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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PERÍCIA CONTÁBIL
Por: Alessandra de Carvalho Linhares
Orientadora
Professora - Luciana Madeira
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PERÍCIA CONTÁBIL COMO INSTRUMENTO DE DECISÃO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Auditoria e Controladoria.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar, a
capacitação concedida sem a qual não
poderia ter sido realizada a presente
pesquisa, os meus pais, irmã, amigos e
todos que colaboraram para a
realização deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus Pais, fonte
de minha inspiração e exemplo de esforço
e dedicação, a minha irmã amiga de todas
as horas e todos que direta e
indiretamente me ajudaram na conclusão
deste trabalho.
RESUMO
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A perícia contábil é realizada pelo profissional de contabilidade. É na
realidade, uma das atividades exercidas pelo contador da mais alta relevância
e que exige um imenso conhecimento, não só da própria contabilidade, como
também de outras ciências afins, além de uma atitude ética irrepreensível. O
contador, quando no exercício da função de perito tem a obrigação de
evidenciar todos os esforços possíveis em busca da veracidade dos fatos,
transcrevendo no Laudo Pericial os resultados que obteve do exame realizado,
procurando agir sempre com o máximo de independência e absoluta ética.
Portanto, Perícia é a forma de se demonstrar, por meio de laudo pericial
a verdade de fatos ocorridos contestados por interessados, examinados por
especialista do assunto, e a qual servirá como meio de prova em que se baseia
o juiz para resolução de determinado processo. A Perícia Contábil no Brasil,
apesar de já contar com regras claras, emanadas pelo CFC e de uma
legislação adequada, desde 1973, ainda está longe de ser executada como
recomendam as regras e legislação vigente. Isto ocorre por diversas razões
que impedem a correta execução dos trabalhos periciais. Além disso, existe a
confusão, muito comum entre as técnicas contábeis de auditoria e a perícia,
que possuem um conjunto de procedimentos muito semelhantes, mas que
diferem na finalidade e no método.
A Perícia Contábil é solicitada em algumas empresas como instrumento
de decisão por meio de prova para o Direito Brasileiro, materializar-se no laudo
pericial que o Juiz usa para elucidar questões que requerem conhecimentos
técnicos. A leitura do laudo segue um conjunto de regras, tratadas em obras de
perícia contábil (A Doutrina) e nas Normas do Conselho Federal de
Contabilidade – CFC. Assim essa monografia foi desenvolvida com intuito de
demonstrar os tipos de pericias, os procedimentos dos peritos e a elaboração
do laudo pericial como instrumento de decisão, na busca de possíveis falhas.
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METODOLOGIA
O método a ser utilizado no desenvolvimento deste estudo abrangerá exame detalhado de dados, por pesquisa bibliográfica. Por meio deste método obtém - se a resposta para o problema em questão, com o intuito de conhecer as responsabilidades, aptidões e competência do Perito Contábil. Os dados serão baseados, nos seguintes autores, Antônio Lopes de Sá (2011), Sérgio Henrique Miranda de Souza (2010), Antônio de Deus Farias Magalhães (2009), Site www.portaldecontabilidade.com.br, e Normas Brasileiras de Contabilidade.
SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO - PERÍCIA CONTÁBIL COMO INSTRUMENTO DE DECISÃO
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CAPÍTULO I - O CONCEITO
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CAPÍTULO II – PERITO -CONTADOR, PERITO-CONTADOR ASSISTENTE E
IRREGULARIDADES CONTÁBEIS.
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CAPÍTULO III – LAUDO E PARECER PERICIAL CONTÁBIL - COMO INSTRUMENTO DE DECISÃO. 26
CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO
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A palavra perícia originou-se o latim “PERITIA”, que significa
conhecimento adquirido pela experiência, conforme autor Antônio Lopes de
Sá, ( 2010 - pág.03). O dicionário Aurélio Buarque de Hollanda (1975:1069) a
define como “vistoria ou exame de caráter técnico e especializado“.
A Perícia foi introduzida oficialmente no Brasil através do Código de
Processo Civil – CPC de 1939. Isto não significa dizer que antes não
existissem peritos e trabalhos de perícia. O que ocorria era que esse trabalho
não era regulamentado, autor Antônio de Deus Farias Magalhães, (2009 -
pág.06).
Em 1946, com a regularização da profissão contábil através do Decreto
- lei 9.245, institucionalizou-se a Perícia Contábil. Mas, na realidade, foi
somente a partir da promulgação do novo Código de Processo Civil de 1973
que a perícia passou a contar com regras claras e ordenação jurídica
conveniente. Atualmente a Perícia Contábil como um conjunto de regras
definidas pelo CFC, tanto relativas ao desenvolvimento do trabalho como à
pessoa do perito. Tanto a NBC-P2, emitida através da Resolução CFC nº
857/99 que trata de Normas Profissionais do Perito, quanto a NBC-T13, emitida
através da Resolução CFC nº 858/99 que trata da Perícia Contábil, são normas
bastante claras que regulam os aspectos profissionais e pessoais dos Peritos
Contábeis, bem como, os trabalhos de Perícia. Isto significa dizer que esta
técnica contábil, conta com uma legislação adequada e uma regulamentação
excelente, por parte do órgão de classe. Contudo, as leis e as normas não
podem controlar o funcionamento das perícias contábeis no Brasil.
Foi, no entanto, com o “segundo” Código de Processo Civil – Lei nº
5.869/73, com as modificações que lhe foram dadas pelas Leis
Complementares ao CPC, que as perícias judiciais foram premiadas com a
legislação ampla, clara, e aplicável. A Legislação Trabalhista e o Direito
Comercial, hoje o CC/ 2002, também estão incluídos no contexto da atividade
pericial, da mesma forma que as jurisprudências de natureza processual civil.
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No que diz respeito às normas de natureza técnica-contábil, chama-se a
atenção para as Normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade, é
neste conjunto de normas que estão inseridas as que disciplinam a Perícia
Contábil.
A Presente monografia foi realizada com intuito de apresentar alguns
tipos de perícias, especificamente à perícia contábil e seus procedimentos e
demonstrar a pericia contábil como instrumento de decisão. A Perícia Contábil
tem como objetivo fundamentar as informações, a realizar um planejamento
que tem por finalidade conhecer as diversas alternativas que possam levar a
concretização dos objetivos, como exemplos: O conhecimento do Negócio, A
compreensão do Sistema Contábil e o Controle Interno, sua Natureza, Tempo
de alcance dos procedimentos, Coordenação, Direção, Supervisão e revisão. O
presente trabalho será dividido em introdução e três Capítulos a seguir:
No Capitulo I será abordado o conceito de pericia contábil, no Capitulo
II – Perito - Contador, Perito-Contador Assistente e Irregularidades Contábeis e
no Capitulo III - Laudo e Parecer Pericial Contábil – Como instrumento de
decisão.
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CAPÍTULO I
PERÍCIA CONTÁBIL COMO INSTRUMENTO DE DECISÃO
“O CONCEITO”
A Perícia tem como objetivo fundamentar as informações demandadas,
mostrando a veracidade dos fatos de forma imparcial e merecedora de fé,
tornado-se meios de prova para o juiz de direito resolver as questões
propostas. Considerando que a constante evolução e a crescente importância
da perícia contábil exigem atualização e aprimoramento das normas
endereçadas à sua regência, de modo a manter permanente justaposição e
ajuntamento entre o trabalho a ser realizado e o modo ou processo dessa
realização. Esta Norma estabelece regras e procedimentos técnico-científicos a
serem observados pelo perito, quando da elaboração de perícia contábil, no
âmbito judicial, extrajudicial, inclusive arbitral, mediante o esclarecimento dos
aspectos e dos fatos do litígio por meio de exame, vistoria, indagação,
investigação, arbitramento, avaliação, ou certificação. (Resolução CFC Nº
1.243/09. Resolve)
Art. 1º Aprovar a NCB TP 01 – Perícia Contábil.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de Janeiro de 2010.
Art. 3º Ficam revogadas as Resoluções CFC nº 858/99, 938/02,
939/02, 940/02, 985/03, 1.021/05 e 1.041/05, publicadas no D.O.U, Seção I, de
29/10/99, 11/06/02, 11/06/02, 11/06/02, 28/11/03, 22/04/05 e 22/09/05,
respectivamente.
Segundo conhecimento do autor Sergio Henrique Miranda de Souza
(2010- pág.28), podemos dizer que, Perícia é um instrumento especial de
construção de uma prova, para as demonstrações científicas ou técnica, da
veracidade de situações, coisas ou fatos. No artigo 145 do CPC – Código de
Processo Civil: “Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou
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científico, o juiz será assistido por perito” No mesmo Código, o art. 420 cita: “A
prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação”.
1 - São objetivos específicos da Perícia Contábil:
1.1 – Objetividade: caracteriza-se pela ação do perito em não desviar-se na
matéria que motivou a questão.
1.2 - Precisão: consiste em oferecer respostas pertinentes e adequadas às
questões formuladas ou finalidade propostas.
1.3 - Clareza: está em usar em sua opinião de uma linguagem acessível a
quem vai utilizar-se de seu trabalho, embora possa conservar a terminologia
tecnológica e cientifica em seus relatos.
1.4 - Fidelidade: caracteriza-se por não deixar-se influenciar por terceiros,
nem por informes que não tenham materialidade e consistência competente.
1.5 - Concisão: compreende evitar o prolixo e emitir uma opinião que possa de
maneira fácil facilitar as decisões.
1.6 - Confiabilidade: consiste em estar à perícia apoiada em elementos
inequívocos e válidos legal e tecnologicamente.
1.7 - Plena satisfação da Finalidade: é exatamente, o resultado do trabalho
deve estar coerente com os motivos que o ensejaram.
1.2 – TIPOS DE PERÍCIA
Segundo o mesmo autor a perícia contábil constitui o conjunto de
procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória
elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio ou
constatação de um fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial
contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a
legislação específica no que for pertinente.
Muitos são os casos de ações judiciais para os quais se requer a
Perícia Contábil.
Como forma de prova, são elas às vezes decisivas nos julgamentos,
onde se envolvem fatos patrimoniais de pessoas, empresas, instituições,
portanto, onde esteja à dúvida, aparece à perícia como auxiliar.
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Logo, grande é o campo de ação do Perito Contábil.
1.2.11.2.11.2.11.2.1 – Perícia Judicial
A Perícia judicial é especifica e define-se pelo texto da lei: estabelece o
artigo 420 do Código de Processo Civil na parte relativa ao “Processo de
Conhecimento”:
“a prova pericial consiste em exame, vistoria e avaliação.”
Ela se motiva no fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou
especializado de um profissional para utilizar com instrumento de decisão.
Podem ser:
• Oficiais: determinadas pelo juiz sem requerimento das partes;
• Requeridas: determinadas pelo juiz, com requerimento das partes;
• Necessárias: quando a lei ou a natureza do fato impõe sua
realização;
• Facultativas: o juiz determina se houver conveniência;
• Perícias de presente: realizadas no curso do processo;
• Perícias do futuro: são as cautelares preparatórias da ação
principal. Visam a perpetuar fatos que podem desaparecer com o
tempo.
O profissional a realizar estas perícias, deverá atentar-se ao objeto de
forma clara e objetiva, pois em todos os casos a perícia terá força de prova, e
isto implica responsabilidade para o perito, quer civil, quer criminal.
1.2.21.2.21.2.21.2.2 – Perícia Contábil Judicial
É um importante ramo da contabilidade, e sua realização, faz-se
necessário profissional especializado que esclareça questões sobre o
patrimônio das pessoas físicas e jurídicas.
Para a execução da Perícia Contábil, o profissional utiliza um conjunto
de procedimentos técnico, como: pesquisa, diligências, levantamentos de
dados, análise, cálculos, por meio de exames, vistoria, indagações,
investigações, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.
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No entendimento do autor Antônio De Deus Farias Magalhães (2009
- pág. 38) A Perícia Contábil Judicial é a que visa servir de prova,
esclarecendo o juiz sobre assunto em litígio que merecem seu julgamento,
objetivando fatos relativos ao patrimônio Aziental ou de pessoas.
Ainda segundo o mesmo autor, o ciclo da Perícia Contábil Judicial
compõe-se de três fases:
Fase Preliminar:
a) a perícia é requerida ao juiz pela parte interessada;
b) o juiz defere a perícia e escolhe o perito;
c) as partes formulam quesitos e indicam seus assistentes;
d) os peritos propõem honorários e requerem depósitos:
e) os peritos são cientificados da indicação;
f) o juiz estabelece prazo, local e hora para início.
Fase Operacional:
a) Início da perícia e diligências;
b) Curso do trabalho;
c) Elaboração do laudo.
Fase Final:
a) Assinatura do laudo;
b) Entrega do laudo;
c) Levantamento dos honorários;
d) Esclarecimento (se requerido);
Em todas as fases, existem prazos e formalidades a serem cumpridas.
A manifestação do perito sobre os fatos devidamente apurados se dará
através do Laudo Pericial, onde, na condição de prova técnica, servirá
para suprir as insuficiências do magistrado no que se refere ao conhecimento
técnico ou científico.
1.2.3 – Perícia Semi - Judicial
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É a perícia realizada no meio estatal, por autoridades policiais,
parlamentares ou administrativas que têm poder jurisdicional, por estarem
sujeitas a regras e regimentais, e é semelhante à Perícia Judicial.
1.2.4 – Perícia Extrajudicial
É aquela realizada fora do judiciário, por vontade das partes. Seu objetivo
poderá ser: demonstrar a veracidade ou não do fato em questão, discriminar
interesses de cada pessoa envolvida em matéria conflituosa, comprovar
fraude, desvios, simulação.
1.2.5 – Perícia Arbitral
É a realizada por um perito, e embora não seja judicialmente
determinada, tem valor de perícia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as
partes litigantes escolhem as regras que serão aplicadas na arbitragem. A
arbitragem é, portanto, um método extrajudicial para solução de conflito, cujo
árbitro desempenha função semelhante à do juiz estatal.
1.3 – PROVA PERICIAL.
Os principais meios de provas admitidos em processos judiciais pela
legislação brasileira são: depoimento pessoal, confissão, exibição (de
documentos ou coisa), testemunho, perícia, inspeção judicial. A Perícia
Contábil é, portanto, considerada um meio de prova de grande valor.
A prova pericial contábil tem como objetivo primordial mostrar a verdade
dos fatos do processo na instância decisória e é utilizada se o objeto da
questão o requerer.
A prova pericial é obtida mediante procedimentos determinadas pela
Resolução do CFC 858/99 – Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC-T
13.431, da Perícia Contábil.
No entendimento do autor Antônio De Deus Farias Magalhães (2009
pag. 47) O procedimento de Perícia Contábil visa fundamentar as conclusões
que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer contábil, e abrangem
total ou parcialmente, segundo a sua natureza e complexidade da matéria,
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exame, vistoria, indagação, investigação arbitramento, mensuração, avaliação
e certificação.
•••• O Exame é a análise dos livros comerciais de registros, documentos
fiscais e legais, enfim todos os elementos alcance do profissional,
preferencialmente os que tenham capacidade legal de prova. O perito
busca componentes patrimoniais concretos, (dinheiro, títulos,
mercadorias, bens móveis, veículos, etc.) além de tais elementos, utiliza
como instrumentações, normas, cálculos, regulamentos, etc.
•••• A Vistoria é um exame pericial, mas distingue-se dele pela origem e por
seus efeitos. Por ela se confirmam estados e situações alegadas por
interessados, para reclamar direitos, defender-se de acusações,
justificar e comprovar atos e, em oposição. Por aqueles que sustentam
obrigações de terceiros, acusam ou pretendem garantir seus direitos.
•••• A indagação é a ato pericial de se obter testemunho pessoal de quem
tem conhecimento de atos e fatos pertinentes à matéria.
•••• A Investigação é uma técnica pericial abrangente, que tem por
finalidade detectar se houver sobre determinado fato, procedimento que
obscurece a verdade, como: FRAUDE, MÁ-FÉ, DOLO, ERRO, ETC.
•••• O Arbitramento é a técnica que se utiliza de procedimentos estatísticos
para estabelecer valores e procedimentos analógicos para fundamentar
o valor encontrável.
•••• A Mensuração é o ato de quantificação física de coisas, bens, direitos
e obrigações.
•••• A Avaliação é o ato de esclarecer o valor de coisas, bens, direitos e
obrigações, despesas e receitas. É a constatação do valor real das
coisas por meio de cálculos e análises.
•••• A Certificação está contida no aludo, que por ser efetuado por um
profissional habilitado formal e tecnicamente, é merecedor de fé pública.
Todos os meios são válidos para que o perito-contador forme a sua
opinião, evidenciando sempre a verdade dos fatos, porém, não se esquecendo
de sua conduta ética.
O perito contábil em qualquer trabalho que venha desenvolver terá
acesso a todos os documentos necessários para a elaboração do laudo
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pericial, inclusive, em alguns casos poderá solicita o desempenho dos
envolvidos.
CAPÍTULO II
PERITO - CONTADOR, PERITO - CONTADOR ASSISTENTE E
IRREGULARIDADES CONTÁBEIS.
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade art. 1º. Aprovar a
NBC PP 01 – Perito Contábil. Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor a partir de
1º. De Janeiro de 2010.
OBJETIVO - Esta Norma estabelece procedimentos inerentes à atuação do contador na condição de perito. CONCEITO - Perito é o contador regularmente registrado em Conselho
Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal,
devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da
matéria periciada. Perito-contador nomeado é o designado pelo juiz em perícia
contábil judicial; contratado é o que atua em perícia contábil extrajudicial; e
escolhido é o que exerce sua função em perícia contábil arbitral. Perito-
contador assistente é o contratado e indicado pela parte em perícias contábeis,
em processos judiciais e extrajudiciais, inclusive arbitral.
1 - HABILITAÇÃO PROFISSIONAL
De acordo ainda com o a norma acima, o perito deve comprovar sua
habilitação profissional por intermédio da Declaração de Habilitação
Profissional – DHP, de que trata a Resolução “CFC 871/2000”. É permitida a
utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as
normas estabelecidas pela Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileiras –
ICP - Brasil.
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A DHP deve ser afixada abaixo da assinatura do perito-contador ou do perito-
contador assistente, e no caso da DHP - Eletrônica, deve ser colocada na
primeira folha após a assinatura de cada profissional, no laudo pericial contábil
ou no parecer pericial contábil. A nomeação, a contratação e a escolha do
perito-contador para o exercício da função pericial contábil, em processo
judicial, extrajudicial e arbitral devem ser consideradas como distinção e
reconhecimento da capacidade e honorabilidade do contador, devendo este
escusar-se do encargo sempre que reconhecer não ter competência técnica
ou não dispor de estrutura profissional para desenvolvê-lo, podendo utilizar o
serviço de especialistas de outras áreas, quando parte do objeto da perícia
assim o requerer.
A indicação ou a contratação para o exercício da atribuição de perito-
contador assistente, em processo extrajudicial, devem ser consideradas como
distinção e reconhecimento da capacidade e da honorabilidade do contador,
devendo este recusar os serviços sempre que reconhecer não estar capacitado
a desenvolvê-los, contemplada a utilização de serviços de especialistas de
outras áreas, quando parte do objeto do seu trabalho assim o requerer. A
utilização de serviços de especialista de outras áreas, quando parte do objeto
da perícia assim o requerer, não implica presunção de incapacidade do perito,
devendo tal fato ser, formalmente, relatado no laudo pericial contábil ou no
parecer pericial contábil para conhecimento do julgador, das partes ou dos
contratantes. A indicação ou a contratação de perito-contador assistente ocorre
quando a parte ou contratante desejar ser assistida por um contador, ou
comprovar algo que dependa de conhecimento técnico-científico, razão pela
qual o profissional só deve aceitar o encargo se reconhecer estar capacitado
com conhecimento suficiente, discernimento e irrestrita independência para a
realização do trabalho. Para efeito de controle técnico dos laudos periciais e
pareceres periciais contábeis, os Conselhos Regionais de Contabilidade devem
manter relatórios atualizados contendo, no mínimo, identificação do número do
processo e local de sua tramitação, para os quais foram utilizados a DHP.
Tratando-se de perícia extrajudicial, inclusive arbitral, devem ser indicadas as
partes para as quais foram utilizadas tais declarações.
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De acordo ainda com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aprovar a
NBC T 13.3 – Execução - Conceitua: Perícia Contábil constitui o conjunto de
procedimentos técnicos científicos destinados a levar à instância decisória
elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante
laudo pericial contábil, e ou parecer pericial contábil, em conformidade com as
normas. O perito-contador assistente pode, tão logo tenha conhecimento da
perícia, manter contato com o perito-contador, pondo-se à disposição para o
planejamento e a execução conjunta da perícia. Uma vez aceita a participação,
o perito-contador deve permitir o seu acesso aos trabalhos. O perito-contador e
o perito-contador assistente, enquanto estiverem de posse do processo ou de
documentos, devem zelar pela sua guarda e segurança. Para a execução da
perícia contábil, o perito-contador e o perito-contador assistente devem ater-se
ao objeto do trabalho a ser realizado. Nas diligências, o perito-contador e o
perito-contador assistente devem relacionar os livros, os documentos e os
dados de que necessitem, solicitando-os, por escrito, em termo de diligência. A
eventual recusa no atendimento de diligências solicitadas, ou qualquer
dificuldade na execução do trabalho pericial devem ser comunicadas, com a
devida comprovação ou justificativa, ao Juízo, em se tratando de perícia judicial
ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial ou arbitral, perito-
contador e o perito-contador assistente utilizar-se-ão dos meios que lhes são
facultados pela legislação e das normas concernentes ao exercício de sua
função, com vista a instruírem o laudo pericial contábil ou parecer pericial
contábil com as peças que julgarem necessárias. O perito-contador e o perito-
contador assistente manterão registros dos locais e datas das diligências,
nomes das pessoas que os atenderem, livros e documentos examinados ou
arrecadados, dados e particularidades de interesse da perícia, rubricando a
documentação examinada, quando julgarem necessário. A execução da perícia
quando incluir a utilização de equipe técnica deve ser realizada sob a
orientação e supervisão do perito-contador e ou do perito-contador assistente
que assumiram a responsabilidade pelos trabalhos, devendo assegurar-se que
as pessoas contratadas estejam profissionalmente capacitadas à execução. O
perito-contador e o perito-contador assistente devem documentar, mediante
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papéis de trabalho, os elementos relevantes que serviram de suporte à
conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil.
O perito-contador assistente que assessorar o contratante na elaboração das
estratégias a serem adotadas na proposição de solução por acordo ou
demanda cumprirá, no que couberem, os requisitos desta Norma.1
2 - IRREGULARIDADES CONTÁBEIS
No entendimento do autor Antônio De Deus Farias Magalhães (2009
- pág. 20) Pode ser a causa de imperfeições contábeis: o grande volume de
trabalho, a complexidade da matéria e quaisquer fatores ou fraqueza de
conhecimento, de boa-fé ou malícia e premeditação, além das exigências
técnicas e do indispensável rigor nas aplicações de Contabilidade.
2.1 - Generalidades – segundo autor Antônio De Deus Farias Magalhães
(2009 - pág. 20) irregularidades contábeis concorrem para as falhas de
administração e podem causar prejuízos, desde os de menor importância até
os que comprometem a estabilidade patrimonial ou a própria reputação do
administrador. A Organização Contábil e respectiva escrita devem assegurar e
confirmar a regularidade administrativa. Entretanto, falha administrativa por sua
vez, pode ser causa de irregularidade contábil. Entretanto, contrariando normas
de conduta, existem fraudes passíveis de ser praticadas pelo contador, como
por exemplo, trair sua fé profissional, ser conivente com as fraudes praticadas
por outrem, se ele se limita a registrar e a expor as irregularidades, quando
delas tiver consciência.
2.2 - Imperfeições Técnicas – A organização do trabalho de contabilidade
obedece a planos previamente elaborados e sua execução é guiada por
normas pré-determinadas. Planos incompletos ou defeituosos são causas de
imperfeições; normas deficientes ou mal orientadas, outras tantas causas de
irregularidade e defeito. Contas inadequadas e impropriedades de titulações
1 (WWW.portaldecontabilidade.com.br acesso em: 10/02/2012).
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produzem confusão e induzem a interpretações erradas; funções de contas
mal definidas é causa de erros; síntese excessiva ou desdobramento
desnecessário de contas produz dificuldades, obscurece ou complica o
mecanismo contábil. Temos ainda:
•••• Desordem geral na escrituração, confusão e atraso;
•••• Ausência de evidências (pelas justificativas);
•••• Insuficiência de quadratura (falta de balancetes e conferências);
•••• Freqüência exagerada de estornos;
2.3 – Negligência Profissional - Todo contador que responde pela
contabilidade de uma organização está na obrigação moral de manter a
respectiva escrituração em boa ordem, em dia. Representam entre tanto
negligência profissional: má guarda e má conservação dos livros, má
apresentação de trabalho, acúmulo de documentos por escriturar, falta de
asseio nos trabalhos e ausência ou atraso nas verificações. As omissões e
imperfeições de lançamentos, por negligências, dificultam o trabalho de revisão
ou peritagem, diminuem a força probante da escrituração e podem
comprometer a situação do administrador, concorrendo à agravação de
situações fraudulentas ou dificultando a exata apreciação da ação
administrativa.
2.4 - Erros Técnicos de Escrituração - A primeira distinção a fazer é a do
erro substancial ou formal. Por definição, substancial é o que se refere á
essência. Formal é referência a representações, expressão de atributos das
coisas. Erro de forma é a representação, expressão de atributos das coisas.
Em Contabilidade, o erro é de substância ou de conceito, quando se organiza
plano de contas ou livros com impropriedades de indicação ou defeitos de
função ou quando consideram ou classificam fatos de maneira que não
significam a realidade ou verdade. Nos processos, revisional ou pericial,
procura-se o erro de escrituração mediante exame crítico da compilação e de
seu confronto com a matéria transcrita com as respectivas fontes elementares.
A localização de erros é a fase necessária de observação. Uma escrituração
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1
com evidências de erros põe o revisor ou perito de sobreaviso, para as
conclusões que se oferecem em virtude dos efeitos respectivos.
2.5 - Simulações – Quando coisas e fatos administrativos não correspondem à
verdade, quando alguém contraria normas e preceitos, ou quando arquitetadas
situações irreais e irregulares, temos a simulação caracterizada. Há simulações
de inventários, de operações ou negócios, de débito e crédito, de despesas ou
prejuízos, de rendas ou lucros, de distribuição indevida ou evitada de lucros
líquidos, de déficit ou superávit falso, situações aparentes ou falsas de
elementos.
2.6 - Adulteração – Entre as irregularidades contábeis são elencadas como
adulteração não apenas o simples fato de alterar a escrituração em algumas
de suas partes, mas também a emenda, as eliminações ou os acréscimos que
alterem, propositalmente, os registros. É viciada a escrituração que apresenta
alterações posteriores, com intuito de falsificação. As adulterações podem ser
de contas, históricos, datas, quantias, lançamentos, ou peças contábeis já
elaboradas. As adulterações são descobertas mediante atenta observação da
representação gráfica e comprovam-se em exames, por meio de raciocínio
lógico, por meio de confronto com outras partes da escrituração e com
documentos, principalmente por vestígio materiais, quais sejam: raspagens,
borrões, emendas, substituição de folhas, erros de soma e subtração, de
transporte, páginas ou espaços em branco, saltos de páginas ou de linhas,
entrelinhas, escritos à margem, entre outros.
2.7 - Fraudes – Motivam as fraudes em Contabilidade, as intenções de lesão
de interesses alheios. Daí a falsificação de lançamentos nas falências, as
falsas situações de contas, reservas falsas, lucros líquidos alterados, erro de
classificação de receita e despesa, omissão de entradas de dinheiro, repetição
indevida das mesmas saídas de dinheiro e qualquer outra falsidade escrita
praticada com intenção criminosa. Revelam as existências de fraudes os
lançamentos artificiosos que criam situações sem apoio em operações
legítimas, as discordância com os registros comprovados de terceiros
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1
interessados, os estornos parciais ou totais, a troca de contas, erros de
intitulação, as situações de balanço em desacordo com o resultado exato da
escrituração, toda fraude/e ou erros, enfim, que atestem irregularidade
voluntária de escrita, com propósito de enganar.
2.8 - Culpa Profissional - As imperfeições técnicas de organização e
execução de contabilidade, as negligenciais profissionais, os erros técnicos e
de escrituração e outras irregularidades de escrita podem ser causa
determinada ou concorrente, direta e indiretamente, de prejuízos materiais e
morais, contrários ao dono de um patrimônio ou de terceiros em relações
comerciais.
2.9 - Responsabilidades Profissionais – Que sejam involuntárias as falhas e
culpas do contador, que seja intencional, que seja ação de dolo ou fraude, o
profissional sofre as respectivas conseqüências, que se traduzem em perda de
emprego, ressarcimento de prejuízo ou responsabilidade criminal.
A função pericial investiga e denuncia as causas de irregularidades, que o
respectivo laudo é fundamentado para promoção da responsabilidade,
aplicando-se a punição ou penalidade que couber, na esfera administrativa,
pelo proprietário ou dirigente do patrimônio e por autoridade judiciária ou outra
competente, nos processos fiscais, ou de responsabilidade profissional.
Conclusão
A perícia é concebida como uma atividade de examinar as coisas e os fatos,
reportando sua autenticidade e opinando sobre as causas, essências e efeitos
da matéria examinada. Pode haver em qualquer área, sempre onde existir a
controvérsia ou a pendência, inclusive em algumas situações de dúvidas.
24
1
CAPÍTULO III
LAUDO PERICIAL
LAUDO E PARECER PERICIAL CONTÁBIL – COMO INSTRUMENTO DE
DECISÃO.
No entendimento do autor Sergio Henrique Miranda de Souza (2010 -
pág.116), laudo é o relatório técnico resultante de trabalho realizado pelo
perito, via regra escrito. A execução do laudo visa auxiliar o Juízo nas decisões
a serem tomadas. Um laudo pericial é uma forma de prova, cuja produção
exige conhecimentos técnicos e científicos, uma certeza a respeito de
determinados fatos e seus efeitos. O perito fala, somente sobre os efeitos
referidos pelo perito técnicos e científicos. O juiz declara os efeitos jurídicos
desses fatos referidos pelo perito e das conclusões deste. O perito esclarece
os efeitos de fato. O juiz fixa os efeitos de direito.
Segundo o Sergio Henrique Miranda de Souza (2010 – pág. 116)
mesmo autor o laudo pericial é uma peça de processo, que deverá ser
interpretada e avaliada pelo juiz ou tribunal, como qualquer outro instrumento
de prova e de convencimento. É preciso que todos possam compreendê-lo.
Seu texto deve ser claro, preciso e inteligente. O bom profissional não escreve
25
1
de forma que só espertos o entendam. É importante também distribuir
adequadamente o trabalho. Inicia apresentando as partes e a perícia realizada.
Prossegue com o enunciado e o exame das questões principais. Responde aos
quesitos formulados pelas partes. Conclui ressaltando aspectos importantes.
Em anexo devem ser lançados os dados empregados, os documentos
consultados, fotografados e outros elementos de interesse relacionados no
corpo do laudo.
Após a entrega do laudo, o juiz intima as partes para tomarem conhecimento
do mesmo. Há um prazo para que se manifestem. As partes podem concordar
com laudo ou discordar, contestar, solicitar esclarecimentos, formular quesitos
adicionais ou mesmo impugná-lo e pedir a realização de uma nova perícia.
O Decreto-Lei nº 9.295/46, na letra “c” do art. 25, determina que o laudo
pericial contábil e o parecer pericial contábil, somente sejam elaborados por
contador que esteja devidamente registrado e habilitado em Conselho
Regional de Contabilidade. O laudo pericial contábil e o parecer pericial
contábil são documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de
forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as
minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova
necessários para a conclusão do seu trabalho. Obriga a Norma que os peritos,
no encerramento do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil,
consignem, de forma clara e precisa, as suas conclusões.
1 - Apresentação do laudo e do parecer pericial contábil
No entendimento do autor Sergio Henrique Miranda de Souza (2010 - pág.
60) O laudo pericial é um instrumento formalizado que constitui a prova pericial
em uma peça inscrita que serve para a ciência das partes e do juízo. O laudo
pericial contábil e o parecer pericial são orientados e conduzidos pelo perito-
contador e pelo perito-contador assistente, respectivamente, que adotarão
padrão próprio, respeitada a estrutura prevista nesta Norma. Neles devem ser
registrados de forma circunstanciada, clara e objetiva, seqüencial e lógica, o
objeto da perícia, os estudos e observações realizadas, as diligências
executadas para a busca de elementos de prova necessários, a metodologia e
26
1
critérios adotados, os resultados devidamente fundamentados e as suas
conclusões.
O perito não deve utilizar-se dos espaços marginais ou interlineares para
lançar quaisquer escritos no laudo pericial contábil e parecer pericial contábil,
ou produzir emendas ou rasuras. A linguagem adotada pelo perito deverá ser
acessível aos interlocutores, possibilitando aos julgadores e às partes da
demanda conhecimento e interpretação dos resultados obtidos nos trabalhos
periciais contábeis. Devem ser utilizados termos técnicos e o texto conter
informações de forma clara. Os termos técnicos devem ser, inseridos na
redação do laudo pericial contábil e do parecer pericial contábil, de modo a se
obter uma redação técnica, que qualifique o trabalho pericial, respeitando as
Normas Brasileiras de Contabilidade, bem como a legislação de regência da
profissão contábil. Tratando-se de termos técnicos atinentes à profissão
contábil, devem quando necessário, ser acrescidos de esclarecimentos
adicionais e recomendada a utilização daqueles de maior domínio público.
De acordo com autor Sergio Henrique Miranda de Souza (2010 - pág. 65) O
laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil deverão ser escritos e forma
direta, devendo atender às necessidades dos julgadores e dos interessados e
ao objeto da discussão, sempre com conteúdo claro e limitado ao assunto da
demanda, de forma que possibilite os julgadores a proferirem justa decisão. O
laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil não devem conter
documentos, coisas, e/ou informações que conduzam a duvidosa
interpretação, para que não induza os julgadores e interessados a erro. Os
peritos devem elaborar o laudo pericial contábil e o parecer pericial contábeis
utilizando-se do vernáculo, sendo admitidas apenas palavras ou expressões
idiomáticas de outras línguas de uso comum nos tribunais judiciais ou
extrajudiciais. O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil devem
contemplar o resultado final de todo e qualquer trabalho alcançado por meio de
elementos de prova inclusos nos autos ou adquiridos em diligências que o
perito-contador tenha efetuado, por intermédio de peças contábeis e quaisquer
outros documentos, tipos e formas.
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1
2 - PROCEDIMENTOS
No conhecimento do autor Sergio Henrique Miranda de Souza (2010 -
pág. 70) Os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as
conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer pericial
contábil, e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a
complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação,
arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.
•••• O exame é a análise de livros, registros das transações e documentos.
•••• A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de
situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.
•••• A indagação é a busca de informações mediante entrevista com
conhecedores do objeto ou de fato relacionadas à perícia.
•••• A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil
ou parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer
circunstâncias.
•••• O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de
controvérsia por critério técnico-científico.
•••• A mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas,
bens, direitos e obrigações.
•••• A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos,
obrigações, despesas e receitas.
•••• A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial
contábil pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade
pela fé pública atribuída a este profissional.
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1
•••• Concluídas as diligências, o perito-contador apresentará laudo pericial
contábil, e o perito-contador assistente seu parecer pericial contábil,
obedecendo aos respectivos prazos.
•••• O perito-contador, depois de concluído seu trabalho, fornecerá, quando
solicitado, cópia do laudo, ao perito-contador assistente, informando-lhe
a data em que o laudo pericial contábil será protocolizado.
2.1 - Riscos e custos
O perito, na fase de elaboração do planejamento, com vistas a elaborar a
proposta de honorários, deve avaliar os riscos decorrentes de
responsabilidade civil, despesas com pessoal e encargos sociais, depreciação
de equipamentos e despesas com manutenção do escritório.
2.2 - Equipe Técnica
Quando a perícia exigir a necessidade de utilização de trabalho de terceiros
(equipe de apoio, trabalho de especialistas ou profissionais de outras áreas de
conhecimento), o planejamento deve prever a orientação e a supervisão do
perito, que assumirá responsabilidade pelos trabalhos executados
exclusivamente por sua equipe de apoio.
2.3 - Terminologia: Forma circunstanciada: a redação pormenorizada,
minuciosa, efetuada com cautela e detalhamento em relação aos
procedimentos e aos resultados do laudo pericial contábil e o parecer pericial
contábil. Síntese do objeto da perícia: o relato sucinto de forma que resulte
numa leitura compreensiva dos fatos relatados ou na transcrição resumida dos
fatos da lide sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na
contratação do perito.
2.4 - Diligência: Todos os procedimentos e atos adotados pelo perito na
busca de documentos, coisas, informações ou quaisquer outros elementos de
prova, bem como todos os subsídios necessários, à elaboração do laudo
pericial contábil e do parecer pericial contábil, mediante termo de diligência,
29
1
quando possível, desde que tais provas não estejam insertas nos autos. Ainda
são consideradas diligências, as comunicações às partes, aos peritos - de
arrecadar elementos de prova.
2.5 - Critérios da perícia: procedimentos que servem de norma para julgar ou
decidir o caminho que deve seguir o perito na elaboração do trabalho
pericial. É a faculdade que tem de distinguir como proceder em torno dos fatos
alegados.
2.6 - Metodologia: conjunto dos meios dispostos convenientemente para
alcançar o resultado da perícia por meio do conhecimento técnico-científico, de
maneira que possa ao final inseri-lo no corpo técnico do laudo pericial contábil
e do parecer pericial contábil.
2.7 - Resultados fundamentados: representam as conseqüências do trabalho
técnico-científico do perito, por meio da explicitação da forma pela qual o perito
chegou às conclusões da perícia.
2.8 - Conclusão: é a quantificação, quando possível, do valor da demanda,
podendo reportar-se a demonstrativos apresentados no corpo do laudo pericial
contábil e do parecer pericial contábeis, ou em documentos. É na conclusão
que o perito colocará outras informações que não foram objeto de quesitação,
porém, as encontrou na busca dos elementos de prova inerentes ao objeto da
perícia e que, de alguma forma, servirão de apoio para a opinião ou
julgamento.
2.9 - Anexos: são documentos elaborados pelas partes ou terceiros com o
intuito de complementar a argumentação ou elementos de prova, arrecadados
ou requisitados, pelo perito durante as diligências.
2.10 - Apêndices: são documentos elaborados pelo perito com o intuito de
complementar a argumentação ou elementos de prova.
2.11 - Palavras e termos ofensivos: o perito que se sentir ofendido por
expressões injuriosas, de forma escrita ou verbal, no processo, poderá tomar
30
1
as seguintes providências: sendo a ofensa escrita ou verbal, por qualquer das
partes, peritos ou advogados, o perito ofendido pode requerer a autoridade
competente que mande riscar os termos ofensivos dos autos ou cassada a
palavra; Pode ainda, ser comunicado o ocorrido mediante protocolo ao
Conselho Regional de Contabilidade da sua jurisdição. As providências
adotadas, na forma prevista nos itens precedentes, não impedem outras
medidas de ordem civil ou criminal.
2.12 - Esclarecimentos: havendo determinação de esclarecimentos do laudo
pericial contábil ou do parecer pericial contábil sem a realização de audiência,
o perito fará por escrito, observando em suas respostas os mesmos
procedimentos adotados quando da feitura do esclarecimento em audiência,
no que for aplicável. Quesitos novos e honorários suplementares: o perito deve
observar os quesitos suplementares formulados pelas partes ou pelo julgador.
Os peritos devem na conclusão do laudo pericial contábil e do parecer pericial
contábeis, considerar as formas explicitadas nos itens seguintes:
• Omissão de fatos: o perito-contador não pode omitir nenhum fato
relevante encontrado no decorrer de suas pesquisas ou diligências,
mesmo que não tenha sido objeto de investigação e desde que
esteja relacionado ao objeto da perícia;
• A conclusão com quantificação de valores é viável em casos de:
apuração de haveres; liquidação de sentença, inclusive em
processos trabalhistas; resolução de sociedade; avaliação
patrimonial, entre outros;
• Pode ocorrer que na conclusão seja necessária a apresentação de
alternativas, condicionada às teses apresentadas pelas partes,
casos em que cada uma apresenta uma versão para a causa. O
perito deve apresentar ao juiz as alternativas condicionadas às
teses apresentadas, devendo, necessariamente, serem
identificados os critérios técnicos que lhes dêem respaldo. Tal
situação deve ser apresentada de forma a não representar a
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1
opinião pessoal do perito, consignando os resultados obtidos, caso
venha a ser aceita a tese de um ou de outro demandante, como no
caso de discussão de índices de atualização e taxas;
Transcrição e resposta aos quesitos: para o parecer pericial contábil, onde
houver divergência, transcrição dos quesitos, respostas formuladas pelo
perito-contador e as respostas e comentários do perito-contador assistente;
De acordo com a NBC T 13.6 - Laudo Pericial Contábil - esclarecimentos
adicionais Omissão de Fatos - o perito-contador não pode omitir nenhum fato
relevante encontrado no decorrer de suas pesquisas ou diligências, mesmo
que não tenha sido objeto de investigação e desde que esteja relacionado ao
objeto da perícia. Conclusão - o perito-contador deve, na conclusão do Laudo
Pericial Contábil, considerar as formas explicitadas nos itens abaixo: 1
a) A conclusão com quantificação de valores é viável em casos de: apuração
de haveres; liquidação de sentença, inclusive em processos trabalhistas;
dissolução societária; avaliação patrimonial, entre outros;
b) Pode ocorrer que na conclusão seja necessária a apresentação de
alternativas, condicionada às teses apresentadas pelas partes, casos em que
cada parte apresentou uma versão para a causa, e o perito deverá apresentar
ao juiz as alternativas condicionadas às teses apresentadas, devendo,
necessariamente, serem identificados os critérios técnicos que lhes dêem
respaldo. Tal situação deve ser apresentada de forma a não representar a
opinião pessoal do perito, consignando os resultados obtidos, caso venha a ser
aceita a tese de um ou de outro demandante, como no caso de discussão de
índices de atualização e taxas;
c) A conclusão pode ainda reportar-se às respostas apresentadas nos
quesitos;
d) A conclusão pode ser simplesmente, elucidativa quanto ao objeto da perícia,
não envolvendo, necessariamente, quantificação de valores.
32
1
3- Laudo e Parecer de Leigo ou Profissional não habilitado.
O Decreto Lei nº 9.295/46 e a Norma Brasileira de Contabilidade
consideram leigo ou profissional não-habilitado para a elaboração de laudos
periciais contábeis e pareceres periciais contábeis, qualquer profissional que
não seja Contador, habilitado perante Conselho Regional de Contabilidade.
Em seu resguardo, nos termos do artigo 3º - parágrafo V do Código de Ética
Profissional do Contabilista - CEPC, deve o contador comunicar, de forma
reservada, ao Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição ao juízo
ou à parte contratante, a falta de habilitação profissional do perito. Ao perito-
contador assistente é vedado assinar em conjunto ou emitir parecer pericial
contábil sobre laudo pericial, quando este não tiver sido elaborado por
Contador habilitado perante o Conselho Regional de Contabilidade. Sendo o
laudo pericial elaborado por leigo ou profissional não - habilitado, deve o perito-
contador assistente apresentar um parecer, na forma de laudo pericial
contábil, sobre a matéria a ser periciada, em conformidade com esta norma. 2
1 (WWW.portaldecontabilidade.com.br acesso em: 10/02/2012) 2 (WWW.portaldecontabilidade.com.br acesso em 10/02/2012)
33
1
CONCLUSÃO
De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 13.5,
podemos dizer que, o Laudo Pericial é de suma importância na tomada de
decisão, dispõe que o mesmo é uma peça escrita, na qual o perito-contador
expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da
perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências realizadas, os
critérios adotados e os resultados fundamentados, as suas conclusões que
servem de instrumento de decisão.
O profissional utiliza um conjunto de procedimentos técnicos:
Pesquisas, diligências, levantamento de dados, cálculos por meio de exames,
vistorias, entre outros procedimentos. A conclusão da perícia contábil é
expressar em laudos periciais o seu parecer e dessa formar esclarecer caso
exista alguma controvérsia.
O perito-contador assistente pode, tão logo tenha conhecimento da
perícia, manter contato com o perito-contador, pondo-se à disposição para o
34
1
planejamento, para o fornecimento de documentos em poder da parte que o
contratou e ainda para a execução conjunta da perícia. Uma vez recusada á
participação, o perito-contador pode permitir ao assistente técnico acesso aos
autos e aos elementos de prova arrecadados durante a perícia, indicando local
e hora para exame pelo assistente técnico. O Perito-contador assistente pode,
logo após sua contratação, manter contato com o advogado da parte que o
contratou, requerendo dossiê completo do processo para conhecimento dos
fatos e melhor acompanhamento dos atos processuais no que pertinente a
perícia. O perito, enquanto estiver de posse do processo ou de documentos,
deve zelar por sua guarda e segurança. Para a execução da perícia contábil, o
perito deve ater-se ao objeto e ao lapso temporal da perícia a ser realizada.
Mediante termo de diligência, o perito deve solicitar por escrito todos os
documentos e informações relacionadas ao objeto da perícia. A eventual
recusa no atendimento a diligências solicitadas ou qualquer dificuldade na
execução do trabalho pericial deve ser comunicada, com a devida
comprovação ou justificativa, ao juízo, em se tratando de perícia judicial; ou à
parte contratante, no caso de perícia extrajudicial. O perito deve utilizar os
meios que lhe são facultados pela legislação e normas concernentes ao
exercício de sua função, com vistas a instruir o laudo pericial contábil ou
parecer pericial contábil com as peças que julgarem necessárias. O perito deve
manter registros dos locais e datas das diligências, nomes das pessoas que os
atenderem, livros e documentos ou coisas examinadas ou arrecadadas, dados
e particularidades de interesse da perícia, rubricando a documentação
examinada, quando julgarem necessário e possível, juntando o elemento de
prova original, cópia ou certidão. A execução da perícia, quando incluir a
utilização de equipe técnica, deve ser realizada sob a orientação e supervisão
do perito, que assume a responsabilidade pelos trabalhos, devendo assegurar-
se que as pessoas contratadas estejam profissionalmente capacitadas à
execução. O perito deve documentar os elementos relevantes que serviram de
suporte à conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no parecer pericial
contábil, por meio de papéis de trabalho, que foram considerados relevantes,
visando fundamentar o laudo ou parecer e comprovar que a perícia foi
35
1
executada de acordo com os despachos e decisões judiciais, bem como as
normas legais e Normas Brasileiras de Contabilidade.
Entende-se por papéis de trabalho a documentação preparada pelo perito
para a execução da perícia. Eles integram um processo organizado de registro
de provas, por intermédio de termos de diligência, informações em papel,
meios eletrônicos, plantas, desenhos, fotografias, correspondências,
depoimentos, notificações, declarações, comunicações ou outros quaisquer
meios de prova fornecidos e peças que assegurem o objetivo da execução
pericial. O perito-contador assistente que assessorar o contratante, na
elaboração das estratégias a serem adotadas na proposição de solução por
acordo ou demanda, cumprirá, no que couberem, os requisitos desta Norma.
A perícia é uma importante ferramenta que coleta informações financeiras
sobre as empresas. Muitas vezes, as informações geradas por essa ciência
são utilizadas como auxiliar no processo decisório, e para que realmente sejam
úteis, as informações precisam estar de acordo com a realidade da empresa. A
perícia contábil é por sua vez um instrumento indispensável na verificação de
fraudes e erros contábeis, pois realiza procedimentos, de acordo coma normas
técnicas, a fim de fundamentar as informações necessárias para auxiliar a
tomada de decisões importantes. Cabe então à administração tomar as
providências cabíveis, quando estiverem de posse de todos os relatórios e
pareceres periciais, para que não existam dúvidas em relação ás
demonstrações. É através do laudo e parecer pericial contábil que a instituição,
empresa, sociedade tomará as devidas decisões que variam de empresas para
empresa cabendo aos administradores a melhor opção de ajuste necessário
nas demonstrações, controles ou declarações, em alguns casos até mesmo a
demissão de algum funcionário que esteja utilizando a má fé profissional,
maquiando dados.
Em função da amplitude do tema, decidiu-se para a viabilização da monografia
delimitá-lo a responsabilidade do perito-contador e perito-contador assistente
na emissão de relatórios, laudo pericial, como meio de dar credibilidade e
maior transparência para a tomada de decisão.
36
1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
• Antônio de Deus Farias Magalhães – Livro Perícia Contábil 7ª Edição – 2009 (Editora Atlas).
37
1
• Antônio Lopes de Sá – Livro Perícia Contábil 10ª Edição – 2011 (Editora Atlas).
• Sérgio Henrique Miranda de Souza – Livro Perícia na Prática Edição – 2010 (Editora Atlas).
• Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC: disponivel em www.cfc.org.br
• Site: www.portaldecontabilidade.com.br
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 07
SUMÁRIO 08
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - O CONCEITO 11
1.1 - Objetivos da Perícia Contábil
1.2 - Tipos de Perícias
1.2.1 – Perícia Judicial
1.2.2 – Perícia Contábil Judicial
1.2.3 – Perícia Semi – Judicial
1.2.4 – Perícia Extrajudicial
1.2.5 – Pericia Arbitral
1.3 – A Prova Pericial
CAPÍTULO II – PERITO - CONTADOR, PERITO-CONTADOR ASSISTENTE E
IRREGULARIDADES CONTÁBEIS. 18
38
1
1 - Habilidades Profissionais
2 - Irregularidades Contábeis.
2.1 – Generalidades
2.2 - Imperfeições Técnicas
2.3 – Negligências Profissionais.
2.4 – Erros Técnicos de Escrituração
2.5 – Simulações
2.6 – Adulterações
2.7 – Fraudes
2.8 – Culpa Profissional
2.9 – Responsabilidades Profissionais
CAPÍTULO III – LAUDO E PARECER PERICIAL CONTÁBIL - Como
Instrumento de Decisão. 26
1 – Apresentação do Laudo
2 – Procedimentos
2.1 – Risco e Custos
2.2 – A Equipe Técnica
2.3 – Terminologia
2.4 – Diligência
2.5 – Critérios da Pericia
2.6- Metodologia
2.7 – Resultados fundamentados
2.8 – Conclusão
2.9 – Anexos
2.10 – Apêndice
2.11 – Palavra e termos Ofensivos
2.12 – Esclarecimentos
3 – Laudos e Parecer de Leigo ou Profissional não habilitado – Dificultando a
decisão empresarial.
39
1
CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 36
FOLHA DE AVALIAÇÃO 39
40
1