uma nova proposta para o ensino das forÇas intermoleculares

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

    ALCIDES LOUREIRO SANTOS

    UMA NOVA PROPOSTA PARA O ENSINO DAS FORÇAS INTERMOLECULARES

    NO ENSINO MÉDIO

    Rio Branco

    2008

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    ALCIDES LOUREIRO SANTOS

    UMA NOVA PROPOSTA PARA O ENSINO DAS FORÇAS INTERMOLECULARES

    NO ENSINO MÉDIO

    Trabalho de Conclusão de Curso em Química

    Para a obtenção do título de graduado em Química

    Universidade Federal do Acre

    Centro de Ciências Biológicas e da Natureza

    Curso de Licenciatura Plena em Química

    Orientador: Luís Carlos de Morais

    Rio Branco

    2008

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    © SANTOS, A. L. 2008.

    Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da Universidade Federal do Acre

    S237nSANTOS, Alcides Loureiro. Uma nova proposta para o ensinodas forças intermoleculares no ensino médio. 2008. 101f.

    Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Química -

    Licenciatura) – Centro de Ciências Biológicas e da Natureza,

    Universidade Federal do Acre, Rio Branco- Acre, 2008.

    Orientador: Prof. Dr. Luís Carlos de Morais

    1. Forças intermoleculares, 2. Ensino médio, I. Título

    CDU 542:37.02

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    DEDICATÓRIA

    À minha querida e amada esposaJamile, que, com paciência e amor, mesuportou e me ajudou nos momentos maisdifíceis desta vitória.

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    AGRADECIMENTO

    Agradeço ao meu orientador, LuísCarlos, pela confiança depositada em mim e,além disso, pela disposição em me ajudarsempre que o procurei.

    Agradeço à professora Elisângela e

    ao professor Elessandro que, além dedisponibilizarem suas turmas, foramatenciosos e acreditaram no sucesso destetrabalho.

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    RESUMO

    Este trabalho tem como foco principal a concretização das orientações etendências interdisciplinares e do movimento de CTS (Ciência, Tecnologia eSociedade), visando efetivar melhorias no processo de ensino-aprendizagem, noque se refere ao tema de forças intermoleculares, abordado no ensino médio emquímica. Isto é, revisar conceitos básicos em química, desenvolvercontextualizações e aplicar experimentos que possam contribuir para um melhorentendimento teórico-prático sobre o tema. Foi realizada uma pesquisa bibliográficanos livros didáticos que são usados no ensino médio de química. Além disso, foramtambém analisados os Referenciais Curriculares de Ciências da Natureza,Matemática e suas Tecnologias do Estado do Acre e os Parâmetros CurricularesNacionais (PCN). Essas análises visavam a obtenção de informações sobre como otema de forças intermoleculares vinha sendo abordado no ensino médio. Estetrabalho foi realizado na Escola Profª Berta Vieira de Andrade e no Colégio de

    Aplicação, ambos são estabelecimentos de ensino público de Rio Branco, o primeiroestadual e o segundo federal. Em seguida, foram aplicados questionários desondagem aos alunos. Estes serviram como pontos norteadores para realização dotrabalho proposto. Após essa etapa, foram elaboradas e ministradas aulas teóricas eexperimentais sobre o assunto de forças intermoleculares, com posterior aplicaçãode questionários. A avaliação dos questionários de sondagem mostrou que mais de90% dos alunos consideram a química importante na sua formação como cidadão. Amaioria também apontou para a necessidade de realização de mais atividadesexperimentais durantes as aulas. Porém, foi possível notar que grande parte dosalunos apresenta dificuldades de compreender os significados e as relações do temacom o cotidiano. Contudo, após a execução da prática de ensino que foi proposta,

    verificou-se que os alunos ficaram mais interessados e aumentaram seuconhecimento sobre esse assunto. A avaliação dos questionários aplicados após asaulas teóricas e experimentais mostraram que a prática de ensino foi consideradapositiva. Além disso, quase todos os alunos questionados consideraram que essametodologia de ensino deve ser adotada nas escolas de ensino médio. Um recursodidático que chamou a atenção dos alunos foi o uso do programa ChemSketch/ACDLabs 11.0 free , onde foram visualizadas, através da projeção em data-show ,estruturas moleculares tridimensionais. Isso melhorou o grau de abstração dosalunos com relação às estruturas químicas, deixando a aula mais interativa edinâmica. Os resultados obtidos, na forma de questionários, apontaram que ametodologia aplicada trouxe melhorias no processo de ensino-aprendizagem

    referente ao tópico de forças intermoleculares, bem como despertou o interesse e aparticipação dos alunos pelo conhecimento químico de um modo geral.

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    ABSTRACT

    This work intend to concretize the orientations, interdisciplinary tendenciesand movement of STS (Science, Technology and Society), trying to develop a betterrelation between teach and learn intermolecular forces, which is taught in high schoolin classes of chemistry. It was necessary to review the basic concepts in chemistryand contextualization, latter, experiments were applied to contribue with a betterunderstanding of the empirical-theoretical relation of the topic. In this work a reviewabout intermolecular forces was done in books used to teach chemistry in highschools. Also, a careful reading of the Brazilian Curricular Referential for NaturalSciences, Mathematic, Technologies was done. The objective of this study was toevaluate the materials that are being used to teach this topic in chemistry in the AcreState in different high schools. This work was performed in two high schools: EscolaProfª Berta Vieira de Andrade and Colégio de Aplicação, both are publicestablishments in Rio Branco, State of Acre. Questionnaires were applied to make an

    idea of the students understanding on topic and the importance of chemistry in theirroutine day. After the application of a previous questionnaire, both theory andexperimental classes on intermolecular forces were applied and, finalized with theuse of new questions. The first evaluation shows that 90% of the students considerthe chemistry very important in their scholar formation and also, contributes to makethem more conscientious citizens. The students showed that is necessary to increasethe number of experimental classes. It was possible to verify that the students havedifficulties to understand the meaning and the relations of the topic with their routineday. However, after the experimental classes, it was possible to verify that there wasan increasing in the number of students interested in the topic and that they alloweda better learning. The final questionnaire showed that the purposes applied were

    positive. And, almost all students pointed that both theory and experimental practicemust be applied together and in all the high schools. The interest in the topic wasincreased when the software ChemSketch/ACD Labs 11.0 of free public domain wasused. Using a data show it was possible to project the structures of moleculesallowing them rotating and bending in the space, which provided a more interactiveand dynamic class. In general, the set of actions, theory and experimental practicescontributed very much to the increase in the participation of the students during theclasses on the topic intermolecular forces, helping them to assimilate better chemicalconcepts.

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    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ....……………………………………………………………………… 09

    1 OBJETIVOS DO TRABALHO ……………………………………………………… 211.1 Gerais ..............……………………………………………………………………… 211.2 Específicos .....................……………………………………………………… 21

    2 ANÁLISE DA ATUAL PROPOSTA DE ENSINO .......……………….……… 22 

    3 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS DE SONDAGEM …………………………… 26

    4 METODOLOGIA APLICADA NAS AULAS .............…………………………… 50

    5 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS APÓS AS AULAS .………… 57

    6 COMENTÁRIOS DOS PROFESSORES .............…………………………… 71

    CONCLUSÃO ..............................................................…………………………… 75

    OBRAS CONSULTADAS ............................................…………………………… 78

    APÊNDICES ................................................................…………………………… 81

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    INTRODUÇÃO

    O conhecimento científico e as formas de obtenção de informações têm

    sofrido mudanças profundas e constantes nas últimas décadas. Tais transformações

    vêm modificando o atual sistema educacional e ocasionando o surgimento de novas

    perspectivas e estratégias no que se refere aos procedimentos didáticos e

    pedagógicos que formam todo o processo de ensino-aprendizagem. Essa situação

    metamórfica tem sua gênese em vários fatores e conjunturas dentro do campo

    pedagógico, entretanto, foram as contemporâneas configurações no mundo do

    trabalho, na sofisticação dos meios de comunicação e na vida social que, mais

    significativamente, moldaram esse cenário. Nesse sentido é relevante destacar:

    Vivemos num tempo de profundas transformações científicas e tecnológicasnos mais diversos setores da atividade humana, o que vem acarretandoimplicações diretas no modo de vida das pessoas, bem como nos âmbitosde formação, particularmente o sistema escolar. Isso requer processos deensino e aprendizagem com novas propostas curriculares, contextualizadas,interdisciplinares, que possam inserir a população neste patamar detransição [...] (GEHLEN e AUTH, 2005).

    Nesse contexto surge uma nova concepção do que é educação de qualidade

    e, conseqüentemente, os conceitos e funções do conhecimento científico, da escola,

    da docência e do alunado vêm sendo reformulados e adequados às novas

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    exigências do mercado de trabalho, dos organismos internacionais e da sociedade

    de um modo geral. Entre as principais tendências pedagógicas que vêm sendo

    adotadas no sistema educacional, está o movimento de Ciência, Tecnologia e

    Sociedade. Sobre isso, Schnetzler (2002) comenta:

    Nesses termos, desde o final da década de 70, tem sido defendida ainclusão das relações CTS - Ciência, Tecnologia e Sociedade - nos cursosde ciências. A origem desse movimento pode ser explicada pelasconseqüências decorrentes do impacto da ciência e da tecnologia na

    sociedade moderna e, portanto, na vida das pessoas, colocando anecessidade de os alunos adquirirem conhecimentos científicos que oslevem a participar como cidadãos na sociedade, de forma ativa e crítica,pela tomada de decisões. Isso significa que os conteúdos de ensino nãopodem se restringir à lógica interna das disciplinas científicas, valorizandoexclusivamente o conhecimento de teorias e fatos científicos, mas sim,reelaborando-os e relacionando-os com temas sociais relevantes.

    A função docente passa a ser vista sob outra visão diferente. O professor

    deixa de ser considerado o detentor do conhecimento de sua disciplina, passando a

    exercer o papel de organizador do trabalho pedagógico e mediador/orientador do

    processo de ensino-aprendizagem, exigindo da área docente uma participação mais

    efetiva, um maior interesse profissional e a compreensão da importância social da

    escola. Ou seja, o papel do docente consiste em intermediar os significados, porque

    é ele quem traça os objetivos pelos quais os estudantes vão apresentar suas

    compreensões, seja dos conteúdos, dos conceitos, de uma situação em estudo, ou

    de um tema. Desta forma, há sempre uma intenção, uma finalidade nas atividades

    realizadas no contexto escolar.

    Porém, a reformulação da função docente ainda não se tornou realidade em

    grande parte das escolas do Brasil. Isso, em parte, se deve a má formação de

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    professores nos cursos superiores. Um importante ponto a ser considerado,

    explicitado ainda por Schnetzler (2002), referente ao papel do professor é:

    Mesmo com relação ao conhecimento ou domínio do conteúdo a serensinado, a literatura revela que tal necessidade docente vai além do quehabitualmente é contemplado nos cursos de formação inicial, implicandoconhecimentos profissionais relacionados à história e filosofia das ciências,a orientações metodológicas empregadas na construção de conhecimentocientífico, as relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade, eperspectivas do desenvolvimento científico.

    O conceito de ser docente, por sua vez, não pode agora se restringir em

    aquele que ensina , todavia, deve ser ampliado no intuito de educar (formar)

    cidadãos críticos e ativos em uma sociedade. Essa idéia é bem expressada da

    seguinte maneira:

    [...] e o professor se torna o responsável por criar zonas de desenvolvimentoproximal, ou seja, proporciona condições e situações para que o alunotransforme e desenvolva em sua mente um processo cognitivo maissignificativo (CABRERA e SALVI, 2005).

    Como a idéia do que é ser aluno ou do que é ser professor tem sofrido

    alterações, conseqüentemente, as funções da escola também passam a ser

    concebidas de maneira diferente. Nesse aspecto, ela deve cumprir seu papel de tal

    forma a estabelecer uma intrínseca relação entre trabalho, ciência e cultura; sem,

    por sua vez, ser descaracterizada pela sociedade perdendo seu sentido e função

    educadora.

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    É dentro desse contexto que surgem reformulações na política educacional

    brasileira, baseadas principalmente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

    Nacional (Lei nº 9.394/1996) e nos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

    De uma maneira bem geral e simplista, podemos afirmar que esses documentos

    convergem para um mesmo fim, o de efetuar de maneira consolidada e eficiente a

    transição completa entre o modo tradicional do processo de ensino-aprendizagem,

    para a atual tendência de formação cidadã do aluno, abrangendo os aspectos de

    multi e interdisciplinaridade, além do tripé do CTS. Fica estabelecido, por exemplo,

    que o ensino médio incorpora a característica de terminalidade, significando a

    oportunidade que todos os cidadãos devem ter de consolidar e aprofundar os

    conhecimentos adquiridos no ensino fundamental; aprimorando o educando como

    pessoa humana, além de possibilitar o prosseguimento dos estudos e garantir a

    preparação básica para o trabalho e a cidadania. Dessa forma, o ensino médio

    deixaria de atender simplesmente às demandas do mercado de trabalho, sob a visão

    do eficientismo profissional exigidos, por sua vez, pelos Organismos Internacionais,

    como o Banco Mundial. Contudo, é importante relevar que atualmente no país, mais

    especificamente no Acre, essa é uma situação que preocupa tanto os Organismos

    Internacionais como as novas tendências educacionais. Pois, como afirma os

    Referenciais Curriculares do Estado do Acre (2005):

    O que temos hoje é uma escola que não corresponde às necessidadessociais nem às do mercado de trabalho, em razão do seu caráter elitista eexcludente, cabendo ao aluno apenas o papel de receptor de grandequantidade de informações.

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    Esse mesmo documento do referente ao ensino médio no Acre critica de

    maneira explicita a atual maneira em que o processo de ensino-aprendizagem vem

    sendo conduzido, a saber:

    O conhecimento é apresentado aos alunos como construção alienígena,sem vinculação com o mundo dos homens e os problemas do cotidiano, nãotem serventia para o cidadão comum. Ocorre que, ao apresentarmos aciência desvinculada de sua aplicabilidade, no fundo se está sendoanticientífico, uma vez que, o que convencionamos chamar deconhecimento científico nada mais é do que a sistematização do resultadoda ação transformadora do homem sobre a natureza, para garantir a

    reprodução da vida.

    Essa abordagem da situação da educação no Estado parece ser dramática,

    porém, é de fato evidenciada pela sociedade e vivenciada por todos os sujeitos que

    estão diretamente envolvidos no ambiente escolar. Essa realidade vem produzindo

    pessoas despreparadas para o mercado e alienados dos aspectos sociais. Porém, o

    que se espera dos jovens, em sua formação, é que tenham um aprendizado que os

    ajude a desenvolver a curiosidade sobre a os aspectos naturais, econômicos,

    políticos e sociais, contribuindo assim para que eles se tornem cidadãos

    participantes, desenvolvendo possibilidades para tecer questionamentos acerca de

    questões cotidianas, fazendo investigações e previsões e propondo soluções ou

    alternativas para algumas das diversas situações que tiverem de enfrentar. Nessa

    formação cidadã, a escola precisa oferecer as ferramentas necessárias para as

    novas descobertas, para que este cidadão seja capaz de navegar por tantas

    informações, mas que também sejam capazes de selecioná-las, correlacioná-las e

    avaliá-las. E, por isso, o ensino não pode ser pensado de forma fragmentada,

    porque nem os alunos, nem o mundo no qual estão inseridos se apresentam destaforma.

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    Visto que, o que se presencia na prática docente é que a maioria dos jovens

    estudantes, principalmente os da rede pública periférica, são desinteressados pelos

    conteúdos trabalhados; vêem a escola como um ponto de encontro com os amigos e

    que, se fosse possível, gostariam de não serem avaliados, ou simplesmente fossem

    considerados aptos para ingressar de maneira direta nas séries posteriores. Além

    disso, como é possível ter aluno/cidadão na primeira série do ensino médio capaz de

    refletir sobre os conhecimentos a ele apresentados, sendo que este próprio aluno

    passou por um ensino fundamental desvinculado de sua realidade cotidiana e que é

    constituído por aspectos claramente tradicionais como, por exemplo, a separação

    rigorosa dos conteúdos? É relevante também destacar que a maioria dos alunos do

    Brasil não possui uma carga cultural bem desenvolvida, visto que pertencem a

    classes sociais e econômicas consideradas subdesenvolvidas ou menos

    favorecidas, cujo acesso a livros e fontes de informações culturais é ainda muito

    precário.

    Para que os objetivos da educação sejam realmente alcançados nas escolas

    é necessário que as relações entre aluno/professor deixem de ser uma

    subordinação para se tornar uma interação mútua em que ambos possam contribuir

    para o aprendizado do outro. Nesse sentido é importante destacar que:

    Para que o processo ensino/aprendizagem tenha êxito, é necessária umainteração entre aluno-professor, de modo que o professor e sua práticapedagógica oportunize condições para que o aluno explore seuconhecimento e consiga reconstruí-lo interagindo uns com os outros nabusca de resoluções de situações problemas. Além disso, é importante

    resgatar o prazer de estudar pelos discentes por meio da valorização dacriatividade e do pensamento, da inserção ao uso de novas metodologiasna busca de motivação para uma aprendizagem mais significativa,procurando promover um ambiente construtivista com integração entre os

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    professores e os seus conteúdos de ensino, na tentativa de evitar oenfadonho, o comodismo, o desinteresse e o desânimo. (CABRERA eSALVI, 2005).

    Dentro desse contexto, os conhecimentos sobre ciências, mais

    especificamente de química, ganham atribuições importantes dentro da formação

    cidadã do aluno. A relevância do ensino de química consiste na sua especificidade e

    no seu modo de questionar a natureza e as transformações por ela sofridas. A

    função do ensino de química deve ser a de desenvolver a capacidade de tomada de

    decisão, o que implica a necessidade de vinculação do conteúdo trabalhado com o

    contexto social em que o aluno está inserido. 

    A química estrutura-se, então, como um conhecimento que se estabelece

    mediante relações complexas e dinâmicas que envolvem em três princípios bem

    específicos, que por sua vez podem ser assim definidos: As transformações

    químicas , Os materiais e suas propriedades e Os modelos explicativos . Desta forma,

    a química contribui para a formação crítica e reflexiva, desenvolvendo o raciocínio

    lógico e capacitando assim o educando para participar na solução de problemas

    que, eventualmente, ocorrerão na sua vida prática profissional e social.

    O ensino de química, e das ciências em geral, não deve se restringir em

    adquirir conhecimentos científicos. Formar cidadãos capazes de distinguir fatos e

    fenômenos cientificamente consistentes e não consistentes deve, identicamente, ser

    outro objetivo a ser perseguido no processo de ensino aprendizagem. Tal

    competência será uma ferramenta importante para que a pessoa possa ser um

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    cidadão ativo e consciente, pois sua vida será sempre atravessada por tomada de

    decisões.

    Contudo, a atual situação do ensino de química é caracterizada como um

    grupo de conhecimentos desvinculados da realidade do aluno, pois se restringem a

    transmissões de definições, modelos e leis isolados, sem qualquer relação com a

    vida do aluno, exigindo memorização restrita e baixos níveis cognitivos. Enfatizam-

    se muitas classificações (reações, ácidos, bases, fórmulas, etc.), que não

    representam aprendizagem significativa do conhecimento e não transformam o

    papel da aprendizagem da linguagem química que deve ser uma ferramenta e não

    um fim em si mesma.

    O aluno, na maioria das vezes, não consegue perceber a importância e a

    relação dos conteúdos estudados na sala de aula com sua vida, como se ele

    estivesse a par de todas as transformações e leis naturais que regem o mundo no

    qual ele está inserido. Isso pode ser explicado de acordo com os ideais do que é o

    conhecimento e o que é a informação. O conhecimento é a seleção de informações

    que propiciem intervenções e julgamentos práticos, como, por exemplo, o

    entendimento de equipamentos e de procedimentos técnicos, a obtenção e análise

    de informações, a avaliação de riscos e benefícios em processos tecnológicos.

    Desta forma, as informações só terão poder transformador se forem acompanhadas

    de atitudes ativas que intervenham no mundo social onde foram criadas. Ou seja, o

    que temos hoje, em sua maioria, são escolas que informam aos alunos dados, leis,

    definições, regras, etc. e não conhecimentos elaborados dentro de um contexto

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    social consciente e relevante para a vida da sociedade como um todo. Nesse

    aspecto, o ensino de química tem se apresentado como um dos mais desvinculados

    da realidade cotidiana dos alunos, pois tem sido abordado de maneira conteudista e,

    conseqüentemente, segregado dos aspectos inerentes a formação para a cidadania.

    Isso pode ser verificado em Rezzadori e Cunha (2005):

    Quando se fala em ensino de química, logo se assimila a baixa qualidadedas propostas de ensino, principalmente quanto ao uso exclusivo de livrosdidáticos mais comumente utilizados pelos professores e quanto à

    compreensão que os alunos do Ensino Médio têm a respeito da química. 

    A elaboração de materiais de ensino e esforços conjuntos com os

    professores é de fundamental importância, caso contrário, o movimento de

    renovação do ensino de ciências, principalmente do ensino de química, dificilmente

    alcançará seus objetivos. Sendo assim, é necessária a utilização de um modeloorganizacional conceitual que aborde os temas dentro da contextualização da

    realidade brasileira, envolvendo os aspectos interdisciplinares e do movimento de

    CTS. Esse novo paradigma de educação para a cidadania vem alterar

    significativamente a atual forma de ensino de química, propondo novos conteúdos,

    metodologias, organização do processo de ensino aprendizagem e métodos de

    avaliação.

    Um aspecto importante para a concretização dos aspectos sociais,

    relacionados com o ensino de química, é a prática experimental. Conforme afirma

    Maldaner (2000):

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    A atividade experimental da química, como qualquer ciência, é aproximar osobjetos concretos das descrições teóricas criadas, produzindo idealizaçõese, com isso, produzindo sempre mais conhecimento sobre esses objetos e,dialeticamente, produzindo melhor matéria prima, melhores meios deprodução teórica, novas relações produtivas e novos contextos sociais e

    legais da atividade produtiva intelectual. 

    Além da prática experimental, o professor de química deve buscar outros

    métodos de ensino que possam deixar o ambiente em sala de aula mais eficaz e

    produtivo. Desta forma, o processo de ensinar não ficará restrito ao livro didático

    que, muitas vezes não contempla os aspectos relacionados com o dia-a-dia dosdiscentes. Nesse sentido, novamente Rezzadori e Cunha afirmam:

    O início de uma mudança na prática pedagógica pode dar-se a partir daprodução de material didático a ser utilizado em sala de aula, pois estatarefa coloca o profissional diante de um conjunto de escolhas que contribuimuito para a sua formação e melhora a qualidade do ensino. Dentre estas

    escolhas, está a tomada de decisão quanto ao tipo e complexidade doconteúdo escolar a ensinar, o espaço/tempo e os recursos disponíveis. Aoproduzir e experimentar materiais didáticos elaborados por ele, o docente,além de avaliar a qualidade e a eficiência dos materiais a serem utilizados,se mostra um profissional comprometido com a transformação do fazerpedagógico na escola. É tarefa também do professor envolver os alunos emdiscussões de problemas que lhes são mais próximos.

    O avanço da informática trouxe uma ferramenta em potencial para uma fazer

    parte dos recursos didáticos que o professor dispõe para ministrar suas aulas, o

    computador. Eichler e Pino (2000), discorrendo sobre esse assunto, comentam:

    [...] supõe-se que a união de recursos tecnológicos e humanos com adisponibilidade de ferramentas qualificadas para a aprendizagem poderáresultar em inovações nas estratégias e metodologias de ensino e/ouaprendizagem das diversas áreas de conhecimento. [...]. No panoramatecnológico atual, existem diversas alternativas para a aprendizagem com ouso do computador, tais como a comunicação e a consulta de informaçõesdistribuídas pela Internet ou o uso de softwares  educacionais. 

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    Ainda enfatizando o uso de computadores como instrumento no processo de

    ensino-aprendizagem, Giordan (1999) descreve que:

    Acreditamos que as simulações computacionais podem serorquestradamente articuladas com atividades de ensino, sendo, portantomais um instrumento de mediação entre o sujeito, seu mundo e oconhecimento científico. Para tanto, há que se experimentar e teorizar muitosobre a educação científica, com um olho no passado e outro no futuro,mas, sobretudo com a consciência viva no presente.

    Com base nos aspectos pedagógicos apresentados e nas novas tendências

    para o ensino de química, este trabalho foi desenvolvido, visando concretizar os

    aspectos aqui apresentados no ambiente escolar. Como os conhecimentos químicos

    abordam temas específicos, mas que convergem para um fim o estudo da matéria , o

    presente trabalho direcionou suas pesquisas e análises para o tema forças

    intermoleculares , ou seja, as forças de atração e repulsão mútuas que ocorrem entre

    as moléculas. As forças intermoleculares é um dos conteúdos trabalhados no ensino

    médio, geralmente dentro do estudo das ligações químicas que, por sua vez,

    costuma ser abordado no primeiro ano desse ensino. Entretanto, suas abordagens

    estão presentes em vários outros conteúdos de química e, também, de biologia (no

    que se trata das forças responsáveis pela união das moléculas da vida, como o DNA

    - ácido desoxirribonucléico). Mostrando assim que se trata de um assunto importante

    e que permite o estabelecimento de relações interdisciplinares, além de estar

    presente no cotidiano das pessoas em várias situações como, por exemplo, no ato

    de se lavar com sabão.

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    As interações intermoleculares estão relacionadas diretamente com várias

    propriedades químicas e físico-químicas da matéria, tais como: solubilidade, pontos

    de fusão e ebulição, densidade, poder de eluição, tensão superficial, características

    dos solventes orgânicos, viscosidade, absorção, miscibilidade, etc. Sendo assim,

    uma nova proposta de ensino das forças intermoleculares foi elaborada e aplicada

    no intuito de promover melhorias no processo de ensino-aprendizagem do tema e,

    conseqüentemente, da química de um modo geral.

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    1 OBJETIVOS

    1.1 GERAIS

    Essa nova proposta de ensino visou concretizar as tendências pedagógicas

    relacionadas ao movimento de Ciência, Tecnologia e Sociedade, os aspectos

    interdisciplinares e as contextualizações, a partir do tema das forças

    intermoleculares, conteúdo que é abordado no ensino médio de química. Nesse

    sentido, destaca-se o intuito de contribuir na formação de alunos com capacidade de

    reconhecer a importância dos fenômenos químicos e físico-químicos que estão

    presentes em seu dia-a-dia, tornando-os cidadãos mais conscientes.

    1.2 ESPECÍFICOS

    a) analisar a atual proposta curricular e metodológica referente ao tema

    sobre interações intermoleculares e como esta vem sendo desenvolvida

    no ensino médio;

    b) avaliar a concepção do alunado sobre o tema em questão, por intermédio

    de questionários;

    c) elaborar, a partir dos resultados dos dois itens anteriores, propostas

    curriculares e/ou metodológicas que proporcionem melhorias no

    processo de ensino-aprendizagem das forças intermoleculares;

    d) avaliar a didática de ensino desenvolvida através da aplicação de

    questionários.

  • 8/18/2019 UMA NOVA PROPOSTA PARA O ENSINO DAS FORÇAS INTERMOLECULARES

    23/102

    2 ANÁLISE DA ATUAL PROPOSTA DE ENSINO

    Em busca de pontos norteadores deste trabalho, foram realizadas análises

    nos livros textos de química e nas atuais propostas curriculares e metodológicas do

    tema forças intermoleculares, abordado no ensino médio no Estado do Acre. Esta

    etapa visou, além de fazer um levantamento da atual forma em que o tema em

    questão vem sendo abordado, apontar os aspectos que devem ser melhorados, para

    que assim, uma nova proposta de ensino seja desenvolvida de maneira eficiente. Tal

    proposta terá sua fundamentação nas novas tendências pedagógicas, tais como ainterdisciplinaridade, a multidisciplinaridade e o movimento de Ciência Tecnologia e

    Sociedade (CTS), além de explorar a parte experimental para uma melhor

    concretização dos conceitos que envolvam o estudo das forças intermoleculares.

    Nesse aspecto, pôde-se constatar que a maioria dos livros analisados pouco

    apresenta e aborda os aspectos interdisciplinares e de Ciência, Tecnologia e

    Sociedade que são inerentes ao estudo das forças intermoleculares. Os livros

    didáticos de Sardella (2004, 1999-a, 1999-b); Bianchi, Albrecht e Maia (2005);

    Lembo (1999) e Nóbrega, Silva e Silva (2005) não apresentam nenhuma sugestão

    de atividades experimentais, além de abordarem os conteúdos de maneira

    tradicional, ou seja, enfatizando a parte conceitual e de memorizações em

    detrimento dos aspectos inovadores da formação cidadã do aluno. Já os livros de

    Usberco e Salvador (2001, 2006); Feltre (2005, 2004); Peruzzo e Canto (2003); e,

    Santos e Mól (2005), já apresentam algumas atividades experimentais e alguns

    textos que abordam, mesmo que (às vezes) de forma simplista, os conceitos das

    forças Intermoleculares sob uma visão interdisciplinar.

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    Contudo, verificou-se que os livros de Usberco e Salvador (2006) e Santos e

    Mól (2005), principalmente este último, apresentaram desenvolvimentos sobre o

    tema de maneira a relacioná-lo com fenômenos que estão presentes na vida

    cotidiana dos alunos. Por exemplo, explica a função do sabão na lavagem de mãos

    sujas de graxa dentro dos conceitos de forças intermoleculares. Além disso, ambas

    as referências trazem abordagens relacionadas ao corpo humano (nos textos:

    Química e o Corpo Humano   e Ligação de Hidrogênio e propriedades das

    substâncias ). Desta forma, esses livros didáticos contemplam uma visão educacional

    voltada para o aprendizado cotidiano do aluno e, por isso, devem ser indicadas para

    o desenvolvimento de aulas teóricas e práticas sobre forças intermoleculares.

    Quanto aos Referenciais Curriculares do Estado do Acre (2005), documento

    oficial do Estado que serve de base para a educação pública em nível médio, eles

    não propõem nenhuma atividade experimental sobre o tema, além de não deixar

    claro quais as ações interdisciplinares que podem ser realizadas para o melhor

    entendimento da importância desse tema no cotidiano do aluno. Isso foi considerado

    um fato preocupante, uma vez que este deveria se tornar um guia extremamente

    prático e versátil para que o professor do ensino médio pudesse se embasar. Sendo,

    portanto, necessário à elaboração de uma nova proposta de ensino das forçasintermoleculares que, de maneira acessível e eficiente, forneça aos docentes um

    suporte útil para suas aulas teóricas e experimentais, contribuindo, assim,

    significativamente para o aprendizado dos alunos.

    Outro aspecto analisado nos livros didáticos foi a utilização dos termos

    ligações e  pontes de hidrogênio . Visando designar a interação intermolecular ou

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    intramolecular que ocorre quando o átomo de hidrogênio se posiciona entre dois

    átomos fortemente eletronegativos (especialmente: flúor, oxigênio e nitrogênio). O

    termo correto para definir esse tipo de interação, baseado em Atkins e Jones (2006),

    é ligação de hidrogênio , já o termo ponte de hidrogênio   é utilizado para explicar

    como numa molécula possam existir ligações de três centros, como ocorre no

    diborano (B2H6). Nesse composto, um único par de elétrons está deslocalizado pela

    unidade H-B-H, ou seja, esse par de elétrons liga três átomos diferentes. Verificou-

    se que as referências usadas de Sardella (2004, 1999-a); Bianchi, Albrecht e Maia

    (2005); Usberco e Salvador (2001, 2006); Feltre (2005, 2004); e Lembo (1999)

    consideram, erroneamente, os termos pontes e ligações de hidrogênio   como

    sinônimos. Apenas as referências de Peruzzo e Canto (2003) e Santos e Mól (2005)

    utilizam corretamente somente o termo ligações de hidrogênio  para designar esse

    tipo de interação intermolecular ou intramolecular. Já as referências Nóbrega, Silva e

    Silva (2005) e Sardella (1999-b), nem sequer fazem citações sobre dos tipos de

    forças intermoleculares.

    A simples troca dos termos pontes   por ligações , não provoca graves

    problemas quanto ao aprendizado das forças intermoleculares, visto que os livros os

    relacionam dentro de um mesmo significado. Contudo, é importante destacar quesempre na ciência os termos corretos devem ser sempre priorizados e também

    sempre dentro de um significado adequado. Isso, por sua vez, evidencia que as

    referências didáticas nem sempre podem ser consideradas totalmente corretas e

    adequadas para promover a fundamentação teórica dos conteúdos, sendo, portanto,

    necessário que na escolha do livro didático, vários fatores sejam levados em

    consideração.

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    Dessa forma, essa análise revela que muitos livros didáticos, usados no

    ensino médio, estão desatualizados e apenas enfatizam os aspectos conceituais do

    conteúdo abordado dentro das forças intermoleculares. Cabendo, assim, ao

    professor fazer uma análise crítica dos livros usados nas escolas, para que os

    alunos não aprendam termos e conceitos simplistas, sem significação prática e até

    incorretos.

    É dentro desse contexto, que surge a necessidade e importância de que

    uma nova proposta de ensino das forças intermoleculares seja elaborada e

    realmente concretizada dentro do ambiente escolar.

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    3 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS DE SONDAGEM

    Com o intuito de verificar a concepção do alunado sobre o conhecimento de

    química e, mais especificamente, sobre o tema de forças intermoleculares, foram

    aplicados questionários em duas turmas da Escola Estadual de Ensino Fundamental

    e Médio Professora Berta Vieira de Andrade e duas no Colégio de Aplicação. É

    importante destacar que não foi necessário aplicar esses questionários nas mesmas

    turmas onde às aulas teóricas e práticas foram desenvolvidas. Visto que a intenção

    era somente verificar como os alunos concebem o ensino de química, para que

    assim fosse possível obter informações que direcionassem o andamento do projeto.

    Além disso, é importante destacar que os resultados dos questionários de

    uma mesma escola foram agrupados, sendo assim, foram obtidos dois dados gerais,

    um de cada escola. Essa junção foi realizada, visando o aumento da amostragem de

    cada escola e também porque foi considerado mais relevante estabelecer

    comparações entre os dois estabelecimentos de ensino do que em relação a turmas

    de um mesmo estabelecimento.

    Os questionários aplicados não foram acompanhados dos termos de

    conhecimento livre e esclarecidos (TCLE) por que não levantavam questões que

    possam ser consideradas constrangedoras aos alunos. Além disso, os alunos não

    se identificaram e nem foram obrigados a responder as questões. Estas, por sua

    vez, somente visaram obter informações sobre opiniões, situações e sobre o grau de

    entendimento dos alunos sobre os aspectos abordados no projeto.

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    Na escola estadual Profª Berta Vieira de Andrade foram entrevistados, por

    meio desses questionários, um total de 51 alunos. Enquanto que no Colégio de

    Aplicação a amostra total foi de 34 alunos. A seguir são apresentados, juntamente

    com a questão aplicada, os resultados obtidos por meio de representações gráficas.

    O questionário completo de sondagem, dirigido aos alunos, está apresentado no

    apêndice A. É relevante destacar que os dados usados para a plotagem dos gráficos

    são provenientes da contagem das respostas de cada questão que, por sua vez,

    foram convertidas em valores percentuais.

    Nesse sentido, a primeira questão do questionário foi formulada com o

    objetivo de verificar se, na concepção dos alunos, o conhecimento químico que eles

    adquirem na escola e que está em sua volta é importante para seu desenvolvimento

    como cidadão.

    1ª Questão: O conhecimento de Química, no seu ponto de vista, é

    importante para sua formação cidadã?

    Deseja comentar algo:___________________________________________

     ___________________________________________________________________

    Analisando os questionários aplicados aos alunos se chegou aos gráficos

    mostrados nas figuras 1 e 2. É importante notar que a questão abriu oportunidade

    para os alunos comentarem qualquer aspecto que eles julgam importantes.

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    Figura 1: Resultado percentual referente à importância do conhecimento da química na formaçãocidadã do aluno (Berta Vieira)

    Figura 2: Resultado percentual referente à importância do conhecimento da química na formaçãocidadã do aluno (Colégio de Aplicação) 

    Os gráficos mostram que, em ambas as escolas, os alunos consideram o

    conhecimento de química relevante para sua formação cidadã. Desta forma, mesmo

    sem às vezes reconhecer como esses conhecimentos interferem dentro da

    sociedade nos quais estão inseridos, os alunos percebem que de alguma maneira aquímica está presente em seu cotidiano. Por isso, verifica-se que é algo de suma

    importância promover ações de ensino que sejam significativas e voltadas para o

    cotidiano. Essa idéia contextualizadora vem consolidar os sentidos sociais e

    cotidianos das disciplinas escolares, para que estas não sejam apenas um mero

    conjunto de conhecimentos desvinculados dos fenômenos sociais inerentes a

    formação cidadã dos alunos.

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    O espaço aberto para que os alunos comentassem, de maneira mais ampla,

    sua opinião sobre o conhecimento de química trouxe uma gama de informações

    adicionais ao objetivo da questão. É necessário destacar que as citações que serão

    apresentadas a seguir são exatamente o que foi escrito pelos alunos, desta forma,

    até erros de língua portuguesa cometidos por eles serão mantidos, para que assim

    não ocorra de nenhuma maneira alterações nas opiniões dos próprios alunos.

    A maioria dos alunos não desejou comentar algo a mais sobre essa primeira

    questão, ou seja, apenas marcaram sim   ou não . Entretanto, alguns comentários

    foram feitos de maneira clara e objetiva, levando em consideração a maturidade do

    aluno em relação aos diferentes níveis de respostas que esta questão possibilita.

    Por exemplo, após ter marcado a opção sim , um discente do Colégio de Aplicação

    comentou:

    Para um menlhor conhecimento sobre elementos, substâncias químicas,

    radiação, para saber o que fazer em determinadas situações. 

    Essa resposta indica que o aluno considera a química importante, pois ele,

    além de reconhecer a relevância da parte conceitual, apontou que a química pode

    propiciar conhecimentos úteis quanto sua vida cotidiana em determinadas situações.

    Outro aluno do mesmo estabelecimento de ensino apresentou uma visão apenas

    didática do conhecimento químico, assim ele comentou (após ter marcado não na

    presente questão):

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    Não é que o conhecimento de química seja desnecessário, é que no meu

    ponto de vista química para uma pessoa que por exemplo vai fazer direito é

    totalmente desnecessário.

    Essa resposta é de certa forma preocupante, visto que, segundo esse aluno,

    a química é totalmente desnecessária para alguém que irá seguir uma profissão não

    diretamente ligada à essa ciência. Essa situação indica a necessidade de ocorrer

    uma maior contextualização dos conhecimentos químicos, de tal forma a atribuir

    significados realmente ligados à vida cotidiana dos alunos. Até porque hoje em dia é

    muito comum empresas terem advogados especializados na legislação ambiental.

    Essa visão mais voltada para o dia-a-dia do cidadão foi expressa por um aluno da

    escola Berta Vieira, que diz:

    Química para mim é tudo que fazemos no dia-a-dia.

    Além de buscar informações sobre a concepção dos alunos sobre a

    importância da química, desejou-se também verificar a possibilidade de ampliar o

    interesse dos alunos pela química. Isso foi possível a partir da análise da segunda

    questão, como segue:

    2ª Questão: O que deveria ser feito para você se interessar mais pelo

    conhecimento químico?

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    ( ) relacionar os assuntos com o seu cotidiano, ou seja, promover a

    contextualização social dos assuntos de química;

    ( ) reduzir a carga de cálculos matemáticos na disciplina;

    ( ) desenvolver mais atividades experimentais;

    ( ) outras.

    Por favor, especifique:___________________________________________

     ___________________________________________________________________

    Nessa questão os alunos poderiam marcar mais de uma opção e também foi

    pedido que, caso a opção escolhida fosse outras , eles especificassem para que

    assim mais informações fossem obtidas quanto à questão do interesse dos alunos

    pelo conhecimento químico. Os resultados representados nas figuras 3 e 4,

    consideram que as opções relacionadas a cada resposta é a seguinte:

    a) opção 01 - relacionar os assuntos com o seu cotidiano, ou seja, promovera contextualização social dos assuntos de química;

    b) opção 02 - reduzir a carga de cálculos matemáticos na disciplina;

    c) opção 03 - desenvolver mais atividades experimentais;

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    d) opção 04 - outras.

    Figura 3: Resultado percentual referente ao interesse dos alunos pelo conhecimento químico (BertaVieira)

    Figura 4: Resultado percentual referente ao interesse dos alunos pelo conhecimento químico (Colégiode Aplicação) 

    De acordo com os valores percentuais observados, é importante ressaltar

    que os alunos puderam assinalar mais de uma resposta, evidenciando assim, que o

    somatório não fosse igual a 100%. Essa consideração expressa o que os alunos

    pensam sobre qual ou quais ações são importantes para que eles passem a gostar

    mais da química, buscando um melhor desenvolvimento dentro do processo de

    ensino-aprendizagem.

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    Nessa questão, observam-se tendências que são similares nas duas

    escolas. Ambas consideram como o principal aspecto que promove o interesse dos

    alunos pelos conhecimentos químicos, a realização de atividades experimentais.

    Neste aspecto, pode-se verificar que os alunos reconhecem à química como uma

    ciência experimental e não puramente teórica ou matemática. Esse resultado foi

    tomado como um dos pontos norteadores para a elaboração da metodologia

    aplicada necessária ao desenvolvimento deste projeto. Por isso, durante as aulas

    sobre forças intermoleculares, buscou-se ao máximo desenvolver experimentos que

    relacionassem o tema em questão com a vida cotidiana dos alunos.

    Também é importante destacar que houve uma parcela considerável de

    alunos, nas duas escolas, que responsabilizam o excesso de cálculos matemáticos

    como sendo um ponto que provoca desinteresse pela química. Nesse sentido é

    relevante sublinhar o fato de que a matemática é uma ferramenta fundamental e

    indispensável para a química. Entretanto, ela não pode se apresentar como um fim

    em si mesma, e sim como um meio de concretizar os conceitos e significados

    inerentes aos conhecimentos químicos. Essa tendência contrária à matemática

    usada nos cálculos em química necessita merecer mais atenção do que está sendo

    dada. Pois ela tende a persistir durante todo o ensino médio e afeta

    consideravelmente o desempenho de alunos em cursos superiores. E depois, o fato

    do não gostarem dos cálculos matemáticos dificulta o aprendizado e utilização de

    vários conceitos em química. Há de se rever ações para minimizar ou sanar este

    problema.

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    Quanto à opção que faz referência à contextualização dos conteúdos,

    verificou-e que outra parcela considerável dos alunos consideram importante fazer

    relações entre o que se estuda na sala de aula com os aspectos sociais.

    Principalmente no Colégio de Aplicação, foi possível verificar que 64,7% dos

    alunos escolheram a opção outras   para indicar que, além dos fatores propostos,

    existem outros pontos que são responsáveis pelo maior interesse pela química.

    Porém, a maioria absoluta dos alunos que marcaram essa opção, não especificou

    como foi pedido, que outros fatores seriam. Contudo, houve uma resposta, de um

    aluno do Colégio de Aplicação, que é importante destacar, visto a seguir:

    Tem que ter mais conhecimento sobre o assunto. 

    Ainda referente aos resultados dessa segunda questão, mesmo não sendo a

    maioria, alguns alunos da escola Berta Vieira, também marcaram a opção outras ,

    sendo que alguns deles comentaram sobre sua resposta. Um aluno dessa escola

    respondeu:

    Os professores tem que explicar melhor e serem mais inteligentes.

    A primeira resposta não deixa claro sobre quem deve ter mais

    conhecimento. Entretanto, supõe-se que essa resposta esteja relacionada ao

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    professor, como acontece na segunda. É importante deixar claro que os professores

    que colaboraram com este trabalho não podem ser avaliados por dois comentários

    de alunos, pelo contrário, eles contribuíram de maneira importante e indispensável

    nas aulas. Porém, cabe aqui uma análise mais geral sobre um importante aspecto

    dentro do sistema educacional vigente: a formação docente. A formação de

    professores dentro de sua área de atuação é algo fundamental para que haja uma

    melhor qualidade de ensino. Porém, é preocupante saber que, segundo dados do

    setor de estatística da Secretaria de Estado de Educação – SEE/AC referentes ao

    ano de 2007, dos 265 professores que ministram aulas de química no Estado

    (englobando os setores estadual, municipal, federal e particular), apenas 47

    possuem formação superior em química. Isso equivale dizer que, no Acre, existem

    apenas 17,7% de docentes da área de química que estão qualificados para atuar na

    profissão.

    O problema em questão pode ser um dos principais responsáveis pela baixa

    qualidade de ensino na área de química no Estado, sendo, portanto, algo que deve

    ser solucionado. Caso contrário, a baixa qualidade no ensino de química persistirá

    prejudicando, além dos próprios alunos, a qualidade de ensino no Acre como um

    todo e, conseqüentemente, no Brasil.

    Após essas primeiras discussões, que por sua vez estão voltadas para a

    importância do conhecimento como um todo, buscou-se conhecer o que os

    discentes pensam ou sabem sobre o tema das forças intermoleculares. Inserido

    nesse contexto, o próximo questionamento consistiu na seguinte pergunta:

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    3ª Questão: O que você entende por forças intermoleculares?

     _____________________________________________________________ 

     ___________________________________________________________________

    Como essa questão não era de múltipla escolha, as respostas dos alunos

    foram analisadas e agrupadas de acordo com suas semelhanças. Sendo assim,

    verificou-se que as principais respostas foram:

    a) resposta 01 - nada ou quase nada

    b) resposta 02 - explicação coerente

    c) resposta 03 - explicação não coerente

    d) resposta 04 - responsabilizam o professor pelo não entendimento do

    tema

    e) resposta 05 - em branco

    A partir dessa consideração foi possível comparar a visão dos alunos dos

    dois estabelecimentos pesquisados, de acordo com os gráficos das figuras 5 e 6.

    Na escola Berta Vieira, a maioria dos alunos respondeu “nada ou quase

    nada” para essa questão. Além disso, outra parcela considerável de alunos

    apresentou em suas respostas uma explicação que esteja de fato relacionada. Isso

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    evidencia que, apesar das dificuldades, eles conseguem estabelecer definições

    próprias sobre o conteúdo das forças intermoleculares. Essa explicação coerente foi

    bem menor no Colégio de Aplicação e, além disso, mais de um terço de alunos

    mostraram que não sabem nada ou quase nado sobre as forças intermoleculares.

    Entretanto, no Colégio de Aplicação, a maioria dos alunos não respondeu essa

    questão. Mesmo a maioria dos alunos não culparem o professor pela falta de saber

    o conceito, esse alto índice mostra que “alguma coisa” esteve errada no sentido de

    ensinar o conteúdo e do mesmo ser absorvido pelos alunos.

    Figura 5: Resultado sobre o entendimento das forças intermoleculares pelos alunos (Berta Vieira)

    Figura 6: Resultado sobre o entendimento das forças intermoleculares pelos alunos (Colégio de

    Aplicação) 

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    Na escola Berta Vieira de Andrade, como já foi abordado, houve uma

    parcela mais considerável de alunos que apresentaram explicações coerentes em

    suas respostas do que no Colégio de Aplicação. Um exemplo de resposta coerente

    para a questão 03 apresentada por um aluno da escola Berta Vieira foi o seguinte:

    É uma atração eletrostática entre nuvens de elétrons e núcleos atômicos,

    que são forças comparadas às ligações covalentes ou iônicas.

    A coerência dessa resposta é notória, pois o conceito simples de forças

    intermoleculares (forças de atração entre as moléculas) foi abordado pelo aluno de

    uma maneira mais profunda, necessitando apenas de trabalhar um pouco melhor

    para que o conceito seja mais bem esclarecido e absorvido pelo aluno. De fato, as

    interações intermoleculares, como o nome sugere, resultam das atrações entre

    nuvens eletrônicas com densidade parcial de cargas positivas e negativas. Efeito

    que surge da interação entre núcleos atômicos e os elétrons das suas respectivas

    eletrosferas. Vale, porém, ressaltar que existem teorias bem mais específicas que

    explicam o comportamento de espécies químicas a nível molecular, todavia essa

    abordagem está mais voltada para os estudos sobre química em nível superior.

    Um exemplo de resposta incoerente dada por um aluno do Colégio de

    Aplicação foi a seguinte:

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    Não sei e não entendo mais acho que é uma radiação.

    Essa resposta foi considerada não coerente por que as forças

    intermoleculares não são definidas como um tipo de radiação, mostrando assim que

    esse aluno não conseguiu assimilar de uma maneira clara e eficiente os conteúdos

    abordados pelo tema. Vale ressaltar que essa resposta não representa um dado

    estatístico relevante, mas o interesse de uma instituição de ensino é sempre voltado

    para o ensino de todos. Para melhor entender essa análise, elaborou-se a quarta

    questão, como pode ser vista a seguir:

    4ª Questão: As interações existentes entre as moléculas influenciam em

    alguma propriedade da matéria?

    ( ) Sim ( ) Não

    Essa questão traz novamente a situação apresentada na primeira , todavia

    direcionada para o estudo das forças intermoleculares. Mais de três quartos de

    alunos (dado apresentado nas figuras 7 e 8), em ambas escolas, reconhecem que o

    tema abordado está relacionado com alguma propriedade apresentada pela matéria,

    porém, eles não necessariamente sabem estabelecer relações coerentes entre as

    interações que ocorrem entre as moléculas com as possíveis consequências que

    afetam as propriedades físico-químicas das substâncias. Essa discussão será bem

    mais elaborada com os resultados colhidos através da questão cinco.

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    Figura 7: resultado percentual das respostas dos alunos sobre as forças intermoleculares e se elasinfluenciam alguma propriedade da matéria (Berta Vieira)

    Figura 8: resultado percentual das respostas dos alunos sobre as forças intermoleculares e se elasinfluenciam alguma propriedade da matéria (Colégio de Aplicação)

    5ª Questão: Quais dos itens abaixo dependem das forças intermoleculares?

    As opções que os alunos tinham para escolher eram as seguintes:

    a) tópico 01 - massa atômica

    b) tópico 02 - pontos de fusão e ebulição

    c) tópico 03 - densidade

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    d) tópico 04 - número atômico

    e) tópico 05 - miscibilidade (mistura de líquidos)

    f) tópico 06 - radioatividade

    g) tópico 07 - estado físico da matéria

    h) tópico 08 - solubilidade

    i) tópico 09 - viscosidade

    Inicialmente é importante esclarecer que a questão indaga os alunos sobre

    qual dos tópicos apresentados são influenciados pelas forças intermoleculares e não

    quais são os que de alguma maneira afetam a intensidade e tipos de interação

    intermolecular. Sendo assim, pode-se expor que os tópicos considerados corretos

    para serem marcados são os de número: 02, 03, 05, 07, 08 e 09. Além disso, vale

    ressaltar que os alunos podiam selecionar mais de uma opção como resposta

    correta.

    Considerando que os tópicos 01, 04 e 06 não são influenciados pelas

    atrações ou repulsões entre moléculas assinalar um destes itens retrata que há uma

    falta de conhecimento do modelo atômico, um dos pontos que introduzem a

    discussão da formação da matéria. Os resultados dessa questão estãoapresentados nas figuras 9 e 10.

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    Figura 9: Resultado percentual referente a algumas propriedades que dependem das forçasintermoleculares (Berta Vieira)

    Figura 10: Resultado percentual referente a algumas propriedades que dependem das forças

    intermoleculares (Colégio de Aplicação)

    Primeiramente, contaram-se todas as opções marcadas na questão cinco,

    chegou-se, então, ao número total foi 176. Desse valor, 134 são referentes à escola

    Berta Vieira (em média cada aluno marcou 2,63 opções) e 42 opções foram

    marcadas pelos alunos do Colégio de Aplicação (em média cada aluno marcou 1,23

    opções). Se somado o número de vezes em que as questões 02, 03, 05, 07, 08 e 09

  • 8/18/2019 UMA NOVA PROPOSTA PARA O ENSINO DAS FORÇAS INTERMOLECULARES

    44/102

    foram marcadas, encontra-se a porcentagem de respostas marcadas corretamente

    e, conseqüentemente, as que foram marcadas erroneamente. O resultado dessas

    análises conduz aos gráficos apresentados nas figuras 11 e 12.

    Figura 11: Percentual geral de erros e acertos da questão sobre a influencia das forçasintermoleculares em alguma propriedade da matéria (Beta Vieira)

    Figura 12: Percentual geral de erros e acertos da questão sobre a influencia das forçasintermoleculares em alguma propriedade da matéria (Colégio de Aplicação)

    Essas figuras estatísticas mostram que na escola Berta Vieira de Andrade, a

    maioria das respostas marcadas foram corretas, enquanto que no Colégio de

    Aplicação, foram incorretas. É evidente que não é possível, somente através dos

    dados desta pesquisa, comparar qual das escolas oferece um melhor ensino, visto

    que as relações entre elas servem, essencialmente, para consolidar os resultados

    da pesquisa dentro de contextos sociais relativamente diferentes. O primordial a ser

    destacado é que a porcentagem de respostas marcadas indevidamente é muito alta.

    Isso pode indicar que, quando o conteúdo de forças intermoleculares for ministrado,

    é de fundamental importância estabelecer relações com outros tópicos dentro do

    próprio conhecimento químico e, além disso, com outras disciplinas.

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    6ª Questão: Diariamente fazemos o uso da forças intermoleculares, como

    por exemplo, na hora de tomar banho e lavar as mãos com água e sabão. Você

    sabe o porquê de o sabão facilitar na remoção de substâncias gordurosas (apolares)

    presentes na superfície de nosso corpo?

    ( ) Sim ( ) Não

    Se sim, por favor, explique: ______________________________________

     ___________________________________________________________________

    Analogamente a questão de número três, a questão acima permite que os

    alunos expressem suas idéias de maneira bem pessoal, visto que ela não continha

    opções para serem marcadas, por isso foi necessário estabelecer grupos de

    respostas que sejam similares entre si a fim de analisar suas tendências mais

    relevantes. O exemplo apresentado nessa pergunta expõe uma aplicação dos

    conceitos de forças intermoleculares, além de contextualizar e relacionar o tema

    com o cotidiano do aluno. Os grupos de respostas determinados foram os seguintes:

    a) Resposta 01 - somente sim

    b) Resposta 02 - sim, com explicação coerente

    c) Resposta 03 - sim, com explicação não coerente

    d) Resposta 04 - não

    e) Resposta 05 - não respondeu

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    Os resultados dessas questões estão representados nas figuras 13 e 14.

    Figura 13: Resultado percentual da questão referente ao uso do sabão em lavagens, relacionandoconceitos sobre forças intermoleculares (Berta Vieira)

    Figura 14: Resultado percentual da questão referente ao uso do sabão em lavagens, relacionandoconceitos sobre forças intermoleculares (Colégio de Aplicação)

    Verifica-se que em ambas as escolas, a maioria dos alunos não conseguem

    explicar a razão do uso de sabões a fim de extrair substâncias gordurosas durante

    uma lavagem. Esse resultado, apesar de simples, aponta a necessidade de

    melhorar, além da fundamentação conceitual do assunto, os aspectos que

    desenvolvem relações com o cotidiano vivido pelo discente. Desta forma, o

    conhecimento aprendido dentro da sala de aula não se restringirá em memorizações

  • 8/18/2019 UMA NOVA PROPOSTA PARA O ENSINO DAS FORÇAS INTERMOLECULARES

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    de conceitos, fórmulas e modelos; todavia, estará diretamente presente na vida dos

    alunos.

    Observa-se também, pela “Resposta 02 - sim, com explicação coerente”,

    que poucos alunos sabem expressar uma resposta de modo correto, mantendo uma

    concordância ao afirmar uma resposta e expressar a mesma. Outra população de

    alunos afirma saber a resposta, porém, não consegue formular respostas que

    expressem os conceitos relativos ao tema. Por exemplo, certo aluno da escola Berta

    Vieira, após ter marcado sim , explicou:

    Por que ele tem um ácido que ajuda a remove qualquer gordura (apolar)

    Essa resposta não está totalmente completa, visto existem vários tipos de

    sabões, sendo que os mais comuns são básicos. Contudo, vale ressaltar que os

    sabões são produzidos pela reação de ácidos graxos com bases fortes, sendo que,

    dependendo da relação estequiométrica na reação de saponificação, podem-se ter

    ácidos graxos livres no sabão. Apesar da resposta do aluno não estar

    completamente correta, ele tentou apresentar uma resposta química, evidenciando

    assim, que seus conhecimentos precisam ser mais bem trabalhados.

    Dessa forma, as respostas de número quatro e três são acumuladas, o que

    aumenta mais ainda a população de alunos que necessitam de uma atenção em

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    especial. O que vem a sugerir uma necessidade de aprofundamento do tema por

    parte do professor de forma a reverter o quadro. A situação reflete bem, o que está

    sendo presenciado no curso universitário de química da Universidade Federal do

    Acre, o qual evidencia que a fraca “bagagem conceitual” que os alunos trazem

    consigo do ensino médio deixa muito a desejar.

    A última questão aplicada aos alunos no questionário de sondagem visava

    verificar quais são as maiores dificuldades que os alunos encontram dentro do tema

    em questão. A partir daí será possível enfatizar esses pontos mais problemáticos,

    para que os alunos consigam entender de uma maneira mais ampla os conteúdos

    referentes ao estudo das forças intermoleculares.

    7ª Questão: Quais são as maiores dificuldades que você tem para assimilar

    os conteúdos sobre forças intermoleculares?

     ______________________________________________________________

     ___________________________________________________________________

    As respostas similares dos alunos foram agrupadas de acordo com a

    seguinte seqüência:

    a) resposta 01 - fórmulas e cálculos

    b) resposta 02 - porque não gosta de química

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    c) resposta 03 - não respondeu

    d) resposta 04 - dificuldade de entender a natureza das moléculas

    e) resposta 05 - todas

    f) resposta 06 - devido ao professor

    g) resposta 07 - nenhuma

    h) resposta 08 - não consegue entender devido às dificuldades próprias.

    Os resultados obtidos estão representados graficamente nas figuras 15 e 16.

    A maioria dos alunos não opinou nessa questão, todavia considerando as

    outras opções, verifica-se que as respostas 05 e 08 foram expressivamente

    marcadas. Dentro dessa discussão, observa-se que, no geral, os alunos afirmam

    que têm todas as dificuldades em aprender o conteúdo ou consideram-se a causa

    desse aprendizado deficiente. É importante notar que não necessariamente existeum único ponto responsável pelo não entendimento do tema das forças

    intermoleculares, visto que este depende de vários outros conceitos e definições

    que, se não forem bem compreendidos, acarretará em deficiências durante o

    processo de ensino-aprendizado. Além de mostrar que será fundamental a

    participação dos educadores no processo de reverter essa situação, estimulando os

    alunos com metodologias que façam que eles tomem gosto pela química.

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    Figura 15: Resultado percentual sobre a questão relacionada às dificuldades que os alunosapresentam em aprender o tópico das forças intermoleculares (Berta Vieira)

    Figura 16: Resultado percentual sobre a questão relacionada às dificuldades que os alunosapresentam em aprender o tópico das forças intermoleculares (Colégio de Aplicação)

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    4 METODOLOGIA APLICADA NAS AULAS

    A execução deste trabalho ocorreu, como já ficou claro, em duas turmas da

    Escola Berta Vieira de Andrade e em duas do Colégio de aplicação, ambas no

    período vespertino (algumas fotos das aulas estão apresentadas no apêndice B).

    Geralmente, o tema de forças intermoleculares é abordado na primeira série do

    ensino médio, todavia os professores preferiram desenvolver as aulas em turmas de

    terceiro ano, pois consideraram que, desta forma, fosse possível a discussão mais

    profunda do tema, além de abordar aspectos referentes às forças intermoleculares

    nos compostos orgânicos. Nesse ponto, foi possível verificar se os professores não

    concordam integralmente com a distribuição dos conteúdos de química no ensino

    médio. Sendo assim, a metodologia apresentada a seguir, referente ao

    desenvolvimento deste trabalho nas escolas, que consiste em uma nova proposta de

    ensino das forças intermoleculares, pode ser trabalhada tanto no primeiro como no

    terceiro anos do ensino médio, cabendo ao docente fazer as modificações e

    adequações necessárias.

    Sabe-se que o tema de forças intermoleculares é um tópico pequeno se

    comparado a outros como: modelos atômicos, funções inorgânicas, soluções,

    equilíbrio químico e funções orgânicas; por isso, é de se esperar que os docentes

    não reservem muitas horas/aulas para o desenvolvimento deste tema. Por esse

    motivo, a prática de ensino aplicada ficou restrita a três horas/aula, o que equivale a

    150 minutos. Dessa forma, o tempo necessário para o desenvolvimento dos

    conceitos teóricos e da parte experimental, não atrapalhou os professores no

    desenvolvimento do restante do ano letivo.

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    Com a intenção de desenvolver um aprendizado mais consistente do tema

    das forças intermoleculares, além dos resultados obtidos pelos questionários, a

    metodologia de ensino proposta foi composta de aulas teóricas e experimentais.

    Antes das aulas começarem efetivamente, os materiais necessários para

    efetuar os procedimentos experimentais foram preparados previamente para que

    assim não ocorressem perdas de tempo, visto que as aulas deveriam ser

    ministradas em um tempo relativamente curto. É importante, desde já, esclarecer

    que os experimentos, antes de serem aplicados na sala de aula, foram testados para

    que contratempos e acidentes fossem evitados. Os outros recursos didáticos

    também foram previamente organizados. O computador foi levado à sala de aula (no

    Colégio de Aplicação usou-se um notebook ), ligado e conectado ao aparelho de

    projeção (data-show ).

    Depois do planejamento e preparação das aulas, os professores das turmas

    trabalhadas me apresentaram aos alunos. Vale ressaltar que todas as aulas foram

    ministradas por mim (Alcides Loureiro Santos).

    A primeira intervenção didática realizada nas aulas foi a entrega de um

    material de apoio (apresentado no apêndice C) contendo os principais tópicos e

    conceitos que seriam explanados no decorrer das discussões. A elaboração desse

    material didático teve o intuito de fornecer aos alunos um breve resumo das forças

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    intermoleculares, desta forma eles teriam algo que pudesse ser consultado

    posteriormente. É evidente que esse material não continha todos os conceitos,

    definições, exemplos cotidianos ou outras abordagens inerentes ao estudo das

    forças intermoleculares; contudo foram apresentados os conceitos teóricos básicos

    que são indispensáveis no estudo desse tema. Ainda sobre esse material didático, é

    importante destacar que ele, fazendo parte dessa nova proposta de ensino das

    forças intermoleculares, pode ser usado pelos professores do ensino médio no

    intuito de ampliar e melhorar aquilo que os livros didáticos já trazem sobre o tema.

    Em todas as turmas trabalhadas, após a distribuição do material de apoio, foi

    realizada alguma demonstração experimental relacionada com as forças

    intermoleculares. Isso foi realizado desta maneira porque é importante que os alunos

    consigam atribuir significados e fatos concretos aos conteúdos estudados, sendo

    que, além de despertar o interesse dos alunos, a prática experimental abre

    possibilidades de discussões que podem servir de base para a apresentação do

    conteúdo teórico.

    É importante deixar claro que as atividades experimentais não foram iguais

    em todas as turmas, pois não houve tempo suficiente para a aplicação de cada uma

    delas em todas as turmas. Com a intenção de diversificar as aulas, a ordem dos

    experimentos aplicados não foi a mesma em todas as turmas. Todavia, buscou-se

    ao máximo contemplar, através das atividades experimentais, os conceitos teóricos

    que seriam abordados, a fim de minimizar as diferenças nas aulas aplicadas em

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    cada turma de cada escola. As práticas experimentais desenvolvidas foram as

    seguintes:

    a) determinação da porcentagem de álcool na gasolina;

    b) verificação da ação dos detergentes;

    c) teste de solubilidade de substâncias sólidas em solventes diversos;

    d) teste de miscibilidade;

    e) extração com solventes.

    Os experimentos não foram realizados somente no início das aulas, mas

    também no fim. Sendo que estes serviram para consolidar o conteúdo teórico

    trabalhado. Os roteiros experimentais são apresentados no apêndice D. Ressalta-seque não serão apresentadas discussões amplas (mas, apenas alguns comentários)

    sobre os experimentos, visto que isso deverá ser desenvolvido pelo docente durante

    a prática, juntamente com a participação dos alunos. É importante notar que os

    experimentos trabalhados são feitos com materiais de baixo custo e sem grandes

    perigos à saúde humana. Porém, é indispensável tomar precauções quanto aos

    produtos usados. Evitar deixar produtos inflamáveis pertos de fontes de ignição, não

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    beber, ingerir ou inalar produtos que possam trazer riscos às pessoas. Por isso, é

    altamente recomendável que as práticas sejam desenvolvidas pelo professor, desde

    que este esteja preparado para realizá-las.

    Após a apresentação do experimento inicial que, na maioria das turmas, foi a

    verificação da ação dos detergentes, deu-se início as discussões sobre os conceitos

    inerentes ao estudo das forças intermoleculares. A parte teórica consistia em uma

    breve exposição dos conceitos indispensáveis para o aprendizado do tema, tais

    como eletronegatividade, polaridade das ligações e das moléculas e de geometria

    molecular; sendo posteriormente abordados as definições e os tipos de interações

    intermoleculares.

    A parte teórica das aulas foi ministrada através de apresentação em slides e

    com o uso do quadro (negro, na escola Berta Vieira, e, branco, no Colégio de

    Aplicação). A seqüência dos tópicos seguiu basicamente o material de apoio

    disponibilizado aos alunos.

    A contextualização dos conhecimentos trabalhados foi realizada com várias

    abordagens relacionadas com o cotidiano dos alunos. As principais discussões,

    nesse sentido, voltaram-se para a função e importância do uso de sabões e

    detergentes. Nesse momento foi explicado como ocorre o mecanismo de limpeza

    provocado pelos sabões. Também se discutiu sobre os problemas ambientais que o

    descarte de detergentes, principalmente os não-biodegradáveis, nos rios e lagos,

    pode ocasionar; ainda nesse ponto foram discutidos conceitos relacionados com o

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    tema como, por exemplo, viscosidade. Essa etapa das aulas objetivou atribuir

    significados aos conceitos estudados para que, assim, os alunos conseguissem

    assimilar esses conceitos da melhor maneira possível.

    Buscando-se concretizar os aspectos relacionados às idéias de multi e

    interdisciplinaridade, foram abordados aspectos relacionados com a biologia. Por

    exemplo, promoveram-se discussões sobre as interações entre biomoléculas (DNA,

    RNA, etc.) e sua importância no funcionamento correto do corpo humano.

    Durante as aulas sempre se buscou apresentar aos alunos visualizações

    tridimensionais das moléculas que foram usadas como exemplos dentro de certa

    abordagem. Nesse aspecto, o programa ChemSketch/ACD Labs 11.0   free   foi de

    grande serventia. Pois, além de mostrar como as estruturas moleculares estão

    dispostas espacialmente, ele possibilitou a visualização em três dimensões de várias

    maneiras diferentes e fazer rotações dinâmicas. Esse foi um dos momentos que

    mais chamou a atenção dos alunos, visto que eles ficaram surpreendidos e atentos

    às diversas formas que as moléculas adquiriam, fazendo assim mais

    questionamentos referentes ao tema das forças intermoleculares. Nesse sentido,

    pôde-se observar que a utilização de computadores e programas educacionais

    proporciona uma aula mais dinâmica e produtiva. Sendo assim, além do material de

    apoio, de um experimento inicial e de abordagens contextualizadas com o cotidiano

    dos alunos, a utilização dessas tecnologias integra essa nova proposta de ensino

    das forças intermoleculares.

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    Ainda referente ao desenvolvimento das aulas, outro recurso usado foi o

    modelo de bolas de isopor e palitos para representar moléculas espacialmente. Com

    o objetivo de complementar as discussões feitas com o uso do programa

    ChemSketch/ACD Labs 11.0 free , algumas moléculas (as mais simples como a da

    água, H2O, e do gás metano, CH4) foram montadas com bolas de isopor coloridas

    (representando os átomos) unidas por palito de dente (representando as ligações

    covalentes). Esse recurso apresenta-se como mais uma proposta de material

    didático que os docentes podem utilizar para ministrar suas aulas de geometria

    molecular e, por conseguinte, de forças intermoleculares, além disso, o custo desse

    material é relativamente baixo.

    Após a abordagem conceitual do tema, no fim das aulas, como já foi

    mencionado, foram realizadas outras atividades experimentais. Sendo que os alunos

    foram questionados para verificar se, após terem estudado os conceitos básicos,

    conseguiriam apresentar explicações coerentes sobre os fenômenos experimentais

    observados. Nesse aspecto, foi possível observar que a maioria dos alunos

    conseguiu relacionar a parte abstrata do conteúdo com a parte concreta.

    Ao fim das aulas, foi solicitado aos discentes que respondessem um

    questionário de seis questões de múltipla escolha, avaliando a prática desenvolvida

    em sua sala.

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    5 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS APÓS AS AULAS

    Os questionários de sondagem nas escolas foram essenciais, pois eles

    nortearam a execução do projeto no sentido de saber como este desenvolveria uma

    nova proposta de ensino das forças intermoleculares para o nível médio. As

    tendências observadas a partir da análise dessa primeira etapa apontaram que o

    conhecimento de química é importante para a formação do aluno como cidadão

    dentro da sociedade no qual está inserido. Porém, esse conhecimento tem se

    apresentado muitas vezes sem sentido prático na vida desses alunos e desvinculadode aspectos sócio-culturais.

    Um dos problemas verificados foi que os alunos apresentam dificuldades

    para assimilar o conteúdo e, conseqüentemente, isso ocasiona desinteresses no que

    se refere, não só ao aprendizado do tema, mas dos conhecimentos químicos de um

    modo geral. Todavia, verificou-se que os alunos consideram importante e essencial

    a realização de aulas experimentais, mesmo sem um laboratório apropriado, o que

    propicia um maior estímulo nas aulas de química. Desta forma, as aulas foram

    elaboradas e planejadas de tal maneira que as demonstrações experimentais

    tivessem maior ênfase. As aulas teóricas, por sua vez, consistiram em exposições

    teóricas contextualizada, buscando assim dar significações práticas dos conceitos

    abordados.

    As questões aplicadas aos alunos nessa etapa não intencionavam uma

    avaliação tradicional com atribuições de notas ou outras pontuações. Visavam,

    entretanto, obter as opiniões sobre a prática de ensino aplicada e, mais

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    especificamente, verificar se essa proposta de ensino alcançou os aspectos teóricos,

    experimentais e contextuais que ela propunha.

    Analogamente aos questionários de sondagem, os questionários aplicados

    após as aulas (apresentados no apêndice E) foram realizados em duas turmas de

    cada escola. Ressalta-se que os questionários referentes à mesma escola foram

    contados juntos, restando, assim, dois grupos de dados gerais, um da escola Berta

    Vieira de Andrade e outro do Colégio de Aplicação. Neste último, o número de

    alunos que responderam o questionário foi de 32, e na escola Berta Vieira foi de 46.

    O questionário consistiu em seis questões objetivas, sendo que os alunos

    poderiam escolher apenas uma das opções. Essas questões estão relacionadas

    com as práticas experimentais e aulas teóricas descritas no item anterior

    (metodologia aplicada nas aulas).

    A primeira questão aplicada foi a seguinte:

    1ª Questão: Avalie a Prática de Ensino:

    ( )  Ótima ( ) Boa ( )  Ruim ( )  Não opinaram

    Objetivo dessa primeira questão foi de verificar se a prática de ensino

    aplicada durante as aulas foi significante para o aprendizado do aluno. Os resultados

    obtidos estão representados nas figuras 17 e 18.

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    Figura 17: Opinião dos alunos sobre a prática de ensino (Berta Vieira)

    Figura 18: Opinião dos alunos sobre a prática de ensino (Colégio de Aplicação) 

    A grande maioria dos alunos, em ambas as escolas, consideram ótima a

    prática desenvolvida. Mesmo sabendo que uma considerável amostra de alunos não

    classifica como ótima essa metodologia de ensino, o resultado obtido foi

    extremamente positivo, visto que, essa parcela a considera como boa. Dos 78

    alunos que responderam ao questionário, apenas um considerou ruim a prática

    desenvolvida, evidenciando, assim, um alto grau de aceitação por parte dos alunos.

    Mostra também que a prática de ensino desenvolvida motivou os alunos, tendo

    como resposta o interesse demonstrado por eles durante as aulas.

    É importante esclarecer que uma prática de ensino pode se apresentar

    eficiente em uma escola e não alcançar bons resultados em outra. Essa situação se

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    deve a vários fatores que influem no processo de ensino aprendizagem. Por isso,

    para que a prática seja desenvolvida de maneira positiva em uma sala de aula, o

    docente deve conhecer as dificuldades conceituais e o nível de entendimento de

    seus alunos, e deve fazer adaptações e/ou modificações necessárias para atender

    sua classe de discentes da melhor maneira possível. Essas alterações, por exemplo,

    podem estar relacionadas à realidade social e cultural dos alunos. Esse ponto pode

    ser verificado e discutido a partir da análise dos resultados da segunda questão do

    questionário, onde os alunos foram indagados sobre a relação entre a prática de

    ensino aplicada com o seu cotidiano.

    2ª Questão: Ela condiz com sua realidade cotidiana:

    ( )  Sim ( )  Às vezes ( )  Não

    O cotidiano do aluno é um ponto essencial para ser analisado. Pois, é a

    partir das relações que os alunos estabelecem entre os conhecimentos aprendidos