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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
QUALIDADE DA GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL
E DOS SERVIÇOS PRESTADOS À POPULAÇÃO
Elizabeth Mangueira Rodrigues
Orientadora
Profª. Edla Trocoli
Niterói
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"
QUALIDADE DA GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL
E DOS SERVIÇOS PRESTADOS À POPULAÇÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para
a conclusão do Curso de Pós-Graduação
“Lato Sensu” em Gestão de Recursos
Humanos.
Por: Elizabeth Mangueira Rodrigues
3AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela vida, pela coragem, por me guiar
pelos caminhos, por me trazer até aqui, por tudo.
Aos meus Pais Gilson e Iolanda pelo apoio Eterno. Família
é Tudo de Bom.
A minha irmã Elaine pela paciência, pela atenção e por me
substituir nos momentos em que estive ausente.
Aos colegas da FAETEC que sempre me apoiaram e
torceram por mim.
Aos Professores com os quais muito pude aprender e obter
elementos para esta monografia.
A minha orientadora Edla Trocoli, pelas orientações
prestadas, pela paciência e compreensão.
Ao meu Amado Filho, Matheus, minha força, que, apesar
de tão novo, sempre foi compreensivo e me ajudou a
enfrentar mais este desafio e a entender o quanto este
trabalho era importante para o nosso crescimento.
4DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu Pai Gilson Garcia
Rodrigues (in memoriam) e a minha Mãe Maria
Iolanda M. M. Rodrigues pelo apoio constante e pelo
Amor incondicional.
5RESUMO
A Gestão Pública tem refletido as notáveis transformações que se vêm
operando na administração das empresas privadas, nas últimas décadas, com
a globalização, que trouxe em seu bojo a valorização dos princípios de ecologia
e preservação do meio ambiente e sustentabilidade das organizações, de um
lado, e de cidadania e conscientização dos direitos do cidadão, como
mantenedor e motivo principal da existência da máquina estatal, de outro lado.
A conjuntura destes fatores gerou o processo atualmente conhecido como
Responsabilidade Social das Empresas, que serve de tema para este trabalho.
O ritmo com que as mudanças são assimiladas pelos órgãos públicos no
entanto é lento demais, e esforços vêm sendo realizados no sentido de vencer
as resistências, superar obstáculos e implantar medidas que acelerem estas
mudanças, tornando o atendimento ao público mais ágil e eficiente. Alguns
destes assuntos, como a aplicação de Programas de Qualidade, Premiação e
melhoria das condições de trabalho do servidor são abordados nesta pesquisa.
Trata-se de pesquisa bibliográfica, descritiva e explicativa, que, pela
escassez de material acadêmico na forma de livros e pesquisas específicas
sobre o assunto, utilizou como fonte de informações algumas publicações do
governo brasileiro, disponíveis em sites oficiais da internet, em dados
divulgados por órgãos que se informatizaram, e ainda na legislação vigente que
vem sendo formulada para reger o assunto.
Palavras-Chave: Gestão Pública - Responsabilidade Social - Programas de
Qualidade - Serviço Público.
6SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................7
CAPÍTULO I
AS FUNÇÕES DE RH.........................................................................................9
CAPÍTULO II
GESTÃO DE QUALIDADE...............................................................................18
CAPÍTULO III
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO..........................................................24
CAPÍTULO IV
A NOVA GESTÃO PÚBLICA: REESTRUTURAÇÃO PARA ADOÇÃO DE
NOVOS MODELOS..........................................................................................44
CONCLUSÃO...................................................................................................68
BIBLIOGRAFIA................................................................................................70
ÍNDICE...............................................................................................................74
ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................75
7INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda o tema Qualidade na Gestão Pública, face às
grandes transformações pelas quais os setores industrial, de comércio e de
serviços vem passando em consequência da globalização, com o aparecimento
e valorização dos princípios de sustentabilidade das empresas que dão ênfase
à qualidade de vida, ao oferecimento de melhores serviços à população e a
seus empregados, maior preocupação com a preservação do meio ambiente,
reunidos no processo que se chama atualmente de Responsabilidade Social
das Empresas.
Essas mudanças se refletem mais intensamente na iniciativa privada,
mas também vão, aos poucos, sendo assimiladas, embora timidamente, pelo
setor público.
O motivo deste trabalho é apresentar as recentes mudanças no setor
público e o que tem sido feito "para a melhoria dos padrões de eficiência,
eficácia, efetividade, transparência e qualidade na gestão pública e dos
serviços prestados ao cidadão", conforme determina o Decreto 5383, de 3 de
março de 2005 do governo federal.
Quais as estratégias e perspectivas do governo para substituir um
modelo burocrático vigente, emperrado e moroso, por outro onde os servidores
se comprometam com os resultados, conheçam bem suas funções e os
incentivos que lhes são oferecidos? Como essa nova tendência pode
influenciar no desempenho final de cada órgão, com melhor utilização dos
recursos, dando maior agilidade e melhor fluxo na comunicação?
Como os estudos no segmento de Recursos Humanos vem contribuindo
para estas mudanças, apresentando um histórico de como um sistema
enraizado, resistente pretende se colocar para acompanhar as transformações
e se atualizar para prestar melhores serviços à população, valorizando seu
público interno através de crescimento intelectual, moral e ético de seus
representantes, servidores públicos, e para que estes também se envolvam e
comprometam com a melhoria do atendimento ao público, e sejam
8recompensados e gratificados, não só com a garantia de estabilidade e de
promoção em sua carreira, mas também com o sentimento do dever cumprido.
O trabalho tem como objetivo geral apresentar o histórico evolutivo do
setor, ou seja, as formas como a gestão pública atuou em seus primórdios, a
evolução pela qual passou e os esforços atuais para a mudança, com os
resultados obtidos.
Os objetivos específicos visados são analisar as propostas que têm sido
postas em prática, em termos de sua eficácia; demonstrar como os novos
princípios e métodos de Recursos Humanos tem contribuído para as
transformações na área de gestão pública; apresentar alguns programas de
gestão pública, englobando as novas vertentes de responsabilidade social e
desburocratização, e as perspectivas para o futuro, com a contribuição cada
vez maior da tecnologia da informação.
Partiu-se da hipótese de que, apesar de haver alguma resistência por
parte de alguns servidores, a informatização da gestão pública vem evoluindo
consideravelmente, o que pode trazer imensos benefícios tanto para o governo,
quanto para os servidores públicos e principalmente para a população alvo.
A pesquisa limitou-se a analisar os aspectos da oportunidade e da
eficiência dos programas abordados, não pretendendo descrever de forma
minuciosa os aspectos técnicos dos mesmos. Os programas estudados são de
âmbito nacional e os dados são de 2001 a 2010.
9CAPÍTULO I
AS FUNÇÕES DE RH
As funções do setor e do profissional de Recursos Humanos - RH, o
histórico deste setor desde seu aparecimento e evolução e as atuais Teorias do
Processo Motivacional são os assuntos abordados neste capítulo.
1.1 - Histórico
A história das funções de Recursos Humanos certamente surgiu na
necessidade de contabilizar não só a quantidade de empregados de um dado
empreendimento, mas também as horas trabalhadas, as faltas e atrasos para
efeito de pagamento ou de desconto.
A existência desta preocupação entre os judeus pode ser vista nos
tempos do Velho Testamento, há presumidos 8 séculos antes da era cristã:
Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado, seja
ele teu irmão ou estrangeiro que está na tua terra e
na tua cidade.
No seu dia, lhe darás o seu salário, antes do pôr-do-
sol, porquanto é pobre, e disso depende a sua vida;
para que ele não clame contra ti ao Senhor, e haja
em ti pecado. (Deuteronômio, 24:14-15. BÍBLIA
SAGRADA, 1993)
Desde então, até o início do século XIX, as funções do "chefe de
pessoal" nos países ocidentais sempre teve as mesmas características a defini-
lo: um sujeito durão, inflexível seguidor das leis, calculista e extremamente frio,
sempre pronto a definir quem não se enquadrasse nas normas de trabalho ou
não contasse com sua simpatia pessoal. Infelizmente este perfil até hoje ainda
persiste em muitas empresas, tanto no interior como das metrópoles
brasileiras. (MARRAS, 2001)
10As transformações por que passaram os princípios e as práticas de
Recursos Humanos foram patrocinadas pelas grandes organizações, ao
perceberem que os investimentos feitos nesta área, além de contribuíram para
a educação e evolução da sociedade como um todo, provocam não só lucros
diretos como divulgam o bom nome da empresa.
Dentro deste contexto começam a ser desenvolvidos, praticados e
divulgados processos, métodos e normas de trabalho, com o interesse surgido
para o estudo de alguns fenômenos observados no campo da psicologia
organizacional e da sociologia do trabalho, com ênfase para a análise do
comportamento do homem e da mulher, no desempenho de suas profissões.
Um marco na evolução do pensamento humano que influenciou as
relações de trabalho foi o surgimento do Racionalismo, com René Descartes,
atingindo seu apogeu no século XIX, quando aplicado às ciências naturais e
sociais.
Daí em diante, a transformação foi-se dando cada vez mais
rapidamente, com os novos inventos: máquinas, vapor, eletricidade, eletrônica,
o transistor e, mais recentemente, o chip como chefe de toda a parafernália da
informática, com seus computadores, periféricos, programas, software,
hardware, internet e tantas outras ferramentas eletrônicas.
Mas o primeiro passo na evolução da gestão de Recursos Humanos foi
dado com a publicação do livro Shop Management - Administração de lojas, em
1903, seguido de Os princípios da administração científica (1906), ambos de
Taylor, um engenheiro americano empenhado em buscar a maximização da
eficiência na produção. Fayol, na França, lançou em 1916 sua obra
Administração Geral e Industrial, propondo pela primeira vez a classificação
das funções do administrador aceitas até hoje, a saber:
• Planejar
• Organizar
• Coordenar
• Comandar
• Controlar
11Taylor e Fayol são considerados como os criadores da administração
científica, formatada por Motta (1974) da seguinte forma esquemática:
Concepção da organização
Relações administração-empregados
Sistema de incentivos
Concepção da
natureza humana
Resultados
Organização formal
Identidade de interesses
Incentivos monetários
Homo Economicus
Máximos
Fonte: MOTTA (1974)
Quadro 1 - Movimento da Administração Científica
Até que surgissem estes novos tempos, para o empresário, o
trabalhador era apenas um dos instrumentos de que podia lançar mão para
obter os resultados desejados para sua empresa. O que importava é que o
trabalhador gozasse de boa saúde física e que se dedicasse ao máximo ao
trabalho que às vezes se prolongavam até por 18 horas diárias.
A função principal, muitas vezes a única, do chefe de pessoal era
contabilizar e controlar as entradas e saídas, os pagamentos, os vales, os
descontos e as faltas, informando à administração quanto às eventuais
irregularidades, aplicando, quando adequado, as punições cabíveis,
culminando com advertências, suspensão ou demissão dos empregados
faltosos.
Conforme Marras (2001):
O movimento de relações humanas, na década de
20, trouxe um desafio extremo à função de chefe de
pessoal. Como se sabe, esse novo modelo de
administração teve como base de mudança a
relação entre empregados e empregadores.
Enquanto a escola clássica operava à base da força
e do autocratismo, o novo modelo propunha
aumentar a produtividade pela eliminação dos
conflitos e seus respectivos custos. (p. 23)
12O Homo Social surge então para substituir o Homo Economicus da
escola científica, trazido pela mão de autores como Follet, Mayo,
Roethlisbeger, Dickson, Leavitt, McGregor e muitos outros que lançaram um
novo modelo administrativo para gerir a relação entre empregados e
empregadores, no qual a figura do chefe assume um papel totalmente
diferente, pois a ordem agora é preocupar-se com o indivíduo, com suas
necessidades e outros fatores que até então nunca haviam sido mencionados.
Em 1945 surgem os primeiros estudos sobre liderança à luz do
behaviorismo, como também novos conceitos sobre autocratismo, democracia
no trabalho e motivação humana.
Surge então a preocupação de se "cuidar do pessoal", e a função de
chefe de pessoal assume uma importância maior no conceito organizacional e
na estrutura piramidal (Figura 1), deixando de ser uma função apenas
operacional para assumir uma responsabilidade tática.
Figura 1 - Pirâmide organizacional
Fonte: Marras, 2001.
Até a década de 1950, no entanto, o gerente de pessoal não tem seu
perfil muito alterado: ele continua sendo o chefe de pessoal, apenas sob uma
nova aparência. Sua visão continua sendo tecnicista, mecanicista, ligada às
questões de registros burocráticos, fiscalização de aspectos legais e
cumprimento de regras e normas.
Estratégico
Tático
Operacional
13É de 1950 em diante que o chefe de pessoal passa a ter uma
designação ligada à área de ciências humanas. No auge da escola de relações
humanas, verificou-se ser muito mais apropriado chamar esta função de
"gerente de relações humanas", ou gerente de recursos humanos (GRH).
A mudança não ficou somente na nomenclatura do cargo: novas funções
foram acrescidas, ganhando a função de GRH, desde então, diversas subáreas
que passaram a lhe dar uma abrangência muito maior, embora ainda sempre
em nível tático-operacional.
1.2 - Evolução
Marras (2001) se refere em sua obra à pesquisa realizada em 1997 pela
professora Tose, da Faculdade de Administração da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, em que esta destaca as cinco fases por que passou o
perfil do profissional de Recursos Humanos, nas respectivas épocas, como se
pode entender na escala a seguir.
Figura 2 - Evolução cronológica do perfil do profissional de RH
Estratégia
1985 ......
Administrativa
1965 a 1985
Tecnicista
1950 a 1965
Legal
1930 a 1950
Contábil
Antes de 1930
Estas fases são descritas mais detalhadamente por Tose, em seu
trabalho, revelando as seguintes características:
14a) A fase contábil, pioneira da "gestão de pessoal", também chamada de "pré-
histórica" por alguns autores, em que se destacava a preocupação com os
custos da organização, sendo os trabalhadores considerados
exclusivamente pelo enfoque contábil: comprava-se a mão-de-obra e,
portanto, as entradas e saídas originadas por essa conta deviam ser
registradas contabilmente.
b) Na fase legal surge a função de chefe de pessoal, profissional encarregado
do acompanhamento e do cumprimento das recém-criadas leis trabalhistas,
na era getulista. Como característica marcante dessa fase pode ser citado
que o poder até então centrado exclusivamente na figura dos feitores, ou
chefes de produção, sobre os empregados, passou a ser exercido pelo
chefe de pessoal, pelo domínio exercido sobre as regras e normas jurídicas
impostas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
c) Na fase tecnicista foi implantado no Brasil o modelo americano de gestão
de pessoal que alavancou a função de RH à situação orgânica de gerência.
É a época da expansão da indústria automobilística no Brasil, que
representou um grande avanço na qualidade das relações entre capital e
trabalho, e em que a área de RH passou a operacionalizar os serviços de
treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e
segurança do trabalho e benefícios, entre outros.
d) A fase administrativa, a que Tose chama de sindicalista, estabeleceu um
marco histórico nas relações entre capital e trabalho, pois foi quando as
massas trabalhadoras deram origem ao movimento sindical. É nesta fase
que o ágil gerente de relações industriais passa a ser chamado de gerente
de recursos humanos. Essa mudança de nomenclatura reflete a tendência
de se responsabilizar esse profissional não mais apenas pelos
procedimentos burocráticos e puramente operacionais da organização, mas
dar-lhe atribuições mais humanísticas, voltadas para os indivíduos e suas
15relações com o sindicato, as comunidades em que a empresa se acha
inserida, etc.
e) A fase estratégica tem início aproximadamente em 1988, com a introdução
dos primeiros programas de planejamento estratégico das organizações. A
preocupação se estende para o atingimento de metas no longo prazo,
passando a contar com o compromisso dos trabalhadores para que esse
fim seja conseguido. O gerente de recursos humanos passa do nível tático
para o nível estratégico da organização, ou seja, é assumido como um
membro da diretoria. (MARRAS, 2001)
1.3 - Teorias do Processo Motivacional
A teoria da Motivação dos Indivíduos surgiu com a publicação do livro
Motivação e personalidade, de Maslow, nos Estados Unidos, em 1954, onde
são cristalizadas as idéias da motivação humana, um assunto que já era
comentado nas rodas de estudiosos da gestão e do comportamento
empresarial desde o final dos anos 20, com o Estudo Hawthorne, sobre a
fábrica da General Electric em Chicago, cidade da costa leste dos Estados
Unidos. Este estudo teve como objetivo verificar a existência de relação entre
as condições de trabalho e a incidência de fadiga ou monotonia entre os
trabalhadores, mas chegou surpreendentemente a uma nova conclusão, ao
provar que a atenção dispensada ao trabalhador melhorava a sua
produtividade.
Segundo Maslow, a motivação dos indivíduos tem por finalidade
satisfazer certas necessidades, desde as mais simples até às mais complexas.
Transcreve-se abaixo a tabela em que se definem tais necessidades e suas
representações.
16Fatores motivadores, segundo Maslow
Tipo de necessidade O que ela representa
Fisiológicas São as necessidades físicas: alimentar-se, dormir, fazer sexo etc.
De segurança Para sentir-se segura, a pessoa precisa de: estabilidade, proteção, ausência de perigo, abrigo, estrutura, ordem etc.
Sociais A necessidade de amar e ser amado; ter amizades, vínculos familiares, intimidade etc.
Estima Sentimento das pessoas sentirem-se valorizadas pelos que as rodeiam, o que alimenta sua auto-estima; o desejo de sentir-se importante, competente e valorizado.
Auto-realização O desejo dos indivíduos de renovar e reciclar seu potencial, desenvolver ao máximo suas aptidões e capacidades.
Fonte: Adaptado de: Marras, 2001.
A hierarquia é considerada como premissa básica dentro das
necessidades humanas. Maslow explica que os indivíduos possuem
necessidades variáveis para cada um, e que as pessoas tendem a buscar a
satisfação de uma necessidade em um nível superior quando conseguem
satisfazer plenamente aquelas do nível atual.
Dois pontos Maslow destaca como primordiais na motivação das
pessoas:
1º) Todas as pessoas têm necessidades, cada uma delas com
peculiaridades e intensidades diversas, o que faz com que elas estejam
sempre querendo satisfazer essas necessidades. A motivação é, assim, a força
que leva as pessoas a buscarem a satisfação.
2º) Todas as necessidades representam carências. As pessoas, quando
não buscam retornos materiais ou financeiros, desejam obter satisfação
pessoal; por exemplo, o reconhecimento pela realização de um trabalho bem
feito, o sentimento do dever cumprido, acompanhar seu próprio crescimento
pessoal e profissional etc.
17Outro pensador dedicado ao assunto foi McGregor, que complementou
as idéias lançadas por Maslow, ao defender que as necessidades do homem
são satisfeitas com o próprio trabalho. Em sua obra The human side of
enterprise - O lado humano da empresa, McGregor apresenta a Teoria do X e
do Y, uma teoria extremamente interessante, que mostra duas formas distintas
de "ser", ou de "ver" o trabalhador. A questão de um trabalhador ser X ou Y
pode se referir ao "ser" percebido pelo próprio indivíduo, ou ao "ser" do gerente
que o observa e avalia.
A teoria de McGregor, entre outros novos conceitos, veio reforçar e
instrumentalizar ainda mais a forma como as pessoas são vistas na sociedade
industrial: não somente como grupos, mas, principalmente, como indivíduos.
Herzberg, em 1959, publicou o livro The motivation of work - Motivação
para o trabalho, em que ressalta a questão da importância da motivação no
trabalho e aponta os dois tipos de fatores predominantes neste assunto:
1º) os que causam, predominantemente, satisfação;
2°) os que causam, predominantemente, insatisfação.
O conceito do reforço no comportamento foi proposto por Skinner. Por
este conceito, o trabalhador que chega ao sucesso após assumir uma atitude
tende a repetir aquela atitude, visando repetir o sucesso obtido. Ou seja, "um
comportamento recompensado tende a ser repetido".
Esta lista de pensadores pode ser encerrada aqui com a menção a
Vromm e Rotter, dois psicólogos norte-americanos que desenvolveram em
conjunto um modelo comportamental. Vromm apresentou o Modelo de
expectância e Rotter a Teoria do aprendizado social. Estas duas vertentes
podem ser resumidas nas duas variáveis que determinam a ação das pessoas:
o valor da recompensa e o que se espera como recompensa. (MARRAS, 2001)
18CAPÍTULO II
GESTÃO DE QUALIDADE
Neste capítulo são indicados alguns conceitos de Gestão de Qualidade,
Gestão de Pessoas e Responsabilidade Social.
2.1 - Conceituação
O conceito de qualidade vem evoluindo com o passar do tempo, como
não poderia deixar de ser, acompanhando o progresso e as descobertas
científicas, a cada dia em um passo mais acelerado. A partir da consideração
primitiva, de tratar-se de uma atividade de inspeção e seleção de itens não-
conformes, com caráter basicamente corretivo, chegando ao uso de técnicas
estatísticas que garantam a qualidade do produto de forma preventiva, até a
mudança da ênfase do produto para o processo, muito tem sido acrescentado
ao item qualidade, que se encontra presente em todos os atos da vida humana,
apesar de, na maioria das vezes, só ser lembrado quando ausente, como na
falta de energia, quando os aparelhos apresentam defeitos, ao ser mal
atendido em uma loja, entre outras situações negativas. (CONTE; DURSKI,
2002)
Na esfera das atividades comerciais, a qualidade de produtos e serviços
é considerada atualmente como um pré-requisito para a sobrevivência das
empresas, a tal ponto que o conceito evoluiu, extrapolando os limites
geográficos da empresa para abranger toda a região em que ela se encontra
instalada, formando uma cadeia com a geografia e a comunidade local.
Para Deming, precursor dos programas de qualidade, esta significa um
grau previsível de uniformidade e confiabilidade, proporcionando um produto a
baixo custo, e adequado ao mercado.
Juran definiu a qualidade simplesmente como a adequação de uma
mercadoria ou serviço ao uso. Para ele, a qualidade pode ser classificada
segundo dois aspectos: qualidade técnica e qualidade humana. Entende-se por
qualidade técnica o padrão de satisfação das exigências e expectativas
19concretas, incluindo fatores tais como tempo, finanças, proporção de defeitos,
funcionabilidade, durabilidade, segurança e garantia. Já a qualidade humana
se refere à satisfação de expectativas e desejos emocionais, tais como atitude,
comprometimento, atenção, credibilidade, consistência e lealdade.
A qualidade técnica e humana deve estar presente nos cinco tipos de
qualidade: pessoal, departamental, de produtos, e serviços e de empresa.
A qualidade pode ser dimensionada em oito categorias: desempenho do
produto, suas características, confiabilidade, conformidade ao uso,
durabilidade, atendimento aos quesitos, estética e qualidade percebida pelo
cliente. Tais dimensões são estanques e distintas, pois um produto pode
satisfazer a um quesito e não satisfazer a outro.
A qualidade como conceito existe há muito tempo, embora só
recentemente tenha sido sistematizada sob a forma de gestão de qualidade.
Quanto à produtividade, o conceito pode ser apresentado sob dois
aspectos. De forma restrita, podemos definir qualidade como a relação entre os
recursos empregados e os resultados obtidos. Nesse sentido, a produtividade é
vista como eficiência e conseguida através da otimização do uso dos recursos
utilizados (inputs) a fim e maximizar os resultados desejados (outputs).
2.2 - Competência e Gestão de Pessoas
As pessoas constituem um dos principais componentes da qualidade e,
portanto, pelo aumento na produtividade da empresa. Assim sendo, confirma-
se a necessidade de valorizá-las, através de processos de trabalho que levem
em alta conta as competências, o espírito de equipe, a eficiência, o orgulho
pelo serviço que executam , a orientação para o cliente e a correta utilização de
máquinas e sistemas.
A seguir, adaptamos os ensinamentos colhidos em aulas da prof. Adélia
Araújo e por ela organizados em apostilas, que apresentamos na forma de
quadros, todos referentes à competência exigida atualmente dos profissionais
de RH.
20Quadro 2 - Evolução das competências de RH
ANTIGOS MITOS DE RH NOVAS REALIDADES DO RH
Ø As pessoas optam pelo RH porque gostam de pessoas.
Ø Os departamentos de RH não são centros de terapia, nem retiros sociais. O profissional de RH deve criar práticas de gestão de pessoas que tornem a empresa mais competitiva
Ø Qualquer um pode ser da área. Ø Os profissionais de RH precisam dominar tanto a teoria quanto a prática.
Ø O RH deve controlar os custos. Ø Os profissionais de RH precisam adicionar valor e não reduzir custos.
Ø O RH está cheio de modismos Ø Os profissionais de RH precisam encarar o trabalho como parte de uma cadeia e explicá-lo com mais autoridade.
Ø O RH é função e RH. Ø O trabalho de RH é tão importante aos gerentes de linha quanto as finanças e a estratégia. Os profissionais de RH devem se unir os demais gerentes para definir as políticas de RH.
Fonte: ADAPTADO DE: ULRICH, Dave, 1999.
As doze macrotendências da Gestão de Pessoas, ainda segundo
ARAÚJO (2008), seriam:
1 - Uma nova filosofia e ação: não mais administrar recursos humanos,
nem administrar pessoas, mas sim, administrar com pessoas.
2 - Enxugamento e downsizing voltado para o core business da área de
RH.
3 - Metamorfose da área de serviços para uma área de consultoria
interna.
4 - Transferência de decisões e ações para a gerência de linha.
215 - Intensa ligação com o negócio da empresa.
6 - Ênfase na cultura organizacional participativa e democrática.
7 - Utilização de mecanismos de motivação e de realização pessoal.
8 - Adequação das práticas de RH às diferenças individuais dos
funcionários.
9 - Virada em direção ao cliente interno ou externo.
10 - Preocupação com a criação e valor para a empresa e para o cliente.
11 - Contínua preparação da empresa e das pessoas para o futuro.
12 - Visão voltada para o ambiente externo e utilização do
benchmarking.
2.3 - Responsabilidade Social
O tema Responsabilidade Social só recentemente veio a ser abordado e
forma científica, sendo muitas vezes confundido com marketing social e com
filantropia. Vamos, a seguir, tentar estabelecer a diferença entre cada uma
destas expressões, que vem merecendo uma atenção cada vez maior da mídia
e dos círculos acadêmicos centrados em administração.
Segundo Homem da Costa (2007), quando uma empresa se porta de
forma socialmente responsável, seus diretores sem dúvida tem uma visão de
futuro de seu negócio. Este campo tomado assim como um todo, é considerado
como marketing social, que corresponderia, em outras palavras, a uma
estratégia de permanência e diferenciação no mercado. Já a responsabilidade
social faz parte desta estratégia de marketing.
Para estabelecermos as diferenças entre filantropia e responsabilidade
social, podemos nos valer da Figura 3, abaixo.
Figura 3 - Diferenças entre filantropia e responsabilidade social
22
FILANTROPIA RESPONSABILIDADE SOCIAL
Ação individual e voluntária Ação coletiva
Fomento da caridade Fomento da cidadania
Base assistencialista Base estratégica
Dispensa gerenciamento Exige gerenciamento
Decisão individual Decisão coletiva
Fonte: Homem da Costa, 2007
A filantropia recebe dois conceitos: filantropia tradicional e nova
filantropia. Compõem a filantropia tradicional aquelas ações que consistem em
doações de indivíduos e empresas feitas a instituições, geralmente
beneficentes, sem que haja qualquer acompanhamento do retorno social
destas ações. Já a nova filantropia tem uma preocupação com as causas
defendidas pelas instituições, aproximando-se assim grandemente do
marketing relacionado a causas sociais.
A responsabilidade social costuma caracterizar-se por exercer uma
atuação concreta e permanente, e reflete o nível de compromisso de uma
empresa ou órgão público em relação ao impacto social de suas atividades.
Abrange, em termos gerais, desenvolvimento comunitário, equilíbrio ambiental,
tratamento justo aos servidores, comunicações transparentes, bom emprego
dos recursos, sinergia com parceiros e satisfação do público.
Para Ashley (2002):
(...) a responsabilidade social pode ser definida
como compromisso que uma organização deve ter
com a sociedade, expresso por meio de atos e
atitudes que afetem positivamente, de modo amplo,
ou alguma comunidade, de modo específico (...).
Assim, numa visão expandida, responsabilidade
social é toda e qualquer ação que possa contribuir
para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.
(p. 11-12)
23Segundo Homem da Costa (2007): "(...) a responsabilidade social é uma
conduta que vai da ética nos negócios às ações desenvolvidas na comunidade,
passando pelo tratamento dos funcionários e relações com fornecedores e
clientes."
Outro conceito bastante consistente é o do BSR Institute, para quem
"Empresa que atue no ambiente de negócios e forma que atinja ou exceda as
expectativas legais e comerciais do ambiente social no qual a empresa se
insere". Ao que Homem da Costa (2007) adiciona: "que tenha políticas
ambientais claras e aplicadas".
Para FERREL (2001), a responsabilidade social apresenta-se sob quatro
dimensões, a saber: responsabilidade econômica, responsabilidade legal,
responsabilidade ética e responsabilidade filantrópica.
Os benefícios que a empresa ou departamento pode obter com o
emprego de uma política bem planejada e executada de responsabilidade
social podem ser resumidos nos seguintes itens:
• Diminuição de conflitos
• Valorização da imagem institucional
• Maior lealdade do consumidor
• Maior capacidade de recrutar e manter talentos
• Flexibilidade e capacidade de adaptação
• Sustentabilidade do negócio no longo prazo
• Acesso a capitais (verbas) (HOMEM DA COSTA, 2007)
24CAPÍTULO III
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Neste capítulo serão desenvolvidos alguns aspectos da qualidade de
vida no trabalho, desde o surgimento das preocupações com o tema,
acompanhando sua evolução, os Programas de Qualidade que foram
propostos no decorrer do tempo e as perspectivas de melhores resultados com
a implantação destes Programas.
3.1 - Origem e evolução
A qualidade de vida sempre foi objeto de preocupação da raça humana,
e, embora sob outros nomes, manteve como objetivo fundamental facilitar ou
trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de suas tarefas
(RODRIGUES, 1999). Na história da humanidade, os ensinamentos de
Euclides (300 a.C.) de Alexandria sobre os princípios da geometria serviram de
inspiração ao aperfeiçoamento do sistema de trabalho dos agricultores à
margem do Nilo. Também a Lei das Alavancas, de Arquimedes, formulada em
287 a.C., visava a diminuir o esforço físico de muitos trabalhadores.
Até chegarmos ao século XX, muitos pesquisadores
contribuíram para os estudos sobre a satisfação do indivíduo no trabalho. Entre
eles destacamos Helton Mayo, cujas pesquisas, conforme são altamente
relevantes para o estudo do comportamento humano, da motivação dos
indivíduos para a obtenção das metas organizacionais e da Qualidade de Vida
do Trabalhador, principalmente a partir das pesquisas e estudos efetuados na
Western Eletric Company (Hawthorne, Chicago) no início dos anos 20, que
viram surgir a escola de Relações Humanas. (FERREIRA, REIS e PEREIRA,
1999; HAMPTON, 1991; RODRIGUES, 1999).
Deve ser citado também o trabalho de Abraham H. Maslow, que
concebeu a hierarquia das necessidades, por ele chamadas de "as cinco
necessidades fundamentais": fisiológicas, segurança, amor, estima e auto-
realização. Douglas McGregor, autor da Teoria X, por sua vez, considerava que
25o compromisso com os objetivos depende das recompensas à sua consecução
e que o ser humano não só aprende a aceitar as responsabilidades, como
passa a procurá-Ias. (FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1999). Sua teoria
defende, essencialmente, a integração entre os objetivos individuais e os
organizacionais. Segundo Rodrigues (1999), várias das dimensões destacadas
por McGregor são analisadas e consideradas em programas de QVT -
Qualidade de Vida no Trabalho.
As pesquisas realizadas por Frederick Herzberg detectaram que os
entrevistados (engenheiros e contadores) associavam a insatisfação com o
trabalho ao ambiente de trabalho e a satisfação com o trabalho ao conteúdo.
Desta forma, os fatores higiênicos, ou seja, aqueles capazes de produzir
insatisfação, abrangem a política e a administração da empresa, as relações
interpessoais com os supervisores, supervisão, condições de trabalho, salários,
status e segurança no trabalho, ao passo que os fatores motivadores,
geradores de satisfação, abrangem: realização, reconhecimento, o próprio
trabalho, responsabilidade e progresso ou desenvolvimento (FERREIRA, REIS
e PEREIRA, 1999; RODRIGUES, 1999).
NADLER e LAWLER apud Fernandes (1996) oferecem uma interessante
e abrangente visão da evolução do conceito de QVT, conforme o Quadro 3.
Quadro 3 - Evolução do conceito de QVT
CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DA QVT
CARACTERÍSTICAS OU VISÃO
1. QVT como uma variável (1959 a 1972)
Reação do indivíduo ao trabalho. Investigava-se como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.
2. QVT como uma abordagem (1969 a 1974)
O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, buscava-se trazer melhorias tanto ao empregado como à direção.
3. QVT como um método (1972 a 1975)
Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e satisfatório. QVT era vista como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica.
26
4. QVT como um movimento (1975 a 1980)
Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos "administração participativa" e "democracia industrial" eram freqüentemente ditos como ideais do movimento de QVT.
5. QVT como tudo (1979 a 1982)
Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais.
6. QVT como nada (futuro)
No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passará de um "modismo" passageiro.
Fonte: NADLER e LAWLER apud FERNANDES (1996, p. 42)
O desafio imaginado por seus idealizadores persiste, isto é, tornar o
QVT uma ferramenta gerencial efetiva e não apenas mais um modismo, como
tantos outros que vem e vão. E esse desafio toma-se mais instigante neste
momento em que os funcionários tem que conviver com uma rotina diária cada
vez mais desgastante e massacrante. Quando se pensava que os seres
humanos poderiam finalmente desfrutar do rápido progresso alcançado em
várias ciências, paradoxalmente o que mais ocorre é vermos o trabalho ser
executado como um fim em si mesmo.
Após os sucessivos processos de downsizing, reestruturação e
reengenharia que marcaram toda a década de 90, nota-se atualmente que as
pessoas tem trabalhado cada vez mais, e, por extensão, tem tido menos tempo
para si mesmas (VEIGA, 2000).
Baseando-se neste contexto, HANDY (1995) concluiu que:
27O problema começou quando transformamos o
tempo em uma mercadoria, quando compramos o
tempo das pessoas em nossas empresas em vez de
comprar a produção. Quanto mais tempo você
vende, nessas condições, mais dinheiro fará. Então,
há uma troca inevitável entre o tempo e o dinheiro.
As empresas, por sua vez, tomam-se exigentes.
Querem menos tempo das pessoas que eles pagam
por hora, porém mais das pessoas que pagam por
ano, porque, no último caso, cada hora extra durante
o ano é gratuita. (p. 25)
Pode-se portanto entender a conceituação proposta por França (1997),
quando estabeleceu, quanto às dimensões da QVT, que:
Qualidade de vida no trabalho (QVT) é o conjunto
das ações de uma empresa que envolvem a
implantação de melhorias e inovações gerenciais e
tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção
da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do
momento em que se olha a empresa e as pessoas
como um todo, o que chamamos de enfoque
biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial
representa o fator diferencial para a realização de
diagnóstico, campanhas, criação de serviços e
implantação de projetos voltados para a preservação
e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho
na empresa. (p. 80)
Mais adiante, a mesma pesquisadora esclarece que "A origem do
conceito vem da medicina psicossomática que propõe uma visão integrada,
holística do ser humano, em oposição à abordagem cartesiana que divide o ser
humano em partes" (p. 80). E conclui, afirmando que,
28No contexto do trabalho esta abordagem pode ser
associada à ética da condição humana. Esta ética
busca desde a identificação, eliminação,
neutralização ou controle de riscos ocupacionais
observáveis no ambiente físico, padrões de relações
de trabalho, carga física e mental requerida para
cada atividade, implicações políticas e ideológicas,
dinâmica da liderança empresarial e do poder formal
até o significado do trabalho em si, relacionamento e
satisfação no trabalho. (p. 80).
3.2 - Programas de Qualidade
Entre os inúmeros Programas de Qualidade surgidos nos últimos anos,
vamos avaliar mais detidamente as normas ISO, o TQM - Total Quality
Management e o Seis Sigma, da Motorola, como os mais utilizados e
representativos.
3.2.1 - As normas ISO
Carvalho e Paladini (2005) afirmam que, em meio à expansão da
globalização, surgiu o modelo normativo da International Organization for
Standardization (ISO) para a área de Gestão da Qualidade, a série 9000,
Sistemas de Garantia da Qualidade. As normas ISO série 9000 foram editadas
pela primeira vez em 1979 pela International Organization for Standardization
(ISO) e, rapidamente, tornaram-se uma referência para a gestão da qualidade
das empresas. Em dezembro de 2003, mais de 500 mil certificados haviam
sido emitidos em 149 países de todos os continentes. No Brasil, até janeiro de
2005, mais de 5.800 certificados haviam sido obtidos em todo o território
nacional, com uma maior concentração nos estados de São Paulo, Paraná,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul. As normas ISO 9000 representam uma
condição essencial para empresas que pretendem exportar seus produtos,
29principalmente para os Estados Unidos e países da Europa (CB-25, 2005). O
sucesso na implantação da referida norma pode ser demonstrado em diversos
países de todos os continentes, como a Austrália, onde a certificação é
obrigatória para empresas que pretendem negociar com organismos
governamentais ou com as grandes companhias privadas (LOVE, 2003).
A última revisão da norma, chamada de ISO 9001:2000, (Ver Fig. 4) foi
editada no ano de 2000 e representa um avanço, quando comparada com a
versão anterior, pois possui um vocabulário mais simplificado, maior facilidade
de utilização em empresas de serviços e maior conformidade com a norma de
gestão ambiental ISO 14000 (os requisitos estruturais e organizacionais dos
dois sistemas de gestão foram elaborados para serem compatíveis, fazendo
com que a implantação das duas normas fosse facilitada). Outras alterações
relevantes foram: a orientação por estrutura de processos; a ênfase na
melhoria contínua dos produtos e serviços; o maior comprometimento da alta
administração com o sistema de gestão da qualidade; a ênfase na medição e
análise dos resultados das organizações; e o monitoramento da satisfação dos
clientes (DOBB, 2002; LANDON, 2003; ROBITAILLE, 2003; WARNACK, 2003).
Figura 4 - Estrutura do Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9000:2000
30O ISO 9000 e ISO 14000 são certificados fornecidos no Brasil pelo
Instituto Nacional de Pesos e Medidas - lnmetro, como órgão certificador
oficial, credenciado pela ISO, que atestam que um produto possui
consistentemente padrões de qualidade reconhecidos como excelentes em
termos internacionais. Esse certificado é muito útil, especialmente para
empresas exportadoras, em que os clientes não estão próximos dos produtores
e é difícil e caro o processo de avaliação e devolução dos produtos. A
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT também certifica qualidade,
pois foi credenciada pelo Inmetro como organismo de Certificação de Sistemas
da qualidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação - SBC.
ISO é sigla de International Organization for Standardization, uma
federação mundial de órgãos nacionais de normalização, sediada em Genebra,
que tem por objetivo preparar e emitir normas técnicas. Os projetos e normas
da ISO são homologados como normas internacionais somente quando
aprovadas por um mínimo de 75% dos órgãos membros votantes.
A ISO foi fundada em 1947 para estabelecer normas internacionais
visando a: (i) reduzir custos, por meio da padronização; (ii) melhorar a
qualidade, por meio da definição de padrões aceitáveis: e (iii) expandir o
comércio, por meio da garantia ao comprador de que os produtos e serviços
estão satisfazendo aos padrões considerados bons.
A Tabela , abaixo, traz exemplos de normas ISO da série 9000.
ISO 8402 Gestão de qualidade e garantia da qualidade (terminologia).
ISO 9000 Normas sobre gestão e garantia da qualidade: diretriz para seleção e uso
ISO 9001 Sistema da qualidade: modelo para garantia da qualidade em projeto/desenvolvimento, fabricação, montagem e assistência técnica
ISO 9002 Sistema da qualidade: modelo para garantia da qualidade em produção e instalação e serviços associados
ISO 9003 Sistema da qualidade: modelo para garantia da qualidade em teste e inspeção finais.
ISO 9004 Princípios de gestão e sistemas da qualidade: diretrizes
31As normas ISO 9000 são importantes para o sistema da qualidade,
pois são o padrão oficial em vários países, muitas vezes de forma compulsória
(por exemplo, exportações para um país ou fornecimento para alguns
segmentos funcionais), prega uma postura preventiva e não corretiva, além de
fazer da qualidade uma vantagem competitiva.
O certificado ISO 9000 declara que a empresa que o possui implantou
de forma adequada o sistema de gestão da qualidade total. A principal
vantagem para a empresa é estar na relação das que dão prioridade à
qualidade, assegurando aos clientes que organismos internacionais atestam a
qualidade do produto.
A obtenção do certificado não é fácil, pois a implantação do sistema de
gestão da qualidade total obedece a padrões rigorosos e, na maioria dos
casos, a empresa que o deseja contrata consultorias especializadas que
auxiliam no processo de implantação. O processo precisa ser todo
documentado e a empresa é periodicamente auditada para ser verificado se o
sistema continua em vigor dentro dos padrões estabelecidos.
3.2.2 TQM - Total Quality Management
Existem diversos modelos de Total Quality Management (TQM)
disponíveis na literatura, contudo, desde o seu surgimento na década de 1990,
alguns construtos podem ser identificados nas diversas abordagens, quais
sejam: foco nos clientes; liderança e comprometimento da alta direção;
envolvimento e participação da força de trabalho; relacionamento com os
fornecedores e parceiros; gestão por processos, gestão por diretrizes; melhoria
contínua, de processos, produtos e serviços; e análise de fatos e dados
relativos à qualidade. As principais etapas de implantação podem ser
resumidas em: a orientação (estabelecer objetivos e determinar novas
estruturas organizacionais); a atribuição de poder (deve-se delegar poder para
sincronizar e adequar o TQM aos objetivos da empresa); e o alinhamento
(todos os colaboradores envolvidos nos diversos processos devem ser
treinados no uso das técnicas e ferramentas do TQM e incentivados a aplicá-
32las constantemente em produtos ou serviços) (FLYNN et al., 1994; POWELL,
1995; AHIRE et al., 1996; SHIBA et al., 1997; MARTÍNEZ-LORENTE et al.,
1998; MOTWANI, 2001).
Pelos 14 princípios da Gestão de Qualidade Total, estabelecidos por
Deming, para atingir este objetivo o administrador deverá:
1. Estabelecer constância de propósitos para a melhora do produto e
do serviço.
2. Adotar a nova filosofia, de que estamos em nova era econômica,
em que não podemos tolerar erros que afetem a qualidade do produto ou
serviço.
3. Não depender só da inspeção para atingir a qualidade. Eliminar a
necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto
desde seu primeiro estágio.
4. Não aprovar orçamentos com base exclusivamente no preço mais
baixo. Procurar minimizar o custo total. Desenvolver um único fornecedor para
cada item, num relacionamento de longo prazo fundamentado na lealdade e
confiança;
5. Melhorar o sistema de produção e prestação de serviços, de modo a
melhorar a qualidade e a produtividade e reduzir os custos de forma
sistemática.
6. Instituir treinamento no local de trabalho.
7. Promover a liderança; a função da administração não é
supervisionar e sim liderar:
8. Eliminar o medo.
9. Remover as barreiras entre as unidades organizacionais. As
pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem
trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção e de
utilização do produto ou serviço.
10. Acabar com slogans, exortações e metas que exijam nível zero de
falhas.
11. Não utilizar quotas na linha de produção, mas substituí-las pela
liderança. Eliminar o processo de administração por cifras, por metas
33numéricas, substituindo-o pela administração por processos, por meio do
exemplo de líderes;
12. Remover as barreiras que privam os operários, as pessoas da
administração e as da engenharia do seu direito de se orgulharem do seu
desempenho:
13. Instituir forte programa de educação e auto-aprimoramento.
14. Engajar todos da empresa no processo de realizar a
transformação.
O Total Quality Management (TQM) já se encontra atualmente bastante
disseminado nas empresas e na literatura como um modelo abrangente de
gestão pela qualidade total. Para fins deste texto, ele é considerado como um
proxi dos chamados programas de qualidade em difusão nas empresas. Ou
seja, estamos assumindo que o TQM representa e simboliza a corrente
hegemônica dos chamados programas de qualidade empresariais, que
envolvem não apenas a qualidade de produto e processo estrito senso, mas
também uma determinada lógica de pensar a gestão e a organização da
produção e do trabalho. Discutimos, então, a racionalidade que o sustenta,
legitimando ações e decisões dos atores, o papel que vem cumprindo na
reestruturação produtiva, bem como a sua relação com mudanças mais de
fundo nas opções organizacionais das empresas.
O TQM constitui então um modelo de gestão física que se propõe
pertinente às novas necessidades empresariais. Inseridos na nova
racionalidade, os gestores tem de se preocupar com os aspectos globais de
eficiência da empresa e com a interferência do ambiente instável nela. A marca
da instabilidade está nos novos padrões de concorrência estabelecidos, nos
quais a qualidade se traduz num leque de dimensões (qualidade, custos,
serviços, confiabilidade), dimensões essas que, numa visão reducionista,
teriam todas igual importância - isso pode ajudar na tentativa de generalização
da abordagem TQM, mas escamoteia as necessidades estratégicas das
organizações reais, necessidades que diferem entre si.
A competitividade, ou melhor, o sucesso do negócio, passaria pela
diferenciação-personalização do produto, o que induz à flexibilidade na
34produção, via base técnica, organizacional e de emprego da força de trabalho.
O mercado "existe" e passa a manifestar-se dentro da empresa, pela pretensa
aproximação entre o operacional e o estratégico. É o que os autores da
qualidade total denominam market-in, introduzindo o conceito de "cliente
interno", isto é, para cada processo interno na organização haveria um
"cliente". Assim, o TQM é "vendido" e "comprado" como uma ferramenta para a
gestão física, que possibilitaria sua racionalização em termos de outros critérios
que não apenas o tempo, tais como qualidade de conformação, mix de
produtos etc.
Qualidade e consumidor são palavras-chave, que permeiam todo o
discurso nesse novo contexto de competitividade e de sistemas
complexificados.
Se levarmos a lógica TQM a um extremo, teremos que a qualidade nas
suas várias dimensões implicaria em respostas que não pertenceriam mais a
uma determinada unidade organizacional (seção, setor, departamento etc.), o
que indicaria a necessidade de uma desdepartamentalização nas
organizações. As informações devem fluir mais, o que questionaria o modelo
hierárquico vertical. A informação deve percorrer também trajetórias
horizontais. Tudo isso exigiria pessoal mais bem preparado, para entender
processos, responder aos problemas e para interagir numa direção (horizontal)
em que a hierarquia não prevalece como forma básica de coordenação.
Nesses termos, o TQM é apresentado ao "mercado" das técnicas e
modelos de reestruturação empresarial como o modelo de gestão mais
adequado para gerir as operações de uma empresa "voltada para fora", sendo
considerado muitas vezes como alternativa ao modelo clássico tradicional
conhecido por "taylorismo-fordismo", num ambiente não mais regido pela
oferta, mas sim pela demanda. Porém, a implantação e as características que o
TQM assume nos casos concretos dependem do jogo de interesses dos
diversos atores, do ambiente no qual a empresa está inserida, da sua
estratégia de negócios, da tecnologia envolvida, dos valores arraigados no
grupo gerencial.
35Dados os objetivos de compreensão de como o TQM tem se inserido
nas empresas líderes e que papéis tem assumido, procedemos a uma
pesquisa de campo pautada pelo método indutivo, pois a partir de constatações
particulares da realidade pretende-se propor um quadro explicativo de cunho
mais teórico-conceitual.
As fontes empíricas foram as empresas de manufatura, pois Bianco e
Salerno (2007) partiram do pressuposto de que estariam mais sujeitas aos
constrangimentos ambientais aos quais o TQM melhor aderiria. Pesquisaram
11 empresas de grande porte (número de empregados acima de 500) que
estavam utilizando programas de qualidade total há pelo menos dois anos,
cujos produtos tinham padrões de qualidade reconhecidos pelo mercado. Com
isto, buscavam contornar o problema de tomarmos casos irrelevantes, ou com
pouca maturação quanto ao seu objeto.
Os dados foram coletados preferencialmente por meio de entrevistas
semi-estruturadas, complementadas com observação direta dos espaços
físicos na empresa e visitas à área de produção para observação do ambiente
e conversas (levantamentos) "informais" com o pessoal de chão-de-fábrica.
Além disso, foram utilizados como fonte documental material de orientação e
divulgação dos programas que as empresas disponibilizaram. Os autores
procuraram levar em conta ainda o referencial do próprio entrevistado e
observar seu status na organização, como forma de controlar distorções e de
possibilitar uma melhor apreensão crítica do discurso (THIOLLENT, 1980).
A análise dos dados obtidos pela pesquisa mostra que as empresas
pesquisadas introduziram uma série de ferramentas de qualidade, buscaram
envolver os fornecedores na gestão da qualidade, procuraram algum tipo de
contato com trabalhadores selecionados tanto para aproveitar e dirigir o
conhecimento operário no sentido da racionalidade desejada, corno para tentar
legitimar determinadas mudanças frente ao conjunto de trabalhadores, via
variantes dos Círculos de Controle de Qualidade - CCQ, como "times da
qualidade", "grupos de melhoria" etc., nos quais a participação é compulsória,
contrariando o discurso tradicional do CCQ, além de fechar o âmbito de
atuação, direcionando-o para temas de interesse da empresa.
36Alterações mais significativas na organização e nas formas de
coordenação internas não foram implantadas com a mesma intensidade: é
significativo que apenas três empresas tenham se embrenhado em algum tipo
de gestão interfuncional e de desdobramento de metas, pontos importantes
para consistência dos programas. Isso fica ainda mais forte se consideramos
que os entrevistados em quase todas as empresas consideraram que a alta
administração está engajada no projeto TQM, conforme reza a própria cartilha
do TQM ou assemelhados.
Em termos da estrutura organizacional, verificaram a difusão da redução
de níveis hierárquicos. As empresas se rearrajam em busca de agilidade nas
informações internas, da qualidade corno uma responsabilidade da produção,
da busca de algum tipo de celularização da produção (entendida aqui como
uma forma de melhoria dos fluxos físicos, dadas as diferenças dos processos
produtivos entre as empresas pesquisadas), acompanhada pela
multifuncionalidade requerida dos trabalhadores, que as empresas reconhecem
quase unanimemente como importante, porém, desprovida do rodízio nas
funções.
O TQM prevê investimento nos recursos humanos, de forma a capacitá-
Ios no entendimento dos processos, apresentando como meio a educação de
maneira mais global e o treinamento nas suas ferramentas, como a
Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP). O discurso do TQM
considera também que se deva envolver as pessoas na discussão dos
problemas do dia-a-dia do seu trabalho, sendo os Círculos de Controle de
Qualidade - CCQ e os diversos grupos de melhoria as ferramentas para tal.
Além disso, o discurso do TQM valoriza os incentivos de natureza "psicológica"
(vários autores fazem referência explícita à "hierarquia de necessidades" de
Maslow), e promoveria o enriquecimento das tarefas, tomando-as menos
mecânicas.
Segundo um trabalho divulgado pelo PHS Management Training (2007),
de autoria de Dave Sowerbutts, o Total Quality Management (TQM) tem-se
apresentado como um dos métodos mais influentes utilizados nos processos
de gerenciamento de negócios nos últimos 30 anos, tanto que foi incorporado
37como um componente vital nos sistemas administrativos de algumas empresas
mais bem sucedidas do mundo.
Ao tentar definir o TQM é bastante válido considerar a relevância do
significado das três palavras que compõem seu título.
Total - A responsabilidade por atingir Qualidade repousa em cada
individuo que faça parte do negócio, não importando sua função, que
reconheça a necessidade de desenvolver processos no decorrer dos negócios,
que juntos levem ao atendimento confiável das exigências exatas concordadas
com o cliente. Isto irá permitir que se atinja a posição mais custo-competitiva e
um retorno mais alto do investimento.
Quality - Qualidade - A tarefa primária de qualquer negócio é
compreender as necessidades do cliente, e então entregar o produto ou serviço
nos exatos prazo, local e preço combinados, em toda ocasião. Isto irá prender
os clientes atuais, ajudar a adquirir novos clientes e levará a um subsequente
aumento da fatia no mercado.
Management - Gerenciamento - O gerenciamento de alta ponta leva o
comando a atingir a qualidade para os clientes, pela comunicação da visão
negocial e dos valores a todos os empregados, assegurando que os processos
de negócios certos sejam instalados, introduzindo e mantendo uma cultura de
melhoria contínua.
Para ter-se um entendimento do TQM, é importante que se veja como
ele foi desenvolvido e o impacto que tiveram alguns dos principais "gurus" da
administração, no decorrer dos últimos anos.
Tal como muitas outras práticas da moderna administração, o TQM
originou-se e desenvolveu-se na indústria japonesa após a Segunda Guerra
Mundial.
O Japão era uma nação enfraquecida, com poucos recursos naturais e
sendo incapaz de alimentar uma população de 90 milhões de almas, por conta
própria. O futuro repousava em exportar com sucesso os produtos de consumo
por todo o mercado mundial, apesar de ter uma reputação de produtos ruins e
sistemas de administração que eram descritos como "feudais" e "despóticos".
38Muitos praticantes de TQM incorporaram com sucesso este programa a
sua cultura, sistemas e processos negociais. Ele mostrou ser uma maneira de
planejar e controlar seus negócios e de fazer a auditagem de seu desempenho.
3.2.3 O Seis Sigma, da Motorola
O programa mais recente de Gestão da Qualidade surgiu no final da
década de 1980, na Motorola, chamado Seis Sigma. Esse programa apresenta
várias características dos modelos anteriores, como o pensamento estatístico
típico da época de maior ênfase no controle da qualidade e análise e solução
de problemas, apresentando uma preocupação com o uso sistemático das
ferramentas estatísticas, seguindo um ciclo batizado de Define-measure-
analyse-improve-control (DMAIC), sigla que representa as etapas de definir,
medir, analisar, melhorar e controlar, o que também remete ao ciclo Plan-do-
check-action (PDCA), conforme Carvalho e Paladini (2005). Estes autores
ressaltam, contudo, que esse método vai além do pensamento estatístico, pois
promove um alinhamento estratégico da qualidade, desdobrada em projetos
prioritários. Além disso, existe forte ênfase na relação custo-benefício dos
projetos de melhoria, cujos ganhos, em algumas empresas, somam cifras
expressivas. Ressalte-se que a metodologia proposta, extremamente
disciplinada e prescritiva, direciona o desenvolvimento de processos, produtos
e serviços com um índice de 3,4 defeitos por milhão.
Alguns autores definem o Seis Sigma como uma estratégia gerencial
de mudanças, visando à melhoria de processos, produtos e serviços
organizacionais, amplamente direcionada à satisfação dos clientes. Alguns dos
construtos do modelo Seis Sigma remetem ao TQM, quais sejam: a
importância do conhecimento das necessidades dos clientes para a realização
dos estudos; a utilização disciplinada de fatos reais, dados e verificações
estatísticas; o apoio incondicional da direção da empresa; e a melhoria
contínua. O Seis Sigma não considera a qualidade em seu sentido tradicional,
isto é, a conformidade com as normas e os requisitos internos da empresa,
mas define qualidade como sendo o valor agregado por um amplo esforço
39produtivo, buscando atingir os objetivos estratégicos planejados por estudos
realizados pela companhia (PANDE et al., 2001; PEREZ-WILSON, 2000;
PYZDEK, 2003; ROTONDARO, 2002).
Alguns dos benefícios da implementação do Seis Sigma relatados na
literatura podem ser resumidos nos seguintes itens: a diminuição dos custos
empresariais; o aumento significativo da qualidade e da produtividade em
produtos e serviços; o acréscimo no número de clientes e sua retenção; a
eliminação das atividades que não agregam valor ao processo; e a benéfica
mudança cultural promovida na organização. Um dos principais problemas do
Seis Sigma é que diversas empresas não o compreendem corretamente e, em
decorrência disso, a transmissão de seus conceitos para todas as áreas
organizacionais torna-se demasiadamente prejudicada (CONNOR, 2003;
COOPER e NOORMAN, 2003; OLEXA, 2003; PHILLIPS, 2002; WATSON,
2003; WELCH, 2003a e 2003b).
3.2.4 O Sistema Toyota
A base do Sistema Toyota de Produção é a absoluta eliminação do
desperdício. Os dois pilares necessários à sustentação do sistema são:
• Just-in-time
• Autonomação, ou automação com um toque humano.
Vamos analisar mais detalhadamente alguns destes aspectos, em
seguida.
Just-in-time significa que, em um processo de fluxo, as partes
necessárias à montagem chegam à linha de montagem no momento exato em
que se fazem precisas e somente na quantidade necessária. Uma empresa
que estabeleça integralmente um fluxo baseado nestes moldes pode alcançar o
ideal de estoque zero.
Esse é o estado ideal, do ponto de vista da gestão de produção. No
entanto, um produto feito com milhares de componentes, como o automóvel,
envolve um número enorme de processos. Obviamente, é muito difícil aplicar,
40de forma coordenada, o just-in-time ao plano de produção de todos os
processos.
Assim sendo, para produzir usando o just-in-time de forma que cada
processo receba o item exato necessário, quando ele for necessário, e na
quantidade necessária, os métodos convencionais de gestão não funcionam
bem.
O problema exige que se pense bem sobre todos seus aspectos. Pode-
se considerar como fornecer o número de peças necessárias no momento
certo. O fluxo de produção é a transferência de materiais. O modo
convencional era fornecer materiais de um processo inicial para um processo
final. Assim, pode-se imaginar a transferência de materiais na direção inversa.
Baseado nisto, o plano de produção, indicando os tipos de carros
desejados com sua quantidade e data em que deveriam estar prontos vai para
o final da linha de montagem. Então, o método de transferência de materiais é
invertido. Para fornecer os componentes usados na montagem, um processo
final vai para um processo inicial para retirar apenas o número de peças
necessárias, quando elas são necessárias. Nesta forma reversa, o processo de
fabricação vai do produto acabado de volta para o departamento onde teve
início a montagem dos materiais. Cada elo na corrente just-in-time está
conectado e sincronizado. Por essa razão, os níveis gerenciais são também
drasticamente reduzidos. O Kamban é o meio usado para transmitir informação
sobre apanhar ou receber a ordem de produção.
3.3 - Perspectivas
Um levantamento efetuado pela consultoria internacional Bain &
Company sobre as ferramentas gerenciais mais utilizadas pelos executivos na
América do Sul, Europa, Estados Unidos e Canadá foi publicado pela revista
HSM Management (HSM MANAGEMENT, 2000), no qual a ferramenta que
aparece como mais voltada aos interesses pessoais dos executivos foi
"Remuneração por Desempenho", com 78%, 67% e 77% de preferência,
respectivamente. Nota-se, portanto, que em termos de incentivo e bem-estar
41do trabalhador o foco, de um modo geral, é eminentemente pecuniário.
Todavia, esse resultado apresenta alguns paradoxos.
Ou seja, QVT como instrumental gerencial vai muito além da obtenção
de um salário polpudo. Outras considerações devem ser feitas à sua correta e
adequada implementação. Não obstante a pesquisa da Bain & Company indica
um elevado grau de utilização de programas de Gestão de Qualidade Total,
aliás com os quais a QVT tem um ligação umbilical, ainda há muito a ser feito.
Apesar de toda a badalação em cima das novas
tecnologias de produção, ferramentas de Qualidade
etc., é fato facilmente constatável que mais e mais
os trabalhadores se queixam de uma rotina de
trabalho, de uma subutilização de suas
potencialidades e talentos, e de condições de
trabalho inadequadas. Estes problemas ligados à
insatisfação no trabalho tem conseqüências que
geram um aumento do absenteísmo, uma diminuição
do rendimento, uma rotatividade de mão-de-obra
mais elevada, reclamações e greves mais
numerosas, tendo um efeito marcante sobre a saúde
mental e física dos trabalhadores, e, em decorrência
na rentabilidade empresarial. (FERNANDES, 1996,
p. 38-9)
Aliás, a propósito da rentabilidade empresarial, SILVA e DE MARCHI
(1997) estimam que as quinhentas maiores empresas listadas pela revista
Fortune enfrentarão problemas no futuro, uma vez que são crescentes as
despesas relacionadas com assistência médica. Consequentemente, segundo
os autores, as duas linhas irão cruzar-se nos próximos anos, pois os custos
médios serão iguais aos lucros.
Há que se reconhecer, por outro lado, o esforço que muitas empresas
tem feito no sentido de proporcionar o maior "bem-estar" possível aos seus
funcionários no ambiente de trabalho. A arte de sedução dos empregados
42chegou ao ponto de USEEM (2000) assim se referir às 100 melhores empresas
para se trabalhar da revista Fortune:
Bem-vindo à nova cidade-empresa. Isto não é uma
cidade, literalmente falando, mas um parque de
escritório corporativo ou campus. É um lugar para
viver. É um lugar onde você pode se alimentar, tirar
uma soneca, nadar, comprar, rezar, lutar kickbox,
tomar uma cerveja, cuidar das suas incumbências,
começar um romance, fazer seu tratamento dentário,
empunhar espada de plástico e esculpir modelos
nus. É onde você pode trazer todo o seu ser - mente,
corpo e espírito - para trabalhar a cada dia. Que é
uma coisa boa, porque você estará aqui, se não do
berço ao túmulo como nas velhas cidades-
empresas, mas certamente do amanhecer ao
anoitecer. (p. 45)
Assim sendo, é inegável que as organizações estão se empenhando
para literalmente monopolizar a atenção e o coração dos seus colaboradores.
Mas, serão os benefícios acima suficientes? Obviamente que não. Afinal de
contas, quando olhamos esse quadro sob a perspectiva do QVT, fica bem
evidente a falta ou o esquecimento, voluntário ou não, de outras dimensões.
DE MASI (2000) assim se refere a tais políticas de recursos humanos:
As empresas preferiram incorporar as mesas e o
balcão do bar, as bancas de jornais, as piscinas e as
quadras de tênis, fingindo que houvesse trabalho
suficiente para ocupar seus empregados por oito
horas ou mais por dia, em vez de admitir a
oportunidade de reduzir os horários de permanência
dentro das suas dependências. (p. 282)
43Para SILVA e DE MARCHI (1997), dos muitos desafios que se
apresentam para o mundo empresarial na atualidade, dois são fundamentais. O
primeiro está relacionado à necessidade de uma força de trabalho saudável,
motivada e preparada para a extrema competição atualmente existente. O
segundo desafio é a capacidade, na visão deles, de a empresa responder à
demanda de seus funcionários em relação a uma melhor qualidade de vida.
É exatamente isso que não vem acontecendo de maneira satisfatória.
Pesquisa da consultoria Deloite Touche Tohmatsu destaca que a jornada
média efetiva dos executivos brasileiros é de 50,19 horas. Já VEIGA (2000)
informa que é de 54 horas. De qualquer maneira, tais estatísticas derrubam o
mito de que os brasileiros não são muito dados ao trabalho.
Aliás, confrontados com outros países, no que se refere às horas médias
de trabalho por ano, somos um dos mais operosos do mundo,
indiscutivelmente. Somos frequentemente elogiados pela nossa dedicação,
criatividade e flexibilidade pelos executivos que aqui aportam para um período
de treinamento.
Portanto, a efetividade e a importância dos programas de QVT
realmente ficam na berlinda diante de resultados como os ora apresentados.
Ao que tudo indica, se há um reconhecimento generalizado a respeito do valor
e da necessidade da utilização de programas de QVT, por outro lado as ações
para sua sustentação não são suficientemente convincentes e congruentes. O
maior obstáculo para sua implementação reside na falta de importância
estratégica e na baixa relevância financeira desses programas, em relação a
outros. Tais programas são enxergados, lamentavelmente, como despesas,
não como investimentos.
44Capítulo IV
A NOVA GESTÃO PÚBLICA: REESTRUTURAÇÃO E ADOÇÃO DE NOVOS
MODELOS
Os novos modelos de gestão pública, utilizando a Tecnologia da
Informática e as Premiações previstas para a gestão de pessoas são os temas
abordados neste Capítulo.
Inicialmente, pode-se observar que a reestruturação, se considerada em
uma base passo a passo, apresenta os seguintes momentos principais:
(GOMES, 2008):
1. Preparar a reestruturação
Em reuniões, os dirigentes da pasta discutem a reestruturação, de forma
a buscar o consenso sobre a sua necessidade. Isso é fundamental para
assegurar que o processo de reestruturação flua melhor na organização.
2. Estruturar a equipe que implementará a reestruturação
É possível fazer uma reestruturação com uma equipe formada
exclusivamente por funcionários da pasta, devidamente capacitados. O mais
comum, no entanto, é contratar-se consultoria externa para dar apoio técnico
ao processo. A equipe interna deve envolver-se em todas as etapas da
reestruturação, aportando conhecimento sobre as atividades e a cultura do
órgão. É desta equipe também o papel de comunicar internamente a mudança
em preparação.
3. Analisar os modelos de estrutura e gestão da pasta, para
elaborar um diagnóstico
A equipe identifica os processos decisórios e respectivos responsáveis -
no que diz respeito ao gerenciamento dos resultados e custos, processos de
trabalho, gestão de pessoas e atendimento aos cidadãos. Além disso, devem-
se identificar e analisar os problemas organizacionais decorrentes do critério de
departamentalização da estrutura, do modelo de
centralização/descentralização, da comunicação interna e do alinhamento entre
macroprocessos e definições estratégicas.
454. Definir o novo modelo de gestão
Neste momento, especificam-se os processos do modelo de gestão,
estabelecendo-se o papel de cada gestor nas decisões organizacionais. Além
disso, definem-se diretrizes para a nova estrutura organizacional, tendo em
vista superar os problemas identificados no diagnóstico. O novo modelo e as
diretrizes devem passar por um processo de validação.
5. Definir a nova estrutura organizacional
Este é o momento em que se estabelecem as principais competências e
atribuições das unidades e cargos, a partir de um amplo processo de discussão
com todos os envolvidos. A participação ampla é fundamental para que todos
se "localizem" na nova proposta. Após o refinamento da proposta, é
estabelecido um novo quadro de cargos comissionados e funções gratificadas,
calculando-se os eventuais benefícios da reestruturação em termos de
economia de custos para o Estado.
6. Implantar a nova estrutura
Para formalizar a nova estrutura do órgão, elabora-se minuta do decreto
de reestruturação, que é encaminhada para a Casa Civil e posteriormente
publicado no Diário Oficial. A partir daí, inicia-se o delicado processo de
mudança. Desenha-se e põe-se em execução um plano de migração das
atividades e unidades atuais para o novo modelo. Para assegurar o êxito do
processo, é importante que os dirigentes dêem especial atenção às pessoas
que terão suas posições alteradas, comunicando-as sobre a mudança o mais
rápido possível. A nova estrutura deve passar por uma avaliação periódica,
para que se possa checar sua adequação à estratégia organizacional e ao
modelo de gestão. (GOMES, 2008)
4.1 – GESPÚBLICA - Programa Nacional de Gestão Pública e
Desburocratização
Em 1990 no contexto do Programa Brasileiro de qualidade e
Produtividade – PBQP foi criado o subprograma da Qualidade, e Produtividade
da Administração pública com o propósito de implantar programas de
46qualidade e produtividade nos órgãos e entidades publicas, tornando-os mais
eficientes na administração dos recursos públicos e mais voltados para o
atendimento às demandas da sociedade do que para os seus processos
burocráticos internos.
Desde então, passou-se a buscar construir organizações publicas
orientadas para o cidadão, tanto no que diz respeito à condição do destinatário
das ações e dos serviços prestados pelas organizações públicas como,
também, à condição de mantenedor do Estado e, portanto, alguém a quem se
devem prestar contas.
A Partir de 1990 quatro marcos caracterizaram a evolução do
GESPÚBLICA, não representaram rupturas, mas desenvolvimento importante
a partir da concepção inicial do programa.
Figura 5 – Retrospectiva e marcos evolutivos até chegar ao GESPÚBLICA.
FONTE : SEGES - Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento
O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização -
GESPÚBLICA - foi instituído pelo Decreto n. 5378, de 23 de fevereiro de 2005,
tendo por finalidade precípua contribuir para a melhoria da qualidade dos
serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da competitividade
do País, formulando e implementando medidas integradas em agenda de
transformações de gestão, necessárias à promoção dos resultados
preconizados no plano plurianual, à consolidação da administração pública
47profissional voltada ao interesse do cidadão e à aplicação de instrumentos e
abordagens gerenciais. Tem como missão promover a governança e a
eficiência visando os resultados da ação pública, assegurar a eficácia e
efetividade da ação governamental, promover a gestão democrática,
participativa, transparente e ética, capacitar gestores públicos para viabilizar a
desregulamentação de normas , a simplificação de processos procedimentos,
rotinas e atividades que não agregam valor ao serviço prestados. “Até 2015, a
excelência em gestão pública, deverá ser um valor preservado pelas
instituições públicas e requerido pelo cidadão”(Ministério do Planejamento –
SEGES - Secretaria de Gestão) e tem como estratégia mobilizar pessoas e
organizações voluntárias para atuarem como agentes transformadores da
gestão pública brasileira.
O GESPÚBLICA é uma política pública, formulada para a Gestão
alicerçada em um modelo de excelência que trata do sistema de Gestão das
organizações como um todo, contemplando as dimensões técnicas tradicionais,
como pessoas, planejamento, orçamento, e financias, entre outras, e, também
as dimensões sociais da gestão, como participação e controle social,
orientação para os cidadãos, interação organização – sociedade e
principalmente a produção de resultados que agrega valor a sociedade. Cabe
destacar que esse modelo está calcado em valores que orientam e
instrumentalizam a gestão pública para o cumprimento do seu papel de
promover o bem-estar da sociedade gerando benefícios concretos para o País.
Sendo a mais arrojada política pública já formulada para a gestão, o
GESPÚBLICA apresenta estas três características elementares:
1 -É essencialmente pública: a gestão de órgãos e entidades públicas
deve ser excelente, podendo e devendo ser comparada com padrões
internacionais de qualidade em gestão, mas não deixando de ser
pública.
2 - É focada em resultados: entendendo-se por resultados para o setor
público o atendimento total ou parcial das demandas da sociedade,
traduzidas pelos governos em políticas públicas.
483 - É federativa: não está limitado a um objeto específico a ser
gerenciado (saúde, educação, previdência, saneamento, fiscalização,
etc), aplicando-se a toda a administração pública em todos os poderes e
esferas do governo.
.
Com a formalização dessa política na forma de um programa - o
GESPÚBLICA - sob a condução do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, tornou-se imperiosa a adoção de algumas ações vigorosas no campo
da gestão pública. Ações vigorosas capazes de, num só tempo, promover a
adesão de governos, órgãos e entidades ao Programa e de criar, na sociedade,
valor positivo para o setor público. (BRASIL, 2010a)
Em documento veiculado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (BRASIL, 2010b), o GESPÚBLICA deverá formular e implementar
medidas integradas que visem à transformação da gestão pública, de forma a
assegurar maior eficiência, eficácia e efetividade da ação governamental e dos
serviços prestados à sociedade.
O Modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP) é a principal
referência do Programa GESPÚBLICA. Para implementá-la nas organizações
que aderem ao modelo, o programa GESPÚBLICA tem instrumentos de Auto-
avaliação organizacional que, com base nos requisitos medem o grau de
maturidade da gestão e o nível de excelência das práticas adotadas.
É constituído por sete critérios integrados, que orientam a adoção das
práticas de Excelência com a finalidade de levar as organizações públicas
brasileiras a padrões elevados de desempenho de qualidade e tem como
principal característica ser excelente sem deixar de ser público, buscando
permanentemente a melhor combinação entre insumo, ação e resultado.
O MEGP deve estar alicerçado em fundamentos próprios da natureza
pública das organizações e em fundamentos próprios de gestão de excelência
contemporânea. Juntos, esses fundamentos diferem o que se entende hoje por
excelência em gestão pública.
Os fundamentos do GESPÚBLICA são valores essenciais que
caracterizam e definem a gestão de excelência.
49 Não são leis, normas ou técnicas, são valores que precisam ser
paulatinamente internalizados até se tornarem definidores da gestão de uma
organização pública. São eles: excelência dirigida ao cidadão, legalidade,
moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, gestão baseada em
processos e informações, gestão participativa, valorização das pessoas, visão
de futuro, aprendizagem organizacional, agilidade, foco em resultados e
inovação. Como representado graficamente os modelos na figura 6 a seguir:.
Fonte: SEGES - Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento
Bloco 1 – LIDERANÇA, ESTRATÉGIAS E PLANOS E CIDADÃOS E
SOCIEDADE
É denominado de planejamento. Por meio da liderança forte da alta
administração, que foca as necessidades dos cidadãos destinatários da
ação da organização, os serviços/produtos e os processos são planejados
para melhor atender esse conjunto de necessidades, levando-se em conta
os recursos disponíveis.
Bloco 2 – PESSOAS E PROCESSOS
Representa a execução do planejamento. Nesse espaço se concretiza a
ação que transforma objetivos e metas em resultados. São as pessoas,
50capacitadas e motivadas, que operam esses produtos e fazem com que
cada um deles produza os resultados esperados.
Bloco 3 – RESULTADOS
Representa o controle, pois serve para acompanhar o atendimento à
sociedade, os serviços prestados, o orçamento e as finanças, a gestão das
pessoas, a gestão de fornecedores e das parcerias constitucionais, bem
como, o desempenho dos serviços/produtos e dos processos
organizacionais.
Bloco 4 – INFORMAÇOES E CONHECIMENTO
Representa a “inteligência da organização”, nesse bloco são
processados e avaliados os dados e fatos da organização (internos) e
aqueles provenientes do ambiente (externos) que não estão sob seu
controle direto, mas que de alguma forma podem influenciar o seu
desempenho. Dá à organização a capacidade de agir corretivamente ou
para melhorar suas praticas de gestão e, consequentemente, seu
desempenho.
Com o tempo percebeu-se que gestão no setor público não pode limitar-
se ao sistema de gestão dos órgãos e entidades públicos. Para dar conta
dessa nova realização social, fez-se necessário repensar a forma de
organização e de atuação do Estado.
A reorganização do Estado, passa pela revisão de papéis a partir da
diferenciação e complementaridade civil, é um processo de cunho político
que tem reflexo nos marcos legais nos objetivos de governos, nas
demandas identificadas pelo sistema político e pela burocracia estatal, nos
arranjos institucionais públicas, que de maneira geral, não estão restritos a
apenas uma organização.
As novas abordagens para formulação implementação de políticas
públicas, demandadas pela atual dinâmica da sociedade, implica novas
habilidades, nova cultura organizacional e novas práticas de gestão
A natureza dos problemas enfrentados pelos governos sejam eles
relacionados a saúde, ao meio ambiente, ao crescimento econômico, ao
desenvolvimento, ao bem –estar, à educação ou à segurança, fazem com
51que estejam cada vez menos suscetíveis a soluções precipitadas e
temporárias ou a ficarem restritos à ação de um órgão ou instituição,
isoladamente.
O GESPÚBLICA entende que a qualidade da gestão dos órgãos e
entidades públicos é importante e fundamental, mas insuficiente para
propiciar a excelência em gestão pública em sentido mais amplo,
considerando a administração pública como um todo, e , para tanto, tem
avançado no campo da simplificação, desregulamentação e proposição de
diretrizes para a administração pública.
O Comitê de Gestão pública é a instância de condição do programa no
nível estratégico que tem por objetivo estabelecer as diretrizes para o
planejamento das ações do programa, bem como coordenar e avaliar a
execução dessas ações. É um órgão colegiado composto por um
representante do Ministério do Planejamento, um da Casa Civil da
Presidência da República e representantes de órgãos ou entidades da
administração pública com notório engajamento em ações ligadas à
qualidade da gestão e à desburocratização, indicados pelo Ministro de
Estado do Planejamento. Além das diretrizes, cabe ao comitê gestor, propor
ao Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão o planejamento
estratégico do GESPÚBLICA e a alocação de recursos orçamentários e
financeiros necessários à implementação do plano; aprovar o planejamento
das ações, homologar os núcleos Estaduais e Setoriais como unidades
delegadas de Execução do programa ; monitorar, avaliar e divulgar os
resultados; promover o reconhecimento e premiação dos órgãos e
entidades da administração pública que demonstrem qualidade em gestão;
articular-se para disseminar o programa para os órgãos e entidades;
articular-se para a identificação de mecanismos que possibilitem a obtenção
de recursos e demais meios para execução das ações.
Para 2010, o GESPÚBLICA instituiu um novo comitê gestor que
pretende trabalhar, entre outros, para elaborar anteprojeto de lei que
defenderá o bom atendimento ao cidadão. A medida pretende garantir aos
brasileiros o acesso aos principais serviços oferecidos pelo estado,
52realizando uma pesquisa para medir a satisfação daqueles que utilizam os
serviços públicos. Outra diretriz que o Comitê pretende concluir é o trabalho
de aperfeiçoamento do anteprojeto de Lei Orgânica de administração
Publica Federal.
O foco de trabalho do GESPÚBLICA será de alinhar o Plano Plurianual
(PPA) com o decreto do GESPÚBLICA trocando o nome da ação prevista
no PPA pelo nome do programa; criar o ambiente virtual GESPÚBLICA para
modelagens e simulações de redes de gestão , disseminação de carta de
serviços ao cidadão, indicadores e pesquisa de satisfação de usuários;
ampliar o Prêmio Nacional da Gestão Pública(PNGQ); aprovar o
desenvolvimento da Gestão da Cadeia de Petróleo e Gás, entre outros.
O grupo instituído é formado por 38 titulares e 21 suplentes,
representantes dos órgãos, entidades, instituições e personalidades
vinculadas à temática da gestão como: Eletronorte, Petrobrás, Caixa
Econômica Federal, Instituto Nacional de Vigilância Sanitária(ANVISA),
Movimento Brasil Competitivo(MBC), Fundação Nacional de
Qualidade(FNQ). Instituto Nacional de Metrologia, Normalização Qualidade
Industrial (INMETRO); entre outros, e também personalidades e técnicos
como Fuad Galtez Sobrinho(pesquisador), Jorge Gerdau Johann Peter(vice-
presidente do comitê e representante do MBC), José Renato de campos
Araújo(professor) , Luis Hiroshi Sakamoto( EX-Secretário da Secretaria de
Gestão – SEGES) e Paulo modesto(jurista). (Assessoria de comunicação
ANESP, com informação da ASCOM/MP-2009).
A base desse movimento pela melhoria da qualidade no serviço público
é a REDE NACIONAL DE GESTÂO PÚBLICA (RNGP), alicerçada, desde a
sua origem, no estabelecimento de parcerias voluntárias entre pessoas e
organização mobilização para a promoção da excelência da gestão pública
brasileira seu objetivo é coordenar e orientar o funcionamento dos núcleos
Estaduais e setoriais e promover a formação e atualização dos agentes da
RNGP.
534.2 Melhoria contínua e Avaliação do Sistema de Gestão
Os órgãos ou entidades iniciam o ciclo de melhoria contínua do sistema
de gestão do GESPÚBLICA pela auto-avaliação, com o apoio da Rede
Nacional da Gestão Pública. O ciclo do GESPÚBLICA objetiva construir
organizações de alto desempenho em busca da excelência em gestão,
como mostra a Figura 7 a seguir:.
Fonte: SEGES - Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento
Os órgãos e entidades públicos usuários do GESPÚBLICA iniciam o
ciclo pela auto-avaliação do seu sistema de gestão; comparação do sistema de
gestão da organização com o sistema de gestão de referência do
GESPÚBLICA. O qual é expresso pelo Modelo de Excelência, registrados nos
instrumentos de Avaliação, cujos conteúdos são requisitos de avaliação. A
avaliação objetiva é propiciar um panorama completo sobre as condições do
sistema de gestão da organização, passando por todas as dimensões que
compõem o Modelo de Excelência, identificando seus pontos fortes e
oportunidades de melhorias de forma a fornecer subsídios para a elaboração
de um plano de melhoria gerencial.
Esses critérios de excelência dão estrutura e conteúdo aos três
instrumentos para avaliação da Gestão Pública: de 1000, de 500 e de 250
54pontos.Sugerindo um caminho progressivo do processo de auto-avaliação,
conforme mostra a Figura 8 a seguir:
Fonte: SEGES - Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento
O GESPÚBLICA recomenda aos órgãos e entidades que iniciem a
implementação da melhoria contínua da gestão por meio da auto-avaliação.
Auto-avaliar requer:
• O comprometimento da alta-administração da organização;
• A capacitação dos facilitadores da própria organização que
conduzirão a auto-avaliação;
• A validação dos resultados internamente, no âmbito da própria
organização e externamente por técnicos do GESPÚBLICA.
Após a validação externa, feita por avaliadores da Rede Nacional de
Gestão Pública, não pertencentes à organização avaliada, o GESPÚBLICA emite
o Certificado de Nível de Gestão, que atesta a participação do órgão ou entidade
no GESPÚBLICA. O Certificado é valido por período definido de dois anos, não
podendo extrapolar e após este prazo a organização faz nova auto-avaliação,
reiniciando o ciclo de melhoria.
A partir dos resultados da auto avaliação o órgão ou entidade deverá agir
para implementar ações vigorosas de melhoria das práticas de gestão.
55Agir requer:
• Priorizar as oportunidades de melhoria identificadas na auto-
avaliação;
• Estabelecer indicadores e metas de melhoria da práticas
priorizadas;
• Estabelecer as ações/projetos necessários para atingir as metas;
• Prover os recursos necessários;
• Monitorar a execução das ações de melhoria.
Fonte: SEGES - Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento
O GESPÚBLICA oferece às organizações cursos a distância e
presenciais para a formação de facilitadores internos para a condução do processo
de auto-avaliação. Como mostra a Figura 9:
Há três requisitos importantes para o sucesso na implementação do ciclo
GESPÚBLICA:
• Que seja contínuo;
• Que haja pelo menos uma ação vigorosa de melhoria implementada
entre uma avaliação e outra;
• Que a implementação seja monitorada em tempo de execução e
avaliada.
56 Dependendo da ação de melhoria priorizada, o GESPÚBLICA oferece
apoio técnico, sem ônus, com a finalidade de capacitar a organização na
implementação dessa ação.
4.3 - Desburocratização
Essencialmente a desburocratização visa à eliminação do excesso de
burocracia, mediante a desregulamentação e a simplificação de procedimentos,
objetivando melhorar a qualidade do atendimento e dos serviços prestados aos
cidadãos e racionalizar as exigências e encargos impostos ao sistema
competitivo.
Tendo como foco o cidadão, como propôs Hélio Beltrão, a
desburocratização tem como objetivo retirar o usuário da condição colonial de
súdito para investi-lo na de cidadão, destinatário de toda a atividade do Estado.
A essência da proposta é transformar o comportamento da Administração em
relação aos seus usuários. Assim, a desburocratização não se constitui apenas
em uma proposição de natureza técnica e sim, antes de qualquer coisa, uma
proposta que pressupõe uma decisão essencialmente política, visto que afeta a
própria estrutura de poder.
Como o que se pretende é facilitar a vida dos cidadãos e reduzir a
excessiva interferência do Estado no campo social e econômico, torna-se vital
descentralizar decisões, conter o exagero regulatório, eliminar exigências e
controles inúteis e atribuir validade às declarações das pessoas, até prova em
contrário.
Para que se atinja este objetivo, faz-se urgente uma ampla mobilização
em âmbito nacional, com articulação entre os órgãos e instituições do Governo
Federal e cooperação e interação entre as esferas federal, estadual e municipal
e entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Requer, ainda, que o
processo de desburocratização ganhe maior agilidade e direcione suas ações
para as prioridades da sociedade e dos governos, de forma consistente e
estruturada, com vistas à obtenção de melhores resultados da ação
governamental.
57A intersetorialidade do tema - que perpassa diversas áreas
governamentais, caracterizando-se pelo alto grau de interdependência - exige
que os governos trabalhem a partir de ações integradas, que viabilizem a
prática conjunta, levando os órgãos públicos a compartilhar com o setor
competitivo a responsabilidade de atender a essa verdadeira prioridade
nacional.
Assim sendo, as ações de desburocratização estão prioritariamente
voltadas para os órgãos públicos federais, estaduais e municipais responsáveis
pelas ações de maior impacto social e para os temas mais relevantes para a
competitividade sistêmica do País. E para atingir estes resultados o
GESPÚBLICA vem trabalhando as ações de desburocratização focadas em
dois pilares: simplificação de processos, procedimentos e rotinas e
desregulamentação de leis, decretos, portarias e outros instrumentos legais
julgados desnecessários ou em demasia.
Entre os benefícios advindos destas ações, acham-se: eliminação ou
diminuição do déficit institucional; aumento da eficácia e efetividade da ação
governamental; adequação entre meios, impactos e resultados; cidadãos livres
dos excessos da burocracia; estabelecimento das condições favoráveis para o
setor produtivo gerar mais empregos e renda e criação de valor público positivo
para os órgãos e entidades públicos que aceitarem o desafio da
desburocratização. (BRASIL, 2010b)
As diretrizes divulgadas para 2010 pelo novo Comitê Gestor tem como
um dos focos de trabalho a criação do ambiente virtual GESPÚBLICA para
modelagens e simulação de redes de gestão e disseminação de carta de
serviços ao cidadão, indicadores e pesquisa de satisfação dos usuários. Dará
prioridade à concretização das ações prevista pelo decreto 6932/09, que
dispõe sobre a simplificação do atendimento do setor público e institui a Carta
de Serviços ao Cidadão ou “decreto do cidadão” que reeditou medidas
desburocratizantes, como a dispensa do reconhecimento de firma em guichês
federais, e inovou em soluções, como liberar o cidadão de fornecer
documentos de regularidade de situação que já constem nos bancos de dados
oficiais.
58A Carta de serviços ao cidadão deverá ser divulgada em órgãos e
entidades do poder executivo Federal que atendam ao público, com a
finalidade de informar a população sobre os serviços públicos
oferecidos,fortalecer a confiança e a credibilidade da sociedade da
administração pública e garantir ao cidadão a conformidade dos serviços às
sua necessidades. Instituições como a ANVISA, o INSS e a Polícia Federal já
implantaram o documento, no qual se compromete com prazos e formas de
atendimento, descrevem o menu de serviços e fornecem orientações para
facilitar o acesso do cidadão/usuário. Outros órgãos, como a Receita Federal e
o Ministério do Trabalho e emprego, serão os próximos a adotar o novo
procedimento.
Segundo Bruno Palvarini, diretor da secretaria de Gestão responsável
pela execução do GESPÚBLICA, o novo plano de prioridades deverá dar um
novo impulso à mobilização das organizações públicas brasileiras por
melhorias no serviço público. “A Carta de Serviços ao cidadão é uma ação
concreta, rápida e de longo alcance, tornando explícita a responsabilidade da
administração pública para com toda a população que, em contrapartida,
deverá fazer a sua parte na luta contra os exageros da burocracia”, diz.
Até o final do ano de 2010, com base em diretriz fixada pelo Comitê
Gestor do GESPÚBLICA, o programa deverá oferecer em seu ambiente virtual
um conjunto de cursos pela internet, para ser utilizado por instituições públicas.
“Por meio dos cursos de ensino à distância pretendemos formar novas
competências no conhecimento e na aplicação de carta de serviços e em seu
uso combinado com as pesquisas de satisfação, a construção e a medição de
indicadores, a gestão de processos e a avaliação do nível de gestão, demais
soluções oferecidas pelo programa”, acrescenta Palvarini. Outra ação para
2010, determinada pelo Comitê Gestor do programa desenvolvido pelo
Ministério do Planejamento, é a ampliação da base de organizações que
seguem e disseminam o Modelo de Excelência em Gestão pública (MEGP) e
que participam do Premio Nacional da Gestão Pública (PQGF).
594.4 - Tecnologia da Informação aplicada à Gestão Pública
Dados divulgados pelo Governo do Estado do Paraná relatam que
organizações bem sucedidas, públicas ou privadas, serão, neste final de
século, aquelas que souberem escolher e utilizar a tecnologia de forma
apropriada para atingir seus objetivos.
À medida em que a tecnologia se confunde com os produtos e serviços
gerados por uma organização, permitindo inovação, melhoria na qualidade e
novas abordagens de relacionamento com seu público-alvo (o cliente),
administrá-Ia deve tornar-se o foco central de toda sua estratégia.
Entretanto, para muitas organizações, ainda existe um hiato muito
grande entre estratégias e uso de tecnologia, principalmente com relação à
tecnologia da informação. A tecnologia consiste no saber fazer, aplicação
sistemática de conhecimentos científicos e de conhecimentos originados pela
experiência e pela tradição à produção de bens/produtos/insumos e à
prestação de serviços.
A gestão da tecnologia - saber escolher e saber usar - constitui o
processo decisório destinado à introdução planejada de novas tecnologias e à
manutenção em funcionamento de determinadas, compreendendo:
prospecção, avaliação, disseminação, absorção, monitoramento e
administração do uso das tecnologias, funções que, no caso da tecnologia da
informação, devem ser desempenhadas por uma unidade competente da
organização, a fim de que negócio, estratégias e objetivos organizacionais
tenham plena sintonia com a tecnologia e, em especial. com a tecnologia da
informação.
A Tecnologia da Informação (TI) é o conjunto de recursos não humanos
dedicados ao armazenamento, processamento e comunicação da informação,
e a maneira como esses recursos estão organizados num sistema capaz de
executar um conjunto de tarefas.
A TI não se restringe a equipamentos (hardware), programas (software)
e comunicação de dados. Existem tecnologias relativas ao planejamento de
60informática, ao desenvolvimento de sistemas, ao suporte ao software, aos
processos de produção e operação, ao suporte de hardware.
Cada organização, pública ou privada possui um público-alvo para o
qual atua produzindo bens ou serviços, comumente denominado por cliente. No
caso de empresas, este público é o consumidor, enquanto que para a
organização pública, o público-alvo, em sua instância final, é o cidadão.
O uso da TI pelo setor privado busca explorar ao máximo os benefícios
dessa tecnologia para obter vantagem competitiva em relação aos
concorrentes através da eficácia organizacional, internamente à organização, e
da competitividade, no ambiente externo da organização.
Na empresa privada, a utilização dos recursos de informática era
justificada pela expressão da língua inglesa save money - que recursos
economizo: materiais, humanos, tempo, dinheiro ... – mas, nos tempos atuais,
a expressão utilizada é make money - o que o uso da TI possibilita em termos
de produtos, serviços e mercados, plenamente justificados quando o objetivo
final é obter lucro.
A resposta é simples: na perpetuação da organização pública em função
dos serviços prestados. Isto significa que, além de melhorias no ambiente
interno da organização, pelo aumento da eficácia organizacional (agilização de
processos, da estrutura, da comunicação e a eliminação da burocracia), o uso
estratégico da TI e a administração dos recursos de informática pode (e deve)
melhorar o atendimento da população e os serviços prestados ao cidadão.
Quando uma organização, pública ou privada, não consegue
desempenhar adequadamente sua missão, surgem forças externas
(concorrentes, no caso da organização privada; outras entidades - públicas,
privadas ou governamentais, no caso da organização pública) que assumem
seu papel (fatia de mercado para o setor privado ou competência para o setor
público) levando à extinção (falência, na iniciativa privada ou deterioração, na
área pública).
Se o Estado deixa de executar de forma eficaz seu papel, surgem
grupos organizados que proverão à população suas necessidades, passando a
61exercer um forte domínio sobre a mesma, influenciando-a conforme seus
interesses.
Portanto, a gestão da TI na administração pública deve vislumbrar não
apenas o contexto interno da organização que visa obter a eficácia
organizacional, mas principalmente o ambiente externo, que diferencia a
qualidade dos serviços prestados ao cidadão, contribuindo para uma atuação
eficaz do poder público na área de atuação de sua competência,
A tendência natural é tentar medir o valor da informação pelo quanto
adicional ela traz, entretanto, o conceito mais amplo e correto é o custo de
oportunidade - quanto custa não tê-Ia. Neste sentido, medir o valor da
informação passa a ser um processo semelhante ao de um seguro ou
propaganda - quanto custa não ter. Portanto, nesta abordagem amplamente
utilizada, a informação é tratada como recurso, possuindo então custo e valor,
taxa de retorno, custo de oportunidade de não se ter a informação; pode existir
uma sinergia ao combinar dados cujo resultado final é maior que a soma das
partes.
Independente do tipo de organização - privada ou pública - o
administrador orienta suas decisões de investimentos adotando o principio da
racionalidade econômica: obter o máximo resultado com um dado montante de
recursos ou minimizar este montante para obtenção de um determinado
resultado. Para esta análise, os recursos de informações oportunas e de
qualidade são fundamentais para a decisão de maneira a garantir uma atuação
eficaz do Estado nas áreas sob sua responsabilidade. (GOVERNO DO
ESTADO DO PARANÁ, 2008)
Pesquisas afirmam que o uso dos sistemas de informação em órgãos
públicos é complicado e lento, pois além de depender de um conhecimento das
estruturas públicas, esbarram em problemas como a escassez de recursos,
mudança de gestão, dentre outros.
Porém, os sistemas de informação tornaram-se um "mal necessário" à
Administração Pública, pela necessidade de manter o processamento de
papéis com uma contabilização ágil e rápida na emissão de relatórios,
qualidades exigidas pelos órgãos fiscalizadores. O objetivo principal de todo
62governante deve ser a gestão adequada de receitas e despesas públicas,
baseada em orçamentos realistas e na transparência de ações.
Apesar do avanço dos Sistemas de Informação(SI), os órgãos públicos,
mas precisamente as prefeituras, mantem os seus SI estagnados ou ainda em
nível operacional. Poucos gestores utilizam as informações para tomada de
decisão, a fim de promoverem sobrevivência e prosperidade da organização e
dos que dependem dela - os municípios.
Diante do aumento das exigências no controle sobre a prestação de
contas dos recursos públicos que impõem à administração dos Estados e
Municípios a elaboração e publicação do Relatório Resumido de Execução
Orçamentária e Gestão Fiscal, o sistema Domínio Público foi desenvolvido com
o intuito de facilitar a tomada de decisões, baseado nas normas e padrões
estabelecidos pela Lei 4.320/64 e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Desenvolvido com tecnologia própria, Domínio Público possui uma
interface de altíssimo desempenho projetado para redefinir normas, regras e
princípios da administração do dinheiro público. Entre outras inovações, está a
ferramenta de exportação dos dados para os tribunais de contas. A Link3,
empresa especializada em sistemas de gestão, consultoria e implantação de
tecnologia da informação, já possui seus sistemas nos estados da Bahia,
Sergipe, Paraná, Pernambuco, Alagoas, Roraima, Rondônia e Amapá,
injetando excelência e precisão na administração, elaborando a Escrituração
Contábil e dos seus efeitos, o orçamento, a execução orçamentária, as contas
a pagar, permite a escrituração do caixa e bancos, todas as operações
pertinentes à tesouraria, impressão de cheques, emite o movimento financeiro
e o caixa do dia, além de proporcionar maior agilidade e segurança n registro d
todas as transações ocorridas na administração a partir do empenho até o
efetivo pagamento.
Existe a necessidade do uso de sistemas de informação apropriado e
isto está comprovado, importante agora é que os gestores e responsáveis
incorporem essa metodologia onde a Administração Pública avança tanto
quanto a Administração Privada. Não em busca de lucro no final do ano, mas
sim, em busca de melhoria para os cidadãos.
63Dados divulgados pelo Ministério do Planejamento dão conta que o
Brasil vem demonstrando estar fazendo bom uso da Tecnologia da Informação
(TI) em gestão pública, vem conquistando avanços com o uso de software de
códigos abertos. Como iniciativas de sucesso do governo brasileiro podemos
citar a versão de software livre do sistema de declaração do Imposto de renda
entregues via internet e também o sistema de compras utilizado pelo portal de
compras eletrônicas do Governo Federal(www.comprasnetgov.br), ambos
utilizam a linguagem de programação Java, que adota padrões abertos e é
uma das principais utilizados no mundo em desenvolvimento de sistemas.
Em 2007, o sistema da Receita Federal registrou a marca de 98% das
declarações do Imposto de Renda (IR) encaminhados via internet . Em 2010, o
Secretário da Receita Federal do Brasil, Otacílio Cartaxo, declarou na Regional
em Brasília, do SERPRO( Serviço Brasileiro de Processamento de Dados) que
a entrega das declarações do IR foi um grande sucesso, tendo em vista que
superou a marca de 24 milhões de declarações estimadas pelo órgão. Nesse
mesmo ano de 2007 o Governo Federal também realizou licitações no valor de
R$16,5 bulhões, por meio de pregões eletrônicos. “Esse valor representa
quase 70% dos bens e serviços licitados no período e a utilização dessa
modalidade de contratação, realizada pela internet, gerou uma economia de R$
3,2 bilhões para os cofres do governo brasileiro” destacou Rogério Santanna,
ex-Secretário de Logística e Tecnologia da Informação(SLTI) naquele mesmo
ano.
O aperfeiçoamento da legislação sobre licitações com o estabelecimento
do pregão, é ação prevista no programa de redução de custos, integrante do
Plano Plurianual 2000-2003. Este programa vem implementando um conjunto
articulado de medidas voltadas para a modernização dos processos de compra
e contratação de tecnologias da informação nas licitações.
Outro programa brasileiro do Governo Federal que também é uma
realidade de sucesso é o voto eletrônico, utilizado no Brasil desde 1995 e que
com o contínuo aperfeiçoamento a Justiça Eleitoral vai modernizar ainda mais
o sistema de voto ,continuando a utilizar em período experimental novas
versões de urnas eletrônicas. Nas Eleições 2010 a Justiça Eleitoral brasileira
64avança ainda mais, com a adoção em 60 municípios e urnas eletrônicas com
leitores biométricos. As eleições brasileiras que eram marcadas pela
manipulação e pelas fraudes, hoje são consideradas as mais modernas do
mundo.
O Governo Federal vem se utilizando cada vez mais da TI, através de
programas e sites que permitem aos cidadãos acompanharem suas ações,
como no Portal Transparência de iniciativa da Controladoria Geral da
União(CGU), lançado em 2004 para assegurar a boa e correta aplicação dos
recursos públicos com o objetivo de aumentar a transparência da gestão
pública, permitindo ao cidadão acompanhar como o dinheiro público está sendo
utilizado e para que também ajude a fiscalizar, e onde já estão disponíveis dois
links que permitem acompanhar a previsão de investimentos e a fonte dos
recursos que serão aplicados na Copa de 2014 e nos Jogos Olímpicos de
2016.
O Governo Federal conta com o Serviço de Processamento de Dados
(SERPRO) que é a maior empresa pública de prestação de serviços em
tecnologia da informação da América Latina. Foi criado pela Lei 4516/1964,
para modernizar e dar agilidade a setores estratégicos da administração
pública. É uma empresa vinculada ao Ministério da Fazenda e cresceu
desenvolvendo programas e serviços que permitiam maior controle e
transparência sobre a receita e os gastos públicos. Consolidou-se, ao longo
desses anos, aprimorando tecnologias adotadas por diversos órgãos públicos
Federal, Estaduais e Municipais, e incorporadas a vida do cidadão brasileiro.
Os principais produtos desenvolvidos pelo SERPRO são:
- Declaração de Imposto de Renda via Internet – Receitanet
- Sistemas informatizados que gerenciam o orçamento da União –SIAFI
- Redes que permitem integrar balancetes contábeis ao Fundo de
Participação de Estados e Municípios.
- Gestão d dados referentes às exportações e importações do Brasil
- Sistema integrado de informação econômica-fiscal – SIEF,
entre outros.
65Com sua ampla base operacional, o SERPRO presta serviços em rede
que abrange todo o território nacional, num volume de ordem superior a um
bilhão de transações on-line anuais, com sistemas popularizados por siglas ou
expressões como: SISCONEX, RAIS, RENAVAM, SIAFI SIAPE, IRFP,
Receitanet, Rede Governo, SIAFEM, SIAPENET,SIOR, SIR, e outros já
inseridos nas esferas econômicas e sociais da vida do governo, das empresas
e dos cidadãos brasileiros.
4.5 - Premiação
Em uma democracia madura, a saudável disputa entre os partidos
convive com a formação de consensos suprapartidários sobre políticas
públicas. Em vários países isso tem acontecido, particularmente no terreno da
gestão pública. A busca pela eficiência e qualidade dos serviços tem sido
acompanhada pela adoção de instrumentos administrativos norteados
predominantemente por resultados, e não mais por meros processos
burocráticos.
O modelo isonômico gera um paradoxo no relacionamento entre o
funcionalismo e a sociedade. Em nome de uma pretensa igualdade de
tratamento interna ao Poder Público, ocorre uma redução dos incentivos para
melhorar o desempenho de cada funcionário ou órgão. O Estado deixa assim
de cumprir sua função maior: criar condições para aumentar a igualdade social,
e a insatisfação contra os servidores públicos aumenta. Não há país que se
desenvolva sem uma boa burocracia. O que deve ser mudado são os
incentivos que atualmente a orientam no Brasil.
O sucesso de uma gestão pública orientada por resultados depende,
entretanto, de algumas condições. A principal é a melhoria da qualidade do
quadro de funcionários, mediante seleção e capacitação adequadas. Nos dois
casos, isso está previsto.
Instituído em 3 de março de 1998, o Prêmio Qualidade do Governo
Federal -PQGF é uma das ações estratégicas do Programa da Qualidade no
Serviço Público, que tem por finalidade reconhecer e premiar as organizações
66públicas que comprovem alto desempenho institucional, com qualidade em
gestão. Com esta finalidade, são realizados ciclos anuais de premiação em que
as organizações públicas se candidatam de acordo com instruções
previamente estabelecidas e apresentadas. (BRASIL, 2010c)
O processo de avaliação da gestão de cada órgão candidato tem por
base o Modelo de Excelência em Gestão Pública, modelo este alinhado com o
"estado da arte" da gestão contemporânea, ao mesmo tempo em que responde
às exigências próprias da natureza pública das instituições públicas brasileiras.
O Prêmio Nacional da Gestão Pública vem mantendo as características
universais da gestão de excelência que o identifica com os modelos de gestão
utilizados pelos setores público e privado em mais de 60 países.
O reconhecimento através do Prêmio Nacional de Gestão Pública
significa destacar, dentre as organizações participantes de um ciclo de
premiação, aquelas que evidenciam melhoria gerencial na direção da inovação,
da redução de custos, da qualidade dos serviços e da satisfação do cidadão.
Vale destacar que este Prêmio é resultado de um trabalho conjunto e
integrado de diversos agentes - organizações públicas e privadas, servidores
públicos e demais cidadãos - que, visualizando a oportunidade de ganhos
coletivos para o setor público e para a sociedade, deram ao projeto
sustentação e legitimidade.
O Prêmio Nacional da Gestão Pública está no seu 12º ano, o Prêmio
Qualidade do Governo Federal - PQGF reafirma seu propósito de contribuir
para a transformação da gestão pública estimulando, pelo reconhecimento, as
organizações a assumirem o compromisso de mudança e a permanecerem
nele.
A estratégia de mobilização de reconhecimento ampliou seu escopo de
atuação ao longo desses doze anos, passando de um prêmio exclusivo para o
poder executivo em 1998, para um prêmio aberto a todas as organizações
públicas brasileiras; de um prêmio de 500 pontos, destinado a reconhecer as
organizações a caminho da excelência, para um prêmio destinado a
reconhecer as organizações públicas de classe mundial.
67O sucesso da modalidade de premiação determinou a manutenção do
seu propósito e a sua expansão exigiu a mudança do seu nome, passando a
ter as seguintes metas:
a) Reconhecer formalmente os resultados alcançados pelas
organizações com a implementação da Gestão Pública pela Qualidade.
b) Estimular órgãos e entidades da administração pública brasileira a
priorizarem ações voltadas para a melhoria da gestão e do desempenho
institucional.
c) Disponibilizar para as organizações informações sobre práticas bem
sucedidas da gestão pública empreendedora. (BRASIL, 2010c)
Quanto ao público-alvo, podem participar do Prêmio Nacional da Gestão
Pública todas as organizações públicas brasileiras, dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, das esferas federal, estadual e municipal.
As candidatas são classificados em três categorias de acordo com sua
natureza jurídica (Administração Direta, Autarquias e Fundações, Empresas
Públicas e Sociedade de Economia Mista) e em cinco categorias especiais,
identificadas por área de atuação ( Educação, Saúde, Saneamento, poder
Judiciário, Poder Legislativo).
Entre os benefícios do processo de premiação, tem-se que:
a) Ao participar do Prêmio Nacional da Gestão Pública, a candidata
recebe uma avaliação de sua gestão, feita por uma banca e especialistas em
gestão pública;
b) passa a dispor de mecanismos capazes de manter e estimular a
participação dos servidores e empregados no processo de melhoria contínua
da organização voltados para atender à sociedade;
c) se reconhecida, passa a ter práticas da gestão divulgadas como
referenciais para a transformação de outras organizações. (BRASIL, 2010c)
68CONCLUSÃO
Verificou-se neste trabalho como a gestão pública vem sendo
influenciada pelas novas escolas de pensamento da Administração de
Empresas.
Por força das circunstâncias e pela cobrança por parte dos cidadãos de
seus direitos, cada vez mais discutidos, divulgados e tomados em consciência,
a gestão pública, principalmente no que tange à gestão de pessoas, ou seja,
aos Recursos Humanos, tem se adaptado às novas realidades, saindo do
marasmo e do emperramento para a busca da prestação de serviços com
eficiência e rapidez.
Os esforços antigos, reunidos sob a Lei da Desburocratização, do
ministro Hélio Beltrão, ressurgem apoiados pelo Decreto 5383, de 3 março de
2005, que transforma em lei "a melhoria dos padrões de eficiência, eficácia,
efetividade, transparência e qualidade na gestão pública e dos serviços
prestados ao cidadão".
Verificou-se que o Processo Motivacional é preocupação humana antiga,
na civilização ocidental confirmada entre os judeus por registros da época de
seu primeiro estabelecimento na Palestina. Com Taylor e Fayol, surgem os
fundamentos da Administração Científica e da Gestão Empresarial moderna,
pós-Revolução Industrial. Acompanhou-se a transformação do Homo
Economicus em Homo Social, com a expansão de regimes democráticos e
liberais, até chegarmos à fase em que se prioriza os aspectos estratégicos das
empresas.
Observamos a importância da satisfação das necessidades do
trabalhador, para que sejam atingidos os objetivos desejados. Necessidades
estas bem abrangentes: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima, de auto-
realização sendo as principais. Verificamos, portanto, a necessidade da
valorização das pessoas.
A Responsabilidade Social veio então suprir a lacuna existente entre
uma organização e a sociedade, principalmente em sua parcela mais próxima,
a comunidade que compartilha o aspecto geográfico e ambiental com a
69empresa ou instituição. Sentimos a pertinência e a necessidade de encarar a
Responsabilidade Social como uma conduta que abranja a ética nos negócios,
a situação, a qualidade de vida e as práticas desenvolvidas pela comunidade,
como também a maneira de dispor e tratar os funcionários, os fornecedores e
clientes - no caso dos órgãos públicos, representados por todos os cidadãos
que precisam de seus serviços.
Respeitadas as diferenças, na verdade a Responsabilidade Social pode
e deve ser considerada como fator relevante no funcionamento das instituições
públicas, tanto quanto nas empresas privadas - talvez a pertinência seja ainda
maior no funcionamento das primeiras do que nestas, uma vez que a qualidade
de vida do cidadão está diretamente relacionada à atenção que lhe é dada
pelas autoridades, representadas pelos departamentos das empresas públicas
responsáveis pelo atendimento de suas necessidades básicas de saúde,
saneamento, educação, etc.
A Qualidade de Vida no Trabalho, nesse contexto, assume papel
preponderante, uma vez que um funcionário bem motivado, sentindo-se em
segurança em seu emprego, ganhando um salário condigno com seu nível
social, dotado dos equipamentos e materiais necessários ao desempenho de
suas tarefas, trabalhando em um horário compatível e contando com um Plano
de Carreira que lhe garanta progresso profissional, pode sem dúvida tornar-se
agente propulsor das mudanças visadas.
Verificou-se que os Programas de Qualidade e Certificação podem
tornar-se ferramenta valiosa de um atendimento eficiente à clientela, quando
utilizados de forma bem planejada, executados e acompanhados de forma
responsável, e não apenas para "entrar na onda do momento".
A premiação que vem sendo adotada pelo governo vem demonstrando
poder da mesma forma propiciar excelentes resultados.
Todos estes esforços são bem-vindos, e, utilizados com sabedoria e
perseverança, podem ajudar a transformar a gestão pública em um processo
administrativo satisfatório a todos os envolvidos, melhorando a qualidade de
vida do cidadão.
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74ÍNDICE
IINTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7
CAPÍTULO I
AS FUNÇÕES DE RH ................................................................................................ 9
1.1 - Histórico .............................................................................................................. 9
1.2 - Evolução ........................................................................................................... 13
1.3 - Teorias do Processo Motivacional .................................................................... 15
CAPÍTULO II
GESTÃO DE QUALIDADE ....................................................................................... 18
2.1 - Conceituação .................................................................................................... 18
2.2 - Competência e Gestão de Pessoas .................................................................. 19
2.3 - Responsabilidade Social ................................................................................... 21
CAPÍTULO III
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .................................................................. 24
3.1 - Origem e evolução ............................................................................................ 24
3.2 - Programas de Qualidade .................................................................................. 28
3.2.1 - As normas ISO ............................................................................................... 28
3.2.2 – TQM – Total Quality Management ................................................................ 31
3.2.3 – Os Seis Sigma da Motorola ........................................................................... 38
3.2.4 – O Sistema Toyota ......................................................................................... 39
3.3 - Perspectivas ..................................................................................................... 40
CAPÍTULO IV
A NOVA GESTÃO PÚBLICA: REESTRUTURAÇÃO PARA ADOÇÃO DE NOVOS
MODELOS...................................................................................................................44
4.1 GESPUBLICA –Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização .............. 45
4.2 – Melhoria Contínua e Avaliação do Sistema de Gestão.......................................53
4.3 – Desburocratização ...................................................................................................... 56
4.4 - Tecnologia da Informação aplicada à Gestão Pública ..................................... 58
4.5- Premiação .......................................................................................................... 65
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 68
BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................70
ÍNDICE.......................................................................................................................74
75ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................76
FICHA DE AVALIAÇÃO....................................................................................77
76ÍNDICE DE FIGURAS
Quadro 1 - Movimento da Administração Científica .................................................. 11
Figura 1 - Pirâmide organizacional ............................................................................ 12
Figura 2 - Evolução cronológica do perfil do profissional de RH ............................... 13
Quadro 2 - Evolução das competências de RH ........................................................ 20
Figura 3 - Diferenças entre filantropia e responsabilidade social .............................. 22
Quadro 3 - Evolução do conceito de QVT ................................................................. 25
Figura 4 - Estrutura do Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9000:2000 ................ 29
Figura 5 - Retrospectiva e Marcos evolutivos até chegar ao GESPÚBLICA...............46
Figura 6- Representação gráfica do Modelo de Excelência em Gestão Pública.........49
Figura 7 - Melhoria contínua do Sistema de Gestão....................................................53
Figura 8 – Processo de Auto – Avaliação...................................................................54
Figura 9 – Facilitadores internos para a condução do processo de auto-
Avaliação....................................................................................................55
77
FICHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM GESTÃO DE
RECURSO HUMANOS
TÍTULO DA MONOGRAFIA:
QUALIDADE DA GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL
E DOS SERVIÇOS PRESTADOS À POPULAÇÃO
AUTOR: Elizabeth Mangueira Rodrigues
ORIENTADOR: Edla Trocoli
Data da Entrega:__________________
Avaliado por:___________________________________________
___________________________________________
Conceito:____________________________