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1 TURISMO RELIGIOSO: Uma alternativa econômica para municípios do Seridó - RN . Maria do Socorro Gondim Teixeira 1 Manoel Cícero Romão Júnior 2 Estuda a Economia do Turismo Religioso praticado por municípios da região do Seridó - RN, e ressalta a importância desse setor para o desenvolvimento econômico dos municípios da região. Sua história, aspectos sócios culturais, físicos geográficos, serviços urbanos básicos e econômicos também são assuntos abordados. É feito um diagnóstico atual do Turismo Religioso nos municípios de Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos e Florânia. Mostra o potencial turístico, evidenciando a oferta turística destes municípios. O Programa Nacional de Municipalização do Turismo PNMT, no qual os municípios estão inseridos, aponta para interiorização do turismo como meio sustentável. A realização deste trabalho se justifica em voltar para esse segmento, apresentando a sua importância de grande potencial na região seridoense e, a contribuir para o desenvolvimento de outras atividades dos mais variados setores, promovendo uma maior integridade econômica, social e política dos municípios. A presente proposta da pesquisa define procedimentos metodológicos que viabilizarão a construção do objeto, com pesquisas bibliográficas, junto a uma pesquisa de campo exploratória. Assim, a partir dos dados analisados, a Região do Seridó apresenta condições estruturais e culturais significativas para implementar a prática dessa atividade, desde que planejadas e reestruturadas de forma racional. Palavras Chave: Turismo, Desenvolvimento Econômico, Religiosidade. Studying the economics of Religious Tourism practiced by the region's Serido - RN, and emphasizes the importance of this sector for the economic development of the region. Its history, socio cultural, physical geography, urban basic services and economic issues are also addressed. We made a diagnosis of current Religious Tourism in the municipalities of Acari, Caico, Carnauba of Dantas, Currais Novos and Florania. Shows the potential for tourism, highlighting the tourism these municipalities. The National Program of Tourism Municipalization - PNMT, in which cities are added, pointing to internalization of tourism as a sustainable way. The completion of this work is justified in return for this segment, showing the importance of great potential in the region Serido, and contribute to the development of other activities of several sectors, promoting greater economic integrity, and social policy of the municipalities. This proposal defines the research methodological procedures that enable the construction of the object, with bibliographic searches, together an exploratory field research. Thus, from the data analyzed, the region of Serido presents significant cultural and structural conditions to implement the practice of this activity, since it restructured in a planned and rational. Key-Words: Tourism, Economic Development, Religiosity. Área Temática: Cultura, lazer, turismo e desenvolvimento regional 1 Economista. Doutora em Ciências da Comunicação pela USP. Profª do Departamento de Economia da UFRN. 2 Mestrando em Economia pela UFRN.

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1

TURISMO RELIGIOSO:

Uma alternativa econômica para municípios do Seridó - RN

.

Maria do Socorro Gondim Teixeira1

Manoel Cícero Romão Júnior2

Estuda a Economia do Turismo Religioso praticado por municípios da região do Seridó - RN, e

ressalta a importância desse setor para o desenvolvimento econômico dos municípios da região. Sua

história, aspectos sócios culturais, físicos geográficos, serviços urbanos básicos e econômicos

também são assuntos abordados. É feito um diagnóstico atual do Turismo Religioso nos municípios

de Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos e Florânia. Mostra o potencial turístico,

evidenciando a oferta turística destes municípios. O Programa Nacional de Municipalização do

Turismo – PNMT, no qual os municípios estão inseridos, aponta para interiorização do turismo

como meio sustentável. A realização deste trabalho se justifica em voltar para esse segmento,

apresentando a sua importância de grande potencial na região seridoense e, a contribuir para o

desenvolvimento de outras atividades dos mais variados setores, promovendo uma maior

integridade econômica, social e política dos municípios. A presente proposta da pesquisa define

procedimentos metodológicos que viabilizarão a construção do objeto, com pesquisas

bibliográficas, junto a uma pesquisa de campo exploratória. Assim, a partir dos dados analisados, a

Região do Seridó apresenta condições estruturais e culturais significativas para implementar a

prática dessa atividade, desde que planejadas e reestruturadas de forma racional.

Palavras – Chave: Turismo, Desenvolvimento Econômico, Religiosidade.

Studying the economics of Religious Tourism practiced by the region's Serido - RN, and

emphasizes the importance of this sector for the economic development of the region. Its history,

socio cultural, physical geography, urban basic services and economic issues are also addressed. We

made a diagnosis of current Religious Tourism in the municipalities of Acari, Caico, Carnauba of

Dantas, Currais Novos and Florania. Shows the potential for tourism, highlighting the tourism these

municipalities. The National Program of Tourism Municipalization - PNMT, in which cities are

added, pointing to internalization of tourism as a sustainable way. The completion of this work is

justified in return for this segment, showing the importance of great potential in the region Serido,

and contribute to the development of other activities of several sectors, promoting greater economic

integrity, and social policy of the municipalities. This proposal defines the research methodological

procedures that enable the construction of the object, with bibliographic searches, together an

exploratory field research. Thus, from the data analyzed, the region of Serido presents significant

cultural and structural conditions to implement the practice of this activity, since it restructured in a

planned and rational.

Key-Words: Tourism, Economic Development, Religiosity.

Área Temática: Cultura, lazer, turismo e desenvolvimento regional

1 Economista. Doutora em Ciências da Comunicação pela USP. Profª do Departamento de Economia da UFRN.

2 Mestrando em Economia pela UFRN.

2 1 INTRODUÇÃO

O turismo é cada vez mais entendido como uma atividade econômica exercendo influência

em diversos setores: religioso, político, cultural, ecológico e rural. Essa atividade, em comparação

com outras, necessita de menores investimentos, já que existe a possibilidade de aproveitar os

recursos existentes nas próprias localidades como forma de investimento turístico.

Um dos setores que tem conseguido um grande destaque no âmbito da atividade turística é o

segmento religioso. O destaque principal nesse setor são as peregrinações, caracterizado pelo

deslocamento temporário de pessoas para outras regiões ou países visando à satisfação de outras

necessidades não decorrentes de atividades remuneradas. Por se tratar de um fenômeno espontâneo,

as peregrinações também são movidas por aspectos profanos.

Atualmente, as peregrinações mais conhecidas em nível mundial e que têm muita

importância no setor turístico religioso são as que costumam ocorrer para: Jerusalém (Israel),

Fátima (Portugal), Vaticano (Itália), Lourdes e Assis (Portugal). Estes lugares foram santificados

pela recordação histórica ou por manifestações de caráter miraculoso. No Brasil, os principais

eventos religiosos são: o Círio de Nazaré (Pará), Padre Cícero (Ceará), Iemanjá (Bahia), Festa do

Bonfim (Rio de Janeiro), Nossa Senhora de Aparecida (São Paulo).

O Rio Grande do Norte ainda não detém uma repercussão muito forte em nível nacional, no

que tange ao turismo religioso. As festas religiosas desse Estado ficam restritas ao fluxo

intermunicipal, como as chamadas festas das padroeiras. Esses eventos são bastante observados no

interior do Estado do Rio Grande do Norte, em especial, na região do Seridó, onde, a religiosidade

sempre foi um fator de extrema importância na vida das famílias seridoenses. Para reforçar ainda

mais essa percepção, basta que se perceba o quanto se ritualiza Sant’Ana (Padroeira do Seridó e de

alguns municípios da região).

Esse trabalho tem por objetivo analisar o Turismo Religioso como alternativa econômica

para os municípios do Seridó; bem como principalmente identificar os atrativos turísticos já

existentes nos municípios de Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos e Florânia. De fato,

observam-se as possíveis potencialidades, traçando um perfil de cada atrativo, identificando a

capacidade de explorá-los, relacionando a oferta de equipamentos turísticos e suas qualidades

através de um planejamento turístico sustentável, assim como os problemas que dificultam a

organização desses atrativos como produtos turísticos. Como justificativa principal, o fato do

turismo religioso, oriundo das peregrinações e festejos religiosos que acontecem de maneira

espontânea na região, é visto como um ramo econômico com um grande potencial empregatício.

Em relação à metodologia aplicada neste trabalho, inicialmente foi feito uma pesquisa

bibliográfica, tomando como base os principais conceitos e estudos sobre esse fenômeno; foram

realizadas pesquisas documentais: fontes historiográficas, cartas, relatórios de eventos, projetos

diversos, boletins informativos, jornais, revistas que se respondam ao Turismo Religioso no Seridó.

Além disso, adota-se uma pesquisa de campo, objetivando coletar informações através da aplicação

de questionários, junto a pessoas ligadas ou não ao setor.

O trabalho está dividido em duas partes: a primeira trata da evolução do Turismo Religioso

ao longo dos tempos, bem como a atuação desse setor em algumas cidades brasileiras e, sua

importância enquanto potencial econômico a ser explorado. Como em qualquer atividade

econômica é de interesse um estudo sobre o comportamento da oferta e demanda turística e seus

impactos sobre o mercado turístico; e por fim, apresenta o desenvolvimento do Turismo Religioso

nos municípios em estudo da região do Seridó. Analisa-se o potencial turístico religioso que cada

município comporta e, sua influência no processo econômico local. Para isso, traz-se o resultado da

aplicação de questionário junto a pessoas vinculadas ou não a esse segmento, contribuindo assim

para a veracidade das informações obtidas.

3 2 CONCEITOS E EVOLUÇÃO DO TURISMO RELIGIOSO

A atividade turística envolve o movimento constante de pessoas, que se deslocam de um

local de origem a um destino qualquer. O deslocamento e a permanência de pessoas longe de seu

local de moradia provocam profundas alterações econômicas, políticas, culturais, sociais e

ambientais que podem apresentar aspectos positivos e negativos.

Ao longo dos tempos, o segmento da religiosidade tem causado uma forte influência na

cadeia turística. A noção do turismo religioso se desenvolve a partir da compreensão das

motivações turísticas. A única diferença desse segmento turístico em relação aos demais é a

motivação religiosa como razão principal desses deslocamentos.

Assim, essa sessão apresenta a evolução desse segmento, bem como a predominância desse

setor como principal atividade a ser desenvolvida em algumas cidades sendo que, sua atuação vem a

se tornar um instrumento de grande impulso para o crescimento econômico, na medida em que

oferece lucratividade.

2.1 Evolução Histórica do Turismo Religioso.

O fenômeno das peregrinações é próprio de cada cultura. Cada país ou região tem uma

conformação histórica, política, cultural, religiosa e econômica que vai determinar a forma, a

intensidade e o sentido do andar, nas suas rotas de fé. Essa diversidade de motivações, no entanto,

acabam remetendo a uma mesma essência: as peregrinações constituem um fenômeno ligado à

natureza do ser humano.

Nos séculos III e IV da Era Cristã, os fiéis começaram a cultivar o hábito de viagens de

caráter religioso. Também foi o início da longa série de visitas a igrejas e santuários. Observações

essas que levaram à prática do Turismo Religioso. (www.pr.gov.br).

O surgimento de vários santuários começou a distinguir-se em locais afastados das cidades,

em meio à natureza inóspita. Na austeridade desses locais desabitados e isolados, o aparecimento

desses templos propiciou o desenvolvimento das comunidades locais. O fato importante a destacar é

que ocorreram deslocamentos contínuos de pessoas em toda a história da humanidade cuja origem

motivacional principal era de cunho religioso.

De acordo com Abumanssur (2003) citado por Vilhena (2003), os fluxos migratórios são

alavancados por fatores diversos que podem ocorrer isoladamente ou em combinações múltiplas

... . Guerras, comércio, poder e controle dos governantes sobre as populações exigiam estradas,

rotas comerciais que por terra e mar mapearam de novo tanto o mundo conhecido como aquele a ser

descoberto. A pilhagem, o comércio, o interesse intelectual e prático levaram por longos caminhos

tecnologias, objetos de arte, armamentos, obras literárias, filosóficas, cientificas, religiosas e

econômicas. Sucederam assim, desconstruções, reconstruções, adaptações e inovações

impulsionando os desenvolvimentos regionais.

Ao longo dos tempos, as peregrinações refloresceram de modo diferente ainda que

apresentando os mesmos elementos de suporte como os dogmas da religião católica e os valores

bíblicos. Os romeiros passaram a compartilhar não apenas a fé como também a intenção de

desfrutar de momentos de lazer em conjunto, onde era rompido o cotidiano de trabalho. Observava

assim a descoberta de outras atividades desenvolvidas em função do Turismo Religioso.

Atualmente, as peregrinações e as festas religiosas continuam a ser, em geral, um fenômeno

de forte coesão humana expressa na religião e no lazer. Estes assumem novos papéis e sentidos que

contradizem suas antigas tradições. A sua prática efetiva realiza-se de diversas maneiras: as

peregrinações aos locais sagrados, às festas religiosas que são celebradas periodicamente, os

espetáculos, as representações teatrais de cunho religioso e os congressos, encontros e seminários,

ligados à evangelização.

Em função dessa atuação, os locais de peregrinações e romarias, propiciaram também o

surgimento de outras atividades de caráter não-religioso e, que contribui não só de complemento,

mais também para desenvolver a economia local. Entre eles, podemos citar o aparecimento de

4 pousadas, hospedarias, hotéis, motéis, povoados, portos, cidades, restaurantes, comércio de

artesanato, mercado informal, transporte, bares, além da geração de empregos nos setores de

comércio, saúde, segurança pública e turismo.

Fatores como hospedagem, comércio, alimentação e lazer, são diretamente afetadas pelo

afluxo turístico, implicando na reconfiguração de uso do espaço, planejamento de infra-estrutura

receptiva e organização econômica.

Quadro I

Classificação do motivo da visita (ou viagem) por divisões, para turismo receptor, emissor

interno.

1. Lazer, recreação e férias.

2. Visitas a parentes e amigos

3. Negócios e motivos profissionais

4. Tratamento de saúde

5. Religião/ peregrinações

6. Outros motivos

Fonte: Dias e Silveira (2003, p.14).

A motivação religiosa está classificada pela OMT entre os principais motivos das viagens

turísticas, fato este destacado por Dias e Silveira (2003) e citado por Andrade (2000). Ressalvados o

turismo de férias e de negócios, o tipo de turismo que mais cresce é o religioso porque, além dos

aspectos místicos e dogmáticos, as religiões assumem o papel dos agentes culturais importantes em

todas as suas manifestações de proteção de valores antigos, de intervenção na sociedade atual e

prevenção no que diz respeito ao futuro dos indivíduos e sociedades.

As viagens em busca de espaços próprios para as manifestações de fé envolvem pessoas de

várias culturas e diferentes nacionalidades, em todo o mundo. De posse dessa realidade, a indústria

do turismo intensificou o investimento nos centros de peregrinação através das ações diretas sobre a

realidade local e do uso da mídia e do marketing para incentivar o fluxo de visitantes. A partir daí,

algumas regiões começaram a investir em planejamento e obras para ampliar sua capacidade de

recepção e proporcionar alternativas de lazer aos turistas fazendo com que os visitantes

permaneçam mais tempo nos locais de visitação.

O Turismo Religioso se destacando na economia, pois, os peregrinos são consumidores de

bens e serviços, num movimento de fluxo praticamente ininterrupto. Assim, as peregrinações se

tornam uma dupla fonte geradora de renda, enquanto fornecedora de consumidores em potencial e

como atrativo turístico em si. Embora o caráter comercial não elimine o elemento religioso, uma

vez que a participação na peregrinação decorre de uma atitude de fé, as atividades paralelas às

manifestações religiosas ganham nova dimensão, como forma de atrair mais visitantes. Potenciais

fontes de diversão e prazer tornam-se um atrativo a mais no circuito da fé, para entreter o visitante,

prolongar sua estadia e estimular o consumo.

Os principais locais escolhidos para essas peregrinações são conhecidos e famosos no

mundo inteiro: Roma (Itália), Lourdes (França), Fátima (Portugal), Medjugore (Iugoslávia),

Jerusalém (Israel), Santiago de Compostela (Espanha). No Brasil os locais de peregrinação mais

conhecidos são: Aparecida (São Paulo), Belém (Pará), Juazeiro do Norte (Ceará).

2.2 O Turismo Religioso no Brasil.

Desde meados do século XIX, a Igreja Católica começou a buscar a integração dos centros

de peregrinação como parte de uma estrutura institucional impondo sobre eles maior controle e

tendência a uniformização dos cultos. No Brasil, a maioria de centros de peregrinações surgiu no

início da conquista portuguesa, especialmente nos séculos XVII e XVIII, mas podemos encontrar

outros mais recentes. Dessa forma, as nossas peregrinações se dirigem para santuários ou locais

próprios de adoração ou devoção.

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O desenvolvimento de práticas religiosas é um importante fator na determinação de locais

com potencial turístico. Nesse sentido, o Brasil, onde a fé católica é predominante, possui um

número bastante significativo de locais religiosos que atraem viajantes de todo tipo: peregrinos,

romeiros, pessoas atraídas pela cultura do espaço religioso etc. Na maioria das localidades, onde

existem santuários ou ocorrem manifestações religiosas, a infra-estrutura para receberem visitantes

ainda é precária, muitas vezes devido a pouca compreensão do potencial econômico.

Dessa forma, os indivíduos se deslocam com um objetivo religioso ou apenas de conhecer

certa religião ou movimento religioso, é denominado: Turismo Religioso. Essa modalidade de

turismo é sem dúvida muito importante para o turismo, além das outras práticas turísticas que

existem no território brasileiro como: Turismo Rural, Turismo Cultural, Turismo Ecológico,

Turismo de Negócios, formam um produto turístico.

Andrade (1998, p. 77) afirma que esse tipo de turismo é um conjunto de atividades com

utilização parcial ou total de equipamentos e a realização de visitas a receptivos que expressam

sentimentos místicos ou suscitam a fé, a esperança e a caridade aos crentes ou pessoas vinculadas às

religiões. Desse modo, o turismo religioso é uma atividade complexa que compreende tanto a

produção como o consumo, tanto as atividades secundárias e terciárias que agem articuladamente,

como uma prática voltada para o lazer. Assim, os restaurantes, lanchonetes, barracas, camelôs,

parque de diversões, hotéis, pousadas, lojas de artesanato, transporte; enfim, tudo isso coloca o

turismo religioso em uma postura de relacionar-se atrelada ao consumo e ao lazer.

No Brasil, alguns problemas dificultam um maior fluxo turístico, entre eles:

Qualificação profissional;

Valorização de todos os seus tipos de atrativos;

Consciência Política;

Envolvimento dos setores públicos, privados e da comunidade;

Planejamento;

Infra-estrutura turística;

Analisando melhor o fenômeno do turismo religioso no Brasil, percebe-se a necessidade da

elaboração e implantação de planos para o desenvolvimento dos destinos religiosos. Ressalta-se a

importância dos programas prioritários para a ordenação da atividade turística, gerando benefícios

para devotos e turistas e garantindo o desenvolvimento sustentável, tanto no aspecto econômico

como no ambiental e sociocultural, assim como a qualidade de vida da comunidade local.

(ANSARAH, 2000, p.131). O Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) incorporou

definitivamente os principais santuários católicos brasileiros como um produto turístico semi-

acabado. A publicação dos Roteiros da Fé Católica no Brasil enumera 64 centros de atrativos

religiosos, entre templos, espetáculos e festividades diretamente ligadas ao catolicismo popular e

regional.

Entre as principais, pode-se destacar: no Norte, ocorre o Círio de Nazaré, que reúne dois

milhões de pessoas em Belém (Pará), sem mencionar Padre Cícero no Juazeiro do Norte (Ceará),

Senhor do Bonfim em Salvador (Bahia), entre outras. De acordo com Ansarah (2000), citado por

Novaes (2000), Aparecida (São Paulo) é considerada a capital ritual do Brasil, com turismo

religioso de massa, recebendo anualmente milhões de peregrinos. A cidade apresenta uma

programação de eventos que estimula os visitantes a permanecerem na cidade. Todo sistema é

acionado: hotéis, restaurantes, comércio, empresas de transportes, equipamentos de lazer. O

santuário contrata mais de 600 funcionários (médicos, enfermeiros, faxineiros, pedreiros,

seguranças, etc.) para garantir o bem estar dos romeiros.

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MAPA I: ROTEIRO DICAS DA FÉ CATÓLICA NO BRASIL

Fonte: Massud (2004, p.7).

Portanto, em cidades como Aparecida, podem ser constituídos espaços no qual o turismo

liga-se à tradição da peregrinação. Essa imbricação, motivada pela intensa circulação de símbolos

religiosos associada ao consumo, ao marketing e ao lazer, não isenta o turismo de uma relação tensa

com a sociabilidade anterior (religião). Em Aparecida, configura-se um cenário que aponta para

uma crescente diversidade, possibilitando o surgimento de um mercado de bens e serviços.

FIGURA I: BASÍLICA DE NOSSA SENHORA APARECIDA

Fonte: www.patricknunes1.hpg.ig.com.br

Os investimentos realizados em marketing e propaganda são fundamentais, com o intuito de

divulgar a produção local. A EMBRATUR define o Marketing turístico como sendo ”um conjunto

de técnicas estatísticas, econômicas, sociológicas e psicológicas, utilizada para estudar e conquistar

o mercado, mediante lançamento planejado dos produtos”.

Grande parte do que é produzido em Aparecida, sejam atividades comerciais e produtivas

ligados ao setor, são responsáveis por 90% do PIB da cidade e emprega cerca de 80%, tudo em

função do Turismo Religioso. O comércio de artefatos religiosos é bastante intenso, sendo parte

Mapa desenvolvido

pela EMBRATUR,

apresentando as principais

movimentações religiosas no

país.

7 dessa produção exportada, principalmente para países europeus e asiáticos que contam com uma

diversidade muito grande de escolha. Assim, o setor do turismo religioso no país, é um dos que

mais tem contribuído para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, repercutindo na criação e

manutenção de empregos ligados a outros setores.

2.3 O setor do Turismo Religioso no Processo de Desenvolvimento do Nordeste.

A indústria turística iria se adequar às necessidades econômicas da região no sentido de que

geraria um novo campo de trabalho para o homem da terra e iria aproveitar os aspectos naturais de

cada região como atração turística. De acordo com Coriolano (1999, p.111), as necessidades e os

desejos humanos devem ser as origens das atividades econômicas. O lazer e o turismo são na sua

essência, respostas a estas necessidades [...].

Conforme Coriolano (2003), e citado por Ribeiro e Ferreira (2003, p.302), [...] os planos de

desenvolvimento do turismo estão em andamento, com destaque para região Nordeste do Brasil.

Tudo isso para tentar atrair turistas de outros países, gerando divisas. Descobrir novas políticas

sociais, econômicas e ambientais, que levem em conta as comunidades, o aumento das riquezas da

terra para todos e a conservação das reservas [...] priorizar as alternativas de desenvolvimento

econômico que evitem impactos ambientais, econômicos, sociais e culturais [...]. Encontrar

mecanismos para que as comunidades receptoras de turismo conscientes da importância desta

atividade, da importância de seus valores culturais e conhecedoras das especificidades dos recursos

naturais e culturais locais, passem a encontrar no turismo oportunidade de geração de renda para o

próprio local, produzindo assim o desenvolvimento local.

Assim, desenvolver a atividade turística no Nordeste parece ser uma meta tangível e

bastante coerente com as potencialidades atrativas de nosso país, uma delas é o Turismo Religioso.

Com isso, o processo contínuo de Planejamento Sustentável da atividade turística vem sendo

desenvolvido, obtendo êxitos e alcançando espaços no mercado.

No Nordeste brasileiro, as peregrinações, bem como os santuários, as festividades religiosas

e romarias também estão presentes, aspectos esses que refletem no Turismo Religioso. Ressalta-se a

importância dos programas prioritários para a ordenação da atividade turística, gerando benefícios

para devotos e turistas e garantindo o desenvolvimento local, tanto no aspecto econômico, como

ambiental e sociocultural, melhorando a qualidade de vida da comunidade local.

De acordo com Coriolano (2003), citado por Ribeiro e Ferreira (2003, p. 305), “trata-se sim

de reforçar o potencial local e usá-lo como atrativo para quem quer vivenciar e não apenas

contemplar os lugares”.

Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, é um exemplo claro dentre esses lugares, situado no

Nordeste. Este oásis religioso, situado no Vale do Cariri, se transformou na maior cidade do interior

cearense. Aqui a religiosidade parece se revelar com o sofrimento proveniente da pobreza.

A análise dos centros de romaria no Ceará e do consumo do turismo religioso leva a

identificar os comportamentos típicos dos turistas religiosos e dos romeiros como forma de melhor

explicar o Turismo Religioso. No turismo, os lugares visitados são comparados a verdadeiros

santuários. A motivação para o peregrino recai na esperança de aumentar a santidade pessoal, obter

benção e curas especiais. Para o turista religioso, a motivação recai no desejo de escapar,

temporariamente das pressões da sociedade em que vive passear e curtir a vida. (ABREU E

CORIOLANO, 1998, p. 83).

As cidades como Juazeiro do Norte e Canindé, são exemplos de consumo turístico-religioso.

O espaço social é preparado diferencialmente para atender o turista e o peregrino. A peregrinação

possui roteiro devocional e a espacialidade do comércio de bens simbólicos atende a demanda a

cada tempo. Já os turistas chegam à área de comércio de bens sagrados e espaços profanos.

Notadamente a sustentação de Juazeiro do Norte e Canindé como centros de romarias

confirmam a religiosidade do povo cearense. Considerando que o sistema econômico do turismo é a

forma de organização da estrutura turística, compostos por seus agentes econômicos, englobando o

tipo de propriedade, a gestão de recursos, o processo de circulação de mercadorias e de renda, o

8 consumo e os níveis de desenvolvimento das tecnologias empregadas e da divisão do trabalho,

enfatizando o valor turístico.

O turismo religioso produz uma cadeia produtiva, além de usufruir todas as atividades

econômicas dos lugares visitados, envolve o conjunto de fornecedores e projetos finais que

arrecadam com o consumo dos turistas e com as atividades tipicamente voltadas para o turista,

como a venda de passagens, as estadas em hotéis, pousadas, dentre outros serviços. O consumo

envolve uma realidade mais ampla da comunidade receptora. Nessas cidades santuários, há

presença constante do comércio anexada à atividade religiosa, onde se vendem os artigos de

interesse dos peregrinos, restaurantes, farmácias e artigos religiosos, além dos estacionamentos e

alojamentos.

A cada ano tem crescido o fluxo de turistas peregrinos de melhor poder aquisitivo. Os

turistas aliam o interesse religioso à vontade adicional de conhecer outros atrativos de ordem

cultural ou de lazer e, sobretudo, de consumo.

Coriolano (1999, p. 111), exemplifica o consumo turístico e diz que, o comércio nestas

ocasiões tem maiores oportunidades de vendas devido ao maior fluxo de pessoas. A romaria é uma

oportunidade que os romeiros dispõem para comprar tudo àquilo que necessitam e só encontram

nessas cidades [...]. Desenvolver-se nessas cidades um intenso comércio interno e externo com a

venda de produtos diversificados que vão dos produtos importados aos produtos regionais, do luxo

a imitação que sustentam sua economia num tempo sagrado [...]. Forma-se um pacto anônimo,

comércio, religião, pois um depende do outro, sendo este um dos principais mecanismos de

acumulação do capital local [...]. Assim, os pactos anônimos de consumo nos centros de romarias se

consolidam na venda de chapéus, santos, terços, medalhas e souvenires.

Além das cidades-santuários localizados no Ceará, outras merecem destaque na região

Nordeste. Entre elas: Nova Jerusalém em Pernambuco, onde é realizado um dos maiores

espetáculos teatrais ao ar livre do mundo, a Paixão de Cristo que atrai cerca de 80.000 pessoas

durante nove dias, bem como a Lavagem do Bonfim, a Festa de Bom Jesus dos Navegantes e a

Festa de Iemanjá, todas realizadas no estado da Bahia, caracterizado por apresentar um sincretismo

religioso forte. Na região Nordeste, o turismo religioso pode contribuir para o desenvolvimento bem

como o redimensionamento da economia local, desde que seja implementado e repensado de modo

a evitar impactos econômicos que venham a prejudicar a região.

2.4 O setor do Turismo Religioso no Processo de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte.

O Rio Grande do Norte, além de suas maravilhosas praias, também oferece um roteiro

cultural muito interessante, especialmente no interior, uma vez que é um estado rico em história e

monumentos tombados pelo patrimônio histórico. Essa economia está concentrada não só na parte

litorânea do estado, mas está atuando nos municípios vizinhos e interioranos, explorando outros

setores, de modo a evitar impactos que prejudiquem a economia local. A busca por alternativas

pode ser explicada pela falta de infra-estrutura (hotéis, estradas, transportes). As comunidades

buscam nos recursos próprios explorar alternativas que gerem condições para o desenvolvimento,

assim como um meio econômico que venha a beneficiar a todos.

Segundo Coriolano (2003, p.118) o ideal “é priorizar as alternativas de desenvolvimento

econômico que evitem impactos ambientais, econômicos, sociais e culturais adversos”. Um desses

recursos pode ser encontrado na religião, associando a relação entre turismo e religiosidade.

O turismo é o consumo de um espaço, constituindo uma territorialidade específica, talvez

uma etiqueta guardada no “embrulho”, pode variar entre cultural, religiosa, virtual, entre outras. Por

isso o turismo colocaria em circulação/ venda produtos desde artesanatos tradicionais aos de última

geração, mesclando-os, desconstruindo dicotomias e introduzindo novas posturas (lazer, ludicidade)

dentro de fenômenos como a religião. Dessa forma o religioso dilui-se no mercado, no lazer. (DIAS

E SILVEIRA, 2003, p.89).

De acordo com Massud (2004, p.7), o estado não tem vocação turística religiosa de

referência nacional. As nossas festas religiosas ficam restritas ao fluxo intermunicipal, com as festas

9 das padroeiras, em especial Sant’Ana, em alguns municípios do estado. Esses eventos são bastante

observados no interior do estado, na região do Seridó, onde a religiosidade sempre foi um fator de

extrema importância na vida das famílias seridoenses. Esta é, pois, mais uma evidência do

regionalismo seridoense. Massud (2004, p.7) cita ainda que “as festas das padroeiras seguram o

setor que tem outros nichos para crescer e gerar renda no Estado”.

De acordo com Dias e Silveira (2003, p.36), estudos sobre os impactos econômicos do

turismo religioso, apesar de ainda insuficientes ou pouco disponibilizados, permitem inferir que

essa modalidade turística contribui para o redimensionamento da economia local por meio de

adaptações de equipamentos de hospedagens, serviços de comércio e gastronomia, lazer etc., que

tomam uma ampla configuração no espaço territorial.

O Rio Grande do Norte vem mudando sua colocação no cenário nacional e aos poucos se

insere na rota do turismo religioso do país. O principal motivo se deu após a beatificação dos

mártires de Cunhaú e Uruaçu, que aconteceu no dia 05 de março de 2000. Nesse dia, as cidades

passaram a ser visitadas por peregrinos e romeiros. Assim de acordo com Massud (2004) citado por

Santana (2004, p.7) entende-se que “o turismo religioso é positivo, porque toda curiosidade é boa.

As pessoas não vão só para vê um local bonito. Eles buscam conhecimento”. Conhecimento esse,

que é obtido através das viagens por variados motivos em busca do desconhecido realizado por

esses peregrinos.

2.5 O Turismo Religioso no Seridó.

Quando se fala em Seridó, vêm à tona algumas imagens que delineiam a noção de um lugar

particular. Neste sentido, existe a percepção que há uma recorrência ao Seridó, ou dos enunciados

que formam, em vários discursos que circulam no imaginário estadual e regional. (LEITE, 2000,

p.176). Tal evidência termina por imprimir uma visibilidade regional específica associada a

determinados padrões identitários.

Leite (2000) afirma que é possível, a partir de determinadas recorrências discursivas

culturalmente configuradas no Seridó, detectar alguns traços distintivos de sua feição regionalista.

Pode-se analiticamente isolar características de maior realce. Assim, os componentes dessa rede de

significações estão ancorados, basicamente em quatro instâncias: a religiosa, a política, a

socioeconômica e a educacional. Esses quatro mananciais são responsáveis pela formação da

identidade regional seridoense [...].

O território do Seridó é fortemente marcado pela religião Católica, embora outros credos

tenham vindo a se juntar posteriormente. Assim, conforme Leite (2000, p.158) “a interpretação

religiosa colaborou para a construção da identidade da região, na perspectiva da fé, mediante uma

explicação mítica do aparecimento da povoação [...]”. O autor aponta para o fato de que essa

instância religiosa contribui para a constituição do território seridoense, ou aquele que mais se

aproxima da atual delimitação para fins de planejamento, ou seja, nesse sentido a religião Católica

investiu no Seridó.

Perceber a realidade física, social, cultural e econômica da região Seridó, com identidade

própria e que retrata a riqueza de sua herança e tradições culturais, torna possível a construção de

uma imagem turística muito forte, com características únicas e que podem se constituir em um

atrativo produto turístico.

10

MAPA II: REGIÃO DO SERIDÓ

Fonte: www.cidadespotiguares.hpg.ig.com.br

De acordo com Leite (2000, p.159), são muitas e diversificadas as práticas culturais

seridoenses. Os bens culturais para o consumo turístico compreendem:

Acervo a monumentos históricos e o registro de legados que expressam o valor da

sociedade;

Os museus e as galerias de arte, que reúnem as várias modalidades de expressão

artística, um verdadeiro arquivo de etapas de desenvolvimento de culturas;

As manifestações populares de caráter religioso e profano: o folclore, que retrata,

numa reconstituição cênica de ambiência histórica, as etnias formadoras de populações; e

A cultura popular, que mais efetivamente evidencia o presente de cada área,

tornando-se por vezes, geradora de fluxos turísticos específicos e caracterizadora de regiões.

As práticas culturais mencionadas constituem elementos de forte coesão social, visto que

estão ligadas aos traços identitários seridoenses e expressam a forte solidariedade social existente na

região.

Segundo estudos da Organização Mundial do Turismo - OMT (2004), [...] o turismo

diferenciado, que não se caracteriza por fluxos massivos de pessoas, vem crescendo em proporções

bem maiores do que aquele, o turismo de sol e praia. Compreendem a várias modalidades, dentre as

quais se podem citar as seguintes, que se aplicam muito bem à região do Seridó: ecoturismo ou

turismo de natureza, de aventura, cultural, religioso ou místico, gastronômico, de eventos ou de

negócios e rural. (Plano de Turismo Sustentável – SEBRAE/ RN, 2004, p.7).

No Seridó, a natureza, inóspita em alguns períodos do ano, mas extremamente pródiga em

outros, criava condições para que algumas dessas culturas encontrassem excelentes condições para

o seu desenvolvimento. Por ser uma região que sofre bastante com as adversidades climáticas, as

comunidades buscam através da criatividade e disposição, alternativas de atividades geradoras de

ocupação e renda, minimizando os efeitos da seca e constituindo-se, também, em importantes

fatores para o processo de desenvolvimento.

Conforme o Plano de Turismo Sustentável – SEBRAE/ RN (2004, p. 22), [...] a Região do

Seridó tem potencialidades capazes de levá-la a novo período de prosperidade, elevando o padrão

de vida da população através da geração de emprego e renda, garantindo o desenvolvimento

sustentável dessa região tão peculiar. O turismo está apto a promover o ressurgimento da economia,

resgatando, paralelamente, valores humanos tão gratos à população.

A crise que assola a Região do Seridó é muito grave e exige que sejam encontradas novas

alternativas de proporcionar à população condições dignas de vida sem causar impacto ambiental.

Assim, o turismo desponta uma atividade perfeitamente adequada ao desenvolvimento humano e

A Região do Seridó é

constituída por ecossistemas

naturais bastantes frágeis,

ameaçados no tempo pelas intervenções

humanas locais.

11 preservação ambiental. O turismo pode fomentar o desenvolvimento de produtos e serviços que

utilizem de forma sustentável os recursos naturais. Tudo isto pelo incentivo ao desenvolvimento das

atividades econômicas existentes, revitalizadas pela nova roupagem recebida quando associadas ao

turismo.

O Plano de Turismo Sustentável - SEBRAE/ RN (2004, p. 24) destaca que, a integração da

população local ao processo de desenvolvimento turístico é indispensável, uma vez que para ela

devem ser revertidos os benefícios desse desenvolvimento. Os investimentos públicos e privados

serão estimulados e terão um rumo definido, com base na ampliação de mercados atuais e na

abertura de nichos que aproveitem as oportunidades surgidas a partir dos novos produtos e serviços

de qualidade. Entre os ramos do setor turístico, o setor religioso é o que mais tem se destacado na

região. A presença das romarias, festas das padroeiras, espetáculos teatrais, congressos e

movimentos religiosos, atraem um fluxo de visitante muito grande.

Esse potencial existente do turismo religioso no Seridó tem estimulado o desenvolvimento

de atividades alternativas que contribuem para a geração de empregos e renda para a comunidade

local. As demandas criadas por fluxos turísticos seletivos podem provocar o desenvolvimento de

produtos e serviços culturais, criando oportunidades de novos negócios.

Pode-se citar o artesanato, além dos bordados, produtos alimentares como licores, doces,

queijos e carne-de-sol, produtos de cerâmica, de palha, redes de dormir, são facilmente

comercializados por um componente de trabalho de marketing que define a marca Seridó. Além do

desenvolvimento da hotelaria, outra atividade em crescimento e com perspectivas de expansão,

restaurantes, pousadas, ou seja, toda infra-estrutura necessária para que o visitante ou turista se sinta

estimulado em voltar no ano seguinte, constituindo-se em oportunidade de conhecimento e

aprendizagem. Mas, é necessário que se tenham serviços de qualidade, pois sem qualificação, o

destino turístico não se mantém por muito tempo.

O Plano de Turismo Sustentável – SEBRAE/ RN (2004, p.25) mostra que “o atendimento ao

cliente é um outro ponto fraco, face à carência de recursos humanos com qualidade adequada”. No

Seridó, a peregrinação em festas religiosas é interdependente das mais diversas atividades e

serviços, lazer, alimentação, alojamento, comércio, etc. Com sua Rota de Fé e Romarias, volta-se

principalmente para as festas das padroeiras e a visita do melhor dos museus de artes sacras de

imagens e oratórios do Rio Grande do Norte.

O turismo religioso é motivado em maior ou menor grau, pelo aspecto religioso, embora o

atrativo turístico religioso possa dotar diferentes formas, sempre atende as necessidades daqueles

que buscam o contato divino. O turismo religioso sempre está muito relacionado com outras formas

de turismo, e especialmente com o cultural [...]. (DIAS E SILVEIRA, 2003, p.18).

As cidades seridoenses tiveram início com a construção de igrejas imponentes, erguidas nos

mais altos sítios. Eram e ainda hoje são locais de atratividade e centros de romarias. Entre essas

cidades podemos destacar: Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos e Florânia. A região,

historicamente construída, não foi somente repartida em Ocidental e Oriental, como teve

modificações em seu arcabouço territorial, sendo excluídos alguns municípios que deles faziam

parte, entre eles Florânia (MORAIS, 2004, p.300).

12

MAPA III: MUNICÍPIOS DO SERIDÓ

Fonte: www.cidadespotiguares.hpg.ig.com.br

Sob este novo perfil, a economia seridoense se desenvolveu entrelaçada à dimensão cultural

e impregnada de conteúdos simbólicos. Foi esse conteúdo simbólico/ subjetivo que a sociedade

converteu em base da estrutura regional. O Seridó transformou o seu patrimônio cultural, objetos,

símbolos, crenças e manifestações em âncora no processo de desenvolvimento de seus municípios.

3 TURISMO RELIGIOSO: A RELIGIÃO COMO LAZER NO SERIDÓ-RN

Essa relação entre religião e lazer é inventada e reinventada no cotidiano das práticas

devocionais da população, em especial de baixa renda. Essa promiscuidade entre religião, consumo

e lazer, que nos possibilita o questionamento da religião com base em diferentes disciplinas. Dessa

forma, as questões em torno do chamado “turismo religioso” envolvem tanto as práticas religiosas

quanto as turísticas e pode iluminar a compreensão do fenômeno religioso como expressão da

cultura e da sociabilidade de diferentes segmentos sociais.

Todo esse campo em transformação é composto não só por motivações religiosas, mas

políticas, econômicas e culturais, tornando impossível separá-las. O turismo religioso tem sido uma

reconstrução monumental do simples e, ao mesmo tempo, complexo ato de visitar ou oferecer à

visitação a um dado espaço delimitado ou não para esse fim.

O Seridó constitui uma região peculiar no Estado do Rio Grande do Norte, com uma

identidade regional pronunciada no segmento religioso. A interpretação religiosa colaborou para a

construção da identidade dos municípios da região. As cidades seridoenses tiveram início com a

construção de igrejas imponentes, erguidas nos mais altos sítios e, que ainda hoje são locais de

atratividade e visitação.

Conforme Ribeiro e Ferreira (2003, p. 305), “trata-se de reforçar o potencial local e usá-lo

como atrativo para quem quer vivenciar, e não apenas contemplar os lugares”. Muitos municípios

seridoenses tiveram como atividades econômicas a agricultura, pecuária, indústria que passaram por

crises nas décadas de 80 e 90, porém, o segmento do Turismo Religioso tem aberto as portas para um

novo setor que vem ganhando destaque no cenário da produção e consumo. Essa atividade vem

constituir uma alternativa positiva para os municípios que buscam saída para complementar sua

economia e fazer com que haja um desenvolvimento maior nas cidades.

De todos os municípios citados, a

presença do Turismo

Religioso é bastante forte no município

de Caicó, aonde a cada

ano um número maior

de visitantes vem a cidade

para os Festejos de

Sant’Ana.

13

Os impactos econômicos do turismo religioso, apesar de ainda insuficientes ou pouco

disponibilizados, permitem inferir que essa modalidade turística contribui para o

redimensionamento da economia local por meio da adaptação de equipamentos de hospedagens,

serviços de comércio e gastronomia, lazer, etc., que torna uma ampla configuração no espaço

territorial. Porém as transformações socioeconômicas vão influenciando o cenário religioso e

criando condições para o surgimento do turismo.

Na região do Seridó, o sentimento de religiosidade se expressa nos festejos e ritos que

acontecem no decorrer do ano. As principais manifestações conhecidas naquela região são as festas

das padroeiras e romarias, que atraem uma numerosa população flutuante, constituindo uma espécie

de turismo religioso. Responsável pela dinamização das economias locais, os atos de fé, juntam-se à

outras atividades econômicas como: bares, clubes, feiras de artesanato e comidas típicas, turismo

etc.

O quadro abaixo apresenta o Roteiro do Turismo Religioso na região do Seridó mostrando

os principais municípios bem como as festividades que atraem um grande fluxo de turistas e

peregrinos naqueles municípios.

Quadro II

Roteiro do Turismo Religioso no Seridó

Municípios Atrativos Visitados

Acari

A cidade respira religiosidade, na igrejinha de Nossa Senhora do Rosário (1730),

na matriz de Nossa Senhora da Guia (1863), na gruta de Nossa Senhora de

Lourdes, na riqueza dos oratórios e das imagens do Museu do Sertanejo.

Caicó

O conjunto de igrejas, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Santana, Nossa

Senhora do Rosário dos Pretos, entre outras, suas festas e em especial a de Santana

provocam enorme fluxo de devotos e visitantes.

Carnaúba

dos Dantas

A igrejinha no sopé do Monte do Galo, as escadarias das estações da via sacra, a

capelinha à Nossa Senhora das Vitórias, são pontos de peregrinação, atraindo

devotos de áreas próximas e remotas, sobretudo na Semana Santa, quando é

encenada a Paixão de Cristo, com cidadãos carnaubenses transmutados em atores.

Currais

Novos

O Museu das Artes Sacras, a beleza da Matriz de Nossa Senhora de Santana,

expressam a religiosidade e inspiram a devoção.

Florânia

O município apresenta um conjunto de igrejas, a Matriz de São Sebastião, igreja do

Santíssimo Sacramento, a Capela de José Leão e a Capela de Nossa Senhora das

Graças, conhecido pelo Monte das Graças sendo um local de peregrinações que

atraem turistas e romeiros durante o ano inteiro, principalmente no mês de

Novembro, mês em que se comemoram os festejos da padroeira daquele santuário.

Fonte: Plano de Turismo Sustentável - SEBRAE/ RN (2004, p. 36).

Nota: A forma de exibição do quadro foi alterada.

Esses cinco municípios foram citados pelo PNMT – Programa Nacional de Municipalização

do Turismo, como locais de potenciais turísticos, principalmente no que se refere ao segmento

religioso.

Como em outras atividades, o turismo religioso tem seus prós e contras. A massificação,

congestionamentos, poluição, super lotação de igrejas e templos são alguns dos efeitos negativos

desse tipo de turismo, uma vez que as cidades, em sua maioria, não possuem uma super estrutura

para receber visitantes, são localidades simples, de comunidades humildes que com o tempo, vão

tomando dimensões maiores com a exploração turística. Por outro lado, este segmento é uma

possibilidade de diversificação de renda e movimentação da economia local nos municípios

receptores. www.etur.com.br.

Dias e Silveira (2003, p. 34) atesta a importância do planejamento da atividade turística, [...]

o turismo religioso poderá ser responsável pelo fluxo principal de visitantes a muitas localidades,

que poderão multiplicar seus efeitos positivos através de um planejamento turístico e permita

14 aumentar a diversidade de atrativos locais e regionais fazendo com que o visitante permaneça mais

tempo no local [...]. No entanto sua permanência deve ser trabalhada com o desenvolvimento de

uma infra-estrutura de serviços e equipamentos tornando que sua estada seja agradável.

Nesse sentido, deverão ser tomadas providências quanto aos equipamentos e serviços

turísticos como: meios de hospedagem, restaurantes e bares, áreas de lazer entretenimento nos

roteiros de fé. Não esquecendo, a preservação dos recursos culturais, históricos, religiosos e

naturais, assegurando a imagem turística, implicará na priorização do desenvolvimento sustentável,

dentro de critérios de compatibilidade socioeconômica e cultural.

De acordo com Silva (2003, p. 48), a simples existência de atrativos nos municípios ou o

reconhecimento de seu potencial não é suficiente para que o turismo se desenvolva por si mesmo. É

necessário que os municípios realizem um processo de planejamento e gestão, para que o exercício

da atividade resulte em benefícios concretos para toda a comunidade local.

Como qualquer outra atividade, o turismo religioso requer investimentos, incentivos, apoio

do poder público, da iniciativa privada e da comunidade. Para tanto, é de extrema necessidade a

realização dessas alternativas para que os municípios possam crescer turisticamente de forma

ordenada, como também incrementar o crescimento local. Na região do Seridó, em particular nos

municípios citados pelo PNMT, o turismo religioso vem mudando para melhor a situação

econômica desses núcleos urbanos, a qualidade de vida de seus habitantes e as condições

ambientais de sua região, existindo o desenvolvimento da comunidade local no desenvolvimento da

atividade turística. Os agentes (a comunidade, poder público e privado) são de grande importância,

por isso é necessário que haja um engajamento por parte dos mesmos com relação ao

desenvolvimento turístico nos municípios.

Na região seridoense marcada pela religiosidade, os atrativos turísticos religiosos são

inúmeros, como: santuários de peregrinação, espaços religiosos de grande significado histórico-

culturais encontros e celebrações de caráter religioso, festas e comemorações em dias específicos,

espetáculos artísticos de cunho religioso e roteiros de fé.

No município de Acari, a cidade respira religiosidade; na Igrejinha de Nossa Senhora do

Rosário (1730), a Matriz de Nossa Senhora da Guia (1737) e a gruta de Nossa Senhora de Lourdes,

assim como o museu sertanejo e a riqueza dos oratórios, são locais de grande visitação ao longo do

ano e que reúne turistas e peregrinos de todas as partes. O destaque se dá pela Festa da Padroeira,

Nossa Senhora da Guia, em que toda a cidade se mobiliza para receber os turistas e peregrinos que

visitam o município no mês de agosto. A igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia é uma das mais

antigas da região construída em 1737.

A cidade recebe esse nome, devido a uma espécie de peixe chamado Acari, na língua

indígena. Os festejos de Nossa Senhora da Guia acontecem no período de 5 a 15 de agosto, período

esse celebrado com a sangria das águas do açude de Gargalheiras, motivo de orgulho para o povo

acariense.

O turista que visita Acari sai com uma ótima impressão, além do título de cidade mais limpa

do Brasil, o município apresenta uma riqueza cultural dividida entre culinária e o artesanato. Na

cidade, o número de artesãos cresce a cada ano, assim como o artesanato tem sido uma alternativa

econômica e impulsionada pelo turismo religioso, encontrado pelos moradores inativos e

desempregados. O mercado do artesanato em Acari é muito diversificado como a produção de

esculturas de imagens feitas de Imburana, árvores que se reproduz fácil, muito encontrada na região

serrada do estado, carrinhos feitos de madeira, esculturas de pedra, bonecos feitos de palha de

milho, anjos de bucha vegetal, até artes feitas de sucata e imagens esculpidas em barro, etc. O

incentivo ao artesanato tem sido de grande importância, pois, a maior procura por essas peças se dá

no mês de agosto, Festa da Padroeira de Acari.

Em entrevista ao guia de turismo e graduando de História, Túlio Gabriel Dantas Cortês

destaca a importância do turismo religioso para o município de Acari, “o turismo religioso em Acari

se configura como a maior expressão turística. A festa de Nossa Senhora da Guia (05 a 15 de

agosto) movimenta o comércio, beneficiando a economia local. O trabalho de divulgação tem sido

cada vez maior, bem como o número de turistas que vem crescendo ano após ano. Porém, não existe

15 um controle de quantos turistas e peregrinos freqüentam a cidade no mês de agosto, mas o

município desponta de infra-estrutura para que o turista sinta-se bem acomodado tendo o suporte de

que precisam. Além disso, são oferecidos cursos básicos pelo SEBRAE e SENAC de formação de

guias incentivando jovens e preparando-os para o mercado de trabalho. Assim, com certeza o

segmento do turismo religioso no município de Acari, bem como na região seridoense, constitui

uma alternativa economicamente falando, porém, a principal dificuldade encontrada são os

investimentos nesse setor”.

De acordo com Porpino (2004, p. 83), “o bom de Acari é que cada um tem uma área para

trabalhar, ninguém concorre.” Fora o comprometimento e participação da comunidade nas ações

para o desenvolvimento, a estruturação e a organização do turismo religioso, se integra a outras

atividades no município. Além disso, o turista e peregrino que visita a cidade durante os festejos da

padroeira, contam com instalações e serviços voltados para atender a demanda como: alojamentos,

pousadas, hotéis, restaurantes, bares, barracas, quiosques, trailers, lojas de artesanato, lojas de roupa

e comércio religioso. Observa-se também, a contratação temporária de pessoas para atender essa

demanda crescente, tudo para que o turista sinta-se satisfeito com os serviços oferecidos.

Um dos principais eventos religiosos que acontecem na região seridoense e conhecido em

todo estado, é a Festa da Padroeira Nossa Senhora de Sant’Ana, que acontece no mês de Julho nos

municípios de Caicó e Currais Novos, principais centros comerciais da região.

Segundo Leite (2000, p. 158), até hoje o sentimento de religiosidade do povo do Seridó se

expressa nos ritos e festejos de homenagem a Sant’Ana, que ocorrem ao longo de todo o mês de

Julho, em festas de padroeira com pronunciado lado profano, principalmente nas cidades de Caicó e

Currais Novos, quando essas cidades atraem uma numerosa população flutuante, constituindo uma

espécie de “turismo religioso”. Apesar dos festejos serem realizados no mesmo mês tanto em Caicó,

quanto em Currais Novos, a data de comemoração do evento se difere, sendo assim importante para

a economia de ambos os municípios. A interpretação religiosa colaborou para a construção da

identidade da região, na perspectiva da fé mediante uma explicação mítica do aparecimento da

povoação desses núcleos urbanos.

Conta à narrativa que uma vaqueiro acossado por um touro bravio possuído por Tupã, rogou

a Sant’Ana (considerada protetora dos pastores) proteção do ataque do animal. Tendo sido atendido,

o vaqueiro mandou construir uma capela dedicada à santa. Nas mediações dessa capela deu-se

início à povoação de Caicó. (LEITE, 2000, p. 158).

Caicó conta com um conjunto de igrejas, entre elas: a igreja de Nossa Senhora de Fátima,

Nossa Senhora do Rosário dos pretos, Nossa Senhora de Sant’Ana, entre outras, suas festas, em

especial a da Padroeira Sant’Ana é um dos principais eventos do município e da região, atraindo um

enorme fluxo de visitantes.

A crise no setor agrícola e industrial nas décadas de 80 e 90 na região seridoense, fez com

que o setor de comércio e serviços ganhasse destaque sendo alavancado pela atividade turística, em

particular o segmento religioso. O setor informal é o que mais tem crescido, principalmente durante

as celebrações dos festejos, devido às inúmeras atividades de cunho não religioso que são

desenvolvidas. Sem falar do comércio ambulante, os camelôs e barraqueiros que em sua maioria são

de outras cidades e encontram ali uma fonte de emprego temporário. Muitos deles acompanham um

roteiro de festas em outras cidades.

Morais (2004, p. 367), a festa de Sant’Ana de Caicó [...] tem se tornado um evento

grandioso, sua estrutura está sendo ampliada ano a ano na perspectiva de melhor atender aos

participantes. Embora a tônica da festa sejam celebrações religiosas, também são marcantes os

eventos profanos.

Em Caicó, os festejos de Sant’Ana é marcado por uma série de eventos que faz com que o

turista desfrute de bons momentos e leve sempre lembranças e recordações para as cidades de

origem. São realizados leilões, forrós, festas, além da Feira de Artes Manuais do Seridó –

FAMUSE, feira essa em que é exposta a riqueza do artesanato caicoense rico em bordados, redes,

pinturas, peças de cerâmica, confecções e produtos de culinária e, a famosa Feirinha de Sant’Ana

em que, o número de pessoas que transita pela cidade se multiplica lotando hotéis, pousadas,

16 residências e outros estabelecimentos. Sem esquecer que o turista que visita Caicó no período de

julho, conta com uma infra-estrutura, necessária a sua estadia, como serviços de transportes,

restaurantes, hotelaria, cultura e diversão, clubes, etc.

Outro festejo de grande importância para a economia de Caicó é o de Nossa Senhora do

Rosário dos Pretos, conhecida como a Festa do Rosário que ocorre no mês de outubro, marcada pela

tradição e cultura negra.

Segundo entrevista de Porpino (2003, p.36) ao Presidente da Irmandade dos Negros do

Rosário, Revil Alves, “a idéia é utilizar a tradição dos Negros do Rosário para incrementar o

turismo religioso da região”.

Em Currais Novos, os festejos de Sant’Ana acontecem de forma bastante semelhante a

Caicó. A cidade teve início com a construção de uma capela em 1834 em um lugar que indica a

organização de um lugarejo, por isso o nome “Currais Novos”. Durante os festejos ocorridos no

mês de julho, a cidade recebe um grande número de visitantes que desfrutam dos mais variados

serviços de apoio a essa demanda.

Segundo Leite (2000, p.158), aos atos de fé se junta inúmeras atividades responsáveis pela

dinamização da atividade econômica, tais como: bares, clubes, feiras de artesanato e comidas

típicas, turismo, coletivas de artistas plásticos, lançamentos de livros entre outros.

Assim, observa-se que tanto para o município de Caicó, quanto o de Currais Novos a

economia local é bastante influenciada pelo segmento do turismo religioso. Não só os santuários

são vistos como atuação do turismo religioso na região do Seridó; as romarias apresentam um forte

impacto para a economia de alguns municípios, entre eles: Carnaúba dos Dantas e Florânia.

A cidade de Carnaúba dos Dantas recebeu esse nome devido a Fazenda de Carnaúba, cujo

nome está associado à grande quantidade de carnaubeiras existentes na localidade. Durante a

semana santa, o município de Carnaúba dos Dantas atrai um grande contingente de turistas e

romeiros. Nesse período, a população local encena o martírio de Jesus, espetáculo teatral de cunho

religioso. A cidade conta também com a igrejinha no sopé do Monte do Galo, as escadarias das

estações da via sacra e a capelinha de Nossa Senhora das Vitórias considerado pontos de

peregrinação.

O Monte do Galo recebeu esse nome devido a vaqueiros que campeando e cuidando do gado

nas proximidades de um serrote da região, o Serrote Grande, escutaram o cantar de um galo; alguns

achavam que nada mais era que uma voz vinda do alto do serrote. Para homenagear a tradição dos

antepassados resolveram erguer um galo. Mas devido às precárias condições econômicas dos

habitantes, resolveu como solução mais viável erguer um Cruzeiro, que representa a fé católica dos

habitantes da região que exaltaria a fundação de carnaúba. A construção do Galo se deu mais

recente. (www.carnaubadosdantas.rn.gov.br).

Os próprios moradores fizeram à doação de uma imagem de Nossa Senhora das Vitórias que

passou a ser protetora do santuário e que representa um dos principais cartões postal do município e

que atrai milhares de pessoas anualmente. O santuário do Monte do Galo, de modo geral, é

patrimônio cultural do município de Carnaúba dos Dantas, bem como susceptível por ser um

recurso turístico. O uso do turismo religioso, numa definição ampliada e, embora a motivação

principal de muitos que procuram seja do tipo não-religioso, mas existem os que buscam os dogmas

da fé. A atividade passa ser vista com outros olhos, desenvolvendo a atenção para o turismo

implementando novas atividades geradoras de emprego e renda para o município. A vivência

religiosa do município de Carnaúba dos Dantas passa a ser vista como um produto turístico, uma

mercadoria capaz de gerar lucros a população local.

O principal guia do Monte do Galo, Damião Carlos Dantas, comenta sobre o

comportamento desse setor no município, “quando bem executado, o turismo religioso emprega

cinqüenta e dois setores da economia, apesar de ser uma atividade sazonal tem como ponto positivo

a geração de renda para a comunidade. Entre esses setores destacam-se: bares, lanchonetes,

pousadas, camelôs, loja e o comércio em geral têm seu lucro duplicado. O número de visitantes vem

prestigiar os templos, festas religiosas assim como o eventos profanos relacionados à religiosidade,

estima-se cerca de 15 a 20 mil pessoas a cada ano. Infelizmente pouco se tem feito para dar suporte

17 aos visitantes, no município existem pousadas, mas a qualidade deixa a desejar. Na maioria dos

casos, esses peregrinos e turistas procuram casas de moradores locais, outros dormem até nas

calçadas. O trabalho de divulgação ainda é muito pouco, mas, por outro lado no ano de 2001, na

gestão anterior foram realizados cursos de guias. Em virtude da timidez dos jovens que procuravam,

este número reduziu para quatro guias municipais. A gerência do turismo no município pretende

esse ano, ampliar esse número para atender a demanda de grupos que chegam para as visitas. Os

locais visitados são de fácil acesso e localização, não existindo a preocupação do município quanto

a sinalização. Enfim, o turismo religioso é uma atividade que vem crescendo a cada ano. Os

empresários locais deveriam dar ênfase a construção de pousadas que possam atender essa demanda

cada vez maior de turistas. Um dos principais empecilhos encontrados em Carnaúba dos Dantas é a

construção de pontos comerciais do sopé em cima do Monte e a falta de um ponto de apoio ao

romeiro e o turista como um todo”.

Dessa forma, é de suma importância, que haja mudanças positivas no comportamento e

pensamento da população local com referência ao turismo religioso e sua grande importância para o

desenvolvimento sustentável do município.

No município de Florânia, apesar de pouco conhecida, é uma cidade de muita história.

Recebeu o nome de Flores, por causa das muitas flores chamadas de Rainha do Prado que havia

naquela região. Mas, em função de outro município já possuir o nome de Flores, a cidade passou a

receber o nome de Florânia. A cidade já possuiu outros nomes como Roça Urubu em virtude da

enorme quantidade de aves dessa espécie que existia por lá.

Localizado a cerca de 2 km de Florânia, o monte apresenta-se aos romeiros através de uma

subida ornada com paradas que representam as 15 estações de Cristo. Para os que vão ao local

cumprir penitência, as estações mostram um exemplo maior que serve de incentivo a prosseguir em

romaria. A construção desse santuário se deu porque a igreja preocupada em não criar outro mito

como o de Zé Leão, não aceitou a condição de Santa Menina e, elegeu de acordo com a proposta de

Frades que visitaram o monte Nossa Senhora Menina, para receber as honras do santuário. Mas em

função das enormes graças que aconteciam no monte, resolveu-se consagrar a Nossa Senhora das

Graças.

A festa acontece durante o mês de novembro quando a cidade se prepara para receber um

grande contingente de pessoas. Um dos grandes incentivadores dessa celebração no mês das

romarias e responsável por promover o turismo religioso no município foi o sacerdote já falecido

Padre José Dantas Cortez, sendo ele responsável pelo maior desenvolvimento do santuário que

antes contava apenas com um cruzeiro e a capela. A cada ano, o número de visitantes que chegavam

à cidade era maior, de forma que, as condições de acesso ao monte foram melhoradas, pois antes os

romeiros faziam suas peregrinações por uma estrada de barro no meio do mato. Atualmente, após a

longa subida, os visitantes se deparam com um santuário formado por uma capela, uma praça de

oração, uma casa de votos e um centro de estudos, bem como em um braço do Monte fizeram o

Monte Calvário, que é ornamentado por esculturas de pedra e também local de celebrações no meio

das serras.

De acordo com Medeiros (2004) citado por Chagas e Robson (2004, p.7), [...] atualmente o

monte encontra-se muito bem estruturado para romarias e peregrinações com um centro de

treinamento e reflexões, as estações, estrada calçada, um horto, a gruta de Nossa Senhora de

Lourdes, local para missas campais, eletrificação e água encanada. O monte de Nossa Senhora das

Graças não é apenas uma das ilustres páginas da história religiosa de Florânia, como também é

referencial e enaltecido com ponto turístico da cidade e do estado.

Devido ao grande contingente de turistas que freqüentam a cidade nos períodos de festa, é

notório um melhoramento na prestação dos serviços oferecidos para atender a essa demanda. O

município conta hoje com serviços de bares, churrascarias, pousadas, motel, serviços de táxi e

moto-táxi, inúmeros comércios, etc. O que se percebe, é que esses setores são impactados

profundamente com a prática desse segmento turístico no município.

18

De acordo com Filho (2002, p.16), “Florânia possui uma população marcadamente religiosa

e mística”. Isso se deve as inúmeras histórias, mitos e lendas que existem naquele município. Entre

eles: a Cruz do Caboclo e a Capela de Zé Leão.

A cidade conta com duas igrejas, a Capela do Santíssimo Sacramento e a Matriz de São

Sebastião, localizada no centro da cidade e muito visitada pelo estilo arquitetônico que impressiona

turistas e romeiros. A matriz foi edificada a partir de uma promessa feita para o santo defensor

contra a peste, na época da epidemia de cólera ocorrida em 1856; na promessa, ele se comprometia

a levantar uma capela em honra ao santo caso a peste fosse contornada. A igreja foi erguida em 25

de dezembro de 1904 e elevada a qualidade de matriz. Foi a redor da matriz que se deu início as

primeiras ruas e comércios da cidade.

Conforme Medeiros (2004, p.9), “a aglomeração urbana de Florânia teve início após a

inauguração da capela de São Sebastião construído pelo Pe. Ibiabina, em torno do qual foi se

formando o primitivo povoado”.

Em sua forma atual, a igreja conta com, além da torre, dois corredores laterais, a nave

central, dez altares e ao altar mor de São Sebastião, padroeiro da cidade. Mas, a igreja traz as

marcas de algumas modificações que, infelizmente desfiguraram um pouco de sua história na área

em que fica o altar do padroeiro, que teve seu piso modificado e as muretas retiradas, bem como a

primeira imagem se São Sebastião ter sido roubada.

A cidade também é bastante visitada no mês de janeiro, em que ocorrem os festejos do

padroeiro. Nesse período como em novembro, a cidade recebe camelôs, parques de diversões,

barraca, etc. que geralmente são pessoas de outras cidades e que acompanham esse roteiro de festas,

muitos vivem disso. Esses pequenos empreendedores não auferem lucros para o município. Mas a

cidade conta ainda com comércio e indústria restritos, lojinhas e mercadinho; padarias, movelaria,

olaria e queijaria e uma pequena feira, setores que lucram bastante nesses períodos.

Não existe nenhum incentivo para atração de atividades econômicas. Existe um potencial

turístico muito bom sendo desperdiçado e que geraria muita renda para o município através de

trabalhos de incentivo. Realmente o turismo religioso pode se tornar uma fonte de renda para a

cidade, mas a fé por si só não é necessário para que isso ocorra. Depende da iniciativa do poder

público em seguir trabalhos de divulgação e estruturação do município para esse fim.

Assim o crescimento econômico está diretamente relacionado com o avanço que o setor do

turismo religioso tem apresentado, uma vez que existe uma demanda crescente dessa atividade, pela

necessidade que o homem tem que realizar suas necessidades pessoais, como produção, consumo e

lazer. Nesse contexto, várias atividades que não eram consideradas relevantes do ponto de vista

sócio-econômico, dentre elas a relacionada a prestação do setor de comércio e serviços,

transformaram-se em atividades lucrativas.

É nesse processo de constantes transformações que o turismo religioso na região do Seridó

surge como uma alternativa econômica capaz de proporcionar lucros para os municípios,

redimensionado suas economias. Mas, vale ressaltar que o desenvolvimento dessa atividade exige a

incorporação de uma cultura de cooperação, com a integração de vários níveis de organização, pois

apenas a publicidade não bastará, sendo necessário a integração de todos os segmentos envolvidos

com o segmento religioso. Sem esta interação o objetivo não terá êxito e o potencial local não

poderá concorrer no mercado.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise dos dados apresentados nesse trabalho, ficou evidenciado que os municípios

da região do Seridó possuem recursos que o habilitam a explorar de forma racional a atividade

turístico-religiosa, estruturando produtos e serviços que atenderão demandas regionais, que por sua

vez irão dinamizar a base econômica local, segundo os princípios da sustentabilidade, ou seja,

respeitando-se as manifestações sócio-culturais da população, a preservação dos monumentos e a

continuidade das transformações dessa atividade.

19

Após esta constatação, é necessário que se tomem medidas sobre a implantação do

processo de planejamento do turismo religioso para os municípios seridoenses. Esse planejamento

possibilitaria a tomada de decisões e medidas necessárias para facilitar o desenvolvimento do

turismo religioso na região.

Observou-se que, para o turismo religioso ser inserido no processo de desenvolvimento

econômico dos municípios da região, é preciso tirar proveito das vantagens que essa atividade

oferece, pois os municípios de Acari, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos e Florânia dispõe

de um imenso potencial turístico, onde a segmentação de mercado pode ajudar no seu

desenvolvimento. Assim, o turismo religioso pode ser visto como um consumo de espaço.

Por apresentar um caráter multi-setorial, o turismo religioso pode ser considerado como

dinamizador no processo de desenvolvimento econômico. Sua atuação de modo formal e ordenado

surge como uma alternativa para promover o desenvolvimento turístico local pela exploração de

muitos recursos, não explorados turisticamente até o momento.

Por fim, conclui-se que os benefícios oriundos desse setor podem mudar o perfil econômico,

político e social dos municípios explorados. Por isso se faz necessária à avaliação da dimensão

econômica do segmento, tendo em vista a participação no desenvolvimento econômico, uma vez

que o setor influencia direta e indiretamente outros setores da economia, principalmente o comércio

e serviços, garantindo a geração de emprego e renda e melhoria do nível de vida da comunidade

local.

Portanto, espera-se que este trabalho sirva de conscientização para a sociedade seridoense

acreditar na magnitude do potencial turístico existente nos municípios, dispertando-os para os

benefícios que o desenvolvimento desse setor poderá trazer. No entanto, é necessário perceber que

trata de um fenômeno que ocorre espontaneamente, de modo que, os municípios atentem para

necessidade de um trabalho de planejamento e reestruturação capaz de transformar os locais

visitados em grandes pontos turísticos, com infra-estrutura necessária que dê suporte aos visitantes,

fortalecendo assim a atividade na região.

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