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11 2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA 2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA 2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA 2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA 2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL 2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL 2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL 2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL - A denominação geral, literatura , é dividida em “gêneros”: uma classificação baseada no fator “ritmo”, separa a prosa prosa prosa prosa da poesia poesia poesia poesia; com base no fator “história”, há os seguintes gêneros literários : - Lírico Lírico Lírico Lírico (em forma de poesia): não apresenta história, mas sentimentos, emoções e reflexões; normalmente, apresentam-se, em forma de poesia (versos ritmados), sentimentos, emoções e reflexões em formato de elegia (poema em tom triste), ode (tom de exaltação), ditirambo (poeta celebra um acontecimento alegre) ou idílio (poema amoroso e pastoril). - Dramático Dramático Dramático Dramático: a história é contada através de diálogos, sua característica básica, e de sua encenação; não há narração, descrição ou dissertação. Trata-se do teatro (tragédia, comédia ou drama [geralmente tragicômico]). - Narrativo Narrativo Narrativo Narrativo (em forma de prosa): há história, personagem, ação, tempo, espaço, narrador, diálogo, cenário; pode ser uma narração, descrição, conto (breve extensão), novela (em capítulos dependentes entre si), romance (em capítulos mais independentes e mais longo que o conto), ensaio (desenvolvimento de um tema específico estudado por um autor, que relata seu ponto de vista), dissertação, argumentação, etc; pode haver a “narrativa em verso”, como a epopeia, em tom solene de exaltação do herói nacional, uma narrativa sobrenatural e mítica – é o gênero épico (Ilíada, Odisseia, Eneida, Divina Comédia, Os lusíadas, entre outras). Portanto, no gênero narrativo em prosa, pode haver espécies diferentes. As diferenças entre elas são importantes, vejam abaixo: NARRAÇÃO : relato de um fato, uma história, um acontecimento real ou imaginário (ficção). Há narrador, personagens (protagonista, antagonista, etc) e, às vezes, outros elementos, como enredo (o desenrolar dos acontecimentos, com clímax – momento de maior dramaticidade - e desfecho), ambiente e tempo. Se a narrativa é objetiva, os sentimentos do narrador não participam do enredo; se é subjetiva, há forte presença dos sentimentos e da emoção do narrador, podendo, inclusive, participar da história. 1 DESCRIÇÃO : é objetiva, descreve a realidade o mais fielmente possível, eliminando o “ponto de vista do sujeito-autor”. Busca a imparcialidade. A descrição faz um retrato, uma imagem de pessoas, objetos, lugares, animais. É essencial captar algum traço distintivo o objeto ou pessoa descrita. A descrição é objetiva quando é mínima a interferência do autor, que evita juízos de valor, opiniões. É geralmente utilizada no discurso científico-tecnológico. Ela é subjetiva quando o autor emite juízos de valor. 2 1 Ver exemplo de narração ao final deste capítulo. 2 Ver exemplo de descrição (objetiva e subjetiva) ao final deste capítulo.

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Page 1: 2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA2ª UNIDADE: O TEXTO · PDF filecomédia ou drama [geralmente tragicômico]). ... sobrenatural e mítica – é o gênero épico (Ilíada, Odisseia,

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2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA2ª UNIDADE: O TEXTO E A LÓGICA

2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL2.1. TIPOLOGIA TEXTUAL

- A denominação geral, literatura, é dividida em “gêneros”: uma classificação baseada no fator “ritmo”, separa a prosa prosa prosa prosa da poesiapoesiapoesiapoesia; com base no fator “história”, há os seguintes gêneros literários: ---- Lírico Lírico Lírico Lírico (em forma de poesia): não apresenta história, mas sentimentos, emoções e reflexões; normalmente, apresentam-se, em forma de poesia (versos ritmados), sentimentos, emoções e reflexões em formato de elegia (poema em tom triste), ode (tom de exaltação), ditirambo (poeta celebra um acontecimento alegre) ou idílio (poema amoroso e pastoril). ---- Dramático Dramático Dramático Dramático: a história é contada através de diálogos, sua característica básica, e de sua encenação; não há narração, descrição ou dissertação. Trata-se do teatro (tragédia, comédia ou drama [geralmente tragicômico]). ---- Narrativo Narrativo Narrativo Narrativo (em forma de prosa): há história, personagem, ação, tempo, espaço, narrador, diálogo, cenário; pode ser uma narração, descrição, conto (breve extensão), novela (em capítulos dependentes entre si), romance (em capítulos mais independentes e mais longo que o conto), ensaio (desenvolvimento de um tema específico estudado por um autor, que relata seu ponto de vista), dissertação, argumentação, etc; pode haver a “narrativa em verso”, como a epopeia, em tom solene de exaltação do herói nacional, uma narrativa sobrenatural e mítica – é o gênero épico (Ilíada, Odisseia, Eneida, Divina Comédia, Os lusíadas, entre outras).

Portanto, no gênero narrativo em prosa, pode haver espécies diferentes. As diferenças entre elas são importantes, vejam abaixo: NARRAÇÃO: relato de um fato, uma história, um acontecimento real ou imaginário (ficção). Há narrador, personagens (protagonista, antagonista, etc) e, às vezes, outros elementos, como enredo (o desenrolar dos acontecimentos, com clímax – momento de maior dramaticidade − e desfecho), ambiente e tempo. Se a narrativa é objetiva, os sentimentos do narrador não participam do enredo; se é subjetiva, há forte presença dos sentimentos e da emoção do narrador, podendo, inclusive, participar da história.1 DESCRIÇÃO: é objetiva, descreve a realidade o mais fielmente possível, eliminando o “ponto de vista do sujeito-autor”. Busca a imparcialidade. A descrição faz um retrato, uma imagem de pessoas, objetos, lugares, animais. É essencial captar algum traço distintivo o objeto ou pessoa descrita. A descrição é objetiva quando é mínima a interferência do autor, que evita juízos de valor, opiniões. É geralmente utilizada no discurso científico-tecnológico. Ela é subjetiva quando o autor emite juízos de valor.2

1 Ver exemplo de narração ao final deste capítulo.

2 Ver exemplo de descrição (objetiva e subjetiva) ao final deste capítulo.

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DISSERTAÇÃO: A dissertação descreve, discute, critica, avalia, desenvolve o ponto de vista do autor do texto sobre determinado assunto de caráter objetivo. NãoNãoNãoNão se trata de divagações ou reflexões filosóficas sobre sentimentos e emoções. Desenvolveremos abaixo, após a argumentação, as características da dissertação. ARGUMENTAÇÃO: a argumentação debate determinado assunto, de caráter objetivo, abordando diferentes opiniões, discutindo com elas, avaliando-as, no sentido de fortalecer o ponto de vista do autor do texto por meio do fornecimento de dados da realidade, estatísticas, etc, que reforcem sua opinião.

Poucos autores fazem distinção entre a dissertação e a argumentação. Isso se deve ao fato de ambas apresentarem a mesma estrutura: tesetesetesetese (a idéia que se deseja desenvolver ou provar), desenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimento e conclusão. conclusão. conclusão. conclusão. A diferença essencial entre esses dois tipos de texto, entretanto, reside no papel que cada um cumpre, ou na sua intenção: enquanto a dissertação é uma mera exposição de nossas idéias acerca de determinado assunto, a argumentação visa, sobretudo, a persuadir o leitor acerca de nossa posição, convencê-lo de que nós é que estamos com a razão.

O argumentador pode desde o início defender sua posição sobre o tema – nesse caso todo o desenvolvimento se volta para comprovar a tese – ou pode também, no desenvolvimento, levantar os aspectos negativos e positivos a respeito do assunto, posicionando-se apenas na conclusão.

A argumentação compreende um quadro constituído de um tematematematema, assunto sobre o qual haja dúvidas quanto à legitimidade, um argumentadorargumentadorargumentadorargumentador, que desenvolve um raciocínio a respeito do tema, e um receptorreceptorreceptorreceptor, a quem se dirigem os argumentos com a finalidade de que venha a participar da mesma opinião ou certeza do argumentador.

Como é extremamente difícil, se não impossível, opinar a respeito de determinado assunto sem sabe o mínimo sobre ele. A leitura de bons textos, a pesquisa e o debate são alguns dos meios existentes para nos munirmos de informações, idéias e argumentos e, consequentemente, adquirirmos a maior segurança tanto na expressão oral quanto na escrita. Não há regra ou um modelo único para a construção de um texto argumentativo. As possibilidade para se iniciar, desenvolver ou concluir um texto desse tipo são muitas e dependem do tema, das idéias que o autor pretende desenvolver, do enfoque que deseja dar a elas e de sua própria criatividade.

Entre os elementos da lógica argumentativa, há alguns básicos: asserção inicial (premissapremissapremissapremissa), a asserção final (conclusãoconclusãoconclusãoconclusão) e uma ou várias asserções intermediárias, que permitem passar de uma a outra (inferência, prova, argumento). A argumentação argumentação argumentação argumentação é a ancora do desenvolvimento. ArgumentoArgumentoArgumentoArgumento é a defesa de uma idéia. Convencer ou persuadir através dos diversos recursos oferecidos pela língua é, numa formulação muito simples, a marca fundamental do texto dissertativo / argumentativo.3

3 Ao final deste capítulo, veja um exemplo de texto argumentativo.

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2.2. A DISSERTAÇÃO: OS LIMITES DO TEXTO DISSERTATIVO2.2. A DISSERTAÇÃO: OS LIMITES DO TEXTO DISSERTATIVO2.2. A DISSERTAÇÃO: OS LIMITES DO TEXTO DISSERTATIVO2.2. A DISSERTAÇÃO: OS LIMITES DO TEXTO DISSERTATIVO

Para produzir uma dissertação, modalidade discursiva objetiva, é necessário seguir determinados passos, antesantesantesantes de começar a escrever. O texto é uma parte muito pequena da realidade, ele é tão limitado quanto o nosso conhecimento (só nossa ignorância é ilimitada!). Por isso mesmo, devemos estabelecer os limites do texto dissertativo que produziremos.

- Etapas do plano de dissertação:

(a) Estabelecimento do assunto sobre o qual se vai dissertar. Normalmente, o assunto é o título de sua dissertação. Trate de escrever tão somente sobre o que você sabe, sobre o que você pesquisou. E, muito importante: não “enrole” seu leitor, ele percebe imediatamente e ele tem mais o que fazer do que ler um texto que não diz nada. Respeite a inteligência de seu leitor.

(b) Delimitação do assunto: uma vez estabelecido o assunto, você vai delimitar o assunto escolhido para que você não perca o controle sobre ele e não comece a dizer generalidades e banalidades de uma conversa de bar. Para tal, você não precisa escrever. Delimite o mais possível o assunto escolhido.

Por exemplo:

Assunto: A poluição sonora nos grandes centros urbanos Delimitação do assunto: “A poluição sonora na Av. Nossa Senhora de Copacabana entre 16 e 20 horas, de segunda a sexta”.

Aqui a delimitação do assunto foi feita segundo os seguintes critérios: geográfico, espacial (Rio de Janeiro, Av. Copacabana) e temporal (entre 16 e 20 horas, de segunda a sexta). (c) Determinação dos objetivos: você está escrevendo uma dissertação para dizer o que exatamente? Qual o tratamento que você dará ao assunto que escolheu e à delimitação indicada? Utilize os verbos que operacionalizam suas ações, como, analisar, desenvolver, descrever, avaliar, criticar, propor soluções, etc. Por exemplo: seguindo a delimitação do assunto acima, seus objetivos poderiam ser os seguintes:

i. descrever a situação da poluição sonora na Av. Nossa Senhora de Copacabana entre 16 e 20 horas, de segunda a sexta; ii. levantar os eleitos maléficos para a audição e para a saúde em geral; iii. analisar esses efeitos com base em pareceres médicos; iv. avaliar a situação geral; v. criticar os órgãos responsáveis; e vi. [conclusão] propor soluções viáveis a curto, médio e longo prazo.

Atenção! Cada objetivo pode figurar em um parágrafo.

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2.3. O PARÁGRAFO E SUAS RELAÇÕES COM O TEXTO EM TOTALIDADE2.3. O PARÁGRAFO E SUAS RELAÇÕES COM O TEXTO EM TOTALIDADE2.3. O PARÁGRAFO E SUAS RELAÇÕES COM O TEXTO EM TOTALIDADE2.3. O PARÁGRAFO E SUAS RELAÇÕES COM O TEXTO EM TOTALIDADE

As narrativas em prosa são construídas por meio de parágrafos. É fundamental ressaltar que o parágrafo nãonãonãonão marca a mudança de assunto, pois este já está determinado no título do texto e não pode ser mudado dessa forma. Para mudar de assunto, escreve-se outro texto.

Na dissertação, como em todas as narrativas de caráter objetivo, os parágrafos têm a importante função de marcar a mudança de tom da narrativa, mudança de aspecto ou de ponto de vista.

Os parágrafos também são importantes para “arejar o texto”, tornando-o menos compacto e, consequentemente, de leitura mais agradável.

O parágrafo tem características e qualidades específicas, que são as seguintes:

- Qualidades do parágrafo:

Unidade: o parágrafo deve ter uma única idéia principal sob pena de tornar-se incompreensível. Um excesso de ideias anulam-se entre si e o autor do texto fica sem nada.

Ênfase: essa idéia principal deve ser colocada em posição de ênfase para orientar o leitor a respeito do assunto. Coerência: o parágrafo não deve ter contradição interna - não se pode afirmar algo numa linha e, logo depois, afirmar outra coisa e contradiz a primeira.

Concisão: não é aconselhável estender demasiadamente as exemplificações e os desdobramentos da idéia principal. A concisão, contudo, não deve ser alcançada em detrimento da clareza.

Desenvolvimento do parágrafoDesenvolvimento do parágrafoDesenvolvimento do parágrafoDesenvolvimento do parágrafo

O desenvolvimento é, nada mais, nada menos, do que o desdobramento do tópico frasal, a explanação da idéia básica. O tópico frasal, ou ideia-núcleo, orienta o desenvolvimento do parágrafo e possibilita ao redator manter-se coerente com as idéias expostas, policiando o desenvolvimento das idéias para que o parágrafo não fuja do objetivo determinado. O tópico frasal introduz o assunto, ainda que de forma geral. Portanto é uma frase sintética que traça a direção que o desenvolvimento deve seguir. Ele indica ao autor os limites das idéias que pode explanar no parágrafo. Pode ser expresso de forma interrogativa, quando se quer prender a atenção do leitor. O uso de uma afirmação inesperada também pode ser conveniente para esse fim. O tópico frasal às vezes aparece no final do parágrafo.

- O desenvolvimento pode realizar-se mediante várias formas:

Explicitação da declaração inicial:Explicitação da declaração inicial:Explicitação da declaração inicial:Explicitação da declaração inicial: é o tipo mais comum de desenvolvimento de parágrafo e, na realidade, o mais encontrado. Consiste no desdobramento da afirmação ou negação contida no tópico frasal.

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---- Ordenação por contraste: Ordenação por contraste: Ordenação por contraste: Ordenação por contraste: Ao se desenvolver um parágrafo por contraste, antítese ou oposição, o objetivo é apontar diferenças, estabelecer oposições e chegar ao esclarecimento. Aqui se evidencia o contraste de forma explícita ou implícita.

---- Ordena Ordena Ordena Ordenação por enumeração:ção por enumeração:ção por enumeração:ção por enumeração: Manifesta-se a enumeração com a relação de termos, com expressões indicadoras de tempo, lugar, com sequência de numerais (especialmente os ordinais). Os dois-pontos anunciam, em geral, a enumeração e eles têm como funções principais explicar e enumerar.

---- Ordenação por exemplificação: Ordenação por exemplificação: Ordenação por exemplificação: Ordenação por exemplificação: Está intimamente ligada à enumeração; seria, mesmo, um tipo de enumeração. Geralmente assume caráter didático, socorrendo-se de partículas adequadas como por exemplo, a saber e outras.

---- Ordenação por causa Ordenação por causa Ordenação por causa Ordenação por causa e consequência: e consequência: e consequência: e consequência: É ponto pacífico a correlação de causa-consequência; uma pressupõe a outra; são idéias indissociáveis, conceitos interdependentes.

---- Resposta à interrogação: Resposta à interrogação: Resposta à interrogação: Resposta à interrogação: Busca desenvolver o parágrafo sob a forma de resposta a pergunta inicial.

2.4. 2.4. 2.4. 2.4. HIERARQUIZAÇÃO DAS IDÉIAS NO PARÁGRAFO E NA DISSERTAÇÃOHIERARQUIZAÇÃO DAS IDÉIAS NO PARÁGRAFO E NA DISSERTAÇÃOHIERARQUIZAÇÃO DAS IDÉIAS NO PARÁGRAFO E NA DISSERTAÇÃOHIERARQUIZAÇÃO DAS IDÉIAS NO PARÁGRAFO E NA DISSERTAÇÃO

O parágrafoparágrafoparágrafoparágrafo (e a dissertação) se desenvolve nas seguintes etapas: síntese / análise / síntese

- Síntese: o parágrafo terá aproximadamente oito linhas e deverá se organizar

dessa forma: a idéia principal, que sintetiza o parágrafo, aparecerá no início e se chamará tópico frasaltópico frasaltópico frasaltópico frasal ou frasefrasefrasefrase----núcleonúcleonúcleonúcleo;

- Análise: o desenvolvimento do tópico frasal (da síntese do parágrafo); e - Síntese: o fechamento do parágrafo, na última frase, que evoca o tópico frasal e

o assunto tratado. E assim se deve proceder sucessivamente, em cada parágrafo. Como se vê, o movimento interno do parágrafo é circular. Na dissertaçãodissertaçãodissertaçãodissertação, o movimento circular de síntese / análise / síntese é repetido em

escala maior. A dissertação deve conter, pelo menos, seis parágrafos, distribuídos da seguinte

forma:

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2. 5. A DISSERTAÇÃO E SEUS PROCEDIMENTOS 2. 5. A DISSERTAÇÃO E SEUS PROCEDIMENTOS 2. 5. A DISSERTAÇÃO E SEUS PROCEDIMENTOS 2. 5. A DISSERTAÇÃO E SEUS PROCEDIMENTOS Modelo mínimo de dissertação:

Título da Dissertação (= Assunto ou Tema)

1º Parágrafo: SínteseSínteseSínteseSíntese do assunto (ou “introdução”) 2º Parágrafo: AnáliseAnáliseAnáliseAnálise do assunto (ou “desenvolvimento”) 3º Parágrafo: AnáliseAnáliseAnáliseAnálise do assunto (ou “desenvolvimento”) 4º Parágrafo: AnáliseAnáliseAnáliseAnálise do assunto (ou “desenvolvimento”) 5º Parágrafo: AnáliseAnáliseAnáliseAnálise do assunto (ou “desenvolvimento”)

6º Parágrafo: SíntesSíntesSíntesSínteseeee (ou “conclusão”) - O modelo acima de dissertação pode e deve ser ampliado. As etapas “introdução, desenvolvimento, conclusão” podem e devem ter mais parágrafos para se desenvolverem. - Vale ressaltar que o movimento interno dos parágrafos na dissertação é sempre circular: cada parágrafo deve terminar retomando o tema inicial e introduzindo o parágrafo a seguir. - Etapas da dissertação: (i) Introdução – uma síntesesíntesesíntesesíntese inicial do tema; esclarecimento do que motivou a escolha do tema; problematização do tema; descrição das etapas da problematização a serem tratadas e por que serão analisadas dessa maneira e não de outra. Utilize quantos parágrafos forem necessários; (ii) Desenvolvimento – a análiseanáliseanáliseanálise do tema: deve ter a redação de uma introdução que explicará as etapas que ele vai desenvolver. Após a redação da introdução ao desenvolvimento, comece a redigir as etapas do trabalho, descrevendo a motivação de cada passo, os dados obtidos e, se for necessário, as conclusões parciais de cada etapa. Agora é hora de redigir um fechamento para o desenvolvimento: cabe aqui um breve sumário das conclusões parciais obtidas. A estruturação dessa parte depende das necessidades de explicitação da hipótese levantada, da problematização do tema. A redação se coloca na ordem lógica da argumentação ou explicitação a que se propõe. Essa ordenação deve levar logicamente à conclusão. (iii) Conclusão – o fechamento da dissertação deve conter uma retomada dos pontos levantados inicialmente para, então, fazer um resumo das conclusões a que se chegou. Isto feito, deve-se propor caminhos alternativos que solucionem o problema ou ajudem a minimizá-lo.

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EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS

A) EEEExercícios de xercícios de xercícios de xercícios de frasefrasefrasefrase----núcleo ou tópico frasalnúcleo ou tópico frasalnúcleo ou tópico frasalnúcleo ou tópico frasal:::: 1) Aos parágrafos abaixo falta a frase-núcleo. Após cada um, são apresentadas duas frases.

Indique qual dentre elas seria a frase-núcleo mais adequada para o parágrafo.

(a) Pesquisas mostram que as crianças que assistem por mais tempo à televisão são aquelas que possuem pais mais autoritários e mais frustrantes. Assim também, o uso da televisão depende das relações das crianças com os seus “pares”: a criança que vive mais na família e menos com seus colegas de idade assiste mais à televisão.

(a1) O maior ou menor interesse da criança pela televisão depende de características pessoais.

(a2) Por que algumas crianças se prendem à televisão mais que outras?

(b) A influência da televisão, na verdade, parece depender menos da quantidade de violência apresentada do que da imagem do mundo em geral que ela propõe ao espectador. O que importa não é a quantidade da violência, mas o valor que lhe é atribuído pelos meios de comunicação de massa.

(b1) Um personagem em cada cinco filmes televisados é um criminoso. Tanta violência influirá sobre o comportamento do espectador?

(b2) A violência é um dos temas preferidos pela televisão, e muitos acreditam que a apresentação de tanta violência influi negativamente sobre o comportamento do espectador.

(c) Milhares de pessoas viram pela TV americana uma experiência em que plantas cresciam ao som do grupo Led Zeppelin. Usando fotografias com lapso de tempo, a TV mostrava que as plantas procuravam se afastar da fonte sonora. Através dessa ingênua, porém maquiavélica, analogia, o documentário da TV pretendia provar que a música do Led Zeppelin não só era nociva às plantas, mas também ao organismo humano. No nível subliminar, uma música que “fazia mal” às plantas em crescimento deveria por extensão afetar igualmente à juventude.

(c1) O alto índice de decibéis do rock não pode deixar de prejudicar o organismo humano.

(c2) Um dos principais temas de discussão em torno do rock é a influência que pode ter sobre a juventude.

2) Um parágrafo é uma unidade de informação construída a partir de uma frase-núcleo. Sublinhe as frases-núcleo dos trechos a seguir:

a) Iluminação representa muito mais do que conforto. Iluminação é segurança, produção e lazer. Iluminação é, mais do que tudo, melhoria de qualidade de vida, um importante fator de justiça social.

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b) Os americanos já chegaram a uma estatística aterradora: em 1991, cerca de cinquenta e quatro mil pessoas morreram de Aids nos Estados Unidos, em número superior ao de americanos mortos em combate durante toda a guerra do Vietnã.

c) Convocados por João Paulo II, mais de cento e cinquenta líderes religiosos de todo o mundo participam, em Assis, Itália, de uma reunião ecumênica sem nenhum precedente na história da humanidade. Dos feiticeiros dos índios craws americanos aos animistas do Togo, passando pelos tradicionais cristãos, judeus, hindus e muçulmanos, e os mais restritos xintoístas, zoroastras, bahais e skihs, praticamente toda a população da Terra esteve lá representada e todos elevaram preces em favor da paz.

d) Aos cinquenta e quatro anos, depois de quatro casamentos e várias paixões inconfessas, Anouk Aimée é uma mulher só...mas sempre fiel à moda de seu amado e costureiro, Ungaro.

e) Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador; o poeta pode contar ou cantar tantas coisas como não foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido, mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja.

f) Todo homem é machista. Desde pequeno aprende na família, na escola, nas revistas em quadrinho, nos filmes e nas propagandas da tevê que ao homem cabem os principais papéis: é ele o mais esperto e inteligente nos filmes policiais; centro das decisões na vida familiar; o estadista, o chefe de seção, o artista e o gênio na vida social – enfim é sempre o protagonista de uma narrativa feita por e para homens. Portanto, embora o homem não possa ou não queira deixar transparecer, nos seus menores gestos e atitudes se detecta uma formação machista.

3) Um parágrafo bem construído não pode incluir elementos que não estejam contidos na frase-núcleo. Sublinhe nos parágrafos a seguir as idéias irrelevantes.

a) Quando eu tinha quatro anos de idade e morava com uma tia viúva e já idosa, que passava a maior parte do dia acariciando um gatarrão peludo, sentada numa velha e rangente cadeira de balanço, na sala de jantar de nossa casa, que ficava nos subúrbios, próximo ao Hospital São Sebastião, já era louco por futebol.

b) Os tomates, reconhecidos hoje como um alimento muito rico em vitaminas, especialmente em vitamina C, que previne contra o escorbuto, enfermidade que em outros tempos foi o terror dos marinheiros, foram considerados por nossos antepassados, até meados do século XVIII, venenosos.

B) ExercB) ExercB) ExercB) Exercícios sobre ícios sobre ícios sobre ícios sobre parágrafo:parágrafo:parágrafo:parágrafo:

1) Leia com atenção o excerto de Machado de Assis, a seguir. Ele demonstra bastante bem os princípios de organização interna de um texto que fazem com que o leitor compreenda com clareza o que é dito. No caso de Machado, acrescenta-se a essas qualidades o prazer de ler. - Vejamos um capítulo de Quincas Borba, Rio de Janeiro, Aguilar, Obras Completas, vol. I, p. 721:

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O DIRETOR DO BANCOO DIRETOR DO BANCOO DIRETOR DO BANCOO DIRETOR DO BANCO

Machado de Assis E o homem empurrado apenas sentiu o empurrão. Caminhava absorto, mas contente, espraiando a alma, desabafado de cuidados e fastios. Era o diretor do banco, o que acabava de fazer uma visita de pêsames ao Palha. Sentiu o empurrão e não se zangou; consertou o sobretudo e a alma, e lá foi andando tranquilamente. Convém dizer, para explicar a indiferença do homem, que ele tivera, no espaço de uma hora, comoções opostas. Fora primeiro à casa de um ministro de estado, tratar do requerimento de um irmão. O ministro, que acabava de jantar, fumava calado e pacífico. O diretor expôs atrapalhadamente o negócio, tornando atrás, saltando adiante, ligando e desligando as frases. Mal sentado, para não perder a linha do respeito, trazia na boca um sorriso constante e venerador. E curvava-se, pedia desculpas. O ministro fez algumas perguntas; ele, animado, deu respostas longas, extremamente longas, e acabou entregando um memorial. Depois ergueu-se, agradeceu, apertou a mão do ministro, este acompanhou-o até a varanda. Aí fez o diretor duas cortesias, - uma, em cheio, antes de descer a escada, - outra em vão, já embaixo, no jardim; em vez do ministro, viu só a porta de vidro fosco e, na varanda, pendente do teto, o lampião a gás. Enterrou o chapéu e saiu. Não era o negócio que o afligia, mas os cumprimentos que fez, as desculpas que pediu, as atitudes subalternas, um rosário de atos sem proveito. Foi assim que chegou à casa do Palha. Em dez minutos tinha a alma espanada e restituída a si mesma, tais foram a mesuras do dono da casa, os “apoiados” de cabeça e um raio de sorriso perene, não contando os oferecimentos de chá e charutos. O diretor fez-se então severo, superior: frio, poucas palavras. Chegou a arregaçar com desdém a venta esquerda a propósito de uma idéia do Palha, que considerou absurda. Copiou do ministro o gesto lento. Saindo, não foram dele as cortesias, mas do dono da casa. Estava outro, quando chegou à rua; daí o andar sossegado e satisfeito, o espraiar da alma devolvida a si própria, e a indiferença com que recebeu o embate do Rubião. Lá se ia a memória de seus rapapés; agora o que ele rumina saborosamente são os rapapés de Cristiano Palha.

**********************************

TIPOS DE ORDENAÇÃO DE PARÁGRAFOS

a) Ordenação causa-consequência:

Não passou no vestibular (consequência) porque não estudou (causa).

Desistiu do concurso (consequência) por doença (causa).

Não foi previdente (causa); não participou da excursão (consequência).

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b) Contraste:

Loira ou morena

Uma mansão e uma casa humilde

O trabalho rural e o urbano

c) Enumeração:

Requisitos para o sucesso no estudo.

Desvantagens de morar em apartamentos.

Condições para obter-se um bom emprego.

3) Leia os parágrafos abaixo e responda às questões propostas:

1º Parágrafo:

O acelerado desenvolvimento da humanidade vem gerando crescentes e apreensivos problemas em que se destacam os referentes ao equilíbrio homem / meio ambiente, tendo, muitas vezes, a interligá-los – como subprodutos danosos – as diversas modalidades de poluição que resultam, afinal, na redução dos recursos naturais, na diminuição da produtividade e na poluição biopsíquica e moral que vem definhando e matando, principalmente nas civilizações mais evoluídas. Esta é uma das razões por que a poluição, consequente do desenvolvimento industrial é considerada como um dos principais problemas da atualidade. E sendo ela geradora de desperdício, antagônica ao desenvolvimento, necessário se faz uma campanha cerrada para combatê-la. Mas, para tanto, é fundamental que tenhamos uma formação com base ecológica. Só assim estaremos contribuindo de fato para o progresso do País. ( Revista Petrobrás, nº 271, 1975)

Em cada um dos pares abaixo, determine qual é a causa e a consequência, de acordo com o parágrafo.

(a) Acelerado desenvolvimento da humanidade / crescentes e apreensivos problemas.

(b) Problemas referentes ao equilíbrio homem / meio ambiente.

(c) Poluição / redução dos recursos naturais, diminuição da produtividade, poluição biopsíquica e social.

(d) Poluição / desenvolvimento industrial

(e) Formação de base ecológica / contribuição para o progresso do país.

2º Parágrafo: Assinale, no parágrafo abaixo, as palavras e expressões indicadoras de causa e consequência.

As consequências da industrialização não foram significativas apenas para a vida econômica brasileira. Refletiram-se também sobre a fisionomia sócio-cultural das regiões atingidas. A formação do operariado, cada vez mais numeroso, o crescimento e o fortalecimento da classe média e o aparecimento de uma burguesia industrial que veio ocupar, no cenário político-social do país, um lugar proeminente, substituindo muitas vezes a velha aristocracia rural – eis algumas das consequências sociais da industrialização.

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(a) Indique o trecho que apresenta a introdução do parágrafo.

(b) Que palavras ou expressões indicam, na introdução, que o parágrafo se desenvolverá por consequência?

(c) Indique o trecho que apresenta a conclusão do parágrafo e assinale a palavra que nele mostra que as ideias se ordenam por consequência.

(d) O parágrafo apresenta um fato e três consequências desse fato. Preencha os quadros abaixo:

FATO CONSEQUÊNCIAS

3º Parágrafo:

É comum encontrarmos na imprensa brasileira elevado número de vocábulos

ingleses, alemães, espanhóis, latinos e franceses. As causas da frequência desses vocábulos nas diversas seções do jornal são as mais variadas possíveis. Dentre elas, Zdenek Hampjs cita a falta do termo vernáculo, o seu desconhecimento por parte do jornalista, a tendência ao esnobismo (vide coluna social) ou, ainda, a tentativa de imprimir cor local, ou seja, o ambiente típico do país a que a notícia se refere. - Assinale, no parágrafo acima, as palavras ou expressões indicadoras de causa.

CAUSAS FATO

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4º Parágrafo:

Há estudantes tímidos, temerosos, que não encontram alegria ou satisfação no trabalho, que creem não serem aprovados, que se consideram de pouco valor. Existem, ao contrário, outros estudantes conscientes de seu próprio valor, que têm uma atitude positiva ante os exames, que confiam, por princípio, nos demais homens. Estas duas atitudes antagônicas são, sem dúvida, fruto e resultado do medo familiar em que a criança cresce ou cresceu. Se este medo foi eliminado, num campo social e economicamente sólido, então a atitude do aluno é de confiança, otimismo. Ele pensa que o mundo é seu. Por outro lado, estudantes procedentes de classe socioeconômica humilde têm medo, desconfiam de si e dos demais. - O parágrafo combina a ordenação por contraste com a ordenação por causa-consequência. (a) Quais são os dois elementos contrastados no parágrafo? (b) Qual é o ponto de diferença entre os dois elementos contrastados? (c) Assinale as expressões indicadoras de contraste usadas no parágrafo. (d) No parágrafo, a diferença entre os dois elementos contrastados é apresentada como uma consequência de quê? ( e) O parágrafo contrasta dois elementos e apresenta as causas que explicam a diferença entre eles. Quais são elas? (f) Assinale as expressões indicadoras de causa-consequência usadas no parágrafo.

5º Parágrafo:

Escorraçada por toda parte, vivendo sempre esfomeada, tendo que subsistir sem morada certa, apunhalada aqui, estrangulada ali, não desejada em verdade a não ser por uns poucos e loucos humanistas e revolucionários através da história, é ridículo se apresentar a liberdade como uma mulher bela, um facho eternamente aceso na mão, os traços finos, a fisionomia tranquila e altiva. A liberdade é um cachorro vira-lata. (Millôr Fernandes)

(a) O autor nega a analogia comumente proposta para a liberdade: - Que analogia é essa?

- Que pontos de semelhança são vistos entre a liberdade e esta analogia?

(b) O autor propõe outra analogia para a liberdade:

- Que analogia propõe?

- Que pontos de semelhança vê entre a liberdade e a analogia que propõe?

C) Exercícios de C) Exercícios de C) Exercícios de C) Exercícios de delimitação do assuntodelimitação do assuntodelimitação do assuntodelimitação do assunto::::

1. Você deve escrever um parágrafo para cada um dos cinco assuntos abaixo. Antes de iniciar seu exercício, delimite o assunto.

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― A educação no país

― Internet

― Violência ― A família ― Cinema 2. Abaixo são apresentados dez assuntos. Se fossem propostos como temas de redação, quais deveriam ser os delimitados e quais já se apresentam delimitados? Justifique sua resposta em relação a cada assunto. Proponha uma delimitação para os assuntos que a exigem.

- Liberdade

- A época em que vivemos

- O homem e a máquina

- O poder da imprensa

- A mulher no mundo atual

- O papel do jornal na sociedade

- O aborto

- As religiões dos homens

- A família

- As revistas em quadrinhos

3) São apresentadas a seguir uma série de propostas de dissertação. Escolha três delas e delimite o tema. Em seguida, escolha uma das propostas para desenvolver a sua redação de no mínimo 20 linhas e no máximo 35.

― Viver é melhor que sonhar

― O amanhã começou ontem

― Políticos corruptos, povo alienado

― O país do nada pelo social

― O outro nome da paz

― O Brasil não tem povo, tem público

D) Exercícios de D) Exercícios de D) Exercícios de D) Exercícios de fixação dos objetivosfixação dos objetivosfixação dos objetivosfixação dos objetivos do texto: do texto: do texto: do texto:

Depois que se delimita o assunto, torna-se fácil fixar o objetivo da redação. Essa fixação do objetivo facilita a seleção das idéias, determina para que se vai escrever e os objetivos da redação. Quem escreve deve ter em mente que , além de delimitar o assunto, deve também definir com que intenção escreve e qual o seu público alvo.

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Por exemplo: Quando se escreve a respeito da pena de morte, assunto muito amplo, não só devemos delimitar o assunto, como também estar cônscios do nosso objetivo. Digamos que delimitemos o assunto em “os malefícios da pena de morte, no Brasil” e, dessa forma, desejemos criticar os defensores da pena de morte. Então teremos como objetivo a crítica à criação da pena de morte e o público-alvo serão aqueles que brigam pela criação de tal lei, no Brasil.

1) Abaixo são apresentados objetivos que poderiam orientar a redação de parágrafos. A cada objetivo seguem-se quatro períodos que poderiam aparecer num parágrafo escrito sob a orientação do objetivo. Um dos períodos, porém, não é coerente com o objetivo. Indique-o.

a) Objetivo: apresentar argumentos contra a pena de morte

( ) Ninguém tem o direito de tirar a vida de um homem.

( ) Não se deve castigar um crime com outro crime.

( ) Só o temer da morte poderia afetar certos homens do crime.

( ) A ameaça de castigos nunca evitou que erros fossem cometidos.

b) Objetivo: apontar as vantagens da história em quadrinhos

( ) Os quadrinhos oferecem às crianças e aos semianalfabetos a possibilidade de leitura.

( ) Os quadrinhos podem constituir um eficaz meio de aprendizagem.

( ) As histórias em quadrinhos, partindo de situações concretas, reveladas por desenhos, ajudam a estruturar o pensamento.

( ) As histórias em quadrinhos têm como temas aventuras fantásticas que distanciam as pessoas da realidade.

c) Objetivo: mostrar a influência da televisão sobre os homens

( ) Hoje, em toda parte, a família se prostra diante da televisão e o diálogo, a convivência desaparecem, pois is telespectadores exigem silêncio.

( ) Embora esteja em grupo diante de um vídeo, cada pessoa fica só, assistindo isolada e individualmente à televisão.

( ) A comunicação escrita – o livro, o jornal, a revista – está superada pelos meios eletrônicos de comunicação, a televisão à frente.

( ) A televisão dá ao mundo uma visão distorcida, composta apenas dos fragmentos da realidade escolhidos pela emissora para transmissão ao público.

2) Leia com atenção os três parágrafos abaixo. Indique, em relação a cada um, qual é o assunto, qual a delimitação dada ao assunto, qual o objetivo que orienta a redação e qual é a frase-núcleo:

(a) Apesar de cercado por todos os revezes característicos do sertão nordestino, o pescador tem uma situação bem diferente da do homem que vive da agropecuária. Este tem o

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rendimento de seu trabalho condicionado quase sempre à ocorrência de um bom inverno, o que nem sempre acontece, ao passo que aquele encontra nas reservas hídricas a solução para a maioria de seus problemas.

(b) A televisão, apesar de nos trazer uma imagem concreta, não fornece uma reprodução fiel da realidade. Uma reportagem de TV, com transmissão direta, é o resultado de vários pontos de vista: (i) do realizador, que controla e seleciona as imagens num monitor; (ii) do produtor, que poderá efetuar cortes arbitrários; (iii) do cameraman, que seleciona os ângulos de filmagem; (iv) e, finalmente, de todos aqueles capazes de intervir no processo da transmissão. Por outro lado, alternando sempre os closes (apenas o rosto de um personagem no vídeo, por exemplo), com cenas reduzidas (a vista geral de uma multidão), a televisão não dá ao espectador a liberdade de escolher o essencial e o acidental, ou seja, aquilo que ele deseja ver em grandes ou pequenos planos. Desta forma, o veículo impõe ao receptor a sua maneira especialíssima de ver o real.

(c) Como a imigração portuguesa era predominantemente masculina, prosseguiu a livre mestiçagem mameluca que a princípio foi, naturalmente, a única. Em 1548, por exemplo, a população de São Vicente compunha-se de 600 escravos brancos e 3 000 escravos índios. Com o tempo, proibida a escravidão do índio e praticada a do negro, este passou a ter o mais importante papel dentro da grande miscigenação brasileira. Estes três grupos étnicos formaram a maioria das populações brasileiras.

2) No quadro abaixo são apresentados: quatro assuntos, uma delimitação para cada assunto e um objetivo para a redação de parágrafo sobre cada assunto, tal como foi delimitado.

Assunto Delimitação do assunto Objetivo

Esportes A PRÁTICA DE ESPORTES Apon Levantar as vantagens da prática de esportes

A mídia O RÁDIO E A TELEVISÃO Diferenciar o rádio e a televisão

A juventude CARACTERÍSTICAS DA JUVENTUDE ATUAL

AA Apresentar argumentos a favor da juventude

A imprensa O PAPEL DA IMPRENSA HOJE Determinar a responsabilidade da Imprensa hoje

- Escreva, para cada assunto, com a delimitação para ele proposta, pelo menos três períodos que poderiam aparecer num parágrafo orientado pelo objetivo apresentado.

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4) Complete o quadro abaixo, sugerindo uma delimitação para cada assunto proposto e um objetivo que poderia orientar a redação de um parágrafo sobre cada assunto, tal como foi delimitado.

Assunto Delimitação do assunto Objetivo

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NARRAÇÃONARRAÇÃONARRAÇÃONARRAÇÃO − Leia atentamente o conto de Dalton Trevisan "Quatro bandidos" em que se percebem esses elementos da narrativa: “Truculento, mulato, brigão façanhudo - o grande coronel Alcebíades, vulgo Bide. Só

de prepotente, confisca do povinho faca, facão, faquinha de picar fumo. O maior gosto é prender bêbado no campinho de futebol. Sinistro, para inspirar terror, deixa crescer a barba. De maldade e ganância, irrompe o cavalo no rancho da velha polaca: - Recebi denúncia. Com sacrifício a pobre planta o tomate, ferve no latão a massa, recolhe na caixeta. - Sem alvará não pode. Além do Bide, a tropa de capangas: o Bortolão, sargento da polícia, o Pedroca,

famoso matador de tocaia, mais o Gejo, inspetor de quarteirão. A velhinha cai de joelho e mão posta: as trinta caixetas, é tudo o que ela tem. - Do meu filho o que vai ser? Indiferentes às lágrimas da polaca, apreendem, rebentam, despejam no pó a massa

vermelhosa. Quando saem a galope, a velha sacode no ar o punho descarnado: - Se Deus existe, um por um hão de me pagar. Três anos depois, no meio da praça, o moço vai ao encontro do homem: - Seu Gejo? Mecê lembra daquela polaca das Porteiras? Das trinta caixetas de massa

de tomate? Engole em seco, o homem. Perturbado, repuxa o lenço branco no pescoço, aperta o

anel prateado. Cisca a botinha marrom de sanfona. - Não me lembro. Quem é você? - Já lhe conto. Mecê sabe que ela rogou praga, não é?

- ... - Sei que estava lá. Não minta. - Foi por acaso. Mas não fiz nada. - E a praga pegou. - ... - O Bortolão, um ano depois, o pinheiro caiu em cima dele. O outro quis gracejar: - Só mesmo um galho de pinheiro para matar. Tão forte que era. - O Pedroca, mecê sabe, ano seguinte morreu afogado. - ... - E o rio nem era fundo. - Não sabia nadar, o pobre. - E o fim do Bide? - ...

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- Esse eu não queria ter. Um tumor na cabeça. Morreu gritando e sem ninguém por ele. - Eu não sabia. Não tenho culpa. Até fui contra. - E mecê seu Gejo? O que lhe espera? - Estive lá. Mas não me aproveitei. Eu juro. - A velhinha está agonizando. Não pode se finar antes de vingada. - Você quem é? Ah, já sei. O filho... - Só espera o castigo do último bandido. Deus sabe o que faz. Agora é a sua vez. - Estou salvo. Recebi o aviso que de hoje ela não passa. - Nem você, ó carniça. No olho azul do moço ele viu o seu fim. Ainda ergueu a mão __ o primeiro tiro furou a

palma __ , era tarde. - Não atire. Já estou baleado. E recebeu mais dois tiros. Na calçada uma pocinha de sangue, outra de água. - Conhece que está morto. O moço deu mais um tiro para ter certeza. O conto é narrado em terceira pessoa, ou seja, os fatos são contados por um

observador que não participa da história. O enredo está centrado num conflito maior, universal, entre o opressor e o oprimido. Esse conflito se desmembra em dois conflitos menores e particulares: num primeiro momento, entre os quatro bandidos opressores e a oprimida velha polaca; num segundo momento, entre o filho da velha e um dos bandidos, o Gejo. Vivendo essa intriga, temos seis personagens: os quatro bandidos, a velha e o filho. A ações se desenrolam em dois ambientes ou cenários: na zona rural (o rancho da velha polaca) e, posteriormente, na praça da cidade. As duas partes da narrativa são caracterizadas pelo desenvolvimento do enredo, pela mudança do cenário e, principalmente, pela passagem do tempo: “Três anos depois, no meio da praça....” OBSOBSOBSOBS.: É muito comum encontrarmos, no corpo de uma narrativa, passagens descritivas,

como no caso do primeiro parágrafo do conto.

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DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO

A) OBJETIVA

a) "Velocidade máxima na Internet" Você agora vai conhecer Speedy – a mais nova maneira de acessar a Internet. É até

100 vezes mais veloz do que o acesso discado convencional. A tecnologia Speedy (ADSL) possibilita o envio e recebimento de dados de altíssima velocidade e a conexão direta com o seu provedor garante segurança, privacidade nos e-mails e sites acessados, além de uma qualidade muito maior. Além disso, permite o funcionamento do seu telefone e do seu aparelho de fax simultaneamente. É veloz. Muito mais veloz. Você consegue baixar filmes, músicas e jogos com altíssima qualidade de som e imagem.

b) Aluísio de Azevedo, O cortiço:

Rita havia parado em meio do pátio. Cercavam-na homens, mulheres e crianças; todos queriam novas dela. Não vinha em

traje de domingo; trazia casaquinho branco, uma saia que lhe deixava ver o pé sem meia num chinelo de polimento com enfeites de marroquim de diversas cores. No seu farto cabelo, crespo e reluzente, puxado sobre a nuca, havia um molho de manjericão e um pedaço de baunilha espetado por um gancho. E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam sua fisionomia com um realce fascinador. [No texto acima o autor mostra uma imagem precisa da personagem destacando nitidamente os detalhes que a caracterizam, inclusive os olfativos.]

B) SUBJETIVA: a interferência do autor é sempre maior e costuma ser caracterizada pela emissão de juízos de valor.

Assombrado à porta, levantou o reposteiro e deu entrada uma mulher, que caminhou para o centro da sala. Não era uma mulher, era uma sílfide, uma visão de poeta, uma criatura divina. Era loura; tinha os olhos azuis, como os de Cecília, estáticos, uns olhos que buscavam o céu ou pareciam viver dele. Os cabelos, desleixadamente penteados, faziam-lhe em volta da cabeça, um como resplendor de santa, santa somente, não mártir, porque o sorriso que lhe desabrochava os lábios era um sorriso de bem-aventurança, como raras vezes há de ter tido a terra. Um vestido branco, de finíssima cambraia, envolvia-lhe castamente o corpo, cujas formas aliás desenhava, pouco para os olhos, mas muito para a imaginação. (Machado de Assis) [Obs.: Você deve ter observado que o narrador descreve uma personagem a partir do ponto de vista pessoal, ou seja, ele procura nos apresentar a impressão que tem da personagem, criando uma imagem vaga e imprecisa, como a dos quadros impressionistas.]

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ARGUMENTAÇÃOARGUMENTAÇÃOARGUMENTAÇÃOARGUMENTAÇÃO

- Leia o texto abaixo retirado da internet e responda às questões propostas.

"A eterna missão jovem: transformar utopia em realidade"

Identificar uma geração pela faixa etária é, no Brasil, uma generalização que peca pela simplicidade. Tomar como fonte de referência aqueles que conseguem chegar ao Vestibular é indiscutivelmente discriminante, pois, a partir de então, a análise fica contida a uma amostra privilegiada pelas suas "virtudes" sócio-econômicas, as quais são decisivas para a compreensão do seu comportamento social e intelectual. Num passado não tão distante, os anos 60 saiu às ruas para lutar contra a ditadura, adotando uma postura crítica e simbolizada pela "Jovem Guarda", através das musicas, valores e aspirações. Hoje, a classe média / alta aspira a quê? Julga-se incapaz de mudanças, atribuindo a culpa da situação de miséria e corrupção do país ao governo e à elite (da qual faz parte). Se há alguma manifestação que revele o seu posicionamento ideológico, dificilmente esta se dá sem interferência de algum veículo de comunicação. Possui ídolos distantes da realidade brasileira, porque elegeram os dancings no lugar do Chico Buarque e insistem em prestar mais atenção no caso amoroso do Bill Clinton a analisar a inserção da economia brasileira no neoliberalismo, confiada ao reeleito presidente FHC.

A questão mais crucial, entretanto, circula entre os valores morais ao adotar-se num mundo que padece, nas várias sociedades e culturas, do individualismo e marginalização. O que dizer da juventude que, compondo seu caráter nesta fase da vida, vê-se obrigada a começar competindo e, às vezes, renunciando às suas idealizações de sociedade, explicitamente através do Vestibular, que é uma barreira social imposta, das mais segregadoras? A realidade humana que o Brasil tem, associada à globalização do consumo massificante, abala o convívio sem grupo, o respeito ao semelhante e desvincula o ser humano de ação social da mão de obra no mercado de consumidor. A juventude pode estar carente de parâmetros, mas encerra em si a virtude inerente à condição de ser jovem: a incessante busca do novo. Ela continua sendo a esperança para que se vislumbre um futuro melhor. A utilização da formação acadêmica em prol da Nação promove conquistas coletivas e, no dia em que a elite intelectualizada conseguir provar as vantagens, a longo prazo, construir-se-ão as bases da prosperidade. E esse deve ser o ideal do jovem universitário brasileiro. 1. Como é comum aos textos dissertativos e à maior parte dos textos argumentativos, o texto dissertativo-argumentativo lido apresenta uma estrutura básica: introdução, , , , desenvolvimento e conclusão. Identifique, em seus quatro parágrafos, aquele(s) que cumpre(m):

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- o papel de introdução - o papel do desenvolvimento - o papel da conclusão do texto

2. Diferentemente da postura convencional, que é se fazer, na introdução, uma afirmação inicial a respeito do tema, o autor do texto lido faz uma crítica ao próprio tema.

- Identifique essa crítica.

- Observe e deduza: apesar de criticar, ele deixa de desenvolver o tema proposto?

3. No 2º parágrafo, o autor compara o jovem dos anos 60 aos jovens de hoje. Interprete: que visão ele revela ter sobre a atuação política:

- dos jovens daquela década?

- dos jovens de hoje?

4. No 3º parágrafo, o autor faz uma análise do mundo em que vivemos, no qual se forma o jovem atual. De acordo com esse parágrafo:

- Explique: como se caracteriza o mundo atual.

- Deduza: que consequências essa realidade traz para o jovem de hoje?

- Pela ótica do texto, o vestibular pode ser considerado um fenômeno típico do mundo atual?

5. No último parágrafo do texto, o autor explica sua posição a respeito do perfil moral e ideológico do jovem de hoje e aponta uma perspectiva social desse jovem. De acordo com a posição do autor:

- A atuação social do jovem de hoje é satisfatória? Retire o trecho que comprova sua resposta.

- O jovem de hoje é incapaz de transformar a sociedade?

- De que forma o jovem universitário brasileiro pode dar sua principal colaboração?

6. Um texto dissertativo-argumentativo pode ser desenvolvido a partir de dois procedimentos básicos: pela indução e pela dedução. Pela induçãoinduçãoinduçãoindução, quando texto segue um movimento que vai do particular para o geral, isto é, parte da análise de alguns aspectos isolados, de exemplos para, finalmente, explicitar a visão mais geral do autor sobre o problema. Pela deduçãodeduçãodeduçãodedução, quando ocorre o contrário: o texto segue um movimento que vai do geral para o particular, isto é, o autor explicita inicialmente sua posição e, em seguida, fundamenta-a com argumentos. No caso do texto lido, qual foi o procedimento utilizado? Justifique.

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Classifique os trechos abaixo em narrativo, descritivo ou dissertativo. Justifique. a)

José Ribamar é, no colégio, o menino que usa dentes para fora, monstruoso e intempestivo, assassino frio de gatos, canários e sabiás, matador de gambás, preás e outros bichos que só de ver, brrrrr!, nos davam calafrios. A própria imagem do terror, ele tira partido de sua aparência mostrando-se ainda pior. Faz com que a própria mãe espere sôfrega a hora de abrir o colégio e a professora ainda mais sôfrega a hora de fechá-lo. b)

Um dia, antes de irmos pro barzinho, passamos pela praça. Adivinha quem encontro? O Juliano! Estou sendo bobo...A senhora acabou de chegar e nem sabe direito quem é quem. O Juliano é aqui da classe, é um que senta ao lado da Luciamara, a que tem o nenê, ao lado do André, o da perna engessada. Coincidência, né? Pena que ele foi embora no dia seguinte. Eu não. Eu fiquei mais quatro dias. Foi aí que conheci a Dani, amiga do meu primo. Ela é a pessoa mais incrível e linda que eu já conheci. Tem uma pele lisinha como um pêssego. Professora, sela é um pêssego ou eu estou apaixonado por uma fruta de dezessete anos (é da mesma idade que eu)?

c)

O destino (à maneira dos...coreanos)

Encontram-se dois chineses. - Olá, Shen-Tau, por onde andou?

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- Ah, passei seis meses no hospital, Shin-Fon. - Eh, isso é mau! - Nada. Isso é bom: casei com uma enfermeira bacaninha. - Ah, isso é bom! - Que o quê – isso é mau. Ela tem um gênio dos diabos. - É, isso é mau. - Não, não, isso é bom; o avô dela deixou uma herança e eu não preciso trabalhar porque ele acha que só eu sei cuidar do gênio dela. - Oh, oh, isso que é bom! - Oh, oh, isso é que é mau! Com o gênio dela, às vezes não me dá um níquel. E como eu não trabalho, não tenho o que comer. - Xi, isso é mau! - Engano, isso é bom. Eu estava ficando gordo e mole – vê só agora, o corpinho com que eu estou.

- É mesmo – isso é bom! - Que bom! Isso é mau. As pequenas não me deixam e acabei gostando de outra. - Êpa, isso é mau mesmo. - Mau nada, isso é bom. Essa outra mora num verdadeiro palácio e me trata como um príncipe. - Então isso é bom! - Bom? Isso é mau: o palácio pegou fogo e foi tudo embora. - Acho que isso é realmente mau! - Mau nada: isso é bom. O palácio pegou fogo porque minha mulher foi lá brigar com a outra, virou um lampião e as duas morreram num incêndio. Eu fiquei rico e só.

- Isso ...é bom...ou é mau, Shen-Tau?

- Isso é muito bom, Shin-Fon.

MORAL: Nada fracassa mais do que a vitória, e vice-versa. d)

O texto é produzido por um sujeito num dado tempo e num determinado espaço. Esse sujeito, por pertencer a um grupo social num tempo e num espaço, expõe em seus textos as idéias e anseios, os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social. Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de que narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as concepções de um grupo social numa determinada época.

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RESUMINDO:

NARRAÇAO - Relato de fatos; - Presença de narrador, personagens, enredo, cenários e tempo. - Apresentação de um conflito; - Uso de verbos de ação; - Geralmente, é mesclada de descrições; - O diálogo direto e indireto são frequentes

DESCRIÇAO - Retrato de pessoas, ambientes, objetos; - Predomínio de atributos ; - Uso de verbos de ligação; - Frequente o emprego de metáforas, comparações e outras figuras de linguagem; - Tem como resultado a imagem física ou psicológica.

DISSERTAÇÃO - Defesa de argumentos: a) apresentação de uma tese que será defendida, b) desenvolvimento ou argumentação, c) fechamento; - Predomínio da linguagem objetiva; - Prevalece a denotação.