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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A MÍDIA COMO INSTRUMENTO DE INFLUENCIA NA SOCIEDADE Por: Glória Regina da Costa Freitas Orientador Prof. Sergio Majerowicz Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A MÍDIA COMO INSTRUMENTO DE INFLUENCIA NA

SOCIEDADE

Por: Glória Regina da Costa Freitas

Orientador

Prof. Sergio Majerowicz

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A MÍDIA COMO INSTRUMENTO DE INFLUÊNCIA NA

SOCIEDADE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial, em nível de Pós- Graduação “lato

sensu”

Por: Gloria Regina da Costa Freitas

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AGRADECIMENTOS

A meus pais Francisco e Cleia, por

cuidarem de meus filhos enquanto

estudava e principalmente ao grande

companheiro Célio por me incentivar

em concluir meus estudos para meu

crescimento pessoal e profissional.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos

Matheus e João Victor, que tiveram

compreensão com minha ausência ao

longo desse curso.

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RESUMO

O crescimento da sociedade depende da capacidade que a mídia tem em

satisfazer os requisitos de qualidade que o mercado solicita. A mesma deve

produzir uma análise de expectativas que satisfaçam as demandas e

expectativas fundamentais para chegar com as mídias próprias e sensíveis ao

público alvo, dotadas de um alto nível de qualidade responsabilidade e ética.

Sendo a mídia um instrumento poderoso como forma de desenvolvimento e

divulgação através da globalização. A sua contribuição é fundamental no

processo da sociedade e sendo hoje indispensável ao crescimento das

necessidades empresárias,como exemplo a responsabilidade sócio ambiental.

Hoje é indispensável sua interferência sob forma direta nas opiniões, mudança

de estilos e capacitações. O melhor ponto de partida para o desenvolvimento

da qualidade de uma empresa ou organização é a atuação da mídia com

respeito à meta proposta.

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METODOLOGIA

Tipos de Pesquisa Quanto aos fins tratou-se de uma pesquisa exploratória. Quanto aos meios tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, uso de livros. Universo e Amostra O universo de pesquisa foi baseado em livros de marketing e propaganda focados na mídia, pois o conteúdo abordado é de fácil acesso prático e teórico. Coleta de Dados Os dados foram coletados através de pesquisas em livros especializados, artigos publicados referentes ao assunto abordado e internet. Limitações do Método A pesquisa em questão sofreu as mesmas limitações de toda pesquisa bibliográfica. Ou seja, esteve condicionada à possibilidade de se localizar em bibliotecas, na Internet e em departamentos universitárias obra atualizada e escrita pelos melhores especialistas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - Conceito e evolução

CAPÍTULO II - Combinação das Mídias e seus resultados CAPÍTULO III – A Mídia como instrumento de transformação corporativo e

social

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO

A mídia inclui a reunião de instituições, organizações e negócios direcionados

para a produção e divulgação de conhecimentos para coletividade.

Estende-se os meios de comunicação publicitários (revistas, boletins, jornais,

cartazes, folhetos, etc.), audiovisuais (outdoors, televisão, em canais, abertos e

em diversas modalidades pagas, filmes, vídeo, rádio etc), a mídia

computadorizada on line e a mídia interativa via computador, dentre outros.

Sua função diante desses conjuntos de meios é transmitir informação, opinião,

entretenimento, publicidade e propaganda. Atua na formação de opinião

pública em relação a valores, crenças e atitudes.

As transformações ocorridas na mídia nos grupos nos contextos global e

regional.

Mudanças na economia política que resultaram em quatro tendências:

concentração; globalização e desregulamentação.

A importância e as transformações que vem ocorrendo na mídia; a

globalização proporcionou a volta do olhar para o local, revalorização dos

grupos regionais. E interferindo e suas atitudes e comportamento.

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CAPÍTULO I

CONCEITO E EVOLUÇÃO

Ao ler ou ouvir a palavra mídia, normalmente a associamos a meios de

comunicação de massa. E essa associação está correta, pois a expressão

deriva do latim medium, que significa meios. Por isso, é usada para designar o

conjunto de veículos de comunicação.

Como já vimos, mídia significa meios e tem origem na palavra latina medium,

cujo plural media, foi adotado pelos países de língua inglesa para designar o

departamento de uma agência de publicidade especializada em selecionar os

veículos de comunicação para designar o departamento de uma agência de

publicidade especializado em selecionar os veículos de comunicação para as

campanhas. Até o fim da década de 1960 a palavra media era usada no Brasil.

Isso gerava brincadeiras, como dizer que o trabalho dos profissionais era “fazer

média” com o cliente, uma vez que é neste departamento da agência onde é

aplicada a maior parte da verba destinada à campanha. Nos anos 1970, o

Grupo de Mídia adotou a letra i no lugar do e; desde então, a palavra mídia se

tornou, nos meios publicitários, sinônimo de meios e veículos de comunicação.

1.1 - A mídia nos relatos da história política do Brasil

Nos últimos 50 anos, consolidou-se no Brasil uma moderna indústria da

comunicação de massas, que é o principal veículo de informação (e

entretenimento) de dezenas de milhões de pessoas. Além do impacto

cumulativo em longo prazo de seus consumidores, a mídia foi participante

direta e importante de episódios de nossa história política.

A mídia é quase onipresente. Somos bombardeados por ela. Só nos últimos 30

anos, a humanidade produziu mais informações do que nos cinco milênios

precedentes. Os meios de comunicação alteraram nossa maneira de ver o

mundo que nos cerca.

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O meio dominante (a televisão), em especial, transformou a vida cotidiana,

incluindo aspectos tão básicos quanto a gestão do tempo e do espaço

(doméstico ou social).

“Que instrumento é mais eficiente para ficcionar

diariamente a vida social do que a televisão? Doméstica

como uma lâmpada, cotidiana como pão onisciente como

Deus, a televisão é tecnicamente capaz de fabricar, para

cada fato da vida cotidiana, sua dose de fantasia.”

MariaRita Khel, in Muito Além do

Espetáculo

A mídia, categoria ampla e em permanente mutação, que inclui a TV aberta

por assinatura, rádio, jornais, revistas, cinema, indústria fonográfica, redes

sociais na internet etc., tornou-se parte integrante da vida dos homens e

mulheres contemporâneas e é um de seus companheiros mais freqüentes.

Dados relativos aos Estados Unidos dizem que, em média, cada adulto dedica

quase seis horas e meia diárias de atenção á mídia, contra cerca de quatorze

minutos para a interação interpessoal familiar. No mundo todo, nas sociedades

urbanas, o consumo de mídia é uma das duas maiores categorias de

atividades, atrás apenas do trabalho.

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1.2 - Meios de Comunicação que mais influenciam o Mercado

Consumidor.

Mas o impacto da mídia atualmente é incontornável. Às vezes, exatamente

por estamos tão imersos em nosso mundo midiatizado, nem nos damos

conta das múltiplas conseqüências sociais da presença dos meios de

comunicação. de leitores. No Brasil, principalmente neste século, há um

enorme divórcio

No mundo, globalizado, a mídia não tem vínculos com a leitura e a formação

entre mídia e promoção de letramento. Não só na utilização da escrita, mas,

também, no sentido mais amplo da leitura de outras linguagens, inclusive da

6%

8%

7%

28%

47%

Internet

Revista

Rádio

Jo rnal/ Encarte

T elevisão

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leitura de imagens, que sempre nos parece privilegiada pela mídia

eletrônica, e supervalorizada pela sociedade imagética que caracterizam

nossa época.

A mídia também é entretenimento. Oferece-nos recursos para conversa;

reconhecimento, identificação e incorporação, à medida que avaliamos – ou

não avaliamos - nossas imagens e nossas vidas em comparação com

aquelas que vemos na tela. É preciso, portanto, compreender a política

desta mídia. A sua vulnerabilidade ao exercício do poder, sua dependência

do trabalho de intuições e de indivíduos; e seu próprio poder de persuadir e

de reclamar atenção e resposta.

Na evolução mundial rejeitar as mídias é rejeitar a técnica enquanto

benefício do ser humano. As novas tecnológicas, como a Internet, são

aliadas na disseminação, enquanto elementares na construção do

conhecimento, mas é a televisão que ainda é uma das ferramentas

essências para manter os individuais conscientes do que acontece ao seu

redor.

1.3 – Público-alvo ou grupo-alvo

Plúblico-alvo ou grupo-alvo. Pessoas que pretendemos atingir com

determinada campanha publicitária.

Toda comunicação deve ser direcionada para um público que deseja ou necessita do produto ou serviço em questão.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 12 a. ed., São Paulo: Pearson, 2007. Esse público potencialmente consumidor é chamado público-alvo. Definir

qual é esse público para o qual a comunicação deve ser dirigida é

fundamental em suma partir do micro ambiente para se atingir o macro.

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É a partir dessa definição que são feitas as escolhas dos meios e veículos

de comunicação mais adequados para transmitir a mensagem para esse

público.

A mídia deve ser feita visando otimizar o alcance do público-alvo do

anunciante.

Para otimizar o resultado de seu esforço de comunicação, o anunciante

precisa alcançar o maior número possível de consumidores em potencial, isto

é, possíveis compradores.

É preciso definir e buscar o público-alvo.

Assim, o anunciante terá condições de programar sua veiculação de forma a

aproveitar melhor seu investimento.

Estudar a forma como diferentes grupos vem sendo representados pelos

meios de comunicação de massa é uma das maneiras de se realizar pesquisas

educativas em torno da mídia. As formas através das quais as mídias se

ocupam da família, do gênero (masculino/feminino), da relação adulto-criança,

das minorias e dos jovens, por exemplo, ajuda os educadores a

problematizarem a função dos estereótipos veiculados na estruturação dos

quadros de valores e de comportamento desses grupos. Trata-se de um tema

importantíssimo no âmbito da pesquisa educativa se pensarmos que estas

representações constituem um dos territórios privilegiados da educação

informal.

Dentro da categorização realizada por Rivoltella (2001) sobre ações mídias-

educativas, a opção pelo estudo das representações sociais está inserida na

chamada “proposta ideológica”, a qual pretende trazer reflexões aos sujeitos,

tendo consciência.

“ler criticamente um produto midiático não significa mais aproximá-lo através

parâmetros de valor (bonito/feio, bom/mal), mas desconstruí-lo, desmitificar a

sua cobertura ideológica, reconhecer os traços da cultura hegemônica”

(2001:49)

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A História Cultural é um campo dinâmico e controverso de estudos e de

proposições teóricas. Inscrever uma pesquisa nessa área implica em lidar com

perguntas sofisticadas e desafiadoras. Isso faz a História Cultural melhor que

outras tendências historiográficas?

Depende do que se quer dizer por "melhor", e depende do tipo de História que

se busca.

Michel de Certeau, autor-referência para muitos trabalhos de História Cultural,

questionou a escrita e o estatuto da História na sociedade ocidental,

mostrando que a História dos historiadores é apenas uma História dentre

tantas narrativas e explicações históricas que esse conjunto tão heterogêneo

denominado "sociedade" produz (Poster 1997: 114). Se lembrarmos que no

Brasil, em pleno século XXI, a profissão de historiador ainda não foi

regulamentada por lei, temos de pensar: com base em que uma pessoa ou um

grupo poderia reivindicar autoridade sobre a História?

Por outro lado, Dominick LaCapra (1985: 799-828) defende que, apesar de

nossas limitações enquanto investigadores do passado, não devemos

descuidar nem dos questionamentos teóricos, nem das evidências que ajudam

a constituir o relato histórico.

Aliás, a perspectiva dialógica que ele desenvolve contempla as duas coisas,

num esforço de produzir conhecimento histórico crítico e responsável. Ou seja,

não se pode escrever "qualquer coisa" sobre o passado, já que a abordagem

do documento como texto não exime o historiador de uma análise cuidadosa.

Segundo Mark Poster,

"discursos emergem num campo de relações de poder desafiando uns,

apoiando outros, dificilmente vindo ao mundo acadêmico como inocentes

buscas pela verdade" (Poster 1997:13).

Assim, os Estudos Culturais surgiram como uma crítica à História Social

marxista dos anos 60, à História tradicional das idéias ("desencarnada" dos

seres humanos e das relações sociais) e à tendência dos Annales de História

quantitativa e sócio-econômica.

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Duas grandes inspirações fomentaram esses questionamentos: os estudos

lingüísticos e a Antropologia Cultural, que atentaram para a constituição da

narrativa histórica e do papel do narrador/investigador na escrita da História.

Autores como os supracitados Dominick La Capra e Michel de Certeau, além

de Hayden White, Roger Chartier, Joan W. Scott, Paul Gilroy, Stuart Hall,

Edward Said, Homi Bhabha, Carlo Ginzburg, além de referências como Michel

Foucault e Jacques Derrida, foram associados à História Cultural. Apesar das

grandes diferenças entre eles, Poster identificou algumas idéias que

caracterizariam a História Cultural:

1. A crítica a uma suposta agência humana responsável pela História – isto é,

o questionamento da existência de um sujeito racional e consciente que

tomaria a História pelas mãos. É a recusa do sujeito universal iluminista

("personagem" da História das idéias tradicional/História positivista); e das

classes sociais como sujeito histórico transformador (História Social

marxista/História Social da cultura);

2. O papel da linguagem – o reconhecimento de que os documentos históricos

não são uma transparência de dados informativos sobre uma realidade

concreta, mas sim textos a serem lidos – o que faz da História um discurso e,

não, um relato de uma verdade histórica;

3. Recusa de categorias totalizantes e de grandes narrativas – em geral, os

historiadores culturais não tomam como naturais categorias, como gênero,

classe social, raça, etnicidade, identidade, experiência, e sim, buscam

questionar como determinados grupos sociais constroem suas noções de

gênero, classe social, raça; qual o sentido dessa construção, e quais as

implicações que essas noções possuem para aqueles grupos.

Talvez a questão da textualidade e da linguagem seja significativa para se

definir "perguntas sofisticadas e desafiadoras", pois tanto a leitura quanto a

escrita do historiador deveriam estar "sob vigilância" constante do próprio

autor. A partir dessa perspectiva, refletiremos sobre como a mídia evangélica

no Brasil poderia ser pensada à luz da História Cultural, tendo como base

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textos de Dominick LaCapra, Mark Poster, Michel de Certeau, Joan W. Scott,

Hayden White e Stuart Hall.

As religiões evangélicas vêm se destacando no campo religioso brasileiro

desde a segunda metade do século XX, em especial desde a década de 80,

com o crescimento das igrejas neopentecostais. Uma das razões fundamentais

para esse crescimento está no uso intensivo da mídia eletrônica e impressa

por parte de muitos desses grupos. Visa-se estudar os usos e os sentidos que

essa mídia religiosa vem alcançando na sociedade brasileira, e qual a sua

influência na definição de uma religiosidade mais autônoma e individualista.

1.4 - A globalização inserida na sociedade.

Estratificando a sociedade em função do consumo santuário, o

capitalismo contemporâneo procura operar a unificação dos mercados

nacionais – as comunidades transnacional de consumidores – de modo a

concentrar em poucos pólos transnacionais o poder econômico e a diversificar

as possibilidades de acesso ao consumo de bens.

Nessa perspectiva a globalização está associada às tendências de

homogeneização cultural, manifestada claramente no consumo de certos

produtos (a ilusória igualdade universal da sociedade de consumo). Da Ásia ao

continente americano, do hemisfério sul a Europa setentrional são os mesmos

produtos e as mesmas marcas. Trata-se de um expressivo segmento da

população mundial que apesar de suas diferenças e das distâncias geográficas

- consome habitualmente os mais diversos objetos e serviços (marcas e

produtos como o refrigerante, cosméticos, cigarros, cartões de credito, roupas,

turismo e esporte).

“Uma população que – muitas vezes, sem se dar conta – utiliza os

intercomunicantes os subsistemas financeiros e que com os cartões de credito”

Reconhecidos no mundo inteiro e contabiliza suas despesas em dólares. Uma

moeda que atualmente reúne três funções: nacional (dos estados unidos)

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internacional (de comercio e referencia, já que dois terços das transações são

faturados nessas moedas assim como três quartos dos empréstimos bancários

internacionais) e transnacionais (eurodólares alem der ter emprestado sua

denominação a diversas moedas nacionais.

Internacionalizando-se em diversas sociedades e com intensidades e

sentido desiguais, a globalização de padrões de consumo e de procedimentos

é sentida de formas diferentes. Estimulada pelas ações das grandes

empresas, ultrapassa os limites dos estados, quebrando padrões de consumo

convencionais e paradigmas perceptivos e comportamentais.

A globalização dos processos e dos fluxos de informação caracteriza

uma sociedade em que instituições e atores sociais agem por meio de seus

discursos, especialmente os difundidos através da mídia.

A mídia contribui, enquanto aparato que liga a sociedade e gera a interação

(mediada) e o debate público, agindo como constituinte da esfera pública

contemporânea. Destaca-se dos demais campos sociais como esfera de

visibilidade, na qual os restantes campos se refletem e buscam legitimar-se.

As novas formas de visibilidade estão estreitamente ligadas aos novos meios

de comunicação. Thompson (1995) afirma que, com o desenvolvimento da

comunicação, a visibilidade dos acontecimentos ou indivíduos nos domínios

públicos e privado não está mais diretamente ligada com a partilha de um local

comum. Nessa visibilidade mediada, segundo o autor, as mensagens não são

diretamente monitoráveis e controláveis, por mais que os atores sociais e

instituições procurem gerenciar sua visibilidade.

Desse modo, o desenvolvimento da comunicação alterou a natureza

da visibilidade, visto que ela não depende mais da partilha de um local comum.

Com o processo de desterritorialização e a mudança na forma de visibilidade

gerada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação, a troca de sentidos

passa a ser em espaços virtuais, os quais não dependem que os indivíduos

estejam no mesmo local para compartilhar as informações. É nesse sentido

que a mídia transforma-se no espaço público central na contemporaneidade,

onde instituições e atores lutam para colocar em debate suas questões.

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Com base nestas características, Thompson qualifica a visibilidade gerada pela

mídia como espaço de mediação. O autor identifica a importância desses

espaços mediados afirmando que

“desde o advento da imprensa e especialmente da mídia eletrônica, lutas por

espaços reconhecimento se tornaram cada vez mais lutas pela visibilidade

dentro de não localizados de publicidade mediada” (1998. p. 215).

Segundo Dominique Wolton, o espaço público contemporâneo pode ser

chamado de espaço público mediático, na medida em que é funcionalmente e

normativamente indissociável do papel da mídia. O sociólogo francês afirma

que

“globalização da informação, ao invés de aproximar os pontos de vista, é mais

freqüentemente um acelerador das divergências de interpretação,

simplesmente porque se havia esquecido a heterogeneidade dos receptores...”

(Wolton, 2003, p.22).

Sobre o papel da mídia, Adriano Duarte Rodrigues (1997) aponta a

estreita relação entre os processos comunicacionais e a representação dos

diferentes campos sociais, atribuindo ao campo midiático o papel de atuar

entre esses campos, através de uma autoridade “vicária”, ou seja, delegada

por eles. Essa delegação da representatividade ao campo midiático contribui

para a constituição de uma esfera pública, a qual o autor caracteriza como a

cena em que as interações sociais e o movimento de atores sociais ganham

visibilidade.

Dessa forma, Rodrigues (1997) compreende a comunicação não como

apenas instrumento à disposição de indivíduos ou organizações para gerar o

conhecimento de fatos, acontecimentos e pensamentos, mas como um

processo constituinte do espaço público, no qual são explicadas as ações e os

discursos sociais. Destaca-se aqui a função legitimadora da mídia para as

organizações e atores sociais, pois através da mediação da primeira, pela

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disponibilização de discursos, é proposta a justificação de ações coletivas e

individuais perante a sociedade.

Consideram-se os media como o novo campo de legitimidade, cada

vez mais autônomo dos restantes campos sociais como esfera obrigatória de

visibilidade e de notoriedade, no qual os restantes campos se refletem, não

podendo as dimensões da prática social prescindir do seu contributo

(Rodrigues, 1997). Os diversos campos sociais lutam para tornar públicos os

acontecimentos considerados relevantes e buscam, dessa maneira, a

aprovação da sociedade e sua legitimidade.

Partilhando dessa perspectiva, Rousiley Maia indica que

“a busca pela legitimidade dá-se, muitas vezes, no espaço simbólico da mídia,

pois a visibilidade por esta promovida pode capacitar indivíduos, no contexto

prático da vida cotidiana, a articular e tematizar questões novas e imprevistas,

relevantes para a sociedade em geral” (1998, p. 139).

A passagem pela mídia torna-se obrigatória quando há interesse de

ampliar-se a discussão ou conseguir adeptos para alguma causa. Nesse

sentido, a mídia tem se constituído como espaço público central da

contemporaneidade, onde questões e atores de várias esferas do social

disputam o apoio da opinião pública.

Nesse sentido, Fernandes (2000) compreende existir entre a mídia e a

sociedade uma relação na qual aquilo que é veiculado nos meios de

comunicação é produzido, ou seja, acontece na sociedade e volta para ela

através da visibilidade na mídia, numa circularidade ininterrupta. Segundo a

autora, a mídia confere visibilidade aos acontecimentos e atores sociais e tem

um papel ativo de promover movimentos de transformação social por sua

característica de espaço público.

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CAPITULO II

Combinação das mídias e seus resultados

A partir do final da década de 1950, uma “reviravolta” teve lugar na pesquisa

sobre os efeitos. Esta reviravolta pode ser identificada a partir de diversas

mudanças: uma ênfase maior nos efeitos de longo prazo, em lugar dos

períodos curtos das campanhas; mais atenção aos efeitos cognitivos, em lugar

da ênfase em persuasão e mudanças comportamentais; uma transição da

noção de efeitos mínimos para a de efeitos mais significativos

Um dos principais acontecimentos na pesquisa dos efeitos foi o surgimento de

teorias sobre a função de agendamento da mídia. Em um artigo pioneiro,

McCombs e Shaw (1972) apresentaram a hipótese de que a mídia determina a

agenda de cada campanha política, influenciando a saliência dos temas na

opinião pública. Os autores basearam sua teoria na afirmação de Bernard

Cohen, segundo a qual a imprensa pode não ter sucesso a maior parte do

tempo em dizer às pessoas o que pensar, mas tem um sucesso

impressionante em dizer aos seus leitores sobre o que pensar (citado por

McCombs e Shaw, 1972, p. 177). Portanto, o enfoque propõe investigar como

a mídia contribui para dar forma ao processo político através da definição da

agenda dos temas que são considerados relevantes pelo público. O paradigma

do agendamento originou uma nova onda de estudos que contribuiu para

ampliar a pesquisa sobre os efeitos da mídia.

A principal conclusão do livro Processing the News de Graber é a de que “as

pessoas dominam o fluxo de informação muito bem” (p. 249). De acordo com a

autora, os indivíduos têm a capacidade de reduzir o fluxo de informações a

proporções manuseáveis, conseguindo assim manterem-se informados sobre

os acontecimentos e temas mais importantes.

A pesquisa de Graber demonstra que as formas utilizadas pelas pessoas para

fazer sentido do conteúdo da mídia são variadas e complexas, contribuindo

assim para ultrapassar pressupostos simplistas sobre a exposição aos meios

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de comunicação que são comuns nos estudos sobre seus efeitos. Todavia,

Processing the News possui limitações importantes.

Graber trata o conteúdo da mídia apenas como “informação” ou “dados fatuais”

e falha na identificação das características e conseqüências das diversas

formas de construção do conteúdo da mídia. Ela considera a influência da

mídia no pensamento político apenas na medida em que os meios de

comunicação oferecem informações que podem ou não ser integradas nos

esquemas cognitivos dos membros da audiência. Neste modelo não existe a

possibilidade de que características do conteúdo da mídia, tais como

enquadramentos, alterem o próprio processo através do qual a realidade é

interpretada pela audiência. As teorias do processamento da informação estão

baseadas na

“concepção da comunicação como transporte” (ver Carey, 1989), na qual “a

decodificação da mensagem não é considerada problemática ou capaz de

transformar o significado da mensagem” (Robinson e Levy, 1986, p. 160).

Um entendimento mais complexo e adequado do momento da recepção

surgiu a partir da década de 1980, quando acadêmicos da tradição da teoria

crítica passaram a desenvolver pesquisas empíricas com as audiências da

mídia.

2.1 - As Transformações na Mídia

Conforme Thompson (1995), o surgimento e o desenvolvimento das indústrias

de mídia é um processo histórico que acompanhou o aparecimento das

sociedades modernas. As origens da comunicação de massa são ligadas à

imprensa de Gutenberg, quando foram produzidas e distribuídas inúmeras

cópias de textos na Europa. Essa distribuição possibilitou o nascimento da

indústria do jornal que, nos séculos XIX e XX, cresceu e se consolidou. Além

disso, as atividades de coleta das notícias passaram a ser internacionalizadas,

graças ao aparecimento de agências de notícias.

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A difusão do rádio em larga escala aconteceu em 1920 nos Estados Unidos. O

impacto da exploração do meio televisivo se deu após a 2ª Guerra Mundial,

nos anos 40 e 50. Mas, o crescimento da TV foi tão rápido, proporcionando um

alto lucro de publicidade, que outros meios ficaram um pouco de lado. O

cinema foi um deles.

A televisão passou a ganhar maior evidência em relação aos outros meios de

comunicação de massa (MCM). Porém, mesmo sendo considerado um grande

negócio, hoje tanto ela como os demais veículos estão sofrendo o impacto das

mudanças que estão ocorrendo na economia, na política e no avanço das

tecnologias. A Internet em especial, cujo crescimento comparativo é muito

maior em relação aos outros meios de comunicação, tanto em número de

usuários, como de iniciativas no setor da comunicação. As mudanças na

economia política resultaram em quatro tendências, de acordo com Thompson

(1995): a concentração, a diversificação, a globalização e a

desregulamentação.

A primeira delas, concentração, se refere ao fenômeno em que as indústrias

midiáticas passaram a ser concentradas nas mãos de poucas corporações.

Isso tanto no âmbito regional quanto mundial. Caparelli (1982) analisa a

concentração das indústrias de informação sobre o ponto de vista horizontal -

quando a empresa tem vários empreendimentos dentro de um mesmo tipo de

produção; e diagonal - quando uma empresa controla outros ramos industriais.

Além disso, explica que: Falamos em concentração horizontal de propriedade

dos meios de comunicação. Mas, à semelhança de outros países da América

Latina, existe também uma concentração vertical de propriedade, sendo que a

um mesmo proprietário pertencem além do canal de televisão, emissoras de

rádio, jornais e revistas. E mais ainda: alguns deles poderiam receber a

classificação de Arndt, que fala na concentração diagonal, que se aproximaria

do conglomerado: além dos negócios na comunicação, participam também de

grandes empreendimentos no setor primário, secundário e terciário (1982,

p.100). Dênis de Moraes (1998) explica também que a concentração pode ser

de propriedade cruzada, quando os conglomerados possuem diferentes meios

de comunicação e monopólio em cruz, quando a reprodução das mensagens é

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emitida pelos diversos veículos em níveis local e regional. Moraes explica que,

no caso brasileiro, os dispositivos legais não são cumpridos. Essa observação

também foi feita por Anamaria Fadul que chama a atenção para o grande

poder de concentração dos grupos descumprindo o parágrafo 5º do artigo 220

da atual Constituição que proíbe o monopólio e oligopólio e o Código Brasileiro

de Telecomunicações (1962) que determina que o grupo ou pessoa não pode

ter participação em mais de 10 emissoras de TV no país, sendo cinco, no

máximo, em VHF. Uma das principais características dos grupos brasileiros é

sua dimensão multimídia e o grande poder de concentração. Esse fato é

resultante da não existência na legislação brasileira de formas que impeçam a

concentração e a propriedade cruzada dos grupos de mídia. A Constituição de

1988 simplesmente condena os monopólios, mas sem apresentar instrumentos

de uma ação efetiva nessa área (1998b, p.83).

A segunda tendência é a diversificação.

“Processo pelo qual as companhias expandem suas atividades para diferentes

campos ou linhas de produção, tanto adquirindo companhias que já operam

nesses campos, como investindo capital em novos desenvolvimentos”

(Thompson, 1995, p.257).

De acordo com Thompson, graças às duas primeiras tendências foram

formados conglomerados de comunicação.

“A concentração e diversificação das indústrias da mídia levou à formação de

conglomerados de comunicação que possuem grandes interesses numa

variedade de indústrias ligadas à informação e comunicação” (1995, p.258).

Para Gisela Taschner (1992), o conglomerado é um conjunto de empresas que

atua em diversos campos, podendo seu crescimento ser interno ou externo, ou

então, dependendo do caso, nas duas direções.

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Com as mudanças ocorridas na mídia, de acordo com Dênis de Moraes, os

conglomerados tomaram como parâmetros a produtividade, competitividade,

lucratividade e racionalidade gerencial.

Para tanto, buscam conferir escala a seus produtos, por intermédio de alianças

e parcerias entre si con os grupos regionais; absorvem firmas menores ou

concorrentes, diversificam investimentos em áreas conexas. O resultado não

poderia ser outro: uma brutal concentração de atividades nas mãos de poucas

companhias (quase todas baseadas nos Estados Unidos da América) e uma

aglomeração de patrimônios e ativos sem precedentes. Nem a Internet – por

concepção, refratária a comandos e hierarquias – escapa dos tentáculos

lançados pelas superempresas, ávidas por comércio eletrônico e serviços on

line, engenhosas soluções propiciadas pelo caráter descentralizado e

multipontual da rede (1998, p.11).

Na visão de Thompson (1995), a terceira tendência é a globalização com a

transnacionalização (facilitada pelo desenvolvimento das tecnologias),

exportação e produção de bens da mídia para o mercado internacional. Assim,

o que parecia distante tornou-se perto. Isso pode ser percebido na facilidade

oferecida, por exemplo, por uma TV a cabo ou via satélite que transmite

programas nacionais e estrangeiros, seduzindo só no Brasil, conforme o

Anuário de Mídia 98/99, 2,5 milhões de assinantes da TV fechada, sendo que

hoje, verifica-se que está em crise, como é o caso da Globo Cabo. Além disso,

já é possível ler revistas e jornais estrangeiros em português, graças ao

contrato de vários veículos com as proprietárias das edições.

Bem que, para Thompson (1998), a globalização da comunicação tem sua

origem no século XIX, quando o fluxo internacional de informação assumiu

uma forma organizada.

Foi somente no século XIX, porém, que as redes de comunicação foram

organizadas sistematicamente em escala global. Foi no século XIX, portanto,

que a globalização se firmou. Isto se deveu em parte ao desenvolvimento de

novas tecnologias destinadas a dissociar a comunicação do transporte físico

das mensagens. Mas foi também ligado diretamente a considerações

econômicas, políticas e militares (1998, p.137).

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Apesar da globalização da comunicação ter surgido no século XIX, torna-se, de

acordo com Thompson (1998), um fenômeno típico do século XX, pois os

conglomerados passam a atuar em grande escala, as novas tecnologias

desenvolvem-se bruscamente, os produtos da mídia passam a circular num

mercado internacional tendo diversas reações na captação do material

transmitido pelas redes globais.

A globalização da comunicação no século XX é um processo dirigido

principalmente por atividades de conglomerados de comunicação em grande

escala. (...) Conglomerados de comunicação expandiram suas operações para

outras regiões fora de seus países originais; e parte dos interesses financeiros

e industriais, dentro de explícitas políticas globais de expansão e

diversificação, foi canalizada para a aquisição substancial de ações nos

setores de informação e de comunicação. Através de fusões, compras ou

outras formas de crescimento corporativo, os grandes conglomerados

assumiram uma presença sempre maior na arena global do comércio de

informação e comunicação (1998, p.143 e 144).

Já a quarta tendência, segundo Thompson (1995), é a desregulamentação,

onde a legislação dos meios de comunicação foi suspensa em vários países

para facilitar o desenvolvimento da mídia e atender os interesses de seus

empresários. De acordo com Denis de Moraes (1998), com a

desregulamentação, os países passaram a ser vistos pelos grupos de mídia

como lugares sem fronteiras, possibilitando o crescimento dos conglomerados

na América Latina.

Coincidindo com o início da desregulamentação e da desestatização, as novas

tecnologias impulsionaram o crescimento das comunicações na América

Latina, particularmente entre 1987 e 1991. Os impactos sucederam-se, em

gradações diversas, de país para país: aumento considerável do número de

emissoras de televisão; lançamentos de satélites domésticos; disseminação

das antenas parabólicas; funcionamento de emissoras de TV em UHF;

implantação e inserção nas redes mundiais de transmissão de dados;

introdução da televisão por assinatura (a cabo, por satélite e microondas);

formação de redes regionais de TV; e importação de equipamentos de

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telecomunicações e de radiodifusão. O barateamento do uso de satélites e o

aumento de demanda por parte das cadeias de TV alargaram o mercado para

os centros de produção norte-americanos (...). (1998, p.65).

Especificamente sobre o Brasil, Fadul ressalta: Como o sistema de

radiodifusão no país é um sistema basicamente comercial a

desregulamentação que surgiu na década de 90 não vai ter nenhum impacto

nessa área, mas somente na área de informática e de telecomunicações.

Devido ao crescente processo de convergência das áreas de TV por

assinatura, informática e telecomunicações, esse fato vai ter uma grande

repercussão na mídia, pois os maiores grupos nacionais vão entrar nessas

duas áreas (1998b, p.84). Com essas mudanças e tendências, a mídia passou

a ocupar um lugar decisivo na sociedade capitalista mundial. De acordo com

Denis de Moraes (1997, p.14),

“a informação tornou-se fonte alimentadora das engrenagens indispensáveis à

hegemonia do capital, isto é, o lubrificante dos ciclos de troca e de lucro, nesse

sentido a mercadoria mais importante”.

Assim, os empresários da mídia passaram a dominar diversos setores

comerciais.

No ranking mundial, publicado na revista Variety (24-30 de agosto de 98), 50

empresas controlam a mídia mundial, além de possuir outros negócios. No

Brasil, o grupo das Organizações Globo é a 12ª no ranking. Ben Bagdikian

(1993, p.282) chama a atenção para o poder dos grupos no planeta.

Os impérios mundiais estão aí. Seu controle sobre a mídia de massa global

expande-se quase que semanalmente. Seus nomes aparecem nas manchetes

como se fossem atrizes numa competição financeira a que, atualmente,

apenas gigantescas organizações corporativas têm acesso, apoiadas que são

pelos maiores bancos multinacionais e por regimes nacionais politicamente

convenientes. Sozinhas, já comandam audiências internacionais maiores que

as de qualquer outro líder político da história. Além disso, dispõem,

geralmente, de sistemas unificados e de diversos meios para atingir suas

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audiências, alguns provenientes da imprensa escrita, alguns da televisão,

transmitida via satélite, e alguns, ainda, por meio de instrumentos portáteis

como gravações e fitas de vídeo.

Dentre os barões da mídia da América Latina mostrados na revista América

Economia nº135, Roberto Marinho é considerado o rei da multimídia do Brasil.

A Gazeta Mercantil Latino-Americana, de 3 a 9 de agosto de 1998, registrou a

receita da Globo em 5,6 bilhões de dólares. Lucro: 316 milhões de dólares e o

patrimônio de 1,4 bilhão de dólares.

E, como a Globo tem um lugar de destaque no cenário brasileiro, suas afiliadas

acabam ocupando evidência, principalmente porque seus proprietários têm

outros empreendimentos formando grupos regionais de comunicação. Só que

as redes regionais não têm tanto poder quanto as nacionais. Uma das

diferenças destacadas por Caparelli é a falta de autonomia.

[...] as Redes Regionais não possuem autonomia em termos de programação.

Isso não quer dizer que não tenham programas produzidos pela respectiva

emissora-líder. Na verdade, o que ocorre é que tais redes dependem

basicamente dos programas gerados pelas redes nacionais, que transmitem

em cadeia ou retransmitem posteriormente (1982, p.94).

Apesar do pouco poder detido pelos grupos regionais nacionalmente, seu

domínio alcança as regiões brasileiras tornando-os de vital importância para as

comunidades. Essa realidade foi detectada pela Rede Globo que percebeu que

o público está mais preocupado com os acontecimentos locais do que com os

mundiais.

Em 98, de acordo com a revista Meio e Mensagem nº 829, a Rede Globo

investiu nas afiliadas no interior de São Paulo e Minas Gerais, aumentando o

espaço para a programação local. Houve investimentos na infra-estrutura dos

departamentos de jornalismo e comercial para que as emissoras ficassem

mais locais. Tudo começou em abril de 1995. As primeiras mudanças puderam

ser percebidas no espaço local do jornal SP Um em Bauru, São José dos

Campos, São José do Rio Preto e Sorocaba que era gerado da capital. Hoje,

apenas o primeiro bloco. Os demais são locais. Neste ano, a Globo mexeu

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também em sua programação criando programas que atingissem as pessoas

das mais diversas regiões.

Fizemos o Globo Comunitário, que é um jornalismo voltado para os assuntos

das populações locais; fizemos a Primeira Edição, espaço novo na

programação, com meia hora de jornalismo local; estendemos o Bom Dia para

todas as praças. Criamos também novos espaços para o jornalismo, como

aconteceu, por exemplo, por ocasião das enchentes em São Paulo, quando o

Boni nos autorizou a suspender alguns programas da linha normal da Globo

para a entrada da cobertura. Então fizemos um Globo Repórter para o Brasil

inteiro e um específico para São Paulo, sobre as enchentes, isso num prazo de

14 horas. Tiramos do ar a Escolinha do Professor Raimundo e substituímos

aquele espaço por jornalismo (Alberico Cruz, Imprensa nº92, p.98).

Assim, os grandes empresários da mídia descobriram que o grande filão é o

grupo regional. Os que já tinham suas redes criadas e o público definido,

investiram em TV por assinatura, como fez a Rede Brasil Sul (RBS) no dia 15

de maio de 1995 com o lançamento da TVCOM, em Porto Alegre, considerada

por Nelson Hoineff (1996, p.98) a primeira experiência no Brasil de uma TV

comunitária paga. O projeto da TVCOM foi baseado nas experiências de TVs

comunitárias de sucesso como a City TV, no Canadá, que foi criada por Moses

Znamier com objetivo de cobrir exclusivamente o noticiário. Para o criador, o

sucesso constatado em mais de 20 anos prova que a televisão local supera

uma rede nacional.

A RBS, em 97, era considerada a maior rede regional do Brasil com

faturamento de US$130 milhões.

“A emissora orgulha-se por utilizar todos os espaços locais disponibilizados

pela Rede Globo, o que representa entre 15% e 16% da programação”

(Sirotsky, s.d, p.20).

De acordo com Nelson Sirotsky, através da geração de programas locais por

cada uma das emissoras da Rede, a RBS permitiu que a comunidade fosse

ouvida.

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Uma das características mais marcantes do grupo RBS é a atuação

comunitária que vem tendo desde suas origens. Ela está presente em

inúmeras campanhas desenvolvidas pelas televisões, rádios e jornais do

grupo, e que se destinam a encontrar soluções para os mais variados

problemas vividos pelas comunidades em que atua (s.d, p.31).

Em relação ao mercado, Nelson Sirotsky afirma que a regionalização

transforma pequenas fatias em grandes bolos.

“A regionalização da RBS é não apenas um dos pilares de seu sucesso, mas

também foi a alavanca que proporcionou o desenvolvimento do mercado

publicitário no interior do Rio Grande do Sul e Santa Catarina” (s.d, p.29).

Assim, as emissoras da RBS TV, servem como baliza para o crescimento de

redes de varejo do interior dos dois Estados em que atuam. Várias redes

optaram por criar novas unidades em cidades que se encontrem dentro da

área de cobertura de uma mesma emissora da RBS – o que maximiza a

penetração junto ao público e faz com que se obtenha uma melhor relação

custo-benefício (s.d, p.32).

O grande trunfo das emissoras regionais, de acordo com as pesquisas da

revista Meio e Mensagem, foi o investimento comercial dos anunciantes nas

regiões.

Os mercados regionais passaram a ter peso importante na estratégia das

empresas. Grupos regionais estão investindo em sinais via satélite para

melhorar a qualidade da transmissão. A regionalização também desenvolve

oportunidades de negócio muito interessantes (...) (Nº 830, 1998, p.52).

Para o superintendente comercial da Rede Globo de Televisão, Octávio

Florisbal,

“além de melhorar a cobertura regional, com o jornalismo local, por exemplo, a

regionalização também desenvolve oportunidades de negócio muito

interessantes. Pode-se gerar de US$2 milhões a US$3 milhões em mercados

locais com pequenos anunciantes” (Pereira, 1998, p.52).

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Assim, a revista Meio e Mensagem constatou que os investimentos regionais

aumentaram tanto que na Bahia, por exemplo, as verbas governamentais

representam pouco diante dos feitos por particulares.

Percebe-se, portanto, que tão importante quanto a descoberta de novos

públicos e novas temáticas, a prospecção de novos mercados é determinante

no contexto da regionalização da produção midiática no Brasil. A pertinência na

fidelidade apresentada ao caráter local da programação apresenta-se nos

aspectos temáticos, nos assuntos abordados e, de certa forma, num discreto

incentivo à participação dos profissionais de comunicação no âmbito local.

Em relação à TV aberta, de acordo com Rogério Bazi, empresários num

seminário promovido pelas revistas Tela Viva e Pay TV, em 1997, afirmaram

que ela só sobreviverá se for regional. Isso também foi confirmado no 1º

Seminário Tela Viva/Converge, 1998, sobre o “Timing da regionalização das

TVs brasileiras”.

E, como enfatiza o estudioso Francisco Assis Fernandes:

Hoje a tendência à regionalização da mídia se configura como uma aspiração

do povo. O conteúdo da programação quanto mais regional será, mais

representativo do anseio da comunidade, gerando novos conhecimentos e

resgatando hábitos e costumes. A “massificação da cultura” trouxe o perigo da

sua própria descaracterização. Hoje, mais do que nunca, a mídia regional tem

a função e a responsabilidade de consolidá-la (Fernandes, 1998, p.20).

Afinal, como ressalta Villamizar D.,En la práctica la tarea consiste en conducir

unos medios que se parezcan a nuestra gente. Esto es, que se manejen muy

cerca de sus inquietudes, anhelos, sufrimientos y alegrías. Esta exigencia

implica abandonar los patrones programáticos de los grandes circuitos y

programadoras, los cuales reproducen en lo nacional las intenciones

homogeneizantes de los grandes trust comunicacionales. En otras palabras, la

programación de nuestras estaciones de radio y televisión debe asentarse

sobre las producciones propias y utilizar los enlaces o los llamados “enlatados”

para lograr la necesaria conexión con lo global, con la dinámica universal

(Villamizar D., 1996, p.29).

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CAPÍTULO III

A mídia como instrumento facilitador da sociedade

Mídia e publicidade se fundem. Essa forma já está tão imbricada na sociedade

contemporânea que nos referimos a ela como a única forma possível de

comunicação. Aliás, a relação entre mídia e mercado parece ter sido

estabelecida desde os primórdios dos meios de comunicação de massa. A

julgar, por exemplo, pelas informações contidas num livro que narra a história

da Coca-Cola, em fins do século XIX a propaganda de mercadorias já era

amplamente veiculada nos jornais impressos (Pendergrast, 1993). Mas, como

já sabemos, até aí tratava-se, "apenas", de propaganda. Hoje, como pudemos

constatar o que há é uma fusão entre informação e publicidade que torna os

dois indistinguíveis. Não por acaso, um estudioso do marketing vai apontar a

atual importância que ganhou os "publieditoriais" - os arranjos, parte editoriais,

parte publicitários - que tornam-se "importantes fontes de endosso a produtos"

(Buitoni, 2000, p.119).

Por isso mesmo, o analista de tendências sociais Jeremy Rifkin constata que

"o poder, na próxima era, pertence aos porteiros". Porteiros, no caso, seriam

as "instituições e indivíduos que determinam as regras e condições de

admissão e controlam quem tem acesso e quem é barrado de uma sociedade

baseada em rede...Os porteiros servem como mediadores e árbitros de nossas

vidas e épocas. Eles controlam o que entra e o que é barrado do processo

social."

Quando fala sobre os porteiros, obviamente Rifkin está se referindo à relação

destes com os meios de comunicação, nos revelando como, atualmente, os

estudantes e acadêmicos de jornalismo passaram a estudar "a função de

controle de entrada para entender melhor como as informações fluem para

dentro e para fora da sala de notícias e como as decisões de editorial são

tomadas quanto às reportagens que devem ser cobertas e aos artigos que

devem ser ignorados e colocados de lado". (Rifkin, 2001 p.144-147).

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O processo de filtragem realizado pelos porteiros deixa clara a forte imbricação

entre mídia e publicidade: se é necessário porteiros para se conseguir acesso

aos "meios", não é menos necessário que, já inserido neles, novos porteiros

sejam necessários para revalidar o "produto". Assim, no exemplo dado por

Rifkin, depois de vencidas todas as etapas para a 4 Deleuze, Gilles. O ato de

criação. Folha de São Paulo. São Paulo, 27 jun. 1999. Mais! p.4. Produção de

um livro, este ainda não se concretizará até que passe pelo crivo dos

resenhistas.

Até aí, tudo bem, não fosse o fato de que "estudos têm mostrado... que críticas

favoráveis e desfavoráveis no New York Times Book Review podem influenciar

se as livrarias, bibliotecas e o público comprarão os livros. Alguns dos mesmos

estudos também mostram que os livros publicados por empresas que

anunciam frequentemente no New York Times Book Review têm mais

probabilidade de receber mais espaço para resenhas no jornal. Assim, o Times

tem uma posição estratégica no ponto de admissão e pode assumir um papel

importante na determinação do nível de acesso que um autor tem." (Rifkin,

2001, p.148).

O que ocorre, então, é um círculo vicioso no qual, na medida em que a mídia

Contemporânea acaba veiculando o que "vende", ou seja, "a cultura de

mercado orientada para o consumo", aqueles que buscam o acesso aos

portais acabam perpetuando uma forma de leitura da realidade cultural, tendo

em vista passarem pelos "novos vigias dos portões" para poder ter vez e lugar

junto ao público consumidor. E, na medida em que vivemos numa era em que

quase tudo que consumimos precisa ser legitimado por uma marca ou um

"especialista em estilo de vida" - que acabam, por sua vez, sempre se referindo

às marcas -, os tais porteiros acabam se tornando os intérpretes e, ao mesmo

tempo, os criadores de significados culturais, fazendo a própria realidade se

transformarem numa mercadoria manufaturada e embalada para consumo.

Tem-se desenhado, assim, um novo modelo comunicacional que é produto

natural de uma sociedade na qual, como tão bem demonstraram Jameson

(2001) e Eagleton (1993), houve uma fusão entre o cultural e o econômico,

fazendo com que "cultura" se tornasse igual a "mercado". Isso significa que o

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aparato produtivo contemporâneo está profundamente entrelaçado ao universo

simbólico, fazendo com que a "indústria cultural" se torne o paradigma, por

excelência, da produção capitalista contemporânea. Enquanto parte

fundamental dessa indústria cultural, a mídia não foge às regras de sua

dinâmica. Daí porque, segundo o fotógrafo Oliviero Toscani, a publicidade

deveria ocupar uma função de "comunicador". Toscani assume isso se

baseando em dados que apontam que os gastos com propaganda no mundo

desenvolvido seriam quase o dobro do que se investe em educação pública

(Calligaris, 1996 p.74). Teria sido isso que levou o fotógrafo, segundo ele

mesmo, a desenvolver as campanhas da Bennetton desvinculando o produto

da marca das imagens por ela veiculadas, para falar de questões sociais, para

tratar da "realidade".

Pode até ser que Toscani tenha tido boas intenções, mas o fato é que, de caso

pensado ou não, ele cumpriu fielmente a cartilha do marketing moderno:

desvinculou-se da propaganda tradicional que equiparava a imagem ao

produto, levando o "nonsense" da propaganda ao limite e, com isso, gerou

uma estupenda publicidade, sendo notícia no mundo inteiro, dando palestras,

publicando livros, virando tema de teses acadêmicas, etc. Como ele mesmo

admitiu, "em alguns anos, com uma comunicação original, a United Colors of

Benetton se fez conhecer internacionalmente como nenhuma outra marca de

prêt-à-porter. Fizeram estudos em 1994 sobre a popularidade do título no

mundo inteiro: o nome United Colors of Benetton bate desde então a Chanel

na memorização das marcas e entrou no pelotão das cinco marcas mundiais

mais conhecidas". (Toscani, 1996, p.56).

Visto assim, até parece que vivemos um processo de manipulação pura e

simples por parte de uma "entidade" absoluta que tudo pode. Mas o

fundamental a ser compreendido é como e porque os sujeitos precisam dessas

imagens. Passado mais de um século de interação entre mídia e propaganda

e, mais ainda, considerando a forte imbricação entre publicidade e mídia a

partir de meados do século XX - cujo ápice vivenciamos hoje - já não se pode

fugir ao fato de que este fenômeno tornou-se um poderoso agente socializador

e, mais ainda, passou a influenciar decididamente na nossa formação

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subjetiva, especialmente para as novas gerações, herdeiras diretas do modelo

mais acabado.

Nas acertadas palavras de Don DeLillo, “é o poder da mídia... mas também

acho que é algo nas pessoas que talvez tenha mudado. As pessoas parecem

precisar de notícias, notícias de qualquer tipo - más, sensacionalistas,

avassaladoras.

Parece que é a notícia a narrativa de nossa época. Ela quase assumiu o lugar

do romance, quase substituiu o discurso entre as pessoas. Tomou o lugar da

família. Tomou o lugar de uma maneira mais lenta, mais cuidadosamente

montada de se comunicar, de uma comunicação mais pessoal... E isso nos

torna consumidores de determinado tipo... É como comprar produtos que, na

verdade, são imagens...

Mas também é real, é a vida real. É como se isso fosse nossa derradeira

vivência da natureza... De uma maneira estranha é tudo que nos resta da

natureza. Mas está acontecendo na nossa TV.”5

Não é à toa que os publicitários contemporâneos admitem que a propaganda

mudou, especialmente, pelo desafio de dar conta de uma "geração de cínicos".

Por isso mesmo, Ronald McDonald - enquanto um personagem de marca e,

nesse sentido, reflexo do seu consumidor - pode continuar sendo uma

metáfora ideal de uma sociedade que fundiu realidade e ilusão para, a pretexto

de entretenimento, jogar o duro jogo de existir continuamente enquanto a

representação de um produto, de uma coisa que pode ser embalada

para consumo.

5 Don DeLillo em entrevista a Remnick, David. A América paranóica nas letras

de DeLillo. Folha de São Paulo, São Paulo, 05 dez. 1997. Ilustrada, p.8.

3.1 - Comportamento do consumidor

Perante o moderno comportamento dos consumidores talvez seja útil refletir

em torno da hipótese de uma nova hierarquia de necessidades humanas,

acreditando nós que muitas das que são de ordem psicológica/emocional se

assumem, na atualidade, como necessidades básicas.

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Na segunda metade dos anos 50, Maslow assumiu que as necessidades

humanas estão organizadas numa hierarquia de importância, representada

graficamente na forma duma pirâmide, cuja base é preenchida pelas

necessidades fisiológicas e de sobrevivência e o topo por necessidades de

status e auto-realização. Evidencia-se deste modo a crença segundo a qual se

poderá reduzir o Homem a leis meramente racionais, quando pensamos no

concretizar das suas próprias necessidades, defendendo ainda este importante

autor que poucos ou nenhuns procurarão o reconhecimento pessoal, ou o

status, se as suas necessidades básicas não estiverem satisfeitas. Mas, será

que a tão famosa pirâmide das necessidades de Maslow continua atual?

Pensamos que não.

É claro que qualquer necessidade continua a ser traduzida por um processo

primário, configurado em torno da tensão fisiológica e psicológica, entre a

satisfação e a frustração. Aquilo que parece ter-se modificado no Homem foi a

capacidade de fantasiar em torno deste mesmo processo. Mas o que é que

mudou? Desde logo, o entronizar da ilusão do poder pelo consumo, ou seja o

consumo transformou-se no mais importante ideal de afirmação social,

econômico, status, etc. A este propósito salientamos ainda o fato da identidade

social do indivíduo, agora massificado, já não o remeter, como outrora, para a

família de referência ou para a função (profissão) desempenhada, mas, cada

vez mais, para o seu estilo de consumo. Assim, entre as variáveis de

segmentação de mercado é cada vez mais usada a caracterização da amostra

partindo do seu estilo de consumo, ou seja, as formas como os seus

elementos se comportam perante a compra, desvalorizando-se a divisão

clássica em torno dos indicadores demográficos, econômicos, sociais, etc.

Numa sociedade onde tudo parece ser ato de consumo, coloca-se a

possibilidade de assistimos a mudanças no ciclo motivacional, esbatendo-se o

controle sobre os impulsos oniomaníacos, contribuindo largamente para isso a

desenfreada oferta de crédito ao consumo e a comunicação empresarial. Tal

representa, quanto a nós, a fragmentação da teoria da motivação de Maslow,

já que perante um mundo crescentemente reduzido às relações de consumo e

aos seus atributos de status, o Homem se vê agora submetido a uma exaltada

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e inevitável influência psicológica / íntima, suportada por modernas técnicas de

comunicação. Afinal, se tudo mudou, porque não se adaptaria o Homem a

esse novo mundo. O Marketing atual limita-se, unicamente, a seguir o Homem

nesse devir.

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CONCLUSÃO

A mídia tem importante contribuição diante das motivações, agindo no

pensamento dos grupos, interferindo e mudando estilos, opiniões e atitudes.

Exige-se então que se reflita a propósito da influência da sociedade de

consumo no que diz respeito à provável desconstrução das teorias

motivacionais clássicas. Ao aceitarmos que a motivação se encontra no

intervalo entre o estado real e o desejado, ou seja, entre as forças e os

conflitos, os estados psicológicos e os desejos apreendidos, onde o ser

humano titubeia face ao impulso biológico e à estimulação social. Para além do

poder pelo consumo, acreditamos existirem três tópicos centrais a este

respeito: por um lado a Neofilia, ou seja, o efeito encantatório provocado pela

novidade (inovação como pressão no mercado); por outro, a Oniomania,

palavra grega que significa a febre das compras e por fim a explosão do crédito

ao consumo. Se a estes juntarmos o fato de estarmos constantemente

expostos a uma comunicação empresarial (promoções, publicidade, tele

marketing, directmail,etc.) cada vez mais agressiva, então poderemos entender

a razão pela qual o ciclo motivacional de Maslow terá sofrido alterações

profundas. Para tudo isto muito terá contribuído o ideal neoliberal ao

assombrar-nos com a concepção que o mundo vai por si mesmo. O mercado

torna-se, deste modo, uma entidade não controlável, afetando

irremediavelmente o comportamento do Homem moderno, transformando-se a

exaltação do consumo de tal modo presente no individuo que a Organização

Mundial da Saúde se vê forçada a atribuir à Oniomania a referência IM-10 da

classificação internacional das doenças, sendo-lhe, ainda, atribuída a menção

DSM-IV na Statistical Manual of Mental Disorder. Podendo esta mudança

comportamental radicar-se, unicamente, no fato das necessidades fisiológicas

referidas por Maslow estarem agora naturalmente asseguradas na sociedade

da abundância.

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BIBLIOGRAFIA

SANTANA, Arnaldo. Propaganda Teoria, técnica e Pratica. São Paulo: Pioneira Arte e Comunicação1996. BAGDIKIAN, Ben H. O monopólio da mídia. Trad. Maristela M. de Faria Ribeiro. São Paulo: Página Aberta Ltda, 1993. MORAES, Dênis de (org.). Globalização, mídia e cultura contemporânea. Campo Grande: Letra Livre, 1997. DIZARD JUNIOR, Wilson. Nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. Rio de Janeiro: Zahar, 2000 (2ª ed.). Adauto. Rede imaginária: televisão e democracia. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal de Cultura, 1991. NOVAES, Adauto (org.). Rede imaginária: televisão e democracia. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal de Cultura, 1991. LAROSA, Marcos Antonio e Ayres, Fernando Arduine. Como Produzir uma Monografia. 5ª Ed. Rio de Janeiro, 2005 KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 5 a. ed., São Paulo: Atlas, 1999. COBRA, Marcos, ZWARG, Flávio, Marketing de Serviços: Conceitos e Estratégias, São Paulo, McGraw-Hill, 1987

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Conceito e evolução 9

1.1- A Mídia nos relatos da historia política do Brasil 9

1.2 – Meios de Comunicação que mais

inflenciam o mercado consumidor 11

1.3 – público-alvo ou grupo-alvo 12

1.4 – A globalização inserida na sociedade 16

CAPÍTULO II

Combinação das mídias e seus resultados 20

2.1 – As transformações na mídia 21

CAPÍTULO III

A Mídia como instrumento facilitador da sociedade 31

3.1 – Comportamento do consumidor 34

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia:

A MÍDIA COMO INSTRUMENTO DE INFLUENCIA NA SOCIEDADE

Autor:

Glória Regina da costa Freitas

Data da entrega: 23 de Julho de 2011.

Avaliado por: