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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NA ALFABETIZAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS
NEUMA GIL DE ALMEIDA MANCUSO
Orientador
Prof.ª SIMONE FERREIRA
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NA ALFABETIZAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: Neuma Gil de Almeida Mancuso
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS que em meus
sonhos e orações nunca deixou de ser
real, guiando-me e sustentando-me
neste longo caminho. Ao meu marido e
ao meu filho que me apoiaram
plenamente para realização e
conquista de mais esse sonho. MUITO
OBRIGADA!
E a todos aqueles que direta ou
indiretamente me ajudaram na
realização deste projeto, a minha
gratidão!
“ Criar, em Educação e Psicopedagogia, é construir novas formas de
.fazer aquilo que já se fez, revendo sempre o caminho percorrido,
ressignificando as aprendências anteriores,criando e recriando novos
modos de olhar para a realidade,para a vida.”
João Beauclair
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho de pesquisa a minha
família, em especial a meu filho Sergio
Murilo , que se mostrou incansável em
ajudar-me a confeccioná-lo.
RESUMO
A escolha deste tema refere-se ao fato de que se deve valorizar o
conhecimento trazido pelo adulto e dessa forma buscar instrumentos para
transmitir conhecimentos necessários para que ele desenvolva as habilidades
necessárias ao aprendizado da leitura e da escrita. Para que haja sucesso no
processo de aprendizagem diverso fatores devem estar em sintonia.
Portanto a alfabetização é um direito básico do ser humano, e é de vital
importância para o crescimento do cidadão a pratica da leitura e da escrita e
dessa forma ocupar seu espaço na sociedade.
METODOLOGIA
O presente estudo tem como referenciais metodológicos; a pesquisa
bibliográfica. A pesquisa bibliográfica dessa monografia consiste no estudo das
teorias de Romão em Educação de Jovens e Adultos (2002), Ferreiro em
Reflexões Sobre Alfabetização (2001), Freire em Educação e Mudança (2002),
entre outros, possibilitando assim um conhecimento teórico que servirá para a
fundamentação de conceitos que envolvam a prática educativa e a importância
da leitura e escrita para esses jovens e adultos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -09
CAPÍTULO I-A História da Alfabetização - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 11
CAPÍTULO II -Alfabetização - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -19
CAPÍTULO III-Dificuldades do Aprender na Educação de Jovens e Adultos- -25
CAPÌTULO IV- Intervenção Psicopedagógica - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -30
CONCLUSÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 35
BIBLIOGRAFIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 39
WEBGRAFIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -41
ÍNDICE - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 42
9
INTRODUÇÃO
O objetivo desse trabalho é destacar a Educação de Jovens e Adultos
em nosso país. Reconhecer de que a educação possibilita ao indivíduo jovem
e adulto retomar o seu potencial, desenvolver as suas habilidades e confirmar
competências adquiridas.
Em pleno século XXI, inseridos numa sociedade tão complexa, jovens,
adultos e analfabetos são discriminados.
Percebe-se então que em busca de satisfações pessoais e
profissionais um intenso movimento de jovens e adultos retornando as salas de
aula. Esse movimento ocorre devido à falta de oportunidade de estudar na
idade apropriada, ou pelos estudos interrompidos antes do termino da
educação básica.
Os analfabetos querem ler e escrever, enquanto os que já possuem
essa habilidade almejam uma posição melhor no disputado mercado de
trabalho.
Uma releitura do mundo, proporcionada pelas práticas de
alfabetização, faz com que cidadãos se tornem críticos e conscientes de seus
direitos e deveres. São esses conhecimentos que levam ao desejo por
reescrever sua trajetória na sociedade.
A educação é a base do desenvolvimento e a qualidade de vida de um
povo.
A leitura e a escrita é essencial na vida de todos. O saber ler e
escrever se torna instrumento de luta, atividade social e política.
Quando o adulto é alfabetizado se sente libertado. Por isso jovens e
adultos trabalhadores lutam para superar suas condições de vida.
Emilia Ferreiro e Paulo Freire desempenham papel fundamental no
processo de aquisição da leitura e da escrita. Aplicar a teoria de Piaget e
Vygostsky em sala de aula e principalmente na alfabetização constitui um
10verdadeiro desafio. Para destacar os avanços e tentar elucidar os fracassos do
processo é necessário refletir, discutir e conhecer o que já existe nessa área.
.
11
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
Apesar da denominação educação de jovens e adultos ser moderna, a preocupação com os adultos não escolarizados já vem de longa data, desde o início da colonização portuguesa no Brasil, quando os índios, os primeiros habitantes até então eram doutrinados para uma educação restrita à conversão da fé católica pela catequese e pela instrução do que para outros conhecimentos.
Em 1827 no período imperial, é promulgada a primeira lei geral de educação do País, que objetivava "construir um sistema nacional de educação escolar composto por escolas elementares, secundárias e superiores"(NEVES, 2003, p. 15).
Em 1869, com a finalidade de agilizar o processo de escolarização, atendendo a um maior número possível de analfabetos, foram criadas escolas noturnas e, aos domingos e no período do verão, criaram-se escolas temporárias e ambulantes.
No período republicano, a educação, de um modo geral, também não obteve melhorias, continuando estagnado e, gradativamente aumentando o número de pessoas não escolarizadas.
No entanto, diversos educadores profissionais como Sampaio Dória (1923), Lourenço Filho (1949), Carneiro Leão (1926) e Anísio Teixeira (1924), procuraram estruturar um sistema educacional, com iniciativas de ampliar as condições de educação, solicitando o aumento de escolas e melhorias na qualidade do ensino brasileiro.
Ainda assim, observa-se a fragilidade com que tocavam nos reais problemas existentes no Brasil, não evidenciando as questões sociais, pelas grandes diferenças entre as classes sociais.
Nos anos 1945 e 1947 – desencadeiam-se as campanhas de educação de jovens e adultos, com o intuito de aumentar as bases eleitorais para a sustentação do governo central e incrementar a produção nacional.
Em janeiro de 1947 foi aprovado o Plano de Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, atendendo aos apelos da UNESCO. Campanha essa, concebida por Lourenço Filho, seu idealizador e primeiro coordenador, atuou como um amplo movimento de mobilização nacional em favor da educação de jovens e adultos analfabetos.
Ao mesmo tempo em que era lançado a primeira Campanha Nacional de Educaçção de Adultos, foi preparado pela Associação dos Professores de
12Ensino Noturno, juntamente com o Departamento Nacional de Educação, o primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos.
A ação da campanha estava claramente orientada para o atendimento às exigências da cidadania. O esforço de educação popular era real.
Movimentos educacionais de orientação marcadamente política foram iniciados em 1960. Esses movimentos apontavam para a necessidade de uma maior comunicação entre educador e educando, e a necessidade de adequação dos conteúdos e métodos de ensino às características sócio-culturais das classes populares. Em 1963, o Ministério da Educação encerrou a Campanha Nacional de Educação de Adultos iniciada em 1947 e encaregou Paulo Freire de se empenhar na elaboração de um programa nacional de alfabetização.
No final da década de 50 do século passado, as críticas à Campanha de Educação de Adultos dirigiam-se tanto às suas deficiências administrativas e financeiras quanto à sua orientação pedagógica. Denunciava-se o caráter superficial do aprendizado que se efetivava no curto período da alfabetização, a inadequação do método para a população adulta e para as diferentes regiões do país. Todas essas críticas convergiram para uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e para a consolidação de um novo paradigma pedagógico para a educação de adultos, cuja referência principal foi o educador pernambucano Paulo Freire. A partir disso, a Educação de Jovens e Adultos é vista num contexto formal de modalidade de ensino.
Segundo Freire (apud Gadotti, 2002, p. 72) em Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e proposta, os termos Educação de Adultos e Educação não formal referem-se à mesma área disciplinar, teórica e prática da educação, porém com finalidades distintas.
Esses termos têm sido popularizados principalmente por organizações internacionais – UNESCO – referindo-se a uma área especializada da Educação. No entanto, existe uma diversidade de paradigmas dentro da Educação de Adultos.
A Educação de Adultos tem estado, a partir da Segunda Guerra Mundial, a cargo do Estado, muito diferente da Educação não-formal, que está vinculada a organizações não-governamentais.
Até a Segunda Guerra Mundial, a Educação Popular era concebida como extensão da Educação formal para todos, sobretudo para os menos privilegiados que habitavam as áreas das zonas urbanas e rurais.
Após a I Conferência Internacional de Educação de Adultos, realizada na Dinamarca, em 1949, a Educação Educação de Adultos tomou outro rumo, sendo concebida como uma espécie de Educação Moral. Dessa forma, a escola, não conseguindo superar todos os traumas causados pela guerra, buscou fazer um "paralelo" fora dela, tendo como finalidade principal contribuir
13para o resgate do respeito aos direitos humanos e para a construção da paz duradoura.
A partir da II Conferência Internacional de Educação de Adultos em Montreal, no ano de 1963, a Educação de Adultos passou a ser vista sob dois enfoques distintos: como uma continuação da educação formal, permanente e como uma educação de base ou comunitária.
Depois da III Conferência Internacional de Educação de Adultos em Tóquio, no ano de 1972, a Educação de Adultos volta a ser entendida como suplência da Educação Fundamental, reintroduzindo jovens e adultos, principalmente analfabetos, no sistema formal de educação. A IV Conferência Intenacional de Educação de Adultos, realizada em Paris, em 1985, caracterizou-se pela pluralidade de conceitos, surgindo o conceito de Educação de Adultos.
Em 1990, com a realização da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizado em Jomtien, na Tailândia, entendeu-se a alfabetização de Jovens e Adultos como a 1ª etapa da Educação Básica, consagrando a idéia de que a alfabetização não pode ser separada da pós-alfabetização.
Segundo Freire apud Gadotti (2002, p. 76) nos anos 40 do século passado, a Educação de Adultos era entendida como uma extensão da escola formal, principalmente para a zona rural. Já na década de 50, a Educação de Adultos era entendida como uma educação de base, com desenvolvimento comunitário. Com isso, surgem, no final dos anos 50, duas tendências significativas na Educação de Adultos: a Educação de Adultos entendida como uma educação libertadora (conscientizadora) pontificada por Paulo Freire e a Educação de Adultos entendida como educação funcional (profissional).
Na década de 70, essas duas correntes continuaram a ser entendidas como Educação não formal e como suplência da mesma. Com isso, desenvolve-se no Brasil a tão conhecida corrente: o sistema MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), propondo princípios opostos aos de Paulo Freire.
A Lei de Reforma nº. 5.692/71 atribui um capítulo para o ensino supletivo e recomenda aos Estados atender jovens e adultos. (BRASIL. MEC, LDB, 1974).
Do ensino supletivo – Cap. IV da LDB
Art. 24 – O ensino supletivo terá por finalidade:
a) Suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não tenham seguido ou concluído na idade própria; b) Proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte.
14Parágrafo único – O ensino supletivo abrangerá cursos e exames a serem organizados nos vários sistemas de acordo com as normas baixadas pelos respectivos Conselhos de Educação.
Art. 25 – O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação profissional definida em lei específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos.
§1 – Os cursos supletivos terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem às suas finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam.
§2 – Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a tulização de rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitam alcançar o maior número de alunos.
Art.26 – Os exames supletivos compreenderão a parte do curículo resultante do núcleo-comum, fixado pelo Conselho Federal de Educação, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular, e poderão, quando realizados para o exclusivo efeito de habilitação profissional de 2º grau, abranger somente o mínimo estabelecido pelo mesmo Conselho.
§1 – Os exames a que se refere este artigo deverão realizar-se: Ao nível de conclusão do ensino de 1º grau, para os maiores de 18 anos; Ao nível de conclusão do ensino de 2º grau, para os maiores de 21 anos;
§2 – Os exames supletivos ficarão a cargo de estabelecimentos oficiais ou reconhecidos, indicados nos vários sistemas, anualmente, pelos respectivos Conselhos de Educação.
§3 – Os exames supletivos poderão ser unificados na jurisdição de todo um sistema de ensino ou parte deste, de acordo com normas especiais baixadas pelo respectivo Conselho de Educação.
15Art.27 – Desenvolver-se-ão, ao nível de uma ou mais das quatro últimas séries do ensino de 1º grau, cursos de aprendizagem, ministrados a alunos de 14 a 18 anos, em complementação da escolarização regular, e, a esse nível ou de 2º grau, cursos intensivos de qualificação profissional.
Parágrafo único – Os cursos de aprendizagem e os de qualificação darão direito a prosseguimento de estudos quando incuírem disciplinas, áreas de estudos e atividades que os tornem equivalentes ao ensino regular, conforme estabeleçam as normas dos vários sistemas.
Art.28 – Os certificados de aprovação em exames supletivos e os relativos à conclusão de cursos de aprendizagem e qualificação serão expedidos pelas instituições que os mantenham.
A Lei de Reforma nº 5.692, que dedicou, pela primeira vez na história da educação, um capítulo ao ensino supletivo, foi aprovada em 11 de agosto de 1971 e veio substituir a Lei nº 4.024/61, reformulando o ensino de 1º e 2º graus. Enquanto a última LDB foi resultado de um amplo processo de debate entre tendências do pensamento educacional brasileiro, levando treze anos para ser editada, a Lei de Reforma nº 5.692/71 foi elaborada em um prazo de 60 dias, por nove membros indicados pelo então Ministro da Educação Coronel Jarbas Passarinho.
O passo seguinte foi dado pelo MEC quanto instituiu um grupo de trabalho para definir a política do Ensino Supletivo e propor as bases doutrinárias de Valnir Chagas. O ensino supletivo foi apresentado como um manancial inesgotável de soluções para ajustar, a cada instante, a realidade escolar às mudanças que se operavam em ritmo crescente no país e no mundo.
O Parecer nº 699/72, do conselheiro Valnir Chagas, estabeleceu a doutrina para o ensino supletivo. Os exames supletivos passaram a ser organizados de forma centralizada pelos governos estaduais. Os cursos, por outro lado, passaram a ser organizados e regulamentados pelos respectivos Conselhos d Educação. O Parecer nº 699/72 foi elaborado para dar fundamentação ao que seria a doutrina de ensino superior. Nesse sentido, ele viria a "detalhar" os principais aspectos da Lei nº 5.692, no que tange ao ensino supletivo, facilitando sua compreensão e orientando sua execução.
A estrutura de Ensino Supletivo, após a LDB de 1971, seguiu a orientação expressa na legislação de procurar suprir a escolarização regular daqueles que não tiveram oportunidade anteriormente na idade própria. As formas iniciais de atendimento a essa prerrogativa foram os exames e os cursos. O que até então era a "madureza" passou ao controle do Estado, foi redefinido e se transformou em Exames Supletivos. A novidade trazida pelo Parecer nº 699/72 estava em implantar cursos que dessem outro tratamento ao atendimento da população que se encontrava fora da escola, a partir da utilização de novas metodologias (BRASIL. CFE, 1972).
16A Lei nº 5692/71 concedeu flexibilidade e autonomia aos Conselhos Estaduais de Educação para normatizarem o tipo de oferta de cursos supletivos nos respectivos Estados. Isso gerou grande heterogeneidade nas modalidades implantadas nas unidades da federação. Para implementar a legislação, a Secretaria Estadual da Educação criou, em 1975, o departamento de Ensino Supletivo (DESU) em reconhecimento à importância crescente que essa modalidade de ensino vinha assumindo (BRASIL. MEC, LDB, 1974).
Durante o período de 1964 e 1985, o Estado procurava introduzir a utilização de tecnologias como meio de solução para os problemas da Educação.
Segundo Paiva apud Gadotti (1995, p. 31) "até a 2ª Guerra Mundial, a Educação de Adultos no Brasil era integrada à Educação Popular, ou seja, uma educação para o povo, difusão do ensino elementar". Somente depois da 2ª Guerra Mundial é que a Educação de Adultos foi concebida como independente do ensino elementar.
De acordo com Paiva apud Gadotti (1995, p. 31), a Educação de Adultos, em âmbito histórico, pode ser dividida em três períodos:
1º – de 1946 a 1958, quando foram realizadas campanhas nacionais de iniciativa oficial para erradicar-se o analfabetismo;
2º – de 1958 a 1964. em 1958 foi realizado o 2º Congresso Nacional de Educação de Adultos, tendo a participação marcante de Paulo Freire. Esse congresso abriu as porta para o problema da alfabetização que desencadeou o Plano Nacional de Alfabetização de Adultos, dirigido por Paulo Freire e extinto pelo Golpe de Estado de 1964;
3º – O MOBRAL, que foi concebido como um sistema que visava ao controle da alfabetização da população, principalmente a rural. Com a redemocratização (1985), a "Nova República"extinguiu o MOBRAL e criou a Fundação Educar. Assim sendo, a Educação de Adultos foi enterrada pela "Nova República".
Em 1989, em comemoração ao Ano Internacional da Alfabetização, foi criada, no Brasil, a Comissão Nacional de Alfabetização, coordenada inicialmente por Paulo Freire e depois por José Eustáquio Romão .
No ano de 1990, sendo este ano Internacional da Alfabetização o Governo de Fernando Collor de Mello simplesmente aboliu a Fundação Educar, sendo que não criou nenhuma outra instância que assumisse suas funções. Desta forma, a partir deste ano o Governo ausenta-se como articulador e indutor de uma política de alfabetização de jovens e adultos no Brasil. Em 2002, na gestão do governo de Luís Inácio Lula da Silva, foi criado o Programa Brasil Alfabetizado e das Ações de continuidade da EJA.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, consta no Título V, Capítulo II, Seção V, dois Artigos relacionados, especificamente, à Educação de Jovens e Adultos:
17Art. 37 - A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. Art. 38 - Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I. no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II. No nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
No Plano Nacional de Educação, temos como um dos objetivos e prioridades:
Garantia de ensino fundamental a todos os que não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram. A erradicação do analfabetismo faz parte dessa prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e adultos como ponto de partida intrínseca desse nível de ensino. A alfabetização dessa população é entendida no sentido amplo de domínio dos instrumentos básicos da cultura letrada, das operações matemáticas elementarres, da evolução histórica da sociedade humana, da diversidade do espaço físico e político mundial da constituição brasileira. Envolve, ainda, a formação do cidadão responsável e consciente de seus direitos (BRASIL. PNE,maio 2011).
A falta de recursos financeiros, aliada à escassa produção de estudos e pesquisas sobre essa modalidade, tem contribuído para que essa educação se torne uma mera reprodução do ensino para jovens e adultos. Isso explica o histórico distanciamento entre sociedade civil e Estado no que diz respeito aos problemas educacionais brasileiros.
Apesar de todas essas propostas e segundo Freire (apud Gadotti, 1979, p. 72), a UNESCO nos mostra, através de dados, que o "número de analfabetos no mundo tem aumentado e o Brasil engrossa cada vez mais essas estatísticas".
Esse fracasso, de acordo com Freire apud Gadotti (1979, p. 72), pode ser explicado por vários problemas, tais como: "a concepção pedagógica e os problemas metodológicos, entre outros".
A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma educação que desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade
18cultural, como afirma Gadotti (1979), uma educação educação para a compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação e, para isso, o educador deve conhecer bem o próprio meio do educando, pois somente conhecendo a realidade desses jovens e adultos é que haverá uma educação de qualidade.
Considerando a própria realidade dos educandos, o educador conseguirá promover a motivação necessária à aprendizagem, despertando neles interesses e entusiasmos, abrindo-lhes um maior campo para atingir o conhecimento. O jovem e o adulto querem ver a aplicação imediata do que estão aprendendo e, ao mesmo tempo, precisam ser estimulados para resgatarem a sua auto-estima, pois sua "ignorância" lhes trará ansiedade, angústia e "complexo de inferioridade". Esses jovens e adultos são tão capazes como uma criança, exigindo somente mais técnica e metodologia eficientes para esse tipo de modalidade.
19
CAPÍTULO 2
ALFABETIZAÇÃO
O que é alfabetizar?
Alfabetizar é dar liberdade ao individuo pensante perceba as possibilidades de
mundo onde poderá se tornar realidade.
Alfabetizar é inserir esse ser pensante e produtivo no mundo letrado onde
possa conhecer suas raízes culturais e entender todo o seu processo histórico,
e a partir daí, construir suas histórias lendo-as e escrevendo-as.
A alfabetização é a etapa inicial para ampliação e o aprofundamento de outros
conhecimentos que normalmente são transmitidos pela escola e que são
também importantes. Tendo acesso a esses conhecimentos, as pessoas têm
mais possibilidades de compreender o mundo em que vivem e perceber que
podem e devem participar da organização da sociedade. Podem encontrar
meios de reivindicar direitos que ainda não conquistaram.
Ninguém é analfabeto porque quer. No Brasil, a educação ainda é privilégio de
poucos. Nem todas as crianças que entram na escola chegam a ser
alfabetizadas, por interromperem, muito cedo, os estudos. A escola pode
representar, para os analfabetos, um meio para transpor a barreira que os
separa do mundo dos letrados.
A alfabetização é o primeiro passo para a aquisição de outros conhecimentos
que a escola transmite e que são úteis para a vida.
Durante o processo de alfabetização, o adulto passa por várias etapas, até
descobrir as relações que existem entre a linguagem falada e a linguagem
escrita.
O aluno adulto quando chega a uma classe de alfabetização, já traz algum
conhecimento sobre a linguagem escrita. Num grupo, evidentemente, este
conhecimento pode variar bastante, de acordo com a experiência de vida de
cada um.
O analfabeto apreende criticamente a necessidade de aprender a ler e
escrever. Prepara-se para ser o agente dessa aprendizagem. E consegue
fazê-lo na medida em que a alfabetização é mais que o simples domínio
20mecânico de técnicas para escrever e ler. Com efeito, ele é o domínio de
técnicas em termos consistentes. É entender o que se lê e escrever o que
entende. É comunicar-se graficamente. É uma incorporação. Implica não em
uma memorização desvinculadas de um universo existencial, mas uma atitude
de criação e recriação.
A concepção de alfabetização como a entrada no mundo da leitura e da
escrita- é de certa forma, uma busca de superar o antagonismo de cristalizar
se continuarmos a insistir nessa dicotomia: ou se ensina passiva e
mecanicamente o adulto ler e a escrever ou se possibilita seu contato com
produções favorecendo sua construção ativa e dinâmica da linguagem escrita.
É preciso que os exercícios de leitura e escrita estejam vinculados a um
contexto. E essa compreensão do significado pode e deve ser trabalhadas na
produção e na utilização direta de materiais e de textos escritos como jornais,
revistas, cartas, álbuns, cartazes.
Segundo KANT (1724 – 1804),somente pela educação o homem pode chegar
a ser homem. Admitia que na educação resida o grande segredo da natureza
humana.
A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única. No Brasil, a EJA
tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não
conseguiram ir para a escola quando crianças, o que é um erro. A UNESCO
trabalha com o conceito dos quatro pilares, surgido do desafio apresentado por
um mundo em rápida transformação: precisamos aprender a ser, a viver
juntos, a fazer e a conhecer. Também há o desafio da participação, da
inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que
prevê o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de
grupos. O Brasil tem segmentos com características bem definidas, como os
povos indígenas, as comunidades quilombolas, as pessoas mais velhas. Todos
têm direito à Educação.
A educação tem de acompanhar as mudanças que estão acontecendo e
interagir com elas. O processo educativo, idealmente, começa na infância e
21termina na velhice. Dessa forma, a EJA, tem de ser vista numa perspectiva
mais ampla, dentro do conceito de educação e aprendizagem ao longo da vida.
Além da alfabetização, hoje se fala muito em letramento. A palavra letramento
é tradução de literacy. Em sua origem, ela significa alfabetização e muito mais.
Mas é muito importante compreender que o processo de alfabetização é
desencadeado com o acesso a cultura escrita.
Letramento passou a ser o estar em contato com distintos tipos de texto, o
compreender o que se lê.
No Brasil, o termo “letramento” foi utilizado pela primeira vez por Mary Kato,
em 1986 na obra “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística” (São
Paulo, Ática). Dois anos depois, passa a representar um referencial no
discurso da educação, ao ser definido por Tfouni em “Adultos não
alfabetizados: o avesso do avesso”(São Paulo,Pontes)e retomado em
publicações posteriores.
Segundo Magda Soares (1987, p.47) “Alfabetizar e letrar são duas ações
distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando,
ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das praticas sociais da leitura e
da escrita.”
Alfabetização e letramento são dimensões de um mesmo universo: o do
domínio e o do uso da leitura e da escrita. Assim, quando falamos em
alfabetizar letrando, referimo-nos à relação entre apropriação do sistema da
escrita e o seu emprego efetivo em práticas sociais de leitura e de escrita.
Nessa perspectiva, uma das principais contribuições (senão a principal),
advindas da noção de letramento, é que este propõe o domínio do uso da
escrita em situações concretas de interação como uma das dimensões do
processo de alfabetização.
Para interagir plenamente no mundo letrado, é preciso mais do que o domínio
do código. Trata-se de estar preparado para o exercício das práticas sociais de
leitura e escrita nas diferentes esferas de circulação do homem.
Segundo Freire o ato educativo deve ser sempre um ato de recriação, de re-
significação de significados. O método Paulo Freire tem como fio condutor a
22alfabetização visando a libertação. Essa libertação não se dá somente no
campo cognitivo, mas acontece essencialmente nos campo social e político.
A proposta de Freire parte do Estudo da Realidade (fala do educando) e a
Organização dos Dados (fala do educador).Nesse processo surge os Temas
Geradores,extraídos da problematização da pratica da vida dos educandos .
O que existe de mais inovador e atual no Método Paulo Freire; é a
indissosiação da construção dos processos de aprendizagem da leitura e da
escrita do processo de politização. O alfabetizando e desafiado a refletir sobre
seu papel na sociedade enquanto aprende a escrever a palavra sociedade; é
desafiado a representar a sua história enquanto aprende decodificar o valor
sonoro de cada sílaba que compõem a palavra história. Essa reflexão tem por
objetivo promover a superação da consciência ingênua - também conhecida
como consciência mágica para a consciência critica.
Etapas do método:
Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e
temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e
da comunidade onde ele vive.
Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através
da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno
a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura
conscientizada.
O método
As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo
levantamento do universo vocabular dos alunos. Através de conversas
informais, o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a
comunidade, e assim seleciona as palavras que servirão de base para as
lições. A quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras,
aproximadamente. Depois de composto o universo das palavras geradoras,
23elas são apresentadas em cartazes com imagens. Então, nos circulos de
leitura inicia-se uma discussão para significá-las na realidade daquela turma.
A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser
estudada através da divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional.
Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança
da vogal. (i.e., BA-BE-BI-BO-BU)
As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando
as famílias silábicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas.
A conscientização: um ponto fundamental do método é a discussão sobre os
diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire,
alfabetizar não pode se restringir aos processos de codificação e
decodificação. Dessa forma, o objetivo da alfabetização de adultos é promover
a conscientização dos temas cotidianos, a compreensão do mundo e o
conhecimento da realidade social.
As fases de aplicação do método
Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes:
1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as
interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das
palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.
2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza
fonética, dificuldades fonéticas - numa seqüência gradativa das mais simples
para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na
realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se de
situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito
de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais,
regionais e nacionais.
4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os
debates, as quais deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma
prescrição rígida.
245ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias
fonéticas correspondentes às palavras geradoras.
A proposta de utilização dessa metodologia na alfabetização de jovens e
adultos foi inovadora e diferentes das tecnicas até então utilizadas que eram,
na maioria das vezes, adaptações das cartilhas, com forte tonica infantilizante.
Foi diferente,pois promovia a horizontalidade da relação educador-educando ,
a valorização da sua cultura e de sua oralidade. Promovia também uma
aprendizagem libertadora,integradora e abrangente.Possuia um carater
humanistico.Dessa forma , o Método proposto por Freire rompeu com a
concepção utilitária do ato educativo propondo uma outra forma de
alfabetizar.Paulo Freire também foi um dos pioneiros na utilização da
linguagem multimídia (slides,gravuras,materiais audiovisuais) na alfabetização
de adultos. Isso prova o quanto Freire estava à frente de seu tempo.
Desde a sua origem e aplicação na década de 60 até os dias atuais , o método
Paulo Freire vem suscitando controvérsias , se constituindo em assunto
polêmico para realização de teses, simpósios,seminários,artigos,publicação de
livros,além de se constituir uma grande e rica fonte de estudo,pesquisa e
também aplicação no Brasil e no mundo.
O Método Paulo Freire continua vivo e em evolução entre aqueles que
trabalham com as suas ideais e é uma expressão universalizada como
referência de uma “concepção democrática, radical e progressista de prática
educativa”.
25
CAPÍTULO 3
DIFICULDADES DO APRENDER NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Quando falamos de educação de jovens e adultos, e estes, não permanecem
na escola, estamos tratando de uma problemática que permeia o currículo de
ensino, a ação pedagógica, as atividades escolares em geral, tudo isso, parece
distante dos interesses dos adultos.
Esse contraponto é vivenciado nos meandros da escola, alguns dizem que o
problema é do professor, outros que é o estudante que acha a escola pouco
atrativa.
Segundo Miguel Arroyo (2004) o estudante tem suas imagens quebradas
quando depara com uma instituição que não atende aos seus interesses de
aprendizagem, que quando solicitados para participarem são podados, os
conteúdos são sem significado, são descontextualizados com a realidade
deles.
Para que serve uma escola que não atende aos interesses e necessidades dos
ADULTOS? Será que esses adultos precisam dessa escola? Para que? Se já
estão no mundo do trabalho e vivem suas vidas aparentemente bem, ou seja,
ao seu modo.
A escola que temos precisa rever seu papel social, enquanto instituição que
prepara pessoas para a vida e para o mundo do trabalho, promovendo a
aprendizagem, a construção de conhecimento, saberes que possam mobilizar
soluções para problemas do dia-a-dia, saber lidar com os conflitos emocionais,
entender seu contexto de vida, compreender as exigências dessa sociedade
contemporânea, segundo Freire, e transformá-la para viver melhor e com
qualidade.
Não há dúvida de que ler, escrever e fazer operações matemáticas é muito
importante para qualquer pessoa. Como se explica, então que haja tanta gente
analfabeta? Por que essas pessoas não aprenderam a ler e escrever? O que
o adulto espera quando procura uma classe de alfabetização? Que motivos ele
traz? A alfabetização muda em alguma coisa a vida das pessoas? Em quê?
26
No nosso dia-a-dia, convivemos com pessoas que sabem e outras que não
sabem ler e escrever. Todas elas,no entanto,através do seu trabalho
desempenham uma atividade produtiva que exige raciocínio, conhecimento e
responsabilidade. Dessa forma, participam na construção da sociedade, do
bem comum. Fazem jus, portanto, ao pleno exercício de seus direitos de
cidadãos. Os analfabetos, porém, acabam por ser vistos como marginais e por
ter seu papel como membros atuantes da sociedade esquecido ou
subestimado.
Muitas vezes a palavra analfabeta é utilizada como sinônimo de ignorante,
como se as pessoas que não sabem ler e escrever fossem incapazes de
desenvolver sua inteligência e construir conhecimento. O analfabeto também é
conhecido como uma pessoa preguiçosa, pouco inteligente, que tem
dificuldades para raciocinar e aprender, que possui conhecimentos limitados e
é cega para o mundo.
Em uma classe provavelmente, há alunos que nunca freqüentaram a escola.
Outros estudaram por algum tempo,mas aprenderam muito pouco e hoje estão
de volta,tentando novamente ler, escrever e fazer operações matemáticas. E
estão de volta, porque, de alguma maneira, a leitura, a escrita e a matemática
fazem falta no seu dia-a-dia, pelos mais diversos motivos: para ler avisos,
endereços, jornais, revistas e livros; para conferir troco, salário, escrever cartas
e até mesmo encontrar trabalho; para qualificar-se melhor na profissão que
exercem; para melhor conhecer seus direitos, discuti-los e lutar por eles. Na
verdade, ao buscarem a escola, estão procurando também vencer a barreira
que os separa do mundo dos letrados, barreira que aparece no cotidiano,
através das discriminações e dos preconceitos que existem contra os
analfabetos. Eles acabam sendo vistos como marginais e tem o seu papel
esquecido ou subestimado como membros atuantes da sociedade. Quando o
aluno adulto e o professor entram na sala de aula, ambos trazem uma visão de
si e do outro que vai influenciar decisivamente a relação professor-aluno. Por
sua vez, a maioria desses alunos traz um conceito negativo a respeito deles
27mesmo, que acaba por ser reforçado dentro da escola quando o professor não
consegue estabelecer diálogo com o grupo e tende a desprezar suas
experiências e conhecimentos. A partir daí, tudo fica mais difícil. O analfabeto
começa a se achar incapaz de ser alfabetizado, apresentando problemas que
dificultam sua aprendizagem. A evasão é um sintoma concreto dessa situação.
Os adultos trazem com eles uma imagem de escola bastante tradicional,
aquela escola que alguns chegaram a freqüentar por algum tempo e à qual
outros nunca tiveram acesso. No inicio eles ficam desconfiados, não fazendo
muito fé na escola descontraída, que caracteriza o ensino moderno. Sentem
falta da cartilha, e não acreditam que são capazes de aprender sem ela, uma
vez que, desde crianças, viram o pessoal aprender na cartilha. A escrita e a
leitura não são conhecimentos aprendidos e ensinados por condicionamento,
mas construídos sempre em processo coletivo, dentro de um contexto-social,
político, histórico, cultural, econômico -, e numa situação capaz de despertar,
provocar a imaginação, a sensibilidade e o pensamento. Desenvolve-se a
linguagem utilizando texto numa situação social de comunicação-oral e escrita.
Afinal, alfabetizar não e adestrar alguém. Alfabetizar é refletir, pensar, criar
condições para o aluno construir conhecimentos sobre a língua que ele já
conhece e usa, numa situação significativa, onde existam pessoas se
expressando e se comunicando. O professor Paulo Freire, no inicio dos anos
60,começou no Brasil uma pratica de educação de adultos que mudou
radicalmente o que vinha acontecendo nessa área até então.Pensou e colocou
em pratica uma educação capaz de possibilitar ao homem refletir sobre seu
tempo e sua situação,discutindo seus problemas em constante diálogo com o
outro,ouvindo,perguntando, investigando. Criticou as praticas que deixam o
aluno acomodado, na condição de receptor de informações. Nas escolas
“modernas” o processo de alfabetização é construído,através de uma relação
aberta e estimulante, educador e educando . Todo o material didático é
construído no decorrer do processo, a partir das necessidades dos
alfabetizando. O objetivo é respeitar a individualidade de cada um.
28A Andragogia, termo de origem grega que significa formação de adultos é
usado pela primeira vez pelo educador alemão Alexander Kapp em 1833,
nomeia a ciência que tem como publico alvo o aluno adulto.
Malcolm Knowles, educador, em 1950, começa a formular uma Teoria de Aprendizagem de Adultos. Na década de 60, tem o primeiro contato com o termo Andragogia por um educador yuguslavo, num Workshop na Universidade de Boston. (BELLAN, 2005, p. 23).
Segundo Knowles,a pedagogia,que é a ciência que cuida do ensino de
crianças,exige que os alunos se ajustem aos currículos estabelecidos. Propõe
uma aprendizagem imposta pelo professor e o aluno torna-se objeto do ensino.
Método inverso do que propõe a Andragogia, que sugere currículos
construídos de acordo com as necessidades dos alunos adultos, baseados em
suas experiências anteriores e suas condições de vida e de trabalho, com
conteúdos que podem ser aplicados ao seu cotidiano. O aluno deixa de ser
objeto e passa a ser o sujeito do ensino. Professor e aluno pensam juntos e se
enriquecem, pois ambos alcançam conhecimentos nessa jornada. O aluno
adulto possui faixa etária diversificada: uma mesma classe recebe desde
adolescentes até idosos. Esses educandos têm níveis de ensino diferentes e
são trabalhadores, desempregados, donas de casa, portadores de
necessidades especiais, de origem rural e urbana, de etnias diferentes, entre
outras, que buscam diferentes objetivos: realização pessoal, aumento da
autoestima, afirmação e promoção profissional, continuidade nos estudos,
aquisição de leitura da Bíblia, etc.
As mudanças velozes no mundo do trabalho fazem o trabalhador, ampliar sua
escolaridade não só para conseguir ascensão profissional, mas para não
perder seu emprego. Para o aluno da EJA o trabalho é, quase sempre, um
motivo de abandonar a escola e, ao mesmo tempo, um motivo de retomada
dos estudos. Para obter êxito junto ao aluno da EJA rumo à aprendizagem, é
valido conhecer quem é o individuo que procura a Educação de Jovens e
Adultos: os motivos que não permitiram concluir seus estudos na idade regular,
seus objetivos ao retomarem os estudos, seus sonhos, experiências de vida e
29maneira particular de buscar conhecimento, pois tais informações auxiliam o
ensinante na orientação de seus aprendentes.
É errôneo o adulto analfabeto ser visto como atrasado e infantilizado porque,
culturalmente, seu crescimento mental parou durante a infância. Isso é negar
que o adulto já possui sua consciência a respeito da sociedade adquirida
através de seu trabalho na mesma e que o adulto possui capacidade de
aprender, ainda que não tenha o domínio das letras. Tal visão leva ao uso de
métodos de ensino inadequados, como cartilhas infantis para alfabetização,
por exemplo.
Esse ser independente, autodireciónavel, deseja um aprendizado voltado para
os seus interesses, o que inclui o aluno adulto estar bem consigo mesmo,
conhecer e acreditar em seu potencial intelectual. Precisa ser elogiado para ter
auto-confiança e otimismo.Precisa ter a sua sede de saber estimulada,pois
exercita o raciocínio lógico e a reflexão. O sentido da aprendizagem para o
aluno adulto está em ter alguém para valorizar seus conhecimentos anteriores,
usá-los e alcançar novos conhecimentos que sejam úteis para sua vida e
façam com que o adulto conquiste seus objetivos.
Respeitando os sonhos, as frustrações, as dúvidas, os medos, os desejos dos educandos, crianças, jovens ou adultos, os educadores e educadoras populares têm neles um ponto de partida para a sua ação. Insista-se, um ponto de partida e não de chegada. (FREIRE, 1993, p. 16).
30
CAPITULO 4
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
A psicopedagogia surgiu da necessidade de melhor compreensão do processo
de aprendizagem, comprometido com a transformação da realidade escolar, na
medida em que possibilita, mediante dinâmicas em sala de aula, contemplar a
interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da escola.
O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o
estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis
com as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura
envolver a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e
das circunstâncias de produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar
os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias
à leitura do mundo.
A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo e o
meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Dentro
dos aspectos biológicos, a criança apresenta uma série de características que
lhe permitem, ou não, o desenvolvimento de conhecimentos. As características
psicológicas são conseqüentes da história individual, de interações com o
ambiente e com a família, o que influenciará as experiências futuras, como, por
exemplo, o conceito de si próprio, insegurança, interações sociais, etc.
As mudanças políticas, sociais e culturais são referenciais para compreender o
que acontece nas escolas e no sistema educacional. O psicopedagogo deve
saber interpretar e estar inteirado com essas mudanças para poder agir e
colaborar, preocupando-se com que as experiências de aprendizagem sejam
prazerosas para o adulto, sobretudo, que promovam o desenvolvimento.
Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos
profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades do
adulto, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar
esse mundo em que vivem, de saber interpretá-lo e de nele ter condições de
interferir com segurança e competência. Assim, o psicopedagogo não só
contribuirá com o desenvolvimento do adulto, como também contribuirá com a
31evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da
humanidade.
O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e
terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se
ocupar dos problemas que podem surgir.
Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática
docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar
dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo
detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da
dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as
características dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação
educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em
grupo.
Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas,
orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais
das áreas psicológica, psicomotora, fonoaudiológica e educacional, pois tais
dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu
tratamento. Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo,
indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia.
Sendo a Psicopedagogia responsável pelos métodos estratégicos para alunos
com dificuldades na aprendizagem, pode-se afirmar que a sua função na
escola, em especial no processo de alfabetização e letramento é mediar às
capacidades dos educandos, levando-as a partir daí a sentir-se estimulado
através da escola juntamente com o professor psicopedagogo numa
construção significativa e de acordo com a sua capacidade de
desenvolvimento. A Psicopedagogia como uma atividade voltada para um
atendimento personalizado àqueles alunos que merecem uma atenção
especial exerce forte influência em todo o processo de ensino-aprendizagem,
visto quer através da valorização do aspecto cognitivo como foco de reflexão.
32Tanto o educador quanto o aluno passam a viver experiências relevantes não
apenas para o processo de ensino-aprendizagem na escola, mas também para
uma convivência maior que envolve o indivíduo e o seu meio numa construção
significativa de aprendizagens através das experiências vivenciadas
diariamente com o mundo e com as coisas nele existentes.
O desafio da Psicopedagogia no processo de ensino-aprendizagem, em
especial no campo da leitura e da escrita, tem sido o de encarar com
naturalidade os problemas enfrentados na escola com alunos com dificuldades
de desenvolvimento cognitivo, porém, do outro lado, a escola atualmente
investe em saídas mais humanas, no caso a preparação profissional do
educador para lidar com problemas psicológicos que antes era considerado um
desafio bem maior e em muitos casos, sem saída para o educador, visto que a
deficiência não só era do aluno em se desenvolver nas atividades propostas
pela escola, mas também do educador em encarar as diferenças individuais
como um fator relevante a se pensar no ensino como oportunidade de
integração social dos educandos com necessidades de atendimentos mais
qualitativos, no caso, psicológicos.
A contribuição da Psicopedagogia no processo da alfabetização e letramento
nos dias de hoje tem sido destaque nas escolas em geral. Isso porque através
de estudos da pedagogia juntamente com a psicologia o atendimento ao
educando com necessidade de atendimento especial se aperfeiçoou, visto que
uma das preocupações dos educadores e envolvidos diretamente ao processo
de ensino-aprendizagem está centralizado no desenvolvimento cognitivo do
aluno nas diversas modalidades de ensino.
Evidentemente, tais afirmações têm relações com o objetivo que se
fundamenta às escolas, de modo que o aprendizado do aluno esteja sempre
voltado para um fim significativo e promissor. Os problemas da educação vêm
de muito tempo se apresentando nas sociedades e os interesses dos
educadores pelos problemas psicológicos no processo de ensino da leitura e
escrita, assim como qualquer outra atividade mediada pela escola ainda está
em foco, pois o objetivo do professor é fazer com que o seu aluno aprenda,
33independentemente de cor, raça, classe social ou diferenças individuais, no
caso, necessidades relevantes de apoio maior e mais qualificado.
A aprendizagem, desde Vygotsky, Piaget e Wallon, é concebida como um
processo de construção de conhecimentos e não meramente uma transmissão
passiva dos mesmos. Pichon Riviére define aprendizagem como “apreensão
instrumental da realidade”, o que se coaduna perfeitamente com as práticas
andragógicas.
Além disso, a aprendizagem é influenciada pelo contexto no qual ela acontece
e, especificamente, no contexto da Educação de Adultos, é permeada por
fatores que interferem sobremaneira no cotidiano da sala de aula.
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e de atuação voltado para a
compreensão do processo de aprendizagem humana. Procura identificar os
problemas que possam ocorrer neste processo, a fim de auxiliar o sujeito em
sua superação. Considera que todo ser humano, para aprender, põe em jogo
três estruturas, a saber: o organismo, o corpo, a estrutura cognitiva e a
estrutura dramática ou desejante. É preciso que as instituições educacionais,
nos diversos níveis de ensino, possuam um profissional com competência para
atuar junto aos professores e aos alunos mediando os problemas que possam
vir a ocorrer na situação de ensino/aprendizagem.
Muitos dos problemas existentes na educação de pessoas adultas estão
associados com a adoção de um modelo pedagógico, isto é, os alunos adultos
são tratados utilizando-se recursos da Pedagogia, que é o estudo do processo
de aprendizagem de crianças, voltado para seres imaturos e heterônomos.
A Andragogia, pelo contrário, é uma metodologia que busca promover o
aprendizado da autonomia por meio da experiência, fazendo com que a
vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação dos
conteúdos. O adulto aplica os conhecimentos construídos: é o aprender
através do fazer, o “aprender fazendo”. O processo de ensino e aprendizagem,
do ponto de vista andragógico, procura tirar o máximo proveito das
34características peculiares dos adultos para que os resultados deste processo
culminem numa aprendizagem mais fácil, profunda e criativa levando em
consideração as experiências dos educandos e seja relevante para as práticas
cotidianas.
A adoção de um modelo de ensino pautado na Andragogia, assim como a
inserção do psicopedagogo no ensino parecem ser as vias para que os
anseios das pessoas que ingressam nestas instituições sejam atingidos
plenamente, contribuindo, desta forma, para o alcance dos Quatro Pilares da
Educação e seu Papel no Desenvolvimento Humano, propostos pela UNESCO
e ratificados pelo governo brasileiro em acordos internacionais:
1. Aprender a conhecer;
2. Aprender a fazer;
3. Aprender a conviver;
4. Aprender a ser
35 CONCLUSÃO
A Educação de Jovens e Adultos se inscreve no universo da chamada “
Educação Popular” e, como tal, tanto pode derivar de iniciativas estatais ou
particulares,conservadoras ou transformadoras porque sua substancia e
centralidade estão no atendimento das camadas populares.
Os analfabetos adultos são a expressão da pobreza, da miséria, frutos de uma
estrutura social injusta que os exclui da participação em todos os níveis da
sociedade (econômico, político, cultural, etc.) sendo a negação de todos os
direitos civis, ou seja, o analfabetismo não e uma questão puramente
pedagógica, mas sim, é essencialmente política, como salienta Gadotti e
Romão (2002:32). O problema do analfabetismo, portanto, não pode ser
resolvido sem uma política publica bem definida que acabe com a pobreza, a
fome, a miséria, sem um programa social que envolva diversos setores e níveis
governamentais e que promova a melhoria na qualidade de vida da população
brasileira.
Educação não é tarefa exclusiva do professor e a escola não é o único espaço
físico para aprender. Toda a sociedade deve voltar-se para a educação,
proporcionando os mais diversos espaços físicos para o alcance da
aprendizagem.
Ensinar é muito mais do que transmissão de conteúdo: requer afetividade entre
professor e aluno, sempre na busca de soluções de dificuldades da
aprendizagem do educando. Requer, também, o amor do professor pela delícia
de ensinar.
O aluno adulto é independente e seleciona aquilo que quer aprender, de
acordo com seus anseios profissionais e pessoais.
Muitos voltam para a escola cheios de sonhos e de esperanças em
construírem um futuro digno para si e para sua família através do
conhecimento; outros voltam cheios de feridas interiores, causadas por
insucessos escolares e pessoais, palavras negativas internalizadas, falta de
apoio emocional e material por parte do meio que os cerca deixando que o
desânimo impere em suas vidas.
36 . Esses motivos, entre outros, fazem com que o aluno adulto se sinta um
ser inferior diante do mundo, incapaz de aprender e de construir sua própria
história, bem como de contribuir com melhorias para a história da humanidade.
Esse indivíduo precisa de estímulos para a sua auto-estima, ou seja, saber que
é um ser que tem tanta importância quanto qualquer outra pessoa, que pode
aprender o que quiser e alcançar o objetivo que quiser.
A Psicopedagogia surgiu para dar conta das dificuldades de aprendizagem não
solucionadas pela Psicologia nem pela Pedagogia. Apresenta se como
parceira da Educação. Não provoca ameaças aos professores, aos demais
profissionais da Educação nem de áreas próximas, mas faz surgir o indivíduo
aprendiz, compreendido como tal o aprendente e o ensinante, levando os
alunos ao autoconhecimento como seres pensantes e autores de sua própria
história. Investiga como o indivíduo age para aprender, como ocorre sua
aprendizagem, o que aprende e o que não aprende.
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma
demanda – o problema da aprendizagem, colocado num território pouco
explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia –
e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para
atender a essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática. Como se
preocupa com o ‘problema de aprendizagem’, deve ocupar-se inicialmente
do ‘processo de aprendizagem’. Portanto, vemos que a Psicopedagogia
estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende,
como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por
vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como
reconhecê-las, tratá-las e ‘previni-las’. (BOSSA, 2000, p. 21).
37Podemos concluir que a proposta de alfabetização de adultos parte de
paradigmas bem diferentes daqueles que servem para o ensino de crianças
pertencentes a classes populares e para tal são necessários os seguintes
pressupostos básicos:
ü **promover a união do grupo;
ü **dispor as carteiras em forma de circulo;
ü **deslocar o eixo do indivíduo para o sujeito;
ü **enfatizar atividades que permitam a cada um expor seu
pensamento,liberando-o para que escreva como sabe,encorajando-o,
animando-o e instruindo-o;
ü **levar em consideração a heterogeneidade de níveis;
ü **integração das disciplinas;
ü **participação coletiva na discussão dos assuntos e sistematização
destes;
ü **atividades simultaneamente em letras, palavras, frases, textos e
números;
ü **encorajar os alunos, buscando o resgate da sua individualidade;
ü **cada aluno deverá receber tratamento peculiar de acordo com o nível
em que se encontra em relação a um determinado conhecimento.
Assim, professor e alunos inseridos num contexto poderão fazer do processo
ensino aprendizagem um processo coerente e conseguirão alcançar seus
objetivos.
A nosso ver a psicopedagogia ao propiciar ao ser humano a abertura de um
espaço de possibilidade de aquisição de conhecimento de forma criativa
,colaborando para ele reelaborar sua história de vida já é uma proposta
relevante.Acrescenta-se o fato que isto ocorre com a utilização pelo
psicopedagogo de um referencial teórico que fundamenta e orienta o estudo
psicopedagógico para o uso da melhor estratégia de intervenção.Pois ao
38identificar obstáculos ao desenvolvimento do processo de aprendizagem atua
por meio de técnicas especificas de analise institucional e pedagógica , cria
referencial para estudo,acompanhamento e avaliação do universo onde ocorre
a intervenção. Desta forma apreende e elabora o registro da realidade e torna-
se um instrumento de mudança e crescimento do ser humano que
ultrapassando o limite sua subjetividade beneficiará sua comunidade.
Identificamos ainda que a psicopedagogia intervenha na pessoa, utilizando o
conteúdo de diversas teorias e dentre as estratégias de intervenção utilizando
a mais adequada para a dimensão ensino-aprendizagem, considerando o
contexto das diferentes realidades.
O uso de jogos, de dramatização, de jornais, revistas, encartes, letras de
musicas, poemas, criação de histórias coletivas, bulas de remédio, recorte e
colagem ajuda a criar na sala de aula uma atmosfera de motivação que
permite ao aluno participar ativamente do processo ensino aprendizagem
natural so ser humano.
Facilitar a sua alfabetização é ajudá-lo a abrir uma gama infinita de
possibilidades. Pautados nos princípios pedagógicos e psicopedagógicos que
norteiam os educadores,há cada vez mais a necessidade de ampliar técnicas e
conhecimentos.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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TEIXEIRA. Anísio. Discurso pronunciado por Anísio Teixeira no Colégio
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41
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm
Acesso em: 06/05/11 – 00h25min
Lei nº4024, de 20 de dezembro de 1961-Diretrizes e Bases da Educação
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm
Acesso em: 07/05/11 – 22h35min
Lei nº5692- Diretrizes e Bases da Educação de 11 de agosto de 1971
http;//www.plnalto.gov.br/ccivil 03/leis/5692
Acesso em: 07/05/11 -23h55min
42
ÍNDICE
AGRADECIMENTO..........................................................................................03
DEDICATÓRIA.................................................................................................05
RESUMO..........................................................................................................06
METODOLOGIA ..........................................................................................07
SUMÁRIO.........................................................................................................08
INTRODUÇÃO ..........................................................................................09
CAPÍTULO I......................................................................................................11
A História da Alfabetização
CAPÍTULO II.....................................................................................................19
Alfabetização
CAPÍTULO III....................................................................................................25
Dificuldades do Aprender na Educação de Jovens e Adultos
CAPÍTULO IV....................................................................................................30
Intervenção Psicopedagógica
CONCLUSÃO...................................................................................................35
BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................39
WEBGRAFIA ...................................................................................................41
ÍNDICE..............................................................................................................42
43
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: