um breve panorama das teorias da publicidade

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Confederación Iberoamericana de Asociaciones Científicas y Académicas de la Comunicación Um breve panorama das teorias da publicidade Rodolfo Rorato Londero 1 Resumo: Diante da carência teórico-metodológica e do cenário fragmentado que constitui o campo de pesquisa em Publicidade e Propaganda, o objetivo deste trabalho é reunir as diversas teorias a respeito do objeto em questão, demonstrando assim um campo abundante e abrangente. Para tanto, a hipótese que se levanta é que, na verdade, há muitas teorias da publicidade, porém perdidas entre as teorias da comunicação em geral. Neste sentido, o panorama que se traça parte das várias correntes das teorias da comunicação para especificar, em cada uma, o objeto da publicidade: na corrente funcionalista, os estudos de Harold Lasswell e de Paul Lazarsfeld e Robert Merton; na Escola de Frankfurt, Wolfgang Haug; na corrente estruturalista, Roland Barthes, Georges Péninou, Umberto Eco e Jean Baudrillard; e nos Estudos Culturais, Raymond Williams. Palavras-chave: teorias da publicidade, funcionalismo, Escola de Frankfurt, estruturalismo, Estudos Culturais Abstract: In front of the theoretical and methodological lack and the fragmented scenario that constitute the field of research in Advertising and Propaganda, the aim of this paper is to bring together the various theories about the object in question, thus showing an abundant and comprehensive field. To this end, the hypothesis of this paper is that there are many advertising theories, but lost among the communication theories in general. In this sense, this paper draws a landscape that takes various communication theories and specifies in each one the object of advertising: in the functionalism, there are the studies of Harold Lasswell and of Paul Lazarsfeld and Robert Merton; in the Frankfurt School, Wolfgang Haug; in the structuralism, Roland Barthes, Georges Péninou, Umberto Eco and Jean Baudrillard; and in the Cultural Studies, Raymond Williams. Keywords: advertising theories, functionalism, Frankfurt School, structuralism, Cultural Studies Introdução Mesmo após uma década desde o levantamento revelador, mas também alarmante realizado por Jacks (2001) sobre a produção acadêmica brasileira em publicidade e propaganda, constatando que, nos anos 1990, apenas 10% das teses e dissertações defendidas nos principais programas de comunicação do país diziam respeito a esta habilitação, o cenário atual não parece muito diferente: Piedras e Jacks (2006, p. 59), por exemplo, ainda identificam uma “carência teórico-metodológica” oriunda do “cenário fragmentado e composto de abordagens parciais” que constitui o campo de pesquisa em publicidade e propaganda. Esse cenário de carência e 1 Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria e professor substituto na Universidade Federal do Paraná. Email: [email protected]

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Page 1: Um breve panorama das teorias da publicidade

Confederación Iberoamericana de Asociaciones Científicas y Académicas de la Comunicación

Um breve panorama das teorias da publicidade

Rodolfo Rorato Londero1

Resumo: Diante da carência teórico-metodológica e do cenário fragmentado que constitui o campo de

pesquisa em Publicidade e Propaganda, o objetivo deste trabalho é reunir as diversas teorias a respeito do

objeto em questão, demonstrando assim um campo abundante e abrangente. Para tanto, a hipótese que se

levanta é que, na verdade, há muitas teorias da publicidade, porém perdidas entre as teorias da

comunicação em geral. Neste sentido, o panorama que se traça parte das várias correntes das teorias da

comunicação para especificar, em cada uma, o objeto da publicidade: na corrente funcionalista, os estudos

de Harold Lasswell e de Paul Lazarsfeld e Robert Merton; na Escola de Frankfurt, Wolfgang Haug; na

corrente estruturalista, Roland Barthes, Georges Péninou, Umberto Eco e Jean Baudrillard; e nos Estudos

Culturais, Raymond Williams.

Palavras-chave: teorias da publicidade, funcionalismo, Escola de Frankfurt, estruturalismo, Estudos

Culturais

Abstract: In front of the theoretical and methodological lack and the fragmented scenario that constitute

the field of research in Advertising and Propaganda, the aim of this paper is to bring together the various

theories about the object in question, thus showing an abundant and comprehensive field. To this end, the

hypothesis of this paper is that there are many advertising theories, but lost among the communication

theories in general. In this sense, this paper draws a landscape that takes various communication theories

and specifies in each one the object of advertising: in the functionalism, there are the studies of Harold

Lasswell and of Paul Lazarsfeld and Robert Merton; in the Frankfurt School, Wolfgang Haug; in the

structuralism, Roland Barthes, Georges Péninou, Umberto Eco and Jean Baudrillard; and in the Cultural

Studies, Raymond Williams.

Keywords: advertising theories, functionalism, Frankfurt School, structuralism, Cultural Studies

Introdução

Mesmo após uma década desde o levantamento revelador, mas também

alarmante realizado por Jacks (2001) sobre a produção acadêmica brasileira em

publicidade e propaganda, constatando que, nos anos 1990, apenas 10% das teses e

dissertações defendidas nos principais programas de comunicação do país diziam

respeito a esta habilitação, o cenário atual não parece muito diferente: Piedras e Jacks

(2006, p. 59), por exemplo, ainda identificam uma “carência teórico-metodológica”

oriunda do “cenário fragmentado e composto de abordagens parciais” que constitui o

campo de pesquisa em publicidade e propaganda. Esse cenário de carência e

1 Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria e professor substituto na Universidade Federal do Paraná.

Email: [email protected]

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fragmentação se traduz conseqüentemente na disponibilidade de material pedagógico:

apenas para comparar, se em Jornalismo há ao menos três obras em língua portuguesa

voltadas especificamente para as teorias da habilitação – Teorias da notícia e do

jornalismo (2002), de Jorge Pedro Sousa; Teorias do jornalismo (2005), de Nelson

Traquina; Teoria do jornalismo (2005), de Felipe Pena –, em Publicidade e Propaganda

não há nenhuma – na verdade, o que se verifica são artigos esparsos que, devido à

natureza monográfica do artigo, se concentram em uma única teoria. É urgente então

um trabalho que reúna as diversas correntes e teorias, o que tentaremos esboçar de

forma sucinta neste artigo2.

De modo geral, desde o surgimento as teorias da comunicação enfrentam

dificuldades: uma delas é o “primado da prática”, pois, “com freqüência, o estudo da

comunicação se desenvolve voltado para a obtenção de determinados resultados, guiado

por finalidades específicas – o que certamente compromete o distanciamento crítico

necessário ao conhecimento” (FRANÇA, 2001, p. 48). Isto é ainda mais patente nos

manuais de publicidade e propaganda ao ponto de capítulos dedicados à teoria se

apresentarem como apologias à atividade: no capítulo “Teoria da publicidade”, em

Propaganda: teoria, técnica, prática (1973), Sant‟Anna (2002, p. 76-77) não poupa

elogios à publicidade, destacando seus benefícios para os consumidores, para a cultura

democrática, para o desenvolvimento econômico e industrial, etc. Se as oito edições

atestam a popularidade deste manual nos cursos de graduação, isto não se deve ao

aprofundamento teórico que, na verdade, ratifica a carência teórica antes aludida:

Sant‟Anna (2002, p. 78) não vai além dos estudos embrionários apresentados por Russel

Colley no conhecido modelo DAGMAR (acrônimo de Defining Advertising Goals for

Measured Advertising Results), apesar de afirmar que “numerosos exemplos

demonstram que os fenômenos inerentes à publicidade apresentam relações constantes,

uniformes, sempre que se cumprem certas condições, o que permite afirmar que existem

leis publicitárias” (SANT‟ANNA, 2002, p. 79). Para arrematar esta visão positivista,

portanto anacrônica das ciências humanas e sociais, o autor chega a afirmar que “pode-

se mesmo assegurar que as leis publicitárias são da mesma natureza que as do mundo da

mecânica” (SANT‟ANNA, 2002, p. 79). Como seria fácil o trabalho dos publicitários se

os consumidores se comportassem como corpos celestes sob influência da lei da

2 Na verdade, este artigo faz parte do projeto que desenvolvemos no grupo de pesquisa “Círculo de conversas sobre linguagem,

comunicação e artes”, na linha de pesquisa “Linguagem e publicidade”. Também compõem esta linha as estudantes Anelize Beal, Bárbara Brandão, Dorothy Ling, Isabella Tureck, Letícia Longhini e Yarê Cristina Protzek. Além de comunicações científicas

apresentadas em congressos como este e em encontros como os organizados pela Associação Brasileira de Pesquisadores em

Publicidade, o projeto pretende publicar uma compilação reunindo todo material apresentado.

Page 3: Um breve panorama das teorias da publicidade

gravidade! Para Sant‟Anna, a teoria mais parece uma fórmula própria para atingir

certos resultados, ao invés de “um conjunto de conceitos criados a partir da observação

e estudo sistemático de um tema e que, aplicado, pode explicar alguns aspectos da

realidade” (MARTINO, 2009, p. 11).

O exemplo acima parece atestar a pequena quantia de teorias da publicidade3,

mas isto não é verdade: caso se observe de perto as teorias da comunicação, se nota que

as primeiras pesquisas em comunicação de massa têm como objeto principal a

propaganda, inclusive o trabalho pioneiro de Harold Lasswell, Propaganda Techniques

in the World War (1927). As teorias da publicidade parecem então perdidas entre as

teorias da comunicação, necessitando que sejam resgatadas e especificadas a partir do

objeto em questão: na corrente funcionalista, há o estudo de Lasswell (1971) citado

acima e o de Paul Lazarsfeld e Robert Merton (1977); na corrente interacionista

simbólica, Erving Goffman (1979); na Escola de Frankfurt, Wolfgang Haug (1997); na

corrente estruturalista, Roland Barthes (1987), Georges Péninou (1976), Umberto Eco

(1987) e Jean Baudrillard (1973); nos Estudos Culturais, Raymond Williams (2005);

nas abordagens contemporâneas, Eliseo Verón (2004), Everardo Rocha (2000), Gilles

Lipovetsky (2004) e Michael Schudson (1984); entre outros estudos. É a partir da

divisão por correntes de pensamento que mapearemos algumas teorias da publicidade,

limitando-se, devido ao espaço que compete a este artigo, às correntes que se

consolidaram como paradigmas: é o caso do funcionalismo, da Escola de Frankfurt, do

estruturalismo e dos Estudos Culturais.

Funcionalismo

A corrente funcionalista em comunicação, desenvolvida pelos sociólogos norte-

americanos a partir dos anos 1920, se pauta predominantemente no que se já referiu

como “primado da prática”: “A própria sociologia norte-americana se desenvolve por

exigências políticas e econômicas, vinculadas à publicidade comercial e à publicidade

política”4 (MORAGAS i SPÀ, 1976, p. 3). Certamente é a demanda política que

impulsionou a pesquisa que resultou em Propaganda Technique in the World War,

como também é ela que embasou o principal problema desta pesquisa de Lasswell: qual

é a função da propaganda em tempos de guerra? Para Lasswell, “a propaganda diz

3 Ainda que reconheçamos suas diferenças, compreenderemos indistintamente os termos publicidade e propaganda, adotando, na

maioria das vezes, o primeiro ao invés do segundo. Busca-se com isto um panorama mais abrangente do que se entende por comunicação persuasiva. 4 Tradução livre de: “La propia sociología norteamericana se desarolla por exigencias políticas y económicas, vinculadas a la

publicidad comercial o a la publicidad política”.

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respeito ao gerenciamento das opiniões e atitudes por meio da manipulação direta de

sugestão social, ao invés da alteração de outras condições no ambiente ou no

organismo”5 (LASSWELL, 1971, p. 9). Percebe-se aqui a propaganda enquanto

persuasão/sugestão, própria do modelo de comunicação adotado pelos sociólogos

funcionalistas, o modelo da Teoria Matemática da Comunicação (ARAÚJO, 2001, p.

121). Segundo Rüdiger, ao estabelecer o emissor como ponto de partida e o receptor

como ponto de chegada, este modelo privilegia os processos comunicativos que “têm

como objetivo obter uma dada reação ou conduta das pessoas” (RÜDIGER, 2003, p.

23). Ao representar a mensagem como uma seta que atinge o receptor, esse modelo

também conduz às formulações que compreendem a comunicação enquanto agulha

hipodérmica: embasada nas teorias behavioristas (ARAÚJO, 2001, p. 125), estas

formulações interpretam as mensagens como estímulos que produzem respostas pré-

determinadas. É neste contexto teórico que entendemos a justificativa de Lasswell a

respeito da importância da propaganda em tempos de guerra: “Nenhum governo espera

vencer sem uma nação unida por trás dele, e nenhum governo tem uma nação unida por

trás dele ao menos que controle as mentes de seu povo”6 (LASSWELL, 1971, p. 10;

grifo nosso).

Também não é diferente a abordagem de Lazarsfeld e Merton em “Comunicação

de massa, gosto popular e ação social organizada” (1948), onde os autores se

questionam “quais são as condições para a utilização efetiva dos meios de comunicação

em prol da chamada „propaganda com objetivos sociais‟, por exemplo, a promoção da

integração racial, de reformas educacionais ou de atitudes positivas em relação ao

trabalho organizado?” (LAZARSFELD; MERTON, 1977, p. 248; grifo nosso). Percebe-

se também aqui a orientação behaviorista ao se estabelecer os estímulos que produzem

as respostas desejadas: para Lazarsfeld e Merton, são três condições (monopolização,

canalização e suplementação) que favorecem a eficácia da propaganda, sendo que

“devem ser cumpridas pelo menos uma ou mais dentre as três condições [...], se esta

propaganda pretende ser eficaz” (LAZARSFELD; MERTON, 1977, p. 248).

A monopolização “se concretiza quando não se manifesta qualquer oposição

crítica na esfera dos meios de comunicação no que concerne à difusão de valores,

políticas ou imagens públicas” (LAZARSFELD; MERTON, 1977, p. 248). A

5 Tradução livre de: “Propaganda is concerned with the management of opinions and attitudes by the direct manipulation of social suggestion rather than by altering other conditions in the environment or in the organism”. 6 Tradução livre de: “No government could hope to win without a united nation behind it, and no government could have a united

nation behind it unless it controlled the minds of its people”.

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monopolização ocorre, portanto, quando não há contrapropaganda, sendo esta entendida

enquanto “oposição crítica”, e não enquanto concorrência. Já a canalização se realiza

quando “a publicidade é tipicamente orientada no sentido da canalização de padrões de

comportamento e de atitudes pré-existentes” (LAZARSFELD; MERTON, 1977, p.

250), ou seja, quando a publicidade reforça atitudes consensuais: neste sentido, uma

propaganda que se associa ao sentimento de tristeza dificilmente obtém resultados

satisfatórios numa sociedade que valoriza a felicidade. Por fim, a suplementação ocorre

quando a propaganda se vale de “contatos pessoais” (LAZARSFELD; MERTON, 1977,

p. 250) que auxiliam na veiculação dos valores desejados: como exemplo, os autores

afirmam que os meios de comunicação ocuparam papel auxiliar na ascensão do nazismo

ao poder, “complementando o uso da violência organizada, a distribuição de prêmios

por conformismo e os centros organizados de doutrinação local” (LAZARSFELD;

MERTON, 1977, p. 251). É através desta condição de suplementação que os autores

criticam o potencial exagerado que se confere aos efeitos dos meios de comunicação,

pois também são necessários “contatos pessoais” (desde campanhas de rua até

conversas informais) para que os valores veiculados realmente se propaguem. Não é por

acaso, portanto, que Lazarsfeld propõe que o fluxo de comunicação seja compreendido

em duas etapas (two-step flow of communication), sendo esta segunda etapa não apenas

mediada, como se sabe, pelos líderes de opinião, mas principalmente pela “rede de

interações que une as pessoas umas às outras” (WOLF, 2003, p. 40).

Escola de Frankfurt

Não é preciso ir além para logo perceber que, devido ao “primado da prática”, as

funções e as condições de eficácia da propaganda estabelecidas pelos sociólogos norte-

americanos se desenvolvem a favor ou pelo menos de acordo com o sistema político-

econômico vigente. É neste sentido que alguns autores compreendem a teoria crítica

como antítese da corrente funcionalista: para Harms e Kellner, por exemplo,

em contraste aos estudos da mídia “administrativos” que focam em como usar

a comunicação de massa dentro de determinada ordem político-econômica para

influenciar a audiência, vender produtos e promover políticos, a pesquisa

crítica tem se direcionado aos efeitos sociais e culturais da comunicação de

massa e seu papel em perpetuar uma ordem social injusta7 (HARMS;

KELLNER, s/d; grifo dos autores).

7 Tradução livre de: “In contrast to „administrative‟ media studies that focus on how to use mass communications within the given

political economic order to influence audiences, sell products, and promote politicians, critical research has addressed the social

and cultural effects of mass communications and their role in perpetuating an unjust social order”.

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Por estudos da mídia “administrativos”, os autores se referem aqui à crítica de

Max Horkheimer e Theodor Adorno, membros da Escola de Frankfurt, à “investigação

social empírica” (HORKHEIMER; ADORNO, 1978, p. 123-124). Também é entre os

integrantes da Escola de Frankfurt que se encontra um dos principais críticos da

publicidade: Wolfgang Haug, mais precisamente em Crítica da estética da mercadoria

(1971). Segundo Harms e Kellner, “Haug desenvolve o conceito de Marx sobre

„explosão secundária‟ para mostrar como os cidadãos do capitalismo contemporâneo

não são apenas explorados no processo de produção, mas também no processo de

consumo”8 (HARMS; KELLNER, s/d). Enquanto a exploração no processo de

produção ocorre a partir do momento inaugural do capitalismo quando o trabalhador é

desapropriado dos meios de produção (MARX, 1991, p. 65), a exploração no processo

de consumo é bem anterior, quase contemporânea à gênese do valor de troca: é por meio

do valor de troca que os valores de uso tornam-se abstratos, pois “todo ato de troca

equipara qualidades incomparáveis entre si (valores de uso) em uma determinada

proporção quantitativa (valor de troca)” (HAUG, 1997 p. 159). Ou como afirma Marx

em O Capital (1867): “O valor-de-troca revela-se, de início, na relação quantitativa

entre valores-de-uso de espécies diferentes, na proporção em que se trocam, relação que

muda constantemente no tempo e no espaço” (MARX, 2004, p. 58). Comer e dirigir,

por exemplo, são necessidades diferentes, mas a partir do valor de troca surge um

denominador comum, o dinheiro, capaz de equivalê-las: comprar um carro custa 120

mil pãezinhos.

É partir dessa equivalência entre os valores de uso por meio do valor de troca

que o vendedor explora o comprador, pois se este assume a perspectiva da necessidade,

ou seja, do valor de uso, “para o vendedor, o mesmo valor de uso é apenas um meio de

transformar em dinheiro o valor de troca de sua mercadoria, ou seja, de emancipar o

valor de uso implícito em sua mercadoria sob a forma de dinheiro” (HAUG, 1997, p.

25). Por outro lado, é por causa dessa mesma equivalência que “o capitalismo necessita

radicalmente do mundo das aparências” (HAUG, 1997, p. 70), pois porquê devo beber

água se posso beber Aquarius Fresh que é levemente gasificada e tem sabor de limão.

Isto exemplifica o conceito central da obra de Haug, a “tecnocracia da sensualidade”, “o

domínio sobre as pessoas exercido em virtude de sua fascinação pelas aparências

8 Tradução livre de: “Haug develops Marx's concept of "secondary exploitation" showing how citizens of contemporary capitalism

are not only exploited in the production process, but also in the process of consumption”.

Page 7: Um breve panorama das teorias da publicidade

artificiais tecnicamente produzidas” (HAUG, 1997, p. 67). Entretanto, engana-se quem

acredita que a tecnocracia da sensualidade é uma invenção do capitalismo, pois ela

existe desde a Idade Média, desde a “formidável estética de encantamento das igrejas

católicas” (HAUG, 1997, p. 68). Mais uma vez percebe-se como a exploração do

consumo (neste caso, do valor de uso “espiritual”) é anterior ao capitalismo.

É evidente que a publicidade atua a favor da tecnocracia da sensualidade: na

verdade, para remeter este debate a outro pensador que adota o mesmo referencial de

Haug, Lagneau afirma que, além do valor de troca para estabelecer o acordo quanto ao

peso dos valores de uso, também é necessário “um discurso valorizador sobre os bens,

que desperte nos parceiros o desejo de intercambiá-los” e que “adota a forma típica do

fazer-valer publicitário” (LAGNEAU, 1981, p. 7; grifos do autor). Contudo, ainda

segundo Lagneau (1981, p. 8), o fazer-valer não se restringe à publicidade, alcançando

também outras aplicações, como, por exemplo, a embalagem. Do mesmo modo, Haug

também percebe a tecnocracia da sensualidade atuando na embalagem (HAUG, 1997, p.

74-75), bem como no perfil do vendedor (HAUG, 1997, p. 95-99), no ponto de venda

(HAUG, 1997, p. 100-104), enfim, na totalidade do que hoje identificamos como

composto de marketing (produto, preço, ponto e promoção). Se dois dos muitos papas

do marketing o definem altruisticamente como “satisfazer as necessidades do cliente”

(KOTLER; ARMSTRONG, 1998, p. 3; grifos dos autores), então é porque esta

“ciência” trata da exploração do consumo, caso se queira extrapolar a crítica de Haug.

Se os pensadores da Escola de Frankfurt são taxativos ao rotularem a corrente

funcionalista como estudos “administrativos”, Quesnel (1974, p. 81) não é menos ao

identificar estes pensadores, mas não apenas eles, como acometidos de “publifobia”,

termo adequado para diagnosticar aqueles que denunciam a publicidade à exaustão.

Como logo veremos, a alternativa que o estruturalismo encontra para escapar deste

diagnóstico é se centrar no estudo formal da mensagem.

Estruturalismo

O que se conhece por estruturalismo é, de modo geral, a extrapolação para outras

áreas do conhecimento de um modelo lingüístico desenvolvido por Ferdinand de

Saussure (MATTELART; MATTELART, 2006, p. 86). Para a lingüística saussuriana, a

língua, ao contrário da fala, se realiza a partir de estruturas invariáveis que articulam

conteúdos variáveis. Estas estruturas invariáveis são identificadas tanto na constituição

das palavras (signo), que é a junção entre imagem acústica (significante) e conceito

Page 8: Um breve panorama das teorias da publicidade

(significado), quanto na construção das sentenças, que é a relação entre um eixo

paradigmático (seleção das palavras) e um eixo sintagmático (organização das

palavras). Mas é Claude Lévi-Strauss quem inaugura a corrente estruturalista, sendo o

primeiro a extrapolar o modelo saussuriano para outras áreas (MATTELART;

MATTELART, 2006, p. 87): no caso da antropologia, ele reconhece nos laços de

parentesco de algumas tribos estruturas invariáveis análogas à do signo, como também

verifica nas narrativas míticas a relação entre eixo paradigmático e sintagmático.

Entretanto, para as teorias da publicidade, o que interessa é a semiologia, ciência

geral dos signos (verbais e não-verbais) já prevista por Saussure, mas somente

desenvolvida posteriormente pelos autores estruturalistas, especialmente por Roland

Barthes (MATTELART; MATTELART, 2006, p. 86-89). Em “A mensagem

publicitária” (1963), Barthes compreende a publicidade enquanto mensagem inserida

num modelo de comunicação semelhante ao adotado pelos autores funcionalistas: para

ele, a mensagem publicitária “comporta uma fonte de emissão, que é a firma a quem

pertence o produto lançado (e gabado), um ponto de recepção, que é o público, e um

canal de transmissão, que é, precisamente, aquilo a que se chama o suporte de

publicidade” (BARTHES, 1987, p. 165). Enquanto mensagem, a publicidade é mais

bem compreendida, segundo Barthes, quando se adota “uma posição imanente ao

objeto”, quando se abandona “voluntariamente qualquer observação relativa à emissão

ou à recepção da mensagem” (BARTHES, 1987, p. 165; grifo do autor). Tanto a adoção

do modelo comunicativo citado quanto a posição imanente centrada na mensagem são

constantes entre os semiólogos dedicados ao estudo da publicidade. No caso de Barthes,

compreende-se que a mensagem publicitária comporta, na verdade, duas mensagens: a

mensagem de denotação, cujo significante e significado se encontram “em relação ao

real que toda a linguagem supostamente „traduz‟” (BARTHES, 1987, p. 166), e a

mensagem de conotação, cujo “significado é único e é sempre o mesmo, em todas as

mensagens publicitárias” (“a excelência do produto anunciado”), e cujo significante é

“formado pela primeira mensagem na sua totalidade, pelo que podemos dizer que a

segunda mensagem conota a primeira (que, como vimos, era de simples denotação)”

(BARTHES, 1987, p. 166-167; grifos do autor). Neste sentido, a mensagem publicitária

é

constituída por uma reunião de significante e significados, a primeira

mensagem torna-se o simples significante da segunda mensagem, segundo uma

espécie de movimento desligado, já que só um elemento da segunda mensagem

Page 9: Um breve panorama das teorias da publicidade

(o seu significante) é extensivo à totalidade da primeira mensagem

(BARTHES, 1987, p. 167).

Na verdade, esta “arquitetura de mensagens” é apresentada pela primeira vez em

Mitologias (1957), onde Barthes se refere à mensagem de denotação como linguagem-

objeto e à de conotação como metalinguagem, pois se trata de uma linguagem sobre

outra linguagem, a linguagem-objeto. A partir daí, Barthes compreende o mito enquanto

fala roubada e restituída, sendo que “a fala que se restitui não é exatamente a mesma

que foi roubada” (BARTHES, 1980, p. 147), pois o mito rouba a fala da linguagem-

objeto (a referencialidade do objeto) para restituir outra fala de outra linguagem: no

caso da publicidade, a linguagem mítica do produto. É possível exemplificar esta

operação nos anúncios de cerveja: o signo “cerveja”, constituído na linguagem-objeto

pelo significante “cerveja” e pelo significado “bebida alcoólica”, torna-se o significante

de uma segunda linguagem cujo significado é “diversão”. Por meio do anúncio o signo

“cerveja” deixa de simplesmente significar “bebida alcoólica” para significar

“diversão”.

É o seminário intitulado “Retórica da imagem”, apresentado por Barthes em

1964 na École Pratique des Hautes Études, que inspira os ensaios de semiótica da

publicidade desenvolvidos por Georges Péninou e reunidos em Intelligence de la

Publicité (1972), como afirma o próprio em entrevista9 (PÉNINOU, 1976, p. 15). Do

mesmo modo que seu mentor, Péninou se concentra no estudo imanente da mensagem,

ainda que visando a problemática da criatividade do emissor (PÉNINOU, 1976, p. 10), e

também adota modelo de comunicação semelhante ao dos autores funcionalistas: na

verdade, Péninou se baseia nas funções da linguagem estabelecidas por Roman

Jakobson que, por sua vez, as deriva de modelo muito próximo ao referido. Jakobson

(1977, p. 123-129) identifica seis funções da linguagem: a função referencial, ligada ao

contexto da comunicação, ou seja, ao assunto da mensagem; a função emotiva, própria

da atitude do emissor em relação àquilo de que está falando; a função conativa,

referente às sentenças imperativas; a função poética, centrada na mensagem em si, ou

melhor, no caráter palpável dos signos; a função fática, para estabelecer o canal de

comunicação e verificar seu funcionamento; e a função metalingüística, para explicar o

código da mensagem, portanto, se o receptor compreende o emissor. Para Péninou,

9 Mais voltado para a análise da imagem publicitária, portanto, para aspectos metodológicos, o seminário de Barthes escapa do enfoque estritamente teórico do nosso artigo. Contudo, para os interessados, recomendamos o artigo “Contribuições para uma

história da análise da imagem no anúncio publicitário” (SOUZA; SANTARELLI, 2008) que também aborda outras propostas

metodológicas, todas pautadas nas semióticas de tradição francesa e norte-americana.

Page 10: Um breve panorama das teorias da publicidade

destas seis funções, quatro são fundamentais para a publicidade: as funções referencial,

conativa, poética e fática.

Enquanto publicidade de algo, a publicidade terá por necessidade um conteúdo

referencial normalmente expressado com força. Enquanto publicidade dirigida

a terceiros, terá também quase sempre um forte ar implicativo. Como a forma

está muito trabalhada nela, a publicidade terá uma característica “poética”

muito desenvolvida. Por estar de maneira tão forte condicionada pela exigência

do estabelecimento de contato, a publicidade buscará na forma a fonte de sua

força, assumindo novamente uma missão fática prejudicial. Tais são, pois, as

grandes funções privilegiadas pela publicidade10

(PÉNINOU, 1976, p. 86).

A respeito da mensagem referencial da publicidade, Péninou (1976, p. 107-126)

a divide em dois registros: a publicidade de apresentação, por sua vez subdivida em

publicidade de ostentação – o produto é designado, demonstrado, exibido e oferecido

por um apresentador – e publicidade de exposição – o produto se apresenta por si

mesmo para demarcar sua existência –, e a publicidade de qualificação, desenvolvida

através dos seguintes recursos: a essência – o produto em si demonstra determinado

atributo –, a metáfora – o produto é substituído ou associado ao atributo (por exemplo, a

pureza do leite Elegê na imagem da vaca) –, a sinédoque – o atributo surge por meio de

um detalhe do produto (o conforto dos vôos da companhia Azul na distância entre as

poltronas) – e a metonímia – o produto é empregado numa narrativa que denota seu

atributo (a rusticidade de Malboro no cowboy fumando um cigarro). Já a respeito da

mensagem implicativa, Péninou (1976, p. 127-139) a relaciona tanto a função fática – o

esforço de sinalização por meio de códigos diversos (cromático, tipográfico, fotográfico

e morfológico) e da redundância – quanto a função conativa – a abordagem do receptor

por meio de mensagens imperativas ou da posição das personagens no anúncio (por

exemplo, a personagem que encara frontalmente o receptor convidando-o para

experimentar o produto). Por fim, a respeito da mensagem poética, Péninou (1976, p.

141-162) se refere à passagem da conformidade para a conformação do produto, ou

seja, dos seus atributos referenciais para o trabalho sobre os signos que informam estes

atributos. Para se valer de um exemplo de Péninou: uma lâmina de barbear tem a

suavidade como atributo (conformidade), mas somente Gillette é “a grande amante de

sua pele” (conformação), como diz o anúncio. Mas por que esta passagem é necessária?

10 Tradução livre de: “En cuanto publicidad de algo, la publicidad tendrá por necesidad un contenido referencial normalmente

expresado con fuerza. En cuanto publicidad dirigida a terceros, tendrá también casi siempre un fuerte aire implicativo. Como la forma está muy trabajada en ella, la publicidad tendrá una característica „poética‟ muy desarrollada. Al estar de manera tan fuerte

condicionada por la exigencia del establecimiento del contacto, la publicidad buscará en la forma la fuente de sua fuerza, asumiendo

de novo una misión fática perjudicial. Tales son, pues, las grandes funciones privilegiadas por la publicidad”.

Page 11: Um breve panorama das teorias da publicidade

Em um universo tecnologicamente seguro, no qual as qualidades intrínsecas

dos bens são muitas vezes equivalentes ou suas diferenças indiscerníveis, esta

apropriação [de um atributo] chega a ser pouco crível: a suavidade, pois, não

pode ser patrimônio exclusivo de somente uma marca de lâminas de barbear

nem muito menos constituir seu estilo próprio. A única apropriação concebível

exige sua individualização prévia, qualidade da qualidade, caráter do caráter. A

suavidade é comum a muitas lâminas, e muitas a podem reivindicar, mas a

suavidade amorosa somente pertence a Gillette11

(PÉNINOU, 1976, p. 142).

É neste sentido que, para deslocar o debate para outro autor estruturalista, Jean

Baudrillard destaca a importância da diferença marginal não apenas para o sistema

publicitário, mas para o sistema dos objetos em geral. Em O sistema dos objetos (1968)

Baudrillard (1973, p. 150) define diferença marginal como alguma diferença inessencial

(cor, acessório, detalhe, etc.), ou seja, alguma diferença que personalize o objeto, mas

que não altere sua essência, sua função. Se o design é responsável pela personalização

no nível físico do objeto, a publicidade é responsável pela personalização no nível

simbólico, sendo também ela discurso inútil, inessencial (DRIGO, 2008, p. 182): existe

alguma diferença entre a função de barbear da lâmina que ama minha pele e a das outras

lâminas? Neste sentido, para Baudrillard, a personalização e a publicidade que a

fomenta servem tanto para inserir a escolha na ordem econômica (qual marca se parece

comigo?) quanto para neutralizar o perigo da escolha:

Ao multiplicar os objetos, a sociedade desvia para eles a faculdade de escolher

e neutraliza assim o perigo que sempre constitui para ela esta exigência

pessoal. Fica claro a partir daí que a noção de “personalização” é mais do que

um argumento publicitário: é um conceito ideológico fundamental de uma

sociedade que visa, “personalizando” os objetos e as crenças, integrar melhor

as pessoas (BAUDRILLARD, 1973, p. 149).

Logo, a publicidade não serve apenas para individualizar o produto de

determinada marca, como pensa Péninou, mas também para integrar os indivíduos em

categorias que não ameaçam a sociedade: “As gamas hierarquizadas de objetos e de

produtos desempenham então estritamente o papel que desempenhavam outrora as

gamas distintivas de valores, sobre os quais repousa a moral de grupo”

(BAUDRILLARD, 1973, p. 198). Os homens não mais se dividem em conservadores

ou revolucionários, mas em amantes de Coca-Cola ou de Pepsi.

11 Tradução livre de: “En un universo tecnológicamente seguro, en el que las cualidades intrínsecas de los bienes son muchas veces

equivalentes o sus diferencias indiscernibles, esta apropiación llega a ser poco creíble: la suavidad, pues, no puede ser patrimonio exclusivo de una sola marca de hojas de afeitar ni mucho menos constituir su rasgo propio. La única apropiación concebible exige

su individualización previa, cualidad de la cualidad, carácter del carácter. La suavidad es común a muchas hojas, y muchas la

pueden reivindicar, pero la suavidad amorosa sólo pertence a Gillette”.

Page 12: Um breve panorama das teorias da publicidade

Para retornar às funções da linguagem de Jakobson, quem também as emprega

para compreender a publicidade é Umberto Eco em sua introdução à pesquisa

semiológica, A estrutura ausente (1968):

No discurso publicitário, explicitam-se e imbricam-se estas seis funções (nunca

totalmente isoladas, como, aliás, no discurso cotidiano). Sobre uma

preponderância quase constante da função emotiva pode acentuar-se o aspecto

referencial (“o detergente X tem grãos azuis”); o aspecto fático (“Desculpe a

poeira”, único letreiro de um anúncio da VW); o aspecto metalingüístico (“só

Swift prepara o salsicha”), o aspecto estético (“Quem não é o maior, tem que

ser o melhor”), ou imperativo (“Viaje bem. Viaje Vasp”) (ECO, 1987, p. 159).

Percebe-se que, ao contrário de Péninou que nem destaca a função emotiva entre

as quatro fundamentais da publicidade – para ele, “o „eu‟ do criador não tem porquê se

intervir nela [na publicidade] e se desvanece em benefício da manifestação privilegiada

do „vocês‟ solicitado”12

(PÉNINOU, 1976, p. 85) –, Eco a toma como preponderante no

discurso publicitário. Péninou não destaca o papel da função emotiva no discurso

publicitário por defini-la como “operadora da subjetividade” que “inscreve o eu do

anunciante na mensagem” (PÉNINOU, 1976, p. 82-83), ao invés de entendê-la como “a

mensagem [que] visa a suscitar reações emocionais”, segundo Eco (1987, p. 52), ou

mesmo como “a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou simulada”, segundo

Jakobson (1977, p. 124). Logo, ainda que centrada no emissor, a função emotiva não se

refere à subjetividade deste, mas à emoção que se imprime na mensagem, seja ela

verdadeira ou simulada. A partir desta definição, é possível identificar a função emotiva

em vários anúncios, desde os que transmitem tranqüilidade através de paisagens

paradisíacas até os provocam excitação através de belos modelos. Em todo caso, o papel

da função emotiva no discurso publicitário é o único ponto de divergência entre Eco e

Péninou, pois como este, esse também destaca a função poética – “o emprego da figura

retórica [na publicidade] tem, antes de mais nada, finalidades estéticas”, apesar que “o

valor estético da imagem retórica torna persuasiva a comunicação” (ECO, 1987, p. 160)

– e a função fática – “visto que o anúncio diz por modos rotineiros o que os usuários já

dele esperavam (e o que esperam também em relação a outros produtos), a função

fundamental do anúncio é fática” (ECO, 1987, p. 183).

Eco compreende os códigos publicitários atuando num duplo registro: o verbal e

o visual. Sobre o primeiro, Eco se apóia no mesmo texto de Barthes que inspirou as

12 Tradução livre de: “El „yo‟ del creador no tiene por qué investirse en ella y se desvanece en benefício de la manifestácion

privilegiada del „vosotros‟ solicitado”.

Page 13: Um breve panorama das teorias da publicidade

primeiras pesquisas de Péninou, afirmando que “o registro verbal tem a função precípua

de ancorar a mensagem, porque freqüentemente a comunicação visual se mostra

ambígua e conceptualizável de modos diversos” (ECO, 1987, p. 161; grifo do autor). Ou

seja, o registro verbal serve para que não se interprete o registro visual de modo

inesperado ou indesejado. Por sua vez, o registro visual apresenta cinco níveis: o nível

icônico, o iconográfico, o tropológico, o tópico e o entinemático. Se o nível icônico é de

ordem denotativa – para a semiótica peirceana, o ícone é o signo que “possui alguma

semelhança ou analogia com o seu referente” (PIGNATARI, 1980, p. 25) –, o

iconográfico é de ordem conotativa, pois se trata de ícones clássicos ou massivos que

remetem a significados convencionados (ECO, 1987, p. 162). Já os níveis tópico e

entinemático são de ordem ideológica, pois o primeiro se refere aos lugares

argumentativos (por exemplo, “se Fulana bebe Coca-Cola e se Fulana é feliz, então

quem bebe Coca-Cola é feliz”) e o segundo aos lugares já convencionados (ECO, 1987,

p. 164-165). Por fim, o nível tropológico se refere aos tropos da retórica traduzidos para

a comunicação visual, dos quais Eco destaca três recorrentes na linguagem publicitária:

a metáfora, a metonímia e a antonomásia (ECO, 1987, p. 162-163). Se os dois primeiros

tropos também são referidos por Péninou, inclusive empregados de modo relativamente

semelhante, então é a antonomásia que merece atenção, principalmente devido a sua

função nos níveis tópico e entinemático: “Cada entidade isolada que aparece na imagem

é, o mais das vezes, o representante, por antonomásia subentendida, do próprio gênero

ou da própria espécie” (ECO, 1987, p. 163). Logo, é a antonomásia que permite a

formação dos lugares argumentativos como o referido no exemplo do nível tópico.

Diante do já exposto nota-se que, apesar do impasse em relação ao papel da

função emotiva, Eco e Péninou desenvolvem reflexões similares sobre o discurso

publicitário. Estas reflexões, contudo, não conduzem a objetivos semelhantes, pois se o

trabalho de Péninou é útil para o “exercício prático da tarefa publicitária”, como afirma

Moragas i Spà (1976, p. 5), o de Eco desmente qualquer exercício criativo por parte do

publicitário: para o autor, “um mapa retórico da publicidade serviria para definir, sem

possibilidades de ilusões, a extensão dentro da qual o publicitário, que presume

inventar novas fórmulas expressivas, é, na verdade, falado pela sua linguagem” (ECO,

1987, p. 184; grifo do autor). Este mapa retórico da publicidade mostrará, ainda

segundo Eco, que os publicitários muitas vezes se valem de soluções já conhecidas, o

que também conduz a seguinte resposta para um dilema comum entre os “criativos”:

“desejamos uma coisa porque a isso fomos persuadidos comunicacionalmente, ou

Page 14: Um breve panorama das teorias da publicidade

aceitamos as persuasões comunicacionais que concernem a coisas que já desejávamos?

O fato de que sejamos persuadidos por argumentos já conhecidos orienta-nos para a

segunda alternativa” (ECO, 1987, p. 184). Eco desbanca aqui a pertinência dos estudos

funcionalistas em comunicação persuasiva.

O tamanho maior deste tópico em relação aos demais demonstra a proliferação

de estudos estruturalistas centrados na linguagem publicitária que, conseqüentemente,

reflete nos temas e teorias escolhidas pelos pesquisadores: para voltar ao levantamento

de Jacks sobre a produção acadêmica brasileira nos anos 1990, o tema mais identificado

entre as teses e dissertações é a linguagem publicitária, e a perspectiva analítica mais

adotada entre os pesquisadores são os estudos da linguagem, a semiótica e a análise do

discurso (JACKS, 2001, p. 208-209). Estes dados levam Jacks a concluir que

a pesquisa, por exemplo, continua movendo-se prioritariamente em torno do

estudo da linguagem centrada em si mesma, através de análises formais que

não avançam na articulação com outras instâncias do social. Com isto apenas

há uma troca de objeto de estudo ratificando indefinidamente aspectos já

detectados em outras pesquisas (JACKS, 2001, p. 211).

Entre os autores estruturalistas aqui citados, o único que realmente vai além do

estudo imanente da linguagem publicitária, alcançando outras instâncias do social, é

Baudrillard. Os demais autores apenas apresentem modelos teóricos que, se aplicados

por terceiros, ratificam resultados já deduzidos pelos próprios autores. Daí Jacks (2001,

p. 211) apelar para “uma perspectiva analítica mais complexa, multidisciplinar ou

interdisciplinar, que articule as várias facetas deste fenômeno social, cultural,

econômico, comunicacional, histórico” que é a publicidade. Isto é o que se espera

encontrar nos Estudos Culturais.

Estudos Culturais

Ainda que a transdisciplinaridade seja o ponto forte dos Estudos Culturais, visto

que as fronteiras disciplinares “se mostram cada vez mais insuficientes para a

compreensão das manifestações culturais” (RESENDE, 2002, p. 12), os estudos dos

meios de comunicação sempre ocuparam lugar de destaque desde os anos iniciais do

Centre for Contemporary Cultural Studies: segundo Hall (1972, p. 55), o interesse do

Centro pelos meios de comunicação de massa se deve à ruptura que eles promovem em

relação às tradições culturais adquiridas, traço específico da cultura moderna. Os

estudos dos meios de comunicação, portanto, são os que mais se beneficiam da

Page 15: Um breve panorama das teorias da publicidade

transdisciplinaridade do Centro: a abordagem que Raymond Williams propõe para a

publicidade em “Advertising: the Magic System” (1960) não é diferente, pois se a

publicidade “passou a fronteira da venda de bens e serviços e começou a se envolver

com o ensinamento de valores sociais e pessoais”, então “somente a entenderemos com

alguma adequação se pudermos desenvolver um tipo de análise total onde os fatores

econômicos, sociais e culturais sejam visivelmente relacionados”13

(WILLIAMS, 2005,

p. 184-185). Esta transdisciplinaridade, contudo, não é suficiente para que se indique a

abordagem de Williams como uma terceira via entre apocalípticos e integrados, como

faz Piedras (2009, p. 23), pois a hipótese que Williams lança para compreender a

publicidade não difere dos ataques da Escola de Frankfurt:

É impossível olhar para a publicidade moderna sem perceber que o objeto

material vendido nunca é suficiente: isto é, de fato, a qualidade cultural crucial

destas formas modernas. (...) A descrição rápida para o padrão que temos é

magia: um sistema altamente organizado e profissional de induções e

satisfações mágicas, funcionalmente muito similar aos sistemas mágicos nas

sociedades mais simples, mas estranhamente coexistindo com um tecnologia

científica altamente desenvolvida14

(WILLIAMS, 2005, p. 185; grifo do autor).

Até aqui não se encontra nenhuma grave acusação à publicidade, mesmo porque

a antropologia do consumo também propõe hipóteses semelhantes sem cair no que já se

referiu como “publifobia”: para Rocha (2000, p. 24), por exemplo, do mesmo modo que

o totemismo elabora um sistema de classificações entre natureza e cultura, a publicidade

também o elabora entre produção e consumo, atribuindo ao produto um enquadramento

cultural e simbólico. Entretanto, Williams vai além destas hipóteses para alcançar a

seguinte crítica:

A escolha fundamental que emerge, nos problemas colocados para nós pela

produção industrial moderna, é entre o homem enquanto consumidor e o

homem enquanto usuário. O sistema de magia organizada, que é a publicidade

moderna, é primariamente importante enquanto um obscurecimento funcional

desta escolha15

(WILLIAMS, 2005, p. 186).

13 Tradução livre de: “it has passed the frontier of the selling of goods and services and has become involved with the teaching of social and personal values”; “we shall only understand it with any adequacy if we can develop a kind of total analysis in which the

economic, social and cultural facts are visibly related”. 14 Tradução livre de: “It is impossible to look at modern advertising without realising that the material object being sold is never enough: this indeed is the crucial cultural quality of its modern forms. (...) The short description of the pattern we have is magic: a

highly organized and professional system of magical inducements and satisfactions, functionally very similar to magical systems in

simpler societies, but rather strangely coexistent with a highly developed scientific technology”. 15 Tradução livre de: “The fundamental choice that emerges, in the problems set to us by modern industrial production, is between

man as consumer and man as user. The system of organized magic which is modern advertising is primarily important as a

functional obscuring of this choice”.

Page 16: Um breve panorama das teorias da publicidade

Isto não difere das conclusões de Haug, para quem também a publicidade,

enquanto tecnocracia da sensualidade, obscurece o “homem enquanto usuário” (valor de

uso) a favor do “homem enquanto consumidor” (valor de troca). Aliás, as críticas de

Williams chegam a ser mais contundentes que as do frankfurtiano:

De fato, é monstruoso que avanços humanos em psicologia, sociologia e

comunicação possam ser usados ou pensados como técnicas poderosas contra

as pessoas, do mesmo modo como é cruel tentar reduzir a faculdade da escolha

humana para “resistir às vendas”. (...) A maioria dos anúncios publicitários não

são criações descoladas de profissionais habilidosos, mas criações confusas de

péssimos pensadores e artistas16

(WILLIAMS, 2005, p. 190; grifo do autor).

Caso se espere alguma retratação no posfácio que Williams apresenta para

“Advertising: the Magic System” em 1969, talvez assimilando algum relativismo já

demonstrado em outras áreas – por exemplo, as divisões entre cultura erudita e cultura

de massa, consideradas por ele “intelectualmente insatisfatórias” (WILLIAMS, 1992, p.

125) –, isto não acontece: “Eu vejo a forma do inimigo como publicidade”17

(WILLIAMS, 2005, p. 193). Na verdade, ao afirmar que nossa sociedade não é

suficientemente materialista, pois necessita da qualidade cultural do objeto material

(WILLIAMS, 2005, p. 185), Williams não parece adotar apenas o sentido comum de

“materialista”, apegada aos bens materiais, mas também o sentido político: a

publicidade é então o principal entrave para a realização do socialismo materialista. Esta

conclusão não surpreende aqueles que lembrarem que o berço dos Estudos Culturais é a

Nova Esquerda britânica.

As conclusões apocalípticas de Williams não impedem, contudo, que o autor

estabeleça algumas propostas teóricas produtivas para se compreender a publicidade,

como é o caso do conceito de fluxo. Proposto inicialmente em Communications (1962)

e originalmente para se compreender a televisão, o conceito define que

Podemos ligar e desligar programas particulares, mas de algum modo os

programas são concebidos como um todo e eles são freqüentemente recebidos

como uma continuidade. Eu já venho sentindo que o tipo de análise que mais

precisamos é deste fluxo geral: da organização, dos métodos e dos valores

dentro e através dos quais ocorrem programas particulares18

(WILLIAMS,

1976, p. 92).

16 Tradução livre de: “It is indeed monstrous that human advances in psychology, sociology and communication should be used or thought of as powerful techniques against people, just as it is rotten to try to reduce the faculty of human choice to „sales resistance‟.

(...) Most advertising is not the cool creation of skilled professionals, but the confused creation of bad thinkers and artists”. 17 Tradução livre de: “I see the form of the enemy as advertising”. 18 Tradução livre de: “We can switch on and off for particular programmes but in some ways the programmes are conceived as a

whole and they‟re often received as a continuity. I have come to feel lately that the kind of analysis we most need is of this general

flow: of the organization, the methods and the values within and through which particular programmes occur”.

Page 17: Um breve panorama das teorias da publicidade

Ou seja, ainda que os programas televisivos sejam produzidos como um todo, a

recepção que eles recebem acaba por fragmentá-los, pois muitas vezes são

acompanhadas apenas as partes inicial ou final dos programas. Neste sentido, como

explica Williams mais detalhadamente em Television: Technology and Cultural Form

(1974), “o programa real que é oferecido é a seqüência ou conjunto de seqüência

alternativas destes ou de outros eventos similares, os quais estão então acessíveis em

uma única dimensão e em uma única operação” (WILLIAMS apud PIEDRAS, 2009, p.

85). Por causa desta especificidade da televisão, a análise isolada de programas

particulares é insuficiente, sendo necessária a análise do fluxo televisivo, ou seja, do

conjunto de seqüências de programas surgidas da recepção.

Mas qual é a aplicação do conceito de fluxo para a publicidade? Cabe a Elisa

Piedras, em Fluxo publicitário: anúncios, produtores e receptores (2009), extrapolar o

conceito para além da televisão: para a autora, “a noção de fluxo viabiliza o

entendimento da forma cultural e tecnológica da publicidade na sua configuração atual,

tanto em termos de sua veiculação através dos diferentes suportes (meios) quanto sobre

a relação instituída com os sujeitos nas práticas de recepção” (PIEDRAS, 2009, p. 92).

Para esta extrapolação, Piedras se vale dos três aspectos do fluxo televisivo

identificados por Jensen: o fluxo do canal, referente à seqüência de programas e

anúncios ofertados por cada cadeia individual; o fluxo do telespectador, relativo ao

percurso do telespectador entre os diferentes programas das diferentes cadeias; e o

superfluxo, ou seja, “a soma total das possíveis seqüências” (JENSEN apud PIEDRAS,

2009, p. 89). Caso se entenda o fluxo do telespectador para além da televisão,

considerando-o como “fluxo do receptor” que se configura a partir das possibilidades

oferecidas pela produção que, por sua vez, também se configura como “fluxo de suporte

ou meio” (os anúncios dos jornais, revistas, emissoras de rádio, outdoor, panfletos

distribuídos nas ruas, ligações de telemarketing, etc.), se nota como as práticas de

recepção se constituem, de modo geral, a partir de percursos diferenciados, cada qual

selecionado os anúncios que interessam, formando assim, juntamente com as práticas de

produção, um superfluxo da publicidade (PIEDRAS, 2009, p. 103-104). Neste sentido,

do mesmo modo que Williams afirma a respeito da televisão, Piedras também constata a

insuficiência das análises isoladas de campanhas publicitárias, pois desconsideram a

natureza seqüencial e interrompida desta forma de comunicação que abrange suportes

variados (PIEDRAS, 2009, p. 95). Esta crítica tanto cabe para os estudos imanentes da

Page 18: Um breve panorama das teorias da publicidade

mensagem publicitária desenvolvidos pela corrente estruturalista, pois é o fluxo que

interessa, quanto para os estudos do efeito levantados pela corrente funcionalista, pois

devido a sua natureza seqüencial e interrompida, a publicidade “causa seu efeito, na

verdade, apenas porque é intermitente” – logo, “é impertinente, talvez, continuar

considerando efeitos”19

(WILLIAMS, 1976, p. 91).

Conclusão

Não é por acaso que as três primeiras correntes que destacamos neste artigo se

referem aos três paradigmas da teoria da comunicação que Rocha revisa em estudo

dedicado ao consumo, A sociedade do sonho (1995): o paradigma positivo, o

paradigma do tribunal e o paradigma formalista. Sob a égide do paradigma positivo,

preocupado em formular as mais variadas classificações para controlar o fenômeno da

comunicação (ROCHA, 1995, p. 60), o funcionalismo o seguiu à risca, apresentando

funções e condições da propaganda. Por outro lado, a abordagem que a Escola de

Frankfurt oferece à publicidade não vai além do paradigma do tribunal, tomando-a

como réu de julgamentos que, por adotarem “um ponto de vista exterior ao objeto”, não

tentam compreendê-lo (ROCHA, 1995, p. 62). Como bem lembra Rocha (1995, p. 62),

estes dois paradigmas remetem à famosa divisão entre apocalípticos e integrados

proposta por Eco que, por sua vez, procura rompê-la ao promover, independentemente

de juízos, “a „significação‟ como questão central da cultura” (ROCHA, 1995, p. 76).

Este é o projeto do paradigma formalista que respalda o estruturalismo, também

representado, entre os autores voltados para o estudo da publicidade, por Barthes e

Péninou. Contudo, apesar da imparcialidade acadêmica, o paradigma formalista também

recebe críticas: para Rocha (1995, p. 81), seu problema reside tanto no subjetivismo

permitido pela teoria – a discordância entre Eco e Péninou sobre o papel da função

emotiva nos anúncios publicitários é um exemplo deste subjetivismo – quanto no estudo

imanentista da mensagem que exclui os emissores e receptores dos processos

comunicativos – crítica que destacamos diversas vezes ao longo deste artigo.

Diante do fracasso do paradigma formalista, Rocha (1995, p. 86) propõe a

“perspectiva etnográfica” enquanto compromisso com a palavra do “outro” (neste caso,

os emissores e receptores). Entretanto, ainda que nos faltem dados para comprovar, não

é esta perspectiva que se consolida como paradigma frente à derrota formalista, mas sim

19 Tradução livre de: “It makes its effect, really, just because it is intermittent”; “It is impertinent, perhaps, to keep considering

effects”.

Page 19: Um breve panorama das teorias da publicidade

o que podemos chamar de paradigma da cultura, em referência aos Estudos Culturais.

Se bem que a proposta de Rocha e a dos Estudos Culturais se assemelhem, visto que

ambas consideram os atores sociais envolvidos nos processos comunicativos, não é

interessante compreendê-las como um mesmo paradigma, pois partem de conceitos

diferentes e também se posicionam diferentemente quanto à publicidade: como vimos,

ao contrário da perspectiva de Rocha, os Estudos Culturais não superaram totalmente

suas heranças do paradigma do tribunal. Este ranço não impediu, contudo, que outros

pesquisadores aplicassem os conceitos do paradigma da cultura sem julgarem o

fenômeno publicitário. Neste sentido, se este breve panorama das teorias da publicidade

que aqui traçamos permite identificar algumas tendências, talvez a mais evidente seja a

cura da “publifobia”.

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