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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS A PEDAGOGIA DE PROJETOS NO ENSINO SUPERIOR DE PETRÓLEO E GÁS IZILDA GUEDES ELIAS Orientadora: Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências. SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS

A PEDAGOGIA DE PROJETOS NO ENSINO SUPERIOR DE

PETRÓLEO E GÁS

IZILDA GUEDES ELIAS

Orientadora: Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências.

SÃO PAULO

2014

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

E41p

Elias, Izilda Guedes. A pedagogia de projetos no ensino superior de pretróleo e gás /

Izilda Guedes Elias. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014. 53 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Carmem Lúcia Costa Amaral. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Petróleo e gás 2. Pedagogia de projetos 3. Preservação

ambiental 4. Projeto integrado multidisciplinar (PIM) I. Amaral, Carmem Lúcia Costa. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências. III. Título.

CDU: 665.62(043.3)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

A PEDAGOGIA DE PROJETOS NO ENSINO SUPERIOR DE

PETRÓLEO E GÁS

Izilda Guedes Elias

Dissertação de mestrado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 07/02/2014.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Prof. Dr. Tomas Noel Herrera Vasconcelos

Universidade Cruzeiro do Sul

Profa. Dra. Sabrina Martins Botto

Universidade Paulista

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Dedico este trabalho aos meus amigos,

colegas de ideal e principalmente aos alunos

que passaram pela minha existência,

engrandecendo e colaborando nas nossas

atividades escolares.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a uma Força Maior. Agradeço aos meus pais Carminda e Geraldo

(in memoriam) pela oportunidade de estar neste mundo para a evolução.

Ao meu filho Moisés por ter participado da minha caminhada, meu sobrinho

Gabriel por ter colaborado nas atividades desenvolvidas e meu cunhado Rodolfo

pela companhia nas viagens à Universidade.

A professora Carmen por ter me aceitado como aluna e pela dedicação,

carinho e paciência e creia nesta vida nada é por acaso.

Professora Carmem foi uma honra e agradeço os ensinamentos,

comprometimento e confiança.

A professora Norma pela simpatia e amizade.

Ao professor Tomas pelo carisma em suas aulas e todo o incentivo.

Aos docentes do mestrado pelo desempenho e pelos ensinamentos.

Aos colegas do curso pela amizade, troca de experiências e participação em

todas as atividades nos incentivando.

Agradeço aos funcionários da Universidade, em especial aos da secretaria da

pós-graduação por estarem sempre prontos em atender e ajudar.

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A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve

fazer do seu próprio conhecimento. (Platão)

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ELIAS, Izilda Guedes. A pedagogia de projetos no ensino superior de petróleo e gás. 2014. 53 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo de investigar se utilização da Pedagogia de

Projetos na organização de uma disciplina do Curso Superior de Tecnologia em

Petróleo e Gás auxilia o tecnólogo no desenvolvimento de competências

relacionadas com o gerenciamento de questões ligadas à preservação e

contaminação ambiental. A disciplina Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM) é

semestral e os alunos são divididos em grupos e recebem do professor orientador

um tema para ser pesquisado. O tema proposto é resultado de discussão entre o

coordenador do curso e os professores ministrantes das disciplinas do semestre. No

primeiro semestre de 2013, essa disciplina foi organizada seguindo os passos da

pedagogia de projetos e o tema proposto foi resultado de discussão entre alunos e

professor orientador. Participaram dessa experiência doze alunos do 5° e 6°

semestre do referido curso de uma universidade da rede privada da cidade de

Santos, SP. Embora os projetos desenvolvidos pelos alunos não tratassem

diretamente da indústria petrolífera, os conhecimentos adquiridos na disciplina

podem ser estendidos para esse setor. Com essa experiência, observou-se que a

pedagogia de projetos possibilitou desenvolver as competências relacionadas à

preservação ambiental, além de preparar mudanças no aluno para enfrentar novos

desafios que a indústria petroquímica vem trazendo para a região santista.

Palavras-chave: Pedagogia de projetos, Educação profissional, Tratamento de

efluente.

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ELIAS, Izilda Guedes. The pedagogy of higher education projects in oil and gas.

2014. 53 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

ABSTRACT

This study aimed to investigate whether use of Project Pedagogy in organizing a

discipline Course of Technology in Oil and Gas assists the technologist in the

development of skills related to management issues related to conservation and

environmental contamination. The Integrated Multidisciplinary Project (IMP) discipline

is biannual and the students are divided into groups and given a topic the teacher

advisor to be searched. The proposed topic is the result of discussions between the

course coordinator and the lecturing professor of the semestral disciplines. In the first

half of 2013, this discipline was organized following the steps of Project Pedagogy

with the objective to investigate whether this new organization would facilitate the

development of skills for managing issues related to conservation and contamination

of the environment. Twelve students of 5th and 6th semester, attendees of a referred

course at a private university in the City of Santos, Brazil, participated in this

experiment. Although the projects developed by the students didn’t focus particularly

on topics of oil industry, the knowledge acquired in the discipline can be extended to

this sector. With this experience, it was observed that Project Pedagogy allowed to

develop skills related to environmental preservation, and furthermore to cause

changes at the students to be able to face new challenges that the petrochemical

industry brings to the region of Santos.

Keywords: Project pedagogy, Higher education, Effluent.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Maquete de Posto de gasolina construída pela equipe I. ............... 39

Figura 2 - Maquete de ETA (estação de tratamento de água). ........................ 41

Figura 3 - Maquete de caldeira industrial. ........................................................ 42

Quadro 1 – Perguntas aplicadas com os alunos para avaliar a efetividade da metodologia. ................................................................................... 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBO Classificação Brasileira de Ocupações

CEFET Centros Federais de Educação Tecnológica.

CNE/ CES Conselho Nacional de Educação/ Câmara Educacional Superior.

CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

CRQ Conselho Regional de Química.

CST Curso Superior de Tecnologia.

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais.

ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes.

ETA Estação de Tratamento de Água.

ETE Estação de Tratamento de Efluentes.

ETF Escola Técnica Federal.

IES Instituições de Educação Superior.

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira.

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

MEC Ministério da Educação e Cultura.

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais.

PIM Projeto Integrado Multidisciplinar.

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

Objetivo ............................................................................................................... 15

CAPÍTULO 1 - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL E OS CURSOS DE

TECNOLOGIA ..................................................................................................... 16

1.1 Histórico ..................................................................................................... 16

1.2 Curso Superior de Tecnologia ................................................................. 20

1.3 Curso Superior de Tecnologia em Petróleo e Gás ................................. 22

CAPÍTULO 2 - PEDAGOGIA DE PROJETOS ..................................................... 24

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA .......................................................................... 30

3.1 Processo metodológico ............................................................................ 30

3.2 A disciplina PIM ......................................................................................... 30

3.3 Avaliação da Pedagogia de Projetos ....................................................... 31

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÂO ................................................... 33

4.1 A Pedagogia de Projetos na disciplina PIM ............................................ 33

4.2 Projetos desenvolvidos pelos alunos ..................................................... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 43

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 44

ANEXOS .............................................................................................................. 50

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INTRODUÇÃO

Os cursos de Educação Profissional de Nível Superior Tecnológico surgiram

no final da década de 1960, com a Lei Federal nº 5540/68 que implantou a reforma

universitária. Inicialmente foram chamados de cursos superiores de curta duração e

tinham como finalidade proporcionar uma habilitação entre o ensino médio e o curso

superior de bacharelado, ou seja, foram planejados como um modelo de ensino

superior alternativo ao modelo universitário tradicional.

Por muitos anos, a formação dos profissionais tecnológicos de nível superior

ficou associada a uma educação para o trabalho que atendia às classes menos

favorecidas, contribuindo assim, para o preconceito da sociedade que privilegiava,

especificamente, os cursos superiores de bacharelados e licenciaturas (FARIA;

COSTA, 2012).

No final da década de 1970, devido à limitação da atuação do tecnólogo,

diminuição pela procura e a dificuldade de colocação no mercado de trabalho esses

cursos foram abandonados pelo Ministério da Educação (MEC) (SMANIOTTO;

MERCURI, 2007).

Novos esforços foram realizados na década seguinte na tentativa de

alavancar esses cursos. Entretanto, foram somente na década de 1990, com a

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96),

que esses cursos ganharam novas dimensões e novos interesses, quando foram

colocados de forma igualitária aos bacharelados e as licenciaturas.

A partir do ano 2000, se observa um aumento no número de cursos nessa

modalidade, devido à regulamentação da criação dos Centros de Educação

Tecnológica na esfera privada. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2008 foi registrado cerca de 650

novos cursos de educação tecnológica no Brasil, grande parte ofertada pelas

faculdades (45,7%) seguidas pelas universidades. No seu censo de 2011, o INEP

publicou em seu site o Resumo Técnico do Censo da Educação Superior e mostrou

que há 30.420 cursos de graduação no país, o que significa um aumento de 3,1%

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em relação a 2010. Do total, 56,0% eram bacharelados, 26,0% licenciaturas e 18,0%

cursos tecnológicos, ou seja, em 2011 havia 5.475 cursos tecnológicos (INEP,

2013)1

Com a produção comercial, a partir de 1977, da maior reserva petrolífera

brasileira na Bacia de Campos, Rio de Janeiro, que se estende até o Espírito Santo

e o recente fenômeno do pré-sal, cresceram as perspectivas de procura pelos

postos de trabalho na cadeia produtiva, assim surgiram os Cursos Superiores de

Tecnologia em Petróleo e Gás. O objetivo desse curso é formar profissionais com

competências e habilidades para atuar desde a prospecção até a comercialização

de petróleo e seus derivados, podendo gerenciar situações de emergência como

controle de acidentes de trabalho e ambientais.

De acordo com o MEC2, o tecnólogo em Petróleo e Gás gerencia, monitora e

executa a prospecção, extração, beneficiamento ou produção, armazenagem e

comercialização do petróleo e seus derivados. Em sua atuação, este profissional

aplica a legislação do setor, afere a qualidade dos produtos, bem como gerencia

situações de emergência e questões ligadas à preservação e contaminação

ambiental, ou seja, o egresso deve apresentar competências e habilidades para

atuar desde a prospecção até a comercialização, chamada de “do poço ao posto”,

dominar suas principais tecnologias, métodos e sistemas e realizar com

responsabilidade social, autonomia, consciência ambiental e ética as atividades de

supervisão e apoio ao gerenciamento de empresas que atuam direta ou

indiretamente nas etapas de produção de petróleo e gás.

A organização curricular dos Cursos Superiores de Tecnologia em Petróleo e

Gás apresenta-se coerente com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a

graduação tecnológica e deve contemplar as competências profissionais

tecnológicas, gerais e específicas, incluindo os fundamentos científicos e

humanísticos necessários ao desempenho profissional (BRASIL, MEC, 2002).

Essa dissertação foi desenvolvida em uma Universidade e teve como foco o

desenvolvimento das competências e habilidades e o gerenciamento de questões

ligadas à preservação e ao controle do meio ambiente. A disciplina utilizada no 1 Disponível em www.inep.gov.br/

2 Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000009402.PDF.

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desenvolvimento desse trabalho foi o PIM (Projeto Integrado Multidisciplinar), que

tem como objetivos: proporcionar condições para que o aluno desenvolva os

conhecimentos teóricos adquiridos, colaborando no processo ensino-aprendizagem;

proporcionar condições para que o aluno adquira conhecimentos e aplique

praticamente em seus trabalhos conclusivos, as técnicas e metodologias de

produção científica.

No desenvolvimento do PIM (Projeto Integrado Multidisciplinar), o aluno

recebe, no primeiro encontro, temas e regras para o desenvolvimento de um

trabalho de pesquisa, onde deverá integrar os conhecimentos adquiridos nas

disciplinas cursadas no decorrer do curso, compreendendo semestre a semestre.

Para a condução da pesquisa, os alunos são agrupados por sua livre escolha

e conduzem o projeto sobre a orientação de um professor orientador, que

desempenha um papel de “coadjuvante” no desenvolvimento do trabalho. As

orientações acontecem em encontros agendados semanalmente, porém

determinados pela coordenação do curso. Assim, ao longo deste processo, há uma

integração entre alunos/pesquisadores e professor orientador na busca de

informações e organização das mesmas para a montagem do trabalho, bem como,

uma forma de construção de conhecimento.

Uma vez que o mundo globalizado é marcado por profundas mudanças nas

relações de trabalho, escassez de recursos, necessidade de produtividade de

qualidade e pela presença de novas tecnologias, as IES (Instituições de Educação

Superior) que oferecem esse curso desempenham um papel importante, por ser

responsável por formar profissionais que possam desenvolver competências e ao

mesmo tempo responder aos anseios da sociedade. Desta maneira, há a

necessidade de mudanças por parte das IES de deixar a prática pedagógica

conservadora, onde, para se conhecer o todo é preciso fragmentá-lo (paradigma

newtoniano-cartesiano), pois com essa fragmentação há a priorização da

transmissão de informações, que muitas vezes não tem significado para o aluno, ou

seja, a qualidade da aprendizagem é medida por reprodução de conteúdos e

respostas prontas, por meio da memorização, sem questionamento e reflexão

(BEHRENS, 2006).

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O paradigma atual é caracterizado pela produção de conhecimento que

reflete na educação várias mudanças, alterações no papel da escola, do professor e

dos profissionais de todas as áreas de conhecimento. Os profissionais desta

sociedade devem ter a capacidade de tomar decisões, serem autônomos e de

estarem em constante formação. Para auxiliar na formação desse profissional é

importante que os professores das IES repensem sua prática e passem a ser

mediadores e articuladores em vez de mero transmissores.

Nesse contexto, professor e aluno devem ser reflexivos, criativos,

investigativos e com raciocínio lógico. Segundo Moran, Masetto e Behrens (2000),

as disciplinas devem ser organizadas como um todo, o aluno deve passar a ser

reflexivo, crítico e produtivo e o professor deve ser um parceiro, buscando uma

prática pedagógica transformadora, mediando o saber e conhecimento a ser

produzido. Assim, o processo educacional deve estar centrado na produção de

conhecimento, e uma forma de promover o conhecimento é a utilização pelos

professores das IES de estratégias diferenciadas. Uma vez que existem várias

estratégias que podem ser utilizadas, surge uma dúvida: Será que a utilização da

pedagogia de projetos, como estratégia de ensino, auxilia no desenvolvimento de

competências relacionadas ao controle ambiental como desejado para um

tecnólogo?

Kuenzer (2003, p.16) define competência como a capacidade de agir, em

situações previstas e não previstas, com rapidez e eficiência, articulando

conhecimentos tácitos e científicos a experiências de vida. Dessa forma, o aluno

deve ter capacidade de resolver problemas, utilizando seus conhecimentos e

habilidades.

Um dos objetivos da Resolução CNE/CP 3 de 18 de dezembro de 2002, que

instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a organização e o

funcionamento dos CST ( Curso Superior de Tecnologia), assinalou que a

organização curricular deve ser baseada no desenvolvimento de competências e

habilidades, de contextualização e de uma visão holística.

Os currículos elaborados a partir do modelo por competência requerem um

ensino contextualizado com visão ampla, ou seja, precisam estar ligados à visão da

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totalidade, da aprendizagem para a vida e do trabalho significativo que respeite a

natureza. (BEHRENS, 2010).

Segundo Moran, Masetto e Behrens, (2000, p. 92) ″A visão holística busca a

perspectiva interdisciplinar, superando a fragmentação, a divisão, a

compartimentalização do conhecimento″. Assim, o modelo estrutural do currículo por

competências deve contemplar a flexibilidade, a interdisciplinaridade e a

contextualização. Para isso o professor deve modificar sua prática pedagógica, deve

ser capaz de promover um processo ensino aprendizagem a partir do conhecer a

conhecer.

Uma educação profissional voltada para a formação de competências exige

uma organização curricular que leve em conta a diversidade dos processos

educativos. Nesse contexto, a Pedagogia de Projetos se destaca e busca estruturar

uma formação que capacite o aluno a manter-se em atividade produtiva na sua área

profissional.

Uma vez que para um tecnólogo em Petróleo e Gás, essa atividade produtiva

passa por questões ambientais é importante investigar se a pedagogia de projetos

pode auxiliar na discussão e aplicação dessas questões. Para essa investigação foi

desenvolvida essa dissertação, cujo objetivo está descrito a seguir.

Objetivo

O objetivo desta dissertação foi investigar se utilização da Pedagogia de

Projetos na organização da disciplina PIM auxilia o tecnólogo de Petróleo e Gás no

desenvolvimento de competências relacionadas com o gerenciamento de questões

ligadas à preservação e contaminação ambiental.

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CAPÍTULO 1 - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL E OS

CURSOS DE TECNOLOGIA

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. (Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido, p.25,1996).

1.1 Histórico

A história da educação brasileira teve início com a chegada dos jesuítas, em

1549. Durante sua longa permanência no território brasileiro, desde a instalação do

Governo Geral até 1759, esses jesuítas exerceram um destacado papel na

educação e na catequese dos índios e dos colonos (FRANCA, 1960).

Os missionários instalaram várias escolas, subsidiadas pelo Estado

português, eram gratuitas e tinham como finalidade formar sacerdotes para a

catequese, instruir e educar os indígenas, os mamelucos e os filhos dos colonos

brancos. A prioridade era de escolas de ensino elementar e de alguns colégios que

preparavam a elite dirigente local, mas o curso superior deveria ser feito em

Portugal, fato que manteria a dependência da colônia (RIBEIRO, 2000).

Os colégios foram utilizados inicialmente pelos jesuítas na catequese dos

nativos, principalmente junto às crianças, para que elas servissem de intérpretes

diante dos índios adultos e posteriormente, passaram somente a instruir os

descendentes dos colonizadores. Aos indígenas, mestiços e negros cabia a

educação para o trabalho (O’MALLEY, 2004)

Por volta de 1780, profundas transformações técnicas e tecnológicas

aconteceram principalmente na Inglaterra, a chamada Revolução Industrial, período

caracterizado pela passagem da manufatura à indústria mecânica, mas Portugal

ficou estagnado perante o contexto da economia mundial. Neste período, o rei de

Portugal, D. José I, nomeou para seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o

Marquês de Pombal, que reformou e modernizou a Universidade de Coimbra e deu

impulso as manufaturas para tornar Portugal menos dependente da Inglaterra. Os

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constantes conflitos entre o poder real e os jesuítas levaram o Marquês de Pombal a

expulsá-los tanto de Portugal como do território brasileiro (CARVALHO, 1978).

Inicialmente, para cobrir a lacuna deixada pela Companhia dos Jesuítas, o

Marques de Pombal criou as aulas régias de Latim, Retórica, Filosofia e Grego, onde

cada aula era autônoma e isolada, com um único professor e sem articulação entre

elas.

Com a morte do rei José I, em 1777, a sua substituta D. Maria I de

Portugal (Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança)

afastou do governo, o então primeiro ministro Marques de Pombal, que ficara por 27

anos no governo.

A década de 1700 foi marcada por transformações como a Revolução

Francesa e a Revolução Industrial iniciada na Inglaterra, que abriram o caminho

para o capitalismo. A França comandada por Napoleão Bonaparte desejava dominar

outros países, inclusive Portugal, assim para fugir do ataque francês, a família real

portuguesa transferiu-se para o Brasil.

Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, D. João VI, o Príncipe

Regente criou o Colégio das Fábricas, primeiro estabelecimento instalado pelo poder

público, que tinha como objetivo atender a educação dos artistas e aprendizes

vindos de Portugal. A sua criação colocou fim na proibição da existência de fábricas

e manufaturas, alvará assinado em 1785 por D. Maria. (BELCHIOR, 1993).

D. Pedro I, filho de D. João VI, foi o primeiro imperador do Brasil e governou

entre 1822 e 1831, quando abdicou e o território brasileiro passa pelo período

regencial. Assim em 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, acabando com a

escravidão no país e em 15 de novembro, de 1889, sob o comando do Marechal

Deodoro da Fonseca, ocorreu a Proclamação da República.

Com o fim do Império (1889), a abolição dos escravos e a constituição da

República (1891), o panorama educacional do Brasil sofreu alterações, entre elas, a

descentralização do ensino, onde a União passou a controlar o ensino superior e

secundário, e os Estados passaram a controlar o ensino primário e o profissional

(NASCIMENTO, 2004).

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O período de 1889 a 1930 foi marcado por uma transição da sociedade

agrária para a industrial, levando a mudanças no ensino brasileiro. Por exemplo, em

1906, o ensino profissional passou a ser atribuição do Ministério da Agricultura,

Indústria e Comércio e através do Decreto n° 7.566 de 23 de setembro de 1909, o

então presidente Nilo Peçanha criou as Escolas de Aprendizes e Artífices que eram

destinadas para o ensino profissional primário gratuito (CUNHA, 2000).

A justificativa para a criação destas escolas estava vinculada à necessidade

de “habilitar os filhos dos desfavorecidos de fortuna com o indispensável preparo

técnico e intelectual e adquirir hábitos de trabalho profícuo que os afastaria da

ociosidade, escola do vício e do crime” (Decreto nº 7566/1909). Este fato marcou a

consolidação do ensino técnico-industrial, com incentivo ao ensino comercial,

industrial e agrícola. Essas escolas são consideradas como as origens dos Centros

Federais de Educação Tecnológica (CEFET(s)).

No ano de 1930, o governo de Getúlio Dornelles Vargas através do Decreto

n° 19402 (4 de novembro de 1930), criou o Ministério da Educação e Saúde Pública

onde as escolas profissionais passaram para a jurisprudência deste Ministério, que

promoveu reformulações nas Escolas de Aprendizes e Artífices. Como a lei 378, de

13 de janeiro de 1937 deu nova estrutura a esse Ministério, e as Escolas de

Aprendizes Artífices passaram à denominação de Liceus Industriais.

Com o início da industrialização, houve uma pressão de demanda por escolas

e o ministro da Educação e Saúde, Francisco Campos, do governo Vargas,

implementou uma reforma educacional onde foram organizados o ensino superior, o

ensino secundário, o comercial e a regulamentação da profissão de contador

(ROMANELLI,1985).

Quando substituído em 1934, por Gustavo Capanema, este deu continuidade

ao trabalho de Francisco Campos, mas em 1942, apresentou a reforma educacional

através das Leis Orgânicas do ensino profissional. Essa reforma recebeu o nome de

Reforma Capanema e com ela dois tipos de ensino foram criados: um oficial e outro

mantido pelas empresas SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o

SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Os cursos mantidos por

essas empresas visavam à profissionalização e atendiam alunos de baixa renda.

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Dessa forma, ainda persistia a dualidade do ensino, ou seja, um ensino intelectual

para as elites e um profissionalizante, para os pobres. De acordo com Romanelli

(1985, p. 169) “isso, evidentemente, transformava o sistema educacional, de modo

geral, em um sistema de discriminação social”.

A Reforma Capanema buscava unificar a organização do ensino profissional

em todo o território nacional onde a União somente se limitava a regulamentar as

escolas federais, enquanto que as estaduais, municipais ou particulares tinham suas

próprias regras. Na nova legislação, o ensino industrial era de segundo grau, em

paralelo com o ensino secundário, o que possibilitava a articulação com outras

modalidades de ensino e garantia o ingresso nas escolas superiores diretamente

relacionadas ao curso técnico concluído (ROMANELLI, 1985).

Em 1942, o Decreto-Lei 4.119, determinava que os estabelecimentos federais

de ensino industrial passassem para a categoria de escolas técnicas e em 1959,

houve a unificação do ensino técnico em todo território, surgindo as escolas técnicas

federais e, posteriormente, os CEFETs, com autonomia de gestão, intensificando a

formação de técnicos (ROMANELLI, 1985).

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases 4.024/61 (LDB/61), em seu

artigo 47, foi decretado que o ensino técnico de grau médio abrangeria os cursos

industrial, agrícola e comercial, trazendo uma conquista para essa modalidade de

ensino, pois garantia a equivalência com cursos secundários, permitindo aos

egressos terem acesso ao ensino superior.

O período de 1964 a 1971 foi marcado por profundas mudanças históricas e é

outorgada a lei 5.692/71, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que reconheceu

a integração completa do ensino profissionalizante ao sistema regular estabelecendo

a profissionalização como finalidade única para o segundo grau (BRASIL, 1971).

O ensino profissional passou por várias reformas até que na LDB 9394/96, a

Educação Tecnológica passou para o nível da educação profissional,

correspondente aos cursos de nível superior, destinados aos egressos do ensino

médio e técnico. Desta forma, essa lei é um marco de referência na criação dos

Cursos Superiores de Tecnologias (CST) e dedicou no seu escopo quatro artigos

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(39 aos 42) a Educação Profissional, que foram regulamentados pelo Decreto 2.208

de 17 de abril de 1997 (BRASIL, 1997).

Esse Decreto reorganizou a Educação Profissional, promoveu a transição

entre a escola e o trabalho, a capacitação dos jovens e adultos com conhecimentos

e habilidades gerais e específicas para o exercício de atividades produtivas, a

especialização, o aperfeiçoamento e a atualização dos trabalhadores em seus

conhecimentos tecnológicos, visando a sua inserção e melhor desempenho no

exercício do trabalho (BRASIL, 1997).

Dessa forma, a Educação Profissional iniciou uma nova trajetória e os Cursos

Superiores de Tecnologia (CST(s)) passaram a cursos regulares de graduação, com

as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação

com foco no domínio e na aplicação de conhecimentos científicos e tecnológicos em

áreas de conhecimento relacionado a uma ou mais áreas profissionais.

1.2 Curso Superior de Tecnologia

No final da década de 1960, a concepção dos CST no Brasil teve como

objetivo atender a demanda onde as ocupações do mercado de trabalho se

ampliavam e exigiam qualificação em face da mudança no modelo econômico que,

de agroexportador passava a industrial.

A Lei 4024/61 garantia a organização dos cursos com currículos e métodos

próprios, conforme a demanda de mercado, mas legitimados pelo Conselho Federal

de Educação e instaurou a flexibilidade quanto à duração dos cursos superiores.

Surgiram assim, de acordo com o Parecer CFE nº 60/63, os cursos de Engenharia

de Operação de curta duração, que atendiam a demanda industrial, principalmente a

automobilística, em função do crescente desenvolvimento tecnológico. Estes cursos

sofreram grandes revezes por parte dos meios universitários e dos engenheiros e

em 1977 foram extintos.

Os primeiros anos da década de 1960 foram marcados por movimentos que

visavam uma reforma do sistema universitário brasileiro, inclusive a implantação de

cursos superiores diferentes dos tradicionais, assim a Lei Federal 5.540 de

28/12/1968 propunha uma reforma nas universidades, e regulamentava o

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funcionamento dos Cursos Profissionais de curta duração, que atendiam a demanda

da indústria, criando uma habilitação intermediaria entre o grau médio e o superior.

Com o fim da engenharia de produção que fora transformada em engenharia

industrial vinculada as Escolas Técnicas Federais (ETF), em 1978, de acordo com a

lei 6545, as Escolas Técnicas Federais de Minas Gerais, do Paraná e Celso Suckow

da Fonseca foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica

(CEFET).

De acordo com Ramos (2006, p.140), a criação dos CEFET(s) confirmou um

sistema de carreiras curtas voltadas para áreas consideradas “desatendidas” pelos

cursos de graduação. Assim, com a necessidade de mudanças da base técnica de

produção e os novos modelos de gestão de trabalho houve reformas educacionais,

que pretendiam diferenciar os tipos de Educação Profissional.

Assim, em 1976, o Conselho Federal de Educação instituiu os Cursos de

Tecnologia Superior, os quais passaram a ter características especiais e obedeciam

às diretrizes contidas no Parecer CNE/CES 436/2001.

Com o avanço tecnológico, os profissionais do curso de tecnologia devem ter

uma formação específica para a inovação da tecnologia e gestão de processos, ou

seja, os trabalhadores da área devem ser capazes de criar, compreender, organizar,

adaptar e produzir insumos, produtos e serviços (BASTOS, 1998).

A organização curricular destes cursos deverá contemplar o desenvolvimento

das competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, incluindo

fundamentos científicos e humanísticos. Competência profissional é a capacidade

pessoal de mobilizar, articular e colocar os conhecimentos, habilidades e atitudes

para um desempenho eficiente e eficaz das atividades requeridas (BRASIL, 2002)

Para o fortalecimento e aprimoramento dos CST, o MEC apresentou o

Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, um guia para referenciar

estudantes, educadores, instituições, sistemas e redes de ensino, entidades

representativas de classes, empregadores e o público em geral. O Catálogo

Nacional foi aprovado pela Portaria MEC 10/2006 e organizou os cursos em 10 eixos

tecnológicos e 102 denominações de graduações tecnológicas que estão em

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sinergia como previsto no artigo 39 da LDB que orienta que os cursos de Educação

Tecnológica e Profissional poderão ser organizados por eixos tecnológicos (BRASIL,

2006).

Atualmente, o MEC reconhece 112 cursos de graduação em nível Superior e

os organiza em 13 eixos tecnológicos: Ambiente e saúde, Apoio escolar; Controle e

Processos Industriais; Gestão e Negócios; Hospitalidade e Lazer; Informação e

Comunicação; Infraestrutura; Militar; Produção Alimentícia; Produção Cultural e

Design; Produção Industrial; Recursos Naturais e Segurança.

Além do Catálogo Nacional, outro fator que contribuiu para o reconhecimento

dos cursos de tecnologia foi a sua inclusão, a partir de 2007 no Exame Nacional de

Desempenho de Estudantes (ENADE) e a partir de 2010, na Classificação Brasileira

de Ocupações.

Dentro do eixo Produção Industrial, está inserido o Curso Superior de

Tecnologia em Petróleo e Gás, em que se baseou essa dissertação.

1.3 Curso Superior de Tecnologia em Petróleo e Gás

De acordo com o Catálogo Nacional, o eixo de Produção Industrial

compreende tecnologias relacionadas aos processos de transformação de matéria-

prima, substâncias puras ou compostas, integrantes de linhas de produção

específicas, e o Curso de Tecnologia de Petróleo e Gás deve enfatizar,

considerando a vocação regional, uma ou mais etapas do processo produtivo do

Petróleo e Gás (BRASIL, 2010).

O pré-sal brasileiro, foi descoberto pela Petrobras em 2007, em rochas

reservatório localizadas a mais de sete mil metros abaixo da superfície do mar,

chamado de pré-sal. Essa camada se estende na região desde o estado do Rio de

Janeiro até Santa Catarina.

Assim, os Cursos Superiores de Tecnologia em Petróleo e Gás vêm

conquistando espaço, baseados nas perspectivas de grandes reservas de petróleo

do pré sal. De acordo com o MEC, o profissional tecnólogo em Petróleo e Gás

deverá ser capacitado a gerenciar, monitorar e executar a prospecção, extração,

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beneficiamento ou produção, armazenagem e comercialização do petróleo e

derivados e esses cursos têm carga horária mínima de 2400 horas (BRASIL, 2010).

O egresso deverá atuar nas diversas fases da cadeia produtiva do petróleo e

gás, desde a exploração até a distribuição, ter domínio das tecnologias e sistemas,

responsabilidade social e ambiental nas empresas.

Ao tecnólogo é permitido o registro no Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia (CREA) e no Conselho Regional de Química (CRQ). Ainda,

de acordo com o Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia, o eixo de

Produção Industrial, ao qual pertence o Curso de Tecnologia em Petróleo e Gás

abrange planejamento, instalação, operação, controle e gerenciamento dessas

tecnologias no ambiente industrial. Contemplam programação e controle da

produção, operação do processo, gestão da qualidade, controle de insumos,

métodos e rotinas.

A característica do eixo Produção Industrial é a associação de competências

da produção industrial àquelas relacionadas ao objeto da produção, na perspectiva

de qualidade e produtividade, ética e meio ambiente, viabilidade técnico-econômica,

além do permanente aprimoramento tecnológico.

O preparo do aluno que atenda as essas demandas específicas, que tenha

iniciativa, criatividade, capaz de construir, correr riscos, ou seja, para alcançar um

desenvolvimento pleno e integral é necessário desenvolver habilidades como

aprender a aprender, fazer, a ser e a conviver e a preparar para o exercício da

cidadania.

A globalização, as mudanças nas formas de trabalho, a crise ambiental, as

novas competências dos trabalhadores e avanços tecnológicos, são alguns aspectos

que devem modificar a formação do trabalhador.

Assim, nesta sociedade marcada por transformações é importante a

ressignificação do espaço educacional. Desta forma, a utilização de estratégias

diferenciadas de ensino se faz necessário para tornar o aluno sujeito de sua

aprendizagem, entre elas, a pedagogia de projetos.

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CAPÍTULO 2 - PEDAGOGIA DE PROJETOS

A discussão sobre a contribuição da pedagogia de projetos para o processo

ensino aprendizagem é antiga, nasceu nos Estados Unidos com John Dewey que

trabalhou com experiências em sala de aula, transformando-as em laboratórios

didáticos.

De acordo com Lourenço Filho (1978) os princípios fundamentais do sistema

de projetos idealizado por Dewey envolviam a atividade própria do aluno, adequação

do trabalho aos níveis de seu desenvolvimento, respeito pela personalidade de cada

um e finalmente, compreensão geral de que a ação de educar não pode ser

separada das atividades da vida real, apropriando-se do cotidiano dos alunos. Para

Dewey, o aluno tinha que ter originalidade e agir de forma cooperativa e que o

conhecimento é uma’ atividade dirigida e que não tem um fim em si mesmo, mas

está dirigido para a experiência.

Ao falecer, em 1952, Dewey deixou um grande número de obras e era

considerado um representante do pragmatismo na educação americana e defensor

do treinamento baseado nos interesses e na experiência das pessoas com

valorização da criatividade e das habilidades.

Um grande divulgador das ideias de Dewey foi William Kilpatrick (1871-1965)

que, apoiado na teoria da experiência de Dewey e fortemente influenciado pela

psicologia da aprendizagem, desenvolveu um trabalho denominado Método de

Projetos, e afirmava que não bastava no desenvolvimento de um trabalho escolar, a

atenção, mas sim a intenção que se tem com o desenvolvimento do mesmo, para

que haja interesse e envolvimento.

De acordo com Kilpatrick (apud Lourenço Filho, 1978) destaca as situações

sociais como um do “[...] não poderemos ensinar com coerência, se não

conhecemos o objetivo exato a ser alcançado. Qual é esse objetivo? Como a

personalidade humana deve ser considerada?”. Ainda segundo o autor, o êxito na

realização de um trabalho, desenvolvido como projeto, somente ocorrerá se os

objetivos forem claros e haja colaboração, participação e interesse dos alunos.

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A pedagogia de projetos procura equilibrar a relação teoria e prática, levar o

aluno a partir de um tema problematizador, pesquisar, resolver problemas, articular,

construir seu conhecimento, proporcionando condições para que os alunos se

tornem críticos, reflexivos e autônomos (NOGUEIRA, 2003).

A adoção da pedagogia de projetos deve-se além da necessidade da contextualização, proporcionar o desenvolvimento de habilidades e competências, romper com a organização curricular tradicional propondo criar situações de aprendizagem mais dinâmicas e efetivas.

De acordo com Nogueira (2005):

[...] podemos pensar nos projetos como estratégias facilitadoras do trabalho voltado à globalização, ou seja, aquele que leve o aluno a enxergar relações além das disciplinas de tal forma a interpretar o mundo, a realidade e a sociedade na qual estão inseridos. Um olhar mais voltado à complexidade da vida e do mundo, um olhar mais holístico e transdisciplinar com relação ao conhecimento, além dos conteúdos das disciplinas acadêmicas (NOGUEIRA, 2005, p.55)

O termo projeto apresenta vários conceitos e tem sua origem em diferentes

áreas de conhecimento.

Para Nogueira (2003),

[...] uma atividade desenvolvida com a formatação de projeto possibilita a ampliação do processo de construção do conhecimento, já que os alunos realizam a descrição de suas hipóteses planejadas, executam os processos para pesquisa e descobertas, analisam e refletem sobre suas aquisições e ainda se utilizam de seu senso crítico, depurando e replanejando seus trabalhos. (NOGUEIRA, 2003 p. 128)

No Brasil, a pedagogia de projetos foi introduzida pelos trabalhos de Anísio

Teixeira e Fernando de Azevedo, ambos idealistas da Escola Nova que tinha como

meta contrapor aos princípios e métodos da educação tradicional alicerçada no

imobilismo. Esses autores criticavam o estudo de conteúdos descontextualizados e

o descompasso entre a escola e a vida (AZEVEDO, 1976).

Desta forma, a pedagogia de projetos representa uma inovação na forma de

ensinar e está vinculada ao desenvolvimento do conhecimento globalizado e

relacional. Essa inovação acarreta a transformação das ideias de conhecimento, de

aprendizagem, assim como do papel do professor e da função da escola.

Essa modalidade de articulação dos conhecimentos escolares é uma forma de organizar a atividade de ensino e aprendizagem, que implica considerar que tais conhecimentos não se ordenam para sua compreensão de uma

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forma rígida, nem em função de algumas referências disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização dos alunos. A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p. 61).

Conforme Nogueira (2003) para o início dos trabalhos com projetos deve

haver o comprometimento de todos, onde o aluno é peça fundamental no processo.

Ele reconhece a importância de planejar para a sua formação, salientando a

importância de cada etapa.

Hernández (1998) destaca que no desenvolvimento de um projeto não há um

método a ser seguido, mas uma série de condições ou etapas a serem observadas.

A primeira é definir um assunto e a escolha pode ser a partir de uma sugestão do

professor ou dos próprios alunos. Este é o momento de problematização, que se

inicia ao incitar o aluno a observar a realidade de modo crítico, possibilitando que o

mesmo possa relacionar esta realidade com a temática que está estudando.

Para Berbel (1999) esta observação mais atenta permitirá que o estudante

perceba por si só os aspectos interessantes, que mais o intrigue e a partir das ideias

e de valores acumuladas pelos alunos, alguns aspectos serão ressaltados como

destoantes ou contrastantes.

Assim, para a escolha do tema, para a elaboração do trabalho, podem ser

usados filmes, jornais, ou acontecimentos que rodeiem o aluno e que possibilite a

criação de novos conhecimentos. Se um tema for muito abrangente, sugere-se a sua

divisão em subtemas.

Após a escolha do tema e subtemas, avança-se para uma segunda etapa,

que é a busca por informações em várias fontes para a ampliação e

complementação do projeto. É importante que o aluno busque informações que

ofereçam múltiplas visões da realidade, ou seja, a realidade com vários enfoques e

linguagens, pois é neste momento que buscarão o preenchimento das lacunas

centrais sobre o projeto, alinhavando de forma a organizar os conteúdos

encontrados, transformando-os em conhecimentos, que servirão de instrumentos

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para que aprendam a situar-se diante do todo e percebam que são responsáveis

pela sua aprendizagem.

A busca de informações, segundo Hernández (1998):

Também lhes leva a envolver outras pessoas na busca de informações, o que significa considerar que não se aprende só na escola, e que o aprender é um ato comunicativo, já que necessitam da informação que os outros trazem (HERNÁNDEZ, 1998, p. 75).

Neste momento, os alunos buscam novos conhecimentos, trocam ideias com

os pares e com o professor, tornando-se responsáveis pela sua aprendizagem.

A etapa da síntese ou sistematização dos conhecimentos é o momento da

seleção dos conhecimentos e sua organização, onde o professor deverá estar atento

para questionar, estimular e orientar. Essa síntese das informações adquiridas pode

também ser entendida como uma coleção de documentos ou um pequeno arquivo

que podem servir como ponto de partida para futuras investigações que poderão

originar outros temas de projetos. O professor pode fazer intervenções e o material

deve ser socializado entre os alunos.

De acordo com Nogueira:

Em paralelo a esta etapa, o próprio ensaio das ações de demonstração e apresentação deverá estar ocorrendo, já que estas atividades podem colocar a prova algumas das “falhas” existentes no projeto (NOGUEIRA, 1999, p. 39).

O trabalho com pedagogia de projetos leva o aluno a adquirir uma série de

procedimentos que permitam organizar e estabelecer as diversas relações a partir

do tema. De acordo com Hernández e Ventura (1998, p.89) “A função principal de

um projeto é possibilitar aos alunos o desenvolvimento de estratégias globalizadoras

de organização dos conhecimentos escolares, mediante o tratamento da

informação”.

Segundo Nogueira (2003), a aprendizagem é um processo global que visa a

formação integral do aluno, onde se deve trabalhar conteúdos orientados para a

profissão e conteúdos que forneçam os fundamentos teóricos das questões de valor

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e éticas, através de atividades que relacionem a sala de aula com a realidade do

aluno.

A apresentação do projeto e avaliação são espaços para análises,

descobertas e verificações de erros.

É importante notar que neste processo o “erro” será percebido pelo próprio aluno, mas não de forma “traumática” e existente normalmente em uma prova corrigida friamente com caneta vermelha, mas sim como algo que “não está bom” ou como “poderia ter ficado melhor”. Percebam que nestes casos cria-se uma hipótese a qual questiona a anterior por análise e reflexão; e, com o intuito de melhora, haverá necessidade de fazer outra leitura do(s) erro(s) cometido(s) (NOGUEIRA, 1999, p. 39).

Avaliar é um processo, parte de um todo, ou seja, a avaliação é realizada

para manter ou melhorar a atuação, para se refletir sobre as informações obtidas. A

avaliação deve ter o envolvimento de todos e ser direcionado aos objetivos

propostos.

Para Luckesi (2005, p. 47) avaliar consiste em:

[...] um ato pelo qual, através de uma disposição acolhedora, constatamos e qualificamos alguma coisa (objeto, ação ou pessoa), tendo em vista, de alguma forma, tomar decisão sobre ela; no caso de pessoas junto com ela (LUCKESI, 2005, p. 47).

O desenvolvimento da Pedagogia de Projetos gera a necessidade de

aprendizagens e nesse processo os alunos irão deparar com os conteúdos das

diversas disciplinas. Esse conhecimento precisa trazer satisfação e motivação, para

que ele entenda o mundo e a si mesmo, contextualizando a necessidade do

desenvolvimento da interdisciplinaridade (NOGUEIRA, 2003).

Frigotto (1995, p.55) defende que a interdisciplinaridade é “uma necessidade

relacionada à realidade concreta, histórica e cultural, constituindo-se assim como um

problema ético-político, econômico, cultural e epistemológico”.

Assim o mesmo autor destaca:

A interdisciplinaridade se apresenta como problema pelos limites do sujeito que busca construir o conhecimento de uma determinada realidade e, de outro lado, pela complexidade desta realidade e seu caráter histórico. Todavia esta dificuldade é potencializada pela forma específica que os homens produzem a vida de forma cindida, alienada, no interior da sociedade de classes. (FRIGOTTO, 1995)

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Na interdisciplinaridade, o conhecimento é integrado, ou seja, onde as

disciplinas interagem, sendo uma forma de superar a fragmentação do saber. Na

multidisciplinaridade, as disciplinas se interconectam através de várias realidades.

Os conteúdos deixam de ter um fim em si mesmo e passam a ser meios para

ampliar a formação e interação na realidade com uma forma crítica e dinâmica.

Portanto, os conteúdos devem ser vistos de uma forma profunda e abrangente.

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CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA

"A água é o veículo da natureza." (Leonardo da Vinci)

3.1 Processo metodológico

Trata-se de uma pesquisa qualitativa e foi desenvolvida em uma universidade

da rede privada do estado de São Paulo, na cidade de Santos, no Curso de

Tecnologia em Petróleo e Gás, na disciplina Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM).

3.2 A disciplina PIM

O Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM) faz parte do PPC (Projeto

Pedagógico do Curso) e é desenvolvido ao longo de cada semestre letivo, onde

cada grupo, formado por 4 a 6 alunos, recebe do professor orientador um tema para

ser pesquisado. O tema proposto é resultado de discussão entre o coordenador do

curso e os professores ministrantes das disciplinas do semestre.

O objetivo do PIM é propiciar aos alunos uma fundamentação prática dos

conceitos teóricos explorados na sala de aula favorecendo o diálogo entre as

disciplinas que integram a grade curricular, em especial aquelas do semestre.

O professor orientador se reúne com os alunos semanalmente para orientar e

sanar dúvidas, incentivar e acompanhar os trabalhos. Ao final do processo, o projeto

será avaliado por uma banca examinadora presidida pelo professor orientador.

Na primeira reunião, o grupo de alunos escolherá o tema dentre os indicados

pelo professor orientador e receberá o guia de normalização para apresentação de

trabalhos acadêmicos, o manual geral de orientação do projeto integrado

multidisciplinar e o manual específico.

O manual geral apresenta os objetivos, enfoques, o processo de orientação e

construção e a validação do PIM, assim como uma lista de apêndices.

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Os grupos preencherão os formulários do manual geral, indicando o líder do

grupo, sua constituição e seus dados, para controle da coordenação de PIM.

O grupo deverá escolher o tema de interesse comum e justificar a escolha.

Entretanto, a indicação será submetida à aprovação do professor-orientador do

grupo, que irá decidir sobre a aprovação ou não do tema definido.

A validação do PIM se dará por meio de atribuição de notas, de zero até dez e

será avaliado em 2 momentos: na versão escrita, ocasião em que o professor avalia

o trabalho completo, de acordo com os critérios sugeridos no Apêndice C e na

apresentação oral, quando a banca, composta por três professores, avalia a

capacidade dos alunos de expor o trabalho e responder a questionamentos sobre o

mesmo (Apêndice D).

O manual específico apresenta os temas escolhidos com os objetivos, as

disciplinas contempladas e o foco do PIM (Projeto Integrado Multidisciplinar).

Os professores-orientadores poderão avaliar individualmente os alunos

participantes dos grupos de trabalho, podendo atribuir a cada um uma nota diferente

da nota atribuída ao PIM, tendo em vista a participação individual na elaboração do

trabalho.

Cabe ressaltar que a Universidade em que este estudo foi realizado utiliza o

termo multidisciplinar que significa, onde as disciplinas se interconectam através de

varias realidades.

3.3 Avaliação da Pedagogia de Projetos

Participaram dessa investigação 12 (doze) alunos do 5° e 6° semestre do

período da manhã, os quais foram divididos em 3 (três) grupos. Os alunos

desenvolveram seus projetos durante um período de 5 (cinco) meses.

A classe é composta por alunos com idades entre 21 e 46 anos, sendo 41%

do sexo feminino, permanecendo 3 horas diárias no ambiente escolar e somente 2

alunos trabalhavam na área industrial e o restante em serviços diversos.

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O PIM é uma disciplina que faz parte do Projeto Pedagógico do Curso

Superior de Tecnologia e foi organizada seguindo os passos da pedagogia de

projetos que foram:

A problematização para escolha do tema;

Escolha dos subtemas;

Seleção de bibliografia

Produção

Divulgação dos resultados

Avaliação

Os alunos também respoderam 2 perguntas abertas, para que fosse avaliado

a efetividade da metodologia empregada (Quadro ). Para a aplicação do

questionário,

Perguntas

I - Qual a sua opinião sobre a aplicação da pedagogia de projetos nesta

disciplina?

II - Quais as relações do seu projeto com o meio ambiental e/ou seu curso?

Quadro 1 - Perguntas aplicadas com os alunos para avaliar a efetividade da metodologia.

A avaliação dos trabalhos foi realizada em 2 momentos: na finalização da

versão escrita e através de uma apresentação oral com o uso da maquete, ou

seja, uma demonstração visual do contexto estudado que é colocada para a

apreciação dos pares do curso e professores.

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CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÂO

“A dúvida é o principio da sabedoria” (Aristóteles)

4.1 A Pedagogia de Projetos na disciplina PIM

Inicialmente, discutiu-se o tema (etapa 1) que seria foco para a pesquisa dos

alunos. Nesta etapa a professora solicitou que o tema a ser escolhido deveria

abranger as disciplinas do semestre cursado: Controle de Qualidade, Controle de

Processos Industriais, Processamento e Distribuição de Gás Natural, Cadeia

Produtiva, Direito do Petróleo, Comércio de Petróleo, Gás e Derivados,

Industrialização do Petróleo e Tratamento de Efluentes.

A integração de diferentes áreas de conhecimento é importante porque como

destaca Prado (2001), ao integrar seus conhecimentos o aluno pode recontextualizar

aquilo que aprendeu, bem como estabelecer relações significativas entre seus

conhecimentos. Este é o momento da ressignificação dos conceitos, o qual leva a

uma ampliação do seu universo de aprendizagem.

A pedagogia de projetos também apresenta um caráter de potencializar a

interdisciplinaridade, pois o trabalho com projetos permite romper com as fronteiras

disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes áreas de

conhecimento numa situação contextualizada da aprendizagem (FRIGOTTO, 1995).

A escolha do tema, apontado por Hernández e Ventura (1998), é um aspecto

que deve ser realizada coletivamente por alunos e professor. Deve haver uma

mediação entre o que os alunos querem estudar e as competências exigidas na sua

formação.

Seguindo essa recomendação de Hernández e Ventura, a professora sugeriu

que cada grupo fizesse uma leitura dos objetivos específicos de cada disciplina,

contidos no plano de ensino e disponíveis no sistema online da Universidade, e das

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competências que deveriam desenvolver como tecnólogo em Petróleo e Gás. Para

essa última, a professora tinha em mãos as recomendações do MEC quanto a essas

competências e as distribuiu entre os grupos. Após lerem e discutirem entre seus

pares, os grupos optaram por desenvolver seus projetos dentro do tema gerador

Tratamento de Efluentes.

A atividade industrial é uma das responsáveis pela contaminação do meio

ambiente e produz rejeitos gasosos, líquidos e sólidos. Os processos industriais

utilizam grande quantidade de água e consequente produção de efluentes que

contribuem para a contaminação dos corpos de água. As atividades agrícolas,

esgotos sanitários, resíduos residenciais também colaboram para a contaminação

ambiental (REBOUÇAS, 2004).

Esse tema é abrangente e envolve vários conceitos de química, de processos

industriais geradores de poluição hídrica, de métodos de controle de poluição por

intervenção no processo produtivo, dos tipos efluentes e suas implicações

ambientais e legais envolvendo também os processos de tratamento aplicáveis

visando à descarga em corpos d'água naturais. Devido a essa abrangência, a

professora sugeriu que os grupos escolhessem subtemas para desenvolverem suas

pesquisas.

Uma vez que os efluentes são oriundos de processos industriais, agrícolas,

domésticos, hotelaria, petróleo e derivados e alguns alunos já trabalhavam na

indústria, outros eram profissionais envolvidos com o uso de combustíveis e

derivados e outros trabalhavam com distribuição de substâncias químicas, os

subtemas (etapa 2) escolhidos foram:

Tratamento de esgoto residencial (Grupo I)

Tratamento de efluentes líquidos provenientes das atividades em postos de

combustíveis (Grupo II) e

Tratamento de água em caldeiras industriais. (Grupo III)

Para desenvolver suas pesquisas os grupos discutiram sobre a relação entre

atividade produtiva e o meio ambiente considerando os riscos, a prevenção e

preservação do meio.

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Segundo Nogueira (2001, p.90), "um projeto na verdade é, a princípio, uma

irrealidade que vai se tornando real, conforme começa a ganhar corpo a partir da

realização de ações e consequentemente, as articulações desta".

O trabalho com pedagogia de projetos requer um planejamento, pois tanto o

professor quanto os alunos buscam respostas e dessa forma, irão executar tarefas,

o que irá tornar os alunos ativos no seu processo de construção, execução e

avaliação e o professor deverá compreender as potencialidades, as implicações e as

exigências do desenvolvimento de projetos, onde os alunos são sujeitos ativos da

aprendizagem, e deverá preservar a função da universidade que é a de desenvolver

a autonomia do ser humano, a de produzir conhecimento e de construir a cidadania

(DELORS 2000, p.142)

Com a escolha do tema e subtemas, a etapa seguinte será de

desenvolvimento (etapa 3), onde os alunos irão a procura e troca de informações em

várias fontes de pesquisas. Nessa etapa é importante que o aluno saiba selecionar

informações significativas, tomar decisões, trabalhar em grupo, gerenciar confronto

de ideias, enfim desenvolver competências exigidas para um tecnólogo. Esta é a

etapa onde se fará o planejamento e o professor deverá estar atento, ele é aquele

que ouve, que questiona e que orienta, visando propiciar a construção do

conhecimento do aluno. De acordo com Hernández e Ventura (1998), a busca por

fontes de informação favorece a autonomia do aluno ao mesmo tempo em que

melhora o diálogo entre educador e educando, sobretudo pela mudança que se faz

na função do professor nesse processo. Aqui ele funciona como um facilitador da

aprendizagem transformando as diversas referências informativas trazidas pelos

alunos em material de aprendizagem.

Durante todo o processo, as questões eram repensadas e em certos

momentos os alunos concluíam que o que haviam proposto para pesquisar não

condizia com o que estavam procurando. Dessa forma, a discussão foi uma forma

de verificar a coerência do trabalho e auxiliar os outros alunos a encontrar o foco do

trabalho e praticar a argumentação.

Nos encontros semanais, os alunos entregavam ao professor orientador os

resumos das leituras feitas durante a semana, para que fosse discutida entre o

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grupo e o orientador, após os acertos e as correções o professor ocorria a devolução

aos alunos.

Nos relatórios das pesquisas (etapa 4) foi observado que todos os grupos

tiveram uma preocupação em preservar o meio ambiente como pode ser verificado

nos trechos abaixo:

O cuidado com o meio ambiente é uma realidade, e os postos de serviços são empreendimentos que devem se adequar às leis e normas para que evite a ocorrência de vazamentos de combustíveis no solo, fato que provoca a contaminação de águas subterrâneas, aquíferos e solo, causando danos ambientais. (Grupo I)

Através de diversos meios, foi observada a complexidade e importância do tratamento de efluentes que se torna algo essencial para a saúde publica e individual de todos. (Grupo II)

Dependendo da destinação da água se deve condicioná-la. O condicionamento das águas para as caldeiras é importante, pois tem o objetivo de proteger as caldeiras contra a formação de crostas e corrosão, melhorando a vida útil e a eficiência na produção de vapor. (Grupo III)

Outro ponto de relevância foram os conhecimentos químicos:

Os efluentes mais comuns oriundos são as águas usadas em todos os processos realizados no posto, e conforme regulamentação deve passar por uma caixa separadora de água e óleo, para que possam ser descartadas na rede coletora da cidade, de forma a não contaminar tanto a rede coletora, quando um provável corpo receptor (Grupo I).

Os conhecimentos químicos aplicáveis entre outros foram densidade,

sedimentação e coalescência, flotação (Grupo I).

Os processos químicos removem os poluentes ou condicionam a mistura de efluentes para os próximos processos. Já os processos biológicos removem a matéria orgânica dissolvida e em suspensão. Analisamos os níveis de tratamento, caracterizando cada um com suas determinadas funções (Grupo II).

Os conhecimentos químicos: pH, oxidação, processos de separação de

misturas e reações com processos anaeróbios e aeróbios.

O tipo de tratamento químico a ser usado, depende do conhecimento dos substancias químicas dissolvidas na água como, por exemplo, os carbonatos e bicarbonatos que quando presentes por aquecimento das caldeiras se decompõem e liberam CO2 que ataca as superfícies metálicas da mesma e tubulações de retorno condensado, além da tendência a formar incrustações nas superfícies de troca de calor e aumentar a formação de espuma e arraste nas caldeiras, sendo feita a remoção por meio de substâncias químicas e tratamentos físicos como aeração. (Grupo III)

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Neste grupo a parte da química utilizada foi corrosão e resina trocadora de

íons entre outros.

O domínio das tecnologias e dos processos produtivos, a responsabilidade

social e ambiental foram pontos abordados em todos os trabalhos. Por exemplo, no

relatório do grupo que desenvolveu sua pesquisa com o tema “Tratamento de

efluentes líquidos provenientes das atividades em postos de combustíveis”, foram

discutidas as tecnologias utilizadas para que água fosse tratada antes de ser

descartada sem prejudicar o meio ambiente. Esse grupo visitou vários postos e

entrevistou um funcionário de um posto situado na cidade de Santos e percebeu que

poucos dirigentes de postos estão preocupados com o meio ambiente e com sua

responsabilidade social, ou seja, as empresas, numa base voluntária, devem

contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo.

Para Srour (2000 apud TÓDERO, MACKE; BIASUZ, 2011), uma empresa

socialmente responsável é aquela que além de manter parceria efetiva com clientes

e fornecedores, gerando produtos de qualidade, deveriam preocupar-se ainda com a

conservação do meio ambiente. Assim, o aumento das preocupações com as

questões ambientais, as desigualdades sociais e a sustentabilidade, juntamente com

a maior disponibilidade de facilidade de acesso às informações, contribuiu para uma

crescente conscientização dos consumidores (SILVA; MINCIOTTI; ROMEIRO,

2011).

O novo perfil profissional se constitui de habilidades e competências

elencadas pelo mercado de trabalho baseados na produtividade. Para Silva Filho

(1994), a característica fundamental desse novo profissional é sua capacidade de

aprender a aprender, trabalhar em grupos na resolução de problemas relativamente

complexos, entender e usufruir das potencialidades tecnológicas do mundo que nos

cerca.

Nos projetos observou-se que os alunos desenvolveram as competências de

saber fazer, que envolve estratégias e procedimentos e agregam os conhecimentos

técnicos e tecnológicos, o saber ser que envolve qualidades pessoais e

sociocomunicativas, assim como as habilidades cognitivas e comportamentais.

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As perguntas abertas feitas aos alunos foram relevantes como se pode

observar em algumas respostas:

“Foi bom renovar, trabalhar com o que nos escolhemos.” (Aluno I)

“O PIM sempre foi com temas predeterminados, com isso poderia haver o azar

de ter um tema que o grupo não gostasse, podendo frustrar.” (Aluno II)

“Muito bom, discutimos muito, tivemos muita dificuldade para escolher o tema.”

(Aluno III).

4.2 Projetos desenvolvidos pelos alunos

O grupo I desenvolveu seu projeto sobre Tratamento de efluentes líquidos

provenientes das atividades em postos de combustíveis, os quais são empresas

potencialmente poluidoras, em função dos produtos comercializados e dos resíduos

gerados em suas atividades.

Esse grupo pesquisou os tipos de efluentes gerados nas atividades

desenvolvidas por essas empresas, realizaram pesquisa bibliográfica nas leis,

portarias e normas que regulamentam e definem o que são efluentes e a forma

correta de lidar com esse resíduo gerado a partir dessa atividade comercial.

Perceberam que os efluentes mais comuns oriundos são as águas usadas em

todos os processos realizados no posto. Essa água, conforme regulamentação deve

passar por uma caixa separadora de água e óleo para que possa ser descartada na

rede coletora da cidade, de forma a não contaminar tanto a rede coletora, quando

um provável corpo receptor.

O cuidado com o meio ambiente é uma realidade, e os postos de serviços são

empreendimentos que devem se adequar às leis e normas para que se evite a

ocorrência de vazamentos de combustíveis no solo, fato que provoca a

contaminação de águas subterrâneas, aquíferos e solo, causando danos ambientais.

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O grupo realizou uma entrevista com um gerente de posto de serviços da

cidade de Santos, para o conhecimento do sistema de tratamento de água residual.

Na apresentação de suas pesquisas construíram uma maquete como pode

ser observado na Figura 1

Figura 1- Maquete de Posto de gasolina construída pela equipe I.

O grupo II desenvolveu seus projetos com o tema Tratamento de esgoto

residencial e nele mostraram que para o tratamento de esgoto, são utilizados

diversos tipos de processos, classificados em:

Processos Físicos

Processos Químicos

Processos Biológicos

Os processos físicos são responsáveis pela retirada dos sólidos em

suspensão sedimentáveis ou flutuantes. Os processos químicos removem os

poluentes ou condicionam a mistura de efluentes para os próximos processos. Já os

processos biológicos removem a matéria orgânica dissolvida e em suspensão.

O grupo analisou os níveis de tratamento preliminar, primário, secundário e

terciário, caracterizando cada um com suas determinadas funções. Por exemplo,

descreveram que o nível preliminar é responsável por remover sólidos grosseiros e

com pequenos diâmetros como areia, terra, carvão, penas, plásticos, além de óleos

e graxas. Os sólidos presentes nos esgotos são compostos de matéria orgânica

solúvel, substâncias tóxicas, matérias refratárias, óleos, graxas, ácidos, álcalis, entre

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outros. O nível primário é responsável por reter componentes tóxicos, matéria

orgânica, gordura e metais pesados. O nível secundário remove matéria orgânica

biodegradável. Já no nível terciário, ocorre a desinfecção do efluente e a remoção

dos compostos orgânicos refratários aos níveis de tratamentos anteriores.

Esse grupo mostrou que o esgoto sanitário tem origem doméstica e industrial,

com destino nos cursos de água, lagos e até mesmo oceanos. Seu sistema é

composto por:

Redes Coletoras

Interceptor Emissário

Sifão Invertido

Esse grupo também pesquisou sobre a implantação de estações de

tratamento de esgoto (ETE(s)). Descreveram sobre seu funcionamento e

perceberam que o custo de implantação de uma ETE varia muito de acordo com a

tecnologia escolhida e que essa escolha influencia diretamente na potência

instalada, fator que afeta o consumo de energia e que depende da manutenção,

responsável pela vida útil da ETE.

Abordaram as necessidades de desinfecção dos esgotos e citaram alguns

tipos mais utilizados como:

Desinfecção com Cloro

Desinfecção com Ozônio

Desinfecção com Dióxido de Cloro

Radiação Ultravioleta

Quanto aos odores, identificaram que são provenientes de uma mistura

complexa de fenóis, aldeídos, alcoóis, ácidos orgânicos, moléculas com enxofre e

nitrogenadas. O não controle dos odores pode ser prejudicial ao meio ambiente,

atrapalhando na reprodução de alguns animais e nos seres humanos pode causar

falta de apetite, de ar, náuseas e vômitos. Para se tratar os gases odoríferos,

adotam-se alguns tipos de tratamentos como:

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Tratamento de gases por meio da absorção

Tratamento de gases por meio da adsorção

Biofiltro

Biopercolador

Biolavador

Na apresentação para a sala a equipe montou uma maquete mostrando o

funcionamento de uma ETA (Figura 1).

Figura 1 - Maquete de ETA (estação de tratamento de água).

Através de diversos meios, foi observada a complexidade e importância do

tratamento de efluentes que se torna algo essencial para a saúde pública e

individual de todos.

O grupo III desenvolveu sua pesquisa sobre tratamento de água em caldeiras

industriais, pois um dos principais pontos para a eficiência, segurança e duração de

uma caldeira industrial é a qualidade da água. O não tratamento da água que é

utilizada em uma caldeira pode levar a vários problemas como incrustações,

depósitos, corrosões, que resultam em pedras, ruptura e explosões de tubo.

As substâncias presentes, dissolvidas ou em suspensão na água podem ser

impurezas como, por exemplo: sais, ácidos, bases e gases dissolvidos, material em

suspensão e microrganismos. Dependendo da destinação da água se deve

condicioná-la. O condicionamento das águas para as caldeiras é importante, pois

tem o objetivo de proteger contra a formação de crostas e corrosão, melhorando a

vida útil e a eficiência na produção de vapor. Esse grupo percebeu que o tipo de

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tratamento químico a ser usado, depende do conhecimento das substâncias

químicas dissolvidas na água como, por exemplo, os carbonatos e bicarbonatos que

por aquecimento das caldeiras se decompõem e liberam CO2 que ataca as

superfícies metálicas da mesma e tubulações de retorno condensado, além da

tendência a formar incrustações nas superfícies de troca de calor e aumentar a

formação de espuma e arraste nas caldeiras.

De acordo com suas pesquisas, a remoção desses sais pode ser realizada

por meio de substâncias químicas e tratamentos físicos como aeração.

Na apresentação da pesquisa também construíram uma maquete, a qual

pode ser vista na Figura 2.

Figura 2 - Maquete de caldeira industrial.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho com pedagogia de projetos aplicado em um curso superior de

tecnologia foi marcante, pois implicou mudanças tanto no papel do quanto aluno do

professor. Essa metodologia levou o professor a assumir o papel de facilitador e

mediador, e o auxiliou a refletiu sua prática pedagógica. Enquanto o aluno conseguiu

aprender baseado na integração entre conteúdos das várias áreas do conhecimento,

trabalhar em equipe e perceber o seu papel como cidadão e como profissional na

qualidade do meio ambiente.

Na organização dos trabalhos os alunos tiveram que assimilar novas

informações e a partir de seus questionamentos, investigaram e buscaram

respostas, levando-os a curiosidade e a criatividade, ampliando seus

conhecimentos.

Quanto ao curso, como o currículo do curso é organizado em disciplinas

específicas, fragmentando o conhecimento, a pedagogia de projetos proporcionou

que os alunos percebessem que os conhecimentos adquiridos em cada disciplina

separadamente, embora isolados, interagem entre si.

A Pedagogia de Projetos pode também ser utilizada para desenvolver

competências e habilidades em alunos do ensino superior de Tecnologia de Petróleo

e Gás. Entre essas competências e habilidades estão as relativas ao gerenciamento

de questões ligadas à degradação do meio ambiente, exigidas na sua formação e

atuação no mercado de trabalho.

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ANEXOS

Resumos apresentados nos trabalhos dos alunos.

Grupo I - Tratamento de efluentes líquidos provenientes das atividades em postos

de combustíveis

Os postos de combustíveis são empresas potencialmente poluidoras, em função dos

produtos comercializados e dos resíduos gerados em suas atividades, assim este

trabalho buscou verificar qual é o destino dado aos efluentes gerados nas atividades

desenvolvidas pelos postos de combustíveis. Para o seu desenvolvimento foi

realizado pesquisa bibliográfica nas leis, portarias e normas que regulamentam e

definem o que são efluentes e a forma correta de lidar com esse resíduo gerado a

partir dessa atividade comercial, e uma entrevista foi feita com um gerente de posto

de serviços da cidade de Santos. Os efluentes mais comuns oriundos são as águas

usadas em todos os processos realizados no posto, e conforme regulamentação

deve passar por uma caixa separadora de água e óleo, para que possam ser

descartadas na rede coletora da cidade, de forma a não contaminar tanto a rede

coletora, quando um provável corpo receptor. O cuidado com o meio ambiente é

uma realidade, e os postos de serviços são empreendimentos que devem se

adequar às leis e normas para que evite a ocorrência de vazamentos de

combustíveis no solo, fato que provoca a contaminação de águas subterrâneas,

aquíferos e solo, causando danos ambientais.

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Grupo II - Tratamento de esgoto residencial

Na antiguidade foi visto a necessidade de uma rede de esgotos, devido a um grande

número de epidemias que passou. O esgoto começou a ser lançado em 1815 em

águas pluviais na Inglaterra. Em 1887 foi construída a primeira ETE, nos EUA. Em

1900, o engenheiro Saturnino de Brito e o engenheiro Miguel Presgrave

arquitetaram um projeto visando não somente a situação da cidade naquela época,

mais também na situação futura que enfrentamos hoje. Para o tratamento de esgoto,

utilizamos diversos tipos de processos, classificados em:

Processos Físicos

Processos Químicos

Processos Biológicos

Os processos físicos são responsáveis pela retirada dos sólidos em suspensão

sedimentáveis ou flutuantes. Os processos químicos removem os poluentes ou

condicionam a mistura de efluentes para os próximos processos. Já os processos

biológicos removem a matéria orgânica dissolvida e em suspensão. Analisamos os

níveis de tratamento, caracterizando cada um com suas determinadas funções. O

nível preliminar é responsável por remover sólidos grosseiros e com pequenos

diâmetros (areia, terra, carvão, penas, plásticos), além de óleos e graxas. O nível

primário é responsável por componentes tóxicos, matéria orgânica, gordura e metais

pesados. O nível secundário remove matéria orgânica biodegradável. Já no nível

terciário, ocorre a desinfecção do efluente e a remoção dos compostos orgânicos

refratários aos níveis de tratamentos anteriores. O esgoto sanitário tem origem

doméstica e industrial, com destino nos cursos de água, lagos e até mesmo

oceanos. Seu sistema é composto por:

Redes Coletoras

Interceptor Emissário

Sifão Invertido

Citamos que o custo de implantação de uma ETE varia muito de acordo com a

tecnologia escolhida. Isso influencia diretamente na potência instalada, fator que

afeta o consumo de energia e que depende da manutenção, responsável pela

vida útil da ETE. Identificamos que o sólido presente nos esgotos é composto

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de: matéria orgânica solúvel, substâncias químicas tóxicas, matérias refratárias,

óleos, graxas, ácidos, álcalis, entre outros. Abordamos as necessidades de

desinfecção e podemos citar alguns tipos mais utilizados:

Desinfecção com Cloro

Desinfecção com Ozônio

Desinfecção com Dióxido de Cloro

Radiação Ultravioleta

Quanto aos odores, foi identificado que são provenientes de uma mistura

complexa de fenóis, aldeídos, alcoóis, ácidos orgânicos, moléculas com enxofre

e nitrogenadas. O não controle dos odores pode ser prejudicial ao meio

ambiente, atrapalhando na reprodução de alguns animais e nos seres humanos

pode causar falta de apetite, de ar, náuseas e vômitos. Para se tratar os gases

odoríferos, adotam-se alguns tipos de tratamentos:

Tratamento de gases por meio da absorção

Tratamento de gases por meio da adsorção

Biofiltro

Biopercolador

Biolavador

Este é o resumo do trabalho que nos trouxe uma dimensão muito grande de

como se projeta algo em grandes escalas. Através de diversos meios, foi

observada a complexidade e importância do tratamento de efluentes que se

torna algo essencial para a saúde publica e individual de todos.

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Grupo III - Tratamento de água em caldeiras industriais.

Um dos principais pontos para a eficiência, segurança e duração de uma caldeira

industrial é a qualidade da água, pois existem vários problemas como incrustações,

depósitos, corrosões, que resultam em pedras, ruptura e explosões de tubo, tudo

isso por consequências de um mau tratamento de água. As substâncias presentes,

dissolvidas ou em suspensão na água podem ser impurezas como, por exemplo:

sais, ácidos, bases e gases dissolvidos, material em suspensão e microrganismos.

Dependendo da destinação da água se deve condicioná-la. O condicionamento das

águas para as caldeiras é importante, pois tem o objetivo de proteger as caldeiras

contra a formação de crostas e corrosão, melhorando a vida útil e a eficiência na

produção de vapor. O tipo de tratamento químico a ser usado, depende do

conhecimento dos elementos dissolvidos na água como, por exemplo, os carbonatos

e bicarbonatos que quando presentes por aquecimento das caldeiras se

decompõem e liberam CO2 que ataca as superfícies metálicas da mesma e

tubulações de retorno condensado, além da tendência a formar incrustações nas

superfícies de troca de calor e aumentar a formação de espuma e arraste nas

caldeiras, sendo feita a remoção por meio de substâncias químicas como acido

sulfúrico e tratamentos físicos como aeração.