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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O VALOR PEDAGÓGICO DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO Por: Sandro Gomes de Oliveira Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O VALOR PEDAGÓGICO DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Por: Sandro Gomes de Oliveira

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O VALOR PEDAGÓGICO DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre - Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Docência do Ensino Superior

Por: . Sandro Gomes de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, à minha família, a

todas as pessoas que contribuíram

para a elaboração desta obra

acadêmica e, especialmente ao Prof.

Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra à minha esposa,

Rose, a meus filhos, Jônatas, Jadiel e

Josué pela paciência e carinho nos

momentos de minhas lutas, ausências e

ocupações

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RESUMO

O trabalho ora elaborado levanta a questão relacionada com os desafios da

relação professor-aluno, sobretudo no ensino-superior. É por meio desta

interação professor-aluno que o conhecimento vai sendo reciprocamente

construído. São levantadas, na obra em foco, as dificuldades que o professor

enfrenta em sua práxis em meio ao contexto educacional e social. São

apresentadas alternativas para que a interação professor-aluno seja

satisfatória. A gestão educacional é ressaltada como influenciadora da relação

professor-aluno. E por fim, são levantadas questões acerca do perfil do

estudante brasileiro diante de uma educação de linha cartesiana.

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METODOLOGIA

A pesquisa a ser realizada será do tipo qualitativa, exploratória e bibliográfica.

O trabalho abordará a convivência entre professores e alunos nos momentos

de interação, nos quais o domínio afetivo se une à esfera cognitiva, fazendo

com que o aluno aja não só com a razão, mas também com os sentimentos e

as emoções. Com a metodologia aplicada, pretende-se proporcionar uma visão

global do tema pesquisado, desenvolvendo e esclarecendo o problema em

questão. Portanto, acredita-se que o tema seja explorado e pesquisado,

resultando no crescimento do assunto em apreço, por se tratar de um processo

mútuo de aprendizagem compartilhada, no qual professor e aluno ensinam e

aprendem um com outro, reestruturando-se mutuamente. Pretende-se tornar o

problema explícito, com a discussão de idéias, envolvendo levantamento

bibliográfico, estimulando a compreensão do leitor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Interação Professor Aluno 09

CAPÍTULO II - Relação Professor-Aluno na

Educação Superior 21

CAPÍTULO III - A Situação da Educação no Brasil e da

Relação Professor-Aluno 25

CONCLUSÃO 28

ANEXOS 29

BIBLIOGRAFIA 34

FOLHA DE AVALIAÇÃO 35

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INTRODUÇÃO

Os aspectos relacionados com a relação professor-aluno têm sido alvo

de grande reflexão no meio acadêmico. O estudo em apreço vem esclarecer

dúvidas e questionamentos. Através de pesquisas e discussões e por

conseguinte publicações das mesmas, vários educadores têm reavaliado sua

prática pedagógica. Essa relação deve supor a existência de canais que

possibilitem a transmissão dos componentes universais de uma cultura, se

assim não for existe o risco do professor se aculturar ao aluno limitando-se a

expressões e conteúdos próprios daquele grupo e que venha a considerar

essa a forma mais válida de ação, descuidando-se de que uma de suas

funções é exatamente oferecer condições de transformação da situação de

inferioridade para superar as condições de dominação.

No capítulo primeiro veremos a interação professor aluno de uma

maneira generalizada. No capítulo segundo abordaremos aspectos externos a

sala de aula e que influenciam na relação professor aluno na educação

superior. Por último, no capítulo terceiro analisaremos a situação atual da

educação no Brasil e seu impacto na relação professor aluno.

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CAPÍTULO I

A INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Georges Gusdorf, em sua obra Professores, para quê? Citado por

Regina Célia Cazaux Haidt (1995,p. 55) enfatiza o lado afetivo dessa relação:

“Cada um de nós conserva imagens inesquecíveis dos primeiros dias de aula e

da lenta odisséia pedagógica a que se deve o desenvolvimento do nosso

espírito e, em larga medida, a formação da nossa personalidade. O que nos

ensinaram, a matéria desse ensino, perdeu-se. Mas se, adultos, esquecemos o

que em crianças aprendemos, o que nunca desaparece é o clima desses dias

de colégio: as aulas e o recreio, os exercícios e os jogos, os colegas”.

Vejamos ainda o que diz o professor Valter Garcia citado também por Regina

Célia (1995, p.56):

A educação , seja ela escolar ou ‘do mundo’, é fenômeno que só ocorre em razão de um processo básico de interação entre pessoas. (...) Que a educação é processo eminentemente social julgamos desnecessário insistir, tal evidência com que isto se manifesta. Aliás, poderíamos ir mais além, ao dizer que a educação existe exatamente porque o homem é um ser gregário e que só se realiza como tal a partir do momento em que entra em relação com seu semelhante. Enquanto processo de formação humana, a educação é a única maneira pela qual é assegurada a continuidade da espécie, que assim consegue dominar a natureza e imprimir nela sua presença e sua maneira de ver o mundo”.

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O Diálogo é Fundamental na Relação Pedagógica

Segundo Haidt , (1995), o professor deve ter consciência que ele é um

educador, e, ao interagir com cada aluno em particular e ao se relacionar com

a classe como um todo, o professor não apenas transmite conhecimentos, em

forma de informações, conceitos e idéias (aspectos cognitivos), mas também

facilita a veiculação de ideais, valores e princípios de vida (elementos da esfera

afetiva), contribuindo para a formação da personalidade do educando. Em

última análise, é de suma importância trabalhar não só os conteúdos, mas

também as relações afetivas.

Nilton Guedes de Freitas dá um esclarecimento sobre a diferença entre

Educadores e Professores no seu livro “a Pedagogia do Amor, 2006, p.32.” O

Educador olha e interage com o homem - pode ser seu aluno - em seu

contexto, na sua diversidade, em seu devir. O Professor vê seus alunos em

sua disciplina. O Educador é movido por sua vocação no seu campo de

trabalho, na vida, enquanto o Professor atua somente em sua profissão, mas

que também não pode se escusar de atuar com ética, sinceridade e amor”. O

autor citando (RUBEM,Alves. Conversas com Quem Gosta de Ensinar, 2000,

p.16 - 26) diz que:

Educadores, onde estarão? Em que covas terão se

escondido? Professores, há os milhares. Mas o professor

é profissão, não é algo que se define por dentro, por

amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação.

E toda vocação nasce de um grande amor, de uma

grande esperança. (...) De educadores para professores,

realizamos o salto de pessoas para funções. (...) Não se

trata de formar o educador, como se ele não existisse.

Como se houvesse escolas capazes de gerá-lo, ou

programas que pudessem trazê-lo à luz. Eucaliptos não

se transformam em jequitibá, a menos que, em cada

eucalipto, haja um jequitibá adormecido.

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Diante do que foi exposto, surge uma questão formulada por Nilton

Guedes de Freitas na Pedagogia do Amor: “Será que nossas universidades

estão preparando professores com tal capacidade de escuta global, olhar

Existencial? (p.38). Na opinião do autor, a escola fabril, massificadora, pela

questão acima posta, terá de valorizar determinados aspectos que

institucionalmente propiciem um trabalho mínimo. A conseqüência desta

postura é a de ser excludente no seu processo padronizador, segundo o autor.

Em última análise, o homem torna-se objeto, valoriza-se somente a razão em

detrimento ao corpo, a emoção etc.

Também Antônio Faundez, citado por Regina Célia (1995,p.60) enfatiza

a necessidade do diálogo no ato de construção de conhecimento em seu

marcante texto intitulado Dialogue pour le développement et lê développement

du dialogue: “Se analisarmos etimologicamente o verbo francês que indica a

ação de conhecer (connaitre) , que significam ‘nascer juntos’, isto é, nascer

com alguma coisa ou com alguém. Portanto, o ato de conhecer é um

nascimento partilhado, no qual dois seres renascem. O que queremos

salientar é que a construção do conhecimento é um processo social e não

apenas individual (...)” Em última análise, o professor como facilitador da

construção desse conhecimento deve permitir que o aluno exerça sua

atividade mental partindo do que ele já sabe, possibilitando que ele exponha

seus conhecimento prévios e suas experiências passadas, para daí formar

novos conhecimentos, cientificamente estruturados e sistematizados; essa

postura democrática do educador provoca uma relação dialógica, onde

professor-aluno constrói o conhecimento.

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Mestre é quem de repente aprende

De acordo com Nelson Piletti (1975), na sala de aula, a educação

resulta da convivência social, dos alunos entre si e com o professor. Segundo

Piletti, para que haja educação, portanto, surge a necessidade de que o

professor trabalhe em conjunto com os alunos, com vistas a uma educação

para a liberdade. O autor citando Paulo Freire faz uma análise das duas

concepções básicas de educação: a educação “bancária” e a educação

libertadora. A educação “bancária” consiste no “ato de depositar, de transferir ,

de transmitir conhecimentos(...), que mantém e estimula a contradição

educador-educando”. Na educação “bancária”:

a) o educador é o que educa; os educandos, os que são educados;

b) o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem;

c) o educador é o que pensa; os educandos, os pensados;

d) o educador é o que diz a palavra; os educandos os que a escutam

docilmente;

e) o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados;

f) o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos, os que

seguem a prescrição;

g) o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que

atuam, na atuação do educador;

h) o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais são

ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele;

i) o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade

funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes

devem adaptar-se às determinações daquele;

j) O educador, finalmente, “é o sujeito do processo. Os educandos, meros

objetos” (Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. 1975, p.67-8).

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Em contrapartida na educação libertadora existe a superação da

contradição educador-educando. Citando Paulo Freire, Piletti explica esta

superação:

“A educação libertadora, problematizadora, já não pode ser o ato de depositar, ou de narrar, ou de transferir, ou de transmitir ‘conhecimentos’ e valores aos educandos, meros pacientes, à maneira da educação ‘bancária’ (...) . Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é ducado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os ‘argumentos de autoridade’ já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas.” (FREIRE, P.Op. cit., p.78-9.)

Em última análise, vimos que a educação “bancária” implica numa

relação unilateral do educador para o educando. Já na educação libertadora, o

diálogo faz com que seja superada a contradição educador-educando.

Autoridade Versus Autoritarismo

O autoritarismo é uma doença da autoridade, é o superlativo da

autoridade. Normalmente se manifesta pela incompetência, pela insegurança,

ou pelo despreparo do professor para assumir uma sala de aula. O

autoritarismo não admite críticas, pois a liderança se dá pela força e por

aparelhos repressores da livre expressão. Não se deseja o questionamento

dos erros e o apontar destas atitudes anômalas.

Já a autoridade se dá pela competência, pelo equilíbrio, pelo diálogo e

respeito ao interlocutor, mostrando caminhos, apontando soluções e as

discutindo, exercendo o direito e a obrigação de educar com o amor fraterno,

que humaniza e faz crescer espiritualmente as partes envolvidas no processo

ensino-aprendizagem.

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A professora Regina Célia (1995) ao citar Regis de Morais levanta a

questão da autoridade e do autoritarismo:

Um tempo que confunde coisas tão radicalmente distintas como ‘autoridade’ e ‘autoritarismo’, é um tempo enfermo. (...) Levando isto em conta, quero propor uma rediscussão do problema da autoridade na sala de aula. Segundo o meu modo de perceber e avaliar as chamadas ‘relações pedagógicas ‘, não consigo conceber tema mais contemporâneo e de vanguarda como a questão que acabo de propor. Está na hora de perdermos o medo perante certos problemas, superando inóquos trejeitos falsamente pedagógicos e modismos, saindo à procura de um equilíbrio até hoje raramente alcançado (...) . Urge, no entanto, lembrarmos que a retomada do tema da autoridade é a retomada do próprio tema do amor – coisa atemporal que alimenta os sonhos de todo ser humano. (Regis de Morais.Sala de aula - Que espaço é este? p.17-18).

Em nome de um pseudo humanismo e da não-diretividade, que

provocam um voluntarismo espontaneísta, a autoridade do professor em sala

de aula é contestada. O problema é confundir autoridade com autoritarismo.

É importante ressaltar que a autoridade do professor está relacionada com a

sua função docente. Vejamos o que diz ainda Regis de Morais citado por

Regina Célia: “Os professores como que passam a ter vergonha de exercer

uma autoridade para a qual estão designados, uma autoridade que não tem

que ver com traços de autoritários desta ou daquela personalidade, mas que

emerge do próprio processo educacional e de ensino. (...) Hoje está posto um

desafio que precisa começar a ser enfrentado no exato espaço da sala de

aula: o de se recuperar o sentido da autoridade nas relações pedagógicas,

sem qualquer concessão a autoritarismos, que destes já estamos fartos. (...)

Sabe-se que o autoritarismo é a doença da autoridade. Toda autoridade é um

valor, pois que é garantia da liberdade. Mas qualquer valor, por mais puro que

seja, quando se hipertrofia, faz-se num antivalor. Eis por que fica muito

necessário , ao pensarmos especificamente na realidade da sala de aula,

estabelecer certa divisão de águas entre os mencionados antípodas.(...) Na

verdade, o autoritarismo é o tapume atrás do qual alguma incompetência se

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esconde. (...) Autoridade, por sua vez, é homeostase, é equilíbrio (...) Ora, a

autoridade do professor nada tem a ver com policialismo; tem sim a ver com a

conquista de uma disciplina de vida que não se aprende em manuais, mas na

própria escalada dos obstáculos naturais”. (Idem,ibidem,p.21-28).

Já vimos no capítulo anterior que o diálogo é de suma importância na

prática pedagógica. Entretanto, o educador ao assumir uma postura que

valoriza o diálogo e os conhecimentos prévios dos alunos, com isso não está

em atitude de laissez-faire, de não-diretividade, já que ele conhece os

objetivos da sua práxis pedagógica e como facilitador da aprendizagem ,

conduz o aluno a atingir esses objetivos, estimulando a sua tarefa acadêmica e

orientando-o no processo de construção do conhecimento.

Olivier Reboul, citado por Regina Célia, complementa o assunto em

pauta: “O verdadeiro educador compreende que a autoridade por ele exercida

não é sua. Mostra, por toda a sua conduta, que não é o detentor da

autoridade, mas o testemunho. Essa autoridade é a da humanidade sobre

todos os homens, a da razão, da ciência, da arte, da consciência; o papel do

educador não é confiscá-la, mas atestá-la; (...); se lhes corrige as faltas (dos

alunos), admite ser também corrigido; Se exigem que dêem razão de seus

atos, admite que lhe peçam a razão dos seus. Não está acima deles, está com

eles” (Olivier Reboul. Filosofia da Educação,p.53).

Concluindo: Já que o ensino é a orientação da aprendizagem visando a

construção do conhecimento, a autoridade do professor é a autoridade amiga,

de quem estimula, de quem estimula, incentiva, orienta, reforça os acertos,

mostra as falhas e ajuda a corrigi-las. Em última análise, é a autoridade de

quem auxilia a descobrir alternativas, mostra caminhos e abre perspectivas.

Motivação e incentivação da aprendização

A professora Irene Carvalho, citada por Regina Célia estabelece uma

distinção entre motivação e incentivação: “a motivação é um fato interior,

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enquanto a incentivação provém de forças ambientais, entre as quais situa-se

a atuação do professor, quando este tem plena consciência do valor da

incentivação, e realiza esforços deliberados para bem estimular seus

alunos(...). A incentivação só é operante se transformar em motivação, Isto é:

os estímulos externos (incentivos) precisam sintonizar-se com motivos

preexistentes (estímulos internos) para conseguir algum resultado. Muitos

incentivos chegam até nós e nada conseguem, porque não encontram

ressonância em nosso interior.” (Irene Mello Carvalho. O processo didático,

p.104).

De acordo com Regina Célia, um professor que manifesta apatia e

indiferença pelo assunto que expõe a seus alunos, dificilmente conseguirá que

eles se interessem por esse conteúdo. A autora a seguir, apresenta alguns

procedimentos que podem ajudar no processo de incentivação da

aprendizagem.

“Faça a articulação e a correlação do que está sendo ensinado e

aprendido com o real. Assim, ao introduzir um novo conteúdo ou iniciar uma

unidade didática, comece pelos fatos e situações reais relacionados ao

ambiente imediato (físico ou social) e próximo da experiência e da realidade

vivencial do aluno. A partir da correlação com o real, chega-se à abstração, à

generalização e à elaboração teórica, por meio da mobilização dos esquemas

operatórios do pensamento, que geram a reflexão e o raciocínio. Em seguida,

faça os alunos aplicarem novamente aos fatos, o conhecimento já organizado

e sistematizado a partir do real.

Apresente os novos conteúdos partindo de uma questão

problematizadora ou situação-problema, para a qual os alunos devem

encontrar, individualmente ou em grupo, uma explicação ou solução. Através

do processo da descoberta (que envolve ensaio e erro) e de procedimentos,

como a pesquisa, o diálogo e a análise das informações expostas pelo

professor, o aluno coleta dados que, aplicados à situação-problema

apresentada, ajudam a esclarecê-la ou resolvê-la.

Use procedimentos ativos de ensino-aprendizagem, condizentes com a

faixa etária e o nível de desenvolvimento dos alunos. Isto quer dizer que, para

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incentivar a aprendizagem, convém propor aos alunos atividades desafiadoras,

que estimulem sua participação e acionem e mobilizem seus esquemas

operativos de cognição(sejam eles sensório-motores, simbólicos ou

operatórios). Os alunos devem vivenciar situações de ensino-aprendizagem

ativas, onde possam observar, comparar, classificar, ordenar, seriar,fazer

estimativas, realizar operações numéricas a partir da manipulação de material

concreto, localizar no tempo e no espaço, coletar e analisar dados, sintetizar,

propor e comprovar hipóteses, chegar a conclusões, elaborar conceitos,

avaliar, julgar enfim, onde possam agilizar e praticar as operações cognitivas.

Incentive o aluno a se auto-superar gradualmente, através de atividades

sucessivas de progressiva dificuldade. Proponha pequenas tarefas e prepare

os alunos para realizá-las, proporcionando-lhes as condições necessárias para

assegurar o seu êxito imediato. Elogie e reforce o sucesso por eles alcançado

no desempenho da atividade, pois, em geral, os alunos demonstram interesse

por aquilo que conseguem realizar bem.

Planeje as atividades do dia ou da semana em conjunto com a classe.

Explique aos alunos os objetivos de cada atividade, e o que se espera deles ao

término de cada uma, para que saibam o que devem fazer e qual a expectativa

em relação ao seu desempenho.

Esclareça o objetivo a ser atingido com a realização de certa atividade

ou o estudo de determinado conteúdo, relacionando esse objetivo à realidade

imediata do aluno. Quando o aluno conhece a finalidade da atividade, tende a

realizar esforço voluntário para alcançar o objetivo. Mas é praticamente inútil

tentar incentivar os alunos informando-lhes, simplesmente, sobre o valor e a

importância do conteúdo ensinado e das vantagens remotas de sua

aprendizagem. O que ajuda a incentivar o aluno é o fato de ele perceber e

verificar que aquilo que aprende tem uma relação com a sua realidade

imediata e apresenta vantagens para sua vida real e presente. Os projetos de

ação que apresentam metas mais imediatas são mais significativos e têm uma

carga motivadora mais forte. É preciso aproveitar a predisposição que o aluno

possui para aprender aquilo que é significativo para ele.

Mantenha um clima agradável na sala de aula, estimulando a

cooperação entre os membros da classe, pois as relações humanas que se

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estabelecem na sala de aula influem na aprendizagem. Oriente o supervisione

os trabalhos, acompanhando e assistindo os alunos quando necessitarem.

Elogie o esforço realizado por cada um e o progresso alcançado, inspirando-

lhes confiança e segurança na própria capacidade de aprender e fazer

progressos. Quando for o caso, mostre-lhes, com compreensão, formas de

melhorar o seu desempenho nos estudos. Convém lembrar que a expectativa

que o professor tem em relação ao desempenho do aluno, isto é, o que o

professor espera dele, tem um papel decisivo em seu aproveitamento escolar.

Informe regularmente os alunos dos resultados que estão conseguindo,

analisando seus avanços e dificuldades no processo de construção do

conhecimento. Estimule-os a continuar progredindo e incentive-os a encarar os

erros, de forma construtiva, isto é, como uma maneira de aprender e de se

aperfeiçoar. Aqui a auto-avaliação será muito útil. Por isso, estimule os alunos

a se auto-avaliarem, verificando seus pontos fortes e fracos, seus avanços e

dificuldades, os aspectos em que apresentaram um bom desempenho, e

aqueles em que precisam melhorar ainda mais” (REGINA C. Op.cit, p. 79-81).

A questão da disciplina na sala de aula

Regina Célia (1995) resume o termo disciplina em duas acepções

extraídas da obra de Leif intitulada Vocabulário Técnico e Crítico da Pedagogia

e das Ciências da Educação .

a) Em relação ao ensino, disciplina é um conjunto ou corpo específico de

conhecimentos com suas características próprias e métodos particulares

de trabalho. Nesse sentido, corresponde à matéria de ensino, conteúdo

ou componente curricular.

b) Em relação ao indivíduo, disciplina é uma regra de conduta ou um

conjunto de normas de comportamento que podem ser aceitas

livremente pelo indivíduo, regulando o seu comportamento

(autodisciplina). (CÈLIA R.Op. cit, p.64).

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Therezinha Fram (1968) diz que disciplina é a “formação interior de

comportamento inteligente, que sabe se dirigir, que sabe definir os seus

objetivos e que sabe encontrar os melhores meios para atingir esses

objetivos”.

“Disciplina, no que diz respeito à vida do indivíduo, é aquela capacidade

que ele tem de orientar inteligentemente o seu comportamento, sabendo

manipular as forças do ambiente” . (Idem, ibidem, p.65) com o qual interage,

seja este o universo físico, seja o mundo cultural e das instituições, ou seja o

das pessoas. É disciplinado do ponto de vista da interação com o universo

físico quem conhece as suas leis sociais e consegue “entender o que a

sociedade está exigindo dele” (Idem, ibidem p.67), atuando para aprimorar

essa cultura e essas instituições.

Portanto, percebemos que a autora apresenta uma concepção vasta de

disciplina, equivalente ao conjunto das condições nas quais a aprendizagem

global se realiza, e a insere na perspectiva de uma autodisciplina.

Já Valter Garcia (p.162) dá a seguinte definição de disciplina:

“ordenação de condições que possibilitem a aprendizagem.”

Em última análise, para Regina Célia (1995), o conceito de disciplina

é muito mais amplo:

“como podemos verificar, o conceito disciplina está passando por uma

modificação gradual: de um conjunto de proibições e punições caminha-se em

direção à prevenção e correção; de uma disciplina rígida e severa baseada no

temor e visando unicamente a obediência às normas impostas de fora.

Em relação ao ensino, disciplina é um conjunto ou corpo específico de

conhecimentos com suas características próprias e métodos particulares de

trabalho. Nesse sentido, corresponde à matéria de pela coerção

(heterodisciplina), caminha-se gradativamente em direção a uma

autodisciplina.

“A autodisciplina é um conjunto de princípios e regras elaborado

livremente pela pessoa, através do contato com a realidade e da interação com

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os outros, e interiorizados pela aprendizagem, pela tomada de consciência

das exigências da vida pessoal e social, e pela busca da autonomia através da

atividade livre.”

É importante ressaltar que a disciplina da classe é em grande parte,

uma conseqüência da relação professor-aluno. Sendo assim, apresentamos de

forma resumida algumas sugestões mencionadas por Regina Célia (1995) no

seu livro Curso de Didática Geral, as quais podem ajudar o professor a orientar

a conduta de seus alunos e a criar condições para o desenvolvimento da

autodisciplina:

“Estabeleça, em conjunto com os alunos, os padrões de comportamento

a serem seguidos, permitindo que eles analisem e discutam as normas de

conduta propostas, expressando sua opinião a respeito de cada uma delas e

contribuindo com sugestões.

Use procedimentos positivos de orientação da conduta, visando sempre

desenvolver o autoconceito positivo dos alunos. Elogie os comportamentos

adequados, bem como o empenho e o esforço demonstrados, pois assim você

estará orientando a conduta do aluno e estimulando-o a progredir na

aprendizagem.

Procure explicar a razão de ser das regras de conduta adotadas,

mostrando por que elas são necessárias. No caso de uma repreensão em

particular, explique ao aluno por que seu comportamento é inadequado.

Respeite e leve em conta a história pessoal do aluno.

Incentive e permita que os alunos participem ativamente da

organizaçãoescolar e da dinâmica da sala de aula.

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CAPÍTULO II

RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NA EDUCAÇÃO

SUPERIOR

A professora Sônia Maria Roncaglio (2004), psicóloga e mestre em

educação pela Universidade de Tuiuti, do Paraná, em artigo publicado no site

do Conselho Federal de Psicologia, trata da relação professor-aluno na

educação superior e da influência que esta recebe da gestão educacional. O

artigo apresenta uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo etnográfica,

englobando entrevistas e observação de campo, com alunos e professores de

um curso de Pedagogia , no segundo semestre de 2002. A autora fazendo

menção da lei de Diretrizes e Bases da Educação (LBD), diz que: “a referida lei

promove a descentralização e a autonomia para as escolas e universidades,

além de instituir um processo regular de avaliação do ensino das instituições

(Art.46). Ainda em seu texto, valoriza o magistério (Art. 67). É nesse contexto

de regras e normas orientadas pelo sistema educacional, via Lei nº 9394/96,

que, no seu artigo 12, inciso I, prevê que “os estabelecimentos de ensino,

respeitas as normas comuns e as de seu sistema de ensino, terão a

incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica’, que se

estabelece a relação professor-aluno.”

Para a criadora da pesquisa em apreço “a gestão educacional e a

relação professor-aluno, em alguns momentos do cotidiano escolar,

convergem para o mesmo ponto, como se a gestão educacional se

concretizasse nessa relação. Apesar de, num primeiro momento, parecer que

a responsabilidade por essa relação seja somente desses dois atores,

sabemos da influência da gestão educacional.

A professora Sônia Maria destaca que o objetivo da pesquisa em foco é

investigar a relação professor-aluno na educação superior e como a gestão de

um curso de Pedagogia influencia a relação de seus professores com os seus

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alunos. Assim, foi necessário verificar o que os alunos e professores do

mencionado curso tinham a dizer.

O leitor tomará conhecimento dos resultados da pesquisa em pauta na

parte dos anexos no final do trabalho. A autora após concluir a pesquisa fez

suas considerações finais. Vejamos a seguir:

“No interior da universidade ocorrem múltiplas relações, sendo a relação

professor-aluno uma das mais importantes. No equilíbrio desta, encontramos o

“tom” da relação pedagógica; dela também depende a relação do aluno com o

conhecimento, com a aprendizagem e, por que não, com todo o contexto

universitário.”

De acordo com a nossa observação, durante o período de pesquisa,

percebemos que cabe ao professor a decisão de desenvolver o plano de

curso, definir os conteúdos, a metodologia, a bibliografia, enfim determinar

como se dará o processo de construção de conhecimento. Ao aluno, cabe

acatar as decisões docentes, estudar, aprender e provar que aprendeu e é

capaz de produzir conhecimento. Isso caracteriza a relação autoridade-

subordinação, dominador-dominado. Dessa forma, entendemos que o

professor tem o papel de controle social do processo educativo; a ele cabem

as decisões desse processo.

Observamos que a relação professor-aluno é caracterizada pela

assimetria e pela troca de influências entre individualidades distintas, o que

permite que se estabeleça um vínculo de dependência entre seus atores. De

acordo com Tavares (1996), a assimetria remete-nos à não sobreposição da

relação interpessoal. Por maior que seja o seu grau de reciprocidade

relacional, os sujeitos da relação continuam sendo um ser uno, único e distinto.

Também nas interações entre a relação professor-aluno e a gestão do

curso, vamos encontrar uma troca de influências, na qual as tomadas de

decisões da gestão vão modificar alguns aspectos dessa relação de forma

consciente ou inconsciente.

Por outro lado, o comportamento da relação professor-aluno vai

interferir, de alguma forma, nas definições de novas medidas tomadas pela

gestão.

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Apesar de existirem publicações sobre a gestão democrática e o esforço

de muitos professores em realizarem esse tipo de gestão na sua prática

pedagógica, observamos, em nossa pesquisa, que a gestão da universidade

enquanto sistema continua apresentando um modelo vertical, em que as

decisões vêm de cima para baixo, estabelecendo relações de autoridade.

Nesse tipo de relação, o poder não se exerce, impõe-se. Essa prática de

gestão pode alterar a relação professor-aluno, muitas vezes criando conflitos

difíceis de serem resolvidos.

Outrossim, entendemos que a gestão da universidade, a de um curso de

graduação, está vinculada a gestão do Sistema Educacional Brasileiro pautado

no modelo vertical. Talvez fosse necessário que esse sistema adotasse uma

filosofia de Educação que possibilitasse uma estrutura circular, integrada, em

que as formas de ação pudessem ser mais autônomas e as decisões tomadas

coletivamente.

O professor na educação superior também modelo para os alunos. Isso

fica muito claro na fala dos alunos entrevistados. É necessário que o professor

se conscientize desse fato, pois, muitas vezes, o educando o segue sem

nenhuma reflexão sobre a sua postura de docente enquanto pessoa, o que

imprime maior responsabilidade à sua prática de mestre. É importante que seu

discurso seja coerente com sua prática. Em nossa pesquisa, detectamos que

nem sempre a lógica acontece. No caso do curso de Pedagogia pesquisado,

muitas vezes, o professor apregoa determinados conceitos sobre a prática

docente que não são aplicados por ele em suas aulas (é o que relatam alunos

e professores).

Tanto os gestores do curso quanto os professores na gestão de sua

aula (preparar,organizar,planejar uma aula é uma forma de gestão

educacional) imprimem a sua filosofia pessoal, os seus valores, a sua marca,

os quais de alguma forma podem alterar a interpretação e a concretização da

leitura institucional, fator esse que vai interferir na relação professor-aluno.

O universo da nossa pesquisa, predomina uma relação baseada em

valores humanistas, aberta, flexível, facilitadora da aprendizagem entre

professores e alunos. Porém, encontra-se, em muitos momentos, no

predomínio da autoridade, do poder autoritário, da posição hierárquica em

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relação ao saber. Consideramos que, atualmente, as diferentes tendências

pedagógicas coexistem, não só na mesma instituição como na mesma sala de

aula. Há diferenças de posturas metodológicas e filosóficas entre professores

que são percebidos pelos alunos em sala de aula. Essas diferenças imprimem

a marca do professor, traçam o perfil da sua prática docente.

A gestão do curso interfere na relação professor-aluno através tomadas

de decisão do gestor, através do seu relacionamento com o professor e com o

aluno e também na forma como os orienta nas suas dificuldades.

Embora, neste trabalho, busquemos compreender a relação professor-

aluno no ensino superior e a influência que esta recebe da gestão educacional,

é importante destacar que o tema aqui abordado é complexo e envolve outros

aspectos que necessitam de complementação com informações de caráter

acadêmico, comportamental e afetivo - emocional.

As análise e reflexões aqui realizadas constituem subsídios importantes

para ampliar a discussão e compreensão da relação professor-aluno no ensino

superior. Sugerimos que outras pesquisas sobre o tema sejam realizadas e

que passem a contribuir para a melhoria da qualidade do ensino superior.

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CAPÍTULO III

A SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL E DA

RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Em nossa vida hodierna observamos que a figura do professor vem

perdendo prestígio e respeito. Acredita-se que tal fato seja conseqüência do

descaso do governo com a educação, priorizando atender as metas impostas

por organismos internacionais, para qualificação de mão-de-obra e formação

de consumidores, um mundo globalizado e sobretudo capitalista.

Sendo o professor vítima do contexto educacional e sócio-econômico,

ele próprio é agente dos resultados do processo ensino-aprendizagem, pois

em sua práxis, normalmente ele opta por uma teoria pedagógica, com a qual

assume uma postura democrática ou autoritária.

Em relação aos nossos alunos no ensino no ensino superior, vemos que

o quadro é delicado. Procuram os cursos universitários com propósito de

enquadrar-se às exigências de um mercado de trabalho instável e dependente

das multinacionais. A maioria busca a qualificação mínima objetivando títulos

que lhes possibilitem ser contratados ou manter-se em seus empregos. É

constatado que esses futuros profissionais ingressam no mercado de trabalho

sem uma base crítica do mundo, e portanto, ficam sem condições intelectuais

para transformarem a situação vigente. E assim, de forma passiva, sem

criatividade, participam esses alunos do processo educacional brasileiro.

Em última análise, entendemos que as relações existentes no cenário

nacional são as de conformismo e adaptabilidade aos sistemas, ao contrário

do que acontece com os estudantes ricos e desejados pelo mercado

educacional, que têm todo um sistema voltado para formar indivíduos que

ocuparão cargos importantes nas empresas, no governo etc.

Nelson Guedes de Freitas (2006) endossa esta realidade da educação

brasileira quando diz que as escolas públicas estão preocupadas somente em

passar informações e técnicas, formando recursos para o mercado de trabalho,

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enquanto a construção do conhecimento - essencial ao cidadão - fica em

segundo plano e não é sua prioridade. Assim, as disciplinas nos levam às

regras e aos comportamentos previamente escolhidos e determinados,

enquanto as regras de fugir das regras, como acontece na vida e na natureza,

não são estimuladas. Resultado: jovens e futuros adultos passivos, sem

autonomia, violentos e agressivos, pois são dia a dia violentados na essência,

na liberdade, no não reconhecimento de poderem ser eles mesmos. O autor

ao citar Frei Beto, complementa a análise em apreço.

A escola está em crise, porque nada é mais cartesiano e newtoriano do que a escola. Se os paradigmas da modernidade entram em crise, a escola também entra em crise. E por que a escola entra em crise.? São Tomás de Aquilo tem uma frase que eu gosto muito: “A razão é a imperfeição da inteligência”. Ou seja, a inteligência vem de “intus leggere” (ser capaz de ler dentro). Há pessoas analfabetas que são sumamente inteligentes. Inteligir uma situação não depende propriamente de cultura, depende de sensibilidade, de intuição, daquilo a Bíblia chama de sabedoria. E hoje constatamos que a escola nos torna cultos, mas não nos torna necessariamente inteligentes. Passei 22 anos nos bancos escolares, e a escola nunca tratou dos temas limites da vida, nunca falou experiências pelas quais passamos, se não por todas, pelos menos pela maioria, nunca falou de doença, nunca falou de fracasso, nunca falou de ruptura de laços afetivos , nunca falou de dor, nunca falou de morte, nunca falou de sexualidade e, se falou de religião, não falou de espiritualidade, ou seja, temos uma escola tipicamente cartesiana, barroca. É como aqueles anjos das igrejas de Minas Gerais e da Bahia, que só têm cabeça, o resto é uma massa disforme. Nossa escola cartesiana acha que devemos saber como são os conceitos da física, mas saímos da escola sem saber consertar automóvel, televisão, geladeira, pregar um botão na camisa, cozinhar um ovo, fazer café. Não somos preparados para prestar primeiros socorros, para fazer coisas absolutamente triviais do nosso cotidiano, porque a escola separa a cabeça das mãos, não nos abarca na totalidade, na formação do ser com tal para a vida. Ela dá instrumentos de compreensão e modificação da natureza, que constituem a cultura, mas não propriamente de uma interação com a natureza. (FREI BETTO. Um Sentido para a Vida, p.4).

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Para Maria Lúcia de Arruda Aranha, “...espera-se que o profissional da

educação seja uma sujeito crítico, reflexivo, um intelectual transformador,

capaz de compreender o contexto social-econômico-político em que vive. A

autora cita Isabel Alarcão, que enfatiza o papel reflexivo do educador. “A noção

de professor reflexivo baseia-se na consciência da capacidade de pensamento

e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não como mero

reprodutor de idéias e práticas que lhe são exteriores. É central, nessa

conceptualização, a noção do profissional como uma pessoa que, nas

situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas, atua de forma

inteligente e flexível, situada e reativa”. (Maria Lúcia de Arruda Aranha.

Filosofia da Educação, 2006, p. 47-49).

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CONCLUSÃO

Chegamos à conclusão do trabalho em apreço, reconhecendo que o

tema é bastante complexo já que envolve relacionamentos interpessoais.

Vimos que a relação dialógica é importantíssima no relacionamento professor

e aluno. A questão da autoridade versus autoritarismo também é de grande

relevância, pois o equilíbrio é fundamental. O conceito de disciplina em sala

de aula foi analisado de forma esclarecedora. A sugestões para motivação da

classe ajudarão o educador em sua labuta pedagógica. E por fim

argumentamos através de citações de alguns teóricos acerca do perfil dos

futuros profissionais no mercado brasileiro. Concluo deixando a célebre frase

proferida pelo ilustre educador Paulo Freire: “Não há educação sem amor”

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ANEXO

MARIA ESTAVA EM PAUTA

APRESENTADOR - Era uma reunião de educadores. Professores,

diretores, vice- diretores, supervisores, orientadores, psicólogos, assistentes

sociais etc. Ali estavam. Maria estava em pauta. Maria, a pestinha da escola.

Maria, uma menina que se recusava a usar o uniforme habitual, e exigido, que

chegava atrasada, saía cedo, encarava qualquer um, já havia enfrentado todos

os que ali estavam. A má vontade contra Maria passeava pelo ar...

A DIRETORA - Estamos todos reunidos aqui para dar uma solução ao

caso de Maria. Não preciso especificar. Todos a conhecem. Mas não gosto de

expulsar ninguém sem uma tomada geral de opiniões. Não quero reclamações

posteriores. Tenho de calçar minha posição contra ataques futuros. Por favor,

psicólogos, exponham o que encontraram na análise de Maria:

PSICÓLOGOS - Contra a vontade da menina, aplicamos-lhe vários

testes. Foi uma luta. Recusava-se, negava-se; detesta testes, detesta

psicólogos, não acredita em nada disto, nos falou. Diante do perigo de ser

expulsa, aquiesceu. Agora, pasmem, caros colegas - Maria tem 140 de QI!

Sabe o que quer dizer isso? Maria é quase gênio!!! Inteligência elevadíssima...

E ainda nos contou, uma piada – falou que um garoto, no vestibular disse que

neurótico é o sujeito que constrói castelos no ar. Psicóticos, os que moram

neles e psiquiatras e psicólogos os que cobram aluguel pelos castelos... É

petulante, não é? A assistentes sociais foram visitar a casa dela?

ASSIST. SOC. - Vive numa boa casa, a mãe, tem curso superior,

trabalha dia e noite para sustentar três filhos já que o pai se mandou por aí...

Maria leva e traz os irmãozinhos ao colégio, quando sai daqui. A mãe se

queixou – ela é relaxa, não se cuida, cabelos despenteados, tudo jogado pela

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casa. Muito respondona, discute por qualquer coisa. Mas também tem gestos

de amor inesperados. No aniversário da mãe fez uma festa surpresa para ela

com bolo, salgados. Tudo comprado com dinheirinho que juntou. E sofre sobre

seu rendimento escolar... Vamos ouvir os professores? Vocês, de linguagem.

PROF. DE PORTUGUÊS – Maria é uma criança engraçada. Escreve

tudo errado, professora com cedilha; mas eu queria que vocês lessem – o

conteúdo é belíssimo, a forma é rica – usa palavras adiantadíssimas, mal

escritas – mas muito interessantes. Vou, reprová-la, com muita pena. Mas ela

não... sabe escrever direito... Ela é que faz abaixo assinados para os colegas,

ela é que escreve discursos, ela está sempre escrevendo – e errando. É uma

pena... Ela me disse que gosta de História. Que tal ouvirmos a professora de

História?

PROF. DE HISTÓRIA – Maria me dá muito trabalho. Há dias em que

presta uma atenção incrível. Fixa o olhar em mim, pergunta, pergunta,

interrompe, discute, discute... Fala de grupos de pressão, de poder, de classes

dominantes e diz que vai ser socióloga. Respondam-se, caros colegas, como

posso conduzir minha classe se Maria me perturba o tempo todo? E na

matemática, como vai Maria?

PROF. DE MATEMÁTICA – Temos horror a Maria e ela nos

corresponde na mesma moeda. Odeia matemática: sempre ficou para 2ª

época. Imaginem que tentei conquistá-la , dei a ela uma caixa de bombom,

uma coleção de santinhos... e ela me devolveu os santinhos . Disse que é

atéa... Isto mesmo : atéa.

PROF. DE CIÊNCIAS – Gente – de repente, estou ouvindo vocês e não

entendo nada. Será que estão falando da minha aluna Maria, 13 anos, da 7ª

série? Não entendo o que se passa neste recinto, não posso acreditar! Ela só

tira dez, comigo. Infelizmente nunca discutimos. Maria ou vocês saberiam o

quanto ela me ajuda... Na feira de ciências ela fabricou um aparelho, ela

arranjou ratinhos para a exposição... Ficou lá o tempo todo ajudando a todos...

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Na minha aula - é verdade que quase nunca eu dou aulas expositivas, sempre

lanço problemas para os alunos e fico esperando as respostas dos grupos...

Maiêutica, não é? E Maria é minha melhor aluna. Como vão expulsar uma

menina assim? Meu Deus... a quem poderia pedir auxílio nesta hora? É

preciso salvar uma criança extraordinária...

DIRETORA – Como constatamos, professora, só a senhora vê méritos

em Maria. Todos os outros a reprovarão. Logo, a senhora será mesmo voto

vencido. Concordam que eu chame a mãe da menina para que retire Maria

daqui? Quem concordar levante a mão...

APRESENTADOR – Neste momento um barulho ensurdecedor se faz

ouvir... uma luminosidade imensa clareou o ambiente e uma voz suave e doce

encheu o recinto:

UMA VOZ – Todos aí reunidos , como uns tolos, para expulsar uma

menina superdotada- que ousou ser diferente... De que mais precisa o mundo

senão de meninas como Maria? Ela é o sal da terra, a flor de sua escola e

vocês a querem deportar...

APRESENTADOR – Aos professores parecia que era a voz de Moacir

Gadotti que se fazia ouvir...

GADOTTI – Por favor, professores... “conduzir crianças, hoje, é papel do

motorista do ônibus escolar e não do professor, do pedagogo”. Esta escola

limitou-se a cumprir programas – sem criatividade, sem alegria, sem vida – e, à

exceção da bela professora de ciências, vocês robotizaram sua crianças... Por

isto Maria detesta sua escola... “Uma docência limitada à transmissão de

conhecimentos e um supermercado de idéias”...

EDUCADORES - Paciência, Doutor... como podemos , nós diretores,

nós professores, nós supervisores etc. descumprir leis, descumprir programas,

descumprir regras que vêm sendo marteladas em nosso ofício há mais de dois

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séculos? Professor tem mais é que dar a matéria toda, ensinar o que mandam

as secretarias, não é. E as conseqüências da desobediência?

GADOTTI - Maria está educando vocês. E vocês não perceberam isto.

Nem a mãe de Maria... “a desobediência representa um alto grau de

criatividade histórica. É pela desobediência, meus caros mestres, que o

educando, ao dizer não, diz também eu e se assume criticamente. O

desrespeito, visto como complemento negativo da desobediência, é um ato

cheio de amor e de ternura. É só eficaz por isto... Duplamente eficaz, porque

educa o educador.”

EDUCADORES – Se desobedecermos aos nossos superiores... Vamos

ter mas conseqüências... e, senhor, se aceitarmos o ato de desobediência

descemos de nosso pedestal. A criança não nos tratará com o devido

respeito...

GADOTTI – “Educar, caros mestres, é fazer ato de sujeito, é

problematizar o mundo, em que vivemos para superar suas contradições,

comprometer-se com este mundo para recriá-lo constantemente. Não é

consumir idéias, nem obedecer. Incoerência, desordem, desobediência, são as

linhas diretrizes a minha pedagogia. Será que não estávamos confundindo

Educação com Submissão, com Obediência?

“A educação é obra transformadora, criadora, ora, para criar é

necessário mudar, perturbar, modificar a ordem existente. Fazer progredir

alguém significa modificá-lo. Por isto a educação é um ato de desobediência e

desordem. Uma educação autêntica reordena. Nesta dialética ordem-

desordem é que se opera o ato educativo e o crescimento espiritual do

homem.”

APRESENTADOR - A luz desapareceu naquela sala, de repente.

Professores cabisbaixos meditavam. Só a professora de ciências sorria, feliz.

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Até que enfim alguém referendava o que ela sempre pensara em sua

filosofiazinha de professora humilde e consciente.

E como por ali pairava o ideal o ideal do educador, aquele sopro

indefinível que nos faz ficar transformado de alegria a um simples aceno de um

menininho, nosso aluno...a diretora falou:

DIRETORA - Gente, acho que precisamos mudar! Isto aqui está um

baú de velhas idéias. Vou comprar livros novos, vamos ter reuniões mais

sérias, vamos questionar nossas aulas, nossos programas, nossas atitudes.

Quem concordar, por favor, levante a mão...

APRESENTADOR - Todos concordaram

DIRETORA - Agora, querida colega, o que faremos com Maria? Vamos

imitar a professora de ciências e encarregar Maria de coisas diferentes, vamos

ocupá-la, amá-la um pouco mais? Oferecer-lhe problemas a resolver?

APRESENTADOR - Todos concordaram

TODOS - A partir daquele dia ouviam-se risadas nos pátios, alegria nas

salas de aula e Maria, a menina impossível, de repente, por ser menina,

começou a acreditar, de novo, que por trás do arco íris havia um castelo de

sonhos deslumbrantes.

Jogral de FERNANDA BARCELLOS - com trechos escolhidos de MOACIR

GADOTTI no livro (EDUCAÇÃO E PODER) “CORTEZ”

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BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo:

Moderna, 2006.

FREITAS, Nilson Guedes. Pedagogia do amor. Rio de Janeiro: Wak,2006.

HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral, 2º Edição. São Paulo:

Ática, 1995.

PILETT, Nélson. Sociologia da Educação. São Paulo: Ática,1985.

Jogral de Fernanda Barcellos. Com trechos escolhidos de GADOTTI, Moacir.

Educação e Poder: Cortez.

http://www.conselhofederaldepsicologia.org.br - acesso em 30/03/2009

http:// www.webartigos.com/recfarm.php- acesso em 30/03/2009

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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