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1 UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA umarfeminismos.org Observatório de Mulheres Assassinadas OMA – Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR Relatório preliminar (01 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016)

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Page 1: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

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UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA

umarfeminismos.org

Observatório de Mulheres Assassinadas

OMA – Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR

Relatório preliminar

(01 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016)

Page 2: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

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O OBSERVATÓRIO DE MULHERES ASSASSINADAS

A União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR, dando continuidade ao trabalho que desenvolve

no âmbito do Observatório de Mulheres Assassinadas - OMA apresenta dados sobre femicídio

consumado e tentado noticiados entre 01 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO INFRA APRESENTADO

De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de:

De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número de registos de

femicídio, se comparado com períodos homólogos anteriores, com excepção do ano

de 2007, este com igual número de registos. Se é de realçar esta nota positiva em

termos da incidência do femicídio consumado e tentado, não nos é possível concluir

ainda, uma tendência de diminuição quanto à ocorrência desta tipologia de crimes.

Esta constatação advém da inconstância cíclica ao longo dos últimos 12 anos de OMA,

em que anos de diminuição de registos são contrastados com anos de aumento. Não

obstante a diminuição do número de incidência do femicídio tentado e consumado

pelo período de 2 anos consecutivos não pode deixar de ser mencionado como factor

muito positivo.

22 Femicídios 23 Tentativas

Femicídio

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DO ESTUDO DE INCIDÊNCIA DO FEMICÍDIO E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO NAS

RELAÇÕES DE INTIMIDADE E RELAÇÕES FAMILIARES PRIVILEGIADAS/PRÓXIMAS

O presente relatório apresenta uma breve caracterização das vítimas directas e dos

autores do crime de femicídio e femicídio na forma tentada, bem como a

caracterização destes crimes quanto à sua ocorrência em termos geográficos,

temporais, local, meio empregue, suposta motivação e contexto em que foram

praticados.

A idade das vítimas, a sua situação face ao trabalho no momento da ocorrência dos

crimes, a existência de vítimas associadas, bem como de pessoas que presenciaram o

crime e ainda a existência de descendentes das vítimas, são indicadores de análise

valorizados no presente relatório.

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I- OMA – FEMICÍDIOS

FEMICÍDIOS: RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O HOMICIDA

Em termos da relação existente entre as mulheres assassinadas e os autores do crime

verifica-se que o grupo que surge com maior expressividade é o das mulheres que

mantêm ou mantiveram uma relação de intimidade com os homicidas,

correspondendo a 64% (n=14) do total de mulheres que foram assassinadas até 20 de

Novembro de 2016.

Dos dados registados ressalta ainda o facto de 23% (n= 6) das vítimas terem sido

assassinadas por descendentes, em 1.º ou 2.º grau ou por pessoa com quem não

tendo essa relação consanguínea era identificada como figura parental de referência.

A categoria “Outro familiar” perfaz 9% (n=2) do total dos femicídios noticiados.

FEMICÍDIOS:

RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O AUTOR DO CRIME AO LONGO DOS ANOS:

2004 A 20.NOV.2016

Desde o início do Observatório e dos dados recolhidos, verificamos que se mantém a

tendência de maior vitimização das mulheres às mãos daqueles com quem ainda

mantinham uma relação, fosse ela de casamento, união de facto, namoro ou outro

Mulher,companheira,

namorada,relação

intimidade

Ex-mulher, ex-companheira, ex-

namorada, ex-relação

intimidade

Ascendentedirecta

Outro familiar

9

5 6

2

Femicídio: relação da vítima com o autor do crime

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tipo relação de intimidade (n total=277), seguido pelo grupo dos ex-maridos, ex-

companheiros e ex-namorados (n total=101).

De facto, em 83% das situações de femicídio registadas pelo OMA a relação entre a

vítima e o homicida era uma relação de intimidade presente ou pretérita.

RELAÇÃO COM A

VÍTIMA

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

20.Nov.

2016

Total

Marido,

Companheiro,

namorado,

relação de

intimidade

28

25

23

16

27

17

30

18

23

21

25

15

9

277

Ex-marido, ex-

companheiro,

ex-namorado

3

6

9

4

13

11

8

5

8

7

12

10

5

101

Descendentes

directos

7 1 0 1 2 0 3 2 1 4 2 1 6 30

Outros

Familiares

2 2 4 0 1 0 2 0 7 5 4 3 2 32

Desconhecida 0 0 0 1 3 1 0 0 0 0 0 0 0 5

Ascendentes

directos

- - - - - - 1 1 3 0 2 0 0 7

Relação não

correspondida

- - - - - - - 1 0 1 0 0 0 2

TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 44 27 42 38 45 29 22 454

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FEMICÍDIOS: IDADE DAS VÍTIMAS

Dos 22 femicídios registados até 20 de Novembro de 2016, verificamos uma maior

incidência nos escalões etários mais de 65 anos (n=10). De seguida surge a faixa etária

dos 51-64 anos com 23% (n=5). Os escalões etários [36-50], [24-35], [18-23] e [menos

de 17], registam respectivamente: 5% (n=1), 14% (n=3), 9% (n=2) e 4% (n=1) dos

registos do OMA.

Dos dados analisados concluímos que a violência contra as mulheres, também na sua

forma mais letal, ocorre em todo o ciclo relacional das mulheres, já que constatamos a

ocorrência deste crime em todas as faixas etárias. Não obstante, verificamos que o

femicídio tem sido praticado em mulheres sobretudo com idades superiores a 36 anos.

FEMICÍDIOS:

IDADE DAS VÍTIMAS AO LONGO DOS ANOS: 2004 a 20.NOV.2016

Comparando os diversos anos desde 2004, podemos observar que não obstante as

variações, o grupo etário mais vitimizado pelo femicídio por violência de género é o

das mulheres com idades superiores a 50 anos, contabilizando 166 dos 454 femicídios

registados entre 2004 e 20 de Novembro de 2016, logo seguido das mulheres que se

4% 9%

14%

5%

23%

45%

Femicídio: idade das vítimas

Menos de 17 anos 18-23 anos 24-35 anos

36-50 anos 51-64 anos Mais de 65 anos

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encontram no escalão etário 36 e os 50 anos, num total de 133 mulheres

assassinadas.

IDADE 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

2011

2012

2013

2014

2015

20.Nov.

2016

TOTAL

Até 17 anos 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2 0 1 5

18 23 anos 2 2 3 3 4 4 3 3 2 5 2 1 2 36

24 - 35 anos 6 7 9 6 19 8 14 7 10 4 7 2 3 102

36 - 50 anos 14 11 12 8 10 13 13 9 12 7 15 8 1 133

> 50 anos 16 12 10 4 9 3 14 8 - - - - - 76

51 - 64 anos - - - - - - - - 12 14 8 8 5 47

Mais de 65

anos - - - - - - - - 6 7 11 9 10 43

Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 0 1 0

12

TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 44 27 42 38 45 29 22 454

Desagregação do grupo etário mais de 50 anos, desdobrando-se e compreendendo dois escalões etários: 51-64 anos e, mais de 65 anos, encontrando-se

contabilizados enquanto total no mais de 50 anos.

Efectivamente registamos que no período entre 2004 e 20 de Novembro de 2016, 36%

das mulheres assassinadas tinham idades superiores a 50 anos.

FEMICÍDIOS: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DAS VÍTIMAS

Em 2016 a informação relativa à situação das vítimas face ao emprego registou, uma

vez mais, um elevado número no campo “sem informação”, correspondendo a 55% (n=

12).

Quanto às restantes foi possível perceber que em 27% das situações registadas a

vítima encontrava-se empregada (n=6), que em 4% (n=1) estava em situação de

desemprego e que em 14% (n=3) encontrava-se em situação de reforma.

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FEMICÍDIOS: IDADE DOS HOMICIDAS

No que se refere à idade dos autores do crime de femicídio, podemos observar que

nos registos até 20 de Novembro de 2016, a maioria dos homicidas têm idades entre

os 51 e os 64 anos (42%; n=8). Segue-se o grupo etário dos 36-50 anos, a que

correspondem 26% (n=5).

Com idades superiores aos 65 anos registamos 3 homicidas (16%) e a faixa etária

compreendida no intervalo 24-35 anos registou 1 situação (5%).

Das notícias não foi possível identificar este item em 2 situações reportadas a que

equivalem 11% do total.

6 1 3

12

Femicídio: situação profissional da vítima

Empregada Desempregada Reformada Sem Informação

5%

26%

42%

16%

11%

Femicídio: idade do autor do crime

24-35 anos 36-50 anos 51-64 anos Mais de 65 anos ni

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FEMICÍDIOS:

IDADE DO HOMICIDA AO LONGO DOS ANOS: 2004 a 20.NOV.2016

Apresentamos, ainda, a tabela comparativa das idades dos homicidas ao longo dos

anos em que o Observatório de Mulheres Assassinadas tem trabalhado na denúncia

deste tipo extremado de violência de género incluindo a doméstica.

Podemos verificar que as idades dos homicidas seguem o mesmo padrão do das

vítimas, destacando-se os homicídas com idades superiores aos 50 anos de idade (155

dos 452 homicidas) seguido do escalão etário 36-50 anos, com 136 do total.

IDADES 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 20.Nov2016 Total

Até 17 anos 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2

18 - 23 anos 0 0 0 2 1 3 3 0 2 2 2 0 0 15

24 –35 anos 2 6 7 4 10 4 6 7 7 9 6 3 1 72

36 - 50 anos 7 5 9 3 20 13 19 6 13 6 19 11 5 136

> 50 anos 7 16 9 4 8 5 14 14 - - - - - 77

51-64 anos - - - - - - - - 12 9 11 8 8 48

> 65 anos - - - - - - - - 4 9 7 7 3 30

Desconhecida 24 6 11 9 7 4 3 0 4 2 0 0 2 72

TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 45 1 27 42 38 45 29

19 2

452

Desagregação do grupo etário mais de 50 anos, desdobrando-se e compreendendo dois escalões etários: 51-64 anos e, mais de 65

anos, encontrando-se contabilizados enquanto total no mais de 50 anos.

1 Um dos Femicídios do ano 2010 foi em co-autoria, justificando-se assim o facto de surgir um número superior de

homicidas (45) em relação ao nº de vítimas/femicidios (44).

2 Em 2016, 2 dos homicidas assassinaram 5 das mulheres identificadas pelo OMA facto pelo qual o número dos

autores do crime ser inferior ao número de vítimas.

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FEMICÍDIOS: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS HOMICIDAS

No que toca à situação profissional dos homicidas foi possível constatar que 4 (21%)

exerciam actividade profissional identificada, 5 (26%) estavam inactivos e outros 4

(21%) foram identificados

como reformados.

Em 6 situações (32%) não

foi possível identificar este

item.

FEMICÍDIOS: MÊS DE OCORRÊNCIA

Até 20 de Novembro de 2016, o OMA registou a ocorrência do crime de femicídio em

7 (sete) dos 11 meses em análise, sendo que nos meses de Junho, Julho, Outubro e

Novembro não

existiram registos de

femicídios. Já os meses

de Janeiro, Fevereiro e

Agosto foram aqueles

em que se registou o

maior número de

femicídios, os primeiros

dois com 5 cada e o

último com 6 femicídios. Em Março e Abril o OMA registou 1 (um) femicídio em cada

um destes meses sendo que Maio e Setembro registaram, cada um deles, 2 (dois)

femicídios.

6

4

5

4

Femicídio: situação profissional do autor do crime

Sem informação

Empregado

Desempregado

Reformado

5 5 1 1 2

0 0

6 2

0 0

22

Femicídio: meses do ano

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Em 2016, a média de incidência do femicídio registado até ao momento é de 2 (dois)

femicídios por mês.

FEMICÍDIOS:

MÊS DE OCORRÊNCIA AO LONGO DOS ANOS: 2004 a 20.NOV.2016

Em termos globais, da análise dos registos ao longo dos anos conclui-se que a

ocorrência do femicídio das mulheres deixou de incidir, em particular, nos meses de

verão, pese embora seja ainda nestes meses que, em termos absolutos e pela análise

do conjunto dos anos do OMA, se registe o maior número de femicídios. Não obstante,

e em termos relativos, verifica-se uma dispersão da ocorrência do crime por quase

todos os meses do ano, num total de 454 mulheres assassinadas entre 2004 e

20.nov.2016.

MESES

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

20.Nov.2016

TOTAL MÊS

Janeiro 3 2 4 0 1 3 3 0 1 1 4 4 5 31

Fevereiro 4 3 1 2 2 1 0 2 5 1 4 1 5 31

Março 2 1 0 2 2 3 2 1 7 9 4 4 1 38

Abril 4 5 3 2 7 1 2 1 1 1 3 4 1 35

Maio 3 3 7 3 5 2 3 3 3 3 5 1 2 43

Junho 4 1 1 1 3 2 5 3 3 5 4 3 0 35

Julho 1 5 1 5 10 3 8 1 2 4 5 3 0 48

Agosto 8 4 5 0 3 0 4 5 5 3 2 2 6 47

Setembro 4 4 7 4 4 2 6 5 7 1 1 3 2 50

Outubro 4 3 3 1 3 4 6 1 2 5 4 1 0 37

Novembro 0 3 2 1 4 6 3 3 1 2 7 1 0 33

Dezembro 3 0 2 1 2 2 2 2 5 3 2 2 _ 26

TOTAL ANO 40 34 36 22 46 29 44 27 42 38 45 29 22 454

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FEMICÍDIOS: DISTRITOS

Quanto aos distritos, verificamos que Lisboa, Porto e Coimbra foram os distritos com

maior número de registos de femicídio: Lisboa com 4 e os demais com 3, cada.

Com dois femicídios no seu distrito surgem: Braga, Santarém e a região autónoma da

Madeira e com 1 (um) registo, os distritos de Aveiro, Beja, Faro, Leiria, Setúbal e Vila

Real.

Nos outros distritos

não foi identificada

pelo OMA a

ocorrência de

femicídios.

Fazendo uma análise mais detalhada no que concerne à distribuição geográfica do

femicídio por concelhos verificamos que 3 dos 22 femicídios ocorreu no concelho de

Cascais e 2 no de Montemor-o-Velho. Nos restantes concelhos infra identificados

registou-se 1

femicídio em

cada um

deles.

1 1 1

3

1 1 1 1 1 1 1 1

2

1 1 1 1 1 1

Femicídio: Concelhos

Aço

res

Ave

iro

Be

ja

Bra

ga

Bra

gan

ça

Cas

telo

Bra

nco

Co

imb

ra

Évo

ra

Faro

Gu

ard

a

Leir

ia

Lisb

oa

Mad

eira

Po

rtal

egre

Po

rto

San

taré

m

Setú

bal

Via

na

do

Cas

telo

Vila

Rea

l

Vis

eu

0

1 1

2

0 0

3

0

1

0

1

4

2

0

3

2

1

0

1

0

Femicídio: distritos de ocorrência

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FEMICÍDIOS:

DISTRITOS AO LONGO DOS ANOS: 2004 A 20.NOV.2016

Partindo da análise dos dados dos femicídios recolhidos pelo OMA entre os anos 2004

e 20 de Novembro de 2016 verificamos que os distritos de Lisboa (98), Porto (64) e

Setúbal (46) continuam a assumir taxas de incidência preocupantes perfazendo um

total de 208 (45,8%) dos 454 femicídios praticados nesse período.

DISTRITOS 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

2011

2012

2013

2014

2015

20.Nov. 2016 TOTAL DISTRITO

Desconhecido 19 0 0 0 0 1 0

0

0

0

0

0

0 20

Aveiro 1 3

1 0 2 0 2 1 1 0 2 2 1 16

Beja 1 0

1 1 0 1 0 1 2 1 1 0 1 10

Braga 2 2

0 0 2 1 2 1 2 1 1 0 2 16

Bragança 0 1

1 0 0 1 1 1 0 1 2 0 0 8

Ctl. Branco 2 4

0 0 1 3 0 1 1 1 0 0 0 13

Coimbra 2 0

0 1 3 1 1 2 0 2 4 2 3 21

Évora 0 0

0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 4

Faro 0 0

3 1 1 2 5 1 2 2 3 3 1 24

Guarda 0 0

0 1 1 0 0 0 0 1 1 1 0 5

Leiria 1 0

4 2 1 1 1 1 2 4 1 2 1 21

Lisboa 5 9

6 6 9 6 9 7 13 13 5 6 4 98

Portalegre 0 0

3 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 6

Porto 3 10

8 3 7 2 6 2 6 2 5 7 3 64

Santarém 0 1

3 1 2 1 0 1 1 2 3 0 2 17

Setúbal 0 2

3 2 4 3 8 5 3 4 7 4 1 46

Vila Real 1 0

1 0 0 3 2 1 2 1 3 0 1 15

Viana Castelo 2 1

0 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 7

Viseu 1 1

2 1 4 1 2 2 3 0 3 2 0 22

Madeira 0 0

0 0 0 1 4 0 1 0 1 0 2 9

Açores 0 0 0 1 6 1 1 0 1 1 1 0 0 12

TOTAL ANO 40 34 36 22 46 29 44 27 42 38 45 29 22 454

Por outro lado, de salientar que o distrito de Évora é aquele que apresenta a taxa mais

baixa de ocorrência de femicídio equivalendo a 0,88% do total dos femicídios

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registados entre 2004 e 2016. Os distritos da Guarda, Portalegre e Viana são também

distritos com taxas de incidência baixas: 1,1%, 1,3% e 1,5%, respectivamente.

Podemos ainda verificar que de 01 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016 não se

registaram notícias de femicídios nos distritos de Bragança, Castelo Branco, Évora,

Portalegre, Viana do Castelo, Viseu e também na Região Autónoma dos Açores.

De notar que atendendo-se à fonte de recolha do OMA, a ausência de tais informações

não deve ser interpretada como garantia da inexistência de femicídio nos distritos

identificados, mas sim que não foram identificadas notícias de femicídios.

FEMICÍDIOS:

MOTIVAÇÃO OU SUPOSTA JUSTIFICAÇÃO PARA A PRÁTICA DO CRIME

Atendendo-se à suposta motivação/justificação verificamos que a maioria dos

femicídios praticados e registados pelo OMA até 20 de Novembro de 2016 ocorreu

num contexto de violência doméstica (41%; n=9). Já o facto de não aceitar a

separação, os ciúmes e o evitar que testemunhasse contra o homicida são apontadas

como as motivações em 6 situações, identificando-se 2 em cada uma destas

motivações perfazendo 27%.

A compaixão pelo sofrimento da vítima é identificada como a motivação para o

cometimento de um dos femicídios (4%) e a psicopatologia do homicida foi

identificada nas notícias em 3 dos femicídios (14%).

Quanto à motivação ou suposta justificação que terá estado na base do cometimento

do crime, não foi possível apurá-la em 2 das situações registadas pelo OMA.

Page 15: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

15

Em 2016, tal como em anos anteriores, continua a ser evidente que a maioria dos

crimes de femicídio ocorre em contextos de relações de intimidade abusivas incluindo

aqui: o contexto de violência doméstica, os ciúmes, o não aceitar a separação e mesmo

o femicídio por compaixão. Efectivamente 14 dos 22 femicídios praticados em 2016

foram praticados neste contexto, o que equivale a uma percentagem superior a 63%

do total das situações registadas.

Da análise dos dados recolhidos não podemos deixar de concluir que os contextos de

vitimação prévios são identificados na maioria das situações, surgindo o femicídio

enquadrado no contínuo da violência, logo como escalada da mesma.

FEMICÍDIOS: ARMA CRIME / MEIO EMPREGUE

Analisando-se agora a arma do crime ou o meio empregue para a sua prática,

verificamos que 32% (n=7) dos femicídios foram praticados com arma de fogo.

Ciúmes

Contexto VD

Não aceita a separação

Sem informação

Compaixão pelo sofrimento da vítima

Psicopatologia do agressor

Para esconder uma traição

Evitar que testemunhassem contra ele

2

9

2

2

1

3

1

2

Femicídio: suposta justificação/motivação

Page 16: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

16

A arma branca foi o meio utilizado para cometer 18% (n=4) dos femicídios registados.

De salientar ainda que 10 mulheres foram barbaramente assassinadas por

espancamento, estrangulamento, agressão com objecto e violação a que

correspondem, em conjunto 25% do total das situações registadas.

Em uma (1) das situações registadas pelo OMA não foi identificado o meio empregue

para o cometimento do femicídio.

FEMICÍDIOS: HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA NA RELAÇÃO

Cruzando a incidência do femicídio com a presença de violência doméstica nas

relações de intimidade, presente ou passadas, e relações familiares privilegiadas

Arma de fogo

Arma branca

Espancamento

Estrangulamento

Agressão com objecto

Violação

S/ informação

7

4

4

3

2

1

1

Femicídio: arma do crime/meio empregue

SIM

73%

Não

18%

S/ Informação

9%

História de Violência na

Relação

Page 17: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

17

verificamos que 73% (n=16) das mulheres assassinadas foi vítima de violência nessa

relação.

Em 4 situações (18%) não era conhecida história de violência doméstica e em 2 (9%)

das situações reportadas não existia informação quanto a este item.

FEMICÍDIOS: DENÚNCIAS/PROCESSOS EM CURSO

Pretende-se neste capítulo analisar, das situações de violência doméstica identificadas,

aquelas em que foi referenciada a existência de participação criminal, às autoridades

competentes.

Foi assim possível identificar que em 27% (n=6) das situações a situação de violência

no casal ou relação era oficialmente conhecida.

Continuamos porém, a identificar ainda um grande número de situações noticiadas em

que era inexistente a informação relativa à existência prévia ou não de processos por

violência doméstica ou da posição da vítima face à história de vitimação, num total de

64% (n=14) dos femicídios noticiados.

De referir que em 9% das situações (n=2) não existia conhecimento oficial da

existência de violência na relação.

1 2 2 2

1

14

Femicídio: denúncias/processos em curso

Denúncia durante/vítima

Denúncia anterior/vítima

Processo por VD emcurso

Inexistência de denúncia

Várias denúncias

Sem informação

Page 18: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

18

FEMICÍDIOS: LOCAL DE OCORRÊNCIA

Tal como o Observatório tem vindo a registar desde 2004, a residência continua a ser o

local onde a maioria dos femicídios foram praticados, a que corresponde em 2016 a

uma taxa de incidência de 73% (n= 19).

FEMICÍDIOS: MEDIDAS DE COACÇÃO APLICADAS

Da informação recolhida nas notícias publicadas, foi possível identificar que em 8 dos

22 femicídios consumados (42%), a medida de coacção aplicada foi a de prisão

preventiva. De relembrar que aos 22 femicídios correspondem 19 autores do crime,

uma vez que um dos homicidas assassinou duas (2) mulheres e outro assassinou 3 das

mulheres identificadas pelo OMA.

19

2 1

Femicídio: local do crime

Residência

Via pública

Local Isolado

Page 19: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

19

Em 7 situações (37%) não é devida qualquer medida de coacção uma vez que após o

femicídio o autor do crime suicidou-se.

Numa (1) das situações a medida foi de internamento hospitalar (5%).

Não foi possível identificar qual a medida de coacção aplicada em 3 (16%) das

situações registadas.

8

1

7

3

Femicídio: medidas de coacção ao autor do crime

Prisão preventiva Internamento Hospitalar

nsa Desconhecida

Page 20: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

20

II- OMA – TENTATIVAS DE FEMICÍDIO

01 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: RELAÇÃO Da VÍTIMA COM O AGRESSOR

Analisando-se a relação entre vítima e agressor verificamos que, no período em

análise, a maioria (96%, n=22) das vítimas mantinha (65%) ou manteve (31%) uma

relação de intimidade com

o autor do crime.

Foi ainda reportado 1

situação de crime de

tentativa de femicídio

perpetrado pelo filho da

vítima (ascendente directo,

4%).

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: IDADE DAS VÍTIMAS

No que concerne à idade das vítimas de femicídio na forma tentada, verificamos que a

maioria apresentava idades

acima dos 24 anos (n=13),

com especial incidência nos

grupos etários 36-50 anos e

mais de 65 anos, ambos com

4 vítimas cada. Em 8 dos

femicídios noticiados não foi

possível obter informação

relativa à idade da vítima.

Menosde 17anos

18-23anos

24-35anos

36-50anos

51-64anos

Maisde 65anos

ni

1 1

3 4

2

4

8 Tentativas de Femicidio:

Idade da Vítima

Mulher, companheira,

namorada, relação

intimidade 65%

Ex-mulher, ex-companheira, ex-namorada,

ex-relação intimidade

31%

Ascendente Directo

4%

Tentativas de Femicídio: Relação da Vítima com o Agressor

Page 21: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

21

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DAS VÍTIMAS

Analisando-se agora a situação profissional em que se encontravam as vítimas, à data

da prática do crime, 26% (n=6) das vítimas encontrava-se inserida no mercado de

trabalho e, 4% (n=1) encontrava-se em situação de desemprego. Tal como no ano

transacto, nas tentativas de femicídio deparamo-nos com a ausência de informação

relativa a este parâmetro na maioria das notícias analisadas (70%, n=16).

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: IDADE DO AGRESSOR

Direccionando o olhar para a caracterização dos autores do crime de Tentativa de

Femicídio constatamos que é o grupo etário 51-64 anos aquele que assume maior

representatividade

(35%, n=8), seguido

dos grupos etários

36-50 (26%, n=6) e

mais de 65 anos

(17%, n=4).

26%

4% 70%

Tentativas de Femicídio: Situação Profissional Vítima

Empregada Desempregada Sem Informação

Menosde 17anos

18-23anos

24-35anos

36-50anos

51-64anos

Mais de65 anos

ni

0

2 2

6

8

4

1

Tentativas de Femicídio: Idade do Agressor

Page 22: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

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TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS AGRESSORES

Tal como nos anos anteriores, as notícias veiculadas pela comunicação social

continuam a ser omissas quanto à situação profissional quer das vítimas quer dos

autores do crime. Assim, no período em análise, verificou-se que em 14 situações (a

que corresponde uma taxa

percentual de 61%) não foi feita

menção relativa à (des)inserção

profissional do agressor.

Registamos ainda que 6 dos

agressores (26%) encontravam-se

inseridos no mercado de trabalho e

3 estavam desempregados (13%).

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: MÊS DE OCORRÊNCIA

No período em análise, o OMA verificou a ocorrência de pelo menos um crime de

femicídio na forma tentada em todos os meses do ano, destacando-se o mês de Março

como o mais fatídico, já que

apresenta um maior

número de notícias

reportadas - 5 tentativas.

Nos meses de Junho e Julho

registou-se a ocorrência de

3 tentativas de femicídio,

cada.

Assim sendo e, partindo-se da análise estatística dos dados aferidos através da

imprensa escrita, o OMA regista uma média de 2 tentativas de femicídio por mês em

Portugal.

61% 26%

13%

Tentativas de Femicídio: Situação Profissional do Agressor

Sem informação Empregado Desempregado

1 1

5

2 2 3 3

2 2 1 1

Tentativas de Femicídio: Distribuição por Meses do Ano

Page 23: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

23

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

MÊS DE OCORRÊNCIA AO LONGO DOS ANOS 2004 A 20.NOV.2016

Tal como nos anteriores propomo-nos mais uma vez fazer uma análise comparativa da

distribuição dos crimes de femícidio na forma tentada pelos meses ao longo dos

diferentes anos.

Como mencionado anteriormente, verificamos que de 01 de Janeiro a 20 de Novembro

de 2016, o mês de Março foi aquele que registou o maior número de femicídios na

forma tentada (n=5). No entanto, se tivermos por base a análise dos anos 2004 a

20.Nov.2016, verificamos que continua a ser o mês de Setembro, aquele que

apresenta maior taxa de incidência de femicídios na forma tentada. Da análise

comparativa por anos, verificamos ainda que o ano de 2016 foi aquele que registou

menor número de tentativas de femícidio, perfazendo uma média de 2 crimes de

femicídio na forma tentado por mês em Portugal (médias registadas em anos

anteriores 3 crimes/mês).

MÊS

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

20. Nov.

2016

TOTAL MÊS

Jan 1 3 1 4 2 4 1 2 4 3 5 1 1 32

Fev 1 1 0 11 4 1 2 1 2 4 3 6 1 37

Mar 1 4 0 3 4 5 5 2 4 5 6 2 5 46

Abr 1 2 1 3 4 4 4 3 1 3 5 2 2 35

Mai 0 4 2 9 8 0 4 10 3 5 4 3 2 54

Jun 0 4 1 1 2 3 2 1 5 2 7 5 3 36

Jul 3 5 6 6 2 3 5 2 9 3 3 4 3 54

Ago 1 1 7 5 5 4 6 6 8 2 4 3 2 54

Set 7 11 9 5 3 2 4 5 8 2 3 3 2 64

Out 5 5 9 6 2 0 1 5 4 3 5 4 1 50

Nov 2 3 6 3 0

1 4 2 1 1 4 1 1

29

Dez 4 1 4 3 4 1 1 5 4 3 0 5 ___ 35

TOTAL ANO

26 44 46 59 40 28 39 44 53 36 49 39 23 526

Page 24: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

24

No total, podemos observar que, desde o início deste Observatório, i.e., entre os anos

2004 e 20 de Novembro de 2016, 526 mulheres foram alvo desta forma extremada de

violência. Ainda que os actos não tenham sido fatais, a severidade registada nestas

agressões permite-nos antecipar as sequelas a nível psíquico e físico que poderão

perpetuar-se por toda a sua vida e bem como a de todos/as aqueles/as que com elas

vivem ou viveram na altura da perpetração do crime.

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: DISTRITO

Relativamente aos distritos de ocorrência das tentativas de femicídio, destacamos

negativamente o distrito do Porto (n=5), seguido dos distritos de Lisboa (n=4), Braga

(n=3), Leiria, Setúbal, Vila Real e Viseu, com 2 tentativas de femicídio cada.

Registou-se ainda a ocorrência de 1 crime de femicídio na forma tentada nos distritos

de Aveiro, Bragança e Viana do Castelo.

0

1

0

3

1

0 0 0 0 0

2

4

0 0

5

0

2

1

2 2

Tentativas de Femicídio: Distritos de Ocorrência

Page 25: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

25

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

DISTRITOS AO LONGO DOS ANOS 2004 A 20.NOV.2016

Tendo por base a análise da tabela acima identificada, podemos aferir que os distritos

com maior taxa de incidência de tentativas de femicídio continuam a ser Lisboa e Porto,

com um total de 192 dos 526 crimes praticados e noticiados (110 e 82, respectivamente).

DISTRITO

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015 20.

Nov.16 TOTAL

Desconhecido 18 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20

Aveiro 0 5 8 11 4 2 4 1 2 3 4 3 1 48

Beja 0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1 1 0 6

Braga 0 2 4 5 1 4 4 2 2 1 4 3 3 35

Bragança 0 1 2 0 0 0 0 3 1 1 3 0 1 12

Castelo Branco 0 1 0 1 1 0 1 1 1 1 1 0 0 8

Coimbra 0 2 0 2 3 3 2 0 1 2 2 2 0 19

Évora 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 1 0 0 4

Faro 0 1 2 2 3 1 2 1 1 2 5 4 0 24

Guarda 1 0 1 0 0 1 1 1 2 1 1 1 0 10

Leiria 0 0 2 3 6 1 1 5 1 2 1 2 2 26

Lisboa 3 4 8 16 7 5 9 9 12 11 8 14 4 110

Portalegre 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2

Porto 1 13 6 7 8 3 5 9 9 5 7 4 5 82

Santarém 1 1 1 3 2 1 0 4 3 2 2 0 0 20

Setúbal 1 3 0 1 2 2 4 5 12 2 2 5 2 41

Vila Real 0 2 3 0 0 0 0 0 1 1 2 0 2 11

Viana 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 4

Viseu 1 5 5 4 0 4 1 0 1 1 5 0 2 29

Madeira 0 1 1 2 0 0 0 1 2 0 0 0 0 7

Açores 0 0 1 1 2 0 4 0 0 0 0 0 0 8

TOTAL ANO 26 44 46 59 40 28 39 44 53 36 49 39 23 526

Page 26: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

26

Fazendo-se agora uma análise mais específica relativa aos concelhos verificamos que

Lisboa foi o concelho que registou maior número de mulheres vítimas de tentativa

de femicidío, contabilizando um total de 2 tentativas.

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: SUPOSTA JUSTIFICAÇÃO/MOTIVAÇÃO

Atendendo-se agora aos motivos que estiveram subjacentes à prática do crime de

femicídio na forma tentada, verificamos que, a maioria das tentativas é identificada

como decorrente de um contexto de violência doméstica, estando presente em 52%

das situações reportadas (n=12).

35% (n=8) dos crimes ocorreu na

sequência da vítima ter

terminado, tentado terminar ou

ter manifestado intenção em

romper com a relação, decisão

não aceite pelo agressor. Em

13% das situações reportadas

(n=3), foram ainda elencados os

ciúmes, a pretensão em manter uma relação de intimidade não correspondida e o

Alb

erg

aria

-a-V

elh

a

Cas

cais

Cas

tan

he

ira

de…

Fam

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ão

Felg

uei

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a…

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Setú

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e…

Via

na

do

Cas

telo

Vie

ira

do

Min

ho

Vila

Rea

l

Viz

ela

1 1 1 1 1 1

2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Tentativa de Femicídio: Concelhos

Pretensão não

correspondida 5%

Ciúmes 4%

Contexto VD 52%

Não aceita a separação

35%

Pacto Suicida 4%

Tentativa de Femicídio: Suposta Justificação/Motivação

Page 27: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

27

pacto suicida como estando na base para o cometimento do crime. De salientar que o

OMA mantém-se fiel às causas/motivação citadas nas notícias. No ano em curso foi

assim noticiado um crime de femicidio na forma tentada decorrente de um pacto

suicida entre um casal já idoso.

Se atendermos à conjugação destas variáveis, verificamos que, à excepção do pacto

suicida, todas as tentativas de femicidio registadas no período em análise ocorreram

num contexto de violência doméstica, por se entender que os ciúmes e o facto dos

agressores atentarem contra a vida daquelas com quem mantinham ou mantiveram

uma relação de intimidade quando estas ousaram manifestar intenção em romper ou

tentaram romper com a relação são também elas tradutoras de dinâmicas relacionais

abusivas.

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: ARMA DO CRIME/MEIO EMPREGUE

Tal como verificado em anos anteriores, as armas brancas e de fogo continuam a ser

os meios mais empregues/utilizados para a consumação da prática do femicídio na

forma tentada, a que corresponde 74% (n=17) das situações reportadas. Duas das

vítimas foram ainda alvo de tentativa de femicídio por arremesso de uma ravina e de

uma escada, tendo o OMA adoptado a designação de Queda.

Arma de fogo

Arma branca

Asfixia

Fogo

Espancamento

Queda

Agressão com objecto

7

10

1

1

1

2

1

Tentativa de Femicídio: Arma do Crime/Meio Empregue

Page 28: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

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História de Violência na

Relação

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA NA RELAÇÃO

Dos dados aferidos foi possível identificar que em 65% dos crimes de tentativa de

femicídio noticiados foi reportada história de violência doméstica na relação, sendo

omissa esta informação em 22% das situações analisadas.

Em 13% das situações analisadas (n=3) foi mencionado não se conhecerem episódios

de violência anterior.

Estes dados vêm mais uma vez corroborar a ideia de que os crimes de femicídio,

consumado ou tentado, surgem na maioria das vezes como resultantes de uma

escalada da violência perpetrada numa relação de intimidade ou no seio familiar.

Sim

65%

Page 29: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

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TENTATIVA DE FEMICÍDIO: DENÚNCIAS/PROCESSOS EM CURSO

Pretende-se neste item buscar informação relativa à existência ou inexistência prévia

de denúncias ou processos em curso pelo crime de violência doméstica.

Mais uma vez e, tal como registado em anos anteriores, no que se refere ao femicídio

na forma tentada, a maioria das notícias não disponibiliza essa informação.

Verificamos assim que, em 13 das 23 tentativas de femicídio noticiadas não havia

informação relativa à participação criminal do crime violência doméstica junto das

entidades judiciais.

Das situações em que foi feita menção à existência prévia de denúncias por violência

doméstica (total de 6 situações), 2 foram referenciadas por terem denunciado por

várias vezes uma dinâmica relacional violenta junto das entidades judiciais.

1 dos autores do crime encontrava-se a cumprir pena por crime praticado contra a

vítima.

Várias denúncias

Denúncia durante/vítima

Denúncia anterior/vítima

Cumprir pena

Sem informação

2

1

2

1

13

Tentativas de Femícidio: Denúncias/processo em curso

Page 30: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

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TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: LOCAL DO CRIME

A residência, tal como registado nos femicídios, continua a surgir como o local onde a

maioria dos crimes é praticada (78%, a

que correspondem 18 situações).

Salienta-se ainda que 9% (n=2) dos

crimes de tentativa de femicídio

foram cometidos no local de trabalho

da vítima.

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: MEDIDAS DE COACÇÃO APLICADAS

Relativamente a este item mencionamos o facto de não ser possível pelo relato

jornalístico perceber qual a medida de coacção aplicada em 12 das tentativas de

femicídio. A 6 dos agressores foi aplicada a medida prisão preventiva, sendo ainda de

referir que 2 dos agressores viram ser-lhes aplicada a medida de prisão domiciliária e,

a 1 agressor foi promovida medida de imposição de conduta sob a forma de

afastamento e proibição de contacto com a vítima. Duas das situações assinaladas

como “não se aplica” (nsa), são respeitantes a dois agressores que após terem

atentado contra as vidas das suas esposas acabaram por consumar o suicídio.

78%

5%

9% 4% 4%

Tentativas de Femicidio: Local do Crime

Residência Via públicaLocal de Trabalho Local IsoladoEspaço público

Medida de afastamento ou proibição de contacto

Prisão domiciliária

Prisão preventiva

nsa

Desconhecida

1

2

6

2

12

Tentativa de Femicidio: Medidas de coacção aplicadas

Page 31: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

31

III - OMA – FEMICÍDIOS E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

INFORMAÇÃO DAS VÍTIMAS ASSOCIADAS

01 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016

O OMA procura ainda aferir se, na decorrência dos crimes praticados e anteriormente

analisados, existiram ainda outras vítimas, mortais ou atingidas. A estas o OMA

designa por vítimas directas, mortais e não mortais.

Às pessoas que presenciaram o crime mas que não sofreram consequências físicas do

mesmo, o OMA designa-as por vítimas indirectas.

No presente relatório propomo-nos apresentar uma breve informação relativa às

vítimas associadas, remetendo-se uma caracterização mais detalhada para relatório

final.

Vítimas Mortais Vítimas NãoMortais

VítimasIndirectas

SubTotal

0

2

7

9

0

8

3

11

Femicídios e Tentativas de Femicídio: Vítimas Associadas

Femicídios

Tentativas de Femicídio

Page 32: UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA...De 1 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de: De notar que 2016 anuncia, até à presente data, um menor número

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Assim sendo, no período em análise, o OMA contabilizou um total de 20 vítimas

associadas (9 vítimas associadas nos femicídios consumados e 11 nos femicídios

tentados).

IV - OMA – FEMICÍDIOS E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

CARACTERIZAÇÃO DAS/OS FILHAS/OS

01 de Janeiro a 20 de Novembro de 2016

O OMA da UMAR propõe-se agora apresentar os dados relativos às filhas/os das

vítimas de femicídio tentado e consumado.

Entre 01 de Janeiro e 20 de Novembro de 2016, o OMA contabilizou um total de 46

filhas/os das vítimas de femicídio consumado (32 filhas/os) e na forma tentada (14

filhas/os).

Concluímos ainda que, destes (46 filhas/os), 18 eram filhas/os das vítimas (de

femicídio tentado (5) e consumado (13)), 17 eram filhas/os comuns (da vítima e do

homicida/agressor) e 11 das filhas/os eram somente do agressor/homicida.

Filhas/os da Vítima Filhas/os Comuns Filhas/os doAgressor/Homicida

13

8

11

5

9

0

Femicídios e Tentativas de Femicídio: Caracterização das/os Filhas/os

Femicídio

Tentativas de Femicídio

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Atendendo-se agora à sua distribuição por faixas etárias verificamos que 27 das/os 32

filhas/os das vítimas de femicídio apresentavam idades superiores a 18 anos, sendo

que em 3 das/os filhas/os identificadas/os nas notícias não foi possível obter

informação relativa às suas idades.

No que concerne às filhas/os das vítimas de tentativa de femicídio constatamos uma

maior dispersão no que se refere à sua distribuição por escalão etário; 9 das filhas/os

0 1

0 0 1

0

11

0

13

0 0 0 0 0 0

5

3

8

0 0 0 0 0 0

11

0

11

Femicídios: Caracterização das/os Filhas/os - Escalão Etário

Filhas/os da Vítima

Filhas/os em Comum

Filhas/os do Agressor

0 0 0

1

0

1

0

3

5

0

2

1 1 1

2 2

0

9

0 0 0 0 0 0 0 0 0

Tentativas de Femicídio: Caracterização das/os Filhas/os - Escalão Etário

Filhas/os da Vítima

Filhas/os em Comum

Filhas/os do Agressor

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das vítimas de tentativa de femicídio apresentavam idades entre os 04 e os 18 anos de

idade e 2 eram de maioridade. Não foi possível recolher informação relativamente às

idades de 3 das/os filhas/os identificados reportados aquando da notícia dos crimes.

SÍNTESE DE RESULTADOS - OMA 01 de Janeiro a 20 Novembro 2016:

SÍNTESE Nº VÍTIMAS

Femicídios 22

Tentativas de Femicídio 23

Homicídio Rel. Homossexuais 0

Tentativas Hom. Rel. Homossexuais 0

Vítimas Associadas 20

Filhos/as 46

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- SÍNTESE -

DADOS REGISTADOS E ANALISADOS PELO OMA

Fazendo uma leitura transversal dos dados registados pelo Observatório de Mulheres

Assassinadas até 20 de Novembro de 2016, podemos concluir, em síntese, o seguinte:

Regista-se um total de femicídios 45 femicídios: 22 consumados e 23 na forma

tentada, numa média de 4 mulheres vitimadas por mês (2 femicídios e 2

tentativas de femicídio).

Os registos do OMA identificam no período de 12 (doze) anos um total de 454

femicídios e 526 tentativas de femicídio.

FEMICÍDIO:

64% das mulheres assassinadas foram-no numa relação de intimidade

presente ou passada (41% por maridos, companheiros, namorados) e 23% por

ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados).

68% das mulheres assassinadas tinham idades superiores a 50 anos (45%

tinha mais de 65 anos de idade e 23% tinha entre 51 e 64 anos de idade).

41% das vítimas encontrava-se ou a trabalhar ou em situação de reforma

(27% encontrava-se empregada e 14% estava em situação de reforma).

Os distritos de maior ocorrência de femicídios foram Lisboa, Coimbra e Porto.

Em termos de concelhos, Cascais e Montemor-o-Velho registam maior número

de femicídios.

63% dos femicídios ocorrereu num contexto de violência doméstica (41%

violência doméstica, não aceita a separação (9%), ciúmes (9%) e a compaixão

pelo sofrimento da vítima continua (4%).

32% dos femicídios foi praticado com arma de fogo.

73% das mulheres assassinadas foi vítima de violência na relação.

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27% dos femicídios, era do conhecimento oficial a situação de violência

doméstica prévia à ocorrência do crime.

A residência foi o local onde 73% das mulheres foram assassinadas.

NO FEMICÍDIO NA FORMA TENTADA:

96% das vítimas mantinha ou tinha mantido uma relação de intimidade com o

autor do crime (65% marido, companheiro, namorado e 31% ex-marido, ex-

companheiro, ex-namorado).

A maioria apresentava idade superior a 24 anos (57%).

26% das vítimas encontrava-se inserida no mercado de trabalho.

Porto, Lisboa e Braga foram os distritos que se destacaram pela negativa,

registando um maior número de femicídios na forma tentada (12 dos 23).

Lisboa foi o concelho que registou o maior número de mulheres vítimas de

tentativa de femicídio.

96% das tentativas ocorreu num contexto de violência doméstica (violência

doméstica 52%, não aceita a separação 35%, ciúmes 4% e a relação não

correspondida 5%).

A maioria das tentativas foi praticada com arma branca (43%).

Em 65% dos crimes de femicídio na forma tentada foi identificada história de

violência doméstica na relação.

26% das situações era já do conhecimento oficial, existindo denúncia prévia.

A maioria dos crimes de tentativa de femicídio foi praticada na residência

(78%).

VÍTIMAS ASSOCIADAS

Contabilizou-se um total de 20 vítimas associadas: 9 nos femicídios

consumados e 11 no femicídio na forma tentada.

Nenhuma destas vítimas foi mortal.

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Das vítimas associadas 10 foram vítimas directas dos crimes (2 no femicídio e 8

nas tentativas), ou seja, 10 pessoas foram também alvo de agressões por parte

dos autores dos crimes.

Outras 10 presenciaram a prática do crime (vítimas associadas indirectas): 7

nos femicídios e 3 nas tentativas.

FILHAS/OS DAS VÍTIMAS DE FEMICÍDIO CONSUMADO E TENTADO

Identificou-se um total de 46 filhas/os das vítimas de femicídio consumado e

tentado: 32 e 14 respectivamente.

Das/os 32 filhas/os identificadas/os nos crimes de femicídio, 27 eram maiores

de idade, 2 eram menores de idade e em 3 situações a idade não se encontrava

identificada.

Das/os 14 filhas/os identificadas/os nas tentativa de femicídio, 2 eram maiores

de idade e 9 eram menores de idade. Não foi possível identificar a idade de 3

das/os filhas/os.

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OMA - LISTAGEM

01 de Janeiro a 20 Novembro 2016

Mês

Nome da Vítima

Idade

Relação c/ homicida

Data de

Ocorrência

Local da

prática do Crime

Área geográfica

Arma do crime/Meio empregue

Janeiro M. ª Augusta Ribeiro 57

Companheira 06/01/2016 Residência

Sta. Mª do Zêzere - Porto

Agressão com objecto

Janeiro

Jordana Dias

32 Namorada

06/01/2016

Residência

Salvaterra de Magos –

Santarém

Espancamento

Janeiro

Mª Madalena S. Teixeira

61 Ex-namorada

08/01/2016 Residência Porto Santo –

Madeira

Arma branca

Janeiro

Mª Isabel Ribeiro

57 Ex-mulher 18/01/2016 Via pública Barreiro –

Setúbal

Arma de fogo

Janeiro ni 88

Ascendente

directo 31/01/2016

Residência

Funchal - Madeira

Violação

Fevereiro Michelle Santana Ferreira

28 Namorada

02/02/2016

Residência

Cascais - Lisboa Espancamento

Fevereiro Liliana Neves Santana 16

Outro

familiar 02/02/2016

Residência

Cascais - Lisboa Espancamento

Fevereiro Thayane Mendes Dias 21

Outro

familiar 02/02/2016

Residência

Cascais - Lisboa Espancamento

Fevereiro Emilia Alves 87

Ascendente

directo 18/02/2016

Residência

Póvoa do Lanhoso – Braga

Agressão c/ objecto

Fevereiro Rita Pascoal

73 Mulher

24/02/2016

Residência

Mealhada -

Coimbra Arma de fogo

Março

Poliana A. Ribeiro

34 Namorada

05/03/2016

Residência

Guimarães – Porto

Estrangulamento

Abril Alice Cordeiro 78

Ascendente

directo 10/04/2016

Residência

Porto - Porto Arma branca

Maio Marília Cruz 65

Ascendente

directo 26/05/2016

Residência

Montemor-o-Velho - Coimbra

Arma de fogo

Maio Maria Cruz 91

Ascendente

directo 26/05/2016 Residência Montemor-o-

Velho - Coimbra

Arma de fogo

Agosto Eglantina Borges 78 Mulher

01/08/2016 Residência Benavente -

Santarém Arma de fogo

Agosto Madalena Guedes 59 Separada

08/08/2016 Via Pública Figueiró dos

Vinhos - Leiria Arma de fogo

Agosto Isaura Alves 59

Ex-

companheira 11/08/2016 Local isolado Ílhavo - Aveiro Arma branca

Agosto ni 67 Mulher

15/08/2016 Residência

Odivelas – Lisboa S/ informação

Agosto Mª de Lurdes Arinto 65 Mulher

28/08/2016 Residência Chaves – Vila

Real Arma branca

Agosto Eduarda Silva 49 Separada

29/08/2016 Residência

Aljustrel – Beja Arma de fogo

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Setembro Mª Fernanda Monteiro 77

Ascendente

directo 05/09/2016 Residência

Maia - Porto Estrangulamento

Setembro Regina Nunes 21 Namorada

27/09/2016 Residência

Faro - Faro Estrangulamento

O Observatório de Mulheres Assassinadas - União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)

Elisabete Brasil, Fátima Alves e Sónia Soares.

Caparica, 20 de Novembro de 2016