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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
Problemas de Aprendizagem - Psicomotricidade –
Por: Bianca Vianna Sanches
Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves
Rio de Janeiro, 2004.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Problemas de Aprendizagem - Psicomotricidade –
Objetivos: Buscar maior aprofundamento teórico, através de uma visão pedagógica, de conhecimentos relacionados ao desenvolvimento da psicomo- tricidade, considerando experiências psicomo- toras que favorecem o processo ensino apren-
dizagem.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, que me deu forças para percorrer este
caminho sem jamais pensar em desistir.
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AGRADECIMENTOS
Dedico este trabalho ao meu marido
e amigo Caio Nunes Vianna, que esteve ao meu lado e me incentivou
durante todo o curso.
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“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.
Guimarães Rosa
Resumo
Como o professor identifica o distúrbio ou problema de aprendizagem relacionado a
psicomotricidade de seu aluno?
O objetivo deste estudo é fazer com que o professor perceba o problema em seu aluno e
descubra meios de ajudá-lo. Com a descoberta do problema o professor poderá elaborar
formas de auxiliar o aluno no mesmo.
A primeira tarefa do professor é expor o problema aos pais ou responsáveis, a partir daí ele
deverá tomar uma postura de orientador dentro de sala de aula a fim de reestruturar o aluno em
suas funções normais.
Caso seja algo que necessite de um profissional mais qualificado, como psicólogo,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo e etc..., o professor deverá ser capaz de diagnosticar e
encaminhar o aluno ao profissional correto.
Os ilustres autores Le Boulch e Maria Lúcia L. Weiss, serviram como alicerce da
fundamentação do nosso trabalho; à frente teremos a realização do mesmo.
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Introdução
A opção em investigar este assunto foi as possíveis causas que levam as grandes
dificuldades que o educador tem em fundamentar, no processo educativo, se lançando mão de
conhecimentos de psicomotricidade, para que tanto a criança da educação infantil, como as
das séries iniciais obtenham uma aprendizagem perfeita.
A psicomotricidade vai permitir que se estabeleça a noção de vazio ou ocupação. São os
gestos do corpo que vão levar o indivíduo à consciência de seus limites e possibilidades. A
coordenação psicomotora é uma qualidade ligada diretamente à expressão do corpo, porque
todo movimento tem uma conotação psicológica das sensações. Nos movimentos, serão
expressos sentimentos de prazer, frustração, desagrado, euforia, como dimensão de um estado
emocional, reconstruindo, assim, uma memória afetiva desde os gestos iniciais da criança, até
a maturidade de seu esquema corporal.
O presente trabalho tem por objetivo buscar soluções para o seguinte problema, como os
professores de educação infantil identificam a dificuldade de aprendizagem relacionada a
psicomotricidade? Esta questão de estudo tem por objetivo alcançar a potencialidade da
criança na fase de escolarização levando-a a uma progressão e integração no plano social do
indivíduo que facilitará ao professor identificar as dificuldades psicomotoras, fazendo-o
refletir sobre o trabalho desenvolvido e buscar aperfeiçoá-lo.
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O estudo será iluminado pelas teorias de Le Boulch e Maria Lúcia L. Weiss que
desenvolvem pesquisas na área de psicomotricidade, como trabalho de literatura, oriundas da
exploração pela Internet.
Na medida em que o indivíduo domina o seu corpo e sentimentos, gradativamente ele
irá conduzir-se com mais segurança no meio ambiente, e desta forma, movimentar-se,
adequadamente, dentro de todo processo educativo. Em outras palavras, se a criança não
estiver consciente de sua lateralidade ela apresentará muitas dificuldades em projetar no
espaço exterior, o domínio que exerce sobre os dois lados do seu corpo.
A exteriorização da lateralidade é chamada de direcional; a presença de uma lateralidade
e direcionalidade deficiente poderá fazer com que a criança retarde a sua percepção dos
movimentos nos sentidos esquerda-direita e direita-esquerda, das relações do tempo e espaço,
da seqüência visual e auditiva e de ordem temporal. Tais atividades como: engatinhar, rastejar,
ficar de pé, andar, pular, saltar e correr com uma boa postura proporcionará todo um trabalho e
equilíbrio e ritmo de grande importância para o seu desenvolvimento.
É através de atividade psicomotoras, principalmente nos jogos e atividades lúdicas, que
a criança irá explorar o mundo que a cerca, diferenciando aspectos espaciais, reelaborando seu
espaço psíquico, suas ligações afetivas e domínio do seu corpo. Sem esta ajuda, elas terão
problemas não só com a formação do esquema corporal, mas também, com as relações
espaciais.
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Uma das principais limitações para este trabalho é o tempo demasiadamente curto,
assim justifica uma fundamentação teórica não muito vasta, mas suficientemente significativa
para servir de reflexão aos educadores e pessoas comprometidas com a educação.
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Capítulo I
O que é Psicomotricidade?
A psicomotricidade se preocupa com o desenvolvimento neuro-muscular, que mais
tarde a inteligência e a motricidade se tornam independentes rompendo sua simbiose, que só
reaparecerá nos casos de retardo mental. Esquema corporal é estudado pela Psicomotricidade a
onde representa ser a imagem do corpo um intuitivo que a criança tem de seu próprio corpo.
Dentro do esquema corporal a psicomotricidade estuda o surgimento de alguns distúrbios
como a asquematia que é a perda topológica do corpo; parasquematia que é a confusão de
diferentes regiões do corpo ou a representação de partes do corpo que não existem.
O esquema postural para a psicomotricidade é a imagem tridimensional do nosso corpo
e a imagem do corpo humano é a imagem do nosso próprio corpo que formamos em nosso
espírito, que por outras palavras é o modo como o nosso corpo se apresenta a nós mesmos.
As manifestações emocionais que implicam a problemática da emoção pertencem a uma
ordem de preocupações muito antiga da Psicologia Clássica. Toda e qualquer emoção tem sua
origem no domínio postural “exemplo”: como para uma criança de seis anos receber um grito
de adulto, fará com que ocorra um aumento de tensão, por conseguinte desencadeará reações
emocionais que são traduzidas como mal-estar ou como sentir-se meio mole, sem coordenação
nas pernas.
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A comunicação é uma função essencial na reeducação psicomotora, uma vez que a
psicomotricidade leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano, do corpo, da
gestualidade ela resiste a ser uma educação mecânica do corpo. Assim, graças à língua, o
homem vive num mundo de significações, os gestos querem dizer alguma coisa, o corpo tem
um sentido que ela pode sempre interpretar e traduzir.
Existem os comportamentos inatos que a criança manifesta, pois variadas formas desde
o seu nascimento, por exemplo, o grito pode ser interpretado como dor que pode também não
ser de sofrimento. Exemplo bocejo, espirro, salivação que são manifestações primitivas,
também de emoções que devem ser orientadas e educadas no sentido de controle das próprias
modalidades do meio-familiar e social da criança.
Comportamentos aprendidos são comportamentos que desenvolvemos no decurso das
aprendizagens básicas como higiene pessoal, alimentação, essa aquisição formará toda a nossa
personalidade. O corpo dá a ler, coloca em cena tanto a personalidade como o meio que ela foi
educada.
O desenvolvimento ( psicomotor ) da criança é fundamental importância para a
psicomotricidade. É preciso que a criança possa integrar cada um de seus progressos antes de
adquirir um novo.
A lateralidade é um problema também estudado pela psicomotricidade, é um elemento
importante da adaptação psicomotora segundo Jean Claude: o hemisfério esquerdo é quem
governa o braço direito de um destro, e não é habitual que possa mudar essa constituição
cerebral.
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Importante sabermos que se o indivíduo amputar o braço direito, se for destro,
continuará falando e escrevendo com o cérebro esquerdo.
Reconhecimento direita-esquerda decorre da assimetria direita-esquerda e constitui uma
primeira etapa na orientação espacial é precedida pela distinção frente-atrás ( conscientização
do eixo corporal – 6 anos ).
Evolução da lateralidade: a partir dos sete anos a criança será capaz de projetar em outra
pessoa a partir de seu próprio corpo à direita e a esquerda já não dependem somente uma da
outra, mas sim do ponto de vista da pessoa que as considera. A lateralização participa em
todos os níveis de desenvolvimento da criança.
Psicomotricidade tem como objetivo desenvolver o aspecto comunicativo do corpo, o
que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo aperfeiçoando o seu
equilíbrio; a criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa
um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e
sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo
está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de
nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-
somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos.
O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução
da criança, não tem nada haver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos
distintos, os quais, como um quebra-cabeça, iriam pouco a pouco encaixar-se uns aos outros
para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado.
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O esquema corporal revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma
fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando
contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o estabelecimento deste
esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está praticamente
terminada por volta dos quatro ou cinco anos, isto é, ao lado da construção de um corpo
“objetivo”, estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados
a qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema
corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento interior da imagem e da representação de si.
O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual sobre partes e funções; e o
esquema corporal que em nossa mente regula a posição dos músculos e partes do corpo. O
esquema é inconsciente e se modifica com o tempo
Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já que é a bússola
do nosso corpo e assim possibilita nossa situação no ambiente. A lateralidade diz respeito à
percepção dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada um desse lados visto
que sua distinção será manifestada ao longo do desenvolvimento da experiência.
As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e
lateralidade e boa orientação com relação ao seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos sinais
gráficos.
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Capítulo II
Os problemas de Aprendizagem
A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa
na confrontação com o meio. A ajuda educativa, proveniente dos pais e do meio escolar, tem a
finalidade não de ensinar à criança comportamentos motores, mas sim lhe permitir, mediante o
jogo, exercer a sua função de ajustamento, individualmente ou com outras crianças. No estágio
escolar, a primeira prioridade constitui a atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo à
criança prosseguir a organização de sua “imagem do corpo”ao nível do vivido e de servir de
ponto de partida na sua organização prática em relação com o desenvolvimento das atitudes de
análise perceptiva.
Na idade pré-escolar, a primeira prioridade é a atividade motora global. Uma das
características essenciais de gestos, movimentos e atitudes da criança da escola maternal é sua
espontaneidade e sua naturalidade. Toda manifestação contrária – inibição, rigidez, tensões
desnecessárias, incoordenação, arritmia, sincinesias – são expressões de dificuldade que a
criança apresenta na organização de sua personalidade. É nesta idade que as gesticulações e
movimentos da criança podem realizar-se em toda a sua plenitude e não estão cerceados por
oposições racionais.
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Até os três anos, os interesses da criança estão sobre tudo centrados no mundo exterior
e, em especial, sobre o aspecto prático do movimento. É importante salientar o jogo simbólico
através do qual se observa o papel expressivo do movimento. A criança nesta fase poderá
identificar personagens sociais marcantes e começará a fazer o intercâmbio com outra pessoa,
este intercâmbio é o sinal de socialização. Quando estas atitudes não ocorrem de acordo com a
faixa etária da criança deve-se observar, pois algo esta errado em seu desenvolvimento motor.
Durante o segundo ano, pode-se observar se existem falhas na atividade gráfica da
criança, pois o grafismo está impregnado de elementos posturais e traduz as características
tônicas que representam indícios de dominância lateral. A expressão mais elementar do
grafismo da criança é o resultado do vaivém contínuo sobre o papel, este jogo rítmico de
movimentos diferencia as primeiras formas.
Se a evolução psicomotora for feita em boas condições, a criança de três anos deve
dispor de uma motricidade global bem organizada temporalmente, elemento fundamental de
seu ajustamento ao meio, a experiência vivenciada ritmicamente desenvolver-se-á não só no
plano motor, mas também no plano da linguagem, pondo em jogo não só o aparelho motor-
fonador, mas também a sua relação com a tomada de informação sonora. Todas estas
características devem ser do conhecimento do educador das séries iniciais da educação
infantil, pois só através desses conhecimentos é que poderá ser dado um diagnóstico se o
desenvolvimento motor da criança esta fluindo de maneira satisfatória para o seu desempenho
nas séries seguintes. Por exemplo, uma criança de três anos que deverá estar no primeiro ano
do jardim já deve ter um melhor controle tônico e postural, do que dependerá a evolução da
atenção e das funções perceptivas.
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Entre os três e quatro anos, o número de formas empíricas reconhecidas, depois
percebidas com mais fidelidade, aumentam. Os desenhos das crianças não só permitem avaliar
os progressos realizados, mas também constituem verdadeiros exercícios percepto-motores. O
desenho traduzirá mais ou menos fielmente, dependendo do nível de coordenação da criança,
os esquemas visuais aprendidos durante as experiências anteriores. Levando-se sempre em
consideração se caso a criança não tenha condições de representar os desenhos mais simples
como, por exemplo, um círculo, é porque algo esta errado no seu desenvolvimento motor.
Este período de três a sete anos, corresponde ao estágio da “estruturação perceptiva”, é
uma etapa intermediária que deve responder a dois grandes objetivos:
- permitir a criança alcançar seu desabrochamento no plano de vivência corporal
alcançado com bem-estar o exercício da motricidade espontânea, prolongada pela
expressão e gráfica;
- assegurar a passagem à escola elementar tendo o papel de prevenção, a fim de evitar
que a criança se depare nessa época, com dificuldades na aquisição das primeiras
tarefas escolares . Para isto, apoiando-se no trabalho essencialmente global, é
necessário ajudar a criança a estruturar os campos perceptivo interno e externo.
Ao chegar a idade escolar, a maioria das crianças já atingiu um estágio em que através de
brincadeiras e atividades envolvendo movimentos amplos, já tem a noção de direita e esquerda
dos dois lados do seu corpo. Entretanto, algumas crianças possuem problemas escolares,
como: dislexia, disortografia, discalcolia e outros, e precisam de assistência específica no
treinamento da lateralidade, para que possam prevenir e eliminar sintomas.
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A lateralização é a tradução de uma assimetria funcional. Os espaços motores do lado
esquerdo e do lado direito não são homogêneos. Esta desigualdade vai se tornar mais precisa
durante o desenvolvimento e vai manifestar-se durante os reajustamentos práticos de natureza
intencional.
A discriminação direita-esquerda não tem, pois a força da leitura e da escrita; mas ao
contrário, os erros educativos, repercutindo nos aprendizados escolares, tem, por
conseqüência, a presença constante das dificuldades da orientação do próprio corpo, sendo a
origem da desorganização do espaço orientado e dos problemas de relacionamento devido à
insegurança, à inibição e ao conflito entre a criança e seu meio. Na medida em que a criança,
apesar de seus esforços, não alcança um sucesso satisfatório, corre o risco de se acantonar em
uma atitude oposionista, que tornará difícil uma reeducação.
Neste período a atuação do professor implica em reconhecer as dificuldades da criança,
considerando o que não é normal no seu comportamento em uma determinada fase. Devemos
lembrar que o diagnóstico não é fácil, identificar o problema se torna complexo, uma vez que
a variabilidade entre as crianças portadoras de dificuldades psicomotoras é variada, podendo
um sintoma ser associado a várias causas.
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Capítulo III
Os procedimentos de ensino do educador
Permitir brincar às crianças é uma tarefa essencial do educador da educação infantil. As
atividades tomam forma de jogos funcionais, exercendo a função de ajustamento global ao
espaço ou de jogos de imaginação, permitindo a confrontação das fantasias com a realidade
material em contato com as outras crianças.
É importante ver na atividade lúdica da criança de três a sete anos o tipo de atividade
criadora necessária para a expressão da personalidade e a evolução da imagem do corpo.
Adquire um valo catártico na medida em que esse suporte permite à criança liberar-se de
certas tensões.
Esta experiência corporal da criança através do jogo não deve ser desvalorizada pelo
adulto e também não pode tornar-se uma atividade regressiva que repercuta no seu
desenvolvimento. Os jogos das crianças não podem ser avaliados com o critério dos adultos.
O adulto deve evitar a escolha do jogo, já que se corre o risco de transformar o jogo
inventivo em jogo imitativo. É o erro de certas atividades chamadas de “expressão musical”,
onde o adulto, sob o pretexto de ajudar a criança, induz a “boas respostas”.
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O educador, mediante uma “atitude não diretiva”, garantindo uma certa liberdade no
jogo espontâneo, permite a criança realizar sua experiência do corpo, indispensável no
desenvolvimento das funções mentais e sociais.. A não-intervenção do adulto só está limitada
por medidas de segurança. Entretanto, a intervenção não deve ser automática, quando
manifestações agressivas se desenvolvem entre as crianças. Em outros termos, a agressividade
não deve ser controlada imediatamente pelo adulto; é necessário que a criança agredida por
outra tenha a possibilidade de assumir ela mesma o problema. Contudo, uma proteção discreta
deve ser exercida para aqueles que têm dificuldades psicomotoras, traduzindo-se por
insegurança e medo.
Resultado deste tipo de atividade: a criança vai adquirir pouco a pouco confiança nela, e
melhor conhecimento de suas possibilidades e limites, com freqüência imposta pela presença
de outra criança com que ela deverá aprender a cooperar durante o jogo. Resumindo, a
atividade lúdica incide na autonomia e na socialização, condição de uma boa relação com o
mundo.
Para brincar, seja só ou com várias crianças, de forma espontânea ou organizada, é
preciso espaço. Estes espaços devem permitir às crianças ter um máximo de liberdade nos seus
movimentos e possibilidades variadas de “fazer de tudo”.
A programação das atividades é imprevisível, já que as necessidades e os gostos das
crianças são diferentes. Entre os quatro e seis anos, em geral, as crianças brincam em
pequenos grupos de dois, três ou quatro e muitas vezes a estabilidade do grupo é pouco
duradoura. A liberdade de pesquisar deve conciliar-se com a organização do trabalho dos
minigrupo. Este aspecto constitui o papel essencial do educador, que está mais centrado nas
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modalidades de funcionamento do que na intervenção das atividades.
A atitude, o conteúdo da criança, seus gestos, seus deslocamentos, seu ritmo nos
permitem conhece-la e compreende-la com freqüência melhor que pelas palavras
pronunciadas.
Naturalmente, a criança brinca, expressando por mímica, cenas da vida cotidiana: fala
caminhando, canta dançando ou começa a dançar e o canto aparece depois. Ao mesmo tempo,
ela expressa sua afetividade e exercita sua inteligência.
A expressão livre corporal só é possível na medida que o educador cria uma atmosfera
de confiança, de compreensão, já que o bloqueio afetivo acarreta um bloqueio físico e, como
conseqüência, inibe toda expressão gestual normal, natural.
Entre os quatro e cinco anos, a criança já tem acumulado, através de uma vasta
experiência, conhecimentos e técnicas de magnitude considerável. A criança passa a metade
do dia na escola, daí a importância da pedagogia do movimento e da urgência em considerar
as primeiras necessidades vitais da criança, necessidades que muitas vezes são contrariadas
sob o pretexto de ordem, do barulho, etc...
Desde o maternal as crianças são “empilhadas” em locais estreitos. Uma criança se
fatiga rapidamente em uma posição determinada.
Na escola primária, ela tem necessidade de deslocar-se de tempos em tempos na aula,
em uma aula-atelier, a criança tem mais possibilidade de poder desenvolver-se normalmente.
A necessidade de correr é evidente, basta observar as crianças saindo do recreio. Neste
exemplo de expressão livre corporal ocorre uma corrida-relaxação, ou seja, a criança corre
para relaxar o cansaço que é ficar em posições determinadas em sala de aula.
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No momento em que os alunos ficam em um pátio pequeno ou em um pátio maior, eles
correm e logo rapidamente começam a pular ( com os pés juntos ), a “galopar” ( imitação de
galope do cavalo ); é o momento de distinção, é o bem-estar da liberação física.
As atividades de livre expressão da criança criam um clima de confiança, de
camaradagem e até mesmo de ternura entre educando e educador, o que facilita o
desenvolvimento psicomotor da criança.
É importante nestas atividades que a autoridade do adulto não seja imposta à expressão
infantil, qualquer que seja a idade e o nível das crianças, o educador deve ser um portador do
brinquedo alegre, um “condutor participante”.
Isto demanda uma grande disponibilidade do educador, um saber-fazer que só se
adquire através da experiência, já que, levando a criança a se ultrapassar, o educador deve
fazer esforço, ele mesmo para se ultrapassar também. O educador deve ver a criança na sua
realidade completa e íntima, saber admirar-se e alegrar-se com ela de suas descobertas.
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Estudo de caso
Este relato é de uma criança de quatro anos que ao nascer teve falta de oxigenação no
cérebro e com isso teve também um desestruturamento no seu equilíbrio e suas limitações
motoras.
A ajuda educativa levou a criança a realizar exercícios que desenvolveram o seu
reestruturamento psicomotor. Mas para isso acontecer é preciso contar com a ajuda dos pais,
principalmente orientando-os a aceitar a realidade e não mascará-la; daí então poderemos
realizar um melhor desempenho para prosseguir com o trabalho a fim de favorecer seu
desenvolvimento mental, corporal e social.
As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir uma boa noção de espaço e
lateralidade e principalmente a orientação com relação ao seu corpo, aos objetos, as pessoas e
aos sinais gráficos.
Através da comunicação a professora leva em conta o aspecto comunicativo da criança,
do seu corpo e da sua gestualidade. Assim graças à língua, o ser humano vive num mundo de
significações, os gestos querem dizer alguma coisa, o corpo tem um sentido que ele pode
sempre interpretar e traduzir.
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Considerações finais Conclusão
O problema discutido ao longo do trabalho foi; como os professores da educação
infantil identificam a dificuldade de aprendizagem relacionada a psicomotricidade?
Concluímos que na educação infantil os problemas de aprendizagem surgem e se não
constatados tornam-se um obstáculo durante toda vida.
As causas são bastante variadas, as mais evidentes estão ligadas a fatores psicológicos e
genéticos.
A família em sua maioria não consegue detectar o problema e a escola acaba se
responsabilizando pela descoberta e solução.
Para suprir a necessidade da sociedade à escola se posiciona na busca da satisfação de
sua clientela.
Nas séries iniciais da escola a educação psicomotora deve ser trabalhada com
experiências ativas e de forma lúdica, permitindo a criança uma socialização com o grupo e
um ajustamento individual; proporcionando a experimentação e a vivência de várias
descobertas durante a vida.
O professor da educação infantil deve ter claro seu posicionamento em relação às
crianças, ou seja, buscar uma liberdade de expressão criar um ambiente aconchegante de
confiança e compreensão, não deixar a perceber para criança sua autoridade.
Para que o educando obtenha um desenvolvimento plenamente satisfatório é necessário
antes de tudo um mediador consciente de seu papel, que é educar.
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ÍNDICE
Introdução 8
Capítulo I 11
- O que é psicomotricidade?
Capítulo II 16
- Os problemas de aprendizagem.
Capítulo III 21
- Os procedimentos de ensino do educador.
Estudo de caso 26
Conclusões ou considerações finais 27
Referências Bibliográficas 28
Índice 29
Anexos 30
29
Referências Bibliográficas
- LE BOULCH – O desenvolvimento psicomotor ( do nascimento até seis
anos ) - Porto Alegre / 1992.
- WEISS. Maria Lúcia, LEMME – Psicopedagogia Clínica: Uma visão
diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar - Rio de Janeiro,
1997 – 3º edição.
- FONTE: www.geocities.com/hotsprings/8915/menu..html
GODOY. Alexssandra, PIERRE. Ronaldo de Oliveira, MONTEIRO.
Fabiana Lopes, Santos. Eliana Stodolnik dos, SANTOS. Adriana
Madalena dos, COSTA.
- FONTE: http://cev.ucb.br/qq/paulo/psicomotricidade.html
FILHO. Paulo Gomes de Souza
- FONTE: http://www.psicomotricidade.com .Br
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE
- FONTE: http://www.terravista.pt/agaalto/5767
SOUZA. Wilker de Psicomotricidade
28
CAPÍTULO I
O que é psicomotricidade?
“O sonho é uma auto-representação espontânea, sob forma simbólica, da
situação do inconsciente”. “O sonho é aquilo que é, inteiramente
e unicamente aquilo que é; não é uma fachada, não é algo pré-arranjado,
um disfarce qualquer, mas uma construção completamente realizada.”
( Carl Jung )
11
CAPÍTULO II Os problemas de aprendizagem.
“Quando você admite a ignorância, você está abrindo a porta da sabedoria.”
Sócrates
16
CAPÍTULO III
Os procedimentos de ensino do educador.
“Só há uma maneira de aperfeiçoar nosso trabalho, é amá-lo.”
Philips Brooks
21
v