avaliaÇÃo de imÓveis e perÍcias

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  • AvAliAo de imveis

    e PerciAs

    AvAliAo de imveis

    e PerciAs

    EugEnia aumond KuhnLuis PortELLa PErEira

    Patrcia dE FrEitas nErbas

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    Fundao Biblioteca NacionalISBN 978-85-387-3000-2

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  • Avaliao de Imveis e Percias

    Eugenia Aumond Kuhn

    Luis Portella Pereira

    Patrcia de Freitas Nerbas

    IESDE Brasil S.A.Curitiba

    2012

    Edio revisada

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  • Capa: IESDE Brasil S.A.

    Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

    IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

    2007 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ __________________________________________________________________________________K98a Kuhn, Eugenia Aumond Avaliao de imveis e percias / Eugenia Aumond Kuhn, Luis Portela Pereira, Patricia de Freitas Nerbas. - 1.ed., rev.. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 146p. : 28 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3000-2 1. Direito imobilirio - Brasil. 2. Bens imveis - Brasil. I. Pereira, Lus Portella. II. Nerbas, Patrcia de Freitas. III. Ttulo.

    12-5274. CDU: 347.23(81)

    25.07.12 03.08.12 __________________________________________________________________________________

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  • SumrioAspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias | 7

    A relao entre o homem, os bens e a avaliao | 7Conceitos | 8Mercado imobilirio: particularidades | 11Avaliaes e percias: questes gerais | 11

    Aspectos legais da atividade de avaliador | 15Legislao referente avaliao imobiliria | 16Exerccio profissional | 16O perito judicial | 18Normas de avaliao | 18Aquisio de leis, resolues e normas | 19

    Produto imobilirio | 21Etapas de desenvolvimento do produto imobilirio | 22Aspectos especficos da etapa de planejamento | 23Projetos tcnicos | 24Requisitos a serem atendidos pelas edificaes | 26

    Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio | 29Etapas da execuo (sntese) | 30Especificaes tcnicas dos materiais de acabamento | 34

    CUB e projetos-padro pela NBR 12.721 | 39Custo Unitrio Bsico (CUB) | 39Projeto-padro | 40Tipos de reas dos imveis segundo a NBR 12.721 | 41Tipos de oramentos | 44

    Definies e conceitos da norma de avaliao de imveis | 47Histrico da avaliao de imveis no Brasil: evoluo das normas | 47Constituio da NBR 14.653 | 48Objetivo da NBR 14.653 | 49Classificao dos bens | 49Definies teis para as avaliaes de imveis | 50Documentos | 53

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  • Procedimentos e atividades relacionados avaliao de imveis | 55Atividades bsicas | 55Especificaes das avaliaes | 59Laudo de avaliao | 60Procedimentos de excelncia | 60

    Vistoria para imveis urbanos | 65Modelo bsico de vistoria | 66

    Mtodos de avaliao de imveis | 75Mtodos de avaliao de imveis | 75Consideraes finais | 81Reviso | 81

    Coleta de dados | 85Coleta de dados de mercado | 85Trabalho de campo: fontes de dados | 86Vistorias de imveis que compem a amostra | 90Instrumentos para coleta de dados | 90

    Fundamentos para a avaliao de terrenos urbanos | 95Caractersticas dos terrenos | 95Como avaliar um terreno | 96Homogeneizao | 97Consideraes finais | 102

    Fundamentos para a avaliao de edificaes | 105Anlises necessrias na avaliao de uma edificao | 105Concluso | 112

    Valor dos imveis urbanos e planejamento urbano-ambiental | 115Planejamento e gesto urbano-ambiental | 115Planta de valores | 118

    Fundamentos para avaliao de imveis rurais | 123Norma e particularidades | 123Classificao dos bens rurais | 124Vistoria | 127Concluso | 129

    Laudo de avaliaes | 133Tipos de laudo | 133Itens que devem constar no laudo de avaliao | 134Estrutura de apresentao do laudo | 138Redao do laudo | 139Consideraes gerais sobre a elaborao de laudos | 139

    Referncias | 143

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  • ApresentaoEsta disciplina tem como objetivo fornecer ao gestor imobilirio uma viso geral sobre a avaliao de imveis e

    percias, proporcionando aos iniciantes os fundamentos para o estudo do tema.

    O mercado imobilirio um dos setores mais complexos da economia. Um dos motivos dessa comple xidade

    so as caractersticas de seus produtos, bastante distintas daquelas dos demais bens de consumo. Os imveis,

    entre outras particularidades, so compostos por diversos produtos (materiais, sistemas etc.); alm disso, seu

    planejamento, sua construo e sua comercializao envolvem uma grande variedade de profissionais.

    Esse contexto tem reflexos diretos nas atividades avaliatrias e, por isso, so necessrios conhecimentos

    bsicos ao se pretender avaliar um imvel. Assim, para que o estudante consiga apreender todos os aspectos

    relacionados s atividades de avaliao propriamente ditas, os mdulos iniciais da disciplina apresentam subsdios

    gerais relacionados avaliao de imveis e percias: o desenvolvimento do produto imobilirio, suas etapas de

    construo, seus diversos sistemas e materiais constituintes, o Custo Unitrio Bsico e os projetos-padro definidos

    pela NBR 12.721.

    Ao longo das demais unidades, so apresentados definies e conceitos da norma vigente, procedimentos e

    atividades relacionados avaliao de imveis, mtodos de avaliao disponveis e fundamentos para a avaliao

    de terrenos urbanos, de edificaes urbanas e de imveis rurais. Tambm exposta a relao entre o valor dos

    imveis urbanos e do planejamento urbano-ambiental, assim como apresentado um roteiro bsico para a

    elaborao de um laudo de avaliao.

    Como as atividades de avaliao de imveis e percias necessitam de embasamento legal, tambm foi

    adicionado um mdulo inicial elaborado pelo advogado e professor Luis Portella Pereira, expondo aspectos legais

    da atividade de avaliador. Agradecemos essa contribuio, e tambm as outras ao longo do desenvolvimento deste

    material didtico, as quais foram muito enriquecedoras para o trabalho como um todo.

    Pelos assuntos apresentados, fcil concluir que o tema das avaliaes de imveis bastante extenso. Sendo

    assim, o conhecimento aprofundado exigiria um curso exclusivo no assunto. No entanto, buscamos apresentar

    aqui os fundamentos para o seu desenvolvimento, focando nos aspectos os gerais e mais importantes.

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  • Ressaltamos tambm que todas as recomendaes apresentadas so baseadas nas definies da Norma Brasileira

    para Avaliao de Bens (a NBR 14.653), nas partes correspondentes a imveis. Contudo, em cada trabalho avaliatrio

    diferentes particularidades estaro envolvidas, fazendo com que o avaliador busque informaes e conhecimentos

    especficos. Nesse sentido, o empenho e as experincias adquiridas ao longo da atividade profissional tambm

    contribuiro progressivamente para a qualidade dos trabalhos.

    Temos certeza de que a sua participao ser fundamental para o bom desempenho profissional de todo o ramo

    imobilirio, pois a partir da qualificao dos atuantes no setor que os servios e produtos oferecidos podem ser

    aprimorados. Contamos com a sua participao e esperamos que este material contribua para despertar em voc o

    interesse pelo estudo!

    Eugenia Aumond Kuhn

    Patrcia de Freitas Nerbas

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  • Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    Eugenia Aumond Kuhn*

    Patrcia de Freitas Nerbas**Esta aula abrange aspectos gerais relacionados avaliao de imveis e percias. Inicialmente,

    apresenta-se a relao entre o homem, os bens e a avaliao. A partir desses esclarecimentos ser pos-svel compreender os conceitos de valor, de preo e de mercado. Em seguida, so abordadas as par-ticularidades do mercado imobilirio e, por fim, busca-se elucidar trs questes gerais relacionadas avaliao de imveis e percias:

    O que so avaliaes de imveis e percias?::::

    Quais so os conhecimentos bsicos necessrios para a realizao de avaliaes?::::

    Que operaes podem ser subsidiadas por avaliaes imobilirias?::::

    A relao entre o homem, os bens e a avaliaoSegundo Dantas (1998, p. 13), o mercado formado pelos componentes bsicos: homem e bens.

    O homem, nesse mercado, assume dois papis: o de ofertante e o de comprador, enquanto os bens correspondem s coisas que possuem valor.

    * Mestre em Engenharia Civil pelo Ncleo Orientado para a Inovao da Edificao (Norie) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Arquiteta e Urbanista pela UFRGS.

    ** Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na rea de Meio Ambiente. Arquiteta e Urbanista pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Professora da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).

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  • 8 | Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    O homem avalia constantemente as coisas ao seu redor, sendo essa uma experincia trivial. Geralmente, essa avaliao apenas qualitativa; julgam-se como bonitas, feias, entre outros adjetivos, as coisas e at mesmo as pessoas. No entanto, apenas compreendendo as necessidades e aspiraes humanas que se pode entender como e por que o homem atribui valor s coisas.

    Como de conhecimento, a vida humana s pode se sustentar e se desenvolver a partir de um contexto em que se encontrem todos os meios necessrios sobrevivncia. Por isso, os homens so levados a valorizar os elementos da natureza que so necessrios s suas vidas, como a gua, a terra, as plantas, os animais. Alm destes, os homens tambm valorizam outros elementos pertencentes e criados pela tecnologia, pela cincia e pela cultura.

    A partir desse raciocnio e, conforme indica Dantas (1998, p. 13), constata-se que os bens so com-postos por diversos atributos que por si s no tm nem deixam de ter valor, simplesmente so, esto ali. No entanto, ao se relacionarem com o homem, eles assumem um significado e, ento, passam tambm a ter valor.

    Assim, percebe-se que, rudimentarmente, a atribuio de valor aos bens pelos homens est rela-cionada com as necessidades fsicas bsicas que precisam ser supridas. No entanto, o ser humano tem necessidades adicionais, que o diferenciam dos outros animais. Em outras palavras, pode-se dizer que o homem necessita do ldico. Essa necessidade faz com que outros atributos, alm dos prticos, pas-sem a ser considerados no processo de atribuio de valor, como, por exemplo, aspectos estticos, de bem-estar, aspectos que demonstram status social e tantos outros que tambm so subjetivos, mas que possuem significado para os homens em geral ou para alguns homens em especfico.

    Esse processo de atribuir valor a um bem uma ao conhecida como valorar. O ato de valorar, de determinar o valor, conhecido como valorao (DICIONRIO AURLIO ELETRNICO, 1999).

    ConceitosA partir das explanaes da seo anterior, fica mais fcil compreender alguns conceitos funda-

    mentais avaliao de imveis: os conceitos de valor, de preo e de mercado.

    ValorO primeiro conceito a ser apreendido o de valor, que, como ser visto adiante, justamente o

    que se busca em uma avaliao. A determinao do valor de um bem bastante complexa. Existem diversos tipos de valor, entre eles: valor venal, valor potencial, valor comercial, valor de mercado, valor contbil, entre outros. Entre todos os tipos de valor, segundo Dantas (1998, p. 8) e Abunahman (1999, p. 13), o valor que deve ser adotado o valor de mercado, pois esse o nico valor que ser determinado em uma avaliao.

    A Norma Brasileira (NBR) 14.653-1 (ABNT, 2001, p. 5) apresenta a seguinte definio de valor de mercado: Quantia mais provvel pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um bem, numa data de referncia, dentro das condies do mercado vigente. Em outras palavras, e como indica

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  • 9|Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    Gonzlez (1997, p. 33), valor de mercado o resultante de uma transao entre um vendedor que quer vender, mas no est sendo forado a fazer isso e um comprador que quer comprar, mas tambm no est sendo forado , ambos tendo pleno conhecimento das condies de compra e venda e da utilidade da propriedade.

    Preo importante ter claro que valor e preo no so sinnimos. Segundo a NBR 14.653-1 (ABNT, 2001,

    p. 5), preo a quantia pela qual se efetua, ou se propem a efetuar, uma transao envolvendo um bem, um fruto ou um direito sobre ele. Isto , preo o valor efetivo da transao, a quantia trocada pelo bem, que, no nosso foco de interesse, um imvel. O preo obtido pode se diferenciar do valor de mercado porque as partes tm liberdade para negociar, o que atribui peculiaridades a cada transao (GONZLEZ, 1997, p. 33). Por que isso ocorre? Porque existem sempre muitas presses para a realizao dos negcios. Alguns agentes tm dvidas, outros tm negcios esperando por recursos para poderem se concretizar; enfim, existem muitos motivos e presses que fazem com que sejam realizados negcios fora dos valores de mercado.

    MercadoAntes de se buscar definir esse termo, importante compreend-lo. Tratando-se do mercado

    imobilirio, sua existncia depende dos trs componentes mencionados no incio desta unidade: dos bens levados a mercado, das partes desejosas de vend-los e das partes interessadas em adquiri-los.

    Segundo Dantas (1998, p. 8), o mercado pode ser dividido em vrios segmentos, como merca-do de terrenos, de apartamentos e de salas comerciais. Esses segmentos podem ser subdivididos; por exemplo, dentro do segmento de mercado de apartamentos esto os submercados de apartamentos de 2 quartos, de 4 quartos, de apartamentos de cobertura e assim por diante. Logicamente, os mercados no so exclusivos, sempre existem interaes entre eles, basta imaginar a situao de uma famlia que busca um novo apartamento. Se a famlia for composta de um casal e dois filhos, provavelmente ser suficiente para eles um apartamento com 2 dormitrios, mas certamente um outro com 3 dormitrios seria mais confortvel. Assim, provvel que a famlia considere as duas possibilidades, ponderando os benefcios da aquisio de cada imvel e os recursos disponveis para isso.

    Concorrncia perfeitaOs trs componentes formadores do mercado (bens ofertados, ofertantes e compradores), so

    determinantes na formao dos preos. A situao ideal, segundo Dantas (1998, p. 9) aquela na qual existem muitos vendedores, muitos compradores e uma quantidade de bens disponveis equilibrada com o potencial do mercado. Uma situao como essa faz com que os compradores ou os vendedores no possam ou no consigam, individualmente ou em grupos, interferir como quiserem, de acordo com seus interesses, nos preos do mercado. Alm disso, nessa situao, o preo a ser pago por um bem o preo justo, o preo de equilbrio do mercado. Esse tipo de mercado, ento, denominado mercado perfeitamente competitivo, ou mercado de concorrncia perfeita.

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  • 10 | Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    No entanto, como o prprio nome sugere, uma situao ideal, mas intangvel, principalmente no mercado imobilirio, como indica Gonzlez (1997, p. 35). Segundo o autor, os principais fatores dessa im-perfeio do mercado imobilirio devem-se deficincia de informaes e desigualdade dos agentes.

    Mas, num mercado supostamente perfeito, como oscilariam os preos em funo da quantidade de bens ofertados, de ofertantes e de compradores interessados?

    Lei da Oferta e da ProcuraO preo e a quantidade de bens ofertados esto intimamente relacionados. Por exemplo: supo-

    nha-se uma situao na qual determinado bem tem um preo no mercado. Imagine-se agora que os preos nesse mercado so elevados. Sendo esses preos elevados, a quantidade de bens que so oferta-dos tambm aumenta, isto , passam a haver mais ofertantes interessados em vender, porque os preos esto favorveis a eles. E, estando esses preos em nveis elevados, h tambm uma maior propenso produo de novos bens, com o objetivo de serem disponibilizados no mercado.

    Paralelamente, nessa situao em que os preos esto elevados, existe uma menor demanda pelos bens, ou seja, existem poucos compradores interessados, j que os preos no esto favorveis a eles.

    Como todos esses interesses ocorrem simultaneamente, podemos constatar que, quando os pre-os esto altos, existem muitos interessados em vender, mas poucos interessados em comprar. Assim, gera-se uma presso para que os preos desam, j que h um nmero grande de vendedores precisan-do vender. Para que os compradores se interessem em comprar, passa a ser necessrio reduzir os preos. Assim, os preos comeam a decair. Dessa forma, possvel concluir que, quanto menor for o nmero de compradores interessados, mais baixos sero os preos.

    Imagine-se agora a situao inversa. Se os preos decarem bastante, existiro muitos comprado-res interessados em comprar; em contrapartida, essa passa a ser uma situao desfavorvel aos vende-dores, que deixam de ter interesse em vender aquele produto e o tiram do mercado. Assim, estando o produto escasso, os preos voltam a subir.

    Pode-se comparar essa situao dos preos com uma gangorra. Quanto mais produtos forem ofertados, mais baixos estaro os preos, e quanto menos produtos, mais altos estaro os preos. Nessa gangorra, sempre haver um momento, chamado de ponto de equilbrio (figura 1), em que os preos e a quantidade de bens ofertada estaro equilibrados.

    preciso ter em mente que, em uma situao real, esse ponto de equilbrio pode ser alterado a qualquer momento. Essa alterao pode ocorrer por diversas razes, por exemplo: se um grupo poten-cialmente comprador obtiver um aumento na sua renda ou, em outras palavras, se esse grupo passar a possuir maiores recursos para comprar, ele estimular certo segmento de mercado. Esses compradores podem decidir investir em apartamentos, por exemplo; nesse caso, como a demanda por apartamentos por

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  • 11|Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    parte dos compradores aumenta, a quantidade de bens no mercado, em princpio, mantm-se constan-te. Pode-se dizer, ento, que passa a haver poucos bens disponveis nesse segmento, se comparados ao nmero de compradores interessados. Retornando analogia da gangorra: se a oferta torna-se baixa, os preos, conseqentemente, sobem.

    Quando acontece de os preos oscilarem constantemente, qual ser o valor de mercado? Na pr-tica, segundo Dantas (1998, p. 11) e Gonzlez (1997, p. 35), o valor de mercado estimado, ento, pela mdia dos preos praticados nesse mercado ou pelo valor mais provvel a ser atingido em transaes normais. Assim, reforada a diferena entre preo e valor de mercado. Retomando, o preo a quantia que se paga em uma determinada transao, podendo ser inferior ou superior ao valor de mercado.

    Mercado imobilirio: particularidadesOs bens imobilirios tm o valor de mercado difcil de ser entendido. O mercado imobilirio ou

    de imveis, especificamente, caracteriza-se por ser um dos setores mais complexos da economia e por ter um comportamento bastante distinto dos mercados de outros bens. As principais dificuldades em analisar esse mercado acontecem por causa das caractersticas especiais dos produtos oferecidos. Im-veis no so bens homogneos, ao contrrio, so compostos por um conjunto de atributos, e envolvem diversos materiais, sistemas e produtos (GONZLEZ, 1997, p. 17-19). No entanto, outros fatores tambm diferenciam os imveis dos demais bens e produtos; entre esses fatores de diferenciao, os mais im-portantes so:

    longa vida til :::: edificaes geralmente possuem vida til entre 40 e 60 anos, dependendo da sua constituio;

    fixao espacial:::: imveis, salvo raras excees, no podem ter sua localizao alterada;

    singularidade:::: jamais sero encontrados dois imveis exatamente iguais. Edificaes at podem ser reproduzidas com a mesma composio de materiais e tcnicas, mas ainda assim no ocuparo exatamente a mesma posio;

    alto valor das unidades:::: especificamente quanto s edificaes, so produtos de alto custo de produo, o que implica um alto valor de comercializao;

    grande nmero de agentes :::: no mercado, trabalhando com o desenvolvimento e a comer-cializao desses bens.

    Todas essas caractersticas dos produtos imobilirios tornam difcil ou at mesmo impedem a comparao direta entre as diferentes unidades analisadas.

    Avaliaes e percias: questes geraisDepois dos esclarecimentos dados, pode-se compreender alguns aspectos acerca das questes

    levantadas no incio da aula. Essas questes apresentam uma sntese, no cronolgica, do contedo a ser desenvolvido nas aulas seguintes.

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  • 12 | Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    Em que consistem a avaliao de imveis e a percia?Segundo a NBR 14.653-1 (ABNT, 2001, p. 4) imvel um bem constitudo de terreno e even-

    tuais benfeitorias a ele incorporadas. Pode ser classificado como urbano ou rural, em funo da sua localizao, uso ou vocao. Pela definio, um imvel um bem e, sendo assim, a definio da mesma norma para avaliao de bens aplicvel para a avaliao de imveis: Anlise tcnica, realizada por engenheiro de avaliaes, para identificar o valor de um bem, de seus custos, frutos e direitos, assim como determinar indicadores da viabilidade de sua utilizao econmica para uma determinada finalidade, situao e data (ABNT, 2001, p. 3). Em outras palavras, considerando o que foi apresentado at agora, realizar a avaliao de um imvel implica buscar o seu valor, que repre-sentado essencialmente pelo valor atribudo pelo mercado em que ele est sendo transacionado (GONZLEZ, 1997, p. 20).

    A prxima questo a ser esclarecida o significado de percia. Segundo a NBR 14.653-1 (ABNT, 2001, p. 5) percia definida como a atividade tcnica realizada por profissional com qualificao especfica, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado de um bem, apurar as causas que mo-tivaram determinado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos. Como se percebe, percia uma atividade tcnica, mas nem todos os tipos de percia fazem parte da atribuio profissional do gestor imobilirio. Como ser visto adiante, apenas a percia para avaliar bens pertence ao exerccio profissional desse.

    Quais so os conhecimentos bsicos necessrios?Diversos conhecimentos bsicos so necessrios fundamentao do trabalho avaliatrio, en-

    tre eles os das reas de: direito imobilirio, matemtica financeira, engenharia, arquitetura, topografia e informtica. Essas noes auxiliam o gestor imobilirio a prestar boa assessoria a seus clientes nas intermediaes imobilirias, mas especificamente para esta disciplina, ser preciso estudar tambm as-pectos legais da atividade de avaliador e aspectos gerais relacionados a sistemas construtivos e a projetos arquitetnicos.

    Que operaes podem ser subsidiadas por avaliaes imobilirias?Entre os diversos servios que podem ser realizados, as avaliaes de imveis podem subsidiar:

    vendas em leiles;::::

    partilhas amigveis ou judiciais;::::

    determinao do valor de imveis para atualizao de ativos;::::

    definio do valor de mercado de bens em processos judiciais;::::

    extino de condomnios;::::

    determinao do valor justo do imvel para fins de desapropriao;::::

    composio da planta de valores municipal.::::

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  • 13|Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    Atividades1. A partir das explanaes desta unidade, explique com suas palavras por que o homem d valor

    s coisas.

    2. Relacione exemplos de elementos valorizados pelo homem e que so pertencentes ou criados pela tecnologia, pela cincia e pela cultura.

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  • 14 | Aspectos fundamentais da avaliao de imveis e percias

    3. Qual a diferena entre preo e valor de mercado? Por que eles no so, necessariamente, coincidentes?

    4. Explique com suas palavras quais so os componentes formadores do mercado, e como eles interferem na formao dos preos em um mercado de concorrncia perfeita.

    Ampliando conhecimentosComo dica de estudo para esta aula, sugere-se o site do Conselho Federal de Corretores, no ende-

    reo eletrnico , e os sites dos Conselhos Regionais de Corretores de Im-veis (Creci), para se ter contato com as notcias da rea imobiliria.

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  • Aspectos legais da atividade de avaliador

    Luis Portella Pereira*Considerando que as avaliaes e percias de bens mveis e imveis bem como de suas partes

    integrantes e acessrios, como mquinas e instalaes industriais, obras, servios, bens e direitos , matria essencialmente tcnica e exige qualificao especfica, de suma importncia entender as leis e competncias envolvidas nesses procedimentos. A atividade mercadolgica impe aos bens imveis a avaliao de seu valor de mercado, tendo como fundamento a compra e a venda, que praticada na gesto imobiliria por seu profissional, o gestor imobilirio.

    No decorrer do tema, ser visto que diversas profisses praticam a chamada reserva de mercado, que consiste na regulamentao do seu exerccio por meio de leis federais. As profisses liberais so representadas por seus respectivos rgos de classe: os corretores de imveis e os gestores imobilirios pela Confederao Nacional de Corretores de Imveis (Cofeci), os advogados pela Ordem dos Advoga-dos do Brasil (OAB), os engenheiros, os arquitetos e os agrnomos pelo Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea), os administradores pelo Conselho Federal de Administradores (Confa), os mdi-cos pelo Conselho Federal de Medicina (Cofem), e assim por diante.

    Sendo assim, existem conflitos de competncia entre profisses cujas atividades se aproximam; por exemplo, no caso de mdicos, enfermeiros e demais profissionais de sade, a grande discusso atual que somente o mdico pode prescrever. Com relao aos advogados e corretores de imveis, uma das ques-tes diz respeito assessoria imobiliria, que de acordo com o Estatuto da OAB ato privativo do advoga-do; na prtica, porm, quem elabora os contratos de promessa de compra e venda e demais instrumentos relacionados ao negcio jurdico o corretor de imveis.

    Todas essas nuances sero analisadas no desenvolvimento da aula, alm de esclarecer as dvidas relativas a quem efetivamente pode avaliar um bem imvel, determinando-lhe um valor de mercado para a venda.

    * Formado em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), advogado nas reas de Direito Imobilirio e Urbanstico. Consultor jurdico e professor do Curso Tecnolgico de Gesto Imobiliria da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Escritor de livros e artigos.

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  • 16 | Aspectos legais da atividade de avaliador

    Legislao referente avaliao imobiliriaQual a legislao de que o gestor imobilirio precisa conhecer para conduzir uma avaliao? O

    avaliador deve conhecer a legislao e as normas especficas para cada tipo de trabalho a ser realizado; para isso, existem leis municipais, estaduais e federais, alm de normas e regulamentos de diversas entidades.

    Contudo, o conhecimento principal est ligado s normas tcnicas brasileiras, editadas pela Associa-o Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), alm do conhecimento da legislao especfica de cada profisso.

    Exerccio profissionalQuem possui atribuio para realizar avaliaes e percias de imveis? O exerccio profissional

    o primeiro cuidado que se deve ter em relao s avaliaes imobilirias. Para um melhor entendimento do assunto, deve-se estar baseado na seguinte premissa: qual a qualificao profissional que se deve ter para proceder a um parecer tcnico-mercadolgico? O gestor imobilirio est habilitado para ava-liar o valor de mercado de um imvel, mas, quando esse procedimento envolver tcnicas e sistemas construtivos e suas implicaes nas edificaes, ficar a cargo de um profissional habilitado para tal, inscrito no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). Assim, devem ser observadas as leis e resolues a seguir.

    Lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966Essa lei regulamenta o exerccio das profisses de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrnomo

    (os inscritos no CREA), e d outras providncias. As competncias desses profissionais esto previstas no artigo 7. da lei; entre elas, est a de proceder a avaliaes, vistorias e percias, in verbis:

    Art. 7. As atividades e atribuies profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrnomo consistem em:

    [...]

    c) estudos, projetos, anlises, avaliaes, vistorias, percias, pareceres e divulgao tcnica;

    Como se nota, aqui h uma reserva mercadolgica feita para engenheiros e arquitetos; essa ma-tria foi regulamentada pela Resoluo 345/90 do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Con-fea), que ser analisada a seguir.

    Resoluo 345, de 27 de julho de 1990, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea)

    Essa resoluo dispe sobre o exerccio do profissional de nvel superior das atividades de enge-nharia de avaliaes e percias de engenharia. Cabem aqui alguns comentrios sobre essa resoluo do Confea; seu artigo 2. assim dispe:

    Art. 2. Compreende-se como a atribuio privativa dos Engenheiros em suas diversas especialidades, dos Arquitetos, dos Engenheiros Agrnomos, dos Gelogos, dos Gegrafos e dos Meteorologistas, as vistorias, percias, avaliaes

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  • 17|Aspectos legais da atividade de avaliador

    e arbitramentos relativos a bens mveis e imveis, suas partes integrantes e pertences, mquinas e instalaes in-dustriais, obras e servios de utilidade pblica, recursos naturais e bens e direitos que, de qualquer forma, para a sua existncia ou utilizao, sejam atribuies destas profisses.

    Assim, o Confea, em sua atribuio legtima, determina uma reserva de mercado para os pro-fissionais inscritos no sistema que compe os CREAs, ao tratar como competncia exclusiva destes profissionais as atividades relativas a avaliaes, vistorias e percias. Alm disso, a resoluo em es-tudo dispe em seu artigo 3. sobre a nulidade de laudos feitos por outros profissionais que no os inscritos no CREA, in verbis:

    Art. 3. Sero nulas de pleno direito as percias e avaliaes e demais procedimentos indicados no art. 2., quando efe-tivados por pessoas fsicas ou jurdicas no registradas nos CREAs.

    No entanto, essa nulidade somente poder ser estabelecida se for declarada judicialmente. Isso no exerce uma funo terminativa quanto atividade de avaliao; como se afirmou, a atividade de avaliador est restrita habilidade e competncia desenvolvidas pelo profissional.

    Lei 6.530, de 12 maio de 1978Essa lei d nova regulamentao profisso de corretor de imveis, disciplina o funcionamento

    de seus rgos de fiscalizao e d outras providncias; seu artigo 3. determina, in verbis:

    Art. 3. Compete ao Corretor de Imveis exercer a intermediao na compra, venda, permuta e locao de imveis, podendo, ainda, opinar quanto comercializao imobiliria.

    A competncia do corretor de imveis restrita intermediao da compra e venda, da permuta e da locao de imveis; quanto comercializao imobiliria, a ele cabe apenas opinar. Essa lei de 1978, quando a profisso de corretor de imveis encontrava-se regulada de forma incipiente; na poca, a regulamentao da profisso com a criao do Cofeci e dos Conselhos Regionais de Corretores de Imveis consistiu em um grande avano. Atualmente, no entanto, essa matria encontra-se disciplina-da pela novssima Resoluo 957/06, que ser analisada a seguir.

    Resoluo n. 957, de 2006, do Conselho Federal de Corretores de Imveis (Cofeci)

    Essa resoluo dispe sobre a competncia do corretor de imveis para a elaborao de parece-res tcnicos de avaliao imobiliria e d outras providncias; seu artigo 2. determina, in verbis:

    Art. 2. competente para elaborao de parecer tcnico de avaliao mercadolgica o Corretor de Imveis, pessoa f-sica, regularmente inscrito em Conselho Regional de Corretores de Imveis e com inscrio vlida no Cadastro Nacional de Avaliadores Imobilirios que seja, cumulativa ou alternativamente:

    I possuidor de diploma de curso superior em gesto imobiliria ou equivalente;

    II possuidor de certificado de especialista em avaliao imobiliria.

    Como se viu, quem possui diploma de curso superior em Gesto Imobiliria competente para a elaborao de pareceres tcnicos de avaliao. Assim, neste momento h um conflito de regula-mentao entre o Confea e o Cofeci, pois ambos atribuem a seus profissionais inscritos a capacidade de avaliar imveis.

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  • 18 | Aspectos legais da atividade de avaliador

    O perito judicialO chamado perito judicial aquele nomeado para realizar avaliaes e percias em juzo, ou seja,

    em processos que correm na Justia. Segundo disposio do artigo 145 do Cdigo de Processo Civil (CPC), cabe ao juiz escolher seus auxiliares, de acordo com os requisitos ditados pela lei processual em vigor, in verbis:

    Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento tcnico ou cientfico, o juiz ser assistido por perito, se-gundo o disposto no art. 421.

    1. Os peritos sero escolhidos entre profissionais de nvel universitrio, devidamente inscritos no rgo de classe competente, respeitado o disposto no Cap. VI, seo VIII, deste Cdigo.

    Entende-se que a permisso legal do CPC afasta as hipteses das resolues dos Conselhos de Classe, e atribui ao juiz a prerrogativa de escolher seus auxiliares. Como a peritagem uma atividade auxiliar da Justia, compete ao juiz escolher o perito dentre os profissionais que preen-cham os requisitos do pargrafo primeiro transcrito acima. importante destacar que o profissio-nal deve ter nvel universitrio e estar inscrito em seu Conselho de Classe. Outro aspecto que o juiz deve levar em conta na hora da nomeao do perito o conhecimento tcnico e cientfico deste; assim sendo, o curso de Gesto Imobiliria fornece o conhecimento necessrio para a avaliao de bens imveis.

    Normas de avaliaoComo devem ser realizadas as avaliaes imobilirias? O segundo cuidado que se deve tomar

    em um trabalho avaliatrio diz respeito aos mtodos a serem adotados. Nesse sentido, as avaliaes devem ser realizadas com base em normas tcnicas editadas pela ABNT, com a aplicao de metodo-logia apropriada.

    Aqui, uma explicao indispensvel para a compreenso do assunto: o que significa ABNT? Essa a sigla da Associao Brasileira de Normas Tcnicas; fundada em 1940, o rgo responsvel pela normatizao (ou normalizao) tcnica no pas, fornecendo a base necessria para o desenvolvimento tecnolgico do Brasil. uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Frum Nacional de Normalizao; e, como determina a Resoluo 7 do Conmetro, de 24 de agosto de 1992, essa a nica entidade brasileira responsvel por normatizaes.

    Quem o responsvel, e como elaborado o contedo dessas normas tcnicas? Seu con- tedo responsabilidade dos Comits Brasileiros e dos Organismos de Normalizao Setorial, sendo elaborado por Comisses de Estudo, formadas por representantes dos setores envolvidos, ou seja, produtores, consumidores e neutros (exemplos de neutros so as universidades e os laboratrios, entre outros).

    Quais so as normas que podem subsidiar os trabalhos avaliatrios? As principais normas tcni-cas relacionadas avaliao imobiliria so descritas a seguir.

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  • 19|Aspectos legais da atividade de avaliador

    NBR 14.653A avaliao de bens possui fundamento na Norma Tcnica NBR 14.653; aqui, sero analisadas suas

    partes 1, 2, 3 e 4, que se relacionam estritamente avaliao de bens imveis e suas respectivas etapas. A NBR 14.563 se divide em cadernos, os quais so assim identificados:

    a) NBR 14.653-1 (Parte 1) Procedimentos Gerais:: trata de procedimentos gerais, aplicados a todos os tipos de imveis e empreendimentos sujeitos ao processo de avaliao;

    b) NBR 14.653-2 (Parte 2) Imveis Urbanos:: estabelece as regras a serem seguidas na avalia-o de bens imveis urbanos;

    c) NBR 14.653-3 (Parte 3) Imveis Rurais:: relaciona os procedimentos utilizados para a avalia-o de imveis rurais;

    d) NBR 14.653-4 (Parte 4) Empreendimentos:: dispe sobre os procedimentos tcnicos para a avaliao de empreendimentos.

    NBR 12.721Para se realizar avaliaes imobilirias, tambm preciso conhecimento sobre a Norma Tcnica

    NBR 12.721, de 1999, que possui o seguinte ttulo: Avaliao de Custos Unitrios e Preparo de Oramento de Construo para Incorporao de Edifcios em Condomnio Procedimento. Essa norma da ABNT trata da classificao das edificaes de acordo com o seu padro de construo; assim, quanto ao sistema construtivo, os imveis classificam-se em padro normal, baixo e alto.

    A classificao do padro construtivo de um imvel fundamental para o estabelecimento de um projeto-padro, com a finalidade de se avaliar aquele imvel. O conhecimento dessa classificao, definida pela norma, necessrio para se identificar o sistema construtivo utilizado em um determinado bem.

    A aplicao adequada dos mtodos indicados pelas Normas Tcnicas exige que se tenha, alm de co-nhecimento sobre os mesmos, informaes de outras reas, como arquitetura, engenharia, economia etc.

    Aquisio de leis, resolues e normasOnde podem ser encontradas as leis referidas acima?

    A busca de leis federais pode ser feita pelo site . Aps a entrada no site, deve-se seguir o caminho: Legislao; Leis; Lei Ordinrias; ento, procura-se a lei desejada por seu nmero ou ano de publicao.

    As normas da ABNT podem ser adquiridas nos locais de atendimento, nos postos de intermedia-o de produtos ABNT, ou pelo endereo eletrnico . Ao entrar no site, deve-se clicar no link Adquira sua Norma, depois em Vendas On-Line, e ento digitar a especifica-o da norma desejada no campo: Cdigo/Nmero.

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  • 20 | Aspectos legais da atividade de avaliador

    Atividades1. Escreva, com suas palavras e de maneira sinttica, o que voc entende por reserva de mercado.

    2. Faa uma pequena dissertao falando sobre os motivos pelos quais o gestor imobilirio no pode avaliar um imvel que apresente defeitos construtivos, tendo como base as posies do CREA e do Cofeci.

    Ampliando conhecimentosComo dica de estudo, recomenda-se o contato com a NBR 12.721 e com a NBR 14.653, para que

    se entenda melhor a fonte e a base do processo avaliatrio. Boa leitura.

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  • Produto imobilirioEugenia Aumond Kuhn

    Patrcia de Freitas Nerbas

    O mercado imobilirio opera em um ambiente de riscos, com inmeras variveis, em uma situa-o de mudanas constantes. Alm disso, o aumento da concorrncia assim como acontece nas outras reas comerciais , um fator que deve ser considerado no lanamento de um novo produto no ramo imobilirio.

    O mercado imobilirio um dos setores econmicos que apresentam maior complexidade, devi-do especialmente s caractersticas dos imveis, que possuem um conjunto diversificado de atributos (GONZLEZ, 2003, p. 13). Os produtos do mercado imobilirio apresentam caractersticas diferenciadas em relao aos demais bens de consumo; entre elas, pode-se citar:

    elevada vida til;::::

    localizao geogrfica especfica;::::

    singularidade (variaes de acabamento, tipologias, sistemas construtivos, entre outros);::::

    elevado prazo de maturao (planejamento e produo demorados);::::

    alto custo das unidades a serem comercializadas.::::

    Gonzlez (2003, p. 55) alerta que essa heterogeneidade prpria aos imveis pode gerar conflitos, dificultando a comparao direta entre diferentes unidades.

    A fim de aumentar a compreenso sobre as diversas caractersticas dos imveis, necessrio que se entendam as etapas do processo de desenvolvimento do produto imobilirio.

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  • 22 | Produto imobilirio

    Etapas de desenvolvimento do produto imobilirioTodo e qualquer produto passa por etapas de planejamento, operao e/ou execuo e lana-

    mento no mercado (figura abaixo).

    Planejamento

    Execuo

    Comercializao

    O produto imobilirio tambm passa por estas etapas de desenvolvimento, que sero analisadas separadamente a seguir.

    PlanejamentoNesta etapa, feita a previso de todas as demais fases necessrias para a materializao e o

    sucesso do empreendimento. Para isso, so essenciais diversas informaes que antecedem a execu-o, como informaes tcnicas, humanas, econmicas e legais. A etapa de planejamento envolve, resumidamente:

    planejamento fsico :::: estudo da viabilidade tcnica do empreendimento (anlises qualitati-vas quantitativas dos terrenos; projetos tcnicos etc.);

    planejamento econmico :::: estudo de viabilidade econmica e oramentos;

    planejamento legal :::: contratos e obrigaes.

    ExecuoEsta a etapa de materializao do que foi planejado. Ao longo de seu desenvolvimento, co-

    mum surgirem problemas referentes exequibilidade dos projetos propostos. Alm disso, o momento em que o empreendimento se torna visvel para muitos clientes, principalmente aqueles que tm difi-culdade em visualiz-lo por meio de desenhos tcnicos ou ilustrativos.

    A qualidade da execuo ir depender, entre outros fatores, da etapa de planejamento e da quan-tidade e qualidade das informaes fornecidas pelos projetos tcnicos. Por isso, tem-se dedicado cada vez mais tempo elaborao de projetos e ao planejamento do empreendimento. Nesse sentido, tam-bm importante a implantao de um sistema de gesto da qualidade em todas as etapas de desen-volvimento do produto imobilirio.

    ComercializaoA etapa de comercializao pode se iniciar antes mesmo de a execuo da edificao ou o parce-

    lamento do solo estarem finalizados, ou seja, antes de os produtos que sero comercializados estarem

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  • 23|Produto imobilirio

    prontos para o uso. Essa tem sido uma tendncia observada e que possibilita um retorno anterior dos investimentos, visto que a produo de imveis usualmente exige grandes recursos financeiros e lon-gos prazos de maturao (planejamento e execuo).

    Aspectos especficos da etapa de planejamentoAntes do incio de qualquer obra seja uma edificao, a construo de benfeitorias ou um par-

    celamento do solo , necessria a realizao de diferentes estudos, a fim de assegurar a qualidade de todo o processo de execuo e comercializao do imvel.

    Para a gesto de um empreendimento imobilirio, necessria uma viso sistmica das diversas etapas de desenvolvimento, das condicionantes e dos requisitos de mercado, entre outros aspectos. O planejamento do produto imobilirio pode incluir tanto o espao urbano quanto a edificao.

    De acordo com Fabrcio e Melhado (2003, p. 8), na construo civil existem diferentes maneiras de organizar, gerenciar e integrar o processo de projeto. Nesse contexto, importante verificar que cada tipo de produto lanado no mercado imobilirio ter suas peculiaridades.

    A seguir, sero apresentadas as etapas bsicas do planejamento de um empreendimento imobili-rio. Essas etapas no so necessariamente lineares, podendo acontecer simultaneamente. Alm disso, nem todas as etapas so indispensveis ou iro ocorrer em todos os empreendimentos.

    Anlise de mercado:::: : percepo de uma oportunidade de mercado (pblico-alvo, oferta e demanda, concorrncia).

    Anlises qualitativas e quantitativas do local de implantao:::: : verificao da situao do mercado, da acessibilidade e do conforto ambiental, entre outras variveis.

    Estudos preliminares do projeto arquitetnico:::: : elaborao de um esboo da forma fsica do empreendimento. Desenvolvem-se esquematicamente os desenhos tcnicos bsicos refe-rentes ao tipo de edificao ou parcelamento do solo que se pretende construir.

    Estudo de viabilidade econmica:::: : a partir da anlise de mercado, contrapem-se estes da-dos com os oramentos que utilizam o CUB (custo unitrio bsico de construo por m2) como referncia. Nesta etapa, sinteticamente, feita uma estimativa do custo final do empreendi-mento. Para estimar o custo da construo, pode-se realizar um oramento baseado no CUB, o oramento paramtrico. Obtido esse valor, ele comparado com o potencial valor de venda do imvel e as demais condies financeiras relacionadas, buscando-se confirmar a viabilida-de do empreendimento.

    Desenvolvimento de projetos:::: : o projeto uma atividade em parte de tcnica e em parte de criatividade, cuja funo definir a forma fsica do produto para melhor atender s necessidades dos clientes (LEITE, 2005, p. 46). Os projetos tambm tm diferentes etapas, que dependem do objeto projetado. Outra finalidade dos projetos descrever a obra, antecipando a execuo.

    Desenvolvimento do cronograma fsico-financeiro da execuo:::: : todos os materiais, equi-pamentos e servios so estimados, a partir de um oramento discriminado, a fim de se pro-gramar o andamento das atividades e seus respectivos custos.

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  • 24 | Produto imobilirio

    Desenvolvimento do manual de qualidade referente etapa de planejamento e de exe-::::cuo do empreendimento imobilirio: o mais indicado que as empresas j tenham de-senvolvido os seus processos de qualidade; porm, se estes no existirem, quanto antes forem feitos melhor ser o processo de planejamento, execuo e comercializao.

    Essas etapas do desenvolvimento do produto imobilirio possuem variaes, de acordo com o tipo de produto que se pretende construir. Alm disso, interessante destacar que cada etapa se rela-ciona com as demais.

    Na seo seguinte enfoca-se a etapa de projetos, e so apresentados os principais documentos tcnicos que so gerados a partir dos diferentes projetos.

    Projetos tcnicosDe acordo com a NBR 13.531 (ABNT, 1995), os projetos so definidos como: a determinao e re-

    presentao prvias dos atributos funcionais, formais e tcnicos de elementos da edificao a construir, a pr-fabricar, a montar, a ampliar [...], abrangendo os ambientes exteriores e interiores e os projetos de elementos da edificao e das instalaes prediais.

    no projeto que os requisitos so transformados em solues; nele, so definidos os principais atributos que conferem valor ao imvel. Em outras palavras, um bom projeto pode agregar valor ao produto final, sem envolver necessariamente maiores custos de produo; pelo contrrio, um bom pro-jeto pode minimizar custos tanto de produo, como de utilizao do imvel. Por isso, importante a qualidade tcnica dos profissionais selecionados para o desenvolvimento dos projetos, j que eles determinam a qualidade dos espaos planejados.

    Em um projeto, deve-se buscar a equao ideal entre os diversos fatores que definem o valor final do produto. Esse valor est associado satisfao dos clientes, e depender de duas variveis antagni-cas: os benefcios fornecidos pelo produto e os sacrifcios decorrentes da aquisio e do uso do mesmo. Adicionalmente, os projetos de empreendimentos imobilirios devem proporcionar a melhor relao custo-benefcio, no s para os clientes finais, mas para todos os envolvidos no processo: investidores, construtores e a sociedade em geral.

    Os projetos so desenvolvidos a partir de tcnicas grficas e representados por desenhos tcnicos. As plantas baixas, cortes, fachadas e perspectivas so exemplos de desenhos tcnicos relacionados s edificaes. Contudo, os projetos no so representados apenas por desenhos, pois h diversas infor-maes que no podem ser expressas graficamente. Dessa maneira, existem tambm documentos tcnicos escritos, que so complementares aos desenhos tcnicos e possuem diferentes finalidades.

    Segundo Gonzlez (2006, p. 6-9), os documentos tcnicos escritos que integram a etapa de pla-nejamento do empreendimento imobilirio podem ser divididos basicamente em:

    oramentos;::::

    especificaes tcnicas;::::

    caderno de encargos;::::

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  • 25|Produto imobilirio

    memorial descritivo;::::

    manual do proprietrio.::::

    Nos tpicos a seguir, esses documentos so apresentados separadamente.

    OramentosNa construo civil, o oramento tem a finalidade de realizar o clculo do custo de construo, conside-

    rando o fator lucro e as despesas diretas e indiretas relacionadas execuo de um determinado empreendi-mento imobilirio. Segundo Gonzlez (2006, p. 3-5), existem vrios tipos de oramento, como o paramtrico, o normalizado ou normatizado pela NBR 12.721, o operacional e os discriminados e/ou detalhados.

    Todo oramento deve ser devidamente documentado, pois apresenta dados de grande valia para o desenvolvimento do produto imobilirio. A partir do oramento, pode-se verificar a viabilidade eco-nmica, as possibilidades de execuo e a prpria comercializao, alm de ser este um procedimento envolvido nos mtodos de avaliao de imveis.

    Especificaes tcnicasAs especificaes tcnicas so descries precisas de todos os insumos (mo de obra, materiais

    e equipamentos) relacionados obra; todas as obras necessitam de uma descrio precisa e completa dos materiais e procedimentos a serem utilizados na construo. Essas especificaes so documentos escritos complementares aos projetos das edificaes.

    Segundo Gonzlez (2006, p. 7-8), as especificaes tcnicas podem ser mais ou menos detalha-das, conforme a sua destinao. Constituem um texto geral e completo que descreve a maioria dos servios da obra, sendo complementados por servios ou materiais especficos. As finalidades desses documentos so complementar a parte grfica dos projetos e facilitar o gerenciamento dos processos durante a obra, evitando confuses e mudanas de critrios.

    Alguns dados usualmente descritos so: qualidade, tipo e marca dos materiais empregados, as-sim como a forma de execuo dos servios.

    Caderno de encargos o conjunto de especificaes tcnicas, critrios, condies e procedimentos estabelecidos como

    referncia ao executor e/ou ao fiscalizador da obra. O caderno de encargos se assemelha s especifica-es tcnicas, sendo, porm, mais geral. Sua finalidade otimizar o controle de servios do empreendi-mento, funcionando como uma referncia (GONZLEZ, 2006, p. 8).

    Memorial descritivoO memorial descritivo um documento bastante usual no ramo imobilirio, haja vista suas di-

    ferentes finalidades, tais como venda, propaganda, registro do imvel ou aprovao de projetos na municipalidade (GONZLEZ, 2006, p. 8).

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  • 26 | Produto imobilirio

    Assim, esse documento tcnico necessrio para a aprovao de projetos junto aos rgos com-petentes, e tambm um veculo de comunicao entre os tcnicos envolvidos no processo.

    Manual do proprietrioO manual do proprietrio um resumo das especificaes tcnicas, destinado ao usurio final.

    Certas construtoras j o adotam desde a dcada de 1960, mas sua importncia cresceu apenas com o advento do Cdigo de Defesa do Consumidor (GONZLEZ, 2006, p. 7).

    Esse manual traz orientaes sobre a operao dos diversos sistemas incorporados aos imveis (como esquadrias, sistema de ar-condicionado etc.), sobre os procedimentos para manuteno e sobre o posicionamento das instalaes eltricas e hidrossanitrias. Adicionalmente, apresenta a lista dos for-necedores de todos os sistemas e materiais individuais utilizados na execuo da obra.

    Requisitos a serem atendidos pelas edificaesOs requisitos correspondem s funes, aos atributos e s demais caractersticas do produto, que

    devem ser observadas sob o ponto de vista dos clientes; traduzem as necessidades e expectativas do usurio final. Por isso, desde a concepo de um empreendimento, deve-se tentar captar essas necessi-dades e expectativas, interpret-las e traduzi-las em especificaes de projeto que, por fim, sero mate-rializadas na etapa da construo (LEITE, 2005, p. 55).

    A construo civil trabalha basicamente com trs ndices de satisfao: o prazo de entrega, o preo e a qualidade (tcnica, ambiental e social, entre outras) do produto. Existem tantas variveis no desenvolvimento de produtos imobilirios que, durante esse processo, comum surgirem dificuldades inesperadas.

    So vrios os requisitos que os produtos imobilirios devem satisfazer. Especificamente para edi-ficaes habitacionais de at cinco pavimentos, a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT, 2006) desenvolve um projeto de norma estabelecendo requisitos gerais de desempenho a serem atingidos. Esses requisitos so apresentados, sinteticamente, abaixo:

    segurana estrutural:::: : garantir a estabilidade das estruturas ao longo da vida til do imvel. Para isso, devem-se prever, quando necessrio, as protees pertinentes estrutura e s suas partes. Seguir normas nos projetos e procedimentos construtivos, visando segurana dos usurios;

    segurana contra incndio:::: : adotar medidas de segurana para dificultar o princpio de in-cndio (projetar instalaes eltricas, de gs e reas de risco de acordo com as normas espe-cficas); dificultar a propagao do incndio (relacionada escolha de materiais); facilitar a re-moo das pessoas (por meio de projeto adequado de circulao e sinalizao de emergncia) e a extino do fogo em caso de incndio;

    segurana no uso e na operao:::: : este requisito dependente do projeto e dos sistemas e materiais especificados. Deve-se reduzir a probabilidade de queda de pessoas em funo de pisos irregulares, nas rampas e nas escadas, e de pisos escorregadios, com caimento excessivo

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  • 27|Produto imobilirio

    ou com possibilidade de empoamento de gua (de lavagem ou de chuva). Tambm se devem evitar ferimentos provocados pela ruptura de elementos ou componentes que resultem em partes cortantes ou perfurantes, bem como ferimentos ou contuses ocasionados pela ope-rao das partes mveis de componentes como janelas, portas e alapes. Adicionalmente, deve-se evitar a ocorrncia de ferimentos ou danos aos usurios, em condies normais de uso, como choques em instalaes eltricas;

    estanqueidade:::: : gua, ao vento, aos gases e s poeiras. Esse um requisito fundamental para as edificaes, j que estas tm funo de abrigo contra as intempries e as agresses do meio exterior;

    conforto:::: : est relacionado a diversos aspectos. O conforto trmico pode ser obtido por meios passivos, como ventilao, sombreamento, exposio radiao solar, controle da umidade do ambiente, ou por meios artificiais, como a utilizao de ar-condicionado. O con-forto lumnico tambm pode ser natural ou artificial, e est relacionado s cores emprega-das nas superfcies, s dimenses e orientao das aberturas, bem como ao projeto de ilu-minao. O conforto acstico deve considerar tanto os rudos externos como os produzidos em diferentes ambientes internos. Tambm se pode falar em conforto ttil e ergonmico; o primeiro diz respeito principalmente s caractersticas dos materiais empregados, e o se-gundo, relao entre as dimenses humanas e os diversos elementos usados e manipula-dos pelo homem;

    durabilidade e manutenabilidade:::: : esse requisito est ligado agressividade do meio am-biente, s propriedades inerentes aos elementos e componentes da edificao, bem como interao de ambos ao longo do tempo. O projeto de norma (ABNT, 2006) nessa seo tem o intuito de estimular a cultura de manuteno e preservao do imvel e de suas partes;

    sade, higiene e qualidade do ar:::: : est relacionado a diversos fatores, entre eles a renovao do ar nos espaos interiores, o abastecimento de gua e a remoo de resduos (esgoto, lixo), entre outros;

    funcionalidade e acessibilidade:::: : depende das dimenses adequadas aos espaos, da geo-metria e das relaes entre os mesmos, bem como da possibilidade de implantao e distri-buio dos equipamentos e mveis necessrios a cada ambiente;

    adequao ambiental:::: : tcnicas de avaliao do impacto ambiental resultante das atividades da cadeia produtiva da construo tm se tornado cada vez mais objeto de estudo. Embora ainda no estejam definidos critrios precisos para a avaliao do desempenho ambiental, o projeto de norma (ABNT, 2006) j estabelece que os empreendimentos e sua infraestrutura devem ser projetados, construdos e mantidos de forma a minimizar as alteraes no ambiente.

    Cada empreendimento desenvolvido a partir de uma necessidade do mercado e dos requisitos dos usurios. Assim, o perfil do usurio poder determinar certos diferenciais nos empreendimentos imobilirios, de acordo com suas especificidades. Por isso, necessrio estudar os sistemas construti-vos e os materiais de construo integrantes do produto que est sendo desenvolvido. O projeto dos subsistemas visa tornar o desempenho tcnico da edificao o mais eficiente possvel; alm disso, de suma importncia o desenvolvimento integrado de todas as etapas, a partir de um sistema de qualida-de. Dessa forma, o cenrio de desenvolvimento do produto imobilirio pode apresentar menos riscos frente a tantas incertezas.

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  • 28 | Produto imobilirio

    Atividades1. Questione vrias pessoas sobre seus principais requisitos ao comprar um imvel para morar ou

    trabalhar. Analise as respostas e discuta com seu grupo de colegas.

    2. Analise o conjunto de documentos tcnicos desenvolvidos para a execuo e a comercializao de um empreendimento. Descreva as principais caractersticas e a importncia de cada documento.

    3. Relacione e faa uma sntese das principais etapas de desenvolvimento do produto imobilirio.

    Ampliando conhecimentos Como complemento ao assunto tratado nesta aula, sugere-se a leitura das seguintes obras: Tec-

    nologia, Gerenciamento e Qualidade na Construo, de rcio Thomaz, e Incorporao Imobiliria: roteiro para avaliao de projetos, de Ageu da Costa Ramos Neto (ver referncias). Boa leitura.

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  • Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    Eugenia Aumond KuhnPatrcia de Freitas Nerbas

    Os temas desta aula so a construo e os sistemas constituintes do produto imobilirio. A cons-truo a etapa de materializao do produto imobilirio; ela se inicia aps a etapa de planejamento e envolve diversos elementos, entre eles:

    equipe tcnica;::::

    materiais de diversas naturezas;::::

    processos construtivos.::::

    A construo das edificaes um processo bastante complexo, devido s diferentes atividades que devem ser integradas e diversidade de insumos necessrios sua execuo. A essa complexidade somam-se as exigncias dos clientes, que a cada dia se tornam maiores. Kern (2005) ressalta que os re-quisitos dos clientes se modificaram nos ltimos anos devido ao acesso s informaes; assim, eles pas-sam a exigir produtos diferenciados sob o enfoque da qualidade, do prazo de entrega e do custo final.

    A complexidade do processo de construo de um empreendimento imobilirio faz com que ele possua diferentes fases, as quais sero apresentadas a seguir; essas fases, bem como os sistemas consti-tuintes da edificao, sero os focos desta aula.

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  • 30 | Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    Etapas da execuo (sntese)Aps o desenvolvimento da etapa de planejamento, estando todos os projetos devidamente

    aprovados e o projeto executivo concludo, inicia-se a execuo da obra.

    Toda construo necessita de um tcnico responsvel (engenheiro ou arquiteto), que ir acompa-nhar a execuo e orientar a mo de obra. Dependendo do porte da obra, ele poder ser auxiliado por outros profissionais do setor de execuo.

    Durante a execuo da obra, diversos processos se integram. Em alguns casos percebe-se uma clara diviso das etapas, enquanto que em outros as atividades se desenvolvem de maneira quase si-multnea. Apresentam-se a seguir as principais atividades envolvidas na construo, embora elas no se desenvolvam necessariamente de maneira linear, como foi dito.

    Programao da execuo e organizao do canteiro de obrasA programao pode ser realizada fora do canteiro de obras, ou at mesmo constituir-se como

    uma etapa do planejamento. Na programao da obra feita uma integrao entre o tempo de execu-o dos servios, a mo de obra, os materiais e os equipamentos necessrios.

    Nessa fase tambm devem ser administrados aspectos referentes ao controle tcnico, que de suma importncia para todos os processos, pois por meio de seus instrumentos que a qualidade do produto poder ser testada, evitando-se assim possveis transtornos. No manual de qualidade das em-presas devem ser indicados os requisitos de qualidade e as instrues de trabalho. Alm disso, devem ser programados ensaios tcnicos (qualidade dos materiais, resistncia, traos etc.).

    Quanto aos custos, devem ser feitos o controle e a estimativa relativos ao consumo de materiais, ao emprego de mo de obra e ao uso de equipamentos. A utilizao de todos esses recursos deve ser planejada de forma integrada, o mais detalhadamente possvel.

    Servios preliminaresOs servios preliminares envolvem as preparaes e as atividades prvias e necessrias constru-

    o propriamente dita. Podem ser divididas basicamente em:

    ajuste do terreno :::: consiste fundamentalmente no preparo da superfcie do terreno. Para tanto, so feitos a remoo dos elementos indesejados para a execuo da obra (como a vege-tao no preservada legalmente) e os ajustes nos nveis do terreno. Esses ajustes envolvem a planificao e a criao de plats e taludes, entre outras modificaes menos agressivas;

    organizao do canteiro de obras :::: tem a finalidade de facilitar a execuo, embora possa difi-cultar os processos, se for mal planejada. A instalao do canteiro consiste em realizar as ligaes provisrias ou definitivas de abastecimento de gua e luz, por exemplo. Alm disso, so execu-tados espaos especficos para armazenamento de materiais, refeitrio e vestirio dos trabalha-dores, e venda no local (planto de vendas). Nessa etapa feita a instalao de equipamentos (como elevadores e guindastes) e so construdos os tapumes para a obra. Um dos aspectos mais delicados da organizao do canteiro de obras talvez se refira locao da edificao.

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  • 31|Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    ConstruoA construo da edificao propriamente dita envolve diversos sistemas, elementos e compo-

    nentes. Os mais comuns sero descritos a seguir.

    Sistema estruturalO sistema estrutural das edificaes constitudo, basicamente, por elementos de fundaes, vigas,

    lajes e pilares. A estrutura de uma edificao pode ser feita de concreto armado (moldada in loco ou pr- -fabricada), de metal (pr-fabricada) ou de madeira (usualmente para construes de menor porte).

    FundaesAs fundaes das edificaes so os elementos estruturais responsveis por transferir as cargas

    da edificao para o solo. Esses elementos so a subestrutura da edificao, ou seja, correspondem parte da estrutura que fica abaixo do solo.

    As caractersticas da edificao (altura, peso, dimenses) e o local onde ser construda sero determinantes para o tipo de fundao a ser utilizada. Quanto ao local, a principal observao a ser feita diz respeito ao solo. Para se conhecer suas propriedades, a realizao de sondagem fundamental; para isso, deve-se contratar uma empresa especializada em geotecnia. Por meio da sondagem pode-se determinar, por exemplo, em que profundidade se encontra o solo adequado para as fundaes, se o lenol fretico superficial, ou se o solo rochoso. Assim, evitam-se surpresas no incio da execuo e tambm se pode otimizar o projeto, reduzindo custos.

    Vigas, lajes e pilaresO sistema estrutural de uma edificao, alm das fundaes, geralmente composto por vigas,

    lajes e pilares, com exceo dos sistemas autoportantes, como so os blocos estruturais que na maioria dos casos no necessitam de pilares e vigas independentes.

    Vedaes verticais As vedaes verticais das edificaes so responsveis por proteger os ambientes internos das

    intempries (vento, sol, chuva) e prover a segurana e a privacidade. Essas vedaes so planos verticais que delimitam os espaos, podendo ser internas ou externas. So divididas basicamente em:

    paredes :::: podem ser estruturais ou portantes. Os materiais mais utilizados nelas so os blocos, tanto cermicos quanto de concreto. Porm, o gesso acartonado e os painis pr-fabricados tm tido demanda crescente para esse fim, tambm no Brasil;

    esquadrias :::: dividem-se em portas e janelas, e possuem diversos tipos. As esquadrias podem ser fabricadas em madeira, em PVC e em metal (especialmente alumnio).

    Cobertura A cobertura o plano ou os planos superiores horizontais ou inclinados da edificao. o

    subsistema mais intensamente sujeito s intempries, tais como radiao solar, chuva e neve. Sua

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  • 32 | Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    forma e seus materiais variam substancialmente de acordo com o clima de cada regio. As coberturas podem ser:

    inclinadas :::: apresentam usualmente, como material de recobrimento, telhas de barro, de pe-dra, de madeira ou de concreto. A estrutura do telhado inclinado pode ser de concreto, de madeira e/ou metlico;

    planas ou semi-inclinadas :::: podem ser constitudas por laje de concreto impermeabilizada e/ou por telhas com baixa inclinao (metlicas ou de fibra1).

    InstalaesExistem diferentes tipos de instalaes, que podem ser implantadas conforme as necessidades

    especficas de cada edificao.

    As instalaes hidrossanitrias correspondem a um conjunto de equipamentos, tubulaes e sis-temas que tm por funo abastecer as edificaes com gua, e coletar, tratar e encaminhar os esgotos. Dentro desse conjunto, h os seguintes elementos:

    instalaes de gua fria e quente :::: responsveis pelo abastecimento dos pontos de utiliza-o de gua nas edificaes, devem garantir quantidade suficiente e manter a qualidade da gua fornecida pelo sistema de abastecimento pblico. Para isso, contam com uma srie de equipamentos, tubulaes, reservatrios e dispositivos situados a partir do ramal predial;

    sistemas de esgoto cloacal :::: responsveis pela coleta, pelo transporte e pelo tratamento dos esgotos provenientes das edificaes, utilizando-se de tubulaes para o transporte desses lquidos e de equipamentos para o seu tratamento. O esgoto pode ser de origem domstica despejo de lquidos de casas, edifcios e estabelecimentos comerciais ou industrial decor-rente do uso da gua em processos fabris;

    sistemas de esgoto pluvial :::: esgoto pluvial o proveniente das guas da chuva, as quais po-dem ser aproveitadas por meio de dispositivos e equipamentos para a lavagem de ptios e de roupa, para bacias sanitrias, entre outros.

    As instalaes eltricas tm como finalidade distribuir entre as edificaes a energia proveniente das concessionrias, com qualidade e de forma segura, dividindo-se em:

    de baixa tenso :::: encontradas normalmente em edificaes de pequeno porte e com baixo consumo energtico;

    de alta tenso :::: utilizadas no fornecimento para grandes condomnios ou em edificaes que tenham alto consumo energtico.

    TratamentosDiversos tipos de tratamento podem ser necessrios em uma edificao. Apresentam-se a seguir

    dois dos mais comuns:

    1 Utilizado em telhas, tubulaes e caixas dgua, entre outros, o amianto ou asbesto j foi banido de trs estados (RJ, RS e PE) e mais de 20 cidades brasileiras, alm de ser totalmente proibido em 42 pases. Seu banimento no Brasil defendido pela Associao Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), formada em parte por trabalhadores que esto morrendo de cncer e/ou asbestose devido ao seu trabalho em fbricas que utilizam o material. Mais informaes em: http://www.abrea.com.br.

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  • 33|Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    impermeabilizao :::: um tratamento que exige cuidados na execuo, podendo ser aplica-do em piscinas, terraos, beirais, platibandas, marquises, vigas e paredes. A impermeabilizao tem como funo proteger as estruturas contra a umidade e a percolao das guas, bem como criar ambientes estanques, com o objetivo de reserva. Os materiais mais usados nesse tratamento so:

    manta asfltica muito utilizada em terraos, piscinas e marquises;::::

    concreto e argamassas impermeveis (com aditivos impermeabilizantes) empregados ::::normalmente em cortinas e subsolos;

    pinturas impermeveis tm seu emprego em reservatrios.::::

    proteo trmica e acstica :::: so sistemas que tm como objetivo garantir a qualidade am-biental da edificao, proporcionando ambientes agradveis e com baixo custo energtico de manuteno. Entre os materiais com propriedades de isolamento trmico e/ou acstico, destacam-se:

    fibra de rocha ou mineral;::::

    espuma de poliuretano.::::

    AcabamentosOs acabamentos tm funo esttica e de proteo, devendo garantir segurana e durabilidade

    obra. Sua execuo deve ser realizada com muitos cuidados. Os acabamentos utilizados em grande quantidade so os revestimentos, que podem ser de diversos tipos, entre eles:

    reboco :::: revestimento de argamassa; tem a finalidade de proteger as paredes das edificaes;

    plaquetas cermicas :::: podem ser aplicadas em pisos e paredes, sobre o emboo rstico (ar-gamassa) ou com argamassa colante (cimento cola);

    gesso :::: os acabamentos em gesso tm finalidade esttica e funcional, pois criam, por exemplo, nichos para ocultar as redes de distribuio e permitem a implantao de detalhes na iluminao.

    pedras :::: podem ser utilizadas em diferentes situaes, e ter diversas caractersticas e tipos (mrmore, granito, basalto, arenito etc.);

    madeiras :::: podem ser naturais ou processadas, como frmica, MDF e OSB. Hoje em dia, a utilizao de madeira na construo civil tem gerado polmica, devido tanto ameaa de extino de espcies nativas quanto aos riscos decorrentes das reas de reflorestamento com espcies exticas. O adequado que, independentemente do tipo, se utilize madeira com certificao de manejo sustentvel.

    Os acabamentos tambm envolvem pinturas, que podem ser aplicadas sobre reboco, madeira e metal. Dessa maneira, o tipo de tinta deve ser adequado base a qual ser aplicada.

    Muitas vezes tambm so necessrios materiais de acabamento para os forros, que so elemen-tos horizontais inseridos abaixo das lajes ou coberturas, geralmente com finalidade trmica, acstica e esttica. Os forros podem ser de madeira, PVC ou gesso.

    Existem ainda os acabamentos entre as paredes e o piso (rodap), e entre as paredes e o forro (rodaforro). Os materiais utilizados neles so tambm madeira, PVC e gesso.

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  • 34 | Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    Execuo do projeto de paisagismoSinteticamente, envolve o tratamento do espao aberto e, como o prprio nome indica, assim

    como os outros projetos, exige que seja elaborado por um especialista. importante que a execuo do projeto de paisagismo acontea no final da obra, para evitar possveis conflitos entre as exigncias vitais das plantas e os processos construtivos.

    Limpeza da obra e testes finais de funcionamentoEssa a etapa final da execuo das edificaes, e tem importncia fundamental para o bom funcio-

    namento e uso dos sistemas empregados. Alm dos testes realizados ao longo da execuo, nessa etapa todas as instalaes devem ser revistas, a fim de se apontar qualquer anormalidade nos sistemas.

    Quanto limpeza, deve ser feito o recolhimento dos restos de materiais e entulho, assim como a remoo de poeira e manchas de derramamento de tintas ou de outros lquidos. Alm disso, os disposi-tivos hidrossanitrios de coleta e de inspeo como caixa de passagem, graxeiras e ralos das redes de esgotos devem ser limpos e desobstrudos para que possam ser utilizados com total eficincia.

    Entrega da obra e do manual do proprietrioDepois de finalizados os procedimentos relativos execuo das edificaes, estas so devida-

    mente entregues a seus proprietrios, juntamente com todos os documentos legais e tcnicos. Entre os ltimos, encontra-se o manual do proprietrio, documento de grande importncia que apresenta indicaes de uso do imvel, facilitando inclusive os procedimentos de manuteno e de reforma.

    Especificaes tcnicas dos materiais de acabamentoDurante as etapas de planejamento e execuo dos empreendimentos imobilirios, deve-se estar

    atento s especificaes dos materiais de acabamento, pois este um dos critrios que indicam a faixa de mercado na qual o imvel est inserido. Alm disso, os materiais de acabamento so uma das gran-des preocupaes dos usurios das edificaes.

    Os materiais utilizados na execuo contribuem para a definio do preo do imvel e so ele-mentos de suma importncia para a avaliao da qualidade da edificao. Os fatores que devem ser ob-servados na escolha dos materiais so de carter tcnico; contudo, alm de se observar o desempenho tcnico, importante estar atento aos requisitos dos clientes.

    Identificar os requisitos dos clientes uma tarefa complexa. Segundo Miron (2002), o processo de gerao de valor na construo civil envolve: a compreenso das necessidades dos clientes, a transfor-mao dessas necessidades em solues de projeto e a criao de sistemas que viabilizem a materiali-zao das solues propostas. Segundo Thomaz (2001, p. 27), ao se projetar uma edificao preciso

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  • 35|Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    analisar as caractersticas inerentes ao processo e s tcnicas de projeto e de execuo, a fim de que os requisitos de segurana, esttica, salubridade, economia e durabilidade sejam atendidos. A anlise desses requisitos deve seguir diversos critrios, entre eles:

    esttica :::: no mede somente a aparncia bela ou feia, mas tambm a forma de expresso; o significado dos ambientes na vida das pessoas o fundamento da esttica do lugar. Alm disso, importante que a esttica dos materiais de acabamento esteja de acordo com o con-ceito do empreendimento e com a faixa de valor de mercado do imvel;

    durabilidade :::: requisito fundamental dos materiais que so utilizados na construo, a fim de se evitarem gastos posteriores com manuteno. Como exemplo, toma-se a escolha de piso cermico para uma edificao que dever apresentar um PEI elevado, em corredores de trfego intenso de pedestres;

    segurana :::: esse requisito no se refere apenas a elementos que inibem invases e assaltos, como fechaduras resistentes, alarmes e cmeras; tambm devem ser avaliadas a funcionalida-de e a segurana dos elementos e materiais corriqueiramente utilizados pelos usurios, a fim de evitar quedas e leses. Um exemplo relaciona-se aos vidros de segurana para o guarda- -corpo em sacadas; a escolha dos vidros para sacadas deve seguir critrios determinados em normas tcnicas.

    Alm disso, deve-se estar atento para a relao custo-benefcio dos gastos com materiais. O tipo de material de acabamento utilizado na obra deve ser adequado faixa de mercado do imvel.

    necessrio ter uma viso sistmica da obra para a escolha dos materiais, a fim de se analisar as possibilidades existentes e sua adequao ao uso. As polticas de padronizao para aplicao de mate-riais na construo so interessantes, pois minimizam gastos na compra por meio de fornecedores , e aumentam a produtividade nos processos de construo. Alm disso, a padronizao pode facilitar o controle desses materiais, desde a estocagem at a instalao.

    Entretanto, a padronizao tambm apresenta inconvenientes. A desvantagem de uma poltica de padronizao pode estar em limitar as escolhas dos usurios, tornando o acabamento previsvel por no possibilitar a personalizao dos ambientes. Dessa forma, a padronizao pode criar insatisfao nos usurios por excessiva repetio.

    Todos os elementos e sistemas construtivos usados na execuo de edificaes esto relaciona-dos direta ou indiretamente com a satisfao dos clientes. Desse modo, de suma importncia estar atento aos requisitos destes, alm de analisar e identificar os riscos possveis durante a construo de um novo empreendimento imobilirio.

    Para minimizar os problemas na produo de um produto imobilirio, importante que os profis-sionais inseridos no contexto do mercado tenham conhecimento sobre todos os processos envolvidos nas etapas de desenvolvimento de seus produtos. A reflexo acerca desses processos pode contribuir para a elaborao de produtos com maior valor, sob os pontos de vista comercial, ambiental e social.

    O que foi apresentado nesta aula apenas uma sntese das etapas de construo e dos diversos sis-temas e materiais constituintes dos produtos imobilirios, as edificaes. Assim, esse apenas um ponto de partida para a compreenso do processo de execuo e dos sistemas tcnicos nele envolvidos.

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  • 36 | Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    Atividades1. Visite o canteiro de uma obra e analise as etapas que esto sendo desenvolvidas. Procure visitar

    esse mesmo canteiro uma vez por semana, para que voc possa acompanhar a evoluo dos processos construtivos na execuo de uma obra.

    2. Compare os projetos de um determinado empreendimento com a edificao j pronta. Relacione as principais diferenas e procure os motivos que causaram as mudanas no projeto original.

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  • 37|Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    3. Quais so os principais sistemas construtivos ou conjuntos de elementos que, usualmente, compem as edificaes?

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  • 38 | Construo e sistemas constituintes do produto imobilirio

    Ampliando conhecimentosRecomenda-se a leitura dos seguintes textos, para complementar o tema tratado nesta aula:

    Anlise Econmica de Sistemas Construtivos: um estudo de caso, de Eliane Moneti e Giglio Pecoraro, e Planejamento de Canteiros de Obra e Gesto de Processos, de Tarcsio Abreu Saurin e Carlos Torres Formo-so. Suas referncias encontram-se no final do livro. Boa leitura.

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  • CUB e projetos-padro pela NBR 12.721

    Eugenia Aumond KuhnPatrcia de Freitas Nerbas

    Para a avaliao de imveis preciso entender a composio de preos do Custo Unitrio Bsico (CUB), assim como os tipos de projeto-padro especificados pela norma NBR 12.721, que trata da incor-porao imobiliria. O principal objetivo desta aula fornecer subsdios para avaliaes imobilirias de qualquer natureza.

    Custo Unitrio Bsico (CUB)O CUB pode ser considerado um ndice: representa o custo unitrio bsico por metro quadrado

    de construo, sendo calculado pelo mtodo indicado na NBR 12.721. Segundo essa norma, o custo unitrio bsico

    parte do custo por metro quadrado e da construo do projeto-padro considerado, calculado de acordo com esta norma (NBR 12.721), pelo Sindicato Estadual da Construo Civil, para divulgao at o dia 5 de cada ms, e que serve de base para a avaliao dos custos de construo das edificaes, que deve ser arquivado no Registro Geral de Imveis (ABNT, 1999, p. 4).

    Os valores de cada CUB-padro formam a base para a avaliao dos custos de construo das edificaes. A cada ms, o Sindicato das Indstrias para a Construo (Sinduscon) de cada estado co-leta dados dos insumos-padro definidos na NBR 12.721, para realizar o clculo que determina o valor do CUB mensal. Os insumos da construo civil so todos os elementos necessrios para a execuo de uma obra; em uma construo, os insumos dividem-se basicamente em: mo de obra, materiais e equipamentos.

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  • 40 | CUB e projetos-padro pela NBR 12.721

    Os procedimentos para o clculo do CUB seguem um modelo matemtico baseado no preo de uma amostra pequena de insumos (aproximadamente 500), considerando-se o leque existente no mer-cado da construo civil. A coleta de preos para clculo do CUB deve ser realizada mensalmente, e os preos dos materiais devem incluir os custos com o frete e tributos.

    Critrios considerados para o clculo do CUB No clculo do custo unitrio de construo referente aos padres de acabamento determinados

    pela NBR 12.721, devem ser seguidos critrios especficos para se evitar discrepncias. Dessa forma, os preos devem ser coletados e submetidos aos procedimentos estatsticos necessrios. A NBR 12.721 determina o clculo da mdia de cada insumo; depois de realizados os procedimentos estatsticos, aplica-se o coeficiente fsico correspondente ao insumo no lote bsico de cada projeto-padro. recomendvel que a amostra de cada insumo tenha no mnimo 20 informaes, para aumentar a confiabilidade dos dados.

    Existem vrios elementos que compem os empreendimentos imobilirios, mas que no so includos no clculo do custo unitrio de construo para cada padro (CANTANHEDE; SCHMITT, 2003, p. 5-7). Eles no integram o valor do CUB, e por isso devem ser considerados separadamente no clculo do custo de construo das edificaes. So exemplos de elementos que no fazem parte do clculo bsico do CUB:

    fundaes especiais;::::

    elevadores;::::

    equipamentos de instalao especiais: foges, bombas de recalque, ventilao;::::

    obras e servios complementares;::::

    honorrios profissionais.::::

    Cada padro construtivo de edificao possui um valor de CUB correspondente. Nesse contexto, importante saber identificar as diferenas entre projetos-padro; essa uma das exigncias de alguns mtodos de clculo para a avaliao de imveis.

    Projeto-padroAt o incio da dcada de 1960, o mercado imobilirio era visto com desconfiana, pela falta

    de padres numricos para a composio dos custos. Por isso, em 1965 entrou em vigor a NB 140: Avaliao de Custos Unitrios e Preparo de Oramento de Construo para Incorporao de Edifcios e Condomnios.

    Essa norma se propunha a determinar o valor do custo unitrio bsico por metro quadrado de construo para projetos-padro, com o objetivo de desmistificar os preos dos imveis e tornar sua comercializao mais transparente. Em 1992, a NB 140 foi substituda pela NBR 12.721 (CANTANHEDE; SCHMITT, 2003, p. 1-2).

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  • 41|CUB e projetos-padro pela NBR 12.721

    Os projetos-padro so divididos em algumas tipologias bsicas. Os critrios e parmetros que definem cada tipologia tm como base justamente as caractersticas fsicas dos imveis. As principais caractersticas que definem os padres so as seguintes:

    nmero de pavimentos;::::

    padro de acabamento da construo (baixo, normal e alto);::::

    nmero de dependncias (ambientes ou cmodos) por unidade dormitrios e banheiros, ::::por exemplo;

    nmero total de unidades;::::

    rea privativa das unidades autnomas.::::

    Outros aspectos tambm so determinantes para o estabelecimento do tipo de padro, como a qualidade dos materiais de acabamento que iro determinar se aquele baixo, normal ou alto. Igualmente, ao se falar em faixa de mercado dos imveis, precisam ser consideradas variveis adicionais como a localizao da edificao e a quantidade, a qualidade e a diversidade dos equipamentos comer-ciais, culturais e de lazer disponveis.

    Alm dos valores de CUB para projetos-padro de edificaes residenciais, so especificados va-lores para projetos comerciais, industriais e de carter popular. O Sinduscon de cada estado tambm responsvel pela publicao do valor mdio do CUB de cada ms, conhecido como CUB ponderado.

    Apesar de se estabelecerem padres, percebe-se que a multiplicidade das possibilidades cons-trutivas acaba no sendo contemplada em sua totalidade nas definies de projeto-padro, pois so muitas as variveis existentes. Dessa forma, deve-se estar atento aos diferentes tipos de construo e aos diversos padres de acabamento que existem no mercado.

    Assim, parece bvio que o modelo matemtico proposto para o clculo do CUB no consegue contemplar todas as variveis possveis. Por isso, ele apenas uma referncia para o clculo do valor do custo de construo, no sendo recomendado o seu uso exclusivo para essa determinao.

    O CUB muito usado para se estimar o valor de construo na fase de planejamento e no registro da incorporao. Assim, antes de se realizar o registro da incorporao de imveis, deve-se realizar o oramento proposto na NBR 12.721, que se baseia nos valores do CUB publicados mensalmente.

    Mas qual a relao entre o oramento proposto pela NBR 12.721 e a avaliao imobiliria? Existe um mtodo de avaliao do valor de um imvel baseado no custo de reedio da edificao. Por isso, preciso saber identificar as variveis que integram o custo unitrio de construo das edificaes. Por exemplo, ao se realizar a avaliao de uma sala comercial, preciso saber a metragem quadrada total da unidade privada e o seu custo de construo por metro quadrado, bem como os percentuais de reas de uso comum que esto atreladas unidade privada da sala.

    Tipos de reas dos imveis segundo a NBR 12.721Para se avaliar o custo de construo de um edifcio, necessrio identificar os tipos de rea que

    nele existem, como a rea privativa da unidade e o percentual da rea de uso comum pertencente

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  • 42 | CUB e projetos-padro pela NBR 12.721

    unidade privada. Assim, importante saber discriminar todos os tipos de rea para se poder calcular o custo de construo do metro quadrado do imvel.

    Com essas recomendaes em mente, observa-se que um nico imvel pode conter diversos tipos de reas, dependendo de sua natureza. Imagine-se o exemplo de um edifcio de apartamentos residenciais de quatro pavimentos-tipo, e pavimento trreo sob pilotis com a finalidade de estaciona-mento e rea de lazer. A rea de construo global desse edifcio, segundo a NBR 12.721 (ABNT, 1999, p. 4) corresponde soma das reas de construo de todas as unidades autnomas da edificao.

    Tambm preciso identificar a rea privativa da unidade autnoma. Essa rea possui um soma-trio real que co