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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA ORGANIZAÇÃO Por: Tatiane Batista Moreira Orientadora Prof. Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

Por: Tatiane Batista Moreira

Orientadora

Prof. Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA ORGANIZAÇÃO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Finanças e Gestão

Corporativa.

Por: Tatiane Batista Moreira

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AGRADECIMENTOS

....aos amigos, parentes e colegas de

trabalho.

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DEDICATÓRIA

À meu pai, minha mãe e meu noivo.

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RESUMO

O benefício é uma forma de remuneração indireta que visa oferecer aos

funcionários uma base para a satisfação de suas necessidades profissionais,

seu nível de satisfação, além de manter a qualidade dos negócios. O programa

de benefícios está atrelado ao processo de recompensar pessoas que é

utilizado para incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais

mais elevadas. Essas regalias e vantagens oferecidas pelas instituições

poupam tempo, dinheiro e esforços das pessoas para poderem suprir essas

necessidades. Vale ressaltar que quanto mais valorizadas forem estas

necessidades, mais o funcionário contribuirá voluntariamente para o sucesso

da organização.

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METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desse trabalho utilizei as principais fontes de

informações, como, livros, jornais, revistas e pesquisa bibliográfica.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8

2 FATORES DETERMINANTES DA MOTIVAÇÃO ........................................ 10

2.1 Teoria da Hierarquia das necessidades de Abraham Maslow ....................... 11

2.2 Teoria dos dois fatores de Frederick Herzberg ............................................... 12

2.3 Teoria das Expectativas ..................................................................................... 14

3 SISTEMA DE RECOMPENSAS ........................................................................ 17

3.1 Equidade ............................................................................................................. 18

3.2 Componentes de um Sistema de Recompensas ............................................... 19

3.2.1 RECOMPENSAS INTRÍNSECAS .................................................................. 19

3.2.2 RECOMPENSAS EXTRÍNSECAS ................................................................. 20

3.2.2.1 Recompensas Financeiras ............................................................................. 21

3.2.2.2 Recompensas Não-financeiras ...................................................................... 21

4 TIPOS DE REMUNERAÇÃO ............................................................................ 23

4.1 Salário ................................................................................................................. 24

4.2 Incentivos ............................................................................................................ 24

4.2.1 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS ................................................................... 25

4.2.2 PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS ......................................................... 25

4.3 Benefícios Sociais ............................................................................................... 26

4.3.1 ORIGENS DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS ....................................................... 26

4.3.2 TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS ................................................................ 27

4.3.3 VANTAGENS DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS ......................... 29

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 31

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 33

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1 INTRODUÇÃO

A competitividade global impõe às organizações uma administração

apta a se desenvolver e adequar às constantes mudanças. Para atuar de

maneira eficiente neste mercado complexo, as organizações precisam de

pessoas qualificadas e comprometidas com sua missão e com seus objetivos.

Para atrair e manter pessoas com essas características são criados e

utilizados os sistemas de recompensas.

As inúmeras vantagens de se ter um funcionário envolvido com a

empresa possuem uma correlação com o plano de benefícios oferecido.

Podemos citar a oportunidade de atrair e manter talentos, aumento da

motivação, a diminuição da rotatividade e do absenteísmo, e melhora da

qualidade de vida de todos, principalmente, do setor de recursos humanos.

Entende-se como benefícios legais aqueles exigidos pela legislação

trabalhista, previdenciária ou por convenções coletivas entre sindicatos. São

benefícios que também são concedidos em dinheiro, através da folha de

pagamento e gerando encargos sociais deles decorrentes.

Os benefícios espontâneos são aqueles concedidos de forma natural

sem exigência legal. São oferecidos na forma de vantagens ou facilidades para

os colaboradores, que visam prover para o empregado e sua família certa

condição de segurança e previdência em casos de imprevistos ou

emergências, muitas vezes, fora de seu controle ou vontade. Esses benefícios

propiciam ao empregado condições de repouso, diversão, recreação, higiene

mental ou lazer construtivo.

Os planos de benefícios podem ser financiados parciais ou totalmente

pela empresa. Cada um deve ser analisado isoladamente do outro. Exemplo:

Há empresas que ao oferecerem plano de saúde descontam obrigatoriamente

do salário base do funcionário. Em contrapartida, há organizações que

oferecem o plano de saúde em forma de níveis, onde o básico não possui

desconto na remuneração do colaborador, enquanto os outros níveis têm um

valor simbólico descontado na folha de pagamento.

A área de Recursos Humanos das empresas vê os benefícios como

armas para conquistar os candidatos, isto porque muitas das vezes o salário

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isoladamente não é um fator preponderante para motivá-los. De acordo com

Chiavenato (1998), a remuneração geralmente é feita de muitas outras formas,

além do pagamento em salário, parte da remuneração total é constituída de

benefícios sociais, que são aquelas facilidades, conveniências, vantagens e

serviços que as organizações oferecem aos seus empregados, no sentido de

poupar-lhes esforços e preocupação.

De acordo com a teoria das necessidades de Maslow, os benefícios

atingem as necessidades primárias e secundárias. As primárias são as

fisiológicas que são as necessidades de alimentação, sono, repouso e abrigo,

proteção (segurança) que os protege de ameaças. As necessidades

secundárias que os benefícios englobam são as sociais que estão

relacionadas com a vida associativa do individuo junto a outras pessoas.

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2 FATORES DETERMINANTES DA MOTIVAÇÃO

Um dos maiores desafios para os administradores é desvendar e

gerenciar os fatores que motivam os indivíduos, para identificar esses fatores é

necessário antes compreender o que é a motivação.

Segundo Chiavenato (2001, p.152), “A motivação se refere ao

comportamento que é causado por necessidades dentro do individuo e que é

dirigido em direção aos objetivos que podem satisfazer essas necessidades”.

O autor afirma ainda que as necessidades motivam o comportamento humano

e lhe dão direção e conteúdo.

Partindo desses conceitos de motivação percebe-se que as pessoas

não são motivadas pelas atitudes de outras, e sim por suas próprias

necessidades. Surge então uma pergunta: se a motivação nasce das

necessidades individuais, como as organizações poderão motivar seus

colaboradores?

A organização tem de satisfazer as ambições e as necessidades de

seus membros e fazê-lo considerando sua capacidade como indivíduos, é

preciso reconhecer que as pessoas agem no seu próprio interesse, baseados

em suas necessidades. Os funcionários se esforçarão na execução de suas

tarefas se puderem ao mesmo tempo em que contribuem satisfazer suas

necessidades (HAMPTON, 1992).

Para os administradores, o grande desafio da motivação é levar as

pessoas a colaborarem com seu trabalho para a execução das atividades e

alcance dos objetivos da organização. Quanto à origem da motivação não há

unanimidade, algumas teorias que parecem explicar fenômenos motivacionais

em um contexto falham em outros mas existem algumas teorias motivacionais

que servem de fundamento e trazem lições muito úteis para os

administradores.

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2.1 Teoria da Hierarquia das necessidades de Abraham Maslow

De acordo com a teoria da hierarquia das necessidades de Abraham

Maslow, as pessoas são motivadas por cinco diferentes tipos de necessidades:

fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto-realização. Estas

necessidades obedecem a uma ordem de importância e são dispostas

segundo uma hierarquia, conforme a capacidade de motivar o comportamento.

As necessidades primárias estão relacionadas com a sobrevivência do

indivíduo. São necessidades fisiológicas e de segurança. As fisiológicas: são

intrínsecas, fazem parte da natureza humana, como alimentação, repouso,

abrigo, sexo etc. As necessidades de segurança referem-se à segurança,

estabilidade e proteção contra danos físicos e emocionais.

As necessidades secundárias são relacionadas com a vida social e com

a auto-avaliação de cada individuo. São necessidades sociais, de estima e de

autorealização. As sociais incluem afeto, necessidade de participação,

aceitação por parte do grupo, amizade etc. As de estima envolvem

autoconfiança, a necessidade de aprovação pessoal e de respeito, status,

prestígio etc. E por fim as necessidades de auto-realização que estão ligadas

ao autodesenvolvimento pessoal e profissional. (CHIAVENATO, 2000)

Enquanto o primeiro nível de necessidades não for satisfeito, essas

necessidades monopolizam o comportamento consciente da pessoa e

comandam o poder de motivação. A medida, no entanto, que essas

necessidades são satisfeitas, vão perdendo também o seu poder de

motivação. (HAMPTON, 1992).

Maslow considerava que nenhuma dessas necessidades é plenamente

satisfeita, ainda assim, uma necessidade substancialmente realizada deixa de

motivar. Para estimular a motivação de alguém é preciso entender em qual

nível da hierarquia esta pessoa está no determinado momento, para então

concentrar a atenção na satisfação das necessidades daquele nível ou do nível

superior.

Para Robbins (2001), os três primeiros níveis da pirâmide são

classificados por Maslow como necessidades de carência, por que devem ser

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satisfeitas para que os indivíduos se sintam saudáveis e seguros. Os dois

últimos níveis foram chamados de necessidades do crescimento, por estarem

relacionadas ao desenvolvimento e a realização do potencial de cada pessoa.

Alguns autores consideram a hierarquia das necessidades uma teoria

ultrapassada. Bernardes e Marcondes (2003, p. 48) dizem que: “essa

hierarquia em cinco níveis esta completamente ultrapassada, por tratar-se

apenas de uma hipótese feita sem base em pesquisas”.

Em contrapartida, Robbins (2001) defende a teoria de Maslow dizendo

que, considera valido diferenciar conjuntos de ordem inferior e de ordem

superior, pois, se as necessidades de ordem inferior não forem

substancialmente satisfeitas, os funcionários não estarão dispostos a

responder aos esforços da administração de instigar as necessidades de níveis

superiores.

A melhor maneira para conseguir que os funcionários empenhem todo o

seu esforço ao cumprimento das tarefas organizacionais, é possibilitar-lhes,

através do trabalho, a satisfação de suas necessidades não realizadas

(HAMPTON, 1992)

As recompensas financeiras estão relacionadas com a sobrevivência do

indivíduo, nas necessidades humanas que ele denomina de necessidades

fisiológicas. O ser humano, segundo Maslow, só estará pronto para assumir as

necessidades de nível superior desde que as necessidades do nível mais baixo

estejam sendo atendidas.

As necessidades de níveis mais elevados como as necessidades

sociais e de estima também podem ser atendidas através do oferecimento de

recompensas não-financeiras como um bom clima organizacional,

administração participativa e empowerment.

2.2 Teoria dos dois fatores de Frederick Herzberg

A teoria motivacional de Frederick Herzberg teve sua origem através

do resultado de estudos feitos com 200 contadores e engenheiros que

descreveram situações em que se sentiam extremamente bem e

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extremamente mal em seu trabalho. Os resultados desses estudos

demonstraram que as pessoas relacionavam os fatores intrínsecos ao

trabalho, a satisfação e os fatores extrínsecos a insatisfação. Herzberg

chamou de motivadores os fatores que geravam satisfação, pois parecia que

esses fatores eram necessários para que houvesse aprimoramento no

desempenho do trabalho. Aos fatores que geravam insatisfação Herzberg deu

o nome de fatores higiênicos, porque são eles que formam o ambiente de

trabalho, e pareceu necessário para Herzberg manter esses fatores em ordem

para evitar insatisfação e baixo desempenho do trabalho.

Segundo Robbins (2001) Herzberg acreditava que os fatores que geram

satisfação no trabalho são separados e distintos daqueles que geram

insatisfação. Sendo assim, os gerentes que querem eliminar fatores que

resultam em insatisfação no trabalho podem produzir paz, mas não

necessariamente motivação.

Os fatores higiênicos se localizam no ambiente que cerca o individuo e

se referem às condições nas quais ele desempenha seu trabalho. São fatores

que não estão sob o controle do individuo, pois são administrados pela

empresa. Os fatores higiênicos, quando ótimos, apenas evitam a insatisfação,

pois não conseguem elevar a satisfação, porém quando precários, eles

provocam insatisfação. Por essa razão são fatores preventivos: eles apenas

evitam a insatisfação, mas não causam satisfação.

Os fatores motivacionais estão relacionados com o teor do cargo ou

com a natureza das tarefas que o individuo executa. Estão sob controle do

individuo e englobam os sentimentos de auto-realização, crescimento

individual e reconhecimento profissional. Os efeitos desses fatores sobre o

comportamento são mais profundos e estáveis. Quando os fatores

motivacionais são ótimos, eles provocam satisfação. Porém quando são

precários, eles evitam insatisfação (CHIAVENATO, 2000).

Assim como a teoria da hierarquia das necessidades de Maslow, a

teoria de Herzberg, também é criticada por alguns autores. Bowditch e Buono

(2000, p. 44) ao avaliar os fatores externos e internos dizem que “não há

qualquer explicação sobre porque os diversos fatores intrínsecos e extrínsecos

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do trabalho extraídos no estudo deveriam afetar o desempenho”. Dizem ainda

que “os resultados da pesquisa de Herzberg foram largamente determinados

por sua metodologia”. Hampton (1992, p.60), diz que “a teoria de Herzberg faz

simplificações excessivas e que os gerentes devem tomar cuidado ao aplicá-

las a casos particulares”.

Apesar das críticas, esses mesmos autores reconhecem a importância

da teoria de Herzberg. Segundo Bowditch e Buono (2000), embora a teoria de

Herzberg tenha sido muito criticada, ele merece crédito por ter influenciado

uma nova forma de se pensar sobre a motivação dos trabalhadores. A

distinção dos fatores de higiene e motivação, e as implicações disso na

motivação, colocaram em questão várias praticas organizacionais que

enfatizam os fatores de higiene às custas dos aspectos mais intrínsecos do

cargo.

Segundo as pesquisas realizadas por Herzberg, os efeitos dos fatores

motivacionais (aspectos intrínsecos) sobre o comportamento das pessoas é

muito mais profundo e estável. Assim, recomenda que para proporcionar

continuamente motivação no trabalho, o administrador deve buscar o

enriquecimento dos cargos, isto é, buscar na medida do possível, substituir as

tarefas mais simples e elementares do cargo por tarefas mais complexas, a fim

da acompanhar o crescimento individual de cada empregado. Entretanto, como

acrescenta autor, o enriquecimento de cargos deve ser sempre acompanhado

pelo enriquecimento da remuneração para proporcionar motivação no trabalho

(CHIAVENATO, 2001).

Verifica-se assim a grande relevância do tema “recompensas

organizacionais” para a motivação dos colaboradores da organização.

2.3 Teoria das Expectativas

A teoria da motivação das expectativas tenta explicar o comportamento

em termos das metas do individuo e de suas expectativas de alcançá-las. Essa

abordagem surgiu alguns anos depois da teoria de Herzberg, o primeiro a

articulá-la completamente foi Victor Vroom em 1964. O modelo supõe que a

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motivação é uma função de três componentes: expectativa, instrumentalidade

e Valência. Segundo a teoria das expectativas para que um indivíduo sinta-se

motivado, ele precisa valorizar o resultado ou a recompensa, acreditar que um

esforço adicional o levará a um desempenho melhor e consequentemente,

resultará em recompensas ou resultados maiores.

Os três elementos básicos da teoria das expectativas, definidos por

Vroom, segundo Montana e Charnov (2003), constituem-se da seguinte

maneira:

1. Expectativa: o comportamento é associado à percepção individual da

probabilidade de que o esforço acarretará um determinado desempenho.

2. Instrumentalidade: o comportamento é influenciado pela expectativa

de que cada nível de desempenho conduzirá a diferentes tipos de

recompensas.

3. Valência: é a força ou atração das recompensas, que decorre da

necessidade dominante de uma pessoa, em uma situação particular.

Robbins (2002) destaca também, três tipos de relações que são

identificadas na teoria das expectativas.

1- Relação esforço-desempenho Refere-se à expectativa de que

certa quantidade de esforço levará a determinado desempenho.

2- Relação desempenho-recompensa. O grau em que o indivíduo

acredita que um determinado nível de desempenho vai levar a obtenção de um

resultado desejado.

3- Relação recompensa-metas pessoais. Está relacionado ao nível

em que as recompensas organizacionais satisfazem as metas pessoais ou as

necessidades do indivíduo, e a atração que estas recompensas potenciais

exercem sobre ele.

As necessidades ajustam-se as crenças e expectativas relativas às

chances de sucesso numa dada situação. Esta combinação de necessidades e

expectativas é que produz determinado nível de motivação.

Necessidade x Expectativa = Motivação

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A teoria da expectativa concentra sua atenção no processo,

distinguindo-o do conteúdo da motivação. Enquanto as teorias das

necessidades sugerem o que motiva, a teoria das expectativas sugere como a

motivação acontece. (HAMPTON,1992)

Conhecer as teorias motivacionais é de grande importância para

aqueles que desejam entender o comportamento das pessoas na organização.

A partir dessas teorias é possível ao administrador orientar suas ações em

relação ao comportamento de seus colaboradores, e assim aprenderem o que

as pessoas querem e com qual intensidade.

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3 SISTEMA DE RECOMPENSAS

Quase todas as pessoas, antes de se comprometerem com alguma

tarefa, preocupam-se com o benefício que será conquistado através do seu

esforço. O conhecimento de motivação conduz a crença de que as atitudes

das pessoas são sempre direcionadas a satisfação de alguma necessidade.

Antes de qualquer atitude, portanto, as pessoas preocupam-se com o benefício

pessoal ou a recompensa. As pessoas se comportam da maneira que

acreditam ser a melhor para seus interesses pessoais e procuram

constantemente retornos por seus esforços. Esperam que um bom

desempenho no emprego as leve a atingir os objetivos organizacionais, o que

por sua vez leva a satisfação de seus objetivos ou necessidades individuais.

(DECENZO E ROBBINS, 2001)

O sistema de recompensas de uma organização é estabelecido a partir

da ligação estratégica de instrumentos de natureza material e imaterial, que

compõem a compensação da contribuição prestada pelo empregado aos

resultados do negócio, através do seu desempenho profissional e se destinam

a reforçar a sua motivação e produtividade. (CAMARA 2000, APUD SILVA

2008)

Nota-se que os autores ressaltam o vínculo existente entre as

recompensas que a organização oferece e a motivação dos funcionários. Para

DeCenzo e Robbins (2001, p. 189) “as organizações contam com as

recompensas para fazer com que os empregados compareçam ao trabalho e

tenham um desempenho eficaz, depois que são contratados”.

As recompensas são utilizadas para estimular o comportamento das

pessoas e reforçar as atividades humanas. O objetivo das organizações ao

criar um sistema de recompensas é aumentar a consciência e a

responsabilidade dos funcionários; desenvolver a interdependência e ajudar a

solidificar o controle que a organização exerce sobre seu próprio destino.

(CHIAVENATO, 2009)

Bowditch e Buono (1992) afirmam que existem quatro propriedades

importantes para qualquer sistema de recompensas de uma organização:

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1. Disponibilidade de recompensas suficientes para atender as

necessidades básicas dos indivíduos;

2. Os níveis de recompensa de uma organização devem se posicionar

de modo favorável em relação aos das outras;

3. As recompensas disponíveis precisam ser distribuídas de uma forma

que sejam percebidas como justa pelos empregados;

4. Os membros da organização devem ser tratados individualmente em

termos de suas necessidades especificas.

As propriedades apresentadas por Bowditch e Buono, são

fundamentais, pois garantem a eficácia do sistema de recompensas. Além da

disponibilidade de recompensas e de estar favorável em relação às outras

organizações, a percepção de justiça por parte dos empregados é uma das

mais importantes características das recompensas e podem gerar muitos

problemas caso não sejam bem administradas. Portanto, as organizações

precisam se preocupar em recompensar com equidade.

3.1 Equidade

Chiavenato (2009) afirma que as organizações e as pessoas compõem

um complexo sistema de relações de troca: as pessoas contribuem com a

organização e dela recebem incentivos ou recompensas. Essa relação de

trocas é complicada pois as pessoas fazem comparações, comparam as suas

contribuições com as contribuições que as outras pessoas oferecem a

organização, e comparam também as recompensas que recebem com as

recebidas pelas outras pessoas.

Quando os dois termos da equação são equivalentes, ocorre a

equidade, nesse caso a pessoa experimenta um sentimento de satisfação.

Porém, quando esses termos são diferentes, a situação é de inequidade, surge

então nas pessoas um sentimento de injustiça e de insatisfação que aumenta

conforme o tamanho da inequidade. A inequidade existe quando o salário está

acima ou abaixo do que a pessoa acha justo para seu trabalho. Quando o

salário está muito abaixo, pode resultar em raiva, e, quando está muito acima

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pode resultar em culpa. Essa situação causa tensão nos funcionários e gera

desequilíbrio. (CHIAVENATO, 2009)

As reações a situações de equidade e inequidade dependem da

prioridade de cada indivíduo por diferentes relações entre esforço e resultado.

Algumas pessoas são mais benevolentes nas suas interpretações de

equidade, enquanto outras acham que merecem mais do que aquilo a que

fazem jus. (BOWDITCH; BUONO, 2000)

3.2 Componentes de um Sistema de Recompensas

O sistema de recompensas deve envolver os fatores que os

empregados consideram motivadores no seu trabalho, como o reconhecimento

dos companheiros e da chefia, o sentido de realização pessoal, o estilo de

gestão e a remuneração.

Neste contexto, podem-se classificar as recompensas como intrínsecas

e extrínsecas. (CÂMARA, 2000, APUD SILVA, 2008).

3.2.1 RECOMPENSAS INTRÍNSECAS

As recompensas intrínsecas são as satisfações pessoais obtidas do

trabalho em si, são recompensas de iniciativa do próprio empregado, como o

orgulho pelo que faz e sentimento de realização. (DECENZO; ROBBINS, 2001)

Para Bowditch e Buono (2000), as recompensas intrínsecas são mais

intangíveis, e envolvem a estima de outras pessoas, ou o interesse que um

trabalho possa despertar numa pessoa.

Para criar mais recompensas intrínsecas ao cargo, podem ser utilizadas

práticas como: administração por objetivos, enriquecimento de cargos e chefia

participante. Essas técnicas de administração possibilitam ao executante da

tarefa, produzir expectativa elevada na necessidade de realização, auto-

estima, estima de outros, progresso, poder, associação e auto-atualização.

No entanto, existem alguns obstáculos ao uso das recompensas

intrínsecas, algumas vezes os gerentes são limitados ou possuem tendências

pessoais, a tecnologia que modela o cargo não permite alteração da tarefa ou

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até mesmo normas e políticas internas impedem o uso da administração por

objetivos. Algumas vezes até mesmo as personalidades das pessoas dificultam

o estabelecimento de recompensas intrínsecas que satisfaçam a todos. Por

esses motivos, pode-se concluir que o valor das recompensas intrínsecas é

determinado pela pessoa que a recebe, a organização pode aumentá-las no

trabalho, porém, o seu efeito depende da experiência subjetiva e do valor dado

pela pessoa que executa o trabalho. As recompensas intrínsecas não podem

satisfazer todas as necessidades e expectativas que as pessoas levam para o

trabalho. (HAMPTON, 1992)

3.2.2 RECOMPENSAS EXTRÍNSECAS

“As recompensas extrínsecas são os resultados que nos vem à mente

quando pensamos genericamente sobre recompensas: salário, benefícios

adicionais e condições de trabalho agradáveis”. (BOWDITCH; BUONO, 2000,

p. 53)

DeCenzo e Robbins (2001) destacam uma característica significante

das recompensas extrínsecas, o fato de não estarem vinculadas ao cargo em

si, mas virem de fora da atividade, de uma fonte externa, em geral a

administração. Para Câmara (2000, p.162) apud Silva (2008, p. 9) quanto às

recompensas extrínsecas: “Para serem eficazes tem que se assentar num

contrato psicológico de desempenho, estabelecido entre a empresa e o

trabalhador, podendo tronar-se ineficazes e atingir os resultados contrários”.

Segundo Hampton (1992), por constituir a maior despesa isolada para

muitas empresas, as recompensas extrínsecas exigem uma administração

sistemática. Para isso existe a chamada “administração de compensação”, que

é uma especialidade dentro da administração de pessoal. As técnicas

utilizadas pela administração de compensação são: análise do cargo, avaliação

do cargo e levantamento de remuneração.

A análise do cargo é uma técnica que investiga e descreve os cargos

quanto as suas características gerais ou fatores, tais como o nível de

responsabilidade, as condições de trabalho e as qualificações exigidas. Na

avaliação do cargo são atribuídos pontos referentes às características do cargo

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como condições difíceis de trabalho, nível de responsabilidade, etc. O

levantamento de remuneração é feito com base nos pontos que foram

atribuídos ao cargo na fase de avaliação. São agrupados os cargos que

possuem o mesmo número de pontos e a partir desses grupos são criadas

taxas de levantamento de remuneração comparáveis na comunidade, na

indústria e no grupo ocupacional. (HAMPTON, 1992)

3.2.2.1 Recompensas Financeiras

As recompensas financeiras podem ser diretas ou indiretas. As diretas

são os salários, bonificações ou participações nos lucros. As indiretas são

benefícios subsidiados pelo empregador, como planos de aposentadoria, férias

remuneradas, licença remunerada para tratamento de saúde e descontos em

compras.

Para DeCenzo e Robbins (2001), as recompensas financeiras dividem-

se ainda em: recompensas baseadas no desempenho e recompensas

baseadas na associação.

As recompensas baseadas no desempenho são individuais. DeCenzo e

Robbins (2001) citam como exemplo o uso de comissões, planos de

remuneração por produtividade, sistemas de incentivo, bonificações de grupo,

remuneração por mérito, etc.

As recompensas baseadas na associação em geral são estendidas a

todos independente do desempenho de uma pessoa ou grupo. São exemplos

de recompensas baseadas na associação, aumentos de benefícios, aumento

de salários atribuíveis as condições do mercado de trabalho ou por tempo de

serviço, credenciais, etc.

3.2.2.2 Recompensas Não-financeiras

As recompensas não-financeiras envolvem várias opções de “extras”

que os funcionários desejam e que estão potencialmente a disposição da

organização. Elas não aumentam a recompensa financeira do empregado,

mas, dão ênfase a tornar o cargo mais atraente. (DECENZO; ROBBINS, 2001)

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Para Godoy et al (2007) as recompensas não-financeiras são utilizadas

pela organização para atender necessidades individuais, e são associadas ao

trabalho, ao desempenho e a afiliação. As recompensas não-financeiras

associadas ao trabalho envolvem: a importância da função, a complexidade do

trabalho, a oportunidade de criar, conhecimento de como o trabalho se insere

na tarefa global, flexibilidade requerida pelo trabalho e o tipo de supervisão.

As recompensas não financeiras associadas ao desempenho são:

reconhecimento, autonomia, uso pleno do potencial e capacidade,

oportunidade de progresso, desafio e participação na solução de problemas. E

as recompensas associadas à filiação são: relacionamento interpessoal,

símbolo de status, programa de treinamento e desenvolvimento, administração

participativa, trabalho em grupo e flexibilidade da organização.

O destaque que autores dão as recompensas não financeiras

demonstra

a importância delas para a motivação e o cuidado que deve ser tomado pelos

responsáveis pela administração da empresa.

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4 TIPOS DE REMUNERAÇÃO

A remuneração é provavelmente a maior razão que leva as pessoas a

buscarem um emprego. Cada pessoa atribui a ela um grau de importância,

como uma necessidade vital, é o meio pelo qual uma pessoa proporciona

satisfação de suas necessidades e de sua família. Para algumas pessoas a

remuneração chega a ser a maior razão para trabalhar. (CHIAVENATO, 2009)

A remuneração funciona como um catalisador de energias na

organização. Quando o sistema de remuneração é alinhado à estratégia da

empresa, constitui um fator de harmonização de interesses, ajudando a gerar

consensos e atuando como alavanca de resultados. A necessidade de

encontrar maneiras de aumentar o vinculo entre as empresas e seus

funcionários têm levado a uma multiplicidade de formas de remuneração. A

remuneração estratégica é, portanto, uma combinação equilibrada de

diferentes formas de remuneração.

Wood Jr. e Picarelli (1999) enumeram alguns fatores decisivos para o

sucesso de um sistema de remuneração:

1. Desenvolver uma orientação estratégica clara;

2. Garantir que os objetivos pretendidos que servem de base para a

remuneração sejam desafiadores, mas estejam ao alcance de todos;

3. Ter flexibilidade;

4. Ter um horizonte;

5. Respeitar as diferenças entre unidades de negocio, níveis

hierárquicos, funções etc.;

7. Buscar simplicidade no sistema de remuneração.

A remuneração total de um funcionário é constituída de três

componentes principais: remuneração básica, incentivos salariais e benefícios.

A proporção de cada um dos componentes varia de uma organização para

outra. Na maioria das organizações o principal componente da remuneração

total é a remuneração básica, ela é formada pelo salário mensal ou horário. O

segundo elemento da remuneração total são os incentivos salariais, que são

programas que recompensam os funcionários que apresentam bom

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desempenho. O terceiro componente são os benefícios, quase sempre

chamados de remuneração indireta. (CHIAVENATO, 2005)

4.1 Salário

“Salário é a retribuição em dinheiro ou equivalente paga pelo

empregador ao empregado em função do cargo que este exerce e dos serviços

que presta durante determinado período de tempo”. (CHIAVENATO, 2009,

p.258)

O salário é o centro das relações entre as pessoas e as organizações.

As pessoas aplicam seu tempo e esforço e esperam receber por isso. Para os

empregados o salário representa o padrão de vida e poder aquisitivo, pois por

meio dele proporciona-se o conforto para si e para a família. O salário tem

influência também no status social das pessoas em sua comunidade, o status

de uma pessoa é avaliado mais pelo ganho material do que pelo tipo de

trabalho. Outro fator que sofre influência direta do salário é o valor individual, o

salário proporciona ganhos mais elevados que permitem o aumento do valor

individual através de qualificações pessoais. Para as organizações o salário

representa ao mesmo tempo custo e investimento. Custo, porque reflete no

valor do produto ou serviço final oferecido pela organização. Investimento,

porque representa a aplicação de dinheiro em um fator de produção, o

trabalho. (WODD JR.; PICARELLI, 1999)

As decisões sobre salários são tomadas considerando todos os fatores

que têm influencia na organização, sejam eles internos ou externos.

4.2 Incentivos

Os empregados já não se satisfazem mais apenas com o salário. Para

incentivar e manter os funcionários, as organizações adotam como incentivos

os programas de remuneração variável. Segundo Wood Jr. e Picarelli (1999, p.

114): “o objetivo da remuneração variável é: alinhar e convergir esforços para

melhorar o desempenho da empresa”.

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De acordo com Godoy et al (2007, p. 187) “as estratégias de

remuneração variável, em crescente popularidade, podem ser categorizadas

em individual, grupal, corporativa, de curto e de longos prazos”. Dentre as

estratégias, as mais comuns são a participação nos lucros e participação nos

resultados.

4.2.1 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS

A participação nos lucros é um dos incentivos mais comuns em uso,

para funcionários abaixo do nível gerencial. Refere-se a uma parcela

predeterminada do lucro a todos os funcionários ou a um grupo deles, na

forma de um percentual do salário base ou ainda, pode ser considerada uma

parcela fixa. A dificuldade de vinculação entre o resultado da empresa e o

desempenho individual torna essa estratégia pouco eficaz para impulsionar

desempenhos e estimular determinados comportamentos. (GODOY ET AL

2007)

4.2.2 PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS

A participação nos resultados é um plano de incentivo em grupo. Muitas

vezes é confundida com participação nos lucros, mas são totalmente

diferentes. A participação nos resultados refere-se a um pagamento vinculado

ao alcance de metas pré-estabelecidas e específicas, correspondentes a

produtividade, qualidade, redução de custos e outros indicadores. O grupo só

participa de parte dos ganhos se as metas forem alcançadas.

A participação nos resultados esta necessariamente ligada a práticas de

administração participativa. O recebimento das bonificações é vinculado aos

resultados globais da empresa.

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4.3 Benefícios Sociais

“Benefícios sociais são as facilidades, conveniências, vantagens e

serviços que as organizações oferecem a seus empregados, no sentido de

poupar-lhes esforços e preocupação”. (CHIAVENATO, 2009)

Segundo DeCenzo e Robbins (2001) as pessoas esperam mais do que

apenas um salário mensal de seu empregador, querem também vantagens

adicionais que melhorem sua vida. Essas vantagens adicionais em uma

situação de emprego são chamadas de benefícios dos empregados.

Godoy et al (2007) entende que os benefícios e serviços são chamados

remuneração indireta, pois normalmente, são concedidos como condição de

emprego e não se relacionam diretamente ao desempenho. A remuneração

direta (salário fixo e variável) mais a remuneração indireta (benefícios)

compõem o que se chama de remuneração total. O custo com a remuneração

indireta tem crescido rapidamente, constituindo-se um custo progressivamente

significativo para as empresas. Portanto, tratar o pacote inteiro tem sido uma

preocupação das empresas, tendo em vista os custos elevados com ma

modalidade de remuneração que não esta atrelada ao desempenho.

Para Wood Jr. e Picarelli (1999) os benefícios respondem por parte

considerável da remuneração total e costumam ser fator de decisão na

aceitação de ofertas de emprego. Os autores ainda destacam um atributo

importante dos benefícios, o impacto da imagem da empresa na comunidade.

4.3.1 ORIGENS DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS

“Os serviços e benefícios sociais têm história recente e estão

intimamente relacionados com a gradativa conscientização da

responsabilidade social da organização”. (CHIAVENATO, 2009, P. 111)

Segundo DeCenzo e Robbins (2001), ao longo das décadas, a natureza

dos benefícios mudou drasticamente. Os benefícios oferecidos no inicio do

século XX eram muito diferentes dos de hoje, atribuía-se muita ênfase ao

tempo fora do trabalho e a saúde e felicidade dos funcionários. Com isso, os

benefícios oferecidos eram: férias programadas, piqueniques da companhia e

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outras atividades sociais para os trabalhadores. Mais tarde surgiu a pratica de

registrar os funcionários em algum tipo de seguro de saúde. Esses benefícios

simples que eram praticados pelas organizações, agora fazem parte do

passado. Os sindicatos trabalhistas, a legislação federal e as mudanças na

força de trabalho levaram a um crescimento nas ofertas de benefícios.

Para Chiavenato (2009) o crescimento acelerado dos planos de serviços

e benefícios sociais deve-se aos seguintes fatores:

1. Exigências dos funcionários;

2. Exigências dos sindicatos;

3. Legislação trabalhista;

4. Competição entre as organizações na disputa pelo mercado de

recursos humanos;

5. Controles salariais exercidos pelo governo.

“Hoje, os serviços e benefícios sociais, além do aspecto competitivo no

mercado de trabalho, constituem-se em atividades da organização

voltadas para a preservação das condições físicas e mentais de seus

empregados”. (CHIAVENATO, 2009, P. 112)

4.3.2 TIPOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS

Os benefícios sociais são classificados em duas categorias: os que são

exigidos legalmente e os voluntários. (DECENZO; ROBBINS, 2001)

Os benefícios legais são exigidos pela legislação trabalhista ou

previdenciária, ou ainda por convenção coletiva entre sindicatos. São exemplos

de benefícios legais: o 13º salário, férias, aposentadoria, seguro de acidentes

do trabalho, auxilio doença, salário família, salário maternidade, horas extras,

adicional por trabalho noturno, etc. Alguns desses benefícios são pagos pela

empresa e outros são pagos pelos órgãos previdenciários.

Quanto aos benefícios voluntários, DeCenzo e Robbins (2001, p.211)

dizem que: “só são limitados pela criatividade e pelo orçamento da

administração”.

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Chiavenato (2009) nomeia esses benefícios como espontâneos, pois

são concedidos por mera liberalidade das organizações, já que não são

exigidos por lei nem por negociação coletiva.

Os benefícios espontâneos incluem: gratificações, seguro de vida em

grupo, refeições, transporte, empréstimos, assistência médico-hospitalar

diferenciada mediante convênio, complementação de aposentadoria, etc.

Para Chiavenato (2009), os benefícios sociais também podem ser

classificados quanto à sua natureza e quanto a seus objetivos. Quanto a sua

natureza, eles podem ser monetários e não monetários, e quanto aos seus

objetivos, eles se classificam em: assistenciais, recreativos e supletivos.

Os benefícios monetários são concedidos em dinheiro, geralmente por

meio de folha de pagamento, por exemplo: férias, gratificações, planos de

empréstimo, complementação da aposentadoria etc. Os não monetários são

oferecidos na forma de serviços, ou vantagens, ou facilidades para os

usuários, a saber: refeitórios, lanchonetes ou cantinas, serviço social e

aconselhamento, clube ou grêmio, etc.(CHIAVENATO, 2009)

Os benefícios sociais podem ser classificados quanto aos objetivos que

pretendem alcançar, conforme demonstra abaixo.

Benefícios Assistenciais

Assistência médico-hospitalar

Assistência odontológica

Assistência Financeira

Reembolso de medicamento

Assistência educacional

Assistência jurídica

Serviço social e aconselhamento

Cooperativa de consumo

Seguro de vida em grupo subsidiado

Suplementação de aposentadoria

Remuneração por tempo não trabalhado

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Benefícios Recreativos

Grêmio ou clube

Colônia de férias

Lazer recreativo, esportivo e cultural

Promoções e excursões programadas

Musica ambiente

Benefícios Supletivos

Restaurante no local de trabalho

Transporte subsidiado ao pessoal

Estacionamento privativo

Distribuição de café

Bar e cafeteria

4.3.3 VANTAGENS DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS

O objetivo dos planos de serviços sociais é proporcionar vantagens não

só para os funcionários, mas também para as organizações e até mesmo para

a comunidade, no sentido de promover a responsabilidade social da

organização. (CHIAVENATO, 2009)

Algumas das vantagens dos benefícios sociais para a organização,

segundo Chiavenato (2009) são:

1. Reduzir a rotatividade e absenteísmo;

2. Elevar a lealdade do funcionário para com a organização;

3. Aumentar o bem estar do funcionário;

4. Facilitar o recrutamento e a retenção de pessoal;

5. Aumentar a produtividade e diminuir o custo unitário de trabalho;

6. Demonstrar as diretrizes e os propósitos da organização para com os

funcionários;

7. Reduzir distúrbios e queixas;

8. Promover relações públicas com a comunidade.

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Para os funcionários também há grandes vantagens em trabalhar em

uma empresa que dispõem de um plano de benefícios. Chiavenato (2009) cita

como exemplo de vantagens:

1. As conveniências não avaliáveis em dinheiro;

2. A assistência disponível na solução de problemas pessoais;

3. A satisfação no trabalho;

4. O desenvolvimento pessoal e bem estar individual;

5. Redução de sentimentos de insegurança;

6. Oportunidades adicionais de assegurar status social;

7. Melhor relação do funcionário com a empresa;

8. Redução de causas de insatisfação.

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5 CONCLUSÃO

O benefício é uma forma de remuneração indireta que visa oferecer

aos funcionários uma base para a satisfação de suas necessidades

profissionais, seu nível de satisfação, além de manter a qualidade dos

negócios.

Com a crescente globalização dos negócios e a gradativa exposição à

forte concorrência, as características de mercado passaram a ser

produtividade, qualidade e competitividade, e é através das pessoas que se

consegue a solução desses problemas, pois elas vêem as organizações como

um meio pelo qual elas podem alcançar vários objetivos pessoais com um

mínimo de tempo, esforço e conflito. Em contrapartida as organizações são

constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seus objetivos e

cumprir com suas missões.

O programa de benefícios está atrelado ao processo de recompensar

pessoas que é utilizado para incentivar as pessoas e satisfazer suas

necessidades individuais mais elevadas. Essas regalias e vantagens

oferecidas pelas instituições poupam tempo, dinheiro e esforços das pessoas

para poderem suprir essas necessidades. Vale ressaltar que quanto mais

valorizadas forem estas necessidades, mais o funcionário contribuirá

voluntariamente para o sucesso da organização.

As vantagens de benefícios para as organizações são a elevação da

moral dos empregados, redução da rotatividade, elevação da lealdade do

empregado para com a empresa, aumento do bem-estar do empregado,

facilitação no recrutamento e a retenção do pessoal, aumento da produtividade

e diminuição do custo unitário de trabalho, demonstra as diretrizes e os

propósitos da empresa para com os empregados, reduz distúrbios e queixas e

ainda promove relações públicas com a comunidade. Já na visão dos

empregados, os benefícios trazem conveniência não avaliável em dinheiro,

assistência disponível na solução de problemas pessoais, satisfação no

trabalho e desenvolvimento pessoal, meios de melhor relacionamento entre os

iguais, sentimentos de segurança quanto à vida econômica da organização,

compensação extra e facilidades no aumento do nível social do status.

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Além do custo, as opções de benefícios precisam ter um valor

agregado aos funcionários, o que varia de acordo com interesses particulares.

Por exemplo, oferecer previdência privada para um público majoritariamente

jovem não terá o resultado esperado, já que o beneficio somente será

desfrutado após muitos anos, o que significa muitas vezes, que determinado

colaborador já não fará mais parte do quadro de funcionários da empresa, e

com isso, não ira desfrutar do beneficio concedido no exemplo em questão.

Com esta visão de investimento a ser feito, o empregador poderá

acompanhar o impacto desses benefícios sobre a produtividade e nível de

satisfação dos empregados, além de visualizar o retorno do investimento feito

sobre essas pessoas.

Um modelo que recentemente vem sendo usado e adotado por

organizações de países desenvolvidos são os benefícios flexíveis, o método

que é adotado para a implantação destes benefícios surgiu nos Estados

Unidos e teve inicio no Brasil em 1980. As empresas colocam à disposição dos

executivos um leque de benefícios e eles têm a possibilidade de escolher os

que mais interessam para compor suas respectivas remunerações. Já para

aqueles que integram as equipes operacionais, as empresas oferecem um

plano básico de benefícios composto por: Ticket-Refeição; Vale Transporte;

Plano de Saúde; Seguro de Vida em grupo; e Cesta básica.

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SILVA, Maria M. Anjos. As praticas de recompensas: conseqüências na percepção de justiça e na satisfação dos trabalhadores. ISCTE – Instituto Superior de Ciências de Trabalho e da Empresa. Tese de Mestrado WOOD JR, Thomas; PICARELLI, Vicente Filho. Remuneração Estratégica: A nova vantagem competitiva. 2ª Ed. São Paulo: Atlas