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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
COMO FACILITAR A APRENDIZAGEM
Por: Maria José da S. Paulo de Siqueira
Orientadora
Profª Maria Esther de Araújo Oliveira
Rio de Janeiro
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
COMO FACILITAR A APRENDIZAGEM
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
PSICOPEDAGOGIA.
Por: Maria José da S. Paulo de Siqueira
3
AGRADECIMENTOS
Aos professores do curso que diretamente
contribuíram para direcionar meus
pensamentos, aos meus colegas de
trabalho pela compreensão e à minha
querida filha Fabiana Maria, que tanto
contribuiu para me auxiliar na digitação e
formatação deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao meu marido João Luiz e às
minhas filhas Fabiana e Luciana, pelo
incentivo e pela compreensão que tiveram
comigo enquanto perdurou o período da
confecção deste trabalho.
5
RESUMO
Na área educacional, a crença de que a aprendizagem é social,
mediada por elementos culturais, produz um novo olhar para as práticas
pedagógicas. A preocupação que se tinha com “o que ensinar” começa a ser
dividida com o “como ensinar”. A aprendizagem é um assunto que suscita
muitas dúvidas, tanto para pais quanto para professores e educadores. Por ser
de amplitude muito abrangente, muitas áreas vêm tentando explicar esse
fenômeno humano, usando diversas ferramentas para medir talvez sua
eficácia. A psicologia é a área que mais tem estudado tal fenômeno e que
reuniu elementos para pesquisar e dar respostas cada vez mais fiéis à
realidade. Quando se fala em aprendizagem pensa-se em alguém que
aprende. Esse ser tem suas características próprias, as quais começam a ser
adquiridas, primeiramente, em seu grupo familiar, que por sua vez já está
inserido num determinado ambiente sócio-cultural. É a partir daí que tudo se
inicia, este sujeito crescerá e fará novos contatos com outros grupos pela sua
vida a fora. Para que este ser se torne socialmente aceito, não terá como não
freqüentar a escola. A escola receberá esta criança, já com uma matriz de
aprendizagem. Portanto, a escola deverá estar preparada para atendê-la,
recebendo-a como um ser que precisa de afeto e compreensão para que este
contato com o currículo escolar não seja desastroso, já que teremos diversas
individualidades, uns terão mais facilidade para uma determinada área do que
outros.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada propôs-se a analisar o problema estudado, através
de leitura de livros, revistas e pesquisa à Internet. Foram também realizadas
visitas a algumas bibliotecas: Biblioteca da Universidade Candido Mendes,
Biblioteca de Psicologia da UFRJ, Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil
e Biblioteca da Universidade Gama Filho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I
Teóricos da psicogenética do desenvolvimento 10
CAPÍTULO II
A teoria da aprendizagem social por Albert Bandura 15
CAPÍTULO III
A importância da família 21
CAPÍTULO IV
A escola e a aprendizagem 24
CAPÍTULO V
A psicopedagogia como facilitadora da aprendizagem 31
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA / WEBGRAFIA 38
ÍNDICE 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta um estudo bibliográfico de autores e
pesquisadores das teorias de aprendizagem. A intenção é buscar meios de se
trabalhar facilitando a aprendizagem, ou melhor, que aquilo que se ensine seja
em grande parte retido pelo aprendente.
É sabido que nem tudo que nos é ensinado, conseguimos guardar na
memória. Se soubermos utilizar técnicas apropriadas e adequadas para
produzirmos conhecimento, tornaremos a aprendizagem mais eficaz.
Nós estudiosos da prática educacional devemos construir uma relação
saudável com o conhecimento, de modo a facilitar a sua construção e evitar
que esse processo seja obstaculizado.
A reflexão teórica nos leva a definir que o objeto da psicopedagogia é o
ser em processo de construção do conhecimento. Este ser traz um
equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem
na forma de relação dele com o meio, sendo que essas disposições
influenciam e são influenciadas pelas condições sócio-culturais do sujeito e do
seu meio.
Cabe ao psicopedagogo investigar com profundidade os contextos do
aprendiz e tentar reuni-los em uma síntese que retrate o momento deste
aprendiz para que torne viável a aprendizagem. O psicopedadogo deve
recorrer a teorias que lhe permitam reconhecer de que modo se dá a
aprendizagem, bem como às leis que regem este processo: as influências
afetivas e as representações inconscientes que o acompanham, o que pode
comprometê-lo. Segundo Alicia Fernández (1990) todo o sujeito tem sua
modalidade de aprendizagem, ou seja, meios, condições e limites para
conhecer. Modelo de aprendizagem significa uma maneira pessoal para
aproximar-se do conhecimento e construir o saber.
O estudo psicológico da criança é importante pois a eficácia da ação
educativa se fundamenta no conhecimento da natureza da criança, de suas
capacidades e necessidades. Por isso, neste trabalho analisar-se-á as teorias
da Psicogenética do Desenvolvimento de Piaget, Vigotsky e Wallon. Essas três
teorias se complementam e mostram quanto o estudo da criança é
9
fundamental, pois é nessa fase inicial do desenvolvimento que se dá a maior
parte dos processos psíquicos.
A abordagem da teoria da aprendizagem social de Albert Bandura
tratará como a imitação e o modelo será significante na aprendizagem, um
modelo significativo para o indivíduo, provavelmente será imitado por ele.
Finalmente, observa-se que a verdadeira aprendizagem só se realizará
quando o aprendiz desejar aprender. Para que ocorra a aprendizagem estará
sempre presente o vínculo afetivo. Só se aprende aquilo que se deseja
aprender, motivo pelo qual a relação do aluno com seu professor deve ser
afetiva e significativa.
10
CAPÍTULO I
TEÓRICOS DA PSICOGENÉTICA DO
DESENVOLVIMENTO
Serão analisados três teóricos que estudaram o processo e o
desenvolvimento da aprendizagem desde o nascimento da criança, abordando
seu desenvolvimento mental e psicológico. Esses teóricos com suas teorias se
complementam e abrem caminho para que se valorize a infância, como a fase
em que o molde dos domínios cognitivos se formará e, portanto, se iniciará na
vida do indivíduo uma trajetória de sucesso ou fracasso com a aprendizagem.
1.1 - Piaget
Jean Piaget nasceu na Suíça, em 1896. Estudou e estagiou em
laboratórios de Psicologia e psiquiatria, fazendo estudos sobre o
desenvolvimento mental infantil. Sua teoria é comumente chamada de
epistemologia genética ou construtivismo. Piaget tentou explicar com essa
teoria psicogenética como o indivíduo, desde o seu nascimento, constrói o
conhecimento.
Segundo Piaget, desenvolvimento cognitivo e aprendizagem não se
confundem. O desenvolvimento cognitivo é um processo biológico espontâneo
característico da espécie. A aprendizagem seria um processo mais restrito,
causado por situações específicas (como a freqüência na escola), estando
subordinada aos processos de equilibração e maturação. O desenvolvimento
cognitivo, assim, passa de um estágio de menor conhecimento, menos
estruturado, a um estágio de maior conhecimento, mais estruturado, seguindo
uma lógica de gradação evolutiva e linear até certo ponto. Tais conhecimentos
vão sendo adquiridos ao longo da vida por meio da experimentação e da ação
do sujeito sobre o objeto. É na medida em que o sujeito assimila o mundo e se
acomoda ao mundo que as estruturas cognitivas se transformam. Portanto, a
interação com a realidade faria com que os esquemas do indivíduo estivessem
constantemente mudando.
11
Quando o sujeito se depara com algo novo, ocorre uma perturbação,
um processo de desequilíbrio nos esquemas já formados pelo sujeito. Com o
desequilíbrio o sujeito tende a reformular esses esquemas com o intuito de
atingir novamente um estágio de equilíbrio. O processo cognitivo pode ser visto
como uma sucessão de interações entre os processos de assimilação e
acomodação com objetivo de atingir estágios de equilíbrio cada vez mais
estáveis e duradouros. No sistema de equilibração, os desequilíbrios são as
fontes de progresso linear do desenvolvimento do conhecimento, pois os
desequilíbrios obrigam o sujeito a ultrapassar o estado atual a procura de
novas direções.
1.2 - Vygotsky
Vygotsky nasceu na Rússia em 1896. Foi pioneiro na noção de que o
desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações
sociais e das condições de vida.
No pensamento de Vygotsky, a relação entre os processos de
desenvolvimento e aprendizagem é questão central. Sua posição é
essencialmente genética, pois procura compreender a gênese, ou seja, a
origem e desenvolvimento dos processos psicológicos. Sua abordagem
genética desdobra-se nos níveis filogenético (desenvolvimento da espécie
humana), sociogenético (história dos grupos sociais), ontogenético
(desenvolvimento do indivíduo) e microgenético (desenvolvimento de aspectos
específicos do repertório psicológico dos sujeitos), dos quais interagem na
construção dos processos psicológicos.
Para Vygotsky, a aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento
desde o início da vida humana, sendo ”um aspecto necessário e universal do
processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente
organizadas e especificamente humanas” (Vygotsky, 1984 p.101). O percurso
de desenvolvimento do ser humano é, em parte, definido pelos processos de
maturação do organismo individual, pertencente à espécie humana, mas é a
aprendizagem que possibilita o despertar de processos internos de
desenvolvimento que, se não fosse o contato do indivíduo com um determinado
ambiente cultural, não ocorreriam. Ou seja, o homem nasce equipado com
12
certas características próprias da espécie, por exemplo, a capacidade de
enxergar por dois olhos que permite a percepção tridimensional, ou a
capacidade de receber e processar informação auditiva; mas as chamadas
funções psicológicas superiores, aquelas que envolvem consciência, intenção,
planejamento, ações voluntárias e deliberadas, dependem de processos de
aprendizagem. O homem é membro de uma espécie que, para se desenvolver,
a aprendizagem tem um papel central, especialmente, no que diz respeito a
essas funções superiores, tipicamente humanas.
Diretamente relacionada à ênfase dada por Vygotsky à dimensão
sócio-histórica do funcionamento psicológico humano está sua concepção da
aprendizagem como um processo que inclui relações entre indivíduos. Na
construção dos processos psicológicos tipicamente humanos, é necessário
ressaltar as relações interpessoais, ou seja, a interação do sujeito com o
mundo se dá pela mediação feita por outros sujeitos. Do mesmo modo que o
desenvolvimento não é um processo espontâneo de maturação, a
aprendizagem não é fruto apenas de uma interação entre o indivíduo e o meio.
A relação que se dá na aprendizagem é essencial para a própria definição
desse processo que nunca ocorre num indivíduo isolado.
O conceito original de Vygotsky não se refere, pois, apenas à
aprendizagem; tampouco se refere apenas a ensino. É um processo global de
relação interpessoal que envolve, ao mesmo tempo, alguém que aprende,
alguém que ensina e a própria relação ensino - aprendizagem.
Resumindo, as relações entre desenvolvimento e aprendizagem
propostas por Vygotsky, pode se dizer, em primeiro lugar, que desenvolvimento
e aprendizagem são processos intimamente relacionados, onde o indivíduo tem
seu processo de desenvolvimento movido por mecanismos de aprendizagem
acionados externamente, imerso em um contexto cultural que lhe fornece a
“matéria prima” do funcionamento psicológico. Por outro lado, embora
processos de aprendizagem ocorram constantemente na relação do indivíduo
com o meio, quando existe a intervenção deliberada de um outro social nesse
processo, ensino e aprendizagem passam a fazer parte de um todo único
indissociável envolvendo quem ensina, quem aprende e a relação entre essas
pessoas.
13
1.3 - Wallon
Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia
passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais
explícita a aproximação com a educação.
Em sua teoria psicológica, Wallon estuda a pessoa completa: analisa –
a em seus domínios afetivo, cognitivo e motor de forma integrada, mostrando
como se dá no transcorrer do desenvolvimento a interdependência e a
predominância desses diferentes conjuntos. Como sua abordagem é
psicogenética, o estudo da criança é fundamental, pois é nessa fase inicial de
desenvolvimento que a maior parte dos processos psíquicos tem origem.
Para Wallon, a eficácia da ação educativa se fundamenta no
conhecimento da natureza da criança, de suas capacidades, necessidades, ou
seja, no estudo psicológico da criança. É no meio físico e social que a atividade
infantil encontra as alternativas de sua realização; o saber escolar não pode se
isolar desse meio, mas, sim, nutrir-se das possibilidades que ele oferece. A
ação da escola não se limita à instrução, mas se dirige à pessoa inteira e deve
converter-se em um instrumento para seu desenvolvimento; esse
desenvolvimento pressupõe a integração entre as dimensões afetiva, cognitiva
e motora.
A evolução psicológica da criança é um exemplo: a criança não sabe
senão viver sua infância. Conhecê-la pertence ao adulto. Mas o que vai
prevalecer nesse conhecimento: o ponto de vista do adulto ou da criança?
(Wallon, 1979).
O que está implícito nessa frase é que, em relação ao
desenvolvimento, cada etapa tem uma função própria, e o adulto, ao se propor
conhecer a criança tem de levar em conta a etapa de desenvolvimento da
criança em questão e não se tomar como referência. O que se enfatiza também
é a importância do momento presente – cada etapa deve ser vivida com seus
objetivos e necessidades, e o atendimento a eles deve ser a preocupação do
educador. Por outro lado, os objetivos e necessidades vão variar conforme as
condições de vida de que a criança dispõe. É responsabilidade do adulto, e
principalmente do educador, adequar o meio escolar às possibilidades e
14
necessidades infantis do momento. Assim, sua atuação torna-se psicológica
quando pretende adaptar-se ao espírito e a natureza da criança. (Wallon, 1979)
A teoria walloniana enfatiza o aproveitamento das possibilidades de
cada fase de desenvolvimento. Para isso, sugere a utilização de procedimentos
pedagógicos diversificados para cada idade de formação, considerando que as
formas de pensamento e de afetividade diferem conforme os estágios.
Essas três teorias abordaram o ser em construção, em processo de
desenvolvimento cognitivo e mostram como a aprendizagem se dá através de
um ambiente sócio-cultural e que cada etapa terá sua função própria. A partir
dessa compreensão o educador deverá adequar o meio escolar às
necessidades daquele momento vivido.
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CAPÍTULO II
A TEORIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL POR
ALBERT BANDURA
Albert Bandura nasceu em 1925, no Canadá. Começou a lecionar em
1953, na Universidade de Standford e, em 1973, foi nomeado presidente da
Associação Americana de Psicólogos. Sua teoria desenvolveu princípios de
aprendizagem social, onde mostra claramente que o comportamento humano é
uma interação recíproca contínua entre determinantes cognitivos,
comportamentais e ambientais.
A Teoria Cognitiva Social, em um primeiro momento, foi definida como
Teoria da Aprendizagem Social e parte do princípio da aprendizagem
observacional, onde Bandura (1963) propõe que uma maneira fundamental de
um humano adquirir alguns tipos de habilidades e comportamentos é
observando o comportamento de outros humanos. Esta teoria baseia-se na
premissa de que o comportamento humano é totalmente adquirido e que os
princípios de aprendizagem são suficientes para explicar o desenvolvimento e
a manutenção desse comportamento. Essa aprendizagem social é dirigida por
quatro processos constituintes: atenção, o indivíduo não aprende a menos que
preste atenção a aspectos significativos do comportamento a ser modelado;
retenção, o comportamento é lembrado para ser reproduzido, por meio de uma
codificação simbólica; produção, onde o aprendiz precisa ser capaz de
reproduzir o comportamento observado e motivação.
Muitas aprendizagens importantes ocorrem indiretamente, isto é, ao
observar o comportamento dos outros, os indivíduos aprendem a imitar aquele
comportamento ou de alguma maneira modelam-se de acordo com os outros.
Vale ressaltar que as conseqüências comportamentais alteram o
comportamento subseqüente, o que leva o indivíduo a desenvolver hipóteses
sobre prováveis conseqüências de produzir aquele comportamento futuro.
Para Bandura, as pessoas não aprendem a menos que prestem
atenção a aspectos significativos, sendo mais prováveis que valorizem atitudes
relevantes simples e que tenham algum valor funcional. Um modelo atraente,
competente e visto repetitivamente tende a chamar mais atenção, pois é mais
16
provável que os indivíduos adotem um comportamento como modelo se este
produzir resultados positivos. Além disso, o que a pessoa nota é influenciado
por sua base de conhecimento e orientação atual.
“A teoria da aprendizagem social explica o comportamen-
to humano em termos de uma interação recíproca contí-
nua entre determinantes cognitivos, comportamentais e
ambientais. No processo de determinismo recíproco, es-
tá a oportunidade de as pessoas influenciarem seu des-
tino e os limites da autodireção. Essa concepção do
funcionamento humano, então, não lança as pessoas
ao papel de objetos impotentes controlados por forças
ambientais, nem ao papel de agentes livres que podem
se tornar o que quiserem. A pessoa e seu ambiente são
determinantes recíprocos um do outro”.
(Bandura,1979, p.69)
As características do observador também determinam quanto
comportamento imitativo vai ocorrer em uma dada situação, por exemplo, uma
criança extremamente dependente é mais influenciada por um modelo do que
uma menos dependente.
A importância do fator modelo é enorme, principalmente em uma
sociedade tecnológica, onde as crianças aprendem não apenas o que lhes é
dito que devem fazer, mas sim o que vêem ser feito por outras pessoas.
A Teoria de Bandura enfatiza a distinção entre aprendizagem e
desempenho, contrariando o behaviorismo ortodoxo, isto porque as pessoas
não reproduzem tudo o que aprendem. É provável que um indivíduo adquira
certo comportamento se acreditar que este será benéfico.
Bandura explica que as pessoas são livres na extensão em que
conseguem influenciar as futuras condições às quais responderão, mas seu
comportamento também é limitado pelo relacionamento recíproco entre
cognição pessoal, comportamento e ambiente. Uma vez que as concepções
das pessoas, seu comportamento e seu ambiente são determinantes
recíprocos um do outro, os indivíduos não são objetos impotentes controlados
por forças ambientais, nem agentes inteiramente livres.
17
A percepção de auto-eficácia é o construto central na Teoria da
cognição social de Bandura. Essa percepção nada mais é que a nossa
capacidade de organizar e executar ações exigidas para manejar uma ampla
gama de situações desafiadoras, de maneira eficaz, ou seja, conseguindo
alcançar os objetivos propostos.
Bandura (1979) afirma que a motivação e a ação do ser humano são
extensivamente controlados pela prospecção. Esse processo antecipatório
envolve três tipos de expectativas: as expectativas de resultados da situação
cujas conseqüências são produzidas pelo ambiente independente da ação do
sujeito; as expectativas dos resultados da ação desempenhada pelo sujeito; e
pela auto percepção de eficácia que se tem para executar a ação que leve ao
resultado esperado.
A percepção de auto-eficácia, além de ser geradora de capacidade ou
de competência, também tem outros efeitos sobre a atividade humana. A
escolha do comportamento, os resultados esperados, o esforço e a
persistência na conduta, os padrões de reações emocionais e de pensamento,
o comportamento antecipatório, as restrições ao próprio desempenho são
aspectos afetados pela percepção de auto-eficácia.
Porém, esta percepção pode ser prejudicada por vários fatores, entre
tais estão a má avaliação da própria eficácia conduzindo a resultados
insatisfatórios; a falta de avaliação pormenorizada das próprias percepções ou
do desempenho; a má ponderação dos requisitos de cada destreza; os alvos
pouco claros e os desempenhos ambíguos e as falhas no autoconhecimento.
A base da percepção da auto-eficácia está em quatro fontes de
informação: o desempenho realizado; a experiência vicária de observar o
desempenho alheio; a persuasão verbal combinada com a influência social de
alguém que possua certas capacidades; e estados fisiológicos a partir dos
quais, em parte, a pessoa julga sua capacidade, sua força e vulnerabilidade.
A auto-observação possibilita ao indivíduo prestar atenção aos
aspectos relevantes de seu comportamento. Se as pessoas não estiverem
atentas aos efeitos de seu comportamento, dificilmente poderão influenciar
suas próprias ações. A auto-observação desempenha duas importantes
funções: dá informação para se estabelecer padrões realísticos de
18
desempenho; e fornece a base para a avaliação das mudanças no curso do
comportamento.
Através dos processos de julgamento o indivíduo desenvolve padrões
internos para julgar e avaliar suas próprias ações. Esses padrões são
estabelecidos através da modelação, do modo vicário, pela comparação com
os padrões modelados. Adotar certos padrões envolve mais elementos do que
a simples avaliação de capacidade. Pessoas com a mesma capacidade nem
sempre apresentam o mesmo desempenho. A comparação com modelos mais
competentes pode estimular a adoção de padrões pessoais mais elevados. O
indivíduo também pode se comparar consigo mesmo, além de comparar-se
com outros grupos. Finalmente as auto-reações dependem de como as
pessoas percebem os determinantes causais de seu próprio comportamento.
As crenças na auto-eficácia funcionam como um importante conjunto
de determinantes próximos na motivação humana, do afeto e da ação
(Bandura, 1979) . Estas crenças agem através dos processos intervenientes
motivadores, cognitivos e afetivos. As crenças de auto-eficácia afetam o
pensamento de várias maneiras ajudando ou atrapalhando. O comportamento
das pessoas em grande parte é regulado pela disposição prévia organizando
alvos conhecidos. Para se estabelecer alvos ou metas é preciso auto-avaliação
das próprias capacidades.
Se certas atividades exigem competência para se alcançar o
resultado, então, esse resultado que as pessoas antecipam para si dependem
muitíssimo de suas crenças sobre o quanto bem são capazes de executar tal
atividade na situação específica.
A principal função do pensamento é capacitar a pessoa para predizer
ocorrências e para criar os meios para exercer o controle sobre aquilo que
afeta a vida dela. Para poder predizer discernindo as regras preditivas, faz-se
necessário processar informações de múltiplas dimensões, algumas ambíguas
e incertas. A pessoa precisa, a partir destas informações, produzir hipóteses a
respeito dos fatores preditivos, ponderá-los e integrá-los em um conjunto de
regras, testar suas hipóteses face às informações dos resultados e lembrar
quais já foram testadas e quanto bem elas atuaram. Isto exige forte senso de
eficácia pessoal.
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As crenças na auto-eficácia que as pessoas têm determinam seu nível
de motivação e o quanto ela vai se empenhar e por quanto tempo (Bandura,
1986). Quanto maior a crença, maior a persistência e maior o esforço. Quando
acometidas de dúvidas sobre sua eficácia pessoal as pessoas relaxam seus
esforços, desistem de tentar, muito cedo, ou alteram seus objetivos,
estabelecendo soluções medíocres. Bandura (1979) considera que há bastante
evidência de que as realizações humanas e estar bem exigem um otimismo
quanto à auto-eficácia.
As maneiras pelas quais os incentivos pelo domínio da tarefa podem
contribuir para o crescimento do interesse e da auto-eficácia são os incentivos
positivos produzidos pelo próprio desempenho; os ganhos de conhecimento e
de habilidades que possibilitam a alguém preencher os padrões de mérito
pessoal; o sucesso no alcance dos resultados desejados através de
desempenhos desafiadores; a própria recompensa pode ter um valor
informativo da eficácia quando as competências são difíceis de serem obtidas
com um único desempenho e a informação social sobre a qualidade do
desempenho.
As pessoas que são céticas quanto à sua capacidade de exercer de
modo adequado o controle de suas ações minam seus esforços em situações
que cobram competência. O ambiente social também pode colocar restrições
ao que as pessoas fazem ou ao que pode ajudá-las a se comportar de modo
melhor. O indivíduo constrói, através da auto-avaliação de seu comportamento,
o seu autoconceito e sua auto-estima de acordo com o sistema de valores. O
sistema de valores exerce influência sobre a conduta através das preferências
por certas atividades.
O autoconceito negativo é definido como prontidão para se desvalorizar
e o positivo, como tendência a se julgar favoravelmente em conseqüência da
auto-observação do próprio desempenho. Considera ainda que a auto-estima
pode se originar das avaliações baseadas na competência ou posse de
atributos aos quais culturalmente se atribui valor positivo ou negativo. A auto-
desvalorização decorrente da falta de competência exige como terapêutica o
desenvolvimento de habilidades e de padrões realísticos de realização
conforme a sua fonte.
20
Em geral, as pessoas temem e evitam as situações que percebem
como excedendo suas habilidades de manejo, mas entram confiantemente em
situações que acreditam poder dominar. Além disso, as expectativas de
eficácia determinam quanto as pessoas vão se esforçar e persistir em um
comportamento. Quando o indivíduo experiência repetidos sucessos, é
provável que se desenvolvam fortes expectativas de eficácia, especialmente se
ele puder atribuir o sucesso ao próprio esforço e não à intervenção de alguma
agência externa.
Para Bandura, observação, imitação e modelos, são essas as palavras
fundamentais para a aprendizagem de novos hábitos e também para o
abandono de antigos. Pela simples observação de outras pessoas, as crianças
comportam-se da mesma maneira, sendo qualquer a atitude, agressiva ou não.
O adulto, sem perceber, torna-se para a criança, um modelo. A questão
é que a criança não sabe diferenciar, nos primeiros anos de vida, se o modelo
é positivo ou negativo.
A aprendizagem dá-se pela observação. Bandura defende que a
personalidade é desenvolvida através de modelos. Todavia, se o modelo for
reforçado pelo comportamento, as crianças o copiarão com muito mais
probabilidade do que se ele não receber reforço. A criança copiará o modelo
com menos probabilidade, se este for punido por ser agressivo. O fato significa
que um hábito pode ser reforçado ou enfraquecido, dependendo do
comportamento ser recompensado ou punido.
A aprendizagem social também pode eliminar os hábitos. A pessoa que
tem medo de um objeto talvez o elimine ou o reduza substancialmente
observando o modelo, sem medo, numa situação não ameaçadora. Uma das
contribuições mais importantes de Bandura foi o seu grande esforço para
introduzir no ambiente de laboratório condições que se assemelhassem a
situações sociais da vida real.
21
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
Considerando-se a família como um sistema relacional que vai além
dos seus membros individuais, que se articulam entre si e que é o primeiro
contexto que acolhe a criança após seu nascimento. Neste espaço ela
encontra um sistema mais ou menos organizado que a protege, alimenta e lhe
dá o apoio psicológico de que precisa para o seu desenvolvimento, para ir
organizando esse mundo exterior no qual vai atuar e participar, mas também
vem preencher desejos e carências dos pais. Assim, é nesse espaço que o
aprendizado se inicia, antes do seu ingresso na instituição escolar, pois a
família desempenha, ou deveria desempenhar, a função básica e indispensável
para o desenvolvimento e crescimento desse ser e transforma-se em seu
primeiro agente socializador e educativo.
Partindo deste pressuposto, a criança já carrega sua historicidade, um
legado de experiências e é necessário compreender que cada família possui
sua história, sua rede de relações e sua ideologia particular.
O aprender transcorre no seio de um vínculo humano cuja matriz de
aprendizagem toma forma nos primeiros vínculos mãe-pai-irmão.
Entender-se a família como “a estrutura social básica”, como nos
ensina Pichon-Rivière (1995) e o primeiro núcleo da construção de um sujeito,
fica fácil estabelecer a importância que os educadores dão e, ultimamente mais
fortemente a escola tem dado, à família de seu aprendiz.
Partindo do pressuposto de que a aprendizagem estabelace um par
dialético entre o desejo e o não desejo de aprender (Fernández, 1990) e que o
desejo de aprender está intimamente relacionado com o tipo de interação que a
criança estabeleceu e continua estabelecendo com sua família, percebe-se que
o conhecimento da família do aprendiz e sua modalidade de aprendizagem são
muito importantes para o trabalho educacional.
Quando se entende a família como
“ um grupo onde se manifestam não só as ligações de
ordem racional, por exemplo, aquelas que constituem as
22
expectativas sobre os comportamentos que devem ser
exibidos no desempenho dos respectivos papéis, como
também aquelas que, sendo de ordem afetiva,
respondem por uma espécie de costura emocional que
une as pessoas entre si” (Moura,1991 p. 153)
passa-se a trabalhar com a possibilidade do modelo de aprendizagem não se
caracterizar como algo de cunho somente individual, mas também como um
modelo desenvolvido em uma rede de vínculos que se estabeleceu em família.
À medida que a criança vive em família e se submete aos seus rituais,
processo e desenvolvimento, ela vai se individualizando, diferenciando-se em
seu sistema familiar. Com os irmãos terá a oportunidade de experimentar
relações com iguais. É a família que dará noções de poder, autoridade,
hierarquia, funções que têm diferentes níveis de poder e onde aprendem
habilidades diversas, como adaptar-se às diferentes circunstâncias, a
flexibilizar, a negociar.
“Dentro desse contexto, as crianças apóiam, isolam,
escolhem um bode-expiatório e aprendem umas com as
outras. No mundo dos irmãos as crianças aprendem
como negociar cooperar e competir. Aprendem como
fazer amigos e aliados, como ter prestígio, embora se
rendendo e como conseguir o reconhecimento de suas
habilidades. Podem assumir diferentes posições
trapaceando com o outro...” (Minuchin, 1990 p.63).
É desta forma descrita que a criança constrói o seu modelo de
aprendizagem e a forma como ela se relaciona com o conhecimento.
Para a família, a escola tem uma simbologia e um significado que
estará presente na forma de “ser aluno” e na forma de participação nas
atividades escolares das crianças. A maneira pela qual a criança se integra e
se entrega ao processo de aprender está diretamente relacionada à
capacidade desenvolvida em família de viver o coletivo compactuando.
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Diz Bossa (2002) que o processo de aprendizagem escolar necessita
de um repertório preexistente, de experiências vividas na infância e bem
mediadas, ou seja, nomeadas e interpretadas pela família.
Os pais devem incentivar a lição de casa, olhar cadernos e mostrar
interesse pelo que a criança está aprendendo na escola.
Por ser no âmbito familiar que o indivíduo constrói seu modelo de
aprendizagem, é necessário que a família procure conhecer, o melhor possível,
a escola que vai escolher para seus filhos, que tipo de homem pretende formar,
sua metodologia de ensino, formas de avaliação, normas disciplinares,
atualização de professores, etc. deve-se buscar uma coerência entre as
expectativas da família e o que a escola realmente pode oferecer.
24
CAPÍTULO IV
A ESCOLA E A APRENDIZAGEM
A escola não é isolada do sistema político e socio-econômico, mas
pelo contrário é reflexo dele. Na atualidade, a educação é determinante para o
desenvolvimento das sociedades, que apóia e complementa a função
educativa da família. Para que isto realmente ocorra, ambas, família e escola,
devem estar em colaboração.
A escola existe para que os alunos se socializem e tem como
finalidade prepará-los para a construção de conhecimentos e ensina, através
da solidariedade, a importância e o sentido do trabalho. Ainda é um lugar onde
se constroem saberes, solidificam-se conhecimentos, edifica-se a cultura,
aprimoram-se capacidades, descobre-se e se aperfeiçoam competências e
estimulam-se inteligências.
A educação escolar deve promover o desenvolvimento dos alunos, à
medida que desperta a atividade mental capaz de transformá-los em pessoas
únicas, inseridas no contexto social.
Na escola, a atividade mental deve consistir em elaborar uma
representação pessoal e, portanto, o aprender significativamente adquire
algumas características peculiares.
O aluno vai à escola para dominar conteúdos curriculares já
elaborados e que fazem parte da cultura; assim a construção do conhecimento
se dá sobre algo que já existe, mas não impede, de forma alguma, a atribuição
de significado pessoal.
Acredita-se que, atualmente, para a escola contribuir para o sucesso
escolar dos alunos e eles alcançarem o seu máximo nível de desenvolvimento
pessoal e social mediante aprendizagens significativas dos conteúdos que
integram o currículo, ela precisa compreender como se dá a aprendizagem
para poder ensinar a aprender de forma adequada.
É necessário que o professor tenha confiança nas potencialidades do
ser humano, em sua capacidade para aprender. Além disso, cabe ao professor
estar aberto a novas descobertas, que podem surgir a cada momento no
trabalho educativo.
25
A escola não pode esquecer que toda prática pedagógica tem por
finalidade o desenvolvimento da pessoa e o fortalecimento do eu. Sua
intenção, portanto, tem de se levar o aluno a fortalecer sua auto-estima, ter
confiança em si e nos outros, ter respeito próprio. E, assim, fortalecido, poderá
ser solidário em suas relações.
Muitas das dificuldades de aprendizagem são decorrentes da falta ou
deficiência do investimento da pessoa no ato de aprender. O professor
observará o aluno para esclarecer os porquês do não-envolvimento e dará a
ele o tempo para pensar, para se organizar, para elaborar seu trabalho e para
ter sucesso.
A aprendizagem ocorrerá se estiver adequado aos interesses do
aluno, e todo interesse nasce de uma necessidade. O professor identificará as
necessidades de seus alunos, criando condições para satisfazê-las.
Nesse sentido, a sala de aula tem de ser uma oficina de convivência, e
o professor, um profissional das relações. Este é um imperativo de sua prática.
Além disso, ele queira ou não, é um modelo para o aluno e como tal será
imitado em suas atividades, em suas convicções, em seu entusiasmo.
E esse professor, como deve ser formado? A formação psicológica dos
professores não pode ficar limitada aos livros. Deve ter uma referência
perpétua nas experiências pedagógicas que eles podem pessoalmente realizar
(Wallon, 1979). Com isso, Wallon está estabelecendo sua posição quanto às
relações Psicologia e Educação: dois momentos complementares de uma
mesma atitude e não uma ciência normativa e outra aplicada.
Dessa forma, o professor precisa conhecer as teorias de
desenvolvimento, de aprendizagem, de personalidade que os livros ensinam.
Mas precisa ter uma atitude permanente de investigador do ser em
desenvolvimento e de sua própria prática. E o conhecimento que aí adquirir,
volta para enriquecer as teorias. Ou seja, psicologia e pedagogia, em suas
relações, realizam um benefício mútuo.
Na pesquisa de mestrado realizada por Elvira Cristina Martins Tassoni
- Universidade Estadual de Campinas, a autora quis demonstrar como os
fatores afetivos se apresentam na relação professor-aluno e a sua influência no
processo de aprendizagem.
26
É através da integração com outros que a criança incorpora os
instrumentos culturais. Vygotsky (1995), ao destacar a importância das
interações sociais, traz a idéia da mudança e da internalização como aspectos
fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construção do
conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as
pessoas. Portanto, é a partir de sua inserção na cultura que a criança, através
da interação social com as pessoas que a rodeiam, vai se desenvolvendo.
Apropriando-se das práticas culturalmente estabelecidas, ela vai evoluindo das
formas elementares de pensamento para formas mais abstratas, que a
ajudarão a conhecer e controlar a realidade. Nesse sentido, Vygotsky destaca
a importância do outro não só no processo de construção do conhecimento,
mas também de constituição do próprio sujeito e de suas formas de agir.
A relação que caracteriza o ensinar e aprender transcorre a partir de
vínculos entre as pessoas e inicia-se no âmbito familiar. A base desta relação
vincular é afetiva, pois é através de uma forma de comunicação emocional que
o bebê mobiliza o adulto, garantindo assim cuidados que necessita. Portanto, é
o vínculo afetivo estabelecido entre o adulto e a criança que sustenta a etapa
inicial do processo de aprendizagem. Seu status é fundamental nos primeiros
meses da vida, determinando a sobrevivência (Wallon, 1979). Da mesma
forma, é a partir da relação com o outro, através do vínculo afetivo que, nos
anos iniciais, a criança vai tendo acesso ao mundo simbólico e, assim,
conquistando avanços significativos no âmbito cognitivo. Neste sentido, para a
criança, torna-se importante e fundamental o papel do vínculo afetivo que
inicialmente apresenta-se na relação pai-mãe-filho e, muitas vezes irmão (s).
No decorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão aplicando-se e a
figura do professor surge com grande importância na relação de ensino e
aprendizagem, na época escolar. “Para aprender, necessitam-se dois
personagens (ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre
ambos. (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem
outorgamos confiança e direito de ensinar”. (Fernández, 1990, p.47 e 52)
Toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a
partir das interações sociais, num processo vincular. Pensando,
especificamente, na aprendizagem escolar, a trama que se tece entre alunos,
27
professores, conteúdo escolar, livros, escrita, etc. não acontece puramente no
campo cognitivo. Existe uma base afetiva permeando essas relações.
As experiências vividas em sala de aula ocorrem, inicialmente, entre os
indivíduos envolvidos, no plano externo (interpessoal). Através da mediação,
elas vão se internalizando (intrapessoal), ganham autonomia e passam a fazer
parte da história individual. Essas experiências também são afetivas. Os
indivíduos internalizam as experiências afetivas com relação a um objeto
específico.
Considerando que o processo de aprendizagem ocorre em decorrência
de interações sucessivas entre as pessoas, a partir de uma relação vincular, é,
portanto, através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e
agir e, dessa forma apropria-se ou constrói novos conhecimentos.
Considerando, igualmente, que a qualidade dessas relações sociais influem na
relação do indivíduo com os objetos, lugares e situações, a pesquisa analisou
as interações em sala de aula entre professores e alunos, buscando identificar
os aspectos afetivos presentes que influenciam o processo de aprendizagem,
especificamente da linguagem escrita. Os resultados obtidos na pesquisa
podem ser ampliados focalizando o processo de aprendizagem de uma
maneira geral.
Baseando-se numa perspectiva teórica fundamentalmente social, a
partir de Vygotsky e Wallon, defende-se que a afetividade que se manifesta na
relação professor-aluno constitui-se elemento inseparável do processo de
construção do conhecimento. Além disso, a qualidade da interação pedagógica
vai conferir um sentido afetivo para o objeto de conhecimento, a partir das
experiências vividas.
As professoras demonstraram que o fato de terem consciência do
entrelaçamento dos aspectos afetivos e cognitivos, tinham maior possibilidade
de controlar e reverter sentimentos negativos, como também explorar de
maneira positiva o desejo de aprender e o interesse em fazer.
Quando se sustenta que o processo de aprendizagem é social, o foco
desloca-se para as interações e os procedimentos de ensino tornam-se
fundamentais. O que se diz, como se diz, em que momento e por quê; da
mesma forma que, o que se faz, como se faz, em que momento e por quê,
afetam profundamente as relações professor-aluno, influenciando diretamente
28
o processo de ensino-aprendizagem. O comportamento do professor, em sala
de aula, expressa suas intenções, crenças, seus valores, sentimentos, desejos
que afetam cada aluno individualmente. Através dos comentários desses
alunos, foi possível obter uma amostra de como vêem, sentem e compreendem
alguns aspectos do comportamento dessas professoras e a influência destes
na aprendizagem.
A partir dos dados, pôde-se concluir que existem transformações
importantes nas formas de expressão e mudanças significativas nos níveis de
exigência afetiva. As formas de expressão que utilizam exclusivamente o
corpo, como o toque, os olhares e as modulações da voz, vão ganhando maior
complexidade. “Com o advento da função simbólica que garante formas de
preservação dos objetos ausentes, a afetividade se enriquece com novos
canais de expressão. Não mais restrita à trocas dos corpos, ela agora pode ser
nutrida através de todas as possibilidades de expressão que servem também à
atividade cognitiva.” (Dantas, 1993,p.75). Nesse sentido, é possível concluir
que a afetividade não se limita apenas às manifestações de carinho físico e de
elogios superficiais.
De acordo com Dantas (1993), conforme a criança vai se
desenvolvendo, as trocas afetivas vão ganhando complexidade. “As
manifestações epidérmicas da “afetividade da lambida” se fazem substituir por
outras, de natureza cognitiva, tais como respeito e reciprocidade” (p.75).
Portanto, adequar a tarefa às possibilidades do aluno, fornecer meios para que
realize a atividade confiando em sua capacidade, demonstrar atenção às suas
dificuldades e problemas, são maneiras bastante refinadas de comunicação
afetiva.
Conforme a criança avança em idade, torna-se necessário “ultrapassar
os limites do afeto epidérmico, exercendo uma ação mais cognitiva no nível,
por exemplo, da linguagem.”(Almeida, 1990, p.108). Mesmo mantendo-se o
contato corporal como forma de carinho, falar da capacidade do aluno, elogiar
o seu trabalho, reconhecer seu esforço, constituem-se formas cognitivas de
vinculação afetiva.
Os dados apresentados confirmaram que existiu um refinamento nas
trocas afetivas. Foi comum encontrar, nos depoimentos tanto de alunos como
nos das professoras, referências ao respeito, à colaboração, à valorização de
29
cada um e o desejo de compreender o outro. Assim, quanto melhores forem as
condições de se cultivarem sentimentos como estes, mais consistentes e
profundos serão os relacionamentos, promovendo uma aprendizagem
significativa.
Wallon e vários autores estudiosos de sua psicogênese já afirmaram
que é possível atuar sobre o cognitivo via afetivo e vice-versa. Nesse sentido,
torna-se evidente que condições afetivas favoráveis facilitam a aprendizagem.
Os dados apresentaram momentos onde se destacou a preocupação das
professoras em transmitir tranqüilidade aos alunos, favorecendo o processo de
aprendizagem.
Wallon (1979) defende, em sua teoria, o caráter contagioso das
emoções. “A emoção necessita reações similares ou recíprocas em outrem e,
(...) possui sobre o outro um grande poder de contágio” (p.91). Portanto, o
professor contagia e é contagiado pelos alunos.
Dados demonstraram que as professoras atuavam com o objetivo de
combater o excesso de ansiedade que surgia durante as atividades, buscando
contagiar os alunos com sentimentos que tranqüilizavam, encorajavam e
fortaleciam-nos na execução das mesmas.
Medo, angústia, ansiedade e frustração são sentimentos que
desgastam o aluno. A serenidade e tranqüilidade das professoras auxiliaram na
redução ou até a eliminação desses sentimentos desagregadores, permitindo o
que Dantas (1993) denomina de “destravamento” da atividade cognitiva.
Em muitos momentos, conforme comentário dos alunos, destacaram-
se o desejo, o prazer em realizar a atividade e de vencer os desafios. As
formas de atuação das professoras, assim como o tipo de atividade que
planejavam, foram os indicadores deste desejo e prazer manifestos por eles.
Demonstrou-se uma intenção, expressa por parte das professoras, de planejar
atividades que despertassem o interesse dos alunos.
Observou-se a importância das diversas formas de interação entre as
professoras e os alunos, para a construção da auto-estima e da autoconfiança,
influindo diretamente no processo de aprendizagem. Também, observou-se,
nas interações, sentimentos de acolhimento, simpatia, respeito e apreciação.
Evidenciaram-se sentimentos de compreensão, aceitação e
valorização do outro. Por isso, conclui-se que as experiências vividas em sala
30
de aula permitiram trocas afetivas positivas que, não só marcaram
positivamente o objeto de conhecimento, como também favoreceram a
autonomia e fortaleceram a confiança dos alunos em suas capacidades e
decisões.
A sala de aula necessita sempre ser o lugar do “prazer de conhecer”,
do “desejo de conhecer”, ao mesmo tempo que proporciona ao aluno a
oportunidade de troca, de compartilhar a construção coletiva do conhecimento.
É fundamental que o professor ressalte os traços positivos, valorizando
a parcela, mínima que seja, da contribuição da criança para o sucesso da
tarefa realizada em grupo. A terapia mais fácil e simples para o ser humano é
a “terapia do sucesso”.
Por que a escola insiste em criar situações para o fracasso do aluno,
para posteriormente tratá-lo. Deve-se evitar situações confusas e desastrosas
e se terá menos dificuldades de aprendizagem. As situações de avaliação da
aprendizagem, quando mal conduzidas, são geradoras de um excesso de
ansiedade que se torna insuportável para o aluno, chegando à desorganização
de sua conduta, o que acarreta o fracasso na produção escolar.
Em alguns autores piagetianos já aparece a valorização do “ponto de
partida” na interação do sujeito com o meio para a construção do novo
conhecimento, que seria o “ponto de chegada” desejado pelo professor.
Seguindo essa visão construtivista na produção do conhecimento, qualquer
professor partirá do que o aluno já sabe, do conhecimento já incorporado para
que novas informações surgidas na sala de aula possam ser construídas,
permitindo a verdadeira operacionalização da realidade.
Vygotsky já dizia que, quando a criança chega à escola, sempre já
sabe alguma coisa. A não-valorização do saber infantil na sala de aula pode
ser o ponto de partida para a construção de dificuldade de aprendizagem.
31
CAPÍTULO V
A PSICOPEDAGOGIA COMO FACILITADORA DA
APRENDIZAGEM
Segundo Jorge Visca (1987), a Psicopedagogia, que inicialmente foi
uma ação subsidiária da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um
conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo
– o processo de aprendizagem – e de recursos diagnósticos, corretores e
preventivos próprios.
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de
uma demanda – o problema de aprendizagem, colocado num território pouco
explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e
evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender
a essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática. Como se preocupa com
o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de
aprendizagem. Portanto, vemos que a Psicopedagogia estuda as
características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa
aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores,
como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-
las e previni-las. Esse objeto de estudo, que é um sujeito a ser estudado por
outro sujeito, adquire características específicas a depender do trabalho clínico
ou preventivo.
No trabalho preventivo, a instituição, enquanto espaço físico e psíquico
da aprendizagem, é objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que são
avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional que
interferem no processo de aprendizagem. O termo prevenção, no vocabulário
corrente em psicopedagogia, refere-se à atitude do profissional no sentido de
adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos
nesse processo. A partir da análise cuidadosa dos fatores que podem
promover, como dos que podem comprometer o processo de aprendizagem, o
psicopedagogo elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o
objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo – função primeira da
Psicopedagogia.
32
Caracteriza-se a Psicopedagogia como uma área de confluência do
psicológico (a subjetividade do ser humano enquanto tal) e do educacional
(atividade especificamente humana, social e cultural). Tratando do mundo
psíquico individual e grupal em relação à aprendizagem e aos sistemas e
processos educativos, o psicopedagogo ensina como aprender e, para isso,
necessita apreender o aprender e a aprendizagem. Para o psicopedagogo,
aprender é um processo que implica pôr em ação diferentes sistemas que
intervêm em todo sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem
que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que
ele se incorpora à sociedade.
Portanto, a aprendizagem é responsável pela inserção da pessoa no
mundo da cultura. Mediante a aprendizagem, o indivíduo se incorpora ao
mundo cultural, com uma participação ativa, ao se apropriar de conhecimentos
e técnicas, construindo em sua interioridade um universo de representações
simbólicas.
De acordo com Alicia Fernández (1990), todo sujeito tem a sua
modalidade de aprendizagem. Essa modalidade constrói-se desde o
nascimento, é como uma matriz, um molde, um esquema de operar que vai ser
utilizado nas situações de aprendizagem. Tal modalidade é fruto do seu
inconsciente simbólico constituído na sua inter-relação com o outro e de sua
atividade estruturante de um universo estável: relação causa-efeito, espaço-
temporal, objetividade. Assim, organizam-se as operações lógicas,
classificadas e de relação que de um nível de elaboração simples passa a
outro cada vez mais complexo. Esse sujeito envolve num único personagem, o
sujeito epistêmico e o sujeito do desejo. Isto significa que a possibilidade de
aprender está situada no nível inconsciente, no desejo de conhecer.
“Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma
concepção de aprendizagem segundo a qual partici-
pa desse processo um equipamento biológico com
disposições afetivas e intelectuais que interferem na
forma de relação do sujeito com o meio, sendo que
essas disposições influenciam e são influenciadas
pelas condições sócio-culturais do sujeito e do seu
meio”. (Bossa, 2002, p.76)
33
Portanto, conclui-se que cabe ao psicopedagogo atuar nos processos
educativos com o objetivo de diminuir a “freqüência dos problemas de
aprendizagem”. Seu trabalho deve incidir nas questões didático-metodológicas,
bem como na formação e orientação de professores, além de fazer
aconselhamento aos pais. O psicopedagogo deve recorrer a teorias que lhe
permitam reconhecer de que modo se dá a aprendizagem, bem como às leis
que regem esse processo: as influências afetivas e as representações
inconscientes que o acompanham, o que pode comprometê-lo e o que pode
favorecê-lo.
34
CONCLUSÃO
Como atitude facilitadora para uma aprendizagem eficaz deve-se estar
consciente da importância das circunstâncias criadas nos ambientes de
aprendizagem. Há a necessidade de se criar não apenas ambientes
intelectualmente adequados, mas também emocionalmente sadios, onde
prevaleça a cooperação, a alegria e o prazer em aprender. É preciso levar em
consideração que o espaço e o tempo escolar devem favorecer e permitir a
construção de conexões entre sujeito e objetos do conhecimento para que os
fenômenos relacionados com o conhecer e o aprender se realizem. Isto supõe
reconhecer a importância do tempo de cada ser humano, lembrando que cada
árvore floresce e frutifica no seu próprio tempo. Ensinar é criar circunstâncias
para que a aprendizagem aconteça.
O ser humano e o seu meio-ambiente (físico, biológico, cultural e
social) integram uma totalidade. O acoplamento de ambos ocorre mediante
relações, processos e emergências. A cognição é uma expressão desta
totalidade, é um fenômeno bio-psico-sócio-afetivo e cultural que emerge como
produto do entrelaçamento dessas diferentes dimensões. O conhecimento é
ação efetiva e, ao mesmo tempo, emergência, em função do entrelaçamento
das diferentes dimensões humanas presentes no ato de conhecer. É preciso
que os educadores prestem maior atenção não apenas aos aspectos
construtivos e desconstrutivos envolvidos no conhecimento, mas também na
necessidade de criar condições que permitam a emergência do novo,
oferecendo situações, espaços e tempos adequados para que os processos
intuitivos e criativos floresçam. Não se deve privilegiar a lógica, mas também a
intuição e a criatividade nos ambientes de aprendizagem e respeitar a
diversidade.
Outro aspecto muito importante para quem conduz o processo de
aprendizagem é o da comunicação. O docente é antes de tudo um
comunicador.
A construção interna das imagens do mundo externo sofre
generalizações, distorções e eliminações, seja para melhor compreender a
realidade, seja para se proteger de informações inconvenientes para o
35
equilíbrio do sistema mental. Tudo isso ocorre dependendo da história pessoal
de cada um.
O homem pensa, imagina, sente e se comunica com o mundo através
de três canais de comunicação: o visual, o auditivo e o cinestésico (reunião dos
sentidos do olfato, gosto, tato e percepção dos órgãos internos).
O ideal seria que as pessoas desenvolvessem igualmente os três
canais. Entretanto, dependendo da história pessoal de cada um, há uma
acomodação hierarquizada. Sempre um canal torna-se mais consciente e,
portanto, predominante. O fato de uma pessoa ter um canal de comunicação
mais consciente e mais desenvolvido que os outros é produto de sua
especialização no decorrer da vida. Por ter sido mais usado ou menos
bloqueado, acaba se tornando o preferencial. Essa especialização de um
canal e o bloqueio de outro é que levam à distorção, à generalização e à
eliminação das imagens interiores, condicionando a aceitação ou rejeição de
conteúdos que se apresentam para análise.
Há entre professor e aluno um circuito de comunicação em que, na
maior parte do tempo, o mestre é o emissor e o aluno, o receptor de
informação. Mas hoje já se sabe que o que comunica passa mais pelo ser do
que pela fala. Ou seja, comunica-se mais aquilo que somos do que dizemos.
Por exemplo, um professor com encantamento no canal auditivo, que
trabalhe fazendo apenas discursos e entregando textos para análise nos quais
se emprega exclusivamente linguagem linear será bem recebido apenas pelos
alunos auditivos e rejeitado pelos visuais e cinestésicos.
A preparação do professor vai muito além da simples transferência de
uma metodologia de ensino ou de pesquisa, tem de atingir a pessoa do mestre.
Tem de levá-lo a refletir sobre si próprio como personalidade, como
comunicador, como ser pensante, como agente formador e transformador,
como modelo para seus alunos. A escola para um novo tempo exige a
educação do educador.
Existem várias barreiras que impedem o pensamento e o
comportamento criativo. A sociedade pune e exclui o indivíduo diferente. O
indivíduo que diverge das normas da sociedade incomoda, quebra as
estruturas. O medo de ser ridicularizado, o medo de não ser amado faz com
36
que o indivíduo acabe por aceitar, muitas vezes, as barreiras impostas pela
sociedade.
Essas barreiras vão se construindo através da história de vida da
pessoa e sua interação com a família e com a sociedade.
Todos os bloqueios isolados ou combinados levam o indivíduo a ter
medo de se arriscar, e a coragem de se arriscar é um dos principais
componentes do comportamento inovador e criativo.
A insegurança de lidar com situações novas está relacionada com o
baixo autoconceito ou com a baixa auto-estima. O autoconceito vai se
formando desde os primeiros anos de vida, através dos padrões de
relacionamento da criança com a sua família e com os seus professores. O
autoconceito é a imagem que temos de nós mesmos e é influenciado pela
percepção que os outros pensam sobre nós, portanto, esse autoconceito pode
ser positivo ou negativo.
Somente quando se acredita com firmeza no alcance de determinada
meta, sem se intimidar pelo difícil caminho que conduz até ela, consegue-se
alcançá-la. As percepções que as pessoas têm de sua eficácia afetam as
projeções e antecipações que fazem sobre as circunstâncias de suas ações.
Se a pessoa tem uma avaliação negativa de sua eficácia antecipa o fracasso,
se tem uma positiva, antecipa o sucesso. As crenças de auto-eficácia parecem
também afetar os desempenhos de memória com efeito retroalimentador,
quanto mais a pessoa acredita em sua capacidade de memória, mais esforço
dedica às tarefas de memória, o que leva a ampliar seu desempenho de
memória.
Ao selecionar os ambientes ou ao construí-los, as pessoas exercem
algum controle sobre suas vidas. Neste processo seletivo também a percepção
de auto-eficácia tem influência. As pessoas tendem a evitar os ambientes e
situações que acreditam exigir delas mais do que elas se julgam capazes de
fazer, e escolhem ambientes e atividades desafiantes que acreditam manobrar.
Quanto mais eficazes as pessoas se julgam, mais ampla é a margem de
opções de escolhas de carreira, de trabalho e melhor elas se preparam através
do estudo para as diferentes ocupações. As pessoas que se percebem como
não eficientes para fazer algo em decorrência de sua incapacidade real, elas
37
mesmas se colocam limites de desenvolvimento profissional e com isto validam
suas crenças de incompetência e se tornam mais descrentes de si próprias.
Enfim, a educação deve realizar-se na biologia do amor, fundada na
aceitação do outro e todo educador deve ter a consciência da responsabilidade
que tem em fazer florescer o positivo dentro do ser aprendente, para que esse
possa construir em sua vida atitudes de confiança que o levem a alcançar o
sucesso daquilo que ele desejar realmente realizar. O adulto feliz e realizado,
certamente foi uma criança valorizada e estimulada em seu ambiente familiar e
escolar, por isso tem uma atitude positiva para com a vida.
38
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41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Teóricos da psicogenética do desenvolvimento 10
1.1 – Piaget 10
1.2 – Vygotsky 11
1.3 – Wallon 13
CAPÍTULO II
A teoria da aprendizagem social por Albert Bandura 15
CAPÍTULO III
A importância da família 21
CAPÍTULO IV
A escola e a aprendizagem 24
CAPÍTULO V
A psicopedagogia como facilitadora da aprendizagem 31
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA/ WEBGRAFIA 38
ÍNDICE 41