universidade anhanguera de sÃo paulo rose … · universidade anhanguera de sÃo paulo rose...

88
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE PROTEOLÍTICA DAS CISTEÍNO-CATEPSINAS SÃO PAULO 2015

Upload: phungdung

Post on 21-Jan-2019

227 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO

ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO

EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE PROTEOLÍTICA DAS CISTEÍNO-CATEPSINAS

SÃO PAULO

2015

Page 2: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO

ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO

EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE PROTEOLITICA DAS CISTEÍNO-CATEPSINAS

Dissertação apresentada à Universidade Anhanguera de São Paulo para obtenção do título de MESTRE em Biomateriais, Área de Concentração: Biomateriais em Odontologia. Orientadora: Profª Drª Andréa Anido Anido. Co-orientadora: Profª Drª. Polliana Mendes Candia Scaffa

SÃO PAULO

2015

Page 3: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

M397e Maturano, Rose Aparecida Schiavon Sanchez

Efeito inibitório da própolis sobre a atividade proteolítica das cisteíno catepsinas. / Rose Aparecida Schiavon Sanchez Maturano – São Paulo, 2015.

88 f.: il. 30 cm Dissertação (Programa de Mestrado em Biomateriais) – Coordenadoria

de Pós- graduação, Universidade Anhanguera de São Paulo, 2015.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Andréa Anido Anido Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Polliana Mendes Candia Scaffa

1. Sistemas de união. 2. Enzimas proteolíticas. 3. Própolis. 4.

Resistencia de união I. Título II. Universidade Anhanguera de São Paulo.

CDD 610

Page 4: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO

EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE PROTEOLÍTICA DAS CISTEÍNO-CATEPSINAS

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRADO EM BIOMATERIAIS, ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: BIOMATERIAIS EM ODONTOLOGIA.

PRESIDENTE E ORIENTADOR Nome:..................................................................................................................... Titulação:................................................................................................................ Instituição:.............................................................................................................. Assinatura:.............................................................................................................. 2º Examinador Nome:....................................................................................................................... Titulação:.................................................................................................................. Instituição:................................................................................................................ Assinatura:................................................................................................................

3º Examinador Nome:........................................................................................................................ Titulação:................................................................................................................... Instituição:................................................................................................................. Assinatura:................................................................................................................. NOTA FINAL:........................................... Biblioteca Bibliotecário:............................................................................................................ Assinatura:....................................................................Data:....../....../......

São Paulo,......de ......................................de 2015.

Page 5: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

DEDICATÓRIA

Dedico esse capítulo da história da minha vida, a uma pessoa, que me carregou e ainda

continua a me carregar no colo para que eu atinja novos horizontes. Tenho certeza de que ele

está vibrando com essa conquista.

Ao amor verdadeiro

Ao meu amor

Ao meu Pai: ALBINO SCHIAVON

Um amigo, um companheiro, que na sua essência soube me dar amor, carinho e os

ensinamentos de um ser de verdade.

Você é um presente que Deus colocou no meu caminho para me guiar e me

transformar em uma pessoa melhor, mais humana e compreensiva.

Dedico também esse capítulo a outra pessoa muito importante na minha vida meu

irmão Roberto Aparecido Schiavon Sanchez que me fez uma pessoa mais feliz. Com quem

dividi minhas alegrias e tristezas. Que partiu muito cedo e deixou saudade dos bons

momentos que passamos juntos. Eternamente no meu coração com seu sorriso fácil e gostoso,

cheio de alegria. Saudade de você e agradeço a Deus por você ter sido essa pessoa alegre e feliz,

na sua essência e no seu caráter. Te Amo.

Vocês estarão sempre no meu coração. Amo Vocês.

Eternamente juntos e com a certeza de um reencontro.

Page 6: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Aos meus grandes mentores: Albino Schiavon e Luzia Sanchez Schiavon, meus

mestres e doutores, que me ensinaram a conduzir a vida com caráter, dignidade, honestidade.

Sem eles não seria o que sou, não teria o que tenho, devo toda minha conduta de vida a eles.

Meus Pais Queridos. Amo muito vocês.

Ao meu irmão querido Roberto Aparecido Schiavon Sanchez que sempre foi um

incentivador dos meus estudos e por estar sempre ao meu lado.

Ao meu marido Almir Maturano, que me compreendeu nas horas difíceis e me apoiou

nessa conquista, com carinho, paciência e companheirismo. Me fortaleceu com conselhos na

realização dos meus sonhos e objetivos. Muito Obrigada.

Aos meus filhos por quem tenho um amor infinito: Caio Schiavon Maturano, Lucas

Schiavon Maturano e Danilo Schiavon Maturano. Os amores da minha vida, a alegria

dos meus dias, a luz e o perfume da minha alma, que também me incentivaram a continuar.

Tenho muito orgulho de vocês.

A minha prima-irmã, Antonia Aparecida Biangolini, que também soube me

escutar, entender e me incentivar. Muito Obrigada por amar meus filhos incondicionalmente.

Ao meu sogro Antonio Maturano. Muito Obrigada pelo carinho dado a todos nós e

aos meus filhos. Sentimos muito a sua partida. Saudade eterna.

Meu carinho por uma amiga, Izildinha dos Prazeres Cruz Reis, juntas desde a

graduação, nos cursos de aperfeiçoamento e que tão cedo partiu, mas que estará sempre dentro

do meu coração. Obrigada pela amizade sincera.

Page 7: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

AGRADECIMENTOS

À minha Orientadora Profª Drª Andrea Anido Anido, que com companheirismo e

amizade, me deu exemplo de dedicação, paciência e profissionalismo. Os momentos que

passamos juntas ficarão eternamente no meu coração. Para você meus mais profundos

agradecimentos.

À Profª Drª Polliana Mendes Candia Scaffa, minha co-orientadora, solícita e

presente, que contribuiu de forma efetiva para que este trabalho fosse realizado e tão bem

concluído.

Ao querido Prof. Dr. Camillo Anauate Netto, que me recebeu de braços abertos

nesse novo caminho. Mostrou que capacidade caminha junto com respeito, dignidade e

sabedoria. Muito Obrigada pela consideração e confiança.

Fabiana Barbara Piveta Flores, minha companheira de Mestrado, que com seu

dinamismo e perseverança, me manteve conectada às informações importantes do nosso

aprendizado, que soube me escutar e direcionar neste novo caminho. Sentirei saudades dos

momentos que passamos juntas e agradeço muito a sua amizade.

À uma pessoa muito querida que me orienta, incentiva, aconselha e por quem sinto um

profundo respeito, Homero Gastaldo, que com sua suavidade soube me dar carinho e

atenção.

Aos Professores e Professoras do Mestrado Profissional de Biomateriais em

Odontologia – UNIAN com os quais tive o prazer de conviver em sala de aula e na clínica:

Page 8: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

Profª. Drª. Alejandra Hortencia Miranda Gonzáles; Profª. Drª. Marcela Rocha

Oliveira Carrilho; Profª. Drª. Roberta Caroline Bruschi Alonso; Prof. Dr. Fábio

Dupart Nascimento; Prof. Dr. Hugo Roberto Lewgoy ; Prof. Dr. Paulo Henrique

Perlatti D’Alpino; Prof. Dr. Ricardo Amore; Prof. Dr. Vinicius Di Hipólito. Aprendi

nesse período de estudos a respeitá-los cada vez mais.

Aos colegas de Mestrado, Consultório e Clínica pelas experiências trocadas e

convívio que deixarão saudades.

A todos que direta ou indiretamente me ajudaram a chegar onde cheguei e alcançar um

degrau a mais nessa escalada da vida, aprendendo, compreendendo e aceitando a vida como ela

é.

Dedico, enfim, a todos que fizeram parte dessa jornada para que este trabalho fosse

realizado.

Tenho certeza que Deus colocou todos vocês no meu caminho para que esta conquista

fosse tão bem conduzida e concluída.

Com carinho e um beijo no coração de cada um!

Rose Aparecida Schiavon Sanchez Maturano

Page 9: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

“Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia;

porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante.”

Charles Chaplin

Page 10: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

RESUMO

O comprometimento da interface de união dentina/compósito de resina é

acompanhado por alterações morfológicas do sistema de união e do substrato

dentinário. A degradação do colágeno dentinário vem sendo relacionada à atividade

proteolítica endógena, sendo que as metaloproteinases (MMPs) e as cisteíno-

catepsinas (CTs) são enzimas presentes na matriz dentinária e estão envolvidas

neste processo de degradação. A própolis possui propriedades antioxidante e

antisséptica, agindo sobre microrganismos patogênicos orais. Sendo assim, o

objetivo deste estudo foi avaliar o potencial de inibição das própolis, verde e

vermelha nas concentrações 10µg e 100µg, sobre a CT-B purificada e as proteínas

extraídas da dentina, bem como, a sua influência na resistência de união da

interface dentina/compósito de resina. A capacidade da própolis em inibir a atividade

da CT-B e a atividade proteolítica intrínseca da dentina foi analisada por hidrólise de

substrato fluorogênico específico (Z-FR-MCA). Para determinação da atividade

proteolítica da dentina, foi realizada extração das CTs de 10 molares humanos. Para

determinar o efeito da própolis na resistência de união compósito/dentina, foi

realizado um teste de microtração. Para tanto, foram selecionados 20 molares

humanos recém extraídos, os quais tiveram a superfície dentinária exposta e

planificada com lixas de carbeto de silício #600 e foram distribuídos aleatoriamente

em 2 grupos de acordo com a técnica restauradora 1) controle – convencional; 2)

tratamento com própolis vermelha na concentração de 100 µg (n=5). Para cada

dente, foi confeccionada uma coroa em resina composta (Filtek Z100 cor A2). As

amostras foram armazenadas em estufa bacteriológica a 37ºC por 24hs, e

seccionadas para produzir palitos de 0,9 mm x 0,9 mm (especificações ISO 11405).

Os palitos foram aleatoriamente distribuídos em 2 grupos segundo o período de

avaliação (imediato e 18 meses de armazenamento). Os palitos foram testados em

máquina de ensaio universal Instron. Os dados do teste de resistência de união

foram tabulados e submetidos ao teste t com nível de significância 5 %. Os

resultados mostraram que a própolis vermelha apresentou potencial inibitório

superior à verde tanto na concentração de 10 µg quanto 100 µg. A própolis vermelha

foi capaz de inibir com maior eficiência a hidrólise do substrato fluorescente tanto

quando incubada com a enzima purificada quanto com as proteases presentes no

extrato da dentina. A avaliação da resistência de união mostrou que a própolis

vermelha é capaz de preservar a integridade da interface de união após 18 meses

de armazenamento, prevenindo a queda na resistência de união ao longo do tempo.

Palavras-chave: Sistemas de união, enzimas proteolíticas, própolis, resistência de

união.

Page 11: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

ABSTRACT

ABSTRACT

The degradation of dentin /composite interface cause morphological alteration on the

resin layer and on dentin. In dentin, the collagen degradation has been related to

endogenous proteolytic activity of metalloproteinases (MMPs) and cysteine-

cathepsins (CTs). Propolis has antioxidant properties and acts on oral pathogenic

microorganisms. Thus, the aim of this study was to evaluate the inhibition potential of

green and red propolis, in concentrations 10µg and 100μg on the CT-B purified and

extracted dentin proteins, as well as its influence in the dentin bond strength of a

restorative composite. The propolis ability to inhibit the activity of CT-B and the

intrinsic proteolytic activity of dentin was analyzed by specific fluorogenic substrate

hydrolysis (Z-FR-MCA). For the extraction of CTs, ten human molars were used. For

microtensile bonding strength test, 20 freshly extracted human molars were selected.

The teeth had dentin surface exposed and grounded with silicon carbide sandpaper #

600. They were randomly distributed into 2 groups (control and propolis treated

dentin - n = 5). A composite resin (Filtek Z100 color A2) crown was build-up. The

samples were stored in a bacteriological incubator at 37 ° C for 24 hours, and

sectioned to produce sticks of 0.9 mm x 0.9 mm (ISO 11405 specifications). After

sticks were randomly distributed in two subgroups according to the evaluation period

(immediate and 18months), and evaluated in a universal testing machine. Bond

strength data were tabulated and submitted to test t with significance level of 5 %.

The results showed that red propolis exhibited higher inhibition than green propolis at

concentration of 10 µg or 100 µg. Red propolis was able to effectively inhibit purified

enzyme as proteases as well as enzymes present in the dentin extract. Also, red

propolis in the concentration of 100 ug could preserve the bonding interface after 18

months of storage, preventing the drop in bond strength over time.

Key words: Adhesive systems, proteolytic enzyme, propolis, bond strength.

Page 12: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

LISTA DE ABREVIATURAS

APMA Acetato de Aminofenilmercúrio

ºC Graus Celsius

Ca++ Íons Cálcio

CATEF Câmara Técnica de Medicamentos Fitoterápicos

CAPE Ácido Fenil Éster Caféico

CHX Digluconato de Clorexidina

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CO Cicloxigenase

CTs Cisteíno-Catepsinas

CT-B Catepsina B

CT-K Catepsina K

CT-L Catepsina L

Cys Cisteína

DTT Ditiotreitol

EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético

EEP Extrato Etanólico de Própolis

E64 Inibidor Específico

GAGs Glicosaminoglicano

h Hora

Hz Hertez

Page 13: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

JAD Junção Amelodentinária

LOX Lipoxigenase

M Mol

mM Mini-Mol

µM Micro-Mol

µg Micro-Grama

MDPB Compostos Quaternários de Amônia

MEC Membrana Extracelular

mm/s Milímetros por Segundo

MMPS Metaloproteinases da Matriz

MT-MMP Metaloproteinases do Tipo Membrana

NaCl Cloreto de Sódio

nM Nanômetro

PBS Índice de Sangramento Papilar

pH Potencial Hidrogeniônico

TIMPs Inibidores Teciduais de Metaloproteinases

da Matriz

Tris-HCl Tris(Hidrometil) Aminometano Ácido

Clorídrico

UAF Unidade Arbitrária de Fluorescência

UV Radiação Ultra-Violeta

Z-FR-MCA Benzyloxycarbonyl-PheArg-Methyl-7-

Aminocoumarin Amide

Page 14: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

Zn++ Íons Zinco

Page 15: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Representação Esquemática da Estrutura Protéica das MMPs..................................................... 35

FIGURA 2 - Esquema de Ativação das MMPs............................... 36

FIGURA 3 - Representação Esquemática da Estrutura das

Cisteíno-Catepsinas Endopeptidase.......................... 39

FIGURA 4 - Amostras da Própolis Verde e da Própolis

Vermelha em sua Forma Bruta................................... 53

FIGURA 5 - Obtenção das Proteínas da Matriz Dentinária.

Dente humano(A); remoção do esmalte (B);

obtenção de fragmentos de dentina (C). ................... 54

FIGURA 6- Moinho de Bolas. Moinho de bolas com os

dispositivos de aço inox em posição utilizados

para obtenção do pó de dentina (A);

dispositivo retirado após o ciclo de moagem

contendo o pó de dentina a ser utilizado (B). ............. 55

Page 16: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

FIGURA 7 - Cubeta e Espectofotômetro Hitachi F7000,

com câmara de monitoramento.................................. 57

FIGURA 8 - Leitor de Placas de 96 Poços...................................... 57

FIGURA 9 - Preparo dos Dentes. Limpeza e armazenamento

dos dentes (A); remoção da face oclusal dos

dentes e obtenção da fatia de dentina (B);

desgaste em politriz para remoção da área plana

em dentina e padronização da smear layer (C). ........ 58

FIGURA 10 - Obtenção dos Espécimes. Obtenção de área

plana em dentina (A); confecção de coroa em

resina composta (B); obtenção de espécimes em

forma de palito (C). ......................................................61

FIGURA 11- Máquina de Testes. Máquina Universal de Testes

Instron (A); espécime fixado em jig adaptado

à máquina de testes (B); espécime após a

realização do teste de tração (C). ............................. 61

Page 17: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

LISTA DE QUADRO

QUADRO 1 Materiais utilizados............................60

LISTA TABELA

TABELA 1 Resistência de união (DP) MPa para

os grupos avaliados....................66

Page 18: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Atividade Enzimática da Catepsina B (em unidades

arbitrárias de fluorescência) em função das duas

concentrações da própolis vermelha (em

µg).........................................................................62

GRÁFICO 2 Atividade Enzimática da Catepsina B (em unidades

arbitrárias de fluorescência) em função das duas

concentrações da própolis verde (em

µg).........................................................................63

GRÁFICO 3 Porcentagem de inibição da atividade enzimática

da Catepsina B (em unidades arbitrárias de

fluorescência) em função das duas concentrações

da própolis vermelha (em

µg).........................................................................63

GRÁFICO 4 Porcentagem de inibição da atividade enzimática

da Catepsina B (em unidades arbitrárias de

fluorescência) em função das duas concentrações

da própolis verde (em

µg).........................................................................64

Page 19: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

GRÀFICO 5 Atividade enzimática no extrato dentinário (em

unidades arbitrárias de fluorescência por

micrograma de proteína de dentina) em função de

diferentes concentrações de própolis (em

µg).........................................................................65

Page 20: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO...................................................................................................... 22

2-REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 26

2.1-SUBSTRATO DENTAL......................................................................................... 26

2.2-SISTEMAS DE UNIÃO......................................................................................... 28

2.2.1- Sistema de união convencional ou etch-and-rinse........................... 30

2.2.2- Sistema de união autocondicionante ou self-etch............................ 31

2.2.3- Degradação da interface adesiva...................................................... 31

2.3- ENZIMAS DA MATRIZ DENTINÁRIA.................................................................. 33

2.4-INIBIDORES SINTÉTICOS DE PROTEASES........................................................... 40

2.5- PRÓPOLIS......................................................................................................... 42

2.5.1- Composição química e propriedades biológicas da própolis............ 46

2.5.2- Uso da própolis na Odontologia....................................................... 48

3- PROPOSIÇÃO...................................................................................................... 52

4-MATERIAL E MÉTODO......................................................................................... 53

4.1- ASPECTOS ÉTICOS........................................................................................... .53

4.2-OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO DE PRÓPOLIS (EEP)............................... 53

4.3-OBTENÇÃO DAS PROTEÍNAS LIGADAS À MATRIZ DENTINÁRIA........................ 54

4.3.1- Protocolo de extração................................................................... 55

4.4- POTENCIAL INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A CISTEÍNO-CATEPSINA B

(CT-B)........................................................................................................... 56

4.5- AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO.......................................................... 57

4.5.1- Corte e obtenção dos espécimes...................................................... 60

4.5.2- Análise estatística............................................................................. 61

5-RESULTADOS....................................................................................................... 62

5.1- INIBIÇÃO ENZIMÁTICA..................................................................................... 62

5.2- RESISTÊNCIA DE UNIÃO................................................................................... 65

6- DISCUSSÃO......................................................................................................... 67

Page 21: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

7-CONCLUSÃO........................................................................................................ 73

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 74

Page 22: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

22

1 - INTRODUÇÃO

O avanço da Odontologia Restauradora, o aprimoramento dos materiais

poliméricos e dos sistemas de união, que são os materiais responsáveis por produzir

a adesão do material restaurador às estruturas dentais, revolucionaram a prática

odontológica caracterizando a Odontologia Adesiva (SCAVUZZI, BEZERRA &

TOBIAS, 2001).

Em princípio a adesão ao esmalte é alcançada de forma fácil e previsível

(GORACCI et al., 2004) em contrapartida a adesão ao tecido dentinário ainda é um

desafio a ser superado. Por se tratar de um substrato complexo de difícil

hibridização, diversos complicadores tendem a degradar a interface adesiva, como a

presença de umidade e da matriz orgânica. Assim para que o procedimento adesivo

seja satisfatório e bem sucedido, o conhecimento das características histo-

morfológicas dos tecidos dentais envolvidos se faz necessário para que a adesão

possa ser eficiente nos dois substratos.

O esmalte dental é um tecido homogêneo apresentando em sua composição

96% de cristais de hidroxiapatita (material inorgânico) e 4% restantes água e

conteúdo orgânico. Em contrapartida a dentina é um tecido heterogêneo, apresenta

em sua composição 50% de material inorgânico, 30% de conteúdo orgânico (fibrilas

de colágeno) e 20% de água (LINDE & GOLDBERG, 1993), essas diferenças são

fatores complicadores que tendem a degradar a interface adesiva ao longo do

tempo, o que demonstra que os requisitos para que a técnica adesiva possa ser

eficiente nos substratos envolvidos é de difícil padronização.

A presença de conteúdo orgânico faz com que o procedimento adesivo no

tecido dentinário deva ser realizado com critério e parcimônia. Com a finalidade de

se obter uma adesão confiável em dentina, os sistemas de união são extensamente

avaliados e aprimorados (CARVALHO et al., 2004).

No entanto, mesmo com tantos estudos e avanços, as restaurações ainda

perdem sua efetividade, apresentam manchamentos, falhas em suas margens e

recidiva de cárie, o que demonstra a sua limitação com o tempo.

Page 23: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

23

Estudos indicam que o comprometimento da interface de união é

acompanhado por alterações morfológicas que revelam a desestruturação tanto do

sistema de união quanto da dentina modificada pelo procedimento adesivo

(HASHIMOTO et al., 2003; PASHLEY et al., 2004; HEBLING et al., 2005; KOSHIRO

et al., 2005; CARRILHO et al., 2007). Desta forma podemos concluir que a

degradação tanto da porção resinosa quanto da porção orgânica da camada híbrida

diminui a longevidade das restaurações adesivas ao longo do tempo.

Após a constatação de que a degradação enzimática comprometia a

estabilidade das restaurações, estudos se voltaram para o entendimento de como as

enzimas presentes no tecido dentinário poderiam ser ativadas apontando que sua

ação poderia interferir na adesão dos materiais restauradores. Dentre as enzimas

envolvidas no processo de metabolismo e remodelação do colágeno dentinário

estão as metaloproteinases da matriz (MMPs) (MARTIN-DE LAS HERAS,

VALENZUELA & OVERALL, 2000; PASHLEY et al., 2004) e as cisteíno-catepsinas

(CTs) (TERSARIOL et al., 2010).

As MMPs presentes na cavidade oral, relacionadas aos processos

fisiológicos, atuam na organização e mineralização da matriz orgânica durante a

dentinogênese, sugerindo que a presença destas enzimas na dentina tenha

participação na remodelação da matriz dentinária antes ou durante este processo

(MARTIN-DE LAS HERAS, VALENZUELA & OVERALL, 2000). Nos processos

patológicos participam em carcinomas e tumores de glândulas salivares (SORSA,

TJÄDERHANE & SALO, 2004), na degradação da matriz dentinária (PASHLEY et

al., 2004), e também atuam na progressão da doença periodontal (SORSA et al.,

2006).

As CTs são enzimas pertencentes à família da papaína conhecidas como

enzimas multifuncionais envolvidas na remodelação tecidual, na degradação do

colágeno e na clivagem das proteínas da membrana (TURK, TURK & TURK., 2000),

também relacionadas às doenças periodontais, reabsorção óssea e processos

tumorais (DICKINSON, 2002). Recentes estudos observaram a presença e atividade

das CTs em dentina (TERSARIOL et al., 2010; NASCIMENTO et al., 2011). A

expressão gênica de diferentes CTs (B, C, F, H, K, L, O, S, V, X e W) foi

Page 24: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

24

demonstrada no tecido pulpar humano e em odontoblastos, e foi reportada a

presença de CT-B em dentina sadia (TERSARIOL et al., 2010). Segundo

Nascimento e colaboradores (2011), houve um aumento na expressão e na

atividade desta enzima em dentina cariada quando comparado à dentina sadia.

Na busca em estabelecer uma forma de inibir estas enzimas, a clorexidina

(CHX) foi utilizada e demonstrou ter uma ação inibitória potente na atividade de

MMP-2, -8 e -9 (GENDRON et al., 1999) e incentivou alguns pesquisadores a

determinar a possibilidade de estabilizar a matriz orgânica na área de união

compósito de resina e dentina. Isto levou a inúmeros trabalhos in vitro (PASHLEY et

al., 2004; CARRILHO et al., 2007a) e in vivo (HEBLING et al., 2005; CARRILHO et

al., 2007b; BRACKETT et al., 2007), que demonstraram que a CHX apresenta

efeitos positivos sobre a preservação desta área de união, oferecendo assim uma

alternativa valiosa para minimizar o processo de degradação da matriz orgânica.

Como uma alternativa natural, a própolis vem sendo utilizada como

coadjuvante no tratamento das patologias orais na Clínica Odontológica. Na

Endodontia foi utilizada como irrigante endodôntico e promoveu a regeneração

apical de dentes acometidos de necrose pulpar (SCHELLER et al., 1978), foi

utilizada diretamente sobre a polpa dental podendo retardar a inflamação pulpar,

estimulando a formação de dentina reparadora (SABIR et al., 2005). Na Periodontia

foi observada redução da placa bacteriana e melhora satisfatória nos casos de

gengivite (MARTINEZ-SILVEIRA, 1988), nas aftas bucais foi observada redução dos

sintomas dolorosos já nas primeiras aplicações (GARCIA & GARGUERA, 1993).

Além disso, foi utilizada como proteção medicamentosa em alvéolos de dentes

recém avulsionados promovendo uma melhor regeneração (D’AURIA et al., 2003;

MARTIN & PILEGGI, 2004).

A própolis se mostra um recurso promissor, visto que sua ação sobre

microrganismos responsáveis pela doença periodontal e pela instalação da cárie,

através de sua utilização como solução enxaguatória bucal foi realizada e

demonstrou resultados favoráveis (ANAUATE-NETTO et al., 2013; ANAUATE-

NETTO et al., 2014; ERCAN et al., 2015). Desta forma, a própolis surgiu como uma

Page 25: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

25

alternativa natural por suas propriedades bioativas, antioxidante, antissépticas e por

agir em diversos microrganismos patogênicos orais.

Portanto, avaliar o potencial de inibição da própolis, verde e vermelha, sobre a

CT-B purificada e as proteases extraídas da dentina sadia, bem como, verificar a

influência da própolis sobre a resistência de união da interface dentina/compósito de

resina, torna-se de extrema valia na busca por estabelecer maior longevidade para

os procedimentos restauradores. Se for possível promover um selamento efetivo dos

substratos dentais sadios, com maior longevidade, certamente os riscos de novos

processos patológicos serão reduzidos, e, por conseguinte, maior será a

preservação do remanescente dental.

Page 26: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

26

2 - REVISÃO DE LITERATURA

Esta revisão está dividida em tópicos, para melhor entendimento das

estruturas dentárias e das técnicas operatórias envolvidas na realização dos

procedimentos adesivos.

2.1- SUBSTRATO DENTAL

O esmalte é o tecido mais mineralizado do corpo humano, sua composição é

de 96% de conteúdo mineral sob a forma de cristais de hidroxiapatita e 4% restantes

constituídos por água e material orgânico (KATCHBURIAN & ARANA, 2004).

Portanto a adesão torna-se mais previsível e duradoura por se tratar de um

substrato homogêneo.

A dentina assemelha-se ao osso, apresentando em sua composição química,

aproximadamente 70% de matéria inorgânica, 20% de material orgânico proveniente

dos componentes da matriz extracelular secretada pelos odontoblastos durante sua

formação e 10% de água em peso. Em volume a dentina apresenta 50% da sua

composição formada por minerais, 30% conteúdo orgânico e 20% água (LINDE &

GOLDBERG, 1993). O componente inorgânico consiste em cristais de hidroxiapatita

semelhante ao osso, cemento e esmalte, encontrados dentro e entre as fibrilas de

colágeno mineralizadas, por sua vez o componente orgânico é formado por uma

rede de fibrilas de colágeno que engloba os cristais de hidroxiapatita, imersa em

uma substância amorfa (BUTLER, RITCHIE & BRONCKERS, 1997; BUTLER, 1998).

A dentina por sua resiliência apresenta propriedade de proteger o órgão

dental e sua inter-relação com o esmalte, caracteristicamente friável, permite que os

dentes consigam absorver e dissipar as ações fisiológicas da mastigação e as

diferenças de temperaturas que a estrutura dental é constantemente submetida

(TEN CATE, 1994).

Page 27: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

27

Junto ao tecido pulpar, localiza-se a pré-dentina que representa a matriz

dentinária antes da mineralização e, à medida que as fibrilas de colágeno são

mineralizadas, passa a se chamar dentina. Este processo vai sendo renovado com a

formação de uma nova camada de pré-dentina (BUTLER, 1992).

A dentina apresenta característica tubular, cujos túbulos dentinários estão

dispostos radialmente, suas curvaturas primárias percorrem trajetos sinuosos a partir

da superfície pulpar em direção à junção amelodentinária e ao cemento, seu maior

diâmetro está voltado para a câmara pulpar e, à medida que se aproxima da polpa,

há a ocorrência de uma maior densidade de túbulos por área delimitada, com maior

diâmetro e maior permeabilidade. São responsáveis pela transmissão dos estímulos

dolorosos à polpa (LUNDY & STANLEY, 1969a). Estima-se em 20.000/mm² o

número de túbulos na porção externa, 40.000/mm² na porção central e 50.000/mm²

na porção interna, mais próximo da polpa (OLSSON, OILO & ADAMCZAK, 1993).

Os túbulos dentinários vão se tornando mais estreitos ocorrendo uma intensa

ramificação próximo à junção entre esmalte e dentina que vai sendo mineralizada

pela matriz dentinária, formando desta forma os canalículos dentinários (ARANA-

CHAVEZ & MASSA, 2004; KATCHBURIAN & ARANA, 2004).

Entre os túbulos dentinários observa-se a dentina intertubular que é formada

pela deposição mineral que ocorre sobre a matriz orgânica entre as fibrilas de

colágeno, alto conteúdo orgânico, portanto rica em fibras colágenas e menos

mineralizada que a dentina peritubular (MARSHALL et al., 1997).

A dentina peritubular origina-se a partir da deposição dos cristais de apatita

entre os espaços vazios existentes na matriz orgânica, apresenta pequena

quantidade de fibras colágenas, alto conteúdo mineral, circunda os limites dos

túbulos dentinários reduzindo o seu diâmetro e frequentemente sua deposição está

associada ao envelhecimento fisiológico do órgão dental, conduzindo assim à

obliteração dos túbulos dentinários e da dentina radicular (HOLLAND, 1994).

A dentina compõe a maior parte do dente, sendo responsável por formar toda

sua estrutura. Considerada um tecido conjuntivo avascular, parcialmente

mineralizado, em consequência da grande quantidade de sais de cálcio secretado

pela polpa, conferindo uma coloração branco-amarelada ao tecido, que vai se

Page 28: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

28

tornando mais escurecido com o avanço da idade, apesar de ser sólido, é um tecido

vivo e elástico. A dentina primária é depositada no período da odontogênese e se

forma até o completo irrompimento do dente e a formação do ápice radicular. Após

esse período ocorre a diminuição na deposição de dentina pelos odontoblastos,

caracterizando a dentina secundária, que é depositada contínua e lentamente

durante toda vida do órgão dental, promovendo uma diminuição fisiológica do

volume da câmara pulpar e do canal radicular (SMITH, 2002).

O desenvolvimento da dentina acontece antes do esmalte e do cemento,

delimita o modelo da coroa, das cúspides e bordas incisais, do tamanho e número

de raízes, além de ser responsável pela forma e composição da maior parte do

dente (BERKOVITZ, HOLLAND & MOXHAM, 2004).

A mineralização da dentina ocorre com a deposição dos cristais de

hidroxiapatita sobre a matriz orgânica pré-existente (KATCHBURIAN & ARANA,

2004).

2.2- SISTEMAS DE UNIÃO

A grande procura por uma Odontologia Estética vem de encontro com a

conservação das estruturas dentais, sem a necessidade de desgastes

desnecessários dos tecidos mineralizados para a reabilitação das superfícies

comprometidas, por lesões de cáries, fraturas ou desgastes, possibilitando o

desenvolvimento de inúmeras técnicas clínicas, aprimorando com isso os sistemas

de união utilizados na Odontologia Moderna (LAXE, 2007).

Os sistemas de união preconizam a utilização do condicionamento ácido

promovendo a desmineralização seletiva dos prismas de esmalte resultando em

microporos que aumentam a energia de superfície permitindo molhamento deste

tecido e favorecendo a retenção mecânica do material (SILVERSTONE et al., 1975;

CARVALHO et al., 2004). Em dentina Fusayama e colaboradores (1979),

propuseram o condicionamento em dentina com a finalidade de remoção da smear

layer.

Page 29: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

29

A desmineralização das dentinas peri e intertubular expõe os túbulos

dentinários, as fibrilas de colágeno, removendo completamente a smear layer

(PASHLEY & CARVALHO, 1997; TAY & PASHLEY, 2001), diminuindo a energia de

superfície que deve ser melhorada com a aplicação de uma solução de monômeros

diluídos em solventes, com características hidrofílicas, o primer e do adesivo

propriamente dito, que é composto de monômeros hidrofóbicos, que após sua

polimerização resultam na formação de uma estrutura denominada camada híbrida

(NAKABAYASHI, KOJIMA & MASUHARA, 1982).

A presença de umidade na dentina desmineralizada é fundamental para que a

água possa manter os espaços dos cristais de hidroxiapatita impedindo o

colabamento das fibrilas de colágeno. Vale salientar que o controle criterioso da

umidade dentinária é importante para que o processo de hibridização seja eficaz no

selamento da dentina e na preservação da restauração na técnica úmida de

hibridização (KANCA, 1992a, b). O mesmo cuidado é fundamental no que concerne

à desidratação excessiva pelos jatos de ar ocasionando a contração das fibrilas de

colágeno, resultando em colapso da matriz orgânica, reduzindo a permeabilidade da

zona desmineralizada (CARVALHO et al., 1996).

Segundo Perdigão & Ritter (2003) o condicionamento ácido é uma maneira

eficaz de aumentar a adesividade mecânica e diminuir o manchamento marginal na

interface de união dente/restauração, prevenindo cáries recorrentes e irritação

pulpar. Após o condicionamento ácido é realizada uma lavagem abundante para

remoção de subprodutos, seguida da aplicação do primer e do adesivo, que irão

penetrar na dentina desmineraliza (TAY & PASHLEY, 2001).

Com a evolução dos materiais e o surgimento de novas técnicas

restauradoras, os sistemas de união tornaram-se fundamentais em diversas

aplicações clínicas, com o objetivo de unir o material restaurador às estruturas

dentárias, modificando a morfologia e fisiologia do esmalte e da dentina

(CARVALHO et al., 2004).

Atualmente os sistemas de união são indicados na realização de restaurações

estéticas, alteração de cor e tamanho dos dentes, colagem de fragmentos,

braquetes ortodônticos, pinos intrarradiculares, restaurações indiretas (REIS , 2006).

Page 30: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

30

Com a finalidade de obter uma adesão confiável em dentina, os sistemas de

união passaram a ser o foco das pesquisas e estudos, na tentativa de aprimorar os

materiais poliméricos.

Com isto surgiram diferentes estratégias de união que distinguem os sistemas

disponíveis atualmente. Abordaremos os sistemas de união convencional e o

autocondicionante por serem os sistemas atualmente utilizados pelos cirurgiões-

dentista.

2.2.1- Sistema de união convencional ou etch-and-rinse

Este sistema de união preconiza a utilização de um passo operatório de

condicionamento ácido do esmalte e dentina, denominado condicionamento ácido

total. O passo operatório do condicionamento ácido da superfície do esmalte e da

dentina é realizado em uma etapa distinta, com a aplicação de um ácido inorgânico

geralmente o ácido fosfórico entre 30 e 40% promovendo em esmalte a capacidade

de criar uma desmineralização seletiva formando com isso irregularidades em sua

estrutura, favorecendo desta forma uma união confiável e duradoura

(BUONOCORE, 1955).

Nestes sistemas a aplicação pode ser realizada seguindo duas técnicas:

a) sistema de união convencional em três frascos: onde o condicionamento

ácido é aplicado no primeiro passo, realiza-se a lavagem abundante com spray de ar

e água, secagem sem desidratar a dentina, aplicação do primer e do adesivo e

procedendo à polimerização que completa o procedimento adesivo ou, ainda;

b) sistema de união convencional em dois frascos: o condicionamento ácido é

realizado no primeiro passo, realiza-se a lavagem abundante com spray de ar e

água, secagem sem desidratar a dentina e a aplicação do primer em combinação

com o adesivo que estão reunidos em um único frasco, ou ainda em frascos

separados, com a necessidade de promover a mistura com cada um deles, para que

a aplicação seja realizada simultaneamente, em seguida a polimerização.

Page 31: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

31

2.2.2- Sistema de união autocondicionante ou self-etch

Estudos realizados por Watanabe, Nikaido & Nakabayashi (1990) e Watanabe

(1992), descreveram a utilização de uma técnica de união em que inclui a aplicação

de um ácido em uma etapa separada e, sim, a aplicação de monômeros com

características ácidas. Estes materiais podem ser apresentados das seguintes

formas:

a) sistemas de união autocondicionantes em dois frascos: nos quais numa

primeira etapa realiza-se a aplicação de um primer composto de monômeros com

características ácidas, para remoção parcial da smear layer, na tentativa de

contornar as dificuldades apresentadas e, numa segunda etapa, a aplicação do

adesivo propriamente dito;

b) sistemas de união autocondicionantes em frasco único: que na tentativa de

simplificar ainda mais a técnica, foi criado em 1999 o primeiro adesivo

autocondicionante de passo único, onde todos os componentes do sistema são

aplicados no tecido dental de uma única vez, agindo simultaneamente promovendo

a hibridização dos tecidos.

2.2.3- Degradação da interface adesiva

A degradação da interface adesiva ocorre nas duas porções que formam a

camada híbrida: a porção resinosa constituída pelos monômeros resinosos dos

sistemas de união e a porção orgânica proveniente da matriz extracelular do tecido

dentinário (NAKABAYASHI, KOJIMA & MASUHARA, 1982; HASHIMOTO et al.,

2003; HEBLING, PASHLEY & TJÄDERHANE, 2005; CARRILHO et al., 2007a;

CARRILHO et al., 2007b).

Na tentativa de esclarecer essas dificuldades, foi reportada pela primeira vez

por Tjäderhane e colaboradores (1998) que a atividade proteolítica intrínseca da

dentina foi capaz de clivar o colágeno desestruturado, sugerindo que a atividade das

enzimas proteolíticas estaria relacionada à presença destas enzimas no tecido

comprometido.

Page 32: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

32

Estudos demonstraram que a degradação do colágeno se dá pela atividade

proteolítica endógena de enzimas como as metaloproteinases da matriz (MMPs)

(PASHLEY et al., 2004) e as cisteíno-catepsinas (CTs) (TERSARIOL et al., 2010;

NASCIMENTO et al., 2011) enzimas ligadas ao colágeno, que por um desequilíbrio

metabólico expõem a matriz dentinária à degradação e compromete a durabilidade

da adesão entre o sistema de união e o substrato dental.

Assim, é importante conhecer as enzimas que em atividade determinam a

degradação da área de união, pela proteólise do colágeno, levando à falha da

restauração. A fragilidade da interface de união, no entanto não estaria relacionada

apenas aos materiais poliméricos, mas sim um efeito combinado entre a degradação

dos componentes resinosos com o substrato dentinário, reduzindo a sobrevida das

restaurações adesivas (MARTIN-DE LAS HERAS, VALENZUELA & OVERALL,

2000).

Embora os sistemas de união e os compósitos de resina estejam

extremamente bem desenvolvidos, as restaurações ainda falham com o passar do

tempo, apresentando pigmentações, fendas, recidiva de cárie que comprometem a

durabilidade destas restaurações. Diversos estudos passaram a ser desenvolvidos

para determinar quais as possíveis causas destas limitações, independentes do

material restaurador e do sistema de união utilizado, apontando que a ação das

enzimas proteolíticas presentes na dentina poderia interferir na adesão de materiais

restauradores (TJÄDERHANE et al., 1998; HASHIMOTO et al., 2003; SOUZA et al.,

2003; CHERSONI, 2004; PASHLEY et al., 2004; TEZVERGIL-MUTLUAY et al.,

2010).

Após a constatação da presença de enzimas no complexo dentino-pulpar, o

estudo do perfil e da atividade das diferentes classes de proteases, tornou-se

fundamental para elucidar um melhor entendimento dos processos fisiopatológicos

que ocorrem na cavidade bucal, à medida que ocorre a degradação da matriz

orgânica dentinária. Desta forma, investigar a função destas proteases endógenas

torna-se necessário para que a degradação da interface adesiva seja melhor

entendida e com isso minimizada, por não se saber sobre seu real papel nos

processos de degradação da matriz abreviando o sucesso das restaurações

adesivas (VIDAL, 2012).

Page 33: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

33

2.3- ENZIMAS DA MATRIZ DENTINÁRIA

O interesse sobre as MMPs e as CTs tem sido foco de estudos. Abordaremos

estas duas classes de enzimas com o propósito de entender seus mecanismos de

ação.

As metaloproteinases da matriz (MMPs) são endopeptidases responsáveis

pela degradação dos componentes da matriz extracelular (MEC) e das membranas

basais. A descoberta das MMPs provavelmente ocorreu quando Gross & Lapièrre

(1962) encontraram uma enzima ativa na cultura de fragmentos da pele de ratos, a

qual degradou a tripla hélice do colágeno tipo I maduro. Foram inicialmente

classificadas segundo a especificidade das enzimas em relação ao seu substrato

alvo presente na matriz extracelular e, agrupadas como colagenases (hidrólise de

colágeno tipo I e II), gelatinases (hidrólise de gelatina ou colágeno desestruturado),

estromelisinas (hidrólise da fração proteica de proteoglicanos, glicoproteínas) e

matrilisinas (ativação de outras MMPs por meio da hidrólise de pró-domínios).

Embora didática essa classificação não reflete a variabilidade de suas funções, pois

os membros da família das MMPs podem atuar em conjunto participando do

metabolismo dos componentes da matiz extra-celular e das membranas basais.

Desta forma a melhor forma de classificá-las seria à partir de sua estrutura/seus

domínios e dos locais onde exercem suas funções, podendo formar grupos entre as

classes secretadas para a matriz extracelular, tornando-se ativas desempenhando

suas funções enzimáticas específicas, ou atuando entre as classes de enzimas

quando estão ligadas as MMPs tipo membrana ligadas à membrana das células

(MT-MMP), como mostra a Figura 1 (EGEBLAD & WERB, 2002).

As principais MMPs encontradas na cavidade bucal são as gelatinases MMP-

2 e MMP-9, cujo aumento está associado às doenças periodontais; e a colagenase

MMP-8 que em quantidade aumentada desencadeia a gengivite e a periodontite

(MÄKELÄ et al., 1994).

As MMPS são um importante grupo de enzimas proteolíticas responsáveis

pela degradação da matriz extracelular e membranas basais, são endopeptidases

metal-dependentes em função da dependência de íons metálicos para exercer sua

Page 34: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

34

atividade. De forma geral, a estrutura das MMPs é formada por um pró-domínio, um

domínio catalítico com um sítio de ligação com o zinco, uma região de união

(“hinge”) e por um domínio hemopexina carboxi-terminal. No domínio catalítico são

identificadas repetições contendo cisteína, as quais estão relacionadas à atividade

destas proteases. Essas proteases requerem a presença de íons cálcio para manter

sua estrutura terciária estável e íons zinco para conservar a funcionalidade do sitio

ativo, como mostra a Figura 2 (VISSE & NAGASSE, 2003).

Page 35: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

35

Figura 1- Representação Esquemática da Estrutura Protéica das MMPs. De 1 a 5 estão representados os cinco tipos de estruturas identificadas nas MMPs secretadas e de 6 a 8 estão representadas as estruturas das MMPs tipo membrana (MT-MMPs). (1) Estrutura composta por uma sequência sinal na extremidade amino-terminal (Pre) que direciona as enzimas para a rota secretória, importação pelo retículo endoplasmático e posterior secreção; por um pró-peptídeo (Pro)com um grupo tiol (SH) que mantém o zimogênio ou forma inativa da enzima; e por um domínio catalítico que contém um sítio de ligação ao zinco (Zn). (2) Podem ainda ser encontrados outros domínios adicionados a essa estrutura mais simplificada, como, por exemplo, o domínio tipo hemopexina, que é conectado ao domínio catalítico por uma região de união denominada hinge, e que tem como função mediar a interação das MMPs com os inibidores teciduais de MMPs (TIMPs) moléculas presentes na superfície celular e substratos proteolíticos. A primeira e a última das repetições de hemopexina são ligadas por uma ligação di-sulfeto (S-S). (3) MMPs que contém insertos de repetições de fibronectina que se assemelham à moléculas de ligação ao colágeno tipo II. Essa estrutura é responsável pela ligação da enzima à estrutura do colágeno e da gelatina. (4) As MMPs ativadas por furina contém um sítio de reconhecimento para serino proteinases intracelulares tipo furina (Fu) entre seus domínios pró-peptídeo e domínio catalítico, e que permite a ativação intracelular dessas proteases. (5) O sítio de reconhecimento para furina também é encontrado nas MMPs com inserto tipo vitronectina (Vn). (6) As MT-MMPs incluem as MMPs que possuem um domínio transmembrana na extreminadade C-terminal (TM) e um domínio citoplasmático curto (Cy). (7) As MT-MMPs também podem se apresentar ancoradas à membrana pelo glicosilfosfatidilinositol (GPI). (8) A MMP-23 representa um terceiro tipo de MT-MMP e possui uma ancoragem sinal na extremidade N-terminal (AS) que reconhece a membrana celular e é considerada uma MMP transmembrana tipo II. A MMP-23 também é caracterizada por um domínio contendo cisteína (CA) e um domínio tipo imunoglobulina (IgG-like). Fonte: Egeblad & Werb, 2002.

Page 36: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

36

As MMPs são sintetizadas na forma de pró-enzimas inativas, chamados de

zimogênios e mantidas inativas pela conservação de um grupo sulfridila da cisteína

que compõe o pró-pepetídeo e pela ligação de um elemento zinco no domínio

catalítico, formando uma ponte mantendo o domínio catalítico da enzima latente.

São ativadas no ambiente pericelular dos tecidos por segmentação de uma parte

dos zimogênios denominada pró-peptídeo pelo rompimento da ponte de ligação

cisteína-zinco. Este processo faz com que o zimogênio (inativos) se torne MMPs

(ativas) (MURPHY & KNAUPER, 1997), como mostra a Figura 2.

As alterações de pH são capazes de ativar as MMPs salivares. Estudos

mostram maior atividade de MMPs e maior degradação da matriz orgânica dentinária

quando estas enzimas são submetidas a um pH levemente ácido (pH 4,5 a 5,5),

sugerindo que a “ativação ácida”, atue na desmineralização do tecido dentinário

(WANG & HUME, 1988; CAMPS & PASHLEY , 2000).

A ativação das MMPs requer a remoção do pró-peptídeo e rompimento da

ponte de cisteína-zinco que pode ocorrer devido à ação de outras proteases como

as CTs, de outras MMPs, pela ação de substâncias químicas como a acetato de

aminofenilmercúrio (APMA) ou ainda em consequência da diminuição do pH do meio

(VISSE & NAGASE ,2003).

Figura 2- Esquema de Ativação das MMPs. As MMPs são secretadas na forma inativa (zimogênio). Uma vez que o pró-domínio é removido pela clivagem na região entre pró-domínio e domínio catalítico, a enzima torna-se ativa. Fonte: Page-McCaw, Ewald & Werb, 2007.

Page 37: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

37

As MMPs clivam os componentes da matriz extracelular nos processos

fisiopatológicos. Nos eventos fisiológicos do complexo dentino-pulpar a presença

das MMPs está relacionada ao processo de mineralização dentinária, durante a

dentinogênese; na remodelação do colágeno dos tecidos periodontais; no processo

de irrompimento dental; na organização e mineralização da matriz orgânica;

regulação de respostas inflamatórias (GOLDBERG et al., 2003). Em processos

patológicos, o excesso de atividade das MMPs está associado na progressão da

lesão de cárie (TJÄDERHANE et al., 1998), na inflamação pulpar e na progressão

da doença periodontal (SORSA et al., 2006).

A atividade e a estabilidade das MMPs são controladas por inibidores

específicos, denominados Inibidores Teciduais de MMPs (TIMPs), que são proteínas

glicolisadas que participam da regulação do metabolismo da matriz extracelular.

Assim o equilíbrio entre a produção de MMPs e de TIMPs mantém a homeostase da

matriz extracelular (SOUZA & LINE, 2002).

Assim como as MMPs, as cisteíno-catepsnias (CTs) pertencem a uma classe

de proteases capazes de degradar componentes da matriz extracelular. Atualmente

existem 11 CTs humanas: B, C, F, H, K, L, O, S, V, X e W. As CTs são enzimas

lisossomais exercendo suas funções metabólicas em pH ácido (4,5 a 5,5).

Pertencem à família C1 das enzimas semelhantes à papaína envolvidas nos

processos fisiológicos e patológicos que desempenham importante papel nos

processos celulares do organismo. São enzimas conhecidas por serem

multifuncionais envolvidas na clivagem das proteínas da membrana, na degradação

da matriz extracelular e na remodelação tecidual. As CTs são sintetizadas como pré-

pró-peptídeos, quando estas enzimas são enviadas ao retículo endoplasmático o

pré-peptídeo é removido ocorrendo sua ativação, o que pode acontecer pela auto-

ativação em pH ácido ou por ação de outras proteases (TURK, TURK & TURK,

2000).

No entanto apesar desta característica de atividade em meio ácido onde se

mostram mais estáveis (DICKINSON, 2002) algumas CTs mostraram atividade e

efetividade hidrolisando e digerindo componentes da matriz orgânica em pH próximo

do neutro (TURK et al., 2012). A catepsina-B (CT-B) representa um exemplo desta

dupla atividade visto que sua função de exopeptidase cliva as ligações peptídicas

Page 38: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

38

próximas do carboxi-terminal das proteínas em pH ácido (4,5 a 5,5) e sua função de

endopeptidase, cliva as ligações peptídicas em regiões centrais das proteínas em

pH próximo do neutro entre 6,5 a 7,4 (NÄGLER et al., 1997).

Essa dupla funcionalidade da CT-B se justifica por possuir uma alça de

oclusão de aproximadamente 20 resíduos de amino-ácidos mantendo seu sítio

catalítico obstruído o que favorece sua atividade enzimática de exopeptidase em pH

ácido, e em pH neutro a alça de oclusão é parcialmente deslocada favorecendo sua

atividade exopeptidásica (TURK & GUNCAR, 2003).

Em sua estrutura as CTs são formadas por dois domínios denominados L e R,

domínio esquerdo e direito, respectivamente. Segundo Turk e colaboradores (2012),

o domínio L tem três α-hélices, sendo que a principal possui 30 resíduos de

aminoácidos. O domínio R tem uma estrutura em forma de barril, com uma estrutura

enrolada fechada na base por uma α-hélice e no topo por um resíduo histidina. O

sítio ativo da enzima é a interface entre os dois domínios que forma um sulco

semelhante à letra “V”. No centro do sulco encontram-se dois resíduos, um Cys25

na extremidade N-terminal da hélice central e um resíduo His163 como parte do

domínio R. Para a atividade proteolítica desta enzima, esses dois resíduos

catalíticos formam o par iônico tiolato-imidazol (FIG. 3).

Segundo estudos realizados por Vidal (2012) pode-se concluir que diferentes

MMPs e CTs estão presentes tanto em dentina sadia quanto em dentina cariada,

com maior abundância no tecido cariado, onde a atividade proteolítica endógena

também é maior, indicando que uma série de processos bioquímicos ocorra na

progressão da cárie, envolvendo não apenas a desmineralização da estrutura

dental, mas também uma resposta à injúria por parte do tecido pulpar e dos

odontoblastos. Além disso, esses resultados suportam os achados de que essas

enzimas atuem em conjunto na degradação da matriz orgânica dentinária nas lesões

de cárie.

Em eventos patológicos as CTs fazem parte do grupo das cisteíno-proteases

que participam dos processos celulares mais especializados, são encontradas nos

lisossomos, degradam as proteínas de seu interior e, podem degradar a matriz

extracelular de proteínas como o colágeno tipo I (BURLEIGH, BARRET & LAZARUS,

1974). Estão envolvidas em processos de progressão tumoral e inflamatórios, em

doenças sistêmicas como diabetes e doenças degenerativas como: doença de

Page 39: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

39

Alzheimer, distrofia muscular, esclerose múltipla (TURK & GUNCAR, 2003;

VASILJEVA & TURK, 2008), além de patologias que envolvam estados de

remodelação do tecido, artrite reumatóide e aterosclerose (POZGAN et al., 2010).

Em patologias orais as CTs estão relacionadas aos processos degenerativos

do periodonto de inserção (fibras de colágeno), à reabsorção da matriz óssea

(periodonto de sustentação) e à progressão de processos tumorais na cavidade

bucal, com evidências de que sua disfunção estaria relacionada com a

transformação de tumores do estado pré-malígno para malígno (TSUJI et al., 2001;

MOGI & OGOTO, 2007).

Atualmente a catepsina K (CT-K) é a única CT que degrada o colágeno em

seu estado íntegro (colágeno tipo I). Por ser altamente expressa em osteoclastos

remodelando a matriz óssea, é considerada enzima-chave no remodelamento ósseo

em movimentações ortodônticas (TSUJI et al., 2001), no avanço da doença

periodontal e altas concentrações de CT-K foram encontradas no fluido crevicular

gengival de pacientes com periodontite crônica (MOGI & OTOGOTO, 2007).

Sua capacidade de clivar a tripla hélice da estrutura do colágeno está

relacionada à formação de complexos entre a CT-K e glicosaminoglicano (GAGs),

Figura 3- Representação Esquemática da Estrutura das Cisteíno-Catepsina Endopeptidase (baseado na estrutura da CT-L). No esquema, as cadeias são mostradas em verde sendo que os elementos estruturais secundários são mostrados em azul (α-hélice) e em vermelho (folhas β). Os resíduos Cys e His no sítio ativo da enzima estão mostrados em amarelo. Fonte: Turk et al., 2012.

Page 40: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

40

assim uma única molécula de CT-K com uma molécula de condroitim sulfato

possibilita o alinhamento de várias moléculas de CT-K, conferindo com isso sua

capacidade de degradar o colágeno em seu estado íntegro (LI et al., 2008).

Nestas situações de desequilíbrio o uso de inibidores sintéticos na tentativa

de prevenir ou desacelerar a degradação da interface de união dentina/compósito de

resina se faz necessária.

2.4- INIBIDORES SINTÉTICOS DE PROTEASES

Na tentativa de prevenir a degradação dentinária, e prolongar a estabilidade

das restaurações adesivas, a utilização de inibidores sintéticos pode ser uma

alternativa valiosa para minimizar os efeitos da degradação do colágeno e de outros

componentes da matriz orgânica dentinária.

O colágeno é uma proteína fibrosa, insolúvel e resistente à ação de

proteases, devido ao denso empacotamento molecular. A conformação do colágeno

em tripla hélice o torna resistente à maioria das proteases. A desestruturação só é

possível após a clivagem da tripla hélice, deixando-o susceptível a ação das outras

proteases, sendo que a MMP-8 e a CT-K são capazes de hidrolisar essa estrutura

(VISSE & NAGASE, 2003).

Um estudo realizado por Pashley e colaboradores (2004) mostrando que a

utilização digluconato de clorexidina como uma solução aquosa de clorexidina 2% foi

capaz de reduzir a atividade gelatinolítica do substrato dentinário, fez com que o

digluconato de clorexidina fosse o primeiro inibidor sintético a ser investigado, com a

finalidade de propiciar interfaces adesivas mais estáveis. Sua ação antibacteriana

explica seu mecanismo de ação sobre a inibição das proteases da dentina

(ATHANASSIADIS, ABBOTT & WALSH, 2007).

Este achado motivou a investigação de outras drogas com potencial inibitório

sobre as proteases da dentina. Assim, Breschi e colaboradores (2010b), avaliaram o

efeito do Galardin (GM 6001, Ilomastat) um inibidor específico de MMPs não dotado

de atividade antibacteriana, e mostraram que sua utilização favoreceu para

Page 41: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

41

incrementar a resistência de união a longo prazo por sua capacidade inibitória da

atividade das MMPs presentes no substrato dentinário.

Stanislawczuk, Reis & Loguercio (2011) avaliaram os compostos derivados do

antibiótico tetraciclina, como doxiciclina e minociclina como possíveis inibidores das

MMPs presentes na dentina conservando a integridade das restaurações adesivas.

O tratamento da dentina com minociclina não comprometeu a adesão imediata e a

longo prazo o efeito destas duas substâncias sobre o comportamento mecânico de

interfaces de união ainda não foi reportado.

Recentes estudos utilizando a doxiciclina com concentração equivalente a

5mg/ml (0,5%) mostraram que a atividade colagenolítica da dentina foi reduzida na

sua presença (OSORIO et al., 2011; TOLEDANO et al., 2012).

Em outro estudo Osorio e colaboradores (2005) reportaram que o uso do

ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) como agente condicionante da dentina,

antes da aplicação dos sistemas de união, conseguiu reduzir a atividade proteolítica

da dentina. Posteriormente resultados semelhantes foram obtidos por Thompson e

colaboradores (2012), sugerindo que a longo prazo a utilização de EDTA poderia

estabilizar a interface de união.

É necessário ressaltar que esses efeitos foram observados antes que a

expressão e a atividade das CTs fossem identificadas. Dessa forma, a clorexidina

além de atuar sobre as MMPs também atua na inibição de pelo menos três CTs: CT-

K, CT-B e CT-L. Esses achados reforçam que o controle da atividade proteolítica

intrínseca da dentina se deve à inibição das enzimas proteolíticas tanto MMPs

quanto CTs (SCAFFA et al., 2012).

Estudos in vitro e in vivo comprovaram que o uso da clorexidina a 2% utilizada

durante a técnica de hibridização úmida, propicia a manutenção do selamento

dentinário, melhora a resistência de união entre os materiais restauradores e a

dentina, além de reduzir a degradação da união aumentando, com isso, a

longevidade das restaurações (CARRILHO et al., 2007a; CARRILHO et al., 2007b;

SCAFFA et al., 2012).

Page 42: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

42

Outra proposta foi a utilização de metacrilatos derivados de compostos

quaternários de amônia (p.e MDPB) como alternativa de controle da atividade

proteolítica da dentina, cuja atividade inibitória sobre as MMPs vem sendo

demonstrada. Como esses compostos são polimerizáveis poderiam ser incorporados

à estrutura da restauração servindo como estabilizadores das interfaces adesivas na

atividade proteolítica da dentina (TEZVERGIL-MUTLUAY et al., 2011).

No entanto a principal limitação desses compostos inibidores Galardin,

derivados da tetraciclina, EDTA, compostos quartenários de amônia, se dá pelo fato

de sua potencialidade ser efetiva sobre as MMPs, o que controlaria apenas parte da

atividade enzimática no substrato dentinário, com exceção da clorexidina que se

mostrou eficaz tanto na inibição das MMPs quanto das CTs (GENDRON et al., 1999;

SCAFFA et al., 2012).

Apesar dos estudos descreverem vários compostos para controle da atividade

de proteolítica na destruição da matriz extracelular dos tecidos em diversas

patologias, as únicas substâncias testadas para o controle da proteólise da dentina

foram: compostos quimicamente derivados da tetraciclina (CMTs), um bisfofanato –

o zolendronato, (SULKALA et al., 2001), e uma bisguanidina - o digluconato de

clorexidina (GARCIA et al., 2009; SCAFFA et al., 2012).

Desta forma, as pesquisas estão voltadas para o uso de inibidores capazes

de atuar sobre a atividade proteolítica das duas famílias de enzimas identificadas até

o momento na dentina, as MMPs e as CTs, na tentativa de controlar o processo de

degradação da interface restauradora ao longo do tempo.

2.5 - PRÓPOLIS

Própolis é o nome dado ao produto obtido das abelhas a partir de brotos de

folhas, galhos e feridas no tronco de árvores. Etimologicamente a palavra própolis

significa em “defesa da cidade”, evidenciando a sua importância para a colônia com

inúmeras aplicações, como isolante térmico, tratamento antisséptico, vedação e

impermeabilização (KOSONOKA, 1990).

Page 43: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

43

As abelhas coletam a resina utilizando suas mandíbulas com o auxílio do

primeiro par de patas. Logo após sua retirada a resina é triturada e enriquecida com

secreções salivares, principalmente a enzima glicosidase, responsável pela hidrólise

dos flavonóides glicosados, as angliconas permitindo o amolecimento da resina

(ASÍS, 1996). A resina amolecida é transferida para as corbículas, estruturas

especiais em suas patas traseiras, para assim serem levadas à colméia (SORKUN,

SUER & SALIH, 2001). Atua como termorregulador evitando a exposição da colônia

a correntes de ar e infestação por elementos estranhos. Várias atividades biológicas

são atribuídas à própolis como: propriedades antissépticas, anti-inflamatória,

antimicótica, bacteriostática analgésica, anticancerígena. Devido a estes efeitos

benéficos, existe um grande interesse na composição e atividade biológica da

própolis (MARCUCCI, 1995).

A própolis é uma mistura complexa, formada por material resinoso e

balsâmico coletado pelas abelhas de várias espécies das flores, ramos e exudatos

de árvores, pólen, brotos. Na colméia é utilizado como proteção contra insetos e

microrganismos, no reparo de frestas ou danos, além de proteger e manter

asséptico o local para postura da abelha rainha (MARCUCCI, 1996). O gênero e/ou

espécie da abelha influencia na qualidade da própolis (PARK et al., 1998), assim

como suas variantes de cor, odor, sabor, composição química e atividade biológica

dependem da procedência das espécies vegetais e das estações do ano assim as

diferenças existentes entre os vários tipos de própolis estão diretamente

relacionados às origens geográficas, onde há o predomínio da vegetação local

(MARCUCCI, 1995; MARCUCCI et al., 2000).

Os produtos disponíveis para as abelhas coletarem a própolis são produzidos

por uma grande variedade de processos botânicos em diferentes partes das plantas,

que podem ser substâncias secretadas pelas plantas, substâncias encontradas no

exudatos de cortes das plantas, materiais lipofílicos das folhas e dos brotos foliares,

goma, látex (BANKOVA, DE CASTRO & MARCUCCI, 2000).

Algumas própolis são fibrosas e firmes outras gomosas e maleáveis,

possuindo composição química complexa. Sua coloração pode variar do amarelo

claro, marrom esverdeado ao negro e marrom avermelhado dependendo da

Page 44: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

44

vegetação de origem e dos fatores ambientais do local de produção (MARCUCCI et

al., 2001).

Segundo Belmiro, Oki & Fernandes (2011), existem no Brasil mais de dez

subtipos de própolis diferenciadas pela cor, odor, consistência, suas características

também estão associadas à espécie de abelha produtora e a planta de origem.

A geoprópolis originária da Amazônia possui benzofenonas preniladas como

substância característica (TOMAS-BARBERAN et al., 1993), é coletada pela abelha

Meliponinae, uma espécie de abelha sem ferrão que coleta o material resinoso das

plantas misturando-o aos produtos advindos do solo, não contém pelos vegetais

(tricomas), mas sedimentos de terra ou barro utilizados na sua elaboração (BARTH,

DUTRA & JUSTO, 1999).

A própolis marrom originária do Estado do Rio de Janeiro e da Região Sul do

Brasil, tem como elementos caracterizados a presença de epiderme com seus

anexos como estômago, tricomas, e glândulas (BASTOS, 2001), fato que a distingue

da geoprópolis.

A própolis verde, também conhecida como própolis brasileira, originária da

região sudeste, tem como fonte fornecedora a resina coletada das espículas

foliculares de espécies Baccharis, especialmente a B dracunculifolia L (Asteraceae)

conhecida popularmente como vassourinha ou alecrim-do-campo (BANKOVA, DE

CASTRO & MARCUCCI, 2000; BASTOS, OLIVEIRA & SOARES, 2000; BASTOS,

2001). É conhecida por ser um antibiótico natural, eficaz no tratamento de gripes,

resfriados, inflamações de garganta, bronquites, úlceras. Seus efeitos anti-

inflamatório e anestésico aceleram a cicatrização e promovem alívio nos casos de

queimaduras. Também é indicada em casos de afecções inflamatórias superficiais,

como estomatite, amigdalite, gengivite, periodontite. No caso de estomatite e

inflamações da garganta, o extrato alcoólico atua sintomaticamente, uma vez que

cria uma película protetora no local onde foi utilizado (SANTOS et al., 2003).

A própolis verde apresenta em sua composição os ácidos diterpênicos e

ácidos p-cumáricos prenilados, como o Artepilin C, além de apresentar alto teor de

substâncias antioxidantes que previnem o envelhecimento das células e combatem

os radicais livres (BANKSOTA et al., 1998; SALATINO et al, 2005; PAULINO et al.,

2008).

Page 45: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

45

A própolis vermelha é típica de Cuba, sua fonte vegetal foi identificada como

sendo a Clusia nemorosa (Clusiaceae) (CUESTA-RUBIO et al., 2002) e na

Venezuela a principal origem são os exudatos provenientes da Clusia scrobiculata

(TRUSHEVA et al., 2004).

No Brasil, a própolis vermelha é característica da região nordeste, mais

especificamente na região de manguesais. Sua principal origem botânica são os

exudatos de Dalbergia ecastophyllum popularmente conhecida como rabo-de-bugiu.

Foram identificados compostos pertencentes a diferentes classes como: fenólicos,

triterpenóides, isoflavonóides, benzofenonas preniladas e epóxido da naftoquinona

(isolada pela primeira vez em um produto natural), porém seus principais compostos

são os isoflavonóides. Por sua composição química, este tipo de própolis é rica em

elementos terapêuticos e apresenta atividade antioxidante, além de atuar na

prevenção de doenças cardiovasculares, no controle do colesterol e da osteoporose.

Ela também é indicada para dermatites, ferimentos, inflamações e infecções

(TRUSHEVA et al., 2006). Apresenta atividade antibacteriana frente a S aureus

(ATCC12600) em baixa concentração, segundo Maia-Araújo e colaboradores (2011).

Outros estudos verificaram que apresenta atividade antioxidante e antimicrobiana

(BARRETO, 2008; BITTENCOURT, 2008). A presença dos compostos

rutusapurpurina A e B, presentes na planta de origem conferem a sua cor

avermelhada (PICCINELLI et al., 2011).

A literatura científica vem relatando propriedades farmacológicas da própolis,

porém trata-se de sua utilização na medicina alternativa, denominada Apiterapia

com uso abrangente em diferentes aplicações terapêuticas, sendo encontrada em

produtos farmacêuticos como: cremes, pomadas, soluções.

Os produtos à base de própolis comercializados no Brasil possuem registro

no Ministério da Agricultura, com limites preconizados para fixação de identidade e

qualidade da própolis na Instrução Normativa nº3, de 19 de janeiro de 2001

(BRASIL, 2001).

A própolis no Brasil segue um padrão não-específico para cada localização e

não considera a vegetação e suas características. A legislação determina que no

doseamento apresente o mínimo de 5% (m/m) de compostos fenólico e 0,5% (m/m)

de flavonóides (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2001).

Page 46: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

46

Os produtos que contém própolis e que apresentem indicações terapêuticas

podem ser registrados como medicamentos específicos segundo a Resolução-RDC

nº 132, de 29 de maio de 2003, D.O.U., de 02 de outubro de 2003, classificados

como opoterápicos (BRASIL, 2003). A comprovação de segurança e eficácia segue

a norma técnica da Câmara Técnica de Medicamentos Fitoterápicos (CATEF, 2005).

2.5.1- Composição química e propriedades biológicas da própolis

A própolis é composta por aproximadamente 50% de resina e bálsamo

vegetal, 30% de ceras e ácidos gordurosos, 10% de óleo essencial e compostos

aromáticos, 5% pólen e 5% de várias substâncias como: ácidos graxos, ácidos

orgânicos, aminoácidos, vitaminas e minerais incluindo restos orgânicos

(BURDOCK, 1998).

Apresenta composição química muito complexa, observa-se ação anti-úlcera,

auxiliando na cicatrização, imuno-estimuladora, citostática e hipotensiva

(GHISALBERTI, 1979); atividade antiviral, in vitro, (Herpes Simplex, Influenza) em

função da presença de flavonóides (HELBIG & THEIL, 1982); atividade

antibacteriana, conferida pela presença de flavonóides, ácidos aromáticos e ésteres

(DEBUYSER, 1983; MERESTA & MERESTA, 1986); ação bactericida decorrente da

presença de ácidos ferúlico e caféico (DEBUYSER, 1983).

Diversas substâncias de estruturas químicas distintas são conhecidas na

própolis, pertencentes às seguintes classes: alcoóis, aldeídos, ácidos aromáticos,

ésteres aromáticos, flavonóides, éter, ácidos graxos, terpenóides, esteróides, amino-

ácidos (MARCUCCI, 1995).

Na própolis européia os flavonóides predominam entre as substâncias

fenólicas, já na própolis brasileira os ácidos fenólicos são bem mais abundantes.

Embora a concentração de flavonóides na própolis brasileira seja pequena, a

possibilidade de quantificá-los e utilizar os valores obtidos como parâmetro para o

controle de qualidade químico seja um dos fatores responsáveis pela preferência do

mercado internacional (MARCUCCI et al., 1998).

Page 47: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

47

Sua composição química é complexa e variada e assim como os diversos

tipos de própolis, está relacionada com a variabilidade genética das abelhas rainhas

(PARK et al.,1998), com a flora do local visitado pelas abelhas (PARK et al., 2002), e

com o período de coleta da resina (ROCHA et al., 2003).

Mais de 200 componentes químicos foram identificados, em diversas

amostras da própolis foram encontrados: ácidos fenólicos, flavonóides (como a

galangina, quercetina, pinocembrina e kaempferol), ácidos aromáticos e seus

ésteres (ácidos: benzóico, caféico, cumárico; ésteres: acetato de benzila, benzoato

de benzila, cafeato de butila, entre outros), aldeídos e cetonas, terpenóides e

fenilpropanóides, esteroides, aminoácidos (MARCUCCI, 1996), polissacarídeos,

hidrocarbonetos, ácidos graxos (HU et al., 2005). Na sua composição encontramos

também celulose, vitaminas B1, B2, B6, C, E, niacina e ácido fólico, além de

elementos naturais como: prata, vanádio, mercúrio, ferro, cálcio, alumínio, cobre,

manganês, zinco, césio (DEBUYSER, 1983).

Em relação à ação farmacológica da própolis a principal classe de

constituintes são os compostos fenólicos que possuem diversas classes de acordo

com sua estrutura química, dentre as classes de compostos fenólicos podemos

destacar as de maior interesse, os ácidos fenólicos e os flavonóides (MARCUCCI,

1995; MARCUCCI, 1996).

Os compostos fenólicos são encontrados em plantas comestíveis e não

comestíveis a eles têm sido atribuído diversas atividades biológicas, as quais são

responsáveis pela bioatividade contra microrganismos patogênicos (BURDOCK,

1998).

Os flavonóides estão presentes em todas as partes das plantas, desde a raíz,

folhas até os frutos. Absorvem radiação na faixa do ultravioleta (UV) e da luz visível,

protegendo as plantas contra raios solares, insetos, fungos, vírus e bactérias. São

reconhecidos por suas atividades antibacterianas, antifúngicas e antivirais, por isso,

responsáveis por grande parte dos efeitos benéficos da própolis (MARCUCCI,

1995).

Page 48: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

48

Os efeitos sinérgicos entre flavonóides, ácidos fenólicos e seus derivados

acentuam a atividade antimicrobiana da própolis, uma vez que seu efeito fungicida e

bactericida é fundamental para preservação da vida na colméia (BURDOCK, 1998).

A atividade antibacteriana é maior contra bactérias Gram-positivas quando

comparadas às bactérias Gram-Negativas (MARCUCCI et al., 2001), talvez a

explicação seria por estas bactérias apresentarem a parede celular quimicamente

mais complexa e com maior teor lipídico aumentando sua resistência (VARGAS et

al., 2004).

Sua atividade anti-inflamatória pode ser relacionada à presença de

flavonóides, especialmente galangina. Este flavonóide apresenta atividade inibitória

contra a ciclooxigenase (COX) e lipooxigenase (LOX). Além de relatos da presença

do ácido fenil éster caféico (CAPE), inibindo a liberação de ácido aracdônico da

membrana celular, suprimindo com isto as atividades das enzimas COX-1 e COX-2

(BORELLI et al., 2002). A ação anti-inflamatória observada na própolis inibe a

síntese das prostaglandinas, ativa a glândula timo auxiliando o sistema imune pela

promoção da atividade fagocítica estimulando a imunidade celular (KOSALEC et al.,

2005).

Este produto natural com amplo espectro de suas propriedades

farmacológicas é de interesse na área médica e odontológica.

2.5.2- Uso da própolis na Odontologia

A utilização da própolis na Odontologia está se tornando cada vez mais

indicada. Na Endodontia, por exemplo, foi utilizada como irrigante endodôntico e

observada regeneração de lesões apicais em dentes acometidos de necrose pulpar

através do tratamento com própolis (SCHELLER et al., 1978; GAFAR, 1986); na

Periodontia foi observado que o uso de solução hidroalcoólica de própolis a 1,5%

reduziu a placa bacteriana e nenhuma irritação bucal foi detectada, com isso

concluíram que houve uma melhora satisfatória nos casos de gengivite em quase

80% dos casos acompanhados, também os mesmos autores realizaram um trabalho

com pacientes com gengivites crônicas e úlceras bucais recorrentes ou inespecíficas

utilizando o propolan (50% de própolis, propilenoglicol em álcool 95%), onde

observaram que a região tratada com propolan mostrou uma rápida recuperação

Page 49: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

49

pela atuação sobre bactérias gram-positivas da placa supragengival, e os efeitos

antimicrobianos, cicatrizantes, anestésicos mostraram favorecer uma regressão

rápida dos sintomas dolorosos, assim como um efeito curativo das úlceras bucais

(MARTINEZ-SILVEIRA, 1988).

Os pesquisadores Ikeno, Ikeno & Miyazawa (1991), fizeram estudos em ratos

e confirmaram o efeito da própolis sobre a cárie dentária, provaram menor incidência

do crescimento da microbiota cariogênica após aplicação de própolis, principalmente

de S mutans. Neste mesmo estudo os pesquisadores comprovaram por

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) que os compostos ácido cinâmico e

ácido cafeico supostamente estariam relacionados com a atividade anticariogênica

da própolis.

Nos casos de aftas bucais, Garcia & Garguera (1993), utilizaram a própolis

em solução alcoólica a 70% e 24 horas após a primeira aplicação, 30 dos 40

pacientes avaliados obtiveram cura, em 7 (sete) foi realizada uma segunda

aplicação e em 3 (três) uma terceira aplicação da solução, os sintomas dolorosos

diminuíram desde a primeira aplicação em todos os pacientes observados. Na

estomatite aftosa Cabarrocas & Gomes (1994), utilizaram a própolis a 10% e

observaram que houve uma rápida diminuição da dor em 90% e pronta epitelização

clínica.

Experimentos com enxaguatório bucal a base de própolis foi utilizado para o

reparo da sulcoplastia pela técnica de Kazanjian. O estudo foi realizado em

pacientes com enxaguatório contendo 5% de própolis em solução hidro-alcoólica 5

(cinco) vezes ao dia e após 7(sete), 14(quatorze), 30(trinta) e 45(quarenta e cinco)

dias da realização da cirurgia foi realizada uma avaliação e constatado que o houve

reparação das feridas cirúrgicas intrabucais, proporcionando efeito anti-inflamatório

e analgésico (MAGRO FILHO & PERRI DE CARVALHO, 1994).

Estudos in vitro foram realizados por Dias (1997), no intuito de adquirir um

medicamento de baixo custo e toxicidade, para uso tópico na cavidade bucal com a

finalidade de controlar o processo da cárie. Foram testadas diversas marcas

comerciais de soluções hidro-alcoólica de própolis e durante o experimento puderam

Page 50: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

50

concluir que houve efeito positivo de inibição das soluções de própolis sobre os S

mutans.

Outro estudo foi conduzido por De Paula e colaboradores (1997), a fim de

encontrar um medicamento para pacientes portadores de candidíase, avaliaram

várias marcas comerciais contendo própolis sobre culturas de cândida albicans, C

parapsolosis, C tropicalis, C glabrata, que foram cultivadas por 48hs a 25º C em

placa de petri contendo Agar sabouraud. Diferentes resultados foram encontrados e

podem estar relacionados com a concentração de própolis em cada marca utilizada

e com a sensibilidade de cada espécie de Cândida.

Avaliando a ação da própolis como uma alternativa natural de antibiótico para

uso odontológico, Santos (1999) ressalta que aplicação da própolis tem sido

investigada para diversas finalidades, porém, seu uso deve ser orientado com

prudência pois se trata de uma resina com efeitos antibióticos e como tal a conduta

de indicação e administração deve ser feita com parcimônia a fim de evitar

resistência microbiana.

Bretz (1999) utilizou própolis em exposição pulpar em comparação com o uso

de hidróxido de cálcio, e observou que não houve resultado significativo em relação

à resposta pulpar, porém em relação à formação de pontes de dentina e

reorganização de tecidos moles, a própolis foi mais eficaz. Em outro estudo foi

observado que a utilização da própolis diretamente sobre a polpa dental, pode

retardar a inflamação pulpar além de estimular a formação de dentina reparadora

(SABIR et al., 2005).

Santos e colaboradores (2003) observaram a ação antibacteriana da própolis

sobre microrganismos relacionados às doenças periodontais. D’Auria e

colaboradores (2003), Martin & Pileggi (2004) relataram a capacidade da própolis na

manutenção do ligamento periodontal, podendo ser utilizada também como proteção

medicamentosa em alvéolos de dentes recém-avulsionados.

Como alternativa terapêutica no processo de desenvolvimento da cárie, onde

há descalcificação do esmalte dentário e da dentina por ação de ácidos orgânicos

formado principalmente por Streptococcus mutans (acredita-se que estejam

envolvidos com o processo da cárie) e Lactobacillos (responsáveis pelo

Page 51: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

51

comprometimento da lesão) atuantes sobre os carboidratos introduzidos com a dieta

alimentar (NOGUEIRA et al., 2007), a própolis por sua comprovada ação

antimicrobiana com menos riscos associados tem sido utilizada como medida

terapêutica capaz de combater curativamente e preventivamente tanto na placa

bacteriana como no processo de instalação da cárie (DUAILIBE, GONÇALVES &

AHID, 2007).

Foi conduzido um estudo comparativo entre clorexidina e própolis como

enxaguatórios sobre S mutans e Lactobacillos relacionados à cárie e a doença

periodontal. Neste trabalho os pesquisadores observaram que pacientes que

utilizaram a CHX relataram alterações no paladar e sensibilidade em mucosa, já os

pacientes que utilizaram a própolis, não relataram alterações. Além disso,

concluíram que o enxaguatório bucal com própolis tipificada foi superior na

eliminação de infecções cariogênicas em pacientes com atividade de cárie e na

supressão dos níveis salivares do S mutans (ANAUATE-NETTO et al., 2013).

Outro estudo foi realizado para comparar os efeitos de enxaguatórios a base

de própolis tipificada e CHX na saúde gengival, empregando-se um ensaio clinico

duplo-cego, randomizado, e placebo-controlado. Foram selecionados 60 pacientes

randomizados em 3 grupos, bochecharam duas vezes ao dia por 28 dias os

enxaguatórios a base de própolis tipificada 2%, clorexidina 0,12% e placebo (n = 20).

Foram realizadas medidas do índice de sangramento papilar (PBS) no tempo basal

e após 28 dias. Constataram-se os efeitos positivos do enxaguatório de própolis a

2% na reducão da inflamação gengival após uso não supervisionado por 28 dias.

Análise no sub-grupo de participantes com idade < 40 anos constatou superioridade

do enxaguatório de própolis quando comparado com o enxaguatório de clorexidina a

0,12% (ANAUATE-NETTO et al., 2014).

Recentemente um estudo clínico de Ercan e colaboradores (2015)

demonstrou que um enxaguatório à base de própolis foi eficiente em reduzir a

quantidade de placa e a inflamação gengival.

Em uma avaliação in vitro do efeito de um creme dental a base de própolis

sobre microrganismos de biofilme oral supra-gengival, Vanni e colaboradores (2015)

observaram uma significativa diminuição (80 a 88%) nas unidades formadoras de

colônias.

Page 52: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

52

3 - PROPOSIÇÃO

Em vista da necessidade de obter um selamento mais efetivo dos substratos

dentais e procedimentos restauradores mais duradouros, o objetivo deste estudo foi:

avaliar o potencial de inibição das própolis, verde e vermelha, nas

concentrações 10µg e 100µg, sobre a CT-B purificada e as proteínas

extraídas da dentina;

avaliar a influência da própolis vermelha na resistência de união da interface

dentina/compósito de resina.

Page 53: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

53

4 - MATERIAL E MÉTODO

4.1 - ASPECTOS ÉTICOS

Este trabalho foi submetido à Comissão de Ética da Universidade Anhanguera

de São Paulo e obteve parecer favorável para sua realização, sob o Protocolo 1624.

4.2 - OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO DE PRÓPOLIS (EEP)

As amostras de própolis tipificada verde e vermelha, na sua forma bruta foram

utilizadas para obter um extrato etanólico de própolis - EEP (Figura 4).

Figura 4 – Amostras da própolis verde e da própolis vermelha em sua forma bruta.

A obtenção do EEP foi realizada de acordo com o protocolo de Marcucci

(2006). Uma mistura de aproximadamente 75 g de própolis bruta triturada fornecida

pela Prodapys, em 250 mL de álcool etílico (p.a.) em frascos Erlenmeyers de 500

mL, que permaneceram em um shaker orbital sob agitação de 160 rpm a uma

temperatura de 40ºC por 18h. Após esse procedimento, a amostra foi armazenada

em freezer por 1 a 2 horas, para a redução do teor de gordura no extrato e

posteriormente filtrada para a separação da porção insolúvel. A porção insolúvel

ficou retida no filtro e foi seca em uma capela com ventilação por 24h. Junto às

porções insolúveis nova adição de álcool etílico (p.a.) foi realizada e novamente

devolvido ao shaker para uma nova extração. Repetindo o procedimento. O solvente

A B

Page 54: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

54

foi evaporado em rotaevaporador a temperatura de 70°C até a obtenção do extrato

mole da própolis.

4.3 - OBTENÇÃO DAS PROTEÍNAS LIGADAS À MATRIZ DENTINÁRIA

Para a obtenção das proteínas ligadas à matriz dentinária, foi necessário

inicialmente que a dentina fosse transformada em pó, para isso, foram utilizados 10

molares humanos. Os dentes foram armazenados em freezer -80ºC e mantidos

congelados até o preparo do pó por no máximo 1 mês. A porção coronária foi

separada da porção radicular e o tecido pulpar removido. A dentina coronária foi

exposta pela remoção do esmalte com brocas carbide em alta velocidade, cortada

em pequenos fragmentos em baixa velocidade, com um disco diamantado, sob

constante irrigação (Figura 5).

Figura 5 – Obtenção das proteínas da matriz dentinária. Dente humano (A); remoção do esmalte (B); obtenção de fragmentos de dentina (C).

Os fragmentos foram secos com acetona por 5 minutos e congeladas a - 80º

C por 24 h para então serem triturados em 30 Hz durante 7 minutos em um moinho

de bolas (Retsch). O pó foi peneirado e uma alíquota de 1 g de dentina foi separada

para a extração das enzimas (Figura 6).

B C

Page 55: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

55

Figura 6. Moinho de bolas. Moinho de bolas com os dispositivos de aço inox em posição utilizados para obtenção do pó de dentina (A). Dispositivo retirado do moinho após o ciclo de moagem contendo o pó de dentina a ser utilizado (B).

4.3.1- Protocolo de extração

A extração enzimática foi feita de acordo com o protocolo de Martin-De Las

Heras e colaboradores (2000). Inicialmente, o pó de dentina foi mantido imerso por

24 h em 2,5 M de cloreto de sódio (NaCl) sob constante agitação a 4ºC. Na

sequência, o conteúdo foi centrifugado (2.000 x por 10 min a 4ºC), o sobrenadante

foi removido e o pó foi lavado 2 vezes com 50 mL de água destilada com

temperatura aproximada de 4 ᵒC. O pó de dentina foi então incubado duas vezes em

4M de tampão hidrocloreto de guanidina 65mM (pH7,4) tris (hidrometil)

aminometano-ácido clorídrico (Tris-HCl) sob constante agitação a 4ºC por 2 dias,

totalizando 4 dias de incubação. O conteúdo foi centrifugado, o sobrenadante

removido e foram obtidos os extratos G1.1 e G1.2, a partir de cada incubação, os

quais foram combinados para se obter o extrato final G1. Este extrato foi, então,

dialisado em 50 mM Tris-HCl (pH 7,4) por 4 dias a 4ºC, sendo que a solução foi

substituída no segundo dia de diálise. Em seguida, a diálise foi realizada por mais 1

dia contra água destilada a 4ºC. Ao final da diálise, o conteúdo foi armazenado em

freezer -80ºC. Ao mesmo tempo, o precipitado obtido após a centrifugação (pó de

dentina) foi incubado com ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) 0,5 M (pH 7,4)

em temperatura de 4ºC sob constante agitação por 4 dias. Ao final da incubação

com EDTA, o conteúdo foi centrifugado, o sobrenadante foi removido e dialisado

Page 56: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

56

contra água destilada a 4ºC por 4 dias. Ao final da diálise, o conteúdo foi

armazenado em -80ºC (extrato E1). Tal procedimento foi repetido por mais três

vezes com o mesmo pó e foram obtidos os extratos E2, E3 e E4. Após a

desmineralização com EDTA o precipitado foi novamente incubado, por duas vezes,

com o tampão guanidina-HCl 4M/Tris-HCl 65 mM (pH 7,4) por 2 dias a 4 ºC sob

constante agitação, repetindo o tratamento descrito para o extrato G1 e os

procedimentos de diálise para obtenção do extrato G2. O extrato utilizado para

avaliação da atividade em dentina foi o extrato final, chamado G2, que representa as

proteínas ligadas à matriz dentinária.

4.4- POTENCIAL INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A CISTEÍNO-CATEPSINA

B (CT-B)

Primeiramente, um estudo foi conduzido no intuito de avaliar o possível

potencial inibitório da própolis sobre a atividade enzimática da CT-B. Para isso, a

atividade enzimática da enzima recombinante CT-B foi avaliada

espectrofluorimetricamente (Hitachi F-2500), nos comprimentos de onda específicos

de excitação e de emissão para o substrato Z-FR-MCA (benzyloxycarbonyl – Phe-

Arg-methyl-7-aminocoumarin amide), que foram 380 nm e 460 nm, respectivamente.

O ensaio foi realizado em tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,6 a 37 oC. A enzima

(0,5 μL) foi pré-ativada por 5 min com solução de DTT (ditiotreitol) 1mM antes da

adição do substrato fluorogênico Z-FR-MCA (5μM). A inibição enzimática foi

realizada nas concentrações de 10 e 100 µg de própolis verde e vermelha. O perfil

de inibição foi determinado medindo a hidrólise do substrato ao longo do tempo.

Em uma segunda etapa, foram utilizadas as proteínas extraídas da dentina,

conforme descrito no protocolo de extração (Martin-De Las Heras et al., 2000). A

atividade colagenolítica/gelatinolítica das cisteíno-catepsinas foi monitorada

espectrofluorimetricamente. O ensaio foi realizado em uma placa de 96 poços e para

cada amostra foi adicionado 10μL de proteína extraída ao tampão acetato de sódio

50 mM em pH 5,6 contendo um mix com 1mM de DTT (redutor da atividade

enzimática) juntamente com 5 μM de Z-FR-MCA, (substrato fluorogênico específico

para CTs) esse mix foi incubado por 24h a 37ºC. A inibição enzimática foi realizada

Page 57: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

57

nas concentrações de 10 e 100 µg de própolis. O ensaio foi realizado no leitor de

placa (Biotek, Synergy) nos comprimentos de onda de excitação e emissão de 380 e

460 nm, respectivamente, e o experimento foi realizado em triplicata. O perfil de

inibição da própolis foi determinado medindo a diferença da fluorescência final e

inicial (Δ fluorescência) e expressa em unidades arbitrárias de fluorescência/µg de

proteína (UAF/μg de proteína).

Figura 7 - Cubeta e Espectrofluorímetro Hitachi F2500, com câmara de monitoramento.

Figura 8. Leitor de Placas de 96 Poços.

4.5 - AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO

Page 58: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

58

Para a avaliação da ação da própolis sobre os resultados de resistência de

união entre os compósitos de resina e o remanescente dental, foram selecionados

20 terceiros molares humanos extraídos com indicação ortodôntica obtidos em

consultórios particulares livres de cárie, com anuência dos pacientes e cirurgião-

dentista. Os dentes selecionados foram cuidadosamente limpos para eliminação de

tecido periodontal remanescente e armazenados em água destilada sob refrigeração

de 4ºC. Para a realização das restaurações a face oclusal dos dentes foram

seccionadas perpendicularmente ao seu longo eixo para a remoção das cúspides,

utilizando disco diamantado em máquina de corte (Labcut 1010, Extec, Enfield,

USA), sob refrigeração constante com água (Figura 9B), o remanescente coronário

foi desgastado em politriz (Beta, Buelher, USA) seguida de polimento em lixa 600

(Figura 9C) para obtenção de uma área plana em dentina padronizando a smear

layer (Figura 10 A). Nesta área obtida, o sistema de união foi realizado. O mesmo

procedimento foi realizado na porção radicular, onde o remanescente pulpar foi

removido com curetas e lima tipo Kerr para obtenção de uma cavidade livre de

tecido pulpar, sendo restaurada de acordo com os procedimentos adesivos

utilizados neste trabalho, porém sem a utilização da própolis em nenhum grupo.

Figura 9 – Preparo dos Dentes. Limpeza e armazenamento dos dentes (A); remoção da face oclusal dos dentes e obtenção da fatia de dentina (B); desgaste em politriz para obtenção da área plana em dentina e padronização da smear layer (C).

Os dentes foram distribuídos aleatoriamente de acordo com os tipos de

tratamento realizados na superfície da dentina (controle e própolis) e subdivididos de

acordo com o tempo de armazenamento até a realização de teste de resistência de

união, inicial, quando as amostras foram testadas após 24h da realização do

procedimento adesivo e restauração e, 18 meses, quando as amostras foram

armazenadas por este período até a realização do teste de resistência de união

(n=5). Os grupos e os procedimentos foram realizados como o descrito:

Page 59: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

59

Grupo Controle - Restauração com sistema adesivo convencional Scotchbond Multi

Purpose Plus (3M): Dez (10) dentes foram submetidos ao condicionamento ácido foi

realizado utilizando Condac 37 por 15 segundos, em seguida lavagem com água por

30 segundos; secagem da superfície com papel absorvente até obtenção de uma

superfície sem excesso de umidade; aplicação do primer sob agitação por 20

segundos, removendo o excesso com leves jatos de ar até obtenção de uma

superfície uniformemente úmida, aplicação do adesivo formando uma camada

brilhante e uniforme, onde o excesso foi removido com o próprio microbrush utilizado

para sua aplicação e realizada a fotopolimerização por 40 segundos; em seguida foi

realizada a colocação do primeiro incremento de resina (Filtek Z100 cor A2) de 2mm

de espessura, fotopolimerizado por 40 segundos e um segundo incremento também

de 2mm de espessura foi colocado e fotopolimerizado por mais 40 segundos, e um

terceiro incremento foi realizado totalizando assim 6mm de espessura (Figura 10B).

Os dentes foram preparados para obtenção dos palitos (Figura 10C) para serem

submetidos ao teste de tração.

Grupo Controle Inicial: Metade dos palitos obtidos de cada dente foi conduzida ao

teste de resistência à microtração após o armazenamento em água destilada em

estufa a 37oC por 24h.

Grupo Controle 18 meses: A outra metade foi armazenada nas mesmas condições

por 18 meses, com o cuidado de realizar a troca da água destilada semanalmente e

posteriormente conduzida ao teste de microtração.

Grupo Própolis – Dez (10) dentes foram submetidos ao condicionamento ácido

realizado utilizando Condac 37 por 15 segundos, em seguida lavagem com água por

30 segundos; secagem da superfície com papel absorvente até obtenção de uma

superfície sem excesso de umidade; aplicação da própolis seguida dos passos

realizados para o Grupo Controle, para obtenção dos palitos a serem conduzidos ao

teste de tração.

Grupo Própolis Inicial: Metade dos palitos obtidos de cada dente foi conduzida ao

teste de resistência à microtração após o armazenamento em água destilada em

estufa a 37oC por 24h.

Page 60: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

60

Grupo Própolis 18 meses: A outra metade foi armazenada nas mesmas condições

por 18 meses, com o cuidado de realizar a troca da água destilada semanalmente e

posteriormente conduzida ao teste de microtração.

Os materiais envolvidos neste estudo, suas características e composição

estão descritos no Quadro 1.

Quadro 1 – Materiais utilizados neste estudo.

PRODUTO CARACTERÍSTICA COMPOSIÇÃO

Condac 37 Condicionador de superfície

Ácido fosfórico a 37% em gel pH-0,6

Adper Scotchbond Multi Purpose Plus (3M ESPE)

Primer

Adesivo

Sistema Adesivo Convencional

Solução aquosa

Solução

2-hidroxietilmetacrilato (HEMA) e um copolímero do ácido polialcenóico. (pH 3,3)

Bisfenol A diglicidil éter dimetacrilato (BIS-GMA), 2-hidroxietilmetacrilato (HEMA), aminas

Própolis Vermelha Tipificada

Solução a 10µg e 100µg

Restaurador Universal Z100 (3M ESPE)

Compósito Bisfenol-A -diglicidildimetacrilato (BIS-GMA),trietilenoglicoldimetacrilato (TEGDMA),

4.5.1 - Corte e obtenção dos espécimes

Após a realização das restaurações, os dentes foram armazenados em água

destilada por 24hs em estufa bacteriológica (Fanen, 502C) a 37ºC. Após esse

período os dentes foram seccionados através da interface de união em secções

perpendiculares à parede pulpar, após fixação dos mesmos com cera pegajosa

(Pason - Indústria e Comércio de Materiais Odontológicos LTDA- Indústria Brasileira)

em placa de acrílico (Plexiglass) e levados para a máquina recortadora (Labcut

1010, Extec, Enfield, USA) para obtenção de palitos de 0,9 mm x 0,9 mm, seguindo

as especificações da ISO 11405 (Figura 10C).

Page 61: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

61

Figura 10 – Obtenção dos Espécimes. Obtenção de área plana em dentina (A); confecção de coroa em resina composta (B); obtenção de espécimes em forma de palito (C).

Os espécimes foram fixados à máquina de testes universal (Instron, modelo

3342, USA) e foi conduzido o teste de microtração a uma velocidade de 0,5mm/s

(Figura 11).

Figura 11 – Máquina Universal de Testes Instron (A); espécime fixado em jig, adaptado à máquina de testes (B); espécime após a realização do teste de tração (C).

4.5.2 - Análise estatística

Os dados obtidos com o teste de resistência de união à microtração foram

tabulados e submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk, que confirmou a

distribuição normal. Assim, os dados foram submetidos ao Teste t pareado para

comparar a resistência de união obtida no “tempo inicial” e após “18 meses” de

armazenamento, considerando nível de significância de 5% (α = 0,05).

Posteriormente foi aplicado o Teste t para amostras independentes para

comparar os dados obtidos no grupo controle e no grupo que recebeu a aplicação

prévia com própolis, considerando nível de significância de 5% (α = 0,05).

A B C

Page 62: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

62

5 – RESULTADOS

Os resultados obtidos mostraram a capacidade de inibição das própolis

tipificadas verde e vermelha sobre a atividade enzimática da CT-B no teste de

Inibição Enzimática e da própolis vermelha no teste de Resistência de União.

5.1 – INIBIÇÃO ENZIMÁTICA

No experimento que avaliou a capacidade de inibição das própolis tipificadas

verde e vermelha sobre a atividade enzimática da CT-B, os resultados mostraram

que a própolis vermelha foi capaz de inibir com maior eficiência a atividade

enzimática, no entanto a inibição foi concentração dependente (Gráfico 1). Já a

própolis verde mostrou um menor potencial de inibição (Gráfico 2).

Gráfico 1- Atividade enzimática da Catepsina B (em unidades arbitrárias de fluorescência - UAF) em função das duas concentrações da própolis vermelha (em µg).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Catepsina B 10 µg 100 µg

Ati

vid

ade

(U

AF)

Própolis Vermelha

Page 63: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

63

Gráfico 2- Atividade enzimática da Catepsina B (em unidades arbitrárias de fluorescência - UAF) em função das duas concentrações da própolis verde (em µg).

Os resultados mostraram que a própolis vermelha na concentração de 10 µg

foi capaz de inibir 35% da atividade enzimática. Já na concentração de 100 µg inibiu

85% da atividade da CT-B recombinante (Gráfico 3).

Gráfico 3- Porcentagem de inibição da atividade enzimática da Catepsina B (em unidades arbitrárias

de fluorescência) em função das duas concentrações da própolis vermelha (em µg).

Já a própolis verde não foi capaz de inibir eficientemente a atividade enzimática em nenhuma das concentrações testadas já que na concentração de 10µg inibiu apenas 11% e na concentração 100 µg mostrou uma inibição de 27% (Gráfico 4).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Catepsina B 10 µg 100 µg

Ati

vid

ade

(U

AF)

Própolis Verde

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Própolis Vermelha 10 µg Própolis Vermelha 100 µg

% In

ibiç

ão

Própolis Vermelha

Page 64: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

64

Gráfico 4 - Porcentagem de inibição da atividade enzimática da Catepsina B (em unidades arbitrárias de fluorescência) em função das duas concentrações da própolis verde (em µg).

Para o extrato dentinário, a atividade enzimática específica foi avaliada e

corresponde à diferença entre a fluorescência inicial e a fluorescência final (Δ

fluorescência), expressa em unidades arbitrárias de fluorescência (UAF).

Os resultados obtidos mostram que a própolis vermelha é capaz de inibir a

atividade das enzimas extraídas da dentina, independente da concentração utilizada.

No gráfico 5, pode-se observar que a atividade enzimática é completamente

inibida com uma baixa concentração de própolis.

0

20

40

60

80

100

Própolis Verde 10 µg Própolis Verde 100 µg

% In

ibiç

ào

Própolis Verde

Page 65: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

65

Gráfico 5- Atividade enzimática no extrato dentinário (em unidades arbitrárias de fluorescência por micrograma de proteína de dentina) em função de diferentes concentrações de própolis vermelha (em µg).

Portanto, os resultados mostraram que a própolis vermelha tanto na

concentração de 10 µg quanto 100 µg foi capaz de inibir eficientemente a hidrólise

do substrato fluorescente pelas proteases extraídas da dentina, assim como o

observado quando foi utilizado o inibidor específico de catepsina, E-64.

5.2 - RESISTÊNCIA DE UNIÃO

De acordo com os resultados do Teste t para amostras independentes não

houve diferença significativa entre o grupo controle e o grupo tratado com própolis

no período de avaliação inicial, de modo que pôde se comprovar que o tratamento

com própolis, previamente à aplicação do sistema de união, não comprometeu o

desempenho do material (Tabela 1).

Entretanto, após 18 meses de armazenamento, observou-se que houve

diferença significativa para o grupo controle e o grupo que recebeu o tratamento

prévio com própolis, sendo que o grupo tratado apresentou média de resistência de

união estatisticamente superior ao grupo controle.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Extrato Dentina Própolis 10 µg Própolis 100 µg E-64

Ati

vid

ade

(U

AF)

Atividade Enzimática

Page 66: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

66

Letras distintas minúsculas em linha e maiúsculas em coluna são

estatisticamente diferentes de acordo com teste t com 5% de significância

Tabela 1 – Resistência de união (DP) MPa para os grupos avaliados

Inicial 18 meses

Controle 41,48 (16,45) aA 15,77 (1,89) bB

Própolis 50,70 (22,84) aA 29,28 (9,65) aA Letras distintas em linha e maiúsculas em coluna são estatisticamente diferentes de acordo com o Teste t com 5% de significância.

Adicionalmente, de acordo com os resultados do teste t pareado observa-se

que no grupo controle houve queda significativa de resistência de união após 18

meses de armazenamento. Já para o grupo tratado com própolis não há diferença

significativa nos valores de resistência de união entre a avaliação inicial e após 18

meses. A aplicação da própolis aparentemente previne a queda da resistência de

união ao longo do tempo.

Page 67: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

67

6 - DISCUSSÃO

As restaurações em compósito de resina são amplamente realizadas nas

atividades clínicas do cirurgião-dentista. No entanto, trata-se de um procedimento

complexo, que pode ser afetado por inúmeros fatores. Dentre eles, a escolha do

sistema de união mais adequado à situação clínica, que pode ser a estratégia de

união convencional ou autocondicionante. Além disso, é necessário salientar que

estas restaurações estão sujeitas aos desafios decorrentes das variações térmicas,

de pH e forças decorrentes da função mastigatória e hábitos parafuncionais.

A união ao substrato dental está fundamentada no mecanismo de hibridização

que envolve a capacidade de difusão dos monômeros resinosos na matriz de

colágeno desmineralizada (NAKABAYASHI et al., 1982). Durante esse procedimento

de união, o tecido dental, é condicionado por soluções ou monômeros ácidos que

removem parte de sua estrutura mineral. O colágeno exposto pelo condicionamento

ácido e não protegido pelo compósito parece sofrer alterações em suas

características morfológicas (CARRILHO et al., 2007). Acredita-se que a

desorganização do colágeno exposto ocorra em função da ação de enzimas

proteolíticas presentes na dentina, tais como, MMPs e CTs (PASHLEY et al., 2004;

CARRILHO et al., 2007). A fragilidade da interface de união das restaurac es em

compósitos de resina é resultado de um efeito combinado entre a degradação dos

componentes resinosos e do substrato dentinário (HASHIMOTO et al., 2003;

PASHLEY et al., 2004). Na porção resinosa, com o passar do tempo, pode ocorrer a

presenc a de água no interior da camada híbrida, o que é verificado pela presença de

nanoinfiltrac ão ocasionando a degradac ão hidrolítica do adesivo, que se torna cada

vez mais permeável e susceptível à degradação, alterando suas propriedades

mecânicas. As alterações morfológicas que revelam a desnaturação parcial ou

completa dos constituintes da interface de união, isto é, dos compósitos de resina,

dos sistemas de união e da dentina modificada pelo procedimento adesivo, são

acompanhadas da redução da resistência mecânica desta interface (HEBLING et al.,

2005, CARRILHO et al., 2007b). O comprometimento isolado, ou em conjunto,

desses componentes são os responsáveis por reduzir a sobrevida das restaurações

adesivas.

Page 68: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

68

Em função disso, estudos têm buscado compreender o papel das enzimas

intrínsecas da matriz dentinária na degradação da interface adesiva. Dentre as

principais enzimas envolvidas no processo de remodelação do colágeno dentinário,

os estudos estão voltados para ação das MMPs e CTs. Acredita-se que a matriz

orgânica dentinária seja exposta à degradação por essas duas classes de enzimas

proteolíticas em situação de desequilíbrio metabólico (TJÄDERHANE et al.,1998;

NASCIMENTO et al., 2011).

Em situações que ocorram o desequilíbrio dos mecanismos reguladores da

degradação tecidual, o uso de inibidores sintéticos desempenha um papel

importante na preservação (GENDRON et al., 1999). A clorexidina é um composto

orgânico conhecido por sua potente ação anti-séptica e antibacteriana, que age

sobre um largo espectro de microrganismos gram-positivos, gram-negativos, fungos

e alguns tipos de vírus, mostra-se efetiva na inibição de pelo menos três tipos de

metalo-proteinases MMP-2, MMP-8 e MMP-9. Os autores acreditam que o efeito

inibitório da clorexidina sobre essas MMPs se deve à sua ação quelante,

sequestradora de cálcio (GENDRON et al., 1999). As propriedades antiproteolíticas

da clorexidina parecem ser efetivas até mesmo em baixas concentrações. Estudos

utilizando a clorexidina em diferentes concentrações observaram sua capacidade de

preservar a estabilidade das restaurações adesivas ao longo do tempo (CARRILHO

et al., 2007b; BRESCHI et al., 2010a). Além da clorexidina, alguns extratos naturais

vêm sendo testados como agentes inibidores, como os polifenois (LEME et al.,

2015) Estudos que avaliam produtos naturais com características bioativas têm

ganhado interesse da comunidade em função de não apresentarem risco à

integridade dos tecidos e órgãos em comparação aos produtos sintéticos com

característica terapêutica correspondente.

A própolis é um composto orgânico, possui reconhecida ação anti-séptica e

antibacteriana, age sobre vários microrganismos, inclusive vírus (IKENO, IKENO &

MIYAZAWA, 1991; GARCIA & GARGUERA, 1993; MAGRO FILHO & PERRI DE

CARVALHO, 1994; GEBARA, ZARDETTO & MAYER, 1996; DUAILIBI,

GONÇALVES & AHID, 2007; NOGUEIRA et al., 2007; SANTOS, 1999; ANAUATE-

NETTO et al., 2013). Ela vem sendo utilizada em diversas formas de apresentação

tais como soluções, pastilhas, cremes dentais, pastas para uso em endodontia,

Page 69: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

69

enxaguatórios bucais (MAGRO FILHO & PERRI DE CARVALHO,1990; DIAS, 1997;

DE PAULA et al., 1997; ANAUATE-NETTO et al., 2013; ANAUATE-NETTO et al.,

2014)

No presente trabalho foram utilizadas as própolis verde e vermelha, no

entanto, para maior precisão de sua composição serão necessários mais estudos

que levem em consideração a região de coleta das amostras e o processo de

tipificação. Marcucci e colaboradores (2000; 2006), desenvolveram um processo

inovador no sentido de identificá-las e, assim, indicar com maior precisão cada tipo

de própolis. Em amostras de países tropicais é comum os resultados serem não-

conclusivos o que torna necessário a realização de mais estudos, já que há uma

diversidade na flora presente, podendo as abelhas serem atraídas por mais de uma

fonte vegetal em uma mesma localidade.

Nos últimos anos a própolis tem sido auto prescrita frequentemente pela

população no tratamento de lesões bucais sem, no entanto, obedecer a forma

sistematizada de uso e sem o conhecimento prévio mais aprofundado sobre as

indicações e o mecanismo de ação dessa resina sobre os sistemas biológicos

(MANARA, 1999). Santos (1999) adverte sobre o uso da própolis com prudência,

devido a sua ação antibiótica.

Sendo assim, tornou-se de extrema valia avaliar a ação da própolis tipificada

verde e vermelha em diferentes concentrações, sobre a atividade proteolítica da CT-

B recombinante e também de proteínas extraídas da dentina, como uma alternativa

para encontrar um inibidor natural, capaz de produzir interfaces adesivas mais

estáveis.

A expressão gênica para diferentes CTs foi demonstrada por Tersariol et al.

(2010) no tecido pulpar e nos odontoblastos, os autores mostraram a presença de

CT-B em dentina sadia por imuno-histoquímica e foi observada uma correlação

positiva entre a atividade de MMPs e CTs, ambas extraídas da dentina sadia. Outro

estudo mostra a interação entre CT-B e a MMP-2 na dentina, sugerindo que ambas

tenham um importante papel na degradação do colágeno (SCAFFA et al., 2012).

Estudos demonstram que é possível verificar a atividade proteolítica por

espectrofluorimetria, por zimografia, zimografia in situ (MARTIN DE LAS HERAS,

VALENZUELA & OVERALL, 2000; TERSARIOL et al., 2010; SCAFFA et al., 2012).

Page 70: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

70

Assim, neste estudo optamos pela utilização do espectrofluorímetro para verificar a

atividade e a inibição da CT-B.

De acordo com a metodologia empregada em nosso estudo foi possível

observar que a própolis vermelha, na concentração de 100 µg inibiu 85% da

atividade da CT-B recombinante. Verificou-se que essa ação é concentração-

dependente, uma vez que na concentração de 10 µg a capacidade de inibição foi

reduzida. Já a própolis verde não apresentou o mesmo desempenho, mostrando

uma reduzida capacidade de inibição, nas duas concentrações. Já para as enzimas

obtidas do extrato de dentina a própolis vermelha apresentou uma capacidade

inibitória excelente, com resultados comparáveis aos apresentados pelo inibidor E-

64, que é um inibidor específico para catepsina.

A partir destes resultados, tornou-se importante saber se a aplicação da

própolis vermelha poderia, também, agir favoravelmente na resistência de união

imediatamente e ao longo do tempo, como aconteceu com a clorexidina em estudos

realizados in vitro (CARRILHO et al., 2007a) e, posteriormente em estudos in vivo

(HEBLING et al., 2005; CARRILHO et al., 2007b) que indicaram que a aplicação da

solução de clorexidina após o condicionamento da dentina e previamente ao uso de

adesivos convencionais pode desacelerar o processo de degradação das interfaces

adesivas, podendo constituir uma ferramenta clínica útil na busca de maior

longevidade das restaurações adesivas (BRESCHI et al., 2010a).

Assim, foi feita a avaliação da resistência de união, inicial e após 18 meses de

armazenamento, usando a aplicação da própolis vermelha na concentração de 100

µg. Optou-se por utilizar essa concentração, pois foi o grupo que melhor inibiu a

atividade enzimática no experimento de cinética. Foi possível observar que a

resistência de união inicial das amostras que receberam a aplicação prévia da

própolis apresentou valores semelhantes aos obtidos com o grupo controle, o que

demonstra que a própolis não interfere no desempenho do sistema de união. Esse

mesmo desempenho foi observado por outros autores que realizaram o tratamento

prévio da dentina com soluções de clorexidina (HEBLING et al., 2005; CARRILHO et

al., 2007a; SCAFFA et al., 2012). Autores que utilizaram outros tipos de tratamento

previamente à aplicação de sistemas adesivos observaram este mesmo

Page 71: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

71

desempenho (STANISLAWCZUK et. al., 2011; OSORIO et. al., 2011; e TEZVERGIL-

MUTLUAY et al., 2011; TOLEDANO et. al., 2012).

O sistema de união convencional foi utilizado neste estudo por ser um sistema

largamente utilizado nas técnicas restauradoras pelos cirurgiões-dentistas no Brasil.

Neste estudo foi utilizado o sistema de união convencional de três passos, por ter

em sua composição, monômeros hidrofóbicos que denotam maior durabilidade por

serem menos susceptíveis à degradação hidrolítica.

As amostras do grupo controle sofreram uma degradação ao longo do tempo

de armazenamento traduzida em uma significante queda na resistência de união,

assim como observado por outros autores, utilizando sistemas de união conforme

orientações dos fabricantes (CARRILHO et al., 2005; CARRILHO et al., 2007a;

CARRILHO et al., 2007b; SCAFFA et al., 2012). O mesmo não foi observado pelo

estudo de Konno (2003) que verificou valores de resistência de união inicial e após 6

meses de armazenamento, semelhantes. No entanto, nosso estudo avaliou após 18

meses de armazenamento, o que pode justificar a diferença nos resultados, visto

que quanto maior o tempo de incubação, maior a degradação na interface,

consequentemente, menores os valores da resistência de união. Atualmente sabe-

se que a ação de diferentes enzimas proteolíticas pode ser responsável pela

degradação da interface adesiva e comprometimento da resistência de união.

O uso da própolis previamente à aplicação do sistema de união proporcionou

valores de resistência semelhantes após 18 meses de armazenamento o que denota

o estabelecimento de uma maior estabilidade da união, quando comparado às

amostras do grupo controle que não recebeu o tratamento da dentina com própolis.

O mesmo foi observado por alguns estudos utilizando a clorexidina, já citados

anteriormente (HEBLING et al., 2005; CARRILHO et al., 2007a; CARRILHO et al.,

2007b; BRESCHI et. al. 2010b). Outros estudos que utilizaram o EDTA como

tratamento prévio à aplicação do sistema de união também observaram a

estabilidade de interface de união (THOMPSON et al., 2012).

Segundo achados de Scaffa e colaboradores (2012), uma explicação razoável

para o desempenho da clorexidina em preservar a interface de união está no fato de

que ela é capaz de infiltrar a matriz dentinária e produzir precipitados que, ficam

Page 72: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

72

selados pelo sistema de união e funcionam como uma reserva de clorexidina que

pode ser solubilizada novamente pelos fluidos dentais, tendo seu efeito protetor na

durabilidade na interface de união prolongado. Outras avaliações precisam ser

conduzidas para verificar se isso se repete com a própolis.

A própolis vermelha está em processo de tipificação que muito irá nos auxiliar

para o conhecimento de sua composição. Estudos adicionais são de extrema valia

para determinar qual (quais) componente (s) da própolis vermelha age sobre a

estrutura enzimática, buscando verificar seu mecanismo de ação, para

posteriormente, isolar e desenvolver um novo material com o objetivo de aumentar a

longevidade das restaurações.

Os resultados observados em nosso estudo confirmam a teoria de que a

própolis vermelha é capaz de inibir a atividade da CT-B, enzima diretamente

relacionada à degradação do colágeno da matriz dentinária. Além disso, a própolis

mostrou-se capaz de inibir a atividade das enzimas extraídas da dentina bem como,

na interface de união formada entre a dentina e os materiais utilizados na confecção

das restaurações estéticas.

Page 73: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

73

7 - CONCLUSÃO

De acordo com a metodologia utilizada em nosso estudo foi possível observar

que:

a própolis verde exibiu baixa eficiência em inibir a atividade enzimática; a

própolis vermelha na concentração de 10 µg e 100 µg foi capaz de inibir a

hidrólise do substrato fluorescente com maior eficiência na concentração de

100 µg, tanto da enzima purificada quanto das proteases presentes no

extrato de dentina, portanto a inibição foi concentração dependente;

a avaliação da resistência de união, utilizando a própolis vermelha na

concentração de 100 µg mostrou que a própolis é capaz de preservar a

integridade da interface de união após 18 meses de armazenamento,

prevenindo a queda na resistência de união ao longo do tempo.

A própolis vermelha se apresentou como um produto promissor para

utilização como um inibidor natural de CT-B, sendo que novos estudos devem ser

realizados para avaliar suas propriedades.

Page 74: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

74

REFERÊNCIAS ANAUATE-NETTO C, MARCUCCI MC, PAULINO N, ANIDO-ANIDO A, AMORE R, MENDONÇA S, BORELLI L, BRETZ WA. Effects of Typified própolis on mutasn streptococci and lactobacilli: a randomized clinical trial. Brazilian Dental Science, v.16, p.31-36, 2013. ANAUATE-NETTO C, ANIDO-ANIDO A, LEWGOY HR, MATSUMOTO R, ALONSO RCB, MARCUCCI MC, PAULINO N, BRETZ WA. Randomized, double-blind placebo-controlled clinical trial on the effects of propolis and chlorhexidine muothrinses on gingivitis. Brazilian Dental Science, v.17, p.11-15, 2014. ARANA-CHAVEZ VE, MASSA LF. Odontoblasts: the cells forming and maintaining dentine. International Journal of Biochemistry & Cell Biology, v. 36, p. 1376-73, 2004. ASÍS M. Apiterapia para todos: como usar los sitete productos de la colmena para curar. Instituto Cubano del Libro, Ciudad de la Habana: Editorial Científico-técnica, 194p, 1996. ATHANASSIADIS B, ABBOTT PV, WALSH LJ. The use calcium hydroxide, antibiotics and biocides as antimicrobial medicaments in endodontics. Australian Dental Journal, v. 52, p. 64-82, 2007. BANKOVA VS, DE CASTRO SL, MARCUCCI MC. Propolis: recent advances in chemistry and plant origin. Apidologie, v.3, p.3-15, 2000. BANKSOTA AH, TEZUKA Y, PRASAIN LN, MATSUSHIGE K, SAIKI L, KADOTA S. Chemical constituents of Brazilian propolis and their citotoxic activities. Journal of Natural Products, v. 29, p. 896-900, 1998. BARRETO ALS. Estudo histomorfológico do efeito de membranas de colágeno contendo própolis vermelha sobre o processo de reparo cicatricial por segunda intenção em ratos. Dissertação de Metrado, UNIT, Aracaju, SE, Brasil, 2008. BARTH OM, DUTRA VML, JUSTO RL. Análise polínica de algumas amostras de própolis no Brasil meridional. Ciência Rural, v.29, p.663-667, 1999. BASTOS, EMAF, OLIVEIRA, VDC & SOARES AEE. Microscopic characterization of the green propolis, produced in Minas Gerais state, Brazil. Honeybee Science, v.21, p.179-180, 2000. BASTOS, EMAF. Origem botânica e indicadores de qualidade da “própolis verde” produzida no Estado de Minas Gerais, Brasil. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2001. BELMIRO MS, OKI Y, FERNANDES GW. Própolis: Nosso tesouro. Mensagem Doce, v.112, 2011.

Page 75: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

75

BERKOVITZ BKB, HOLLAND GR, MOXHAM BJ. Anatomia, Embriologia e Histologia Bucal, 3 ed. São Paulo: Artes Médicas; Cap.9, p.125-148, 2004. BITENCOURT FO. Desenvolvimento e avaliação da atividade antimicrobiana contra Cândida albicans de formulação semi-sólidas contendo própolis vermelha. Dissertação de Mestrado, Universidade Tiradentes, UNIT, Aracaju, SE, Brasil, 2008. BORELLI F, MAFFIA P, PINTO L, IANARO A, RUSSO A, CAPASSO F, IALENTI A. Phytochemical compounds involved in the anti-inflammatory effects of propolis extract. Fitoterapia, v. 73, p. 53-63, 2002. BRACKETT WW, TAY FR, BRACKETT MG, DIB A, SWORD RJ, PASHLEY DH.The effect of chlorexidine on dentin hybrid in vivo. Operative Dentistry, v.32, p.107-11, 2007. BRASIL, 2001. Ministério da Agricultura. Instrução Normativa nº3 – Anexo VI – Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de própolis. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 19 Jan.2001. BRASIL, 2003. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Resolução RDC nº 132, de 29 de Maio de 2003.Diário Oficial da União, de 02 de Outubro de 2003. BRESCHI L, MARTIN P, MAZZONI A, NATO F, CARRILHO M, TJÄDERHANE L, VISINTINI E, CADENARO M, TAY FR, DE STEFANO DORIGO E, PASHLEY DH. Use of a specific MMP inhibitor (Galardin) for preservation of hybrid layer. Dental Material, v.26, p.571-578, 2010a. BRESCHI L, MAZZONI A, NATO F, CARRILHO M, VISINTINI E, TJÄDERHANE L, RUGGIERI A Jr, TAY FR, DORIGO EDES, PASHLEY DH. Chlorhexidine stabilizes the adhesives interface: a 2-year in vitro study. Dental Material, v.26, p.320-325, 2010b. BRETZ WA. Preliminary report on the effects or propolis on wound healing in the dental pulp. Journal Zeitschrift Naturforshung (In Press), 1999. BUONOCORE MG. A simple method of increasing the adhesion of acrylic filling materials to enamel surfaces. Journal of Dental Research, v.34, p. 849-53, 1955. BURDOCK GA. Review of the biological properties and toxicity of bee propolis. Food and Chemical Toxicology, v. 36, n. 4, p. 347-363, 1998. BURLEIGH MC, BARRET AJ, LAZARUS GS. Cathepsin B1. A lysosomal enzyme that degrades native collagen. Biochemical Journal, v.137, p.387-398, 1974. BUTLER WT. Dentin extracellular matrix and dentinogenesis. Operative Dentistry, supl v. 5, p. 18-23, 1992.

Page 76: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

76

BUTLER WT, RITCHIE HH, BRONCKERS AL. Extracellular matrix proteins of dentine. Ciba Foundation Symposium, 205; 107-15; discussions 115-7 (Review) 1997. BUTLER WT.Dentin matrix protein. European Journal Oral Science, p.106, Suppl 1, p. 204-10 (Review),1998.

CAMPS J & PASHLEY DH. Buffering action of human dentin in vitro. Journal Adhesive Dental, v.2, p.39-50, 2000. CARRILHO MR, GERALDELI S, TAY F, DE GOES MF, CARVALHO RM, TJÄDERHANE L, REIS AF, HEBLING J, MAZZONI A, BRSCHI L, PASHLEY D. In vivo preservation of the hybrid layer by chloehexidine. Journal Dental Research, v.86, p.529-533, 2007.

CARRILHO MR, CARVALHO RM, de GOES MF, di HIPÓPLITO V, GERALDELI S, TAY FR, PASHLEY DH, TJÄDERHANE L. Clhlorhexidine preserves dentin bond in vitro. Journal Dental Research, v.8, p.90-4, 2007a. CARRILHO MRO, GERALDELI RM, TAY FR, DE GOES MF. CARVALHO RM, TJÄDERHANE L , REIS AF, HEBLING J, MAZZONI A, BRESCHI L, PASHLEY D.In vivo preservation of hybrid layer by chlorhexidine. Journal Dental Research, v.86, p. 529-533, 2007b.

CARVALHO RM, YOSHIYAMA M, PASHLEY EL, PASHLEY DH. In vitro study on the dimensional changes on human dentine after demineralization. Archives of Oral Biology, v.41, p.369-77, 1996. CARVALHO RM, TAY FR, GIANINNI M, PASHLEY DH. Effects of hydratation on bond strength to dentin. Journal Adhesive Dental, Spring; v. 6, p.13-7, 2004.

CATEF 2005. Câmara Técnica de Medicamentos Fitoterápicos. Nota Técnica sobre o Registro de Produtos Contendo Própolis 2005. Disponível em < E:\Própolis\Anvisa -Instituição - Câmaras Técnicas - Câmara Técnica de Medicamentos Fitoterápicos - CATEF.htm> Acesso em: 10/10/2006. CHERSONI S. Water movement in the hybrid layer after different dentin treatments. Dental Material, v.20, p.796-803, 2004. CUESTA–RUBIO O; FONTANA-URIBA BA, RAMIREZ-APANT T, CARDENAS Journal Zeitschhhrift fur Naturforshung, v. 57, p. 372-378, 2002. D’AURIA FD, TECCA M, SCAZZOCCHIO F, RENZINI V, STRIPPOLI V. Effect of propolis on virulence factors of Candida albicans. Journal of Chemotherapy, Italia, v.15, p.454-60, 2003. DEBUYSER E. La propolis. France. Thesis (Doctor)-Université de Nantes,1983.

Page 77: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

77

DE PAULA AMB, DIAS SMD, SANTIAGO WK, DIAS RS, SANTOS VV. Efeito das soluções de própolis sobre microrganismos patogênicos da cavidade bucal. I. Microrganismos do Gênero Cândida. Centro Estomatologia do Curso de Odontologia, v.33, p.116, 1997. DIAS SMD. Efeito das soluções de própolis sobre microrganismos patogênicos da cavidade bucal. III - Streptococcus mutans. Centro Estomatologia do Curso de Odontologia, v.33, p.116,1997. DICKINSON DP. Cysteine peptidases of mammals their biological roles and potential effects in the oral cavity and other tisues in health and disease. Critical Reviews in Oral Biology & Medicine, v.13, p.238-275, 2002. DUAILIBE SAC, GONÇALVES AG, AHID FJM. Effect of a propolis extract on Streptococcus mutans counts in vivo. Journal of Applied Oral Science, Bauru, p.420-423, set. 2007. EGEBLAD M, WERB Z. New functions for the matrix metalloproteinases in cancer progression. Nature Reviews Cancer, v.2 (3), p. 161-74, 2002. ERCAN N, ERDEMIR EO, OZKAN SY, HENDEK MK. The comparative effect of propolis in two different vehicles: mouthwash and chewing-gum on plaque accumulation and gingival inflammation. Europen Journal Dentistry, v.9(2), p.272-6, 2015. FUSAYAMA T, NAKAMUARA M, KUAROSAKI N, IWAKU M. Non-pressure adhesion of a new adhesive restorative resin. Journal Dental Research, v.58, n.4, p.1364-1372, 1979. GARCIA CL, GARGUERA EG. Efestos del propolan en el tratamiento de aftas bucales. Revista Cuba de Medicina Militar, v.22, p.42-45, 1993. GARCIA MB, CARRILHO MR, NÖR JE, ANAUATE-NETTO C, ANIDO-ANIDO A, AMORE R, TJÄDERHANE L, BRETZ WA. Chlorhexidine in inhibits the proteolytic activity of root and coronal carious dentin in vitro. Caries Research, v. 43, p. 92-6, 2009. GEBARA ECE, ZARDETTO CG Del , MAYER MPA. Estudo in vitro da ação antimicrobiana de substâncias naturais sobre S mutans e S sobrinus. Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo, v.10, n.4, p.251-256, out./dez. 1996. GENDRON R, GRENIER D, SORSA T, MAYRAND D.Inhibition of activities of matrix metalloproteinases 2,8 and 9 by chlorhexidine. Clinical Diagnostic Laboratory Immunology, v.6, p. 437-9, 1999. GHISALBERTI EL. Propolis: A review. Bee World, v. 60, p. 59-84, 1979. GOLDBERG M, SEPTIER D , BOURD K, HALL R ,GEORGE A , GOLDBERG H, MENASHI S. Immunohistochemical localization of MMP-2, MMP-9, TIMP-1 and TIMP-2 in the forming rat incisor. Connect Tissue Research, v.44, p.143-153, 2003.

Page 78: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

78

GORACCI C, SADEK FT, MONTICELLI F, CARDOS PE, FERRARI M. Microtensile bond strength of self-etching adhesives to enamel and dentin. Journal Adhesive Dentistry, v.6, p. 313-18, 2004. GROSS J, LAPIÈRRE CM. Collagenolytic activity in amphibinan tissues: a tissue culture assay. Proceedings of the National Academy Sciences, v. 54, p. 1197-204, 1962. HASHIMOTO M, OHNO H, SANO H, KAGA M, OGUCHI H. In vitro degradation of resin-dentin bonds analyzed by microtensile bond test, scanning and transmission electron microscopy. Biomaterials, v.24, p. 3795-3803, 2003. HEBLING J, PASHLEY DH, TJÄDERHANE L, TAY FR. Chlorhexidine arrest subclinical degradation of dentin hybrid layers in vivo. Journal Dental Research, v. 84, p.741-746, 2005. HELBIG A, THIEL K D. Comparison of the antiviral activity of oxidizing caffeic acid and hydrocaffeic acid against Herpes virus hominis types 1 and 0 in vitro. Pharmazie, v.37, p. 603-604, 1982. HOLLAND GR. Morphological features of dentine and pulp related to dentin sensitivity. Archives of Oral Biology, 39 Suppl: 35-115 (Review), 1994. HU F, HEPBURN HR, LI Y, CHEN M, RADLOFF SE, DAYA S. Effects of ethanol and water extracts of propolis (bee glue) on acute inflammatory animal models. Journal of Ethnopharmacology, v. 100, p. 276-283, 2005. IKENO K, IKENO P, MIYAZAWA C. Effects of propolis on dental caries in rats. Caries Research, v. 25, p. 347-351, 1991. KANCA J. Effect of resin primer solvents and surface wetness on resin composite bond strength to dentin. American Journal Dentistry, v. 5, p.213-221, 1992a. KANCA J. Resin bonding to wet substrate I bonding to dentin. Quintessence International New Malden, v.23, p. 39-41, 1992b. KATCHBURIAN E, ARANA V. Histologia e Embriologia Oral. 2.ed, Rio de Janeiro (RJ): Guanabara-Koogan, p.381, 2004. KONNO AN, SINHORETI MA, CONSANI S, CORRER-SOBRINHO L, CONASNI RL. Effect on the shear bond strength of adhesive systems. Braziian Dental Journal, Ribeirão Preto, v. 14(1), p. 42-47, 2003. KOSALEC I, PEPELJNJAK S, BAKMAZ M, VLADIMIR-KNEZEVIC S. Flavonoid analysis and antimicrobial activity of commercially available propolis product. Acta Pharmaceutica, v. 55, p. 423-430, 2005.

Page 79: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

79

KOSHIRO K, INOUE S, SANO H, De MUNCK J, VAN MEERBEEK B. In vivo degradation of resin-dentin bonds produced by a self-etch and an etch-and-rinse adhesive. European Journal Oral Science, v.113 (4), p.341-8, 2005. KOSONOKA L. Propolis-snake oil legitimate medicine? American Bee Journal, v.130, 1990. LAXE LAC. Sistemas adesivos autocondicionantes. International Journal of Dentistry, v.6, p.25-29, 2007. LEME AA, VIDAL CM, HASSAN LS, BEDRAN-RUSSO AK. Potencial role of surface wettability on the long-term stability of dentin bonds after surface biomodification. Biomechical Journal, v.15, p.186, 2015. LI ZQ, KIENETZ M, CHERNEY MM, JAMES MNG, BROMME D. The crystal and molecular structures of a cathepsin K: chondroitim sulfate complex. Journal Mollecular Biologie, v.383, p. 78-91, 2008. LINDE A, GOLDBERG M. Dentinogenesis. Critical Reviews in Oral Biology & Medicine, v.45 (5), p. 679-728, 1993. LUNDY T, STANLEY HR. Correlation of pulpal histopathology and clinical symptoms in human teeth subjected to experimental irritation. Oral Surgery, v.27, p.187-201, 1969a. MAGRO FILHO O, PERRI DE CARAVALHO AC. Application of propolis to dental sockets and skin wounds. Journal of Nihon University School of Dentistry, v.32, p.4-13, 1990. MAGRO FILHO O, PERRI DE CARVALHO AC. Topical effects of própolis in the repair of sulcoplasties by themodified Kazanjian techinic. Journal Nihon University Dentistry, v.36, n.2, p. 102-111, 1994. MAIA-ARAÚJO YLF, MENDONÇA LS, ORELLANA SC, ARAÚJO ED. Comparação entre duas técnicas utilizadas no teste de sensibilidade antibacteriana do extrato hidroalcoólico de própolis vermelha. Science Plena, v.7, n. 4, p. 1- 4, 2011. MANARA LRB. Utilização da própolis em Odontologia. Revista de Faculdade de Odontologia de Bauru, v.7, p.15-0, 1999. MARCUCCI MC. Propolis: chemicas composition, biológicas properties and therapeutic activity. Apidologie, v.26, p.83-89,1995.

MARCUCCI MC. Propriedades biológicas e terapêuticas dos constituintes químicos da própolis. Quimica Nova, v.19, p.529-536, 1996. MARCUCCI MC, RODRIGUES J, FERRERES F, BANKOVA V. Chemical composition of Brazilian propolis from São Paulo state. Zeitschrift Für Naturforschung,v. 53, p. 117-119, 1998.

Page 80: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

80

MARCUCCI MC, BANKOVA V. Chemical composition, plant origin and biological activity of Brazilian propolis. Current Topics in Phytochemistry,v. 2:115-123, 1999. MARCUCCI MC, FERRERES F, CUSTÓDIO AR, FERREIRA MMC, BANKOVA VS, GARCIA-VIGUERA C. BRETZ WA. Evolution of phenolic compounds in Brazilian propolis from different geographic regions. Zeitschrift Für Naturforschung, v.55, p. 76-81, 2000. MARCUCCI MC, FERRERE Z F, GARCIA-VIGUEIRA C, BANKOVA VS, DE CASTRO SL, DANTAS AP, VALENTE PHM, PAULINO N: Phenolic compounds from Brazilian propolis with pharmacological activities. Journal of Ethnopharmacology, v.74, p. 105-112, 2001. MARCUCCI MC. Própolis Tipificada: Um novo caminho para a elaboração de Medicamentos de Origem Natural de origem apícola. Revista Fitos: Março, 1(3), 2006.

MARTIN-DE LAS HERAS S, VALENZUELA A, OVERALL CM. The matrix metalloproteinase gelatinase A in human dentine. Archives of Oral Biology v.45, p.757-765, 2000. MARTIN MP, PILEGGI R. A quantitative analysis of Propolis: a promising new storage media following avulsion. Dental Traumatology, EUA, v.20, p.85-9, 2004. MARTINES SILVEIRA G. Estudio preliminar sobre los efectos del propolan en el tratamiento de la gingivitis cronica y de las ulceras bucales. Revista Cubana Estomatologia, v.25, p.36-44, 1988. MARSHALL JR GW, MARSHALL SJ, KINNEY JH, BALOOCH M. The dentin substrate: structure: structure and properties related to bonding. Journal Dentistry, v.25 (6), p.441-58, 1997. MERESTA L, MERESTA T. Antibacterial activity of flavonoid compounds of propolis occurring in flora in Poland. APIC Abstract, v.41, p.1345, 1986. MOGI M, OTOGOTO J. Expression of cathepsin-K in gingival crevicular fluid patients with peiodontitis. Archives of Oral Biology, v.2, p.894-898, 2007. MURPHY G, KNAUPER V. Relating matrix metalloproteinase structure to funcion: Why the hemapectin domain? Matrix Biology, v.15, p.511-8, 1997. NÄGLER DK, STORER AC, PORTARO FC, CARMONA E, JULIANO L, MÉNARD R. Major increase in endopeptidase activity of human cathepsina B upon removal of occluding loop contacts. Biochemistry, v. 36, p. 12608-15, 1997. NAKABAYASHI N, KOJIMA K, MASUHARA E. The promotion of adhesion by the infiltration of monomers into tooth substrates. Journal Biomedic Material Research, v.16, p. 265-73, 1982.

Page 81: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

81

NASCIMENTO FD, MINCIOTTI CL, GERALDELI S, CARRILHO MR, PASHLEY DH, TAY FR, et al. Cysteine cathepsins in human carious dentin. Journal Dental Research, v. 90, p. 506-511, 2011. NOGUEIRA MA, DIAZ MG, TAGAMI PM, LORSCHEIDE J. Atividade microbiana de óleos essenciais e extratos de própolis sobre bactérias cariogênicas. Revista de Ciências Faramacêuticas Básica e Aplicada, Viçosa, n.1, p. 93-97, jul.2007. OLSSON S, OILO G, ADAMCZAK E. The structure of dentin surfaces exposed for bond strength measurements. Scandinavian Journal Dentistry Research, v .101, p.180-4, 1993. OSORIO R, ERHARDT MC, PIMENTA LA, OSORIO E, TOLEDANO M. Edta treatment improves resin-dentin bonds resistance to degradation. Journal of Dental Research, v. 8, p. 736-40, 2005. OSORIO R, YAMAUTI M, OSORIO E, RUIS-REQUENA ME, PASHLEY D, TAY F. Effect of dentin etching and chlorhexidine application on metallproteinase-mediated collagen degradation. European Journal Oral Science, v.119, p. 79-85, 2011. PAGE-MCCAW A, EWALD AJ, WERB Z. Matrix metalloproteinases and the regulation of tissue remodeling. Nature Reviews Molecular Cell Biology, v. 8(3), p.221-33, 2007. PARK YK, KOO MH, ABREU JAS, IKEGAKI M, CURY JA, ROSALEN PL. A atividade antimicrobiana da própolis sobre microrganismos orais. Microbiologia atual, v.36 ,p. 24-28, 1998. PARK YK, ALENCAR SM, SCAMPARINE ARP, AGUIAR CL. Própolis produzida no sul do Brasil, Argentina e Uruguai: Evidências fitoquímicas de sua origem vegetal. Ciência Rural, v.2, p. 997-1003, 2002. PERDIGÃO J, RITTER AV. Adesão aos tecidos dentários. In: Baratieri LN et al. Odontologia Restauradora Fundamentos e Possibilidades. 3ed. São Paulo: Santos. P.83-128, 2003. PASHLEY DH, CARVALHO RM. Dentin permeability and dentin adhesion. Journal of Dental Research, v.25, p.355-372, 1997. PASHLEY DH, TAY FR, YIU C, HASHIMOTO M, BRECHI L, CARVALHO RM, ITO S. Collagen degradation by host-derived enzymes during aging. Journal or Dental Research, v. 83, p.216-21, 2004. PAULINO N, ABREU SRL, UTO Y, KOYAMA D, NAGASAWA H, HORI H, DIRSCH VM, VOLLMAR AM, SCREMIN A, BRETZ WA: Anti-inflammatory effects of a bioavailable compound, Artepillin C, in Brazilian propolis. European Journal Pharmacology, v.587, p.296-301, 2008.

Page 82: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

82

PICCINELLI AL, LOTTI C, CAMPONE L, CUESTA-RUBIO O, CAMPO FERNANDEZ M, RASTRELLI L. Cuban and Brazilians red própolis: botanical origin and comparative analysis by high-performance liquid chromatography-photodiode array detection/electrospray ionization tandem mass spectrometry. Journal of Agricultura and Food Chemistry, v.59, p. 6484-91, 2011. POZGAN U, CAGLIC D, ROZMAN B, NAGASE H, TURK V, TURK B. Expression and activity profiling of selected cysteine cathepsins and matrix metalloproteinases in synovial fluids from patients with rheumatoid arthritis and osteoarthritis. Biology Chemitry, v. 391, p.571-579, 2010. REIS A. Degradação das interfaces resina-dentina: uma revisão de literature. Revista de Odontologia da UNESP, v.3, p.191-198, 2006. ROCHA L, DOS SANTOS LR, ARCENIO F, CARVALHO ES, LÚCIO EMRA, ARAÚJO GL, TEIXEIRA LA, SHARAPIN N. Otimização do processo de extração de própolis através da verificação da atividade antimicrobiana. Revista Brasileira de Farmacologia, v. 13, p.71-74, 2003.

SABIR A, TABU CR, AGUSTIONO P, SOSROSENO W. Histological analysis of rat dental pulp tissue capped with própolis. Journal of Oral Sciences, v.47 (3), p. 135-8, 2005. SALATINO A, TEIXEIRA EW, NEGRI G, MESSAGE D. Origin and chemical variation of Brazilian propolis. CAM, v.2, p. 33-38, 2005. SANTOS VR. Própolis: antibiótico natural alternativo em odontologia. Revista do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais, v.5, p.3, 1999. SANTOS FA, BASTOS EM, MAIA AB, UZEDA M, CARVALHO MA, FARIAS LM, MOREIRA ES. Brazilian propolis: physiichomecal properties, plant origin and antibacterial activity on periodontopathogens. Phytotherapy Research: PTR, Belo Horizonte, v.17, p.285-9, 2003. SCAFFA PM, VIDAL CM, BARROS N, GESTERIA TF, CARMONA AK, BRESCHI L, PASHLEY DH, TJÄRDERHANE IL,TERSARIOL IL, NASCIMENTO FD, CARRILHO MR. Chlorhexidine inhibits the activity of dental cysteine cathepsins. Journal of Dental Research, v. 91, p. 420-5, 2012. SCAVUZZI AIF, BEZERRA RB, TOBIAS PCD. Estudo comparativo in vitro da microinfiltração marginal de dois sistemas adesivos em dentes decíduos e permanentes. J Bras Clin Odontol Int, v. 5, p.151-5, 2001. SCHELLER S, LUCIAK M, TUSTANOWSKI J, KOZIOL M, OBUSZKO Z, KURYLO B. Biological properties and clinical application of própolis.IX. Arzneimittel-Forschung/ Drug Research, v.28, p.289-291, 1978. SILVERSTONE LM, SAXTON CA, DOGON IL, FEJERSKOV O. Variation in the pattern of acid etching of human dental enamel examined by scanning electron microscopy. Caries Research, v.9, p.37, 1975.

Page 83: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

83

SMITH AJ. Dentin formation and repair. In: Hargreaves KM, Goodis HE. Seltzer and Bender’s dental pulp. Chicago: Quintessence, p. 63-94, 2002. SORKUM K, SUER B, SALIH B. Determination of chemical composition of Turkish propolis. Zeitschrift Für Naturforschung C, v. 56, p. 666-668, 2001. SORSA T, TJÄDERHANE L, SALO T. Matrix metalloproteinases (MMPs) in oral diseases. Oral Diseases, v.10, p.311-318, 2004. SORSA T, TJÄDERHNE L, KONTINEN YT, LAUHIO A, SALO T, LEE HM, GOLUB LM, BROWN DL,MÄNTYLÄ P. Matrix metalloproteinases: Contribution to pathogenesis, diagnosis and treatment of periodontal inflammation. Annals of Medicine, v.38, p.306-321, 2006. SOUZA AP, LINE SRP. The biology of matrix metalloproteinases. Revista da Faculdade de Odontologia de Bauru, v.10, p. 1-6, 2002. SOUZA AP, TREVILATTO PC, SCAREL-CAMINAGA RM, BRITO RBJ, LINE SRP. MMP-promoter polymorphism: association with chronic periodontitis severity in a Brazilian population. Journal of Clinical Periodontology, p. 202-4, 2003. STANISLAWCZUC R, REIS A, LOGUERCIO AD. A 2-year in vitro evaluation of a chlorhexidine-containing acid on the durability of resin-dentininterfaces. Journal of Dentistry, v. 39, p. 40-7, 2011. SULKALA M, WAHLGREN J, LARMAS M, SORSA T, TERONEM O, SALO T, et al. The effects of MMPs inhibitors of human salivary MMP activity and caries progression in rats. Journal of Dentistry Research, v. 80, p. 1545-9, 2001. TAY FR, PASHLEY DH. Aggressiveness of contemporary self-etching systems I: Depth of penetration beyond dentin smear layers. Dental Material, v. 17, p.296-308, 2001. TEN CATE AR. Oral Histology Development Structure and Function, 4. Ed. St Louis: Mosby, p.169-217, 1994. TERSARIOL IL, GERALDELI S, MINCIOTTI CL, NASCIMENTO FD, PAAKKLONEN V, MARTINS MT. Cysteine cathepsins in human dentin-pulp complex. Journal of Endodontics v. 36, p.475-481, 2010. TERZVERGIL-MUTLUAY A, AGEE KA, HOSHIKA T, CARRILHO M, BRESCHI L, TJÄDERHANE L. The requirement of zinc and calcium ions for functional MMP activity in demineralized dentin matrices. Dental Material, v.26, p.1059-67, 2010. TERZVERGIL-MUTLUAY A, AGEE KA, HOSHIKA T, UCHIYAMA T, TJÄDERHANE L, BRESCHI L. Inhibition of MMPs by alcohols. Dental Material, v. 27(9), p.926-33, 2011.

Page 84: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

84

THOMPSON JM, AGEE K, SIDOW SJ, MCNALLY K, LINDSEY K, BORKE J. Inhibition of endogenous dentin matrix metalloproteinases by ethylenediaminetetraacetic acid. Journal of Endodontics, v.38, p. 62-5, 2012. TJÄDERHANE L, LARJAVAL H, SORSA T, UITTO V, LANNAS M, SALO T. The Activation and Function of Host Matrix Metalloproteinases in Dentin Matrix Breakdown in Caries Lesions. Journal of Dentistry Resarch, v. 77 (8), p.1622-1629, 1998. TOLEDANO M, YAMAUTI M, OSORIO E, OSORIO R. Zinc-inhibited MMP-mediated collagen degradation after different dentine demineralization procedures.Caries Research, v.46, p. 201-7, 2012. TOMAS-BARBERAN FA, GARCIA-VIGUERA C, VIT-OLIVER P, FERRERESF, TOMAS-LORENTE F. Phytochemical evidence for the botanical origin oftropical própolis from Venezuela. Phytochemistry, v.34, p. 191-96, 1993. TRUSHEVA, B.; POPOVA, M.; NAYDENSKI, H.;TSVETKOVA, I.; RODRIGEZ, J.G.; BANKOVA. Fitoterapia v.75, p.683-89, 2004. TRUSHEVA B, POPOVA M, BANKOVA V, SIMOVA S, MARCUCCI MC, MIORIN PL, PASIN FR, TSVERKOVA I. Bioactive constituents of Brazilian red propolis. Cam, v.3, p. 249-54, 2006. TSUJI Y, YAMASA T, KIDO MA, GOTO T, NAKATA S, AKAMINE A. Expression of cathepsin K mRNA and protein in odontoclasts after experimental tooth movement in the mouse maxilla by in situ hybridization and immunoelectron microscopy. Cell Tissue Resarch, v.303, p.359-369, 2001. TURK B, TURK D, TURK V.Lysossomal cysteine proteases: more than scavengers. Biochim Biophys Acta, v. 1477, p. 98-111, 2000. TURK D, GUNCAR G .Lysosomal cysteine protease (cathepsins): promising drug targets. Acta Crys, v.59, p.203-213, 2003. TURK V, STOKA V, VASILJEVA O, RENKO M, SUN T, TURK B. Cysteine cathepsins: From structure, function and regulation to new frontiers. Biochimica et Biophysica Acta, v.1824, p.68, 2012. VANNI R, WALDNER-TOMIC NM, BELIBASAKIS GN, ATTIN T, SCHMIDIN PR, THURNHER T. Antibacterial efficacy of a propolis toothpaste and mouthrinse against a supragingival multispecies biofilm. Oral Health Preventive, v.10, 2015. VARGAS AC, LOGUERCIO AP, WITT NM, DA COSTA MM, SÁ E SILVA M, VIANA LR. Atividade antimicrobiana “in vitro” de extrato alcoólico de própolis. Ciência Rural, v. 34, p. 159-163, 2004. VASILJEVA O, TURK B. Dual contrasting roles of cysteine cathepsins in cancer progression: Apoptosis versus tumor invasion, Biochimie, v.90, p.380-386, 2008.

Page 85: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

85

VIDAL CM. Estudo da atividade proteolítica da dentina humana sadia e cariada [tese] Piracicaba: Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, 2012. VISSE R, NAGASE H. Matrix metalloproteinases and tissue inhibitors of metalloproteinases: structure, function, and biochemistry. Circulation Research, v. 92, p. 827-39, 2003. WANG JD, HUME WR. Diffusion of hydrogen ion and hydroxyl ion from various sources through dentine. International Endodontic Journal, v. 21(1), p.17:26, 1988. WATANANBE I, NIKAIDO T, NAKABAYASHI N. Effect of adhesion promoting monomers on adhesion to ground dentin. Shika Zairyo Kikai, v.9, p. 888-93, 1990. WATANABE I. Photocured bonding agents to ground dentin. Journal Japan Dental Material, v.11, p. 955-73, 1992.

Page 86: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

86

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: Efeito inibitório sobre a atividade proteolítica das cisteínos-

catepsinas.

Nome do (a) Pesquisador (a): Profa. Dra. Andréa Anido Anido

O sra (sr.) está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa que tem

como finalidade a avaliação do novos procedimentos para a realização de

restaurações dentais mais duradouras.

Ao participar deste estudo a sra (sr) permitirá que o (a) pesquisador (a)

Profa. Dra. Andréa Anido Anido, utilize dentes extraídos por finalidade

ortodôntica, por problemas periodontais ou com indicação para tratamento por

implante. A sra (sr.) tem liberdade de se recusar a participar, sem qualquer

prejuízo para a sra (sr.). Sempre que quiser poderá pedir mais informações

sobre a pesquisa através do telefone do (a) pesquisador (a) do projeto e, se

necessário através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.

Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não traz complicações

legais. Os pacientes não serão submetidos a nenhum procedimento adicional

àquele já estabelecido em seu plano de tratamento, portanto não há riscos ou

desconforto. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios

da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à

sua dignidade.

Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são

estritamente confidenciais. Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a)

terão conhecimento dos dados.

Benefícios: ao participar desta pesquisa a sra (sr.) não terá nenhum

benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações

importantes sobre técnicas para a realização de restaurações, de forma que o

conhecimento que será construído a partir desta pesquisa possa contribuir para

aumentar a longevidade das restaurações, onde pesquisador se compromete a

divulgar os resultados obtidos.

Page 87: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

87

Pagamento: a sra (sr.) não terá nenhum tipo de despesa para participar

desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma

livre para participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que

se seguem: Confiro que recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a

execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste

estudo.

Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,

manifesto meu consentimento em participar da pesquisa

______________________________

Nome e Assinatura do Participante da Pesquisa

__________________________________

Nome e Assinatura do Pesquisador

Pesquisador: Prof. Dra. Andréa Anido Anido RG.: 17.961.017-X

Rua Maria Cândida, 1813, Vila Guilherme, São Paulo - CEP.: 02071-013

Telefone: (11) 2967-9147

Telefone da Comissão de Ética: (11) 2972-9000

E-mail: [email protected]

Page 88: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE … · UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSE APARECIDA SCHIAVON SANCHEZ MATURANO EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS SOBRE A ATIVIDADE

88

Universidade Bandeirante de São Paulo Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos

(Registrado no Ministério da Saúde)

UNI BAN – Campus Maria Cândida – Rua Maria Cândida, 1.813 – Vila Guilherme São Paulo/SP CEP: 02071-013

e-mail: [email protected] Telefones: (11) 2967-9110 / 9126

Protocolo de entrada: 1624 - IC

PARECER FINAL

O projeto intitulado “RESISTÊNCIA DE UNIÃO DE SISTEMAS ADESIVOS À

DENTINA TRATADA COM PRÓPOLIS TIPIFICADA” de responsabilidade da

Professora ANDRÉA ANIDO ANIDO, do PROGRAMA DE MESTRADO

PROFISSIONAL DE BIOMATERIAIS EM ODONTOLOGIA, foi analisado pela

Comissão de Ética, desta Instituição, na reunião de 06 de junho de 2012, sendo

considerado APROVADO.

Profa. Dra. Flávia Doná Simone

Presidente da Comissão de Ética