cemitérios fontes potencialmente poluidoras -...

82
1 UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Cassiê Cristine Bortolassi Cemitérios: Fontes Potencialmente Poluidoras Passo Fundo, novembro de 2012.

Upload: phamduong

Post on 08-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

1

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Cassiê Cristine Bortolassi

Cemitérios: Fontes Potencialmente Poluidoras

Passo Fundo, novembro de 2012.

Page 2: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

2

Cassiê Cristine Bortolassi

Cemitérios: Fontes Potencialmente Poluidoras

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de

Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título de

Engenheiro Ambiental.

Orientador: Profª. Drª Aline Ferrão Custódio Passini

Passo Fundo, novembro de 2012.

Page 3: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

3

Cassiê Cristine Bortolassi

Cemitérios: Fontes Potencialmente Poluidoras

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:__________________________

Aline Ferrão Custodio Passini, Dra.

Faculdade de Engenharia e Arquitetura

___________________________________

Norimar D'Avila Denardin, Dra.

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Patrícia de Almeida Martins, Profa.

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

Passo Fundo, 7 de novembro de 2012.

Page 4: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

4

Dedico este trabalho primeiramente a Deus por nunca ter

me desamparado perante esta caminhada, também a toda

minha família, minha irmã Jéssica, meus avós Lourdes e

José Bortolassi, meu namorado Cleomar e em especial,

dedico à meus pais Doraci e Ires Bortolassi que me

fortaleceram em todos os passos de mais esta conquista e

ainda iluminaram o caminho de minha vida, me dando

suporte e apoio para continuá-la e chegar até aqui.

Page 5: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

5

AGRADECIMENTOS

A minha amiga, professora e orientadora Drª Aline Ferrão Custódio Passini, coordenadora do

curso de Engenharia Ambiental, por ter me acolhido e ajudado com suas preciosas e incisivas

pontuação, conhecimento e apoio.

Ao professor Drº Antônio Thomé pelo apoio prestado, bem como pelo presente que recebi

deste com maior alegria, o livro de Fábio Remedi Trindade e Alcindo Neckel – Meio

Ambiente e Cemitérios ao qual obtive grandes experiências que me auxiliaram no

desenvolvimento deste trabalho.

A minha mais nova amiga, Marilda Ferreira dos Santos responsável pelo Laboratório da

Engenharia Ambiental, por ter me auxiliado em todos os momentos da realização das análises,

sua compreensão e apoio.

A Universidade de Passo Fundo, incluindo em especial o curso de Engenharia Ambiental bem

como os colegas que incentivaram e acompanharam esta pesquisa e pelo progresso deste

trabalho.

A Secretária Municipal de Meio Ambiente de Erechim, em parceria com a Prefeitura

Municipal desta cidade, em especial minha amiga, comadre e chefe Carla Uso e ao Secretário

de Meio Ambiente, amigo Mário Rossi, por terem me amparado com envio de dados bem

como a disposição de materiais aos quais me baseei para realização deste trabalho.

A todos os funcionários e responsáveis pelo Cemitério Pio XII, onde sempre que necessário

me recebeu no local de estudo para coleta das amostrar, acompanhamentos de translado, tirar

dúvidas, entre tantos outros auxílios

E a todas as outras pessoas que direta ou indiretamente colaboraram com o sucesso deste

trabalho.

Page 6: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

6

RESUMO

Este trabalho enfoca a relação entre cemitérios e meio ambiente. Devido à falta de proteção

ambiental com a qual o procedimento de enterrar os corpos foi conduzido ao longo das

décadas, muitos dos cemitérios se tornaram áreas contaminadas, sendo observado pelos

órgãos ambientais e de saúde pública como um aspecto ambiental urbano importante e que

deve ser recuperado, contaminam os laçais por meio de substâncias orgânicas e inorgânicas, e

microrganismos patogênicos presentes no líquido da decomposição de cadáveres, denominado

de necrochorume. E tudo isso devido a localização e operação inadequada de necrópoles em

meios urbanos que podem provocar a contaminação dos mananciais bem como a

contaminação do solo. A contaminação do aqüífero freático na área interna do cemitério pode

fluir para regiões próximas, principalmente com as infiltrações causadas pelas águas das

chuvas, comprometendo a saúde das pessoas que venham a utilizar a água captada por meio

de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas na região da necrópole. Como os

cemitérios apresentam risco potencial de impactos ambientais, o Conselho Nacional do Meio

Ambiente –CONAMA, dispôs na Resolução 335/2003 algumas normas a serem seguidas para

a adequação destes. Buscando investigar, mitigar e alertar para os problema advindos das

necrópoles, o presente trabalho teve o estudo embasado em literaturas concernentes ao

assunto, análise de solo envolvendo os meios físicos, químicos e microbiológios, visitas in

loco e investigações realizadas com o propósito de levantar o maior número possível de

dados, por meio de recursos fotográficos, entrevistas, conversas, revisão bibliográfica de

teses, artigos, entre outros.

Palavras Chaves: Cemitérios – Contaminação – Necrochorume

Page 7: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

7

ABSTRACT

This work focuses on the relationship between environment and cemeteries. Due to lack of

environmental protection with which the procedure of burying the bodies was conducted over

the decades, many cemeteries have become contaminated areas, being observed by the

environmental and public health as an important urban environmental aspect and must be

recovered , contaminate laçais by means of organic and inorganic substances, and pathogenic

microorganisms present in the liquid decomposition of corpses, called necrochorume. And all

this because of the location and operation of cemeteries in poor urban areas that may result in

contamination of water sources and soil contamination. The contamination of the unconfined

aquifer in the inner area of the cemetery can flow into nearby regions, mainly caused by the

infiltration of rain water, jeopardizing the health of people who will use the collected water

through shallow wells or cisterns located in the region the necropolis. As the cemeteries are at

risk of potential environmental impacts, the National Council on the Environment,

CONAMA, arranged in Resolution 335/2003 some rules to follow to the suitability of these.

Seeking to investigate, mitigate and warn of the coming issue of the necropolis, the present

work was to study grounded in literature concerning the matter, involving the analysis of soil

physical, chemical and microbiologist, site visits and investigations with the purpose of

raising largest possible number of data through photographic capabilities, interviews,

conversations, literature review of theses, articles, among others.

Key Words: Cemeteries - Contamination - Necrochorume

Page 8: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Cemitério Horizontal............................................................................................. 16

Figura 2: Cemitério Parque dos Ervais - Erechim RS ........................................................... 17 Figura 3: Memorial de Santos - SP ....................................................................................... 17

Figura 4: Diagrama das Substâncias componentes do Ncrechorume ..................................... 23 Figura 5: Vazamento de Ncrochorume ................................................................................. 24

Figura 6: Vulnerabilidade das áreas dos cemitérios e a contaminação ambiental X estrutura

dos materiais do solo e da posição das covas em relação ao nivel lençol freático .................. 26

Figura 7: Risco de contaminação de águas subterrâneas ....................................................... 27 Figura 8: Mapa da Localização dos dois Cemitérios em estudo ............................................ 32

Figura 9: Mapa via foto de satélite da Localização dos dois Cemitérios em estudo ............... 32 Figura 10: Entrada e Saída Principal do Cemitério ............................................................... 33

Figura 11: Vista Superior (foto aérea) do Cemitério Municipal Pio XII de Erechim ............. 33 Figura 12: Organização do Cemitério PIO XII por quadras e setores .................................... 34

Figura 13: Exumação de um Corpo ...................................................................................... 35 Figura 14: Ossuário de uma pessoa sepultada a mais de 5 anos resultantes da exumação ...... 35

Figura 15: Acondicionamento de Resíduos Sólidos nos Cemitérios ...................................... 36 Figura 16: Caixa de Brita e areia e Sistema de Drenos em gavetas........................................ 37

Figura 17: Trado Holandês ................................................................................................... 38 Figura 18: Amostragem dos pontos de coleta ....................................................................... 39

Figura 19: Demonstração da divisão exata das áreas de construções e sepulturas antigas e

recentes do cemitério ........................................................................................................... 40

Figura 20: Curva Padrão Mátéria Orgânica e sua respectiva fórmula .................................... 45 Figura 21: Curva Padrão do Zinco (Zn) ................................................................................ 49

Figura 22: Curva padrão do Chumbo (Pb) ............................................................................ 50 Figura 23:Curva Padrão Cobre (Cu) ..................................................................................... 50

Figura 24: Adereços de metais presentes nos caixões ........................................................... 52 Figura 25: Curva Padrão Fósforo e sua respectiva equação ................................................... 53

Figura 26: Urnas para depósito das cinzas de cremação ........................................................ 55 Figura 27: Forno de cremação .............................................................................................. 56

Figura 28: Esquema de um enterro comum e o natural ......................................................... 58 Figura 29: Cemitérios e caixões ecologicamente corretos. .................................................... 58

Page 9: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

9

LISTA DE TABELAS

Tabela I: Composição Necrochorume (corpo humano) ......................................................... 22

Tabela II: Valores Matéria Orgânica .................................................................................... 46 Tabela III: Valores da umidade no solo em estudo ............................................................... 47

Tabela IV: Classificação para Ph no solo.............................................................................. 47 Tabela V: Valores de Ph do solo .......................................................................................... 48

Tabela VI: Valores para análises de coliformes .................................................................... 48 Tabela VII: Valores dos resultados obtidos para cada um dos metais analisados ................... 50

Tabela VIII: Valores de referência para metais no solo ......................................................... 51 Tabela IX: Valores obtidos de P no solo ............................................................................... 53

Tabela X: Valores obtidos de N no solo ............................................................................... 53

Page 10: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

10

SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................. 6

ABSTRACT .......................................................................................................................... 7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................. 8

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... 9

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12

1.1 Objetivos ............................................................................................................... 13

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 13

1.1.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 13

1.2 Justificativa ............................................................................................................ 13

2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 14

2.1 Referencial Teórico ................................................................................................ 14

2.1.1 Origem da palavra Cemitério .......................................................................... 14

2.1.2 Origem dos Cemitérios ................................................................................... 14

2.1.3 Os cemitérios no Brasil ................................................................................... 15

2.1.4 Tipos de Cemitérios ........................................................................................ 16

2.1.5 As necrópoles como Fontes Poluidoras ........................................................... 17

2.1.6 Formas Legais para as questões Funerárias. .................................................... 27

2.1.7 Planejamento Municipal ................................................................................. 29

2.2 Materiais e Métodos ............................................................................................... 31

2.2.1 Localização e caracterização da área de estudo. .............................................. 31

2.2.2 Coleta de dados ............................................................................................... 38

2.2.3 Procedimentos Laboratoriais ........................................................................... 40

2.3 Resultados e Disussões .......................................................................................... 45

2.3.1 Matéria Orgânica no Solo. .............................................................................. 45

2.3.2 Umidade ......................................................................................................... 46

2.3.3 Ph ................................................................................................................... 47

2.3.4 Coliformes Totais e Fecais .............................................................................. 48

2.3.5 Metais Pesados ............................................................................................... 49

2.3.6 Nitrogênio e Fósforo ....................................................................................... 52

2.4 Medidas Mitigadoras e Possiveis Soluções ............................................................. 54

2.4.1 Cremação........................................................................................................ 54

2.4.2 Compostagem Póstuma ................................................................................... 56

2.4.3 Cemitérios Ecológicos e Sustentáveis ............................................................. 57

3 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 59

Page 11: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 61

ANEXOS ............................................................................................................................. 63

Page 12: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

12

1 INTRODUÇÃO

O controle ambiental em cemitérios é uma questão que ainda é posta de lado pela

população e até mesmo pelos próprios administradores de cemitérios, pois alguns

desconhecem até mesmo as fases de decomposição do corpo humano, desconsiderando,

muitas vezes o risco de contaminação do meio ambiente.

Sabe-se que o corpo humano quando em decomposição expele um liquido conhecido

como necrochorume, líquido esse altamente contaminante, que penetra no solo, e dependendo

da distância do fundo de uma cova até o lençol d’água e do tipo de solo, acaba por contaminar

o lençol, que pode levar esta água contaminada até os rios ou até mesmo a um poço em nossas

casas. Assim, teve por objetivo avaliar dois cemitérios mostrando seus impactos ambientais,

contaminação de solo, subsolo e águas superficiais. Abordando aspectos técnicos.com o

intuito de analisar a possível contaminação.

A localização de cemitérios no território ocorre, preferencialmente, em áreas afastadas

dos centros urbanos. Em cidades maiores, devido a um processo de urbanização intenso e

descontrolado, hoje é comum encontrar cemitérios totalmente integrados à malha urbana, até

mesmo em áreas mais centrais como é o caso do Município de Erechim, interior do Rio

Grande do Sul.

Considerando que na construção destes cemitérios não foram levados em conta

estudos geológicos, hidrogeológicos e de saneamento eles podem constituir um alto potencial

de impactos ambientais, certamente, a maioria das cidades brasileiras sofre com este

problema, mesmo sem a comprovação científica.

Tratando-se de locais para disposição de corpos, as necrópoles atuam como aterros

controlados, possuindo suas características, a começar pela produção de gases como o metano

(que contribui para o Efeito Estufa), produção de necrochorume, organismos patógenos,

poluição visual entre outros.

Tomando por base a atual sociedade, torna-se cada dia mais importante e urgente a

busca de possíveis soluções que sejam viáveis para amenizar ou solucionar os mais diversos

problemas ambientais que afetam a qualidade de vida de uma cidade.

Neste sentido, o presente estudo torna-se necessário para que órgãos competentes e a

sociedade saibam dos problemas ambientais provocados por cemitérios, informando e

buscando a sensibilização, propondo medidas de gerenciamento ambiental em relação a

implantação e manutenção de cemitérios na área urbana.

Page 13: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

13

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Abordar, pesquisar, discutir e analisar de forma ampla os impactos ambientais

relacionados aos processos de sepultamento de cadáveres, bem como, obter estas informações

sobre o cemitério Pio XII instalado no centro da cidade de Erechim – RS.

1.1.2 Objetivos Específicos

Verificar se é tangível que as necrópoles causam problemas impactantes ao meio

ambiente e quais seriam estes;

Demonstrar e conhecer as legislações específicas com base na área ambiental, algumas

de abrangência nacional, estadual e municipal, onde todos os cemitérios deverão

adequar-se;

Obter informações e conhecer num todo, o cemitério Municipal Pio XII da cidade de

Erechim, Rio Grande do Sul com visitas, entrevistas e imagens dos mesmos;

Analisar o nível de contaminação do solo deste cemitério em estudo;

Pesquisar e sugerir possíveis soluções as necrópoles que possam minimizar ou

melhorar a situação dos cemitérios;

1.2 Justificativa

O estudo em si, se faz importante para que todo e qualquer ser humano entenda que os

cemitérios mesmo não sendo muito lembrados podem provocar a contaminação dos solos e

mananciais hídricos por microorganismos que se proliferam no processo de decomposição dos

corpos, gerando fenômenos transformativos e destrutivos do cadáver. Não obstante, existem

outras questões ambientais relevantes, como a disposição dos resíduos sólidos advindos das

visitas pelos amigos e familiares aos cemitérios, a poluição muitas vezes visual causada pela

negligência aos túmulos e também pelos resíduos de construção (muitas vezes abandonados

nas proximidades da sepultura). Ainda inclui-se como problema ambiental o manejo

inadequado das espécies zoológicas constantemente presentes em cemitérios, como as

formigas (principalmente saúvas, Atta sp) e, em vários lugares, os tatus (Eupharactus

sexcinctus) que violam túmulos para se alimentarem de restos mortais humanos. Estes animais

Page 14: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

14

podem servir como vetores de doenças, uma vez que há o contato direto entre eles e os

cadáveres e a população vizinha. É importante saber que a polêmica em torno das

possíveis contaminações que as necrópoles causam ao meio ambiente forçou os órgãos

responsáveis a fiscalizar e multar os cemitérios públicos e privados no Brasil que não se

adequarem às novas normas da legislação.

Legislação é o conjunto de leis, ou seja, conjunto de normas impostas, resultante da

vida em sociedade, onde o direito de um deve ir até onde não prejudique o próximo. Hoje,

este conceito se amplia a esfera ambiental, procurando o uso racional dos recursos naturais.

Tomando por base a atual sociedade, torna-se cada dia mais importante e urgente a

busca de possíveis soluções que sejam viáveis para amenizar ou solucionar os mais diversos

problemas ambientais que afetam a qualidade de vida de uma cidade podendo-se sim,

começar pelos cemitérios.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Referencial Teórico

2.1.1 Origem da palavra Cemitério

A palavra cemitério vem do grego Koumetérion, de Kcmão, que significa eu durmo

(Bayard, 1974). Segundo Pacheco (1986), há pelo menos 10.000 anos a.C. o sepultamento de

cadáveres humanos começa a agrupar esses mortos e, assim, surgem os primeiros cemitérios.

“Os cemitérios recebem vários nomes, como carneiro, campo-santo,

necrópole, além de apelidos como, cidade dos pés juntos ou a famosa

última morada”. (MATTOS, 2001, p.11)

2.1.2 Origem dos Cemitérios

Segundo Pacheco (1986), a partir da Idade Média é que o termo cemitério começou a

ser utilizado. Por que os mortos começaram a ser sepultados no interior das igrejas e áreas

externas abertas. Mas só depois no século XVIII, é que por razões de higiene e exigências da

saúde pública o processo foi definitivamente implantado em áreas abertas e foram proibidos

os sepultamentos no interior de igrejas ou outros templos religiosos, isto obrigou a

implantação de cemitérios campais construídos nas periferias de áreas urbanas.

Page 15: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

15

Já para protestantes, judeus, chineses, japoneses entre outros, essa prática era

tradicional. No entanto para os povos católicos essa mudança foi bastante discutida. Os

enterros no Brasil feitos fora das igrejas eram para os não católicos ou seja, protestantes,

judeus, muçulmanos, escravos e condenados. (SILVA et.al., 2006).

Outro motivo que acelerou a instalação dos cemitérios foi o crescimento acelerado da

urbanização, por não haver mais espaço nas capelas e igrejas as quais não comportavam o

aumento desenfreado de mortes (ALGRAVE, 1999).

2.1.3 Os cemitérios no Brasil

Os problemas sanitários no Brasil chamam atenção desde o século XIX, entre eles à

não existência de cemitérios e a falta de enterros adequados, a precariedade dos hospitais, as

péssimas condições das cadeias entre outros problemas. O costume nessa época era enterrar

os mortos nas igrejas o que também causava inconvenientes sanitários SINCEP - Sindicato

dos cemitérios particulares do Brasil (1999).

De acordo com Silva e Suguio (2005), os cemitérios no Brasil hoje constituem uma

necessidade social onde não se pode hesita sobre o local mais adequado a colocação dos

cadáveres. A estrutura de implantação inadequada dos cemitérios está causando problemas

sanitários e ambientais devido à rápida decomposição dos corpos.

Devido à existência dos cemitérios estarem em locais inadequados desde o século XIX

e agora já fazem parte do centro da maioria das cidades, deverá ser feita uma avaliação

ambiental preliminar para comprovação de possível contaminação.

Os sepultamentos em cemitérios construídos não eram bem vistos nem pela população

nem pela os religiosos, mesmo que os sepultamentos dentro das igrejas causassem muito mau

cheiro e mal estar nas pessoas durante as missas. Devido a não adequação desses locais sendo

que as paredes não tinham espessura necessária para conter o cheiro e vedar as catacumbas

(SINCEP, 1999).

Como não se utilizavam os caixões para o sepultamento eles eram alugados, sendo que

vários corpos utilizavam o mesmo caixão podendo transmitir doenças contagiosas aos

familiares provenientes do indivíduo colocado anteriormente. Eram forrados somente com

panos onde os corpos passavam muitas horas e até mesmo dias (SINCEP, 1999).

De acordo com SINCEP (1999), foi a partir do século XIII é que foram

individualizados os cadáveres, os caixões e os túmulos, por razões políticas visando à

Page 16: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

16

melhoria da qualidade de vida dos vivos em relação o mau cheiro e contaminação proveniente

dos cadáveres.

A implantação dos cemitérios no Brasil não considerava, até bem pouco tempo,

aspectos geológicos e hidrogeológicos intrínsecos ao meio físico, o que se tornava fonte

geradora de impactos ambientais e alteravam a qualidade de vida das populações (BRAZ e

LOPES, 2005).

A população na sua maioria ainda não aceita muito bem os cemitérios. Em 1849

ocorreu uma epidemia de febre amarela que obrigou a utilização do cemitério mesmo contra a

vontade da maioria. Já em 1856 devido a epidemia do Cólera Morbus morreram mais de cem

pessoas por dia em Recife o que incorporou definitivamente o cemitério na vida dos

pernambucanos (SINCEP, 1999).

2.1.4 Tipos de Cemitérios

O cemitério é a área destinada a sepultamentos. Podem ser construídos em

vários formatos como:

a) Cemitério horizontal: localizado em área descoberta compreendendo os

tradicionais (Figura 1);

Figura 1: Cemitério Horizontal

FONTE: http://www.google.com.br/imgres=cemitérios+horizontais

Page 17: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

17

b) Cemitério parque ou jardim: predominantemente recoberto por jardins,

isento de construções tumulares, e onde as sepulturas são identificadas por uma

lápide, ao nível do chão, e de pequenas dimensões (Figura 2);

Figura 2: Cemitério Parque dos Ervais - Erechim RS

c) Cemitério vertical: é um edifício de um ou mais pavimentos dotados de

compartimentos destinados a sepultamentos, um exemplo de Cemitério Vertical é

o Memorial de Santos em São Paulo (Figura 3);

Figura 3: Memorial de Santos - SP

FONTE: http://www.google.com.br/imgres?q=memorial+de+santos+cemitério

d) Cemitérios de animais: cemitérios destinados a sepultamentos de

animais CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente (2008).

2.1.5 As necrópoles como Fontes Poluidoras

Page 18: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

18

Os cemitérios podem atuar como fontes geradoras de impactos ambientais quando sua

localização e manejo são inadequados. Podendo ainda provocar a contaminação dos solos e

mananciais hídricos por microorganismos que proliferam no processo de decomposição dos

corpos, gerando fenômenos transformativos e destrutivos do cadáver.

Não obstante, existem outras questões ambientais relevantes, como a disposição dos

resíduos sólidos advindos das visitas pelos amigos e familiares aos cemitérios, a poluição

muitas vezes visual causada pela negligência aos túmulos e também pelos resíduos de

construção (muitas vezes abandonados nas proximidades da sepultura).

Ainda inclui-se como problema ambiental o manejo inadequado das espécies

zoológicas constantemente presentes em cemitérios, como as formigas (principalmente

saúvas, Atta sp) e, em vários lugares, os tatus (Eupharactus sexcinctus) que violam túmulos

para se alimentarem de restos mortais humanos. Estes animais podem servir como vetores de

doenças, uma vez que há o contato direto entre eles e os cadáveres e a população vizinha.

Contudo, todos os olhares são mais clínicos no que se refere à contaminação das

necrópoles ao solo e às águas subterrâneas. Isso acontece devido a falta de um projeto

geoambiental e hidrogeográfico reforçados pela inexistência de políticas de manutenção e

fiscalização nestes locais. Assim, as necrópoles como elemento do meio urbano, podem se

classificar como pontos poluidores, encaixando-se tanto na poluição visual quanto ambiental.

Por uma abordagem ambiental, esta preocupação se dá porque logo ao entrar em óbito

um organismo inicia o processo de decomposição (putrefação) e ao ser disposto em seu

túmulo (jazigo) ou no solo (inumação) esta putrefação continua. Esta se inicia com as

enterobactérias, que penetram na corrente sanguínea. Nesta fase também surgem bactérias

aeróbias-anaeróbias facultativas e anaeróbias (Neisseriaceae, Pseudomonadaceae e

Clostridium, respectivamente), que à medida que o potencial redox dos tecidos diminui, vão

substituindo os microrganismos aeróbios. (UCISIK E RUSHBROOK, 1998) Pacheco (1986)

complementa que o processo de putrefação é composto por dois períodos principais: o gasoso

e o coliqüativo.

No primeiro, desenvolvem-se gases internos (como o metano CH4), responsáveis pelo

arrebentamento do corpo, ocorrendo posteriormente a produção de um composto químico

chamado chorume (porém, por ser derivado de cadáveres, costuma-se denominá-lo de

necrochorume), que pode atingir valores na ordem de 7 a 12 litros, num período de 1 a 4

semanas.

Page 19: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

19

Os gases formados podem, eventualmente, ser lançados ao ar livre, provocando odores

que, de acordo com a velocidade dos ventos, espalham-se por toda uma região. O segundo

período do processo, de duração mais longa, de 2 a 8 anos, tem lugar a dissolução pútrida.

Tanto o necrochorume quanto os microorganismos provenientes da decomposição

podem contaminar o solo, a água subterrânea e, conseqüentemente, o lençol freático e toda a

população que vier a consumir esta água. Em geral, estas doenças causam fortes distúrbios

gastrintestinais, tais como vômitos, cólicas e diarréias.

No Brasil, as principais doenças de veiculação hídrica são a hepatite, a leptospirose, a

febre tifóide e o cólera, podendo ainda ocorrer a contaminação da poliomielite. Normalmente

o transporte do necrochorume e patógenos é acelerado com as águas das chuvas.

Os cemitérios podem ser comparados a aterros controlados para lixos domésticos

(composto basicamente por matéria orgânica) mas com um agravante, é um “aterro” com

muito “lixo hospitalar” misturado e a maioria das “matérias orgânicas” enterradas carregam

consigo bactérias e vírus de todas as espécies e que foram, provavelmente, a causa mortis.

Além disso, é importante considerar que metais pesados, advindo de próteses, materiais das

urnas e outros, vão dar também, sua contribuição poluidora, visto que os ácidos orgânicos

gerados na composição cadavérica irão reagir com esses metais, sem levar em conta, os

resíduos nucleares advindos das aplicações recebidas pelo ser em vida. Contudo isso, o solo,

que recebe esses ingredientes de uma forma direta ou indireta, irá se saturar e apesar de sua

capacidade de autodepuração (resiliência) propiciará que neles se infiltrem tais ingredientes.

No cemitério instalado no centro da cidade de Erechim, esta realidade não é diferente,

pois a localização, o manejo inadequado e a falta de um planejamento de gestão ambiental faz

com que haja uma preocupação sobre possível contaminação provocada pelo mesmo, tanto

por vias eólicas quanto por vias hídricas.

2.1.5.1 Indicadores de Contaminação das Necrópoles

De acordo com Pacheco (1986), os organismos suscetíveis de transmitir doenças pela

água são o Clostridium (tétano, gangrena gasosa, toxi-infecção alimentar), Mycobacterium

(tuberculose), enterobactérias como a Salmonella (febre tifóide), Shigella (disenteria bacilar)

e o vírus da hepatite A, sendo que os indicadores de contaminação mais usualmente utilizados

são os coliformes, principalmente do grupo dos coliformes fecais ou termotolerantes e os

estreptococos.

Page 20: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

20

Estes coliformes fecais são os mais utilizados na avaliação da qualidade da água,

contudo, possuem um tempo muito curto de sobrevivência, tanto no solo como nas águas

subterrâneas. Os estreptococos fecais podem sobreviver por mais tempo em águas

subterrâneas, mantidas naturalmente a temperaturas baixas.

Além de todos os microorganismos, há também a determinação de alguns parâmetros

físico químicos (Ph, condutividade, oxidabilidade, DBO, etc) e alguns íons (cloretos, sulfatos,

fosfatos, sódio, potássio e cálcio), na medida em que podem indicar uma possível

contaminação.

No que diz respeito a contaminação do solo, sabe-se que o necrochorume atinge a

zona vadosa dependendo da estrutura hidrogeológica do local.

Os solos Argilosos caracterizam-se por apresentarem teores de argila acima de 35%,

esses solos, com exceção dos de cerrado, cuja fração de argila é representada com óxidos

hidratados de ferro e alumínio, com elevado poder de floculação, apresentam baixa

permeabilidade e alta capacidade de retenção de água, são solos de profundidade variável,

desde forte a imperfeitamente drenados, o que favorece a compactação de cores avermelhadas

ou amareladas, e mais raramente, brunadas ou acinzentadas. (EMBRAPA, 1999).

Nos solos arenosos, os teores de areia superiores a 70% e o de argila inferior a 15%.

São solos permeáveis, de baixa capacidade de retenção de água e de baixos teores de matéria

orgânica.

“Para uma decomposição segura e total dos corpos sepultados, devem ser evitados

os solos muito permeáveis como areia, cascalho e as misturas, os solos constituídos

por materiais de granulação muito fina (areia finíssima, siltes e argilas) e os terrenos

formados pelo intemperismo de rochas cáusticas, calcossilicatadas ou muito fina

(COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL, 1999, p.

6)”

2.1.5.2 Impactos Ambientais

Segundo Pires (2008) os cemitérios são potenciais fontes geradoras de impactos

ambientais. Pois, a localização e operações inadequadas de necrópoles em meios urbanos

podem provocar a contaminação de mananciais hídricos por microrganismos que proliferam

no processo de decomposição dos corpos.

Os cemitérios podem trazer sérias conseqüências ambientais, em particular sobre

qualidade das águas subterrâneas adjacentes. A infiltração e percolação das águas pluviais

através dos túmulos e solo provocam a migração de uma série de compostos químicos

orgânicos e inorgânicos através da zona não saturada, podendo alguns destes compostos

atingirem a zona saturada e, portanto poluir o aqüífero.

Page 21: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

21

Devido a isto, o monitoramento das águas subterrâneas na vizinhança dos cemitérios é

da maior importância nos estudos ambientais. O impacto físico mais importante está no risco

de contaminação das águas subterrâneas por microorganismos que proliferam durante o

processo de decomposição dos cadáveres e posteriormente o uso destas águas pelas

populações. Se considerar que, de maneira geral, na localização de Cemitérios não se levam

em conta os aspectos geológicos e hidrogeológicos, estes, por efeito da inadequação do tipo

de construção, poderão se constituir em unidades de alto potencial de risco para as águas.

O maior impacto causado ao meio físico é o extravasamento do necrochorume e o seu

aporte no nível hidrostático, onde a contaminação até então, poderá disseminar-se

(ROMANÓ, 2010).

2.1.5.3 Contaminação por Necrochorume

Cessada a vida, anulam-se as trocas nutritivas das células e o meio acidifica-se,

iniciando-se o fenômeno transformativo de autólise. Enterrado o corpo (inumação ou

entumulamento), instalam-se os processos putrefativos de ordem físico-química, em que

atuam vários microorganismos. A putrefação dos cadáveres é influenciada por fatores que

pertencem ao próprio corpo (idade, constituição física, causa-mortis, etc) e por fatores que

são pertinentes ao meio onde o corpo foi depositado (temperatura, umidade, aeração,

constituição mineralógica do solo, permeabilidade, etc.). Com a decomposição dos corpos há

a geração dos chamados efluentes cadavéricos, cujos primeiros a surgirem são os gasosos,

seguindo-se os líquidos.

O termo necrochorume, conhecido na medicina legal por liquame funerário ou

putrilagem, designa o líquido liberado intermitentemente pelo corpo em decomposição.

Foi criado por analogia com o termo chorume, líquido proveniente da decomposição

da matéria orgânica doméstica. Abaixo a tabela demonstra a composição aproximada do

necrochorume do corpo de um homem adulto de 70 kg. A da mulher situa-se entre um quarto

e dois terços da do homem. A tabela 1 demonstra a composição aproximada do necrochorume

após decomposição de um corpo.

Page 22: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

22

Tabela I: Composição Necrochorume (corpo humano)

COMPOSIÇÃO DO NECROCHORUME

SUBSTÂNCIA QUANTIDADE

CARBONO 1.600 g

NITROGÊNIO 1.800 g

CÁLCIO 1.100 g

FÓSFORO 500 g

ENXOFRE 140 g

POTÁSSIO 140 g

SÓDIO 100 g

CLORETO 95 g

MAGNÉSIO 19 g

FERRO 4,2 g

ÁGUA 70 - 74 %

Fonte: Dent e Knigth citado por Matos (2001)

A contaminação em um cemitério pode ser química, microbiológica e/ou radioativa. O

principal fator de contaminação é o produto da coliquação (necrochorume), que os corpos em

decomposição liberam. Um cadáver adulto de 70 kg libera em média 30 L de necrochorume.

Ocorre de forma intermitente e mais significativa durante os primeiros 5 a 8 meses de

sepultamento (Figura 4).

Page 23: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

23

Figura 4: Diagrama das Substâncias componentes do Ncrechorume

Essas substâncias são moléculas orgânicas tóxicas que apresentam o grupo funcional

amina. Também são conhecidas como alcalóides cadavéricos. Essas substâncias são

produzidas pela hidrólise protéica durante a putrefação de tecidos orgânicos. Ambas têm

odores muito desagradáveis e são solúveis em água, sendo um meio ideal para a proliferação

de microorganismos e de doenças.

Podem estar presentes no necrochorume também os patogênicos, como bactérias e

vírus, agentes transmissores de doenças (febre tifóide, paratifóide, hepatite infecciosa e

outras).

O produto de coliquação proveniente dos cemitérios pode contaminar o subsolo se o

meio físico local for vulnerável, o que dependerá de suas características geológicas e

hidrogeológicas.

Os necrochorume, são mais viscosos que a água, de cor acinzentada a acastanhada,

com cheiro acre e fétido, constituído por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de

substâncias orgânicas degradáveis. Ao longo do tempo, o necrochorume no meio natural

decompõe-se e é reduzido a substâncias mais simples e inofensivas. Entretanto, em

determinadas condições geológicas, o necrochorume atinge o lençol freático desencadeando a

sua contaminação e poluição (ROMANÓ, 2010).

Segundo os estudos do hidrogeólogo Leziro Marques, o cadáver humano pode pôr em

risco a saúde dos vivos.

NECROCHORUME

60% H2O30% Sais Minerais

10% Substâncias Orgânica

Altamente Tóxicas

Putrescina

C4H12N2

Cadaverina

C5H14N2

Page 24: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

24

Porque o necrochorume é vertido pela matéria orgânica em decomposição, ele é rico

em nutrientes que proliferam uma assembléia de vírus e bactérias, inclusive as

bactérias patogênicas, que são as causadoras da maior parte dos óbitos. Se esse necrochorume escapa do túmulo, entra na circulação do lençol freático (Figura 5).

Se você tem no caminho desse lençol freático um poço escavado, uma captação,

uma fonte, uma pessoa que inadvertidamente consuma essa água, e se ela tiver com

imunidade natural baixa, ela pode ser acometida por uma dessas doenças

infectocontagiosas (MARQUES, 2007, p.30).

Figura 5: Vazamento de Necrochorume

Segundo (Migliorini, 2002), além da contaminação pelo necrochorume outro fator

preocupante é o sepultamento de corpos que sofreram moléstia contagiosa, epidemia ou foram

tratados com elementos radioativos.

Entre os riscos de contaminação das águas por cemitérios, estão presentes aqueles

causados por compostos nitrogenados. Os compostos nitrogenados são responsáveis por

doenças como a methaemoglobinemia (síndrome do bebê azul).

Esta doença foi verificada especialmente em crianças, onde a ingestão de nitrato em

excesso provoca a transformação da hemoglobina em metaemoglobina, forma sob a qual esta

molécula é incapaz de transportar oxigênio (GOODMAN & GILMAN, 1947, apud

MIGLIORINI, 1994).

Em publicação relativamente recente Konefes (1991 apud Migliorini, 2002), foi

levantada a suspeita de que traços de arsênico, encontrados em águas subterrâneas da costa

leste dos Estados Unidos em local próximo a um cemitério da época da guerra civil

americana, fossem produtos da lixiviação de túmulos. Nesse período era prática comum uma

técnica de embalsamamento dos corpos (proibida apenas a partir de 1910) que utilizava cerca

de um quilo e meio de arsênico em cada corpo.

Page 25: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

25

Berlim, no período de 1863 a 1867, com a proliferação de febre tifóide. Menciona

também a captação de águas subterrâneas malcheirosas e de sabor adocicado nas

proximidades de cemitérios de Paris, em especial em épocas quentes.

Estudos de Schrops, (1972 apud Bower, 1978), realizados na Alemanha Ocidental em

um cemitério localizado em terrenos de aluvião não consolidados, comprovaram a existência

de contaminação bacteriológica.

Segundo Person (1979 apud Migliorini 2002), higienistas franceses correlacionaram

na França a endemia da febre tifóide com a localização das águas de abastecimento em

localidades próximas a cemitérios.

A África do Sul também enfrenta problemas decorrentes da contaminação das águas

subterrâneas pelos cemitérios.

2.1.5.4 Contaminação do Solos

O solo pode ser dividido, de modo simplificado, em duas zonas. A zona não saturada

(ou de aeração) é composta de partículas sólidas e de espaços vazios, ocupados por porções

variáveis de ar e água. Já a zona saturada é aquela em que a água ocupa todos os espaços. O

limite entre essas zonas é definido pelo nível do lençol freático. O movimento da água tende a

ser vertical na primeira e horizontal na segunda.

Para a construção dos cemitérios é necessário um conhecimento das condições físicas

e do comportamento do solo em questão, Pacheco ET al. (1986) argumenta que o tipo de solo

é um fator importante em projeto de construção de cemitérios, visto que os processos

transformativos estão relacionados com o meio onde o corpo se encontra: terra, água e ar.

A zona não saturada atua como um filtro, por apresentar um ambiente (solo, ar e água)

favorável à modificação de compostos orgânicos e inorgânicos e à retenção e eliminação de

bactérias e vírus. A eficácia na retenção de microorganismos depende de fatores como tipo de

solo, aeração, baixa umidade, teor de nutrientes e outros.

Para reter organismos maiores, como as bactérias, o mecanismo mais importante é o

de filtração, relacionado à permeabilidade do solo. Para reter vírus, bem menores, e evitar que

atinjam o lençol freático, é mais relevante a adsorção (adesão de moléculas de um fluido a

uma superfície sólida), que depende da capacidade de troca iônica da argila e da matéria

orgânica do solo.

Nos terrenos destinados à implantação de cemitérios, a espessura da zona não saturada

e o tipo de material geológico são fatores determinantes para a filtragem do necrochorume. A

Page 26: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

26

proporção de argila no solo deve ficar entre 20% e 40%, para favorecer os processos de

decomposição (que dependem da presença de ar) e as condições de drenagem do produto de

coliquação. Na Figura 6, pode-se perceber a vulnerabilidade em relação à contaminação do

solo com a posição das covas dentro de cemitério.

Figura 6: Vulnerabilidade das áreas dos cemitérios e a contaminação ambiental X estrutura

Dos materiais do solo e da posição das covas em relação ao nível lençol freático

Ao estabelecer que o lençol freático deve estar, no mínimo, a 1,5 m do fundo das

sepulturas, a resolução do CONAMA ainda prevê que, se não for possível manter essa

distância ou se as condições do solo não forem apropriadas, os sepultamentos devem ser feitos

acima do nível natural do terreno, para reduzir o risco de contaminação. A posição do lençol

freático, as características do solo e outros aspectos (entre eles as rachaduras nas sepulturas)

influenciam (Figura 6) os riscos de contaminação das águas subterrâneas.

Quando o solo apresenta média permeabilidade e alta capacidade de adsorção e

retenção do material argiloso, associada à grande distância até o lençol freático, o

necrochorume move-se lentamente e as substâncias do contaminante são interceptadas na

zona não saturada. Essa situação é classificada como de médio risco de contaminação de

águas subterrâneas. Se a sepultura estiver abaixo do nível freático, pode ser inundada, gerando

uma situação de extremo risco, já que, em geral, os caixões não são impermeáveis.

Quando o solo tem elevada permeabilidade, o que permite a infiltração profunda do

necrochorume, ou a distância para o lençol freático é inadequada, a situação é de alto risco,

porque os contaminantes chegam facilmente às águas subterrâneas (Figura 7). Nesses casos,

para diminuir a possibilidade de contaminação do aqüífero, o sepultamento deve ocorrer

acima do nível natural do terreno.

Page 27: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

27

Figura 7: Risco de contaminação de águas subterrâneas

2.1.5.5 Transmissão de Organismos Patogênicos

Os excretas humanos podem conter quatro tipos de organismos patogênicos: ovos de

helmintos, protozoários, bactérias e vírus. Estes organismos geralmente são excretados em

grande número, dependendo da idade e estado de saúde do indivíduo.

Bactérias e vírus podem ser transportados pela percolação do efluente para a água

subterrânea e, se ingeridos, estes organismos podem causar infecções. O contágio ou não do

indivíduo dependerá da concentração e persistência do organismo patogênico nas águas

subterrâneas e da dose infecciosa necessária para iniciar as doenças, (Fixem ET al., apud

Lewis, 1986).

Em geral, os vírus excretados apresentam baixas doses infecciosas, menos de 100

organismos, enquanto a dose infecciosa média para a bactéria é de 10.000 ou mais

organismos, mas, as bactérias, ao contrário dos vírus, são capazes de se multiplicar fora de

seus hospedeiros.

2.1.6 Formas Legais para as questões Funerárias.

Toda a pesquisa em si, trouxe vários resultados que comprovam que a área onde se

localizam os cemitérios podem ser muitas vezes impactantes ao meio ambiente.

Segundo Jornal Zero Hora de setembro de 2011, os cemitérios acabam se tornando um

problema para os municípios quando mal planejados e estruturados.

Em entrevista dada ao jornal o Professor Engenheiro Civil da Universidade Católica

do Paraná (PUC) diz que “Este é um assunto no qual os gestores tem de estar muito focados e

Page 28: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

28

preocupados, pois as cidades estão pagando um preço muito alto por causa do mau

planejamento tanto da locação quanto da operação dos cemitérios.”

Muitos cemitérios não estão preparados para administrar os resíduos que geram. Existe

um processo de licenciamento para o funcionamento que, freqüentemente, não é respeitado.

Os serviços funerais são de competência municipal, por dizer respeito a atividades

de precípuo interesse local: confecção de caixões, a organização de velórios, o transporte de cadáveres e a administração de cemitérios. As três primeiras podem ser

delegadas pela Municipalidade, com ou sem exclusividade, a particulares que se

propunham executá-las mediante concessão ou permissão, como pode o município

realizá-las por suas repartições. (MEIRELLES, 1994, p.330)

No que tange as necrópoles de domínio privado, não pode o Poder Municipal vedar

sua implantação. Não obstante, pode a Administração Publica limitar sua ocorrência através

de normas administrativas no âmbito da competência do interesse local. È certo que a

implantação destes cemitérios esta condicionada a autorização do Poder Publico Municipal

através do ato de permissão.

Permissão é o ato administrativo negocial, discricionário e precário, pelo qual o

Poder Publico faculta a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso de bens

públicos, à titulo gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela

administração. (MEIRELLES, 1994, p.335)

A permissão administrativa será outorgada contanto que sejam preenchida os

requisitos legais. E, não se pode olvidar que são Leis Munipais que especificam tais diretrizes

ou condições.

A resolução 335 de 03 de abril de 2003 do CONAMA, dispondo sobre o

licenciamento ambiental dos cemitérios (modificada pela Resolução 368 de 28 de março de

2006, estabelece que os cemitérios deverão ser submetidos ao processo de licenciamento

ambiental, nos termos desta Resolução, sem prejuízo de outras normas aplicáveis à espécie.

Ainda nesta, Art. 3 - § 1 É proibida a instalação de cemitérios em Áreas de

Preservação Permanente ou em outras que exijam desmatamento de Mata Atlântica primaria

ou secundária, em estágio médio ou avançado de regeneração, em terrenos

predominantemente cársticos, que apresentam cavernas, sumidouros ou rios subterrâneos, em

áreas de manancial para abastecimento humano, bem como naquelas que tenham seu uso

restrito pela legislação vigente, ressalvadas as exceções legais previstas.

Art. 8 o Os corpos sepultados poderão estar envoltos por mantas ou urnas constituídas

de materiais biodegradáveis, não sendo recomendado o emprego de plásticos, tintas, vernizes,

metais pesados ou qualquer material nocivo ao meio ambiente.

Page 29: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

29

Parágrafo único. Fica vedado o emprego de material impermeável que impeça a troca

gasosa do corpo sepultado com o meio que o envolve, exceto nos casos específicos previstos

na legislação.

Art. 9 o Os resíduos sólidos não humanos, resultantes da exumação dos corpos

deverão ter destinação ambiental e sanitariamente adequada.

Para o encerramento da atividade de sepultamento o Art.12 da Resolução diz que, o

empreendedor deve, previamente, requerer licença, juntando Plano de Encerramento da

Atividade, nele incluindo medidas de recuperação da área atingida e indenização de possíveis

vítimas.

Parágrafo único. Em caso de desativação da atividade, a área deverá ser utilizada,

prioritariamente, para parque público ou para empreendimentos de utilidade pública ou

interesse social.

Por fim, o descumprimento das disposições desta Resolução, dos termos das Licenças

Ambientais e de eventual Termo de Ajustamento de Conduta, sujeitará o infrator às

penalidades previstas na Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em dispositivos

normativos pertinentes, sem prejuízo do dever de recuperar os danos ambientais causados, na

forma do art. 14, § 1 o , da Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981.

2.1.7 Planejamento Municipal

Cada município é dotado de diferenças naturais e por isto deve-se levar em conta suas

particularidades na hora de se estabelecer diretrizes de ação. Por outro lado, não basta dispor

de uma legislação completa e perfeitamente adequada à realidade municipal se não houver

uma fiscalização que garanta sua aplicação, com vistas aos objetivos a que se propõe.

“Planejar é decidir o que fazer, e em que ordem de prioridade, tomando-se em consideração as

necessidades e os recursos disponíveis” (DPU/SURBAM,1988).

O planejamento visa estabelecer a organização das tarefas da prefeitura, a partir de

metas pré estabelecidas, ou seja, aquelas que normalmente, subsidiam a elaboração de planos

de governo. O Plano de Governo é o caminho para concretizar, no período de um mandato

governamental ou em período menor, as decisões-chave sobre os problemas municipais,

devendo-se inserir neste, os cemitérios.

Para um bom planejamento das ações da prefeitura, seja em que área for, as metas

estabelecidas nos Planos de Governo devem estar refletidas no orçamento e nestas metas

Page 30: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

30

acredita-se que as necrópoles merecem seu espaço pela complexidade de sua problemática,

envolvendo várias áreas da gestão pública.

A Constituição Federal de 1988 remeteu a prestação, responsabilidade e controle dos

Serviços Funerários e Cemiteriais à Administração Municipal que deverá através de Leis e

Licitações estabelecer as condições para que todos os Munícipes, independentemente, de

credo político, religioso, classe social ou cor tenham direito a um sepultamento digno e

respeitoso.

Em 1995 entrou em vigor na cidade de Erechim a Lei 2747 de 28 de novembro que

instituiu normas para a concessão de direito de uso do espaço físico das necrópoles

municipais. onde o prefeito da época Antonio Dexheimer, tendo o Poder Legislativo aprovado

sancionou e promulgou a seguinte Lei:

Art. 1º - A concessão de uso do espaço físico das necrópoles municipais, para o

sepultamento de pessoas ou organismos humanos, fica condicionado à observância das

seguintes regras:

a) O prazo de concessão de uso do espaço físico será de 20 (vinte) anos, contados da

data de sepultamento do "de cujus", mediante a remuneração de taxa prevista no Código

Tributário.

b) A concessão poderá ser renovada por mais 5 (cinco) anos e, sucessivamente,

mediante o pagamento de nova contribuição tributária.

c) O não recolhimento da taxa nos 180 (cento e oitenta) dias seguintes ao vencimento

da cessão de uso, libera a Municipalidade para transladar os restos mortais, ali sepultados,

para o ossuário universal, preservando-se apenas os dados de identificação, que serão afixados

no mural do mesmo.

Art. 2º - Os alvarás de concessão de uso do Cemitério Público Municipal, concedidos

até a data de 23 de dezembro de 1993, continuarão a ter validade, desde que os proprietários,

descendentes, ascendentes, parentes ou afins, dêem a devida conservação às sepulturas.

§ 1º - Será caracterizada a falta de conservação, quando as necrópoles estiverem

nitidamente abandonadas, com sinais característicos como:

a) alvenaria com rebocos avariados;

b) terreno tomado pela capoeira;

c) em véspera ou logo após o dia de finados, sem nenhum sinal de conservação, ou de

lembrança dos que já foram, ficando estes no esquecimento.

§ 2º - Em caso de inobservância das disposições supra, os interessados serão

notificados por correspondência, seguindo o endereço constante na Prefeitura Municipal, não

Page 31: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

31

encontrados, por edital com prazo de 30 (trinta) dias, para cumprimento, não o fazendo, os

restos mortais serão transladados ao ossuário universal.

Art. 3º - Anualmente, a partir de 1996, serão relacionados todos os sepultamentos que

completarem 20 (vinte) anos de ocupação do espaço físico, e os que não atenderem à

renovação da concessão, serão automaticamente transladados para o ossuário universal.

Art. 4º - Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará em vigor na data de

sua publicação.

Já em 12 de julho de 2006 O Prefeito Municipal de Erechim, Estado do Rio Grande do

Sul, no uso de atribuições conferidas pelo Artigo 64, Inciso V da Lei Orgânica do Município,

com a aprovação do Poder Legislativo, sancionou e promulgou à Lei nº 4004/2006 que

Consolida a Legislação, Regulamenta as Atividades, Uso e Prestação dos Serviços

Cemiteriais e Funerários no âmbito do Município. (Anexo 1).

2.2 Materiais e Métodos

2.2.1 Localização e caracterização da área de estudo.

Este trabalho foi conduzido no Cemitério Pio XII de Erechim – RS localizado sob as

coordenadas 27°38'23"S e 52°15'26"W na Avenida XV de Novembro, 1180 centro (Figuras 8

e 9).

Page 32: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

32

Figura 8: Mapa da Localização dos dois Cemitérios em estudo

Figura 9: Mapa via foto de satélite da Localização dos dois Cemitérios em estudo

O Cemitério PIO XII foi fundado em 1918, portanto a 93 anos de história contendo, 6

setores, 16 quadras, 107 filas e 2.596 gavetas mortuárias. Nestes anos, até 30 de maio

passado, foram sepultadas 42.567 pessoas nesta Necrópole. Só de 1º de janeiro a 30 de maio

de 2011 foram mais de 180 sepultamentos.

As Figuras 10 e 11 demonstram a entrada principal do Cemitério Pio XII bem com a

vista superior do mesmo.

Page 33: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

33

Figura 10: Entrada e Saída Principal do Cemitério

Figura 11: Vista Superior (foto aérea) do Cemitério Municipal Pio XII de Erechim

Localiza-se em uma das regiões mais altas da cidade, cercado de residências, escola e

pequenos pontos de comércio. É regido pela Lei nº 4.004, de 12 de julho de 2006. (Anexo1)

Em 2003 a cidade fez o recadastramento deste cemitério que foi a única forma

encontrada de obter-se dados confiáveis que permitam melhorar os serviços oferecidos e

detectar irregularidades cuja existência vem ocorrendo há dezenas de anos. Antes deste

Page 34: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

34

levantamento quadra a quadra pediu-se que as pessoas que tinham familiares sepultadas,

principalmente, aquelas cujos túmulos ou gavetas mortuárias não tem nome que se dirijam ao

Cemitério, levando consigo uma cópia Xerox do Alvará emitido pela Prefeitura ou então uma

cópia Xerox do Atestado de Óbito de seu parente. O não comparecimento, após um tempo,

perante autorização da Secretaria Municipal de Saúde e Prefeitura, permitiu que fossem

abertos este túmulos o que resultou em aproximadamente 4.000 mil sepulturas a mais para o

uso dos Erechinenses.

Com o recadastramento ao visitar o cemitério pode-se encontra o ente querido em

questão de segundos, todos os dados foram salvos num computador que quando necessário

identifica a quadra, o setor, a fila e o numero onde esta enterrado o falecido (Figura 12).

Figura 12: Organização do Cemitério PIO XII por quadras e setores

Após se passar cinco anos de sepultamento, faz-se a exumação dos corpos (translados)

demonstrada na Figura 13. A exumação consiste em condicionar os restos mortais, após a

decomposição natural dos tecidos, em uma caixa, geralmente de fibra ou em sacos. Este ato é

realizado por três motivos principais:

pela necessidade de liberar gavetas nos jazigos para novos sepultamentos;

pela necessidade ou opção de transferência de jazigos ou mesmo de mudança

de cemitério e,

por ordem judicial;

Page 35: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

35

Figura 13: Exumação de um Corpo

Figura 14: Ossuário de uma pessoa sepultada a mais de 5 anos resultantes da exumação

Os funcionários deste descartam os resíduos sólidos não humanos, resultantes da

exumação de corpos, (restos de caixão, roupas, véus, flores artificiais, coroas, etc) que

precisam ter destinação ambiental e sanitária adequadas, geralmente são retirados sem

nenhuma precaução em relação a EPIs diferentes, como, por exemplo: máscaras, luvas,

Page 36: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

36

uniformes e sapatos fechados. Assim também agem os pedreiros sem nenhuma proteção

cavando, construindo, etc.

Os resíduos, das sobras da exumação são carregados em caminhões da própria

Prefeitura da cidade e encaminhados ao aterro sanitário da mesma onde estes são queimados

ao ar livre.

Já os resíduos considerados orgânicos bem como os recicláveis, oriundos das flores

não artificiais, limpeza pública do local, restos de comidas dos funcionários, papeis, plásticos

entre outros, são separados acondicionados e lixeiras, latões (Figura 15) e recolhidos nos dias

específicos da coleta que ocorre na cidade.

Figura 15: Acondicionamento de Resíduos Sólidos nos Cemitérios

Além destes resíduos, os que são gerados por construções são depositados nos cantos

do cemitério. De tempo em tempo, são recolhidos por setores capacitados como tele -

entulhos.

Para manter a organização e a limpeza destes, cada familiar paga por mês uma taxa no

valor R$ 13,20 recolhida pelas funerárias e repassadas aos cemitérios. O não cumprimento

desta acarreta multa aplicada pela prefeitura e resulta em divida ativa.

Em geral é impossível a identificação da contaminação destas necrópoles uma vez que

não foram feitas análises de solo e água, porem conforme funcionários e vizinhança ao redor

em dias de calor o odor exalado por sepulturas recentemente fechadas se torna desagradável,

porem como fazem anos que ali residem acostumaram-se com a rotina.

Por fim ambos funcionários e vizinhança entrevistados acharam viável a divulgação

sobre os impactos ambientais que os cemitérios não sustentáveis causam para a população,

cobrando assim o cuidado com as sepulturas dos familiares e a mobilização pela regularização

dos mesmos, com base nas leis, ainda, funcionários exaltaram a preocupação em não terem

Page 37: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

37

tido estas informações que segundo eles não tinham conhecimento das contaminações que os

cemitérios poderiam causar no Meio Ambiente e que por muitas vezes ao exumar um cadáver

o solo se apresentava com aspecto “disforme”, e após o serviço sentiam coceira nas mãos

A cada construção de uma nova sepultura sejam elas gavetas ou túmulos é instalado

um dreno juntamente a um sumidouro normalmente no canto inferior direito de cada um

sendo as paredes revestidas de concretos e preenchimento no fundo de cascalho, pedra britada

e também se faz o uso de areia grossa (Figura 16). Estes tem a função de poços absorventes

filtrantes, recebendo os efluentes (necrochorume) e permitindo apenas a infiltração do liquido

no solo.

Figura 16: Caixa de Brita e areia e Sistema de Drenos em gavetas

Para as sepulturas já construídas mesmo há muitos anos atrás, o Cemitério Publico

aproveita a oportunidade e quando abertas para o sepultamento de um novo familiar, faz-se a

instalação deste sistema, o que não ocorre com as gavetas, estas recebem apenas o tubo dreno

que permite a percolação do necrochorume da primeira até a ultima gaveta em contato com o

solo.

Por fim, infelizmente é possível que se identifique que haja ou não uma contaminação,

isso somente pode se concretizar, se houverem avaliações e analises do solo e água a uma

profundidade relativamente alta uma vez que funcionários informaram que o cemitério já esta

Page 38: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

38

em sua segunda camada sepultante, ou seja, nos início do cemitério lá em 1918 uma parte já

existente teria sido aterrada para construção deste atual.

2.2.2 Coleta de dados

Os dados foram coletados através de análises documentais, aplicação de questionário

junto aos funcionários e diálogo informal.

Os questionamentos aplicados aos funcionários foram realizados devido a uma

conversa informal que deixou duvidas sobre o conhecimento de alguns parâmetros de

legislação, contaminação e encaminhamentos cotidianos de um cemitério. As abordagens

estão disponíveis no anexo 2.

As amostras de solo foram coletas com auxílio dos funcionários do cemitério, e o

acompanhamento do responsável e funcionário pelo mesmo. Para o processo de coleta,

utilizou-se uma pá e um trado holandês como mostra a Figura 17.

Figura 17: Trado Holandês

O trado utilizado é de formato caveira que com diâmetro de 63,5 mm, sendo as

amostras foram coletadas na profundidade de 15 cm.

As amostras foram coletadas a uma profundidade aproximada de 20 cm a 50 cm , por

não se ter parâmetros a serem seguidos e por sugestão sendo assim, cada amostra coletada foi

armazenada em sacos plásticos e recebeu identificação correspondendo à localização do ponto

de amostragem e a profundidade da coleta.

Page 39: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

39

Para evitar alterações nos resultados o trado era lavado com água destilada ao fim de

cada coleta de amostra.

A Figura 18 seqüencial abaixo, mostra os pontos de cada coleta realizada em uma

seqüência de ponto dois (P1), ponto dois (P2), ponto três (P3) e ponto quatro (P4). A fácil

identificação dos pontos se dá pelo motivo de que o cemitério me estudo está sobre um

terreno plano e ainda por estar em uma metragem perfeita de um quarteirão.

Figura 18: Amostragem dos pontos de coleta

Os pontos 1 e 2 foram coletados do lado direito de quem entra no cemitério pois esta é

a parte de construções e sepulturas mais antiga do mesmo e como visto a cima os pontos de

Page 40: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

40

coletas 4 e 5 tiveram uma localização de coleta ao lado esquerdo de quem entra no cemitérios

sendo esta a área mais recente do mesmo (Figura 19).

O ponto cinco (P5), foi coletado dentro da casa de armazenamento de resíduos

identificado na Figura 18, mais especificamente o solo desta amostra foi raspado com uma

colher de pedreiro debaixo de um fundo de caixão velho retirado durante um translado

chamado assim de Ponto Especial por estar diretamente em contato com o corpo e com o solo.

Figura 19: Demonstração da divisão exata das áreas de construções e sepulturas antigas e

recentes do cemitério

2.2.3 Procedimentos Laboratoriais

As determinações das propriedades físicas e químicas foram realizadas no Laboratório

de Ensinos da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Passo Fundo, tendo

como responsável a funcionária Marilda Ferreira dos Santos, já as análises microbiológicas

foram realizadas no CEPA (O Centro de Pesquisa em Alimentação da Universidade de Passo

Fundo) para as análises foram realizadas no primeiro laboratório aqui citado porém estes

foram lidos no Laboratório de Solos, Plantas, Adubos e Corretivos da Faculdade de

Agronomia.

Algumas análises tiveram umas mudanças em termos de quantidade, por

exemplo, apenas Matéria Orgânica e Metais foram analisados os 5 pontos em triplicata

(P1,P2,P3,P4 e PE), para as demais análises foi juntado o material total de coleta dos quatro

pontos em estudo por falta do mesmo e impossibilidade de maior coleta pelos responsáveis do

local de estudo.

Page 41: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

41

2.2.3.1 Determinação da Matéria Orgânica

A matéria orgânica provém da acumulação de plantas parcialmente destruídas e de

animais decompostos esta pode atingir dimensões coloidais (menores que 0,002 mm)

que, juntamente com a argila, constitui a parte ativa do solo. Segundo PINILLA

(1998) favorece a formação e estabilização de agregados, aumentando a porosidade, ela

também exerce grande influencia sobre microrganismo do solo como o tempo de permanecia,

pois é ela quem é fonte de nutrientes.

A porosidade por sua vez, favorecida pela M.O do solo facilita a infiltração da água e

a circulação do ar na zona radicular, promove a adsorção eletrostática de nutrientes catiônicos.

Constitui importante componente do solo, contribuindo de forma direta para o

aumento da fertilidade. Existem diversos métodos para quantificar o teor de matéria orgânica

no solo, o mais simples, seria a queima da matéria orgânica em uma mula (4h a 650). A

diferença da massa do solo antes e depois da queima seria a matéria orgânica (LUCHESE,

2002).

Para obtenção dos resultados da concentração de Matéria Orgânica no solo, foi

utilizado o Método de Tedesco, 1985, por solução Sulfocrômica com calor externo e

determinação espectrofotométrica.

2.2.3.2 Umidade do Solo

Segundo Sousa (2005 p. 29) “o movimento da água é mais lento e a retenção de água e

adsorção de soluto são maiores em solos de textura fina”, ou seja, os argilosos e estes por

suavez tem a capacidade de armazenar uma porcentagem maior de água que os arenosos

favorecendo a sobrevivência e microrganismos.

Com maior conteúdo de argila este diminui a permeabilidade do solo que é a

facilidade da água e o ar passar.Assim baixa permeabilidade e umidade alta ocorre a redução

da infiltração que pode fazer com que o necrochorume sofra um processo de digestão

anaeróbia podendo haver problemas com odor e aumento na proliferação de insetos

A umidade Segundo Pinilla (1998), é o parâmetro que mais influencia a eliminação de

microrganismo em qualquer tipo de solo. Assim o comportamento dos microrganismo podem

variar em regime de solo saturado e não saturado. Segundo Sousa (2005) o teor de umidade

do solo é responsável pelas modificações das trocas gasosas e pelo transporte de nutrientes

utilizados pelos microrganismo para seu crescimento, assim condições de baixa temperatura e

Page 42: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

42

umidade elevada favorecem a sobrevivência de bactérias. Pinilla (1998) citado por Santos

(2005) fez um trabalho que mostrou que a concentração mais elevada de coliformes fecais foi

onde a porcentagem de umidade corresponde a 18 %.

Assim como a obtenção da M.O, para a determinação da umidade do solo do

Cemitério Municipal Pio XII de Erechim – RS foi feito através do Método Tedesco 1985,

onde este foi secado em estufa a 105º C por 2 horas sendo o resultado deste a diferença de

pesagem do solo úmido e o seco, dividido pelo peso seco e multiplicando por 100%

.

2.2.3.3 Determinação do Ph

Para a sobrevivência dos microrganismos os valores do Ph, não podem ser extremos,

nem muito acido nem muito básico, pois Segundo Sousa (2005) este influencia indiretamente

na disponibilidade de nutrientes. Kiehl (1979) faz a seguinte colocação solo com Ph 4,0

contém ácidos livres como o acido sulfúrico. Abaixo de 5,5 contém alumínio trocável. A faixa

de Ph 7,8 a 8,2 indica a presença de carbonato de cálcio e, acima disso predomínio de Na+.

Pelo Método Tedesco foi feita a determinação de potencial hidrogeniônico (Ph), foram

diluídos 10g de solo em 10ml de água destilada para cada amostra, colocados no aparelho

denominado peagâmetro, o qual mede se o valor está acima ou abaixo de 7, que é considerado

um valor básico.

As análises de Ph foram feitas com a junção do material coletado nos 4 pontos de

estudos (p1, p2, p3, p4), infelizmente, pela impossibilidade se conseguir maior quantidade

deste material feito em triplicata de análise e chamado de ponto normal (PN). O ponto P.E,

também com análise em triplicata é o ponto especial oriundo das raspas debaixo do caixão.

2.2.3.4 Coliformes Totais e Fecais

Os “coliformes totais formam um grupo abrangente do qual se enquadram

a Escherichia, Citrobacter, Klebsiela, Enterobacter, Serratia e Hafnia e fermentam lactose em

24 horas a uma temperatura de 35º a 37º C” (WHO, 2004 citado por SOUZA, 2005 p. 70).

Os coliformes fecais são um subgrupo dos totais e sua principal diferença é que

fermentam lactose a 44,5 º C. O principal componente deste grupo é a Escherichia Coli.

Segundo os referidos autores, a maioria das bactérias deste subgrupo pode ser

encontrada na ausência de poluição fecal com exceção da Escherichia Coli,que é considerada

o indicador de contaminação fecal mais adequado por ser uma espécie encontrada em número

Page 43: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

43

elevado nas fezes de animais de sangue quente e na flora intestinal humana. Segundo Bitton

(1987) citado Burbarelli (2004) bactérias como E. coli e Salmonella typhosatem mostrado

maior sobrevivência durante as estações chuvosas, em solo com alta capacidade de retenção

de água como os argilosos, onde esses organismos podem sobreviver mais que 42 dias. De

acordo com a Cetesb (1996) citado por Matos (2001) as bactérias do grupo coliformes, apesar

de serem bons indicadores de contaminação fecal humana ou animal, não são tão resistentes

ao meio ambiente e podem ser inibidas na presença de outras bactérias

O solo é um dos melhores agentes naturais filtrantes que se conhece. O destino do

transporte dos microrganismos depende da capacidade do solo retê-lo. A maior remoção de

microrganismos se dá na superfície nos primeiros milímetros de solo, principalmente as

bactérias, que são microrganismos maiores em comparação

aos vírus. “Essa acumulação de microrganismos na superfície aumenta o poder de filtragem

do meio” (MATOS, 2001, p. 11).

As análises microbiológicas dos coliformes foram realizadas no laboratório do CEPA

(Centro de Pesquisa e Alimentação) pelo método da contagem de microorganismos adaptado

de Standard Méthods for the examination of water and wastewater, 2005 tendo como unidade

NMP/g.

2.2.3.5 Metais Pesados

Os teores naturais de metais pesados nos solos são fortemente influenciados pelo

material de origem (Davis, 1990; Ker et al., 1993). Em Latossolos originados de diferentes

rochas, como é o caso do solo encontrado na região de Erechim – RS, mais especificamente

no local de estudo (Cemitério Municipal da Cidade).

Ker et al. (1993) obtiveram teores de Pb entre 24 e 184 mg kg-1

. Melo (1998)

observou que os maiores teores totais de Cr (máximo de 115,1 mg kg-1

) estavam associados a

solos originados de rochas básicas.

Os caixões construídos de madeira não se apresentam como a principal fonte de

contaminação do solo, a menos que conservantes da madeira fontes de metais pesados,

principalmente Cr, ou à base de organoclorados, como o pentaclorofenol, estejam presentes.

Entretanto, madeiras não tratadas se decompõem rapidamente, permitindo uma rápida

disseminação de líquidos humurosos. Caixões de metal, normalmente não utilizados em

sepultamentos, podem causar contaminação do solo por Fe, Cu, Pb e Zn durante vários anos,

especialmente em solos com baixo pH (Spongberg & Becks, 2000). Contaminantes químicos,

Page 44: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

44

como As e Hg, usados em práticas de embalsamento de corpos com formaldeído, podem ter

sido responsáveis, no passado, pela contaminação do solo e da água em cemitérios.

Atualmente, constituem-se em fontes de contaminantes químicos o verniz e

conservantes da madeira e as partes metálicas dos caixões, como alças e adereços, que podem

liberar Pb, Zn, Cu, Cr e Ni e Fe (Spongberg & Becks, 2000).

Os resultados obtidos por esses autores em cemitério de Ohio, USA, mostraram que os

metais no solo estavam associados com os caixões de corpos sepultados desde o século XVIII.

Os solos apresentavam maiores teores de Fe, Pb, Cu, Zn, Cr na profundidade dos

sepultamentos.

Para determinação dos metais pesados presentes no solo, foi utilizado o método

conhecido como 3050B – U.S Environmental Protection Agency. Sendo Cr, Cu, Pb, Zn, Ba e

os metais analisados neste estudo no laboratório dos Solos da Agronomia.

2.2.3.6 Fósforo e Nitrogênio

A principal causa da poluição ambiental pelos cemitérios é o líquido liberado

intermitentemente pelos cadáveres em putrefação, denominado de necrochorume.

Na putrefação são liberados os gases funerários, principalmente o gás sulfídrico

(H2S), o dióxido de carbono (CO2), as mercaptanas, o gás metano (CH4), a amônia (NH3) e

o fosfina (PH3) – hidrato de fósforo, incolor e inflamável.

Atualmente vem sendo usada a técnica de tanatopraxia, que é a técnica de preparar,

maquiar e, restaurar partes do falecido, por meio de cosméticos, corantes, enrijecedores, etc.

O necrochorume pode veicular além de microrganismos oriundos do corpo, restos ou

resíduos de tratamento químicos hospitalares (quimioterapia) e os compostos decorrentes da

decomposição da matéria orgânica juntamente com esta técnica de tanatopraxia. Todos esses

contaminantes incorporados ao fluxo de necrochorume são prejudiciais ao solo e águas

subterrâneas.

Diante disto então, ocorre um aumento na presença de compostos inorgânicos que

impcatam o meio ambiente como é o caso do nitrogênio e do fósforo, na concentração de sais

(Cl-, HCO3, Ca+2, Na+) e conseqüentemente na condutividade elétrica, no pH e alcalinidade,

e dureza da solução do solo.

Para a análise da quantidade de fósforo e nitrogênio presentes no solo também foi

utilizado o método de Tedesco 1985.

Page 45: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

45

2.3 Resultados e Discussões

2.3.1 Matéria Orgânica no Solo.

Segundo Lopes (2005), quando um indivíduo vem a falecer ocorrem mudanças em seu

corpo. Ele passa a formar populações de microrganismos patogênicos como bactérias que

destroem a matéria orgânica formando um ecossistema dentro do corpo do defunto. Tornando

o local onde foi sepultado o corpo um risco potencial de contaminação a saúde pública e ao

meio ambiente.

Com a baixa da matéria orgânica no solo pode demonstrar a presença de bactérias no

solo decompondo a matéria ali existente (ENASA, 2008). Já alta quantidade de Matéria

Orgânica no solo favorece a produção de Nitrogênio e ainda a percolação do fósforo nos solo.

Veremos a seguir com as análises deste elementos se houve alguma influência da M.O no

concentração total de N e P nas amostras analisadas.

Os valores obtidos da quantidade de matéria orgânica no solo são resultado da equação

gerada na curva padrão (Figura 20).

Figura 20: Curva Padrão Matéria Orgânica e sua respectiva fórmula

Assim os valores encontrados são demonstrados na tabela II abaixo:

y = 170,4x

R² = 0,976

0

50

100

150

200

250

0 0,5 1 1,5

Co

nce

ntr

ação

Absorbância

Curva Padrão Matéria Orgânica

Série1

Linear (Série1)

Page 46: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

46

Tabela II: Valores Matéria Orgânica

MATÉRIA ORGÂNICA

P1 56,7

P2 61,3

P3 40,2

P4 47,8

PE 42,2

2.3.2 Umidade

Os microorganismos não podem se desenvolver na ausência de água, sofrendo

igualmente a influência da presença do ar atmosférico. Deste modo, em todo os casos, suas

atividades dependem preponderantemente da espessura do filme d’água. Elevados teores de

água no solo estimulam os processos anaeróbios, indicando que os processos oxidativos que

degradam a matéria orgânica se desenvolvem melhor nos solos relativamente seco.

O teor de água do solo afeta a temperatura deste, uma vez que a água possui um calor

específico mais alto que a maioria das substância sólidas. Os solos frios tendem a se

enriquecer em matéria orgânica, por ser mais lento o processo de decomposição.

Conforme análises geotécnicas realizadas junto a Universidade Regional Integrada do

Alto Uruguai e das Missões/URI – RS, este solo apresenta: granulometria com 75,58 % de

argila, 11,42 % de silte, 12,21 % de areia fina, 0,47 de areia media e 0,32 % de areia grossa;

enquadra-se como argila no gráfico triangular e apresenta média/baixa permeabilidade.

A reduzida permeabilidade destes solos não permite o arejamento das sepulturas

(prolongando o processo de putrefação) e em períodos chuvosos ocorre a saturação dos solos

o que propicia a saponificação dos corpos.

Segundo Dias apud Pacheco (1986 p. 52) “um cemitério em terra de argila pura com

este produto em elevada percentagem e sujeita a ação da umidade e das águas, é

absolutamente inadmissível. No entanto este solos impedem que os maus odores atinjam a

superfície.”

Conforme o Método de Tedesco os valores de umidade foram obtidos através da

equação (1), resultando então na porcentagem de umidade apresentada (tabela III).

𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =𝑝𝑒𝑠𝑜𝑠𝑜𝑙𝑜 ú𝑚𝑖𝑑𝑜 −𝑝𝑒𝑠𝑜𝑠𝑜𝑙𝑜𝑠𝑒𝑐𝑜

𝑝𝑒𝑠𝑜𝑠𝑜𝑙𝑜𝑠𝑒𝑐𝑜× 100 (1)

Page 47: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

47

Tabela III: Valores da umidade no solo em estudo

UMIDADE W%

Pontos Normais 0,42 42%

Ponto Especial 0,34 34%

Estes valores demonstram uma quantidade grande de umidade no material de estudo,

pouco mais de 40% deste é água, o que facilita a percolação dos contaminantes, vírus e

bactérias podendo além de contaminar e transportar pelo solo fazer com que cheguem ao

lençol freático.

2.3.3 Ph

Os excretas humanos provenientes do necrochorume podem conter quatro tipos

de organismos patogênicos: ovos de helmintos, protozoários, bactérias e vírus. Estes

organismos geralmente são excretados em grande número, dependendo da idade e estado de

saúde do indivíduo. A matéria fecal contém, em média, 109 bactérias por grama, não

necessariamente patogênicas, e, no caso de indivíduos infectados, 106 vírus por grama

(National of Sciences, 1977, apud Lewis, 1986).

Alguns autores com Gerba & Bitton, op.cit.; Yates, (1998 apud Matos, 2001)

ressaltam que as bactérias em geral, sobrevivem por mais tempo em temperaturas mais baixas,

em solos mais úmidos, com menor atividade microbiana, em ambiente levemente alcalino.

A presença de matéria orgânica e de cátions também pode prolongar a sobrevivência

por adsorção, em alguns casos. Os vírus são mais persistentes em ambiente mais úmido e em

Ph próximo a neutro que é o caso do PE, a amostra especial vinda debaixo da raspa do caixão

relacionando este valor a tabela de classificação utilizada pela Embrapa Trigo.

Tabela IV: Classificação para Ph no solo

CLASSES DE INTERPRETAÇÃO PARA ACIDEZ DO SOLO

Acidez

Muito elevada

Acidez

Elevada

Acidez

Média

Acidez

Fraca

Neutra Alcalinidade

Fraca

Alcalinidade

Elevada

> 4,5 4,5 - 5,0 5,1 -6,0 6,1 -6,9 7,0 7,1 - 7,8 > 7,8

FONTE: Embrapa Trigo

Page 48: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

48

Portanto em comparação com tabela de classificação de Ph da Embrapa Trigo com os

valores obtidos através da análise de Ph o (tabela IV), pode-se concluir que o solos em estudo

além de possuir um alto teor de umidade é considerado ainda alcalinidade fraca entre 7,1 –

7,8 que é favoráveis para a sobrevivência dos microorganismo, uma vez que em solos secos,

nenhuma bactéria sobrevive mais do que 20 dias bem como em solos ácidos, que este tempo

se reduz à dez dias. (LEWIS,1986).

Tabela V: Valores de Ph do solo

PH

Pontos Normais PN 6,9 Próximo a nêutro

Ponto Especial PE 7,11 Levemente alcalino

2.3.4 Coliformes Totais e Fecais

No intestino dos seres humanos e animais predomina em grande número os coliformes

fecais. Para se ter uma idéia, um indivíduo elimina, em média, 10 bilhões de coliformes fecais

por dia. Além dos coliformes, existem, no meio intestinal, outras bactérias, vírus, protozoários

e vermes, em números significativamente menores.

As análises laboratoriais indicaram a presença de coliformes totais e fecais nas

amostras analisadas (tabela VI).

Tabela VI: Valores para análises de coliformes

COLIFORMES

Pontos Normais Ponto Especial

Coliformes Totais 1.100 NMP/g 130.000 NMP/g

Coliformes Fecais Ausência Ausência

Coliformes Termotolerantes > 180 >180

De acordo com Pacheco (1986), os organismos suscetíveis de transmitir doenças

através da percolação pelo solo chegando a água são o Clostridium (tétano, gangrena gasosa,

toxi-infecção alimentar), Mycobacterium (tuberculose), enterobactérias como a Salmonella

(febre tifóide), Shigella (disenteria bacilar) e o vírus da hepatite A, sendo que os indicadores

Page 49: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

49

de contaminação usualmente utilizados são os coliformes, principalmente do grupo dos

coliformes fecais ou termotolerantes e os estreptococos.

Observa-se a ocorrência somente de coliformes totais e termotolerantes nas amostras

das sepulturas no cemitérios, sendo que a amostra especial vinda das raspas do fundo do

caixão mostra uma grande quantidade de coliformes totais.

Por fim segundo a Resolução do CONAMA nº 020/86, que estabelece um limite para

coliformes totais (CT) de 5000 NMP/g e para coliformes fecais (CF) de 1000 NMP/g. Com

isto nota-se apenas uma alta contaminação por coliformes totais na amostra especial que

ultrapassa o valor limite estabelecido pela norma uma vez que os valores dos coliformes

termotolerantes também ficaram abaixo do limite de 180 NMP/g.

2.3.5 Metais Pesados

Os valores obtidos para os metais seguiram o mesmo padrão de análise para o fósforo

e o nitrogênio bem com para Matéria Orgânica. Foi construído o gráfico com a curva padrão

de cada um dos metais analisados gerando assim a equação respectiva de cada um destes

gráficos (Figuras 21 à 23).

Figura 21: Curva Padrão do Zinco (Zn)

y = 0,011x - 0,455R² = 0,984

-2

0

2

4

6

8

10

12

0 500 1000

Co

nce

ntr

ação

Absorbância

Curva Padrão Zinco

Série1

Page 50: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

50

Figura 22: Curva padrão do Chumbo (Pb)

Figura 23:Curva Padrão Cobre (Cu)

Da equação gerada no gráfico conforme leitura no espectrofotômetro de absorbância e

concentração chegou-se a tabela VII com seus isolados valores.

Tabela VII: Valores dos resultados obtidos para cada um dos metais analisados

CONCENTRAÇÃO DE METAIS mg/kg

PONTOS ANALISADOS Ba Cu Cr Pb Zi

Ponto 1 0 72,5 0 68,4 272,5

Ponto 2 0 101,5 0 37,8 69,6

Ponto 3 0 140,0 0 60,7 107,4

Ponto 4 0 169,1 0 76,0 96,4

Ponto Especial 0 140,0 0 76,0 280,5

Foram determinadas as concentrações totais dos metais: bário (Ba), cobre (Cu), cromo

(Cr), chumbo (Pb) e zinco (Zn), que possuem valor de referência propostos pela Resolução

CONAMA nº 420/2009 mostrados na tabela VIII.

y = 0,229x - 0,156R² = 0,998

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

0 20 40 60

Co

nce

ntr

ação

Absorbância

Curva Padrão Chumbo

Série1

y = 0,035x - 0,082R² = 0,999

-2

0

2

4

6

8

10

12

0 100 200 300

Co

nce

ntr

ação

Absorbância

Curva Padrão Cobre

Série1

Page 51: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

51

Tabela VIII: Valores de referência para metais no solo

Metal

Valor de Referência

para solo (mg/kg)

Bário 150

Cromo 75

Cobre 60

Chumbo 72

Zinco 300

Fonte: Adaptado de CONAMA nº 420/2009 (Brasil, 2009).

Fazendo a comparação das análises com os limites estabelecidos pelo CONAMA

pode-se notar a alta presença do metal cobre (Cu) em todos os pontos de coletas podendo ser

oriundo dos adereços dos caixões uma vez que são gastos anualmente, pelos setores

funerários, uma quantidade de 827.060 litros de formol sendo impressionantes também os

números para o consumo de cobre, aço, concreto, plástico e tecidos sintéticos.

O cobre pode ser encontrado na natureza na forma elementar ou na forma de sais, na

crosta terrestre ou nos oceanos. A quantidade de cobre encontrada no corpo humano varia de

100 a 150 mg, e sua ingestão diária está entre 2 e 3 mg.

Nos seres humanos, Santana (2009) afirmou que a contaminação por cobre causa uma

disfunção genética conhecida como Doença de Wilson. O processo de contaminação

geralmente ocorre em feto cuja mãe apresenta altas concentrações deste elemento no

organismo. A Doença de Wilson provoca um acúmulo excessivo desse elemento essencial no

organismo.

Contudo, o cobre é considerado um elemento fitotóxico, isso por que é mais tóxico

para plantas do que para animais (Costa, 2005).

Os elementos bário e cromo, não foram encontrados na área de estudo, vindo apenas

como resultados das análises o valor referido a zero.

Já para o elemento zinco e o chumbo (Zn, Pb) os valores variaram de acordo com a

amostra sendo que o Chumbo apresentou apenas para as amostras P4 e PE, uma leve alta

concentração ultrapassando os valores estimados pela norma, já para o Zinco nenhuma das

amostras ultrapassaram os limites estimados na CONAMA 420/2009, porém chegaram

próximas a este valor as amostras (P1 e PE) com valores exatos de 272,5 mg/kg e 280,5

mg/kg.

O Zinco é utilizado em baterias, fertilizantes, aros e rodas de veículos, tintas, plásticos,

borrachas, em alguns cosméticos como pós e bases faciais e produtos farmacêuticos, como os

complexos vitamínicos (Moore e Ramamoorthy, 1984). A absorção excessiva do metal pelo

Page 52: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

52

organismo pode levar a um quadro de intoxicação, resultando em sintomas como vômitos,

diarréias e cólicas (Bona et al., 2007).

O chumbo por si é um metal tóxico, pesado,ele é usado na construção civil, baterias

de ácido, em munição, proteção contra raios-X e forma parte de ligas metálicas como é o caso

das alças dos caixões (Figura 24).

Figura 24: Adereços de metais presentes nos caixões

É um metal conhecido e usado desde a antiguidade. Suspeita-se que este metal já fosse

trabalhado há 7000 anos, utilizado pelos egípcios sendo parte de ligas metálicas devido suas

características e pelos romanos como componentes de tintas e cosméticos.

2.3.6 Nitrogênio e Fósforo

Na putrefação são liberados gás sulfídrico (H2S), dióxido de carbono (CO2), metano

(CH4), amônia (NH3) e mercaptanas (compostos que contêm enxofre, como a cadaverina e a

putrescina, responsáveis pelo cheiro de carne podre), além da fosfina (PH3), um hidrato de

fósforo incolor e inflamável.

Os compostos orgânicos degradáveis liberados no processo de decomposição dos

corpos estimulam a atividade microbiana no solo sob áreas de sepultamentos. Também

aumentam, no solo, o teor de compostos de nitrogênio e fósforo e o de sais (o que eleva a

condutividade elétrica) e o índice de acidez.

Através da curva padrão do fósforo como mostra Figura 25 obteve-se apartir equação

respectiva deste gráfico.

Page 53: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

53

Figura 25: Curva Padrão Fósforo e sua respectiva equação

Através da equação oriunda do gráfico pôde-se determinar a concentração total de

fósforo existente no solo em estudo (tabela IX).

Tabela IX: Valores obtidos de P no solo

FÓSFORO Mg/L

Pontos Normais 101,9

Ponto Especial 120,5

Os valores de nitrogênio obtidos em análises são resultados da equação (2) abaixo, e

em seguida tem-se do real valor para o Nitrogênio avaliado no solo (tabela X).

𝑁𝑚𝑖𝑛𝑒𝑟𝑎𝑙(𝑚𝑔𝐾𝑔−1) = 𝑚𝐿𝐻𝑎𝑚 −𝑚𝑔𝐻𝑏𝑟 ∗70∗2,5

5𝑔 (2)

Tabela X: Valores obtidos de N no solo

NITROGÊNIO mg/l

Pontos Normais 30,9 NH4+

22,4 NO3-

Ponto Especial 22,4 NH4+

24,85 NO3-

Buscando analisar os valores obtidos com valores permitidos no solo, foi seguido os

limites da Legislação (Estadual) que segundo Silvio Túlio Cassini professor do Programa de

Pós Graduação em Engenharia Ambiental da UFES fica entre 20 – 40 Mg/L. Isto prova a

y = 8,972x + 0,053R² = 0,996

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

0,000 0,100 0,200 0,300

Co

nce

ntr

ação

Abosorbância

Curva Padrão Fósforo

Série1

Page 54: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

54

grande quantidade de Nitrogênio no solo em estudo ressaltando aqui que o excesso de Matéria

Orgânica é a causa destas altas concentrações por gera NO3- que favorece a toxidez no solo

ultrapassando o limite estimado.

Solos com altos teores de argila, óxidos e M.O, faz com que o fósforo percole no perfil

deste solo podendo comprometer a qualidade destas águas, sendo que provavelmente a maior

contaminação ocorre pelo escorrimento superficial da água da chuva e pela erosão o que

resulta na eutrofização, fenômeno em que o ecossistema aquático é enriquecido por nutrientes

provenientes da lixiviação de fertilizantes de uso agrícola. A presença destes elemento no solo

favorece a superpopulação de microorganismos decompositores, com isso o nível de oxigênio

é reduzido acarretando a morte por asfixia das espécies aeróbicas, predominando assim

organismos anaeróbicos produtores dos gases H2S e CH4.

Após o nitrogênio orgânico ser mineralizado formando (NH4+)

, este por sua vez é

transformado em nitrato (NO3-) – nitrificação. Se estas transformações serem muito rápidas,

poderá haver muito mais nitrato no solo o dificulta a capacidade de absorção pelas plantas,

uma vez que o nitrato é fracamente adsorvido percolando com maior facilidade.

Altas concentrações de nitrato na água utilizada pelo consumo humano (>10mg\L-1

)

podem causar methemoglobinemia ou a síndrome do bebê azul (dificulta o transporte de

oxigênio na corrente sanguínea) que ocorre em crianças.

2.4 Medidas Mitigadoras e Possiveis Soluções

2.4.1 Cremação

Quem é engajado, ou seja, preocupado com as questões ambientais, deve se informar

sobre a forma como seu corpo deve ser tratado após a vida, qual a melhor saída, ser enterrado

ou cremado? – porque cada opção tem um impacto diferente.

Se a escolha for o enterro, há diversas providências que ficam a cargo do cemitério e

nada melhor do que escolher um lugar que siga critérios sustentáveis, ou seja, de não-agressão

ao verde.

Por exemplo: você sabia que os mortos não podem ser enterrados a qualquer

profundidade? Eles devem ficar longe do lençol freático, numa distância de, no mínimo, dois

metros, e é melhor que o solo não seja poroso. Caso contrário, os resíduos da decomposição

do corpo podem escorrer e contaminar a água que será distribuída e usada para beber, tomar

banho e várias outras coisas. Já pensou?

Page 55: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

55

Esse líquido que é resultado da decomposição do corpo chama-se chorume – você já

deve ter notado a presença de um caldinho em alguns sacos de lixo com restos de alimentos.

No caso dos corpos humanos, essa mistura é ainda mais tóxica o necrochorume, porque é o

resultado de água, sais minerais e substâncias como a putrescina, e mais, cada cadáver de

adulto pode produzir entre 30 e 40 litros desse líquido.

A Cremação que pode ser uma saída sendo ela uma técnica funerária que visa reduzir

um corpo a cinzas através da queima do cadáver. O método comum no mundo ocidental é a

cremação do cadáver em crematórios.

A cremação pode ser um funeral ou um rito pós-funeral e é uma alternativa que

oferece menos riscos ambientais que o sepultamento do corpo em covas.

No Brasil exige-se que a pessoa registre em cartório o desejo de ser cremado, ou então

que o parente mais próximo requisite o serviço. Já a disposição final das cinzas é livre,

podendo ser conservadas em jazigos perpétuos particulares ou urnas no cemitério (Figura 26),

ou ainda existem pessoas que levam para casa e a guardam em locais apropriados.

Figura 26: Urnas para depósito das cinzas de cremação

Porem a alta temperatura da cremação vindas dos fornos de cremação (Figura 27)

queima muito combustível e emite dióxido de carbono na atmosfera, o principal gás de efeito

estufa. A cremação também libera no ar o mercúrio das obturações dentárias do finado e

ainda, o formaldeído e outras substâncias tóxicas que as funerárias usam para preparar os

corpos para o enterro possam "acabar contaminando o ambiente ao redor dos cemitérios"

(Revista, AmericanChemical Society, dos Estados Unidos)

Page 56: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

56

Figura 27: Forno de cremação

Com estas preocupações, existem saídas as quais poderiam livrar o meio ambiente de

mais esses impactantes efeitos. Engenheiros europeus desenvolveram dois métodos inusitados

de eliminação do corpo: o primeiro é um método de cremação de baixa temperatura, e o

segundo é um método mais ecológico do que o tradicional enterro, transformando

rapidamente o corpo em uma espécie de adubo.

A cremação de baixa temperatura substitui a queima do combustível e o calor por uma

substância alcalina altamente corrosiva, que literalmente dilui o corpo.

Como a temperatura utilizada neste novo processo é 80% menor do que a temperatura

da cremação padrão, o processo usa menos energia e produz menos emissões de dióxido de

carbono.

Outra alternativa para quem fizer a escolha da cremação é a utilização de um “caixão

de aluguel” onde somente uma cápsula interna podendo ser de papelão reciclado entre no

forno crematório, há ainda a opção por caixões de vimes ou madeira reflorestada como o

pinho e no interior destes só se pode utilizar vernizes à base de água e, no lugar de pregos,

cola branca e um sistema de encaixe manter as partes unidas. Aparte interna é feita de fibras

naturais, como o algodão.

2.4.2 Compostagem Póstuma

Método, que substitui o enterro tradicional, uma espécie de compostagem do cadáver.

O processo começa com o congelamento do corpo em nitrogênio líquido, quebrando-o em

pedaços menores.

Page 57: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

57

A seguir, os restos são secos por um processo chamado liofilização, por meio do qual

a água congelada sublima-se, passando diretamente da fase sólida para gasosa.

Finalmente, o que sobrou é colocado dentro de um caixão biodegradável para o

enterro, e o ambientalista liofilizado pode descansar duplamente em paz - consigo e como

meio ambiente.

2.4.3 Cemitérios Ecológicos e Sustentáveis

Se a opção for o tradicional enterro, há soluções que ajudam a minimizar os impactos

causados ao meio ambiente com os pouco conhecidos cemitérios sustentáveis que classifica-

se como sendo aquele que cumpre integralmente as Resoluções CONAMA 335/03 e a 402/08

(Anexo). Alguns parâmetros importantes são: se possuem Licenciamento Ambiental, se existe

sistema de coleta/drenagem do necrochorume, se a área de fundo das sepulturas mantêm uma

distância mínima de 1,5m, se a área de sepultamento mantém a distância de 5m em relação ao

perímetro do cemitério, entre outros.

Para nós Brasileiros o assunto ainda é novidade, mas já existem cemitérios chamados

de ecológicos há muitos anos. Impressiona a quantidade de locais nos Estados Unidos e na

Europa. Isto é prova mais do que concreta da aceitação desta modalidade de funeral ecológico

ou enterro natural, como também é chamado. Esta opção é uma forma das pessoas darem

continuidade, até o fim, à sua opção de compromisso com o Meio Ambiente. As vantagens

são muitas. A primeira refere-se ao formol que pode contaminar lençóis freáticos, pois os

enterros naturais não utilizam a técnica de embalsamamento.

Normalmente, são gastos anualmente, pelos setores funerários, uma quantidade de

827.060 litros de formol. Os diversos números também impressionam, com o consumo de

cobre, aço, concreto, plástico e tecidos sintéticos. Outra vantagem é econômica já que os

cemitérios ecológicos são implantados, em sua maioria, em zonas rurais, de valor territorial

reduzido. O preço das urnas e caixões ecoamigáveis também é muito menor, dada a utilização

de materiais baratos e sem metais.

Nos cemitérios verdes não se planta grama, deixando-se a vegetação natural e árvores

nativas. As lápides podem ser de bambu ou outro material degradável e também de pedra

natural, sem polimento. Os modelos são variados e os materiais também, usando bambu, folha

de bananeira, papel cartão ou papelão, folhas da planta pandanus, madeira de pinheiros e

folhas de salgueiro, dentre outros (Figuras 28 e 29).

Page 58: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

58

O interior do caixão é feito de fibras naturais, como o algodão alem de ser utilizado o

invólucro protetor composto absorvente de celulose e gel, atua no processo de sucção e

contenção das partículas danosas, com o objetivo de evitar contaminação do lençol (aqüífero)

freático pelo necrochorume, subproduto resultante da decomposição do organismo humano de

forma natural direta ou indireta. A medida evita o vazamento do líquido presente na

decomposição de cadáveres: o necrochorume.Uma vez que cada corpo produz diariamente

200 mililitros de necrochorume, por pelo menos seis meses e trata-se de um escoamento

viscoso, acinzentado, e que, com a chuva, pode atingir o lençol de água subterrânea de

pequena profundidade e outras regiões próximas aos cemitérios.

Figura 28: Esquema de um enterro comum e o natural

Figura 29: Cemitérios e caixões ecologicamente corretos.

Page 59: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

59

3 CONCLUSÕES

Pode-se fazer uma analise crítica de como tem sido tratadas as necrópoles dentro das

cidades, a partir de seus diferentes aspectos, em busca de um despertar para o enfrentamento

da questão CEMITÉRIO X MEIO AMBIENTE, onde este compõe o conjunto de recursos

necessários ao encaminhamento sustentável das requisições sócio-ambientais, devendo ser

tratado para além de mitos e subjetividades, como uma questão política e técnica da gestão

urbana nas cidades.

A preocupação maior em um cemitério é com a possibilidade de contaminação, já que

como comprovado neste trabalho, um cadáver pode espalhar, através do necrochorume,

microorganismos patogênicos da sua causa mortis, pelo ar, água ou solo;

Conseguiu-se ainda verificou que os problemas mais graves estão relacionados à falta

de manutenção das sepulturas, começando lá na sua construção e no presente identificasse que

parte delas estão destruídas, outras apresentam rachaduras, erosão em sua base,

comprometendo o estado do solo e do lençol freático devido a infiltração de água;

A contaminação do solo foi comprovada pelas análises feitas, no entanto, trata se de

uma contaminação leve podendo ser revertida ou diminuída. O que pode ser agravado pela

causa mortis e os fenômenos físico – químicos.

Infelizmente a contaminação do solo em estudo tem favorecimento da matéria

orgânica bem como as características deste solo considerado argiloso. A reduzida

permeabilidade destes solos não permite o arejamento das sepulturas (prolongando o processo

de putrefação) e em períodos chuvosos ocorre a saturação dos solos o que propicia a

saponificação dos corpos.

Segundo Dias apud Pacheco (1986 p. 52) “um cemitério em terra de argila pura ou

com este produto em elevada percentagem e sujeita a ação da umidade e das águas, é

absolutamente inadmissível.

O elemento cobre (Cu) considerado um metal pesado é o que esteve presente em maior

concentração nas análises realizadas o que traz grandes preocupação uma vez que apresenta

como efeitos para saúde, alterações no sangue e na urina, ocasionando doenças graves e em

alguns casos, invalidez total e irreversível, ocasiona problemas respiratórios, provoca

alterações renais e neurológicas.

Page 60: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

60

Apesar de menos agressivo na água do que no ar, depositado nos ossos, musculaturas,

nervos e rins, provoca estado de agitação, epilepsia, tremores, perda da capacidade intelectual

e anemia.As principais alterações são no desenvolvimento cerebral das crianças, podendo

provocar o idiotismo. Já no meio ambiente polui o solo, a água e o ar e desta forma

contamina os organismos vivos, devido a seu efeito bioacumulativo,em toda a cadeia

alimentar (trófica).

Já a matéria orgânica em excesso é a causa das altas concentrações por gera NO3- que

favorece a toxidez no solo ultrapassando o limite estimado.

Solos com altos teores de argila, óxidos e M.O, faz com que o também o elemento

fósforo percole no perfil deste solo podendo comprometer a qualidade destas águas, sendo

que altas concentrações de N e P na água utilizada pelo consumo humano (>10mg\L-1

) podem

causar methemoglobinemia ou a síndrome do bebê azul (dificulta o transporte de oxigênio na

corrente sanguínea) que ocorre em crianças.

Ainda pode - se detectar que os resíduos produzidos no cemitérios pela exumação de

cadáveres e possivelmente com alguma contaminação não têm destinação adequada de acordo

com a legislação e, além disso, permanecem por tempo indeterminado armazenados em locais

impróprios dentro do cemitério, e o que piora a situação após este tempo são queimados no

aterro sanitário do Município;

Para que os danos à saúde ambiental possam ser amenizados, faz-se necessário para

uma melhora na qualidade de vida da população, a mobilização da sociedade como um todo

para se cobrar dos governantes, ações em todas as áreas e atividades das cidades que estejam

interferindo nesta qualidade, começando pela qualidade do ensino, pelo trabalho de educação

ambiental e conscientização da população, no caso dos cemitérios, dos problemas que a

cidade enfrenta com cada ser humano que morre. Urge discutir ações conjuntas, com

participação popular, de estratégias que poderiam amenizar estes impactos, trabalhando

também, as representações da população, que vê estes empreendimentos como “áreas

degradadas”, tétricas, perigosas, “estranhas”, assustadoras, ou pior, nem as enxergam.

E por fim para que haja estas melhorias é necessário o cumprimento das leis que

regem o tema em estudo pela sua suma importância uma vez que no Município não há

nenhuma preocupação com as exigências da legislação pertinente atual, onde se faz necessário

a regularização através de licença de instalação e licença ambiental de operação.

Page 61: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLÍVAR, A. M. Avaliação da ocorrência e do transporte de microrganismos no aqüífero

freático do Cemitério de Vila Nova Cachoeirinha, Município de São Paulo. Tese de

Doutorado, Instituto de Geociências, USP- São Paulo, SP. 2001 BRASIL.

Resolução CONAMA, nº 368, de 28n de março de 2006. Modifica a Resolução nº 335, de abril

de 2003. Acesso em Nov. de 2011.

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, nº 335, de 03 de abril de 2003. Modifica a

Resolução nº 335, de abril de 2003. Acesso em Nov. de 2011. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res03/res33503.xml. Acesso em 04 de outubro de 2012.

Constituição Federal Brasileira de 1988 (Coord.) Giselle de Melo Braga Tapai, 7ª. ed. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

MIGLIORINI, R.B. Cemitérios como fonte de poluição em aqüíferos: estudo do Cemitério

Vila Formosa na Bacia Sedimentar de São Paulo. 1994. 74 f. Dissertação (Mestrado) – Curso

de Mestrado em Recursos Naturais e Hidrogeologia, Instituto de Geociências, Universidade

de São Paulo, São Paulo, 1994.

DELMONTE, C. Putrefação e suas consequências para o meio ambiente. São Paulo. Palestra

proferida no Primeiro Seminário Nacional Cemitério e Meio Ambiente. 1995.

FELICIONI, F. et al. A ameaça dos mortos: cemitérios põem em risco a qualidade das águas

subterrâneas. São Paulo: Maxprint, 2007.

JUSBRASIL. Lei 2747/95 | Lei nº 2747 de 28 de novembro de 1995 de Erechim. Disponível

em: <http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/368620/lei-2747-95-erechimrs>. Acesso em 11 de

novembro de 2012.

NASCIMENTO. C. Sustentável Mundo Novo. Disponível em:

http://sustentavelmundonovo.blogspot.com/2009/08/cemiterio-ecologico.html. Acesso em

17/10/2012

Page 62: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

62

PACHECO, A.; MENDES, J.M.B. Cemitérios e Meio Ambiente. Revista Tecnológica do

Ambiente. Lisboa, Portugal, ano 7, n.33, p.13-15. 2000.

Os cemitérios como risco potencial para as águas de abastecimento. Revista do Sistema de

Planejamento e Administração Metropolitana, São Paulo, n. 17, ano IV, p. 25-31, 1986.

MILARÉ , E. Cemitério e Meio Ambiente. Texto apresentado Funerária Brasil 97. São Paulo

1997.

REVISTA C. HUMANAS. Análise Ambiental dos Cemitérios: Um Desafio Atual para a

Administração Pública. Vol. 6, nº 1, p. 127 – 144, Jan/Jun. 2006.

ROMANÓ, Elma Nery. Instituto Ambiental do Paraná, Ponta Grossa-PR. Cemitérios: passivo

ambiental medidas preventivas e mitigadoras. Disponível em:

http://www.sobrade.com.br/eventos/2005/visinrad/palestras/elma_romano_cemiterio. Acesso em

18/10/2010.

SILVA, R. W. C e FILHO, Walter M. Cemitérios: Fonte de Contaminação. Ciência Hoje.

Vol.44 nº 263. páginas 24-29. Setembro de 2009.

JORNAL ZERO HORA. Porto Alegre: Ano 2 nº 82. Segunda - feira, 19 de set. de 2011

TRINDADE, Fábio Remedi e Alcindo Neckel. Meio Ambiente e Cemitérios. Editora

Passografic. Libri – Passo Fundo, 2012.

ANJOS, R. M. Cemitérios: uma ameaça à saúde humana. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 24., 02-07 setembro 2007, Belo Horizonte.

Anais... Belo Horizonte: ABES, 2007.

FIÚZA, Sergio L.; VIOTTI, Luiz F.; GRIFFO, Luiz H. M. Tanatopraxia: teoria, prática e

legislação. Belo Horizonte: O Lutador, 2003. 200p.

EMBRAPA CLIMA TEMPERADO. Ministério da Agricultura. Fertilidade do solo:

Procedimento para coleta de amostras. Laboratório de Fertilidade do Solo da Embrapa Clima

Temperado. Disponível em: <http://www.cpact.embrapa.br. Acesso em: 20 out. 2012.

Page 63: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

63

ANEXOS

Estado do Rio Grande do Sul

MUNICIPIO DE ERECHIM

PREFEITURA MUNICIPAL

Praça da Bandeira, 354

Fone: (54) 3520 – 7000

99700-000 Erechim – RS

LEI Nº 4.004, DE 12 DE JULHO DE 2006.

Consolida a Legislação, Regulamenta as Atividades, Uso e

Prestação dos Serviços Cemiteriais e Funerários no âmbito

do Município de Erechim; Altera e Revoga Leis.

O Prefeito Municipal de Erechim, Estado do Rio Grande do Sul, no uso de atribuições

conferidas pelo Artigo 64, Inciso V da Lei Orgânica do Município:

Faço saber que o Poder Legislativo aprovou, e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei:

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Os Serviços Cemiteriais e Funerários, no âmbito do Município de Erechim, são

considerados de interesse público e poderão ser prestados, em todo ou em parte, pela

iniciativa privada, por livre prestação, mediante autorização expedida pelo Município, através

de alvará de localização.

§ 1º A autorização, respeitada a presente lei e o Plano Diretor, será fornecida mediante

Termo de Compromisso de que a autorizada desenvolverá os serviços cumprindo as

disposições da presente Lei, sob pena de cancelamento.

Page 64: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

64

§ 2º Fica criado o Sistema Funerário do Município de Erechim, que será composto

por:

I - Empresas funerárias autorizadas, com sede no Município de Erechim;

II - Capelas funerárias públicas e privadas;

III - Empresas funerárias com sede em outros municípios para serviços esporádicos no

município de Erechim, desde que com sede no Município em que ocorreu o óbito e tenha

efetuado o translado a Erechim;

IV - Os cemitérios públicos e privados do município de Erechim;

V - A comissão municipal dos serviços funerários;

VI - Os hospitais públicos e privados e casas de saúde do município de Erechim;

VII – DML;

VIII – Plano de Assistência Funeral;

VIX – Comissão Municipal de Serviços Funerários encarregada da orientação e

fiscalização dos serviços.

CAPÍTULO II

DAS COMPETÊNCIAS

Art. 2º As competências de cada Órgão Público Municipal relacionadas aos serviços

funerários serão fixados por Decreto.

TÍTULO II

DOS CEMITÉRIOS

CAPÍTULO I

DISPÕE SOBRE CEMITÉRIOS MUNICIPAIS OU PRIVADOS

SEÇÃO I

CEMITÉRIOS MUNICIPAIS OU PRIVADOS

Art. 3º Os Cemitérios Municipais e os Privados são áreas de uso especial destinadas à

inumação de pessoas e, por sua natureza, locais livres a todos os cultos religiosos, cuja prática

não atentem contra a Lei e a moral, sendo local de absoluto respeito.

Parágrafo Único. As inumações serão feitas sem indagação da crença religiosa ou

política do(a) falecido(a).

Art. 4º Sempre que possível, os Cemitérios municipais, existentes, serão divididos em

Ruas, Setores, Quadras, Filas e Número de identificação de túmulos, jazigos ou gavetas, para

permitir a identificação e localização das pessoas sepultadas independentemente dos livros de

registros de inumações e exumações.

Page 65: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

65

Parágrafo Único. Os Cemitérios Municipais farão a adequação das respectivas áreas ao

previsto no caput deste artigo.

Art. 5º Para a aprovação da implantação de novos Cemitérios ou Necrópoles

pertencentes a Empresas Privadas deverão ser respeitados os seguintes itens básicos e

indispensáveis:

I – Atender às disposições do Plano Diretor;

II – Submeter o Projeto, antes de sua aprovação, à apreciação do Conselho do Plano

Diretor, após parecer de técnico do Município;

III – Obter, antes de sua aprovação, os licenciamentos ambientais junto aos Órgãos

competentes;

IV -Somente será permitida a construção de cemitérios-parques, que se caracterizam

pela predominância de áreas livres em relação às destinadas a inumações.

V – As áreas destinadas a cemitérios não poderão apresentar superfície inferior a 5

(cinco) e nem superior a 10 (dez) hectares.

VI – Os acessos de cemitérios deverão atender às seguintes condições:

a ) Observar afastamento de 200 metros de qualquer cruzamento de sistema viário

principal , existente ou projetado.

b) Possuir uma área de estacionamento externa com capacidade mínima de 50

veículos.

c) Possuir entrada para veículos, pavimentada com largura mínima de 8 metros, ligada

à via periférica.

d) Dispor de sinalização adequada que facilite a orientação de visitantes e o tráfego

interno de veículos.

e) Além da faixa de isolamento periférico, os cemitérios deverão apresentar,

obrigatoriamente os seguintes setores: Núcleo Administrativo, Núcleo de Serviços e Área de

sepultamentos.

§ 1º Os cemitérios deverão apresentar, em todo o seu perímetro, uma faixa de

isolamento de, no mínimo, 10 (dez) metros de largura. A faixa de isolamento poderá ser feita

com a construção de muros ou por uma faixa de arborização e vegetação adequada, de modo a

propiciar o bloqueio visual das áreas de sepultamentos a partir de logradouros e imóveis

circunvizinhos.

§ 2º O Núcleo Administrativo deverá ter as seguintes dependências: Capelas

Mortuárias ardentes, sala de estar para familiares e sanitários; sala para visitantes, gabinete

para oficiante, portaria, pequeno depósito e copa, além de sanitários para ambos os sexos;

Page 66: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

66

conjunto de dependências para escritório, local de atendimento ao público, dependências para

o Zelador; local para venda de flores, lancheria e área para estacionamento, interno, para no

mínimo 30 (trinta) veículos e ligado à(s) via(s) pública(s).

§ 3º O Núcleo de Serviços deverá ter as seguintes dependências: Oficina de Serviços,

depósito de materiais, sanitários e vestiários para operários e segurança, depósito de material

de jardinagem, local para estacionamento de veículos de carga.

§ 4º O Cemitério deverá ter zeladoria ou segurança permanente.

Art. 6º É obrigação dos cemitérios públicos e particulares do município de Erechim:

I- Apresentar, até o quinto dia útil do mês subseqüente , a relação das inumações

realizadas, contendo o nome do “de cujos”, data do óbito, local de origem, nome da empresa

que realizou o serviço fúnebre, com documentos de translado, quando for o caso.

II – Manter afixada, em local de fácil acesso aos usuários, relação padrão das empresas

habilitadas a prestar serviços funerários nesta cidade.

Art. 7º É proibido aos Cemitérios indicar empresas funerárias.

Parágrafo único. A infração deste dispositivo implicará multa de R$ 2000 (dois mil),

dobrando-se o valor a cada reincidência.

SEÇÃO II

DOS SEPULTAMENTOS NOS CEMITÉRIOS MUNICIPAIS OU PRIVADOS

Art. 8º Os sepultamentos serão efetuados somente com a entrega de:

I – Certidão de Óbito;

II – Cópia, destinada ao Cemitério, da Guia de Autorização para liberação e

sepultamento de corpos (GALSC), emitida pelo Órgão Municipal competente;

III – Comprovação do pagamento ou isenção das Taxas previstas no Código Tributário

Municipal.

IV – Quando for o caso, Procuração para os fins específicos da inumação.

Parágrafo Único. As Empresas Funerárias deverão comunicar à Administração dos

Cemitérios, obrigatoriamente, a hora do sepultamento, com 08 (oito) horas de antecedência,

ressalvadas as exceções previstas no Art. 9º.

Art. 9º É proibido realizar qualquer sepultamento antes de decorrido o prazo de 12

(doze) horas, contado do momento do falecimento, excetuando-se:

I – Quando a causa da morte for moléstia contagiosa ou epidêmica.

II – Quando o cadáver apresentar inequívocos sinais de putrefação.

III – Nas hipóteses previstas nos art. 78 e 83, da Lei 6015/73.

Page 67: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

67

Parágrafo Único. Nenhum cadáver poderá permanecer insepulto, no cemitério, se o

óbito tiver ocorrido há mais de 36 (trinta e seis) horas, salvo quando o corpo estiver

embalsamado ou em ocorrência de determinação judicial ou policial competente ou da

Secretaria Estadual da Saúde.

Art. 10. Os sepultamentos serão sempre individuais, excetuando-se quando se tratar de

mãe e filho natimorto, que poderão ser sepultados juntos.

Art. 11. Nenhum corpo de pessoa falecida poderá ser liberado por Hospitais, Clínicas,

Departamento Médico Legal ou de residências para translado, velório ou inumação, sem

atender a legislação federal e estadual atinente à matéria, notadamente sem o

acompanhamento da Declaração de Óbito ou determinação Judicial.

§ 1º Nenhum sepultamento será feito sem a entrega da Certidão de Óbito, fornecida

pelo Registro Civil.

§ 2º Poderá, no entanto, o sepultamento ser feito mediante determinação da autoridade

Judicial, ficando com a obrigação do registro posterior ao óbito, em cartório, com remessa de

cópia à Administração do Cemitério para arquivo.

§ 3º Na remota impossibilidade de se conseguir a Certidão de Óbito, esta poderá ser

substituída, excepcionalmente, por Termo de Compromisso assinado pelo responsável pelo

falecido(a), acompanhado da Declaração de Óbito emitida e assinada pelo Médico assistente

do falecido. Este documento terá validade máxima de 15 (quinze) dias, depois das quais

deverá ser substituído pela documentação legal.

Art. 12. A transladação e sepultamento de cadáveres obedecerão às seguintes normas:

I - O interessado, para transladação de cadáver e restos mortais, deve requerer ao

Município, fazendo constar o nome da pessoa falecida, a data do óbito, a causa mortis e o

lugar onde será sepultada;

II - O requerimento, para a emissão da GALSC e/ou GEMTC, deve ser acompanhado

da respectiva certidão de óbito;

III - Todo cadáver que vier transportado de outros Municípios, Estados ou Países, deve

ser transportado em caixão de zinco e estar hermeticamente fechado. No caso da morte ter

sido por doença transmissível, a exigência do caixão de zinco, em hipótese alguma, poderá ser

dispensada;

IV - Se o cadáver tiver que permanecer insepulto por menos de 24 (vinte e quatro)

horas, a juízo da autoridade sanitária, poderá ser dispensado o caixão de zinco, desde que a

causa da morte não tenha sido doença transmissível, e que as condições do corpo permitam o

transporte em caixa de madeira;

Page 68: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

68

V - Se o cadáver a ser transladado permanecer insepulto por mais de 24 horas, é

obrigatório o embalsamento do mesmo.

SEÇÃO III

DA ESCRITURAÇÃO DE INUMAÇÕES, EXUMAÇÕES E OUTRAS NAS

NECRÓPOLES, CEMITÉRIOS MUNICIPAIS E PRIVADOS.

Art. 13. Além dos livros exigidos pela legislação fiscal e outros, cada Cemitério,

Público ou Privado, deverá ter, obrigatoriamente, os seguintes livros:

I – Livro Registro de Sepultamentos;

II – Livro de Registro de Cremações (quando for o caso);

III – Livro de Registro de Ossuário, inclusive o ossuário universal, característico de

Cemitérios Municipais;

IV – Livro de Registro de Exumações;

V – Livro de Cadastramento das Sepulturas, Jazigos e Gavetas;

VI – Livro de Escrituração Contábil da receita e despesas (para cemitérios privados);

VII – Talonário de Recibos e controle contábil (Cemitérios Privados);

VIII – Livro de Registro de Reclamações e ocorrências;

IX – Livro Tombo.

§ 1º Todos estes Livros deverão ser aprovados pelo Município, autenticados, mediante

Termo de Abertura e Encerramento, rubricadas e numeradas todas as folhas. O Município

poderá autorizar, a seu juízo, e mediante requerimento da Administração dos Cemitérios

Municipais ou Privados, a substituição dos Livros por sistema de informática que garanta a

fidelidade dos dados de registros que devem constar nos livros.

§ 2º Constará, nos Livros de Registro de Inumações e no de Exumações, os seguintes

dados:

a) Nome da pessoa sepultada;

b) Data de nascimento e falecimento;

c) Número da certidão de óbito;

d) Nome do(s) cessionários do local da inumação;

e) Endereço do(s) cessionário(s);

f) Município ou local de origem;

g) Estado;

h) Tipo de sepultura;

i) Número da sepultura;

Page 69: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

69

j) Número da fila;

l) Número da quadra e setor;

m) Número da guia;

n) Indicação do sepultamento perpétuo ou temporário.

§ 3º No livro de Exumações ficarão os mesmos dados da GUIA GEMTC, cujas

discriminações constam no artigo 14º.

§ 4º Os Registros nos Livros, ou em outros sistemas de Registro, serão escritos por

extenso, sem abreviaturas, sem emendas, entrelinhas, borrões ou substituições de qualquer

natureza.

§ 5º O Livro de Registro de Reclamações e Ocorrências deverá ficar à disposição do

Público, em lugar visível, com indicação de sua existência, e servirá para anotações das

deficiências, recomendações e contribuições na prestação se serviços apontados pelos

usuários.

Art. 14. Ficam criadas a GALSC - Guia de Autorização para Liberação e

Sepultamento de Corpos e a GEMTC - Guia de Exumação, Movimentação e Traslado de

Corpos a serem emitidas pelo Município.

§ 1º A Administração Municipal terá o prazo de 120 ( cento e vinte ) dias para a

implantação e rotinização do previsto no caput deste artigo.

§ 2º O Município arbitrará os mecanismos necessários para que os formulários de

Declaração de Óbito, utilizado fora do expediente ou em dias de feriados, sejam entregues

diretamente a médicos devidamente identificados.

§ 3º Cabe à Polícia Civil expedir autorização de translado de cadáveres.

Art. 15. As Guias, criadas no artigo 14º, deverão conter os seguintes dados e

informações:

I – Nome do falecido;

II – Data do óbito;

III – Local do Óbito;

IV – Local onde se encontra o corpo;

V – Empresa Funerária;

VI – Nome do Agente Funerário e respectivo RG ( carteira de Identidade );

VII – Local do Velório ( só constará na GALSC ) – Local do Translado ( só constará

na GEMTC);

VIII – Cemitério de sepultamento;

IX – Cidade e Estado do sepultamento;

Page 70: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

70

X – Certidão de Óbito;

XI – Familiar responsável pelo Falecido Nome – RG ( carteira de identidade ) –

Endereço – Bairro – Telefone para contato – CEP;

XII – Quadro para constar observações pertinentes à ocorrência;

XIII – Data da Emissão das Guias;

XIV – Assinaturas: do Familiar ou Responsável pelo Falecido – Agente Funerário –

do Emitente das Guias.

Parágrafo único. As Guias deverão ser numeradas, seqüencialmente, com cinco Vias,

assim destinadas:

I - GALSC - 1ª Via – Liberação do Corpo; 2ª Via – Translado para o Velório ou

Sepultamento; 3ª Via – Sepultamento e Arquivo do Cemitério; 4ª Via – Arquivo do Município

e 5ª Via – Para Familiar ou Responsável pelo Sepultamento do falecido.

II - GEMTC – 1ª Via Liberação do Corpo ou restos Mortais; 2ª Via – para a

Movimentação ou Translado no âmbito do Município, Estado ou País; 3ª Via – Para o

responsável pelo local para onde será transladado o corpo ou restos mortais; 4ª Via – Arquivo

do Município; 5ª Via – Arquivo do Cemitério onde foi realizada a exumação.

SEÇÃO IV

DAS SEPULTURAS

Art. 16. Os cadáveres serão sepultados em caixão e sepulturas individuais, com ou

sem revestimento.

Art. 17. As sepulturas deverão ter as seguintes dimensões:

I – No solo, para adultos – 1,00 metro de largura por 2,30 metros de comprimento,

com calçada ao redor, de 30 centímetros de largura;

II – No solo, para menores (entendem-se como menores as pessoas com idade até 12

anos) 90 centímetros de largura por 1,70 metro de comprimento, com calçada, ao redor, de 30

centímetros de largura;

III – Em formato Vertical ( Gavetas ) – 75 centímetros de largura – 55 centímetros de

altura e 2,60 metros de comprimento;

IV – Carneiras ou Túmulos – Na ocupação de um terreno de 1 metro por 2,30 metros,

poderão ser edificados 4 sepulturas para cima, em forma de gavetas, ou 4 sepulturas, para

baixo, no solo. Estas deverão respeitar, no mínimo, as seguintes dimensões: 75 centímetros de

largura – 60 centímetros de altura e 2,30 metros de comprimento. Ao redor das carneiras ou

Page 71: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

71

túmulos, independente do número de sepulturas, deverá haver calçada com 30 centímetros de

largura.

§ 1º. Para garantir a salubridade e controle ambiental da emissão de líquidos

resultantes da putrefação dos cadáveres, em todas as construções, nos Cemitérios, que tiverem

sepulturas ou gavetas sobrepostas, deverão possuir sistema de drenagem individual. Este

sistema consiste em cano de PVC ou similar, com 40 milímetros de diâmetro, que sai da

sepultura até uma caixa de drenagem com dimensões de 40 centímetros de comprimento, 40

centímetros de largura, 40 centímetros de profundidade, preenchida com brita.

§ 2º. Sempre que for possível, nos Cemitérios existentes e, obrigatoriamente, nos

projetos dos novos Cemitérios, o arruamento entre locais para sepultamento deverá ser de

2,00 metros de largura.

Art. 18. O autorizado ou seu representante é obrigado a manter a sepultura, jazigo ou

gaveta limpos e realizar as obras de conservação e reparação do que tiver construído e que, a

critério da Administração do Cemitério, forem necessárias para a estética, segurança e

salubridade destes locais.

Parágrafo único. O concessionário deverá, sempre, manter o(s) nome(s) das pessoas

sepultadas nas Gavetas, Jazigos, Sepulturas ou Monumentos Sepulcrais, para sua melhor

identificação.

Art. 19. Na falta, constante, de limpeza e reparação julgadas necessárias pela

Administração dos Cemitérios Municipais serão, as sepulturas, jazigos e outros monumentos

sepulcrais, consideradas em abandono ou ruína.

§ 1º Consideradas as sepulturas, jazigos ou outros monumentos sepulcrais em

abandono ou ruína, a Administração Municipal convocará os concessionários ou Parentes dos

Falecidos(as), através de Edital, publicado 3 vezes com interstício de 15 dias, exposto no

quadro de avisos da Prefeitura Municipal e amplamente divulgado nos meios de comunicação

locais, regionais e/ou estadual, para que estes procedam à regularizações necessárias dentro

do prazo de 180 (cento e oitenta) dias. Este procedimento será feito, pelo menos, a cada 3

(três) anos.

§ 2º Esgotado o prazo previsto no § 1º, as sepulturas, jazigos ou monumentos

sepulcrais serão abertos. Os restos mortais, identificados, serão removidos para o ossuário

universal e as construções demolidas, sendo, o terreno ou gaveta, declarado vago para

reocupação.

Page 72: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

72

§ 3º O Material retirado das sepulturas abertas para remoção ou translado, por

qualquer motivo, pertence à Prefeitura Municipal, não cabendo aos seus interessados direito

de reclamação.

SEÇÃO V

DAS EXUMAÇÕES

Art. 20 As exumações de pessoas inumadas em sepulturas, sem ou com revestimento,

não poderão ser feitas antes do prazo mínimo de 5 anos, em Cemitérios Públicos ou Privados.

§ 1º Em qualquer tipo de solicitação para exumação de cadáveres, esta deverá ser

acompanhada da Certidão de Óbito, da GEMTC - Guia de Exumação, Movimentação e

Translado de Corpos, e do recibo de pagamento das Taxas inerentes a este tipo de serviço.

§ 2º Em caso de determinação Policial ou Judicial, as exumações poderão ser feitas a

qualquer tempo, desde que sejam devidamente isoladas.

SEÇÃO VI

DAS CONSTRUÇÕES

Art. 21. Excetuando-se pequenos reparos, pinturas, colocação de lápides, pequenos

serviços de manutenção de sepulturas, túmulos, jazigos ou monumentos sepulcrais e

construção de até duas carneiras, nenhuma outra construção poderá ser feita ou iniciada, nos

Cemitérios e Necrópoles Municipais, sem que o Projeto tenha sido aprovado pela SMOP -

Secretaria Municipal de Obras Públicas.

§ 1º Os concessionários interessados na construção de Jazigo ou Monumentos

Sepulcrais serão responsáveis pela limpeza e desobstrução do local, após o término das obras,

não sendo permitido o acúmulo de material de construção ou outros nas vias principais de

acesso.

§ 2º Atendendo ao disposto no artigo dezessete, desta Lei, as construções devem ser

calçadas ao redor.

§ 3º Os Prestadores de Serviços, na área de Construção Civil, para realizarem obras

nos Cemitérios Municipais, deverão estar devidamente cadastrados pela Prefeitura Municipal

de Erechim.

Art. 22. A fim de que a limpeza geral dos Cemitérios Municipais, para as

comemorações do Dia dos Finados, não fique prejudicada, obras referentes a Projetos

Page 73: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

73

aprovados pela SMOP – Secretaria Municipal das Obras Públicas, só poderão ser iniciadas

com prazo bastante, de modo que possam estar concluídas, impreterivelmente, até a data de

20 de Outubro de cada ano.

Parágrafo único. Casos fortuitos ou imprevisíveis que possam acarretar ampliação do

prazo, previsto no caput deste artigo, serão resolvidos entre o Departamento de Engenharia da

SMOP – Secretaria Municipal das Obras Públicas, e a Administração dos Cemitérios e o

Cessionário responsável pelas obras em andamento.

Art. 23. É, terminantemente, proibido deixar nos Cemitérios Municipais depósito de

terra ou escombros originários de construções ou demolições, devendo os excedentes ser

removidos após a conclusão do serviço.

Parágrafo único. A condução de material destinado às construções deve ser feita em

recipientes que não permitam o derramamento ou perda destes pelas vias de circulação

principais e secundárias.

Art. 24. Os Empreiteiros de obras, tanto públicas quanto privadas executadas nos

Cemitérios Municipais, responderão por danos causado por seus empregados, ou por desvio

de objetos das sepulturas quando estiverem ali em trabalho.

Parágrafo Único. Às infrações ao disposto nesta Lei, cometidas por Autorizados,

Empresas Funerárias, Empreiteiros de Obras e Prestadores de Serviços, nos Cemitérios

Municipais, garantida a ampla defesa, aplicar-se-á multa de 100 URM por dia até a

regularização das infrações cometidas.

Art. 25. A Administração Pública poderá determinar a limpeza e conservação, às

expensas do Município, desde que haja recursos financeiros, dos túmulos, jazigos, mausoléus

e cinetáfios que guardem restos mortais daqueles que tenham prestado relevantes serviços ao

Município. O mesmo poderá ocorrer com os monumentos fúnebres de valor histórico, em

função de sua arquitetura e/ou beleza, devendo ser tombados como patrimônio histórico.

Art. 26. Os cemitérios existentes deverão ter, no mínimo, as seguintes dependências:

Portaria, sala para administração e atendimento ao público, pequena copa, vestiários e

sanitários para funcionários, sanitário público para ambos os sexos, local para acendimento de

velas, área externa para estacionamento de veículo com a capacidade mínima para 50 carros e

outros veículos.

§ 1º Na implantação de futuros cemitérios Municipais, além das dependências

elencadas no caput deste artigo, deverão ser previstos, opcionalmente, mais as seguintes

instalações: Câmaras mortuárias ardentes, sala-de-estar para familiares com sanitário, sala

para visitantes, gabinete para oficiante. 99700-000 Erechim – RS

Page 74: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

74

§ 2º Na medida em que forem executadas melhorias nos Cemitérios Municipais, serão

os mesmos adaptados às previsões do presente artigo.

SEÇÃO VII

DAS TAXAS DE SERVIÇOS CEMITERIAIS

Art. 27. As Taxas de Serviços de Cemitérios serão as seguintes:

I – Inumações em Sepulturas rasas;

II – Inumações em jazigos, túmulos ou gavetas;

III – Exumações de qualquer tipo;

IV – Construção de Carneiras;

V – Abertura de sepulturas, carneiras, jazigos e gavetas para nova inumação;

VI – Remoção, entrada ou retirada de ossadas;

VII – Aprovação de Projetos, permissão de construções ou execução de obras;

VIII – Concessão de uso de Gavetas;

IX – Concessão de uso de terrenos por metro quadrado;

X – Transferência de Direitos Perpetuais concedidos pelo Município até o ano de

1993;

XII – Recomposição de asfalto por m² (metro quadrado);

XIII – Abertura de vala com recomposição de asfalto por m² (metro quadrado);

XIV – Recomposição de calçamento por m² (metro quadrado).

Parágrafo único. Os valores das Taxas e Serviços são as fixadas pela Legislação em

vigor.

CAPÍTULO II

CONCESSÃO DE USO DE ESPAÇO FÍSICO

Art. 28. A ocupação das sepulturas e gavetas dos Cemitérios Municipais se dará

somente por Concessão de Uso pela Administração Municipal, de forma inalienável, não

caracterizando direito de propriedade, ficando vedada sua transferência ou comercialização

inter vivos.

Parágrafo Único – Poderá haver transferência causa mortis aos herdeiros ou

sucessores.

Art. 29 As concessões de uso de espaço físico serão de 5 (cinco) anos, renováveis

sucessivamente de 5 (cinco) em 5 (cinco) anos, mediante o pagamento de Taxas.

Parágrafo Único. A Administração Municipal estará autorizada, independente de

comunicação ao cessionário, a transladar os restos mortais ali sepultados para o ossário

Page 75: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

75

universal, preservando os dados de identificação registrados no livro de Exumações, caso não

haja o recolhimento das Taxas de renovação de concessão de uso no prazo de 180 dias após

seu vencimento, com o esgotamento das formas de cobrança normais, extrajudiciais.

Art. 30. Os Alvarás concedidos pela Administração Municipal até o ano de 1993

continuarão a ter validade, desde que os cessionários dêem a devida conservação e

manutenção às sepulturas.

Parágrafo único. Em caso de abandono ou ruína, os túmulos, jazigos e outras formas

de sepulturas, serão submetidas ao previsto no artigo dezenove e seus parágrafos desta Lei.

Art. 31. A transferência dos Alvarás concedidos até o ano de1993, opera-se-á nas

seguintes condições:

I – Aos seus parentes mais próximos, segundo a ordem da vocação hereditária

estatuída na legislação civil;

II – A um de seus parentes, mediante desistência expressa dos demais com parentesco

de mesmo grau ou em grau mais próximo;

III – Poderá a concessão ser transferida àquele que para tanto haja sido designado por

disposição de última vontade do beneficiado pelo Alvará, expressa em testamento lavrado e

processado de forma regular;

IV – Nos casos supra serão mantidos as condições do Alvará;

V – Excepcionalmente, quando for o caso de construção ou aumento de Jazigos que

ocupem mais que um terreno próximo à sepultura ou jazigo existente, poderá ser transferido

para terceiros, independente de parentesco;

VI – A transferência prevista no Inciso quinto poderá ensejar ao beneficiado o

pagamento da construção existente. O Município fornecerá ao beneficiado a Cessão de Uso da

área, conforme o previsto no artigo 29, excluída a Taxa pelo uso nos 5 anos iniciais.

Art. 32. A Concessão de uso de gavetas destina-se unicamente para sepultamento de

pessoas, ficando vedada sua concessão com outra destinação.

Art. 33. Para emissão do Alvará de Concessão de uso deverá haver a informação das

Administrações dos Cemitérios da existência e disponibilidade de terrenos ou gavetas.

CAPÍTULO III

DA CREMAÇÃO DE CADÁVERES E INCINERAÇÃO DE RESTOS MORTAIS

Art. 34. O Município poderá autorizar os serviços de cremação e incineração de restos

mortais, bem como a instalação de equipamentos para tal fim, mediante projeto aprovado

pelos órgãos competentes.

Page 76: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

76

Art. 35. Será cremado o cadáver:

I – Daquele que, em vida, houver demonstrado este desejo, por instrumento público ou

particular, exigida, nesta última alternativa, a intervenção de duas testemunhas, com firmas

reconhecidas;

II – Se, ocorrida a morte natural, a família do morto assim o desejar e sempre que, em

vida,o falecido(a) não haja feito declaração em contrário por uma das duas formas a que se

refere o ítem I,deste artigo;

§ 1º Para os efeitos do constante do ítem II, deste artigo, considera-se família, atuando

sempre na falta do outro, e na ordem estabelecida, o cônjuge sobrevivente, os ascendentes, os

descendentes e os irmãos, estes e aqueles últimos se maiores.

§ 2º Em caso de morte violenta, a cremação, atendidas as condições estabelecidas

neste artigo, só poderá ser levada a efeito mediante prévio e expresso consentimento da

Autoridade Policial ou Judicial competentes.

Art. 36. Em caso de epidemia ou calamidade pública poderá ser determinada a

cremação, mediante pronunciamento das autoridades sanitárias.

Art. 37. Os restos mortais de pessoas sepultadas, após a regular exumação, poderão

ser incinerados, mediante o consentimento expresso da família do falecido(a), observado, para

este critério, o estatuído no Artigo trinta e cinco.

Art. 38. As cinzas resultantes da cremação de cadáveres ou incineração de restos

mortais serão recolhidas em urnas e estas guardadas em locais destinados para este fim,

provisoriamente, até serem entregues aos familiares.

Parágrafo único. Nas urnas constarão, obrigatoriamente, o número de classificação, os

dados relativos à identidade do falecido(a) e a(s) data(s) de falecimento, cremação ou da

incineração.

Art. 39. Os serviços de cremação e incineração, se executados diretamente pela

Administração Municipal, terão as taxas respectivas fixadas no Código Tributário Municipal.

TÍTULO III

SERVIÇOS FUNERÁRIOS

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 40. Serviços Funerários são os atos que se realizam com vistas ao sepultamento

digno dos mortos. É conjunto de atos e ações desenvolvidas por particular, pelo Poder Público

ou por agente seu que, através de autorização de serviço público, desenvolvem a atividade

para o sepultamento dos corpos.

Page 77: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

77

Art. 41. Os agentes funerários executam tarefas referentes à organização e realização

de funerais, providenciando os preparativos como limpeza, vestimenta do cadáver, adornos e

documentação para o translado e velório do corpo, assegurando a realização ordenada do

sepultamento ou cremação. Colhem dados e outras informações sobre a pessoa falecida,

providenciando a documentação necessária para o sepultamento, translado ou cremação.

Prestam assistência à família nos assuntos referentes à escolha das urnas, adornos, publicação

de avisos e escolha de cemitério e modalidade de sepultamento, providenciam o transporte até

o cemitério ou crematório. Podem realizar embalsamento-tanotopraxia, desde que

devidamente autorizados pela família e tomar as providências necessárias para a cremação.

Art. 42. Os agentes funerários deverão respeitar o princípio da autonomia da vontade

da parte contratante que são livres para disporem, como melhor lhe aprouver, ressalvadas as

questões legais de salubridade pública.

§ 1º Será garantida à família enlutada a livre escolha da empresa funerária, devendo,

entretanto, a empresa escolhida ser autorizada para prestar o atendimento quando a sede da

Empresa for localizada em outro Município.

§ 2º Para os efeitos desta Lei, entende-se por Empresa Funerária ou Agentes

Funerários, a pessoa jurídica de direito privado, autorizada a prestar tais serviços.

Art. 43. Fica criada a Comissão dos Serviços Funerários que será composta de

conformidade com Decreto a ser expedido pelo Município.

§ 1º A Comissão de Serviços Funerários reunir-se-á, ordinariamente, a cada 180 dias

por convocação escrita de seu Presidente.

§ 2º Extraordinariamente, a Comissão dos Serviços Funerários reunir-se-á por

solicitação da(s) Empresa(s) Funerária(s), mediante pedido por escrito, especificando a

matéria a ser tratada; a qualquer tempo, por determinação do Prefeito Municipal

§ 3º Aos membros da comissão não caberá remuneração de qualquer espécie, sendo

seu trabalho considerado relevante para o Município.

Art. 44. A Comissão dos Serviços Funerários será Órgão de Fiscalização Supletiva e

de Assessoramento, competindo-lhe, sem prejuízo de outras, as atribuições de:

I – Zelar pela regular aplicação desta Lei referente aos Serviços Funerários;

II – Receber denúncias relativas a prestações de serviços;

III – Acompanhar os preços da prestação de serviços funerários que visem atender

pessoas de baixa renda;

IV – Opinar sobre a autorização e funcionamento de novas Empresas Funerárias e

Instalação de novos cemitérios públicos ou privados;

Page 78: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

78

V – Opinar sobre preços de serviços funerários a serem estabelecidos por Decreto;

VI – Emitir, mensalmente, a Listagem de Plantão das Empresas Funerárias, que deverá

ser afixada nos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Cemitérios Públicos ou privados. A lista

poderá ser elaborada em consonância com a empresas e, se estas não acordarem, será sugerida

pela Comissão e expedida pelo Município.

CAPÍTULO II

DAS EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS FUNERÁRIOS

Art. 45. O serviço funerário poderá ser prestado por Empresas Privadas, mediante

autorização da Administração Pública, em forma de rodízio e que atendam aos seguintes

requisitos:

I – Empresa regularmente constituída para o fim específico;

II – Seu proprietário ou sócios não poderão participar em mais de uma empresa com a

mesma finalidade;

III – A Empresa, uma vez atendidas as disposições do Plano Diretor do Município, não

poderá localizar-se a menos de 300 metros dos Hospitais e a menos de 150 metros de Casas

de Saúde ou similares, onde podem ocorrer óbitos;

Parágrafo único. O pedido de autorização deverá ser instruído, sob pena de

indeferimento, dos seguintes documentos:

I – Contrato Social ou registro de Firma Individual, registrado e arquivado na Junta

Comercial do Estado do Rio Grande do Sul (certidão das alterações com validade até 30 dias);

II – Certidão negativa de débitos perante o Município;

III – Atestado de idoneidade financeira, fornecido por Instituição Bancária (validade

de 30 dias, da data de apresentação);

IV – Croqui das instalações;

V – Relação de veículos (modelo, marca, HP, ano de fabricação), com fotocópia do

documento de propriedade, acompanhado do Contrato de Locação, se for o caso.

VI – Comprovante de pagamento da taxa de licença (anual).

Art. 46. As Empresas Funerárias, para obterem a autorização para prestação de

serviços funerários, além dos requisitos e documentação exigidos no artigo anterior, deverão

atender à Legislação relativa ao meio ambiente, Código de Posturas, de Obras e o Plano

Diretor do Município, e fazer prova da disponibilidade dos seguintes bens de capital e áreas

físicas:

I – Capital inicial mínimo de R$ 10.000 ( dez mil) URMs;

Page 79: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

79

II – Instalações Físicas mínimas, assim distribuídas:

a) Escritório para atendimento de clientes;

b) Sala para mostruários de urnas e objetos funerários sem vistas ao público;

c) Almoxarifado;

d) Sala para preparo de cadáveres, com no mínimo 09 metros quadrados;

e) Quarto para Plantão;

f) Sanitários para uso de Clientes.

III – No mínimo, dois veículos adequados e devidamente adaptados, com isolamento

entre o local da urna e a parte do motorista e passageiro; em material impermeável para

facilitar a higienização após o uso, sendo um destes com no máximo de 10 anos de uso, para o

transporte digno de pessoas falecidas.

IV – Material para a montagem de, no mínimo, 2 câmaras ardentes;

V – Um telefone comercial em nome da empresa;

VI - Equipamentos e mobiliário de escritório;

VII – Estoque mínimo de 30 urnas funerárias para adultos, com nota fiscal em nome

da empresa.

Parágrafo único. As Empresas Funerárias, já autorizadas para prestar os serviços, terão

prazo de 18 (dezoito) meses para se adequarem às condições propostas neste artigo.

Art. 47. Em suas atividades deverá, a Autorizada, atender às seguintes disposições:

I – Praticar para o sepultamento os preços a serem estabelecidos pela Administração

Pública;

II – Os preços do sepultamento serão estabelecidos em 03 (três) níveis, mediante a

edição de Decreto, os quais poderão sofrer adequação, de acordo com o situação econômica

do país;

III – A Autorizada não poderá expor urnas e artigos funerários em local visível ao

público;

IV – A Autorizada não poderá manter plantões em Hospitais, Casas de Saúde ou

similares;

Art. 48. O descumprimento do disposto no artigo quarenta e sete ensejará as seguintes

penalidades:

a) advertência;

b) multa;

c) suspensão do exercício das atividades pelo prazo de 60 dias, duplicado em caso de

reincidência;

Page 80: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

80

d) cassação da permissão e alvará em caso de terceira infração;

§ 1º As penalidades serão aplicadas, mediante Processo Administrativo, assegurada a

ampla defesa;

§ 2º A defesa deverá ser feita mediante petição dirigida à Comissão de Serviços

Funerários, no prazo de 10 dias contados da notificação;

§ 3º Da decisão do Secretário Municipal, caberá recurso ao Prefeito Municipal, no

prazo de 10 dias contados da sua intimação;

§ 4º Uma vez advertido e permanecendo a Autorizada na prática do ato, incidirá a

pena de multa no valor de 500 URMs, que deverão ser recolhidas aos Cofres Municipais no

prazo máximo de 60 (sessenta) dias a contar da ciência da notificação ou do indeferimento do

recurso;

§ 5º A pena de suspensão será aplicada em caso de reincidência nas penas de

advertência e multa, no período de 3 (três) anos;

§ 6º A pena de cassação da autorização e alvará de localização será aplicada em caso

de:

a) reincidência na pena de suspensão, no período de 3 (três) anos;

b) interrupção do serviço por mais de 72 horas, salvo motivo de força maior,

devidamente comprovado e autorizado pela Secretaria competente;

c) falência ou dissolução da Empresa;

d) cobrança fora da tabela de preços fixados;

e) fraude ou irregularidades cometidas pela Empresa, de qualquer natureza,

devidamente comprovada em Sindicância administrativa, determinada pelo Chefe do

Executivo Municipal.

Art. 49. São considerados partes integrantes dos serviços funerários prestados pelas

Empresas Funerárias as seguintes atividades:

I – Confecção e Comercialização de urnas funerárias;

II – Transporte, adequado, do corpo do local onde se encontra ao local onde será

sepultado;

III – Organização de velórios;

IV – Limpeza, preparo e vestimenta, embalsamento-tanotopraxia e translado;

V – Aluguel de câmaras ardentes;

VI – Comercialização de flores, arranjos e vestimentos necessários ao velório;

VII – Administração de Capelas Velatórias Públicas e Privadas assim como cemitério

público e privado;

Page 81: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

81

VIII – Encaminhamento e acompanhamento dos familiares ao Cartório de Registro

Civil para Obtenção da Certidão de Óbito;

IX – Assessoramento aos familiares para os trâmites e documentações para o

sepultamento;

X – Manter plantão de 24 horas, diariamente, para atendimento ao público e realização

de Pompas Fúnebres, seguindo plantões estabelecidos;

XI – Ter, nos seus quadros de funcionários, qualificados em conformidade com o

CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), no mínimo, um funcionário com Curso de

Tanatopraxia, realizado em Entidade legalmente reconhecida para fornecimento deste tipo de

Curso.

Art. 50. Os serviços e as urnas funerárias terão tipos, padrões e preços aprovados pela

Administração Municipal, obrigatório para todas as empresas funerárias, e são as seguintes:

I – Padrão I – Simples – Caixão alça dura, sem visor, uma coroa, véu, velas e

transporte;

II –Padrão II –Especial - Caixão alça dura, com visor simples, uma coroa, véu, velas e

Transporte;

III – Padrão III – Especial Extra- Caixão com alça móvel, coroa, manto, véu, velas,

preparo para o velório e transporte.

Parágrafo único. Os preços serão fixados pelo Executivo Municipal, ouvida a

Comissão de Serviços Funerários, analisando proposição das Autorizadas. Os preços serão o

máximo a ser cobrado para os padrões supra, excluindo-se do controle serviços escolhidos.

Art. 51. O fornecimento de serviços funerários para indigentes ou pessoas carentes

será prestado ao Município de Erechim pela empresa vencedora do processo

licitatório.

Art. 52. É vedado às Empresas Funerárias:

I – Efetuar, acobertar ou remunerar o agenciamento de funerais e de cadáveres, não se

restringindo ao município de Erechim;

II – Ficam proibidos os atos de contratação, quaisquer que sejam suas extensões,

devendo tais procedimentos terem curso nas Empresas, e por livre escolha dos interessados

nos Serviços, vedados agenciamentos.

Art. 53. Serão mantidas as autorizações expedidas para as empresas que hoje prestam

os serviços, devendo as mesmas adequarem-se no prazo previsto.

Art. 54. As empresas hoje autorizadas não poderão ter sede em endereços idênticos,

devendo cada uma ter suas respectivas instalações, de conformidade à presente Lei.

Page 82: Cemitérios fontes potencialmente poluidoras - usuarios.upf.brusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2012-2/CASSI%ca%20CRISTINE%20... · de poços de pouca profundidade ou cisternas localizadas

82

Parágrafo único. As empresas que não cumprirem o artigo supra, no prazo de 90 dias,

a partir da regulamentação da presente Lei, comportará a cassação da autorização da empresa

que mais recentemente a obteve.

TÍTULO IV

DOS ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES

Art. 55. É obrigação dos estabelecimentos hospitalares e casas de saúde:

I – Designar membros de seu serviço social para orientação aos familiares ou pessoas

de suas relações, sobre os procedimentos posteriores à entrega da Declaração de Òbito por

parte do médico designado;

II – Somente poderá ser liberado o cadáver à família, para proceder a retirada do local

por parte da empresa funerária, após a entrega da Declaração de Óbito pelo médico;

III - Afixarem em local apropriado, no interiro dos hospitais, quadro padrão, com o

nome, endereço e telefone das empresas devidamente habilitadas junto ao órgão designado

pelo poder executivo a realizar os atendimentos funerários no município de Erechim e

inscrição proibindo a ação de intermediários entre funerárias e familiares de pessoas falecidas

e procedimentos necessários para obtenção de certidão de óbito;

TÍTULO V

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 56. Ficam revogadas as Leis nº 177, de 09 de Setembro de 1977, e nº 2.747, de 28

de Dezembro de 1995.

Art. 57. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se demais

disposições em contrário.

Prefeitura Municipal de Erechim/RS, 12 de Julho de 2006.