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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Dificuldade de Aprendizagem Margareth José Fernandes Mello Orientador Profª: Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Dificuldade de Aprendizagem

Margareth José Fernandes Mello

Orientador

Profª: Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Dificuldade de Aprendizagem

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Psicopedagogia.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer a

Deus que sempre esteve ao meu lado dando

forças e me carregando no colo nos

momentos difícieis e complicados que

muitas vezes me deparei. Com ele ao meu

lado pude seguir meu caminho com forças e

fé;

A minha irmã Eliana que me apoiou nas

horas difícieis;

Agradeço a minha filha Ana Clara que soube

entender e ter paciência;

Ao meu marido que mesmo separado me

apoiou e ajudou acreditando no meu

crescimento;

A minha mãe que pude contar com ela;

A todos os professores que dedicaram e

levaram o melhor para o crescimento de

todos;

As colegas de turma que puderam trocar

experiências e conhecimentos em especial

as minha amigas de grupa: Cássia, Heloísa,

Lili e Marcele que me orientou em todos os

momentos.

A todos que de alguma forma contribuíram

para essa formação.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família e em

em especial a minha filha.

Aos meus amigos e alunos aos quais

convivi com essas dificuldades e que me

levaram ao interesse e busca de

conhecimento e crescimento profissional.

Dedico a todas as pessoas que estão em

busca de conhecimentos e crescimento

profissional e pessoal.

“Acredite nos seus sonhos, faça com

que eles aconteçam.”

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RESUMO

Muito tem se falado sobre dificuldade de aprendizagem que as crianças

enfrentam na escola e no ambiente familiar, os motivos que levam as mesmas

a fracassarem na escola. Mas e a família? O que ela pode fazer para ajudar

seus filhos? E a criança, como deve se sentir diante da situação? A criança

precisa sentir que pode contar com a família para resolver as dificuldades, com

a família por perto ela se sente segura e amparada para continuar seus

estudos e quebrar as barreiras.

Através desse estudo poderá ser analisado o que as crianças enfrentam

no momento em que estão com dificuldades, o que pensam em relação a si

próprias, onde e porque a família contribui para o desenvolvimento e

crescimento, qual a parcela de culpa frente às dificuldades e o que poderia

fazer para ajudar.

Crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças

deficientes, não são incapazes e, ao mesmo tempo, demonstram dificuldades

para aprender. Incapacidade de aprendizagem não devem ser confundidas

com dificuldades de aprendizagem.

Concluí que a escola e principalmente a família são agentes

responsáveis pela integração da criança na sociedade. Principalmente a família

precisa contribuir para o desenvolvimento e crescimento do seu filho que

apresenta dificuldade de aprendizagem aceitando e ajudando da melhor forma

possível.

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Não me ensine nada que eu possa descobrir.

Provoque minha curiosidade. Não me dêem apenas

respostas.

Desarrume minhas idéias e me dêem somente pistas de

como ordena-las.

Construa comigo o conhecimento.

Sejamos juntos inventores, descobridores, navegantes e

piratas da nossa própria aprendizagem.

Não fale apenas de um passado distante ou de um futuro

imprescindível.

Esteja comigo hoje alterando as sensações quem ensina

e de quem aprende.

Ivana M. Pontes

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METODOLOGIA

O presente trabalho será desenvolvido em estudos e pesquisas que

abordem as dificuldades de aprendizagem e a família, bem como todos os

aspectos relacionados. São muitos os autores que se preocupam com as

dificuldades que as crianças encontram em idade escolar.

A pesquisa será baseada em estudos realizados de livros, revistas,

apostilas, internet, e bibliotecas UFF, UNIPLI.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I – Dificuldade de Aprendizagem 10 CAPÌTULO II_ Causas de Dificuldade de Aprendizagem 15 CAPÌTULO III- A Criança com dificuldade de aprendizagem 22 CAPÍTULO IV- Ambiente Familiar 28 CONCLUSÃO 32 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33 ÌNDICE 34 FOLHA DE AVALIAÇÃO 36

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é procurar alcançar um estudo de pesquisa

verificando como as crianças e adolescentes que encontram-se em situação

atual de escolaridade e ambiente familiar que apresentam DA, levando ao

conhecimento de causas e características afim, de melhor trabalho.

Analisar os conceitos mais comumente utilizados na especialidade e suas

perceptivas.

As crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças

incapazes, apenas apresentam algumas dificuldades para aprender. São

crianças que tem nível de inteligência bom, não apresentam problemas de

visão ou audição, são emocionalmente bem organizadas e fracassam na

escola.

Nesta pesquisa no Capítulo 1, será apresentada a história da dificuldade

de aprendizagem mostrando suas características.

No Capítulo 2, será debatida a possíveis causas relatando alguma em

evidências.

No Capítulo 3, será falado da criança e suas dificuldades na escola.

No Capítulo 4 e último, mostrará a importância da família diante às

dificuldades de aprendizagem.

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Capítulo I-DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

I.I-Características:

A criança com Dificuldade de Aprendizagem ( D A ), caracteriza-se por

uma inteligência normal, por adequada acuidade sensorial, auditiva, visual, por

um ajustamento emocional e por um perfil motor adequado. Por exclusão, não

pode ser confundida com uma criança deficiente mental, pois não possui uma

inferioridade intelectual global. Não é uma criança deficiente visual ou

amblíope, nem deficiente auditiva ou com hipoacuscia, pois os seus sistemas

sensoriais estão intactos. Não evidencia perturbações emocionais severas,

nem apresenta uma motricidade disfuncional.(Vitor Fonseca,1995).

As suas principais características compreendem uma dificuldade

aprendizagem nos processos simbólicos: fala, leitura, escrita, aritmética, etc.,

independentemente de lhe terem sido proporcionadas condições adequadas de

desenvolvimento (saúde, envolvimento familiar estável, oportunidades sócio-

culturais e educacionais, etc.). A criança com Dificuldade de Aprendizagem

manifesta uma discrepância no seu potencial de aprendizagem e exibe uma

diversidade de comportamentos que podem ou não ser provocados por

disfunção psiconeurológica. Manifesta freqüetemente dificuldades no processo

de informação quer no nível receptivo, quer ainda ao nível integrativo e

expressivo.

Usualmente revela-se como uma criança inteligente, embora claudique

na escola.

Inverte letras: ²d ² por ² b ², ² u ² por ² n ²; números: ² 6 ² por ² 9 ²; ou lê ² bar ²

por ² ²dar ² , ou ² 96 ² por ² 69 ² , etc.² Esquece-se com freqüência.²

²Não aprende seqüências dos dias da semana, dos meses ou das estações do

ano.² Fala em histórias fabulosas, mas não cosegue saber quanto é 2 + 2. ²

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²vezes é tagarela, não pára de falar. ² ²Está em permanente atividade, não se

concentra, é muito distraída e teimosa.²

De acordo com Vitor da Fonseca 1995, além dessas características

muito gerais, a criança com DA apresenta outros problemas que vamos

abordar em seguida sumariamente, de uma forma sistemática, com a finalidade

de permitir essencialmente a identificação, mais ou menos precisa, das suas

necessidades educacionais.

² Esforça-se por aprender, mas não consegue.² ² Perde objetos.

Freqüetemente é muito desorientada. ² É trapalhona ao falar.² ² Coordena mal

os movimentos.“ “Sabe muitas coisas, mas não aprende a ler“, etc. dificuldades

de aprendizagem, dois posicionamento fundamentais se delineiam. O primeiro,

por parte dos pais que responsabilizam o sistema educacional, a

Quando se discutem as causas do crescimento número de crianças e

jovens com escola e seus profissionais, que por muitos motivos não atendem a

esta demanda, qualitativa ou quantitativamente.

Por outro lado, o sistema educacional, a escola como um todo, insiste

que falta de recursos financeiros, a dificuldade de encontrar profissionais com

boa formação e interessados em seu auto-aperfeiçoamento, a desestruturação

familiar, o desinteresse e as dificuldades cognitivas e emocionais dos alunos,

não lhe permite resolver sozinha os problemas de aprendizagem de alguns

alunos. (Maria Irene Maluf, 2005).

Assim estamos frente a uma situação complexas, cujos resultados

desastrosos são inegáveis para a educação das crianças e jovens. Preferimos

analisar a questão a partir de outro enfoque, privilegiando o que a nossa

experiência nos mostrou.

A princípio, temos que lembrar que os problemas biológicos, de origem

genética ou não, determinam muitas das dificuldades de aprender. Em seguida,

pensamos na situação sócio- econômica – cultural das famílias, que podem

possuir ou não tais recursos para abordar e tratar dessas questões. Não nos

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esquecemos ainda de que recursos familiares também são de ordem

emocional e de envolvimento com valores e responsabilidades dos pais com

seus filhos. E não se trata assim só da responsabilidade, mas também da

disponibilidade de cada família de abrir espaço e dar continência a esse tipo de

problemática. Porém nos lembramos que felizmente, não é incomum que

pessoas advindas de meios sócio- econômicos desfavoráveis e de famílias

pouco envolvidas com questões relacionadas à aprendizagem, tenham

sucesso escolar e profissional, assim como as diferenças entre irmãos também

são percebidas com freqüência.

Em relação à escola, no mundo todo se ouve falar dos problemas

enfrentados pelo sistema educacionalpúblico: as questões com a formação do

professorado, a precariedade dos investimentos governamentais etc.

Entretanto, muitas iniciativas privadas também têm sofrido críticas, apesar de

nos dois ambientes – governamental e privado – existirem sucessos e

insucessos.

Porém, quando analisamos individualmente crianças e jovens com

problemas de aprendizagem, verificamos que estamos frente a uma mescla

enorme de influências, de origem bio-psico-sociais, que não permitem que na

prática, se desvincule uma da outra, de tal forma que estão arraigadas,

entrelaçadas.

Nas pesquisas mais recentes, percebemos que nenhum fator, quer seja

o potencial cognitivo da criança, sua motivação para estudos, as condições

familiares e sociais que o cerca, a escola que freqüenta, pode explicar por si, o

fracasso das crianças e jovens na sua mais importante ocupação que é a

escola.

Todos esses fatores influenciam o resultado final. Lembremos que

experiências educacionais positivas são fundamentais para reduzir os

problemas de aprendizagem de ordem biológica, da mesma forma que novas

pesquisas e tratamentos para questões ligadas ao neurológico tem função

determinante no tratamento desse tipo de questão e influência de forma

marcante a metodologia a ser usada e a compreensão dos distúrbios de

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aprendizagem na escola. Comprovadamente estudos sobre a plasticidade

cerebral, entendendo-se esta como capacidade do cérebro em modificar-se em

função da experiência, da aprendizagem, têm cedido lugar a uma nova

denominação as dificuldades aprendizagem: dificuldades de ensino –

aprendizagem.

Hoje é preciso compreender as dificuldades de outro ângulo: a escola

não compete somente descobrir e trabalhar as potencialidades de cada aluno,

mas de se preparar para otimizar o desenvolvimento dessas qualidades dentro

da realidade de cada um.

Assim parece mais apropriado definirmos as dificuldades de

aprendizagem não a partir somente das limitações do potencial da criança, das

problemáticas familiares ou escolares, mas a partir da intenção desses fatores,

ou seja, da proporção em que a escola, a família e a sociedade oferecem

juntas, o atendimento necessário às suas características individuais ou em

resposta a essas dificuldades que aparecem quando as crianças se inserem no

sistema educativo.

Cabe, portanto repensar a responsabilidade que temos enquanto

profissionais ou, portanto, como família, nessas questões e como podemos e

devemos, mudar o foco de nosso olhar da criança para a relação ensino

aprendizagem que lhe oferecemos para entender suas dificuldades de

aprendizagem.

“Dificuldades de aprendizagem são vistas como

uma condição de vulnerabilidade psicossocial

(Rutter, 1987). A criança com dificuldades na

aprendizagem pode desenvolver sentimentos

de baixa auto-estima e inferioridade (Erikson,

1971). Dificuldades na aprendizagem escolar

freqüentemente são acompanhadas de déficits

em habilidades sociais e problemas emocionais

ou de comportamento; essas associações se

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verificam, tanto quanto se empregam critérios

mais restritivos de identificação das

dificuldades de aprendizagem (Kavale &

Forness, 1996), como abordagens genéricas

do insucesso escolar”.

(Hinnshaw, p.23, 1992).

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Capítulo II: Causas da dificuldade de aprendizagem

2.1- Possíveis causas da dificuldade de aprendizagem.

A dificuldade de aprendizagem é caracterizada por uma série de causas

que nem sempre é descoberta em casa, mas que podem ser iniciadas em

casa.

Segundo Vitor da Fonseca 1995, algumas causas podem ser

apresentadas através de:

*Problemas de atenção;

*Problemas perceptivos;

*Problemas emocionais;

*Problemas de memória

“Dificuldades de aprendizagem é um termo

geral que se refere a um grupo heterogêneo

de desordens manifestadas por dificuldades

significativas na aquisição e utilização e

utilização da compreensão auditiva, da fala,

da leitura, da escrita e do raciocínio

matemático. Tais desordens, consideradas

intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se

devidas a uma disfunção do sistema nervoso

central, podem ocorrer toda a vida. Apesar

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das dificuldades de aprendizagem ocorrem

com outras deficiências (por exemplo,

deficiência sensorial, deficiência mental,

distúrbio sócio-emocionais) ou com

influências extrínsecas (por exemplo,

diferenças culturais, insuficiente ou

inapropriada instrução, etc.), elas não são o

resultado dessas condições”.

(Fonseca, 1995, p.71).

2.1.1 - Problemas de atenção.

Muitas crianças apresentam dificuldades em focar ou fixar a atenção não

selecionando os estímulos relevantes dos irrelevantes.

Dispersam-se com muita freqüencia, sendo atraída, mais usualmente,

por sinais distráteis. A sua desatenção pode ser motivada por carência

(inatenção) ou por excesso (superação). Em ambos os casos, a fixação

anormal ou a fixaçãopormenores supérfluos e pouco significativos impede que

se processe a seleção da informação necessária à aprendizagem.

Parece verificar-se um descontrole do reflexo básico de orientação,

nãoselecionando nem se explorando convenientemente os estímulos.

As crianças com DA apresentam normalmente problemas de seleção

quando dois ou mais estímulos estão presentes. A existência de estímulos

competitivo perturba essas crianças, tanto ao nível visual como auditivo.

A distração parece interferir com a percepção, e subseqüente, com a

aprendizagem. Sabe-se hoje que a atenção é controlada pelo tronco cerebral, e

a seleção integrada dos estímulos, bem como a criação de um estado tônico

controle (1º bloco de Lúria) que é indispensável à aprendizagem. Uma vez

afetada esta unidade funcional, o cérebro está impedido de processar e

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conservar a informação, pondo em risco as funções de decodificação e de

codificação.

Na criança com DA registram-se alterações e flutuações na atenção e na

sua duração e extensão. Os sistemas de ativação, de inibição de integração

neurossensorial evidenciam disfunções retículo-córtico-reticular e vários

descontroles talâmicos, que impedem a atenção de fazer fáceis situações ou

tarefas durante um período de tempo razoável, prejudicando, por esse fato, o

tratamento subseqüente e consciente da informação. Pode dar-se esse nível,

segundo alguns investigadores, uma espécie de bloqueio no processamento de

dados, não possibilitando a análise e a síntese cortical estímulos necessários à

aprendizagem.

Muitas tarefas de aprendizagem requerem da parte do indivíduo

isolamento crítico e pré-preceptivo de vários estímulos, muitas vezes

inacessível às crianças com DA. Não se operando uma seleção da informação,

o córtex pode encontrar-se em permanente dificuldade e confusão em separar

a informação supérflua e parasita da informação relevante e necessária. Outras

tarefas, porém, exigem a mudança controlada da atenção, o que muitas vezes

não ocorre nas crianças com DA.

A atenção depende de outras variáveis como motivação, a

hiperatividade, a impulsividade, o biorritmo preferencial, a presença de

estímulos simultâneos, a função intraneurossensual da figura-fundo e centro-

periférica, a complexidade da tarefa, a seqüêncialização das operações em

causa, a observância de condições que ocorrem antes e durante as situações,

o tipo de reforço em causa, o nível da experiência anterior, o estado emocional

do momento, etc. (Vitor da Fonseca, 1995).

2.1.2- Problemas perceptivos.

Dentro dos problemas perceptivos mais estudados nas crianças com DA

destacam-se os visuais e os auditivos.

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A criança com DA revela certas dificuldades em identificar, discriminar e

interpretar estímulos. Os primeiros processos de tratamento da informação

sensorial parecem apresentar ambigüidades, sincretismo, confusões,

hesitações, distorções, falhas, etc.

Segundo M. Frostig.50% das crianças na primeira fase (1º ano da 1ª

fase) possuem um inadequado desenvolvimento perceptivo que tende a

repercurtir-se nas DA, quer quanto à leitura e escrita, quer quanto ao cálculo.

Embora a aprendizagem envolva processos psíquicos superiores (

retenção, integração, conceitualização, etc.) não restam dúvidas de que ela

também depende de processos psíquicos automáticos (atenção, discriminação,

identificação, figura-fundo, decodificação, seqüencialização, análise, , síntese,

complemento, reconhecimento primário, memória de curto termo,

recodificação, etc., em que as crianças com DA manifestam problemas de

várias ordens.

O processo perceptivo humano envolve processos de recepção,

transdução e integração de informação muito complexos.

Para a percepção se dar é necessário que se opere uma estimulação

sensorial, e, dentro dela, Há que contar com o tipo de modalidade sensorial

que está em causa, a sua proximidade, nível de desenvolvimento sensorial, isto

é, de experiência anterior, etc.

Segundo Skeffington, citado por Getman (Mendes e Fonseca, 1978), o

desenvolvimento perceptivo-visual normal emerge da multiintegração dos

seguintes processos sensório-motores.

*processo antigravítico: engloba as aquisições motoras básicas

(reptação, quadrupedia, controle postural, locomoção bípede, etc.)

*processo de interiorização corporal e espacial: resulta da construção da

imagem do corpo e subseqüentemente da lateralização e da direcionalidade,

que por implicação vão estar na base das funções de orientação e da

exploração(“radar do Eu”).

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*processo de identificação e de manipulação: decorre do contato com o

real e com os objetivos. A ação sobre os outros e com os outros e com

mediatizada com os objetos.

2.1.3- Problemas emocionais.

As crianças com DA são normalmente descritas pelos pais e pelos

professores como “vivas” e “fabulosas”, “nervosas” e “desatentas”, “irriquietas”

e “traquinas”, “possessivas” e “desarrumadas” e “desorganizadas”,

“conflituosas” e “descontroladas”, “explorativas” e “manipulativas”,

irresponsáveis “e”negativas”, “instáveis” e “impulsivas”, etc.

Evidenciam freqüetemente sinais de instabilidade emocional e de

dependência, a que não é alheia uma reduzida tolerância à frustração. A sua

conduta social, por vezes bizarra, surge com dificuldades de ajustamentoà

realidade e com inúmeros problemas de comunicação.

Inseguras e instáveis afetivamente, podem por vezes manifestar

ansiedade, agressividade reacional, tensão, regressões, ruminações

emocionais narcisimos, negativismos, etc. A incertezado Eu tendo a criar nas

crianças com DA uma subvalorização perigosa, normalente associada com

auto-subestimação e fragilidade do autoconceito.

Sentimentos de exclusão, de rejeição, de perseguição, de abandono, de

hostilidade e de insucesso são também detectáveis nessas crianças.

As crianças emocional e socialmente desajustadas tendem a obter

fracos resultados escolares, na medida em que os distúrbios emocionais

desintegram o comportamento e, conseqüentemente, o potencial de

aprendizagem.

“Podem existir, junto com dificuldades de

aprendizagem, problemas nas condutas de

auto-regulação, percepção social e interação

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sociais, mas não constituem, por si próprias,

uma dificuldade de aprendizagem”.

Garcia, p.31-32, 1998.

2.1.4- Problemas de memória.

A memória que constitui o processo de reconhecimento e de rechamada

(reutilização) do que foi aprendido e retido é, como sabemos, uma função

neuropsicológica imprescindível à aprendizagem. Memória e aprendizagem são

indissociáveis, razão pela qual as crianças com DA acusam freqüentemente

problemas de memorização, conservação, consolidação, retenção,

remorização, rechamada (visual, auditiva e tatilquinestésica), etc. da

informação anteriormente recebida.

Efetivamente, a memória envolve vários processos de recognição e de

reconstrução dos dados conservados e intergrados, processos esses que

envolvem atividades bioquímicas e bioelétricas complexas que permitem

armazenar e integrar a informação.

Estão de certa forma contidas na função da memória (retenção) as

funções de atenção e compreensão, na medida que estas só se desenrolam

quando aquela se encontra intacta.

As associações significativas passadas e presentes que operam no

cérebro devem-se fundamentalmente às funções da memória. Através da

memória, as imagens são utilizadas e substituídas por palavras para permitir a

formulação ideacional, que está por detrás das condutas exigidas pela

aprendizagem.

Três processos básicos e inter-relacionados da memória são

reconhecidos: a memória de curto termo ( mediata), a memória de médio termo

e a memória de longo termo.

A memória de curto termo tem a função de atenção e de discriminação

das mudanças, momento a momento, que ocorrem no envolvimento e a função

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de armazenamento temporário (mais ou menos dois segundo ) da informação

quando esta está a ser processada, manipulada, organizada e codificada para

a memória de longo termo.

Todas essas fases de tratamento da informação vão exigir a sua fixação,

função esta especificamente operada pela memória de médio termo.

Independentemente de se ocupar de processos seqüencializados de

restauração da informação, a memória de curto termo encontra-se em

interação recíproca com a memória de longo termo, a fim de estabelecer

associações significativas (ou não) entre a informação atual (presente) e a

informação anterior (passada).

A memória de longo termo recebe e armazena a informação

interpretada, percebida, organizada e compreendida, tornando-a disponível e

livre para ser estrategicamente utilizada e reutilizada no futuro.

A memória ocupa uma função importantíssima na aprendizagem. Ao

selecionar e chamar a informação assimilada e consolidada, o cérebro

combina-a, relaciona-a, classifica-a e organiza-a de uma forma seqüencializada

e ordenada para efeitos de recepção, de integração e de expressão.

Á memória estão adstritas funções de análise, síntese, seleção, conexão,

associação, estratégia, formulação, arranjo e regulação, daí a sua implicação

inevitável na aprendizagem. (Klein e Schawart, 1977).

“(...) os problemas de aprendizagem não são restringíveis

nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das

conjunturas sociais. É preciso compreende-los a partir de

um enfoque multidimensal, que amalgame fatores

orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos,

percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a

análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem

devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela

transformação da sociedade”.

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Capítulo: III- A Criança com dificuldade de

aprendizagem.

3.1- Dificuldade apresentada.

Consideram-se dificuldades de aprendizagem aquelas apresentadas ou

só percebidas no momento de ingresso da criança no ensino formal. O conceito

é abrangente e inclui problemas decorrentes do sistema educacional, de

características próprias do indivíduo e de influências ambientais (Paín, 1985).

Muitas vezes os pais não percebem a dificuldade de seu filho ou

ignoram a situação, por não enfrentarem da forma que precisa ser tratado. É

preciso que aja coerência e interesse dos pais para assim, tratar do seu filho.

Assim, essa condição, quando persistente e associada a fatores de risco

presentes no ambiente familiar e social mais amplo, podem afetar

negativamente o desenvolvimento do indivíduo e seu ajustamento em etapas

subseqüentes.

Na adolescência, o fracasso escolar persistente traz o risco de

desadaptação psicossocial associado à evasão. O abandono da escola pode

levar ao sub-emprego, à probabilidade aumentada de afiliar-se a grupos

marginalizados e a outras circunstâncias que restringem o acesso a

oportunidades favoráveis e aumentam a probabilidade de desadaptação

(Maughan, Gray & Rutter, 1985).

Estudos de seguimento confirmam a condição de vulnerabilidade de

adolescentes que apresentaram e/ou apresentam dificuldades de

aprendizagem. A maior parte dos estudos disponíveis trata de dificuldades de

aprendizagem diagnosticadas. Os adolescentes afetados mostram mais sinais

de mau ajustamento pessoal e mais comportamentos anti-sociais (Spreen,

1982), e apenas uma minoria se relaciona satisfatoriamente com seus

companheiros (McKinney,1989). Um estudo de seguimento, realizado em

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nosso meio, indicou que uma em cada cinco crianças referidas para

atendimento psicológico em virtude de baixo rendimento escolar apresentou

problemas sérios de adaptação na adolescência, como envolvimento com

drogas, incidentes criminais e conflitos intensos nos relacionamentos

(Marturano, 1997).

3.2- Dificuldade no relacionamento.

A dificuldade de relacionamento é uma variável que aumenta a

vulnerabilidade do adolescente com problemas na aprendizagem, dada a

importância dos relacionamentos com os pares nessa fase do

desenvolvimento. Por outro lado, a família e as relações parentais também

afetam a vida dos adolescentes, pois os sentimentos de apego, nesta fase,

devem estar seguros para promover a competência social com os pares,

ajustamento emocional, auto-estima e menor dependência do suporte externo.

A forma como os pais encaram a paternidade e as práticas educativas

que utilizam fazem parte deste processo, que sofre a influência de diversas

variáveis como características dos próprios pais, características dos filhos,

contexto social, expectativas de pais e filhos, história prévia dos pais enquanto

filhos, entre outras. A interação destes fatores leva a práticas parentais que

agem, direta ou indiretamente, nos comportamentos, sentimentos e habilidades

dos filhos (Hart, Ladd & Bulerson, 1990).

Pesquisas de seguimento realizadas entre a meninice e a adolescência

aponta que crianças que apresentaram comportamentos agressivos, mesmo

que controlados, naquela fase, continuavam a apresentar tais comportamentos

na adolescência, sendo estes comportamentos mais intensos quando

comparados com adolescentes que não haviam apresentado tais

características na meninice. Parece existir ainda alta correlação entre a

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estabilidade de comportamentos agressivos, no período que vai da

meninice à adolescência, por um lado, e por outro, maiores adversidades

familiares e práticas educativas autoritárias. Indivíduos que apresentavam

maior estabilidade da agressividade entre a meninice e a adolescência

pertencia a famílias que haviam passado por maiores adversidades ambientais

e/ou famílias que aplicavam práticas educativas mais autoritárias, não

promovendo o autocontrole em seus filhos (Feldman & Weinberger, 1994;

Tremblay & Haapasalo,1994). Adolescentes que vêm de ambientes familiares

inadequados, com práticas inefetivas, aparecem como menos populares,

menos aceitos pelos pares e com maior probabilidade de dificuldades no

ajustamento sócio-emocional e acadêmico (Hart e cols., 1990).

Acresce que, com o passar dos anos de escolaridade dos filhos, os pais

passam a monitorá-los menos. O envolvimento adequado dos pais com a

escolaridade dos filhos promove não só o envolvimento dos filhos com esta,

como também um melhor rendimento escolar e bom nível de auto-estima

(DeBaryshe, Patterson & Capaldi, 1993). A valorização, o engajamento e o

encorajamento dos pais com relação à escolaridade dos filhos promovem nos

filhos a motivação intrínseca para o aprendizado, e parecem associados ao

maior grau de iniciativa dos filhos em sala de aula. Em contrapartida, pais que

não se envolvem, não se engajam com a escolaridade dos filhos ou cobram de

maneira excessiva geram um baixo nível de motivação intrínseca e um alto

nível de motivação extrínseca, sendo que estes adolescentes têm baixa

iniciativa em sala de aula (Ginsburg & Bronstein, 1993).

A criança tem um distúrbio de comportamento quando ela

apresenta desvios da expectativa de comportamento do

grupo etário a que pertence. Ou seja, quando ela não está

ajustada aos padrões da maioria desse grupo e, portanto,

seus companheiros ou de se muitas vezes seu

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comportamento pode se manifestar como um problema

para a sua aprendizagem”.

( Droquet, 203, p.77 )

3.3- A criança com dificuldade de aprendizagem na escola

Segundo Fermino 2000, a dificuldade de aprendizagem,

comportamentos divergente, que podem levar o aluno ao fracasso, causando

grandes angústias nos professores e a relação que se dá entre alunos e

professores, principalmente por meio da “fala”, todos esses fatos não podem

ser vistos como peças enguiçadas que não têm mais conserto. Importante é

entender o que se passa num processo educativo e os motivos que levam

essas dificuldades a fracassos escolares, tornando-se muitas vezes fracassos

de vida. Importante e desafiante é repensar as práticas educativas, envolvendo

não só os alunos, mas professores, coordenadores, diretores e todos que

fazem parte do processo, um recorte para uma intervenção psicopedagógica.

Portanto, na atuação do professor existe uma fragilidade em relação ao aluno

que não se sustenta pela psicologia nem pela pedagogia, principalmente nos

dias atuais. Basta lembrarmos em nossas experiências como elas se

processam.

“Professias auto-realizadoras em sala de aula: as

expectativas dos professores como determinantes não

intencionais da capacidade intelectual dos alunos que

podem funcionar como uma profecia educacional que se

auto-realiza. O professor consegue menos por esperar

menos( Rosenthal e Jacobson, 1981, p.258)”

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Sendo assim, consegue mais por esperar mais. As dificuldades de

aprendizagem do aluno implicam o estudo da rede de relações cotidianas nas

quais ele está inserido. Muitas pesquisas qualitativas de relatos de trabalhos

têm nos possibilitado conhecer a produção do fracasso escolar em nossas

escolas públicas. As pesquisas revelam histórias de crianças que, devido à

série de repetências, evadiu-se da escola. Revelam, acima de tudo, práticas

que produziram o fracasso dessas crianças, revelando falhas na formação

profissional dos professores.

“Nos educadores, deveríamos saber que aquilo que o

aluno apresenta, aquilo que salta aos olhos, é o efeito

mais aparente de uma causa subjacente. O efeito

geralmente é limitado e pode ser descrito em termos

concretos. A causa, por sua vez, é complexa e abarca

fatores e situações que levam a pessoa ao desequilíbrio,

ou, em outras palavras à doença (Lima,2000,p.49).

Isto é verificado nos dias atuais em nossas escolas, um desiquilíbrio

muito grande em relação ao social e também aos aspectos relacionados ao

pedagógico, lembrando as dificuldades de aprendizagem, as depressões,

fobias, violências, frustrações e somatizações.

Na educação, sinais de enfermidade aparecem

diariamente, como a evasão, a violência, a retenção, a

indisciplina, e o que é pior, a recusa a aprender. Esse

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estado de coisas jamais pode gerar nos educandos uma

predisposição para a aprendizagem (Lima,2000, p. 51)”.

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Capítulo IV : Ambiente Familiar

4.1- Ambiente familiar e dificuldades de aprendizagem

As crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças

incapazes, apenas apresentam alguma dificuldade para aprender.

As dificuldades são definidas como problemas que interferem no

domínio de habilidades escolares básicas, e elas só podem ser formalmente

identificadas até que uma criança comece a ter problemas na escola. As

crianças com DA são crianças suficientemente inteligentes, mas enfrentam

muitos obstáculos na escola. São curiosos e querem aprender, mas sua

inquietação e incapacidade de prestar atenção tornam difícil explicar qualquer

coisa a eles. Essas crianças têm boas intenções, no que se refere a deveres e

tarefas de casa, mas no meio do trabalho esquecem as instruções ou os

objetivos.

A criança com DA muitas vezes é rotulada, sendo chamada de

“perturbada”, “incapaz” ou “retardada”.(Garcia, 1998)

O ambiente familiar sofre influências de diferentes variáveis, advindas de

contextos com os quais pais e filhos interagem. A influência destas variáveis

sobre os pais parece associada a alterações em suas práticas educativas e,

conseqüentemente, ao seu envolvimento com a escolaridade dos filhos. Entre

as variáveis que parecem interferir diretamente nas práticas educativas temos:

dificuldades econômicas, dificuldades conjugais, psicopatologias parentais,

estressores do dia-dia, entre outras. Estas variáveis, que agem como pressões

na vida familiar, influenciam de diferentes maneiras em cada fase do

desenvolvimento dos filhos (Dodge, 1990; Fauber, Forehand, McThomas &

Wierson, 1990; Grych & Fincham, 1990).

Diferentes variáveis influenciam no risco de desajuste sócio-emocional e

acadêmico da criança e dos adolescentes. Parece difícil uma relação direta

entre uma dada variável e um problema de desajuste específico. No entanto,

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tem-se de forma bastante clara que, quanto maior o número de variáveis

que agem de forma negativa sobre o ambiente familiar, práticas educativas e

filhos, maior a vulnerabilidade dos filhos e probabilidade de apresentarem

problemas de ajustamento e desempenho (Fergusson, Horwood & Lawton,

1990; Sameroff, Seifer, Baldwin & Baldwin, 1993). Assim, ao se pensar no

ajustamento atual de adolescentes que, quando crianças, apresentaram

dificuldades de aprendizagem, temos que considerar as variáveis ligadas à

família e ao adolescente, além das novas características deste período do

desenvolvimento.Primeiramente devemos questionar se, de fato, a criança

apresenta DA ou se seu rendimento não satisfaz as expectativas do professor

(da escola). Um desenvolvimento incomum nem sempre denuncia alguma

patologia (a gravidez de gêmeos é anormal estatisticamente e normal

medicamente), podendo refletir dificuldades pessoais eminentemente

circunstanciais.

Convém sempre lembrar que a medicina é apenas uma das muitas

maneiras de avaliar o ser humano, o qual pode ser argüida pela sociologia,

psicologia, antropologia, pela religião, pela pedagogia e assim por diante. Mas

a medicina, por sua vez, funciona na base da avaliação, diagnóstico e

tratamento e, havendo um diagnóstico MÉDICO, a medicina não abre mão do

tratamento.

Portanto, é demagógicos o discurso que fala em “rotular pacientes” e coisas do

gênero; a medicina diagnostica paciente, ela não rotula pessoas. Profissionais

completamente desfamiliarizados com o diagnóstico médico, até por uma

questão de conforto emocional, preferem considerar o diagnóstico uma

inutilidade ou um mecanismo de discriminação. Não vale nem a pena

comentar...

Na realidade, temos visto que a família só é mobilizada a procurar

ajuda especializada para suas crianças quando fica evidentes ou ameaçados

o rendimento escolar e a aprendizagem. Infelizmente, na maioria das vezes

essa ajuda é procurada incorretamente, pois, na medida em que a família se

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sente ameaçada por algum estigma cultural, qualquer coisa parece

servir, desde que não seja o psiquiatra. Serve o neurologista, o psicólogo,

terapeutas e pedagogos, mas psiquiatra, decididamente não.

Não pretendemos dizer que tais profissionais sejam indevidos para os

casos onde a emoção esteja fortemente presente, mas nem sempre o caso

será mais adequadamente tratado exclusivamente por eles. De fato, o real

motivo para a procura de todos esses profissionais, menos o psiquiatra, é o

receio de ter um filho tratado por psiquiatras. Uma vez esclarecido que

psiquiatras não é médico que só tratam de loucos.

Se pensarmos no problema de aprendizagem

como só derivado do organismo ou só da

inteligência, para sua cura não haveria

necessidade de recorrer à família. Se, ao

contrário, as patologias no aprender surgissem

na criança ou adolescente somente a partir de

sua função equilibradora do sistema familiar,

não necessitaríamos, para seu diagnóstico e

cura, recorrer ao sujeito separadamente de sua

família. Ao considerar o sintoma como

resultante da articulação construtiva do

organismo, corpo, inteligência e a estrutura do

desejo, incluído no meio familiar (e

determinado por ele) no qual seu sintoma tem

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sentido e funcionalidade...é que podemos

observar o possível “atrape” da inteligência.

Alicia Fernandez 1998.p. 98.

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Conclusão

A criança com dificuldade na aprendizagem pode desenvolver

sentimentos de baixa auto-estima e inferioridade. Dificuldades na

aprendizagem escolar, freqüentemente são acompanhadas de déficits em

habilidades sociais e problemas emocionais ou de comportamento; essas

associações se verificam, tanto quando se empregam critérios mais restritivos

de identificação das dificuldades de aprendizagem, como em abordagens

genéricas do insucesso escolar. Assim, essa condição, quando persistente e

associada a fatores de risco presentes no ambiente familiar e social mais

amplo, podem afetar negativamente o desenvolvimento do indivíduo e seu

ajustamento em etapas subseqüentes.

Na adolescência, o fracasso escolar persistente traz o risco de

desadaptação psicossocial associado à evasão. O abandono da escola pode

levar ao sub-emprego, à probabilidade aumentada de afiliar-se a grupos

marginalizados e a outras circunstâncias que restringem o acesso a

oportunidades favoráveis e aumentam a probabilidade de desadaptação

Estudos de seguimento confirmam a condição de vulnerabilidade de

adolescentes que apresentaram e/ou apresentam dificuldades de

aprendizagem. A maior parte dos estudos disponíveis trata de dificuldades de

aprendizagem diagnosticadas. Os adolescentes afetados mostram mais sinais

de mau ajustamento pessoal e mais comportamentos anti-sociais e apenas

uma minoria se relacionam satisfatoriamente com seus companheiros.

Um estudo de seguimento, realizado em nosso meio, indicou que uma

em cada cinco crianças referidas para atendimento psicológico em virtude de

baixo rendimento escolar apresentou problemas sérios de adaptação na

adolescência, como envolvimento com drogas, incidentes criminais e conflitos

intensos nos relacionamentos.

Este trabalho teve a intenção de mostrar a importância do

desenvolvimento da criança perante as suas dificuldades.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Apostilas de estudos: 2004/2005.

BALTAZAR, José Antonio e MORETTI, Lucia Helena Tioso

Programa de Mestrado em Educação da UNOESTE- Presidente

Prudente (SP) – BRASIL.

JOSÈ,Elizabeth Assunção e COELHO, Maria Teresa: Problemas de

Aprendizagem. Série Educação. Editora Ática.

MALUF,Maria Irene: As Dificuldades de Aprendizagem.25/07/2005.

PAMPLONA, Antônio Manuel Morais: Distúrbios de Aprendizagem –

Uma abordagem Psicológica . 11ª Edição. Ddicon.

PORTO, Olívia: Bases da Psicopedagogia: Diagnóstico intervenção dos

problemas de aprendizagem. 2005

Sites: www. Educare.pt /Biblioteca Digital/PE

www. Psiqweb.méd.Br/infantil/aprendizagem.htm

SISTO, Fermino Fernandes. Dificuldade de Aprendizagem no Contexto

Psicopedagógico. 2001.

STRICK,C. e SMITH,L:Ddificuldades de aprendizagem de A a Z. Porto

Alegre: ARTMED. 2001.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

EPÍGRAFE 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 10

1.1- Características da Dificuldade de Aprendizagem 10

CAPÍTULO II- CAUSAS DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 15

2.1- Possíveis Causas 15

2.1.1- Problemas de Atenção 16

2.1.2- Problemas Perceptivos 17

2.1.3- Problemas Emocionais 19

2.1.4- Problemas de Memória 20

CAPÍTULO III- A CRIANÇA COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 22

3.1- Dificuldade Apresentada 22

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3.2- Dificuldade no relacionamento 23

3.3- A criança com dificuldade de aprendizagem na escola 25

CAPÍTULO IV- AMBIENTE FAMILIAR 28

4.1- Ambiente familiar e dificuldade de aprendizagem 28

CONCLUSÃO 32

BIBLIOGRAFIA 33

INDICE 34

FOLHA DE AVALIAÇÃO 36

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Dificuldade de Aprendizagem Data da Entrega: 28/01/2006

Avaliado por: ___________________________________ Grau _________________.

___________________._____de__________________de 200___