um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

108
Gustavo Pires Molin UM ESTUDO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE CONTEÚDO DIGITAL. NOW: O VÍDEO SOB DEMANDA NA TV POR ASSINATURA A CABO. Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho, para obtenção do título de Mestre em Televisão Digital: Informação e Conhecimento, sob a orientação da Profª Drª Maria Cristina Gobbi e co-orientação do Prof. Dr. Willian Cerozzi Balan. Bauru 2014

Upload: vuongthuan

Post on 07-Jan-2017

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

Gustavo Pires Molin

UM ESTUDO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE CONTEÚDO DIGITAL. NOW: O VÍDEO SOB DEMANDA NA TV POR ASSINATURA A CAB O.

Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho , para obtenção do título de Mestre em Televisão Digital: Informação e Conhecimento, sob a orientaçã o da Profª Drª Maria Cristina Gobbi e co-orientação d o Prof. Dr. Willian Cerozzi Balan.

Bauru 2014

Page 2: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now
Page 3: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

Dedico este meu projeto às pessoas mais importantes da minha vida, meus pais:

Luiz Alberto Molin e Valdenice Pires Molin, pelos exemplos de amor, carinho,

dedicação e apoio incondicional em todos os momentos da minha história; rindo na

alegria ou chorando na tristeza eles permaneceram ao meu lado, e juntos, vencemos

as dificuldades encontradas pelo caminho; a cada etapa concluída, em cada objetivo

superado, fortalecíamos o espírito de união e os laços familiares.

Page 4: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

AGRADECIMENTOS

Agradeço à orientadora, professora e companheira, Maria Cristina Gobbi, pela

oportunidade e por tudo que ela representa na elaboração deste projeto acadêmico.

À professora Regina Belluzzo pelo carinho e atenção, onde, suas considerações

foram fundamentais na minha decisão pelo curso. Ao professor João Pedro Albino,

que lembrarei com muito carinho por ter me aceitado como aluno especial. Aos

demais professores, por quem guardo imensa gratidão e respeito. E aos funcionários

da seção técnica da Pós: Luiz Augusto, Silvio, Hélder e Gina, por estarem sempre

dispostos me ajudando nos momentos necessários. Muito obrigado!

Page 5: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

“A educação é a arma mais poderosa que você pode us ar para mudar o mundo.”

(Nelson Mandela)

Page 6: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

MOLIN, Gustavo Pires. Um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital. NOW: o Vídeo sob Demanda na TV por assinatura a cab o, 2014, 108f. Trabalho de Conclusão de Mestrado em Televisão Digital: Informação e Conhecimento - FAAC – UNESP, sob a orientação da professora Dra. Maria Cristina Gobbi e co-orientado pelo professor Dr. Willians Cerozzi Balan.

RESUMO

A televisão digital vive um momento de transformações, onde as novas tecnologias

mediadas por computador estão mudando, por exemplo, os processos

comunicativos e outras formas de comunicação que integram o cotidiano das

famílias brasileiras. Considerando que a internet é o segundo meio de comunicação

em investimentos publicitários e, por conta do crescimento nas velocidades de

navegação e o constante aumento das bandas de franquias, o consumo de

conteúdo digital deixou de ser uma tendência e tornou-se realidade. A convergência

entre televisão e internet, têm sido decisiva na implantação do vídeo sob demanda

como um importante modelo de negócio para o audiovisual brasileiro. Uma interface

digital na TV por assinatura a cabo que combina o conteúdo e a tecnologia de alta

definição de uma forma fácil e personalizada. Utilizando pesquisa bibliográfica e

documental, o estudo pretende caracterizar o serviço de VOD desenvolvido pela

NET Serviços de Comunicação S/A: o NOW.

Palavras-chave: Televisão digital, Audiovisual, TV a cabo, Vídeo sob demanda.

Page 7: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

MOLIN, Gustavo Pires. Um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital. NOW: o Vídeo sob Demanda na TV por assinatura a cab o, 2014, 108f. Trabalho de Conclusão de Mestrado em Televisão Digital: Informação e Conhecimento - FAAC – UNESP, sob a orientação da professora Dra. Maria Cristina Gobbi e co-orientado pelo professor Dr. Willians Cerozzi Balan.

RESUMO

La televisión digital vive un momento de transformaciones, donde las nuevas

tecnologías mediadas por ordenador están cambiando, por ejemplo, los procesos

comunicativos y otras formas comunicacionales que integran el cotidiano de las

familias brasileñas. Considerando que internet es el segundo medio comunicacional

en inversiones publicitarias y, por cuenta del crecimiento en las velocidades de

navegación y el constante aumento de las bandas de franquías, el consumo de

contenido digital dejó de ser una tendencia y se hizo realidad. La convergencia entre

televisión e internet, han sido decisiva en la implantación del vídeo bajo demanda

como una importante plantilla de negocio para el mercado audiovisual brasileño. Una

interfaz digital en la TELE por firma a cabo que combina el contenido y la tecnología

de alta definición de una forma fácil y personalizada. Utilizando investigación

bibliográfica y documental, el estudio pretende caracterizar el servicio de VOD

desarrollado por la NET Servicios comunicacionales S/A: el NOW.

Palabras-clave : Televisión digital, Audiovisual, TELE a cabo, Vídeo bajo demanda.

Page 8: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Emissora PRF3 TV........................ ......................................................24

Figura 2 – Cadeia de Valor TV aberta............... ...................................................32

Figura 3 – Sistema de TVC.......................... .........................................................37

Figura 4 – Sistema de MMDS......................... ......................................................38

Figura 5 – Sistema de DTH.......................... .........................................................38

Figura 6 – Sistema de TVA.......................... .........................................................39

Figura 7 – Cadeia de Valor TV por assinatura....... .............................................44

Figura 8 – Gráfico de participação por tecnologia.. .........................................50

Figura 9 – Gráfico de assinantes TV por assinatura. .......................................51

Figura 10 – Gráfico de faturamento TV por assinatur a.......................................52

Figura 11 – Cadeia de Valor vídeo doméstico........ ..............................................54

Figura 12 – Logomarca NET.......................... .........................................................61

Figura 13 – Logotipo Triple Play................... .........................................................63

Figura 14 – Comunicação: NOW + América Móvil....... ........................................64

Figura 15 – Comunicação: TV + Internet + Telefone + Celular...........................64

Figura 16 – Capa do Book Comercial NET TV.......... ............................................65

Figura 17 – Grade de Canais – Seleções TV.......... ...............................................66

Figura 18 – Logomarca de Canais HD................. ..................................................66

Figura 19 – Preço de Seleções TV................... .....................................................67

Figura 20 – Capa do Book Comercial NET Virtua...... ..........................................68

Figura 21 – Velocidades NET Virtua................. ....................................................68

Figura 22 – Conceito das velocidades 1 e 10 MEGA... .......................................69

Figura 23 – Conceito das velocidades 20 e 30 MEGA.. .......................................69

Figura 24 – Conceito das velocidades 100 e 120 MEGA .....................................70

Figura 25 – Capa do Book Comercial NET Fone........ ..........................................72

Figura 26 – Comunicação NET Fone via Embratel...... ........................................72

Figura 27 – Composição dos Serviços................ .................................................74

Figura 28 – Características e Benefícios........... ...................................................75

Figura 29 – Matriz de Preços e Tarifações.......... ................................................76

Figura 30 – Capa do Book Comercial NET Empresas.... .....................................77

Figura 31 – Comunicação NET Empresas............... .............................................77

Figura 32 – Capa do Book Comercial Combo Multi..... .......................................78

Page 9: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

Figura 33 – Características do Combo Multi......... ...............................................79

Figura 34 – Comunicação TV a cabo.................. ..................................................79

Figura 35 – Logotipo e Slogan NOW.................. ...................................................81

Figura 36 – Interface de navegação................. .....................................................82

Figura 37 – Conversores Digitais ( set-top Box )...................................................83

Figura 38 – Tela de início Portal NOW.............. ....................................................83

Figura 39 – Controle remoto digital................ .......................................................84

Figura 40 – Tela de acesso Pay-Per-View .............................................................84

Figura 41 – Tela de acesso NOW..................... ......................................................85

Figura 42 – OS 4 passos para acesso................ ...................................................85

Figura 43 – Setas para navegação................... .....................................................86

Figura 44 – Botão OK para definição................ ....................................................86

Figura 45 – Direcione a moldura.................... .......................................................87

Figura 46 – Campo “Alugar”......................... .........................................................87

Figura 47 – Senha de acesso........................ ........................................................88

Figura 48 – Conteúdo disponível.................... .....................................................88

Figura 49 – Benefícios NOW......................... .........................................................89

Figura 50 – Tabela de preços para locação.......... ...............................................90

Figura 51 – Matriz de Programação de Conteúdo...... ........................................90

Figura 52 – Conceito da Logomarca NOW.............. .............................................91

Figura 53 – Logomarcas por segmento................ ...............................................91

Figura 54 – Wobbler................................ ...............................................................92

Figura 55 – Folheto................................ ................................................................93

Figura 56 – Capa do Book Comercial NOW............. ............................................94

Figura 57 – Mapa das cidades com NOW............... .............................................95

Figura 58 – Maiores Concorrentes................... ...................................................95

Figura 59 – Diferenciais do NOW.................... .....................................................96

Figura 60 – Ferramenta de Retenção................. ................................................100

Page 10: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipos de Outorga........................ ........................................................3

Quadro 2 – Marco Legal TV por assinatura........... ...............................................40

Quadro 3 – Características Normativas.............. ..................................................40

Quadro 4 – Matriz de Velocidades x Franquias....... ............................................70

Quadro 5 – Valores da Internet (Novembro/13)....... ............................................71

Page 11: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

LISTA DE SIGLAS

CATV - Termo em inglês Community Antenna Television

CBT - Código Brasileiro de Televisão

CMC - Comunicação Mediada por Computador

CNN - Cable News Network (canal de TV)

DTH - Termo em inglês Direct to Home

IPTV - Termo em inglês Internet Protocol Television

MTV - Music Television (canal de TV)

PNBL - Plano Nacional de Banda Larga

TIC - Tecnologia da Informação e da Comunicação

TVA - Serviço Especial de Televisão por Assinatura

TVD - Televisão Digital

UHF - Termo em inglês Ultra High Frequency

VHF - Termo em inglês Very High Frequency

VOD - Termo em inglês Vídeo on Demand

Page 12: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO............ ..........................14

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................15

1.1 Objetivos...................................... ...................................................................17

1.2 Caracterização do Trabalho.................... ......................................................18

1.3 Organização do Trabalho....................... .......................................................21

CAPÍTULO 2 – RADIODIFUSÃO E O MERCADO AUDIOVISUAL.. .................22

2.1 Um pouco sobre a história da TV.................... .............................................23

2.1.1 O começo da TV no Brasil..................... .......................................................23

2.1.2 A origem da TV por Assinatura................ ....................................................25

2.2 TV Aberta..................................... ...................................................................26

2.2.1 Marco Regulatório............................ .............................................................27

2.2.2 Agência Nacional de Telecomunicações......... ...........................................29

2.2.3 Congresso Nacional........................... ...........................................................30

2.2.4 Sistema de Outorgas.......................... ...........................................................30

2.2.5 Cadeia de Valor da TV aberta................. ......................................................31

2.3 TV por Assinatura............................. .............................................................35

2.3.1 Tecnologias de Transmissão................... ....................................................37

2.3.2 Marco Regulatório............................ .............................................................39

2.3.3 Lei de Serviço Condicionado.................. ......................................................41

2.3.4 Lei da TV a cabo............................. ...............................................................42

2.3.5 Cadeia de Valor da TV por Assinatura......... ................................................44

2.3.6 Cenário da TV por Assinatura................. .....................................................50

2.4 Vídeo Doméstico................................ ............................................................53

2.4.1 Marco Regulatório............................ .............................................................53

2.4.2 Cadeia de Valor do Vídeo Doméstico........... ...............................................54

2.4.3 Vídeo sob Demanda............................ ...........................................................58

Page 13: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

CAPÍTULO 3 – SERVIÇOS CONVERGENTES................. .................................60

3.1 NET Serviços de Comunicação S.A................ .............................................61

3.1.1 A Cronologia do seu Desenvolvimento.......... .............................................61

3.1.2 Portfólio de Serviços........................ .............................................................64

3.1.3 Características da TV a Cabo................ .......................................................79

3.2 Distribuição de Conteúdo Digital: NOW.......... ............................................81

3.2.1 O Serviço.................................... ....................................................................81

3.2.2 Como Funciona o Serviço...................... .......................................................82

3.2.3 Como Acessar a Interface..................... ........................................................82

3.2.4 Como Navegar na Interface.................... ......................................................86

3.2.5 Características do NOW....................... .........................................................89

3.2.6 Tabela de Preços dos Serviços................ ....................................................90

3.2.7 Comunicação Institucional.................... .......................................................91

3.2.8 Peças de Comunicação......................... ........................................................92

3.2.9 Book Comercial – Janeiro 2014................ ....................................................94

3.3 Pesquisa Seletiva: O Serviço NOW............... ...............................................97

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS – A PERSONALIZAÇÃO DOS CONTE ÚDOS

AUDIOVISUAIS....................................... .................................................................101

REFERÊNCIAS........................................................................................................105

ANEXOS..................................................................................................................107

Page 14: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

CAPÍTULO 1

CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO

Page 15: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

15

1. INTRODUÇÃO

A forma como a sociedade brasileira assiste à televisão (TV) vem

sendo alterada significativamente desde o início das operações da TV por assinatura

no país, em 1991. Naquele momento, o mercado era controlado em grande parte por

dois importantes grupos de comunicação: Abril e Globo. Hoje, diversas empresas e

grupos de comunicação são integrantes do segmento de TV por assinatura e

telecomunicações no Brasil. Quando comparamos o início das operações da TV por

assinatura aos dias atuais, nota-se que os primeiros quinze anos foram de pouco

crescimento para estes grupos de comunicação. A partir de 2007, com o

oferecimento de internet banda larga, as empresas que entregam serviços

convergentes vivem uma fase de grande crescimento em suas bases de assinantes.

O espectador na era da convergência midiática já nem deve ser mais definido dessa

maneira, pois ele passa a assumir um papel ativo na programação de

entretenimento, caracterizando-se, muitas vezes, como coautor do processo de

construção das narrativas. Hoje tanto participa, como colabora. Certamente quem

não oferecer tal interatividade terá dificuldades para manter a audiência. As mídias

com modelos antigos e fechados ainda existirão por um período, mas, em breve,

terão problemas com os seus atuais modelos de negócios.

Devido ao crescimento da internet, o telespectador de TV tem sua

atenção dividida entre muitas outras fontes de informações e entretenimento. As

gerações mais jovens não estão sozinhas nestas mudanças de costumes e hábitos.

A sociedade, em geral, tem realizado tarefas simultaneamente em diferentes mídias.

Por conta dessas mudanças compreendemos que a navegação nas redes sociais,

associada ao zapping do controle remoto, vem definindo um novo espectador de

conteúdo audiovisual. O telespectador não espera mais as informações ou

conteúdos virem até ele. Esta geração de usuários de múltiplas tecnologias quer a

informação ao alcance de um clique ou de algo que ele possa controlar. O poder do

consumo agora está nas mãos dos usuários ou telespectadores. Seja pelo controle

remoto ou pelas plataformas digitais, o consumo é definido conforme as

necessidades e desejos de quem tem o poder de escolher.

A escolha por unir os estudos sobre comunicação e as

telecomunicações - e suas relações com a economia - justifica-se, pois verifica-se

que as fronteiras entre os dois campos estão se diluindo rapidamente. O setor de

Page 16: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

16

Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) é um dos mais dinâmicos em

termos de inovações em âmbito mundial e, cada vez mais, os pesquisadores

incluem a comunicação, a cultura e a educação como partes do processo de

inovação. No âmbito tecnológico os investimentos realizados pelos grandes players

são extremamente significativos: sete das 20 maiores empresas investidoras em

pesquisa e desenvolvimento no mundo, pertencem ao segmento das TICs. No outro

lado da cadeia produtiva, a área de conteúdos e serviços digitais, não está diferente.

Estudos internacionais mostram que as indústrias criativas e de conteúdos digitais

rendem bilhões de dólares anualmente e tendem a aumentar esses valores nos

próximos anos. Essa é uma das razões pelas quais o Programa Nacional de Banda

Larga (PNBL) conta em seu plano de ação com a área de conteúdos e serviços

digitais, que passou a funcionar no segundo semestre de 2010. (ANCINE, 2010)

Por conta das inúmeras transformações culturais, aceleradas pela

evolução da Comunicação Mediada por Computador (CMC), as ofertas de produtos

e serviços de telecomunicações são consideravelmente maiores do que há uma

década. Estes movimentos vão ao encontro com a crescente demanda por

conteúdos. Seja pelos televisores de última definição, pelos computadores ou pelos

dispositivos eletrônicos móveis de alta tecnologia, a entrada de novas empresas

atuando na distribuição de conteúdo é uma realidade no território nacional. Os

antigos players – pioneiros no segmento de TV por assinatura no país - agora

desenvolvem novos modelos de negócios para rentabilizar e defender as suas bases

de clientes, acirrando ainda mais a disputa pelo mercado das classes emergentes.

Neste momento de grandes transformações culturais e tecnológicas, a entrega do

Vídeo sob Demanda (VOD) e as distribuições não-lineares (IPTV) são destaques

nas discussões e regulamentações das telecomunicações brasileiras. O cenário da

convergência digital, entre a TV por assinatura e a internet, está proporcionando

alterações comportamentais na sociedade e no telespectador. Os conteúdos

audiovisuais exibidos em nossos televisores já não vêm apenas pelo fluxo das

programadoras. Atualmente, tanto os áudios como os vídeos são disponibilizados a

qualquer tempo, através do canal de retorno, proporcionando aos telespectadores

consumirem conforme as suas necessidades e demandas.

A convergência entre as mídias eletrônicas e as plataformas digitais

cria novas experiências televisivas possibilitando, inclusive, que os usuários possam

interagir com o conteúdo apresentado. No cotidiano atual é normal utilizar os

Page 17: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

17

celulares e aparelhos portáteis conectados à internet simultaneamente como uma

tela secundária. Esta é uma prática que vem aumentando a interação do

telespectador - ou usuário - com a TV. É importante considerarmos que a televisão

já não é mais o objeto central da casa. Agora ela compete com outras mídias como,

por exemplo, a internet que já nasceu em um ambiente convergente, sendo um

espaço interativo que cresce cada vez mais com o avanço das tecnologias e a

evolução dos produtos eletrônicos de consumo.

1.1. Objetivos

Diante deste cenário desafiador este trabalho teve como objeto de

estudo um serviço digital desenvolvido pela empresa NET Serviços de Comunicação

S/A, que é disponibilizado através da convergência entre dois meios de

comunicação de massa: a televisão e a internet. Trata-se de uma plataforma

interativa que oferece conteúdos audiovisuais no momento em que o espectador

desejar assistir envolvendo filmes, séries, shows, documentários, desenhos,

conteúdos adultos, entre outros mais. Agora o consumidor não precisa mais

aguardar o fluxo tradicional de conteúdo programado pelas emissoras, tão pouco ir à

videolocadora para escolher um título. Assim, o NOW, ferramenta utilizada pela

NET, permite ao telespectador assistir uma programação selecionada a partir de

uma demanda pessoal e não ficar esperando pela grade de programação definida

pelas emissoras de TV.

Então, para analisar tal contexto, o trabalho mapeou as características

do vídeo sob demanda como uma forma de distribuição de conteúdo digital baseado

em um serviço da empresa NET Serviços de Comunicação S/A, considerada por

alguns especialistas, como será apresentado mais adiante, a maior operadora em

número de clientes de TV por assinatura a cabo da América Latina. Em seu

desenvolvimento, a pesquisa:

a) Identificou o mercado audiovisual brasileiro: TV aberta, TV por assinatura e o

vídeo doméstico;

b) Apresentou o portfólio de produtos da NET Serviços de Comunicação S/A;

c) Caracterizou o serviço de vídeo sob demanda: NOW.

Page 18: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

18

1.2. Caracterização do Trabalho

O trabalho foi desenvolvido a partir da análise do mercado do

audiovisual brasileiro. Mais especificamente, a de explorar as características da TV

por assinatura, que é uma das tendências emergentes que impactará no futuro da

televisão brasileira. A partir de profissionais que defendem que a distribuição de

conteúdo sob demanda em múltiplas telas, chamada por especialistas de A

Democratização da Tela da TV, Daniel Sjoberg, afirma que “(...) há mais opções

hoje. Tudo o que pode ser digitalizado, acabará na internet, o que forçará

transformações em diversos mercados”. (ANUÁRIO MÍDIAS DIGITAIS, 2012, p.122)

Fernando Magalhães, Diretor de Programação da NET Serviços de

Comunicação S/A, defende que o line-up da companhia está chegando ao limite da

elasticidade, sem espaço para o surgimento de novos canais. No entanto, o VOD

abre novas oportunidades de distribuição para produtores e distribuidores de

conteúdo. De acordo com Magalhães, “(...) com o VOD, o espaço para distribuição é

virtualmente infinito, no entanto, os modelos de negócios precisam ser definidos”.

(ANUÁRIO MÍDIAS DIGITAIS, 2012, p.122)

Acima de tudo, este trabalho pesquisou uma das possibilidades de

convergência entre os dois maiores veículos de comunicação de massa, TV e

internet, para a realidade dos consumidores da sociedade brasileira. Afinal, o

homem vive um momento em que as tecnologias digitais possibilitaram a

conectividade entre os meios, a aproximação geográfica, o relacionamento

interpessoal e agora, a possibilidade de escolha e personalização dos conteúdos.

De acordo com Ribeiro (2000):

(...) a união entre os avanços da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) e das Telecomunicações permitiu o aparecimento de um novo componente: a rede telemática. Essa interconexão e entrelaçamento de computadores situados em lugares geograficamente dispersos, permite a manipulação de dados e a troca de informação entre pessoas num contexto de inovações e possibilidades tecnológicas, delineando um novo ambiente de convivências”. (RIBEIRO, 2000, p.32)

Mediante o cenário atual, a internet vem mudando significativamente os

hábitos de consumo e a forma como as pessoas interagem entre os seus grupos

Page 19: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

19

socialmente conectados. As tecnologias evoluíram conforme as necessidades

culturais. Todos os dias novas linguagens e formatos de mídias são desenvolvidos e

melhorados conforme os hábitos dos consumidores. É fato que a cultura de assistir

histórias através de imagens se consolidou há muitos anos e agora, com a

digitalização, o ambiente de convergência entre as mídias gerou uma oportunidade

para que os consumidores não apenas assistam aos conteúdos de forma pré-

definida e programada. Eles buscam as histórias de acordo com as suas vontades,

sob demanda.

Para Canitto (2010, p. 20), “(...) essa conversa toda sobre qual mídia

vai vencer na era digital ainda é um debate analógico. O debate digital é

convergente. Esse papo de que a TV vai perder para a internet é teórico. Na prática,

tudo vai confluir”. Exatamente por isso, o projeto busca pesquisar o serviço de

convergência de uma plataforma digital interativa oferecida pela TV por assinatura a

cabo, que utiliza o hábito de busca e consumo da internet como modelo de negócio,

como é o caso do NOW. De acordo com Canitto (2010),

(...) a TV do futuro será toda customizada. Mecanismos sofisticados de busca detectarão suas preferências e você verá algo que é exatamente a sua cara. Um conteúdo personalizado. Você nunca mais precisará ser um anônimo na ‘boiada’ e se submeter à programação generalista. Agora cada um vai ver o programa que escolher na hora que quiser. (CANITTO, 2010, p.20)

Trata-se de uma experiência executada através da interatividade

homem-máquina e da navegação em um portal: um menu que apresenta os gêneros

disponíveis. Os conteúdos são oferecidos através da conectividade do set-top Box1,

pelo canal de retorno. Um processo onde o telespectador se conecta à nuvem de

armazenamento virtual com dados informatizados que busca, seleciona e define a

escolha do título e, na sequência, possibilita assistir ao conteúdo selecionado.

Como afirmou Jenkins (2008, p. 312), “(...) a maior mudança talvez seja

a substituição do consumo individualizado e personalizado pelo consumo como

prática interligada em rede”. Desta forma, compreende-se ser importante abordar

esta nova tendência de vídeo sob demanda na TV por assinatura no país. As

1 Nota do autor: Set-top Box é um conversor que recebe e envia sinal para as operadoras de TV por assinatura.

Page 20: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

20

transformações culturais resultantes da convergência da TV com a internet, a partir

da disponibilização dos serviços convergentes, estão sendo incorporadas ao

cotidiano do público consumidor através das múltiplas possibilidades ofertadas por

essas tecnologias. Será apresentado adiante que o modelo de negócios da TV

aberta brasileira é produzir conteúdo e distribuir de forma gratuita aos

telespectadores. Quem paga a conta são os anunciantes que compram os espaços

publicitários nas grades de programação das emissoras. Nesse modelo, a TV aberta

vende a possibilidade de contato entre os anunciantes e o telespectador. Esse

contato normalmente é feito por propagandas inseridas nos intervalos comerciais ou

durante os conteúdos na forma de merchandising. Já as empresas de TV por

assinatura vendem os seus produtos e serviços diretamente para os clientes finais,

desta forma, este modelo faz com que o telespectador, cliente final, tenha controle

sobre aquilo que ele deseja assistir.

Ao verificar as primeiras propagandas sobre TV por assinatura, é

possível afirmar que os canais enfatizavam a qualidade dos programas e da

programação, sem intervalos comerciais, como uma forma de garantir a audiência.

Hoje já não é mais assim. Todos os canais, seja para o público infantil, jovem ou

adulto, de qualquer gênero, apresentam anunciantes em seus intervalos. Cada vez

mais esses mesmos anunciantes entendem a TV por assinatura como uma mídia

importante para públicos segmentados. Por isso, a própria definição de sucesso

comercial vem sendo revisto. Com a TV digital as pesquisas tendem a ficar mais

precisas. Os conversores, através do canal de retorno, podem, por exemplo,

informar as emissoras quais são os programas que os telespectadores mais

assistem. Neste contexto, vivemos um momento em que as ofertas de consumo e de

produção de conteúdo são significativamente maiores. O cenário atual é composto

por antigos players prestando outros serviços, assim como por novas empresas

atuando na distribuição de conteúdos audiovisuais, sendo que o destaque está na

distribuição não-linear e VOD. Na composição deste tabuleiro, é possível afirmar que

este é um caminho sem volta, sendo uma realidade que apresenta uma forte

tendência para a ampliação do consumo de conteúdos audiovisuais por estas

plataformas.

Page 21: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

21

1.3. Organização do Trabalho

O projeto inicialmente pretendeu estabelecer uma relação sobre a

transmissão do sinal televisivo aos lares brasileiros e, assim, apresentar como os

conteúdos são definidos, produzidos e distribuídos pelas programadoras para,

então, mostrar como o mercado audiovisual brasileiro vem disponibilizando os

conteúdos.

Para alcançar este objetivo foi necessário conhecer um pouco mais

sobre os conceitos da TV, conseguindo os elementos necessários para analisar a

programação dos conteúdos disponibilizados pelo VOD e como isso é feito. Outro

objetivo alcançado foi á compreensão de como o serviço pesquisado vem

funcionando com relação ao crescimento das tecnologias eletrônicas e das

plataformas digitais que possibilitam assistirmos aos conteúdos fora do tradicional

fluxo televisivo (canais abertos). Para possibilitar essas análises, além da pesquisa

bibliográfica e do estudo do caso NET, foi realizada uma entrevista com um

profissional responsável pela criação e desenvolvimento do nosso objeto de estudo.

Além da Introdução, o trabalho contém dois outros capítulos que serão

apresentados da seguinte forma:

Capítulo 2 – Radiodifusão e o Mercado Audiovisual – neste capitulo serão

apresentados os principais atores do mercado de conteúdo audiovisual no país: a

TV aberta, TV por assinatura e vídeos domésticos.

Capítulo 3 – Serviços Convergentes – neste capítulo a dissertação trará uma

apresentação específica sobre a TV por assinatura a cabo, com foco na maior

operadora multiserviços do Brasil, a NET Serviços de Comunicação S/A. Nele serão

mapeados todos os serviços convergentes que a empresa comercializa em seu

portfólio de produtos para, em seguida, mapear o estudo de caso do modelo de

negócio do vídeo sob demanda: o NOW.

E, por fim, após apresentar os assuntos investigados e caracterizar o

serviço de vídeo sob demanda na TV por assinatura a cabo, nas Considerações

Finais , o trabalho será concluído evidenciando as suas contribuições e as

perspectivas de um futuro trabalho acadêmico relacionado com o tema central desta

investigação.

Page 22: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

22

CAPÍTULO 2

RADIODIFUSÃO E O MERCADO AUDIOVISUAL

Page 23: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

23

De acordo com as informações disponíveis no portal2 do Ministério das

Comunicações, os serviços de radiodifusão são aqueles que, estabelecidos por

legislação própria, “(...) promovem a transmissão de sons (radiodifusão sonora) e de

sons e imagens (televisão), a serem direta e livremente recebidas pelo público em

geral, o que é modernamente denominado comunicação eletrônica”. Segundo

Ferraretto (2001, p. 22), “(...) Radiodifusão é a palavra portuguesa equivalente a

Broadcasting, que significa algo como semear aos quatro ventos”.

2.1. Um pouco sobre a história da TV

A proposta deste capítulo é apresentar os conceitos de televisão,

proporcionando um mapeamento específico sobre o mercado audiovisual brasileiro e

fazendo uma revisão seletiva sobre as definições da televisão aberta, da televisão

por assinatura e dos vídeos domésticos. A ideia é compreender a origem da

televisão (TV) como meio de radiodifusão, suas características enquanto veículo de

comunicação, tecnologias de transmissão, modelos de negócio e o atual cenário do

segmento.

Uma pesquisa acadêmica fundamentada em documentos publicados

pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE), assim como leis e outros

apontamentos realizados pelos órgãos reguladores Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL) e Ministério das Comunicações (MINICOM),

complementam o capítulo.

2.1.1. O começo da TV no Brasil

Em 18 de setembro de 1950, na cidade de São Paulo, a televisão foi

inaugurada no Brasil. De acordo com os registros históricos apresentados no site

Tudo Sobre TV3, o empresário Assis Chateaubriand4, instalou 200 aparelhos pela

cidade de São Paulo para que as pessoas pudessem conhecer o que era televisão. 2 Disponível em: http://www.mc.gov.br/radiodifusao/perguntas-frequentes. Acesso em 01/2013. 3 Disponível em: http://www.tudosobretv.com.br. Acesso em 01/2013. 4 Nota do autor: Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, Umbuzeiro/PB1892-São Paulo/SP1968. Jornalista, empresário, colecionador, mecenas, advogado, político e diplomata. Disponível em: <www.itaucultural.org.br>. Acesso em 01/2013.

Page 24: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

24

A emissora funcionava em uma parte dos estúdios das rádios Tupi e Difusora no

bairro do Sumaré e tinha o nome de PRF3 TV. De acordo com registros, o primeiro

programa da televisão brasileira foi uma alusão aos moradores do Brasil. O

programa tinha o nome de TV na Taba. Apresentado por Homero Silva, contou com

a participação de Lima Duarte, Hebe Camargo, Mazzaropi, Ciccilo, Lia Aguiar,

Vadeco, Ivon Cury, Lolita Rodrigues, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, do jogador

Baltazar e da orquestra de George Henri.

De acordo com o site, logo na estreia a TV brasileira precisou mostrar

seu poder de improviso. Os relatos apontam que o programa seria exibido por duas

câmeras de captação de imagens, mas horas antes da transmissão, uma delas

quebrou. Os técnicos americanos que acompanhavam o início das operações da TV

brasileira aconselharam que o show fosse adiado, no entanto, o diretor Cassiano

Gabus Mendes decidiu ir ao ar mesmo apenas com uma única câmera.

Figura 1 – Emissora PRF3 TV Fonte: <www.tudosobretv.com/histortv/tv50.htm>. Acesso em 01/2013.

Fato curioso foi que apesar de o programa ter sido bem sucedido,

todos perceberam naquele momento que a emissora voltaria ao ar no dia seguinte e

não havia sequer uma programação formada para o próximo dia. Outro fato

interessante e relevante para esta pesquisa era que, naquele momento, a televisão

ainda não contava com propagandas comerciais. Desta forma, o intervalo entre um

programa e outro era preenchido com números musicais gravados para que os

Page 25: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

25

profissionais de produção tivessem tempo para modificar o cenário para a próxima

atração apresentada.

2.1.2. A origem da TV por assinatura

Conforme relata Possebon (2009), após anos de evolução, a televisão

por assinatura foi implantada no Brasil. De acordo a Associação Brasileira de

Televisão por Assinatura (ABTA), as primeiras transmissões no país foram em 1988.

Os canais CNN e MTV foram os primeiros contratados para exibição, após o decreto

regulamentado em dezembro de 1989, momento em que o Governo introduziu

oficialmente a TV a cabo no país. Corroborando com esta afirmação, o livro "TV por

Assinatura: os 20 anos de evolução", de Samuel Possebon, apresenta que a

principal norma que daria início ao mercado de TV a cabo no Brasil veio por meio da

Portaria nº 250, de 13 de dezembro de 1989, criando o Serviço de Distribuição de

Sinais de Televisão (DISTV). A Portaria nº 250 expandia o conceito da Portaria nº

143 para além da distribuição de sinais abertos das emissoras de TV em VHF ou

UHF.

De acordo com Possebon (2009), a percepção de que as coisas

tenham começado na serra de Petrópolis, no final da década de 1950, mais

precisamente em 1958, é relativamente plausível. Segundo o autor, apareceram na

cidade antenas comunitárias que faziam a distribuição dos sinais de TV do Rio de

Janeiro, captados do alto da serra, que eram levados para as residências de

Petrópolis. Nota-se que isso aconteceu exatamente uma década após o mesmo

fenômeno ter iniciado nos Estados Unidos e dar origem ao que hoje conhecemos

como TV a cabo. O CATV (Community Antenna Television), ou antenas

comunitárias, era o serviço em que os sinais da TV aberta eram levados por meio de

fios metálicos de uma antena principal para vários outros televisores. Este serviço

tinha preço e o resultado era a possibilidade de assistir à TV com alguma qualidade

de imagem. Segundo o autor, “(...) no primeiro modelo de exploração do mercado de

TV paga, em Petrópolis, as áreas de atuação de cada operador eram bem definidas

e um não invadia o mercado do outro. Um modelo que prevaleceu até meados dos

anos 1990”. (POSSEBON, 2009, p. 20)

Page 26: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

26

O fato é que sem a institucionalização da TV por assinatura,

especialmente para a TV a cabo, o que havia nos anos anteriores eram operações

de CATV isoladas geograficamente, que apenas distribuíam os sinais da TV aberta

nos locais onde as recepções eram deficientes. Desta forma, a Portaria nº 250 foi o

primeiro marco legal para a TV a cabo no Brasil e deu origem à primeira onda de

distribuição de licenças relacionadas ao serviço.

2.2. TV aberta

Segundo a Agência Nacional de Cinema (ANCINE), as emissoras

podem ser comerciais ou de finalidade educativa e cultural. Normalmente, as

emissoras comerciais produzem os seus serviços financiados pela venda de

espaços publicitários. Já as emissoras educativas e culturais, se caracterizam por

serviços financiados substancialmente por recursos públicos, prestação de serviços

ou publicidade institucional.

(...) a Radiodifusão de Sons e Imagens é compreendida como o conjunto de atividades encadeadas, realizadas por um ou vários agentes econômicos, necessárias à prestação do serviço de radiodifusão de sons e imagens. Emissoras que oferecem conteúdos e obras audiovisuais em grades horárias específicas, por difusão linear, ao consumidor final de forma gratuita. (MAPEAMENTO TV ABERTA, 2010, p. 4)

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL),

os tipos de serviços de radiodifusão relacionados à TV aberta compreendem:

TV: Serviço de radiodifusão destinado à transmissão de sons e imagens por ondas radioelétricas.

TV Digital: Sistema de TV com transmissão, recepção e processamento digitais, podendo exibir programas por meio de equipamento digital ou de aparelho analógico acoplado a uma Unidade Receptora Decodificadora (URD).

Ancilares de TV: - Retransmissão de TV é o serviço destinado à retransmitir, de forma simultânea, os sinais de estação geradora de televisão para a recepção livre e gratuita pelo público em geral; - Repetição de TV é o serviço destinado ao transporte de sinais de sons e imagens oriundos de uma

Page 27: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

27

estação geradora de televisão para estações repetidoras ou retransmissoras, ou ainda, para outra estação geradora de televisão, cuja programação pertença a mesma rede; - Serviços Auxiliares de Radiodifusão e Correlatos (SARC) são aqueles executados pelas concessionárias ou permissionárias de serviços de radiodifusão para realizar reportagens externas, ligações entre estúdios e transmissores das estações, utilizando inclusive transceptores portáteis. São considerados correlatos ao serviço auxiliar de radiodifusão os enlaces-rádio destinados a apoiar a execução dos serviços de radiodifusão tais como: comunicação de ordens internas, telecomando e telemedição. (MAPEAMENTO TV ABERTA, 2010, p.6)

2.2.1. Marco Regulatório

De acordo com a ANCINE (2010), embora o principal instrumento

regulador da atividade de radiodifusão de sons e imagens permaneça sendo o

Código Brasileiro de Telecomunicações de 1962, alterado ao longo de quase

cinquenta anos por decretos e leis, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu

competências, regras, procedimentos e princípios relativos às concessões de rádio e

TV, criando um capítulo específico sobre a Comunicação Social5.

Porém, até bem pouco tempo, muitos aspectos trazidos pela

Constituição permaneciam sem regulamentação, como é o caso do estímulo à

produção independente e regional. Neste momento, logo após a recente mudança

da Lei nº 12.485 (SeAC), o mercado independente de produção de conteúdo está

em fase de desenvolvimento. E essas mudanças estão desencadeando novas

oportunidades. Ao mesmo tempo em que existe uma aceleração por parte dos

produtores independentes, percebe-se uma retração por parte das emissoras

nacionais em relação aos seus quadros de colaboradores. Por conta dos inúmeros

estímulos que estão sendo investidos nas produções independentes, as emissoras

começam a desmantelar suas equipes criativas na tentativa de minimizar os custos e

otimizar seus projetos. A Rede Record de Televisão, por exemplo, de acordo com o

site Brasil 2476, dispensou aproximadamente 400 funcionários do Recnov, seus

estúdios no Rio de Janeiro. Conforme informações obtidas no site, “(...) as

mudanças fazem parte de reestruturação financeira conduzida por uma consultoria,

5 Ver anexo 1. 6 Disponível em: <www.brasil247.com/pt/247/midiatech/104072/>. Acesso em 05/2013.

Page 28: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

28

cuja meta é terceirizar os serviços. Assim, foi montada uma equipe para analisar

propostas de produtoras independentes para trabalhar com a Record.” (BRASIL247,

2013, Web)

De acordo com a ANCINE (2010), o Ministério das Comunicações

(MINICOM) é quem administra as concessões de TV aberta:

(...) é sua responsabilidade a fiscalização sobre a exploração dos serviços de radiodifusão referentes aos conteúdos da programação oferecida aos consumidores, bem como a composição societária e administrativa das emissoras. Também é sua atribuição instaurar procedimentos administrativos visando apurar infrações referentes aos serviços de radiodifusão, adotando as medidas necessárias ao cumprimento das sanções aplicadas aos executantes do serviço. (MAPEAMENTO TV PAGA, 2010, p.6)

Segundo o mapeamento, a Secretaria de Serviços de Comunicação

Eletrônica é responsável por toda a operação referente aos serviços de radiodifusão.

“(...) Além de propor políticas, diretrizes e metas relativas à radiodifusão, faz a

avaliação técnica, operacional, econômica e financeira dos executantes dos serviços

de radiodifusão”. De acordo com a ANCINE (2010), a Secretaria fiscaliza:

(...) a exploração dos serviços de radiodifusão e de seus ancilares e auxiliares, nos aspectos referentes ao conteúdo de programação das emissoras, bem como à composição societária e administrativa e às condições de capacidade jurídica, econômica e financeira das pessoas jurídicas executantes desses serviços7. (MAPEAMENTO TV PAGA, 2010, p.7)

A ANCINE (2010) aponta que “(...) apesar da fiscalização da

radiodifusão ser uma atribuição do MINICOM, em 2007 foi firmado o Convênio n°

01/20078 em que o órgão delega à ANATEL a competência para executar a

fiscalização em relação a alguns aspectos técnicos e de conteúdo.” Ainda assim,

somente em janeiro de 2011 o Ministério publicou parecer definitivo, encerrando

7 Fonte: Estrutura Regimental da Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações. Decreto 5.220, de 30/09/2004. Acesso em 06/2013. 8 Disponível em: <www.mc.gov.br/images/o-ministerio/legislacao/instrucao/Convenio-012007.pdf>. Acesso em 07/2013.

Page 29: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

29

uma longa indefinição jurídica motivada por sucessivas discordâncias entre a

Consultoria Jurídica do MINICOM e a Procuradoria da Anatel em relação às

competências de cada um dos órgãos9.

O novo parecer definiu que cabe à ANATEL proceder a outorga de

autorização de uso de radiofrequência para o serviço de radiodifusão, bem como a

certificação de equipamentos destinados à exploração de serviço de radiodifusão.

Desta forma, fica responsável pela fiscalização e aplicação de sanções as

irregularidades definidas pelo convênio, além de instaurar e conduzir o processo

administrativo.

2.2.2. Agência Nacional de Telecomunicações

De acordo com a ANCINE (2010), este departamento fora criado pela

Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.472/97) e dispõe sobre a organização dos

serviços de telecomunicações, onde o papel atribuído à Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL) em relação a TV aberta é bastante técnico.

Conforme o artigo da mesma lei, foi excluído de sua competência:

(...) a outorga dos serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, permanecendo no âmbito de competências do Poder Executivo, devendo a Agência elaborar e manter os respectivos planos de distribuição de canais, levando em conta, inclusive, os aspectos concernentes a evolução tecnológica. (ART. 211, 1997)

Segundo a ANCINE (2010), fica sob responsabilidade da ANATEL a

administração do espectro e a manutenção do plano com relação a atribuição,

distribuição e destinação de radiofrequências. Também é sua função expedir

licenças de instalação e funcionamento das estações transmissoras de radiodifusão

de sons e imagens, fiscalizando-as permanentemente. Caso este órgão constate

alguma infração, deve imediatamente comunicar ao MINICOM, direcionando-lhes

uma cópia dos autos de notificação.

9 Nota do autor - Registrada no Parecer nº 0036 – 1-16/2011 da Advocacia Geral da União.

Page 30: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

30

2.2.3. Congresso Nacional

Conforme a ANCINE (2010), a Constituição Federal estabelece a

necessidade de que a aprovação das outorgas seja apreciada pelo Congresso

Nacional. O mesmo vale para a renovação das mesmas. Do Ministério das

Comunicações o pedido vai para Casa Civil da Presidência que, burocraticamente,

assina a renovação encaminhando o processo para o Congresso Nacional. Na

apreciação pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática

apenas as decisões pela não renovação vão a Plenário. De acordo com os

documentos apresentados, as decisões favoráveis são apreciadas pelo conjunto de

deputados apenas se houver recurso de, pelo menos, 10% dos parlamentares.

2.2.4. Sistema de Outorgas

A TV é classificada como um serviço de radiodifusão de sons e

imagens, sendo regulamentado e definido com o seguinte escopo:

(...) serviços de radiodifusão têm finalidade educativa e cultural, mesmo em seus aspectos informativo e recreativo, e são considerados de interesse nacional, sendo permitida, apenas, a exploração comercial dos mesmos, na medida em que não prejudique esse interesse e aquela finalidade. (ART. 87, 1963)

De acordo com a ANCINE (2010), o Estado brasileiro é responsável

por outorgar a prestação de serviços às entidades interessadas. Há diferentes

enfoques possíveis para compreender o sistema de outorga que podem ser

autorizações, permissões ou concessões. Conforme o documento publicado pela

ANCINE (2010), as definições dos tipos de outorga surgiram no Decreto nº

52.026/63 que regulamentou, pela primeira vez, o Código Brasileiro de Televisão

(CBT). Naquele período, ainda não havia separação entre os regulamentos de

radiodifusão e telecomunicações. Desta forma, as definições sobre os tipos de

outorga valeram para ambos os serviços.

Page 31: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

31

A separação definitiva ocorreu somente em 1997, após as

telecomunicações terem sido privatizadas e passarem a ser reguladas

exclusivamente pela Lei Geral de Telecomunicações. O Decreto nº 97.057/88 alterou

as definições estabelecidas originalmente, explicitando os seguintes conceitos:

Quadro 1 - Tipos de Outorga

Tipo Definição

Autorização

Ato administrativo pelo qual o Poder Público competente outorga a terceiros a

faculdade de explorar em nome da União, por conta própria e por tempo

determinado, serviços de telecomunicações.

Concessão

Ato administrativo de natureza contratual pelo qual o Poder Público competente

outorga a terceiros a faculdade de explorar, em nome da União, por tempo

determinado e por conta própria, serviços públicos de telecomunicações,

serviços de radiodifusão sonora de caráter nacional ou regional, serviços de

radiodifusão de sons e imagens e serviços especiais de teledifusão por onda

radioelétrica.

Permissão

Ato administrativo pelo qual o Poder Público competente outorga a terceiros a

faculdade de explorar em nome da União, por conta própria, os serviços

público-restrito, limitado interior, de radioamador, especial e de radiodifusão

sonora de caráter local.

Fonte: Mapeamento TV Aberta, ANCINE, 2010, adaptado pelo autor para esta dissertação.

2.2.5. Cadeia de valor da TV aberta

Segundo a ANCINE (2010), a cadeia de valor da TV aberta pode ser

analisada a partir de três processos sequenciais: a produção de conteúdo, a

programação e a sua distribuição. Os atores que formam as redes de TV também

participam da produção, da programação e da entrega do conteúdo audiovisual aos

consumidores finais, os telespectadores. As emissoras são, geralmente,

organizadas em redes nacionais formadas por uma cabeça de rede, que desenvolve

Page 32: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

32

a sua grade de programação, e por um conjunto de emissoras afiliadas que

retransmitem parte ou a totalidade da grade televisiva.

Figura 2 – Cadeia de Valor TV aberta Fonte: Ancine - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações - CPqD – Estudo de Juliano C. Dall’Antonia – maio 2005. Acesso em 07/2013.

A) Produção

Em relação a fase de produção, alguns atores são importantes e

fundamentais para o desenvolvimento dos conteúdos. Entre eles: os núcleos de

produção das redes centrais de televisão, as produtoras independentes, assim como

também as produtoras internacionais. “Entre os integrantes destas equipes,

destacam-se: roteiristas, finalizadores, estúdios de dublagem, agências de

publicidade, entre outros, que atuam nessa etapa, geralmente assumindo papéis

associados a um dos atores principais”. (MAPEAMENTO TV PAGA, 2010, p.21)

De acordo com a ANCINE (2010), no caso do Brasil, a TV Globo é a

emissora líder em audiência nacional e possui desde 1995 o maior núcleo televisivo

da America Latina. A Central Globo de Produções foi construída na cidade do Rio de

Page 33: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

33

Janeiro e conhecida como Projac10, contém cerca de dez estúdios de gravação,

além de cidades cenográficas para o desenvolvimento de novelas, miniséries, filmes

e reality shows. O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) construiu o seu centro de

televisão, o CDT11, na cidade de Osasco, região metropolitana de São Paulo. Ao ser

inaugurado, o complexo configurava como o segundo maior centro de produções

artísticas televisivas brasileiras, porém, em março de 2005, a Rede Record criou o

seu núcleo também no Rio de Janeiro, conhecido com RecNov12, que é maior em

relação ao estúdio do SBT e tornou-se, atualmente, o segundo maior centro de

produções nacionais de entretenimento televisivo.

B) Programação

As programadoras realizam atividades referentes as etapas de

armazenamento e organização em suas grades de programação. Na organização

dos espaços ocorrem as inserções dos comerciais, a maior fonte de receitas das

redes abertas brasileiras. O principal valor dessa cadeia é a audiência, logo, as

emissoras elaboram suas grades de programação com o objetivo de atingir o maior

número de pessoas. Assim, obtêm um preço de anúncio mais valorizado. O modelo

de precificação dos horários comerciais é o índice que mede o custo por milhares de

domicílios atingidos por um anúncio, nas diferentes mídias, para determinar o valor

de meio-minuto de anúncio de acordo com a faixa horária. (ANCINE, 2010)

A TV Globo é a emissora que possui a grade de programação mais

sólida de todas as televisões brasileiras e vem sendo copiada pelas emissoras

Record e SBT, as suas principais concorrentes. O mapeamento revela que novela

das seis, das sete, jornal nacional, novela das nove, seriados e filmes no final da

noite e programas de auditório nos finais de semana têm sido o carro chefe deste

modelo de programação. A grade de programação ajuda o telespectador a ter uma

atitude mais passiva. No entanto, após a criação do controle remoto, o

desenvolvimento das velocidades da internet e dos avanços tecnológicos, este

comportamento vem se enfraquecendo, sendo hoje o telespectador chamado por

alguns atores como interagente, pois ele direta ou indiretamente tem a possibilidade

10 Nota do autor: Projac é abreviatura de Projeto Jacarepaguá, sede da Central Globo de Produções. 11 Nota do autor: CDT é abreviatura de Centro de Televisão, sede do SBT. 12 Nota do autor: RecNov é abreviatura de Record Novelas, sede da Record.

Page 34: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

34

de interagir com esta programação, especialmente após o advento da TV Digital.

(ANCINE, 2010)

C) Distribuição

Por conta da necessidade em alcançar grandes números de audiência,

a restrição da disponibilidade de espectro magnético e a ausência do impedimento

legal fizeram com que as redes investissem no desenvolvimento de estações

afiliadas, a fim de obter inserção comercial em todo mercado de TV, em instâncias

locais e regionais. De acordo com a ANCINE (2010), essas afiliadas basicamente

oferecem audiência às emissoras em troca de programação, gerando assim mais

audiência e anúncios para ambas. Na prática, isso faz com que a maior parte das

geradoras se comporte como meras retransmissoras, embora legalmente não

sejam. As tais redes se associam convenientemente se abstendo de gerar seu

próprio conteúdo ou ainda de promover espaço para produções regionais

independentes. Esta é a relação fundamental que define o mercado, no entanto,

nem a ANATEL, nem o MINICOM possuem o mapeamento atualizado dessas redes.

Segundo a Agência Nacional de Cinema (2010), a formação das redes

nacionais de televisão requer pensar em dois planos: o comercial e o político. A

soma destes dois fatores afeta tanto a distribuição geográfica das autorizações de

serviço de Retransmissão de Televisão (RTV) outorgadas para prefeituras, como a

opção dos governos locais por servir uma ou outra emissora. Na prática, as

prefeituras municipais de Norte a Sul do país dão suporte à formação das redes

nacionais de televisão, ou seja, a infraestrutura pública acaba favorecendo os

interesses dos negócios privados. Ao interiorizarem as programações das

emissoras, as RTVs ampliam a audiência das redes e lhes dão caráter, ao mesmo

tempo, nacional e local. No setor privado estes são fortes valores a serem

agregados ao preço dos espaços publicitários.

No entanto, para a ANCINE (2010), há um limite claro no interesse das

emissoras em bancarem a montagem e manutenção das RTVs: pequenos

municípios, com economias frágeis, ficam de fora dos planos das redes. Este limite é

imposto pela forma como as grandes redes nacionais se organizam: cabeças de

rede gerando programações nacionais e geradoras regionais afiliadas que inserem

Page 35: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

35

algumas poucas horas de programas e publicidade locais. As RTVs estão, na

maioria das vezes, ligadas as geradoras regionais. Para as cabeças de rede, que

negociam os grandes contratos publicitários de cobertura nacional, parece bom

negócio aumentar sua área de cobertura. Já para estas emissoras regionais não há

muita vantagem em gastar com antena, transmissor e manutenção em localidades

que não tenham anunciantes de interesse regional.

2.3. TV por assinatura

Neste projeto de pesquisa será adotada a definição de TV por

assinatura da ANCINE, como forma de delimitar o objeto de estudo.

(...) Conjunto de atividades encadeadas, realizadas por um ou vários agentes econômicos, necessárias à prestação dos serviços de oferta de múltiplos canais de programação cada qual com grades horárias específicas por difusão linear, com linha editorial própria, com qualidade de serviço garantida por rede dedicada, ofertados ao consumidor final de forma onerosa, para fruição em aparelhos de recepção audiovisual fixo. (MAPEAMENTO TV PAGA, 2010, p. 4)

TV por assinatura é um serviço que oferece a recepção de conteúdos

específicos, normalmente determinado pela contratação de seleções de canais pré-

definidos, por meio de assinatura mensal. São os chamados serviços de

transmissão de som e imagem codificados, que são os sinais enviados por

microondas, radiofreqüência ou feixes de luz, convertidos por receptores eletrônicos

que possibilitam a apresentação dos conteúdos contratados. É uma prestação de

serviço que tem pouco mais de 20 anos no Brasil e disponibiliza uma grande

diversidade de canais, significativamente maior, quando comparado à TV aberta,

conforme consta nos documentos disponibilizados pela ANCINE (2010).

Segundo o levantamento da Mídia Fatos (2013), a TV por assinatura

segue em rápido crescimento no país, atraindo cada vez mais assinantes, assim

como investimentos de empresas anunciantes de todos os portes, setores e regiões

do país. O presidente da ABTA, Oscar Vicente Simões de Oliveira, argumenta que

“(...) são vertiginosas as perspectivas tecnológicas que se descortinam para a TV

Page 36: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

36

por assinatura. Cada vez mais, os telespectadores podem escolher o que querem

ver, onde, quando e como.” (OLIVEIRA, 2013, p.6)

Por conta desta conjuntura e dos próximos desafios, ainda existe um

grande espaço para a TV por assinatura continuar crescendo em ritmo acelerado no

Brasil, assim como temos acompanhado acontecer nos últimos 20 anos. Hoje o

mercado se aproxima de 20 milhões de domicílios, onde o faturamento publicitário

alcançou o valor de R$ 1,4 bilhão em 2012, e, neste momento, está surgindo no

horizonte a marca de 30 milhões de assinantes já para 2015. (MÍDIA DADOS, 2013)

Oliveira (2013), enfatiza que, por conta da forte expansão do setor junto as classes

emergentes, este plano de crescimento acelerado nos próximos anos torna concreta

a perspectiva de realização de um crescimento vertiginoso de assinantes. Conforme

um levantamento realizado pela Research Digital TV13, os dados contabilizam um

total de 772 milhões de domicílios com TV por assinatura no mundo ao final de

2012. O Brasil encerrou o ano como o sétimo maior mercado do mundo, com mais

de 16,2 milhões de residências com TV por assinatura.

O fato é que a TV por assinatura antecipa tendências, multiplica a

pluralidade de toda a sociedade, bem como influencia os demais meios, inclusive a

TV aberta. Os consumidores emergentes são, agora, parte importante da audiência

dos canais por assinatura. O meio vem construindo uma relação sólida, inspirada

das novas tendências e linguagens, baseado no entretenimento e na troca de

informações, que reescreve, neste momento, a história do consumo e impulsiona a

economia brasileira. Eles têm nos canais por assinatura um dos seus mais fortes

desejos, sendo atraídos pela multiplicidade dos pacotes e qualidade de recepção e

de conteúdo dos canais.

Os serviços de internet banda larga e telefonia são fortes

impulsionadores do setor, embora em muitas regiões do país este serviço seja

oferecido de forma precária ou ainda fazendo uso de linha discada de baixa potência

de transmissão. Conforme os dados da ANATEL, já são aproximadamente 6 milhões

de famílias que acessam a internet a partir dos serviços de operadoras de TV por

assinatura. Em março de 2012, 5.565 municípios recebiam sinal de TV por

assinatura no Brasil pela tecnologia Direct to Home (DTH).

13 Disponível em: <www.teletime.com.br/09/07/2013/brasil-encerrou-2012-como-7-mai.aspx>. Acesso em 07/2013.

Page 37: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

37

2.3.1. Tecnologias de Transmissão

Segundo a ANATEL14, o serviço de TV no Brasil se dá através de

quatro diferentes tecnologias de transmissão: TVC, MMDS, DTH e TVA.

A) TVC

“(...) TV a cabo consiste na distribuição de sinais mediante transporte

por meios físicos. É o termo utilizado para as operadoras que retransmitem os sinais

através de fibra óptica e cabos coaxiais.” (ANATEL, 2013)

Figura 3 - Sistema de TVC Fonte: <www.anatel.gov.br/Portal/document1>. Acesso em 04/2013.

B) MMDS

“(...) Multipoint Multichannel Distribuition System utiliza a faixa de

microondas para transmitir sinais recebidos em pontos determinados dentro da área

de prestação do serviço. As operadoras retransmitem o sinal utilizando antenas de

radiofrequência nas faixas entre 250 a 2680 MHz.” (ANATEL, 2013)

14 Disponível em: <www.anatel.gov.br>. Acesso em 04/2013.

Page 38: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

38

Figura 4 – Sistema de MMDS Fonte: <www.anatel.gov.br/Portal/document2>. Acesso em 04/2013

C) DTH

“(...) Direct to Home corresponde a distribuição de sinais Satélite por

antenas parabólicas divididas pelas Bandas C e Ku.” (ANATEL, 2013)

Figura 5 – Sistema de DTH Fonte: <www.anatel.gov.br/Portal/document3>. Acesso em 04/2013.

Page 39: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

39

D) TVA

“(...) Serviço Especial de Televisão por Assinatura distribui sinal

codificado mediante utilização de canais do espectro radioelétrico.” (ANATEL, 2013)

Figura 6 – Sistema de TVA Fonte: <www.anatel.gov.br/Portal/document4>. Acesso em 04/2013.

De acordo com a ANCINE (2010), estas modalidades de prestação de

serviços de telecomunicações possuem características normativas distintas que as

diferenciam em suas naturezas, direitos e obrigações.

2.3.2. Marco Regulatório

Conforme a Agência Nacional de Cinema, os Serviços de MMDS e

DTH foram criados, respectivamente, pelas Portarias nº 254 e nº 321 do Ministério

das Comunicações e se caracterizam por serem serviços especiais de

telecomunicações, conforme regulamentado no Decreto nº 2.196 de 8 de abril de

1997. Ainda de acordo com a reguladora, “os serviços são outorgados mediante

permissão à empresa constituída segundo as leis brasileiras, com sede e

administração no país, sem limitação a participação do capital estrangeiro, pelo

prazo de dez ou quinze anos” (ANCINE, 2010, p.5). O serviço de TVA se caracteriza

por ser um Serviço Especial de Televisão por Assinatura, que foi regulamentado

pelo Decreto nº 95.744, em 23 de fevereiro de 1988, e é outorgado mediante uma

Page 40: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

40

concessão de quinze anos à entidades públicas e empresas privadas, sendo elas

com capital 100% brasileiro.

Quadro 02 - Marco Legal de TV por assinatura

TV a cabo MMDS DTH TVA

Decreto nº 95.815

de 10/03/1988

CBT - Lei nº 4.117 de 27/08/1962

LGT - Lei nº 9.742 de 16/07/1997

Lei nº 8.977 de

06/01/1995Decreto nº 2.196 de 08/04/1997

Decreto nº 2.206 de

18/04/1997

Portaria nº 256 de

18/04/1997

Portaria nº 254 de

16/04/1997Portaria nº 321 de

21/05/1997

Portaria nº 399 de 18/08/1997

Decreto nº 95.744

de 23/02/88

Fonte: Mapeamento TV paga, ANCINE, 2010. Acesso em 05/2013.

Para a ANCINE, “(...) diferentemente dos demais serviços de TV paga

que oferecem ao assinante pacotes de múltiplos canais de programação, o serviço

de TVA ocupa apenas um único canal do espectro radioelétrico, sendo permitida

ainda a utilização parcial sem codificação durante 45% do tempo diário” (ANCINE,

2010, p.6). Podemos verificar no quadro 3, de acordo com cada tecnologia, as

características por tipo de outorga de cada modelo da TV por assinatura brasileira:

Quadro 3 – Características Normativas

TV a cabo MMDS DTH TVA

regime de prestação de serviço

tipo de outorga concessão permissão permissão concessão

prazo da outorga 15 anos 10 ou 15 anos 15 anos 15 anos

participação de capital estrangeiro 49% 100% 100% 0%

"must-carry" sim não não não

privado

Fonte: Mapeamento TV paga, ANCINE, 2010. Acesso em 05/2013.

Page 41: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

41

2.3.3. Lei de Serviço Condicionado

Na atual configuração do mercado de TV por assinatura brasileira,

observamos alterações após a aprovação da Lei nº12.485 (SeAC), em 4 de agosto

de 2011, que acabou definindo o marco legal na atuação das concessionárias de

telefonia fixa. De acordo com o site15 da ANCINE:

(...) a Lei 12.485 foi regulamentada em 4 de junho pelas Instruções Normativas 100 e 101 da ANCINE. Todas as regras que as duas INs estabeleceram passam a vigorar a partir de 2 de setembro, garantindo a presença de mais conteúdos nacionais e independentes nos canais de TV por assinatura, a diversificação da produção e a articulação das empresas brasileiras que atuam nos vários elos cadeia produtiva do setor. (ANCINE, 2012)

De acordo com a ANCINE, a lei destrava a concorrência no setor

permitindo que as concessionárias de telefonia também utilizem suas redes para

fornecer serviços de TV por assinatura. Este movimento faz com que mais

brasileiros tenham acesso aos serviços de TV por assinatura e demais serviços

tecnológicos, como banda larga e telefonia, por um preço cada vez menor.

A Lei nº 12.485 (SeAC) que foi aprovada no Congresso Nacional em

agosto de 2011, e sancionada em setembro do mesmo ano, tem como objetivo

aumentar a produção e a circulação de conteúdo audiovisual brasileiro na grade das

programadoras. Isto possibilitará a diversificação, a geração de empregos, o

profissionalismo e o fortalecimento da cultura nacional.

Segundo o site da ANCINE “[...] a Lei é fruto do esforço coletivo do

Governo Federal e dos agentes do mercado, na luta por um novo marco regulatório,

atendendo aos interesses da sociedade.” (2013, Web)

15 Disponível em: <www.ancine.gov.br/sala-imprensa/noticias/nova-lei-da-tv-paga-estimula-concorrencia-e-liberdade-de-escolha>. Acesso em 05/2013.

Page 42: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

42

2.3.4. Lei da TV a Cabo

Segundo a ANCINE (2010), o serviço de TV a cabo, criado em lei

específica e regulamentado por decreto, se caracteriza por ser um serviço de

telecomunicações prestado em regime privado. A sua outorga é mediante uma

concessão determinada por um prazo de 15 anos às pessoas jurídicas de direito

privado que obedeçam, entre outras obrigações, o requisito de majoritariedade de

capital nacional em sua composição de capital social votante.

Lei do Cabo - 8.977, 1995:

Art.7. A concessão para o serviço de TV a Cabo será dada exclusivamente à pessoa jurídica de direito privado que tenha como atividade principal a prestação deste serviço e que tenha:

I – sede no Brasil; II – pelo menos cinquenta e um por cento do capital social, com direito a voto, pertencente a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos ou a sociedade sediada no País, cujo controle pertença a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.

Art.15. As concessionárias de telecomunicações somente serão autorizadas a operar serviço de TV a Cabo na hipótese de desinteresse manifesto de empresas privadas, caracterizado pela ausência de resposta a edital relativo a uma determinada área de prestação de serviço.

Art. 46. Quando não houver demonstração de interesse na prestação do Serviço em determinada área, caracterizada pela ausência de resposta a edital relativo a uma determinada área de prestação do serviço, o Ministério das Comunicações poderá outorgar concessão para exploração do Serviço à concessionária local de telecomunicações.

Parágrafo único. Neste caso, não haverá abertura de novo edital, bastando a manifestação de interesse por parte da concessionária local de telecomunicações. (ANCINE, 2010)

Especificamente em relação ao serviço de TV a cabo, a lei vigente

estabelece algumas condições e restrições para a participação das concessionárias

no Serviço de Telefonia Fixa a Cabo (STFC):

Page 43: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

43

Cláusula 14.1 - Contrato de Concessão STFC:

A Concessionária poderá obter outras fontes alternativas de receitas, desde que isso não implique o descumprimento das disposições e normas constantes do Regulamento dos Serviços de Telecomunicações e das demais normas editadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

§ 1º Ressalvadas as hipóteses previstas em lei específica, concessão ou autorização de Serviço de TV a Cabo, na mesma área referida na cláusula 2.1, não será outorgada nem transferida pela Anatel à Concessionária, suas coligadas, controladas ou controladoras, até que seja expressamente revogada tal vedação. (ANCINE, 2010)

Outra regra existente neste serviço, conhecida informalmente como

must carry, é a distribuição obrigatória dos sinais das emissoras locais de

radiodifusão, conforme o artigo define:

Art. 23. A operadora de TV a cabo, na sua área de prestação do serviço, deverá tornar disponíveis canais para as seguintes destinações:

I - CANAIS BÁSICOS DE UTILIZAÇÃO GRATUITA: a) Canais destinados à distribuição obrigatória, integral e simultânea, sem inserção de qualquer informação, da programação das emissoras geradoras locais de radiodifusão de sons e imagens, em VHF ou UHF, abertos e não codificados, cujo sinal alcance a área do serviço de TV a Cabo e apresente nível técnico adequado, conforme padrões estabelecidos pelo Poder Executivo. (Lei 8.977, 1995)

Porém, após o processo de digitalização dos sinais transmitidos pelas

emissoras abertas, elas negociarão suas permanências junto às operadoras de TV

por assinatura. Em breve a participação da Globo, da Record, do SBT e de outras

emissoras/programadoras nacionais serão comercializadas nos line-ups das

operadoras de TV paga.

Page 44: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

44

2.3.5. Cadeia de Valor da TV por Assinatura

A cadeia de valor para o mercado de TV por assinatura pode ser

analisada através de um ciclo de atividades definidas da seguinte forma: Produção,

Agenciamento, Programação, Empacotamento e Distribuição. Etapas que os

conteúdos audiovisuais percorrem da criação até a recepção dos consumidores. O

agenciamento, por se tratar da comercialização dos direitos sobre os conteúdos

produzidos e estar diretamente ligado às empresas que produzem os conteúdos,

não será abordado neste momento.

Figura 7 – Cadeia de Valor TV por assinatura Fonte: Mapeamento TV paga, ANCINE, 2010. Acesso em 06/2013.

A) Produção

Os principais produtores de conteúdo e programação para a TV por

assinatura são os grandes estúdios e redes de televisão dos EUA, onde,

normalmente, também realizam a gestão e a comercialização. A competitividade de

seus produtos e a sua força industrial não se devem apenas ao investimento

intensivo em pesquisa e desenvolvimento dos fatores produtivos, como tecnologia,

criação e talentos, mas por sua estratégia de integração vertical, com atuação em

toda a cadeia de valor, aos modelos de negócios e as formas de comercialização

dos serviços.

Além do baixo preço relativo aos seus produtos, resultado das

economias de escala geradas por uma rede de distribuição capilarizada que opera

em nível global, os agentes econômicos responsáveis pelas atividades de

comercialização de direitos de obras audiovisuais e os responsáveis pela confecção

Page 45: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

45

dos canais de televisão, em muitos casos empresas de um mesmo grupo, parecem

firmar entre si contratos ou acordos de preferência e exclusividade no fornecimento

de programação. Estes mecanismos de aproveitamento de conteúdo são vantajosos

para todas as partes envolvidas, pois reduzem os custos das transações e garantem

a viabilidade do negócio para ambas as empresas. Ao mesmo tempo, geram efeitos

negativos para o mercado, pois induzem à concentração ao dificultar a

comercialização de conteúdos de empresas fora do acordo, normalmente as

pequenas programadoras independentes. (ANCINE, 2010)

No Brasil, após a recente aprovação de estímulos aos produtores

independentes, os modelos de negócios que as operadoras trabalham estão sendo

repensados. De agora em diante, os canais deverão possuir em suas grades de

programação conteúdos criados e desenvolvidos no mercado nacional, o que

impulsionará toda a cadeia de valor para os produtores. Conforme aponta a ANCINE

(2010), a Lei nº 12.485 veio movimentar este ambiente, pois, entre outras

determinações, impõe cotas para a inserção de conteúdo gerado por produtores

independentes brasileiros mesmo em canais com perfil maduro e já bem difundido.

B) Programação

Em contraposição ao modelo horizontal e genérico de programação da

tradicional TV aberta, a programação da TV por assinatura segmenta-se por divisões

temáticas, tipos de conteúdo e nicho de mercado, em diferentes canais de exibição.

A variedade, a especialização e a qualidade deste universo televisivo diferenciam a

classificação de seus respectivos canais. Alguns canais não se definem em função

da temática abordada por sua programação, é o caso dos canais de agronegócio,

cidadania, educativos, eróticos, meteorológicos ou musicais, mas em função do

formato do conteúdo que veiculam, ou seja, longa-metragem, obra seriada,

programa jornalístico, transmissão de evento esportivo, transmissão de evento não

esportivo ou vídeomusical. (ANCINE, 2010)

Page 46: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

46

Outros canais se identificam em função do tipo de audiência (infantil,

étnico) de sua programação16. Apesar da multiplicidade de gêneros e formatos

televisivos desta modalidade de serviço audiovisual, os principais atrativos da TV

paga para o consumidor, de forma geral no mundo inteiro, são as programações de

eventos esportivos e obras não seriadas de ficção, documentário e animação. Ao

lado dos mais importantes campeonatos e competições nacionais e mundiais, o

vasto catálogo de obras não seriadas de ficção, documentário e animação, inéditos

e não inéditos, é para a maior parte dos assinantes o principal diferencial deste

segmento audiovisual. (ANCINE, 2010)

Em 2013, dentre os dez canais com maior audiência na TV paga, os

quatro primeiros são os canais abertos: Globo, Record, SBT e Band, seguido por

três canais infanto-juvenil: Discovery Kids, Cartoon Networking, Disney Channel,

seguidos pelos canais de filmes e séries: Fox e TNT. Por último encontra-se um de

esporte: Sportv, como demonstra a pesquisa Ibope publicada em fevereiro deste

ano17. De acordo com a Revista Mídia Fatos18, ter mais canais de televisão é o

principal motivo para que os telespectadores possuam TV por assinatura, com 60%

dos votos; seguido por melhor recepção, com 50%; entretenimento e informação,

com 28%; programação de filmes e séries, com 26%; além de estar em dia com as

últimas tecnologias, com 20%; e ter programas de esportes, com 18%. (MIDIA

FATOS, 2013)

De acordo com a ANCINE (2010), no Brasil atuam grupos de empresas

programadoras que diretamente, ou através de suas representantes no país,

oferecem canais comerciais para veiculação nos serviços de TV por assinatura. Com

exceção da Globosat Programadora Ltda., uma empresa das organizações Globo

S/A, e algumas outras pequenas programadoras nacionais, todas as demais

empresas pertencem a grandes grupos internacionais de mídia e conteúdo que

atuam verticalmente em diversos segmentos da cadeia de valor. A ANCINE (2010)

destaca ainda que a estratégia empresarial desses grupos, principalmente sob a

ótica dos distribuidores e programadores de televisão estrangeiros, é pensada para

o mercado mundial, sendo o mercado brasileiro apenas mais uma de suas partes,

16 Nota do autor: A relação dos canais de TV paga comercializados no Brasil pode ser obtida em: Converge Comunicações, Anuário de Mídias Digitais. São Paulo, 2013; e ABTA. Revista Mídia Fatos, São Paulo, 2013. Disponível em: <www.midiafatos.com.br/index. aspx>. Acesso em 06/2013. 17 Fonte: Pesquisa Ibope Fevereiro, ANATEL, 2013. 18 Fonte: ABTA – Revista Mídia Fatos, 2013.

Page 47: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

47

obviamente com suas especificidades econômicas, políticas e sociais que são

adequados ao contexto global.

Na programação da TV por assinatura, em território brasileiro, destaca-

se a atuação do maior grupo de mídia nacional, as organizações Globo S/A. Por

meio de associações com alguns grupos internacionais, juntamente com o respaldo

de sua emissora de TV aberta, a Globosat explora alguns dos principais canais da

TV por assinatura. Entre eles, a rede Telecine com seis canais de exibição: Telecine

Premium, Telecine Action, Telecine Touch, Telecine Fun, Telecine Pipoca e Telecine

Cult19; e o SporTV com três canais de exibição: SporTV, SporTV2, SporTV320.

A estratégia de atuação do grupo Globo no segmento de TV por

assinatura, com o suposto aprisionamento dos consumidores a partir de canais

exclusivos, foi questionada no âmbito de Conselho Administrativo de Direito

Econômico (CADE) como prejudicial à livre concorrência e à livre iniciativa pela

associação Neo TV21. A reclamante alegava que, em função do poder econômico da

Globosat, eles estariam restringindo o canal SporTV - que exibe os principais

eventos esportivos do país - às operadoras vinculadas a seu grupo empresarial:

NET e SKY.

Este controle de conteúdo essencial é um diferencial para o mercado e

estaria impossibilitando a competição entre as operadoras, o que traria prejuízo aos

consumidores. O processo originou em um Termo de Compromisso de Cessação

(TCC), celebrado entre o conselho e a Globosat, que permitiu às operadoras

concorrentes do sistema NET Brasil adquirirem estes canais que antes estavam

reservados apenas para as afiliadas da Globosat, sejam elas empresas próprias ou

franqueadas, além da SKY.

A Neo TV é uma associação de operadores de TV por assinatura que

possui como atividade a negociação de condições mais vantajosas na compra de

programação para seus membros. Atualmente, a associação Neo TV representa 133

Associados22 de TV por assinatura e Internet banda larga, atuando em mais de 458

cidades. As operações associadas à Neo TV estão presentes em 19 dos 27 Estados

brasileiros. Além do foco principal em negociação de programação, também atua na

elaboração de grade de programação (line ups), confecção de contratos, suporte

19 Disponível em: <www.telecine.globo.com>. Acesso em 07/2013. 20 Disponível em: <www.sportv.globo.com/site>. Acesso em 07/2013. 21 Nota do autor: Uma entidade que representa os pequenos operadores de TV paga no país. 22 Disponível em: <www.neotv.com.br/?pag=pagina&cod=2>. Acesso em 07/2013.

Page 48: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

48

informacional (fazendo a ponte entre o programador e o associado), suporte na área

financeira (relativo a reporte de assinantes) e atualmente vem alterando seu foco

para a representação institucional de seus associados. Recentemente os maiores

operadores da associação, a TVA/Telefônica e a OiTv, passaram a negociar a

programação de forma independente. (NEOTV, 2013, Web)

C) Empacotamento

A atividade de empacotamento consiste na organização, em última

instância, de canais de programação a serem distribuídos para o assinante. No atual

modelo de negócios do mercado, a atividade é desempenhada pelas próprias

operadoras. De acordo com a ANCINE (2010), o único agente exclusivamente

dedicado a esta atividade no Brasil é a empresa NET Brasil, do grupo Globo, que

atua como intermediária na comercialização de canais para operadoras vinculadas

ao seu modelo de empacotamento e na venda dos canais Globosat para outras

operadoras. Para Oliveira (2013), no Brasil existem atualmente 220 canais23 de

programação de âmbito nacional ou regional sendo transmitidos por meio dos

serviços de TV por assinatura. Esses canais são ofertados ao assinante de forma

estratificada, agrupados por pacotes de programação. Apesar da variação existente

nas estratégias de venda dos operadores, o empacotamento dos canais praticado

pelo mercado segue uma lógica comum em função de três fatores principais: a

quantidade de canais do pacote, o custo de aquisição dos canais e o poder de

mercado da operadora-cliente.

Ao examinar os pacotes das principais operadoras do país é possível

identificar o modelo de negócios tradicional de empacotamento uma escala

crescente com quatro faixas distintas de pacotes em função de preço, quantidade e

qualidade da programação. Pela nomenclatura usual são classificados em seleções:

Básica, Intermediária, Premium e Completa. As seleções Básicas compreendem os

pacotes mais em conta de cada operadora e oferecem uma quantidade menor de

canais. Com um perfil mais genérico, são pacotes que normalmente contêm canais

abertos, canais públicos e pelo menos um canal de cada gênero: infantil, jornalismo,

variedades, filmes e etc. (MÍDIA FATOS, 2013, p.6)

23 Fonte: Revista Mídia Fatos, 2013.

Page 49: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

49

As seleções Intermediárias têm uma quantidade maior de canais e

possuem pelo menos um canal básico de obra não seriada de ficção, documentário

ou animação (de obras não inéditas), sem nenhum canal Premium de obra não

seriada de ficção, documentário ou animação (canais de estreia). Uma faixa de

canais que se encontram os perfis mais variados. Os tipos mais comuns são os

pacotes: Família, com diversos canais infantis e os principais canais esportivos;

Notícia/Informação, com os principais canais jornalísticos e de atualidades;

Estilo/Variedades, com canais de shows, música, estilo de vida e variedades; e

Filmes, com os principais canais básicos de obras não seriadas de ficção,

documentário ou animação. As seleções Premium, contêm os canais com obras não

seriadas de ficção, documentário ou animação na relação de canais oferecida ao

assinante. Canais que veiculam os lançamentos do cinema na TV por assinatura.

Estes pacotes, porém custam mais caro devido a quantidade de conteúdo nobre que

carregam. As seleções Completas correspondem aos pacotes máximos de cada

operadora, contendo todos os canais disponíveis por um preço maior.

D) Distribuição

As Operadoras são as empresas responsáveis pela distribuição do

sinal que o telespectador recebe em seu televisor. Estas empresas captam os sinais

contratados junto as programadoras em forma de arquivos, processando-os e os

retransmitindo. O assinante recebe os conteúdos através do cabo, do satélite, de

microondas ou frequências radioelétricas. Conforme a ANATEL, são 164 operadoras

do serviço de TV por assinatura existente no Brasil, organizadas em 84 grupos

econômicos24, reunidas em conjuntos de multioperadoras - Multi System Operator

(MSO).

Entre as quatro tecnologias de transmissão de sinais, apenas três

atuam no segmento de TV por assinatura. E, conforme o gráfico abaixo apresenta, a

tecnologia de distribuição a cabo detém a maior parte dos assinantes:

24 Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações, ANATEL, 2010.

Page 50: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

50

Figura 8 – Gráfico de participação por tecnologia

2.3.6. Cenário da TV por assinatura

Após um período de estagnação, no início da década, o mercado vem

expandindo significativamente e este movimento é explicado principalmente pelo

crescimento da internet banda larga e pela entrada de novas empresas no segmento

de telefonia. O número de assinantes registrou aumentos significativos em relação

aos anos anteriores. Conforme a Mídia Fatos (2013), a tendência de crescimento da

TV por assinatura no país, que é observada desde 2004, mantém-se acelerada.

Contabilizando o período entre 2004 e 2013, o meio expandiu mais de 300% a sua

base de assinantes. Segundo a revista do segmento, os dados apontados

apresentam que, em 2004, existiam 3,8 milhões de domicílios com TV por assinatura

e, ao final de 2012, mais de 16 milhões de domicílios já usufruíam do meio.

Page 51: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

51

Figura 9 – Gráfico de assinantes da TV por assinatura

Conforme o gráfico da base de assinantes da TV por assinatura,

percebe-se o crescimento significativo deste segmento nos últimos anos.

Especificamente nos anos de 2011 e 2012, constata-se um crescimento ainda maior

em relação aos anos anteriores. Com este movimento de aceleração, o faturamento

do segmento vem crescendo vertiginosamente, chegando a ultrapassar os valores

da TV aberta. O faturamento total do segmento, somando receitas das assinaturas,

de serviços adicionais e de inserções publicitárias, até o terceiro trimestre de 2012,

foi de R$ 17,4 bilhões da TV por assinatura, contra R$ 14,1 bilhões da TV aberta.

Observa-se no gráfico que o crescimento no faturamento de 2011 é

significativamente maior em relação ao ano anterior. Com todas as alterações que

vêm ocorrendo no segmento audiovisual, essa é uma forte tendência para os

próximos anos, conforme veremos em outros dados, disponibilizados a seguir.

Page 52: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

52

Figura 10 – Gráfico de faturamento da TV por assinatura

Vale ressaltar que o faturamento da TV por assinatura cresceu

vertiginosamente entre os anos de 2011 e 2013 e este movimento se deve aos

aspectos econômicos e culturais que o segmento das telecomunicações vem

despertando nas classes brasileiras emergentes.

Page 53: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

53

2.4. Vídeo Doméstico

Como este assunto é parte integrante e fundamental para a pesquisa, o

projeto adotou a definição de vídeo doméstico da ANCINE, como forma de delimitar

o objeto de estudo:

(...) O segmento de mercado de vídeo doméstico representa o conjunto de atividades encadeadas, realizadas por diversos agentes econômicos, necessários para ofertar ao consumidor final, a título oneroso, obras audiovisuais em qualquer suporte de mídia pré-gravada. (MAPEAMENTO VIDEO DOMESTICO, 2010, p.4).

De acordo com a ANCINE (2010), em relação a oferta ao consumidor

final sobre a comercialização de conteúdo audiovisual por meio de uma mídia física;

seja qual for o suporte, desde o tradicional VHS25, até o DVD26 ou o Bluray27, este

segmento se divide em duas modalidades:

a) Locação - Serviço que disponibiliza um conjunto de obras audiovisuais em

qualquer suporte de mídia pré-gravada, na forma de catálogo, para fruição pelo

consumidor final em caráter temporário.

b) Venda – Comércio de obras audiovisuais em qualquer suporte de mídia pré-

grada para o consumidor final.

2.4.1. Marco Regulatório

Em 2001, a Medida Provisória nº 2.228-1 que criou a ANCINE trouxe

uma série de referências ao segmento de mercado de vídeo doméstico. A iniciativa

definiu alguns pontos importantes para o segmento, entre eles:

25 Nota do autor - É a sigla para Vídeo Home System. Consiste em uma fita magnética de 1/2 polegada de largura acondicionada em uma caixa plástica que contem o mecanismo de tração. Por estar na caixa plástica ela foi chamado genericamente de videocassete. (2013, web) 26 Nota do autor - Abreviação de Digital Video Disc ou Digital Versatile Disc, em português, Disco Digital de Vídeo. Contém informações digitais, tendo maior capacidade de armazenamento que o CD, devido a uma tecnologia óptica superior e padrões melhorados de compressão de dados. (2013, web) 27 Nota do autor - Conhecido por BD (de Blu-ray Disc) é um formato de disco óptico de 12 cm de diâmetro (igual ao CD e ao DVD) para vídeo de alta definição e armazenamento de dados de alta densidade. (2013, web)

Page 54: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

54

Art.1 - do sistema de informações e monitoramento da indústria.

Art. 18 e 19 - da contribuição para o desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional – Condecine.

Art. 33, 36, I, e 39, III - dos incentivos.

Art. 56 - que prevê a fixação anual por decreto de uma cota de obras brasileiras na carteira das distribuidoras de vídeo. (ANCINE, 2010)

De acordo com a ANCINE (2010), diversas Instruções Normativas

regulam este mercado. A obrigatoriedade do registro de empresa é regulamentada

pela IN 91/2010 e das obras não publicitárias regulamentadas pelas IN 25/2004 e IN

26/2004. Em outubro de 2007, a IN 64 criou o Sistema de Acompanhamento de

Distribuição de Vídeo Doméstico (SAVI), regulamentando o formato, a periodicidade

e o modo de envio das informações sobre a comercialização de obras no segmento

de vídeo.

2.4.2. Cadeia de Valor do Vídeo Doméstico

A organização do mercado do vídeo doméstico pode ser definida por

três setores dependentes: produtores, distribuidores e exibidores. Esta cadeia

produtiva, como qualquer outro setor industrial ou comercial, requer estruturas para

distribuição e pontos de comercialização para que os produtos cheguem aos

consumidores finais. Os serviços digitais estão transformando as formas de

consumo de crianças, jovens e adultos com uma grande velocidade de tempo. E,

nos últimos anos, vêm ganhando espaço na discussão do audiovisual brasileiro.

Figura 11 – Cadeia de Valor do vídeo doméstico Fonte: Mapeamento Vídeo doméstico, ANCINE, 2010.

Page 55: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

55

De acordo com a ANCINE (2010), neste segmento os distribuidores

são os agentes econômicos responsáveis por disponibilizar as obras aos

estabelecimentos que atuam na ponta da cadeia produtiva. Os estabelecimentos

comercializam o produto audiovisual diretamente para o consumidor final e se

caracterizam de acordo com a modalidade de serviço que prestam; uns vendem

diretamente para o varejo (lojas de departamentos ou lojas especializadas), outros

para os serviços de locação (videolocadoras). Os distribuidores adotam estratégias

comerciais no intuito de maximizar suas rentabilidades dentro da cadeia produtiva.

Atualmente, modelo de negócio é baseado nas janelas de exibição,

sendo o vídeo doméstico tradicionalmente a segunda etapa da janela construída.

Em geral, elas se aproveitam do desempenho das obras de longa-metragem no

circuito comercial das salas de exibição (cinema). Em seguida, determinam a

estratégia de lançamento na segunda janela. O intervalo de lançamento entre

janelas é o número de dias compreendido entre a estreia de uma obra no cinema e o

seu lançamento comercial em vídeo. Conforme a ANCINE (2010) aponta, em 2009,

320 filmes de longa-metragem estrearam nas salas de exibição do país. Desses,

foram identificadas 224 obras com datas de lançamento em vídeo na modalidade

serviços de locação. O intervalo médio dessas 224 obras foi de 120 dias. Este

resultado confirmou uma trajetória descendente no intervalo médio que vem

ocorrendo desde 200428.

Por conta da alta competividade para agendar filmes nas salas de

cinema e a crescente segmentação de produto, inúmeras produções

cinematográficas, obras de catálogo, séries e programas de TV, desenhos animados

e outros não seguem esta linearidade. Das 1.012 obras lançadas em 2010, 767

obras - cerca de 76% - são lançadas no vídeo sem passarem pelas salas de

exibição29. Neste sentido, percebe-se o crescimento do volume dos nichos

pornográficos, especiais musicais e religiosos que são comercializados. Todos estes

exemplos compõem parcelas cada vez mais significativas do rendimento do negócio

e também rompem com a lógica tradicional e linear de exibição entre as janelas, ou

seja, da sala de exibição para as demais. Muitas dessas obras são exibidas

28 Fonte: Intervalo entre janelas de salas de exibição e vídeo doméstico – 2009: Coordenação de Cinema e Vídeo (CCV) Superintendência de Acompanhamento de Mercado, ANCINE, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <www.ancine.gov.br/oca/rel_janelasexibicao.htm>. Acesso em 07/2013. 29 Fonte: Mapeamento Vídeo Doméstico, ANCINE, 2010. Disponível em: <www.ancine.gov.br/oca/rel_obraslancadas.htm>. Acesso em 07/2013.

Page 56: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

56

primeiramente na TV aberta e/ou na TV por assinatura, ou são lançadas diretamente

no vídeo doméstico.

A ANCINE (2010) destaca a influência de outros fatores que afetam

diretamente esses negócios e a rentabilidade especificamente desse segmento de

mercado. O principal fator é a reprodução e comercialização não autorizada, seja na

venda de suporte físico, copiada sem licença, no comércio de rua ou então nos

estabelecimentos comerciais, seja na internet, onde os websites disponibilizam

lançamentos que são utilizados para downloads ilegais, assim como também o

compartilhamento e a troca de arquivos privados. Todos esses fatores geram

impactos negativos para o setor, ocasionando redução nos pontos de venda e

aluguel ao consumidor final.

Outro dado relevante é o constante desenvolvimento tecnológico dos

suportes de mídias. Neste sentido destaca-se o Blu-ray que representa novas

oportunidades de negócios e a continuidade deste modelo. No entanto, o Blu-ray

enfrenta o baixo nível de venda e de títulos lançados, além dos altos preços tanto do

hardware (toca-discos ou player) quanto do software (conteúdo dos discos). O

cenário pode ser representado por um complexo fluxo de relações entre agentes

econômicos, públicos e privados, além de organizações da sociedade civil, como

serão observados nas descrições apresentadas na sequência.

A) Distribuidoras

As distribuidoras são empresas detentoras de direitos de

comercialização de obras audiovisuais para o segmento de vídeo doméstico. No

Brasil há cerca de 90 empresas distribuidoras atuando. Dessas, seis são ligadas aos

grandes estúdios de filmes norte americanos, as chamadas majors (Sony, Disney,

Warner, Universal, Fox e Paramount). As demais concorrentes são pequenas e

médias empresas nacionais independentes.

B) Replicadoras

As replicadoras são empresas especializadas em resinas plásticas e

realizam os processos de produção e copia de mídias, encartes e autoração

Page 57: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

57

(elaboração dos menus interativos de acesso ao conteúdo). Atuam também na

logística de distribuição dos produtos para os pontos de venda, não interferindo no

trabalho de marketing e promoção das distribuidoras. As principais empresas que

atuam no mercado são: Videolar, Microservice, Novodisc, Sony, Cooperdisc e

Sonopress que, juntas, detêm a maior parte do mercado brasileiro da replicação dos

suportes físicos (DVD e Bluray), assim como fazem a distribuição, envolvendo

aspectos de transporte e logística. Desta forma, necessariamente, uma ponta do

processo está ligado ao comércio (venda ou aluguel).

C) Locadoras

São as lojas e os pontos de atendimento que oferecem serviços de

locação. No início de 2010, existiam cerca de cinco mil pontos de locação de vídeos

legalizados. A ANCINE (2010) aponta que o negócio das videolocadoras vem

sentindo os impactos da pirataria e das novas possibilidades de consumo. De

acordo com a União Brasileira de Vídeo (UBV), entre 2006 e 2010, o volume total de

locações passou de 8,5 milhões de unidades para 4,6 milhões, representando 46%

de queda, fechando mais de sete mil estabelecimentos.30

Como parte deste processo de sobrevivência no mercado, além da

tradicional videolocadora, esse segmento vem apresentando diferentes estratégias,

tais como: franquias ou grandes redes como, por exemplo, Lojas Americanas;

videolocadoras de conveniência que reúnem mais de um tipo de atividade como

papelaria; loja de conveniência, Lan Houses e videolocadoras virtuais funcionando

por telefone, internet ou máquinas de auto-atendimento.

D) Vendedoras

São os estabelecimentos que oferecem os serviços de venda direta ao

consumidor final. São, em geral, grandes lojas de departamento. No Brasil,

representam mais de 2 mil pontos físicos de venda, como as redes Carrefour, Lojas

Americanas e WalMart. No mercado atuam também lojas virtuais que vendem

30 Fonte: NBO Editora, n°208, novembro 2010.

Page 58: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

58

mídias físicas: Submarino, Livraria Saraiva, Shop Time. Vale destacar que esses três

estabelecimentos anteriormente citados são coligados a um mesmo grupo, Lojas

Americanas. Em 2010, de janeiro a agosto, segundo dados da UBV, o varejo

adquiriu 82% das unidades de cópias vendidas pelas distribuidoras. Neste período, o

serviço de locação ficou responsável pela compra de 2,4 milhões de unidades, já o

varejo ficou responsável por 11 milhões. A atuação dessas empresas influencia a

determinação dos preços e condições de exploração das obras audiovisuais nesse

segmento. A redução dos valores de comercialização no varejo, por exemplo, vem

acirrando a competição com o mercado que oferece o serviço de locação.

Como o poder do consumo hoje em dia está nas mão do consumidor,

ele está personalizando os seus consumos. Por conta do crescimento da internet, as

gerações atuais estão em fase de mudanças consideráveis em relação aos seus

costumes e hábitos. A sociedade como um todo tem realizado tarefas

simultaneamente em seu cotidiano e, por conta disso, um novo espectador vem

sendo criado. Um espectador que não espera mais as informações ou conteúdos

virem apenas pelo fluxo tradicional, a geração das múltiplas tecnologias busca as

suas vontades através de simples gestos.

2.4.3 Vídeo sob Demanda

O vídeo sob demanda pode ser comparado com uma loja eletrônica

para locação de vídeos. Os clientes de TV por assinatura, ou usuários de internet,

selecionam os vídeos disponíveis nas plataformas e os assistem no momento que

desejarem. A diferença é que, com o vídeo sob demanda, a seleção é feita no

conforto de sua casa, com o controle remoto e os vídeos são apresentados

imediatamente. Agora não existe mais a necessidade do consumidor ir até uma

locadora escolher o que deseja assistir, basta ter uma operadora de TV por

assinatura que disponibilize um serviço de vídeo sob demanda. Essa nova realidade

permite que o telespectador customize a sua grade de programação.

“(...) a customização da grade de programação é realizada por meio do formato “vídeo sob demanda”, em que o usuário escolhe um programa a partir de um menu, e este programa, por ter sido uma escolha pessoal, é transmitido da emissora pelo canal de interatividade, e não pelo canal de difusão”. (FERAZ, 2009, p.34)

Page 59: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

59

Considerando o fator tecnológico, o vídeo sob demanda não era

possível até há pouco tempo. Somente com o desenvolvimento nas velocidades de

navegação da internet e grandes investimentos em servidores de dados, as

empresas conseguem entregar serviços dessa natureza. Este é um fator que tem

total relevância quanto a escolha do objeto de estudo, pois trata-se de um serviço

disponibilizado para consumidores de TV por assinatura digital e internet banda

larga. Levando em conta o fato de que o ambiente tecnológico do vídeo sob

demanda para TV é similar ao oferecido na internet, perceber quais as estratégias

no modelo de negócio da empresa investigada é o principal objetivo do trabalho.

Page 60: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

60

CAPÍTULO 3

SERVIÇOS CONVERGENTES

Page 61: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

61

3.1 NET Serviços de Comunicação S.A.

A NET, de acordo com dados disponíveis na web, é a maior empresa

de serviços de telecomunicações e entretenimento via cabo da América Latina e

uma das 10 maiores operadoras de serviço a cabo do mundo. A empresa lidera os

mercados de TV por assinatura e banda larga no Brasil. Além disso, também lidera o

crescimento do mercado de telefonia fixa, sendo a empresa que mais recebe

números portados. Desde sua criação, a NET se destaca pelo perfil inovador,

dinâmico e pioneiro, sempre atenta às melhores oportunidades de mercado,

buscando crescer de forma sustentável e segura. Presente em mais de 140 cidades,

a NET oferece serviços de TV por assinatura, internet banda larga, telefonia fixa e

telefonia móvel de maneira convergente e de uma forma personalizada.

Figura 12 – Logomarca NET Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

3.1.1. A Cronologia do seu Desenvolvimento

Antes de ser esta potência das telecomunicações, como afirmam os

dados da web, a empresa iniciou suas operações em 1991, em Campo Grande

(MS), após a compra de pequenas operadoras de TV e de algumas licenças. Na

época, tinha cerca de 100 assinantes. Entre 1992 e 1993, foram compradas sete

operadoras: seis em São Paulo e uma em Goiás. Cada uma com cerca de 2 mil

assinantes. De acordo com o site da empresa31, em 1997, ela concentrou forças na

aceleração e expansão da rede de cabos. Paralelamente a isso, adquiriu outras

operadoras: NET Belo Horizonte, NET Anápolis e NET Piracicaba. A empresa

aumentou a sua participação na NET Rio tornando-se a maior operadora de sistema

múltiplo de televisão por assinatura (MSO) do Brasil. Na sequência, foram 31

Disponível em: <www.netcombo.com.br/institucional>. Acesso em 12/2013.

Page 62: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

62

incorporados os principais ativos, passivos e operações da Globo Cabo

Participações S.A..

Logo no início do século XXI, a Globo Cabo comprou a Viacom, que

reunia mais de 3 mil estações terrestres de telecomunicação por satélite instaladas

no Brasil. Isso representou um salto para a entrada no mercado de transmissão de

dados, o que lhe permitiu explorar mais as combinações resultantes entre sua

extensa rede urbana de cabos e a nova rede de satélites. Em setembro do mesmo

ano, a NET Sul - segunda maior operadora de serviço a cabo do país - também é

incorporada. A NET Sul contava com 374,1 mil assinantes e 1.125,4 mil domicílios

cabeados. Em 2001, a Globo Cabo assinou o Contrato de Adoção de Práticas

Diferenciadas de Governança Corporativa - Nível 1 com a Bovespa. A empresa

passa a adotar práticas que reduzem possíveis conflitos de interesses entre

acionistas e responsáveis por sua gestão e mantém alto padrão em transparência no

relacionamento com a comunidade financeira. Em 2002, a denominação social da

empresa passa a ser NET Serviços de Comunicação S.A. O objetivo era associar

seu nome à marca pela qual é conhecida entre os clientes. Em seguida, assinou

com a Bovespa o contrato de Práticas Diferenciadas de Governança Corporativa -

Nível 2. A NET torna-se, assim, uma das pioneiras na adoção de práticas mais

rígidas de transparência no relacionamento com o mercado de capitais.

Em 2005, após a empresa completar sua reestruturação financeira e

definir um calendário para amortização de sua dívida compatível, ela consegue

evoluir significativamente. Este passo lhe permitiu crescer independentemente das

condições do mercado de capitais. Neste momento, a NET procurou novas

oportunidades para expansão. A Telmex adquiriu 49% de participação na Globo

Participações, sociedade que conta com a participação de 51% das Organizações

Globo. Com isso, passa a integrar, junto com a Globo Participações, o novo bloco de

controle da NET Serviços. Em 2006, em parceria com a Empresa Brasileira de

Telecomunicações S.A. (Embratel), lança o serviço NET Fone via Embratel que

marca sua entrada no mercado de "Triple Play": oferta conjunta de serviços de

vídeo, dados e voz, transmitidos pelo sinal a cabo.

Page 63: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

63

Figura 13 – Logotipo Triple Play Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2006.

Em 2007, a NET passa a incorporar as operações da Vivax, com isso

cresce a sua participação no mercado e ganha força no interior de São Paulo e Rio

de Janeiro. O ano fecha com 2,475 milhões de clientes (crescimento de 16% em

relação a 2006). Entre 2006 e 2007, o NET Fone via Embratel destaca-se com

aumento de 212% na base. Torna-se a primeira empresa brasileira a abrir o pregão

da Bolsa Eletrônica Nasdaq, em Nova Iorque (EUA), comemorando os 11 anos de

abertura de capital e cinco anos da virada operacional da empresa. Em 2008,

adquire a Big TV e incorpora cerca de 110 mil clientes de TV a cabo, 56 mil de

internet banda larga e uma rede de 3 mil quilômetros de cabos que cobrem 409 mil

domicílios nas cidades de Guarulhos, Valinhos, Botucatu, Jaú, Sertãozinho, Marília

(em São Paulo), Ponta Grossa, Cascavel, Cianorte, Guarapuava (no Paraná),

Maceió (em Alagoas) e João Pessoa (na Paraíba). Em 2009, compra a ESC 90 e

passa a atuar em Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo. Com isso, faz-se presente

em 93 cidades brasileiras, localizadas em 13 Estados e no Distrito Federal. São

mais de 3,7 milhões de clientes de TV por assinatura (50% do mercado brasileiro),

2,8 milhões de pontos de internet Banda Larga (38%) e 2,5 milhões de pontos de

voz com o NET Fone via Embratel. Sua rede de cabos tem mais de 47 mil

quilômetros de extensão e atende mais de 10,7 milhões de domicílios. (NET, 2014)

Em 2011, ano de maior crescimento para o mercado de TV por

assinatura em toda a sua história, a NET se coloca como empresa diferenciada, que

busca inovação e é a primeira na entrega de soluções aos clientes: "Para os NETS,

é agora", este é o novo posicionamento da companhia. Para suportar a promessa ao

mercado, desenvolvem velocidades de internet banda larga com 100 MEGA, o

serviço de VOD e o Combo Multi, que mexeu com o mercado como a primeira oferta

Page 64: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

64

conjunta de TV por assinatura, internet banda larga, telefonia fixa e móvel,

proporcionada pela sinergia entre as empresas: Claro, Embratel e NET. (NET, 2014)

Notoriamente, nos últimos anos (2012 - 2013), continuou sua expansão

territorial, geográfica e mercadológica para mais cidades, contando com a

participação do maior grupo de Telecomunicações da America Latina, a América

Móvil.

Figura 14 – Comunicação: NOW + América Móvil Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

3.1.2. Portfólio de Serviços

A NET Serviços de Comunicação S.A. é a única empresa dentro do

grupo América Móvil que oferece em seu modelo de negócios, os quatro serviços de

telecomunicações convergentes: Televisão Digital, Internet Banda Larga, Telefonia

Fixa e agora Telefonia Móvel.

Figura 15 – Comunicação: TV + Internet + Telefone + Celular Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 65: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

65

A partir desta composição, é possível considerar que a empresa possui

grande vantagem competitiva em relação às concorrentes, já que cada serviço

possibilita outros produtos agregados aos seus clientes, como é o caso do NOW

dentro do serviço da NET TV. Como a origem da NET foi pela TV por assinatura, a

apresentação do portfólio de produtos pela NET TV será iniciada por ela.

A) NET TV

Figura 16 – Capa do Book Comercial NET TV Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

De acordo com o Book NET TV (2013), existem seleções pré-definidas

pela operadora que envolve negociações diretas com as programadoras e

produtoras dos conteúdos na montagem dos line-ups da companhia. Essas seleções

são disponibilizados aos clientes, conforme o projeto apresentou anteriormente,

definidos como Seleções: Básica, Intermediária, Premium e Completa. Cada seleção

com conjunto de canais recebem uma nomenclatura específica, definidos como:

NET Fácil HD , NET Essencial HD , NET Mais HD , NET Top HD . Todas na versão

HD. As seleções de canais pré-definidos comercialmente contêm misturas de canais

com a tecnologia Super Digital (SD) e High Definition (HD).

Page 66: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

66

Figura 17 – Grade de Canais – Seleções TV Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Figura 18 – Logomarcas de Canais HD Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Page 67: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

67

Figura 19 – Preço de Seleções TV (Dezembro/13) Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Page 68: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

68

B) NET Vírtua

Figura 20 – Capa do Book Comercial NET Virtua Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

De acordo com a NET (2013), a empresa possui uma rede de alta

tecnologia com fibra óptica que é utilizada na instalação dos seus equipamentos,

onde não é necessária uma linha telefônica para acesso à rede. O grande trunfo da

companhia são as velocidades oferecidas.

Figura 21 – Velocidades NET Virtua Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Page 69: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

69

Figura 22 – Conceito das velocidades 1 e 10 MEGA Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013.

Figura 23 – Conceito das velocidades 20 e 30 MEGA Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Page 70: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

70

Figura 24 – Conceito das velocidades 100 e 120 MEGA Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013.

Quadro 04 – Matriz de Velocidades x Franquias

Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013.

Page 71: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

71

Política Comercial NET Virtua

Todos os produtos NET Vírtua residencial são com IP Dinâmico. A

comercialização do Cable Modem é comodato. A regra para instalação do

equipamento Wi-Fi grátis, será de acordo com a velocidade contratada pelo cliente.

Em todas as cidades o NET Vírtua 100 MEGA e 120 MEGA estão sujeitos a

disponibilidade técnica. Os valores informados no quadro já contemplam um

desconto de R$ 5,00 para pagamento em débito em conta corrente. Exceto os

produtos definidos como Internet Popular. O pagamento via boleto bancário não

possui desconto. Fidelidade de 12 Meses, sendo o valor da multa contratual R$

250,00 (proporcional ao período restante do prazo de fidelidade). A velocidade de

acesso e tráfego da internet é a nominal máxima, podendo sofrer variações

decorrentes de fatores externos. Antivírus gratuito na contratação do Vírtua nos NET

Combos, a partir de 10 Mega.

• Conceito Single – Contratação apenas do NET Vírtua

• Conceito Double – Qualquer combinação de dois produtos (Vírtua + Fone ou TV)

• Conceito Combo – Qualquer combinação de três produtos (Vírtua + TV + Fone)

Quadro 05 – Valores da Internet (Novembro/13)

Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013.

Page 72: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

72

C) NET Fone via Embratel

Figura 25 – Capa do Book Comercial NET Fone Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

De acordo com a NET (2013), o NET Fone é o telefone fixo da NET em

parceria com a Embratel. É utilizada a rede de transmissão a cabo da NET, presente

nas maiores cidades do Brasil, além da rede de sinalização e longa distância da

Embratel, uma das mais tradicionais operadoras de telecomunicações do país.

Segundo os dados apresentados neste trabalho, é o telefone fixo que mais cresce

no Brasil, sendo o líder em portabilidade na telefonia fixa do país, com mais de 1,8

milhões de linhas portadas de outras operadoras, ultrapassando o número de 5

milhões de linhas (residenciais e empresas) instaladas em janeiro de 2013.

Conforme dados da companhia, são mais de 140 mil linhas residenciais instaladas

por mês (média dos últimos 12 meses).

Figura 26 – Comunicação NET Fone via Embratel Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Page 73: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

73

Política Comercial NET Fone

Conforme as informações observadas no Book NET Fone (2013), as

ligações locais são gratuitas de NET Fone para NET Fone em todos os planos, as

ligações interurbanas (DDD) têm preço de ligações locais nos planos com franquia

usando o 21 e as ligações internacionais (DDI) têm preço de ligações DDD nos

planos com franquia usando o 21. O cliente também pode optar por até quatro

extensões grátis no interior de sua residência em todos os planos e mais 5 serviços

inteligentes. São eles:

• Identificador de chamadas (Bina)

• Chamada em espera (atende 2 chamadas ao mesmo tempo)

• Conferência a três (chamadas entre 3 pessoas simultâneas)

• Siga-me (transferência para outro número em caso de ocupado ou ausente).

• Bloqueio de ligações (para DDD, DDI, celulares e outros)

O cliente pode optar pelos Planos:

• Fale do Seu Jeito - sem assinatura mensal, o cliente só paga o que fala.

• Fale Light e Fale Simples - com franquia em reais, o cliente gasta a sua

franquia para qualquer destino.

• Fale Fixo Ilimitado Brasil 21 - ilimitado para falar à vontade com qualquer

telefone fixo do Brasil usando o 21.

• Multi NET Claro Brasil 21 e Multi NET Claro Mundo 21 - Novos Planos

Multi, para falar à vontade com telefones da operadora Claro de todo o Brasil.

• Multi NET Claro Mundo 21 - Plano para falar ilimitado com 35 países e

celulares dos EUA. .

Page 74: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

74

Figura 27 – Composição dos Serviços Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Page 75: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

75

Figura 28 – Características e Benefícios Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013

Page 76: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

76

Figura 29 – Matriz de Preços e Tarifações Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2013.

Page 77: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

77

D) NET Empresas

Figura 30 – Capa do Book Comercial NET Empresas Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

De acordo com a NET (2014), o NET Empresas é a integração dos

serviços NET com os produtos de telefonia fixa, internet banda larga e TV por

assinatura de uso exclusivo profissional. O público-alvo são profissionais liberais,

micro e pequenas empresas. Os produtos são comercializados para CNPJ, podendo

também serem comercializados para CPF, desde que para uso profissional, nas

modalidades: Single, Double e Combo. O NET Empresas apresenta uma grande

vantagem com relação aos produtos residenciais: um período de até quatro horas

para atendimento, seja para reparo de internet, da TV ou do telefone.

Figura 31 – Comunicação NET Empresas Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 78: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

78

E) Combo Multi

Figura 32 – Capa Book Comercial Combo Multi Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

O Combo Multi é a integração dos serviços: TV, internet, telefone fixo e

telefone móvel, na empresa do grupo América Móvel que trabalha com TV a cabo.

Figura 33 – Características do Combo Multi Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 79: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

79

3.1.3. Características da TV a cabo

Os consumidores têm preferência pela TV a cabo normalmente por ser

um sistema fechado onde eles acessam os canais, ou os conteúdos que desejam

visualizar, de acordo com as suas vontades. Um determinado canal, em específico,

na grade de uma operadora a cabo, ou qualquer outra companhia de TV por

assinatura, pode mostrar programas com temas e gêneros diferentes. Normalmente

definidos pelos tipos de conteúdos que cada gênero artístico exibe, por exemplo:

desenhos, esportes, séries, documentários, étnicos, clipes e filmes.

Figura 34 – Comunicação TV a cabo Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Outro fator importante e decisivo para o sistema de cabos é que eles

diminuem consideravelmente as interferências com relação às distâncias e a

geografia das regiões. O cabo melhora significativamente a transmissão dos sinais

que são exibidos nos televisores. O serviço prestado pelas operadoras de cabo,

grosso modo, funcionam da seguinte forma: o centro de controle tecnológico

eletrônico, conhecido como Headend, tem antenas satélites com alto poder de

recepção que captam os sinais transmitidos pelos satélites e antenas repetidoras

das emissoras e programadoras. Nestes locais (Headend) os sinais recebidos são

analisados, processados e amplificados, para depois serem enviados aos assinantes

codificados de acordo com a relação entre empresa e consumidor final (espectador).

Page 80: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

80

Existem dois tipos diferentes de materiais que distribuem os sinais pelo

cabo: fibra óptica e cabo coaxial. A fibra óptica conduz feixes de luz por sucessões

de reflexos. Normalmente, é utilizada nos principais troncos de ligações como em

alguns postes que funcionam como centrais de amplificação das tecnologias, além

de ser utilizada em longas distâncias por transmitir os sinais com mais potência e

qualidade. Os cabos coaxiais são fios condutores elétricos, utilizados nas

instalações dos postes convencionais à casa do assinante. Na maioria dos casos, as

instalações por cabos são fixados nos postes, mas também podem ser realizados

por caminhos subterrâneos. Independente de como o sinal é enviado, para que o

assinante visualize os canais contratados, é necessário um conversor para converter

os sinais codificados em imagem e som.

As maiores operadoras de TV por assinatura no país utilizam suas

estratégias comerciais baseando seus modelos de negócios na comercialização de

alta qualidade em imagem e som, oferecendo aos seus clientes a tecnologia digital.

A TV a cabo oferece uma qualidade de imagem melhor, na maioria dos casos,

quando comparada com as demais tecnologias: DTH, MMDS e TVA. Isso é possível

porque o sinal digital carrega mais informações de Croma. Isso significa dizer que as

cores apresentadas são mais fiéis a imagem original. Isso contribui diretamente na

composição de uma imagem mais nítida no momento da exibição das imagens na

casa do assinante. Na maioria dos casos, o sinal digital é menos suscetível a

interferência do que o sinal analógico. Desde a criação do código binário digital, 0/1,

o telespectador que dispõe do serviço com um sinal digital dificilmente terá

problemas com a imagem em seu televisor. Esta foi uma mudança significativa em

relação a emissão dos sinais que vão para os domicílios.

Com relação a tecnologia analógica, que é a origem de todo os

sistemas de TV, ela não oferece alta qualidade de imagem e som e é definida

principalmente pela prestação de serviço Unidirecional: apenas envia o sinal do

Headend ao conversor e possibilita a exibição dos conteúdos pelo fluxo tradicional

das programadoras (linear). Já a tecnologia digital entrega um sinal de alta

qualidade de imagem e som e destaca-se pela condição de ser Bidirecional:

possibilita enviar e receber sinal do conversor, por um canal de retorno, exibindo o

conteúdo em fluxo tradicional, mas também possibilita a exibição de conteúdos sob

demanda (não-linear). O sistema a cabo também fornece serviços de telefone fixo e

internet através de equipamentos de alta tecnologia e avanços mercadológicos.

Page 81: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

81

Com os serviços convergentes, integrados aos sistemas de TV Digital,

os recursos interativos permitem que o telespectador selecione uma programação

específica, seja linear ou por demanda. Também possibilita a gravação da

programação para ser exibida em outra hora, conforme o cliente desejar. Estes

serviços convergentes atualmente são oferecidos por empresas como, por exemplo,

a NET, eliminando a necessidade de ter especificamente uma linha telefônica ou um

provedor de conteúdo para acessar a internet. A convergência da TV a cabo com a

internet e o telefone possibilitou novas formas de consumo nas principais cidades do

país, assim como veremos na sequência. Assinantes da tecnologia digital (HD)

podem alugar ou até mesmo comprar um filme sem sair de casa. Basta ter o serviço

de VOD disponível.

3.2. Distribuição de Conteúdo Digital: NOW

3.2.1. O Serviço

O NOW é um serviço de VOD que combina o conteúdo e a tecnologia

para o telespectador assistir TV de uma forma fácil e personalizada. Conteúdos

disponíveis para escolha em qualquer momento através da rede de fibra óptica da

NET. Possui uma biblioteca virtual com mais de 10.000 títulos e diversos conteúdos

em HD e 3D para alugar ou assistir quantas vezes quiser, durante 24 ou 48 horas.

Figura 35 – Logotipo e Slogan NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 82: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

82

São milhares de opções de conteúdo com a mais alta qualidade de

imagem e som. Os maiores lançamentos do mundo do cinema em alta definição. O

melhor da programação dos canais da NET com gêneros que agradam toda a

família: Variedades, Infantis, Shows, Clípes, seriados e Documentários. E ainda

conteúdos adultos em HD e 3D com privacidade e segurança na fatura do cliente.

3.2.2 Como Funciona o Serviço

Com NOW o espectador escolhe quando e o que quer assistir. Não é

necessário download: basta escolher o que deseja ver e o conteúdo inicia

automaticamente. A navegação na interface é fácil e intuitiva: basta utilizar as setas

do controle remoto para visualizar o Menu e apertar a tecla OK para acessar os

conteúdos desejados.

Figura 36 – Interface de navegação Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

3.2.3. Como Acessar a Interface

O acesso ao NOW é gratuito e trata-se de um serviço compatível

exclusivamente com os produtos de alta definição da NET DIGITAL HD e NET

DIGITAL HD MAX.

Page 83: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

83

Figura 37 – Conversores Digitais HD (set-top Box) Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Para acessar a interface, o cliente deve seguir por um dos caminhos

apresentados:

1. Por um Portal, através da opção NOW

Figura 38 – Tela de início Portal NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 84: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

84

2. Digitando o Canal 1 no controle remoto

Figura 39 – Controle remoto digital Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Diferente do Pay-Per-View, o NOW permite assistir conteúdos no

momento que o espectador quiser. Podendo retroceder, avançar, pausar e assistir

posteriormente, em outro momento, sem precisar esperar o horário de início ou

término do conteúdo.

• Pay-Per-View

É possível comprar o filme e aguarda o horário de exibição da sessão

(conteúdo linear). O filme ficará disponível até o meio-dia do dia seguinte (sujeito a

disponibilidade na grade de programação).

Figura 40 – Tela de acesso Pay-Per-View Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 85: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

85

• NOW

Basta escolher o conteúdo, alugar e assistir no mesmo momento. Não

há horário de início: o conteúdo começa quando o cliente desejar, ficando disponível

por 24 horas.

Figura 41 – Tela de acesso NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Figura 42 – Os 4 passos para acesso Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 86: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

86

3.2.4 Como Navegar na Interface

A navegação na interface é relativamente simples. Após o acessar o

NOW, utilize as setas para navegação e “OK” para acessar os conteúdos:

Figura 43 – Setas para navegação Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Figura 44 – Botão OK para definição Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 87: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

87

Direcione a moldura utilizando as setas de navegação do controle

remoto para escolher o conteúdo desejado.

Figura 45 – Direcione a moldura Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014. Após a definição do conteúdo, caso ele não seja gratuito, o usuário

deverá selecionar o campo “Alugar” e clicar no botão “OK” do controle.

Figura 46 – Campo “Alugar” Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 88: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

88

Nos casos de locação ou compra, para concluir a operação, é

necessário digitar uma senha de acesso para confirmação sistêmica.

Figura 47 – Senha de acesso Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Após a aquisição do serviço e da senha ter sido confirmada, o

conteúdo torna-se disponível para a visualização.

Figura 48 – Conteúdo disponível Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 89: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

89

3.2.5. Características do NOW

Por se tratar de um serviço que recentemente fora disponibilizado aos

clientes, tanto a plataforma de navegação, bem como a proposta do produto,

apontamos a seguir as principais características:

• Fácil

Uma interface simples, intuitiva e integrada ao equipamento NET HD já instalado;

• Prático

Os principais conteúdos dos canais da NET da seleção que o cliente e assinante;

• Exclusivo

Os maiores lançamentos, logo após da exibição nos cinemas, em alta definição;

• Do seu jeito

São milhares de opções de conteúdo com a mais alta qualidade de imagem e som;

• No seu tempo

Sem horários definidos ou grade de programação fixa, para ver quando quiser.

Figura 49 – Benefícios NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 90: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

90

3.2.6. Tabela de Preços dos Serviços

Figura 50 – Tabela de preços para locação Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Figura 51 – Matriz de Programação de Conteúdo Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 91: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

91

3.2.7 Comunicação Institucional

• Logomarca

Figura 52 – Conceito da Logomarca NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

• Sub-Logomarcas

Figura 53 – Logomarcas por segmento Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 92: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

92

3.2.8. Peças de Comunicação

• Wobbler Institucional (Pontos de Venda)

Figura 54 – Wobbler Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 93: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

93

• Modelo de Folheto Mensal

Figura 55 – Folheto Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 94: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

94

3.2.9. Book Comercial - Janeiro 2014

Este é um material de comunicação interna, que é produzido todos os

meses por um departamento de inteligência comercial, para que as forças de vendas

possam ter o mesmo discurso no atendimento dos seus clientes e prospect. Além de

fornecer informações fundamentais para conhecimento do produto, apresenta os

benefícios e as características do serviço digital.

Figura 56 – Capa do Book Comercial NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

• Mapa das cidades com o serviço

O departamento comercial mapeia mês a mês os estados e as cidades

que, no momento, o serviço NOW torna-se disponível para os clientes NET HD.

Desta forma, vão ocupando os espaços e vendendo para suas bases de assinantes

e futuros clientes.

Page 95: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

95

Figura 57 – Mapa das cidades com NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

• Os Maiores Concorrentes do NOW

Figura 58 – Maiores Concorrentes Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

• Pontos positivos em relação aos maiores concorrente s:

Page 96: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

96

• Os clientes não precisam ter internet para acessar;

• Os clientes não precisam esperar o conteúdo desejado carregar;

• Não existe congestionamento com um grande número de acessos;

• A qualidade da imagem e do som é garantida pela transmissão via cabo.

Figura 59 – Diferenciais do NOW Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 97: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

97

3.3. Pesquisa Seletiva: O Serviço NOW

Empresa - NET Serviços de Comunicação S.A

Departamento - Produtos e Serviços TV

1. Há quanto tempo a NET oferece a tecnologia de vídeo sob demanda?

A NET foi pioneira na tecnologia de transmissão vídeo sob demanda no mercado de

TV paga no Brasil, lançando a plataforma comercialmente em 2011.

2. Todas as cidades que têm NET disponibilizam VOD aos seus clientes?

Não! Para implantar a plataforma de VOD é necessário investimento adicional na

infraestrutura de distribuição de vídeo digital e o lançamento está sendo dividido em

fases.

3. De que maneira podemos definir o NOW?

O NOW é um serviço de TV por assinatura que permite que o cliente acesse o

conteúdo (filmes, séries, infantil, musical) quando quiser.

4. Devemos considerá-lo um produto ou um serviço digital?

O NOW é um “serviço” de TV por assinatura para clientes que possuem produtos

Digitais HD. O NOW hoje é um dos principais argumentos de venda para atrair

novos clientes e para reter a base NET.

5. Trata-se de uma plataforma eletrônica para busca de conteúdos Premium?

Não. Para assistir aos conteúdos do NOW, o cliente NET deve possuir um

decodificador HD. O serviço possui a vantagem de já estar integrado ao televisor do

cliente, pois é o mesmo aparelho utilizado para assistir a programação da TV.

6. Desde o início da sua comercialização, qual a quantidade de clientes no total?

Hoje não divulgamos essa informação para o mercado.

Page 98: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

98

7. Poderia mencionar os percentuais de clientes NOW, quando comparado a

quantidade de clientes HDTV, nas cidades disponíveis?

Hoje não divulgamos essa informação para o mercado.

8. Para quem o NOW está criando valor?

Todo cliente que possui um pacote com alta definição nas cidades onde o NOW é

comercializado possui acesso ao “on-demand”, podendo ter acesso:

- Mais de quatro mil títulos, entre séries, desenhos e documentários, sendo 70%

gratuitos;

- Grandes lançamentos do cinema e as melhores séries da TV;

- Para assistir basta apertar um botão do controle remoto e pronto: o programa

começa na hora, sem ser necessário um download.

9. Quem são os consumidores mais importantes de VOD?

Todos os clientes que possuem produtos Digitais HD.

10. Qual valor agrega aos clientes?

Permite que o cliente tenha acesso a milhares de conteúdo para assistir a hora que

quiser, com comodidade no acesso (controle remoto) e variedade de conteúdo.

11. Quais problemas ajuda resolver?

Cria valor ao pacote de TV por assinatura que o cliente possui. Pois além dos canais

disponíveis no pacote, ele pode acessar parte do conteúdo de TV por assinatura

“on-demand”, na hora que quiser. Isso faz com que o cliente consiga aproveitar

melhor o conteúdo disponível na TV por assinatura.

12. Quais necessidades estão satisfazendo?

Comodidade para o cliente, como solução integrada ao decodificador que ele já

possui. Não é necessário download ou outro dispositivo para acessar conteúdo

sobre demanda.

13. Através de quais canais os clientes querem ser contatados?

O NOW é um serviço incluso nos pacote Digital HD da NET, não é necessária

contratação do produto.

Page 99: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

99

14. Quantos e quais são os canais de vendas que oferecem o NOW aos clientes?

O NOW é um serviço incluso nos pacote Digital HD da NET, não é necessária

contratação do produto.

15. Que tipo de relacionamento a NET estabelece com o cliente NOW?

Um serviço incluso nos pacote Digital HD da NET, não é necessária contratação do

produto.

16. Quais valores os clientes estão dispostos a pagar? Pelo que pagam hoje?

O catálogo digital possui mais de 15 mil títulos, entre conteúdos gratuitos para

assinantes (programas dos canais disponíveis no pacote de TV contratado) por

assinatura. Também oferece os mais recentes lançamentos do cinema para alugar

pelo controle remoto. Nas opções de conteúdo para alugar, os destaques são

os grandes sucessos do cinema que estreiam no NOW ao mesmo tempo em que

chegam às lojas e locadoras de vídeo, em alta definição. Os vídeos alugados

custam entre R$ 2,90 e R$ 12,90 e podem ser assistidos quantas vezes o assinante

quiser, por um período de 48 horas.

17. Como os clientes NOW pagam hoje?

Para os conteúdos alugados a cobrança é feita pela fatura mensal do cliente.

18. Quais as estruturações necessárias para que a NET consiga oferecer este

Negócio aos seus clientes? Porque não são todas as cidades que possuem?

Para implantar a plataforma de vídeo on demand é necessário investimento

adicional na infraestrutura de distribuição de vídeos digitais e os lançamentos estão

sendo divididos em fases.

19. Projetado como plataforma, o NOW busca a interatividade do cliente com a

TV? A cultura de buscar, criar e gerar demanda que estamos vivemos na internet,

agora na televisão por assinatura?

Uma vez que o NOW permite que o cliente acesse e assista o conteúdo quando

quiser, com a comodidade de utilizar o mesmo equipamento que assiste TV,

diferencia o serviço.

Page 100: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

100

20. Quais recursos são considerados principais na proposta de valor do negócio?

O relacionamento com clientes ou a fonte de receita?

O NOW é mais uma vantagem que os clientes NET têm. É uma locadora em casa,

direto na TV, através do mesmo cabo e equipamentos. Com relação a proposta de

valor, o NOW amplia o relacionamento da NET com o cliente, gerando maior

fidelidade com o produto TV e possibilita mais receita para a companhia.

Figura 60 – Ferramenta de Retenção Fonte: Material Interno de Comunicação, NET, 2014.

Page 101: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

101

CONSIDERAÇÕES FINAIS 4

A PERSONALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS AUDIOVISUAIS

Page 102: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

102

Após o surgimento da interatividade, das plataformas eletrônicas e dos

serviços digitais, como o VOD, modificou-se de maneira significativa a audiência

televisiva. A audiência que sempre esteve baseada em dados e informações com

foco nos espectadores, vem transformando-se em conjuntos de usuários

socialmente conectados. O fato é que a convergência entre a TV por assinatura com

a internet tem sido decisiva por propor à sociedade uma metamorfose habilitada pela

tecnologia. A televisão na era digital está no começo de uma revolução tecnológica,

no entanto, as multiplataformas digitais estão possibilitando aos espectadores um

controle muito maior sobre o que eles assistem. E esta revolução é responsável por

mudanças no mercado audiovisual brasileiro.

Neste momento, onde a televisão vive grandes transformações, e as

novas tecnologias digitais estão mudando, por exemplo, os processos

comunicativos, outras formas de comunicação integram o cotidiano das famílias

brasileiras. A internet já é o segundo meio de comunicação com relação aos

investimentos publicitários e, por conta do crescimento nas velocidades de

navegação e o constante aumento das bandas de franquias, o consumo de

conteúdos audiovisuais digitais deixou de ser tendência, tornando-se uma realidade.

A convergência entre TV e internet proporciona novos hábitos e costumes. A

pesquisa buscou investigar de que maneira o VOD se apresenta como um modelo

de negócio no segmento dos conteúdos audiovisuais distribuídos pela maior

operadora de telecomunicações via cabo do país. O projeto buscou identificar as

características do NOW. Um serviço digital, fruto da convergência entre os dois

maiores veículos de comunicação mundial.

A partir da aprovação da Lei nº 12.845/2011, o serviço de TV por

assinatura, em qualquer tecnologia, passa a ser considerado um Serviço de Acesso

Condicionado (SeAC). Desta forma, ficou definido que não existem mais limitações

de nenhuma natureza à participação de empresas de telecomunicações no setor,

como havia com a Lei de TV a Cabo, vigente até então. Assim como não existe

também limites para empresas de capital estrangeiro. Neste cenário de

transformações e grandes investimentos, o mercado aponta que o VOD é um

caminho sem volta e, neste momento, é uma aposta para o futuro nos modelos de

negócios da TV por assinatura brasileira.

Page 103: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

103

Indo contra a maré de análises pessimistas da maior parte dos

economistas e colunistas da grande mídia brasileira, o Centro de Pesquisas

Econômicas e de Negócios (CEBR - na sigla em inglês) faz uma previsão bastante

positiva sobre o Brasil, avaliando que o país será a quinta maior economia do mundo

em 2023. Atualmente, o PIB (Produto Interno Bruto) verde e amarelo ocupa a sétima

posição no ranking do CEBR, que lista os 30 maiores do mundo32. A maior economia

da América Latina, de acordo com um relatório divulgado pela consultoria britânica,

deixará para trás economias desenvolvidas, como Alemanha e Reino Unido, em um

período de dez anos (veja gráfico abaixo). O Centro de Pesquisas ressalta que o

Brasil já havia passado da sétima para a sexta posição global em 2011, mas que

perdeu o posto diante de um baixo crescimento e da desvalorização cambial.

O cenário é animador e, de acordo com fontes do governo

disponibilizados na Revista Mídia Fatos (2013, p.16), a tendência de crescimento da

televisão por assinatura no Brasil, que se observa desde 2004, "mantém-se

inalterada. Nesses nove anos, o meio expandiu em mais de 300% a sua base de

assinantes. Em setembro, 15,4 milhões de domicílios usufruíam do meio”. Assim, a

hipótese central é que a convergência entre televisão e internet, paralelamente com

a evolução das tecnologias digitais, desencadeará uma mudança significativa na

forma como os espectadores e usuários farão uso da televisão digital em suas

residências, uma vez que a ampliação do acesso, tanto para internet como para o

uso das tecnologias digitais, é fato na atual conjuntura nacional.

A evolução da informática e os avanços das telecomunicações vêm

determinando mudanças radicais nas relações do homem com o seu próprio mundo.

É necessário estabelecermos novos padrões de discussão e de conhecimentos

sobre a evolução das tecnologias. Na era dos computadores, a manipulação que as

tecnologias permitem é infinita. Recentemente, as possibilidades de convergência

entre televisão e internet são visualizadas como uma nova oportunidade para a

sociedade digital. O uso combinado das várias expressões comunicativas, como o

cinema, o vídeo, a foto e o áudio, tendo como base as novas tecnologias digitais,

permitem vislumbrar o surgimento de outras formas de narrativas, de tempo e de

espaço. Assim como diferentes e múltiplas formas de produzir conteúdos

audiovisuais transmidiáticos. De acordo com os dados da 7ª Pesquisa TIC

32 Disponível em: <www.brasil247.com/pt/247/economia/125356/Brasil-ser%C3%A1-a-5%C2%AA-economia-em-2023-prev%C3%AA-consultoria.htm>. Acesso em 11/2013.

Page 104: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

104

Domicílios realizada em 2011, pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da

Informação e da Comunicação33, a proporção de domicílios com computador no

Brasil passou de 35% em 2010, para 45% em 2011, enquanto a presença da

internet saltou de 27% para 38%. Entre as atividades de lazer mais realizadas na

internet, assistir vídeos ou filmes foi a opção de 58% dos entrevistados (CETIC,

2011).

As tecnologias digitais e a convergência da televisão com a internet

provocaram uma grande transformação na forma como os conteúdos são

distribuídos, armazenados e consumidos. O desenvolvimento da internet com base

no crescimento da banda larga viabilizou a transmissão de TV, rádio, vídeo ou

qualquer outro conteúdo audiovisual, pelas múltiplas possibilidades de consumo.

Como ainda não temos um padrão ideal definido, as transmissões em rede

estimulam as grandes empresas comunicação e mídia a disponibilizarem cada vez

mais conteúdo sob demanda. Neste cenário, o serviço de VOD é uma das apostas

para o crescimento de receita e a retenção dos clientes para a TV por assinatura no

Brasil.

33 Fonte: CETIC, 2011. Disponível em: <www.cetic.br/usuarios/tic/2011-total-brasil/apresentacao-tic-domicilios-2011.pdf>. Acesso em 10/2013.

Page 105: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

105

REFERÊNCIAS

ALVES, K. C. Telejornalismo e interatividade na TV Digital: uma construção colaborativa e participativa no espaço digital. 2010. 174 fls. Dissertação (Mestrado em Televisão Digital) – Universidade Estadual Paulista – UNESP Bauru, 2010.

ANATEL - Agência Nacional das Telecomunicações – Disponível em: <www.anatel.gov.br>. Acesso em: 01/2013

ANCINE. Mapeamento da TV aberta no Brasil. Rio de Janeiro, Agência Nacional do Cinema, 2010. Disponível em: <www.ancine.gov.br>.

_______. Mapeamento da TV por assinatura no Brasil. Rio de Janeiro, Agência Nacional do Cinema, 2010.

_______. Mapeamento do vídeo doméstico no Brasil. Rio de Janeiro, Agência Nacional do Cinema, 2010.

BRENNARD, Edna. Televisão digital interativa: reflexões, sistemas e padrões. São Paulo: Mackenzie; Vinhedo: Horizonte, 2007.

BRITTOS, Valério C.; BOLAÑO, César R. S. A televisão brasileira na era digital . São Paulo: Paulus, 2007.

BURGESS, Jean. Youtube e a Revolução Digital : como o maior fenômeno da cultura participativa transformou a mídia e a sociedade. São Paulo: Aleph, 2009.

CANNITO, Newton G. A televisão na era digital: Interatividade, convergência e novos modelos de negócios. São Paulo: Summus, 2010.

CARNEIRO, Rafael Gonçalez. Publicidade na TV digital : um mercado em transformação, São Paulo: Aleph, 2012.

CONVERGE, Comunicações. Anuário de mídias digitais. in: MERMEMLSETEIN, André; POSSEBON, Samuel e SANTOS, Claudiney. (org.) Telas democráticas , São Paulo, Ipsis, p. 120-122.

CRUZ, Renato. TV digital no Brasil: tecnologia versus política. São Paulo: Senac, 2008.

FRANCISCO, José N. Seguindo o fluxo. Revista Digital Workshop . n.1, 2008.

FERRAZ, Carlos. Análise e perspectivas da interatividade na TV Digital. In: SQUIRRA, Sebastião; FECHINE, Yvana (Org.). Televisão Digital: desafios para a comunicação – Livro da COMPÓS 2009. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 15-43.

GELINSKI, Gilmara. TVs conectadas já são uma realidade e um caminho sem volta. Revista da Sociedade Brasileira de Engenharia de Te levisão . n.124, 2011.

Page 106: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

106

GOBBI, Maria C.; KERBAUY, Maria T. M. (orgs.). Televisão digital: informação e conhecimento. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.

História da origem TV. Disponível em: <www.tudosobretv .com.br>. Acesso em: 01/2013.

História da criação da TV. Disponível em: <www.bairdtelevision .com>. Acesso em: 01/2013.

História da TV Digital Brasileira. Disponível em: <www.dtv .org.br>. Acesso em: 01/2013.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.

LANIER, Jaron. Bem vindo ao futuro : uma visão humanista sobre o avanço da tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2012.

MELO, José Marques. (org.). O campo da comunicação no Brasil . Petrópolis: Vozes, 2008.

MINICOM - Ministério das Comunicações – Disponível em: <www.mc.gov.br>. Acesso em: 01/2013

MONTEZ, C.; BECKER, V. TV digital interativa : conceitos, desafios e perspectivas para o Brasil. 2. ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2005.

NET, Serviços de Comunicação S.A. Material Interno de Comunicação . São Paulo, 2014.

_____. Book Comercial . São Paulo, 2013.

OLIVEIRA, Oscar Vicente Simões de. Entrevista. In: Mídia Fatos 2012/2013 . São Paulo: ABTA, 2013.

RIBEIRO, José Carlos. Um breve olhar sobre a sociabilidade no ciberespaço. In: LEMOS, André e PALÁCIOS, Marcos (org.). As janelas do ciberespaço . Porto Alegre: Sulina. p. 32 - 47.

Page 107: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

107

ANEXOS

Anexo 1

- Artigos da Constituição Federal que fazem referência à comunicação social e às

concessões de radiodifusão:

Foco Redação

Competências

Art. 21. Compete à União: XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal. § 1º - O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem. § 2º - A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal. § 3º - O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional, na forma dos parágrafos anteriores. § 4º - O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial. § 5º - O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.

Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.

Conteúdo

Art. 21. Compete à União: XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 3º - Compete à lei federal: II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. § 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias, estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

Page 108: um estudo sobre a distribuição de conteúdo digital.now

108

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Propriedade

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I - desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; II - desde a posse: b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a";

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002) § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002) § 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002) § 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)