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Estudo do Livro do Apocalipse

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Introdução: Esta apostila foi preparada sem preocupações acadêmicas, pois visa compartilhar uma

linha de raciocínio e estudo do livro do Apocalipse. Utilizamos como livro base para este propósito "A Mensagem de Apocalipse", do autor Michael Wilcock, Editora ABU, 1986. A linha de pensamento abordada neste estudo está de acordo com o modelo histórico de interpretação. Além do livro como norte principal, foram incluídos comentários adicionais e reflexivos, dentro da proposta de metodologia histórica (como, por exemplo, algumas explanações do pastor Leandro Lima da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro1). Não foi utilizada outra literatura para confrontar ou ampliar o estudo, uma vez que este não foi o propósito inicial. Esta apostila é fruto do incentivo de irmãos e irmãs que participam regularmente dos estudos nos cultos de quinta-feira, Quinta da benção, na Igreja Metodista em Água Fria. Você encontrará ao longo do estudo informações para ajudar na sua compreensão da estrutura e natureza do livro apocalíptico conforme seu contexto. Nosso desejo é que, ao concluir o estudo, o leitor tenha mais informações, esclarecimentos para ampliar seu conhecimento e edificar sua fé no testemunho de Jesus Cristo, nosso Senhor.

É possível compreendermos a mensagem do livro do Apocalipse, sua linguagem estranha, suas figuras grotescas, suas visões de destruição e de esplendor? Em seu livro, Michael Wilcock defende que é possível. O último livro da Bíblia revela a verdade tanto quanto os outros sessenta e cinco. É uma palavra de Jesus à sua igreja: uma palavra dramatizada, figurada, musicada, que fala do poder da sua salvação no presente e da glória da sua esperança no futuro.

Michael Wilcock estudou teologia e francês. Foi diretor de estudos pastorais no

Trinity College, em Bristol. Aposentou-se após muitos anos pastoreando igrejas no Reino Unido, mais recentemente na Igreja de São Nicolau, em Durham. Seu estilo claro e sua perspectiva pastoral fornecem um recurso valioso para pregadores no púlpito, professores em sala de aula e outros estudantes deste importante e difícil livro da Bíblia.

Pastor Luis Carlos Lima Araújo é titular na Igreja Metodista em Água Fria. Através

deste estudo em forma de apostila, une-se ao autor do livro na convicção de que Deus ainda fala através do que ele já falou, e que nada é mais necessário para a vida, para o crescimento e para a saúde das igrejas, ou dos cristãos, do que ouvir e atentar ao que o Espírito lhes diz através da sua velha (contudo sempre atual) Palavra.

1 As citações do Pastor Leandro Lima, da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, fazem parte de suas

mensagens gravadas com a finalidade de serem veiculadas através da homepage da igreja ou do YouTube®. Como, por exemplo, a mensagem intitulada "A Importância de Estudar o Apocalipse", publicado em 23 de abril de 2013.

Pastor Luis Carlos Lima Araújo

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Sumário 1. Por que é tão difícil estudar o Apocalipse? ..........................................................................4

2. Entendendo os estilos literários ...........................................................................................4

3. A motivação da carta ............................................................................................................5

4. As interpretações existentes ................................................................................................5

5. A interpretação escolhida para este estudo ........................................................................6

6. Iniciando a análise do livro ...................................................................................................7

7. A simbologia dos números ...................................................................................................8

8. Os sete candeeiros e a Igreja no mundo (Cap. 1:9 a 3:22) ................................................ 10

A primeira igreja em Éfeso .................................................................................................. 11

A segunda igreja em Esmirna .............................................................................................. 11

A terceira igreja em Pérgamo ............................................................................................. 11

A quarta igreja em Tiatira ................................................................................................... 12

A quinta igreja em Sardes ................................................................................................... 12

A sexta igreja em Filadélfia ................................................................................................. 12

A sétima igreja em Laodicéia .............................................................................................. 13

9. Os sete selos e o sofrimento da Igreja (Cap. 4:1 a 8:1) ..................................................... 13

(Final da primeira vez que se conta a história) ................................................................... 15

10. A abertura dos selos e o sofrimento da Igreja (Cap. 6:1 a 8:1) ......................................... 15

O sofrimento da Igreja num mundo opressor. ................................................................... 15

(Final da segunda vez que se conta a história) ................................................................... 17

11. As sete trombetas e uma grande advertência (Cap. 8:2 a 11:18) ..................................... 17

As duas testemunhas .......................................................................................................... 20

(Final da terceira vez que se conta a história) .................................................................... 21

12. A história do drama e as sete visões do conflito (Cap. 11:19 a 15:4) ............................... 21

A partir do capítulo 13 João tem outras sete visões. .......................................................... 22

(Final da quarta vez que se conta a história) ...................................................................... 24

13. As sete taças: flagelos e punições para o mundo (Cap. 15:5 a 16:21) .............................. 24

Armagedom......................................................................................................................... 26

(Final da quinta vez que se conta a história)....................................................................... 26

14. A grande meretriz e sete palavras de justiça (Cap. 17:1 a 19:10) ..................................... 26

(Final da sexta vez que se conta a história) ........................................................................ 29

15. Visões finais do julgamento e a noiva Jerusalém (Cap. 19:11 a 22:21) ............................. 29

(Final da sétima vez que se conta a história) ...................................................................... 33

16. Considerações finais .......................................................................................................... 34

17. Bibliografias ....................................................................................................................... 35

Estudo do Livro do Apocalipse

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1. Por que é tão difícil estudar o Apocalipse?

Estudar o livro de Apocalipse é um grande desafio porque tem as seguintes características:

Três estilos de literatura na sua formação:

Literatura profética (Profecia),

Literatura apocalíptica e

Carta Pastoral. A literatura apocalíptica é específica; Não é um estilo próprio dos nossos dias;

Cada estilo de literatura tem uma particularidade na sua interpretação, por isso torna-se mais trabalhoso.

2. Entendendo os estilos literários

a) Carta: Formação carta (ou epístola) normalmente tem: o nome do escritor, o nome do

endereçado, uma saudação, uma oração (desejo ou ação de graças), o corpo (razão, normalmente, por necessidade do destinatário), saudação final e despedida;

b) Profecia: Cap. 1:3 - "Ela é uma profecia" (em grego: Profetéias). O Profeta "fala" em

nome de Deus, não apenas prevê o futuro. A natureza da profecia é ser falada! São chamadas de oráculos (previsão de um futuro, que pode ser imediato). Normalmente os livros proféticos são contados em uma coletânea dos que "falaram em nome de Deus". O profeta era uma espécie de mediador da aliança de Deus: Quem cumpria conforme as palavras do profeta era abençoado, quem descumpria era amaldiçoado (no modelo tratado de suseranos). O profeta não diz suas próprias palavras, mas comunica a palavra de Deus. Ele é como Boca de Deus. O profeta declara a aliança e as consequências, na expectativa de que haja arrependimento ou então virá o juízo. Na literatura apocalíptica o juízo é eminente, sem tempo para o arrependimento. O Apocalipse é uma profecia. Normalmente a Palavra registrada como profecia devia ser selada. No caso do Apocalipse, está registrada a ordem expressa do anjo que conduziu o apóstolo João durante toda a revelação, para que ele não selasse (Cap. 22:10 - compare com Daniel 12:4 e 12:9), alegando que o seu cumprimento estava próximo;

c) Apocalipse: Significa "Revelação" do próprio Senhor Jesus, que a deu a um anjo e este

ao apóstolo João (Cap. 1:1-3). Este foi o nome dado ao gênero literário único com estas características. Entre 200 a.C. e 200 d.C. o gênero apocalíptico era muito comum. Muitos escritos foram considerados apócrifos. Normalmente se creditava a autoria deste gênero a personagens importantes do passado (os escritores da literatura apocalíptica geralmente atribuíam suas visões a algum famoso personagem do passado, como se fossem Enoque ou Esdras descrevendo o que eles haviam visto). Algumas características eram fundamentadas nas profecias de Ezequiel, Daniel, Zacarias e Isaias. A ênfase era o julgamento e a salvação vindoura. O tipo apocalítico sempre nascia em tempos de angustia, perseguição, opressão e focava o fim radical e violento com triunfo da justiça e julgamento final. "Normalmente são escritos, diferente de falados". O conteúdo tem enigmas, visões, sonhos, e sentidos ocultos e seu forte é o simbolismo: Besta com dez

Pastor Luis Carlos Lima Araújo

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chifres, sete cabeças (Cap. 13:1), mulher vestida de sol (Cap. 12:1), gafanhotos com cauda de escorpião e cabeça humana (Cap. 9:10). O desejo é a combinação sobrenatural, também explorada pela mitologia: "Apocalipse presa pelo uso dos números e sua forma de escrever é feita em blocos em pacotes arrumados".

3. A motivação da carta

Deve-se sempre considerar o contexto quando estudamos a Bíblia, procurar extrair do texto toda informação que pudermos da época escrita, da realidade de quem escreveu, para se ter clareza da intenção original do texto, no caso, da carta.

Aqui podemos observar que João está preso na ilha de Patmos (Cap. 1:9) e a razão da prisão era porque pregava a Palavra de Deus. João é o último dos apóstolos que estava vivo. Comentaristas têm dúvidas se seria o ano 64 com a perseguição terrível de Nero (de 54-68 d.C.) ou se durante a última parte do reinado do imperador Domiciano (81-96 d.C.). A maioria entende que foi em 96, porém o mais importante é perceber que havia "tribulação" e João se apresenta como "companheiro na tribulação".

Esta carta ou estas cartas seriam escritas para destinatários conhecidos. As sete igrejas da Ásia: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Estas são igrejas no contexto do primeiro século, que estavam vivendo intensa perseguição do Império Romano, portanto, os irmãos destas pequenas comunidades cristãs partilhavam suas tribulações e seus sofrimentos com o apóstolo preso em Patmos.

Então, o Apocalipse de Jesus revelado ao apóstolo João, é escrito para alertar, exortar, estimular, os crentes que não seria uma jornada fácil ser "testemunha fiel". Muitos morreriam, passariam necessidades e prisões. Mas para todas as igrejas que "ouvem" deveriam saber que "Aquele que prometeu cumpriria sua promessa": haveria julgamento dos maus e haveria salvação para quem cresse. Deus revelava a eles para permanecerem firmes até a morte. Era preciso fazer acertos no interior da igreja, na doutrina, na missão, mas Deus ama a quem o ouve.

Portanto era uma carta com grande significado para aquelas igrejas que iriam ouvir a mensagem pelo seu líder (anjo), escrita pelo último apóstolo do Senhor. Por isso "bem-aventurado (feliz) o que lê" e "bem-aventurado (feliz) o que ouve" (1:3).

4. As interpretações existentes

Preterista: segundo a qual o Apocalipse descreve em linguagem velada os eventos

relacionados aos dias de João. Todas as profecias do livro já estariam cumpridas no primeiro século e nada mais.

Histórica: um panorama da história da igreja dos dias de João até o final dos

tempos (compreendendo desde a primeira vinda de Cristo até a segunda, indo um pouco além disso);

Idealista: segundo a qual, entre mensagens para a igreja do primeiro século e

profecias acerca do tempo futuro, o Apocalipse mostra princípios sempre válidos na experiência cristã. O livro seria uma representação figurativa das lutas constantes entre o bem e o mal;

Futurista: segundo a qual o livro todo é uma profecia de eventos ainda por

Estudo do Livro do Apocalipse

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acontecer. Entende que a maior parte do livro (Cap. 4 a 22) se refere aos tempos do fim, tomando como interpretação a leitura literal dos fatos registrados;

Dispensacionalistas: Significa dispensar, "ato de distribuir". Esta forma de

interpretação divide os atos de Deus com a humanidade em sete dispensações:

Primeira Dispensação da Inocência: Responsabilidade: Não comer; Fracasso: Comeram; Juízo: maldição e morte (Genesis 1-3:18);

Segunda Dispensação Consciência: Responsabilidade: Obedecer, sacrifício, sangue; Fracasso: Corrupção; Juízo: Diluvio Universal;

Terceira Dispensação: Governo Humano: Responsabilidade: Espalhar por toda terra; Fracasso: Desobedeceram; Juízo: Confusão de línguas (Gênesis 11);

Quarta Dispensação: Promessa: Responsabilidade: Permanecer em Canaã; Fracasso: Moraram no Egito; Juízo: Escravidão (Êxodo 1-8);

Quinta Dispensação da Lei: Responsabilidade: Guardar a Lei; Fracasso: Violaram a lei e rejeitaram o Cristo; Juízo: Dispersão Mundial (fim do templo) (Lucas 21:24);

Sexta Dispensação da Graça: Responsabilidade: Receber Cristo pela fé e andar no Espirito; Fracasso: Rejeição a Cristo; Juízo: Grande tribulação (Mateus 24:21 - Apocalipse 6:7);

Pausa: Arrebatamento dos salvos, igreja (1 Tessalonicenses 4:6-7); Diabo arremessado na Terra (Apocalipse 12:13-17);

Sétima Dispensação do Reino: Responsabilidade: Obedecer e adorar a Cristo; Fracasso: Rebelião final (Apocalipse 20:7-9); Juízo: Grande trono branco (Apocalipse 20:11-15).

5. A interpretação escolhida para este estudo

A interpretação escolhida para este estudo foi o modelo histórico (com base principal no livro "A Mensagem de Apocalipse" de Michael Wilcock, editora ABU e alguns comentários do pastor Leandro Lima da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro).

Talvez a que tenha maior divulgação entre os evangélicos seja a interpretação dispensacionalista. É comum ouvir pregadores se referindo à "Dispensação da Inocência", ou à "Dispensação da Lei", ou ainda à "Dispensação da Graça", etc.

Pastor Luis Carlos Lima Araújo

Página 7 de 35 Porém, escolhemos o ponto de vista de interpretação histórico por estar mais

coerente com a teologia histórica. Por seguir a linha de raciocínio de continuidade da história da igreja até a volta de Cristo, com a mensagem de esperança a todas as gerações, quanto à volta do Senhor. E informando que chegará o dia em que não será mais necessário pregar o evangelho, pois Ele mesmo habitará entre nós, e seu Reino não terá mais fim. Sua justiça e seu governo serão presentes para toda eternidade.

6. Iniciando a análise do livro

Apocalipse: Aquilo que está encoberto. Tirar o véu;

Característica: Simbolismos ricos e diversos, alguns bem claros como "julgamentos

em forma de terremoto" (Cap. 6:12-17) e outros obscuros, como "as duas testemunhas" (Cap. 11:1-10). Os símbolos trazem as maiores dificuldades, especialmente porque tratam de futuro. Especialmente o futuro imediato do primeiro século.

O que é o Apocalipse? Uma revelação especial, por suas peculiaridades que não se

encontra em outros livros.

Qual é o estilo: símbolos, figuras, números, anjos, demônios, cidades gloriosas que

não devem ser interpretadas literalmente, porque querem transmitir uma mensagem que na maioria das vezes é simples. A dificuldade é porque não estamos acostumados com este "estilo" literário.

Qual a principal perspectiva do Apocalipse? Passado, presente e futuro. Ele primeiro volta ao passado reconstrói a história do

cristianismo, os eventos centrados na vida de Jesus Cristo, no que Ele já realizou. A partir desta reconstrução (fundamento) o Apocalipse aponta para o Futuro.

Contexto do Apocalipse? As igrejas viviam grande crise, sofrimentos, espólio de seus bens, perseguições,

mortes e prisões. No entanto, deveriam estar prontos a enfrentar a tribulação, por causa do Reino. Prontos a enfrentar as tempestades porque sabiam que suas fundações estavam profundamente enraizadas na rocha. "A tribulação e o Reino" produzem "a paciente perseverança".

Por que é importante entender o Apocalipse? Há promessa para as igrejas daqueles dias e para todos os que desejam

sinceramente compreender, confiar e esperar pelo cumprimento das promessas de Deus: "Felizes" (bem-aventurados) "Os que leem" "e" Os que ouvem". Talvez, devido às circunstâncias, esta seria a única oportunidade para ler e ouvir a carta do último apóstolo ainda vivo (Cap. 1:3).

A analisando o livro: Até o dia em que ouviu a voz como que de trombeta, João experimentou, no

banimento, muito mais as tribulações de Cristo do que o esplendor do Reino do Senhor. As montanhas e as minas da ilha de Patmos eram ambientes próprios para causar depressão e não encorajamento. Poderemos observar que ao se considerar o contexto de prisão para João, seria muito difícil ele ter todos os cuidados para elaborar uma carta com tantos simbolismos, detalhes de harmonização de assuntos, que só podem ser perceptíveis por quem "lê e ouve" atentamente, com coração, com fé.

Estudo do Livro do Apocalipse

Página 8 de 35 Deus quer comunicar claramente uma mensagem especial. Vamos observar a

estrutura dos números no livro. Aparentemente a intenção é fazer uma leitura e releitura da Vinda e da Volta de Jesus, e entre estes dois grandes eventos para a humanidade, ocorrerá muitas coisas, sinais de uma forma passada, presente e futuro (sempre ocorrendo).

Neste particular é necessário afirmar que continuamos a missão que Jesus trouxe em relação ao Reino de Deus.

A teologia nos ensina sobre o Reino de Deus, através da perspectiva do "já, mas ainda não". O Reino de Deus tem uma característica interessante. Ele chegou, quando Jesus veio ao mundo, e continua presente, através do trabalho do Espírito Santo. A Bíblia é clara a esse respeito. Mas, somente estará completo no final dos tempos, quando a vontade de Deus será feita em todos os lugares e por todas as pessoas. Quando tudo e todos se renderem à soberania de Deus. Então o Seu Reino estará perfeitamente instalado.

Vivemos num período que pode ser considerado como o "já, mas ainda não". O Reino JÁ chegou, mas AINDA NÃO está presente na sua plenitude, o que somente irá acontecer depois da segunda vinda de Jesus. E é exatamente na fronteira entre o "JÁ" e o "AINDA NÃO" que o cristão precisa aprender a viver2.

Observemos que o livro afirma sobre Jesus: "O que é, que era e que há de vir" (Cap. 1:8), focalizando Cristo como o Senhor da história! É uma característica particular do Apocalipse a recomendação às igrejas para que continuasse firmes, crendo, apesar da morte de todos os apóstolos, perseguições e espólios. Porque apesar de tudo isso, Deus não está silencioso, não está ausente. O Senhor da história, da humanidade e da igreja, tudo vê e fará justiça com equidade.

O apóstolo João, como todo judeu, tinha como pano de fundo em sua cultura e mente a estrutura do Antigo Testamento. Portanto, no Apocalipse encontram-se influências de livros proféticos como o de Daniel, Isaias, Ezequiel, Zacarias, que são importantes fontes de pesquisa para ajudar na interpretação bíblica do último livro. Cada número no Apocalipse tem um significado. João entrelaçou e utilizou símbolos como chifres, fogo, estátuas, comuns ao estilo literário.

7. A simbologia dos números

Número Sete: O número mais usado aponta para Deus, para o céu, grandeza,

perfeição de Deus e aparecem no livro de forma Explicita e Implícita. Ele é associado à inteireza, totalidade, cumprimento (Gênesis 2:2, Êxodo 20:10, Atos 6:3), plenitude (Isaias 11:2).

Curiosidade: "Sete seria soma de Deus (trindade) com a Terra número 4 (criação: Norte, Sul, Leste, Oeste)". Em toda Bíblia há 375 citações do número sete. É digno de nota observar também o exemplo dos anos Sabáticos e do jubileu. No sabático o povo plantava e colhia frutos da terra por seis anos (número seis) depois deixava a terra descansar no sétimo, deveriam deixar os pobres colherem nas terras. No ano Jubileu o quinquagésimo ano (7x7=49) o ano 50 era o Jubileu, descanso para terra, perdão de dívidas, libertação escravos, devolução de terras a seus donos, era o Ano do Senhor, comparado ao Ano da Graça.

2 Fonte: http://www.sercristao.org/2017/08/21/o-reino-de-deus-ja-mas-ainda-nao

Pastor Luis Carlos Lima Araújo

Página 9 de 35 Citação Explicita: Sete estrelas, Sete selos, Sete trombetas, Sete lâmpadas, Sete

igrejas, Sete taças e Sete anjos, Sete vozes, Sete espíritos, Sete chifres, Sete cabeças... Citações Implícitas:

Bem-Aventuranças Cap. 1:3, 14:13, 16:15, 19:9, 20:6, 22:7, 22:14; Vinda Iminente de Jesus Cap. 1:3, 2:16, 3:11, 22:6, 22:7, 22:12; Palavra de Deus confiável Cap. 1:2, 1:9, 6:9, 17:17, 19:13, 19:9, 20:4; Referência a Deus todo Poderoso Cap. 1:8, 4:8, 11:17, 15:3, 16:7, 19:6, 21:22; Nos cânticos 7 honras: Cap. 5:12 e 7:12 (Deus Pai e Deus Filho igualmente);

Segundo o pastor Leandro Lima (Igreja Presbiteriana de Santo Amaro), "o livro não tem uma estrutura linear, mas cíclica, com o fim de que as histórias sejam lidas e relidas, memorizadas, contadas e recontadas sete vezes, de pontos de vistas diferentes, mas sempre a mesma história, a fim de que os que leem e ouvem a história memorizem, guardem e confiem":

Divisão em sete cenas ou visões: Cap. 1:9 - 3:22 - Sete Candeeiros - A igreja no mundo; Cap. 4:1 - 8:1 - Sete Selos - O sofrimento da Igreja; Cap. 8:2 - 11:18 - Sete Trombetas - Uma advertência para o mundo; Cap. 11:19 - 15:4 - Sete Dragões - A história do drama; Cap. 15:5 - 16:21 - Sete Taças (Flagelos) - Punição para o mundo Cap. 17:1 - 19 - Babilônia a meretriz - Sete palavras de justiça Cap. 20 - 22 - Sete últimas Visões - Julgamento - Jerusalém a noiva

A história de Jesus vindo ao mundo até sua volta: nascimento, morte, Espirito Santo, Arrebatamento da Igreja, Tribulações, testemunho da Igreja, até que Cristo Volte. A técnica de repetição é porque o contexto cultural era "auricular", se ouvia mais do que se lia.

Curiosidade: Esta é uma característica que João deixou também no seu evangelho: João registrou Sete milagres:

1- Transformou a água em vinho (João Cap. 2); 2- Curou o filho de um oficial do rei (João Cap. 4:46); 3- Curou inválido em Betesda (João Cap. 5); 4- Alimentou 5 mil pessoas (João Cap. 6); 5- Andou sobre o mar (João Cap. 6:16); 6- Restaurou visão a um cego (João Cap. 9); 7- Ressuscitou Lázaro (João Cap. 11).

João escreveu em seu evangelho sete vezes: "EU SOU": 1- Eu sou o pão da vida (João Cap. 6:35); 2- Eu sou a luz do mundo (João Cap. 8:12); 3- Eu sou a porta (João Cap. 10, 7, 9); 4- Eu sou o bom pastor (João Cap. 10:11, 14); 5- Eu sou a ressurreição e a vida (João Cap. 11:25); 6- Eu sou o caminho a verdade e a vida (João Cap. 14:6); 7- Eu sou a videira verdadeira (João Cap. 15:1, 5);

Número Quatro: Este é o citado em relação à criação, é o número da criação que se

corrompeu, governo do mundo físico, também se refere aos quatro anjos que controlam

Estudo do Livro do Apocalipse

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governo do mundo físico. A inspiração vem do profeta Ezequiel 1:5-21 e Daniel 7:4. O número quatro refere-se aos quatro pontos Cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste e corroboram com as expressões bíblicas de "quatro cantos da terra", quatro ventos do céu, Cap. 7:1.

Em Apocalipse 4:6-8 Há quatro seres viventes: "Eles adoram a Deus e lhe tributam glória por sua obra criadora". Suas formas, como se lê no versículo seguinte (4:7), são: leão, novilho, homem e águia. Essas formas são consideradas símbolos, respectivamente, daquilo que tem de mais nobre, de mais forte, de mais sábio e de mais ágil na criação. Irineu, algum tempo depois, criou a tradição de ver nesses símbolos os quatro evangelistas. Algumas citações:

Explicitas: Cap. 7:1; 9:13; 9:4; 20:8. Implícitas: Cap. 5:9; 5:13 (a criação reconhece Deus) 6:8 (quarto selo, quarta parte,

quatro instrumentos). Há uma intenção em transmitir para quem "ouve" (9:21), estrutura quadrupla quase sempre voltada para criação e humanidade.

Número Três: Trindade já estabelecida para cristão, como concepção de Deus, Cap.

1:4-8: "Que é, que era e que há de vir"; "Fiel testemunha, primogênito e soberano"; "Parte de Deus, parte dos sete espirito, de Jesus Cristo"; "nos ama, redimiu, fez sacerdotes"; "vêm, todos verão, tribos lamentarão".

Número Seis: Refere-se às forças malignas = "666" - As coisas do mal: Sexto selo,

sexta trombeta, sexta taça, os julgamentos no mundo, sempre evocando número seis: Cap. 6:12; 9:13-15.

Número Dez: Refere-se ao número do mal: Cap. 2:10 (tempo concedido ao mal, não

literal); Dragão 10 chifres, 10 diademas, Exércitos no capitulo nove são 20.000 de 10, 100 anos é múltiplo de dez.

Número Doze: Refere-se ao povo de Deus, igreja: 24 anciãos + apóstolos (12+12);

Selar 12.000; 144.000 (12x12); 12 portas; 12 anjos; 12 apóstolos; 12 fundamentos; 12.000 estádios; 12 frutos na árvore da vida.

8. Os sete candeeiros e a Igreja no mundo (Cap. 1:9 a 3:22)

As Sete Igrejas (candeeiros) da Ásia. Deve-se observar o método da repetição com intenção de reforçar a ideia central da carta. Deus em seu trono e Jesus seu filho e cordeiro, são principais personagens de toda história, passado, presente e futuro. Eles têm a História da Humanidade em seu propósito. Também reforçam a autoridade de quem revela intencionalmente os números conhecidos em seus significados para este gênero de escritura apocalíptica.

Ler e ouvir, uma expressão para que se concentrassem literalmente. Na época existiam mais de sete igrejas na Ásia menor, contudo Deus escolheu sete

igrejas para que estas representassem de forma perfeita a inteireza da ação de Deus na igreja de todos os tempos. Os fatos apresentados são reais em Igrejas do primeiro século, porém quis Deus coloca-las como mensageiras para igrejas de todos os tempos.

Pastor Luis Carlos Lima Araújo

Página 11 de 35 Igrejas = Candeeiros A carta inicia com a visão de João dos sete candeeiros de ouro. Os candeeiros nos

remetem ao candeeiro de ouro no tabernáculo de Moisés (Êxodo 25:31, 37:17), ou seja, João, como Moisés, teve uma visão "espiritual" da realidade espiritual. A visão é de Cristo como sacerdote e juiz (Daniel 7:9-10). Ele dá uma ordem para João escrever o que viu e veria (Apocalipse 1:19) para sete igrejas da Ásia.

Jesus se revela como aquele que esteve morto, o primeiro e o último e vivo pelos séculos dos séculos, anuncia que tem as chaves da morte e do inferno (Apocalipse 1:18). Chaves simbolizam "autoridade". Escreve o que vistes desde o início da visão sobre as sete igrejas.

A primeira igreja em Éfeso (Cap. 2:1-7): A carta inicia reforçando quem mandou escrever (o próprio Cristo). A igreja tinha deixado o primeiro amor, paixão evangelística. (Efésios 1:15). "E de fato, a primeira lâmpada do candelabro foi removida. Tanto a igreja como a cidade foram destruídas; a única coisa que restou foi um lugar chamado Agasalute, e isso, ironicamente, honra à memória de João e não de Éfeso"3.

Nicolaítas, quem são? Os historiadores não têm muita informação. Diz-se que foi um movimento entre os primeiros cristão, provavelmente promovido por Nicolau (Atos 6:5) um dos diáconos, que promovia desvio doutrinário igual ao de Balaão, induzindo cristãos a uma vida promiscua (vida sexual imprópria). Porém não há como comprovar esta informação, apenas se pode dizer que era algo que não era aprovado por Jesus.

A segunda igreja em Esmirna (Cap. 2:8-11): A autoridade de quem ordenou escrever é reforçada (o próprio Cristo). Uma igreja que passava por tribulação, pobreza, blasfêmias de judeus, chamados de sinagoga de Satanás. Esmirna é uma cidade que perseverou após ser destruída por três séculos. Hoje ainda está na Turquia com nome Izmir. Há grande pressão dos judeus sobre os cristãos e esta pressão aqui identificada por blasfêmias e sinagoga do "difamador" (Satanás). A tribulação que passariam poderia trazer morte. O período de dez dias significa "um período de lutas" não deve ser visto literalmente. Esmirna é uma das duas igrejas que não recebem corretivos de Cristo, pois apesar das perseguições e prisões, era uma comunidade que estava se mantendo fiel até a morte.

A terceira igreja em Pérgamo (Cap. 2:12-17): A autoridade de quem ordenou escrever é reforçada (o próprio Cristo). O trono de Satanás se refere à adoração intensa ao imperador (Augusto). Éfeso era a principal cidade, mas Pérgamo era a capital, lá era a sede do governo imperial. Para João, Satanás é o "príncipe do mundo" (João 14:30). Lá tinha uma grande biblioteca, e lá foi o "pergaminho" usado pela primeira vez como material de escrita. Eram fortes os cultos ao imperador e a Zeus. A perseguição que ocorria nas outras cidades chegou a Pérgamo e já havia feito uma vítima, o fiel Antipas. Negar a fé era uma tentação constante diante das adversidades. Antipas, segundo comentaristas, teria sido o bispo (líder) da comunidade em Pérgamo, e segundo tradição teria sido morto da seguinte maneira: "Forma de martírio: Foi amarrado em cima de um touro que puseram fogo, reduzindo a cinzas." (segundo Jacquier)4. As pedrinhas brancas têm diversas definições: "considerando que o contexto fala de carnes sacrificadas a ídolos e da festa do maná de Deus no deserto, a menção de pedrinhas pode se referir ao antigo costume de utilizar pequenas pedras

3 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 23; 4 Fonte: http://www.abiblia.org/ver.php?id=9259

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quadradas como ingresso nos espetáculos públicos. Cristo fez convite especial ao vencedor que não aceita festas do mundo"5.

A quarta igreja em Tiatira (Cap. 2:18-29): A autoridade de quem ordenou escrever é reforçada (o próprio Cristo). Esta igreja recebe elogio pelas últimas obras maiores que as primeiras. Mas o Senhor é contra a igreja pela tolerância com Jezabel, a profetiza. Provavelmente uma profetiza que lembra a influência negativa para falsos deuses, a Baal, na história do Israel antigo. Em Tiatira estava o templo famoso de Apolo. O vers. 27 é uma adaptação grega dos Salmos dois, escrito em hebraico, se referindo à influência da autoridade e propagação do Reino de Deus. Alguns entendem que se refere ao reino milenar de Cristo com a igreja (dispensacionalistas). Estrela da manhã pode ser uma referência a si mesmo ou conforme 2 Pedro 1:19 a luz de Cristo intensa como a vida eterna sobre o vencedor.

A quinta igreja em Sardes (Cap. 3:1-5): A autoridade de quem ordenou escrever é reforçada (o próprio Cristo). Esta igreja aparentemente não sofria as perseguições e aflições das demais. A impressão que temos é que era uma igreja que tinha um conceito de si mesma diferente do que Jesus via. Achava que estava viva, mas para Cristo, estava morta.

Havia falta de integridade (santidade). Jesus faz um alerta para que se lembrasse de tudo que tinha recebido e ouvido, e se arrependesse. Era uma igreja que não estava zelando pela santidade. Jesus alerta que pode vir de surpresa para julgá-la como o ladrão na noite. Para esta igreja uma particularidade ao que vencer dará "vestimentas brancas" e "não terá o nome riscado no livro da vida". Prêmio da santidade e direito a salvação, sem mais nem menos.

A sexta igreja em Filadélfia (Cap. 3:7-13): Novamente a autoridade de quem ordenou é reforçada (o próprio Cristo). Esta igreja recebe um olhar diferenciado por seu testemunho. Esta igreja, assim como Esmirna, tem de Cristo elogios por sua perseverança e fidelidade em não negar o nome de Jesus. Era uma igreja que deveria estar atenta a forte "tribulação que viria sobre o mundo inteiro". Tribulações que vieram contra todas as igrejas neste período do primeiro século. Esta igreja também sofre, a exemplo de Esmirna, dos que se intitulam judeus e não são. Talvez estes causavam parte do sofrimento daquela comunidade. Jesus diz que estes (da sinagoga de Satanás) ainda se curvariam diante do testemunho daquela igreja.

O segredo daquela comunidade era no testemunho de guardar a Palavra de Deus com perseverança. Para esta igreja uma promessa de guarda-los na hora da provação. Era uma comunidade pequena em números (pouca força), mas deveria aquela igreja conservar o que tinha a fim de não perder o galardão, a coroa (1 Coríntios 3:14). Há uma relação com livro de Isaias para melhor entendimento de "as chaves de Davi que abre ninguém fecha e que fecha e ninguém abrirá" (Isaias 22:22), referência a Eliaquim, encarregado da casa de Davi, um tipo de Cristo. Este abriria a casa para a nação justa (Isaias 26:2). As nações viriam humildemente (Isaias 56:5 e 60:11, 14) e se curvariam aos pés de Israel, representante do Reino de Deus, guardadora do templo de Deus. No NT esta aliança foi transferida para a igreja (Mateus 16:19 e 23:13) "assim todo conceito expresso nas palavras: chave, porta, cidade, templo e coluna tornam-se cristão, e é a base para a transferência..."6. Porta é um

5 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 27. 6 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 33;

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símbolo de "oportunidade" (1 Coríntios 16:9, 2 Coríntios 2:12) que se apresentava a todos para entrarem na Nova Jerusalém.

A sétima igreja em Laodicéia (Cap. 3:14-22): Novamente reforça autoridade de quem ordenou (o próprio Cristo), desta vez, por ser a sétima igreja, com o "amém". Esta é uma igreja que é visto por Jesus como "em cima do muro". Não é quente nem frio, era uma igreja sem posicionamento definido em relação a sua fé, que tinha uma imagem de si mesma como rica e que não precisava de nada e na verdade era pobre, cega e sem vestimentas. Laodicéia era uma estancia hidromineral de águas mornas que vinham das fontes próximas à cidade. Eles entendiam bem o que significava "morno". "Em outras cidades da Ásia temos observado que o estado da igreja geralmente corresponde ao estado da cidade. Em Laodicéia, entretanto, isso não se repete; há um contraste entre a cidade e a igreja. A igreja é a imagem da cidade revertida como em um negativo. Financistas, médicos e fabricantes de tecidos se encontram entre os cidadãos mais notáveis da cidade, porém a igreja é considerada "miserável, pobre, cega e nua". Laodicéia tinha falhado de encontrar em Cristo a fonte de toda a verdadeira riqueza, esplendor e visão"7. Era uma igreja indiferente, um povo que causava certo desgosto (Salmos 95:10). Mas ainda assim o Senhor dava uma oportunidade: Arrepende-te. Prova do amor de Deus pela igreja, como o Senhor que fez a criação (vs.14) podia fazer "novas todas às coisas" entre esta comunidade de fé. Cristo pode providenciar as riquezas, vestimentas e unguento. O sentimento de Jesus em relação a esta igreja é o de estar do lado de fora, "eis que estou à porta e bato" a cura para a indiferença era que alguém ouvisse e abrisse a porta. Ao vencedor dar-lhe-ei sentar-se "comigo" no meu trono.

As sete igrejas representam a nossa caminhada de fé e as nossas diversas experiências, sejam boas ou ruins, falsas doutrinas, divisões, perseguições, juízos, etc.

A partir dos próximos títulos peço que acompanhe com sua Bíblia a fim de compreender melhor as explicações do autor do Livro "A Mensagem de Apocalipse" que estamos utilizando como base, bem como nossos comentários auxiliares. Para cada item seguinte devem-se observar as divisões dos capítulos e versículos escritos que contam a história da humanidade relacionada com a primeira e segunda vinda de Cristo com ênfases proféticas e apocalípticas.

9. Os sete selos e o sofrimento da Igreja (Cap. 4:1 a 8:1)

Estes capítulos relatam a visão do céu, do trono de Deus e a presença de Jesus, mas amplia a visão com os habitantes do céu. Em Apocalipse 4:1 termina uma "cena" e começa "outra". A porta abre, e ele vai para ver em espirito, começa nova cena. No trono está assentado Deus Pai, o arco íris, símbolo da aliança. Aqui se percebe a intenção de reforçar os significados dos números, quem lê entenda. Ao redor do trono 24 anciãos (lideres) (simboliza igreja na sua totalidade, 12 tribos e 12 apóstolos) junto ao trono estão outros vinte e quatro tronos, quem se assenta no trono com Jesus, o vencedor. (Lembrando que devemos entender como simbólicos e não literal, não conte números de tronos, é uma linguagem figurada com intenção espiritual) nas cabeças estão às coroas (símbolo de recompensa (2 Timóteo 4:8, Tiago 1:12). A ideia pode ser comparada com a igreja, ainda que

7 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 35;

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militante na terra e céu, firmada em Efésios 2:6, igreja assentada nas regiões celestiais. As vestimentas brancas simbolizam a pureza, a santidade como característica dos que

vivem no céu junto ao trono do Senhor. Sete tochas, sete espíritos apontam para o Deus perfeito em poder e graça. Ao redor dele Quatro seres viventes que podem ser os querubins como na visão de Ezequiel (Ezequiel 10:20-22).

Querubins não são anjos comuns, mas criaturas que impõem respeito Gênesis 3:24, Êxodo 24:18, estão na tampa da Arca, 2 Samuel 22:11 na inspiração de Davi. Estes têm faces que olham para todos os lados e é comparada com a visão de Ezequiel 1:1. Interessante a comparação desta figura centrada no evangelho e como Jesus é apresentado:

Mateus apresenta Jesus como Leão da tribo de Judá, Em Marcos como servo que fez sacrifício pelo pecado, novilho; em Lucas como o filho do homem; em João enfatiza Jesus no céu, como é o voo da Águia. Lembramos que Satanás foi um querubim (Ezequiel 28:14, 16). Os quatro seres viventes estão nos quatro cantos da terra vigiam toda criação de Deus, animal, vegetal e humana.

As visões de adoração no céu todos se prostram diante do trono e cantam, e louvam, todos que foram criados dizem: Santo, Santo é o Senhor. Aquele que está assentado no trono tem na mão direita um livro (livro da vida, livro da história da humanidade). Este livro está selado por dentro e por fora. Não há entre a criação ninguém digno de abrir os selos. João chora, mas não entende bem o "por quê?".

Pausa: Aqui, considerando comentário Joseph Mateus, pastor americano que esteve aqui na IMAF em 2006. Ele fez uma alusão à lei de resgate feita pelo "parente mais próximo": "De acordo com as exigências" para restituição de terra, o parente mais próximo do falecido era obrigado a comprar de volta a propriedade caso ela houvesse sido tomada por motivos de pobreza ou hipoteca (Jeremias 32:6-15), a fim de que o terreno permanecesse sob posse da família (Levíticos 25.25-28).

De acordo com as exigências do casamento (lei do levirato), o parente mais próximo do falecido deveria casar-se com a viúva, para que o nome deste não fosse extinto (Deuteronômio 25.5-10). Isso significava que a família do marido era responsável por cuidar da viúva. E algumas ações de Boaz podem ser comparadas às de Cristo. O remidor tinha de ser o parente mais próximo para realizar a obra de redenção (Deuteronômio 25.5, 7-10; Rute 2.20); Cristo fez-se homem para ser o remidor da humanidade (João 1.1, 14; Romanos 1.2; Gálatas 4.4, Filipenses 2.5-8; 1 Timóteo 2.15; Hebreus 2.14, 16, 17; 10.51).

O parente remidor precisava ter meios para pagar o preço de compra da terra (Rute 2.1); Cristo pagou o alto preço associado ao resgate da humanidade perdida (1 Coríntios 6.20; 1 Pedro 1.18, 19). Boaz estava disposto a ser o remidor (Rute 3.11), e Cristo estava igualmente disposto a redimir a humanidade (Mateus 20.28; Marcos 10.45; João 10.15-18; Hebreus 10.7; 1 João 3.16). O remidor Boaz tomou Rute como noiva gentia e enriqueceu-a financeiramente; Cristo também tomou uma noiva gentia (a Igreja), a qual enriquece espiritualmente"8.

Para Joseph Mateus, esta visão tem a ver com este momento, as negociações deveriam ter testemunhas ao redor (Rute 4:9). Assim, diante do trono estão várias

8 Fonte: www.ibliarespondenocostumes.blogspot.com.br/2015/06/o-que-e-parente-remidor.html

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testemunhas para confirmar que Jesus comprou para si povos de todas as tribos e raças de todas as nações.

Símbolo da coroa no capitulo quatro: Coroa: Nenhum anjo tem "coroa" só os salvos, isso é um símbolo para os salvos. Coroa

significa vitória (1 Coríntios 9:25); vida (Apocalipse 2:10); glória (1 Pedro 5:2-4); justiça (1 Timóteo 3). Jubilo (1 Tessalonicenses 2:19).

Retomando a pausa: João chora, porque não havia em nenhum lugar quem pudesse ser digno de abrir os selos. Jesus, o leão da tribo de Judá, este pagou o preço e abriram os selos, os sete selos, revela novamente a história da salvação daquele que é, era e a de vir, daquele que é o alfa e o ômega, principio e fim, os juízos e tribulações. Aquele que como cordeiro tinha sido morto, mas reviveu e por sua vitória contra morte trouxe alegria no céu onde estão os crentes, os anjos, os querubins, aonde continuamente chegam às orações do povo de Deus clamando por sua justiça e misericórdia, são milhares de milhões de milhares (número incontável). O grande personagem, chave para decifrar permanece no cordeiro, no Cristo de Deus, Ele passa agora a abrir os sete selos que fez João chorar. O cordeiro reconta a história da salvação:

O capitulo quatro faz uma ponte entre o Antigo Testamento e o Novo testamento no processo de recontar as experiências e histórias da salvação, ao relatar a visão do arco íris, símbolo de aliança no Gênesis 9:12, trovões e relâmpagos conforme Êxodo 19:16 no monte Sinai. O trono de Deus é a parte central do capitulo Apocalipse 4:2. A natureza (toda criação) se junta à igreja para adorar a Deus pela redenção em Cristo. A natureza foi amaldiçoada em Gênesis 3:17, mas é totalmente restaurada em Cristo: Romanos 8:19-21 e Apocalipse 5:8-10.

Para o pastor Leandro Lima (Igreja presbiteriana de Santo Amaro): "O capitulo cinco é a coroação de Jesus no céu, após ter morrido e ressuscitado e ter subido ao céu (40 dias) esta é a subida como vencedor da morte, do pecado, do mal, rei dos Reis, Senhor dos Senhores. Satanás não sabia que a morte de Jesus seria sua própria derrota, o humilhou e o envergonhou publicamente (Colossenses 2:11-15), Satanás foi envergonhado em seu poder sobre a morte, poder de acusação. Quem intentará acusação aos eleitos de Deus? É Deus quem os justifica (Romanos 8:33)".

(Final da primeira vez que se conta a história)

10. A abertura dos selos e o sofrimento da Igreja (Cap. 6:1 a 8:1)

O sofrimento da Igreja num mundo opressor.

O Primeiro Selo – Cavaleiro Branco: (Não o anticristo) Branco é sinônimo de

pureza e santidade. Este é invencível (o anticristo tem vitória parcial). Na perspectiva dispensacionalista é um período de julgamentos que começa com o anticristo. Mas aqui não é Jesus, este cavaleiro tem "um arco", "uma coroa" (Stefanos). Aqui é a ordem e garantia do Senhor para que o "Evangelho" seja pregado, portanto, significa a Igreja pregando o evangelho é invencível. Disse Jesus: Ide por todo mundo e pregai o evangelho... toda autoridade foi dada..." (Mateus 28:19) O livro é algo ruim contra a igreja, aqui não é o anjo citado com cavalo branco em Apocalipse 19:1.

O Segundo Selo - Cavaleiro Vermelho: Prepare-se cristão para dar sua vida,

cristãos perderam suas vidas. Não é um futuro, mas desde a morte de Jesus, há falta de paz,

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homens que se matam causando inimizades, violências, caus. (O primeiro cavaleiro vem pregar a paz) Este vem tirar a paz, como consequência da pregação muitos morreram, Jesus disse de Pai matando filho. A igreja constituída depois de Constantino, a inquisição trouxe morte e falta de paz.

O Terceiro Selo - Cavaleiro Preto: Alta exacerbada dos preços dos alimentos,

inflação, um denário (trabalho de um dia) "Azeite e vinho" os ricos se mantém (estes governam o mundo). Na interpretação dispensacionalista, o Azeite e Vinho seria não deixar faltar remédio para curar as feridas do povo. Tempo de escassez. A igreja era constituída de pobres, escravos, viúvas, tempos angustiosos.

O Quarto Selo - Cavaleiro Amarelo: As consequências dos cavaleiros anteriores

trazem morte, o inferno segue acolhendo mortos pela espada e fome. São quatro instrumentos de juízos. A consequência do segundo selo traz mortes. Mortes desnecessárias, não por conta de algum evento catastrófico, mas consequências de falta de paz. Morte e inferno, muitas vidas não foram salvas.

O Quinto Selo - Almas dos mortos: Todos que vem morrendo desde o segundo

selo. Os mortos sendo consolados. Uma cena onde as almas clamam a Deus por justiça contra as forças do império, das injustiças, das perseguições. Repousem até que eu execute a justiça, depois do último mártir. (Quem será? Em nossa geração?). Um olhar para crentes mortos, estão debaixo do altar clamam "até quando não farás justiça". Crentes do primeiro século que foram assistidos por Deus. Debaixo do altar, lugar de sangue dos sacrifícios (Lev. 4:7).

O Sexto Selo - Grande terremoto: Primeira descrição da ira do cordeiro (Juízo). É

a vinda do Senhor. O julgamento dos perversos. Comparar com o que Jesus ensinou aos discípulos em Mateus 24: 29-31.

O capitulo sete precisa de uma atenção especial por conta dos 144.000 selados na fronte. Quem são estes 144.000 dos versículos 3-12? "Os servos de Deus, todos eles, o Antigo e do Novo testamento, todos os que creem são selados. Se somos servos de Deus, a mensagem é para nós, tanto quanto para outro qualquer (1:1), e nós somos também selados"9. Conforme Wilcok (página 57), 144.000 é um número simbólico, pois se interpretarmos literalmente, faltaria à tribo de Dã, quem nem sequer foi citada. Devemos considerar também que desde cativeiro da Assíria, as dez tribos se espalharam perderam sua capacidade de organização e sumiram. Também reforça que "O Israel" passou ser termo geral para povo de Deus (antigo e Novo Testamento). Outro detalhe é que foi incluído de um dos filhos de José e o próprio José. Assim sendo, a multidão que não se podia contar do vers. 9 ser refere aos 144.000 que são os servos de Deus.

Perceber a cena sendo retomada por João. Depois dos cavaleiros do capitulo seis, voltamos à cena dos quatro anjos que controlam os quatro ventos 7: 11, voltamos a cena inicial de 4:4. O "mundo não poderia sofrer danos até que a própria redenção final fosse assegurada" (página 58) pelos que foram selados (pois a redenção do mundo depende destes, compare-se com Romanos 8:19). Novamente vê-se a cena (7:11 e 5:11) a multidão, anjos e arcanjos e toda criação celebram dizendo que Santo, Santo é o Senhor.

O que é o selo dos servos? O paralelo do AT encontra-se em Ezequiel capitulo nove

9 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 56;

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onde "certo homem vestido de linho" é mandado "marcar com um sinal na testa" os fiéis a Deus, antes que os seis "executores da cidade" a destruíssem com a ira de Deus" (Ezequiel 9: 1-4).

A explicação no NT encontrasse expresso por Paulo aos Efésios 1:13. Fomos selados com o prometido Espirito Santo quando no princípio da fé em Cristo (página 56). Tudo indica que o selo não é visto aos olhos naturais, mas é perceptível na realidade do mundo espiritual, visando o benefício à proteção dos selados por Deus.

Sétimo selo - Pausa: Não acontece nada, há uma pausa, o juízo já ocorreu. Silêncio.

Durante os selos a igreja não participa, mas aqui a igreja está em destaque na sua participação. Ela está orando (8:3,4). Respostas do céu à igreja. Os sinais são iguais citados no AT (Moisés no Sinai).

Sobre os agentes destruidores: Os "selos" mostram o que acontecia com seres humanos, nas trombetas a origem está no céu. Na destruição do mundo (maldição na visão do primeiro século) toda benção da criação perde aspectos benéficos. As trombetas, que veremos abaixo, mostram a destruição cada vez mais sombria, mais triste, desde a ressurreição de Jesus (multiplicação da iniquidade).

(Final da segunda vez que se conta a história)

11. As sete trombetas e uma grande advertência (Cap. 8:2 a 11:18)

Inicia o capitulo oito e novamente uma pausa para recontar a história antes da abertura do sétimo selo. Os seis selos mostraram Jesus indo ao céu tomando o livro, sua autoridade no céu e na terra, conta a história da primeira até a segunda vinda de Cristo. Agora vêm as trombetas que representam as perseguições, fome, pestes, feras e mortes, coisas que os primeiros cristãos do primeiro século enfrentaram.

As trombetas não devem ser encaixadas no período de silencio no céu. Elas também não foram detalhadas em separados no discurso de Jesus aos discípulos. Conclui-se que há semelhanças entre as trombetas e os selos nos sofrimentos anunciados. Logo, são os mesmos eventos históricos com propósitos diferenciados. Nos selos os sofrimentos da igreja, nas trombetas os sofrimentos do mundo até a volta de Jesus.

As quatro primeiras trombetas o homem é afetado indiretamente, a partir da quinta trombeta estes serão afetados diretamente (são os três "ais").

Qual significado das trombetas no Apocalipse? Definição difícil, contudo, esta "terceira cena" revela que as orações de clamor do 5º

selo são ouvidas e as trombetas (5º 6º 7º) anunciam "ais" sobre "os que habitam a terra". As pragas relembram início do episódio da libertação no Egito Êxodo 3:7ss quando Deus vem em resposta ao clamor de seu povo.

"O rompimento dos selos mostra o que vai acontecer na história até o retorno de Cristo, dando particular atenção ao que a igreja terá de sofrer. As trombetas, começando no mesmo ponto, também descrevendo o que acontecerá na história até o retorno de Cristo, proclamam uma advertência ao mundo incrédulo.10" Vejamos a abertura dessas trombetas:

Trombetas (significados): Início do ano civil (Levítico 23:24); Comando no triunfo

10 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 64;

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(Josué 6:4); Coroação (1 Reis 1:34); Advertência (Jeremias 4:5). João ouviu grande trombeta e quase morreu (Apocalipse 1:10, 17). O apóstolo Paulo

alerta sobre a ressurreição precedida pelo soar da última trombeta (1 Coríntios 15:52). O significado claro não se pode "afirmar", apenas registrar que é possível que se baseie

na mesma experiência de libertação no Egito quando Deus vem em resposta do clamor do seu povo (conforme clamor do 5º selo, comparado com 8:3-5):

Primeira Trombeta (8:7), a terra atacada: Autorização trazer danos à terra

habitada. Fogo, sangue, simboliza qualquer tipo de destruição, incluindo a natureza. Eventos que, à semelhança dos cinco primeiros selos, se referem a eventos que podem ter ocorrido e ocorrerão em qualquer tempo na terra. Não se trata de um evento isolado (Obs.: a terça parte indica uma destruição parcial).

Segunda trombeta (8:8), o mar atacado: Faz-nos lembrar da primeira praga no

Egito (Êxodo 7:20); assim como a primeira trombeta relembra a sétima praga no Egito (Êxodo 9:24). A consequência da primeira praga a poluir os mares traz destruição ao meio ambiente como consequência da praga anterior. A perda dos navios pela praga, a grande pedra (montanha lançada) ao mar talvez tenha como inspiração a erupção do vulcão Vesúvio no ano 79 d.C. A visão desta erupção talvez levou João a ver grande destruição no mar, mediterrâneo onde navios Romanos navegavam produzindo comércio que seria afetado pela catástrofe. Este era um pedido, um clamor de um povo que viu sua cidade amada padecer nas mãos estrangeiras (Salmos 74:7-10). A destruição foi tão devastadora que trouxe aos corações anseio por justiça divina.

Terceira trombeta, os rios atacados: "Absinto = Nome dado a uma planta, nome

hebraico poderia ser traduzido ainda por peçonha ou alorna. Um nome especial significando "coisa angustiosa". Em todos os casos usa-se o termo como sendo a planta o tipo daquelas que impedem o crescimento das plantas benéficas (Oseias 10:4 e Amós 6:12). A estrela mística é chamada de Absinto, caindo nas águas da terra, as torna mortalmente amargas." (Dic. Bíblico Universal, Editora Vida, 1996, página 13).

Analisar o cumprimento literal de qualquer dessas visões faz perder de vista o objetivo central. A intenção é transmitir que a origem destas atividades é divina, está longe do controle do homem. Coisas terríveis devem vir (ou está ocorrendo) no mundo habitado pelo homem. Aqui Deus ataca a água potável que é presumivelmente um símbolo dos recursos naturais que sustenta a vida.

Quarta trombeta, o céu atacado: Difícil esta visão da estrela, da lua do sol

perdendo parte da luz, serem escurecidos parcialmente. Poderia se conjecturar uma mudança na rotatividade da terra ou algo parecido. Porém, pode-se entender que o texto se refira à luz do sol, luz e estrela. O texto novamente nos conduz às pragas do Egito (Êxodo 8:7, 18ss) por ação divina. O texto quer evidenciar que o inexplicável é de origem divina. Os danos até aqui são alertas, pois são parciais (1/3), são afetadas, mas mesmo assim a humanidade mantém sua apostasia (9:20). As trombetas são sinais da misericórdia, mesmo assim não haverá arrependimento.

Quinta trombeta, Tormento (Primeiro "Ai"): Antes de entrar nesta visão, João

faz um alerta parecido com que Jesus fez às cidades onde operou milagres e não houve arrependimento. Ali Jesus se refere às consequências com igual termo: – "Ai" de vós (Mateus 11:21-24).

Abadom ou Apolion = "O destruidor" Relembra-se novamente as pragas do Egito

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(Êxodo 10:12-20 e Joel 2). Importante relembrar que não podemos fazer uma leitura literal que fuja da intenção simbólica. A estrela caída do céu é Satanás; as hordas que saem do poço (lugar de morte) são abertas por alguém que é uma estrela caída, Satanás (Lucas 10:18 /Isaias 14:12). Foi dada autorização para Satanás tirar estes demônios para atormentar com toda enfermidade que nem mesmo a morte chegará para aliviá-los, enfermidades crônicas, dificuldades constantes, inimizades, inseguranças. Este é o Primeiro "Ai" dirigido aos homens descrentes, não mais ao meio ambiente. A este, em particular, o pastor Leandro (Igreja Presbiteriana de Santo Amaro) se refere como "fim do milênio que será liderado por Satanás (anjo do abismo) e as castas de demônios virão para torturar os homens por cinco meses (como foi no Egito com pragas dos gafanhotos)". "Os homens implorarão a morte. Haverá concentração disso no final do mundo, níveis de corrupção, dor, promiscuidades, depravação jamais vistas. Assim como aconteceu com Sodoma e Gomorra, anjos virão para juízo, mas antes retira seu povo. O tempo está próximo, Deus está soltando os freios para que a depravação venha paulatinamente à medida que o Evangelho é pregado em todo mundo. A maior punição para o homem é deixa-lo ao próprio querer, Deus o entrega a si mesmo (Romanos 1). Fim dos tempos!".

Para Wilcock a" interpretação é que a qualquer tempo que os incrédulos sofrem o modo descrito (simbolicamente) com toda a sorte de enfermidades que os atormentam, das quais nem mesmo a tão bem-vinda morte chega para aliviá-los- enfermidades crônicas, dificuldades constantes, inimizades, inseguranças- nada mais são do que estes gafanhotos da quinta trombeta, dirigidos e subordinados pelo anjo do abismo"11. Este é o Primeiro "Ai".

Sexta trombeta, Destruição (Segundo "Ai"): Esta é a última advertência aos

habitantes da terra. Esta trombeta soa para anunciar advertência de Deus contra o pecado em resposta as orações dos Santos (9:13). Os vers. 14 indica a realidade de que muito da história bíblica de ameaça e destruição veio principalmente, da região do Eufrates e do Tigre, começando com os Assírios que vieram como lobos para dentro do aprisco por volta do sec. VIII a.C. (conforme Wilcock, página 74).

A sexta trombeta não se limita a tanques e aviões, mas acidentes, má nutrição, terroristas, mortes. Ainda assim não haveria arrependimento dos outros habitantes da terra que não abrem mão da corrupção, de qualquer ação benéfica ao mundo e se recusam deixar de viver o ‘paganismo (9:20), não dando qualquer significado a necessidade de Deus como centro da vida. A quinta e a sexta trombeta são parecidas. Na quinta atormentam, na sexta, matam. Os demônios estavam em cadeias, Deus os libera. "Lutero chama "Satanás" de" o chicote de Deus". Deus libera os demônios deixando-os fazer o que quiserem, porém, mesmo depois dos tormentos não há arrependimento. A sexta trombeta é descrita no capitulo 9:13 a 11:14 onde declara o Segundo "Ai".

Nesta "cena" (Cap. 10:4) João ouve sete trovões, mas não lhe é autorizado revelar, assim como apóstolo Paulo não lhe foi possível divulgar o que tinha visto e ouvido no seu arrebatamento quando escreveu para os de Corinto (2Coríntios 12:4). O anjo vai tocar a última trombeta, cumprir- se -a o mistério de Deus, ou seja, o evangelho, a pregação do Evangelho. Com a sétima trombeta o período de pregar o evangelho se encerrará, a missão estará completada.

No Cap. 10:6 é anunciado que "já não haverá mais demora", os homens perderam sua

11 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 72;

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capacidade de se arrependerem. O paralelo no AT está no livro de Daniel 10:5/12:6. Para Daniel foi dito três tempos e meio antes que chegasse o fim. Para João, de forma contrastante, é dito que "já não haverá mais demora".

Capitulo 10:8 a 11:14 - Ênfase no mundo que não se arrepende - O livrinho são as Palavras de Cristo. A mesma experiência Ezequiel viveu na sua visão - Ezequiel 2:8-3:3. Estas palavras são doces, mas seu efeito depois de proclamada é amargo pela reação dos que não se arrependem. A referência ao templo é simbólica, pois o mesmo já tinha sido destruído e os leitores sabiam disso. O templo (11:1) significa a igreja, ao passo que a cidade (11:2) significa o mundo; em harmonia com 10:11, João não está falando sobre Jerusalém em nenhum sentido geográfico, mas como símbolo universal (Wilcock, página 79). Na visão, os crentes estão no "santo dos santos" o qual é medido sob cuidados protetor do Senhor (11:1-2).

As duas testemunhas: (Cap. 11.3) Presumivelmente, em algum tempo no futuro, de Jerusalém surgirão as duas testemunhas exercendo a pregação por três anos e meio, depois virá o martírio de ambas, a ressurreição, o arrebatamento e o caos da cidade. Difícil interpretação, mas é sugerido o seguinte: "As testemunhas são a igreja de Deus no mundo, o povo de Deus entre as nações pagãs, aqueles para quem o evangelho é doce em meio àqueles que o evangelho é amargo." (Wilcock, página 80).

Por que duas testemunhas? "As coisas notáveis que elas fazem no vers. 5 e 6 nos

relembram, talvez, de modo convincente, as duas testemunhas da glória de Cristo no monte da transfiguração: Moisés e Elias. Estes dois representam o testemunho da igreja no mundo" (Wilcock, página 80). Aqui há de se considerar que a esperança judaica de que estes profetas viriam antes do fim dos tempos e estes vieram na pessoa de João Batista e Jesus. São duas porque assim o judeu considerava o testemunho "verdadeiro" (João 8:17 e Atos 1:8).

O tempo de pregação é de 1260 dias ou 42 meses em que as nações hão de ocupar a cidade de Deus. Este período é simbólico. "Quarenta e dois meses" é o período "simbólico" dos gentios. (Romanos 11:11, 12). Depois deste período, segue-se outro de três anos e meio em que aparentemente a igreja será derrotada (11:9 - Metade da semana em Daniel 9:27). Esta experiência é comparada a do próprio senhor Jesus que depois de seu ministério de três anos e sua morte, ressuscitou e subiu aos céus. A cidade espiritualmente chamada de Sodoma e Egito. A expressão simbolicamente tem a ver com a pregação do evangelho.

Enquanto a igreja durar, estamos vivendo os três anos e meio e onde a igreja estiver aparentemente a perecer, estaremos na Jerusalém assassina que é pior que Sodoma e o sistema opressivo do Egito. Lembrando que o tempo dos gentios se iniciou no ano 70 d.C. na destruição do templo. Aqui cabe uma observação ao que Daniel 9:26-27 comparada a Mateus 24:15. A destruição do templo no ano 70 devido rebelião judaica se refere a esta desolação em que o "sacrifício foi tirado". Começou o tempo dos gentios.

As três semanas e meia suspende o sacrifício, cessou a matança de animais. O assolador vem lutar contra o "cavaleiro que leva o evangelho invencível" (Apocalipse 6:2). O historiador Josefo conta que a destruição do templo impressionou o próprio general (Tito) que afirmou que foi por ação de Deus, tamanha proporção e força. Conta que cerca de 1.350.640 foram vitimadas (judeus) e mais de 100.000 foram vendidos como escravos.

Particularmente, referente às duas testemunhas, penso que poderíamos interpretar na perspectiva da linguagem simbólica que seria a Igreja e o Espirito Santo na sua missão. A derrota dos santos seria a derrota da igreja em sua pregação e valores junto ao mundo. O

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mundo celebra esta vitória. No meio dos três dias e meio ocorre a ressurreição dos que morreram em Cristo (igreja na terra se prepara para unir com igreja no céu) (11:11) sobrevêm grande medo ao mundo. É dito aos ressuscitados "subi para cá", o arrebatamento, então a manifestação de Jesus Cristo com seu povo e vinda para juízo.

"A cena inteira descreve as advertências divinas contra o mundo incrédulo e, se o mundo não se arrepender após as seis primeiras trombetas, certamente a sétima representará um terrível "Ai" para a humanidade." É o último e final "Ai" porque contra ele não existe apelação possível. As primeiras quatro trombetas demonstraram o poder de Deus sobre a terra e seus perversos habitantes; as três últimas, representam os três "Ais" que provam o poder de Deus sobre a própria humanidade."12

A sétima trombeta (Terceiro "Ai"): O ciclo acabou Cap. 11:15. Grandes vozes no

céu. Término da história, juízo final. Como começou a história assim termina. Ponto central é o céu e a terra, a recompensa ao povo que se manteve fiel até fim. Ser crente é a alegria e a certeza do mundo vindouro. "Os demônios não atacarão os que têm a marca, o selo do Deus vivo na fronte e não passarão pelo três "ais" (Pr. Fernando).

O Terceiro "Ai" é a descrição da sétima trombeta que se refere à segunda volta de Jesus e o juízo final. "É o último e final "Ai" porque contra ele não existe apelação possível. As primeiras quatro trombetas demonstraram o poder de Deus sobre a terra e seus perversos habitantes; as três últimas trombetas, representam três "Ais" que provam o poder de Deus sobre a própria humanidade.

(Final da terceira vez que se conta a história)

12. A história do drama e as sete visões do conflito (Cap. 11:19 a 15:4)

Importante observar que as divisões da bíblia não seguem as divisões dos "assuntos centrais" isso por vezes pode confundir. O início da quarta cena (como Wilcock divide seu estudo) não se dá em 12:1, mas em 11:19 quando se abre o Santuário de Deus no céu e novamente os efeitos característicos do céu: vozes, trovões, relâmpagos, símbolos da presença de Deus ativo. João começa a ter visões novamente, agora serão sete visões de conflito cósmico, repetindo a tendência sistemática de uma ação pela qual Deus salva o seu povo e destrói os seus inimigos. Vamos observar o surgimento de novos personagens no palco celestial. São eles:

Dragão: Pano de fundo para interpretação é a história de Israel. Em Salmos 74:13, 14 o dragão é inimigo de Israel quando saíram do Egito; Ali o dragão era o Egito, a Mulher Israel, tem no sol e a lua uma referência a visão de José e sua família em Genesis 37:9; o deserto é o Êxodo, 1260 dias foi tempo de viagem, 42 meses como os 42 estágios em Números 33 e a chegada à terra prometida. Sendo assim, entende-se que:

Cabeças: Autoridades; Sete coroas: Autoridade Real (Lucas 4:6 e João 14:30) autoridade real do dragão; Dez chifres: grande poder (para o mal) O Filho (12:5) aqui são registrados o nascimento e a ascensão (referência ao Salmo

2:7). O Destaque o está no ponto em que esteve ao alcance do dragão e escapou para

12 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 82;

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sempre. O filho é Jesus. A mãe é Israel (Genesis 37:9-11 sonho de José), ela continua a existir depois da

ascensão; Ela é de fato, a igreja: o velho Israel, deles descende o Cristo segundo a carne (Romanos 9:5) o novo Israel, que o Senhor deixou aqui para retornar ao Pai.

1260 dias representam o período da história da igreja até a segunda volta de Jesus. O capitulo 12 é um resumo da história de salvação e traça toda grande batalha

cósmica que se deu e se dará até a volta de Jesus. É colocado por João aqui como um interlúdio de suas visões. Os primeiros seis versículos servem de base a para a história, onde versículos 1 a 4 descrevem todos os séculos antes de Cristo, o versículo cinco os trinta singulares anos de vida de Cristo sobre a terra, e o versículo seis todos os séculos d.C. Essas datas são apenas parte da identificação dos personagens. O enredo propriamente dito, ou a maior parte dele, não tem data fixa.

Todo contexto da cena que João vê (caps. 12 e 13) diz respeito a uma besta, a uma segunda besta, aos seguidores do cordeiro e a um trio de anjos, e todos estes se encontram ativos em todas as épocas. Seguindo a lógica das visões anteriores, somente "nas três últimas visões João aponta o futuro, como já havia feito com os últimos selos e com as últimas trombetas." 13 No Cap. 12 os versículos 7 a 16 não devem ser considerados como uma sequência natural do texto, mas uma repetição do conflito do versículo quatro até a glorificação de Jesus e a reação nos céus quando Satanás é expulso. Os versículos 13-17 descreve a perseguição do dragão contra a mulher (Israel), contra a criança (Cristo), seus descendentes (Igreja) após a ascensão. Esta perseguição com água como um rio representam "tribulações".

A partir do capítulo 13 João tem outras sete visões.

Primeira visão (13:1-10) - A besta que emerge do mar: A Besta (grego terion

= besta, monstro, fera, pode referir-se ao império Romano) do mar levanta ajuda para enganar a igreja. A Besta (animal monstruoso) com 10 chifres (poder para o mal) quanto mais chifres mais força: 10 números do maligno. As sete cabeças aqui demonstram uma tentativa de imitar a Deus, não no sentido religioso, mas em poder. No verso dois "era semelhante", o dragão lhe deu seu poder. Para ajudar na interpretação, em Daniel Cap. 7:23-25 ele se referia a quatro impérios: Babilônico, medo-persa, grego-macedônio, Romano (século I a.C.). Quatro em um, herdeiros dos anteriores: O chefe dos impérios, dos sistemas é sempre o mesmo, os dominadores deste mundo: Dragão ou Satanás, que persegue a igreja (o povo de Deus, Israel e igreja) para desmotiva-la, desanima-la. Quem pode pelejar contra a besta?

A ressurreição (13:2) é uma paródia (releitura com deboche e ironia) da ressurreição de Cristo. Este é um anticristo que não foi revelado ainda (o escatológico de 2Tessalonicenses 2:3-4). Essa ressurreição da besta, para João poderia se referir ao surgimento dos imperadores do primeiro século como ocorreu com Nero e depois Domiciano, e assim seguindo pela história, que foram algozes para judeus e cristãos no primeiro século. Porém, entende-se que este anticristo ainda não foi revelado como o homem da iniquidade. Em 13:5 "foi-lhe dado uma boca" e "42 meses (1260 dias) (três anos e meio) para profanar a Igreja e sua fé (tabernáculo) se refere ao tempo dos gentios em que o

13 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 95;

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império se levanta com blasfêmias. Gentios aqui no sentido de serem contra os santos, contra os desígnios de Deus. Pode significar uma ideologia ou fanatismos a ressurgir que atrairá admiração dos gentios em todo mundo, pelejando contra o poder da religião.

Segunda visão (13:11-18) - A besta que emerge da terra: João vê a segunda

besta imitando cordeiro (milagres). Acautelai-vos dos falsos profetas (Mateus 24:11), enganarão a muitos, ensinou Jesus. Identificam-se pela mensagem, invenções e distorções. Esta besta identifica-se com a "religião" (Falsa, parece verdadeira) que maculam a verdade com a mentira, igual ao que o diabo fez com Jesus na tentação. Muitos farão milagres (vs. 13) e grandes sinais (Mateus 24:24). Esta besta impõe uma marca na fronte e na mão direita (Tudo executa). Esta está em atuação há muito tempo.

A besta marca os seus que não estão escritos no livro da vida. Fronte: (Intelecto) mão (atitudes, realizações), quais intenções que servem a Besta, Falsa Religião, imitar os sinais e prodígios. A falsa religião está presente na história bíblica desde confronto de Moisés com Faraó e estavam impregnados no primeiro século entre o poder e o misticismo grego/romana onde os imperadores eram considerados deuses e com esta imagem e mensagem, dominavam sistematicamente. Quem não agisse conforme sistema, não comia, comprava, estava fora do sistema. João instrui para "calcular o número" e não "descobrir quem era". Esta Besta é representada por um número: 666, ou seja, o homem empoeirado se julgando deus, mas que não chega a ser sete, o número perfeito. João procurou dar números simbólicos para o período da igreja e gentios (42 meses etc.), deu número simbólico para a igreja (144.000) deu número simbólico para as testemunhas (dois que simboliza igreja), aqui também deu número simbólico para a Besta, que não se refere a uma pessoa específica. Tudo indica que esta "besta" tem a ver com uma religião que está comprometida com o "O sistema dominante do mundo que rejeita o governo de Deus", uma falsa religião, vinculada ao homem que quer ser como Deus. Seis é o número do homem, não chega a sete que a perfeição.

Para Wilcock devemos analisar seguinte forma: "É uma maldade realmente tratar a besta e o seu número de qualquer forma

diferente. A igreja é representada por figuras (anciãos, a mulher, as testemunhas) e por números (144.000). A época da igreja é simbolizada por figuras (mulher que é preservada, a pregação das testemunhas, as nações ocupando Jerusalém) e por número (três anos e meio). A falsa religião é simbolizada por uma figura (A besta da terra) e por um número (666). O número não representa Calígula, Nero nem Roma. Simplesmente representa a Besta, A FALSA RELIGIÃO."

Terceira Visão (14:1-5) - O cordeiro e seus seguidores: João vê o Monte Sião

não como lugar geográfico, mas espiritualmente. Os 144.000 são a igreja do Senhor (no céu e na terra (Efésios 2:6 Hebreus 12:22). Esta comunidade é integra em sua união com o cordeiro, como deve ser a união de um casal, sem violações. A comunhão é marcada pela intimidade do novo cântico. Na castidade não há nenhum valor doutrinário, apenas a intimidade com a verdadeira religião em contraste com a falsa religião.

Quarta visão (14:6-13) - Graça, Destruição e Advertência: É marcada pela

atuação de três anjos. O primeiro anjo (mensageiro) refere-se ao Evangelho da Graça que é pregado em todo mundo pela igreja a todo povo, língua e nação até a hora do juízo. O segundo anjo anuncia a queda da grande Babilônia símbolo do sistema religioso liderado pela Besta da terra (dominadores do sistema do mundo) em sua prostituição religiosa. O

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terceiro anjo se refere à manifestação do juízo contra aqueles que se mantiveram com a marca da Besta, entre estes três anjos pode-se afirmar que simbolizam os tempos presentes onde o evangelho está sendo anunciando em meio às falsas religiosidades de um sistema comandado pela besta da terra (dominadores do sistema, mundo sem Deus), neste período se destaca a perseverança dos santos que não abrem mão dos mandamentos de Deus. Felizes os que descansam de sua obra, no Senhor, neste período. Estes três anjos são, também, um prefácio do que vem nas três visões seguintes, a partir desta quarta visão e seguindo a lógica até aqui, as três últimas visões serão voltadas para juízos.

Quinta Visão (14:14-20) - A última ceifa: "A ceifa é a consumação dos séculos

quando os anjos serão enviados para colher tantos os perversos como os justos (Mateus 13:30-39). A terra será banhada de sangue (1600 estádios) referia-se ao comprimento da terra de Canaã, 360 km (Dã a Berseba), mas a cidade de Jerusalém será poupada, pois dentro dela não há lugar para tal tipo de imundície (Hebreus 13:11, 12). Em Daniel 7:13, 14" um semelhante ao filho do homem veio nas nuvens do céu para pôr fim ao domínio das bestas; aqui o seu aparecimento é o fato decisivo neste conflito cósmico. Durante toda duração dos três anos e meio a tensão continuará a existir entre duas sociedades, os seguidores da besta e os seguidores do cordeiro. "14

Sexta visão (15:1) - Os sete flagelos. Prévia da próxima cena: A sexta visão

é a pré-estreia da cena seguinte 15·. É o anuncio dos flagelos para o mundo e seu sistema dominado pela besta, flagelos que virão para a Babilônia, símbolo de um mundo que deseja estar alienado de Deus. A nova cena se iniciará em 15:5.

Sétima visão (15:2-4) - A canção da vitória: Os dois cânticos de Moisés em

Êxodo 15 e Deuteronômio 32:1-43 expressam a grande vitória do povo de Deus deixando registrado o momento tipológico (passagem mar vermelho e vitória contra Egípcios e os momentos finais da vida de Moisés quando passa autoridade para Josué) que João agora se recorda e ouve uma canção que narra à vitória do Cristo representando sua vitória histórica e espiritual.

(Final da quarta vez que se conta a história)

13. As sete taças: flagelos e punições para o mundo (Cap. 15:5 a 16:21)

Os sete flagelos estão intercalados na "sexta visão da cena anterior (Cap. 15:1), onde ainda há manifestação da ira de Deus sobre a humanidade". Agora, entretanto, tornando o foco voltado para a Babilônia citada pela primeira vez em 14:8. Esta, que tem dado a beber a todas as nações do vinho de sua prostituição. A falsa religião das duas bestas é implantada pelo sistema da Babilônia, aquela que "sela" seus seguidores. João em suas visões destacará a "Santidade de Deus". A cena inicial do céu e o santuário demonstram a grandiosidade da santidade de Deus, como no tabernáculo onde homens não podiam sequer aproximar ou ficar em pé (Números 1:51, 53 e Êxodo 40:34, 35). Há uma atmosfera do medo a se perceber pelas vestimentas dos anjos e as taças que trazem em suas mãos.

14 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 108; 15 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 109;

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Primeiro flagelo. A terra é atacada (16:2): Nas trombetas havia uma

advertência, no flagelo não há mais oportunidade para arrependimento. "Todos os que não foram selados como seguidores do cordeiro são marcados de forma irreversível como adoradores da besta e todos eles, não somente um terço irão sofrer punições."16Um mundo marcado por impossibilidade de vencer doenças terríveis.

Segundo flagelo. O mar é atacado (16:3): Assim como na segunda trombeta, a

sequência dos flagelos seguirá a terra, o mar, os rios e os céus. Trazem-se a memória as pragas do Egito, a diferença nos flagelos é que não serão mais advertências, parciais, mas será "total destruição". O pecado dos homens volta-se contra eles próprios. Um mundo sem controle de sua natureza no mar há morte!

Terceiro flagelo. Os rios são atacados (16:4-7): A resposta de Deus ao clamor

dos santos debaixo do altar. Assim como ocorreu o envio das trombetas em resposta ao clamor e como advertência, aqui a resposta se completa literalmente com uma vingança. Vozes da igreja no mundo e no céu são acolhidas e a resposta vem com dura retribuição aos seus inimigos. Lembra uma das pragas do Egito ao ferir as águas com sangue. A natureza sendo afetada, não há como vencer, há morte nas águas!

Quarto flagelo. O céu é atacado (16:8-9): Ao comparar com a quarta trombeta

à luz do sol não apenas será afetada, mas, o sol queimará com a intensificação do calor. A relação entre as cenas não é cronológica, mas lógica. "Deus adverte que sempre que alguém causar sofrimento será punido (as trombetas). Caso sua advertência caia em ouvidos surdos, no final os perversos serão punidos (os flagelos)"17 Desequilíbrio no aquecimento global, consequências e indignação contra mensagem de Deus, contra religião.

Quinto Flagelo. O tormento (16:10-11): "Quando o quinto flagelo é derramado,

todo sistema humano é lançado em completa desordem, caem trevas, como na nona praga do Egito."18 O trono da besta é o maior golpe de satanás e talvez seja o flagelo mais assombroso do Apocalipse A besta é a motivadora da organização de uma sociedade humana alienada de Deus. Diz Wilcock que "este mundo" é cópia da sociedade de Deus, a igreja. Deus é o senhor e está no controle, como nos dias de Daniel em que o sistema mundial pagão prevalecia conforme sonho de Nabucodonosor (Daniel 4:17,25). O sistema da besta mesmo prevalecendo, não está no controle, continuarão reclamando da igreja com sua mensagem de Deus!

Sexto Flagelo. A destruição (16:12-16): O sexto flagelo é o próximo e último

estágio da punição divina, e nele os propósitos de Deus e de Satanás convergem de forma macabra. Tendo visto que sua tentativa de perverter a sociedade humana falhou, Satanás diz: Se não posso mais perverter, destruirei; e ele e a besta, e o falso profeta inspiram reis da terra, já incapazes de manter a paz, a um frenesi de destruição mútua. Os armamentos são multiplicados, os exércitos marcham e os homens morrem. Da mesma forma que a sexta trombeta é a última advertência, o sexto flagelo é a última punição. O propósito de Satanás é conquistar o poder; o propósito de Deus é executar a sua justiça. O resultado é o mesmo: ARMAGEDOM (*), isto é, o fim. Quando o grande dia do Deus todo poderoso, os poderes

16 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 115; 17 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 118; 18 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 118;

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deste mundo defrontar-se-ão de forma súbita com o Senhor que rejeitaram, vindo tão inesperadamente quanto à citação de suas palavras que aparecem neste capitulo versículo 15 (Eis que venho como vem o ladrão...), será como ocorreu no Egito quando as trevas foram seguidas pela morte, na noite da primeira páscoa.

Armagedom

Quanto à etimologia, Armageddon tem origem na expressão hebraica "Har Megiddo", que significa "monte de Megido", um local situado aproximadamente a 30 km ao sul de Nazaré. Neste monte ou colina aconteceram várias batalhas relevantes para o povo hebraico.

Na Bíblia, a palavra Armagedom só aparece uma vez, em Apocalipse 16:16: "Então os três espíritos os reuniram no lugar que, em hebraico, é chamado Armagedom." A Bíblia sugere que neste lugar acontecerá o conflito final entre Deus e os espíritos malignos. Alguns autores afirmam que a passagem em Jeremias 46:10 também é uma referência ao Armagedom, e por isso acreditam que esse local fica perto do rio Eufrates.19

MEGIDO - Megido era o nome de uma cidade fortaleza antigo em uma planície entre a cordilheira de montanhas do Monte Carmelo na fronteira ocidental da Palestina e as colinas ao sudoeste do mar da Galileia. A expressão "Armagedom" ou "Har Mageddon" significa literalmente "colina de Megido". O monte de Megido seria um dos montes nesse vale ou planície de Megido, também conhecido como Esdraelom, ou Jezreel no Velho Testamento20.

Esta batalha final simbolicamente pode se referir a um conflito próximo ao Eufrates (espiritual ou não) onde os povos do mundo guerrearam uns contra os outros e todos contra Deus, inspirados pela falsa trindade entre dragão, a besta e o falso profeta.

O Sétimo flagelo. O mundo não mais existe (16:17-21): "O derramamento do

sétimo flagelo remove o tempo e a história, e os substitui pela eternidade. Quando aquele dia vier, não somente as ilhas e as montanhas da terra criada por Deus que desaparecerão. As cidades, a civilização, que é a conquista do orgulho humano inspirado por Satanás, também entrarão em colapso. A grande cidade é sem dúvida, a Babilônia, o símbolo da estrutura satânica. O Senhor se lembrará dela, ela que agora diz no seu coração: Deus esqueceu, e que sob a intensidade da tormenta divina será desintegrada: A saraivada varrerá o refúgio da mentira (Isaias 28:17). O sexto flagelo traz destruição total, o sétimo traz extinção total. "21 A grande cidade, a Babilônia é incluída e sobre ela se volta à ira do cordeiro de Deus. A Babilônia passa a ser foco do julgamento de Deus.

(Final da quinta vez que se conta a história)

14. A grande meretriz e sete palavras de justiça (Cap. 17:1 a 19:10)

Em 16:19 "E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe a seu cálice do vinho do furor de sua ira". Nesta cena Wilcock entende que João enfatizará "sete Palavras" direcionadas à grande Babilônia, que simboliza a organização social alienada de Deus, com

19 Fonte: https://www.significados.com.br/armageddon 20 Fonte: https://www.estudosdabiblia.net/2004425.htm 21 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 122;

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sua falsa religião e que influencia todo mundo.

Primeira Palavra: acerca da Babilônia (17:1-6) A mulher (A meretriz e mãe das abominações) e a besta com as mesmas características

do capitulo 13:1 (A besta que vem da terra com poder sobre nações) "A primeira palavra mostra Babilônia em seu poder e gloria. Veja-se em primeiro lugar quão influente ela é. As águas da Babilônia eram uma verdadeira atração geográfica naquela antiga cidade. Mas aqui elas são um símbolo, cujo significado é dado no versículo 15 (povos e multidões). Ela está entronizada sobre todas as nações" (página s. 130/131). João descreve a beleza e poder de atração da grande Babilônia. Ela causa admiração em João, é chamada de "Babilônia, A Grande, A mãe das Meretrizes e das abominações da terra" (vs.5). Ela tem sangue dos santos. A grande Babilônia é causa de mortes dos santos ela se impõe com seu poder, como um sistema. É provável que tenha ocorrido desistência da fé cristã, por conta da grande influência da prostituta Babilônia que influencia nações.

Segunda palavra: O Mistério da babilônia (17-7-18) A admiração de João pela Babilônia é percebida pelo anjo que lhe revela aspectos e

acontecimentos em torno da grande Babilônia a partir da Besta e da Mulher que personificam qualidades da grande Babilônia.

Esta besta pode ser comparada com as duas que surgiram no capitulo 13. Ela se refere tanto a falsa religião como a sociedade alienada dos propósitos do Reino de Deus, pois ela domina reino, nações, povos e raças (muitas águas vers. 15). Esta besta repete a tentativa da imitação de Cristo "aquele que vive, estive morto, mais eis que vivo"; Referente a besta diz o anjo: "era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição."(ver 13:3). A diferença é que o anjo determina que ela irá para destruição eterna. As sete cabeças e os sete montes, utilizando o número sete como número místico de perfeição em força, João descreve simbolicamente a liderança e autoridade (sete cabeças) bem como solidez e permanência (sete montes) da besta. A grande cidade poderia estar no coração de João era Roma edificada em sete montes:

"Além disso, ela é uma cidade construída sobre sete Colinas. Essa especificação elimina a antiga Babilônia. Apenas uma cidade tem mais de 2.000 anos e foi conhecida como a cidade das sete colinas. Essa cidade é Roma. A Enciclopédia Católica afirma: "É dentro da cidade de Roma, chamada cidade das sete colinas, que toda a área do próprio Estado do Vaticano está agora confinada." The Catholic Encyclopedia (Thomas Nelson, 1976), sv "Rome".22

Os sete reis, são o poder político. A própria besta pode ser comparada ao rei que emergira dentre os sete, do mesmo tipo. Os dez chifres (dez reis futuros) que ainda não receberam o reino terão pequeno período de domínio (uma hora). Talvez por se tratar da última batalha que travarão com o cordeiro e perderão. As águas demonstram a extensão do domínio da besta que mantém a Babilônia como o sistema de poder e autoridade que desviou nações, reis e povos através da influência da besta. Mas o anjo reserva ainda algo importante sobre o governo da Babilônia. Os dez reis se levantarão contra a meretriz, os poderes malignos se levantarão uns contra outros (Mateus 12: 25-26 um reino não subsiste quando luta entre si). Até mesmo a batalha entre os poderes malignos está no plano de Deus para trazer a vitoriosa ação do cordeiro (vs. 14). A mulher é comparada com a grande

22 Fonte: https://agrandecidade.com/2011/10/10/roma-ou-jerusalem

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cidade que domina os reis da terra. É de lá que a falsa religião, os poderes do mundo tenebroso, e os poderes tentam controlar a raça humana. Nos dias de João e na mente dos leitores, Roma preencheria estas características, contudo não podemos deixar de reconhecer que simboliza um sistema de ordem espiritual e esteve presente no primeiro século e está presente em toda história da humanidade.

Terceira Palavra: A queda da Babilônia (18:1-3) João vê outro anjo que desce do céu, juntamente com este uma manifestação de

gloria maior do que a da Babilônia. Este anjo reafirma a queda da grande Babilônia, a queda final da mulher que atraia com seu glamour povos raças e nações (vs.4). A queda da Babilônia e de seu poder é comparada com a declaração que Daniel interpretou para o rei Belsazar, rei da Babilônia nos dias do cativeiro, declarando a queda do seu reinado conforme Daniel 5:26-28. O sistema dominante seja qual for, de ordem ideológica, totalitarismo repressivo, capitalista, religioso, seja qual for não subsistirá.

Quarta Palavra: O julgamento da Babilônia (18:4-20) A ouvir outra voz vinda do céu João escreve sobre a advertência ao povo de Deus para

não se deixar levar pela grande cidade que a todos leva a prostituição, para não serem participantes dos juízos sobre ela. A grande prostituta é comparada com outras três cidades na história do povo de Israel. Com a Babilônia dos dias do cativeiro (Jeremias 51:25) monte que destróis, com Tiro (Ezequiel 27:22-35 e 28) e a Sodoma de onde Ló foi encorajado a sair imediatamente antes do juízo (Gênesis 19:12).

Quinta Palavra: A morte da Babilônia (18:21-24) Um anjo lança uma grande pedra de moinho dentro do mar, assim será arrojada a

grande cidade, a grande Babilônia. A consequência será grande silencio. Os povos aquietarão, o silencio indica a morte da Babilônia. Ainda João acrescenta uma acusação à Babilônia que nos lembra da exortação de Jesus à Jerusalém que "matas os profetas que te foram enviados" (Mateus 23:29-39), com esta acusação poderíamos incluir uma quarta cidade como característica da Babilônia, Jerusalém. Esta afirmação, de grande importância, fortalece a intenção simbólica do texto sobre atividade espiritual da grande Babilônia que alcança todos os povos.

Sexta Palavra: O cântico da Babilônia (19:1-5) João ouve louvores e gritos de aleluia, pois, os céus expressam alegria pela vitória do

cordeiro. A Babilônia, com todas suas características, a destruidora, é destruída por completo. Na visão João vê os vinte e quatro anciãos que representam a igreja e os quatro seres viventes que representam o mundo se juntam em louvor pela grande vitória do cordeiro de Deus.

Sétima Palavra: O sucessor da Babilônia (19:6-8) Estes versículos levaram João a ir além do fim da história, pois retrata que após o

julgamento da grande Babilônia que ocupou quase todas as seis palavras, agora, João é levado a contemplar não a mulher prostitua, mas à noiva que é contrastada com Babilônia em suas vestes, ao invés de glamour, vestido simples de linho finíssimo e branco (atos de justiça dos santos) esta que será chamada nos próximos capítulos de a "Nova Jerusalém" (21:2). A noiva está pronta para as bodas do cordeiro. Aqui está para se cumprir o que apóstolo Paulo se referiu como "mistério" em Efésios 5:25-27.

Esta cena, segundo Wilcok, encerra no versículo 10 onde João, depois de tudo que viu e ouviu, sentiu-se impactado e chega a se prostrar diante do anjo (que deve ser o do início

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do capitulo 17:1). O anjo o exorta lembrando-lhe que ambos são servos do Deus altíssimo. Assim como João, não devemos adorar anjos nem mesmo ao livro do Apocalipse, mesmo depois de revelações extraordinárias sobre muito do que já ocorreu, do que está acontecendo e ainda está por vir.

(Final da sexta vez que se conta a história)

15. Visões finais do julgamento e a noiva Jerusalém (Cap. 19:11 a 22:21)

Conforme Wilcock esta é a parte mais difícil de interpretação do livro do Apocalipse, pois, vamos tratar do tema do Milênio. Período que marca a igreja reinando com Cristo ao mesmo tempo em que Satanás será preso e impedido de enganar as nações (20:2-3). No campo das discussões teológicas existem três interpretações:

Primeiro: Pré-milenismo: Esta interpretação analisa o texto de forma sequencial

e literal. A interpretação do pre-milenismo entende que haverá um período literal de mil anos em que Satanás será preso, impedido de influenciar o mundo. Neste período os cristãos influenciarão o mundo de forma jamais conhecida. Este evento ocorrerá somente após a parousia de Cristo (vinda de Cristo) descrita no capitulo 19:11. Ou seja, o "retorno de Cristo em glória e poder privará Satanás de todo o seu poder, ressuscitará os cristãos mortos e estabelecerá o reinado dos santos sobre toda a terra." Depois de mil anos, Satanás emergirá novamente da sua prisão, e tentará destruir os santos mais uma vez, falhará e se destruirá. Então virá a ressurreição dos restantes dos mortos, o julgamento do grande trono branco, a destruição final dos perversos e a criação do novo céu e nova terra."23 Para os pré- milenistas o surgimento do anticristo, a tribulação e o arrebatamento da igreja ocorrerá antes da vinda de Cristo em poder e glória.

Segundo: Amilenismo: Esta interpretação vê o livro do Apocalipse na linha do

simbolismo e diz que quando os sentidos não são simbólicos ou metafóricos é uma exceção. Portanto, correntes, abismo bem como os mil anos não devem ser entendidos literalmente, mas no sentido simbólico, como quase a totalidade do livro.

Para o Amilenismo o capitulo 20:1-6 é uma narrativa que antecede ao capitulo 19 na história. "A prisão de satanás, a primeira ressurreição e o milênio são metáforas que descrevem a situação atual do mundo"24, cobrindo o período que vai da primeira vinda de Cristo até sua volta. Para o amilenismo a intensidade do mal se agravará na grande tribulação e o surgimento do homem da iniquidade então culminará com a ruína e julgamento de satanás (19:11-21). Jesus voltará independente de mil anos, Ele voltará em qualquer tempo, pois mil anos é qualquer tempo da história cristã. Para o amilenismo a igreja já vive um reino espiritual com Cristo, como época da igreja, e satanás está "amarrado" (Marcos 3:27) limitado em suas ações por causa do Reino de Cristo na terra.

Terceiro: Pós-milenismo: Esta interpretação é mais literalista que o pre-

milenismo. O pós-milenismo entende que independente dos mil anos serem literais ou não, haverá um tempo especial na história. Entendem que haverá um avanço extraordinário na ação social e no diálogo de paz que o mundo jamais contemplou, haverá grande progresso

23 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 147; 24 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 149;

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social. Haverá grande avanço na evangelização mundial, incluindo a evangelização dos judeus que se converterão a Cristo (Romanos 11:12) assim como determina o evangelho sobre a pregação em todo o mundo (Mateus 24:14). O clímax deste avanço será parousia, e isso terá lugar depois do milênio. Como pode ou não ser literal, não pode afirmar a partir de quando, mas seria razoável, segundo interpretação, desde surgimento da primeira vinda de Cristo. O pós-milenismo teve grande influência no período colonialismo quando cultura e religião foram levadas aos países e continentes descobertos, essa influência é possível observar na teologia dos hinos que compõe história das igrejas históricas.

Conclusão: Para Wilcock o ponto de vista interpretativo dos amilenistas está mais

coerente com a história do novo testamento e, certamente os leitores e ouvintes do primeiro século, compreenderam a simbologia, metáforas e sequencias da história que culminará com a vinda e vitória de Cristo.

Passemos então às sete visões que João registrou, recontando a história, porém sua ênfase agora está na segunda vinda de Cristo e sua vitória final:

A primeira visão - O capitão dos Exercito no céu (19:11-16) Para Wilcock, estes versículos mostram a sétima cena que João estava vendo. João

tem a visão parecida com Apocalipse 6:2, contudo neste a descrição do cavaleiro é inconfundível. Está em concordância com outras afirmações bíblicas sobre o cordeiro de Deus, Jesus Cristo o Senhor. O "Verbo", no versículo três é uma expressão conhecida do apóstolo (João 1), fiel e verdadeiro (3:14) Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (17:14). Todas estas expressões se referem a Jesus Cristo. Ele regerá as nações com justiça e ferirá a terra (Salmos 2:8, 9). Ele é o que com o sopro de sua boca matará o perverso (2Tessalonicenses 2:8-12). Aqui está a descrição do Cristo vitorioso cavalgando para combater a sua última batalha.

A segunda visão - A certeza da vitória do capitão. (19:17-18) Um anjo, como que representando todos os anjos vistos até aqui, está com pé no sol,

lugar onde toda luz se concentra num só lugar. Sua mensagem é uma paródia macabra ao convite de Jesus para as bodas do cordeiro (Mateus 22:2-4, Apocalipse 19:9). Não existe discussão ou dúvidas de como terminará esta última batalha.

A terceira visão - Os inimigos do capitão são destruídos (19:19-21) Nesta visão João destaca a derrota da besta e do falso profeta que simbolizam todo

princípio do mal no mundo, entre elas a falsa religião com seus sinais e maravilhas. A grande batalha que o cordeiro realiza e destrói completamente seus opositores se dá através da espada na boca daquele que está assentado no cavalo (Efésios 6:17), ou seja, será sua Palavra proclamada de tal maneira que não poderão resistir-lhe. O vers. 20 prediz a derrota final dos poderes sobrenaturais e vinte e um todos os restantes que seguiram a besta e o falso profeta.

A quarta visão - O diabo (20:1-3) Wilcok interpreta nesta quarta visão sua defesa para a interpretação amilenista. A

definição dos mil anos foi apresentada no início deste capitulo. Conforme os amilenistas, Satanás foi amarrado e está impedido de agir junto às nações na proporção que tinha anteriormente a vinda de Jesus e a instalação de sua igreja que resiste e impede sua total ação (2 Tessalonicenses 2:7, oito). Jesus é o "mais valente" (Lucas 11:21) que amarrou aquele que tinha total influência. Contudo, não se pode afirmar que Satanás não engana as nações ou que esteja no abismo definitivamente. A partir dos acontecimentos registrados na

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história da igreja pode-se afirmar que Samaritanos Romanos e Gregos foram alcançados pelo evangelho de Cristo, homens de todas as nações estavam presentes no dia de pentecostes.

O evangelista Marcos (Marcos 13:10) registra que o evangelho seria pregado em todo mundo, mas isso não significa que somente depois que toda pessoa no mundo ou todas as tribos e povos tiverem conhecimento do evangelho é que Jesus voltará, mas a intenção do texto é dizer que o evangelho ficou disponível a todas as nações, povos, línguas e raças e não ficou restrito aos judeus.

Wilcock considera que "Apocalipse 20:3 como um período durante o qual Satanás não tem mais a capacidade de manter sob sua custódia as nações".... Os mil anos, que de acordo com a nossa visão começaram na primeira vinda de Cristo, estão ainda em curso e equivalem aos três anos e meio durante os quais as testemunhas pregam ao mundo, e a mulher sobrevive no deserto. Mas no fim deste período virá um tempo, de acordo com o vers. 3b, quando por pouco tempo, Satanás será solto das limitações que a era da igreja lhe impôs. "25

Um sinal forte para conhecer os tempos e a proximidade da volta de Cristo, será a apostasia que apóstolo Paulo escreveu aos 2 Tessalonicenses 2. Será revelado o homem da iniquidade e Jesus então voltará, será final do milênio.

A quinta visão - A Igreja (20:4-10) A visão começa com os tronos onde estão assentados os que foram decapitados por

causa do evangelho e os que estão vivos e não negaram o nome de Cristo e não adoraram a besta. A estes foi dada a autoridade para julgar. (1 Coríntios 6:2). Os que reinam com Cristo desde sua vinda estão no corpo de Cristo e com Ele reinam. Os que participam da primeira ressurreição são os que viveram a experiência do novo nascimento, como João declara em seu evangelho João 5:25," passou da morte para a vida". O Apóstolo Paulo se refere também aos crentes como pessoas que foram ressuscitadas e assentadas nas regiões celestiais (Efésios 2:6). Portanto "Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição" (20:6).

O versículo sete ao se referir ao complemento dos mil anos aponta para o grande conflito entre as forças dos homens aliados ao sistema e a besta que confrontam a Cristo no final do milênio para a guerra que Wilcock se refere como "guerra cataclísmica (página 161). Podemos observar a forma de repetição dos eventos ao longo de todo livro do Apocalipse Todas concluindo com a intervenção que virá do Senhor contra o sistema e a maldade que se levanta contra o Reino de Deus (2 Tessalonicenses 1:8), Cristo vence a Satanás e todo seu exército.

A sexta visão - O último julgamento (20:11-15) Seguindo a lógica das visões João a partir da sexta preanuncia a última oportunidade.

Lembremos que o sexto selo mostrou o cataclismo final, a ira do cordeiro, a sexta trombeta a última advertência de Deus a terra, a sexta visão a última praga, o sexto flagelo a última punição de Deus e a sexta Palavra a última menção da Babilônia, e a sexta carta no início do livro quando a Igreja de Filadélfia é encorajada a permanecer fiel na hora da provação com a promessa, virei sem demora.

Sendo assim, a sexta visão também deve seguir na mesma lógica. "O fim da ordem criada (vs11), o fim daqueles que não estão inscritos no livro da vida (v.15), o fim do poder

25 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 158;

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da morte "(página 163). Os mortos que aparecem diante do trono. "Estes poderiam ser simplesmente os mortos espirituais os quais, de acordo com a nossa interpretação da quinta visão, serão ressuscitados ao fim dos mil anos (20:5). Cristo ensina em João 5:24-29 que se passa da morte para a vida quando se recebe o evangelho. Toda aquela passagem forma um comentário bastante esclarecedor da quinta e sexta visões. Ouvir agora a voz de Cristo, que dá vida eterna aos espiritualmente mortes (vs.24-25), poderia ser a primeira ressurreição.

Ouvir, no futuro, a mesma voz, despertará todos os que estão mortos (vs. 28-29): todos quantos receberam a vida espiritual, mas que experimentaram a morte física será trazido de volta à vida uma segunda vez (a ressurreição da vida); e todos os que nunca ressuscitaram da morte espiritual serão ressuscitados pela primeira e única vez simplesmente para receber a condenação (a ressurreição do juízo). Qualquer uma destas pode ser a segunda ressurreição, a qual é apresentada como a cópia da primeira. "26

Contudo, o autor apresenta uma segunda possibilidade de leitura desta sexta visão, mais simples. Os mortos diante do trono seriam todos, sem distinção. Este será o "último julgamento". A diferença para os que estão inscritos no livro da vida é que não passariam pelo juízo, uma vez estarem inscritos no livro do cordeiro (13:8). Os demais serão julgados e terão a seu favor somente o que constar no livro de suas vidas, "cada um será julgado segundo vossas obras", única alternativa de defesa daqueles que negaram a condição do pecado e a gloria da salvação oferecida gratuitamente em Jesus Cristo.

A sétima visão - A nova Era (21:1-8) Esta sétima visão é uma antevisão da eternidade. Vemos uma descrição de um novo

mundo criado por Deus (na mesma perspectiva do profeta Isaias Isaías 66:22) a partir do que aprendemos ser um mundo: "Céu e terra", novos. A inexistência do mar combate a mitologia e a ideia de que nele os demônios habitavam, mitos como de Tiamat: "A história de Tiamat" pode ser encontrada no épico babilônico Enuma Elish, data do século XIX-XVI a.C., que foi cantada ante a estátua de Marduk, Deus principal "babilônico, celebrando a fundação do mundo e da própria Babilônia que era o centro do mundo". Tudo se inicia com o caos aquático. Apsu a água doce que origina rios e riachos, e Tiamat, o mar ou as águas salgadas (representada na forma de um dragão), combinam seus poderes para criar o universo e os Deuses."27

É final da jornada como se tivéssemos caminhado por "quartos heptagonais em cada um dos quais umas das janelas estivesse aberta em direção à eternidade; num momento sairemos do sétimo quarto e vamos nos encontrar flutuando no espaço"28.

Para o autor, Wilcock, a partir do capitulo 21:9 até final temos uma oitava visão. Contudo tratarei aqui como parte da sétima por entender que os eventos contidos são parte da visão final (a sétima) onde tudo está relacionado à eternidade.

Para Wilcock a oitava visão aponta para o céu, não há mais história na terra, tudo se fez novo e neste particular o anjo (21:9) que foi a João era um dos que tinha a taças cheias dos últimos flagelos, ou seja, da manifestação da grande ira de Deus ao mundo, vindo depois disso, como em todas as outras visões, na sétima o clímax e final da história.

A cidade santa Jerusalém não se refere a que conhecemos geograficamente, mas as

26 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 163; 27 Fonte: http://luzemhisterio.com.br/blog/ritos-e-deuses/tiamat-a-grande-mae-da-babilonia 28 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 166;

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características apresentadas pelo comprimento, largura e altura do amor de Deus revelado ao povo que se relacionou sem prostituir-se com deuses, esta Nova Jerusalém que é chamada de a noiva do cordeiro marcada insistentemente pelo número doze e cento e quarenta e quatro côvados, nada mais é senão a Igreja do Senhor, chamada agora de a esposa do cordeiro (vs. 9). Apóstolo Paulo talvez se referisse ao mistério da união entre Jesus e sua igreja como um casamento (Efésios 5:26, 27, 32) mesmo não tendo conhecimento do que João revelaria no Apocalipse Esta cidade é comparada com palavra final de Ezequiel acerca da gloriosa Jerusalém em suas visões de que ela seria chamada de "O Senhor está ali" (Ezequiel 48:35). É a cidade que Lucas se referiu como Reino de Deus aonde muitos viriam, gentios e judeus do Oriente, do Ocidente, do Norte e do Sul (Lucas 13:28,29). Esta cidade é muito conhecida por Deus em todas as suas dimensões e detalhes (Salmos 139, 1, 2,3). Nesta cidade o próprio Cristo é o templo, não há necessidade do templo. Na cidade a luz é a vitória do evangelho que foi pregado e venceu.

O capitulo vinte e dois é o registro da recriação que Deus fará. O rio de água viva é citado nas escrituras pelos profetas (Joel 3:18, Ezequiel 47:1-9 e Zacarias 14:8) e também por Jesus como única fonte (João 4:14, 7:37-39). Temos diante de nós um "novo Gênesis". O primeiro livro da Bíblia registrou a criação e depois a queda e as consequências para a humanidade o último livro aponta para a recriação onde o rio parte do trono de Deus e do cordeiro e daí corre pela rua central da cidade. "A nova criação será aquilo que deveria ter sido desde o princípio: o trono de Deus no centro de tudo, e o povo de Deus a contempla-lo, servindo-o, selados pelo seu nome, e reinando com ele em dia eterno." 29

O anjo, porta voz de Jesus traz a mensagem da revelação e um alerta a João para não selar as palavras das profecias deste livro. O livre arbítrio é a justiça de Deus a todos "continue o injusto na sua injustiça... continue o santo na pratica de sua justiça".

O versículo doze se refere ao tempo das "últimas coisas", o estado final da criação de Deus, aquele que o alfa e o ômega, principio e fim. A cidade não tolera os impuros (cães), e por fim o anjo testifica a assinatura de Jesus a Raiz da geração de Davi a brilhante estrela da manhã. As palavras do livro de Apocalipse são como um resumo do evangelho, repetido sete vezes, e enfatizando o agir de Deus em sua Santidade e misericórdia. Remover ou alterar qualquer parte destas palavras é grave, é uma desobediência voluntaria que tira a possibilidade de participar da salvação, da arvore da vida de entrar na cidade santa, sujeito aos flagelos nele citados.

(Final da sétima vez que se conta a história)

29 WILCOCK Michael, A mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986, página 180;

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16. Considerações finais

Ao concluir este breve estudo, nossa expectativa é que o leitor possa dedicar-se ao conhecimento do livro de Apocalipse, sem reservas, sem medo e com alguma informação inicial que possa ajudá-lo a dar sentidos e significados na sua compreensão da revelação bíblica. Como dissemos no início, o gênero apocalíptico não nos é comum, por isso não podemos ler este livro sem considerar suas particularidades. Apocalipse contém três gêneros (carta, literatura apocalíptica e profecia) com suas peculiaridades, que exigem de nós razão e conhecimento bíblico e teológico básico prévio. A interpretação histórica, que escolhemos como ideal para a nossa leitura do Apocalipse é uma das possibilidades que, com humildade, nos ajuda a dialogar com outras interpretações. O Apocalipse, apesar de sua particularidade dificultada pelas vastas simbologias, nos revela aquilo mesmo que os evangelhos e a história da igreja nos ensinam acerca da vinda de Jesus Cristo, do seu Reino, da grande batalha e da vitória final em sua segunda vinda. No entanto, segue um pouco além disto, dando-nos um breve panorama da eternidade. Na condição de cristãos, temos a grande responsabilidade (e comissão) de tornar conhecida a mensagem de alerta de Deus contra o pecado e sua fidelidade e amor, aos que guardam o testemunho de Jesus Cristo.

Pr. Luis Carlos Lima Araújo

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17. Bibliografias

WILCOCK, Michael - A Mensagem de Apocalipse, Editora ABU, 1986. BIBLIA, Anotada Expandida, Editora Mundo Cristão, SSB, 2011.

Pesquisas em Sites: http://www.sercristao.org/2017/08/21/o-reino-de-deus-ja-mas-ainda-nao Pesquisa realizada em 20.9.2017; http://www.abiblia.org/ver.php?id=9259 Pesquisa realizada em 05.10.2017; https://abibliarespondenocostumes.blogspot.com/2015/06/o-que-e-parente-remidor.html Pesquisa realizada em 10.10.2017; https://www.significados.com.br/armageddon Pesquisa realizada em 19.12.2017; https://www.estudosdabiblia.net/2004425.htm Pesquisa realizada em 19.12.2017; https://agrandecidade.com/2011/10/10/Roma-ou-jerusalem Pesquisa realizada em 26.12.2017; http://luzemhisterio.com.br/blog/ritos-e-deuses/tiamat-a-grande-mae-da-babilonia Pesquisa realizada em 02.01.2018; "A Importância de Estudar o Apocalipse" - Pastor Leandro Lima da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro http://www.ipsantoamaro.com.br/pregacao/o-significado-e-importancia-de-estudar-apocalipse.html?format=html Publicado em 23 de abril de 2013