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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA LABORAL E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Por: Lenira de Almeida L.P.Morais Orientadora Profª Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA LABORAL E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Por: Lenira de Almeida L.P.Morais

Orientadora

Profª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA LABORAL E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão em Recursos

Humanos

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que de uma forma ou

de outra contribuíram para esta nobre

conquista.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares,

aos amigos e a todos aqueles que me

incentivaram nesta etapa da minha vida.

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RESUMO

A ginástica laboral é um conjunto de práticas físicas exercidas durante o expediente, visando compensar as estruturas mais utilizadas no trabalho, relaxando e tonificando-as e ativar as que não são tão requeridas. Seguindo esta linha de raciocínio, este estudo tem como objetivo mostrar a eficácia da ginástica laboral para melhora da qualidade de vida no trabalhado, analisando seus benefícios para prevenção de L.E.R / D.O.R.T e para a redução do absenteísmo na empresa e de gastos com despesas médicas. Vale ressaltar que trata-se de uma pesquisa bibliográfica dividida em três capítulos, por isso as fontes consultadas para a elaboração deste estudo foram basicamente livros e artigos da Internet que abordavam o tema escolhido. Durante a pesquisa, foi possível notar que a Ginástica Laboral promove o bem estar, pois contribui para a melhora da qualidade de vida do trabalhador, proporcionando prevenção das doenças ocupacionais, diminuição de atestados médicos, melhora do relacionamento interpessoal, diminuição do cansaço e stress, acarretando crescimento tanto pessoal como para a empresa, uma vez que o trabalho interfere na qualidade de vida dos trabalhadores. Palavras-chaves: Ginástica Laboral; L.E.R/D.O.R.T; Qualidade de vida no trabalho

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METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, na modalidade bibliográfica de

abordagem qualitativa, então, o recurso metodológico utilizado será a técnica

de pesquisa documental exploratória, ou seja, serão analisados documentos,

anotações feitas em sala de aula, pesquisas em bibliotecas, pesquisa na

Internet, etc.

A eficácia de um trabalho de pesquisa está associada à metodologia

utilizada para alcançar os objetivos gerais e os específicos propostos. Assim,

este estudo é essencialmente de natureza qualitativa, se ocupando, portanto,

com um nível de realidade que não pode ser quantificado, pois as estruturas e

instituições foram vistas como resultado da ação humana objetivada (GODOY,

1995).

Trata-se, portanto de uma pesquisa qualitativa que, segundo MINAYO

(2001), demanda mais tempo e dedicação do pesquisador, pois a coleta de

dados é bem mais demorada. Além disso, a pequena padronização dos

métodos de análise exige cuidados redobrados, face ao grau de incerteza

decorrente do grande volume de informação que necessita ser processada.

Tais cuidados são necessários na etapa de redução (sintetização) de dados,

que faz parte da análise. Em outras palavras, este estudo é essencialmente de

natureza qualitativa, se ocupando, portanto, com um nível de realidade que

não pode ser quantificado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 08

CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES SOBRE GINÁSTICA LABORAL .................. 10

CAPÍTULO II - GINÁSTICA LABORAL E PREVENÇÃO DE DOENÇAS ........... 18

CAPÍTULO III - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .................................... 28

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................... 38

INDICE .................................................................................................................. 40

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INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico e a globalização geram uma alta competitividade

fazendo com que as organizações busquem resultados positivos no sentido de

vencerem desafios existentes no mercado. Consequentemente, cada vez mais

exige-se dos trabalhadores a capacidade de suportar cobranças e viver

constantemente sob pressão. Além disso, as empresas estão sentindo

necessidade de investir em programas de qualidade de vida no trabalho (QVT),

visando, assim, uma melhora no bem-estar de seus colaboradores, de sua

capacidade produtiva e, consequentemente, de seus resultados.

Sob esta perspectiva, o presente estudo pretende abordar o tema

qualidade de vida no trabalho (QVT) nas organizações e a importância da

ginástica laboral neste contexto, visto que é irrefutável o fato de que hoje em

dia as organizações vivem em um ambiente globalizado e competitivo, por isso

estão sempre buscando resultados favoráveis que as mantenham dentro dos

padrões exigidos pelo mercado e pelos clientes.

Sendo assim, os funcionários, gestores e colaboradores de tais

empresas são cada vez mais cobrados e muitas vezes vivem sob pressão,

tendo que vencer os desafios encontrados no mundo empresarial como, por

exemplo, se manter no mercado, atingir as metas estabelecidas e conquistar a

satisfação do cliente. Todos estes fatores, além de causarem grande stress

nos funcionários, acabam gerando também uma falta de tempo para que estes

possam se exercitar, comprometendo a qualidade de vida no trabalho e

levando ao sedentarismo. Tudo isto leva a seguinte pergunta: “Como a

ginástica laboral pode melhorar a qualidade de vida no trabalho e combater o

sedentarismo contribuindo para a redução de gastos com planos de saúde e

dispensas médicas?”.

Dentro deste contexto, o presente estudo pretende responder ao

questionamento mencionado no parágrafo anterior, além disso, há o intuito de

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mostrar a importância da ginástica laboral para as organizações, de forma a

auxiliar na redução de gastos com assistência médica, acidentes e

afastamentos por lesões, melhorando a imagem institucional diante do público

interno e da sociedade em geral. Há também o propósito de mostrar que a

ginástica laboral contribui para aumentar a resistência dos profissionais contra

o stress e ao mesmo tempo aumenta a autoestima dos mesmos,

consequentemente favorecendo a socialização no ambiente de trabalho.

Sendo assim, a justificativa deste estudo está na crença de que, hoje

em dia, é importante investir cada vez mais na qualidade de vida no trabalho e

no combate ao sedentarismo, evitando assim o prejuízo na saúde dos

colaboradores da empresa e prejuízo da empresa com gastos com despesas

médicas. Em outras palavras, o presente trabalho justifica-se pelo fato da

autora acreditar que é de suma relevância investir e valorizar o capital humano

desenvolvendo estratégias para manutenção plena da saúde e satisfação

profissional dos funcionários dentro do ambiente de trabalho, o que leva,

automaticamente, ao aumento de índices de produtividade e lucro das

organizações.

Para atingir os objetivos propostos após esta parte introdutória, o estudo

apresenta três capítulos, da seguinte forma: capítulo I que traz considerações

sobre a ginástica laboral; capitulo II que trata da importância da ginástica

laboral como fator preventivo de certas doenças e o capítulo III que fornece

informações sobre a qualidade de vida no trabalho. Vale dizer que após os três

capítulos tem-se a conclusão seguida da bibliografia consultada, tudo isto para

oferecer ao leitor uma visão global do assunto estudado.

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CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES SOBRE GINÁSTICA LABORAL

Conforme mencionado anteriormente, o presente estudo tem como

objetivo apresentar a importância da ginástica laboral dentro das organizações,

sendo assim o presente capítulo traz considerações acerca desta modalidade

de ginástica que tem sido cada vez mais procurada pelas empresas, conforme

será visto a seguir.

1.1 Conceituação e histórico da Ginástica Laboral

Em termos de conceituação, pode-se dizer que a ginástica laboral (GL)

diz respeito às atividades físicas feitas durante o expediente para compensar

as estruturas mais exigidas no trabalho, relaxando e tonificando-as e ao

mesmo tempo tem como objetivo ativar as estruturas não tão utilizadas. Além

disso, é também objetivo da GL promover dinâmicas lúdicas e de integração,

descontraindo e equilibrando o ambiente de trabalho para que este se torne

um local produtivo e equilibrado como aponta Lima (2008).

Sendo assim, a ginástica laboral pode ser compreendida como as

atividades realizadas durante o trabalho visando não ultrapassar as limitações

do trabalhador, evitando situações de stress, riscos de acidentes e doenças

ocupacionais conforme elucida Mendes & Leite (2004). Já para Sampaio e

Oliveira (2008), a GL é uma ferramenta eficaz, sob forma de atividade física, na

prevenção de doenças desenvolvidas na jornada de trabalho, visto que promove a

saúde e melhora a qualidade de vida do trabalhador.

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Em contraste, Mendes & Leite (2005) definem a GL como um programa

de recuperação e manutenção da qualidade de vida e de promoção do lazer,

planejada e aplicada no ambiente de trabalho durante o expediente. Os

mesmos autores dizem que a GL é popularmente denominada como atividade

física na empresa.

Ainda no campo da conceituação, Carvalho (2011) conceitua a ginástica

laboral como o exercício físico orientado e praticado durante o horário do

expediente visando benefícios pessoais no trabalho, que tem por objetivo

minimizar os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e na saúde

do trabalhador.

Lima (2008) concorda com os autores mencionados anteriores e

acrescenta:

A GL é um meio de valorizar e incentivar a prática de atividades físicas como instrumento de promoção da saúde e do desempenho profissional. Desta forma, valendo-se da diminuição do sedentarismo, do controle do estresse e da melhoria da qualidade de vida, o aumento do desempenho profissional, pessoal e social, ocorrerão naturalmente. (p.29)

Na visão de Delbin e Moraes (2005), a Ginástica Laboral é a realização

de exercícios de aquecimento musculoesquelético, que tem por finalidade

preparar o organismo para o trabalho físico, atuando de forma preventiva e

terapêutica, sem levar o trabalhador ao cansaço excessivo.

Em termos históricos, a literatura consultada revela que a ginástica

laboral surgiu na Polônia, no ano de 1925, como ginástica de pausa para os

operários e posteriormente na Holanda, Rússia, Bulgária, Alemanha Oriental. Em

contrapartida, os japoneses implantaram a GL como ginástica preparatória.

De acordo com Mendes e Leite (2005), no final da década de 60 a GL foi

introduzida no Rio de Janeiro nos estaleiros Ishikawajima do Brasil. Diretores e

operários dividiam-se em grupos de vinte a trinta pessoas para se dedicarem antes

da ida aos pontos de trabalho a exercícios físicos voltados à coluna vertebral,

abdômen e aparelho respiratório. Oito minutos de ginástica laboral preparatória

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eram as primeiras tarefas do dia que o trabalhador realizava obrigatoriamente e de

forma remunerada.

A ginástica laboral foi propagada no Japão graças à transmissão do

programa da Rádio Taissô, o qual divulgava e incentivava a prática de uma

ginástica rítmica, com exercícios específicos, acompanhados por música

própria. Este programa era acompanhado não só da orientação de exercícios,

como também é acompanhado de palestras de curta duração sobre assuntos

relativos à saúde do trabalhador e a produtividade.

Ainda segundo a literatura consultada, após a descoberta da ginástica

laboral na década de 60, a GL caiu no esquecimento durante os anos setenta

devido ao fato de não existir uma política voltada para a melhoria da saúde do

trabalhador. No entanto, no começo da década de 90 percebeu-se a

importância de promover ações preventivas e de combate às doenças

originadas no ambiente de trabalho, e a partir de então, a GL é resgatada

tornando-se uma nova tendência dentro das organizações com objetivo de

melhorar a qualidade de vida do trabalhador e reduzir os gastos com despesas

médicas.

Sobre o assunto Lima (2008) menciona:

No Brasil, a partir de 1990, a Ginástica Laboral ganhou importância e espaço nas discussões acadêmicas e empresariais. Há ainda outros aspectos a considerar, como a maior qualificação dos produtos e serviços relacionados à atividade física nas empresas e o papel do educador físico. (p.26)

Sendo assim, com base na citação, pode-se afirmar que atualmente a

GL tem se firmado no cenário corporativo e a prova disto, é que tem

aumentado cada vez mais o número de empresas adotando o programa de

GL.

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1.2 Benefícios da Ginástica Laboral

Conforme visto até aqui, a ginástica laboral tem ganhado espaço dentro

das organizações e este fato se deve aos benefícios que a GL traz tanto para o

empregador quanto para o empregado. Sendo assim, esta parte do estudo tem

o intuito de apresentar os benefícios da ginástica laboral.

Durante a pesquisa bibliográfica ficou evidente que a ginástica laboral é

muito benéfica, quando realizada regularmente, pois: reduz os níveis de

ansiedade e estresse; faz com que haja ganho da flexibilidade; diminui as

tensões musculares; ativa a circulação; promove a conscientização postural;

aprimoramento do desempenho profissional. (MENDES & LEITE, 2004).

De acordo com Dionne (1983) citada por Lima (2008), estudos

comprovam que a ginástica laboral quando incorporada às atividades da

empresa só traz benefícios tanto para a empresa quanto para os funcionários e

alguns destes benefícios são: redução de faltas; aumento da produtividade;

redução de quedas; diminuição de problemas nas costas; redução da pressão

sanguínea; decréscimo da tensão e da ansiedade; diminuição do peso corporal

e lipídios sanguíneos.

Ainda no que diz respeito aos benefícios promovidos pela GL, nota-se

que estes não são apenas individuais, mas também se propagam para toda

equipe. A este respeito Oliveira (2006) diz que os benefícios que a GL

proporciona para a equipe de trabalho são: promove o bem estar geral;

melhora a qualidade de vida; combate o sedentarismo; reduz o stress

ocupacional; aprimora a coordenação motora e a flexibilidade músculo -

articular; favorece a integração social dos funcionários; promove momentos de

descontração, relaxamento e lazer.

Em contrapartida, pode-se dizer que para a empresa a GL traz os

seguintes benefícios: decréscimo do absenteísmo e da rotatividade; melhora a

qualidade total; previne e reabilita as doenças ocupacionais (L.E.R., DORT);

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reduz acidentes de trabalho; reduz gastos com despesas médicas; aumenta a

produtividade. (DELBIN & MORAES, 2005)

Em suma, pode-se dizer que a GL traz benefícios para todos dentro do

ambiente de trabalho, isto é, para a empresa e para seus funcionários e

colaboradores envolvidos no programa de ginástica laboral.

1.3 Tipos de Programas de Ginástica Laboral

A ginástica laboral pode ser classificada em diferentes tipos, em função

do horário no qual ela é realizada conforme Santos (2007). Sendo assim, de

acordo com este autor, a GL pode ser: preparatória ou de aquecimento;

compensatória; relaxamento.

A GL preparatória ou de aquecimento normalmente é realizada no início

da jornada de trabalho e é muito importante, pois ativa fisiologicamente o

organismo, preparando-o para o trabalho físico e melhorando o nível de

concentração e disposição dos funcionários. Além disso, costuma elevar a

temperatura do corpo, oxigenando os tecidos e aumentando a frequência

cardíaca. Tem a duração aproximada de 10 a 12 minutos. Inclui exercícios de

coordenação, equilíbrio, concentração, flexibilidade e resistência muscular.

(SANTOS,2007)

Acerca da GL supracitada Lima (2008) define:

Ginástica com duração aproximada de 5 a 10 minutos, realizada antes do início da jornada de trabalho ou nas primeiras horas. Tem como objetivo principal preparar os funcionários, aquecendo sobretudo os grupos musculares que serão solicitados em suas atividades profissionais, proporcionando também maior disposição.(p.33)

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No que diz respeito à ginástica laboral compensatória, como o próprio

nome indica o objetivo desta é compensar todo e qualquer tipo de tensão

muscular obtido por causa da sobrecarga de trabalho ou por causa do

emprego inadequado das estruturas musculoligamentares. Além disso, há o

intuito de melhorar a circulação, reabastecer os depósitos de glicogênio, alterar

a postura no trabalho e prevenir o cansaço muscular. A duração desta GL é

em torno de 5 a 10 minutos durante a jornada de trabalho, e normalmente são

praticados exercícios de alongamento e flexibilidade, respiratórios e posturais.

Lima (2008) informa que a GL compensatória também é conhecida

como ginástica de pausa e acrescenta:

Ginástica com duração aproximada de 10 minutos e realizada durante a jornada de trabalho. Interrompe a monotonia operacional, com a realização de exercícios específicos de compensação para esforços repetitivos ou estruturas sobrecarregadas, e as posturas solicitadas nos postos de trabalho. (p.35)

Já a GL de relaxamento, normalmente, é feita no término do expediente,

durante 10 ou 12 minutos, visando: redução do stress; alívio das tensões;

redução dos índices de desavenças no trabalho e em casa.

Consequentemente, há uma melhora na função social no ambiente de

trabalho. Os exercícios mais comuns nessa GL são: automassagens,

exercícios respiratórios, exercícios de alongamento e flexibilidade e meditação.

Sobre a GL de relaxamento também denominada de ginástica de final

de expediente Lima (2008) diz:

Ginástica com duração aproximada de 10 minutos, baseada em exercícios de alongamento e relaxamento muscular, realizada no final do expediente, com o objetivo de oxigenar as estruturas musculares envolvidas na tarefa diária. (p.37)

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Além disso, a autora supracitada diz também é objetivo do relaxamento

oferecer ao trabalhador alguns momentos de relaxamento para que este possa

meditar e fazer uma auto avaliação de seu desempenho.

Na visão de Santos (2007), a GL também pode ser classificada quanto

ao seu objetivo, da seguinte forma: Ginástica Corretiva ou Postural; Ginástica

Terapêutica; Ginástica de Conservação ou Manutenção.

A ginástica corretiva ou postural tem relação com o equilíbrio dos

músculos agonistas/antagonistas, ou seja, alongamento dos músculos mais

sobrecarregados e fortalecimento dos músculos pouco utilizados ou em

desuso. Costuma durar entre 10 e 12 minutos, todos os dias ou três vezes por

semana.

Já a ginástica terapêutica vista tratar os distúrbios, patologias ou

alterações posturais com grupos de funcionários avaliados previamente e

separados por queixas. Tal modalidade é decorrente de um diagnóstico

médico, em razão da objetividade do tratamento. Normalmente, precisa ser

feita em ambiente apropriado e não no local de trabalho, durante até 30

minutos.

Finalmente a ginástica de manutenção ou conservação objetiva oferecer

um programa de continuidade após obtenção do equilíbrio muscular alcançado

pelas técnicas corretiva ou terapêutica, mencionadas anteriormente. Santos

(2007) diz ainda que este tipo de GL pode evoluir para um programa de

condicionamento físico aeróbico associado a reforço muscular e

alongamentos. Nesse caso é preciso que a organização tenha uma sala

especial para o treinamento, para que o funcionário possa utilizar seus horários

de folga com duração de 45 a 90 minutos.

Após ter sido visto os diferentes tipos de GL, vale dizer que Lima (2008)

adverte que é importante que as empresas ao elaborarem um programa de

exercícios, saibam escolher os tipos de GL de acordo com as suas

necessidades, ou seja, é importante que a empresa escolha os tipos de GL

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que venham responder de forma mais eficaz sua real demanda, por isso é

importante saber adequar os tipos de GL às necessidades da empresa.

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CAPÍTULO II

GINÁTICA LABORAL E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

Após as considerações acerca da ginástica laboral vistas no capítulo

anterior, este capítulo intenciona apresentar ao leitor a importância da GL na

prevenção de algumas doenças, conforme apresentado a seguir.

2.1. Ginástica Laboral e prevenção de doenças

Nesta parte do trabalho, serão vistas algumas considerações acerca de

como a GL pode prevenir doenças desenvolvidas no ambiente de trabalho.

Sendo assim, é oportuno antes de tudo, parar e refletir sobre o vocábulo

prevenção.

Segundo a bibliografia consultada, prevenção tem intima relação com o

cuidado, e com a eliminação das causas de algum evento antes que ele ocorra

como aponta Barbosa (2002). Logo, a prevenção de doenças ligadas ao

trabalho consiste em preservar a estrutura física do trabalhador, entendendo-o

como sujeito, e investindo na qualidade de vida deste trabalhador, antes que a

doença passe a existir.

A respeito da prevenção Czeresnia (2003) citado por Lima (2008)

acrescenta:

A prevenção em saúde, portanto, refere-se a ações antecipatórias, baseadas no conhecimento das causas e consequências de diferentes doenças que um possa vir a desenvolver. Dessa forma, a prevenção tem como foco principal a doença seja ela individual ou coletiva. As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo a incidência e prevalência nas populações. (p.45)

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Com base no citado antes, é importante conhecer as causas das

doenças para poder preveni-las. Normalmente, as causas para as doenças

ligadas ao trabalho estão em fatores como, por exemplo: trabalho

automatizado, gerando a repetição de movimentos; obrigatoriedade de manter

o ritmo acelerado para garantir a produção, sobrecarregando os músculos e

gerando dores musculares enquanto se executa a tarefa; trabalho rigidamente

hierarquizado – gerando pressão permanente e comprometimento psicológico,

distúrbios fisiológicos acompanhados por dor, fadiga e stress.

Além disso, são causas de doenças do trabalho as longas jornadas de

trabalho e ausência de pausas durante o expediente. É preciso mencionar

também que uma das causas bastante comum para doenças é um ambiente

ergonomicamente inadequado para a realização das tarefas como, por

exemplo, mobília inadequada, lugares mal ventilados e mal iluminados; lugares

barulhentos e desconfortáveis.

Dentro deste contexto, surge a ginástica laboral como uma ferramenta

muito útil no combate e na prevenção das doenças como L.E. R e D.O.R. T

que serão estudadas a seguir. Acredita-se que a GL é importante na

prevenção de tais enfermidades, pois combate o sedentarismo, promove o

bem-estar do trabalhador e diminuindo o risco de invalidez decorrente do oficio

ou de se aposentarem precocemente devido as doenças degenerativas. Além,

é claro, de oferecer muitos benefícios que já foram mencionados

anteriormente.

Além disso, acredita-se que a ginástica laboral ajuda a prevenir doenças

porque é um programa de atividade física que muda o estilo de vida do

trabalhador e segundo Lima (2008), o estilo de vida é um fator determinante

para o desenvolvimento ou não de doenças. Tanto que a autora diz: “O estilo

de vida no qual o indivíduo está submetido é determinante, entre outros, da

sua condição as saúde por opção ou força das circunstâncias.” (LIMA 2008,

p.49).

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2.2. L.E.R

As Lesões por Esforço Repetitivo, também conhecidas como L.E.R é um

nome atribuído às afecções de músculos, de tendões, de sinóvias

(revestimento das articulações), de nervos, de fáscias (envoltório dos

músculos) e de ligamentos, isoladas ou combinadas, com ou sem

degeneração de tecidos. Tais lesões atingem, normalmente, os membros

superiores, a região escapular (em torno do ombro) e a região cervical.

(BARBOSA, 2002)

Segundo estudiosos como, por exemplo, Settimi (2000) e Nicoletti

(2005), afirmam que as lesões por esforço repetitivo têm origem ocupacional,

decorrendo (de forma combinada ou não) do uso repetido ou forçado de

grupos musculares e da manutenção de postura inadequada.

Segundo Americano (2011), na tentativa de tornar mais fácil e

abrangente a avaliação clínica, o termo LER é amplamente utilizado e

conhecido, mas existem outros termos comumente utilizados para a mesma

patologia, como Lesões por Traumas Cumulativos (LTC), que são definidas

como desordens dos tecidos moles causadas por esforços e movimentos

repetidos.

Em contrapartida, Barbosa (2002) informa que embora possa ocorrer

em quase todos os tecidos do corpo, os nervos, os tendões, as bainhas

tendíneas e os músculos da extremidade superior são os mais acometidos por

LTC. Estas lesões são causadas pela utilização biomecanicamente incorreta

dos músculos, dos tendões, das fáscias ou dos nervos, resultando em dor, em

fadiga, em queda do rendimento no trabalho e em incapacidade temporária,

podendo evoluir para uma síndrome dolorosa crônica que, agravada por todos

os fatores psíquicos (no trabalho ou fora dele), é capaz de reduzir o limiar de

sensibilidade dolorosa do indivíduo.

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Acerca da L.E.R Oliveira (2006) conceitua:

L.E.R – Lesões por Esforços Repetitivos é o nome dado por especialistas a sintomas dolorosos que acometem tendões, músculos, nervos, ligamentos e outras estruturas responsáveis pelos movimentos de membros superiores e inferiores. (EXTRA L.E.R / D.O.R.T SNI – SESI) (p.13)

Entre os sintomas da L.E.R é possível mencionar: dor, edema,

diminuição da amplitude de movimento, diminuição da força muscular,

hipertonia, parestesias, sensação de peso nos membros, formigamento,

choques, palidez ou hiperemia, sudorese nas mão e desconforto. (BARBOSA,

2002)

Vale também mencionar que as lesões por esforços repetitivos

apresentam-se sob diferentes formas como, por exemplo: Tendinite e

Tenossinovite dos Músculos dos Ante Braços, Miosites dos Músculos

Lumbricais e Fasciíte da Mão, Tendinite do Músculo Bíceps, Tendinite do

Músculo Supra-espinhoso, Inflamação do Músculo Pronador Redondo com

compressão do Nervo Mediano, Cisto Gangliônico no Punho, Tendinite de

Quervain, Compressão do Nervo Ulnar, Síndrome do Túnel do Carpo,

Compressão do Nervo Radial, Síndrome Desfiladeiro Torácico, Epicondilite

Medial e Lateral, Bursite de Cotovelo e Ombro, Síndrome da Tensão Cervical e

Lombalgia conforme apontado por SEVERO et al (2006) citado por Souza

(2012).

De acordo com Oliveira (2006) as tendinites correspondem a uma

inflamação do tecido próprio dos tendões, com ou sem degeneração de suas

fibras. Acerca da tendinite o mesmo autor acrescenta:

Trata-se de um termo de ampla abrangência, aplicável a todo e qualquer processo inflamatório dos tendões, em qualquer lugar do corpo. Devem vir acompanhado de especificação que determina os locais envolvidos e sua etiologia. São mais comuns em digitadores e trabalhadores de diversas funções. (OLIVEIRA 2006, p.16)

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Em contrapartida a respeito da Tendinite do musculo supraespinhoso

Oliveira (2006) menciona:

As tendinites da bainha dos músculos rotadores, especialmente do tendão supraespinhoso e as tendinites do tendão biciptal, formam a grande maioria das incapacidades dos tecidos moles em torno da articulação do ombro e são importantes fatores etiológicos na rotura desses tendões. Quadro clínico: varia desde sensações de peso até dor local. A dor pode ser muito incômoda e é exacerbada por movimento. A dor se localiza próxima à pequena tuberosidade do úmero e à face anterior do braço, podendo, nos casos mais graves, irradiar-se para todo o membro superior. Pode manifestar-se em transportadores de cargas elevadas como: carregadores de caminhões, auxiliar de produção na construção civil, cortadores de cana, couro, tecidos, entre outros. (OLIVEIRA 2006, p.19)

Oliveira (2006) em sua obra, A prática da Ginástica Laboral, define

ainda outras lesões como, por exemplo, Epicondilites que são provocadas por

ruptura ou estiramento dos pontos de inserção dos músculos flexores ou

Fonte: http://www.clinicareabilitar.com.br/tendinite.htm

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extensores do carpo no cotovelo, ocasionando processo inflamatório local que

atinge tendões, fáscias musculares, músculos e tecidos sinoviais. Oliveira

(2006) diz ainda:

Na epicondilite medial pode haver comprometimento do nervo ulnar, enquanto que na epicondilite lateral pode haver comprometimento do nervo radial. Em ambos os casos o comprometimento é devido à proximidade dos citados nervos aos epicôndilos. (OLIVEIRA 2006, p.18)

No que diz respeito aos graus evolutivos da L.E.R Oliveira (2006) diz

que há quatro graus de evolução: Grau I onde os sintomas são leves e o

prognóstico é bom; Grau II onde a dor é mais intensa e o prognóstico é

favorável; Grau III onde a dor torna-se persistente, forte e com irradiação

definida e o prognóstico é reservado; Grau IV onde a dor torna-se forte, intensa

e contínua gerando sofrimento para o paciente e incapacidade de exercer suas

tarefas no trabalho, caracterizando invalidez.

Sendo assim, acredita-se que é importante combater as lesões por

esforço repetitivo, pois segundo Oliveira (2006), elas já são consideradas

doenças epidêmicas no Brasil, pois já há registros de uma média de trinta mil

casos anuais. Sendo assim, vale citar as palavras do autor que diz:

Fonte: http://fisiovirtual.wordpress.com/2011/05/22/epi

condilites-e-bursites/

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As lesões por esforços repetitivos (L.E.R) já são consideradas doenças epidêmicas no Brasil, país este que tem registrado uma média de 30 mil casos/ano. A epidemia, mais do que um problema de saúde, implica um grande desperdício de capacidades produtivas e, portanto, representa um enorme prejuízo para as empresas. (OLIVIERIA, 2006 p.13)

Com base no citado, é possível confirmar a importância da ginástica

laboral no combate de lesões que trazem prejuízo não só para os

trabalhadores como também para as empresas.

2.3. D.O.R.T

De acordo com Oliveira (2006) D.O.R.T são:

Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, que se constituem em doenças que estão relacionadas a lesões por traumas cumulativos. É o resultado de uma descompensação entre capacidade de movimentação da musculatura e a execução de esforços rápidos e constantes. (p.13)

Atualmente, o termo L.E.R., visto anteriormente, tem sido substituído

pelo termo D.O.R.T - Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.

Tal denominação destaca o termo “distúrbio” no lugar da palavra lesões, o que

corresponde ao que se percebe, na prática: ocorrem distúrbios em uma

primeira fase precoce, tais como fadiga, peso nos membros e dor, aparecendo,

em uma fase mais adiantada, as lesões. (BARBOSA, 2002)

De acordo com os autores pesquisados, As LER/DORT atingem,

atualmente, trabalhadores de diversas áreas, não só no Brasil como também

em outros países, pois infelizmente ainda há empresas que não investem na

qualidade de vida no trabalho. Sendo assim, Oliveira (2006) diz que: “Partindo

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do mesmo raciocínio, BERTELLI (1997) confirma que as lesões por esforços

repetitivos respondem por cerca de 75% de comunicados de acidentes de

trabalho.” (p.14)

Além disso, na visão do mesmo autor, os bancários brasileiros

constituem um grupo que é bastante acometido pelos D.O.R.T. Logo, vale citar

as palavras do autor que diz:

Um estudo desenvolvido por MIRANDA & DIAS (1999) constatou que 20% das lesões por esforços repetitivos registrados no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) ocorrem em funcionários que trabalham como caixa de banco. (OLIVIERIA 2006, p.14)

Além disso, é possível também na obra de Oliveira (2006, p.14) a

seguinte tabela:

Em contraste, segundo Barbosa (2002) em outros países como, por

exemplo, a França as L.E. R / D.O.R.T. representam o principal motivo de

afastamento do trabalho e de comprometimento da produtividade.

DISTRIBUIÇÃO DOS TRABALHADORES PORTADORES DE

LER/DORT, SEGUNDO FUNÇÃO, SALVADOR-BAHIA.

FUNÇÃO % 1. CAIXA DE BANCO 20 2. ESCRITURÁRIO 14,3 3. AUX. ADMINISTATIVO 10,1 4. CAIXA DE SUPERMERCADO 8,6 5. DIGITADOR 8,1 6. ATENDENTE 4,3 7. OPERADOR INDUSTRIAL 3,8 8. TELEFONISTA 3,4 9. AUX. DE PRODUÇÃO 3,2 10. SECRETÁRIA 3,1 Fonte: MIRANDA & DIAS (1999) citado por OLIVEIRA (2006)

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Ainda sobre a L.E.R / D.O.R.T Andrade (2000) citado por Oliveira

(2006) diz:

Segundo a Organização Internacional do Trabalho – O.I.T, os países arcam com custos médios equivalentes a 4% de seus P.I.B. a cada ano, em decorrência de acidentes, tratamento de doenças, lesões e incapacidade relacionada ao trabalho. (p.13)

Com base no exposto, é possível dizer que grande parte dos

trabalhadores sofre com as L.E. R / D.O.R. T ocasionando incapacidade de

trabalho, consequentemente interferindo no desenvolvimento econômico da

empresa, por isso acredita-se que a ginástica laboral é um importante aliado

no combate deste problema que traz malefícios para a empresa e para o

trabalhador.

Seguindo essa linha de pensamento, Fisiobrasil (1999) citado por

Oliveira (2006) informa que a terapia ocupacional através de métodos e

técnicas terapêuticas e recreacionais, com a finalidade de restaurar,

desenvolver e conservar a capacidade mental do paciente é muito importante

no combate as L.E. R /D.O.R.T.

Em suma, através da pesquisa bibliográfica ficou evidente que a maioria

dos trabalhadores sofrem com as L.E.R/D.O.R.T por causa dos seguintes

fatores: ausência de pausa durante a jornada de trabalho; traumatismos

anteriores; ambientes de temperaturas baixas ou muito altas; postura estática

e inadequada; sustentação de peso com ou sem transporte; tensão excessiva

e característica; móveis e equipamentos inadequados. (OLIVEIRA 2006, p.32-

33)

Portanto, diante do afirmado no parágrafo anterior, verifica-se que as

L.E.R/D.O.R.T só podem ser prevenidas e tratadas através de medidas que

priorizem a qualidade de vida no trabalho tendo como ferramenta principal a

ginástica laboral. Sendo assim, o capítulo a seguir trará breves considerações

acerca da qualidade de vida no trabalho.

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CAPÍTULO III

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Este último capítulo traz considerações sobre a qualidade de vida no

trabalho, visando oferecer ao leitor uma melhor compreensão do tema

abordado, sempre com base na literatura consultada, como pode ser conferido

abaixo.

3.1. O que é qualidade de vida no trabalho e sua abrangência

A qualidade de vida no trabalho pode ser entendida como um programa

que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver

suas atividades na organização, tendo com ideia básica o fato de que as

pessoas são mais produtivas quando se sentem mais satisfeitas e envolvidas

com o próprio trabalho.

Embora haja diferentes conceitos para a qualidade de vida no trabalho,

os autores consultados concordam que a qualidade de vida no trabalho tem

como objetivo principal humanizar as relações trabalhistas. A este respeito

Sant’Anna & Kilimnik (2011) dizem:

[...] o entendimento da QVT como um movimento de reação ao rigor dos métodos tayloristas e, consequentemente, como um instrumento que tem por objetivo proporcionar uma maior humanização do trabalho, o aumento do bem-estar dos trabalhadores e uma maior participação dos mesmos nas decisões e problemas do trabalho. (p.9)

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Para ratificar o citado acima Wesley (1979) citado por Sant’Anna &

Kilimnik (2011) diz o seguinte:

As melhorias voltadas para a qualidade de vida no trabalho decorrem dos esforços voltados para a humanização do trabalho, que buscam solucionar problemas gerados pela própria natureza das organizações existentes na sociedade industrial. (p.9)

Sendo assim, entende-se que a QVT ocorre apenas quando se tem uma

visão global da empresa, isto é, quando se olha a organização e seus

funcionários como um todo, uma vez que a qualidade de vida no trabalho é

baseada no princípio de que o comprometimento com a qualidade ocorre de

forma mais natural, nos ambientes em que os funcionários se encontram

intrinsecamente envolvidos nas decisões que influenciam diretamente suas

atuações, como aponta Vasconcelos (2001).

Portanto, diante do exposto torna-se evidente a importância da QVT

atualmente, visto que trata-se de um programa que tem como objetivo buscar

melhorias não só parra empresa como também para seus funcionários. Além

disso, a relevância da QVT está no fato de que hoje em dia as empresas estão

procurando investir em fatores imprescindíveis no mundo corporativo como,

por exemplo: igualdade de oportunidades, identidade da tarefa, remuneração

justa, feedback, entre outros. Por isso, é cada vez maior o número de

empresas investindo em programas de melhorias para a qualidade de vida no

trabalho.

Sob esta perspectiva, durante a pesquisa bibliográfica ficou óbvio que

não se pode negar a importância de investir em programas de melhorias para

a qualidade de vida no trabalho, pois tais programas só visam contribuir para o

progresso da empresa. Sendo assim, segundo Ronchi (2010) a importância de

se investir em programas de melhorias para a qualidade de vida no trabalho

tem a ver com a necessidade investir em uma força de trabalho saudável,

motivada e preparada para a extrema competição existente. Além disso, tal

investimento é importante para capacitar a empresa para responder a

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demanda de seus funcionários em relação a uma melhor qualidade de vida no

trabalho, reduzindo também as despesas com gastos médicos.

Já na visão de Rossi & Quick (2009), a importância de programas de

QVT está no fato de que quando há um bom lugar para se trabalhar possibilita,

entre outras coisas, que as pessoas tenham, além do trabalho, outros

compromissos em suas vidas, como família, os amigos entre outras atividades.

Logo, A importância de se investir em programas de QVT é mais que mera

política de redução de custos, pois a mesma possibilita o bom convívio do

indivíduo com a organização em que trabalha. Sem contar o fato de que ter um

bom ambiente e benefícios que satisfaçam seus anseios podem garantir um

clima de confiança entre empresa e empregado.

Portanto, pode-se afirmar que é importante haver uma mudança na

forma de pensamento dos administradores, no sentido de investir mais e mais

nos programas de QVT, pois sem dúvida nenhuma quanto maior o

investimento em qualidade de vida maior será o retorno em termos de

produtividade, qualidade dos serviços prestados, satisfação da clientela

atendia e maior retorno financeiro para a organização.

3.2. Importância do ser humano no trabalho

Nos séculos XVIII-XIX, com o advento da Revolução Industrial e sua

expansão, havia uma preocupação apenas com a produção, ou seja, os

esforços eram apenas em proporcionar uma maior quantidade produzida e a

melhorar os meios de produção para aumentar a participação no mercado.

Dentro deste cenário, o ser humano era compreendido como uma simples

peça no sistema operacional, logo era bastante comum encontrar condições

precárias de trabalho, longas jornadas diárias assim como à exploração de

trabalho infantil. O tratamento dado aos trabalhadores costumava ser

desumano, por isso os acidentes de trabalho eram frequentes, além disso,

costumavam ser vistos (por parte dos trabalhadores) como algo natural.

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Porém, com o passar do tempo, embora as organizações tivessem a

necessidade de aumentar a produtividade, elas começaram a perceber que

também era necessário se preocupar com a força de trabalho (ser humano).

Em outras palavras, as empresas começaram a entender que não era possível

ignorar os trabalhadores e suas necessidades em prol do aumento da

produtividade, foi então que começaram a buscar novas formas e métodos

para se produzir mais levando em consideração as necessidades do ser

humano na linha de produção.

Segundo Westley (1979), as primeiras pesquisas voltadas para redução

dos esforços e aprimoramento da capacidade produtiva foram desenvolvidos

por Frederick Taylor no final do século XIX, surgia então a administração

científica que visava o estudo da melhor forma de se executar um trabalho. Tal

pesquisa contribuiu para que as organizações obtivessem um aumento na

produtividade.

Consequentemente passou a existir a divisão de tarefas e a

especialização dos trabalhadores, esta forma de trabalho eliminava esforços

desnecessários. O operário trabalharia mais e se cansaria menos, mas as

longas jornadas de trabalho e os abusos por parte dos patrões, ainda

continuava assolando a classe trabalhadora. (COSTA, 2002)

Posteriormente, entre as décadas de 1920 a 1940 Maximiano (2000) diz

que houve os primeiros estudos sobre a relação do desempenho humano com

o ambiente de trabalho, tais estudos foram desenvolvidos pelo psicólogo Elton

Mayo, o qual observou um grupo de moças de uma indústria localizada na

cidade de Chicago nos Estados Unidos, e ficou conhecido como a experiência

de Hawtorne.

A contribuição de Elton Mayo foi importante, pois seus estudos

comprovaram que quando as operárias foram submetidas a um ambiente de

trabalho satisfatório houve um aumento da produção, podendo-se constatar

que quando os trabalhadores estão familiarizados com a tarefa exercida e

quando estes estão inseridos em um ambiente de trabalho adequado, com

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tratamento igualitário, gerência mais próxima, respeito, valorização do trabalho,

entre outros fatores, passa a existir não apenas a elevação da produção, mas

também um estímulo por parte dos funcionários em melhorar seu desempenho

profissional.

Isto significa dizer, que devidos às pesquisas realizadas sobre a

qualidade de vida nas organizações, passou a existir uma na mentalidade

primitiva das organizações sobre a exploração do trabalho humano em suas

linhas de produção. Logo, gradativamente passou-se a valorizar o capital

humano dentro das empresas.

Sob esta perspectiva, passou-se a valorizar o ser humano no ambiente

de trabalho, isto é, ter a força de trabalho atrelada aos valores da empresa,

tornou-se vital para competitividade das organizações atualmente. Pois, a

sobrevivência, permanência e espaço no mercado dependem cada vez mais

do envolvimento das pessoas em prol dos objetivos da organização.

Portanto, é correto dizer que hoje em dia é grande a importância do ser

humano no trabalho, pois segundo Costa (2002), o fator humano no ambiente

de trabalho tem sido tema de pesquisas científicas, notadamente na área de

administração e recursos humanos.

Resumindo, os modelos tradicionais de administração e produção foram

substituídos, na maioria das organizações, por modelos participativos que

valorizam a participação das pessoas nos processo de tomar decisões sobre

diversos aspectos da administração das organizações. Logo, o ser humano

deixou de ser simples coadjuvante a protagonista no processo de

administração e produção das organizações.

3.3. Fatores que determinam a qualidade de vida no trabalho

Conforme informado por Costa (2002) não é fácil atingir qualidade de

vida nas organizações, pois existem dificuldades a serem vencidas como, por

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exemplo, lidar com a diversidade das preferências humanas e diferenças

individuais e o grau de importância que cada trabalhador dá as suas

necessidades. Dentro deste pensamento, vale começar esta parte do estudo

mencionando que a qualidade de vida no trabalho (QVT) recebeu relevantes

contribuições de autores como Maslow (1954), que se ocuparam com fatores

motivacionais ligados às necessidades humanas, com reflexos no

desempenho e na auto realização do individuo.

Maslow partiu do pressuposto que o comportamento humano é

motivado pelas necessidades não satisfeitas. Além disso, ele acreditava que

as necessidades mais básicas prevalecem sobre as mais elevadas. Por isso,

na visão de Maslow, se as necessidades fisiológicas não estiverem satisfeitas

um indivíduo não se sentirá estimulado pelas necessidades de estima. Isto

significa dizer que, só surgiram necessidades novas a medida que as

necessidades mais básicas forem satisfeitas.

Normalmente, segundo a literatura consultada, a teoria de Maslow é

representada por meio de uma pirâmide, em cuja base estão as necessidades

mais baixas e no topo as mais elevadas como mostra a figura a seguir. De

acordo com Maslow que as necessidades vão se tornando mais sofisticadas à

medida que o ser humano muda o nível de suas necessidades, isto significa

que segundo a teoria de Maslow, as pessoas nunca estão completamente

satisfeitas, isto é, estão sempre em busca de novas necessidades (novas

motivações) ao longo de sua existência. (SILVA, 2001)

Pirâmide de Maslow – Hierarquia das Necessidades Fonte: http://www.conexaorh.com.br/artigo15.htm

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Além da Teoria de Maslow, Cavassani et al. (2006) diz que existem oito

fatores conceituais de qualidade de vida no trabalho que são: Compensação

justa e adequada; condições de trabalho; uso e desenvolvimento de

capacidade; oportunidade de crescimento e segurança; integração social na

organização; constitucionalismo; trabalho e espaço total de vida; relevância

social da vida no trabalho.

O primeiro fator mencionado (compensação justa e adequada) diz

respeito à remuneração recebida pelo trabalho realizado, dividindo-se em três

critérios: 1º- Remuneração adequada: Remuneração necessária para o

empregado viver dignamente dentro das necessidades pessoais e dos padrões

culturais, sociais e econômicos da sociedade em que vive; 2º- Equidade

interna, isto é, equidade na remuneração entre outros membros de uma

mesma organização; 3º-Equidade externa: Equidade na remuneração em

relação a outros profissionais no mercado de trabalho.

O segundo fator (condições de trabalho) tem a ver com as condições

existentes no local de trabalho, como: Jornada de trabalho: Número de horas

trabalhadas, previstas ou não pela legislação, e sua relação com as tarefas

desempenhadas; Carga de trabalho: Quantidade de trabalho executados em

um turno de trabalho; ambiente físico: Local de trabalho em relações as

condições de bem estar (conforto) e organização para o desempenho do

trabalho; material e equipamento: Quantidade e qualidade de material

disponível para execução do trabalho; Ambiente saudável: Local de trabalho e

suas condições de segurança e de saúde em relação aos riscos de injúria ou

doenças; Estresse: Quantidade percebida de estresse a que o profissional é

submetido na sua jornada de trabalho.

O terceiro fator (uso e desenvolvimento de capacidade) mede a

qualidade de vida no trabalho em relação às oportunidades que o empregado

tem de aplicar, no seu dia a dia, seu saber e suas aptidões profissionais. Neste

caso há os seguintes critérios: Autonomia: Medida permitida, ao indivíduo, de

liberdade substancial, independência e descrição na programação e execução

do trabalho; Significado da tarefa: Relevância da tarefa desempenhada na vida

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e no trabalho de outras pessoas, dentro ou fora das instituições; Identidade da

tarefa: Medida de tarefa na sua integridade e na avaliação do resultado;

Variedade de habilidade: Possibilidade de utilização de uma larga escala de

capacidades e de habilidades do individuo; Retroinformação: Informação ao

indivíduo acerca de avaliação do seu trabalho com um todo, e de suas ações.

O quarto fator visa as oportunidades que à instituição estabelece e o

crescimento pessoal de seus empregados e para segurança do emprego. Os

critérios que expressam a importância do desenvolvimento e a perspectiva de

aplicação são: possibilidade de carreira: Viabilidade de oportunizar avanços na

instituição e na carreira, reconhecidos por colegas, membros da família,

comunidade; crescimento pessoal; processo de educação continuada para o

desenvolvimento das potencialidades da pessoa e aplicação das mesmas;

segurança de seu emprego: Grau de segurança dos empregados quanto á

manutenção de seus empregos.

Em contrapartida, o quinto fator (integração social na organização)

verifica o grau de integração social existente na instituição: Igualdade de

oportunidades: Grau de ausência de estratificação na organização de trabalho,

em termos de símbolos “status” ou estruturas hierárquicas íngremes; e de

discriminação quanto á raça, sexo, credo, origens, estilos de vida e aparência;

Relacionamento: Grau de relacionamento marcado por auxílio recíproco, apoio

sócio emocional, abertura interpessoal e respeito às individualidades; senso

comunitário: Grau de senso de comunidade existente na instituição.

Já o sexo fator se caracteriza pelos direitos dos empregados cumpridos

na instituição como: Direitos trabalhistas :Observância ao cumprimento dos

direitos do trabalhador, inclusive o acesso à apelação; Privacidade social: Grau

de privacidade que o empregado possui dentro da instituição; Liberdade de

expressão: forma como o empregado pode expressar seus pontos de vista aos

superiores, sem medo de represálias; Normas e rotinas: Maneira como normas

e rotinas influenciam o desenvolvimento do trabalho.

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O sétimo fator (trabalho e espaço total de vida) tem como o foco o

equilíbrio entre a vida social do empregado e a vida no trabalho, verificando:

papel balanceado no trabalho: Equilíbrio entre jornada de trabalho, exigências

de carreira, viagens, e convívio familiar; e horário de entrada e saída do

trabalho: Equilíbrio entre horários de entrada e saída do trabalho e convívio

familiar.

E finalmente, o oitavo fator (relevância social da vida no trabalho) busca

a percepção do empregado em relação à responsabilidade social da instituição

na comunidade, à qualidade de prestação dos serviços e ao atendimento de

seus empregados. Tendo como foco: Imagem da instituição: Visão do

empregado em relação à sua instituição de trabalho: importância para

comunidade, orgulho e satisfação pessoais de fazer parte da instituição;

responsabilidade social da instituição: Percepção do empregado quanto à

responsabilidade social da instituição para a comunidade, refletida na

preocupação de resolver os problemas da comunidade e também não causar

danos; responsabilidade social pelos serviços : Percepção do empregado

quanto à responsabilidade da instituição com a qualidade dos serviços postos

a disposição da comunidade; responsabilidade social pelos empregados

:Percepção do empregado quanto à sua valorização e participação na

instituição, a partir da política de recursos humanos. (CAVASSANI et al.

(2006))

Diante do exposto, verifica-se que a QVT é um também complexo

formado por diversos fatores, e que tem sido objeto de reflexão devido a busca

de melhores condições de vida do trabalhador. Sendo assim, é importante que

as organizações elaborem e implementem políticas saudáveis, priorizando a

saúde do trabalhador, criando ambientes favoráveis à saúde e incentivando os

programas de ginástica laboral, visto que é impossível abordar o tema QVT

sem falar na qualidade dos ambientes e condições de trabalho.

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CONCLUSÃO

À guisa da conclusão, é possível dizer que as organizações devem

pensar a saúde do trabalhador numa nova perspectiva, a da promoção à

saúde no trabalho, que tem reflexos na competitividade das empresas e do

próprio país, além de investir na qualidade de vida no trabalho e do

trabalhador. Pois, assim, as empresas e o país tendem a lucrar, à medida que

forem aumentando a qualidade de vida e de saúde do trabalhador e reduzindo

custo com os dias de afastamento, reduzindo a retirada precoce do trabalho

por invalidez e os acidentes de trabalho.

Dentro deste âmbito, é preciso sempre levar em consideração a relação

saúde mental e trabalho, uma vez que tem-se elevado o número de pessoas

acometidas, principalmente por distúrbios leves, como ansiedade, tristeza,

depressão, stress e D.O.R.T. Sendo assim, espera-se que o presente estudo

tenha cumprido o objetivo de deixar evidente a importância da ginástica laboral

na promoção da QVT e na redução de afastamento do trabalho e das

despesas médicas por parte da empresa.

Além disso, espera-se que as informações apresentadas aqui sirvam de

material de pesquisa e estudo para os profissionais da área e para os

interessados no tema abordado, contribuindo assim para o enriquecimento

acadêmico do leitor.

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INDICE

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 08

CAPÍTULO I – Considerações sobre Ginástica Laboral. ................................. 10

1.1 Conceituação e histórico da Ginástica Laboral .............................................. 10 1.2 Benefícios da Ginástica Laboral .................................................................... 13 1.3 Tipos de Programas de Ginástica Laboral ..................................................... 14

CAPÍTULO II - Ginástica Laboral e prevenção de doenças ............................ 18

2.1 Ginástica Laboral e prevenção de doenças ................................................... 18 2.2. L.E.R .............................................................................................................. 20 2.3 D.O.R.T ........................................................................................................... 24 CAPÍTULO III- QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .................................... 28

3.1 O que é qualidade de vida no trabalho e sua abrangência ............................ 28 3.2 Importância do ser humano no trabalho ......................................................... 30 3.3 Fatores que determinam a qualidade de vida no trabalho. ............................. 32

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................... 38

INDICE .................................................................................................................. 40