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1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
HIPERATIVIDADE NO UNIVERSO ESCOLAR
POR
IRANI JESUS OLIVEIRA DA CRUZ
ORIENTADORA
MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE
RIO DE JANEIRO
JANEIRO/2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
HIPERATIVIDADE NO UNIVERSO ESCOLAR
Monografia apresentada a UCAM -
Universidade Cândido Mendes, como
requisito parcial para conclusão co
curso de pós-graduação “Lato Sensu”,
com especialização em Psicopedagogia.
RIO DE JANEIRO
JANEIRO/2004
3
AGRADECIMENTOS
A Deus pela possibilidade de estar vivendo este momento.
4
DEDICATÓRIA
Dedica-se a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização da pesquisa.
5
RESUMO
Sendo a orientação uma das funções do Psicopedagogo, este poderá
atuar junto a pais e educadores na busca de minimizar os problemas
comportamentais e as dificuldades de aprendizagem de crianças consideradas
hiperativas. Assim, através da pesquisa bibliográfica de autores como: Rohde
(1999), Levine (1995), Dimenstien (1997) entre outros que tratam da questão do
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), foi possível mostrar a
importância do tratamento, as formas de intervenção de forma a possibilitar que a
criança hiperativa torne-se um adulto equilibrado, que saiba conviver bem com a
sociedade e com si próprio. A autora Juliana Barros (2002) ainda coloca a
importância dos jogos como facilitador do trabalho psicopedagógico.
6METODOLOGIA
A presente pesquisa acadêmica utiliza dados bibliográficos
relevantes, que foram consultados e selecionados durante quase seis meses.
A escolha do tema da pesquisa surgiu da leitura de um artigo do
jornal “O Globo” que constatava a necessidade de um maior aprofundamento do
assunto abordado, já que crianças que apresentam distúrbio comportamental, em
geral são erradamente rotuladas. A publicação é datada do dia 31 de julho de 2003,
no “caderno da Família”, com o título “como Tratar a Hiperatividade e o Déficit de
Atenção”.
Na mesma semana, houve início a leitura de obras referentes ao
assunto (Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade).
Foram feitas consultas e anotações sobre o assunto pesquisado em
duas bibliotecas durante três semanas, sendo reservado cerca de cinco horas por dia.
É relevante que seja citada a importância de algumas obras, que
foram usadas por empréstimo com pessoas amigas.
Toda a revisão de literatura foi feita durante cerca de três meses, e
simultaneamente montado fichamento dos aspectos selecionados a serem abordados.
Neste período também houve consultas na Internet.
O quinto mês ficou reservado à estruturação e digitação do trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
TRANSTONO DE DÈFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE
(TDAH) 11
CAPÍTULO II
A APRENDIZAGEM DO HIPERATIVO 27
CAPÍTULO III
A PSICOPEDAGOGIA FRENTE AO ALUNO PORTADOR DE TDAH. 39
CONCLUSÃO 51
ANEXOS 54
BIBLIOGRAFIA 59
ÍNDICE 61
FOLHA DE AVALIAÇÃO 64
8
INTRODUÇÃO
O TDAH á um distúrbio comportamental muito estudado no âmbito
do desenvolvimento infantil. Estudos epidemiológicos indicam que tal desordem
acomete 3% a 5% da população em idade pré-escolar e 30% a 40% das crianças são
encaminhadas para o tratamento clínico.
Apesar dos avanços científicos respeitando aos sintomas e aos
problemas ocasionados pelo transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH), um número significativo de pessoas encontra-se com este transtorno sem
diagnóstico ou, então com o diagnóstico incorreto. E certamente, à medida que seja
construído um diagnóstico preciso, um considerável número de problemas poderam
ser tratados adequadamente, ou evitado, como é referendado no primeiro capítulo da
pesquisa por Rohde e Benazik.
Logo a seguir, no segundo capítulo se faz alusão a enorme
frustração que pais e seus filhos portadores desse distúrbio experimentam a cada dia.
Crianças e adolescentes diagnosticados com TDAH são freqüentemente rotulados de
“problemáticos”, “desmotivados”, “avoados”, “irresponsáveis”, “malcriados”,
“indisciplinados” ou até mesmo, “pouco inteligentes”.
A criança com TDAH costuma apresentar problemas de
aprendizado seja através da dificuldade em prestar atenção e manter a concentração,
além de problemas sociais no ambiente escolar por causa dos problemas de
comportamento e isolamento social conseqüente. Freqüentemente estas dificuldades
acabam levando a pessoa a assumir uma atitude negativa perante o estudo e à escola
devido às dificuldades que encontra.
Dentro desse contexto, o profissional especializado, como exemplo
o psicopedagogo, poderá desempenhar um papel fundamental no processo de
aprendizagem de crianças e adolescentes, assim como orientar o trabalho docente
9como lidar com esses alunos, buscando estratégias, como por exemplo, o jogo, como
foi ressaltado no capítulo três.
Nas considerações finais é feita uma apreciação geral das idéias
discutidas, procurando apontar os benefícios que a psicopedagogia poderá trazer para
o ensino e para a aprendizagem de crianças portadoras do transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade, destacando a utilização da prática de jogos.
10
CAPÍTULO I
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO /
HIPERATIVIDADE (TDAH).
Cada criança, como qualquer outro ser humano, tem uma forma
única de ser, e para tal necessita também de um tratamento especial. Isso significa
dizer que não existe um tratamento uniforme, depende muito de cada criança, de
como é o seu relacionamento familiar e escolar.
A hiperatividade é um transtorno do comportamento que acarreta
várias conseqüências desagradáveis para a família e para a própria criança, daí a
enorme necessidade de conhecer melhor sobre o assunto para evitar problemas
maiores para ambos.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade não tem cura,
porém pode ser administrado. Grande parte das crianças com TDAH, na infância,
terão os sintomas por toda vida. Esses sintomas poderão ou não vir a interferir de
modo significativo na vida profissional, familiar e social. Sendo assim, é
recomendável que a criança venha ter o mais precoce possível um diagnóstico
correto, na busca de uma intervenção profissional adequada.
1.1- O que é o TDAH?
O TDAH é um problema bastante comum e se caracteriza por
dificuldade em manter a atenção, inquietude acentuada (por vezes Hiperatividade) e
impulsividade. Ele também é chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).
Em muitos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os
sintomas sejam mais brandos quando comparados aos das crianças.
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e
no relacionamento com as demais crianças, pais e professores, embora isto não seja
obrigatório. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e
11geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro”, isto é, não param quietas por
muito tempo. Muitas crianças têm também um comportamento desafiador e
opositivo associado, não respeitando limites e enfrentando ativamente os adultos.
Em adultos, ocorrem dificuldades com a atenção para coisas do
cotidiano e trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São
inquietos, parecem que só relaxam dormindo, vivem mudando de uma coisa para
outra e também são impulsivos. Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio
comportamento e quando isto afeta os demais à sua volta, são freqüentemente
considerados egoístas. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas
associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
1.2- Histórico do TDAH.
Segundo Silvares(2000), o TDAH é conhecido há aproximadamente
cem anos,contudo, sua característica clínica não está finalizada. Em 1902, o médico
inglês, G. Still descreveu pela primeira vez as características desse transtorno, desde
então denominado de Disfunção Cerebral Mínima passando posteriormente a ser
chamado de Hipercinesia ou Hipercinese. Logo a seguir, Hiperatividade, nome que
foi mais conhecido e perdurou por mais tempo. Em 1987, passou a se chamar
Transtorno de déficit de Atenção/ Hiperatividade, segundo a quarta edição do
Manual Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM IV), da Associação
Americana de Psiquiatria (APA).
Segundo Bastos, na década de 30, vários estudos foram
desenvolvidos no sentido de encontrar uma base biológica para a Hiperatividade.
Primeiro acharam que havia ligação com as vítimas da epidemia de encefalite
ocorrida entre os anos de 1917/18 (Eugene Kaln e Louis Cohen publicaram tal estudo
num jornal inglês por volta de 1934).
Já por volta de 1937, Maurice Laufer tentou associar problemas da
“Síndrome Hipercinética” com o Tálamo, estrutura cerebral responsável pela
filtragem de sinais somáticos provenientes do resto do corpo. Apesar de nada ter
12sido provado, diz-se ser o começo da união da Hiperatividade a alguma estrutura
cerebral.
Chegando aos anos 60, as observações clínicas comentadas por
Bastos (op. cit.) passaram a ser mais apuradas, ficando cada vez mais evidente que a
síndrome tinha alguma origem biológica ou mesmo genética.
No final desta mesma década, por não se encontrar respostas
biológicas concretas, surgiu uma tentativa de dizer que a hiperatividade apresentada
por uma criança era puro sinal de falta de controle por parte dos pais. Seriam estas
crianças extremamente mimadas e mal comportadas.
A hipótese de que a hiperatividade poderia estar ligada a problemas
com certos neurotransmissores como a Dipamina e a Norepinefrina. Nada foi
provado, mas ficou a idéia de que seja um desequilíbrio químico no cérebro.
Na década de 80 começou-se na verdade, a chegar aos conceitos
aceitos até os dias atuais. Pois a partir daí, as pesquisas encontraram evidências de
uma deficiência de circulação sangüínea, nos lobos frontais e no hemisfério esquerdo
de pessoas portadoras de hiperatividade e dificuldade de concentração.
Bastos (op. cit.), diz que essas pesquisas foram verdadeiramente
confirmadas na década de 90 por Zametkin, graças ao desenvolvimento de novas
tecnologias com o PET (Tomografia por Emissão de Positrons), que mostrava o
funcionamento do cérebro in vitro. Através desse exame foi possível notar que
pessoas portadoras de hiperatividade tinham como consumo de energia cerca de 8%
menor do que o normal e, que as áreas mais afetadas eram os lobos pré-frontais e
pré-motores, que são responsáveis pela regulação e controle do comportamento, dos
impulsos e límbico.
1.3- Epidemiologia
• Maior incidência em meninos que em meninas (3:1 a 5:1).
13• Pais de crianças com TDAH apresentam uma incidência
aumentada de hipercinesia, sociopatia, dependência de
álcool e transtorno conversivo.
• O início geralmente se dá aos três anos, mas o diagnóstico
em geral somente é feito quando a criança entra na escola e
começa o Ensino Fundamental (período em que a
aprendizagem normal exige períodos de atenção e
concentração).
1.4- Etiologia
As causas do TDAH são desconhecidas.
FATORES GENÈTICOS: Maior concordância em gêmeos
monozigóticos do que em gêmeos disigóticos. Irmãos de crianças hiperativas têm
cerca do dobro do risco pra terem o transtorno que a população em geral.
LESÂO CEREBRAL: A maioria das crianças com TDAH não
mostra evidência de amplas lesões estruturais ou doença do SNC. Por outro lado, a
maioria das crianças com distúrbios neurológicos conhecidos causados por lesões
cerebrais não exibe déficits de atenção ou hiperatividade. Sugere-se que algumas das
crianças com TDAH podem ter sofrido uma lesão cerebral mínima ou sutil no SNC
durante os períodos fetal e perinatal (insultos circulatórios, tóxicos, metabólicos,
mecânicos e outros; estresse e insultos físicos ao no cérebro durante a primeira
infância, causados por infecção, inflamação e traumatismos). Estudos usando
tomografia por emissão de pósitrons descobriram uma redução do fluxo sangüíneo
cerebral e das taxas metabólicas nas áreas dos lobos frontais em crianças com
TDAH.
FATORES NEUROQUÍMICOS: possível disfunção dos sistemas
adrenérgeos e dopaminérgicos (mas muitos neurotransmissores podem estar
envolvidos).
14FATORES NEUROFISIOLÓGICOS: Algumas crianças com atraso
maturatino nos períodos de crescimento do cérebro podem apresentar um quadro
clínico temporário de TDAH.
FATORES PSICOSSOCIAIS: Privação emocional prolongada (por
exemplo, em crianças institucionalizadas), eventos psíquicos estressantes ( por
exemplo perturbação no equilíbrio familiar), fatores predisponentes (temperamento,
fatores genéticos, familiares, exigências da sociedade).
O conhecimento científico sobre as causas do transtorno de Déficit
de Atenção/Hiperatividade e suas influências sobre o funcionamento do cérebro e o
comportamento humano tem aumentado muito nas últimas décadas. Ainda assim é
inicial o conhecimento, existem muito mais hipóteses do que certeza sobre o assunto.
1.5- Características Clínicas
As características mais freqüentes citadas são em ordem de
freqüência: 1)hiperatividade, 2)comprometimento perceptor – motor, 3) instabilidade
emocional, 4)déficit geral de coordenação, 5) distúrbio de atenção, 6) impulsividade,
7) transtorno da memória e do pensamento, 8) deficiências específicas do
aprendizado, 9) sinais de irregularidades neurológicas duvidosas ao
eletroencefalograma.
Para se fazer o diagnóstico, seis (ou mais) dos seguintes sintomas,
de desatenção ou hiperatividade devem persistir por pelo menos 6 meses em grau
mal- adaptativo e inconsciente com o nível de desenvolvimento.
DESATENÇÃO: Deixa de prestar atenção a detalhes ou comete
erros descuidados em atividades escolares, de trabalhos ou outras; tem dificuldades
para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; não segue instruções e não
termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais; parece
não escutar quando lhe dirige a palavra; tem dificuldade para organizar tarefas e
atividades; evita antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante; perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; facilmente
15distraído por estímulos alheios à tarefa; apresenta esquecimento em atividades
diárias.
HIPERATIVIDADE: Remexe as mãos ou os pés e se remexe na
cadeira; abandona a sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentada; corre ou escala em demasia, em situações em que isso
é inadequado; tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em
atividades de lazer; está freqüentemente à mil ou age como se estivesse à todo vapor;
fala em demasia.
IMPULSIVIDADE: dá respostas apressadas antes de as perguntas
terem sido completadas; tem dificuldade para aguardar sua vez; interrompe ou se
mete em assuntos de outros.
Os distúrbios podem ter início na primeira infância (crianças
excessivamente sensíveis a estímulos e facilmente perturbadas por ruídos, luz,
temperatura, etc., ou às vezes o inverso: crianças dóceis, sem energia, dormem a
maior parte do tempo, e parecem desenvolver -se muito lentamente nos primeiros
meses.
Dificuldades na escola, tanto de aprendizagem quanto
comportamentais, são comuns devido à distrabilidade e atenção flutuante das
crianças, que dificultam a aquisição, retenção e demonstração dos conhecimentos.
As reações adversas dos professores, a redução da auto-estima e comentários
adversos de outros grupos podem transformar a escola num lugar de infelicidade e
frustração. Isso pode levar a uma atuação anti-social e a comportamentos
autodestrutivos e autopunitivos.
Diagnóstico diferencial:
• Ansiedade (que pode acompanhar o TDAH como um
aspecto secundário);
16• Distúrbio depressivo primário (muitas crianças com TDAH
têm depressão secundária à frustração por seu fracasso de
aprendizado e baixa auto-estima subseqüente);
• Transtornos de conduta (geralmente coexiste com TDAH);
• Transtorno de aprendizado de várias espécies;
• Comprometimento sensorial particularmente da audição;
• Epilepsia tipo pequeno mal;
• Medicamentos (antipsicóticos, anticonvulsivantes, que
podem causar atividade excessiva e problemas de atenção);
1.6- Curso e Prognóstico.
O curso do TDAH é altamente variável. Os sintomas podem
permanecer na adolescência ou na vida adulta, podem apresentar remissão na
puberdade, ou a hiperatividade pode desaparecer, com persistência de um reduzido
alcance da atenção e problema de controle dos impulsos.
A Hiperatividade geralmente é o primeiro sintoma a apresentar
remissão. A remissão se ocorre, se dá geralmente entre 12 e 20 anos.
As crianças com TDAH cujos sintomas persistem até a adolescência
estão em alto rico para o desenvolvimento de transtorno de conduta e transtorno de
personalidade anti-social na idade adulta.
1.7- Tratamento Médico Medicamentoso.
O tratamento de crianças com TDAH exige um esforço coordenado
entre profissionais das áreas médicas, saúde mental e pedagógica, em conjunto com
os pais, porém não existe a “cura” para o transtorno, no sentido de normalizar
totalmente o comportamento da criança.
17Uma intervenção multidisciplinar pode envolver, treinamento aos
pais quanto à verdadeira natureza do TDAH e quando necessário aconselhamento
individual e familiar para evitar o aumento de conflitos na família.
A maioria das crianças com TDAH pode permanecer na classe
normal, com pequenos arranjos na arrumação da sala. Utilização de um auxiliar e/
ou programas especiais a serem utilizados fora da sala de aula. O uso de
medicamentos, também pode ser necessário, porém deve ser sempre um, coadjuvante
e utilizado com parcimônia.
FARMACOTERAPIA: Estimulantes do SNC (metilfenidato,
dextroanfetamina, pomalina); antidepressivos (imipramina, desipramina,
nortriptilina), clonidina.
As drogas estimulantes devem ser usadas apenas como parte de um
plano, terapêutico contínuo e terapia psicossocial envolvendo crianças, os pais e a
escola.
PSICOTERAPIA: Psicoterapia individual, modificação do
comportamento, aconselhamento parental, tratamento de qualquer distúrbio
específico do desenvolvimento, auxílio para estruturarem seu ambiente.
As crianças com TDAH não se beneficiam por serem dispensadas
das exigências, expectativas e planejamento aplicáveis às demais crianças. As
psicoterapias entram em cena para ajudar a criança a se autovalorizar e encontrar
alternativas para se adaptarem socialmente. Todas as linhas de tratamento
dinâmicas, que não se restrinjam ao verbal, são mais indicadas.
Os efeitos colaterais mais comuns são a diminuição do apetite e de
sono, sendo necessário a monotorização do peso, insônia, habilidade emocional,
ritmo do crescimento e precipitação de tiques.
Os medicamentos mais utilizados para o controle dos sintomas do
TDAH são psicoestimulantes; 70%a 80% das crianças e dos adultos com TDAH
18apresentam uma resposta positiva, Esse tipo de medicamento é considerado
‘perfomance enhancer”. Portanto, eles podem, até certo ponto, estimular a
performance de todas as pessoas. Mas, em razão do problema específico que
apresentam, crianças com TDAH apresentam uma melhora dramática, com redução
do comportamento impulsivo e hiperativo e aumento da capacidade de atenção.
O controle do comportamento é uma intervenção importante para
crianças com TDAH. O uso eficiente do reforço positivo combinado com punições
num modelo denominado “custo de resposta” tem sido uma maneira particularmente
bem sucedida de lidar com crianças portadoras do transtorno. As crianças com
problemas mais sérios exigem salas de aulas especiais.
Os adultos com TDAH apresentam respostas aos estimulantes e
outros medicamentos semelhantes às das crianças. Eles também podem se beneficiar
aprendendo a estruturar seu meio ambiente, desenvolvendo hábitos relacionados a
distúrbios como o TDAH. Portanto, os tratamentos são aplicados para permitir alívio
dos sintomas, enquanto se trabalha no sentido de assistir a pessoa a construir uma
vida bem sucedida. Pois, muitos casos de TDAH requerem um tratamento
medicamentoso por se tratarem de um transtorno neurobiológico.
Recentes trabalhos retratam um déficit funcional do lobo frontal,
mais precisamente do córtex pré-frontal. Diversos estudos, servindo-se de técnicas
especiais de neuro-imagem, têm evidenciado um comprometimento do lobo frontal e
de suas estruturas subcorticais.
Considera-se que os lobos frontais tenham uma função executiva
respondendo às capacidades de iniciar, manter, inibir e desviar a atenção. Também é
atribuída aos mesmos, a missão de administrar as informações recebidas, integrar a
experiência atual com a experiência passada, monitorar o comportamento presente,
inibir respostas inadequadas e organizar e planejar a obtenção de metas futuras.
Sob este ponto de vista, Durral (1999) aponta para a dificuldade da
auto-regulação, relatando que o indivíduo que apresenta tal deficiência possui uma
vida caótica e desorganizada sem direção para um futuro mais interessante,
19necessitando de regras internas, diretrizes e incentivos, além de muitas vezes de um
tratamento medicamentoso.
O tempo de tratamento é uma questão individual, que será norteada
pelas características particulares e pela resposta do paciente ao tratamento.
Quando é feito o diagnóstico do TDAH e apresentar a desatenção,
hiperatividade e impulsividade tanto no ambiente escolar ou no convívio em geral
com outras pessoas, o tratamento com medicamento deve ser feito. Não há
necessidade de tentar qualquer outra coisa antes do medicamento. Dentre os mais
utilizados para o controle dos sintomas do TDAH, estão os psicoestimulantes, como
o Metilfenidato (um estimulante comercializado com o nome de Ritalina),
administrado preferencialmente na parte da manhã para não interferir no sono. Este
medicamento diminui ou mesmo elimina os principais sintomas. É a principal
medicação utilizada, não sendo considerada perigosa, mesmo sendo um derivado
anfetamínico. Seu uso deve ser avaliado por um médico. O uso deste medicamento
faz com que haja logo uma ação efetiva na hiperatividade, na capacidade de
concentração e nos graus de atenção.
O Metilfenidato age no aumento da quantidade de dopamina e
noradrenalina que se encontra diminuída em regiões do sistema nervoso central.
Uma deficiência justamente na área envolvida no transtorno, que provoca os
sintomas já descritos.
Além deste medicamento existem outras opções: o tratamento com
antidepressivo tricídicos, como imipramina (Tofranil) ou amitripfilina
(Tryptanol),que podem ser utilizados mesmo quando não existem sintomas de
depressão e que devido ao seu baixo custo, tem sido usado como uma segunda
escolha, mas deve-se ter cuidado com pacientes cardíacos. Tem-se também a
Clonidina que é um medicamento normalmente utilizado no tratamento da
hipertensão arterial, que age mais na hiperatividade do que na desatenção. Estes
medicamentos já demonstraram eficácia no controle dos sintomas do TDAH, mas
não são considerados como primeira opção.
20Todos os medicamentos não curam o TDAH, mas ajudam a
normalizar e se forem interrompidos, os sintomas podem reaparecer. O tratamento
de uma criança ou adolescente, deverá persistir enquanto os sintomas forem
evidentes, o que pode fazer com que o medicamento necessite ser tomado na vida
adulta.
1.7.1- Medicações Utilizadas no Tratamento do TDAH.
.
NOME QUÍMICO NOME COMERCIAL
DOSAGEM DURAÇÃO DO EFEITO
Metilfenidato
(ação curta)
Ritalina
Metadate
Methylin
5 a 20mg
de 2 a 3 vezes ao dia
3 a 5 horas
Metilfenidato
(ação intermediária)
Ritalin SR
Metadate ER
Methylin ER
20 a 40mg
1 vez ao dia ou
40mg de manhã e
20mg à tarde
3 a 8 horas
Metilfenidato
(ação prolongada)
Ritalina LSA
Concerta
Metadate
18 a 72mg
1 vez ao dia
8 a 12 horas
Desmetifenidato Focalin 2,5 a 10mg 3 a 5 horas
( Metilfenidato
modificado de ação curta)
2 vezes ao dia
Anfetamina
(ação curta)
Dexedrine
Dextrostat
5 a 15mg
2 vezes ao dia ou
4 a 6 horas
21
5 a 10mg
3 vezes ao dia
Anfetamina
(ação intermediária)
Adderall
Dexedrine
Spansule
5 a 30mg
1 vez ao dia ou
5 a 15mg
2 vezes ao dia
6 a 8 horas
Anfetamina
(ação prolongada)
Aderall XR 10 a 30mg
1 vez ao dia
Cerca de 12 horas
Imipramina
(antidepressivo)
Tofranil 2,5 a 5mg por kg de peso dividido em 2 doses
Nortriptilina Pamelor 1 a 2,5mg por kg de peso dividido em 2 doses
Desipramina
(antidepressivo)
Norpramin 2,5 a 5mg por kg de peso dividido em 2 doses
Buproplona Wellbutrin
Wellbutrin Sr
50 a 100mg 1 a 3 vezes ao dia (Wellbutrin) ou
100 a 150mg 2 vezes ao dia (Wellbutrin SR)
Clonidina
(medicamento anti-hipertensivo)
Atensina 0,01mg ao deitar ou 2 vezes ao dia
12 a 24 horas
Disponível no site:: www.tdah.org.br
22Obs.: Apenas a Ritalina e o Wellbutrin SR (também comercializado
com o nome de Zybam, para o tratamento do tabagismo) estão à venda no Brasil,
mas somente a Ritalina foi aprovada pela Vigilância Sanitária do Ministério da
Saúde para o tratamento de TDAH. Qualquer médico pode prescrever um
medicamento para TDAH que seja recomendado na literatura médica especializada
mesmo que a bula do fabricante (autorizada pela Vigilância Sanitária) não tenha
como indicação tratamento do TDAH. A Imipramina é comercializada no Brasil e
também existe na forma genérica. A sua eficiência è inferior à da Ritalina e demais
estimulantes. Ela pode exigir um exame de eletrocardiograma antes de ser
administrada. A clonidina é um anti-hipertensivo (para tratar hipertensão arterial)
que pode ajudar no controle da hiperatividade, mas não ajuda na desatenção. Ela
também pode ser usada para contornar a insônia que algumas pessoas têm com os
estimulantes (Ritalina e outros).
1.7.2- Medicamentos que não são usados no Tratamento de TDAH.
Sulpiride Equilid
Dogmatil
Podem ser usados para tratar problemas comportamentais associados, mas não tratam os sintomas de TDAH.
Haloperidol Haldol Idem
Tioridazina
Propericiazina
Clorpromazina
Melferil
Neuleptil
Amplictif
Idem
Risperidona Risperdal Idem
Carbamazepina Tegretol Raramente ou nunca está indicado, apenas nos casos de graves problemas associados. Não trata os sintomas do TDAH.
Clordiazepóxido Librium Não está indicado, exceto em casos de problemas i i d bl i d Nã t t
23
Clorazepato
Diazepam
Bromazepam
Cloxazolam
Lorazepam
Tranxilene
Valium
Lexotam
Olcadil
Lorax
especiais de problemas associados. Não trata os sintomas do TDAH.
Clonazepam Rivotril Não está indicado, exceto em casos de problemas especiais de problemas associados. Não trata os sintomas do TDAH.
Disponível no site: www.tdah.org.br
1.8-Considerações Gerais.
Silvares (2000, p.108), diz ainda que este transtorno envolve a
apresentação de níveis acima da média de desatenção, impulsividade e
hiperatividade. É um transtorno de início precoce, ou seja, os sintomas geralmente
se apresentam antes dos sete anos, e são notáveis na maioria dos ambientes como lar,
escola e comunidade. O TDAH, afeta aproximadamente 3% a 5% das crianças na
faixa da pré-escola e tende a ser crônica, sendo que 50% ou mais das crianças com
TDAH continuarão apresentar sintomatologia significativa na adolescência e idade
adulta. Além disso, as crianças com esse transtorno têm um risco acima da média de
apresentarem problemas educacionais, comportamentais e sócio-emocionais.
Muito se tem discutido a respeito da causa do TDAH. Estudiosos
concordam que não há uma causa única, e sim uma combinação de fatores, e dentre
eles, a genética aparece como fator básico na determinação do aparecimento dos
sintomas.
As crianças com TDAH possuem características que as diferenciam
de outras. Na escola a criança comumente se torna um estorvo a mais numa classe já
tumultuada, e provavelmente, não só deixará de receber atenção adequada, como
também será marginalizada pelos colegas, educadores e pais dos seus colegas. Com
24a progressão do quadro, não é raro que a criança seja convidada a se retirar da escola
e que, ao ingressar em outra o ciclo se repita. Neste momento, nota-se que a
formação dos educadores brasileiros pode ser deficitária e, em função disso, a
maioria deles possivelmente, não está preparada para diagnosticar e /ou encaminhar
adequadamente a criança com TDAH.
Freqüentemente, estas dificuldades acabam levando a pessoa a
assumir uma atitude negativa perante o estudo e a escola, devido às dificuldades que
encontra. A falta de compreensão do círculo social do indivíduo com
hiperatividade leva a uma condição onde a pessoa passa a ser julgada como incapaz.
O que se piora mais ainda a situação abrindo caminho para comportamentos
patológicos e anti-sociais.
A excessiva patologização e medicalização de crianças que
apresentam um comportamento dita “hiperativo” tem motivado alguns pesquisadores
a reavaliarem os conceitos e, principalmente, os critérios diagnósticos da
hiperatividade.
Existem ainda muitas questões incorretas ou apenas parcialmente
esclarecidas no que diz respeito à Hiperatividade Infantil, principalmente a de se
estabelecer precisamente o que deve e não ser considerado patológico no que se
refere ao comportamento hiperativo, considerando o contexto psicossocial em que o
indivíduo está inserido.
Outra situação deveria ainda ser considerada: um levantamento
epidemiológico feito nos EUA com mais de dez mil crianças mostrou que, se
dependesse apenas dos pais e professores, 30% das crianças americanas seriam
consideradas e tratadas como hiperativas.
Deve ficar claro para as pessoas, que o simples fato de
identificar um comportamento hiperativo em uma criança não é suficiente para se
diagnosticar o TDAH e, muito menos, para se recomendar um tratamento com
medicamentos.
Segundo Irwin (1999), sobre as questões ligadas ao
comportamento diz que:
25As intervenções comportamentais sobre a criança estão basicamente divididas em duas abordagens: as baseadas na cognição (auto-instrução e resolução de problemas sociais) e as baseadas na contingência (automonitoramento), auto-avaliação, auto-reforço e treinamento por correspondência.(IRWIN,1999,p.256).
Essa falta de precisão relativa a problemática da hiperatividade
justifica a necessidade de estudar e publicações que proponham critérios mais
adequados para a classificação do comportamento hiperativo, visando otimizar a
prática clínica dos profissionais que atuam com crianças em idade escolar, para que
forneçam orientação adequada aos pais e professores.
Quando um professor detectar que um aluno não consegue
assimilar determinado conteúdo é importante que desenvolva estratégias variadas,
colocando o assunto de diferentes maneiras, até que seja possível a superação da
dificuldade. O que fica para trás, torna-se cumulativo, transformando-se num
obstáculo à aprendizagem posterior.
O professor deve considerar que a aprendizagem se realiza
ligada à parte afetiva da criança. Não se pode separar aprendizagem de afeto. É
importante que o professor conheça cada um de seus alunos e esteja atento às
dificuldades de cada um, para que essas não se transformem em problemas.
Para evitar o surgimento de dificuldades, deve-se tomar muito
cuidado em respeitar o nível cognitivo da criança. Esta, entre 7 e 11-12 anos de
idade está numa fase de intensa atividade intelectual, mas necessita para sua
aprendizagem, ter sempre presente, situações concretas. Ela não consegue
compreender assuntos abstratos. Isto significa que não se pode transmitir conteúdos
à criança simplesmente. Ela precisa operar sobre eles. Observa-se a realidade da
criança que estuda para uma avaliação, que até se sai bem, mas na semana seguinte,
nada mais sabe. Ora, isso é tempo perdido. É preferível trabalhar com menos
conteúdo, mas permitir que a criança opere sobre ele, produzindo uma aprendizagem
duradoura. A criança ainda não tem a mesma compreensão da linguagem que tem o
adulto. Se os conteúdos lhe são transmitidos verbalmente, sem a atividade anterior
sobre eles, a criança prende-se a linguagem, repete-a como um papagaio, mas não
consegue compreender realmente do que se trata. Ela precisa primeiro compreender,
depois transformar em palavras. Para isso é imprescindível que se adote uma
26metodologia de interação, tanto do professor com os alunos, como estes entre si, isto
é, muita oportunidade de questionamento e trabalho em grupo.
A repetição neste caso é uma boa estratégia, por isso o professor
deve usar de muita criatividade na abordagem de diferentes facetas de um mesmo
ponto a ser estudado.
27
CAPÍTULO II
A APRENDIZAGEM DO HIPERATIVO
A escolha da escola para as crianças portadoras de TDAH é uma
tarefa árdua e que deve ser muito bem pensada. É fundamental que a escola tenha
uma equipe de professores e orientadores educacionais que estejam familiarizados
com conceitos básicos sobre o transtorno, ou que pelo menos tenham o interesse em
discuti-lo. É importante que a escola tenha disponibilidade para receber um aluno
que poderá apresentar dificuldades de aprendizagem e/ ou de comportamento e para
desenvolver um trabalho em equipe com os pais e com os profissionais da área de
saúde mental que irá trabalhar com a criança e a família. Assim como, valorizar o
desenvolvimento global da criança e que a avaliem individualmente, levando mais
em conta seus progressos ao longo do tempo do que a comparação rígida com a
média dos colegas, pois uma escola voltada de modo exclusivo para o resultado em
termos de conteúdos pode não ser um ambiente adequado para essas crianças e
adolescente.
2.1- Desenvolvimento do Conhecimento.
O desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo,
ligado ao processo global da embriogênese. Esta trata do desenvolvimento do corpo,
além também, do desenvolvimento do sistema nervoso e das funções mentais.
Em relação ao desenvolvimento do conhecimento nas crianças, a
embriogênese só termina na vida adulta, pois é um processo de desenvolvimento
total que deve se re-situar no contexto geral biológico e psicológico. Em outras
palavras, o desenvolvimento é um processo que se relaciona com a totalidade de
estruturas do conhecimento.
A aprendizagem apresenta o caso oposto. Em geral, a aprendizagem
é provocada por situações onde há um experimentador psicológico, seja um
professor, com referência a algum ponto didático, ou por uma situação externa. Ela é
provocada, em geral, como oposta ao que é espontâneo. Além disso, é um processo
limitado a um problema simples ou uma estrutura simples.
28Assim, o desenvolvimento explica a aprendizagem, esta teoria é
contrária a opinião amplamente sustentada de que o desenvolvimento é uma soma de
unidades de experiências de aprendizagem.
Para alguns psicólogos, o desenvolvimento é reduzido a uma série
de itens específicos. Na realidade, o desenvolvimento é o processo essencial e cada
elemento da aprendizagem ocorre como uma função do desenvolvimento total, em
lugar de ser um elemento que explica o desenvolvimento.
Para compreender o desenvolvimento do conhecimento, devemos
começar com uma idéia central: a idéia de uma operação. O conhecimento não é
uma cópia da realidade. Para conhecer um objeto, para conhecer um acontecimento,
não é simplesmente olhar e fazer uma cópia mental ou imagem do mesmo. Para
conhecer um objeto é necessário agir sobre ele.
Conhecer e modificar, transformar o objeto, e compreender o
processo dessa transformação e, conseqüentemente, compreender o modo como o
objeto é construído. Uma operação é assim, a essência do conhecimento. Por
exemplo, uma operação consistiria na reunião de objetos em uma classe, para
construir uma classificação; ou uma operação consistiria na ordenação ou colocação
de coisas em uma série; ou uma operação consistiria em contagem ou mensuração.
Em outras palavras, é um grupo de ações modificando o objeto, e possibilitando ao
sujeito do conhecimento alcançar as estruturas da transformação.
Guardiola (2001, p.191) diz que:
Os fatores de risco para o baixo desempenho escolar são ligados a problemas perinatais, a determinadas doenças ao longo do primeiro ano de vida, a fatores nutricionais e à dinâmica familiar. Por esse motivo, crianças nascidas de baixo peso, cuja mãe apresentou intercorrências gestacionais, no qual houve problemas no período neonatal, meningite nos primeiros anos de vida, desnutrição ou deficiência de ferro, ou história de maus tratos, deve ter um acompanhamento de puericultura com maior preocupação em relação ao seu desenvolvimento psicomotor até a idade escolar.
2.2- Deficiência da Aprendizagem.
29Para a maioria dos jovens, aprender pode ser um desafio. Mas isso,
em geral, não indica deficiência de aprendizagem. Indica apenas que toda criança
tem seus pontos fortes e seus pontos fracos em relação a aprendizagem. Algumas
têm grande capacidade de ouvir; assimilam muitas informações simplesmente
ouvindo. Outras têm mais facilidade com a visão: aprendem melhor lendo. Na
escola, porém, todos os alunos são misturados numa sala de aula e, espera-se que
todos aprendam independentemente do método de ensino utilizado. Assim, é
inevitável que alguns tenham problemas de aprendizagem.
Há, porém, algumas autoridades no assunto que acham que existe
uma diferença entre simples problema de aprendizagem e deficiências de
aprendizagem. A explicação é que os problemas de aprendizagem podem ser
vencidos com paciência e dedicação. Mas a deficiência de aprendizagem é tida
como algo mais profundo.
Ainda assim, uma deficiência de aprendizagem não significa
necessariamente que a criança seja deficiente mental.
Muitas crianças com deficiência de aprendizagem têm inteligência
média ou acima da média, algumas de fato, são extremamente brilhantes. É esse
paradoxo que muitas vezes alerta os médicos da possível presença de uma
deficiência de aprendizagem.
O problema não é simplesmente que a criança tem dificuldade em
acompanhar seus colegas. O que acontece é que o seu desempenho não é compatível
com o seu próprio potencial.
Segundo o Comitê Nacional de Dificuldades de
Aprendizagem(Goldstein e Goldstein, 1994):
“Dificuldade de Aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldade na aquisição e no uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao sujeito, presumidamente, devido a uma disfunção no sistema nervoso central, podendo ocorrer apenas por um período de vida”. “Se pensamos no problema de aprendizagem como só derivado do organismo ou só da inteligência, para que sua cura, não haverá necessidade de recorrer à família. Se ao contrário, as patologias no aprender surgissem na criança somente a partir da sua função
30equilibradora do sistema familiar, não necessitaríamos para seu diagnóstico a cura recorrer ao sujeito separadamente da sua família(...)”.
Os efeitos emocionais da deficiência de aprendizagem, muitas vezes
agravam o problema. Se o seu rendimento escolar for fraco, as crianças com
deficiência de aprendizagem talvez sejam vistas como fracasso pelos professores ou
colegas, talvez até mesmo pela própria família. Infelizmente, muitas dessas crianças
desenvolvem uma auto-estima negativa que pode persistir quando crescer. Isso
preocupa, pois as deficiências de aprendizagem geralmente não desaparecem.
Por vezes, as mesmas deficiências que interferem na leitura, na
escrita e na aritmética interferem na prática de desporto e em outras atividades, na
vida familiar e no relacionamento com os amigos. É essencial, portanto, que as
crianças com deficiência de aprendizagem recebam apoio dos pais.
Para darem este apoio, os pais precisam primeiro, examinarem os
seus próprios sentimentos. Alguns sentem culpa, como se de algum modo fossem
culpados pela condição da criança. Outros entram em pânico, sentindo-se esmagados
pelos desafios à frente. Ambas as reações são inúteis. Elas imobilizam os pais e
privam a criança da necessária ajuda.
Os especialistas frisam que se deve elogiar a criança por qualquer
bom desempenho, por mais insignificante que seja. Mas, ao mesmo tempo, não
devemos negligenciar a disciplina e o método. As crianças precisam de uma
estrutura sólida, em especial, as que têm deficiências de aprendizagem.
Há crianças que manifestam uma deficiência de aprendizagem
temporária porque o seu desenvolvimento em alguma área sofre atrasos. Com o
tempo, essas crianças superam os sintomas.
2.2.1- Dificuldade Global.
É uma situação mais preocupante. Pode ser grave e envolver
aspectos sociais, culturais e econômicos. Por exemplo:
• Escola.
31A criança é transferida de uma escola menos exigente para uma
outra mais exigente. A criança pode ter saído muito bem na
primeira e apresentar uma inadaptação global na segunda.
Didática deficiente ou inadequada que não permite a criança
constituir o seu conhecimento por falta de estimulação do
professor, provocada por baixo salário, formação insuficiente,
falta de reciclagem, etc.
• Família.
Família desorganizada, excesso de atividades extra–
escolares como: informática, desportos, excesso de televisão,
vídeo game, ausência de rotina de estudo. Crianças muito
dependentes ou com problemas emocionais (pais alcoólatras,
exigentes) não conseguem assimilar os novos conteúdos.
• Culturais.
Crianças que mudam de país e precisam se adaptar a outra
língua e cultura.
• Medicamentos.
Uso de medicamentos cujos efeitos colaterais interferem na
aprendizagem. Medicamentos antiepléticas, antiasmáticas,
antialérgicas, causam sonolência, irritabilidade ou
hiperatividade, causando falta de atenção nas crianças.
Drogas como a cocaína e o álcool também interferem na
aprendizagem, principalmente nos adolescentes.
Quando a situação já está instalada, torna-se um pouco mais difícil a
sua superação na sala de aula, mas não é impossível. Se a interferência for de origem
emocional, como super proteção, conflitos familiares, etc, deve-se fazer o possível
32para conseguir um auxílio profissional que possa desbloquear a área conflituosa,
possibilitando a abertura para a aprendizagem.
A construção do conhecimento é semelhante a uma escada. A
criança fica impossibilitada de pisar no degrau superior se antes não pisou nos
anteriores. As suas pernas não o alcançarão, apesar de todos os esforços realizados.
Portanto precisa que lhes seja fornecida ajuda pra que suba de degrau a degrau, até
atingir o esperado.
Tanto nas dificuldades transitórias, como na global, não há nada de
orgânico. A estrutura cognitiva está intacta, o nível intelectual é normal, mas mesmo
assim, provoca insucessos. O trabalho de orientação e atendimento desta dificuldade
é muito gratificante com bons resultados na maioria das vezes.
2.3- Fatores a Serem Observados no Diagnóstico.
Podemos perceber que há uma série de fatores que podem
desencadear o aparecimento dos problemas de aprendizagem que devem ser levados
em conta no diagnóstico de tais problemas:
• Fatores Orgânicos.
Para uma adequada formação do processo de aprendizagem
deve-se observar a integridade anatômica e o funcionamento dos órgãos
comprometidos com a manipulação de entorno, bem como os dispositivos que
possibilitam uma coordenação do sistema nervoso central.
A investigação neurológica é necessária para conhecer a
adequação do instrumento às demandas da aprendizagem. Também o funcionamento
glandular deve ser observado, vista que muitas vezes, estados de hipoamnésia, falta
de concentração, sonolência, lacunas, costumam se explicar pela presença de
deficiências glandulares. Devemos observar dados sobre a alimentação, condições
de abrigo e conforto para o sono, para o aproveitamento maior das experiências.
Tais perturbações podem ter como conseqüência problemas cognitivos mais ou
menos graves, que não configuram por si só problemas de aprendizagem.
33• Fatores Específicos.
Há alguns fatores na área perceptivo motora que geram suspeitas
de origem orgânica, embora não haja nada certificado a esse respeito. Esses fatores
aparecem principalmente no nível de aprendizagem da linguagem, sua articulação e
sua lecto – escrita, e se manifestam numa série de perturbações que impossibilitam a
construção de imagens claras de fonemas, sílabas e palavras. As desordens
específicas na aprendizagem encontram-se ligadas a uma indeterminação da
lateralidade do sujeito.
As dificuldades de ler e escrever podem ser diagnosticados
multifatorialmente, e sua especificidade residem na dificuldade de acomodação, que
determina insuficiência na formação de imagens. Nestes casos, o tratamento
psicopedagógico alcança um rápido êxito quando o diagnóstico é correto e a
estimulação apropriada.
• Fatores Psicógenos.
Para Freud há dois tipos de sintomas para a dificuldade de
aprender: um constitui um sintoma, supondo a prévia repressão de um acontecimento
que a operação de aprender, de alguma maneira significa, que o outro se trata de uma
retração intelectual do ego. Há casos também em que fatores de uma retração
neurótica à interdição da satisfação podem gerar problemas de aprendizagem.
Para Freud, esses problemas não podem ser considerados como
erros, visto que são perturbações produzidas durante a aquisição e não mecanismos
de conservação e disponibilidade, embora estes aspectos mereçam consideração.
O fator psicógeno do problema de aprendizagem se confunde
então com sua significação, entretanto é importante destacar que não é possível
assumi-lo sem levar em consideração as disposições orgânicas e ambientais do
sujeito. Desta forma, o não aprender se constitui como inibição ou como sintoma
sempre que se dá em outras condições que facilitem este caminho. No caso das
dificuldades na ortografia, por exemplo, aparece no sujeito uma impossibilidade de
aplicar regras ortográficas ou de assumir um arbitrário na necessidade de escolher
34um dos valores equivalentes (s/z/x/h) com relação ao som, isso ocorre em crianças
com problemas de adequação perceptivo-motriz.
• Fatores Ambientais.
Embora o fator ambiental incida mais sobre os problemas
escolares do que sobre os problemas de aprendizagem propriamente ditos, essa
variável pesa muita sobre a possibilidade do sujeito compensar ou descompensar o
quadro.
Interessa neste aspecto as características de moradia, bairro,
escola, a disponibilidade de ter acesso aos lugares de lazer e esportes, bem como aos
diversos canais de cultura, isto é, os jornais, rádio, televisão, etc, e finalmente, a
abertura profissional ou vocacional que o meio oferece a cada sujeito.
2.4- Diagnóstico em Problemas de Aprendizagem.
As teorias de aprendizagem possuem fundamentação psicológica e
apresentam múltiplas visões sobre a aprendizagem. Algumas ressaltam o processo
de aprendizagem, outras enfocam os seus resultado e outras ainda, se preocupam
com as circunstâncias em que ela ocorre.
As modalidades de atendimento ao cliente com relação ao
psicodiagnóstico também têm sido objeto de modificações na maioria dos cursos
pesquisados, mantêm-se, atualmente dois modelos (Kaplan e Cols, 1997).
a) O psicodiagnóstico “clássico”: realizado através de
entrevista inicial com os pais, anamnese, atendimento
individual à criança, em que o centro da observação está na
aplicação de testes psicológicos, e na sessão lúdica,
culminando, geralmente com o encaminhamento da
criança para a psicoterapia e dos pais para a orientação ou
psicoterapia familiar.
b) O psicodiagnóstico interventivo: segue os passos do
modelo “clássico” e introduz três mudanças:
35• O atendimento grupal aos pais;
• A visita domiciliar;
• E a visita escolar;
Tais mudanças são atribuídas à abordagem fenomenológica-
existencial, que dá sustentação teórica às novas práticas
psicológicas.
No psicodiagnóstico “clássico”, a abordagem é fundamentalmente
psicanalítica em suas diversas versões: lacaniana, freudiana, dentre outras.
Em relação ao atendimento aos pais, a proposta de
“psicodiagnóstico interventivo” traz como novidade o atendimento grupal, com a
participação conjunta de estagiários e professor de estágio. A abordagem é
fenomenológica e possibilita que cada encontro, sejam apresentados aos pais,
aspectos observados no atendimento realizado com a criança e sejam discutidas,
questões a respeito da queixa que levou ao atendimento psicológico. Em muitos
casos, o atendimento se encerra após os encontros psicodiagnósticos que duram em
semestre letivo, não sendo necessária a continuidade do atendimento em
psicoterapia.
Mas embora mudanças importantes estejam sendo implementadas o
atendimento clínico, no caso de atendimento infantil e, especificamente, da queixa
escolar, as mudanças são mais lentas que as observadas na área de Psicologia
Escolar. O modelo de atendimento à queixa escolar, ainda está atrelado a um
psicodiagnóstico, calcado em testes de inteligência projetivos e perceptivos motores.
Se avaliarmos a tabela de aplicação de testes durante os psicodiagnósticos
pesquisados, veremos que em média, em cada criança, foram aplicados três testes
psicológicos. Embora o maior peso recaia sobre os testes projetivos, http – HOUSE,
TREE, PERSON e CAT – Teste de Apercepção Infantil (Bellak e Bellak, 1967),
ambos são instrumentos padronizados, em que cada risco, no caso do primeiro
produzido pela criança vem seguido de uma interpretação psicológica sobre a sua
personalidade ou dinâmica de relações, no caso do segundo teste projetivo, cada
36história contada pela criança é enquadrada numa análise psicanalítica baseada nas
fases de desenvolvimento psicossexual de Freud.
No psicodiagnóstico clínico vê-se a presença de um raciocínio
circular; os professores da área clínica partem da concepção de que a queixa escolar
é uma queixa semelhante a qualquer outra que chega para atendimento. Perguntam
ao cliente a respeito de aspectos de sua vida e de suas relações que também são
perguntados para aqueles que trazem as demais queixas. Tais perguntas têm como
pressuposto que, pelo fato de uma queixa ter chegado ao atendimento clínico, deve
envolver questões emocionais e familiares, incluindo nesse raciocínio, a queixa
escolar. Partindo dessa hipótese, todos os instrumentos que irão pesquisar os
motivos desse encaminhamento, envolve elementos que confirmam as dificuldades
emocionais.
De maneira geral, formação na área de Psicologia Escolar apresenta
duas abordagens: a “Psicopedagógica” e a “Institucional”. Na abordagem
denominada pelos professores de “Psicopedagogia”, o tratamento proposto à queixa
escolar é centrado em duas modalidades:
• Na reeducação da criança, para acompanhar a classe e o
professor, utilizando para tanto, técnicas voltadas à leitura e
à escrita.
• Na formação de pequenos grupos terapêuticos, nos quais são
tratados crianças e pais pelo fato de apresentarem problemas
em relação à questão do aprendizado ou o problema de
aprendizagem ser considerado como sintoma de outras
situações familiares mal resolvidas.
2.5- Alterações Comportamentais e Emocionais.
O TDAH é caracterizado por uma série de sintomas nem sempre
claros e facilmente distinguíveis de outras patologias. “A característica essencial do
TDAH é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais freqüente e
severo do que aquele tipicamente observado em nível equivalente de
37desenvolvimento” (APA, 1994, p.7 ). Este padrão aparece em pelo menos dois
contextos diferentes do cotidiano da criança (exemplo: na escola e em casa) com
evidência clara de interferência no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
Na escola, há um comprometimento no desempenho, dificultando as relações
interpessoais e provocando baixa auto-estima com o passar do tempo.
Segundo Enio Roberto de Andrade (1999), o TDAH é uma
síndrome, um quadro caracterizado basicamente por distração e inquietação na
criança ou adolescente, dificuldade com o controle inibitório manifestada por
impulsividade comportamental e cognitiva. É relativamente freqüente e está presente
em todas as áreas do mundo. Ocorre mais com o sexo masculino, numa proporção
variável de 4:1 a 9:1, dependendo da população e da cultura.
Em indivíduos com TDAH, logo nos primeiros anos de vida, notam-
se alterações no processo de desenvolvimento neurológico e emocional. Algumas
crianças, desde cedo, mostram-se mais irritadiças, choram muito nos primeiros meses
de vida, mexem-se muito durante o sono e acordam várias vezes durante a noite.
Quando começam a andar, os pais passam a perceber que elas são mais agitadas e
necessitam ser constantemente vigiadas, pois vivem “fazendo arte”, quebram com
freqüência seus brinquedos, perdem rapidamente o interesse por brinquedos ou
situações, necessitando sempre de novos estímulos. Outra manifestação que pode
estar associada ao quadro é a inabilidade motora, o que leva essas crianças a serem
rotuladas de desajeitadas ou desastradas.
Muitas das crianças com TDAH, especialmente os meninos,
apresentam certa lentidão no desenvolvimento da fala e uma expressão
fonoarticulatória manifestada por meio de troca, omissões e distorções fonéticas.
Também pode ser associada á alteração no ritmo da fala, especialmente, num ritmo
mais acelerado caracterizando uma taquilalia (fala sem parar). Quando não
diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível, tais alterações poderão mais
tarde, acarretar dificuldade ou mesmo alteração no processo de alfabetização da
criança. Além disso, não é raro que as crianças com TDAH desenvolvam de forma
inadequada, a noção de tempo e espaço. Essas funções, que nas demais crianças são
38desenvolvidas quase naturalmente, naquelas com TDAH, são difíceis de serem
adquiridas levando a um desgaste emocional nelas próprias e em seus familiares
(Andrade, 1999).
Geralmente, mesmo se o comportamento da criança passa
despercebido pelos pais, quando ela entra na escola até os casos mais leves tornam-se
evidentes uma vez que lá, sua atenção é mais exigida e torna-se necessário ficar por
mais tempo parada num mesmo local.
Os problemas na área afetivo-emocional geralmente estão
associados ao insucesso escolar e à dificuldade de relacionamento com outras
crianças. Afinal os portadores de TDAH têm mais dificuldade em aguardar a sua vez
e não resistem à intromissão freqüente em assunto dos outros. Tais hábitos podem
colaborar para que o indivíduo seja, no futuro, um desajustado social e cometa atos
delinqüentes.
Em resumo, os “espertos”, os “hiperativos”, “agitados”,
“diabinhos”, e ”pestinhas”, parecem ter uma fonte quase infinita de energia. São
crianças que parecem estar sempre em movimento, e que não conseguem ficar
paradas mesmo que outras pessoas exerçam uma força enorme nesta direção.
2.6- Sinais de Alerta.
Abaixo se encontra uma listagem com as alterações
comportamentais e emocionais mais freqüentes em criança com TDAH.
• Desatenção.
• Dificuldade em perceber detalhes.
• Dificuldade em manter atenção.
• Dificuldade em aprender tarefas novas.
• Dificuldade em organizar tarefas ou atividades.
• Perde objetos com facilidade.
39• Distrabilidade com estímulos externos.
• Esquecimento de atividades diárias.
• Inquietação.
• Fala excessiva.
• Dificuldade em aguardar sua vez quando é devido.
• Se intromete ou interrompe a atividade mental prolongada.
• Corre ou pula excessivamente em situações inapropriadas.
• Não segue instruções e falha em terminar os deveres da
escola e tarefas rotineiras.
40
CAPÍTULO III
A PSICOPEDAGOGIA FRENTE AO ALUNO
PORTADOR DE TDAH.
Estudiosos apontam que ao lidar com a atenção, está sendo
abordada a via de entrada de informações na vida intelectual da criança.
Psicopedagogicamente falando, sabe-se que o caminho que essa atenção faz nos
primeiros anos de vida é do concreto para o abstrato. A criança vislumbra o concreto
percorrendo o caminho do seu desenvolvimento até chegar ao abstrato. Essa
abstração é tão cobrada e valorizada pelos educadores que por si só é fonte de grande
poder intelectual e de criatividade.
Entendendo melhor o processo de pensamento de uma criança com
TDAH, sabemos que ela ao não dirigir sua atenção somente à um objeto devido a sua
sensibilidade a estímulos externos, traça um emaranhado de associações que se
acercam muito à abstração. Abstração esta que possibilita a criança hiperativa um
potencial intelectual e criativo muito elevado.
O papel Psicopedagógico é de orientar um trabalho conjunto
(escola, família) na busca de estabelecer uma ponte com o meio que a criança vive,
ampliando a rede social, fazendo com isso, que a criança conviva com mais pessoas,
permitindo desta forma um melhor desenvolvimento das suas habilidades no âmbito
escolar e familiar.
3.1- A Função Psicopedagógica.
A Psicopedagogia ocupa-se do aprendiz em seu processo de
aprender e de ensinar, levando em consideração as realidades objetivas e subjetivas
que habitam o entorno da criança e do professor. Considera também o conhecimento
em sua complexidade e numa dinâmica em que os aspectos cognitivos e sociais se
complementam. Sendo assim, não apenas o desempenho escolar, mas todas as
relações de aprendizagem que a criança estabelece.
41Segundo Parolim (2003), a Psicopedagogia tem como objeto de
estudo o ser cognoscente e todo o seu universo relacional, a psicopedagogia se
estrutura como interdisciplinar e tem tomado para si, a tarefa de não fragmentar os
compartimentos estanques, ou ainda, não supervalorizar determinados episódios em
detrimento a outros.
Vale ressaltar que, ao fazer uma avaliação diagnóstica, não é
suficiente conhecer em que nível está “enquadrado”, mas como a criança se
comporta e vem desenvolvendo ao longo de sua vida, qual sintoma apresenta em
família, como a escola entende e acolhe as manifestações, finalmente, se a família e a
escola estão realmente mobilizadas para sair da queixa.
O trabalho psicopedagógico é o de adequar a realidade da criança à
sua aprendizagem, promovendo uma ponte entre a criança e o conhecimento,
permeado pelo prazer de aprender.
3.2- A intervenção psicopedagógica.
Toda abordagem do TDAHJ exige intervenções múltiplas como:
orientação (pais e professores), programa pedagógico e medicação. Um trabalho que
envolva pais e profissionais da área médica, saúde e pedagógica.
O tempo de tratamento é uma questão individual. Na observação
das características particulares e pela resposta ao tratamento.
Vale lembrar como foi escrito no capítulo 1 que os medicamentos
utilizados não curam o TDAH, apenas ajudam a normalizar, sendo que se forem
interrompidos, os sintomas podem reaparecer.
O primeiro passo para apoiar uma criança hiperativa, é a leitura.
Sem um conhecimento, fica muito difícil compreender as intervenções necessárias.
Com um trabalho em conjunto de pais, professores, psicólogos, o dia – a – dia dessas
crianças poderá ser mais fácil.
42Quando o tratamento farmacológico não der resultado, a
psicoterapia é indicada nos casos graves ou de difícil solução.
O trabalho psicopedagógico é extremamente importante. Quando
não há diagnóstico precoce, muitas crianças apresentam lacunas em sua
aprendizagem. Essas lacunas necessitam ser abordadas por meio de um trabalho de
reconstrução das habilidades e conteúdos. Resolvendo seqüelas de aprendizagem e
prevenindo para que não surjam outras.
3.3- Como Falar Com Uma Criança ou Adolescente Sobre TDAH.
Mais cedo ou mais tarde, está é uma situação delicada que os pais
têm que enfrentar. Sugere-se que fale para a criança que ela tem o problema. Isso
não pode fazer com que ela se sinta “diferente”, “doente”, “incapacitada”.
Muito antes de haver um diagnóstico, o comportamento
diferenciado da criança com TDAH já chamou sua atenção para essa diferença. É de
grande importância que ela aprenda a aceitar o fato que tem realmente um problema
– específico, identificável. Guiá-la nesse difícil processo é papel amoroso dos pais.
Alguns especialistas recomendam que se esclareça o portador a
respeito do transtorno, seja ela criança, adolescente ou adulta. Só é possível
programar um tratamento com alguma perspectiva de sucesso se a pessoa envolvida
se dispuser a colaborar. O primeiro passo para garantir essa colaboração é dar o
máximo de informação possível sobre o TDAH, suas implicações e conseqüências.
A compreensão de si próprio, que um diagnóstico correto e a
informação sobre o transtorno trazem, leva a uma reestruturação interna e externa da
vida de um portador. Na maioria das vezes, há uma profunda sensação de alívio em
saber o porquê de determinadas incapacidades e entender que o comportamento tem
justificativa independente da vontade. A culpa também diminui e há um aumento
real na possibilidade de superar as dificuldades e alcançar o sucesso.
3.4- Dicas Para que Pais e Professores Saibam a Melhor Maneira de
Explicar o TDAH Para Crianças:
431. Contar a verdade: este é o princípio central. Primeiro,
aprender tudo o que estiver disponível sobre o assunto.
Depois, falar com suas próprias palavras o que aprendeu,
para que a criança possa compreender. Não deixar esse
trabalho para a simples leitura de um livro ou para uma
explicação do profissional especializado. Fazer você
mesmo, com clareza e honestidade.
2. Usar um vocabulário preciso: não criar palavras sem
significado nem utilizar palavras inadequadas. A criança vai
aceitar sua explicação e carregá-la consigo sempre.
3. Metáfora da miopia: comparar o TDAH a um problema
visual é muito útil ao explicar a dificuldade – é um problema
congênito, não cura, mas pode ser controlado, precisa de um
auxiliar externo, ninguém é responsável por ele. Além disso,
é uma explicação precisa e não emotiva.
4. Responder as perguntas: e provocar perguntas. Lembrar-
se que as crianças fazem perguntas que não sabemos
responder, não ter medo de dizer que não sabe, mas que vai
se informar.
5. Falar do que o TDAH não é: retardo mental, loucura, falta
de inteligência, defeito de caráter, preguiça, falta de vontade,
família desestruturada, etc.
6. Dar exemplos positivos de pessoas que têm TDAH:
pessoas conhecidas, como Michael Johnson, Robin Willians,
Whoopie Goldberg, ou pessoas da família (pai, mãe, primos,
tios?).
7. Prevenir para a criança não usar o TDAH como
desculpa: a maioria delas, no início, tende a usar a
dificuldade como desculpa para tudo. O TDAH é uma
44explicação, não uma justificativa. Elas devem saber que
continuam responsáveis por seus atos.
8. Ensinar a criança a responder perguntas sobre as
dúvidas dos outros: sobretudo as dos colegas. A atitude é a
mesma: contar a verdade. Dramatizar uma possível situação
de provocação com a criança mostrar como ela deve
enfrentá-la.
9. Falar para os outros a respeito do TDAH da criança:
com o consentimento dela, conversar sobre a situação com
os colegas da escola e com outros membros da família. A
mensagem a ser passada é que não existe nada do que se
envergonhar, nada a esconder, mas muito a ajudar.
10. Educar os outros: a escola, os pais dos amigos da criança,
os amigos da família. A arma mais forte que temos para
conseguir que a criança seja tratada de maneira adequada.
Disponível on-line: http://www.aprendiz.com.br
3.5- Corrigir Sem Criticar.
De acordo com John Taylor, há sempre uma maneira produtiva de
conversar com as crianças a respeito de seu comportamento.
Falar demais é o erro mais comum cometido por adultos
responsáveis pelo cuidado de crianças e adolescentes. Cutucar, lembrar, repetir e
falar mais de uma vez para fazer isto, não fazer aquilo cria ressentimento tanto nos
responsáveis quanto nas crianças e adolescentes. A crítica é um ato destrutivo que
convida à vingança. A correção é uma arte útil que convida à cooperação. Não
existe a crítica construtiva. Baseado na crença falsa que para fazer a criança agir
melhor, precisa-se primeiro fazê-la sentir-se pior, a crítica normalmente causa mais
problemas do que o comportamento errado inicial. Corrigir sem criticar é um
aspecto importante para a orientação eficiente da criança. Fortalece o amor da
45criança com as pessoas de seu contexto social e aumenta a sensação de segurança
emocional no relacionamento.
• COMO PREPARAR AMBIENTE ANTES DE FALAR COM A CRIANÇA.
Antes de confrontar uma criança, os pais devem abrir o canal da
comunicação, estabelecer um clima emocional e começar uma conversa confortável.
É importante lembrar que, a qualquer hora, a criança pode estar mais calorosa e
próxima ou mais fria e distante. O objetivo é criar um espaço para que a criança
possa se “distanciar” emocionalmente de seus pais à medida que sente o incômodo
das suas preocupações e, ainda assim, manter uma relação próxima e amorosa.
São 4 os pontos chaves no confronto para se discutir uma mudança
em algum aspecto do comportamento de uma criança:
• Empatia: mostrar compreensão. Mostrar empatia significa
ter sentimentos e fazer declarações que reflitam um
reconhecimento sincero dos sentimentos da criança e uma
preocupação real com eles. A melhor maneira de
demonstrar empatia é expressar o desejo que a criança possa
experimentar sentimentos agradáveis e acontecimentos
positivos em sua vida. Além de mostrar que você se importa
com ela, esse aspecto da empatia enfatiza “Eu quero o
melhor para você”.
• Cortesia: tratar a criança com dignidade. Muito importante
para um confronto. Focalizar no que a criança está falando
e evitar pensar em outras coisas durante a conversa. Nunca
começar um confronto acusando a criança de ter feito uma
coisa ruim ou errada. As primeiras palavras de um
confronto devem ser amigáveis e não hostis. Nunca
interromper a criança quando ela está contando um
incidente, isto é um insulto e pode iniciar uma discussão.
Falar em tom de voz como se estivesse conversando com
uma pessoa dez anos mais velha.
46• Brevidade: evitar “pegar no pé”. Passar o recado em poucas
palavras, de modo que tudo que for dito tenha significado.
Quanto mais palavras forem usadas, menos eficiente elas se
tornam, surge a necessidade de falar mais alto ou combinar
as palavras com ameaças. Um bom confronto evita tanto a
voz alta como as ameaças.
• Oportunidade: escolher o momento certo. Isso é importante
tanto para o adulto como para a criança. Informações que
podem diminuir a imagem da criança perante os amigos ou
familiares devem ser discutidas em particular. Evitar o
confronto quando ela já estiver aborrecida, zangada ou
triste. Se o adulto está sob grande tensão, cansado, zangado
ou emocionalmente esgotado, fazer o possível para relaxar
antes do confronto com uma criança. Não há necessidade
de enfrentá-la no momento do mau comportamento. Calma
e oportunidade de organizar os pensamentos antes do
confronto trazem melhores resultados e reforçam a relação.
• PASSOS PARA UM MELHOR CONTROLE DE COMPORTAMENTO.
O confronto deve ensinar alguma coisa tanto aos pais quanto aos
filhos. As crianças devem aprender a escolher um comportamento mais adequado e
os adultos devem aprender mais sobre as necessidades das crianças. Assim, podem
adaptar suas expectativas e ações de modo a evitar futuros comportamentos
inadequados.
São 5 os passos básicos para um confronto sobre mau
comportamento:
• Interromper: estar pronto para interromper o processo. Por
exemplo, separar crianças que brigam e mandar cada um
para um lado diferente. Intervir para que o comportamento
negativo cesse e a criança tenha que enfrentar você. Haverá
ocasiões em que você pode não querer interromper a
47situação. Freqüentemente, a melhor forma de tomar uma
atitude disciplinadora é não se envolver no incidente. No
entanto, se estiver evitando propositadamente se envolver,
não será capaz de confrontar a criança com sucesso. Se
desejar o confronto, precisa tornar sua presença conhecida.
Chamar a criança do lado e mostrar o comportamento não
desejado que está começando a aparecer. Ficar calmo e
organizado.
• Acalmar: ambas as partes precisam se acalmar. Talvez
mandar a criança para um lugar, como o quarto, onde ela
possa ficar por alguns minutos antes de enfrentá-lo. Mais
importante, no entanto, é que o adulto se acalme.
• Afirmar: expressar confiança no julgamento da criança e sua
habilidade em entender o que vai ser discutido. Acreditar
que ela quer colaborar. Mostrar uma apreciação real das
coisas certas que ela faz e salientar que ela tenta de verdade
ser boa e ter uma atitude agradável em determinadas horas e
circunstâncias. Ser sincero e escolher características que
realmente aprecia.
• Redirecionar: depois de interromper o comportamento não
desejado, mostrar a direção a ser seguida. Uma maneira útil
de redirecionar é fazer a criança recriar a situação e desfazer
ou melhorar o erro. Ex: se um brinquedo foi quebrado, pedir
desculpas e providenciar outro brinquedo, se houve briga, a
criança deve mostrar uma maneira mais amigável de brincar.
• Educar: tentar descobrir o que acontece nos momentos
anteriores ao comportamento inadequado. Isso pode
proporcionar dicas para a motivação de tal comportamento.
Uma boa maneira de mudar o comportamento é chamar a
atenção para o momento em que acontece. Combinar um
48código com a criança para que ela tome consciência desses
momentos. Por exemplo: “bandeira vermelha”. Ajudá-la a
pensar nos efeitos do seu comportamento e como a próxima
vez pode ser melhor. Falar da próxima vez de maneira
positiva é um incentivo para a criança. De modo geral, pais
que incentivam referem-se a aspectos úteis do futuro e pais
que não incentivam ficam repisando aspectos negativos do
passado.
3.6- Dicas Para Lidar com Portadores do TDAH.
¬ Professores.
X Evite colocar os alunos nos cantos da sala, onde a reverberação
do som é maior. Eles devem ficar nas primeiras carteiras das
fileiras do centro da classe, e de costas para ela.
X Faça com que a rotina da classe seja clara e previsível.
Mudanças de rotina são difíceis de serem ajustadas por crianças
com TDAH.
X Afaste-as de portas e janelas, para evitar que se distraiam com
outros estímulos.
X Deixe-as perto de fonte de luz, para poder enxergá-las bem.
X Não fale de costas, mantenha sempre o contato visual.
X Repita ordens e instruções, faça frases curtas e peça ao aluno
para repeti-las, certificando-se de que ele entendeu.
X Esteja sempre em contato com os pais: anotem no caderno do
aluno as tarefas escolares, mandem bilhetes diários ou semanais
e peça aos pais que leiam as anotações.
49X Procure inserir essas crianças em salas de aula pequenas. Um
professor para cada oito alunos é o mais indicado.
¬ Pais.
A hiperatividade é um desvio de comportamento que
impossibilita a criança de ter qualquer participação, tanto social, quanto familiar
educacional. Na escola, não consegue concentrar-se em nenhuma atividade, está
sempre agitada; não aceita limites e assim não respeita as regras. Dessa forma, não
consegue se “enturmar”, tornando-se uma persona nom grata.
Os pais com freqüência se queixam de que o relacionamento
com filhos que apresentam TDAH é por vezes difícil e desgastante. Tente
estabelecer prioridades. Qual é a dificuldade mais importante da criança? Qual o
incomoda mais? Qual atrapalha mais o funcionamento dela?
Pense e escreva todas as dificuldades da criança. Após, faça um
ranking, colocando-as em ordem de prioridade. Estabeleça uma estratégia de manejo
para a dificuldade maior. Resolva esse problema, e só então passe a dar atenção para
o próximo. Pense antes de agir.
O comportamento hiperativo e impulsivo destas crianças levam
muitas vezes os pais a reagir de forma rápida. Isso é particularmente verdadeiro no
mundo de hoje, em que as atribulações do dia-a-dia nos tomam muito tempo. Somos
estimulados a reagir sem perder tempo. Nessa situação, antes de agir, pense nas
alternativas de manejo:
a. Bater na criança;
b. Ameaçar com castigos;
c. Xingar;
d. Pedir para ela parar quieta;
50e. Retiraras garrafas e os talheres desnecessários de perto da
criança;
f. Propor uma recompensa se ela conseguir terminar de comer
sentada (por exemplo, você irá assistir televisão ou jogar
videogame com ela por alguns minutos).
Quanto mais você pensar, mais chance o bom senso tem de
prevalecer. Mantenha constância de estratégias. Não esqueça que decidir por manter
uma constância de estratégias significa entre outras coisas:
a. Não abandonar rapidamente a estratégia proposta;
b. Mantê-la constante, independentemente do ambiente (às
vezes, os pais conseguem manejar bem a impulsividade da
criança em casa,mas se atrapalham quando o sintoma
aparece, pos exemplo, no supermercado. Sentem-se
constrangidos quando a criança tem um ataque de birra por
não poder colocar todos os brinquedos da prateleira para
dentro do carrinho de supermercado).
c. Certificar-se de que ambos os pais estão executando-a de
forma similar. (Este é um problema crucial, especialmente
em famílias em que a discórdia conjugal é intensa. Não
adianta a estratégia ser executada por um dos pais e sabotada
pelo outro. Tentem estabelecer um mínimo de prioridades e
estratégias em que ambos estão de acordo. Façam isso de
forma privada. Só tentem implementar qualquer estratégia
quando houver consenso.)
Procure ao mesmo tempo, proporcionar um ambiente com rotina
diária (hora fixa para fazer o dever de casa, para o almoço e jantar e para outras
tarefas). Prepare seu filho para qualquer mudança que quebre essa rotina (mudança
de casa ou de cidade, festas). Como foi visto, estas crianças tendem a funcionar
melhor em ambientes estruturados, constantes e previsíveis.
51Estabeleça uma comunicação clara e eficiente. Seguindo o exemplo
da partida, as regras do jogo devem ser claras para os participantes. Estabeleça de
forma clara os limites toleráveis para o comportamento do seu filho. As instruções
devem ser passadas e os pedidos feitos um a um e relembrados sempre que
necessário.
Proporcione uma atividade física regular para o seu filho. A
atividade física regular é fundamental para qualquer criança. É mais importante
ainda naquelas com este transtorno, especialmente quando os sintomas de
hiperatividade sã mais intensos. Escolha atividades e jogos nos quais ela possa
aprender e conviver com regras e limites. Esta é uma ótima oportunidade de ela
gastar energias de uma forma produtiva!
Escolha cuidadosamente a escola. A escolha da escola para estas
crianças é uma tarefa árdua e que deve ser muito bem pensada. É fundamental que a
escola tenha uma equipe de professores e orientadores educacionais que estejam
familiarizados com conceitos básicos sobre o TDAH, ou que, pelo menos, tenham
interesse em discuti-los.
3.7- O Jogo.
Ao utilizar o jogo como estratégia, os educadores lançam mão de
uma das mais ricas e precisas ferramentas no que se refere à compreensão do
comportamento infantil. Em situações de jogo é possível identificar as
características de personalidade e, assim, encontrar formas de intervir no
comportamento inadequado da criança.
Atentando a um olhar na perspectiva do jogo infantil, buscando
caracterizar o comportamento da criança e suas representações ao jogar, imagina-se
em contribuir no âmbito do diagnóstico do TDAH e, também na formação
profissional não só do campo da saúde como também na formação profissional não
só do campo da saúde como também no campo da Pedagogia.
52Independente do contexto histórico, cultural e social, toda criança
joga. Desde o seu nascimento, ela experimenta, descobre, inventa, exercita e
combina suas habilidade através do jogo.
O ato de brincar mostra-se indispensável à saúde física, intelectual,
emocional e social da criança, tendo em vista que o comportamento lúdico contribui
para a aquisição das habilidades de cada domínio do desenvolvimento.
Cunha(1988), declara que o ato de brincar estimula a curiosidade, a
iniciativa e a autoconfiança, proporcionando a aprendizagem, o desenvolvimento da
linguagem, do pensamento e da concentração de atenção.
Quanto mais simples o material, mais fantasia existe; Quanto mais sofisticado em mais desafio se constitui; Mas é sempre uma oportunidade para que a criança interaja, Faça escolhas e tome decisões.(CUNHA apud BARROS, 2002, p.58).
53
CONCLUSÃO
O TDAH tem constituído um ponto nevrálgico no que concerne à sua
diagnose em crianças. Embora haja avanços científicos, ligados às tecnologias, os
pesquisadores ainda procuram desvendar o mistério que permeia este tipo de
transtorno comportamental. É possível observar na literatura multidisciplinar, o
substancial número de relatos “de casos” de pessoas que experimentaram formas
diversas de problemas decorrentes do distúrbio do comportamento e,
indubitavelmente, a hiperatividade é considerada, por sua complexidade, um dos
fatores que interferem no processo ensino aprendizagem da criança.
Os resultados de vários estudos apontam para o desconhecimento por
parte dos educadores no que diz respeito à identificação do transtorno de TDAH
entre os escolares.
Problemas mais contundentes provêm do despreparo das equipes
educativas para lidarem com crianças com este distúrbio de comportamento e as
conseqüências indubitavelmente, são as mais difusas e traumáticas para o educando.
Cabe aos profissionais especializados, além de orientar pais,
direcionar os professores, para que estes, através de sua práxis cotidiana, encontrem
alternativas para minimizar os impactos negativos, que culminam por vezes em
protagonizar défices de competências sociais.
Os jogos são estratégias que os educadores ao lançar mão, perceberão
ser uma rica ferramenta no que se refere à compreensão do comportamento infantil.
No jogo é possível identificar as características da personalidade e,
assim, encontrar formas de intervir nas relações de causa e efeito dos transtornos de
comportamento.
54
ANEXOS
55
ATIVIDADE EXTRA – CLASSE 1.
56
ATIVIDADE EXTRA – CLASSE 2.
57
ATIVIDADE EXTRA – CLASSE 3.
58
ATIVIDADE EXTRA – CLASSE 4.
59
BIBLIOGRAFIA:
1-BARROS,Juliana Monteiro Gramático.Jogos Infantis e
Hiperatividade:comodesenvolver a capacidade de atenção da criança.Campinas.
S.P.Papirus,1994.
2-BASTOS, Fernando Lagese BUENO, Marcelo Cunha.Diabinhos, tudo sobre o
Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade. Disponível em
http//neurociências.nu
3-BENCZICK.EBP.Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade:
atualização diagnóstico e terapêutica. São Paulo. Casa do Psicólogo, 2000.
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Aprendiz do Futuro 1997. Disponível on-line: http://www.aprendiz.com.br
5-GUARDIOLA, A. E.Desenvolvimento neuropsicomotor em escolares e sua
relação com o estudo nutricional, Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
6-GOLDSTEIN,S e GOLDSTEIN,M.Hiperatividade: como desenvolver a
capacidade de atenção da criança. Campinas.São Paulo.Papirus,1994.
7-HALLOWELL, Eduuard M. e ROTEY, John J.50 para a administração do
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http://www.chadd.org
8-IRWIN, R.A. Tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção /
Hiperatividade.Porto Alegre. Artes Médicas, 1999.
9-LEVINE, Mel. Memória de trabalho Ativo.1995. Disponível on-line:
http://www.aprendiz.com.br
10-MATOS, Paulo.No mundo da lua: Perguntas e respostas sobre Transtorno de
Déficit de Atenção com Hiperatividade em Crianças, Adolescentes e Adultos.São
Paulo: Lemos Editorial,2001.
6011-Revista @prender Virtual.O mundo da educação.2003.
http://www.aprendervirtual.com/ver_noticia.php?codigo=44
12-ROHDE,Luiz Augusto P., BENCZIK, Edyleine B. P. . Transtorno de Déficit e
Atenção/Hiperatividade- O que é? Como Ajudar? Editora Artemed, Porto Alegre,
1999.
13-SILVARES, Edwiges Ferreira de Matos.Estudos de caso em Psicologia Clínica
Comportamental Infantil. Editora Papirus,2000.
14--TANGANELLI, Maria do Sacramento L. A criança Hiperativa – artigo
publicado no Jornal “O Liberal”, 1995.
15-TOPCZEWSKI, Abrtam. Hiperatividade- Como Lidar? São Paulo: Casa do
Psicólogo, 1999.
61
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
TRANSTONO DE DÈFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
(TDAH) 10
1.1-O que é TDAH. 10
1.2-Histórico do TDAH. 11
1.3-Epidemiologia. 12
1.4-Etiologia. 13
1.5-Características clínicas. 14
1.6-Curso e Prognóstico. 16
1.7-Tratamento médico medicamentoso. 16
1.7.1-Medicações utilizadas no tratamento
de TDAH. 20
62 1.7.2-Medicamentos que não são utilizados
no Tratamento de TDAH. 22
1.8-Considerações Gerais 23
CAPÍTULO II
A APRENDIZAGEM DO HIPERATIVO 27
2.1-Desenvolvimento do Conhecimento 27
2.2-Deficiência da Aprendizagem 28
2.2.1-Dificuldade Global 30
2.3-Fatores a serem observados no Diagnóstico 32
2.4-Diagnóstico em problema de Aprendizagem 34
2.5-Alterações comportamentais e emocionais 36
2.6-Sinais de Alerta 38
CAPÍTULO III
A PSICOPEDAGOGIA FRENTE AO ALUNO PORTADOR DE TDAH. 40
3.1- a FUNÇÃO DA Psicopedagogia 40
3.2-A intervenção Psicopedagógica 41
3.3-Como falar com uma criança ou adolescente sobre TDAH 42
3.4-Dicas para que pais e professores saibam a melhor
maneira de explicar o TDAH à crianças 42
3.5-Corrigir sem criticar 44
3.6-Dicas para lidar com o portador de TDAH 48
3.7-Os jogos 51
CONCLUSÃO 53
63ANEXOS 54
BIBLIOGRAFIA 59
ÍNDICE 61
FOLHA DE AVALIAÇÃO 64
64
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
Pós-Graduação “Lato Sensu” com especialização em Psicopedagogia.
Título do Trabalho Monográfico: HIPERATIVIDADE NO UNIVERSO
ESCOLAR.
Autora;Irani Jesus Oliveira da Cruz.
Orientadora:Maria da Conceição Maggione Poppe.
Data da Entrega: 31 de janeiro de 2004.
Assinatura dos Avaliadores:
1______________________________________ Conceito: __________
2______________________________________ Conceito:__________
3______________________________________ Conceito___________
4_____________________________________ _Conceito __________
5______________________________________ Conceito __________
CONCEITO FINAL:____________