universidade candido mendes / avm pÓs-graduaÇÃo … · o método de análise e solução de...

79
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Uma análise da Implementação da Ferramenta MASP, em um Processo de Melhoria Operacional. Glauco Garcia Mathias ORIENTADOR: Prof. Úrsula Gomes Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

Upload: nguyenthuan

Post on 24-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Uma análise da Implementação da Ferramenta MASP,

em um Processo de Melhoria Operacional.

Glauco Garcia Mathias

ORIENTADOR:

Prof. Úrsula Gomes

Rio de Janeiro

2017

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

ii

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Uma análise da Implementação da Ferramenta MASP,

em um Processo de Melhoria Operacional.

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA EM GESTÃO DE PROJETOS Por: Glauco Garcia Mathias

Rio de Janeiro

2017

iii

RESUMO

O método de análise e solução de problemas (MASP) surgiu entre os séculos XVI

e XVIII durante a revolução científica através de pensadores como Copérnico, Kepler,

Descartes, Bacon e Galileu. A partir da criação do ciclo PDCA, na década de 30 pelo

americano Walter Shewhart. Essas ferramentas vêm sendo empregadas tendo em vista

o desenvolvimento de um processo de melhoria num ambiente organizacional, visando

solução de problemas e obtenção de resultados otimizados.

Este trabalho identifica e analisa possíveis ganhos que podem ser conseguidos

através da implementação da ferramenta MASP em uma empresa de médio porte. A

empresa atua no ramo de seguros e apresenta uma quantidade elevada de pedidos de

indenizações.

PALAVRAS-CHAVE: Metodologia, Implementação, MASP, PDCA.

METODOLOGIA

Para se atingir o objetivo proposto, o trabalho apresenta uma revisão bibliográfica

que destaca aspectos da Metodologia de Análise e Solução de Problemas. E por fim, o

estudo de caso é apresentado, com uma proposta de implementação do MASP na

operação de análise de irregularidades nos pedidos de indenizações.

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução da Era da Qualidade ................................................................... 6 Figura 2 - Fluxograma................................................................................................ 9 Figura 3 - Histograma ................................................................................................ 12 Figura 4 – Diagrama de Pareto .................................................................................. 15 Figura 5 – Identificando o problema ........................................................................... 18 Figura 6 – Diagrama de Causa e Efeito ...................................................................... 18 Figura 7 – Diagrama de Causa e Efeito (causas secundárias e terciárias) ................... 19 Figura 8 – Diagrama de Causa e Efeito (causas importantes) ..................................... 20 Figura 9 – Folha de Verificação .................................................................................. 23 Figura 10 – Diagrama de Dispersão ........................................................................... 25 Figura 11 – Gráfico de Controle ................................................................................. 27 Figura 12 – Conceito de controle de Taylor e os três processos de produção em massa ................................................................................................................................. 34 Figura 13 – Ciclo de Shewhart de 1939 ...................................................................... 35 Figura 14 – Ciclo de Shewhart para desenvolvimento de produto ............................... 35 Figura 15 – Ciclo de Shewhart para processos repetitivos de melhoria ....................... 36 Figura 16 – Ciclo PDCA como desenvolvido no Japão ................................................ 36 Figura 17 – Ciclo CAPD para correção e ação corretiva ............................................. 39 Figura 18 – MASP ..................................................................................................... 43 Figura 19 – Ciclo de Shewhart para processos repetitivos de melhoria ....................... 45 Figura 20 – Fluxograma do Processo ......................................................................... 57 Figura 21 – Diagrama de Causa e Efeito dos Problemas ............................................ 58 Figura 22 – Fluxograma com as Etapas Descontinuadas ............................................ 61

Figura 23 – Novo Fluxograma do Processo ................................................................ 62

Figura 3 - O enfoque da produção tradicional e o enfoque da Produção Enxuta ........ 1 5

Figura 4 - Composição das atividades propostas por Hines e Taylor (2000) ............... 16

Figura 5 - Processamento em fluxo contínuo .............................................................. 20

Figura 6 - Exemplo de um Mapa de Fluxo de Valor da situação atual .......................... 22

Figura 7 - Formação de famílias de produtos .............................................................. 22

Figura 8 - Quadro de Nivelamento da Carga (Heijunka Box) ....................................... 25

Figura 9 - Etapa 1 Kanban ......................................................................................... 28

Figura 10 - Etapa 2 Kanban ....................................................................................... 28

Figura 11 - Etapa 3 KanbanLISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Eficiência 2015 antes do MASP ................................................................ 56 Gráfico 2 – Comparativo 1º Trimestre ......................................................................... 63 Gráfico 3 – 1º Trimestre 2015 .................................................................................... 63 Gráfico 4 – 1º Trimestre 2016 .................................................................................... 64 Gráfico 5 – Eficiência após o MASP ........................................................................... 64 Gráfico 6 – Comparativo após o MASP ...................................................................... 65

Figura 14 - Seqüência de processos com quadros de kanban e supermercado da peça

................................................................................................................................ 44

Figura 16 - Lead Times ao longo do processo produtivo ............................................. 46

Figura 17 - Faixas do quadro de kanban .................................................................... 47

Figura 18 - Cartão de kanban .................................................................................... 48

v

LISTA DE QUADROS

Quadro1 – Dados para elaboração do histograma ...................................................... 11 Quadro 2 – MASP e as Ferramentas de Qualidade .................................................... 46 Quadro 3 – Frequência dos Problemas ...................................................................... 60 Quadro 4 – Frequência dos Problemas após o MASP ................................................ 65

Tabela 2 - Quantidade de peças que passam pelos gar galos..................................... 40

Tabela 3 - Lista de peças que passam pelo processo INT .......................................... 41

Tabela 4 - Lista de peças separadas em famílias e c lasses ....................................... 43

Tabela 5 - Cálculo do takt time ............. .. ................................................................... 46

vi

SUMÁRIO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM.................................................................................. 1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM.................................................................................. 2

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................ 5

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................ 8

1. Introdução ..................................................................................................................................... 1

1.1 Objetivo .................................................................................................................................. 1

1.2 Contextualização e Justificativa ..................................................................................... 2

2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................................. 3

Capítulo I............................................................................................................................................ 4

1. Gestão da Qualidade .............................................................................................................. 4

1.1 O Surgimento ................................................................................................................ 4

1.2 Evolução da Qualidade ...................................................................................................... 5

1.3 Gestão e Controle da Qualidade ...................................................................................... 6

Capítulo II .......................................................................................................................................... 8

2. As Ferramentas da Qualidade ............................................................................................. 8

2.1 Fluxograma .................................................................................................................... 8

2.2 Histograma ................................................................................................................... 10

2.3 Diagrama de Pareto ................................................................................................... 13

2.4 Diagrama de Causa e Efeito .................................................................................... 17

2.5 Folha de Verificação .................................................................................................. 21

2.6 Diagrama de Dispersão ............................................................................................ 24

2.7 Gráfico de Controle ................................................................................................... 26

2.8 Brainstorming ............................................................................................................. 28

2.9 Brainwriting ................................................................................................................. 30

2.10 5W2H ............................................................................................................................. 31

2.11 PDCA ............................................................................................................................. 33

2.12 MASP ............................................................................................................................. 41

Capítulo III ....................................................................................................................................... 47

3.A Implementação da Ferramenta MASP ............................................................................... 47

3.1 Classificação das Pesquisas ......................................................................................... 48

3.1.1 Procedimentos e métodos de pesquisa ............................................................... 49

3.2 Estudo de Caso .................................................................................................................. 51

4 Desenvolvimento do estudo de caso ................................................................................... 54

4.1 Apresentação da empresa .............................................................................................. 54

4.2 Situação da empresa antes da implementação do MASP ...................................... 55

4.3 Análise e Identificação do Problema............................................................................ 56

4.3.1 Processo de Análise .................................................................................................. 57

4.4 Análise e Observação do Problema ............................................................................. 59

4.5 Plano de Ação .................................................................................................................... 60

4.6 Execução ............................................................................................................................. 62

4.7 Verificação e Padronização ............................................................................................ 62

5 Conclusão .................................................................................................................................... 67

1

1. Introdução

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa para a conclusão do

curso de MBA em Gestão de Projetos da Universidade Cândido Mendes / AVM do Rio

de Janeiro. Trata-se de um estudo que analisa a implementação do método MASP e do

Planejamento e Controle da Produção em um ambiente operacional de análises. O

trabalho analisa o processo de execução dos conceitos, buscando apontar e discutir os

resultados obtidos.

O estudo de caso foi feito em uma empresa do Rio de Janeiro, que atua no ramo

de seguros de trânsito. A empresa apresenta uma quantidade alta de solicitações de

indenizações e que precisam ser analisadas as documentações a fim de identificar se

existe alguma irregularidade ou indícios fraudulentos.

1.1 Objetivo

O principal objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta de implementação

da ferramenta de qualidade MASP.

O estudo analisa a necessidade do MASP em uma empresa que possui alta

demanda de análises documentais, visando o aumento da quantidade de

documentações analisadas sem perder a qualidade das análises e a eficácia na

identificação das irregularidades.

A partir desse estudo de caso, pretende-se evidenciar como as ferramentas de

qualidade, podem ser adaptadas a esse ambiente organizacional e quais serão os

possíveis ganhos para a empresa.

2

1.2 Contextualização e Justificativa

Para que uma empresa possa funcionar adequadamente, ela precisa

planejar e controlar corretamente sua produção/ operação.

A qualidade da produção e dos serviços de uma determinada empresa é

elaborada na Gestão da Qualidade que surgiu na Segunda Guerra para corrigir os

erros dos produtos bélicos e era utilizado o termo Controle de Processos. Com a

evolução do termo, passou a ser chamado de Garantia de Qualidade, que

utilizava normas específicas para cada etapa. Após isso, surgiu o Controle de

Qualidade, no começo do século XX por Frederick Taylor e Ford. Hoje, por

exemplo, os consumidores cada vez mais cobram qualidade dos produtos e

serviços que utilizam.

O método de análise e soluções de problemas foi introduzido na literatura

brasileira por Campos (2004). O método apresentado pelo autor foi denominado

de MSP – Método de Soluções de Problemas, que se popularizou como MASP –

Método de Análise e Solução de Problemas. No entanto, não existe nenhuma

diferença entre os seus passos. Campos (2004) afirma que o MSP apresentado

por ele é o método japonês da JUSE (Union of Japanese Scientists and

Engineers) chamado “QC-Story”.

A construção do MASP como método destinado a solucionar problemas

dentro das organizações passou pela idealização de um conceito, o ciclo PDCA,

para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve a tomada de

decisões, a formulação e comprovação de hipóteses, a objetivação da análise dos

fenômenos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico. Embora o

MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não se confunda os dois métodos,

pois: O MASP é um método eficaz que procura resolver problemas de forma

rápida e objetiva e com menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem

como característica a racionalidade utilizando lógica e dados. Os conceitos do

MASP a serem implementados em uma determinada empresa devem ser

selecionados de acordo com o ambiente no qual a mesma está inserida. Portanto

é necessário planejar uma forma de garantir que a empresa atinja o objetivo de

produzir com produtividade e qualidade.

3

2. Revisão Bibliográfica

Para o desenvolvimento deste trabalho, serão descritos os principais

conceitos ligados à metodologia MASP e as ferramentas de qualidade que são

pertinentes ao tema em estudo.

Inicialmente, serão explicitadas informações sobre a Gestão da Qualidade,

desde o seu surgimento na Segunda Guerra Mundial aos dias atuais. O estudo

mostrará o surgimento, os princípios da gestão da qualidade, uma visão geral das

ferramentas, como o diagrama de pareto e de causa-efeito, histogramas, folhas

de verificação, gráficos de dispersão, cartas de controle, fluxograma,

brainstorming, benchmarking, 5W2H, 5S, PDCA e MASP. Além disso, haverá um

tópico que descreve as diferenças entre as ferramentas MASP e PDCA.

Por fim, o último tópico deste capítulo refere-se à implementação da

ferramenta de qualidade MASP em um ambiente organizacional de uma

operação de análises documentais.

4

Capítulo I

1. Gestão da Qualidade

1.1 O Surgimento

Atualmente, existe uma busca forte por qualidade. As organizações não

utilizam mais a qualidade como uma estratégia de diferenciação, mas como uma

condição de preexistência. A preocupação com a qualidade vem desde antes de

2150 a.C. O código de Hamurabi já demonstrava um cuidado com a durabilidade

e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal forma que, se um

construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender à

sua finalidade e desabasse, ele, o construtor, seria sacrificado. Os fenícios

amputavam a mão do fabricante de determinados produtos que não fossem

produzidos com perfeição. Já os romanos desenvolveram técnicas de pesquisa

altamente sofisticadas para a época e as aplicavam principalmente na divisão e

mapeamento territorial para controlar as terras rurais incorporadas ao império.

Desenvolveram padrões de qualidade, métodos de medição e ferramentas

específicas para execução desses serviços. A França durante o reinado de Luís

XIV adotava procedimentos avançados que detalhava critérios e instruções para

supervisão para escolha dos fornecedores das embarcações (OLIVEIRA, 2003).

Pelo que foi apresentado, pode-se entender que foi percorrido um “longo”

caminho para que as teorias e práticas da gestão da qualidade chegassem até o

estágio em que se encontram hoje.

É plausível concordar com Oliveira (2003), quando afirma que ainda há

um longo caminho a ser percorrido, principalmente em países menos

desenvolvidos, entre os quais podemos citar o Brasil, em virtude do atraso no

acesso e implantação desses conceitos, que se justifica por razões históricas e

econômicas.

5

1.2 Evolução da Qualidade

Conforme Maximiano (2000), a evolução da qualidade passou por três

grandes fases: era da inspeção, era do controle estatístico e era da qualidade

total.

Na era da inspeção, ocorrido um pouco antes da Revolução Industrial, o

produto era verificado (inspecionado) pelo produtor e pelo cliente. Nessa época, o

principal foco era a detecção de eventuais defeitos de fabricação, sem haver

metodologia preestabelecida para executá-la.

Na era do controle estatístico, vindo logo após a era da inspeção. O

controle da inspeção foi aprimorado por meio de técnicas estatísticas. Em função

do crescimento da demanda mundial por produtos manufaturados, inviabilizou-se

a execução da inspeção produto a produto, como na era anterior, e a técnica da

amostragem passou a ser utilizada. O novo sistema obedecia cálculos

estatísticos, era separado uma amostragem do produto que pudesse representar

todo o grupo e, a partir deles, verificava-se a qualidade de todo o lote. No início

dessa era, o enfoque recaia sobre o produto. Porém, com o tempo o foco

começou a ser dirigido para o controle do processo de produção, possibilitando

assim o surgimento das condições necessárias para o início da era da qualidade

total.

Na era do controle da qualidade total (TQC), na qual se enquadra o

período em que estamos vivendo, a ênfase passa a ser o cliente, tornando-se o

centro das atenções das organizações que dirigem seus esforços para satisfazer

às suas necessidades e expectativas. A principal característica dessa era é que

“toda a empresa possa ser responsável pela garantia da qualidade dos produtos

e serviços”, sendo assim, todos os funcionários e todos os setores. Para tal, é

necessário que se pense sobre os processos da empresa de forma sistêmica,

para que os inter-relacionamentos e interdependências sejam considerados entre

todos os níveis da organização.

6

Figura 1: Evolução da Era da Qualidade

Fonte: Elaborado por Maximiniano, 2000

Para que a qualidade total seja desenvolvida e implantada com sucesso

em organizações empresarias, é necessário desenvolver o seguinte princípio:

O cliente é a figura principal de todo o processo organizacional. É

necessário que as decisões empresariais e tarefas operacionais levem em

consideração as necessidades e expectativas do consumidor e tentem superá-

las, para atender ao requisito de satisfazer completamente o cliente.

1.3 Gestão e Controle da Qualidade

Empresas de sucesso têm, obrigatoriamente, de estar acompanhando as

mudanças do mercado e da sociedade como um todo. Essa postura possibilita o

monitoramento das tendências do comportamento do consumidor, que deve ser o

centro de suas atenções, e permite que os objetivos e atitudes das organizações

estejam alinhados com os anseios dos clientes. Para que isso possa acontecer,

as empresas têm de aperfeiçoar continuamente seu sistema da qualidade. Isso

exige que se institua um sistema de medição por parâmetros, caso contrário, não

7

será possível verificar se as mudanças implementadas de fato estão

possibilitando a evolução desejada.

É importante ressaltar uma filosofia do Japão – país onde foram dados os

primeiros passos da gestão da qualidade – denominada Kaizen, que preconiza

um sistema contínuo de aprimoramento nas organizações, onde todos os

funcionários – alta administração, gerentes e operários – devem se envolver com

o desenvolvimento e a melhoria do sistema.

A gestão da qualidade prevê a eliminação ou a simplificação de processos

que não adicionam valor ao produto. Muitas tarefas nas empresas são mal

dimensionadas, podendo, muitas vezes, ser definitivamente eliminadas por um

rearranjo no mecanismo de execução do processo maior a que pertencem. No

estudo de caso, teremos exemplos desse tipo de reestruturação.

Um importante conceito da gestão da qualidade total, idealizado por

Deming (1982), é o ciclo PDCA: P significa plan (planejar), D quer dizer do (fazer),

C significa control (controlar) e A significa action (ação). Esse mecanismo prega

que todos os processos devem ser continuamente estudados e planejados

(inclusive modificações e melhorias), ter suas mudanças implementadas e

controladas (medição e observação dos efeitos) e, depois desses passos, deve-

se realizar uma avaliação dos resultados obtidos.

Existem diversas ferramentas na administração da qualidade que podem

ajudar na produção e auxiliar na otimização e análise dos processos: fluxograma,

carta de análise de tempos e movimentos, carta de controle estatístico do

processo, histograma, diagrama de pareto, diagrama de Ishikawa, diagrama de

dispersão, ciclo PDCA, 5W2H, MASP, folha de verificação, brainstorming, gráfico

de controle, etc. Esses instrumentos possibilitam gerir, controlar e otimizar os

processos executados tanto nas empresas industriais como nas de serviços.

8

Capítulo II

2. As Ferramentas da Qualidade

2.1 Fluxograma

O fluxograma é um resumo ilustrativo do fluxo das várias operações de um

processo. Esta ferramenta documenta um processo, mostrando todas as suas

etapas. É uma ferramenta fundamental, tanto para o planejamento (elaboração do

processo), como para o aperfeiçoamento (análise, crítica e alterações) do

processo.

O fluxograma facilita a visualização das diversas etapas que compõem um

determinado processo, permitindo identificar aqueles pontos que merecem

atenção especial por parte da equipe de melhoria. É basicamente formado por

três módulos:

• Início (entrada): assunto a ser considerada no planejamento

• Processo: consiste na determinação e interligação dos módulos que

englobam o assunto. Todas as operações que compõe o processo.

• Fim (saída): fim do processo, onde não existem mais ações a ser

considerada.

9

Figura 2: Fluxograma

Fonte: Elaborado pelo autor

É utilizado para identificar o fluxo atual ou o fluxo ideal do

acompanhamento de qualquer produto ou serviço, no sentido de identificar

desvios.

Podemos utilizar para verificar os vários passos do processo e se estão

relacionados entre si. Na definição de projetos, para identificar as oportunidades

de mudanças, na definição dos limites e no desenvolvimento de um melhor

conhecimento de todos os membros da equipe., nas avaliações das soluções, ou

seja, para identificar as áreas que serão afetadas nas mudanças propostas, etc.

10

Todas as pessoas devem estar envolvidas na montagem do fluxograma,

isto é, pessoas que realmente participam do processo. Identificar as fronteiras do

processo, mostrando o início e o fim, usando sua simbologia adequada.

Documentar cada etapa do processo, registrando as atividades, as

decisões e os documentos relativos ao mesmo.

Fazer uma revisão para verificar se alguma etapa não foi esquecida, ou se

foi elaborada de forma incorreta.

Discutir com a equipe, analisando como o fluxograma foi completado,

certificando-se da coexistência do mesmo e como o processo se apresenta.

Por dar suporte à análise de processo, tornam-se um meio eficaz para o

planejamento e a solução de problemas. O fluxo permite visão global do processo

por onde passa o produto e, ao mesmo tempo, ressalta operações críticas ou

situações, em que haja cruzamento de vários fluxos.

O próprio ato de elaborar o fluxograma melhora o conhecimento do

processo e desenvolve o trabalho em equipe necessário para descobrir o

aprimoramento.

Sua aplicabilidade só será efetivada na medida em que mostrar,

verdadeiramente, como é o processo (Oliveira, 1996).

Falta de padronização, a maioria das empresas não é padronizada.

Quando se encontra alguma padronização, ela é montada de forma inadequada e

as pessoas da empresa não conhecem. Uma pessoa sozinha é incapaz de

completar o fluxograma, a não ser que tenha ajuda total conhecimento dos

processos da organização (Oakland, 1994).

2.2 Histograma

Histograma são gráficos de barras que mostram a variação sobre uma

faixa específica.

O histograma foi desenvolvido por Guerry em 1833 para descrever sua

análise de dados sobre crime. Desde então, os histogramas tem sido aplicados

para descrever os dados nas mais diversas áreas.

11

É uma ferramenta que nos possibilita conhecer as características de um

processo ou um lote de produto permitindo uma visão geral da variação de um

conjunto de dados.

A maneira como esses dados se distribuem contribui de uma forma

decisiva na identificação dos dados. Eles descrevem a frequência com que

variam os processos e a forma de distribuição dos dados como um todo.

São várias as aplicações dos histogramas, tais como:

• Verificar o número de produto não-conforme.

• Determinar a dispersão dos valores de medidas em peças.

• Em processos que necessitam ações corretivas.

• Para encontrar e mostrar através de gráf ico o número de unidade

por cada categoria.

Pré-requisitos para construir um Histograma:

• Coleta de dados

• Calcular os parâmetros: amplitude “R”, classe “K”, frequência de

cada classe, média e desvio padrão.

Como fazer um Histograma:

• Coletar os dados com número maior de trinta.

• Determinar a amplitude “R”: R= maior valor – menor valor

• Determinar a classe “K”. Escolha o número da classe usando o bom

senso. k≈√n

Quadro 1 - Dados para elaboração do histograma

Fonte: Elaborado pelo autor

• Determinar o intervalo da classe “H”. H = R /k. R = Amplitude (maior

valor – menor valor).

12

• Determinar o limite da classe. O maior e o menor valor levantado na

coleta de dados da amostra.

• Determinar a média de cada classe: soma do l imite superior +

inferior dividido.

• Determinar a frequência de cada classe. Fr = ( F / n ) x 100

• Construir o gráfico, no eixo vertical à altura da classe com a

frequência calculada e no eixo horizontal o intervalo de cada classe.

Figura 3: Histograma

Fonte: Autor desconhecido

Vantagens do Histograma:

• Visão rápida de análise comparativa de uma seqüência de dados

históricos;

• Rápido de elaborar, tanto manual como com o uso de um software

(Por exemplo, o Excel, da Microsoft);

• Facilita a solução de problemas, principalmente quando se

identifica numa série história a evolução e a tendência de um determinado

processo.

Desvantagens do Histograma:

• Fica ilegível quando se necessita a comparação de muitas

sequências ao mesmo tempo;

13

• Quanto maior o tamanho de (n) maior o custo de amostragem e

teste;

• Para um grupo de informações é necessário a confecção de vários

gráficos a fim de que se consiga uma melhor compreensão dos dados contidos no

histograma.

2.3 Diagrama de Pareto

O gráfico de Pareto é um diagrama que apresenta os itens e a classe na

ordem dos números de ocorrências, apresentando a soma total acumulada.

Permite-nos visualizar diversos elementos de um problema auxiliando na

determinação da sua prioridade.

É representado por barras dispostas em ordem decrescente, com a causa

principal vista do lado esquerdo do diagrama, e as causas menores são

mostradas em ordem decrescente ao lado direito. Cada barra representa uma

causa exibindo a relevante causa com a contribuição de cada uma em relação à

total.

É uma das ferramentas mais eficientes para encontrar problemas.

Este diagrama de Pareto descreve as causas que ocorrem na natureza e

comportamento humano, podendo assim ser uma poderosa ferramenta para

focalizar esforços pessoais em problemas e tem maior potencial de retorno.

J.M. Juran aplicou o método como forma de classificar os problemas da

qualidade em “poucos vitais” e “muitos triviais”, e denominou-o de Análise de

Pareto.

Demonstrou que a maior parte dos defeitos, falhas, reclamações e seus

custos provêm de um número pequeno de causas.

Se essas causas forem identificadas e corrigidas torna-se possível à

eliminação de quase todas as perdas. É uma questão de prioridade.

O princípio de Pareto é conhecido pela proporção “80/20”.

“É comum que 80% dos problemas resultem de cerca de apenas 20% das

causas potenciais”.

“Dito de outra forma, 20% dos nossos problemas causam 80% das dores

de cabeça”.

14

Quando usar Diagrama de Pareto?

• Para identificar os problemas.

• Achar as causas que atuam em um defeito.

• Descobrir problemas e causas; problema (erro, falhas, gastos,

retrabalhos, etc. ) causas (operador, equipamento, matéria-prima, etc.).

• Melhor visualização da ação.

• Priorizar a ação.

• Confirmar os resultados de melhoria.

• Verificar a situação antes e depois do problema, devido às

mudanças efetuadas no processo.

• Detalhar as causas maiores em partes específicas, eliminando a

causa.

• Estratificar a ação.

• Identificar os itens que são responsáveis por os maiores impactos.

• Definir as melhorias de um projeto, tais como: principais fontes de

custo e causas que afetam um processo na escolha do projeto, em função de

número de não conformidade, e outros.

Pré-requisitos para a construção do Diagrama de Pareto:

• Coleta de dados

• Folha de verificação

• A frequência relativa e acumulada na ocorrência de cada item.

• Estratificação, separando o problema em proporções ou família.

Como fazer o Diagrama de Pareto:

• Decidir o que vai ser analisado, e o tipo de problema.

• Selecionar o método e o período para coletar os dados. Coletar os

dados de acordo com sua causa e assunto.

• Estabelecer um período de tempo para coletar dados, tais como:

horas, dias, semanas, meses, etc.

• Reunir os dados dentro de cada categoria

• Traçar dois eixos, um vertical e um horizontal de mesmo

15

comprimento. No eixo vertical da direita, fazer uma escala de 0% a 100%, e na

esquerda uma escala de 0% até o valor total.

• Listar as categorias em ordem decrescente de frequência da

esquerda para a direita. Os itens de menos importância podem ser colocados

dentro de uma categoria “outros” que é colocada na última barra à direita do eixo.

• Calcular a frequência relativa e a acumulada para cada categoria,

sendo que a acumulada será mostrada no eixo vertical e à direita.

Figura 4: Diagrama de Pareto (Gráfico de Pareto)

Fonte: Autor desconhecido

• É indesejável que o item “outros” tenha percentagem muito alta. Se

isso acontecer, é provável que os itens não estejam classificados de forma

adequada, sendo preciso rever o método de classificação.

• Se um item parece de simples solução, deve ser atacado

imediatamente, mesmo que tenha menor importância relativa. Como o gráfico de

Pareto objetiva a eficiente solução do problema, exige que ataquemos somente

os valores vitais. Se determinado item parece ter importância relativa menor, mas

pode ser resolvido por medida corretiva simples, deve servir como exemplo de

eficiência na solução de problemas.

16

• Após a identificação do problema com o Gráfico de Pareto por

sintomas, é necessário identificar as causas para que o problema possa ser

resolvido. Por isso, é importantíssimo fazer um Gráfico de Pareto por causas,

caso se queira algum processo.

Vantagens do Diagrama de Pareto:

• A análise de Pareto permite a visualização dos diversos elementos

de um problema, ajudando a classificá-los e priorizá-los (Campos, 1992, p. 199)

• Permite a rápida visualização dos 80% mais representativos;

• Facilita o direcionamento de esforços;

• Pode ser usado indefinidamente, possibilitando a introdução de um

processo de melhoria contínua na Organização;

• A consciência pelo “Princípio de Pareto” permite ao gerente

conseguir ótimos resultados com poucas ações.

Desvantagens do Diagrama de Pareto:

• Existe uma tendência em se deixar os “20% triviais” em segundo

plano. Isso gera a possibilidade de Qualidade 80% e não 100%;

• Não é uma ferramenta de fácil aplicação: Você pode pensar que

sabe, mas na hora de fazer pode mudar de opinião.

• Nem sempre a causa que provoca não-conformidade, mas cujo

custo de reparo seja pequeno, será aquela a ser priorizada. É o caso dos trinta

rasgos nos assento x uma trinca no avião. É preciso levar em conta o custo em

um gráfico específico e por isso, ele não é completo.

17

2.4 Diagrama de Causa e Efeito

O Diagrama de Causa e Efeito também é conhecido como: Diagrama

Espinha-de-peixe

Diagrama de Ishikawa e Diagrama 6M.

É uma representação gráfica que permite a organização das informações

possibilitando a identificação das possíveis causas de um determinado problema

ou efeito.

Mostra-nos as causas principais de uma ação, as quais dirigem para as

sub-causas, levando ao resultado final.

Esta ferramenta foi desenvolvida em 1943 por Ishikawa na Universidade

de Tóquio. Ele usou isto para explicar como vários fatores poderiam ser comuns

entre si e estar relacionados.

Embora não identifique, ele próprio, as causas do problema, o diagrama

funciona como um “veículo para produzir com o máximo de foco possível , uma

lista de todas as causas conhecidas ou presumíveis, que potencialmente

contribuem para o efeito observado.”

O diagrama pode não identificar causas, mas nenhuma outra ferramenta

organiza tão bem a busca.

Quando usar o Diagrama de Causa e Efeito:

• Quando necessitar identificar todas as causas possíveis de um

problema.

• Obter uma melhor visualização da relação entre a causa e efeito

delas decorrentes

• Classificar as causas dividindo-as em sub-causas, sobre um efeito

ou resultado.

• Para saber quais as causas que estão provocando este problema.

• Identificar com clareza a relação entre os efeito, e suas prior idades

• Em uma análise dos defeitos: perdas, falhas, desajuste do produto,

entre outros, com o objetivo de identificá-los e melhorá-los.

18

Pré-requisitos para construir o Diagrama de Causa e Efeito

Sugestões de possíveis causas do problema (Brainstorming) das pessoas

envolvidas no processo.

Análise de Pareto, para revelar a causa mais dominante.

Como fazer um Diagrama de Causa e Efeito

• Definir o problema a ser analisado de forma objetiva;

• Estabeleça e enuncie claramente o problema (efeito) a ser

analisado, escrevendo-o em um retângulo à direita. Desenhe uma seta da

esquerda para a direita até o retângulo;

Figura 5: Identificando o problema

Fonte: Autor desconhecido

• Reunir um grupo de pessoas fazendo um Brainstorming sobre as

causas possíveis;

• Classifique as causas encontradas no Brainstorming em “famílias

ou categorias de causas”. Normalmente, costuma-se denominar essas “famílias

ou causas” como “causas primárias potenciais” que devem ser escritas dentro de

retângulos ligados diretamente ao eixo horizontal do diagrama.

Figura 6: Diagrama de Causa e Efeito

Fonte: Autor desconhecido

19

• Na indústria, por exemplo, as “causas primárias potenciais” são

conhecidas como “ fatores de manufatura” ou 6 M’s (Matéria-prima, Máquina,

Medida, Meio ambiente, Mão-de-obra e Método);

• Outra sugestão para a seleção de “causas primárias potenciais” é o

chamado 5W1H que representa as iniciais inglesas dos seguintes pronomes

interrogativos: What (o quê?); Who (quem?) ; When (quando?) ; Where (onde?) ;

Why (por quê?) e How (como?). Para cada uma delas elabore perguntas como:

“Onde ocorre o problema?”; A resposta a essa pergunta poderia indicar diversos

locais diferentes onde o mesmo problema ocorre com características e causas

também diferentes;

• Escreva as sub-causas (secundárias, terciárias, etc.) como indicado

na figura abaixo:

Figura 7: Diagrama de Causa e Efeito (causas secundárias e terciárias)

Fonte: Autor desconhecido

• Para cada causa primária (dentro do retângulo), identifique as sub-

causas que a afetam;

• Assinalem no diagrama as causas que pareçam ter forte relação

com o problema (efeito), considerando-se a experiência e intuição e os dados

existentes;

20

Figura 8: Diagrama de Causa e Efeito (causas importantes)

Fonte: Autor desconhecido

• Revisar todo o diagrama para verificar se nada foi esquecido;

• Analisar o gráfico no sentido de encontrar a causa principal,

observando as causas que aparecem repetidas, se estas causas estão

relacionadas com o efeito. Se eliminar a causa reduz o efeito, obtenha o

consenso de todos do grupo.

Vantagens do Diagrama de Causa e Efeito

• É uma ferramenta estruturada, que direciona os itens a serem

verificados para que se chegue a identificação das causas;

• Apesar de existir um esqueleto a ser preenchido, não há restrição

às ações dos participantes quanto às propostas a serem apresentadas;

• Permite ter uma visão ampla de todas as variáveis que interferem

no bom andamento da atividade, ajudando a identificar a não-conformidade.

Desvantagens do Diagrama de Causa e Efeito

• Limitada a solução de um problema por aplicação;

• Não apresenta quadro evolutivo ou comparativo histórico, como é o

caso do histograma;

• Para cada nova situação, é necessário percorrer todos os passos

do processo, utilizando o diagrama.

21

2.5 Folha de Verificação

Folha de Verificação são formulários planejados nos quais os dados

coletados são preenchidos de forma fácil e concisa.

Registram os dados dos itens a serem verificados, permitindo uma rápida

percepção da realidade e uma imediata interpretação da situação, ajudando a

diminuir erros e confusões.

As folhas de verificação podem apresentar-se de vários tipos para:

• Distribuição do Processo de Produção;

• Verificação de Itens Defeituosos;

• Localização de Defeito;

• Causas de Defeitos.

É usado quando se quer coletar dados de amostras de produção.

Lançam-se os dados em um histograma para analisar a distribuição do

processo de produção, coletam-se os dados, calcula-se a média e constrói-se

uma tabela de distribuição de frequência. Na medida em que os dados são

coletados são comparados com as especificações. Os dados coletados para este

tipo de folha de verificação não podem ser interrompidos.

Este tipo de folha de verificação é aplicado quando queremos conhecer a

variação nas dimensões de certo tipo de peça. Exemplo: Espessura da peça após

o biscoito prensado no processo cerâmico.

Este tipo é usado quando queremos saber quais os tipos de defeitos mais

frequentes e números de vezes causados por cada motivo. Exemplo: Numa peça

de azulejo, os tipos de defeitos após o produto acabado.

É usada para localizar defeitos externos, tais como: mancha, sujeira,

riscos, pintas, e outros. Geralmente esse tipo de lista de verificação tem um

desenho do item a ser verificado, na qual é assinalado o local e a forma de

ocorrência dos defeitos. Exemplo: Bolha estourada na superfície do vidrado, nas

peças cerâmicas. Esta folha nos mostra o local onde mais aparece o tipo da

bolha.

Esse tipo de folha de verificação é uma importante ferramenta para a

análise do processo, pois nos conduz para onde e como ocorre o defeito.

22

Este tipo é usado para investigar as causas dos defeitos, sendo que os

dados relativos à causa e os dados relativos aos defeitos são colocados de tal

forma que torna-se clara a relação entre as causas e efeitos.

Posteriormente os dados são analisados através da estratificação de

causas ou do diagrama de dispersão.

Essas folhas de verificação são ferramentas que questionam o processo e

são relevantes para alcançar a qualidade.

São usadas para:

• Tornar os dados fáceis de obter e de utilizar-se.

• Dispor os dados de uma forma mais organizada.

• Verificar a distribuição do processo de produção: coleta de dados

de amostra da produção.

• Verificar itens defeituosos: saber o tipo de defeito e sua

percentagem.

• Verificar a localização de defeito: mostrar o local e a forma de

ocorrência dos defeitos.

• Verificar as causas dos defeitos.

• Fazer uma comparação dos limites de especificação.

• Investigar aspectos do defeito: trinca, mancha, e outros.

• Obter dados da amostra da produção.

• Determinar o turno, dia, hora, mês e ano, período em que ocorre o

problema.

• Criar várias ferramentas, tais como: diagrama de Pareto, diagrama

de dispersão, diagrama de controle, histograma, etc.

Pré-requisitos para a construção da folha de verificação:

• Identificar claramente o objetivo da coleta de dados: quais são e os

mais importantes defeitos.

• Decidir como coletar os dados: como serão coletados os dados?

Quem irá coletar os dados? Quando serão coletados os dados? Qual o método

será utilizado para coleta dos dados?

• Estipular a quantidade de dados que serão coletados: tamanho da

amostra.

23

• Coletar os dados dentro de um tempo específico: decidir o tipo de

folha de verificação a ser usada, decidir se usar número, valores ou símbolos,

fazer um modelo da folha de verificação.

Como fazer a folha de verificação:

• Elaborar um tipo de folha de verificação de forma estruturada

adequada a ser analisada, que permite um fácil preenchimento.

• Definir a quantidade e o tamanho da amostra dos dados.

• Definir onde será feita a coleta dos dados.

• Determinar a frequência com que serão coletados os dados (diário,

semanal , ou mensal).

• Escolher quem deverá coletar os dados.

• Através da folha de verificação realizar a coleta dentro do

planejado.

Vantagens da folha de verificação:

• A obtenção do fato é registrado no momento que ocorre;

• Essa situação facilita a identificação da causa junto ao problema;

• A atividade é muito simples de aplicar, bastando apenas pouca

concentração.

Figura 9: Folha de Verificação

Fonte: Autor desconhecido

Desvantagens da folha de verificação:

• Os equipamentos de medida podem não estar auferidos;

• O processo de coleta pode ser lento e demanda recursos de acordo

24

com a amplitude da amostra;

• Os dados resultantes da contagem só podem aparecer em ponto

“discretos”. Numa página de fatura só é possível encontrar 0,1,2, etc., erros; não

é possível encontrar 2,46 erros.

2.6 Diagrama de Dispersão

Diagramas de dispersão são gráficos que permitem a identificação entre

causas e efeitos, para avaliar o relacionamento entre variáveis.

O diagrama de dispersão é a etapa seguinte do diagrama de causa e

efeito, pois verifica-se se há uma possível relação entre as causas, isto é, nos

mostra se existe uma relação, e em que intensidade.

Quando usar o diagrama de dispersão:

• Para visualizar uma variável com outra e o que acontece se uma se

alterar.

• Para verificar se as duas variáveis estão relacionadas, ou se há

uma possível relação de causa e efeito.

• Para visualizar a intensidade do relacionamento entre as duas

variáveis, e comparar a relação entre os dois efeitos.

Pré-requisito para construir um diagrama de dispersão:

• Coletar dados sob forma de par ordenado, em tempo determinado,

entre as variáveis que se deseja estudar as relações.

Como fazer um diagrama de dispersão?

• Coletar os pares da amostra que poderão estar relacionados.

• Construir os eixos, a variável causa no eixo horizontal e a variável

efeito no eixo vertical.

• Colocar os dados no diagrama. Se houver valores repetidos, trace

um círculo concêntrico.

• Adicionar informações complementares, tais como: nome das

variáveis, período de coleta, tamanho da amostra e outros.

25

Figura 10: – Diagrama de Dispersão

Fonte: Autor desconhecido

Vantagens do diagrama de dispersão

• Permite a identificação do possível relacionamento entre variáveis

consideradas numa análise;

• Ideal quando há interesse em visualizar a intensidade do

relacionamento entre duas variáveis;

• Pode ser utilizado para comprovar a relação entre dois efeitos,

permitindo analisar uma teoria a respeito de causas comuns.

Desvantagens do diagrama de dispersão

• É um método estatístico complexo, que necessita de um nível

mínimo de conhecimento sobre a ferramenta para que possa utilizá-la;

• Exige um profundo conhecimento do processo cujo problema

deseja-se solucionar;

• Não há garantia de causa-efeito. Há necessidade de reunir outras

informações para que seja possível tirar melhores conclusões.

26

2.7 Gráfico de Controle

São gráficos para examinar se o processo está ou não sob controle.

Sintetiza um amplo conjunto de dados, usando métodos estatísticos para

observar as mudanças dentro do processo, baseado em dados de amostragem.

Pode nos informar em determinado tempo como o processo está se

comportando, se ele está dentro dos limites preestabelecidos, sinalizando assim a

necessidade de procurar a causa da variação, mas não nos mostrando como

eliminá-la.

Quando usar gráfico de controle?

• Para verificar se o processo está sob controle, ou seja, dentro dos

limites preestabelecidos.

• Para controlar a variabilidade do processo, ou grau de não

conformidade.

Pré-requisitos para construir um gráfico de controle:

• Coletar dados

• Calcular os parâmetros estatísticos tipo:

• Valor médio X;

• Média total X ;

• Dispersão R;

• Média da dispersão R;

• Linha de controle: L.M, L.I.C, L.S.C;

• Fração defeituosa P ;

• Número de não conformidade C;

• Número da não conformidade com variação U;

Como fazer um gráfico de controle?

• Coletar dados.

• Calcular os parâmetros estatísticos de cada tipo de gráf ico .

• Desenhar as linhas de controle.

• Plotar as médias das amostras no gráfico.

• Verificar se os pontos estão fora ou dentro dos limites de controle.

27

Figura 11: Gráfico de Controle

Fonte: Autor desconhecido

Vantagens do gráfico de controle

• Mostram tendência, ao longo do tempo, de um determinado

processo (se a sequência de valores for muito longa, é recomendável o gráfico de

linhas);

• Apresentam dados estratificados em diversas categorias;

• É útil para comparar dados resultantes de processo de contagem

(variáveis discretas e atributos).

Desvantagens do gráfico de controle

• Tem que ser atualizados, conforme o período mostrado no gráfico

(diário, semanal, mensal, anual, etc.);

• É genérico. Não há detalhes sobre a informação

(histórico/composição);

• Tem que ter conhecimentos básicos de estatísticas para poder

utilizar e escolher o tipo mais adequado para cada situação.

28

2.8 Brainstorming

A filosofia básica do Brainstorming é deixar vir à tona todas as ideias

possíveis sem criticar durante a sua exposição.

O objetivo é obter o maior número possível de sugestões, para fazer

posteriormente o julgamento.

O Brainstorming, não determina uma solução, mas propõem muitas outras.

É um grupo de pessoas na qual um tema é exposto e que através de livre

associação de pensamento começam surgir ideias associadas a este tema.

Quando usar o brainstorming?

• Para solucionar um problema, nas listagens das possíveis causas e

soluções.

• No desenvolvimento de um novo produto, e das características dos

produtos.

• E várias outras aplicações, pois é uma técnica muito flexível.

Pré-requisitos para fazer um brainstorming

• Um grupo de pessoas.

• Um líder para coordenar o grupo.

• Folha de verificação para anotar as ideias.

Regras básicas do brainstorming

• Eliminar qualquer crítica no primeiro momento do processo, para

que não haja inibições nem bloqueios e surjam o maior número de ideias

possível. “Nenhuma ideia por mais tola ou irracional que possa parecer, pode ser

criticada. Da mesma forma, as boas ideias não são elogiadas ou endossadas.

Todo julgamento é suspenso inicialmente; a primazia é a geração de ideias”

(Plsek e Onnias). Não deve haver julgamento de modo algum, principalmente dos

gestores;

• Apresentar as ideias tal qual elas surjam na cabeça, sem rodeios,

elaborações ou maiores considerações. As pessoas devem se sentir muito à

vontade, sem medo de “dizer uma bobagem”. Ao contrário, as ideias mais

desejadas são aquelas que parecem disparatadas, “loucas” e sem sentido, no

primeiro momento. Estas ideias costumam oferecer conexões para outras ideias

29

criativas e até mesmo representarem soluções. Mesmo que mais tarde sejam

abandonadas completamente, isso não é importante no momento da “colheita”

das contribuições;

• No brainstorming, quantidade gera qualidade. Quanto mais ideias

surgirem, melhor. Maior será a chance de se conseguir, diretamente ou por meio

de associações as boas ideias;

• Numa segunda etapa, feita a seleção das ideias, aquelas

potencialmente boas devem ser aperfeiçoadas. Nesse processo, costumam surgir

outras ideias. Mas lembre-se: derrubar uma ideia é mais fácil do que implementá-

la. Novas ideias normalmente nascem frágeis: é preciso reforçá-las para que

sejam aceitas.

• Se essas regras forem cumpridas, certamente ocorrerá a geração

de uma quantidade maior de ideias. Ideias melhores e em maior quantidade do

que seria possível de se esperar do trabalho individual.

Como fazer um brainstorming?

• O processo de brainstorming é conduzido por um grupo de 6 a 12

participantes, com um coordenador e um secretário escolhidos.

• Cada participante recebe, antes da reunião, o enunciado do

problema com todas as informações disponíveis. Para ser útil, o enunciado do

problema deve:

1. “Ser específico: evite palavras como baixo, ruim ou lento”;

2. o Ser mensurável: inclua fatos, números, etc.;

3. o Enunciar o efeito: afirmar o que está errado sem presumir uma

causa ou uma solução;

4. o Identificar o déficit entre o que há e o que deveria ser;

5. o Focalizar a perda; dizer porque a situação é indesejável do ponto-

de-vista do cliente).

• A sessão do brainstorming começa com a orientação aos

participantes sobre as regras do jogo, origem e motivo do problema a ser

estudado. Se o grupo não está acostumado a sessões de brainstorming, é

aconselhável fazer um breve aquecimento e, se necessário, é possível redefinir o

problema em cada ocasião. É importante educar as pessoas.

• Ao se anotar, finalmente, o problema no quadro é que realmente

inicia o brainstorming em si, com duração aproximada de 40 minutos.

30

• Durante esse período cada pessoa do grupo deve estar estimulada

e desinibida para oferecer o maior número de ideias, segundo a regra básica: é

proibido criticar.

• Todas as ideias devem ser anotadas em local bem visível, sempre

dando-se preferência pela redação original de quem manifesta a ideia.

• O último passo da sessão consiste na seleção de ideias. Nesta fase

o grupo:

1. Analisa as diversas sugestões individuais de causas potenciais do

problema;

2. Classifica as causas levantadas;

3. Combina causas afins e descarta redundâncias;

4. Elabora uma lista das causas mais comuns.

2.9 Brainwriting

É uma variação do brainstorming, com a diferença essencial de que todas

as ideias são escritas.

Existem diferentes versões dessa técnica, sendo a mais utilizada a descrita

nos passos a seguir:

• Um grupo de participantes, sentado ao redor de uma mesa, tem

conhecimento do problema através do coordenador. Cada uma dos participantes,

então, escreve três ideias relacionadas com o problema;

• Após cinco minutos, os participantes trocam de papel em rodízio;

• Cada participante após receber o papel de seu vizinho, tenta

desenvolver ou acrescentar algo correlato, com mais três ideias;

• O processo continua com períodos de cinco minutos para cada

participante contribuir, até que cada um receba seu papel de volta.

Nesse ponto, o coordenador recolhe os papéis para a seleção de ideias;

Vantagens do brainstorming

• Permite a manifestação aleatória das pessoas;

• É uma técnica muito flexível em termos de possibilidades de

utilização;

31

• É de fácil aplicação e não requer grandes conhecimentos para se

obter resultados com a técnica;

• Possibilita ultrapassar os limites/paradigmas dos membros da

equipe.

Desvantagens do brainstorming

• Se o objetivo do brainstorming não estiver claro, pode virar uma

tempestade de asneiras, em vez de ideias/sugestões criativas;

• Nem sempre surte o resultado ou a solução esperada para o

problema em questão;

• É um processo empírico e primário. Não há comprovação científica

do resultado. Tem por base a experiência de cada um dos envolvidos no

processo.

2.10 5W2H

É utilizado dentro das ferramentas da gestão da qualidade como um plano

de ação, pôr exemplo, na ferramenta do ciclo PDCA. Portanto, é uma lista em que

serão respondidas perguntas específicas, a fim de definir uma atividade,

solucionar um problema ou tomar decisões. Em qualquer situação, pode-se

utilizar esta ferramenta.

Existem outras variações da sigla como 5W1H ou 5W3H, mas todas

podem ser implementadas da mesma forma.

Inicialmente, deve-se definir com clareza os problemas a serem resolvidos.

Assim, as pessoas de uma empresa podem fazer uma reunião e lançar as suas

ideias.

Depois é necessário realizar uma estratégia para que o planejamento seja

eficaz e por último, responder as perguntas necessárias.

A sigla 5W2H, vem do inglês e significa:

• What? (O quê?)

Dentro um projeto, no caso da resolução de um problema, deve-se definir

32

um objetivo, ou seja, o que será feito para que algo seja resolvido ou realizado?

Ex.: Problema: Mal atendimento dos Funcionários

• Why? (Porquê?)

Nesta pergunta, deve-se responder por que serão executadas tais ações.

Ex.: Por que os clientes acreditam que estão tendo um atendimento de má

qualidade? Funcionários não sabem informar valores, não apresentam as

possibilidades do produto, são grosseiros, ficam conversando.

• Where? (Onde?)

Será respondido o local onde deve-se resolver o problema, por exemplo.

Ex.: Empresa de Vendas de Eletrodomésticos. Setor de Vendas.

• When (Quando?)

Determinar o período ou tempo em que será resolvido.

Ex.: Prazo de um mês para solucionar o problema no setor de vendas.

• Who(Quem?)

Informa-se quem será o reponsável pela resolução do problema.

Ex.: Gerente de Vendas.

• How (Como?)

Será definido um método para a resolução do problema.

Ex.: Treinamento com os funcionários; Penalizações por mal atendimento

ou Comissão por vendas.

• How Much (Quanto?)

Será definido o custo para a resolução do problema.

33

2.11 PDCA

Como muitos sabem, a origem do PDCA se deu a partir do ciclo de

Shewhart, engenheiro americano e que foi o introdutor do controle estatístico para

o controle da qualidade. Mas os fragmentos que lhe deram origem se

desenvolveram ao longo de, pelo menos, 300 anos de pensamento filosófico.

Desde o período conhecido como revolução científica, no século XVII, os

pensadores europeus, como Copérnico, Kepler, Telésio e da Vinci, já se

indagavam sobre a melhor maneira de desenvolver conhecimentos válidos e que

substituíssem os questionáveis dogmas da Igreja Católica acerca do mundo

físico, que eram baseados, sobretudo, na metafísica aristotélica. Nessa época

Galileu Galilei estabeleceu a primeira sequência de passos para a geração de

conhecimentos válidos, composta pela observação, análise, indução, verificação,

generalização e confirmação[i]. Outros filósofos, como René Descartes e Francis

Bacon, também descreveram seus métodos, cada qual fundamentado em sua

própria crença sobre o melhor caminho a seguir para chegar ao mesmo ponto: o

conhecimento. Como a intenção não era resolver problemas, a sequência não

continha etapas de aplicação do conhecimento adquirido. Mais adiante, outros

filósofos acabaram influenciando a criação do PDCA para se tornar tal qual o

conhecemos nos dias de hoje.

Além dos princípios da ciência, a grande inspiração para a criação do

PDCA foi atribuída por Shewhart e Deming aos americanos Clarence Irving Lewis

(1883-1964)[ii] e John Dewey (1859-1952), dois dos fundadores da escola

filosófica do pragmatismo[iii]. A idéia de um “ciclo” foi desenvolvida por Dewey ao

imaginar como funciona a relação entre a ação humana e o domínio social ao

qual pertence. Para ele, a reflexão para a solução de problemas contém cinco

passos logicamente distintos: perceber a dificuldade, localizar e definir o

problema, sugestão de possíveis soluções, desenvolvimento por raciocínio das

influências da sugestão, observação posterior e experimentação que levem a sua

aceitação ou rejeição[iv]. Embora fossem seguidores de doutrinas racionalistas e

do método científico, os pragmatistas acreditam que o valor do conhecimento

depende de sua contribuição como meio para a obtenção de um resultado

concreto e prático para a vida. Esse estilo de pensamento incorporou na doutrina

pragmática as características racionais[v] e instrumentais[vi].

34

Assim, ao contrário daqueles precursores da revolução científica, uma

mudança radical aconteceu no objetivo do pensamento humano a partir do

pragmatismo para que o PDCA se tornasse, não apenas um modelo para a

geração de conhecimento, mas um modelo voltado, fundamentalmente, para a

ação prática e geração de benefícios para o homem e a sociedade.

Desde os primeiros anos do século passado, as organizações industriais já

conheciam os três processos da produção em massa: especificação, produção e

inspeção. Ishikawa (1986) relembra que Taylor recomendava o plan-do-see

(planeje, execute e veja) como referência para o planejamento das etapas

básicas de um processo produtivo. Esses processos se encadeiam numa

sequência linear simples, aberta e representavam a estrutura de funcionamento

das indústrias daquela época (Figura 16).

Figura 12: Conceito de controle de Taylor e os três processos de produção em massa.

Fonte: Autor desconhecido

Um pouco adiante, no final da década de 30, o norte-americano Walter A.

Shewhart, em sua obra intitulada Statistical method from the viewpoint of quality

control propõe o modelo de produção visto como um sistema, que representa os

mesmos passos, porém de forma cíclica (Figura 17). Shewhart argumenta que

esses três passos devem fazer um círculo ao invés de uma linha reta, pois eles

constituem um “processo científico dinâmico de aquisição de conhecimento”.

Essa pequena modificação transformou o modelo de ciclo aberto para um ciclo

fechado, em que os resultados obtidos numa passagem são considerados no

planejamento da próxima passagem. Isso realimenta o processo e permite que

35

ele seja aprimorado pela análise dos erros e problemas das etapas anteriores.

Esse modelo, denominado ciclo de Shewhart, é levado por Deming ao Japão em

1950.

Figura 13: Ciclo de Shewhart de 1939.

Fonte: Autor desconhecido

Em 1951, o ciclo de Shewhart ganhou mais dois passos passando a

compreender: (a) o desenho do produto; (b) produzi-lo testando na linha de

produção e no laboratório; (c) colocar no mercado; (d) testar no mercado por meio

de pesquisas; (e) redesenhar o produto à luz da reação dos consumidores e

continuar girando o ciclo (Figura 18).

Figura 14 - Ciclo de Shewhart para desenvolvimento de produto.

Fonte: Autor desconhecido

Shewhart percebeu que seu modelo também é aplicável para processos

repetitivos de melhoria, substituindo as etapas de desenvolvimento e

comercialização de produtos por atividades de planejamento e análise de

melhorias, mantendo o caráter cíclico (Figura 19).

36

Figura 15: Ciclo de Shewhart para processos repetitivos de melhoria.

Fonte: Autor desconhecido

Após sua introdução no Japão, o primeiro ciclo de Shewhart foi muito bem

aceito, mas sua ideia original foi alvo de objeções. Ishikawa logo concluiu que o

plan-do-see não era adequado para o povo japonês, pois a seu ver, o significado

do verbo see – ver, olhar – “[...] propicia a atitude passiva de apenas se manter

em expectativa”. Deming explicou aos japoneses que a interpretação correta do

verbo see não é apenas ver ou revisar, mas sim tomar uma ação, ou take action

em inglês. Como essa ideia lhes pareceram mais consistente, os japoneses

rapidamente incorporaram action ao modelo, omitindo take, conforme relembra o

Dr. Noriaki Kano, autor deste relato. Assim, o modelo adotado no Japão passou a

ser o plan-do-check-action, que é o PDCA conhecido nos dias de hoje (Figura

20). Em português, essas etapas podem ser traduzidas como planejar-executar-

verificar-agir.

Figura 16: Ciclo PDCA como desenvolvido no Japão.

Fonte: Autor desconhecido

Esse modelo passou ainda por novos desdobramentos. Na década de 80,

Deming criou o modelo plan, do, study, action – PDSA – e defende a ideia de que

37

o ciclo de Shewhart pode ser utilizado por qualquer pessoa na organização, não

apenas em ambiente industrial. Deming preferia o ciclo PDSA, pois ele

incorporaria melhor a ideia original de Shewhart[xi]. Embora seja bastante popular

nos Estados Unidos, essa ideia nunca “pegou” no Japão, pois para eles o verbo

study, estudar em português, é uma diretriz que não foi bem compreendida,

sendo até considerada como “[...] uma ordem pouco significativa”.

Mais ou menos na mesma época, Ishikawa desdobra o PDCA em seis

etapas, subdividindo o P – Plan e o D – Do em duas novas etapas cada uma. A

etapa de Planejamento – P – é decomposta nas atividades de definir objetivos e

metas e estabelecer os meios que possibilitarão o cumprimento da meta. Já a

etapa de Execução – D – é decomposta nas atividades de efetuar educação e

treinamento e realizar as tarefas. Mais recentemente no Brasil, a Fundação

Nacional da Qualidade – FNQ –, vem utilizando o ciclo PDCL, que substitui a

expressão A – Action, por L – Learn, que incorpora o conceito de aprendizado

organizacional. A ideia de transformar o conhecido PDCA por PDCL partiu da

proposta elaborada por autores americanos para quem “[...] A ênfase singular no

controle que caracteriza a abordagem tradicional da implementação do TQM não

é bem seguida em condições de alta incerteza”, como se observa nos dias de

hoje.

As condições de instabilidade não possibilitariam complementar os dados

para viabilizar análises e as ambiguidades presentes nos processos decisórios

dificultariam uma implementação clássica do TQM. Daí advém a proposta de

substituir o TQM por TQL, que significa Total Quality Learning. À luz das novas

teorias administrativas, a incorporação do modelo da aprendizagem

organizacional é indicado para promover a adaptação necessária ao contexto

competitivo e à dinâmica organizacional que caracteriza os dias atuais.

Embora o PDCA seja bastante utilizado e referenciado na literatura, é

possível observar que ele é, ora chamado de conceito, ora de modelo, ora de

método, ora de técnica. Mas o que seria ele de fato?

Os modelos são padrões criados, a partir de algum critério restritivo, para

representar ou desenvolver algum processo ou atividade. São representações

simbólicas com um propósito claro, mas que, ao construí-lo, se reconhece, ao

38

mesmo tempo, que há uma limitação. Como o PDCA não é restritivo, mas uma

ideia ampla sob o qual métodos específicos podem ser criados, então ele não se

enquadra na definição de modelo.

Já as técnicas são ferramentas ou artifícios para a consecução de um

propósito parcial e temporário que faz parte de um caminho para um objetivo mais

amplo. A técnica se refere à prática direta e, por isso não serviria como inspiração

para a construção de ideias mais abrangentes.

Os métodos, por sua vez, possuem várias definições segundo a ótica

utilizada. Uma denominação geral e aceita de método é aquela que define como

um “procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se

alguma coisa, seja material ou conceitual”. Essa definição não se enquadra no

PDCA, pois ele tem uma natureza mais abstrata, não tem um propósito

específico, mas comum, e não se destina a obtenção de resultados comuns por

meio de repetição.

Os conceitos, por si, são abstrações ou construções lógicas elaboradas

para captar um fato ou fenômeno por eles representado (simbolismo lógico),

expressos mediante um sinal conceitual (simbolismo gramatical). Os conceitos

são captados por meio da percepção para tornar inteligível os acontecimentos ou

experiências que se dão no mundo real. Isso significa que o conceito é um

ordenamento lógico que simboliza uma ideia, sendo o método, portanto, um

desdobramento daquele, na medida em que possibilita uma aplicação prática

consistente.

Exemplos de métodos que se utilizaram do conceito do ciclo PDCA são as

normas de gestão da qualidade - ISO 9001 - e meio ambiente – ISO 14.001, o

OODA Loop (Observe, Orient, Decide e Act) que é um conceito aplicável ao

processo de operações de combate e estratégia militar. Há também os métodos

de análise e solução de problemas como o QC Story e o MASP, além do DMAIC

(Define, Measure, Analyse, Improve, Control) e DMADV (Define, Measure,

Analyse, Design, Verify) utilizados para solucionar problemas e desenvolver

novos produtos, respectivamente, na metodologia Six Sigma.

Assim, embora essa seja uma discussão meramente epistemológica, é

incorreto denominar do PDCA de método, pois se trata de um conceito sobre os

39

quais os métodos e modelos são derivados.

A introdução do ciclo de Shewhart no Japão foi ainda outra indagação:

onde se inicia o ciclo quando ele for usado para resolver problemas? Num fluxo

de processo normal, como mostrado nas figuras 2, 3 ou 4, é fácil relacionar o

PDCA à sequência, pois parece bastante razoável iniciar o trabalho pelo

planejamento. No entanto, quando o PDCA é utilizado para a melhoria, há uma

indagação recorrente sobre como planejar a correção de algo que não se

conhece muito bem.

Essa mesma pergunta foi feita a Deming depois de sua viagem histórica ao

Japão em 1950. Shoichi Shimizu, hoje Professor Emérito da Universidade de

Nagoya, escreveu a Deming para lhe perguntar onde se inicia o ciclo PDCA

quando utilizado para resolver problemas. Shimizu lhe ofereceu três alternativas e

a que Deming indicou foi o Check. Estava assim criado o ciclo CAPD, que é um

modelo bastante aplicado em análise de padrões de falha e na ação corretiva.

Esse modelo segue um raciocínio indutivo, enquanto que o PDCA é mais

adequado numa abordagem de projeto, onde prevalece o raciocínio dedutivo.

O CAPD inclui a correção do efeito do problema, o que na linguagem

técnica é denominado de correção, com a ação corretiva, que trata das causas do

problema. Assim, ao resolver um problema usando o CAPD, o usuário não gira

um ciclo, mas um ciclo e meio (ver figura 21), pois precisa avaliar e agir duas

vezes: a primeira sobre o efeito e a segunda sobre a causa.

Figura 17: Ciclo CAPD para correção e ação corretiva.

Fonte: Autor desconhecido

A aplicação prática do CAPD acontece nos processos de ação corretiva,

40

popularizados pelo método das 8 Disciplinas, ou 8D, da Ford Motor Company.

Esse método tem como a primeira etapa descrever o problema em todas as

dimensões possíveis. A segunda trata de conter os problemas, dentro do limite de

controle de fornecedor, antes que uma ação definitiva seja proposta e

implementada. Essas etapas se definem de forma clara como check e act,

respectivamente, na definição do PDCA. O planejamento das ações propriamente

dita acontece apenas na quinta etapa. Parece, portanto que, embora a indagação

sobre onde começa o ciclo PDCA tenha sido feita pelos japoneses, foram os

americanos da Ford que implementaram o ciclo CAPD na prática.

Hoje em dia, muitas organizações adotam o método 8D, com outra

denominação como, por exemplo, Relatório de Ação Corretiva, Relatório de Não

Conformidade, ou algo parecido.

O caminho que levou ao desenvolvimento do PDCA remonta à revolução

científica, que começou a quase 400 anos. Nos últimos 70 anos, após a

publicação do ciclo de Shewhart, ele vem ajudando pessoas e empresas a

estruturar o pensamento, a ordenar esforços e a planejar todo o tipo de projeto ou

mudança, dos pequenos aos grandes, dos simples aos complexos, dos rápidos

aos plurianuais.

Diante de sua notoriedade, o PDCA tornou-se um conceito universal, um

verdadeiro legado, um conceito cujo proprietário é a humanidade, que dele tem se

utilizado e dele pode depender para a resolução de muitos problemas que afligem

a sociedade moderna. E é na complexidade do mundo de hoje, que o PDCA

mostra seu maior valor: o da simplicidade. E é essa simplicidade que ilumina

mentes humanas e mostra o caminho, sem se preocupar em acertar na primeira,

mas acertar, mais cedo ou mais tarde.

41

2.12 MASP

O método de análise e solução de problemas, também conhecido como

MASP, é a denominação que o QC-Story, método de solução de problemas de

origem japonesa, acabou sendo atribuída no Brasil.

MASP é a abreviatura usada para o método de análise e soluções de

problemas é um roteiro complexo utilizado para resoluções de problemas em

empresas, trata-se de uma metodologia para manter e controlar a qualidade de

produtos, processos ou serviços.

O MASP é um método prescritivo, racional, estruturado e sistemático para

o desenvolvimento de um processo de melhoria num ambiente organizacional,

visando solução de problemas e obtenção de resultados otimizados. O MASP se

aplica aos problemas classificados como “estruturados” (SIMON, 1997; NEWELL

et al.(1972), cujas causas comuns (DEMING, 1990) e soluções sejam

desconhecidas (HOSOTANI, 1992), que envolvam reparação ou melhoria

(NICKOLS, 2004) ou performance (SMITH, 2000) e que aconteçam de forma

crônica (JURAN et al., 1980; PARKER; 1995). Pode-se perceber que para serem

caracterizados da forma acima, os problemas precisam necessariamente possuir

um comportamento histórico. Devido à esse fato, o MASP se vale de uma

abordagem que Parker (1995) caracteriza como “reativa”, o que contrasta com a

abordagem “proativa” necessária aos problemas de engenharia (NICKOLS, 2004)

ou de concepção (SMITH, 2000; AVRILLON, 2005).

A introdução do QC-Story na literatura foi feita por Campos (2004). O

método é apresentado apenas como um componente do Controle da Qualidade

Total, um movimento de proporções muito mais amplas. O método apresentado

pelo autor é denominado de MSP – Método de Solução de Problemas, que se

popularizou como MASP - Método de Análise e Solução de Problemas. Embora

não ressalte as diferenças nos passos ou sub-passos das abordagens, Campos

(2004) afirma que o Método de Solução de Problemas apresentado por ele “é o

método japonês da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers) chamado

‘QC-Story’”. Talvez devido aos fatores históricos e influências culturais e

gerenciais, o MASP é o método de solução de problemas mais difundido e

42

utilizado no Brasil (ALVAREZ, 1996). Em Minas Gerais por exemplo, ele é

empregado e discutido em grupos de empresas e profissionais há mais de 20

anos.

O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e sub-passos pré-

definidos para a escolha de um problema, análise de suas causas, determinação

e planejamento de um conjunto de ações que consistem uma solução, verificação

do resultado da solução e realimentação do processo para a melhoria do

aprendizado e da própria forma de aplicação em ciclos posteriores. O MASP

prescreve como um problema deve ser resolvido e não como ele é resolvido,

contrapondo dois modos de tomada de decisão que Bazerman (2004) denomina

de “modelo prescritivo” e “modelo descritivo”.

O MASP segue o primeiro modelo e por esse motivo é também definido

como um modelo racional. Partindo também do pressuposto de que toda solução

há um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela que

maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos. Há, portanto, um

ponto ideal para a solução, em que se pode obter o maior benefício para o menor

esforço, o que pode ser definido como decisão ótima (BAZERMAN, 2004).

A construção do MASP como método destinado a solucionar problemas

dentro das organizações passou pela idealização de um conceito, o ciclo PDCA,

para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve a tomada de

decisões, a formulação e comprovação de hipóteses, a objetivação da análise dos

fenômenos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.

Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não se confunda

os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz, ele procura resolver

problemas de forma rápida e objetiva e com menor custo a empresa, ou seja, é

um método que tem como característica a racionalidade utilizando lógica e dados.

O MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) é um processo de

melhoria que apresenta 8 etapas, sendo que cada uma delas contribui para a

identificação dos problemas e a elaboração de ações corretivas e preventivas

para eliminá-los ou minimizá-los.

43

Vamos entender cada uma dessas etapas.

Figura 18: MASP

Fonte: Autor desconhecido

Etapa 1 - Identificar

Nessa etapa você deve definir claramente o seu problema (não -

conformidade) para atacá-lo nas etapas posteriores.

Ferramentas utilizadas: Brainstorming, Análise de Dados Históricos,

Pareto, Histogramas.

Etapa 2 - Observar

Momento de se realizar uma observação profunda sobre o problema em

questão para que a etapa posterior de análise possa ser efetuada com o máximo

de informações possíveis.

Ferramentas utilizadas: Benchmarking, lista de verificação, Diagrama de

Causa e Efeito.

44

Etapa 3 - Analisar

Na etapa de análise do problema o objetivo é descobrir as suas possíveis

causas fundamentais. Atacando as causas, será possível solucionar o problema

de forma eficaz.

Ferramentas utilizadas: Questionários, Benchmarking, Diagrama de Causa

e Efeito, 5 porquês.

Etapa 4 -Planejar / Plano de Ação

Nesta etapa é elabora o Plano de Ação (pode ser mais de um) para atacar

as causas fundamentais dos problemas, defina responsabilidades, prazos, custos,

métodos de execução e indicadores para monitorar a eficácia da ação.

Ferramentas utilizadas: Plano de ação 5W2H1S, ou também 5W2H. Outra

ferramenta que pode ajudar é o Cronograma da ação.

Etapa 5 - Agir

Neste momento é só colocar tudo em prática, então mãos a obra.

Etapa 6 - Verificar

Aqui é feito o controle das ações, é verificado se os planos de ação e

cronogramas foram executados e se seus resultados foram satisfatórios em

atender as demandas iniciais.

Ferramentas utilizadas: Análise de dados e gráficos, pesquisa de

satisfação, indicadores, inspeção.

Etapa 7 - Padronizar

Uma vez que a solução do problema foi alcançada é importante padronizar

o seu sucesso, o objetivo é evitar que o problema volte a ocorrer. Por exemplo: se

você teve um problema na inspeção de matérias - primas porque não existia um

procedimento formal e cada funcionário recebia os produtos sem algum critério,

então é o momento de na solução você mapear, documentar e implementar esse

processo.

Ferramentas utilizadas: Formulários, procedimentos, vídeos, tutoriais,

fluxogramas, palestras e treinamentos.

45

Etapa 8 - Concluir

Este é um momento para gestão do conhecimento, documentar e refletir

sobre os problemas e usar essa reflexão como insumos para o planejamento de

futuros projetos e processos. É através da conclusão e raciocínio que nós e as

organizações conseguimos melhorar continuamente.

Diferença entre o MASP e o PDCA

O MASP é um método gerencial utilizado tanto na manutenção, como

também na melhoria das ações.

O PDCA é um método de gestão que visa controlar e gerar resultados

precisos nas atividades das organizações. Apresenta quatro passos: P (plan –

planejar); D (do – fazer); C (check – verificar); A (act – agir).

O MASP utiliza o PDCA como ferramenta para a solução de problemas.

A figura abaixo mostra seu funcionamento em conjunto.

Figura 19: Ciclo PDCA associado ao MASP

Fonte: Autor desconhecido

46

Ao estudarmos a qualidade precisamos entender que o volume de

ferramentas já desenvolvidas para a gestão da qualidade é muito grande. O

segredo do sucesso na gestão da qualidade está na forma de uso delas.

Uso combinado destas ferramentas, buscando a melhor combinação das

ferramentas com os objetivos organizacionais, ou seja, tudo deve estar amarrado

sob a forma de um sistema integrado de gestão da qualidade. Cada ferramenta é

utilizada com um propósito claro de integração da estratégia organizacional com a

estratégia para a qualidade.

O Método de Análise e Soluções de Problemas (MASP) é utilizado para

resolver problemas e controlar o processo, com as seguintes funções de

identificação do problema, observação, análise, plano de ação, execução,

verificação, padronização e conclusão. Para cada uma dessas funções, existe

uma série de atividades que devem ser realizadas.

O sucesso na aplicação das técnicas de gerência de processos depende

de essenciais e invisíveis insumos: a motivação e o comprometimento de todos

os propósitos estabelecidos.

O uso das ferramentas nessas atividades tem o objetivo de facilitar a

execução das funções, além de dar agilidade e evitar desperdiçadores de tempo.

A tabela abaixo nos mostra como as ferramentas da qualidade são

utilizadas em conjunto com o MASP.

Quadro 2 – MASP e as Ferramentas de Qualidade

Legenda: X = aplicação frequente; O = aplicação eventual.

Fonte: Elaborado pelo autor

Ferramenta Identificação do Problema

Observação AnálisePlano de

AçãoExecução Verificação Padronização Conclusão

Diagrama de Pareto x x x x x x

Diagrama de Causa e Efeito x x x x x x

Diagrama de dispersão x x

Gráfico de Controle o o o o o x x

Histograma o x x x

Fluxograma x x x x x x

Brainstorming x x x x o o

Coleta de dados x x x x x x o o

47

Capítulo III

3. A Implementação da Ferramenta MASP

A fim de alcançar o objetivo proposto acima, este tópico apresenta

inicialmente uma análise metodológica quanto à caracterização desta pesquisa

em relação à natureza, objetivos, resultados e os métodos utilizados.

Posteriormente, são definidos os sujeitos da pesquisa, variáveis de pesquisa,

instrumentos de coleta de dados, etc.

De acordo com Miguel (2008), em um trabalho cientifico a metodologia de

pesquisa possui grande importância devido à necessidade de embasamento

cientifico adequado que o trabalho exige. Deste modo constantemente deve-se

procurar a melhor abordagem de pesquisa a ser utilizada para endereçar as

questões da pesquisa, bem como seus respectivos métodos e técnicas para seu

planejamento e condução. Desta forma, deve-se proporcionar o desenvolvimento

de trabalhos mais bem estruturados e também contribuir direta ou indiretamente

para a geração de conhecimento.

Tendo em vista esta importância, alguns dos macros objetivos de uma

pesquisa podem ser os seguintes itens relacionados abaixo (SELLTZ, 1975):

o Familiarizar ou conseguir uma nova compreensão sobre um

fenômeno;

o Apresentar informações sobre uma dada situação, grupo ou

entidade;

o Verificar a frequência com que algo ocorre ou como se liga a outros

fenômenos;

o Verificar uma hipótese de relação causal entre variáveis.

o As pesquisas geralmente costumam apresentar as quatro

características citadas acima.

48

3.1 Classificação das Pesquisas

As pesquisas podem ser classificadas de quatro formas (GODOY, 1995;

MAYS e POPE, 1996; MATTAR, 1996):

· Quanto à natureza:

o Pesquisa básica: objetiva criar novos conhecimentos úteis para o

avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e

interesses universais.

o Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação

prática com o propósito de solucionar problemas específicos. Envolve

verdades e interesses locais.

· Quanto à forma de abordagem do problema:

o Pesquisa quantitativa: significa conseguir quantificar tudo o que for

possível, ou seja, traduzir em números opiniões e informações para

classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas

estatísticas (percentagem, média, moda, etc.).

o Pesquisa qualitativa: o vínculo indispensável entre a objetividade e a

subjetividade, o que não pode ser traduzido em números. O ambiente

natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o

instrumento-chave. É descritiva.

· Quanto aos seus objetivos:

o Pesquisa exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o

problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.

Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que

tiveram experiências práticas com o problema pesquisado. Assume,

em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.

49

o Pesquisa descritiva: visa descrever as características de determinada

população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre

variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados:

questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de

levantamento.

o Pesquisa explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou

contribuem para a ocorrência dos fenômenos, explica a razão, o

“porquê” das coisas. Quando realizada nas ciências naturais, requer o

uso do método experimental, e nas ciências sociais requer o uso do

método observacional. Assume, em geral, a formas de Pesquisa

Experimental e Pesquisa Expost-facto.

· Quanto aos procedimentos técnicos e métodos adotados, que serão

discutidos no próximo tópico mais especificamente para a Engenharia de

Produção.

Após esta pequena revisão da literatura sobre os tipos de classificações

pode-se dizer que este trabalho quanto a sua natureza é uma pesquisa aplicada,

pois existem interesses locais para a resolução de um problema especifico.

Quanto à forma de abordagem do problema ele se classifica como pesquisa

qualitativa, já que não temos como separar a subjetividade e nem tudo será

traduzindo em números, tendo também o pesquisador como instrumento chave

para conseguir as informações, dados necessários e interpretá-los. Em relação

aos seus objetivos é uma pesquisa exploratória que visa fazer um levantamento

bibliográfico, coleta de dados de diversas maneiras para levantar hipóteses e

possíveis soluções de melhoria para um problema.

3.1.1 Procedimentos e métodos de pesquisa

Para Michel (2007), os principais métodos e procedimentos técnicos

adotados nas pesquisas envolvem os seguintes tipos relacionados e explicados

abaixo:

· Estudo de caso: método utilizado no presente trabalho e melhor

50

detalhado na próxima seção;

· Desenvolvimento teórico-conceitual: Apesar de os

desenvolvimentos teóricos poderem advir de discussões

conceituais da literatura ou de revisões bibliográficas, seu escopo

principal envolve, sobretudo, modelagens conceituais que resultam

em novas teorias;

· Survey: Compreende em um levantamento de dados em uma

amostra significativa acerca de um problema a ser estudado para,

em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as

conclusões correspondentes aos dados coletados. Contribuindo

assim para o conhecimento em uma área particular de interesse. As

surveys podem ser classificadas como exploratórias, confirmatórias

ou descritivas;

• Modelagem ou simulação: consiste no uso de técnicas

matemáticas para descrever o funcionamento de um sistema ou

parte de um sistema produtivo. A modelagem é completada com o

uso da simulação, que através de técnicas computacionais simula

a operação de sistemas produtivos, baseado em um conjunto de

variáveis em dado domínio, de forma a investigar a relação causal

e quantitativa entre essas variáveis;

· Pesquisa-ação: é um tipo de pesquisa com base empírica que é

concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou

com a resolução de um problema coletivo e na qual os

pesquisadores e participantes representativos da situação ou do

problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo, ou

seja, o pesquisador não é um mero expectador ele toma ação;

· Pesquisa bibliográfica ou revisão de literatura: apresenta-se

como uma atividade importante para identificar, conhecer e

51

acompanhar o desenvolvimento da pesquisa em determinada área

do conhecimento, além de permitir a cobertura de uma gama de

fenômenos geralmente mais ampla do que aquela que poderia ser

pesquisada diretamente. Além do mais, as revisões permitem a

identificação de pesquisas futuras, contribuindo com sugestões de

ideias para o desenvolvimento de novos projetos de pesquisas.

· Pesquisas Experimentais: tratam de um estudo sobre a relação

causal entre duas ou mais variáveis de um sistema sob condições

controladas pelo pesquisador, geralmente conduzidas em

laboratórios. Nesse tipo d e pesquisa, na maioria das vezes o

pesquisador manipula e controla as variáveis e observa as

variações que tal manipulação e controle produzem sobre o

fenômeno em estudo.

3.2 Estudo de Caso

O estudo de caso foi à forma mais adequada de se apresentar o tema

proposto. É um estudo realizado em experiências, e não em dados científicos,

que investiga um determinado fenômeno com o objetivo de aprofundar o

conhecimento a respeito de um problema não suficientemente definindo, visando

instigar a compreensão, sugerir hipóteses e questões ou também desenvolver

alguma teoria (YIN,2001).

Em geral, o fenômeno investigado é contemporâneo, dentro de um

contexto real de vida e as fronteiras entre o fenômeno e o contexto em que ele

se insere não são claramente definidos.

Portanto, trata-se de uma análise aprofundada de um ou mais objetivos (casos)

atuais, para que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tentando

esclarecer o motivo pelo qual uma decisão ou conjunto de decisões foram

implantados e com quais resultados alcançados (YIN, 2001).

Ainda segundo Yin (2001) o estudo de caso tem sido considerado “o irmão

52

mais fraco dos métodos de pesquisa”, e isto ocorre principalmente devido à falta

de rigor, precisão e objetividade que algumas investigações desta abordagem

podem ter. Outra desvantagem observada no estudo de caso é o fornecimento de

pouca base cientifica para permitir generalização, e isso se deve ao fato do

estudo ser feito em cima de uma situação especifica e de interesses locais, não

representando assim uma a mostra. Além disso, o estudo costuma demorar muito

tempo para ser realizado, e resulta em grandes documentos que se tornam

difíceis de serem lidos.

Mas, apesar das fraquezas e limitações apontadas, o estudo de caso tem

tido um uso extensivo na pesquisa, isso reside no fato de que é uma abordagem

que permite se aprofundar e detalhar bastante um determinado cenário,

lembrando que o enfoque deste tipo de pesquisa é estudar e analisar um caso

em específico. Além de ter capacidade de lidar com uma completa variedade de

evidências, como documentos, artefatos, entrevistas e observações.

De forma sintética, Yin (2001) apresenta quatro aplicações para o Método

do Estudo de Caso:

a) Para explicar ligações causais nas intervenções na vida real que

são muito complexas para serem abordadas pelos surveys ou pelas

estratégias experimentais;

b) Para descrever o contexto da vida real no qual a intervenção

ocorreu;

c) Para fazer uma avaliação, ainda que de forma descritiva, da

intervenção realizada;

d) Para explorar aquelas situações onde as intervenções avaliadas

não possuam resultados claros e específicos.

O mesmo autor identifica algumas etapas que devem ser seguidas para a

elaboração e uma boa execução do estudo de caso, dentre eles: definir

claramente o problema, estruturar o formato da coleta de dados e perguntas a

serem feitas, definir a abrangência dos elementos do caso e determinar os

53

instrumentos de coleta de dados.

O presente trabalho foi realizado da seguinte forma:

· Etapa 1: Identificar o problema a fim de realizar o estudo de caso.

· Etapa 2: Realizou-se um pesquisa bibliográfica sobre a Gestão de

Qualidade, mais especificamente, focada na ferramenta MASP.

· Etapa 3: Foi realizado levantamento de dados na empresa, através de

reuniões e entrevistas com analistas, além da coleta de informações em

planilhas e sistemas.

· Etapa 4: Após a coleta, realizou-se uma análise dos dados, a fim de se

identificar o estado atual da empresa e como seria o estado futuro após as

implementações. Nesta etapa, um projeto de melhorias foi apresentado.

· Etapa 5: Finalmente, são apresentadas as conclusões e mudanças

ocorridas com base na análise dos resultados.

54

4 Desenvolvimento do estudo de caso

4.1 Apresentação da empresa

A empresa, alvo do estudo de caso deste trabalho, está localizada na cidade do

Rio de Janeiro. Trata-se de uma empresa de seguros e possui mais de 25 anos de

atuação no mercado. Trata-se de uma companhia de capital nacional de médio porte,

com, aproximadamente, 500 funcionários e com forte atuação no mercado de

indenizações.

Atualmente, a empresa recebe cerca de 3.200 pedidos de indenizações por dia

de três tipos de categorias, sendo elas: morte, invalidez e despesas médicas. Essas

solicitações precisam ser analisadas a fim de identificar alguma irregularidade nas

documentações ou nos relatos das vítimas, para que a empresa não seja lesada por

pessoas que não tem o direito a receber a indenização.

A companhia possui uma equipe antifraude responsável por fazer essa

investigação documental, e para isso precisa analisar todas as solicitações para não

correr o risco de indenizar uma solicitação fraudulenta.

Pensando em melhorar a eficiência da equipe, foi implementada a metodologia

MASP para alcançar um melhor resultado das análises feitas e melhorar os indicadores

da empresa.

55

4.2 Situação da empresa antes da implementação do MASP

A empresa trabalha com uma demanda mensal de, aproximadamente, 60 mil

pedidos de indenizações. Esses processos passam por um sistema para identificar quais

solicitações possuem algum tipo de risco de irregularidade. Após esse processo, as

solicitações que possuem os maiores riscos de irregularidades são direcionadas para a

equipe antifraude para averiguar as documentações, os laudos e os relatos do sinistro a

fim de confirmar a irregularidade.

A equipe responsável pelas análises é composta por 23 analistas, sendo

separados por categorias. A equipe de morte é composta por 5 analistas, a equipe de

invalidez por 9 analistas, a equipe de despesas médicas por 7 analistas e finalizando a

equipe, existem 2 supervisores para a coordenação do quadro de analistas.

Antes da implementação do MASP, a equipe tinha a capacidade de analisar em

média 5.481 solicitações por mês e identificava em média 321 pedidos com

irregularidade, com um tempo médio de análise (TMA) de 00:19:41.

O problema que a equipe enfrentava era a demora na análise dos pedidos e o

não acompanhamento do crescimento das análises perante o crescimento de

solicitações que vem acontecendo na companhia. Ou seja, conforme vem crescendo a

quantidade de solicitações de indenizações na empresa, a equipe não estava

conseguindo suprir esse volume. E como não era possível aumentar o quadro de

analistas, foi-se necessário à elaboração de um projeto para conseguir suprir essa

demanda sem perder a qualidade da eficiência que era de 5,9% no ano de 2015,

conforme Gráfico 1.

56

Gráfico 1 – Eficiência 2015 antes do MASP

Fonte: Elaborado pelo autor

A partir destas informações, foi elaborado um projeto utilizando a metodologia do

MASP para identificar os principais gargalos e o onde poderia ter ganhos significativos

dentro do fluxo, sem perder a eficiência.

4.3 Análise e Identificação do Problema

Buscando novas e melhores maneiras de produzir, para acompanhar o

crescimento do mercado e para fazer o melhor controle de operação é importante

estabelecer medidas de desempenho baseadas nos cinco objetivos.

Foi necessário atingir alto desempenho em um critério inicial e, a partir disso, no

médio e longo prazo, para alcançar o resultado esperado.

Inicialmente foi feita uma reunião com os responsáveis para fazer um

brainstorming a fim de identificar os principais problemas e as possíveis soluções de

melhoria. Foi feito um estudo no fluxograma desse processo para verificar as etapas que

poderiam ser melhoradas.

57

Figura 20: Fluxograma do Processo

Fonte: Autor desconhecido

4.3.1 Processo de Análise

O processo de análise funciona com a definição do sistema em determinar quais

solicitações de indenização possui maior suspeita de irregularidades, a partir de um

critério pré-programado no sistema. O sistema separa 200 processos por dia, e fica

armazenados em uma fila única onde a supervisão faz a distribuição dos processos para

os analistas de cada categoria. Após isso, os analistas verificam se a documentação já

foi digitalizada para efetuar as análises documentais, caso não tenha sido ainda

digitalizada volta para o final da fila única para o supervisor efetuar a distribuição

novamente no dia seguinte, e com isso esses processos acabam impactando na

quantidade do dia seguinte, e fazendo com que perca o prazo de análise de alguns

processos. Os processos que possuem documentos digitalizados, são devidamente

analisados para identificar as irregularidades a fim de materializar a fraude. E finalizando

os analistas cadastram algumas informações pertinentes para a estatísticas gerenciais

dos tipos de pedidos que são analisados e identificados como fraude.

Foi identificado 5 principais problemas, conforme podemos ver no diagrama

abaixo.

58

Figura 21: Diagrama de Causa e Efeito dos Problemas

Fonte: Autor desconhecido

• Equipes diferentes – quando em um determinado dia aparece mais

solicitações de apenas um tipo de categoria do que de outra, acaba

sobrecarregando muito mais uma equipe e deixando uma ou duas equipes

mais ociosa. E se a equipe não conseguir dar conta de todas as análises,

isso pode fazer com que se perca o prazo de análise das solicitações.

• Pedidos sem documentos digitalizados – isso ocorre quando o pedido

de solicitação chega nas mãos do analista antes da empresa terceirizada

responsável pela digitalização das documentações demora, ou se atrasa

em digitalizar os documentos. Com isso, o pedido precisa voltar para fila

única e ficar aguardando a digitalização do documento, sendo necessário,

ficar entrando em contato com a empresa para efetuar as devidas

cobranças, pois o prazo da análise já está acontecendo.

• Cadastramentos de dados – além de ter que analisar toda a

documentação para confirmar a veracidade dos documentos, de entrar em

contato com os clientes, delegacias, IML, hospitais, para confirmar o

sinistro. Os analistas precisam cadastrar em um segundo sistema algumas

informações que são carregadas no primeiro sistema, porém a equipe

antifraude não possui acesso sistêmico para consultar essas informações

para poder criar algumas estatísticas a fim de tentar identificar padrões nos

pedidos identificados como irregulares para poder cada vez mais

59

aperfeiçoar o nível de suspeita das novas solicitações de indenizações que

entram na companhia.

• As faltas dos analistas – isso ocorre quando algum analista por motivos

pessoais não tem condições de trabalhar. Isso acaba sobrecarregando os

demais membros de sua equipe, porque os processos que deveriam ir

para ele acabam sendo redistribuídos para os demais de sua equipe.

• As faltas dos supervisores – como são os supervisores que precisam

entrar na fila única e direcionar o processo para qual analista irá ser

designado. Quando um dos dois ou até mesmo os dois precisam faltar, a

operação fica comprometida. Pois, apenas os supervisores têm permissão

de enviar os processos para os analistas, então quando um dos dois falta

o outro fica muito sobrecarregado para ficar fazendo essa tarefa o dia todo

e acaba não dando atenção para os problemas diários da operação.

Quando acaba faltando os dois, o gerente precisa tomar esse lugar para

que a operação não fique parada.

Esses problemas serão observados e analisados para determinar o plano de ação

que deverá ser tomado.

4.4 Análise e Observação do Problema

Após a identificação dos principais problemas, foi feita uma segunda reunião para

observar a frequência e os efeitos em que cada um desses problemas pode ocorre e

pode acarretar respectivamente, para todo o fluxo da operação.

Foi feito uma coleta de dados referente ao ano de 2015 para estudar os

problemas a fim de criar um plano de ação para correção dos mesmos.

Após as análises dos dados coletados foi possível visualizar a frequência em que

cada um dos problemas identificados ocorre ao longo do ano.

Quadro 3 – Frequência dos Problemas

60

Problemas Frequência Pedidos sem documentos digitalizados Acontece todos os dias

Cadastramento de dados Acontece todos os dias Falta de analistas 91 faltas

Equipes diferentes 24 vezes em que aconteceu de cair apenas pedidos apenas de um tipo de categoria

Falta de supervisor 9 faltas Fonte: Elaborado pelo autor

4.5 Plano de Ação

Após analisar os problemas identificados, foi feito o planejamento das ações que

será tomada para atuar em cima dos problemas a fim de melhorar o processo como um

todo.

Foi determinado 4 ações para corrigir e alterar o fluxo do processo de análises a

fim de melhorar a performance do resultado final.

• Primeira ação a ser tomada – treinar todos os analistas para que todos

possam ter autonomia para pegar os processos na fila única de análise e

para analisar processos de todas as 3 categorias, transformando-os em

analistas multifuncionais. Isso vai evitar de sobrecarregar o supervisor e

apenas uma equipe quando tiver pedidos de apenas um tipo de categoria

e vai evitar de sobrecarregar os analistas de apenas uma equipe quando

um analista precisar faltar. Dessa forma todos os analistas estarão aptos a

analisar por todos e isso reduzirá o risco de perder os prazos de análises

dos processos.

• Segunda ação a ser tomada – alterar o sistema para que todos os

analistas possam entrar na fila única e atribuir o pedido para si mesmo,

sem a necessidade de uma pessoa (supervisor) precisar designar para

um analista. Isso evitará que a operação fique comprometida caso um

supervisor falte. Além do mais, o supervisor poderá dar mais atenção a

operação sem precisar perder tempo distribuído processos para cada

analista.

61

• Terceira ação a ser tomada – ajustar o sistema para separar para a fila

única de análise apenas os pedidos que já possuírem carga de

documentos digitalizados. Com isso, todos os processos quando forem

ser analisados já terá documentos evitando que o processo fique parado

correndo o risco de perder o prazo de análise aguardando a

documentação ser analisada.

• Quarta ação a ser tomada – como o sistema armazena os mesmos

dados que são cadastrados pelos analistas no segundo sistema. Será

solicitado a equipe de TI da companhia que gere um relatório semanal

para a gerência com os dados necessários para efetuar os relatórios

estatísticos. Desta forma, os analistas não precisarão perder mais tempo

cadastrando esses dados e ganhará mais tempo para analisar mais

processos e poderá focar mais nas análises a fim de aumentar a

quantidade e a eficiência das análises.

O fluxograma será reajustado eliminando as etapas do processo que será

descontinuado, conforme a figura abaixo.

Figura 22 – Fluxograma com as Etapas Descontinuadas

Fonte: Autor desconhecido

Com a redução dessas etapas, o tempo de análises será reduzido e o prazo de

análises será mais respeitado. E os analistas poderão focar mais em analisar do que em

cadastramento de dados. Sendo assim, o novo fluxograma do processo sem as etapas

62

descontinuadas fica mais compacto.

Figura 23: Novo Fluxograma do Processo

Fonte: Autor desconhecido

4.6 Execução

Após o plano de ação definido, foi feito uma nova reunião com a gerência para

poder dar o aval para a execução do novo fluxo do processo.

O sistema foi modificado em uma semana pela empresa responsável pelo

desenvolvimento do sistema. O treinamento foi aplicado em 2 semanas para toda a

operação com as modificações sistêmicas e com os novos tipos de análises para as 3

categorias, unificando as equipes em uma única equipe de análise. E a equipe de TI

começou a enviar toda semana o relatório estatístico.

Depois de colocar o plano de ação em execução, precisava acompanhar e

verificar os resultados de curto prazo, para não demorar a tomar outras ações

corretivas, caso necessário.

4.7 Verificação e Padronização

Primeira verificação foi feita com 3 meses para ter um período razoável para

comparar com o ano anterior. Foi possível notar uma melhora significativa nos

comparativos dos dados.

Nas quantidades de Análises feitas em relação à média do 1º trimestre de 2015

tivemos um aumento de 15,7%.

Nas quantidades de Fraudes identificadas em relação à média do 1º trimestre de

2015 tivemos um aumento de 50,3%.

No percentual de eficiência em relação à média do 1º trimestre de 2015 tivemos

um aumento de 30,6%.

63

O tempo médio da análise (TMA) foi de 00:19:41 para 00:13:21

Gráfico 2 – Comparativo 1º Trimestre

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 3 – 1º Trimestre 2015

Fonte: Elaborado pelo autor

5.481

321 5,90%

6.843

5077,40%

24,8%

57,9%

25,4%

-120,0%

-100,0%

-80,0%

-60,0%

-40,0%

-20,0%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

Média Análises Média Fraudes Média da Eficiência

Indicador de desempenho

2015 2016 % Melhoria

5241 49635628

320 296 374

6,1% 6,0%

6,6%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

jan fev mar

1º Trimestre 2015

Analisados Fraudes % Eficiência

64

Gráfico 4 – 1º Trimestre 2016

Fonte: Elaborado pelo autor

A partir desses demonstrativos dos resultados do 1º trimestre, a gerência decidiu

padronizar as mudanças tomadas para o ano todo de 2016. A fim de alcançar o objetivo

proposto de melhorar a performance do ano de 2016 em relação ao ano anterior.

Finalizando o ano, é possível verificar se realmente a padronização das

mudanças no processo surgiu o efeito esperado pela gerência.

No gráfico abaixo, pode-se notar que o acumulado alcançado foi de 7,4% de

eficiência, ou seja, a equipe unificada e sem a tarefa de cadastrar dados, conseguiu

analisar mais processos e identificar um número maior de irregularidades.

Gráfico 5 – Eficiência após o MASP

Fonte: Elaborado pelo autor

6643

5182

6484

547 417 524

8,2% 8,0% 8,1%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

jan fev mar

1º Trimestre 2016

Analisados Fraudes % Eficiência

65

Após quase um ano da implementação do MASP, pode-se confirmar que os

resultados positivos se mantiveram ao longo do ano. E faltando apenas um mês para

fechar o ano de 2016 é possível analisar os indicadores de melhoria de desempenho,

onde o crescimento da média de análises mensal foi 24,08% em relação ao ano de

2015. A média da quantidade de fraudes identificadas por mês cresceu 57,90% e a

eficiência da operação aumentou 25,40% em relação ao ano anterior.

Gráfico 6 – Comparativo após o MASP

Fonte: Elaborado pelo autor

Os resultados foram muito positivos, e isso criou uma confiabilidade maior na

área, porque a quantidade de processos entregues fora do prazo diminui devido a

redução do tempo das análises e alterando o sistema para selecionar apenas as

solicitações que possuem documentos digitalizados

Quadro 4 – Frequência dos Problemas após o MASP

Problemas Frequência ANTES do MASP Frequência

APÓS o MASP

Pedidos sem documentos digitalizados

Acontece todos os dias -

Cadastramento de dados Acontece todos os dias - Falta de analistas 51 faltas 34

Equipes diferentes 24 vezes em que aconteceu de cair apenas pedidos apenas de um tipo de categoria

-

Falta de supervisor 9 faltas 5 Fonte: Elaborado pelo autor

5.481

3215,90%

6.843

5077,40%

24,8%

57,9%

25,4%

-120,0%

-100,0%

-80,0%

-60,0%

-40,0%

-20,0%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

Média Análises Média Fraudes Média da Eficiência

Indicador de desempenho

2015 2016 % Melhoria

66

Mesmo com as faltas dos analistas e dos supervisores, não gerou impacto na

operação de análises. Pois, com o novo fluxo do processo, a equipe está estruturada

para suportar essas ausências sem impactar as análises, os prazos dos processos e

sem sobrecarregar os analistas presentes.

Portanto os resultados foram satisfatórios para a gerência, para a operação e

principalmente para companhia que era impactada com os problemas que existia dentro

do fluxo antigo.

67

5 Conclusão

Toda empresa para conseguir alcançar um desempenho satisfatório precisa

buscar a excelência por meio de um processo continuo de melhoria, é valido fazer um

projeto que demande um tempo para ser planejado e estruturado, mas que poderá

trazer bons resultados após sua conclusão.

As organizações podem implantar um programa permanente de melhoria

continua, sempre revendo seus processos, tarefas e funções fazendo girar um ciclo de

análises a fim de melhorar constantemente seus processos, como vimos no estudo

apresentado com a implementação da ferramenta MASP.

Conforme a proposta apresentada no inicio do projeto, os objetivos traçados

foram atingidos e as melhorias nos processos foram alcançadas. O estudo possibilitou a

análise da implementação da metodologia MASP em uma empresa do ramo de seguros

com uma demanda elevada de pedidos de indenizações. Onde, foram feitas reuniões

para se discutir os principais problemas da operação e as possíveis soluções. A partir

disso, foram feitos os planejamentos das ações que deveriam ser tomadas para

conseguir realizar as mudanças necessárias para melhorar a performance do processo.

Após a implantação das mudanças foi criado os controles para monitorar os indicadores

de desempenhos a fim de confirmar se as alterações nos fluxos dos processos estavam

trazendo resultados positivos para a gerência. Depois de 3 meses, a gerência decidiu

padronizar as mudanças, a partir do bom resultado que trouxe e após quase 1 ano da

implementação do MASP, pois as mudanças realmente foram positivas para toda a

operação.

Vale ressaltar que, a equipe precisa continuar mantendo o conceito da

metodologia MASP para os outros processos, até mesmo conseguir ampliar para toda a

companhia para poder crescer uma empresa que se renova sempre acompanhando as

mudanças do mercado.

Portanto, conclui-se que o projeto foi válido para a implementação da Metodologia de Análise e Soluções de Problemas no processo operacional de análises documentais.

68

BIBLIOGRAFIAS

CHIAVENATO, I. Iniciação ao Planejamento e Controle de Produção. São Paulo: McGraw-Hill, 1990.

CORREA, H. L.; CORREA, C. A. Administração de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2004.

FERNANDES, F.C.F.; GODINHO FILHO, M. Planejamento e Controle da Produção dos Fundamentos

ao Essencial . 1a Edição, Editora Atlas, 2010.

GODOY, A.S. Introdução à Pesquisa Qualitativa e suas Possibilidades. Revista de Administração de

Empresas, v.35, n.2, p.57-63, 1995.

LUSTOSA, O. Planejamento e Controle da Produção. São Paulo, Elsevier, 2008.

MATTAR, F.N. Pesquisa de Marketing: Metodologia e Planejamento. São Paulo: Atlas,1996.

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da escola cientifica à competitividade na

economia globalizada. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MICHEL, P.A.C. Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para

sua condução. Produção, v.17, n.1, p.216-229, 2007.

OLIVEIRA, O. J. Gestão da Qualidade: Tópicos Avançados. São Paulo: Thomson, 2003.

SACOMANO, J. B. Uma análise da estrutura funcional do planejamento e controle da produção e

suas técnicas auxiliares. Dissertação de Doutorado. São Carlos, EESC-USP,1990.

SILVA, T. F. A. Estudo sobre Sistema de Medição de Desempenho Baseado nas Ferramentas da

Produção Enxuta . Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Engenharia de São Carlos – USP,

2007.

SLACK, N. CHAMBERS, S. HARLAND, C. HARRISON, A. JOHNSTON, R. Administração da

produção . São Paulo: Atlas, 1999.

SLACK, N. CHAMBERS, S. JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2.ed. São Paulo: Atlas,

2008.

CLAUDEMIR Y ORIBE, PDCA: ORIGEM, CONCEITOS E VARIANTES DESSA IDEIA DE 70 ANOS. Disponível em: <http://www.qualypro.com.br/artigos/pdca-origem-conceitos-e-variantes-dessa-ideia-de-70-anos> Acesso em 26 de Setembro de 2016.

ELEMAQ, ADMINISTRAÇÃO DE PRODUÇÃO. Disponível em: < http://www.elemaq.com.br/modules/smartsection/print.php?itemid=116> Acesso em 29 de Setembro de 2016.

MARKETING FUTURO, FERRAMENTAS DA QUALIDADE. Disponível em: < http://marketingfuturo.com/tag/ferramentas-da-qualidade/page/5/> Acesso em 21 de Novembro de 2016.

PORTOPÉDIA, PCP - PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO. Disponível em: < https://portogente.com.br/portopedia/pcp-planejamento-e-controle-da-producao-78470> Acesso em 22 de Setembro de 2016.

SLIDEPLAYER, ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO. Disponível em: < http://slideplayer.com.br/slide/1781742/> Acesso em 27 de Outubro de 2016.

69

TOTVS, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO. Disponível em: < http://www.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/portuguese/sigapcp_pcp.htm> Acesso em 29 de Setembro de 2016.

WIKIPÉDIA, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Planejamento_e_controle_da_produ%C3%A7%C3%A3o> Acesso em 22 de Setembro de 2016.