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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE UMA VISÃO PANORÂMICA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Por: Deise Valéria Medeiros de Almeida Orientador Prof. Jorge Vieira da Rocha Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

UMA VISÃO PANORÂMICA DO SISTEMA FINANCEIRO

NACIONAL

Por: Deise Valéria Medeiros de Almeida

Orientador

Prof. Jorge Vieira da Rocha

Rio de Janeiro

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

UMA VISÃO PANORÂMICA DO SISTEMA FINANCEIRO

NACIONAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial.

Por: Deise Valéria Medeiros de Almeida.

3

AGRADECIMENTOS

A amiga Carol, pelas sugestões e idéias

sempre pertinentes e úteis, que fizeram

diferença nesse trabalho

4

RESUMO

O presente estudo aborda a estrutura e as instituições que compõem

o Sistema Financeiro Nacional e o Sistema de Pagamentos Brasileiro. Para

isso apresenta a diversidade das instituições de intermediação, de captação de

recursos, de operações ativas além dos subsistemas e seus padrões, e as

regras do Brasil para a movimentação financeira da moeda local e estrangeira.

Conhecer como se encontra disposto o Sistema Financeiro de um país e seus

controles é de fundamental importância para o desenvolvimento não

somente de sua economia interna, mas também, mundial tendo em vista o

mundo globalizado em que vivemos. E virtude disso o trabalho explana como

se encontra organizado hoje o Sistema Financeiro Brasileiro e seu Sistema de

Pagamentos.

5

METODOLOGIA

Não pretende esse estudo, analisar, em profundidade, o Sistema

Financeiro Nacional e o Sistema de Pagamentos Brasileiro, pois, apenas a

guisa de esclarecimento, qualquer uma das instituições que fazem parte desse

sistema, por si sós, já mereceriam um estudo em separado dada a riqueza de

normas e atribuições que lhes são peculiares. O que se teve em mente foi um

“passeio”, uma visão panorâmica sobre a composição do SFN e SPB,

indicando como os mesmos são formados.

Para tanto, a pesquisa desenvolveu-se no plano bibliográfico e

documental. A metodologia aplicada foi a leitura de livros, jornais, revistas,

pesquisa bibliográfica, buscas em sites das instituições financeiras, de órgãos

governamentais, etc.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I – O Sistema Financeiro Nacional 08

CAPÍTULO II – Instituições Financeiras do SFN: Agentes Especiais 22

CAPÍTULO III – O Sistema de Pagamentos Brasileiro 27

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ANEXOS 39

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

7

INTRODUÇÃO

No globalizado em que vivemos, é de vital importância o

conhecimento sobre a vida financeira dos países, uma vez que os mais pobres

necessitam de empréstimo, ajuda dos mais ricos e esses, por sua vez, arcam

com o ônus de se manterem na posição privilegiada em que se encontram.

O presente estudo destina-se à exposição e análise da composição

do Sistema Financeiro Nacional considerando-se a importância deste sistema

para o desenvolvimento da economia nacional e participação do Brasil no

mercado mundial.

Inicialmente, retrata as funções de cada uma das instituições que

integram o Sistema Financeiro Nacional atual com seus subsistemas,

mostrando a essência do papel que desempenham no setor monetário e

financeiro da economia do país e destacando suas principais características e

funções.

Embasando-se em informações fornecidas pelos próprios órgãos,

instituições e em obras desenvolvidas sobre este mesmo tema, foi preparado

um organograma para descrever a estrutura funcional de todo o Sistema

Financeiro Nacional.

Também foi destacado o Sistema de Pagamentos Brasileiro que

evoluiu bastante, principalmente em virtude dos avanços tecnológicos que

permitiram que as transações bancárias fossem feitas em menor tempo, com

mais comodidade para os usuários, que, por exemplo, podem sem sair de sua

casa, através da internet, verificarem seus saldos, fazer pagamentos, transferir

importâncias tanto para sua própria conta e banco, como para conta de

terceiros, em outros bancos.

Desse modo, os valores com tarifas foram baixando de valor e, principalmente,

tornando-as mais seguras, rápidas e baratas.

8

CAPÍTULO I

O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

A Lei 4.595 (Lei da Reforma do Sistema Financeiro Nacional), é que

regula o funcionamento do sistema financeiro brasileiro.

O Sistema Financeiro Nacional – SFN, é formado pelo conjunto de

instituições dedicadas a propiciar condições satisfatórias para a manutenção de

um fluxo de recursos entre poupadores e investidores no País.

COMPOSIÇÃO

Órgãos normativos Entidades

supervisoras Operadores

Conselho Monetário Nacional - CMN

Banco Central do Brasil - Bacen

Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista

Bancos de câmbio e demais instituições financeiras

Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros

Comissão de Valores Mobiliários – CVM

Bolsas de mercadorias e futuros

Bolsas de valores

Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP

Superintendência de Seguros Privados - Susep

IRB – Brasil Resseguros

Sociedades seguradoras

Sociedades de capitalização

Entidades abertas de previdência complementar

Conselho de Gestão da Previdência Complementar – CGPC

Secretaria de Previdência Complementar – SPC

Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)

1. Função

O principal objetivo do SFN é viabilizar a intermediação entre

poupança e investimento, possibilitando ao setor produtivo maior eficiência. Ao

poupar, as pessoas deixam de utilizar, naquele momento, a capacidade de

consumo do dinheiro, acreditando que tal capacidade de consumo trará

maiores benefícios no futuro.

9

Os poupadores são os agentes econômicos superavitários

dispostos a transformar suas disponibilidades monetárias em ativos financeiros.

São os criadores de fundos para o financiamento do crescimento econômico.

Os tomadores são os agentes econômicos deficitários, que

demandam recursos e estão dispostos a financiar seu deficif a custo de

mercado. São aqueles que, necessitando de dinheiro além de suas

disponibilidades, dispõem-se a pagar por esses recursos.

Cabe aos intermediários financeiros efetuar a ponte entre os dois

segmentos.

No quadro a seguir, podemos ver a representação desses conceitos.

1.2 Estrutura

O Sistema Financeiro Nacional está dividido em dois grandes

subsistemas: o normativo e o de intermediação e instituições auxiliares.

1.2.1. Subsistema Normativo

O subsistema normativo regulamenta e fiscaliza o mercado

financeiro. Fazem parte desse subsistema o Conselho Monetário Nacional-

CMN, o Banco Central- Bacen, a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, a

Superintendência de Seguros Privados - SUSEP e a Secretaria de Previdência

Complementar - SPC.

Integram também esse subsistema, na condição de agentes

especiais responsáveis por algumas atribuições de interesse do Governo

Federal, o Banco do Brasil S. A., o Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social - BNDES e a Caixa Econômica Federal - CEF.

10

Como agentes do Governo Federal, essas instituições atuam como

instrumentos de política monetária e integram o subsistema normativo. Como

bancos comerciais e de desenvolvimento fazem parte do subsistema de

intermediação, de caráter operativo. Por isso falaremos dessas instituições

quando abordarmos o subsistema de intermediação.

Vamos abordar a seguir falar sobre os principais órgãos que

compõem o subsistema normativo: CMN, BACEN , CVM, SUSEP e SPC.

1.2.1.1. Conselho Monetário Nacional - CMN

É o órgão supremo do SFN. Sua finalidade é fixar as diretrizes para

as políticas monetária, creditícia e cambial do País.

• Composição

• Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho);

• Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão;

• Presidente do Banco Central.

Compete ao CMN:

• Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da

economia nacional e seu desenvolvimento;

• regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo surtos

inflacionários;

• regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos do

País;

• orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas ou

privadas;

• zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;

11

• propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros,

tornando mais eficiente o sistema de pagamento e mobilização de recursos;

• coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida

pública interna e externa.

• Atribuições específicas

• Autorizar as emissões de papel moeda;

• aprovar os orçamentos monetários preparados pelo Bacen;

• fixar diretrizes e normas da política cambial;

• disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações

creditícias

• estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários

ou financeiros;

• determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras;

• regulamentar as operações de redesconto de liquidez;

• outorgar ao Banco Central o monopólio de operações de câmbio quando o

balanço de pagamento o exigir;

• estabelecer normas a serem seguidas pelo Bacen nas transações com títulos

públicos;

• regular a constituição, funcionamento e fiscalização de todas as instituições

financeiras1.

1São consideradas instituições financeiras as pessoas jurídicas, públicas ou privadas, que tenham como atividade

principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.

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1.2.1.2. Banco Central do Brasil - Bacen

O Bacen é o órgão executivo central do sistema financeiro. Funciona

como secretaria executiva do CMN, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir

as disposições que regulam o funcionamento do SFN e as normas expedidas

pelo Conselho. É considerado o "banco dos bancos".

2.1.3 Comissão de Valores Mobiliários - CVM

A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Tem

por finalidade disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de valores

mobiliários, onde são negociados os títulos emitidos pelas empresas para

captar recursos destinados ao financiamento de suas atividades. Ações e

debêntures são exemplos destes títulos.

1.2.1.4. Superintendência de Seguros Privados - SUSEP

Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável pelo

controle e fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta e

capitalização.

1.2.1.5. Secretaria de Previdência Complementar - SPC

Órgão Executivo do Ministério da Previdência e Assistência Social,

responsável pelo Controle e Fiscalização dos planos e benefícios e das

atividades das entidades de previdência privada fechada.

1.2.2. Subsistema de Intermediação e Instituições Auxiliares

O subsistema de intermediação e instituições auxiliares é constituído

pelos intermediadores financeiros que recebem o dinheiro dos poupadores,

repassando-o aos tomadores, e por outras instituições que auxiliam o Sistema

Financeiro, como as bolsas de valores e as bolsas de mercadoria e de futuros.

Dentre as instituições que operam como intermediadoras de recursos há

algumas com características diferenciadas. São chamadas de agentes

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especiais - Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social e Caixa Econômica Federal por exercerem também algumas atribuições

de interesse do Governo Federal.

1.2.2.1. Intermediários Financeiros que atuam como Agentes

Especiais

1.2.2.1.2 Banco do Brasil S.A.

O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, cujo

controle acionário é exercido pela União. Suas funções básicas são: Agente

Financeiro do Governo Federal, Banco Comercial e Banco de Investimento e

Desenvolvimento.

1.2.2.1.3. Caixa Econômica Federal

A Caixa Econômica Federal é uma empresa pública de propriedade

da União e responsável pela operacionalização das políticas do Governo

Federal para habitação popular e saneamento básico, atuando, também, como

banco comercial e sociedade de crédito imobiliário.

1.2.2.1.4. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social – BNDES

Vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o

BNDES é a principal instituição financeira de fomento do País, responsável

pela política de investimento de médio e longo prazos do Governo Federal.

1.2.2.2. Principais Intermediários Financeiros

1.2.2.2.1 Banco Comercial

O banco comercial atua na intermediação entre depositantes e

tomadores de crédito. Recebe depósitos à vista e efetua empréstimos,

basicamente de curto e médio prazos,principalmente para pessoas físicas e

para capital de giro das empresas.

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É autorizado a captar recursos por intermédio de depósitos a prazo,

podendo utilizar esses recursos para fazer aplicações de prazo mais longo.

Presta ainda, serviços auxiliares como cobrança, recebimentos diversos e

transferências de fundos.

1.2.2.2.2 Banco de Investimento

O banco de investimento atua com o objetivo de canalizar recursos

de médio e longo prazos para suprimento de capital fixo (investimento) e de

giro para as empresas.

1.2.2.2.3. Banco Múltiplo

Os bancos comerciais deixaram de ser a principal classe de

instituição financeira no Brasil a partir de 1988, quando, por resolução do

Banco Central, as instituições financeiras que atuavam em operações de banco

comercial e de banco de investimento foram autorizadas a se organizar como

bancos múltiplos.

Nos anos seguintes, praticamente todos os bancos comerciais

acabaram por se transformar em múltiplos, permanecendo comerciais apenas

pequenas instituições de importância regional ou ocupantes de pequenos

nichos de mercado.

O banco múltiplo pode operar simultaneamente com carteiras de

banco comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de crédito,

financiamento e investimento, de arrendamento mercantil (Ieasing) e de

desenvolvimento. Constitui-se em uma só instituição financeira de carteiras

múltiplas, com personalidade jurídica própria e com um único caixa e balanço.

Para configurar-se como banco múltiplo, o banco deve possuir pelo

menos duas das carteiras acima mencionadas, sendo, obrigatoriamente, uma

delas comercial ou de investimento.

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1.2.2.3. Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e

Participantes do Mercado

1.2.2.3.1. Bolsa de Valores

A Bolsa é uma associação civil sem fins lucrativos com autonomia

administrativa, financeira e patrimonial. É o centro mais importante de

negociação de ações, onde se compram e se vendem as ações de companhias

de capital aberto2.

Principais atribuições

• Manter local adequado à realização de transações de compra e venda de

títulos e valores mobiliários, em mercado livre, organizado e fiscalizado pelos

próprios membros participantes e pela CVM;

• estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade

das cotações e a plena Iiquidez dos papéis no mercado;

• dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão;

• assegurar aos investidores completa garantia de recebimento pelos títulos e

valores negociados;

• auxiliar a CVM na fiscalização do mercado de capitais.

1.2.2.3.2. Bovespa - Bolsa de Valores de São Paulo

Fundada em 1890, é atualmente o maior centro de negociação com

ações da América latina.

Um acordo histórico para a integração de todas as bolsas brasileiras

criou um único mercado de valores, o da Bovespa. A Bovespa fornece o índice

de ações mais conhecido no Brasil, o Ibovespa. É o mais importante indicador

2 Uma companhia é considerada de capital aberto quando promove a colocação de valores mobiliários de sua emissão, como ações e debêntures, no mercado, para serem negociados.

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do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro, porque

retrata o comportamento dos principais papéis negociados na Bovespa.

Em 19/02/1998, a Bovespa passou por uma reestruturação

patrimonial. Parte do seu patrimônio foi destinado à formação de uma empresa

independente, a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia - CBLC.

1.2.2.3.3. Bolsa de Mercadorias & Futuros - BM&F

A Bolsa de Mercadorias & Futuros - BM&F é uma associação sem

fins lucrativos, organizada para proporcionar a seus membros as facilidades

necessárias à compra e venda de commodities3 e/ou contratos de liquidação

futura

A BM&F é resultado da fusão da Bolsa Mercantil e de Futuros -

considerada a principal bolsa de negociação de mercados futuros no Brasil

com a Bolsa de Mercadorias de São Paulo

1.2.2.3.4. Mercado de Balcão

Mercado de balcão é onde são fechadas operações de compra e

venda de títulos, valores mobiliários, commodities e contratos de liquidação

futura, diretamente entre as partes ou com a intermediação de instituições

financeiras, mas fora das bolsas.

1.2.2.3.5. Mercado de Balcão Organizado

Tem como objetivo oferecer ao mercado maior organização,

transparência e possibilidade de formação de preço justo para as transações

de títulos, valores mobiliários e demais ativos financeiros.

A Sociedade Operadora do Mercado de Ativos - SOMA é a empresa

responsável pela administração do único mercado de balcão organizado no

3 Commodities são ativos negociados sob a forma de contratos em bolsas de mercadorias e futuro. Exemplo: soja, trigo, boi, dólar, índices de bolsa etc.

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Brasil. O ambiente de negociação é totalmente eletrônico. As empresas

associadas, provenientes de todo o Brasil, estão interligadas por meio de

terminais pertencentes à rede de transmissão de dados da SOMA.

Dessa forma, podem processar suas ordens de compra e venda,

fechando os negócios eletronicamente, com ampla transparência.

1.2.2.3.6. Sociedade Corretora de Títulos e Valores Mobiliários -

CCVM

É uma instituição auxiliar do Sistema Financeiro Nacional que opera

no mercado de capitais com títulos e valores mobiliários, em especial ações.

Representa os investidores nas transações em Bolsas de Valores e nas

negociações de contratos na BM&F.

Sua constituição depende de autorização do Bacen e o exercício da

atividade, de autorização da CVM.

1.2.2.3.7. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários - DTVM

É a instituição auxiliar do Sistema Financeiro Nacional responsável

pela intermediação das operações com títulos, valores mobiliários e

commodities.

Suas atividades são mais restritas do que a das corretoras, já que

elas não têm acesso às bolsas de valores e de mercadorias. Para operar nesse

mercado, a DTVM utiliza-se das CCVM.

As DTVM assumem, juntamente com as demais instituições de

mercado, a responsabilidade de contratar e conduzir as operações, dentro das

bases formais aplicadas a todas as operações com títulos e valores mobiliários.

1.2.2.3.8. Cooperativas de Crédito

As Cooperativas de Crédito resultam da associação de funcionários

de determinada empresa, para oferecer crédito aos seus cooperados. Podem

18

operar contas com depósito à vista e a prazo, por isso assemelham-se a uma

instituição financeira.

As Cooperativas de Crédito Rural atuam basicamente no setor

primário da economia, com o objetivo de permitir uma melhor comercialização

de produtos rurais e criar facilidades para o escoamento das safras agrícolas.

1.2.2.3.9. Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento

Sua função é financiar bens, serviços e disponibilizar crédito pessoal

através do popular "crediário" ou Crédito Direto ao Consumidor (CDC). São

conhecidas como financeiras. Não podem manter contas correntes. Seus

instrumentos de captação restringem-se à colocação de letras de câmbio -

títulos de crédito sacados pelos financiados e aceitos para a colocação junto ao

público.

1.2.2.4. Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia

1.2.2.4.1. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - Selic

O SELIC, criado em 1980, é um sistema informatizado destinado ao

registro, custódia e liquidação de títulos públicos federais, bem como de títulos

públicos estaduais e municipais emitidos até 1992.

Somente as instituições credenciadas no mercado financeiro têm

acesso ao Selic, o qual opera em tempo real, permitindo que os negócios

tenham liquidação imediata. Os operadores das instituições envolvidas em uma

transação com esses títulos, após acertarem os negócios, transferem estas

operações, via terminal, ao Selic. O sistema imediatamente transfere o registro

do título para o comprador e faz o crédito na conta do vendedor do título.

Ambas as partes têm a certeza da validade da operação efetuada.

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1.2.2.4.2. Central de Custódia e Liquidação Financeira de

Títulos - Cetip

A Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos

constitui-se em um mercado de balcão organizado para registro da negociação

de títulos e valores mobiliários de renda fixa4.

Criada em 1986, a Cetip é uma das maiores empresas de custódia e

de liquidação financeira da América Latina. Suas atividades são

regulamentadas e fiscalizadas pelo Bacen.

Registra, custodia e liquida, também, títulos públicos estaduais e

municipais emitidos após 1992, títulos representativos de dívidas de

responsabilidade do Tesouro Nacional, bem como todos os Créditos

Securitizados da União, da Dívida Agrícola, dos Títulos da Dívida Agrária e dos

Certificados Financeiros do Tesouro.

Os títulos são emitidos, geralmente, na forma escriturai, isto é,

existem apenas sob a forma de registros eletrônicos. Quando emitidos em

papel, os títulos são fisicamente custodiados por bancos autorizados.

1.2.2.4.3. Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia -

CBLC

Empresa independente, criada a partir de uma reestruturação

patrimonial da Bolsa de Valores de São Paulo, em fevereiro de 1998.

Responsável pela liquidação de operações de todo o mercado brasileiro de

ações.

Atribuições:

4 Como, por exemplo, de renda fixa temos: Certificados de Depósito Bancário - CDB, Recibos de Depósito Bancários - RDB, Depósitos Interfinanceiros, DI, Letras de_Câmbio, Letras Hlpotecarias, Debentures, Commercial Papers e Swap.

20

• Registrar, liquidar e compensar operações à vista, no mercado a termo e de opções,

quando de responsabilidade das sociedades corretoras ou de seus comitentes;

• receber depósitos e margens para garantia de operações realizadas por

associados da Bolsa e por cuja liquidação se responsabilize;

• emitir certificados, visando o resgate, desdobramento, conversão e

transferência de títulos negociados ou a serem negociados pelas firmas ou

sociedades corretoras;

• descontar recibos referentes a títulos depositados e praticar as demais

operações acessórias que visam à boa circulação e liquidação dos títulos e

valores mobiliários negociados.

A CBLC possui uma estrutura moderna e eficiente de CLEARING

(CÂMARA DE Compensação), para atividades relacionadas à compensação,

liquidação, custódia e controle de risco para os mercados a vista, a termo e de

opções. O serviço de custódia da CBLC responde pela guarda de ações de

companhias abertas,certificados de privatização, debêntures, certificados de

investimentos, certificados audiovisuais e cotas de fundos imobiliários

Os órgãos de regulação e fiscalização da CBLC são o BACEN e a

CVM.

1.2.2.4.4. Clearing ou Câmara de Compensação

Sistema pelo qual as bolsas garantem o fiel cumprimento de todos

os compromissos de compra ou venda assumidos em pregão.

Uma das premissas para o perfeito funcionamento dos mercados

financeiros e de capitais é a certeza dos participantes de que seus ganhos

serão recebidos e suas operações de compra e venda serão liquidadas nas

condições e nos prazos acordados.

Isso é proporcionado pelas câmaras de registro, compensação e

liquidação, ou clearinghouses, mediante um sistema de compensação que

21

chama para si a responsabilidade dos negócios, transformando-se no

comprador para o vendedor e no vendedor para o comprador.

As clearing são entidades de capital privado, formadas pelos

principais bancos do País.

Com estruturas adequadas ao gerenciamento de risco de todos os

participantes, as clearing houses operam sob a proteção de rigorosos

mecanismos de garantias tomadas dos bancos participantes, conferindo mais

segurança e confiabilidade às operações do sistema financeiro.

22

CAPÍTULO II

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DO SFN

2.1. Intermediários Financeiros: Agentes Especiais

2.1.1 Banco do Brasil

Missão

Ser a solução em serviços e intermediação financeira, atender às expectativas

de clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre os funcionários e a

Empresa e contribuir para o desenvolvimento do País.

Valores

• Ética e transparência.

• Compromisso com o desenvolvimento das comunidades e do País.

• Responsabilidade socioambiental.

• Excelência e especialização no relacionamento com o cliente.

• Gestão participativa, decisão colegiada e trabalho em equipe.

• Ascensão profissional baseada no mérito.

• Marca como diferencial competitivo.

• Conservadorismo e proatividade na gestão de riscos.

• Comprometimento com rentabilidade, eficiência e inovação

Visão de Futuro

Sermos o primeiro banco dos brasileiros no Brasil e no exterior, o melhor

banco para trabalhar e referência em desempenho, negócios sustentáveis e

responsabilidade socioambiental.

Atribuições

23

• Como Agente Financeiro do Governo Federal:

Recebe os tributos e as rendas federais, depósitos compulsórios e voluntários

das instituições financeiras; realiza os pagamentos necessários e constantes

do orçamento da União;

Efetua redesconto bancário;

Executa a política de preços mínimos agropecuários e a política do comércio

exterior do Governo, adquirindo ou financiando os bens de exportação;

constitui agente pagador e recebedor no exterior, entre outras operações.

• Como Banco Comercial:

Mantém contas correntes de pessoas físicas e jurídicas;

Opera com caderneta de poupança; executa operações de descontos;

Concede créditos de curto prazo, além de outras funções típicas de bancos

comerciais.

• Como Banco de Investimento e Desenvolvimento:

Opera em algumas modalidades com créditos a médio e longo prazos,

podendo financiar as atividades rurais, comerciais, industriais e de serviços.

Também fomenta a economia de diferentes regiões.

2.1.2 Banco Nacional do Desenvolvimento Social

O BNDES atua geralmente por meio de agentes financeiros, como

Bancos Comerciais, Bancos de Investimentos e Sociedades Financeiras. Os

recursos utilizados para o alcance das políticas operacionais provêm do Fundo

de Amparo ao Trabalhador- FAT,PIS-PASEP,BNDES Recursos Próprios,

Recursos Captados no Exterior e dotações orçamentárias da União.

Os tipos de operações para onde são direcionados estes recursos

envolvem financiamento de longo prazo, crédito produtivo popular,operações

24

com valores mobiliários, prestação de garantias financeiras, leasing de

equipamentos e financiamento à exportação de bens e serviços:

Objetivos básicos

• Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País;

• fortalecer o setor empresarial nacional;

• atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos pólos de produção;

• promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e

de serviços;

• promover o crescimento e a diversificação das exportações.

O BNDES é o principal instrumento de execução da política de

investimento do Governo Federal e tem por objetivo primordial apoiar

programas, projetos, obras e serviços que se relacionem com o

desenvolvimento econômico e social do País.

O BNDES exercitará suas atividades, visando a estimular a iniciativa

privada, sem prejuízo de apoio a empreendimentos de interesse nacional a

cargo do setor público.

2.1.3. Caixa Econômica Federal

A Caixa Econômica Federal é uma empresa pública de propriedade

da União e responsável pela operacionalização das políticas do Governo

Federal para habitação popular e saneamento básico, atuando, também, como

banco comercial e sociedade de crédito imobiliário.

Criada em 12 de janeiro de 1861, por Dom Pedro II, com o propósito

de incentivar a poupança e de conceder empréstimos sob penhor, é a

instituição financeira responsável pela operacionalização das políticas do

Governo Federal para habitação popular e saneamento básico.

25

A Caixa é uma empresa 100% pública e não possui ações em

bolsas. Além das atividades comuns de um banco comercial, a CEF também

atende aos trabalhadores formais - por meio do pagamento do FGTS, PIS e

seguro-desemprego, e aos beneficiários de programas sociais e apostadores

das Loterias. As ações da Caixa priorizam setores como habitação,

saneamento básico, infra-estrutura e prestação de serviços.

Missão

Atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável

do País, como instituição financeira, agente de políticas públicas e parceira

estratégica do Estado brasileiro

Valores

• Sustentabilidade econômica, financeira e sociambiental.

• Valorização do ser humano.

• Respeito à diversidade.

• Transparência e ética com o cliente.

• Reconhecimento e valorização das pessoas que fazem a CAIXA.

• Eficiência e inovação nos serviços, produtos e processos.

Visão de futuro

A CAIXA será referência mundial como banco público integrado,

rentável, eficiente, ágil, com permanente capacidade de renovação e

consolidará sua posição como o banco da maioria da população brasileira.

Atribuições:

• Captar recursos em caderneta de poupança, em depósitos judiciais e a

prazo e aplicar em empréstimos vinculados, preferencialmente à habitação;

• aplicar os recursos obtidos junto ao Fundo de Garantia por Tempo de

Serviço – FGTS - preferencialmente nas áreas de saneamento e infra-estrutura

urbana;

26

• administrar as loterias, fundos e programas, entre os quais destacam-se o

FGTS, o Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS, o Programa

de Integração Social - PIS, o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social - FAS

e o Fundo de Desenvolvimento Social - FDS.

27

CAPÍTULO III

SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO- SPB

A Lei 10.214, marco legal da reforma do sistema de pagamentos

brasileiro, estabelece, entre outras coisas:

“compete ao Banco Central do Brasil definir quais sistemas de liquidação são considerados sistemicamente importantes; · é admitida compensação multilateral de obrigações no âmbito de um sistema de compensação e de liquidação; · nos sistemas de compensação multilateral considerados sistemicamente importantes, as respectivas entidades operadoras devem atuar como contraparte central e adotar mecanismos e salvaguardas que lhes possibilitem assegurar a liquidação das operações cursadas; · os bens oferecidos em garantia no âmbito dos sistemas de compensação e de liquidação são impenhoráveis; e · os regimes de insolvência civil, concordata, falência ou liquidação extrajudicial, a que seja submetido qualquer participante, não afetam o adimplemento de suas obrigações no âmbito de um sistema de compensação e de liquidação, as quais serão ultimadas e liquidadas na forma do regulamento desse sistema.”

Os princípios básicos de funcionamento do sistema de pagamentos

brasileiro foram estabelecidos por intermédio da Resolução 2.882, do Conselho

Monetário Nacional, e seguem recomendações feitas, isolada ou

conjuntamente, pelo BIS - Bank for International Settlements e pela IOSCO -

International Organization of Securities Commissions, nos relatórios

denominados "Core Principles for Systemically Important Payment Systems" e

"Recommendations for Securities Settlement Systems".

O Sistema de Pagamentos Brasileiro é o conjunto de procedimentos,

regras, instrumentos e operações integradas que dão suporte à movimentação

financeira entre os diversos agentes econômicos do mercado, tanto em moeda

local quanto estrangeira.

Sua função básica é permitir a transferência de recursos, o

processamento e a liquidação de pagamentos para pessoas físicas, empresas

e governos. Assim, sempre que emitimos um cheque, fazemos compras com o

cartão de crédito ou enviamos uma Transferência Eletrônica Disponível- TED

estamos acionando este Sistema. As instituições financeiras também se valem

do mesmo Sistema para realizar as transferências diárias oriundas de suas

próprias transações.

28

Essas transferências ocorrem através da movimentação dos saldos

das contas de reservas bancárias que as instituições mantêm junto ao Banco

Central. Cabe ao BACEN não só regulamentar a liquidação financeira de tais

contas de reserva bancária, como estabelecer as regras de controle de riscos a

serem seguidas no SPB.

3.1. Objetivo

O objetivo do SPB é aumentar a segurança do mercado, oferecendo

maior proteção contra possíveis rombos ou quebra em cadeia (efeito dominó)

de instituições financeiras. Em 2002, o Sistema de Pagamentos Brasileiro

passou por um processo de reestruturação destinado a aumentar a segurança

contra os diversos riscos a que o mercado financeiro está exposto.

3.2. Participantes e Formas de Transferência

Além do Banco Central, integram o Sistema de Pagamentos

Brasileiro:

• Instituições Financeiras;

• Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) - clearing de ativos de

títulos de renda variável;

• Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Ativos

BM&F - clearing de ativos de títulos de renda fixa;

• Câmara de Registro, Compensação e de Liquidação de Operações de

Câmbio BM&F (clearing de câmbio);

• Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de

Derivativos BM&F clearing de Derivativos;

• Cetip;

• Selic;

• Visanet e RedeCard;

• Tecban (Tecnologia Bancária);

• Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

As transferências de recursos financeiros no SPB são formalizadas

através de mensagens eletrônicas transmitidas exclusivamente por intermédio

29

da Rede do Sistema Financeiro Nacional - RSFN. São padronizadas e

observam procedimentos específicos de segurança (criptografia e certificação

digital).

A RSFN é a estrutura de comunicação de dados, implementada por

meio de tecnologia de rede, criada com a finalidade de suportar o tráfego de

mensagens entre as instituições financeiras titulares de conta reservas

bancárias, entre as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e

de liquidação, a Secretaria do Tesouro Nacional e o Banco Central, no âmbito

do Sistema de Pagamentos Brasileiro.

Visando maior eficiência, redução dos prazos de transferência de

recursos e melhor gerenciamento de riscos, as principais câmaras e

prestadores de serviços de compensação e de liquidação atuam como

contraparte central e, ressalvado o risco de emissor, asseguram a liquidação

de todas as operações cursadas.

As transferências podem ser por meio de liquidação bruta em tempo

real (LBTR) ou liquidação diferida líquida (LDL)5, dependendo do tipo DE

transação.

3.3. Tipos de Riscos Financeiros

Qualquer sistema de pagamentos está sujeito a riscos. No antigo

SPB, a principal fonte de insegurança residia no fato de não haver controle on-

line, pelo Banco Central, das contas de reservas bancárias dos bancos.

3.3.1. Risco de Crédito

É a incerteza do cumprimento do contrato pelas contrapartes. O

risco de crédito é a possibilidade do não recebimento dos recursos a que se

tem direito, ou do seu recebimento fora do prazo e/ou condições pactuadas.

Consiste na possibilidade de os emissores de títulos e valores mobiliários não

5 Liquidação "quase em tempo real", ocorre ao longo do dia, de forma simultânea, operação por operação, em todos os dias considerados úteis para fins de operações praticadas no mercado financeiro. Liquidação em D + O até D + 3, dependendo do tipo de operação. é geralmente liquidada com compensação multilateral de obrigações entre as instituições participantes

30

cumprirem suas obrigações de pagar tanto o principal como os respectivos

juros de suas dívidas para com os investidores.

Para minimizar o risco de crédito, a decisão de investimento, seja

em CDB, debêntures, ações, fundos de investimento, participações em

empresas ou em empreendimentos, deve ponderar os aspectos subjetivos e

objetivos.

Qualquer sistema de pagamentos está sujeito a riscos. No antigo

SPB, a principal fonte de insegurança residia no fato de não haver controle on-

line, pelo Banco Central, das contas de reservas bancárias dos bancos.

Além dos riscos operacionais, havia a defasagem de tempo entre a

contratação e a liquidação das operações, denominada de lag de liquidação.

Esse lag abria a possibilidade de o devedor tornar-se inadimplente antes da

quitação do compromisso assumido. É o que se chama de risco de crédito. A

reestruturação do SPB eliminou este risco ao viabilizar o controle on-line das

contas de reservas dos bancos, pelo Bacen.

3.3.2. Risco de Imagem

O risco de imagem advém da mesma situação. Ocorre porque a

instituição de origem da operação pode ter sua imagem desgastada perante

seus clientes e o mercado.

Há ainda a possibilidade de um simples atraso no recebimento de

valores causar transtornos à tesouraria de um banco e gerar, por

conseqüência, turbulências no mercado. Isto porque a situação pode levar o

banco a financiar no mercado o desequilíbrio do seu caixa, caracterizando-se,

assim, o risco de liquidez.

3.3.3. Risco Sistêmico

Os riscos de liquidez e de crédito podem gerar o risco sistêmico. Ele

ocorre quando as situações de instabilidade geram um efeito dominó,

envolvendo várias ou todas as instituições financeiras vinculadas ao sistema de

pagamentos.

31

Risco de Iiquidez é a incerteza quanto à possibilidade de transformar

rapidamente um investimento em dinheiro. Refere-se à incapacidade do

emitente de um papel honrar os compromissos assumidos em função do

desequilíbrio de caixa gerado pelo descasamento dos prazos de vencimento

das operações ativas e passivas. Neste caso, os passivos tornam-se exigíveis

antes da realização dos ativos, seja por má administração dos prazos ou por

inadimplência dos devedores

Existe um segundo fator muito importante para risco de Iiquidez. É a

possibilidade da falta de contra partes em número suficiente para negociar a

quantidade desejada de ativos financeiros ou da falta de interesse do mercado

em negociá-Ias, afetando de forma anormal o valor das mesmas.

Os ativos de longo prazo trazem implícito um grau de incerteza

maior quanto à liquidez, tendo em vista que o investidor está vulnerável por um

prazo maior às alterações do cenário econômico.

Como forma de incentivar a preferência dos investidores pelos

papéis com prazos mais dilatados, busca-se oferecer compensações pela

perda de Iiquidez. Portanto, somente uma taxa de retorno mais atrativa

despertará interesse dos investidores em assumir maior grau de risco.

Isso significa que, mesmo aqueles bancos não vinculados diretamente ao

problema podem sofrer os efeitos de uma reação em cadeia. Para o mercado,

quando um banco deixa de honrar qualquer compromisso, ele rompe a cadeia

de pagamentos e contribui para a instalação do risco sistêmico. Sem os

mecanismos de gerenciamento de risco adotados no novo SPB, todo o

mercado sofria as conseqüências de uma crise dessa natureza.

A reforma no Sistema de Pagamentos Brasileiro, que está centrada

no gerenciamento de riscos de liquidação, constitui, assim, uma etapa no

processo de reestruturação do Sistema Financeiro Nacional. No conjunto,

procura-se reduzir a possibilidade de ocorrência de crise sistêmica e, por

conseqüência, na economia real. Com esse objetivo, foram criados os

Sistemas de Transferência de Reservas - STR e a Câmara Interbancária de

Pagamentos - CIP, destinados ao registro e liquidação de operações.

32

3.3.4. Risco-país

Risco-país é a possibilidade de perdas em razão da situação

econômica do país onde se realizou o investimento. O risco-país é dado por um

indicador que tenta determinar o grau de instabilidade econômica de cada país.

Esse indicador mostra qual é o grau de "perigo" que um país representa para o

investidor estrangeiro. Para o cálculo do risco-país são levados em conta

fatores econômicos como, por exemplo, o PIS, a Balança Comercial e a

capacidade de pagamento de suas dívidas. Tal índice é normalmente calculado

pelas agências de rating que também avaliam o Risco de Crédito- Moody's,

Standard & Poor's e Fitchrating - e, também, por bancos de investimento como

o J. P. Morgan.

O risco-país sinaliza se o preço de se arriscar a fazer negócios em

um determinado país está mais ou menos elevado. Quanto maior for o risco,

menor será a capacidade do país atrair investimentos estrangeiros. Para tornar

o investimento atraente, o país tem que elevar as taxas de juros que

remuneram os títulos representativos da dívida.

3.4. Registro e Liquidação de Operações 3.4.1. Sistema de Transferência de Recursos - STR

Sistema de liquidação em tempo real, que funciona com base em

ordens de transferência de crédito emitidas, exclusivamente, pelo titular da

conta a ser debitada.

3.4.2. Câmara Interbancária de Pagamentos - CIP

Trata-se de uma câmara de registro, compensação e liquidação

eletrônica das transferências de recursos de clientes e de instituições

financeiras. Controlada pelos maiores bancos brasileiros, a CIP contribui para a

redução dos custos financeiros e operacionais das instituições envolvidas.

Funciona com aporte de garantias no início de cada dia e liquida as operações,

ao final do dia, por meio da compensação de seus valores líquidos (diferença

entre os valores recebidos e os valores pagos).

33

3.4.3. Transferência Eletrônica Disponível - TED

Mecanismo de transferência de recursos que permite maior agilidade

e segurança às transações interbancárias.

Desde 18/0212004, a TED substituiu o DOC para realizar as

transferências interbancárias de valores iguais ou superiores a R$ 5 mil. Desde

então, o Banco Central vem adotando medidas para desestimular o uso da

Compe em transações acima de R$ 5 mil. A redução na utilização de cheques

e DOC refletiu na criação das câmaras de liquidação eletrônica, ou clearing

houses,que assumiram a responsabilidade pela liquidação de diversos tipos de

operações (derivativos, moedas, títulos, ações etc), absorvendo e gerindo

riscos antes assumidos pelo Banco Central.

A TED pode ser liquidada por intermédio do Sistema de

Transferência de Recursos – STR ou da Câmara Interbancária de Pagamentos

- CIP.

3.5. Compensação de Cheques e outros Papéis - Compe

A Compe liquida as obrigações interbancárias relacionadas

principalmente com cheques, documentos de credito (documento

representativo de dívida originada compra de bens e serviços, liquidado na

rede bancária em espécie ou por intermédio de cheque) e bloquetos de

cobrança.

Ordem de transferência de fundos por intermédio da qual o cliente

emitente, correntista ou não de determinado banco, transfere recursos para a

conta do cliente beneficiário em outro banco, podendo o cliente emitente e o

cliente emissário serem a mesma pessoa

3.6. Movimentação de Reservas Bancárias

No tocante às contas de reservas bancárias, mantidas pelas

instituições financeiras bancárias junto ao Bacen, para evitar que o Bacen

tenha que assumir o risco de falta de liquidez dos bancos comerciais ou

múltiplos, eles não podem em hipótese alguma e em nenhum momento do dia,

34

terem saldo negativo nestas contas. Cria-se nos bancos a atividade do "piloto

de reservas", representado por profissional especializado com o objetivo de

garantir a permanente disponibilidade de recursos na conta de reservas

bancárias.

Todas as contas de reservas bancárias serão monitoradas pelo

Bacen através do Sistema de Transferência de Reservas - STR, seja em tempo

real, operação por operação, seja pela compensação líquida de saldos.

As operações de movimentação nas contas de reservas bancárias

não poderão ser canceladas, pois os lançamentos são finais, ou seja,

irrevogáveis e irreversíveis.

3.7. Aplicações em Investimento

Na maioria das instituições financeiras, as aplicações de valores

transferidos via Compe continuam sendo realizadas somente no dia seguinte

ao da transferência. A novidade é que os valores recebidos via TED podem ser

aplicados no mesmo dia, tão logo sejam creditados na conta do cliente.

Sistema de Liquidação - Visão Geral

Rede do Sistema Financeiro Nacional - RSFN

A RSFN é a estrutura de comunicação de dados, implementada por

meio de tecnologia de rede, criada com a finalidade de suportar o tráfego de

mensagens entre as instituições financeiras titulares de conta de reservas

bancárias, as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de

liquidação, a Secretaria do Tesouro Nacional - STN e o Banco Central do

Brasil, no âmbito do SPB. Essa plataforma tecnológica é utilizada

principalmente para acesso ao STR e ao Sitraf.

Sob o ponto de vista operacional, a RSFN é formada por duas redes

de telecomunicação independentes. Cada participante, obrigatoriamente, é

usuário das duas redes, podendo sempre utilizar uma delas no caso de falha

da outra. A rede utiliza XML (Extensible Markup Language) no formato padrão

de mensagem, sendo que seu funcionamento é regulado por manuais próprios,

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nomeadamente o Manual Técnico da Rede do Sistema Financeiro Nacional,

que estabelece as condições de acesso, o Manual de Segurança de

Mensagens do Sistema de Pagamentos Brasileiro e o Catálogo de Mensagens

do Sistema de Pagamentos Brasileiro.

Para acompanhar o funcionamento da rede e promover seu contínuo

desenvolvimento, foram constituídos três grupos técnicos (rede, mensagens e

segurança), sendo que a coordenação de cada um deles é privativa do Banco

Central do Brasil.

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CONCLUSÃO

Analisando a estrutura do Sistema Financeiro Nacional é possível

perceber a essência do papel que ele desempenha no setor monetário e

financeiro do país, bem como sua importância para o desenvolvimento da

economia brasileira e participação do Brasil no mercado mundial. Atualmente,

com o mundo globalizado, transparente e interligado, ficando as nações cada

vez mais próximas, em todos os sentidos, tornou-se mais fácil analisar e

verificar os riscos e oportunidades dos países economicamente globalizados,

enfatizando o desempenho efetivo de suas principais instituições e a evolução

de seus sistemas financeiros no contexto mundial.

Essa análise é realizada através do risco-país que é dado por um

indicador que tenta determinar o grau de instabilidade econômica de cada país.

Esse indicador mostra qual é o grau de "perigo" que um país representa para o

investidor estrangeiro.

No cálculo do risco-país são levados em conta fatores econômicos

como, por exemplo, o PIS, a Balança Comercial e a capacidade de pagamento

de suas dívidas. Tal índice é normalmente calculado pelas agências de rating

que também avaliam o Risco de Crédito- Moody's, Standard & Poor's e

Fitchrating - e, também, por bancos de investimento como o J. P. Morgan.

O risco-país sinaliza se o preço de se arriscar a fazer negócios em

um determinado país está mais ou menos elevado. Quanto maior for o risco,

menor será a capacidade de o país atrair investimentos estrangeiros.

O Brasil, por ter um bom Sistema Financeiro, está bem posicionado

em relação às maiores economias mundiais, melhorando, a cada dia sua

posição o que pode ser comprovado através da procura de investidores

estrangeiros no país, justamente como resultado do grande controle e

eficiência que possui sobre as suas instituições financeiras, sendo considerado

um bom lugar para se investir.

O nosso Sistema Financeiro é formado por um conjunto de

instituições voltadas para a gestão da política monetária do governo federal,

algumas, as que formam o subsistema normativo, tem como função

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estabelecer as regras e diretrizes de funcionamento, além de definir os

parâmetros para a intermediação financeira e, principalmente, fiscalizar a

atuação das instituições que operam no mercado, o que o torna bastante

confiável.

O Mundo inteiro presenciou, recentemente, a falta de controle e

organização de uma grande potência, considerada um dos países mais ricos

da Terra, os Estados Unidos da América, onde empresas e inclusive várias

instituições bancárias foram fechadas naquele país, justamente pela falta de

controle por parte dos órgãos reguladores do Governo. O próprio governo

americano admitiu, via satélite, que não exercia um controle efetivo e não

fiscalizava seriamente suas instituições.

O Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB apresenta alto grau de

automação, com crescente utilização de meios eletrônicos para transferência

de fundos e liquidação de obrigações, em substituição aos instrumentos

baseados em papel. A maior eficiência e, em especial, a redução dos prazos

de transferência de recursos sempre se colocaram como pontos centrais no

processo de evolução do SPB.

Ressalta-se que na reforma conduzida pelo Banco Central do Brasil

em 2001 e 2002, o foco foi redirecionado para a questão do gerenciamento de

riscos no âmbito dos sistemas de compensação e de liquidação.

O Banco Central do Brasil tem procurado atuar de forma mais

intensiva também no sentido de promover o desenvolvimento dos sistemas de

pagamentos de varejo, visando, sobretudo, ganhos de eficiência relacionados,

por exemplo, com o maior uso de instrumentos eletrônicos de pagamento, com

a melhor utilização das redes de máquinas de atendimento automático (ATM) e

de transferências de crédito a partir do ponto de venda (PDV), bem como com

a maior integração entre os pertinentes sistemas de compensação e de

liquidação,o que torna mais ágil, seguro, barato as transações bancárias.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASSAF Neto, A. Mercado Financeiro. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2001.

CAVALCANTE E e MISUMI J. Y. Mercado de Capitais. Rio de Janeiro:

Campus, 2001.

FARIA, Rogério Gomes de. Mercado Financeiro: Instrumentos e Operações.

São Paulo: Prentice Hall, 2003.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro - Produtos e Serviços. 15ª. Edição.

Rio de Janeiro: Oualitymark Ed., 2002.

SANDRONI, P. Novíssimo Dicionário de Economia. 1ª Edição. São Paulo: Best

Seller, 2001.

SITES CONSULTADOS

www.bacen.gov.br

www.cvm.gov.br

www.anbid.com.br

www.ibcpf.org.br.

www.analisefinanceira.com.br

www.economiabr.net

www.ipea.gov.br

www.planalto.gov.br

www.andima.com.br

www.unibb.com.br

www.bb.com.br

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ANEXO

Agenda de Eventos:

04.09.2008 II Boa Governança no Sistema Financeiro Nacional

Clique aqui para visualizar os trabalhos apresentados no II Boa Governança.

Datas do evento: 04 e 05 de setembro de 2008.

Local: HOTEL CAESAR BUSINESS FARIA LIMA – Salas Faria Lima

O IIEDE, em parceria com a EDITORA FÓRUM, tem a honra de convidar todos os interessados a participar da segunda edição do evento sobre Boa Governança no Sistema Financeiro Nacional – “II BOA GOVERNANÇA NO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL” –, a ser realizado nos dias 04 e 05 de setembro de 2008, no HOTEL CAESAR BUSINESS FARIA LIMA – Salas Faria Lima/SP.

Programa

04 de setembro – quinta-feira

8h CREDENCIAMENTO

9h30 SOLENIDADE DE ABERTURA

Henrique de Campos Meirelles – Presidente do BACEN

Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana – Presidente da CVM

Alvir Alberto Hoffmann – Diretor de Fiscalização do BACEN

Daniel Augusto Borges da Costa – Conselheiro-Presidente do CRSFN (MINIFAZ)

DISCURSO DE ABERTURA

(Boa Governança no Sistema Financeiro Nacional)

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Ilmo. Prof. Dr. e presidente deste evento, Fábio Medina Osório, Ilma. Dra. Maria Helena de Santana, Presidente da Comissão de Valores Mobiliários, na pessoa de quem saúdo os demais integrantes da mesa, bem como as demais autoridades aqui presentes, Senhoras e Senhores,

Antes de mais nada, gostaria imensamente de agradecer o convite efetuado pelo presidente deste evento, e meu caro amigo, Fábio Medina. Além do convite pessoal a mim dirigido, bem como, e especialmente, pelo destaque dado aos demais integrantes do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional – CRSFN neste evento que ora tenho o privilégio de abrir.

A Constituição Federal, em seu art. 192, dispõe que: Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

O sistema financeiro nacional era integrado, conforme disposto no art. 1º da Lei nº 4.595/64 pelo Conselho Monetário Nacional; pelo Banco Central do Brasil; pelo Banco do Brasil S.A.; pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, além das demais instituições financeiras públicas e privadas.

E após a Lei nº 6.385, de 1976, passou a ser composto (este sistema financeiro nacional “lato sensu”) também pela Comissão de Valores Mobiliários. No dizer do prof. Fábio Medina Osório, o sistema financeiro nacional “É um sistema complexo,cujas funcionalidades nem sempre resultam adequadamente compreendidas no meio social. Trata-se do motor do capitalismo global, privilegiando a circulação de riquezas”.

No sistema financeiro, seja o nacional, seja o mundial, a preocupação com a boa governança, fato inconteste, é tema mais do que recorrente. Essa Boa Governança no Sistema Financeiro, dada a questão do processo de globalização dos mercados financeiros – que estão cada dia mais complexos – faz necessária que se promovam constantes reformas e modernizações da regulamentação financeira nesses ditos mercados, observadas as particularidades legais e políticas de cada um dos países componentes do sistema.

E a busca por essas reformas e modernizações, seja no âmbito interno, seja no âmbito externo, com a finalidade de manutenção do sistema financeiro como mola propulsora do desenvolvimento econômico, e bem dizer social, resta acentuada pelo grau de incertezas que há aproximadamente um ano vem cercando o mundo com a chamada crise do “subprime”, iniciada no mercado norte-americano, mas que vem ocasionando reflexos em todos os cantos do planeta.

Entendo adequado aqui ressaltar uma passagem feita por James S. Turley,presidente mundial e CEO da Ernest & Young, quando afirmou que “para que os mercados se mantenham eficientes e continuem a ser uma fonte

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de oportunidade de longo prazo, faz-se necessário um diálogo sustentado entre os múltiplos participantes para reunir especialistas financeiros de todo o espectro do mercado de capitais – representando o setor público e o setor privado – para divulgar considerações sobre a política pública e as práticas do setor privado”.

Hoje, ou esse diálogo institucionalizado é inexistente, ou é meramente incipiente, e isso pode levar a uma vulnerabilidade de todo o sistema, sobretudo no que tange à questão regulatória.

Ou seja, precisamos aprimorar cada vez mais esse intercâmbio de experiências entre os setores público e privado, com o fim de manter a direção da regulação em conformidade com as vicissitudes desses mercados globalizados, complexos e dinâmicos, como os atuais.

E essa é uma das grandes razões para acreditar na contribuição para um sistema financeiro mais justo e mais eficiente do órgão que atualmente tenho a honra e privilégio de presidir, qual seja, o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional - CRSFN, que justamente por sua composição paritária, com integrantes indicados pelo setor público e privado, refletem exatamente o que acima destaquei – que é o intercâmbio de experiências entre os referidos setores.

O Exmo. Sr. Ministro Henrique Meirelles asseverou em seu discurso de posse como Presidente do Banco Central do Brasil que a área de normas e organização do sistema financeiro estará cada vez mais concentrada nos seguintes aspectos: 1) aperfeiçoamento das regras e práticas prudenciais, que visam a manter a saúde do sistema financeiro como um todo; 2) aprimoramento do exame de processos de autorizações diversas envolvendo as instituições financeiras e assemelhadas; 3) criação e melhoria de instrumentos e atividades financeiras, inclusive aquelas voltadas à ampliação e ao barateamento do crédito; 4) e adequação das normas domésticas e práticas a padrões internacionais.

De tudo isso, cito apenas, como exemplo, a incorporação ao nosso sistema das regras de Basiléia II. E aos mencionados aspectos ouso acrescentar, como já fiz em outras oportunidades, que é necessário que tenhamos um aperfeiçoamento no processo e procedimento para apuração das irregularidades praticadas pelas instituições financeiras e seus dirigentes, como meio de preservar um bem maior, que outro não poderia ser: a manutenção da higidez do sistema financeiro nacional.

Este evento, Sras. e Srs., é exatamente o foro mais adequado para estreitarmos esses laços; trocarmos experiências as mais diversas; iniciarmos as discussões acerca dos melhores e mais adequados modelos e formas de regulação do mercado.

Não é por outra razão que vemos uma participação maciça dos principais atores desse mercado neste evento, e destaco o Banco Central do Brasil; a CVM; o CRSFN; a AGU; a PGFN; o MPF; a Magistratura Federal; o CADE; além das diversas entidades associativas do sistema financeiro nacional, sendo oportuno destacar a participação de grandes escritórios de advocacia, contabilidade e auditoria do país, além de outros que pelo tempo deixo de nominar, mas que não são menos importantes.

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Finalizo minha intervenção, para não cansá-los demasiadamente, com uma frase do escritor francês Victor Hugo – lembrada pelo Eminente Ministro do STF, Carlos Ayres Britto – que diz que “nada é tão irresistível quanto a força de uma idéia cujo tempo chegou”.

E chegou o tempo do diálogo, da transparência, da parceria entre o público e o privado com um único fim: a boa governança no sistema financeiro, para que este continue a sustentar o desenvolvimento econômico e social do nosso país.

Aproveitem ao máximo a qualidade irrefutável dos temas e palestrantes que teremos o prazer de ouvir a partir de agora. Muito Obrigado!!! São Paulo, 04 de setembro de 2008. Daniel Augusto Borges da Costa Discurso do diretor de Fiscalização do Banco Central do Brasil, Alvir Alberto Hoffmann, no II Boa Governança no Sistema Financeiro Nacional Bom dia, Senhoras e Senhores:

É com grande satisfação que, atendendo ao honroso convite do Dr. Prof. Fábio Medina Osório, compareço à abertura deste concorrido evento para exercer o privilégio de me dirigir a esta ilustre platéia para falar sobre tema tão instigante: governança corporativa.

Ao iniciar qualquer discussão sobre governança, é fundamental delimitar de certa forma os aspectos a serem explorados, por meio de uma definição apropriada aos propósitos da discussão. Isso porque existem inúmeras definições de governança, dependendo do problema que se pretende resolver, dada a existência de inúmeras estruturas corporativas e de diversos tipos de assimetria de informação que se apresentam aos variados agentes do merca-do, sejam eles proprietários, acionistas minoritários, consumidores ou empre- gados.

Com isso, gostaria de passar a tratar, mais especificamente, da questão da governança no âmbito do Sistema Financeiro e seus reflexos no papel do supervisor bancário (termo usado para simplificar, mas a ser entendido como supervisor das instituições supervisionadas pelo Banco Central de modo geral, incluindo cooperativas e outras instituições não-bancárias). Inicialmente, é preciso destacar uma relação fundamental entre supervisão bancária e governança corporativa, qual seja: a supervisão deve sempre incentivar e exigir boas práticas de governança corporativa para o próprio bem das instituições financeiras, enquanto uma boa governança, por sua vez, facilita sobremaneira o trabalho da supervisão.

É importantíssimo, portanto, que as ações de supervisão e as práticas de governança complementem umas às outras. O modelo de governança corporativa implementado pela instituição deve ser tal que estimule tomadas de decisão transparentes e adequadas, tornando a supervisão mais efetiva; por outro lado, as interações dos supervisores com a alta administração devem

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seguir um curso que incentive o aprimoramento da governança das práticas de governança. O supervisor deve, de certa forma, estar confortável com a competência, conhecimento e prudência dos administradores da instituição, já que não é nem possível, nem desejável, que ele verifique todas as transações e decisões tomadas pela administração.

De uma perspectiva bancária, a governança corporativa envolve a maneira como os negócios das instituições individuais são geridos pela sua Alta Administração e pelo seu Conselho de Administração, o que afeta a forma como o banco: - Seleciona seus objetivos corporativos, inclusive o nível de retorno econômico para os seus donos; - Gere as operações cotidianas; - Cumpre a obrigação de prestação de contas para com seus acionistas e considera os interesses de outras partes interessadas; - Alinha atividades e comportamento corporativo com a expectativa de que a instituição continuará a operar de maneira segura e saudável, cumprindo leis e regulamentos aplicáveis; - Protege os interesses dos depositantes.

É internacionalmente reconhecido que o estabelecimento e a manutenção de uma boa estrutura de governança são funções primárias do Conselho e da Alta Administração da instituição. Contudo, há outras estruturas que podem contribuir para um bom ambiente de governança, incluindo: - Acionistas: através do exercício de seus direitos; - Auditores: através do exercício qualificado de sua profissão, da utilizando padrões de alta qualidade e da comunicação com o Conselho, Alta Administração e supervisores; - Associações da indústria bancária: por meio de iniciativas de aplicação voluntária dos princípios e publicações de práticas de boa governança; - Governos: através de leis, regulamentos, cobrança e manutenção de uma estrutura jurídica efetiva; - Supervisores bancários: estabelecendo guias e avaliando a aplicação e efetividade das práticas de governança corporativa; - Outras organizações regulatórias (mercado de capitais, fundos, etc.): através de práticas de abertura e de registro de informações; - Empregados: comunicando práticas antiéticas, ilegais ou outras falhas de governança corporativa.

Nesse contexto, gostaria de destacar algumas tarefas que cabem ao supervisor bancário na promoção da boa governança, ressaltando que um grande avanço no marco regulatório do setor bancário foi o fato de que as normas passaram a incorporar, mais recentemente, uma notável dimensão prudencial, reforçando a visão de que a boa gestão constitui responsabilidade primária do Conselho de Administração e da Alta Administração.

Caberia, assim, ao supervisor: - Verificar e avaliar a aplicação dos princípios de melhores práticas de Governança Corporativa como elementos-chave do processo de supervisão. O processo de supervisão deve englobar a avaliação da Governança Corporativa da instituição; - Avaliar se a instituição possui apropriadas práticas e políticas de Governança Corporativa;

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- Entender a importância da Governança Corporativa e seu impacto sobre o desempenho corporativo; - Avaliar a qualidade dos controles internos das instituições e, em especial, avaliar a efetividade do processo de supervisão feito pelo Conselho de Administração e dos controles internos desenhados para detectar e mitigar possíveis conflitos de interesse; - Atentar para sinais de deterioração na qualidade do gerenciamento das atividades da instituição; - Determinar se a existência de processos que assegurem o cumprimento efetivo dos deveres e responsabilidades do Conselho e da Alta Administração da instituição; - Avaliar se as estruturas organizacionais estabelecidas pelas instituições incluem controle e supervisão, se enfatizam a prestação de contas e a abertura de informações; - Obter informações necessárias para determinar a compatibilidade da experiência profissional, da capacidade e da integridade dos membros do Conselho e da Alta Administração para o exercício de suas funções, individual e coletivamente; - Cobrar explicações e medidas corretivas do Conselho e da Alta Administração quando a instituição estiver exposta a riscos que não são mensurados ou controlados; - Comunicar ao Conselho de Administração e a Alta Administração da instituição os problemas detectados durante os trabalhos de supervisão; - Assegurar-se que as funções de auditoria interna e externa são conduzidas de forma independente e que efetivamente avaliem o sistema de controles internos da instituição; - Obter informações e avaliar os efeitos do grupo econômico sobre a instituição, inclusive informações sobre os principais acionistas e diretores da matriz ou controladora; - Verificar se as boas práticas de Governança Corporativa consideram os interesses das partes interessadas, incluindo depositantes. Os supervisores também devem se assegurar que haja um nível apropriado de reporte interno e comunicação para com o Conselho de Administração da controladora em relação aos riscos materiais e outros aspectos que possam afetar o grupo econômico.

Ao determinar se os bancos estão conduzindo seus negócios de forma a não prejudicar os depositantes, os supervisores podem considerar a Governança Corporativa como um dos elementos para sua proteção. Esta proteção aos interesses dos depositantes deve incluir a prevenção do risco moral (moral hazard) que pode ser resultado de abordagens particulares para proteção ao consumidor e de outros princípios, incluindo a inovação financeira. Como se pode notar pela extensa lista de atribuições a cargo do supervisor no que se refere à governança, não é tarefa simples, daí a importância, volto a insistir, dos mecanismos de controles como instrumento importante de Governança. O Conselho de Administração deve dar aos gestores desses mecanismos ou áreas (Controles Internos, Auditoria, Compliance) força e autoridade.

Assim é que, desde 1998, a área de supervisão mantém contato com o nível gerencial das instituições por meio de reuniões com o Conselho de

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Administração e a presidência das IF`s. Essas reuniões têm servido como instrumento de avaliação da atuação da Alta Administração e de seu envolvimento com as questões de Governança Corporativa.

Com a crescente importância dos conceitos e princípios de Governança Corporativa, a supervisão passou, desde 2002, a avaliar também o comportamento e ações da alta administração (Conselho de Administração e Diretoria) e demais instâncias internas envolvidas, como as áreas de auditoria interna, controles internos, compliance, etc. Como exemplo de situação inadequado que fomos instados a corrigir, citamos a ocorrência comum da superposição das atribuições de presidente do Conselho de Administração e do presidente da instituição.

É perceptível, nos dias atuais, a mudança qualitativa da atuação dos Conselhos de Administração, que passam, cada vez mais, a assumir número maior de funções relevantes na condução dos negócios em comparação à imagem de um órgão meramente protocolar,existente no passado de nossas instituições privadas e públicas.

Gostaria ainda de mencionar a criação do Comitê de Auditoria, que teve suas atribuições definidas no Regulamento Anexo à Resolução CMN 3.198/04, como importante instância de Governança Corporativa nas Instituições Financeiras e cuja atuação tem sido acompanhada e avaliada pela área de supervisão. Recomendo a leitura desse regulamento, que está disponível na página do Banco Central do Brasil.

Para finalizar, considerando que o programa deste Seminário prevê discussões aprofundadas sobre aspectos dos processos administrativos punitivos aplicados pelo Banco Central, cumpre-me destacar a tendência de conformação de processos cada vez mais fundamentados em comportamentos e na identificação de responsabilidades no âmbito dos conselhos e comitês que governam as instituições supervisionadas, e menos em irregularidades identificadas em operações individualizadas.

Agradeço, mais uma vez, a oportunidade de dirigir-me a tão seleta platéia, bem como desejo sucesso aos organizadores, palestrantes, moderadores, painelistas e participantes em geral, no sentido de que o Seminário atinja seus objetivos e que suas conclusões os inspirem ao aperfeiçoamento dos fundamentos para melhor governança das instituições que atuam no âmbito do Sistema Financeiro Nacional. Bom trabalho a todos. Por Dr. Alvir Hoffmann

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

RESUMO 04

METODOLOGIA 05

SUMÁRIO 06

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I

O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

1.1. Função 08

1.2. Estrutura 09

1.2.1. Subsistema Normativo 09

1.2.1.1. Conselho Monetário Nacional – CMN 10

1.2.1.2. Banco Central do Brasil – Bacen 12

1.2.1.3. Comissão de Valores Mobiliários – CVM 12

1.2.1.4. Superintendência de Seguros Privados – SUSEP 12

1.2.1.5. Secretaria de Previdência Complementar – SPC 12

1.2.2. Subsistema de Intermediação e Instituições Auxiliares 12

1.2.2.1. Intermediários Financeiros que atuam como

Agentes Especiais 13

1.2.2.1.1. Banco do Brasil S.A 13

1.2.2.1.2. Caixa Econômica Federal 13

1.2.2.1.3. BNDES 13

1.2.2.2. Principais Intermediários Financeiros 13

1.2.2.2.1. Banco Comercial 13

1.2.2.2.2. Banco de Investimento 14

1.2.2.2.3. Banco Múltiplo 14

1.2.2.3. Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e

Participantes Do Mercado 15

1.2.2.3.1. Bolsa de Valores 15

1.2.2.3.2. Bovespa - Bolsa de Valores de São Paulo 15

1.2.2.3.3. Bolsa de Mercadorias & Futuros - BM&F 16

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1.2.2.3.4. Mercado de Balcão 16

1.2.2.3.5. Mercado de Balcão Organizado 16

1.2.2.3.6. CCVM Sociedade Corretora de Títulos e Valores

Mobiliários 17

1.2.2.3.7. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários 17

1.2.2.3.8. Cooperativas de Crédito 17

1.2.2.3.9. Sociedades de Crédito, Financiamento e

Investimento 18

1.2.2.4. Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia 18

1.2.2.4.1. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia 18

1.2.2.4.2. Central de Custódia e Liquidação Financeira

de Títulos – Cetip 19

1.2.2.4.3. Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia 19

1.2.2.4.4. Clearing ou Câmara de Compensação 20

CAPÍTULO II

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DO SFN: Agentes Especiais 22

2.1. Banco do Brasil 22

2.2. BNDES 23

2.3. CEF 24

CAPÍTULO III

O SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO 27

3.1. Objetivo 28

3.2. Participantes e Formas de Transferência 28

3.3 - Tipos de Riscos Financeiros 29

3.3.1. Risco de Crédito 29

3.3.2. Risco de Imagem 30

3.3.3. Risco Sistêmico 30

3.3.4. Risco-país 32

3.4. Registro e Liquidação de Operações 32

3.4.1. Sistema de Transferência de Recursos – STR 32

3.4.2. Câmara Interbancária de Pagamentos – CIP 32

3.4.3. Transferência Eletrônica Disponível – TED 33

3.5. Compensação de Cheques e outros Papéis – Compe 33

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3.6. Movimentação de Reservas Bancárias 33

3.7. Aplicações em Investimento 34

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ANEXOS 39

ÍNDICE 46

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por:

Conceito: