação dos algarismos do número de risco ...................................................... 29 Quadro 6: Categorias de freqüência sugeridas por FEPAM (2001) ......................................... 35

Quadro 7: Categorias de severidade sugeridas por FEPAM (2001) ......................................... 35

Quadro 8: Categorias de freqüência utilizadas e valores adotados para estimativa ................. 40

Quadro 9: Categorias de severidade para avaliação de conseqüência e valores adotados para Estimativa. ......................................................................................................................... 41

Quadro 10: Matriz de classificação de risco com valores estabelecidos para quantificação ... 42

Quadro 11: Quadro da estimativa de frequência. .................................................................... 44 Quadro 12: Tabela de resultados da estimativa de consequências. ......................................... 45 Quadro 13: Matriz de classificação de risco estabelecida pela FEPAM (2001). ..................... 46

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10 2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 11 3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 12

3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 12 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 12

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 13 4.1 Conceitos Gerais ........................................................................................................ 13 4.2 Legislação .................................................................................................................. 13 4.3 Acidentes ................................................................................................................... 14

4.3.1 Acidentes Ambientais ......................................................................................... 14 4.3.2 Acidentes Ocupacionais ..................................................................................... 15

4.4 Análise de Risco ........................................................................................................ 15 4.4.1 Perigos associados ás substâncias químicas ....................................................... 18

4.4.2 Classes e subclasses de riscos químicos perigosos............................................. 22

4.4.3 Identificações relacionadas a substâncias químicas perigosas ........................... 28

4.4.4 Metodologia de análise de riscos ........................................................................ 32 4.5 Gerenciamento de Riscos ........................................................................................... 36

5 METODOLOGIA ............................................................................................................. 37 5.1 Local de estudo .......................................................................................................... 37

5.1.1 Levantamento dos dados para o estudo .............................................................. 39

5.1.2 Análise de risco .................................................................................................. 39 5.1.3 Elaboração das fichas de emergência ................................................................. 42

6 RESULTADOS ................................................................................................................. 44 6.1 Análise de riscos ........................................................................................................ 44 6.2 Estimativa de frequência ............................................................................................ 44 6.3 Estimativa de conseqüências...................................................................................... 45 6.4 Estimativa de riscos ................................................................................................... 45 6.5 Ação de emergência ................................................................................................... 46

7 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 48 8 SUGESTÕES FUTURAS ............................................................................................... 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 50 APÊNDICE A ........................................................................... Erro! Indicador não definido.

10

1 INTRODUÇÃO

Mudanças no comportamento e atitudes de prevenção ainda não são o bastante para

prevenir acidentes ambientais, que podem ser de duas origens: desastres naturais causados por

fenômenos da natureza, sem a intervenção do homem, e os desastres tecnológicos, gerados

por atividades desenvolvidas pelo homem.

Dentre os acidentes que podem ser causados por essas atividades antrópicas destacam-

se: derramamentos ou vazamentos de produtos nocivos, incêndios e explosões, devido à

descarrilamentos e colisões no transporte, má estocagem e manipulação de produtos químicos,

as quais podem acarretar em acidentes pessoais e danos materiais. Dessa maneira, percebe-se

que as principais causas de acidentes ambientais tecnológicos normalmente ocorrem a nível

industrial, por meio de atividades de transporte e manipulação de substâncias químicas

perigosas, em geral.

Os laboratórios de pesquisas também são considerados fontes de acidentes e passivos à

saúde e ao meio ambiente. De certa forma, eles também se inserem em uma escala produtiva

análoga às indústrias, pois tem como seu principal produto a geração de informações e

conhecimento. As causas de acidentes em um laboratório têm diversos motivos. A

manipulação de substâncias químicas sem cautela é umas das principais causas da ocorrência

desse tipo de acidente com conseqüências tanto ocupacionais como ambientais

(CARVALHO, 2000).

As conseqüências dos acidentes com produtos químicos estão associados a diferentes

tipos de impactos no meio ambiente e á sociedade. Alguns impactos que podemos citar sejam:

perda de vida humana, danos á saúde humana, danos econômicos, efeitos psicológicos na

população, impactos com o meio ambiente, podendo muitas vezes ser irreversível.

11

2 JUSTIFICATIVA

Devido à magnitude dos vários tipos de perigos causadores de acidentes muitas vezes

irreversíveis tanto à saúde como ao ambiente, é necessário que sejam planejadas ações para a

prevenção de acidentes e intervenção, visando o adequado atendimento emergencial. O

escopo dessas ações é contemplado dentro de um programa de gerenciamentos de riscos.

Para elaboração de um plano de ações tanto de prevenção como de intervenção,

constitui-se necessário, primeiramente, realizar um estudo detalhado de um objeto com a

finalidade de identificar perigos e avaliar os riscos associados. O processo de avaliação de

riscos utiliza os resultados da análise de riscos para a tomada de decisão quanto ao

gerenciamento dos mesmos. (CAPOANI, 2004). Por isso, é de extrema importância a

identificação e a avaliação dos riscos de acidentes à que uma região ou estabelecimento está

exposto.

O estudo de análise de risco é elaborado a partir de um levantamento de informações

detalhadas com o intuito de estudar todas as possibilidades de perigos e conseqüências que

podem causar eventuais acidentes. Nesse sentido, a técnica de análise preliminar de perigos

(APP) é utilizada para a identificação de perigos. Segundo Reis (2006), a técnica é uma

revisão de problemas gerais de segurança de uma instalação, que constitui uma análise inicial

que possui especial importância na investigação de sistemas pouco conhecidos, ou seja,

quando a experiência em riscos na sua operação é carente ou deficiente.

O Programa de gerenciamento de riscos (PGR) é a ferramenta que tem o objetivo de

desenvolver uma sistemática voltada para o estabelecimento de requisitos, que sirvam como

orientações gerais de gestão, no sentido da prevenção de acidentes. Segundo Reis (2006), um

PGR é uma ferramenta que deve ser implementada em atividades de instalações industriais

que sejam vulneráveis a acidentes ao longo de sua vida útil, portanto os resultados de um

estudo de análise e avaliação de risco para prevenção e redução de acidentes constituem uma

etapa do PGR.

12

3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL

Elaboração de procedimento de ação emergencial, a partir da caracterização dos riscos

dos reagentes considerados perigoso nos laboratórios de ensino do curso de Engenharia

Ambiental da UPF – Universidade de Passo Fundo.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Realizou-se um inventário e diagnóstico de todas as condições que podem caracterizar

perigos e acidentes ambientais e ocupacionais;

b) Realizou-se um estudo de análise e avaliação dos riscos envolvidos com acidentes

ambientais e ocupacionais;

c) Elaborou-se ações de atendimento emergencial por meio de fichas de emergência para

cada produto químico, comunicando o risco.

13

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Conceitos Gerais

Risco segundo a norma (ABNT, 2005, p.7) é a possibilidade de ocorrência do perigo.

Risco associa-se à exposição às fontes de perigo e caracteriza-se em função da freqüência em

que ocorrem estas exposições e das suas conseqüências. O risco será mais alto ou mais baixo

em função direta desses dois fatores. (CAPOANI, 2004)

Segundo a NBR 7501 (ABNT, 2005, p. 6), perigo é definido como “propriedade

inerente do sistema, da planta, do processo ou da substância que tem potencial para causar

danos à vida, à propriedade ou ao meio ambiente”.

Reis (2006, p.6) conceitua acidente como um evento ou seqüência de eventos fortuitos e

não planejados que dão origem a uma conseqüência específica e indesejável, em termos de

danos humanos, materiais ou ambientais. Caponi (2004) conceitua acidente como um evento

não planejado que resulta em morte, doença, lesão, dano ou outra perda. Relacionando

algumas definições apresentadas, Caponi (2004) apresenta que no perigo está a origem do

incidente e conseqüentemente do acidente. No perigo, o qual é a fonte ou situação potencial

de provocar danos, existe a atuação dos agentes ambientais: químicos físicos, biológicos,

ergonômicos e/ou mecânicos.

4.2 Legislação

Em 08 de junho de 1978 foi aprovada a Portaria 3.214 (BRASIL, 1978) que cria as

Normas Regulamentadoras (NR) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho as quais

detalham as determinações preconizadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Existem 33 normas regulamentadoras. Dentre todas as NRs, pode-se citar a NR-6, NR-7, NR-

19 e a NR-25.

a) A NR-6 dispõe sobre equipamentos de proteção individual. Toda empresa é obrigada a

fornecer aos empregados, gratuitamente, EPIs, adequados ao risco e em perfeito

estado de conservação e funcionamento, sempre que medidas de ordem geral não

14

ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos

empregados. A NR-6 determina que todos os trabalhadores devem passar previamente

por treinamentos realizados, visando a capacitação e conscientização para a correta

utilização dos EPIs.

b) A NR-7 dispõe sobre o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –

PCMSO e estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de

todos os empregadores. Este programa trata de monitoramento da saúde dos

trabalhadores expostos a agentes químicos, físicos e biológicos.

c) A NR-19 dispõe sobre explosivos e disciplina o manuseio, armazenagem e transporte

dessas substâncias.

d) A NR-25 dispõe sobre resíduos industriais e disciplina que o lançamento ao meio

ambiente deve obedecer às normas legais.

e) Lei Nº 6938, Política Nacional do Meio Ambiente - Dispõe sobre a Política Nacional

do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras

providências.

f) Decreto Nº 96.044 de 18/05/88 – Aprova o regulamento para o transporte rodoviário

de Produtos Perigosos;

4.3 Acidentes

4.3.1 Acidentes Ambientais

Segundo a Lei de N° 6.938 de 31 de agosto de 1981, Acidente ambiental é conjunto de

condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,

15

abriga e rege a vida em todas as suas formas, ou seja, abrange acidentes causados por agentes

de perigos com natureza física, química e biológica.

O acidente ambiental propriamente dito é de acontecimento inesperado e indesejado

que pode causar, direta ou indiretamente, danos ao meio ambiente e à saúde humana. Esses

acontecimentos perturbam o equilíbrio da natureza e, normalmente, estão associados também

a prejuízos econômicos, estes podem ser causados pela própria natureza, como é o caso dos

vulcões, raios, ciclones, porém, na maioria das vezes, são causados pelo próprio homem,

conhecidos como acidentes tecnológicos. (IBAMA, 2009)

Segundo IBAMA (2009), os principais acidentes ambientais tecnológicos ocorridos no

Brasil são: derramamentos ou vazamentos de produtos nocivos, incêndios, explosões,

descarrilamentos, colisões, sendo que as principais causas de acidentes tecnológicos estão

associadas às atividades industriais e atividades de transporte e os mais freqüentes são os de

natureza química.

4.3.2 Acidentes Ocupacionais

Os acidentes ocupacionais como os de origem tecnológica, na maioria dos casos é

previsível, por esta razão se trabalha principalmente na prevenção destes episódios, sem

esquecer obviamente da preparação e intervenção quando da ocorrência dos mesmos. Assim,

pode-se observar que para os acidentes de origem tecnológica, aplica-se perfeitamente o

conceito básico de gerenciamento de riscos, ou seja, um risco pode ser diminuído atuando-se

tanto na probabilidade da ocorrência de um evento indesejado, como nas conseqüências

geradas por este evento.

Entre os diversos tipos de acidentes, pode ser destacado como de especial interesse o

acidente químico, que pode ser definido como um acontecimento ou situação que resulta da

liberação de uma ou várias substâncias perigosas para a saúde humana e o meio ambiente, a

curto ou longo prazo. As conseqüências dos acidentes químicos estão associadas a diferentes

tipos de impactos no meio ambiente, as pessoas ou o patrimônio público e privado.

(HADDAD, 2011)

4.4 Análise de Risco

16

A Análise de Risco constitui-se em um conjunto de métodos e técnicas que aplicados a

uma atividade proposta ou existente identificam e avaliam qualitativa e quantitativamente os

riscos que essa atividade representa para a população vizinha, ao meio ambiente e à própria

empresa. Os principais resultados de uma análise de riscos são a identificação de cenários de

acidentes, suas frequências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis conseqüências.

(FEPAM, 2001)

Os Quadro 1, Quadro 2 e Quadro 3 elaborados por Korf (2009), apresentam a descrição

dos agentes e as conseqüências de cada, quando da exposição à saúde humana e meio

ambiente.

Quadro 1: Agentes físicos - descrição e conseqüências à saúde humana e meio ambiente.

Quadro 2: Agentes biológicos - descrição e conseqüências à saúde humana e meio ambiente.

17

Quadro 3: Agentes químicos - descrição e conseqüências à saúde humana e meio ambiente.

18

4.4.1 Perigos associados ás substâncias químicas

O desenvolvimento da indústria química origina-se do êxito na realização de descobrir

novos produtos e materiais através de ensaios laboratoriais e no desenvolvimento desses

ensaios para produção em escala industrial. Por causa disso as Agências Ambientais dos

países industrializados têm realizado estudos mostrando o grande número de acidentes de

pequeno e de grande porte que ocorreram nos processamentos industriais.

As conseqüências de um acidente com liberação de substâncias químicas dependem de

vários fatores, tais como: propriedades das substâncias, quantidade da descarga, período

durante o qual as pessoas estão expostas e o tempo que decorre entre exposição propriamente

dita e o tratamento. As substâncias químicas de maior risco são: gases, especialmente, o cloro

(Cl2), dióxido de enxofre (SO2), amônia (NH3), cloreto de hidrogênio (HCl), sulfeto de

hidrogênio (H2S). Estas substâncias têm toxicidade relativamente alta quando inaladas e

geralmente podem causar vítimas fatais.

É importante observar que as substâncias químicas podem apresentar caráter perigoso

e não perigoso. As substâncias de características não-perigosas podem causar poluição

ambiental em caso de acidentes, bem como alguns danos à saúde humana, os quais não se

enquadram nos perigos, mas devem, também, ser objeto de preocupação.

Para evitar ou controlar os acidentes com produtos químicos se requerer cuidados e

medidas específicas para cada situação. Para um atendimento emergencial adequado um fator

de extrema importância é o conhecimento das características das substancias químicas, as

quais serão apresentadas nos próximos itens. (MAINIERI, 2001)

4.4.1.1 Substâncias explosivas

As substâncias explosivas são aquelas capazes de causar uma súbita liberação de gases

e calor, gerando rápido aumento de pressão, quando submetidas a choque, pressão ou alta

temperatura. (FEPAM, 2001)

É necessário um sério controle de estocagem destes reagentes e severas medidas de

segurança. A área de explosivos deve ser bem identificada e isolada das outras áreas. O tipo

19

de área de estocagem requerida dependerá do tipo de produto e da quantidade estocada. É

freqüente o uso de blindagem na estocagem de explosivos. (COSTALONGA, 2010)

4.4.1.2 Substâncias inflamáveis

As substâncias inflamáveis são aqueles capazes de provocar reações térmicas, cujo

ponto de fulgor é inferior a 55ºC. FEPAM, (2001). As condições de explosividade são:

a) LIE – Limite inferior de explosividade: Concentração mínima de gás no ar que garante

as condições de ignição e consequentemente o risco de explosão. São normalmente

valores baixos, cerca de 5% ou inferior;

b) LSE – Limite superior de explosividade: Concentração máxima de gás no ar capaz de

provocar uma explosão. Acima deste valor, não existe risco de explosão, por

insuficiente concentração de comburente;

c) Flash Point: Temperatura mínima em que um líquido ou um composto volátil emite

vapores suficientes para formar uma mistura inflamável na presença do ar, junto à

superfície do liquido;

d) Ponto de Ignição: Temperatura mínima à qual um composto gasoso em contato com o

ar inicia uma autocombustão sem a necessidade de uma fonte de ignição.

Quando o líquido inflamável tem o ponto de fulgor abaixo de 37,7ºC, ele se classifica

como líquido combustível de Classe I. Quando o líquido inflamável tem o ponto de fulgor

superior a 37,7ºC e inferior a 70ºC ele se classifica como líquido combustível da Classe II.

A quantidade de líquido inflamável em estoque deve ser a mínima necessária, sendo

que grandes quantidades de inflamáveis devem ser estocados em almoxarifados especiais.

Lotes de tambores de líquidos inflamáveis com alta pressão de vapor devem ser protegidos do

sol ou borrifados com água. Alta pressão de vapor pode ser definida como 2 kgf/cm3 a 40ºC.

Deve haver no local de estocagem um sistema de drenagem para evitar, no caso de

acidente, que o líquido inflamável escoe por baixo ou entre os outros tambores. Todos os

drenos devem ser descarregados em um local seguro. Uma rede de hidrantes deve ser

localizada de tal forma que todos os tambores possam ser atingidos com jatos.

20

Uma ventilação adequada para a remoção dos vapores deve ser providenciada além de

um sistema de drenagem de líquidos derramados, com descarga em local seguro.

(COSTALONGA, 2010)

Quando for necessária a estocagem de grandes quantidades de inflamáveis em

laboratórios, é necessário um sistema automático de “sprinklers”. Os sprinklers são

constituídos basicamente de um corpo, uma ampola e defletor. O elemento sensível dos

sprinklers é a ampola de vidro transparente, caracterizado pela sua resistência e rigidez. A

ampola de vidro é hermeticamente fechada e selada e contém um líquido altamente expansível

ao calor, capaz de exercer uma força de rompimento elevada. No caso da temperatura se

elevar acima de um limite pré-determinado, a pressão criada pela expansão do líquido rompe

a ampola, dando saída à água, a qual se espalha. (FINALFIRE, 2011)

4.4.1.3 Substâncias oxidantes

Substâncias oxidantes são exemplos de agentes oxidantes os peróxidos, nitratos,

bromatos, cromatos, cloratos, dicromatos, percloratos e permanganatos. Os agentes oxidantes

não devem ser estocados na mesma área que combustíveis, tais como inflamáveis, substâncias

orgânicas, agentes desidratantes ou agentes redutores. Qualquer vazamento de material deve

ser imediatamente removido, pois a limpeza da área é essencial para a segurança.

A área para estocagem de agentes oxidantes deve ser resistente ao fogo (blindada,

inclusive), fresca, bem ventilada e preferencialmente longe das áreas de trabalho. O piso da

sala de estocagem deve ser resistente ao fogo, impermeável e sem rachaduras que possam

reter algum material. São recomendados “sprinklers” para a área de estocagem.

(COSTALONGA, 2010)

4.4.1.4 Peróxidos orgânicos

Os peróxidos orgânicos são substâncias orgânicas que contém a estrutura bivalente

“-O-O-“ e podem ser consideradas como derivadas do peróxido de hidrogênio. É uma

substância termicamente instável e pode sofrer uma decomposição exotérmica auto-

acelerável. Além disso, pode apresentar uma ou mais das seguintes propriedades: ser sujeito a

21

decomposição explosiva; queimar rapidamente; ser sensível a choque ou atrito; reagir

perigosamente com outras substâncias; causar danos aos olhos. (NBR 7501, 2003)

4.4.1.5 Substâncias tóxicas

As substâncias tóxicas podem entrar no corpo por inalação, ingestão, absorção através

da pele ou pela combinação desses caminhos. Alguns compostos químicos se decompõem

gerando material tóxico quando submetidos ao calor, à umidade ou presença de outros

produtos químicos. As informações concernentes à toxidez ou risco potencial de toxidez

podem ser obtidas do fornecedor do produto, da literatura ou por testes laboratoriais com

cobaias. Tais informações são importantes para que se determine o tipo de EPI contra a

exposição e o tratamento médico adequado adotado no caso de exposição.

Segundo Fepam (2001), são consideradas substâncias de ação tóxica, isto é, com risco

grave para a saúde, após exposição, as substâncias que tenham:

a) LC50 2000 mg/m3, para um tempo de exposição 4 horas, (LC50 = concentração da

substância, no ar, para a qual 50% dos mamíferos mais sensíveis morrem em testes de

inalação), ou

b) LD50 – Cutânea 400 mg/kg de massa corpórea (LD50 – Cutânea = dose para a qual

50% dos mamíferos mais sensíveis morrem em testes de absorção cutânea), ou

c) LD50 – Oral 200 mg/kg de massa corpórea (LD50 – Oral = dose para a qual 50%

dos mamíferos mais sensíveis morrem em testes de absorção por via oral).

No caso de não serem disponíveis os dados de LC50 ou LD50, para determinada

substância, devem ser utilizados os LCLO ou LDLO correspondentes, que têm o significado

de serem a mais baixa concentração ou a mais baixa dose para a qual foi observado qualquer

caso de morte do mamífero mais sensível.

A quantidade de produtos tóxicos estocada deve ser mantida na mínima necessária. Se

possível, grandes quantidades de material tóxico devem ser estocadas fora dos prédios onde

circulem pessoas.

Os efeitos causados pelas substâncias tóxicas podem ser locais ou sistêmicos e

considerados ao nível de organismos, sistemas, órgãos, tecidos, células organelas e moléculas.

A ação tóxica depende da quantidade de agente químico (ou produto de biotransformação)

22

presente no sítio de ação considerado. Em decorrência da ação tóxica o dano pode ser

reversível ou irreversível. (COSTALONGA, 2010)

4.4.1.6 Substâncias corrosivas

Substâncias corrosivas são substâncias que, por ação química, causam severos danos

quando em contato com tecidos vivos ou, em caso de vazamento, danificam ou mesmo

destroem outras cargas ou o próprio veículo.

Os líquidos corrosivos devem ser estocados em uma área fresca, porém, mantidos em

temperatura superior ao de seu ponto de congelamento. Esta área deve ser seca e bem

ventilada com ralos que possibilitem a remoção de qualquer vazamento.

Os líquidos corrosivos, como o ácido sulfúrico é necessário que os tambores sejam

periodicamente aliviados da pressão causada pelo hidrogênio gerado pela ação do corrosivo

com o tambor metálico. (COSTALONGA, 2010)

4.4.1.7 Substâncias radioativas

Substância que apresenta radioatividade superior a 7,4x10-7 Bq (0,002 microcurie por

grama). (ABNT, 2003)

4.4.2 Classes e subclasses de riscos químicos perigosos

A resolução 420 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) (BRASIL,

2004) regulamenta a classificação de um produto considerado perigoso pelas características

físico-químicas do produto. Esta resolução dispõe sobre instruções ao regulamento do

transporte de produtos perigosos, regras que equivalem para o armazenamento e manuseio de

produtos perigosos.

23

Segundo a NBR 14.064 (BRASIL, 2003), a ONU agrupou em 9 classes distintas de

acordo com o tipo de risco e características específicas de cada produto, logo, serão

apresentadas e detalhadas as classes e subclasse de riscos químicos perigosos.

4.4.2.1 Classe 1 – Explosivos

A resolução 420 da ANTT (BRASIL, 2004, p. 41), conceitua substância explosiva

como sendo uma substância sólida ou líquida (ou mistura de substâncias) por si mesma capaz

de produzir gás, por reação química, temperatura, pressão e velocidade tais que provoque

danos à sua volta”. O conceito físico explica que explosão constitui uma rápida e violenta

liberação de energia associada à expansão de gases.

Essa classe se subdivide em 6 classes (BRASIL, 2004):

a) Subclasse 1.1: Substâncias com risco de explosão em massa, a qual pode agir de modo

praticamente instantâneo. Ex.: TNT;

b) Subclasse 1.2: Substâncias com risco de projeção, mas sem risco de explosão em massa.

Ex.: Granadas;

c) Subclasse 1.3: Substâncias com risco de fogo e com pequeno risco de explosão ou de

projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa. Ex.: Artigos pirotécnicos;

d) Subclasse 1.4: Substâncias e artefatos que não apresentam riscos significativos. Ex.:

Dispositivos iniciadores;

e) Subclasse 1.5: Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa. Ex.:

Explosivos de demolição;

f) Subclasse 1.6: Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.

4.4.2.2 Classe 2 – Gases

24

Gás é uma substância que á 50°C tem uma pressão de vapor superior a 300 kPa ou é

completamente gasoso à temperatura de 20°C e à pressão normal de 101,3 kPa. Esta classe

compreende os gases comprimidos, gases liquefeitos, gases liquefeitos refrigerados, gases em

solução, misturas de gases, misturas de um ou mais gases com um ou mais vapores de

substâncias de outras classes, artigos carregados de gás, hexafluoreto de telúrio e aerossóis

(BRASIL, 2004).

Essa classe se subdivide em 3 subclasses segundo define a resolução 420 da ANTT

(BRASIL, 2004):

a) Subclasse 2.1 – Gases Inflamáveis: Gases que, a 20 ºC e à pressão normal de 101,3 kPa,

são inflamáveis quando em mistura de 13 % ou menos, em volume, com o ar; ou apresentam

uma faixa de inflamabilidade com ar de, no mínimo 12 %,independentemente do limite

inferior de inflamabilidade;

b) Subclasse 2.2 – Gases não-inflamáveis e não-tóxicos: Gases transportados a uma pressão

não-inferior a 280 kPa, a 20 °C, ou como líquidos refrigerados e que sejam asfixiantes (gases

que diluem ou substituem o oxigênio normalmente existente na atmosfera);

c) Subclasse 2.3 – Gases tóxicos: Gases tóxicos ou corrosivos para pessoas que constituam

risco à saúde; ou supostamente tóxicos ou corrosivos para pessoas, por apresentarem valor de

CL50 igual ou inferior a 5.000 mL/m³.

4.4.2.3 Classe 3 – Líquidos inflamáveis

Segundo a Resolução 420 da ANTT (BRASIL, 2004), líquidos inflamáveis são

líquidos, misturas de líquidos ou líquidos que contenham sólidos em solução ou suspensão

que produzam vapor inflamável a temperaturas de até 60,5 °C, em ensaio de vaso fechado, ou

até 65,6°C, em ensaio de vaso aberto, normalmente referido como ponto de fulgor.

O conceito ponto de fulgor este diretamente associado à temperatura ambiente. NBR

14064 (ABNT, 2003). Considerando a temperatura ambiente de 25°C e ocorrendo um

vazamento de um produto com ponto de fulgor de 15° C, o produto deve estar liberando

vapores inflamáveis, bastando uma fonte de ignição para que ocorra um incêndio ou explosão.

Se o ponto de fulgor do produto for de 30°C, este não deve estar liberando vapores

25

inflamáveis. Portanto, a definição física é a menor temperatura na qual ocorre o

desprendimento de vapor em quantidade suficiente para que a mistura do vapor e o ar acima

de sua superfície propague uma chama a partir de uma fonte de ignição.

4.4.2.4 Classe 4 - Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas à combustão espontânea e

substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis

Essa classe é divida em 3 subclasses (BRASIL, 2004):

a) Subclasse 4.1 - Sólidos inflamáveis: esta subclasse inclui substâncias como: sólidos

inflamáveis, auto-reagentes (termicamente instáveis, passíveis de sofrer decomposição

fortemente exotérmica, mesmo sem a participação do oxigênio do ar) e explosivos sólidos

insensibilizados, estas sustâncias são facilmente combustíveis, ou que por atrito, possam

causar fogo ou contribuir para tal; substâncias auto-reagentes que possam sofrer reação

fortemente exotérmica; explosivos sólidos insensibilizados que possam explodir se não

estiverem suficientemente diluídos;

b) Subclasse 4.2 – Esta classe inclui substâncias pirofóricas: mesmo em pequenas

quantidades, inflamam-se dentro de cinco minutos após contato com o ar; substâncias sujeitas

a auto-aquecimento: em contato com o ar, sem fornecimento de energia, podem se auto-

aquecer, mas demandam grandes quantidade e longos períodos de tempo; substância sujeita a

combustão espontânea: substâncias sujeitas a aquecimento espontâneo em condições normais

de transporte, ou a aquecimento em contato com ar, podendo inflamar-se;

c) Subclasse 4.3 - Substância que, em contato com água, emita gases inflamáveis,

normalmente referida pela expressão: “que reagem com a água”;

4.4.2.5 Classe 5 - Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos

Na resolução 420 da ANTT (BRASIL, 2004), é escrita essa classe que engloba duas

subclasses:

26

a) Subclasse 5.1 - Substâncias oxidantes: substâncias que, embora não sendo necessariamente

combustível, pode, em geral por liberação de um oxigênio causa a combustão de outros

materiais ou contribuir para isso. Tais substâncias podem estar contidas em um artigo. (NBR

7501, 2003)

b) Subclasse 5.2 – Peróxidos orgânicos: substância orgânica que contêm a estrutura bivalente

“−O−O−” e pode ser considerada como derivada do peróxido de hidrogênio, na qual um ou

ambos os átomos de hidrogênio, foi(ram) substituído(s) por radical (s) orgânico (s). O

peróxido orgânico é uma substância termicamente instáveis que podem sofrer decomposição

exotérmica auto-acelerável, Além disso, pode apresentar uma ou mais das seguintes

propriedades: sujeitos à decomposição explosiva; queima rápida; sensível a choque ou atrito;

reagir perigosamente com outras substâncias; causar danos aos olhos. (NBR 7501, 2003)

4.4.2.6 Classe 6 – Substâncias tóxicas e infectantes

Segundo a resolução 420 da ANTT (BRASIL, 2004), esta classe é subdividida em 2

subclasses:

a) Subclasse 6.1 – Substâncias tóxicas: são substâncias capazes de provocar morte, lesões

graves ou danos à saúde humana, se ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em contato com a

pele.

b) Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes: são substâncias que contenham patógenos

(microorganismos incluindo bactérias, vírus, rickéttsias, parasitas, fungos) ou estejam sob

suspeita razoável.

4.4.2.7 Classe 7 – Materiais radioativos

É qualquer material que contenha radionuclídeos e no qual tanto a concentração da

atividade quanto a atividade total na expedição excedam os valores de contaminação

radioativa, estabelecidos em legislação específica. (BRASIL, 2004)

27

4.4.2.8 Classe 8 – Substâncias Corrosivas

Segundo a resolução 420 da ANTT (BRASIL, 2004, p. 105) são substâncias que por

ação química, causam severos danos quando em contato com tecidos vivos ou, em caso de

vazamento, danificam ou mesmo destroem outras cargas ou o próprio veículo.

4.4.2.9 Classe 9 – Substâncias Perigosas Diversas

Substâncias que apresentam um risco não abrangido por nenhuma das outras classes.

(BRASIL, 2004, p. 105) Incluem-se a esta classe:

a) Substâncias que apresentam risco para o meio ambiente, em estado sólido ou líquido,

consideradas poluentes aquáticos conforme os critérios de ecotoxidade;

b) Substâncias a temperaturas elevadas, transportadas ou oferecidas para transporte, em estado

líquido a temperaturas iguais ou superiores a 100 ºC, ou em estado sólido a temperaturas

iguais ou superiores a 240 ºC;

c) Microorganismos ou organismos geneticamente modificados que não se enquadrem na

definição de substâncias infectantes, mas que sejam capazes de provocar alterações que

normalmente não seriam resultantes de reprodução natural em animais, plantas ou substâncias

microbiológicas;

O Quadro 4 mostra resumidamente as classes e subclasses dos produtos.

28

Quadro 4: Quadro de classes e subclasses.

Fonte: Guia de Produtos Químicos, CETESB (2011).

4.4.3 Identificações relacionadas a substâncias químicas perigosas

A identificação de produtos químicos perigosos serve para que a substância química

seja localizada internacionalmente. A seguir está apresentada a relação:

a) Nº da ONU;

b) Número de risco;

c) Nome do produto;

d) Grupo de EPI;

e) Nº do Guia de emergência mais adequado;

Existem também documentos relacionados aos produtos químicos que traduzem

procedimento de segurança ou emergência, que é o caso da ficha de informações de segurança

de produtos químico e da ficha de emergência. Para orientação e identificação no transporte,

armazenamento e manuseio de produtos também existem painéis e rótulos, padronizados de

acordo com a NBR 7500 (ABNT, 2009).

Na seqüência serão apresentadas e explicadas algumas das identificações.

29

4.4.3.1 Número da ONU

A Resolução nº 420 da ANTT (BRASIL, 2004), descreve que o número da ONU

destina cada produto em uma seqüência de acordo com sua classificação de risco e sua

composição. Em guias de emergência internacionais, cada designação de produto é

caracterizada por um número da ONU que aparece em ordem crescente, onde as designações

podem ser de quatro tipos:

a) para substâncias e artigos bem definidos: Ex. 1687 – Azida de sódio;

b) designações genéricas: Ex. 1266 - perfumaria, produtos;

c) designações específicas abrangendo um grupo de sustâncias ou artigos de natureza técnica

ou química: Ex. 1987 - Álcoois, N. E;

d) designações gerais, abrangendo um grupo de substâncias ou artigos que se enquadram nos

critérios de uma ou mais classes ou subclasses: Ex. 1993 – líquido inflamável, N. E.

4.4.3.2 Nº de risco

O número de risco é constituído por até três algarismos, o primeiro algarismo

determina o risco principal, o segundo e terceiros são os subsidiários do produto, quando o

mesmo for compatível com a água, antes do número de risco é aplicada a letra “X”. A

duplicação ou triplicação dos algarismos significa a intensificação do risco. (FILHO,1999)

O Quadro 5 apresenta a designação dos algarismos do número.

Quadro 5: Designação dos algarismos do número de risco

Fonte: Adaptado de Filho (1999), adaptado por Korf, (2009).

30

4.4.3.3 Nome do produto

Constitui a designação principal do produto que aparece em letras maiúsculas. Um

produto pode ter mais que uma designação, neste caso o nome é repetido. A expressão N. E.

indica designação genérica, isto é, pode haver vários produtos com o mesmo número ou

designações diversas. (KORF, 2009)

4.4.3.4 Grupo de EPI

Indica o número do grupo de equipamentos de proteção individual relativo àquele

produto. Os EPIs são organizados em 11 grupos pela NBR 9735 (ABNT, 2009).

4.4.3.5 Número do guia de emergência mais adequado

É o número do guia de emergência mais apropriado ao produto, para ações em caso de

emergência. O guia é de padronização internacional e são numerados de 11 á 76. (KORF,

2009)

4.4.3.6 Ficha de emergência de produtos químicos perigosos

A ficha de emergência é descrita na NBR 7501 (ABNT, 2005) e é caracterizada como

um documento com apenas uma folha que apresenta os principais riscos do produto e as

providencias essenciais a serem tomadas em caso de acidente. A NBR 7500 (ABNT, 2009),

descreve que a ficha é de utilização no caso de condições de manuseio, movimentação e

armazenamento e a NBR 7503 (ABNT, 2009), apresenta a padronização da ficha de

emergência e envelope que deve estar contida para o transporte de produtos perigosos.

31

4.4.3.7 Ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ)

De acordo com a NBR 14725 (ABNT, 2001), a ficha de informações de segurança de

produtos químicos (FISPQ) é um documento que fornece informações sobre vários aspectos

de produtos químicos (substâncias ou preparados) quanto à proteção, à segurança, à saúde e

ao meio ambiente. A FISPQ fornece, conhecimentos básicos sobre os produtos químicos,

recomendações sobre medidas de proteção e ações em situação de emergência. A NBR 14725

(ABNT, 2001), padroniza o modelo geral de apresentação e informações que devem estar

contidas. (KORF, 2009)

4.4.3.8 Painel de segurança e rótulo de risco

A NBR 7501 (ABNT, 2005), descreve que o painel de segurança (Figura 1) é um

retângulo padronizado de cor alaranjada, indicativo no transporte de produtos perigosos.

Neste painel contém na parte inferior da figura o número de identificação do produto pela

ONU (número da ONU) e na parte superior o número de identificação de risco. A

identificação, a padronização e a orientação quanto à elaboração de painéis de segurança são

apresentados pela NBR 7500 (ABNT, 2009).

De acordo com a NBR 7501 (ABNT, 2005), o rótulo de risco é um rótulo com a forma

de um losango, que apresenta símbolos, figuras e/ou expressões emolduradas, referentes à

classe e subclasse de riscos de produtos perigosos (Figura 2). A identificação, a padronização

e a orientação quanto à elaboração de rótulos de risco são apresentados pela NBR 7500

(ABNT, 2009). Os rótulos de risco são utilizados para identificação de produtos químicos em

situação de manuseio, movimentação e armazenamento.

32

Fonte: NBR 7500.

Figura 1: Painel de Segurança mostrando a colocação do N° de Risco e Nº da ONU

Fonte: NBR 7500.

Figura 2: Padronização de rótulo de risco - Subclasse 5.2

4.4.4 Metodologia de análise de riscos

Segundo Reis (2006), um estudo de análise de risco tem como objetivo uma avaliação

qualitativa ou quantitativa dos riscos apresentados por uma instalação ou atividade, baseada

em técnicas de identificação de perigos, estimativa de freqüências e conseqüências, análise de

vulnerabilidade e na estimativa do risco. O processo de avaliação de riscos utiliza os

resultados da análise de riscos para a tomada de decisão quanto ao gerenciamento dos riscos,

através da comparação com critérios de tolerabilidade de riscos previamente estabelecidos.

33

Figura 3: Fluxograma do programa de gerenciamento de risco.

Segundo Capoani (2004), a fase de identificação de perigos constitui o

reconhecimento de todos os perigos existentes. Essa fase não segue uma rigidez e pode ser

realizada de várias formas. A etapa seguida é a avaliação de riscos, na qual, realiza-se uma

avaliação quali-quantitativa das freqüências e da conseqüência de um evento perigoso. A fase

de controle é aquela que controla esses mesmos fatores e faz parte de todo o processo de

gerenciamento de riscos.

A freqüência é definida como o número de ocorrências de um determinado evento na

unidade de tempo, por exemplo, ocorrências por ano ou ocorrências por dia. Quando se busca

a freqüência de ocorrência de um evento qualquer que se associa ou depende da realização de

outro evento é necessário utilizar a teoria das probabilidades. (CAPOANI, 2004)

A metodologia de análise de risco precisa avaliar o campo de ação do agente

agressivo. Nesta etapa, cada variável, relacionada ao evento e todos os aspectos

multidisciplinares que se interagem, têm que ser avaliados, tais como a capacidade agressiva

dos vários agentes, químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos; a vulnerabilidade,

a susceptibilidade e a capacidade de assimilação do alvo (humano, patrimonial e ambiental).

Para a avaliação de risco (Equação 1), deve-se observar com que freqüência ou

probabilidade, em situações normais ou de emergência, respectivamente, pode-se estar

exposta a um perigo, e avaliar as conseqüências dos impactos gerados. (SILBERMSN E

MATTOS, 2008)

(Equação 1) RISCO = freqüência (f) X conseqüência (C)

34

4.4.4.1 Análise Preliminar de Risco – APR

A Análise Preliminar de Riscos (APR) consiste no estudo, durante a fase de concepção

ou de desenvolvimento prematuro, da determinação dos riscos que poderão estar presentes na

fase operacional de um novo sistema (DE CICCO, 1979). Trata-se de um procedimento que

possui especial importância nos casos em que o sistema a ser analisado possui pouca

similaridade com quaisquer outros existentes, seja pela sua característica de inovação ou pelo

pioneirismo.

Segundo Reis (2006), esta técnica é aplicada para fazer avaliações rápidas dos perigos

e direcionar a aplicação de outras técnicas de identificação de perigos mais detalhadas e que

serão aplicadas em fases posteriores da vida útil da instalação.

O órgão licenciador e de controle ambiental do estado do Rio Grande do Sul -

FEPAM, adotou categorias de probabilidade/freqüência e conseqüência/vulnerabilidade para

análise preliminar de perigos e avaliação dos riscos decorrentes (APP/APR). A Figura 4

apresenta a matriz de classificação de risco sugerida por FEPAM (2001), com a combinação

das categorias estabelecidas de freqüência e severidade.

Fonte: FEPAM (2001).

Figura 4: Matriz de análise preliminar de perigos e avaliação de riscos (APP/APR) com categorias estabelecidas por FEPAM (2001).

O Quadro 6 apresenta o detalhamento das categorias de freqüência sugeridas por FEPAM (2001).

35

Quadro 6: Categorias de freqüência sugeridas por FEPAM (2001)

O Quadro 7 o detalhamento das categorias de severidade das conseqüências (FEPAM,

2001).

Quadro 7: Categorias de severidade sugeridas por FEPAM (2001)

Outra técnica para a avaliação dos riscos é a Análise preliminar de perigo e pontos

críticos de controle (APPCC), esta técnica funciona com a identificação dos pontos ou etapas

nas quais os perigos devem ser controlados, através de prevenção, eliminação ou redução.

36

Funciona com a identificação dos pontos ou etapas nas quais os perigos devem ser

controlados, através de prevenção, eliminação ou redução. Esses pontos são designados

pontos crítico de controle, que são os pontos caracterizados como realmente críticos à

segurança. (FAXINA, 2008)

O sistema APPCC constitui-se de 7 princípio básicos:

a) Identificação do perigo;

b) Identificação de pontos críticos;

c) Estabelecimento do limite crítico;

d) Monitoramento;

e) Ações corretivas;

f) Procedimentos de verificação;

g) Registro dos resultados.

O Sistema APPCC constitui uma poderosa ferramenta de gestão ambiental, como

forma de efetivo controle dos perigos. O método deve ser revisado sempre que novos perigos

forem identificados e/ou que parâmetros do processo sofram modificações. (SENAI, 2002)

4.5 Gerenciamento de Riscos

O começo para elaboração de um plano de controle de emergência adequado, para

fazer frente aos possíveis danos causados por acidentes, é um detalhado estudo de análise de

riscos de modo que as tipologias acidentais, os recursos a as ações necessárias para minimizar

os impactos, possam ser adequadamente dimensionados (FREITAS, 2000).

37

5 METODOLOGIA 5.1 Local de estudo

A Universidade de Passo Fundo – UPF, localiza-se na BR 285, Bairro São José - Passo

Fundo, RS, com as seguintes coordenadas geográficas 28 13’50.73”S e 52 23’00.86”O e a

altitude é de 677 m.

Fonte: Google Earth, 2011.

Figura 5: Mapa de localização da Universidade de Passo Fundo.

O local de estudo foram os laboratórios do curso de Engenharia Ambiental da

Universidade de Passo Fundo, localizados no Campus I, Prédio G2 – FEAR. A Figura 1

apresenta uma visualização da localização da área do laboratório dentro do Campus.

38

Fonte: Google Earth, 2011

Figura 6: Imagem de localização do laboratório de Eng. Ambiental dentro do Campus.

Os laboratórios de ensino são divididos em 2 unidades. A primeira unidade

compreende o laboratório de ensino 1, Físico-quimico, este laboratório realiza análises físico-

químicas de parâmetros de qualidade da água, efluentes e resíduos. No laboratório de ensino

2, Biológico, onde são realizadas análises microbiológicas de parâmetros de qualidade da

água, bem como trabalhos relacionados à estudos microbiológicos, tais como análise de

eficiência de técnicas de biorremediação.

Os laboratórios são utilizados para aulas práticas dos cursos de Engenharia Ambiental e

Engenharia de Alimentos e para fins de pesquisas dos próprios alunos. Os alunos de mestrado

e doutorado também utilizam os laboratórios com fins de pesquisas.

Figura 7: Instalações dos laboratórios de ensino do curso de Engenharia Ambiental – UPF.

39

5.1.1 Levantamento dos dados para o estudo

O levantamento dos dados para o estudo foi feito em uma visita técnica nos

laboratórios em que se utilizou o check-list aplicado ao funcionário do laboratório para o

levantamento das diferentes substâncias químicas e a freqüência do uso desses reagentes. O

check-list é mostrado no apêndice A.

Apenas foram considerados para o estudo de análise de risco os reagentes classificados

como perigosos. O trabalho não englobou riscos físicos ocupacionais, mecânicos,

ergonômicos e nem riscos biológicos.

5.1.2 Análise de risco

A análise de risco serve para identificar os eventos de acidentes que podem ser

considerados aceitáveis e não-aceitáveis do ponto de vista ambiental e ocupacional. Esse tipo

de estudo orienta na elaboração e implantação de procedimentos de emergência e realização

de programas de prevenção.

A análise de risco consistiu-se em três etapas: (1) estimativa da freqüência e (2)

Estimativa das conseqüências; (3) Estimativa e classificação do risco.

5.1.2.1 Estimativa da freqüência

As substâncias listadas no check-list foram colocadas em ordem decrescente de

utilização. A estimativa de freqüência foi qualitativa, considerando o escopo de metodologia

de Fepam (2001) e Aguiar (2009), adaptada por Korf (2009). Foram quantificados valores

para cada categoria de freqüência, conforme apresentado no Quadro 8.

40

Quadro 8: Categorias de freqüência utilizadas e valores adotados para estimativa

Fonte: Korf (2009).

5.1.2.2 Estimativa de conseqüências

A estimativa de conseqüência ou severidade foi qualitativa e realizada através de

metodologia proposta pela FEPAM (2001) e adaptada por Korf (2009). Para conseqüência dos

perigos levantados foi estabelecida uma categoria, a qual também recebeu uma quantificação,

conforme Quadro 9.

O levantamento das conseqüências dos perigos foi realizado com o auxílio do

programa CANUTEC ERGO (2008), software Emergency Response Guidebook, o qual

contém as informações de emergência de cada substância química considerada perigosa para

aplicação em nível internacional. Este software disponibilizou como resultado as

conseqüências à saúde humana e ao meio ambiente em caso de derramamento ou vazamento

acidental e conseqüente contato humano.

41

Quadro 9: Categorias de severidade para avaliação de conseqüência e valores adotados para Estimativa.

Fonte: Korf (2009).

5.1.2.3 Estimativa de riscos

A estimativa de risco foi realizada da combinação entre as categorias de freqüência e

conseqüência como mostra a (Equação 2).

(Equação 2) RISCO = freqüência (f) X conseqüência (C)

A partir dos resultados obtidos da equação foi possível estabelecer por meio da

verificação em uma matriz de classificação de risco, estabelecida pela FEPAM (2001 apud

KORF, 2009) a classificação quanto ao risco de cada substância ao meio ambiente e a saúde

humana.

A FEPAM (2001) apresenta 5 classes de risco resultantes da combinação entre as 5

categorias de freqüência e as 4 categorias de conseqüência.

Na matriz, os valores utilizados para o cálculo do risco, consideram o nível máximo

tolerável (ocupacional) para trabalhadores de 1.10 – 3/ano, o que significa 1 ocorrência de um

dado evento em 1000 anos. Das 5 classes de risco adotadas pela FEPAM (2001), considerou

42

as três ultimas como categorias não aceitáveis, ou seja, que possuem valores acima do nível

máximo estabelecido. O Quadro 10 apresenta a matriz de classificação apresentada por Korf

(2009), com os valores estabelecidos para quantificação.

Quadro 10: Matriz de classificação de risco com valores estabelecidos para quantificação

Fonte: FEPAM (2001 apud KORF, 2009).

5.1.3 Elaboração das fichas de emergência

As fichas de emergência foram elaboradas conforme a NBR 7501 (ABNT, 2005), é

caracterizada como um documento de uma única folha que apresenta os principais riscos do

produto e as providências essenciais a serem tomadas em caso de acidente.

Para a elaboração das fichas de emergência utilizou-se o programa CANUTEC ERGO

(2008), software Emergency Response Guidebook e a bibliografia de Savariz, Manual de

Produtos Perigosos, que se obteve como resultado informações para a elaboração das fichas

de emergência com padrão internacional contendo: identificação internacional contendo o

43

Número de risco, Número da ONU e Classe e subclasse de risco, aspecto, EPI, primeiros

socorros, riscos, perigos, vazamento/derramamento e segurança pública. As fichas de

emergência foram elaboradas somente para os reagentes considerados perigosos resultantes

do software.

44

6 RESULTADOS 6.1 Análise de riscos

A análise de risco identificou os eventos de acidentes que são considerados aceitáveis

e não-aceitáveis do ponto de vista ambiental e ocupacional. O resultado da análise de risco

está mostrado no apêndice B.

Os reagentes que tiveram maior risco foram: hidróxido de sódio, sulfato de mercúrio,

azida de sódio, ácido clorídrico, hexano e hidróxido de amônio. Estes possuem a maior

freqüência de uso e maior severidade, por isso foram considerados com maior grau de risco.

6.2 Estimativa de frequência

O resultado da estimativa de frequências está detalhado no Quadro 11. As substâncias

foram ordenadas na forma decrescente de utilização e foram estabelecidos os valores e as

categorias de freqüência.

Quadro 11: Quadro da estimativa de frequência.

SUBSTÂNCIAS

FREQUÊNCIAS

CATEGORIA

VALORES

Sulfato de mercúrio diariamente freqüente 1

Azida de sódio semanalmente provável 1.10-1

Ácido cloridrico semanalmente provável 1.10-1

Hidróxido de sódio semanalmente provável 1.10-1

Hexano semanalmente provável 1.10-1

Acetona mensalmente ocasional 1.10-2

Hidróxido de amônio mensalmente ocasional 1.10-2

Ácido fosfórico anualmente improvável 1.10-3

Fenol anualmente improvável 1.10-3

Nitrato de chumbo anualmente improvável 1.10-3

Ácido sulfâmico nunca muito improvável 1.10-4

45

6.3 Estimativa de conseqüências

O resultado da estimativa de conseqüências está detalhado no Quadro 12. As

substâncias estão ordenadas de forma decrescente de severidade de impacto causado em caso

de acidente.

Quadro 12: Tabela de resultados da estimativa de consequências.

SUBSTÂNCIAS

CONSEQUÊNCIAS

VALORES

Sulfato de mercúrio catastrófica 10

Hidróxido de sódio catastrófica 10

Ácido clorídrico crítica 1

Ácido fosfórico crítica 1

Ácido sulfâmico crítica 1

Azida de sódio crítica 1

Fenol sólido crítica 1

Hidróxido de amônio crítica 1

Acetona marginal 10-¹

Hexano marginal 10-¹

Nitrato de chumbo marginal 10-¹

6.4 Estimativa de riscos

A partir dos resultados foi identificado na matriz de classificação de risco, estabelecida

pela FEPAM (2001 apud KORF, 2009), a classificação dos reagentes. O resultado é mostrado

no Quadro 13.

46

Quadro 13: Matriz de classificação de risco estabelecida pela FEPAM (2001).

SUBSTÂNCIA

FREQ/CONSEQ

RISCO

RESULTADO

Hidróxido de sódio D - IV crítico não-aceitável

Sulfato de mercúrio E - IV crítico não-aceitável

Azida de sódio D - III sério não-aceitável

Ácido clorídrico D - III sério não-aceitável

Hexano D - II moderado não-aceitável

Hidróxido de amônio C - III moderado não-aceitável

Acetona C - II menor aceitável

Ácido fosfórico B - III menor aceitável

Fenol sólido B - III menor aceitável

Nitrato de chumbo B - II desprezível aceitável

Ácido sulfâmico A - II desprezível aceitável

Os reagentes não aceitáveis (≥ 0,001ano-¹) serão priorizados de ações de prevenção e

manuseio correto através de treinamento dos funcionários dos laboratórios, com cursos

específicos de acordo com as atividades desenvolvidas por cada função de modo a

proporcionar ao funcionário o conhecimento detalhado do manuseio com os reagentes,

demonstrando e proporcionando a realização de operações seguras e mais eficientes. Após os

funcionários poderão repassar os conhecimentos necessários para os alunos, para um melhor

manuseio com os reagentes assim evitando possíveis acidentes.

O nitrato de chumbo e o ácido sulfâmico são de conseqüências marginal, mas foram

considerados desprezível, ou seja, aceitável pela pouca freqüência de uso nos laboratórios.

6.5 Ação de emergência

As fichas de emergência terão livre acesso para os que utilizam os laboratórios e

deverão ser lidas antes do manuseio dos reagentes, visto que as mesmas indicarão ao aluno o

detalhamento sobre o reagente como: EPI necessários para o manuseio, primeiros socorros e o

que fazer em caso de derramamento/vazamento do reagente.

47

Os funcionários dos laboratórios serão recomendados a mostrarem as fichas de

emergência para cada aluno quando fizerem uso desses reagentes. As fichas de emergência de

cada reagente estão apresentadas no apêndice C.

48

7 CONCLUSÃO

As causas de acidentes em laboratórios de pesquisa com reagentes químicos têm

motivos variados e conseqüências ocupacionais e ambientais, por isso a importância de

aplicação de um procedimento de ação emergencial (PAE). O PAE é essencial para conhecer

e caracterizar os reagentes presentes nos laboratórios, seus riscos e perigos ocupacionais e

ambientais e as ações de intervenção emergenciais a serem tomadas em caso de acidentes, de

forma a reduzir a magnitude das conseqüências.

Com o estabelecimentos dessas ações emergenciais, os funcionários dos laboratórios

do curso de Engenharia Ambiental deverão ser convidados a participarem de treinamentos

sobre os riscos envolvidos e como prestar o adequado atendimento emergencial em caso de

acidentes durante à manipulação de produtos perigosos e assim passar o aprendizado para o

público que freqüenta os laboratórios.

49

8 SUGESTÕES FUTURAS

Implantar um Plano de Atuação Emergencial nos laboratórios do curso de Engenharia

Ambiental e propor ao coordenador do Curso, a disponibilidade de uma matéria de dois

créditos no primeiro semestre do curso sobre cuidados e manejos básicos para laboratórios.

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7500: Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. 6. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. 59 p. _____. ABNT NBR 9735: Conjunto de equipamentos para emergências no transporte de produtos perigosos. 6. ed. Rio de Janeiro, 2009. _____.ABNT NBR 14064: Atendimento a emergência no transporte de produtos perigosos. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 12 p. _____.ABNT NBR 7501: Transporte terrestre de produtos perigosos - terminologia. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 9 p. ______ ABNT. NBR 7500: Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. 6. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. 59 p. AGUIAR, L. A. de. Metodologias de Análise de Risco: APP & HAZOP. Disponível em: <http://www.saneamento.poli.ufrj.br/documentos/Josimar/APP_e_HAZOP.pdf>. Acesso em: 24. set. 2009. BRASIL, MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. Resolução nº 420 de 12 de fevereiro de 2004. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. Brasília, DF, 12. fev. 2004. FAXINA, F. L. Elaboração do Plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) para produção de Aveia em Flocos na empresa Nat Cereais e Alimentos Ltda. 2008. Relatório de estágio curricular (Curso de Engenharia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo – RS, 2008. 47 p BRASIL, Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da república federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 de setembro de 1981. CANUTEC ERGO. ERGO 2008.exe: Emergency Response Guidebook. Version 1.2.0.0. Ottawa – Canada: Transport Canada, 2008. Disponível em: <http://www.tc.gc.ca/canutec/en/GUIDE/ergo.htm>. Acesso em: 18 nov. 2009. CAPONI, A. C. Proposta de método para identificação de perigos e para avaliação e controle de riscos na construção de edificações. 2004, 173 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. Campinas - SP: UNICAMP, 2004. FIRE, Final. Sprinklers. 2011. Disponível em: <http://www.kidde.com.br/utcfs/Templates/Pages/Template57/0,8066,pageId%3D5140%26siteId%3D638,00.html>. Acesso em: 03 de dez de 2011.

51

CETESB. Atendimento a acidentes com produtos químicos. São Paulo: CETESB, 1993b. 59 p. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/aspectos/aspectos_perigos.asp>. Acesso em: 20. set 2011. COSTALONGA, A. G. C.; FINAZZI, G. A.; FINAZZI, M. A. G.. Normas de Armazenamento de Produtos Químicos. 2010 (monografia) - Universidade Estadual Paulista. Disponível em: http://www.unesp.br/pgr/pdf/iq2.pdf. Acesso em:15 out 2011. FEPAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE ROESSLER. Manual de análise de riscos. Rio Grande do Sul, 2001. 45 p. FILHO, A. L. da S. Segurança química: risco químico no meio ambiente de trabalho. São Paulo: LTr, 1999. 136 p. FREITAS, C. M. de; PORTE, M. F. S.; GOMEZ, C. M. Acidentes químicos ampliados: um desafio para a saúde pública. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.29, n.6, p. 503-514, 1995. HADDAD, EDSON – CETESB BRASIL. Acidentes ambientais: Conceitos básicos. 2011. Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/tutorial1/p/acciambi/index.html>. Acesso em: 18 out 2011. KORF, Eduardo. Programa de gerenciamento de riscos de acidentes ambientais e ocupacionais da Empresa PECCIN S.A. de Erechim – RS. 2009 (monografia) – Universidade de Passo Fundo – UPF, Faculdade de Engenharia e Arquitetura: Passo Fundo, RS, 2009. MAINIERI, F. B; Os acidentes químicos: Um alerta as disciplinas de processos industriais. Disponível em: <http://www.pp.ufu.br/Cobenge2001/trabalhos/EMA003.pdf>. Acesso em: 15 out 2011. ONU - Classificação dos produtos perigosos. Disponível em: http://200.144.30.103/siipp/public/imprime_classificacao.aspx. Acesso em: 23 out 2011. REIS, H. G. dos. Exigências de análise de risco de acidentes, para fins de licenciamento, em instalações que manipulam substancias perigosas, e proposição de abordagem para atendimento. 2006, 165 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química. Campinas - SP: UNICAMP, 2006. SAVARIZ, M. Manual de produtos perigosos: emergência e transporte. 3. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002. SILBERMAN, T. D. de A.; MATTOS, U. A. de O. Metodologia de análise de risco: estudo em uma unidade de co-geração de energia de um shopping center de Macaé. Boletim técnico Organização & Estratégia, v. 4, n.1, p.155 – 172, jan/abr, 2008. UPF. Universidade de Passo Fundo. Laboratórios do Curso de Engenharia Ambiental. Disponível em:

52

<http://www.upf.br/engambiental/index.php?option=com_content&view=article&id=2 2&Itemid=47>. Acesso em: 25 out de 2011