unidade i texto neurociencia

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  • 7/22/2019 Unidade I Texto Neurociencia

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    UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP INTERATIVAInstituto: Cincias Humanasrea: EducaoCurso: Ps-graduao Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional por EAD

    Mdulo Especfico IV: NEUROCINCIA E PSICOLOGIA: EDUCAO ESPECIAL EINCLUSOUnidade 1: ESTUDOS NEUROLGICOS APLICADOS PSICOPEDAGOGIAProf Ma. Cludia Goto

    Unidade 1: ESTUDOS NEUROLGICOS APLICADOS PSICOPEDAGOGIA

    1) Caractersticas gerais do sistema nervoso;2) Divises do encfalo: funes e relaes;3) Impulso nervoso e sinapse nervosa;

    4) Desenvolvimento do sistema nervoso (neurognese, formao de novas sinapses,mielinizao e desenvolvimento de neurotransmissores);

    5) Diviso do sistema nervoso;6) Organizao dos processos aferentes e eferentes.

    Introduo

    A presente unidade apresentar as caractersticas gerais do sistema nervosoincluindo as particularidades das funes do encfalo, impulso nervoso e sinapses. Nestecontexto, no poderia faltar a compreenso sobre o desenvolvimento e divises do sistemanervoso assim como a organizao dos processos aferentes e eferentes.

    Sendo assim, prosseguiremos com a compreenso sobre os estudos neurolgicosaplicados Psicopedagogia partindo dos momentos iniciais relacionados a existncia efuncionabilidade da menor unidade estrutural de matria viva to importante no contextoda neurognese.

    Neurognese do sistema nervoso

    Para melhor compreendermos os casos relacionados prejuzos neurolgicos quechegam s nossas clnicas, precisamos explorar as caractersticas gerais do sistemanervoso. Neste sentido, cabe iniciarmos nosso estudo com a neurognese do sistema

    nervoso.

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    Partimos do momento em que ocorre a unio do espermatozide do homem com ovulo da mulher no perodo frtil desta ltima. Desta unio resultar o embrio que conteras caractersticas genticas de seus progenitores. Estamos falando de caractersticas queso transmitidas geneticamente atravs das clulas, as quais representam a menorunidade estrutural de matria viva.

    Assim, o ser humano se caracteriza enquanto um ser pluricelular por ser constitudopor inmeras clulas as quais so oriundas de clulas pr-existentes. dentro dasmesmas que as funes vitais de um organismo ocorrem sendo que todas, contm asinformaes genticas responsveis pela regulao de seu funcionamento assim como,pela transmisso de informaes que passam para a gerao subseqente da mesma.

    O sistema nervoso se origina por volta da terceira e quarta semanas aps afecundao. No embrio,est presente um espessamento representado por um conjuntode clulas, as quais se proliferam a partir de divises mitticas. Estas divises celularesocorrem nas clulas somticas resultando em clulas filhas que contm a mesmainformao gentica da clula que lhes originou. (Beilguelman, 1998).

    A placa neural situada longitudinal no ectoderma ao sofrer invaginao setransforma em goteira/ sulco neural e, posteriormente, em tubo neural. Fechando-se agoteira e conseqentemente, formando-se o tubo, formam-se duas aberturas sendo umasuperior/ anterior, reconhecida como neurpodo rostral e outra, inferior/ posterior, chamadade neurpodo caudal. Estas, geralmente, se fecham por volta do vigsimo quarto evigsimo oitavo dia de vida. Quando o fechamento no ocorre, observamos alteraes

    como anencefalia e espinha bfida)O tubo neural cresce e se contorce transforma-se em uma estrutura composta por

    trs dilataes conhecidas como vesculas enceflicas primitivas as quais originaro asestruturas anatmicas principais do indivduo.

    A vescula rostral denominada prosencfalo origina o telencfalo (origem do crtexcerebral, dos ncleos de base e do diencfalo.

    A vescula do meio conhecida como mesencfalo permanece com estadenominao uma vez que no sofre significativas modificaes.

    A vescula caudal denominada rombencfalo, divide-se originando o metencfalo(origem do cerebelo e ponte) e o mielencfalo (origem do bulbo).

    O tubo neural continua cilndrico para trs do mielencfalo sendo que,gradativamente se transformar na medula primitiva (origem da medula espinhal doindivduo adulto). (LENT, 2001).

    De acordo com Pinheiro, 2007 no interior das vesculas enceflicas primitivasencontramos o lqor ou lquido cefalorraquidiano ( fluido orgnico) que originar osventrculos cerebrais e os canais de comunicao entre eles. Temos ento o SNC

    constitudo pelo encfalo crebro (telencfalo e diencfalo), cerebelo, tronco enceflico e

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    Imagem retirada pfdodia.blogspot.com in google imagens

    No final da quarta semana, comeam a aparecer as fibras nervosas que saem damedula espinhal. Estas fibras tm origem a partir de clulas das placas basais da medulaespinhal em desenvolvimento e emergem enquanto radculas, ao longo da superfcieventrolateral. Ocorre a unio dos prolongamentos das clulas formando assim, os nervosespinhais. No decorrer da quinta semana do desenvolvimento, formam-se os doze paresde nervos cranianos.

    Os nervos se assemelham a um cabo e so constituidos por axnios e dendritos.Eles compem o sistema nervoso perifrico.

    Os nervos aferentes conduzem sinais sensoriais dos rgos dos sentidos para osistema nervoso central. J os nervos eferentes fazem o trajeto inverso, conduzindoestmulos do sistema nervoso central em direo aos rgos efetores, como msculos eglndulas.

    Estes sinais so conhecidos como impulsos nervosos ou como potenciais de aoque so impulsos eltricos de rpida conduo que tm origem no corpo celular doneurnio vindo a se propagar, atravs do axnio at a sua ponta. Os sinais se propagamdo terminal ao neurnio adjacente atravs de um espao ocorrendo a sinapse.

    Vale lembrar que o neurnio tambm uma clula que formada por um corpocelular (ncleo, citoplasma e citoesqueleto), bem como por finos prolongamentos celulareschamados de neuritos, que se subdividem em dendritos (receptores) e axnios(transmissores).

    Os axnios encontram-se envolvidos por outras clulas, chamadas de clulas deSchwann (presentes apenas no sistema nervoso perifrico) ou oligodendrcitos(encontrados apenas no sistema nervoso central). Estes esses tipos celularesdeterminam a formao da bainha de mielina (capa lipdica) que facilita a transmissodos impulsos nervosos.

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    Existem regies de descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam naocorrncia de uma constrio (estrangulamento) reconhecida como ndulo de Ranvier.Quando os axnios mielinizados esto envolvidos pelas clulas de Schwann, a partecelular da bainha de mielina (citoplasma e ncleo) constitui o chamado neurilema.

    O lquido extracelular transportado para o interior da fibra nervosa sendo que omesmo ocorre inversamente,, atravs da membrana plasmtica. desta forma quefunciona a bomba de sdio e potssio, bombeando ativamente o sdio para fora,enquanto o potssio bombeado ativamente para dentro.

    Diante de uma estimulao a membrana torna-se permevel ao sdio. Pelo fatode a concentrao desse on ser maior fora quando comparada com a concentrao dedentro da clula. O sdio permeia a membrana indo em direo ao interior da clula.Tal entrada de sdio acompanhada por uma sada de potssio. Esta inverso vaisendo transmitida ao longo do axnio, sendo denominado este processo como onda dedespolarizao. Temos ento, os impulsos nervosos/ potenciais de ao sendo

    transmitidos a partir da despolarizao da membrana. Vale acrescentar que estespotenciais de ao no sofrem alteraes quanto ao tamanho e durao ao longo dascondues ocorridas, mantendo o tamanho e a durao fixos.

    Os potenciais de ao so unidirecionais. A velocidade de conduo destespotenciais de ao aumenta de acordo com o dimetro do axnio. Assim, os axnios commenor dimetro requerem uma maior despolarizao para alcanar o limiar do potencial deao. Nesses axnios, a bainha de mielina acelera a velocidade da conduo do impulsonervoso e desta forma, as regies que apresentam os ndulos de Ranvier, sofrem umacarga de despolarizao, saltando diretamente de um ndulo para outro, no ocorrendopor toda a extenso da regio mielinizada. Neste caso, a mielina funciona como um

    isolante. Ocorre uma conduo saltatria o que acarretar significativo aumento davelocidade do impulso nervoso.

    Cabe reforar que o percurso do impulso nervoso no neurnio respeita sempre omesma sequncia, a qual: dendrito corpo celular axnio (terminais sinpticos).

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    Imagem: AMABIS, Jos Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de Biologia. So

    Paulo, Ed. Moderna, 2001. vol. 2.

    De acordo com Rohen & Yokochi, 1989 o sistema nervoso pode ser dividido em trspartes distintas funcionalmente, as quais:

    a) parte cranial formada pelos grandes rgos sensoriais: (crebro, bulbo ecerebelo) e encfalo;

    O encfalo est situado no crnio sendo constitudo pelo o crebro, cerebelo, pontee bulbo.

    O crebro localiza-se dentro do crnio sendo constitudo pela massa branca, queocupa o centro, e outra cinzenta, que forma o crtex cerebral (presena de agrupamentode neurnio que favorecem a sensibilidade. Ao falarmos em crebro, lembramos dohemisfrio direito e do esquerdo.

    O primeiro responsvel por receber as informaes e controlar os movimentos dolado oposto, esquerdo; pelo controle das atividades especficas, como o controle dashabilidades artsticas e criativas. Se volta para a parte no-verbal, sntese (agrupandoconceitos para formar totalidades), percepo imediata, favorece a deteco de metforas,inclui aspectos de respostas automticas, influencia as relaes espaciais, a discriminao

    de cores e sentimentos bem como de emoes.

    J o hemisfrio esquerdo se volta para a recepo de informaes presentes nolado direito do corpo, e controle dos movimentos desta regio. Responsabiliza-se poratividades especficas, como por atividades matemticas, cientficas e relacionadas linguagem. entendido enquanto verbal por usar palavras para nomear, descrever etc. analtico por decifrar os conceitos, seqencialmente ou por partes e tambm abstrato porextrair uma poro pequena de informao utilizando-a para representar a totalidade doassunto; temporal, racional, digital (uso de nmeros), lgico e linear (pensar a partir deuma associao de idias at alcanar uma concluso). Dentre suas habilidades inclumosa escrita, uso de smbolos e linguagem, leitura, fontica, deteco de fatos e detalhes, ofalar, escutar (associando auditivamente) e a possibilidade de seguir instrues oriundasdo meio.

    O Bulbo responsabiliza-se pelo controle da respirao, do ritmo dos batimentoscardacos e de certos atos reflexos como a deglutio, o vmito, a tosse e o piscar dosolhos. O bulbo resulta do alongamento da medula, continuando na mesma mesmo apspenetrar no crnio.

    O cerebelo controla a coordenao dos movimentos, tnus muscular e influencia noequilbrio do corpo bem como na sua orientao.

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    A ponte transmite as informaes da medula e do bulbo at o crtex cerebral,fazendo a conexo com centros, hierarquicamente, superiores.

    b) a medula espinal funciona especialmente enquanto rgo reflexo. Caracteriza-se

    enquanto um prolongamento do bulbo localizando-se dentro da coluna vertebral. Os nervosse ramificam a partir da medula espinhal.

    c) o sistema nervosoautnomo(SNA) responsvel pelo controle inconsciente dosprocessos vegetativos influenciando os movimentos involuntrios dos msculos no-estriado e estriado do corao, sistemas endcrino e respiratrio.

    Subdivide-se em sistema simptico e parassimptico, os quais tm funesantagnicas sobre o outro. Eles so controlados pelo SNC, em especial pelo hipotlamo eatuam atravs da adrenalina e da acetilcolina. O mediador qumico do SNA simptico a

    acetilcolina e a adrenalina, enquanto que o mediador qumico do SNA do parassimptico, apenas a acetilconlina.

    O SNP autnomo simptico se volta para a estimulao de aes que mobilizamenergia, permitindo as respostas do organismo frente a uma situao de estresse. Assim,encontramos os batimentos cardacos acelerados, em decorrncia do aumento da pressoarterial, da concentrao de acar no sangue e pela ativao do metabolismo geral docorpo. Sua ao predominantemente, vasoconstritora, mediante a liberao deadrenalina.

    J o SNP autnomo parassimptico responsvel pela estimulao das atividades

    relaxantes, reduzindo o ritmo cardaco e da presso arterial,por exemplo. Assume umaao vasodilatadora mediante a liberao de acetilcolina.

    O sistema nervoso constitudo pela parte central e pela poro perifrica. Aprimeira inclui as partes localizadas dentro do crebro e da coluna vertebral e as outras,encontram-se distribudas por todo corpo. (Stenberg, 2000).

    Imagem retirada de: http://www.afh.bio.br/basicos/Nervoso3.htm#encefalo in Googleimagens

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    Imagemretiradado:saber.sapo.aodogoogleimagens

    Encontramos assim:

    1-Crebro2-SNC (Crebro e Medula espinhal)

    3-Medula espinhal

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    aprofundaremos as particularidades do cerebelo uma vez que estas foram abordadasanteriormente.

    Imagem retirada de: adescobertadocerebrohumano.blogspot.com in Google imagens

    rea de Broca e de Wernick

    Imagem retirada de: tathianatrocoli.wordpress.com in Google imagens

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    A rea de Broca est localizada no lobo frontal sendo responsvel por processar alinguagem e produzir a fala. De acordo com Lent apud Bear et al, 2002 esta rea seriaresponsvel pelos atos motores de fala e assim, contaria com memrias que favorecerama expresso do sujeito.

    J a rea de Wernicke, localiza-se no ponto de converso dos lobos occipital,temporal e parietal. responsvel pela compreenso dos estmulos vindo do ambiente econteria as memrias dos sons que compem os vocbulos, viabilizando a compreensodos mesmos. Desta forma, diante da conexo das duas reas, o sujeito poderia associar acompreenso das palavras ouvidas com a sua prpria produo de fala.

    Atualmente, esta proposta sofreu alteraes e ficou estabelecido que a rea deWernicke responsabiliza-se pela identificao das palavras e no pela compreenso doseu significado.

    Todas estas funes ocorrem a partir do impulso nervoso. Estes estmulos/sinaischegam ao encfalo atravs dos nervos (medula espinhal) percorrendo assim a redeneuronal implicada no processo. Como visto anteriormente, os neurnios se comunicampor sinapses nervosas viabilizadas pela presena de neurotransmissores estimulandoreceptores presentes nos dentritos, transmitindo os impulsos nervosos de um neurniopara outro gerando s respostas frente aos estmulos vindos do ambiente.

    Neste caso, a via que traz as informaes sensoriais para o SNC denomina-se viaaferente e a que conduz os comandos motores para os rgos efetuadores reconhecidaenquanto via eferente. De uma forma geral, podemos dizer que a via aferente conduz oestmulo oriundo da poro periferia para a central e a via eferente, leva a resposta daparte central para a poro perifrica.

    Uma vez aprofundadas as caractersticas do sistema nervoso, podemos refletir sobreos aspectos envolvidos nos sintomas que fazem de nossas clnicas um espao deexpectativas quanto ao fechamento diagnstico e conduo dos casos em suas diversasfacetas. Especificidades dos sintomas revelados pelas mais variadas patologias eetiologias sero melhor explorados nas prximas unidades. No momento, com o contedoque fora explorado, espera-se ter proporcionado aos profissionais o despertar para aconscincia de nossa miudez frente a grandiosidade de processos ricos em detalhes esoberanos enquanto marca de nossa existncia.

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    Referncias

    AMABIS, Jos Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de Biologia. So Paulo,Ed. Moderna, 2001. vol. 2.

    BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W.; PARADISO, Michael A. Neurocincias:desvendando o sistema nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

    FERNEDA. E. Redes neurais e sua aplicao em sistemas de recuperao deinformao. Cincia da Informao. Braslia Jan./Apr. 2006.

    KOLB, Bryan; WHISHAW, Ian Q. Neurocincia do comportamento. Barueri, SP:Manole, 2002.

    LENT, Roberto. Cem bilhes de neurnios: conceitos fundamentais de neurocincia. SoPaulo: Atheneu, 2001.

    PINHEIRO. M. Fundamentos de neuropsicologia - o desenvolvimento cerebral da criana.Vita et Sanitas, Trindade/Go, v. 1, n . 01, 2007.

    STENBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000.

    Disponvel em: www.adescobertadocerebrohumano.blogspot.com in Google imagens.

    http://www.afh.bio.br/basicos/Nervoso3.htm#encefalo in google imagens.Disponvel em: www.ced.ufsc.br. Acesso em 05/07/2010.Disponvel em: www.fag. edu. br in Google imagens.Disponvel em: www.pfdodia.blogspot.com in google imagens. Acesso em 05/07/2010.Disponvel em: www.tathianatrocoli.wordpress.com in google imagens.Disponvel em: saber.sapo.ao do google imagens.Disponvel em: www .google.com.br. Acesso em 05/07/2010