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Tuberculose avaliação do rastreio de contactos 2013 Região de Saúde do Norte Junho 2014

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Page 1: Tuberculose avaliação do rastreio de contactos 2013 · devolução de um ficheiro Excel relativo aos resultados dos rastreios de contactos dos doentes com tuberculose respiratória

Tuberculose – avaliação do

rastreio de contactos

2013

Região de Saúde do Norte

Junho 2014

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Ficha Técnica

Título

Tuberculose – avaliação do rastreio de contactos 2013

Região de Saúde do Norte

Editor

Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.

Rua Santa Catarina, 1288

4000-447 Porto

Presidente do Conselho Diretivo da ARS Norte, I.P.

Dr. Luís António Castanheira Nunes

Departamento de Saúde Pública da ARS Norte, I.P.

Diretora

Dra. Maria Neto

Área Funcional - Vigilância Epidemiológica

Dr. José Rocha Nogueira

Morada

Rua Anselmo Braamcamp, 144

4000-078 Porto

Tel. 220411701 | Fax: 220411738

Autoria

Ana Maria Correia

Carlos Carvalho

E-mail de contacto

[email protected]

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ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL ............................................................................................................. i

ÍNDICE DE QUADROS .................................................................................................. i

LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................ ii

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 3

3. RESULTADOS ......................................................................................................... 4

4. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 7

5. LIMITAÇÕES ............................................................................................................ 9

6. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 11

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 11

ANEXO ....................................................................................................................... 12

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Número de casos de tuberculose respiratória registados no SVIG-TB e

número de casos de tuberculose respiratória notificados às USP por ACeS/ULS

da região de saúde do Norte, em 2013 .............................................................................. 4

Quadro 2 – Número de casos de tuberculose respiratória notificados às USP e

número de contactos identificados, que iniciaram e que completaram rastreio, por

ACeS/ULS da região de saúde do Norte, em 2013 ........................................................ 5

Quadro 3 – Número de contactos de casos de tuberculose respiratória notificados às

USP que completaram rastreio, número e percentagem de casos de tuberculose e

de infeção tuberculosa latente diagnosticados no âmbito do rastreio, por

ACeS/ULS da região de saúde do Norte, em 2013 ........................................................ 6

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LISTA DE SIGLAS

ACeS – Agrupamentos de Centros de Saúde

ARS – Administração Regional de Saúde

ARS Norte, I.P. – Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.

CDP – Centro de Diagnóstico Pneumológico

DGS – Direção-Geral da Saúde

DSP – Departamento de Saúde Pública

ITBL – Infeção tuberculosa latente

PNT – Programa Nacional de Tuberculose

RN – Região Norte

SIARS – Sistema de Informação das ARS

SNS – Serviço Nacional de Saúde

SVIG-TB – Sistema de Vigilância da Tuberculose

ULS – Unidade Local de Saúde

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1. INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Tuberculose (PNT), criado pelo Despacho n.º 218 do Diretor-

Geral da Saúde de 20 de setembro de 1995, desenvolve-se tendencialmente centrado

nos Cuidados de Saúde Primários, tendo, como um dos principais pilares, a

articulação entre os Centros de Diagnóstico Pneumológico (CDP) /Consultas de

Tuberculose e as Unidades de Saúde Pública (USP) dos Agrupamentos de Centros de

Saúde (ACeS) / Unidades Locais de Saúde (ULS).

No âmbito das suas funções de monitorização do estado de saúde da população, de

vigilância epidemiológica e de avaliação do impacto das intervenções em saúde, os

serviços de saúde pública assumem um papel determinante na luta contra a

tuberculose.

Procurando melhorar a intervenção das USP no PNT, e dando sequência às

atividades anteriormente iniciadas, o Departamento de Saúde Pública (DSP) da

Administração Regional de Saúde do Norte, I.P. (ARSN) propôs, em março de 2013, a

atualização do modelo de inquérito epidemiológico para casos de tuberculose de

declaração obrigatória. Com esse novo modelo pretendia-se, entre outros, recolher

informação que permitisse a monitorização e a avaliação do rastreio de contactos de

doentes com tuberculose.

Reconhecendo que as USP afetam apreciável quantidade de recursos ao PNT,

nomeadamente, através da realização dos inquéritos epidemiológicos e da

identificação de contactos de casos para rastreio e reconhecendo, também, que tendo

havido nestes últimos anos, na região de saúde do Norte, um investimento acrescido

na estratégia de rastreio de contactos de tuberculose, como forma de melhor controlar

a doença, a coordenação regional do PNT propôs-se avaliar as atividades

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desenvolvidas nesse âmbito e os seus resultados, nomeadamente, as que são

desenvolvidas pelas USP.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

As orientações emanadas pela coordenação regional do PNT, em 2012, sobre os

procedimentos para investigação epidemiológica de casos de tuberculose1 indicavam

que as USP deveriam identificar os contactos a rastrear, enviando os dados de

identificação desses contactos ao CDP da sua área geográfica de intervenção. Apesar

de não estar definido um circuito de devolução da informação, do CDP para a USP,

com os resultados dos rastreios efetuados, partimos do pressuposto que, no contexto

da articulação desejável entre aquelas unidades, a referida informação estaria

disponível. Assim, foi solicitado a todas as USP da região o preenchimento e

devolução de um ficheiro Excel relativo aos resultados dos rastreios de contactos dos

doentes com tuberculose respiratória notificados à USP, em 2013, identificados pela

USP no decurso do inquérito epidemiológico e sinalizados ao CDP/Consulta de

Tuberculose da sua área (Anexo).

1 Administração Regional de Saúde do Norte, I.P., Departamento de Saúde Pública. Programa de Luta

contra a Tuberculose – Modelos e Procedimentos para Investigação Epidemiológica de casos de

Tuberculose de Declaração Obrigatória. Setembro de 2012

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3. RESULTADOS

Das 24 USP da região Norte, 20 responderam no prazo que tinha sido definido (83%).

Das USP que responderam, duas enviaram dados sobre uma parte dos casos de

tuberculose respiratória notificados no ano (ver notas de rodapé do quadro 1). Os

dados recebidos dizem respeito a 595 casos de tuberculose respiratória (550 casos

novos e 45 retratamentos) notificados durante o ano de 2013. No mesmo período,

foram reportados no SVIG-TB 757 casos de tuberculose pulmonar, pleural e

ganglionar intratorácica (formas que implicam notificação obrigatória).

Quadro 1 – Número de casos de tuberculose respiratória registados no SVIG-TB e número de casos de

tuberculose respiratória notificados às USP por ACeS/ULS da região de saúde do Norte, em 2013

ACeS SVIG2013 Casos notificados

ACeS Alto Tâmega e Barroso 5 5

ACeS Aveiro Norte 18 16

ACeS Baixo Tâmega 40 Não respondeu

ACeS Barcelos/Esposende 37 39

ACeS Braga 32 28

ACeS Douro Sul 8 6

ACeS Famalicão 12 14

ACeS Feira/Arouca 31 30

ACeS Gaia e Espinho/Gaia 74 Não respondeu

ACeS Gerês/Cabreira 15 13

ACeS Gondomar 47 46

ACeS Guimarães/Vizela/Terras de Basto 36 22*

ACeS Maia/Valongo 65 Não respondeu

ACeS Marão e Douro Norte 17 16

ACeS Porto Ocidental e Porto Oriental 92 66**

ACeS Póvoa de Varzim/Vila do Conde 42 48

ACeS Santo Tirso/Trofa 20 17

ACeS Vale do Sousa Norte 37 39

ACeS Vale do Sousa Sul 81 85

ULS Alto Minho 38 45

ULS Matosinhos 35 46

ULS Nordeste 17 14

TOTAL 799 595

* Dados relativos apenas a Guimarães ** O ACeS Porto Ocidental enviou apenas parte dos casos registados

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Foram identificados 4806 indivíduos para rastreio na área de influência da própria

USP, equivalendo a uma média de 8,1 contactos por caso notificado. Desses, terão

iniciado rastreio 4422 (92%) e tê-lo-ão completado 3224 indivíduos (73% dos que

iniciaram) (Quadro 2). Foram ainda identificados e sinalizados 441 indivíduos para

rastreio na área de influência de outra USP, dos quais 277 (63%) iniciaram e 163

completaram o rastreio (59% dos que iniciaram).

Quadro 2 – Número de casos de tuberculose respiratória notificados às USP e número de contactos

identificados, que iniciaram e que completaram rastreio, por ACeS/ULS da região de saúde do Norte, em 2013

USP Casos

notificados Identificados para rastreio

Rastreios por caso

Iniciaram Completaram

ACeS Alto Tâmega e Barroso

5 103 20,6 101 (98%) 101 (100%)

ACeS Aveiro Norte 16 42 2,6 2 (5%) 44 (-)

ACeS Baixo Tâmega

ACeS Barcelos/ Esposende

39 437 11,2 437 (100%) 437 (100%)

ACeS Braga 28 311 11,1 262 (84%) 194 (74%)

ACeS Douro Sul 6 32 5,3 32 (100%) 31 (97%)

ACeS Espinho/ Gaia

ACeS Famalicão 14 28 2,0 22 (79%) 22 (100%)

ACeS Feira/ Arouca 30 66 2,2 65 (98%) 0 (0%)

ACeS Gaia

ACeS Gerês/ Cabreira 13 2 0,2 2 (100%) 2 (100%)

ACeS Gondomar 46 276 6,0 275 (100%) 275 (100%)

ACeS Guimarães/ Vizela/ Terras de Basto

22 74 3,4 - -

ACeS Maia/ Valongo

ACeS Marão e Douro Norte

16 161 10,1 161 (100%) 155 (96%)

ACeS Porto Ocidental 37 138 3,7 135 (98%) 48 (36%)

ACeS Porto Oriental 29 94 3,2 78 (83%) 71 (91%)

ACeS Póvoa de Varzim/ Vila do Conde

48 400 8,3 394 (99%) 335 (85%)

ACeS Santo Tirso/ Trofa

17 172 10,1 153 (89%) 119 (78%)

ACeS Vale do Sousa Norte

39 497 12,7 479 (96%) 314 (66%)

ACeS Vale do Sousa Sul

85 757 8,9 608 (80%) 328 (54%)

ULS Alto Minho 45 304 6,8 304 (100%) 291 (96%)

ULS Matosinhos 46 699 15,2 699 (100%) 266 (38%)

ULS Nordeste 14 213 15,2 213 (100%) 191 (90%)

TOTAL ARS Norte 595 4806 8,1 4422 (92%) 3224 (73%)

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Dos rastreios efetuados resultou a identificação de um total de 25 casos de

tuberculose-doença (0,8% ou um por cada 129 indivíduos rastreados) e 636 casos de

infeção tuberculosa latente (ITBL) – 19,8% ou um por cada cinco indivíduos rastreados

(Quadro 3). De acordo com o SVIG-TB, em 2013, houve 51 casos de tuberculose-

doença e 1170 casos de ITBL detetados no contexto de rastreio de contactos (6,4% do

total de casos de doença e 68% do total de casos de ITBL detetados, respetivamente).

Quadro 3 – Número de contactos de casos de tuberculose respiratória notificados às USP que

completaram rastreio, número e percentagem de casos de tuberculose e de infeção tuberculosa latente diagnosticados no âmbito do rastreio, por ACeS/ULS da região de saúde do Norte, em 2013

USP Completaram

rastreio Casos TB

diagnosticados % TB

Casos ITBL diagnosticados

% ITBL

ACeS Alto Tâmega e Barroso

101 0 0,0% 3 3,0%

ACeS Aveiro Norte 44 0 0,0% 3 6,8%

ACeS Baixo Tâmega NA NA NA NA NA

ACeS Barcelos/ Esposende

437 3 0,7% 72 16,5%

ACeS Braga 194 0 0,0% 28 14,4%

ACeS Douro Sul 31 0 0,0% 6 19,4%

ACeS Espinho/Gaia NA NA NA NA NA

ACeS Famalicão 22 0 0,0% 0 0,0%

ACeS Feira/Arouca 0 0

5

ACeS Gaia NA NA NA NA NA

ACeS Gerês/Cabreira 2 0 0,0% 0 0,0%

ACeS Gondomar 275 1 0,4% 27 9,8%

ACeS Guimarães/ Vizela/ Terras de Basto

NA NA NA NA NA

ACeS Maia/Valongo NA NA NA NA NA

ACeS Marão e Douro Norte

155 0 0,0% 51 32,9%

ACeS Porto Ocidental 48 2 4,2% 30 62,5%

ACeS Porto Oriental 71 0 0,0% 9 12,7%

ACeS Póvoa de Varzim/ Vila do Conde

335 4 1,2% 57 17,0%

ACeS Santo Tirso/Trofa

119 0 0,0% 35 29,4%

ACeS Vale do Sousa Norte

314 2 0,6% 70 22,3%

ACeS Vale do Sousa Sul

328 10 3,1% 77 23,5%

ULS Alto Minho 291 1 0,3% 58 19,9%

ULS Matosinhos 266 1 0,4% 32 12,0%

ULS Nordeste 191 1 0,5% 73 38,2%

TOTAL ARS Norte 3224 25 0,8% 636 19,8%

NA – Não aplicável

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4. DISCUSSÃO

A incidência de tuberculose na região Norte tem diminuído, consistentemente, ao

longo dos anos, aproximando-se, gradualmente, de uma situação de baixa incidência

(20 casos por 100 mil habitantes por ano). Nesse contexto, e com vista à eliminação

da doença, justifica-se implementar uma estratégia de identificação das pessoas

recentemente expostas ao Mycobacterium tuberculosis, porque estas são as pessoas

que estão em maior risco de desenvolver a doença no futuro.

A identificação e o encaminhamento, para rastreio, dos coabitantes dos doentes, são

feitos pelo CDP e, em relação aos contactos identificados em meio laboral, de lazer,

ou outro, pela USP da área de residência do doente, no âmbito do inquérito

epidemiológico. Embora o primeiro contacto do doente com os cuidados de saúde e o

diagnóstico de tuberculose seja feito, habitualmente, através do médico assistente ou

do hospital, na prática, a identificação e o encaminhamento dos indivíduos em risco é

feita ou pelo CDP ou pela USP.

As USP desenvolvem, anualmente, um grande esforço na realização dos inquéritos

epidemiológicos e na avaliação do risco de contágio a que os contactos dos doentes

estão sujeitos – principalmente, como já referido, os contactos que ocorrem em meio

laboral ou noutros contextos. No entanto, nem sempre se garante que os indivíduos

em risco são de facto rastreados e, em algumas situações, a USP nunca chega ter

conhecimento do resultado dos testes efetuados.

A discrepância observada no número de casos de tuberculose respiratória

identificados pelas USP e o número de casos identificados através do SVIG-TB

(Quadro 1) pode ser explicada pelo facto de poder existir algum atraso na notificação

obrigatória, implicando que haja diferença no ano civil em que a notificação é registada

pela USP e o ano civil em que o caso é registado no SVIG-TB.

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De acordo com os dados recolhidos, a grande maioria dos indivíduos em risco iniciou

o rastreio (92% em toda a região). Este valor é superior ao valor registado no SVIG-TB

para a cobertura do rastreio de coabitantes dos casos de tuberculose respiratória

ocorridos na região em 2012 (88,8%). Algumas USP indicaram que a totalidade dos

contactos sinalizados para rastreio iniciou o mesmo, valor que nos levanta algumas

dúvidas em relação à sua validade e que poderá refletir problemas na recolha e na

interpretação dos dados.

A proporção de indivíduos que completaram o rastreio desce para 73%, indicando que,

mesmo tendo em conta eventuais erros na contabilização, a adesão dos indivíduos ao

rastreio completo está longe de atingir os 100%. Num estudo recentemente publicado2,

efetuado no Reino Unido, apenas 59,1% dos contactos, identificados ao longo de 21

anos, completaram o rastreio.

Em termos de resultados, a situação é bastante heterogénea de ACeS para ACeS,

dificultando muito a interpretação dos números apurados. De facto, a “rentabilidade”

dos rastreios na identificação de ITBL variou entre os 0% em Famalicão e os 63% no

Porto Ocidental, deixando antever que as orientações regionais para o planeamento

do rastreio de contactos de doentes com tuberculose não estarão a ser aplicadas, de

forma homogénea, na região.

Por outro lado, verifica-se que, em muitos ACeS, a proporção de ITBL encontrada não

é muito diferente daquela que seria esperada, se fosse rastreada a população em

geral (15%), o que poderá significar que a avaliação do risco não estará a ser feita da

melhor forma. Esta proporção é bastante inferior à encontrada numa meta-análise

2 Saunders, M.J.; Koh, G.C.K.W.; Small, A.D.; Dedicoat, M. Predictors of contact tracing and outcomes

in tuberculosis: a 21 year retrospective cohort study. The International Journal of Tuberculosis and Lung

Disease, Volume 18, Number 6, 1 June 2012, pp. 640-646(7)

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publicada recentemente3, de acordo com a qual, em países ricos, entre 24 e 32% dos

contactos próximos de casos de tuberculose viriam a ter ITBL.

De acordo com a mesma meta-análise3, 0,4% dos rastreados, em países ricos,viriam a

apresentar tuberculose ativa. Na região norte, a proporção encontrada foi superior a

esta, com diagnóstico de 25 casos de tuberculose ativa, na sequência do rastreio de

contactos (0,8% do total de contactos que completaram o rastreio). Esta proporção

significa que o risco de doença, nos contactos identificados, foi 2,7 vezes superior ao

da população em geral (taxa de notificação de tuberculose na população da região

Norte de 29,1/100 mil habitantes no triénio 2010-2012).

Os ACeS Porto Ocidental e Vale do Sousa Sul, que estão entre os que têm maior

número de casos notificados, foram também aqueles onde mais casos de doença ativa

foram identificados na sequência do rastreio (4,2 e 3,1% dos rastreios,

respetivamente).

5. LIMITAÇÕES

Este estudo tem várias limitações, que começam nas diferentes interpretações que as

USP fizeram do pedido de dados que lhes foi dirigido (em anexo, o respetivo

formulário). De facto, algumas USP indicaram o total de indivíduos identificados para

rastreio, independentemente de ter sido a USP ou o CDP a fazer essa identificação. É

de presumir que as USP que apresentam os dados em conjunto também tenham uma

rentabilidade maior, uma vez que habitualmente os CDP identificam, a priori, os

contactos mais próximos (e em maior risco) para rastreio.

3 Fox, G.J.; Barry, S.E.; Britton, W.J.; Marks, G.B. Contact investigation for tuberculosis: a systematic

review and meta-analysis. European Respiratory Journal, 2013, Volume 41, Number 1, pp. 140-156(17)

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De acordo com a informação facultada pelas USP, a recolha dos dados solicitados foi

morosa e complexa. A inexistência de um sistema informático dedicado à gestão da

tuberculose e eventuais dúvidas na interpretação das orientações regionais poderão

ter provocado erros na contabilização dos rastreios iniciados e completados. O

problema da morosidade na recolha dos dados poderá explicar, também, o facto de

algumas USP não terem enviado qualquer informação, ou terem enviado apenas

dados parciais. Para além disto, poderão ainda persistir dificuldades de articulação

entre USP e CDP, nomeadamente, no que diz respeito à partilha e à circulação de

informação.

As limitações descritas, podendo representar, apenas parcialmente, as existentes,

realçam a importância da qualidade dos dados que colhemos no dia-a-dia. Sem

informação de qualidade, não pode haver planeamento.

Consideramos que, apesar das limitações, é justificável a necessidade de, face à

carência de recursos humanos com que os serviços de saúde se defrontam, avaliar os

resultados do trabalho desenvolvido. A importância de adaptar as estratégias de

controlo/eliminação da tuberculose à realidade epidemiológica e aos recursos

existentes a isso obriga.

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6. RECOMENDAÇÕES

Tendo em conta os resultados e as limitações deste estudo, são propostas as

seguintes medidas:

1. Melhorar a colaboração e a troca de informação entre os diferentes

intervenientes no PNT regional, quer no nível local (USP/CDP), quer no nível

regional;

2. Atualizar as orientações regionais para a vigilância da tuberculose e o rastreio

de contactos para melhor adaptação à realidade específica da região norte;

3. Implementar um sistema de informação que permita a recolha sistemática de

dados, de forma homogénea, e a monitorização contínua da situação

epidemiológica.

AGRADECIMENTOS

A todas as Unidades de Saúde Pública que colaboraram na recolha de dados para

esta avaliação.

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ANEXO

Formulário de recolha de dados, enviado às USP

Número (casos

notificados em 2013)

Contactos referenciados por Unidades exteriores ao

ACES (caso índice com residência fora da área de

influência da USP) Casos de tuberculose respiratória notificados à USP

Casos novos

Retratamentos

Contactos identificados pela USP para rastreio

Meio

laboral Outro Meio

laboral Outro

Adultos (ou crianças com 6 anos ou mais) imunocompetentes

Indivíduos imunodeprimidos (VIH+, terapia imunossupressora, doença oncológica)

Crianças com menos de 6 anos de idade

Contactos identificados pela USP que iniciaram rastreio

Meio laboral Outro

Meio laboral Outro

Adultos (ou crianças com 6 anos ou mais) imunocompetentes

Indivíduos imunodeprimidos (VIH+, terapia imunossupressora, doença oncológica)

Crianças com menos de 6 anos de idade

Contactos identificados pela USP que completaram rastreio

Adultos (ou crianças com 6 anos ou mais) imunocompetentes

Indivíduos imunodeprimidos (VIH+, terapia imunossupressora, doença oncológica)

Crianças com menos de 6 anos de idade

Contactos rastreados com diagnóstico de tuberculose doença

Contactos rastreados com diagnóstico de infeção latente

Nota explicativa A tabela anexa deve ser preenchida com os dados relativos aos casos de tuberculose respiratória notificados em 2013, bem como com informação relativa aos contactos que foram sinalizados pela USP ao CDP/Consulta de Tuberculose do seu ACeS/ULS. Para além daquela informação, podem ser ainda registados os dados relativos aos contactos de casos de tuberculose respiratória ocorridos em residentes fora da área e que foram sinalizados por outra USP. O preenchimento da tabela anexa deve ser feito mediante colaboração do CDP/Consulta de Tuberculose do ACeS. Sempre que um dado parcelar não esteja disponível, por exemplo a desagregação dos contactos por idade ou contexto em que foram identificados, deve ser justificada a sua indisponibilidade (no item "observações") e deve ser disponibilizado o valor total. Se os dados fornecidos na tabela não disserem respeito a todos os casos de tuberculose respiratória notificados em 2013, e sem prejuízo do preenchimento das células "Casos de tuberculose respiratória notificados à USP", por favor anotar a que número de casos a informação fornecida diz respeito.

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