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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA 1 RESOLUÇÃO Nº. 17.563 (Processo nº. 2008/52093-0) O Plenário do Tribunal de Contas do Estado do Pará, no uso de suas atribuições constitucionais, e regimentais, Considerando resultado da inspeção extraordinária realizada junto à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, autorizada através da Resolução nº. 17.533, de 24.06.2008, consubstanciado no Processo n°. 2008/52093-0; RESOLVE, por unanimidade, aprovar o relatório de inspeção extraordinária realizada na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (anexo I), e adotar as conclusões constantes do voto do Excelentíssimo Senhor Conselheiro Relator Ivan Barbosa da Cunha (Anexo II), abaixo transcritas: 1- Sugerir a adoção pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará das recomendações constantes do Relatório de Inspeção Extraordinária (fls. 44 a 46); 2- Determinar a juntada do processo de Inspeção Extraordinária ao da prestação de contas da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará referente ao exercício de 2008, para análise em conjunto; 3- Promover, atendendo recomendação do Douto Ministério Público de Contas, a remessa de cópia integral do Processo n°. 2008/52093-0 ao Ministério Público de Justiça e Procuradoria Geral do Estado para, se julgarem cabível, oportuno e conveniente, tomarem as providências legais de sua alçada com a brevidade que o caso requer e;

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARÁ

SECRETARIA

1

RESOLUÇÃO Nº. 17.563 (Processo nº. 2008/52093-0)

O Plenário do Tribunal de Contas do Estado do Pará, no uso

de suas atribuições constitucionais, e regimentais,

Considerando resultado da inspeção extraordinária realizada

junto à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, autorizada através

da Resolução nº. 17.533, de 24.06.2008, consubstanciado no Processo n°.

2008/52093-0;

RESOLVE, por unanimidade, aprovar o relatório de

inspeção extraordinária realizada na Fundação Santa Casa de Misericórdia

do Pará (anexo I), e adotar as conclusões constantes do voto do

Excelentíssimo Senhor Conselheiro Relator Ivan Barbosa da Cunha (Anexo

II), abaixo transcritas:

1- Sugerir a adoção pela Fundação Santa Casa de Misericórdia

do Pará das recomendações constantes do Relatório de

Inspeção Extraordinária (fls. 44 a 46);

2- Determinar a juntada do processo de Inspeção

Extraordinária ao da prestação de contas da Fundação Santa

Casa de Misericórdia do Pará referente ao exercício de 2008,

para análise em conjunto;

3- Promover, atendendo recomendação do Douto Ministério

Público de Contas, a remessa de cópia integral do Processo

n°. 2008/52093-0 ao Ministério Público de Justiça e

Procuradoria Geral do Estado para, se julgarem cabível,

oportuno e conveniente, tomarem as providências legais de

sua alçada com a brevidade que o caso requer e;

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4- Dar ciência à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará,

Casa Civil da Governadoria do Estado, Assembléia

Legislativa e Secretaria Executiva de Saúde Pública do

Estado, do inteiro teor do Relatório de Inspeção

Extraordinária e do voto do Excelentíssimo Senhor

Conselheiro Relator.

Plenário “Conselheiro Emílio Martins”, em 19 de agosto de 2008.

FERNANDO COUTINHO JORGE Presidente

IVAN BARBOSA DA CUNHA Relator

LAURO DE BELÉM SABBÁ

NELSON LUIZ TEIXEIRA CHAVES

MARIA DE LOURDES LIMA DE OLIVEIRA

CIPRIANO SABINO DE OLIVEIRA JÚNIOR

ANTONIO ERLINDO BRAGA

Presente à sessão a Procuradora-Geral do Ministério Público de Contas Dra. Maria Helena Loureiro. RC/0100455/

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ANEXO I DA RESOLUÇÃO Nº. 17.563

RELATÓRIO DA INSPEÇÃO EXTRAORDINÁRIA

REALIZADA NA FUNDAÇÃO

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARÁ GABINETE DO CONSELHEIRO IVAN BARBOSA DA CUNHA

DEPARTAMENTO DE CONTROLE EXTERNO

Processo Nº. 2008/52093-0 Órgão: Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMPA Referência: Inspeção Extraordinária

RELATÓRIO DE AUDITORIA

1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Douto Plenário do Tribunal de Contas do Estado do Pará, em sessão

do dia 24 de junho de 2008, editou, à unanimidade de seus membros, a Resolução nº. 17.533, publicada no DOE, em 26/06/2008, resultado das manifestações dos Srs. Conselheiros IVAN BARBOSA DA CUNHA e CIPRIANO SABINO DE OLIVEIRA JÚNIOR sobre os infaustos acontecimentos que chocaram a opinião pública do Pará e do Brasil, momento em que, solicitaram – ouvido o Douto Plenário – inspeção extraordinária junto à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará – FSCMPA.

Através à Portaria nº. 22.482, de 25/06/2008, publicada no DOE de 26/06/2008, o Sr. Presidente do Egrégio Tribunal de Contas do Estado do Pará designa os servidores Luiz Thomaz Conceição Neto, Carlos Alberto Machado Rufino Junior, Arão de Jesus Rocha, Luiz Otávio Souza do Carmo, Alexandre Melo da Costa, todos técnicos do Departamento de Controle Externo e o médico Ary Chaves da Costa Braga para, sob a Coordenação do Conselheiro IVAN BARBOSA DA CUNHA e a colaboração do Conselheiro CIPRIANO SABINO DE OLIVEIRA JÚNIOR, comporem a Comissão de Inspeção Extraordinária junto àquela Fundação.

O norte magnético central está disciplinado na Resolução citada e resume seu conteúdo em: - Apurar eventual irregularidade na gestão dos recursos públicos, nas áreas orçamentária, financeira, operacional e patrimonial que possam ter contribuído para a ocorrência dos fatos que culminaram no falecimento de doze recém-nascidos, no período de 20 a 22 de junho deste ano; e - Examinar sob o critério da eficiência na gestão dos bens públicos a utilização dos recursos financeiros e operacionais disponíveis para a realização de ações e operações que visam atingir os objetivos institucionais da UTI NEONATAL da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará – FSCMPA.

A instrução do presente processo está calçada nos artigos 64, 77, 80, parágrafo único, e 82 e seus incisos, todos do Regimento Interno, deste Egrégio Tribunal.

Com instalação em 26 de junho de 2008, às 9:00 horas, os trabalhos começaram a ser desenvolvidos na sede do Órgão inspecionado, com endereço à rua Oliveira Belo, n.º 395, nesta cidade de Belém.

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Eminentes Conselheiros, chamamos a atenção deste Plenário para o fato de observarem com atenção, o cuidado, o respeito em não nominarmos, sob qualquer hipótese, pessoas que desempenham funções burocráticas administrativas e técnico-médicas ou de apoio de enfermagem naquele hospital, evitando dessa forma a execração pública, o julgamento e condenação de pessoas que não praticaram qualquer ilícito penal. O respeito a esses dedicados funcionários e, fundamentalmente à dignidade do ser humano mais que a de funcionário, nos leva a crer que esses acontecimentos que redundaram nos óbitos não foram de caráter doloso. Nosso campo de atuação, Constitucionalmente, foge a esse tipo de averiguação.

Os trabalhos foram desenvolvidos nas seguintes áreas: 1 – Gestão orçamentária e financeira: avaliando os valores orçados e executados dos últimos 05 (cinco) anos; 2 – Gestão de licitações e contratos; 3 – Avaliação da gestão dos bens patrimoniais de consumo e permanentes; 4 - Avaliação das instalações e das condições de segurança e prevenção de acidentes; 5 – Avaliação do processo substituição da mão-de-obra técnica (transição entre a demissão dos temporários e a contratação, via concurso, dos novos servidores); 6 – O papel do controle interno da FSCMPA; 7 – Levantamento dos óbitos de recém-nascidos; 8 - Descrição das condições gerais da UTI NEONATAL.

Os referidos exames foram efetuados por amostragem (não abrangendo, portanto, a totalidade das operações), na extensão julgada necessária nas circunstâncias apresentadas, segundo os critérios, as técnicas e de acordo com as normas de auditoria aplicáveis ao Serviço Público.

Nenhuma restrição nos foi imposta quanto ao método ou extensão de nossos trabalhos. Os programas de auditoria e respectivos procedimentos estabelecidos para execução dos exames foram aplicados de acordo com a natureza e as atividades da entidade auditada.

No transcurso dos trabalhos, foram emitidas 04 (quatro) Comunicações de Auditoria que juntamente com as respectivas respostas seguem anexadas aos autos.

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A Fundação Santa Casa de Misericórdia continua sendo o maior hospital

do Estado do Pará. Sendo hospital geral e de ensino, com ênfase na área materno infantil. Atualmente, conta com 360 leitos ativos (entre eles 22 de UTI Neonatal, 05 UTI Pediátrica e 05 UTI Adulto). Tendo 10.000 atendimentos em nível ambulatorial e em média 1.300 altas/mês.

A Fundação é campo de ensino (graduação e estagiários) para a Universidade da Amazônia - UNAMA, a Universidade Federal do Pará - UFPA, a Universidade do Estado do Pará - UEPA, a Secretaria de Estado de Educação - SEDUC (Integrado) e o Serviço Nacional do Comércio - SENAC.

O Hospital desenvolve pós-graduação médica (residência médica), nas áreas de Pediatria, Tocoginecologia, Dermatologia e Clínica Médica, todas sob supervisão do Ministério da Educação.

MISSÃO DO HOSPITAL: prestação de assistência médico-hospitalar e

ambulatorial multidisciplinar e campo de ensino, buscando sempre maior eficácia, eficiência e efetividade nas ações.

ÁREA DE ABRANGÊNCIA

Exercício

: todo o território estadual, através da central de internamentos de leitos e centrais de consultas.

3 – DO EXAME DA DOCUMENTAÇÃO E DA SITUAÇÃO ENCONTRADA 3.1 – GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA: AVALIANDO OS VALORES ORÇADOS E EXECUTADOS DOS ÚLTIMOS 04 (QUATRO) ANOS

Nos exercícios de 2005 a 2008, as 04 (quatro) principais fontes de receitas da FSCMPA, foram as seguintes: 1 – RECEITA PATRIMONIAL; 2 – RECEITA DE SERVIÇOS; 3 – RECURSOS ORDINÁRIOS - FUNDO ESTADUAL DE SAÚDE (FES); 4 – OUTRAS RECEITAS CORRENTES.

As Receitas Patrimoniais referem-se aos recursos oriundos, no caso da FSCMPA, de entradas originadas da utilização de seu patrimônio mobiliário e imobiliário, através de títulos e aluguéis, respectivamente.

A seguir, demonstra-se a participação dessa fonte, em relação ao total de receitas da FSCMPA, nos exercícios de 2005 a 2007 (encerrados) e de 2008 (até 31 de julho):

Tabela 1 – Receita Patrimonial da FSCMPA, no período de 2005 a 2008, e a sua

participação no total de receitas do Órgão, valores nominais (valores em R$)

Receita Patrimonial

Total das Receitas

Participação

2005 67.569,40 46.226.335,43 0,15% 2006 166.924,29 59.155.346,23 0,28%

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2007 97.857,12 72.706.759,20 0,13% 2008 125.276,03 47.042.147,44 0,27%

Fonte: Balanços Orçamentários de 2005 a 2007 e SIAFEM/2008 A segunda maior fonte de receita da FSCMPA refere-se aos serviços de

saúde prestados gratuitamente à população, mas que são cobertos pelo Serviço Único de Saúde – SUS. Classifica-se como Receita de Serviços.

A seguir, demonstra-se a participação dessa fonte, em relação ao total de receitas da FSCMPA, nos exercícios de 2005 a 2007(encerrados) e de 2008 (até 31 de julho):

Tabela 2 – Receita de Serviços da FSCMPA, no período de 2005 a 2008, e a sua

participação no total de receitas do Órgão, valores nominais (valores em R$):

Exercício Receita de Serviços

Total das Receitas

Participação

2005 13.279.492,49 46.226.335,43 28,73% 2006 18.210.718,34 59.155.346,23 30,78% 2007 17.339.253,77 72.706.759,20 23,85% 2008 13.057.872,03 47.042.147,44 27,76%

Fonte: Balanços Orçamentários de 2005 a 2007 e SIAFEM/2008 O maior componente das receitas da FSCMPA é o repasse que a mesma

recebe do Governo do Estado do Pará, através do Fundo Estadual de Saúde (FES). Classifica-se como Transferências Financeiras – Repasse Recebido e Repasse Diferido.

A seguir, demonstra-se a participação dessa fonte, em relação ao total de receitas da FSCMPA, nos exercícios de 2005 a 2007 (encerrados) e de 2008 (até 31 de julho):

Tabela 3 – Receita de Transferências Financeiras – Recursos do FES

repassadas à FSCMPA, no período de 2005 a 2008 e a sua participação no total de receitas do Órgão, valores nominais

(valores em R$): Exercício Transferências

Financeiras – Recursos do FES

Total das Receitas

Participação

2005 32.806.818,37 46.226.335,43 70,97% 2006 40.693.062,95 59.155.346,23 68,79% 2007 55.219.757,07 72.706.759,20 75,95% 2008 33.615.301,06 47.042.147,44 71,46%

Fonte: Balanços Orçamentários de 2005 a 2007 e SIAFEM/2008 A FSCMPA obtém recursos também de outras fontes, com participação

reduzida na composição das receitas, que se denominam Outras Receitas Correntes.

A seguir, demonstra-se a participação dessa fonte, em relação ao total de

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receitas da FSCMPA, nos exercícios de 2005 a 2007 (encerrados) e de 2008 (até 31 de julho):

Tabela 4 – Outras Receitas Correntes da FSCMPA, período de 2005 a 2008 e a

sua participação no total de receitas do Órgão, valores nominais (valores em R$):

Exercício Outras Receitas Correntes

Total das Receitas

Participação

2005 71.455,17 46.226.335,43 0,15% 2006 84.640,65 59.155.346,23 0,14% 2007 19.891,24 72.706.759,20 0,03% 2008 89.820,32 47.042.147,44 0,19%

Fonte: Balanços Orçamentários de 2005 a 2007 e SIAFEM/2008

Diante das tabelas apresentadas neste tópico do relatório, o desempenho das receitas no exercício de 2008 apresenta valores e percentuais normais; em relação aos exercícios anteriores, os recursos estão sendo liberados em consonância com o planejamento estabelecido, não ocorrendo, sob o ponto de vista orçamentário e financeiro, fato algum que afetasse o cumprimento da aplicação dos recursos estabelecidos no orçamento de 2008. 3.2 – GESTÃO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS

Em atendimento aos objetivos estabelecidos na Resolução nº. 17.533, de 24/06/2008, do Egrégio Plenário deste Tribunal de Contas, que determinou a realização de Inspeção Extraordinária junto à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMPA, examinaram-se os processos licitatórios e os respectivos contratos administrativos, cujos objetos envolveram as aquisições de equipamentos médico-hospitalares destinados à UTI Neonatal daquela Instituição.

Assim, sendo esse o escopo do trabalho desenvolvido, analisaram as duas licitações realizadas, pela FSCMPA, no exercício de 2007, que contemplaram a compra desses equipamentos: o Pregão Presencial nº. 017/2007 e o Pregão Presencial nº. 019/2007, além das contratações advindas desses certames.

As análises abrangeram não somente a verificação da legalidade desses atos de gestão, mas, principalmente, a conformidade dos mesmos em relação ao princípio da eficiência da Administração Pública.

3.2.1 – PREGÃO PRESENCIAL Nº. 017/2007 (PROCESSO Nº. 10565)

O processo referente ao Pregão nº. 017/2007, que teve como objeto a aquisição de equipamentos médico-hospitalares, mobiliário, de lavanderia e de cozinha, totalizando 28 (vinte e oito) itens, foi instaurado, em 31/08/2007, a partir de solicitação formulada à Presidência da Fundação Santa Casa, pela Gerência de Estrutura Físico Funcional e Patrimônio.

Examinando a licitação, em sua fase interna, observou-se o descumprimento do disposto no inciso VII, do artigo 6°, da Lei Estadual n°. 6.474/2002, em razão da ausência, nos autos do processo examinado, do parecer jurídico acerca da observância dos requisitos relativos à fase preparatória do

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pregão, e sobre a regularidade do edital e da minuta do contrato a ser celebrado. A falta do parecer prévio da assessoria jurídica do Órgão, nos autos do processo licitatório, constitui também infringência do parágrafo único, do artigo 38, da Lei Federal nº. 8.666/93.

Relativamente à fase externa do Pregão nº. 017/2007, verificou-se que a convocação dos interessados foi feita através do Diário Oficial do Estado, em 04/10/2007, e em jornal, no dia 10/10/2007.

Considerando que, conforme estabelecido no instrumento convocatório, o certame realizou-se em 16/10/2007, a publicação do aviso de licitação no jornal ocorreu fora do prazo legal estabelecido no inciso IV, do artigo 9º., da Lei Estadual nº. 6.474/2002, que assim dispõe:

“Art. 9º. A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: .... IV – o prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8 (oito) dias.”

O resultado do certame foi homologado em 31/10/2007 e publicado no Diário Oficial do Estado, em 01/11/2007, com a adjudicação dos itens licitados às seguintes empresas:

a) Olidef Cz Indústria e Comércio de Aparelhos Hospitalares Ltda. (itens 01, 11 e 19);

b) Gigante Recém-Nascido ICR Ltda. (item 04); c) Wem Equipamentos Eletrônicos Ltda., (itens 05 e 06); d) Intermed Equipamento Médico Hospitalar Ltda., (itens 07 e 21); e) F. Cardoso & Cia. Ltda. (itens 09, 12, 13 e 17); f) Omnimed Ltda. (itens 14 e 15); g) Comercial e Distribuidora de Equipamentos Colombo Ltda. (itens 23 e

24); h) Emcop Equipamentos Ltda. (item 25); i) Elvi Cozinhas Industriais Ltda. (itens 26 e 28). A licitação em tela teve os itens 02, 08, 16, 22 e 27 fracassados e os itens

03, 10, 18 e 20 desertos. Constatou-se que a minuta do contrato, parte integrante do edital do

certame, deixou de ser observada a quando das formalizações dos ajustes com as empresas contratadas, o que configurou descumprimento do artigo 41, “caput”, da Lei Federal nº. 8.666/93. Com efeito, nos instrumentos contratuais firmados, após a homologação da licitação em apreço, houve supressão de cláusulas importantes, constantes da minuta contratual, que integrava o edital do Pregão nº. 017/2007, tais como as que determinavam a fiscalização da execução do contrato, os encargos da contratada e as obrigações sociais, comerciais e fiscais da mesma.

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Quanto à execução contratual, não obstante a essencialidade dos materiais, verificou-se a entrega de bens à Instituição, muito tempo depois do prazo máximo estipulado, na cláusula V do edital, isto é, 45 (quarenta e cinco) dias, a contar do recebimento da Nota de Empenho.

Registre-se o fato de que equipamentos necessários à melhoria do atendimento prestado pela FSCMPA, licitados por meio Pregão nº. 017/2007 e objetos de contratos firmados desde novembro/2007, apenas recentemente ingressaram no Órgão.

Essa ocorrência caracteriza conduta desidiosa por parte da Administração, que não adotou as medidas legais cabíveis, no sentido de agilizar a entrega dos materiais, pelos fornecedores. Essa situação será abordada de forma mais detalhada, logo adiante, a quando da análise dos contratos originários da referida licitação, haja vista a importância e a acuidade que tal constatação requer.

3.2.1.1 CONTRATOS ORIGINADOS DO PREGÃO PRESENCIAL Nº. 017/2007

Em decorrência do Pregão nº. 017/2007, foram celebrados os contratos a seguir analisados: 3.2.1.1.1 CONTRATO Nº. 147/2007

O Contrato nº. 147/2007 foi celebrado, em 01/11/2007, com a empresa Emcop Equipamentos Ltda., tendo como objeto a aquisição de 01 (um) caldeirão industrial em inox, a gás, capacidade para 200 litros (item 25 do pregão), no valor de R$ 16.400,00 (dezesseis mil e quatrocentos reais).

A despesa gerada por essa contratação foi inicialmente empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2007NE02085, de 23/11/2007, cancelada, posteriormente, pela Nota de Empenho nº. 2007NE02386, de 27/12/20007. Nessa mesma data, a despesa foi empenhada definitivamente, por meio da Nota de Empenho nº. 2007NE02629.

O material foi entregue à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 0291, emitida em 04/12/2007, e conforme a Nota de Recebimento nº. 2887/2007, de 28/12/2007.

O pagamento da despesa efetivou-se, por intermédio da Ordem Bancária nº. 2008OB00138, de 21/02/2008.

3.2.1.1.2 CONTRATO Nº. 148/2007

O Contrato nº. 148/2007 foi celebrado, em 20/11/2007 (publicado no Diário Oficial do Estado, em 21/11/2007), com a empresa Olidef Cz Indústria e Comércio de Aparelhos Hospitalares Ltda., tendo como objeto a aquisição de 03 (três) aparelhos de fototerapia com lâmpadas halogeneas (item 01 da licitação) e 01 (uma) incubadora neonatal de transporte (item 011 do pregão).

O valor de R$ 23.000,00 (vinte e três mil reais), constante do instrumento contratual acha-se incorreto, pois não corresponde ao valor homologado, adjudicado, e efetivamente empenhado, liquidado e pago, que foi de R$ 20.820,00 (vinte mil, oitocentos e vinte reais), .

A despesa que se originou da contratação em questão foi empenhada através da Nota de Empenho nº. 2007NE01973, de 19/11/2007, no valor de R$

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20.820,00 (vinte mil, oitocentos e vinte reais), a qual foi cancelada, em 21/12/2007, pela Nota de Empenho nº. 2007NE02385.

Em 25/02/2008, a despesa foi definitivamente empenhada, por meio da Nota de Empenho nº. 2008NE00209, no mesmo valor supracitado.

O material foi entregue à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 037834, emitida em 11/03/2008, pela empresa contratada, e conforme a Nota de Recebimento nº. 110/2008, de 17/03/2008, expedida pelo Órgão contratante.

O pagamento do contrato efetivou-se, por intermédio da Ordem Bancária nº. 2008OB00598, de 04/04/2008.

3.2.1.1.3 CONTRATO Nº. 149/2007

O Contrato nº. 149/2007 foi celebrado em 20/11/2007 (DOE, de 21/11/2007), com a empresa Gigante Recém-Nascido Indústria, Comércio e Representação Ltda., tendo como objeto a aquisição de 02 (dois) berços para reanimação de recém-nascido, com sistema de calor radiante, no valor global de R$ 11.960,00 (onze mil, novecentos e sessenta reais).

No entanto, verificou-se que a quantidade adquirida divergiu da previsão do edital (item 04 do pregão) e a da proposta apresentada pela empresa, sob o nº. 8055, adjudicada e homologada pela FSCMPA, que especificaram a quantidade de 25 (vinte e sete) berços, no valor global de R$ 149.500,00 (cento e quarenta e nove mil e quinhentos reais), valor este que chegou a ser empenhado, através da Nota de Empenho nº. 2007NE01891, emitida em 12/11/2007.

Então, a alteração do quantitativo descrito no item 04 do Pregão nº. 017/2007, de 25 (vinte e cinco) para 02 (dois) berços, após a homologação do resultado da licitação, tornou evidente a falta de planejamento da compra desse equipamento.

Nos autos que agasalham a contratação em tela, consta que, em 11/10/2007, a Gerência de Estrutura Físico Funcional e Patrimônio da FSCMPA solicitou à Diretoria Administrativa e Financeira a redução do quantitativo “do item 04 do anexo I de 25 unidades para 02 unid”. Na mesma data, a referida solicitação foi acolhida pela Diretoria Administrativa e Financeira daquela Fundação.

Note-se que a solicitação de alteração da quantidade de berços ocorreu 05 (cinco) dias antes da realização do certame, mas o edital não foi retificado, nem reaberto o prazo para apresentação das propostas, conforme determina o parágrafo 4º., do artigo 21, da Lei Federal nº. 8.666/93, o que feriu o princípio da vinculação ao instrumento convocatório (artigo 3º., “caput”, do citado diploma legal).

Não se pode olvidar que o porte da aquisição é fator determinante para a ampliação ou a redução do número de participantes do certame, pois aquisições em grande quantidade nem sempre encontram muitas empresas aptas a atender o fornecimento.

Logo, a falta ou o mau planejamento da Administração, em estabelecer um quantitativo adequado do material a ser licitado, mormente quando esse material foi cotado erroneamente e em quantidade bem superior ao necessário, como no caso do item 04 do Pregão nº. 017/2007, limitou o universo das empresas em condições de participar da licitação levada a efeito pela FSCMPA, comprometendo, assim, o caráter competitivo da mesma.

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No processo analisado, consta que, em 24/10/2007, ou seja, após a realização do certame, a FSCMPA encaminhou à firma Gigante Recém-Nascido documento, cujo teor é o seguinte: “Em virtude do quantitativo licitado do item 004 do anexo I do edital do Pregão 017/2007 não espelhar a real necessidade de compra da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, solicitamos desta firma vencedora do referido item 004 que informe se tem interesse de manter a proposta comercial para fornecimento de 02 (duas) unidades do produto na presente licitação, ao invés dos 25 (vinte e cinco) que foram licitados”.

Por sua vez, a empresa, através de documento datado de 26/10/2007, mostra-se surpresa com a solicitação que lhe foi dirigida e responde: “... lamentamos muito a alteração do processo supracitado, visto que nosso preço foi elaborado para a quantidade de 25 Berços, de qualquer forma estaremos efetuando a entrega de acordo com a quantidade solicitada (duas unidades) em respeito a esta instituição e ao certame”.

Diante da inexistência de justificativas plausíveis para a alteração do número de berços para reanimação de recém-nascidos, objeto do Contrato nº. 149/2007, a Equipe de Auditoria deste Tribunal, por meio da CA nº. 02, solicitou à FSCMPA esclarecimentos a respeito desse fato. Como resposta, obteve-se a informação de que teria havido mero “erro de grafia”.

Como se vê, é clara a divergência entre a justificativa fornecida à empresa contratada e a oferecida à Equipe de Auditoria do TCE/PA, o que reforça o entendimento que não ficou comprovado o motivo que levou à diminuição da quantidade do mencionado material.

Vale salientar que embora, desde 24/10/2007, a Administração já tivesse manifestado a intenção de modificar o quantitativo de berços a serem adquiridos, de 25 (vinte e cinco) unidades para 02 (duas) unidades, foi emitida a Nota de Empenho nº. 2007NE01891, em 12/11/2007, especificando a aquisição de 25 (vinte e cinco) berços, no valor global de R$ 149.500,00 (cento e quarenta e nove mil e quinhentos reais).

Posteriormente, a NE01891 foi cancelada pela Nota de Empenho nº. 2007NE01960, de 21/11/2007, sendo que a despesa correspondente à compra efetivamente contratada de 02 (dois) berços para reanimação de recém-nascido, com sistema de calor radiante, no valor global de R$ 11.960,00 (onze mil, novecentos e sessenta reais), foi empenhada, por intermédio da Nota de Empenho nº. 2007NE01974, de 20/11/2007.

Os bens foram entregues à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 005781, emitida pela empresa contratada, em 07/12/2007 (atestada em 20/12/2007), e conforme a Nota de Recebimento nº. 2527/2007, expedida pelo Órgão contratante, em 19/12/2007.

O pagamento do contrato efetivou-se, através da ordem bancária nº. 2008OB04487, de 21/12/2007.

3.2.1.1.4 - CONTRATO Nº. 150/2007

O Contrato nº. 150/2007 foi celebrado, em 20/11/2007, com a empresa Wem Equipamentos Eletrônicos Ltda., tendo como objeto a aquisição de 03 (três) bisturis eletrônicos digitais (item 05 do pregão) e 05 (cinco) cardiotocógrafos, (item

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06 do pregão), no valor global de R$ 74.390,00 (setenta e quatro mil e trezentos e noventa reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2007NE01892, de 12/11/2007.

Os materiais foram entregues à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 026207, emitida pela empresa contratada, em 26/11/2007 (atestada, em 06/12/2007), e conforme a Nota de Recebimento nº. 2237/2007, expedida pelo Órgão contratante, em 03/12/2007.

O pagamento da despesa efetivou-se, por meio da Ordem Bancária nº. 2007OB04152, de 14/12/2007.

3.2.1.1.5 CONTRATO Nº. 151/2007

O Contrato nº. 151/2007 foi celebrado, em 20/11/2007 (DOE, de 21/11/2007), com a empresa Intermed Equipamento Médico Hospitalar Ltda., tendo como objeto a aquisição de 01 (um) carro de anestesia (item 07 do pregão) e 10 (dez) ventiladores neonatal pediátrico (item 21 do pregão), no valor global de R$ 426.000,00 (quatrocentos e vinte e seis mil reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi inicialmente empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2007NE01901, de 12/11/2007, posteriormente cancelada, em 21/12/2007, pela Nota de Empenho nº. 2007NE02390.

Em 20/02/2008, a despesa foi definitivamente empenhada, por intermédio da Nota de Empenho nº. 2007NE00112.

O material foi entregue à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 072073, emitida pela empresa contratada, em 22/02/2008 (atestada, em 05/03/2008), e conforme Nota de Recebimento nº. 26/2008, expedida pelo Órgão contratante, em 27/02/2008.

O pagamento da despesa efetivou-se, por meio da Ordem Bancária nº. 2008OB00600, de 04/04/2008;

1º. TERMO ADITIVO AO CONTRATO Nº. 151/2007

Em razão da solicitação da aquisição de 02 (dois) carros de anestesia, para atender ao Centro Cirúrgico da FSCMPA, formulada, em 30/04/2008, pela Gerência de Estrutura Físico Funcional e Patrimônio, foi celebrado, em 03/06/2008, o 1º. Termo Aditivo ao Contrato nº. 151/2007, para a aquisição desses equipamentos, no valor unitário de R$ 56.000,00 (cinqüenta e seis mil reais), o que totalizou a importância de R$ 112.000,00 (cento e doze mil reais).

Nesse aditamento contratual, verificou-se, primeiramente, a falta de clareza presente no respectivo instrumento, que, ao dispor sobre o objeto do mesmo, não discriminou os equipamentos e o quantitativo acrescido, limitando-se a defini-lo como sendo “acréscimo de quantidades pactuadas no contrato original ...”.

Constatou-se, ainda, que o valor aditado extrapolou o limite legal estabelecido no parágrafo 1º., do artigo 65, da Lei nº. 8.666/93, o qual, no caso vertente, corresponde ao valor de até R$ 106.500,00 (cento e seis mil e quinhentos reais). Dessa forma, houve também infringência do parágrafo 2º., do referido dispositivo legal.

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Os equipamentos não foram entregues, nem houve pagamento da despesa, uma vez que ainda se encontra em vigência o prazo de 60 (sessenta) dias para que a empresa contratada forneça os materiais à FSCMPA.

3.2.1.1.6 CONTRATO Nº. 152/2007

O Contrato nº. 152/2007 foi celebrado, em 20/11/2007, com a empresa F. Cardoso & Cia. Ltda., tendo como objeto a aquisição de 01 (um) estetoscópio infantil (item 09 do pregão), 01 (um) laringoscópio c/ 2 lâminas retas, infantil (item 12 do pregão), 01 (um) laringoscópio c/ 3 lâminas curvas (item 13 do pregão) e 01 (um) otoscópio completo (item 17 do pregão), no valor global de R$ 5.470,00 (cinco mil, quatrocentos e setenta reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada através da Nota de Empenho nº. 2007NE01907.

Os materiais foram entregues à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 41966, emitida pela empresa contratada, em 17/12/2007 (atestada, em 20/12/2007), e conforme a Nota de Recebimento nº. 2518/2007, expedida pelo Órgão contratante, em 19/12/2007.

O pagamento da despesa efetivou-se, por meio da Ordem Bancária nº.. 2008OB04481, de 21/12/2007.

3.2.1.1.7 - CONTRATO Nº. 153/2007

O Contrato nº. 153/2007 foi celebrado, em 20/11/2007 (DOE, de 21/11/2007), com a empresa Omnimed Ltda., tendo como objeto a aquisição de 04 (quatro) monitores beira de leito, digital, multiparâmetro modular (item 14 do pregão) e 06 (seis) monitores multiparâmetro adulto/neonatal/pediátrico, modular (item 15 do pregão), no valor global de R$ 180.140,00 (cento e oitenta mil e cento e quarenta reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, em sua totalidade, através da Nota de Empenho nº. 2007NE01915, de 12/11/2007, posteriormente cancelada, pela Nota de Empenho nº. 2007NE02389, de 21/12/2007.

Em 26/03/2008, a despesa foi definitivamente empenhada, por intermédio da Nota de Empenho nº. 2008NE00371.

Contatou-se que, somente recentemente, os equipamentos ingressaram na FSCMPA, e ainda assim, de forma fracionada.

Inicialmente, foram entregues os 04 (quatro) monitores beira de leito, digital, multiparâmetro modular (item 14 do pregão), de acordo com a Nota Fiscal nº. 03925, de 26/06/2008, no valor de R$ 41.192,00 (quarenta e um mil, cento e noventa e dois reais), e conforme Nota de Recebimento nº. 981/2008, expedida, em 30/06/2008, pela FSCMPA.

O pagamento da despesa constante da NF nº. 03925 efetivou-se, em 07/07/2008, por meio da Ordem Bancária nº. 2008OB01767, de 07/07/2008.

Com relação aos 06 (seis) monitores multiparâmetro adulto/neonatal/pediátrico, modular (item 15 do pregão), a entrega dos mesmos só ocorreu em 29/07/2008, ou seja, mais de 08 (oito) meses depois da assinatura do contrato e somente após a empresa contratada ter sido compelida a cumpri-lo, nos

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termos da Notificação Extrajudicial publicada no Diário Oficial do Estado, em 29/07/2007.

Esses equipamentos constam da Nota Fiscal nº. 003983, no valor de R$ 138.948,00 (cento e trinta e oito mil, novecentos e quarenta e oito reais), emitida pela empresa Omnimed Ltda., em 21/07/2008, e foram recebidos pelo Órgão contratante, em 29/07/2008, de acordo com o atesto lançado no aludido documento fiscal e, consoante a Nota de Recebimento nº. 1163/2008.

Não se constatou a realização de pagamento dessa despesa. Conquanto a empresa contratada tenha sido notificada extrajudicialmente

para adimplir o Contrato nº. 153/2008, não se pode deixar de enfatizar a inércia da Administração da FSCMPA, que, ao logo de quase 08 (oito) meses manteve-se omissa, deixando de tomar, tempestivamente, as devidas medidas saneadoras, a fim de tornar efetivo o cumprimento do contrato em tela, com a exigência de que aquela empresa entregasse os materiais dentro do prazo acordado.

Por oportuno, importa assinalar que, em razão do não fornecimento dos materiais dentro do prazo estipulado, incorreu a empresa contratada em conduta, que ensejava a rescisão contratual, de acordo com o que dispõem os incisos I e IV, do artigo 78, da Lei nº. 8.666/93.

Com efeito, havendo expirado dito prazo, sem que os materiais fossem entregues, a Administração deveria ter acionado imediatamente a empresa em epígrafe e, se não houvesse acordo entre as partes, rescindido, unilateralmente, o contrato, conforme autorização contida no artigo 79, inciso I, do diploma legal supracitado, sem prejuízo da aplicação das sanções administrativas previstas no artigo 87, da mesma lei.

3.2.1.1.8 CONTRATO Nº. 154/2007

O Contrato nº. 154/2007 foi celebrado, em 20/11/2007, com a empresa Comercial e Distribuidora de Equipamentos Colombo Ltda. (DOE, de 21/11/2007) tendo como objeto a aquisição de 01 (uma) centrífuga de roupa c/ tripé, cap. 100 (item 23 do pregão) e 01 (uma) lavadora de roupa industrial, c/ barreira de contaminação, automática, c/ capacidade p/ 100 kg (item 24 do pregão), no valor global de R$ 66.500,00 (sessenta e seis mil e quinhentos reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2007NE01903, de 12/11/2007; cancelada, posteriormente, em 21/12/2008, por meio da Nota de Empenho nº. 2007NE02387.

Em 04/04/2008, a despesa foi definitivamente empenhada, por intermédio da Nota de Empenho nº. 2008NE00478.

Constatou-se que o processo pertinente a essa compra encontrava-se na Gerência de Almoxarifado, desde 14/04/2008, aguardando a entrega dos materiais, o que somente ocorreu, em 29/07/2008, de acordo com atesto registrado na Nota Fiscal nº. 000330, emitida, em 02/07/2008, pela empresa contratada, e conforme a Nota de Recebimento nº. 1169/2008, de 29/07/2008, expedida pela FSCMPA.

Não se constatou a realização do pagamento dessa despesa. Observou-se, então, mais uma situação em que restou comprovada a

incúria da Administração, que, no decorrer de mais de 08 (oito) meses após a contratação, não promoveu qualquer providência, que fizesse com que a empresa contratada entregasse os mencionados bens, no prazo ajustado.

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Importa assinalar que, em razão do não fornecimento dos materiais dentro do prazo estipulado, incorreu a empresa contratada em conduta, que ensejava a rescisão contratual, de acordo com o que dispõem os incisos I e IV, do artigo 78, da Lei nº. 8.666/93.

Com efeito, havendo expirado dito prazo, sem que os materiais fossem entregues, a Administração deveria ter acionado imediatamente a empresa em epígrafe e, se não houvesse acordo entre as partes, rescindido, unilateralmente, o contrato, conforme autorização contida no artigo 79, inciso I, do diploma legal supracitado, sem prejuízo da aplicação das sanções administrativas previstas no artigo 87, da mesma lei.

Enfatiza-se que, no caso presente, a entrega dos bens não exime o contratado de se sujeitar à multa de mora, de que trata o artigo 86, da Lei Federal nº. 8.666/93, considerando que houve atraso injustificado no fornecimento dos materiais à FSCMPA.

3.2.1.1.9 CONTRATO Nº. 155/2007

O Contrato nº. 155/2007 foi celebrado, em 20/11/2007 (DOE, de 21/11/2007), com a empresa Elvi Cozinhas Industriais Ltda., tendo como objeto a aquisição de 05 (cinco) carros em aço, c/ 2 prateleiras e rodízio (item 26 do pregão) e 01 (um) processador de alimentos, 300 kg/h (item 28 do pregão), no valor global de R$ 13.706,00 (treze mil, setecentos e seis reais).

A despesa decorrente dessa despesa foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2007NE01894, de 12/11/2007, cancelada, posteriormente, por meio da Nota de Empenho 2007NE02388, de 21/12/2007.

Em 27/12/2007, a despesa foi definitivamente empenhada, pela Nota de Empenho nº. 2007NE02620.

Os 05 (cinco) carros em aço, c/ 2 prateleiras e rodízio (item 26 do pregão) foram entregues à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 008072, de 17/12/2007, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), e conforme a Nota de Recebimento nº. 2870, de 27/12/2007.

Por sua vez, o processador de alimentos, 300 kg/h (item 28 do pregão) foi entregue à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 008073, de 17/12/2007, no valor de R$ 3.706,00 (três mil e setecentos e seis reais), e consoante a Nota de Recebimento nº. 2869, de 27/12/2007).

O pagamento da despesa efetivou-se, por intermédio da Ordem Bancária nº. 2008OB00174, de 08/02/2008.

3.2.2 – PREGÃO PRESENCIAL Nº. 019/2007

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMPA, objetivando a aquisição de equipamentos médico-hospitalares, mobiliário e de cozinha industrial, promoveu, em 09/11/2007, o Pregão Presencial nº. 019/2007, composto de 09 (nove) itens.

Os itens contemplados no Pregão Presencial nº. 019/2007 referiram-se aos equipamentos que não foram adquiridos através do Pregão Presencial nº. 017/2007.

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Analisando a documentação que instruiu a fase interna da licitação em comento, constatou-se, primeiramente, que a Planilha de Custos nº. 0036/2007, em que constam as estimativas de preços dos materiais licitados, não identificou as empresas junto às quais foram feitas as pesquisas de preços.

Impõe ressaltar que a ausência dessa identificação comprometeu a transparência da licitação, eis que deixou de demonstrar as fontes que serviram de referência para a elaboração daquela planilha, contrariando o disposto no artigo 6º. Inciso V, da Lei Estadual nº. 6.474/2002.

Ainda, no que concerne à etapa preparatória do certame, constatou-se também o descumprimento do disposto no inciso VII, do artigo 6°, da Lei Estadual n°. 6.474/2002, em razão da ausência, nos autos do processo examinado, do parecer jurídico acerca da observância dos requisitos relativos à fase preliminar do pregão, e sobre a regularidade do edital e da minuta do contrato a ser celebrado. A falta do parecer prévio da assessoria jurídica do Órgão, nos autos do processo licitatório, constitui também infringência do parágrafo único, do artigo 38, da Lei Federal nº. 8.666/93.

Relativamente à fase externa do Pregão nº. 019/2007, verificou-se que, nos autos que o abrigam, consta apenas que o aviso de licitação foi publicado no Diário Oficial do Estado, em 30/10/2007, faltando, portando, a comprovação de que os interessados também foram convocados através de jornal de grande circulação local, nos termos da alínea “c”, do inciso II, do artigo 5º., do Decreto Estadual nº. 0199, de 09/06/2003.

O resultado do certame foi homologado em 19/11/2007 e publicado no Diário Oficial do Estado, em 21/11/2007, com a adjudicação dos itens licitados às seguintes empresas:

a) Fanem Ltda. (itens 01, 02,03 e 06); b) Cirunorte Comércio e Representação Ltda. (itens 04 e 08); c) Emcop Equipamentos Ltda. (item 5); d) F. Cardoso & Cia. Ltda. (item 7); e) Pronto Comércio, Representação e Serviços Ltda.-EPP (item 9). Observaram-se expressivas diferenças entre os preços consignados na

Planilha de Custos nº. 0036/2007, elaborada pela FSCMPA, e os preços constantes das propostas financeiras apresentadas pelas empresas adjudicatárias, especificamente quanto ao item 04 (detector de mesa digital) e ao item 07 (oftalmoscópio direto à bateria).

Com relação ao detector fetal de mesa digital, o menor preço cotado na mencionada planilha foi de R$ 500,00 (quinhentos reais), mas a proposta vencedora apresentou o valor de R$ 702,00 (setecentos e dois reais), o que representou, percentualmente, uma diferença a maior de 40,40%.

Na realidade, porém, essa diferença foi bem maior, alcançando o percentual de 80%, uma vez que o contrato original foi posteriormente rescindido e o valor efetivamente contratado acabou sendo de R$ 900,00 (novecentos reais), conforme será detalhadamente relatado, por ocasião do exame das respectivas rescisão e contratação.

Quanto ao oftalmoscópio direto à bateria, o menor preço orçado pelo Órgão licitante foi de R$ 700,00 (setecentos reais), enquanto que se sagrou

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vencedora desse item a proposta no valor de R$ 1.100,00 (hum mil e cem reais), significando, percentualmente, uma diferença a maior de 57,14%.

No que diz respeito a essa questão, há de se ressaltar que, à luz do que preceitua o inciso XV, do artigo 9º., da Lei Estadual nº. 6.474/2002, após o encerramento da fase competitiva do certame, compete ao pregoeiro examinar os preços ofertados nas propostas selecionadas e desclassificar aquelas que, porventura, apresentem preços manifestadamente superiores aos praticados no mercado.

Passando à execução contratual, verificou-se que, inobstante a essencialidade dos bens, ocorreram entregas de materiais à Instituição, muito tempo depois do prazo máximo estipulado para tal, isto é, 30 (trinta) dias, a contar do recebimento da Nota de Empenho.

Registre-se o fato de que equipamentos imprescindíveis a um melhor atendimento prestado na UTI Neonatal da FSCMPA, licitados por meio do Pregão nº. 019/2007 e objetos de contratos firmados desde novembro/2007, apenas recentemente ingressaram na Instituição.

Essa ocorrência caracteriza conduta desidiosa por parte da Administração do Órgão, que não adotou as medidas legais cabíveis, no sentido de agilizar a entrega dos materiais, pelos fornecedores. Essa situação será abordada de forma mais detalhada, logo adiante, a quando da análise dos contratos originários da referida licitação, haja vista a importância e a acuidade que tal constatação requer.

3.2.2.1 CONTRATOS ORIGINADOS DO PREGÃO PRESENCIAL Nº. 019/2007

Em decorrência do Pregão nº. 019/2007, foram celebrados os contratos a seguir analisados:

3.2.2.1.1 CONTRATO Nº. 157/2007

O Contrato nº. 157/2007 foi celebrado, em 27/11/2007 (DOE, de 27/11/2007), com a empresa Fanem Ltda., tendo como objeto a aquisição de 02 (dois) aparelhos para fototerapia refletiva (item 01 do pregão), 03 (três) aparelhos para fototerapia eletrônica microprocessada (item 02 do pregão), 31 (trinta e um) berços c/ cesto em acrílico transparente (item 03 do pregão) e 03 (três) unidades de fototerapia convencional de 08 (oito) lâmpadas (item 06 do pregão), no valor global de R$ 49.585,00 (quarenta e nove mil, quinhentos e oitenta e cinco reais).

Os materiais contemplados no contrato em tela destinavam-se à área de Neonatologia da FSCMPA.

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2008NE00121, de 21/02/2008.

Constatou-se que o processo pertinente a essa compra encontrava-se na Gerência de Almoxarifado, desde 28/02/2008, aguardando a entrega dos bens, o que somente ocorreu, em 21/07/2008, de acordo com o atesto registrado na Nota Fiscal nº. 005656, emitida, em 02/07/2008, pela empresa contratada, e conforme a Nota de Recebimento nº. 1259/2008, expedida pela FSCMPA.

Não se constatou a realização do pagamento dessa despesa.

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Novamente, restou comprovada a má gestão, em face da incúria da Administração, que, durante quase 08 (oito) meses após a contratação, não promoveu qualquer providência, que fizesse com que a empresa contratada entregasse os mencionados bens, no prazo ajustado.

Importa assinalar que, em razão do não fornecimento dos materiais dentro do prazo estipulado, incorreu a empresa contratada em conduta, que ensejava a rescisão contratual, de acordo com o que dispõem os incisos I e IV, do artigo 78, da Lei nº. 8.666/93.

Com efeito, havendo expirado dito prazo, sem que os materiais fossem entregues, a Administração deveria ter acionado imediatamente a empresa em epígrafe e, se não houvesse acordo entre as partes, rescindido, unilateralmente, o contrato, conforme autorização contida no artigo 79, inciso I, do diploma legal supracitado, sem prejuízo da aplicação das sanções administrativas previstas no artigo 87, da mesma lei.

Enfatiza-se que, no caso presente, a entrega dos bens não eximiu o contratado de se sujeitar à multa de mora, de que trata o artigo 86, da Lei Federal nº. 8.666/93, considerando que houve atraso injustificado no fornecimento dos materiais à FSCMPA.

3.2.2.1.2 CONTRATO Nº. 158/2007

O Contrato nº. 158/2007 foi celebrado, em 27/11/2007 (DOE, de 29/11/2007), com a empresa Emcop Equipamentos Ltda., tendo como objeto a aquisição de 01 (um) forno semi-industrial (item 05 do pregão), no valor de R$ 39.900,00 (trinta e nove mil e novecentos reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2008NE00187, de 21/02/2008.

Em 26/02/2008 foi celebrado o 1º. Termo Aditivo a esse contrato, objetivando a alteração de sua cláusula terceira, especificamente quanto à respectiva dotação orçamentária. Nesse sentido, a funcional programática passou de 10.302.1104.4072 para 10.302.1185.2610; o elemento de despesa passou de 339030 para 449052 e a fonte de recursos passou de 069 para 003;

O material foi entregue à FSCMPA somente em 23/06/2008, de acordo com a Nota Fiscal nº. 0568, emitida pela empresa contratada, em 30/05/2008, e consoante a Nota de Recebimento nº. 926/2008, expedida pelo Órgão contratante.

Não se constatou a realização do pagamento dessa despesa. Em visita à cozinha da Instituição, no dia 21/07/2008, verificou-se que o

forno ainda se achava dentro da embalagem, faltando ser instalado, conforme registro fotográfico em anexo.

Como se vê, ainda que não bastasse o atraso demasiado na entrega do bem, demonstrado pelo fato de que transcorreram quase 07 (sete) meses, entre a celebração do contrato e a entrega do material, ainda assim, quase 01 (um) mês após o seu recebimento, a FSCMPA não havia providenciado a instalação do mesmo.

Dessa forma, torna-se evidente a morosidade com que se processou a compra desse forno, resultante da negligência da Administração, que não adotou as medidas legais cabíveis, no sentido de obrigar a empresa a cumprir o contrato, nem providenciou a instalação do material, quando o mesmo lhe foi entregue, a fim de

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colocá-lo imediatamente em pleno funcionamento, para suprir as necessidades da Instituição.

Importa assinalar que, em razão do não fornecimento dos materiais dentro do prazo estipulado, incorreu a empresa contratada em conduta, que ensejava a rescisão contratual, de acordo com o que dispõem os incisos I e IV, do artigo 78, da Lei nº. 8.666/93.

Com efeito, havendo expirado o dito prazo, sem que os materiais fossem entregues, a Administração deveria ter acionado imediatamente a empresa em epígrafe e, se não houvesse acordo entre as partes, rescindido, unilateralmente, o contrato, conforme autorização contida no artigo 79, inciso I, do diploma legal supracitado, sem prejuízo da aplicação das sanções administrativas previstas no artigo 87, da mesma lei.

Enfatiza-se que, no caso presente, a entrega dos bens não exime o contratado de se sujeitar à multa de mora, de que trata o artigo 86, da Lei Federal nº. 8.666/93, considerando que houve atraso injustificado no fornecimento dos materiais à FSCMPA.

3.2.2.1.3 CONTRATO Nº. 159/2007

O Contrato nº. 159/2007 foi celebrado, em 27/11/2007 (DOE, de 29/11/2007), com a empresa F. Cardoso & Cia. Ltda., tendo como objeto a aquisição de 01 (um) oftalmoscópio direto, a bateria, c/ 20 lentes, c/ sistema especial (item 07 do pregão), no valor de R$ 1.100,00 (hum mil e cem reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2007NE02200, de 28/11/2007.

O equipamento foi entregue à FSCMP, de acordo com a Nota Fiscal nº. 41756, emitida pela empresa contratada, em 06/12/2007, e conforme a Nota de Recebimento nº. 2350/2007, expedida, em 07/12/2007, pelo Órgão contratante.

O pagamento da despesa efetivou-se, por meio da Ordem Bancária nº. 2007OB04483, de 21/12/2007.

Identificou-se uma diferença a maior de 57,14%, entre o valor contratado, de R$ 1.100,00 (hum mil e cem reais) e o menor preço do equipamento, orçado em R$ 700,00 (setecentos reais), na Planilha de Custos nº. 0036/2007, que instruiu o Pregão nº. 019/2007. Essa constatação demonstra que não foi observado, a quando da realização do referido certame, o disposto no inciso XV, do artigo 9º., da Lei Estadual nº. 6.474/2002.

3.2.2.1.4 CONTRATO Nº. 160/2007

O Contrato nº. 160/2007 foi celebrado, em 27/11/2007 (DOE, de 29/11/2007), com a empresa Cirunorte Comércio e Representações Ltda., tendo como objeto a aquisição de 14 (quatorze) detectores fetais de mesa, digitais, com ajuste de sensibilidade, com transdutor, para atender à área de obstetrícia (item 04 do pregão) e 30 (trinta) oxímetros de pulso, portáteis, com curva e bateria interna recarregável, para atender à área de neonatologia (item 08 do pregão), no valor global de R$ 81.798,00 (oitenta e um mil, setecentos e noventa e oito reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2008NE00248, de 21/02/2008.

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Entretanto, a empresa não executou o contrato e, somente em 25/06/2008, por meio de publicação no Diário Oficial do Estado, foi notificada extrajudicialmente, pela FSCMPA, para que entregasse, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, os bens contratados.

Por documento protocolado na FSCMPA, em 26/06/2008, sob o nº. 2008/292068, a empresa Cirunorte Comércio e Representações Ltda. solicitou o cancelamento do referido contrato, alegando que o descumprimento deste deveu-se ao fato de que a própria contratada não dispunha de recursos financeiros para efetuar o pagamento à vista e antecipado exigido pelos fornecedores dos materiais.

Assim, através da Portaria nº. 285/2008-GP/FSCMPA, publicada no DOE, em 30/06/2008, foi rescindido o Contrato nº. 160/2007 e determinada a convocação dos licitantes remanescentes, obedecida à ordem de classificação do Pregão nº. 019/2007.

Em 30/06/2008, foi emitida a Nota de Empenho nº. 2008NE01004, que cancelou a anterior, de nº. 2008NE 00248;

Acrescente-se que a FSCMPA não deveria ter se restringido a rescindir o contrato em epígrafe, mas, também aplicado à empresa as sanções previstas no artigo 87, tendo em vista a inexecução total do ajuste.

Convém frisar que a notificação extrajudicial da empresa Cirunorte não afasta a incúria da Administração, que, durante 07 (sete) meses, permaneceu inerte sem tomar, no momento oportuno, as medidas necessárias ao efetivo cumprimento do Contrato nº. 160/2007.

Em decorrência da rescisão contratual em questão, a FSCMPA celebrou o Contrato nº. 73/2008 e o Contrato nº. 74/2008, com empresas remanescentes do Pregão nº. 019/2008, atendida a ordem de classificação na licitação.

CONTRATO Nº. 73/2008

O Contrato nº. 73/2008 foi celebrado, em 25/06/2008 (DOE, de 26/06/2008), com a empresa J.G Moriya Representação Importadora, Exportadora Comercial Ltda., tendo como objeto a aquisição de 30 (trinta) oxímetros de pulso, portáteis, com curva e bateria interna recarregável, para atender à área de neonatologia (item 08 do Pregão nº. 019/2007), no valor global de R$ 74.700,00 (setenta e quatro mil e setecentos reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2008NE01005, de 26/06/2008.

A liquidação da despesa processou-se com a entrega dos materiais à FSCMPA, consoante se depreende dos seguintes documentos: - Nota Fiscal nº. 038287, no valor de R$ 27.390,00 (vinte e sete mil, trezentos e noventa reais), emitida pela empresa contratada, em 03/07/2008, referente a 11(onze) oxímetros, recebidos na FSCMPA, em 08/07/2008, nos termos da Nota de Recebimento nº. 1022/2008; - Nota Fiscal nº. 038288, no valor de R$ 24.900,00 (vinte e quatro mil e novecentos reais), emitida pela empresa contratada, em 03/07/2008, referente a 10 (dez) oxímetros, recebidos na FSCMPA, em 08/07/2008, conforme Nota de Recebimento nº. 1023/2008; - Nota Fiscal nº. 038289, no valor de R$ 22.410,00 (vinte e dois mil, quatrocentos e dez reais), emitida pela empresa contratada, em 03/07/2008, referente a 09 (nove)

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oxímetros, recebidos na FSCMPA, em 08/07/2008, conforme Nota de Recebimento nº. 1024/2008.

Verificou-se que houve apenas o pagamento da despesa relativa à Nota Fiscal nº. 038287, conforme a Ordem Bancária nº. 2008OB02095, de 21/07/2008, no valor de R$ 27.390,00 (vinte e sete mil, trezentos e noventa reais).

É importante destacar o excessivo tempo decorrido, desde a assinatura do primeiro contrato celebrado com a empresa Cirunorte, em 27/11/2007, até a conclusão da compra desses aparelhos essenciais para melhor equipar a UTI Neonatal da FSCMPA, o que somente aconteceu recentemente, mais precisamente em 08/07/2008, em razão da inércia da Administração. CONTRATO Nº. 74/2008

O Contrato nº. 74/2008 foi celebrado, em 25/06/2008 (DOE, de 26/06/2008), com a empresa F. Cardoso & Cia. Ltda., tendo como objeto a aquisição de 14 (quatorze) detectores fetais de mesa, digitais, com ajuste de sensibilidade, com transdutor, para atender à área de obstetrícia (item 04 do Pregão nº. 019/2007), no valor global de R$ 12.600,00 (doze mil e seiscentos reais).

A despesa foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2008NE01006, de 26/06/2008.

Identificou-se uma diferença a maior de 80%, entre o valor unitário contratado, de R$ 900,00(novecentos reais) e o menor preço unitário do aparelho, orçado em R$ 500,00 (quinhentos reais), na Planilha de Custos nº. 0036/2007, que instruiu o Pregão nº. 019/2007.

Nesse caso, verificou-se que a desídia da Administração resultou em uma compra anti-econômica.

Os materiais foram entregues à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 45083, emitida pela empresa contratada, em 02/07/2008, e conforme a Nota de Recebimento nº. 1005/2008, expedida, em 03/07/2008, pelo Órgão contratante.

Não se constatou a realização do pagamento dessa despesa.

3.2.2.1.5 CONTRATO Nº. 161/2007 O Contrato nº. 161/2007 foi celebrado, em 27/11/2007 (DOE, de

29/11/2007), com a empresa Pronto Comércio Representações e Serviços Ltda.-EPP, tendo como objeto a aquisição de 01 (um) sistema com colchões para hiper e hipotermia, digital (item 09 do pregão), no valor de R$ 42.000,00 (quarenta e dois mil reais).

A despesa decorrente dessa contratação foi empenhada, através da Nota de Empenho nº. 2008NE00106, de 15/02/2008.

O equipamento foi entregue à FSCMPA, de acordo com a Nota Fiscal nº. 2056, de 18/02/2008 (atestada, em 25/02/2008), e conforme a Nota de Recebimento nº. 20/2008, de 25/02/2008, expedida pelo Órgão contratante.

O pagamento da despesa efetivou-se, por meio da Ordem Bancária nº. 2008OB00360, de 27/02/2008. 3.3 – AVALIAÇÃO DA GESTÃO DOS BENS PATRIMONIAIS DE CONSUMO E PERMANENTES

Para promover as ações e serviços de média e alta complexidade

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propiciando a população acesso a serviços qualificados, integrados à rede SUS, o Estado do Pará necessita desenvolver diversas ações, dentre elas, apoio a ampliação da capacidade e da eficiência da atenção especializada por meio da readequação física e tecnológica da rede assistencial, com ênfase a diversos serviços implantados: Atenção integral a saúde da mulher e da criança; nefrologia pediátrica; toco ginecologia, centro cirúrgico, neonatologia, banco de leite, laboratório, farmácia, diagnóstico por imagem, espaço acolher e reestruturação da rede de geração de energia elétrica.

Visando implementar essas ações, o Estado criou o Programa “Resolutividade na Saúde” que contempla dentre outras, a readequação tecnológica na neonatologia da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará que é composta de três setores: Berçário externo, berçário interno e UTI neonatal.

Com vistas a desenvolver ações para executar o Programa retrocitado, por meio da readequação tecnológica em seus diversos setores, dentre eles a neonatologia, a FSCMPA realizou dois procedimentos licitatórios em 2007 na modalidade Pregão Presencial de nº 017/07 e 019/07, para a compra equipamentos médico-hospitalares, mobiliário, de lavanderia e de cozinha, dos quais diversos equipamentos são destinados especificamente para a neonatologia da FSCMA.

Portanto, considerando o que determina a Resolução nº 17.533 (24/06/2008), bem como, os procedimentos licitatórios retrocitados, para compra de diversos equipamentos destinados a neonatologia, para implementar ações e serviços de saúde contemplados no Programa Resolutividade na Saúde, previsto no orçamento do Estado, sob o aspecto contábil, o escopo da auditoria é o seguinte:

Análise dos processos de pagamento para compra de bens móveis através dos Pregões nos. 017/07 e 019/07;

Avaliação do controle desses equipamentos no setor de patrimônio, adquiridos por meio dos processos licitatórios retrocitados;

Avaliação do controle de materiais sob as gerências do Almoxarifado e do Centro de Abastecimento Farmacêutico, bem como, da Farmácia Satélite que atende a UTI neonatal.

3.3.1 – AVALIAÇÃO DOS RECURSOS UTILIZADOS NAS COMPRAS DECORRENTES DO PREGÃO PRESENCIAL Nº. 017/2007

Para a realização do Pregão Presencial nº. 017/2007, visando implementar as ações previstas no Programa “Resolutividade na Saúde”, foram disponibilizados recursos orçamentários, através da Funcional Programática: Função:10, Sub-função: 302, Programa: 1104, Projeto: 4072, Fonte: 003 e Elemento de Despesa: 449052, alterada, no exercício de 2008 para Função: 10, Subfunção: 302, Programa: 1185, Projeto: 2610, Fonte: 0103 e Elemento de Despesa: 449052

Acerca dessa licitação, conforme Demonstrativo de Informações do Orçamento Programa Anual (DIOPA), extraído do SIAFEM, não foi prevista dotação inicial, tampouco valores suplementados para desenvolver ações em saúde; contudo, ocorreu movimento orçamentário a crédito, totalizando a importância de R$ 933.277,62 (novecentos e trinta e três mil, duzentos e setenta e sete reais e sessenta e dois centavos).

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Os valores dos contratos oriundos do referido certame licitatório, celebrados em novembro de 2007, já devidamente detalhados no item 3.2.1.1 deste Relatório, totalizaram o montante de R$ 817.566,00 (oitocentos e dezessete mil, quinhentos e sessenta e seis reais). 3.3.2 – AVALIAÇÃO DOS RECURSOS UTILIZADOS NAS COMPRAS DECORRENTES DO PREGÃO PRESENCIAL Nº. 019/2007

No que diz respeito ao Pregão Presencial nº. 019/2007, a previsão dos recursos orçamentários foi por meio da seguinte Funcional Programática: Função: 10, Sub-função: 302, Programa: 1104 , Projeto: 4072, Fonte: 069, Elemento de Despesa: 449052, alterada para: Função:10, Subfunção: 302, Programa: 1185, Projeto: 2610, Fonte: 269, Elemento de Despesa: 449052.

Quanto a essa licitação, realizada em novembro/2007, com vistas, também, a atender as ações de saúde previstas no Programa Resolutividade na Saúde, conforme Demonstrativo de Informações de Orçamento Programa Anual (DIOPA), havia dotação inicial de R$ 590.000,00 (quinhentos e noventa mil reais), sendo parte desses recursos empenhada, liquidada e paga, restando disponível o saldo orçamentário, no valor de R$ 303.843,90 (trezentos e três mil, oitocentos e quarenta e três mil e noventa centavos).

Os valores dos contratos oriundos do referido certame licitatório, celebrados até dezembro de 2007, já devidamente detalhados no item 3.2.2.1, totalizaram o montante de R$ 301.683,00 (trezentos e um mil, seiscentos e oitenta e três reais).

De acordo com os Demonstrativos Financeiros, no final dos meses de novembro e dezembro de 2007 e, fevereiro a maio de 2008, havia recursos financeiros disponíveis, como se vê a seguir:

Demonstrativo da Disponibilidade de Recursos

(Novembro a Dezembro/2007)

Novembro R$ 3.113.604,59 Dezembro R$ 3.379.929,50

Demonstrativo da Disponibilidade de Recursos (Fevereiro a Junho/2008)

Fevereiro R$ 2.771.271,52 Março R$ 5.346.106,87 Abril R$ 6.168.936,20 Maio R$ 7.646.933,10

Logo, observa-se que os recursos orçamentários previstos

(R$ 933.277,62 + R$ 590.000,00 = R$ 1.523.277,62), bem como os recursos financeiros disponíveis, conforme evidenciam os demonstrativos supra, eram suficientes para suprir o valor total dos contratos decorrentes dos aludidos pregões, que contemplaram, dentre outros, diversos equipamentos destinados à UTI

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Neonatal da FSCMPA. Identificou-se, ainda, que os empenhos de várias dessas despesas foram

feitos em 2007, mas, posteriormente, cancelados, no final daquele exercício, e novamente formalizados, no início do exercício de 2008.

Todavia, verificou-se que as liquidações da maior parte das despesas em questão somente foram efetuadas recentemente, precisamente nos meses de junho e julho do exercício de 2008, isto é, 07 (sete) e 08 (oito) meses após as assinaturas do contratos, o que denota inércia por parte da Administração.

Ressalte-se que, de acordo com o artigo 63, parágrafo 2º., da Lei Federal nº. 4.320/64, a liquidação da despesa, seja por fornecimentos efetuados ou serviços prestados, tem como fundamento o contrato, a nota de empenho e os comprovantes de entrega do material ou da prestação do serviço.

Convém enfatizar que, para a celebração de um contrato pela Administração Pública e conseqüente entrega do objeto do ajuste, faz-se necessário que haja apenas a disponibilidade de recursos orçamentários, o que significa dizer que existência de recursos financeiros não é condição para que o fornecedor proceda à entrega do material ao Órgão contratante.

Acrescente-se que, no caso vertente, a demora, por parte da Administração, em tomar decisões, no sentido de efetivar o recebimento de equipamentos imprescindíveis à UTI neonatal, oriundos dos Pregões nº. 017/2007 e 019/2007, pode ter comprometido a eficiência e a eficácia do Programa “Resolutividade na Saúde”, o qual objetiva implementar ações de média e alta complexidade, inclusive na área de Neonatologia daquela Fundação.

Portanto, sugere-se que a execução do referido Programa seja objeto análise deste Tribunal, por ocasião da realização da auditoria programada na prestação de contas do exercício de 2008, da FSCMPA. 3.3.3 - AVALIAÇÃO DO CONTROLE DO SETOR DE PATRIMÔNIO

Com a finalidade de aferir in loco a existência física de materiais permanentes adquiridos pela FSCMPA, selecionaram-se alguns processos de pagamentos pertinentes às compras originárias do Pregão n°. 017/2007 e do Pregão n°. 019/2007.

Primeiramente, deve-se ressaltar que houve limitações para a realização dessa avaliação, tendo em vista a utilização de equipamentos por pacientes, durante a inspeção, além do risco de se transmitir e de se contrair infecções, situações essas que prejudicaram a verificação quanto à existência física, estado de conservação e tombamento de alguns bens patrimoniais.

Contudo, através dos atestos consignados nas respectivas notas fiscais e por meio das notas de recebimento expedidas pela FSCMPA, comprovou-se o ingresso, naquela Fundação dos seguintes equipamentos, selecionados, por amostragem:

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Tabela 5 – Equipamentos Analisados pela Comissão Bem

Fornecedor NE Nota Fiscal

Discriminação Quant Nº Data Nº Data

Oftamoscópio direto, a bateria c/ 20 lentes

01

F. Cardoso e Cia. Ltda.

02200

28/11/07

41756

06/12/07

Berço aquecido GRN Neoslution

02

Gigante Recém-nascido Ind. Com. Rep. Ltda.

01974

21/11/07

05781

07/12/08

Monitor Fetal Gemelar 05 Wem Equip. Eletrônicos Ltda.

01892

12/11/07

026207

26/11/07

Fototer. Ajust. Maxiphoto Série 07-G-0104

03

Olidef CZ 00209

25/02/08

037834

11/03/08

Incubadora Microprocessada 01

Olidef CZ 00209 25/02/08 037834

11/03/08

Detector Fetal de mesa digital 14

F. Cardoso e Cia. Ltda.

01006

26/06/08

45083

26/06/08

Oxímetro de Pulso Portátil 11 10 09

J. G. Moriya 01005

26/06/08

38387 32288 32289

03/07/08

Sistema de hiper e hipotermia c/ acessórios

01 Pronto Com. Serv. Ltda.

00106 15/02/08 2056

18/02/08

Monitor Multiparâmetro OMNI 610 5P

05 OMNIMED Ltda. 00371 26/03/08 03925

27/06/08

Fonte: Processos de pagamentos analisados.

3.3.4 - AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA GERÊNCIA DE ALMOXARIFADO Constatou-se que as práticas adotadas atualmente no Almoxarifado, bem

como, o seu funcionamento e a sua estrutura, são incompatíveis com a intensidade e a movimentação dos materiais utilizados pela Fundação.

Com relação ao espaço físico, o mesmo não é totalmente aproveitado, uma vez que não há divisórias que possibilitem a otimização da área.

A Gerência de Almoxarifado não dispõe de equipamentos adequados para promover melhor distribuição dos materiais utilizados pelas diversas unidades requisitantes.

Quanto ao atual quadro de pessoal do Almoxarifado, o mesmo foi renovado face às demissões dos servidores temporários, que foram substituídos pelos servidores convocados em razão da aprovação em concurso público. Porém, os novos servidores não detinham conhecimentos e experiências pertinentes às atividades inerentes ao setor, e tão pouco receberam treinamentos específicos.

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Corroborando com a situação acima descrita, vale destacar que os novos servidores lotados na Gerência de Almoxarifado não foram capacitados para operar o Sistema de Almoxarifado (SISALM).

Com o objetivo de verificar a eficiência quanto ao controle de estoque no Almoxarifado, realizou-se, em companhia do servidor responsável, inspeção in loco, quando se constatou que, paralelamente aos sistemas de gerenciamento de material informatizados, é feito o controle de estoque, através de fichas de prateleiras.

No espaço físico destinado à guarda dos materiais técnicos, realizaram-se testes, por amostragem, a fim de confrontar os saldos físicos existentes e os saldos registrados nas fichas de prateleiras, obtendo-se o resultado demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 6 – Diferenças entre as quantidades físicas e as registradas:

Material Técnico Código do

Produto Qde. Reg

(Und) Qde. Física

(Und) Difer. (Und)

Fio vicryl nº 2.0 646.105 298 333 35 Tiras de Glicemia 192.449 131 131 0 Fio naylon nº 0 193.240 494 423 71 Esparadrapo 193.844 391 396 5 Skalp nº 23 59.897 10.921 10.903 18 Fio Caprofil nº 01 519.324 2.040 2.040 0 Sonda Foley nº12 61.360 293 310 17 Lâmina Bisturi-23 59.730 6.178 6.770 52 Sonda Foley nº 14 61.417 98 242 144

Fonte: Fichas de prateleira.

Como se pode observar, 77,78% dos materiais técnicos, objeto da amostra, armazenados no almoxarifado, apresentaram divergências entre os saldos físicos e os saldos registrados em fichas de prateleiras, o que denota deficiência do controle do estoque desses bens.

Ainda, verificou-se a existência de fichas de prateleiras sem a especificação dos documentos que comprovam a origem dos bens, seja através de compra (nota fiscal), por doação (termo de doação) ou outra forma de ingresso.

Ressalte-se que, nos instrumentos de controle de estoque, é indispensável, a consignação do nome do fornecedor, do número da nota fiscal e da data de entrada do bem, além de outras especificações, sem as quais o gestor fica impossibilitado de identificar e comprovar o vínculo existente entre o material o documento que deu origem a sua entrada no Almoxarifado.

Constataram-se situações em que materiais de consumo foram retirados do Almoxarifado, sem a imediata apresentação das correspondentes requisições do setor solicitante.

Quanto aos materiais permanentes ali armazenados, verificou-se que, contrariamente ao que estabelece o Manual de Serviço de Patrimônio seguido no Órgão, determinados bens foram entregues diretamente ao Setor de Patrimônio, sem conhecimento da Gerência de Almoxarifado.

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Ainda, verificou-se a existência física de materiais permanentes, sob a guarda da Gerência de Almoxarifado, sem os devidos registros, que comprovassem os seus correspondentes ingressos e saldos.

Além desses fatores, há outros, que contribuem direta ou indiretamente para a fragilidade no controle de estoque do Almoxarifado da FSCMPA, a saber: - Inexistência de normas de procedimentos e rotinas instituídas por ato da Direção da FSCMPA; - Deficiência do Sistema de Almoxarifado (SIALM), instrumento de controle de estoque utilizado pela Gerência de Almoxarifado da FSCMPA, uma vez que o mesmo não permite conhecer o saldo de estoque individual de cada material; - Deficiência de equipamentos contra incêndio; - Ausência de equipamentos de segurança contra roubo; - Perdas e prejuízos de materiais sem os devidos registros; - Ausência de ato administrativo designando comissão para promover inventário físico dos materiais estocados; - Inadequação do espaço físico destinado ao setor, tendo como conseqüência o armazenamento impróprio de alguns produtos; - Existência de infiltrações em paredes do espaço físico onde são armazenados os materiais técnicos; - Temperatura ambiente desfavorável, haja vista a existência dois equipamentos de refrigeração danificados no setor; - Carência de pessoal, bem como de cursos e treinamentos específicos para servidores que ingressaram por meio do último concurso público e foram lotados no setor.

3.3.5 - CENTRAL DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO

A Central de Abastecimento Farmacêutico - CAF é interligada internamente à farmácia, onde ficam armazenados os medicamentos, sendo aquela central responsável pelos processos de compras, controle de consumo médio mensal e de estoque, por meio de fichas de prateleiras e eletronicamente, através do SISFAR e PRODEPA.

Compete à CAF proceder à reposição de medicamentos para as farmácias satélite e central, sendo esta última diretamente subordinada à Diretoria Técnica e Gerência de Logística.

Em companhia de servidor responsável, realizou-se inspeção in loco, na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) e na Farmácia Satélite, a fim de verificar o controle de estoque, através do confronto entre os ingressos, as saídas e saldos registrados com a quantidade física dos materiais adquiridos pela FSCMPA, oportunidade em que se verificaram as seguintes impropriedades: - Necessidade de desenvolver melhor controle de estoque naquela Central de Abastecimento, tendo em vista que, a quando do confronto entre os saldos registrados e os saldos físicos existentes dos medicamentos, objeto de amostra, verificou-se divergência de 20% (vinte por cento); - Armazenagem de medicamentos com distância inferior a 50 cm do piso e até mesmo diretamente neste, contrariando o Manual de Normas e Procedimentos de Serviço de Farmácia adotado pelo setor;

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- Insuficiência de recursos humanos, considerando que entre medicamentos e soluções de grande volume, somam-se 304 (trezentos e quatro) itens para serem diretamente conferidos por uma equipe de apenas 03 (três) servidores. 3.3.6 - FARMÁCIA SATÉLITE

A Farmácia Satélite atende à UTI Neonatal e os medicamentos são-lhes dispensados pela Central de Abastecimento Farmacêutico – CAF.

Durante inspeção in loco na Farmácia Satélite, constatou-se também, fragilidade no controle de estoque dos medicamentos ali armazenados, uma vez que, a movimentação de muitos deles não é controlada, seja por fichas de prateleiras ou outro instrumento.

Convém enfatizar a importância da manutenção do controle dos saldos físicos dos materiais estocados e medicamentos armazenados, ao permitir o conhecimento exato da quantidade existente de cada produto, possibilitando o planejamento das compras, o controle dos preços, do prazo de validade e a verificação da ocorrência de extravios, além de propiciar ao ordenador de despesa avaliar se a quantidade demandada durante o exercício financeiro é compatível com a necessidade da FSCMPA.

Além disso, constatou-se que a Farmácia Satélite funciona em um espaço físico inadequado, considerando suas dimensões reduzidas.

3.3.7 – AVALIAÇÃO DAS INSTALAÇÕES E DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES

A Santa Casa de Misericórdia do Pará foi fundada em 1650 funcionando, inicialmente, no bairro da Cidade Velha. Historicamente, oriunda do modelo de criação das santas casas européias, como as outras criadas no país, eram administradas por religiosas (irmãs de caridade) e custeadas por doações da sociedade, tendo por finalidade abrigar os enfermos e pobres.

Com o passar do tempo, fixou-se no endereço atual, e, em 1990 o Governo do Estado transformou a Santa Casa em Fundação de Direito Público, tornando-se Hospital Geral e de Ensino, atuando em 04 (quatro) clínicas básicas (clínica médica, pediatra e neonatologia, cirúrgica e tocoginecologia), assumindo lugar de destaque na medicina nacional, porquanto dos procedimentos de assistência à saúde voltada para a mulher e a criança.

Em 2004, foi certificada como Hospital de Ensino pelo Ministério da Educação e Ministério da Saúde, e, em 2006, foi contratualizada com o Gestor Municipal.

Com as mudanças, fizera-se necessária a realização de obras hospitalares para atender às exigências ministeriais e ao perfeito funcionamento de novos equipamentos, onde os prédios ou alas do Hospital receberam reformas e adaptações nas instalações existentes.

A capacidade de leitos instalada é de 409 (quatrocentos e nove), distribuídos nas diversas clínicas, tendo 22 leitos da neonatologia cadastrados no Sistema Único de Saúde – SUS, para atender exclusivamente às parturientes e aos recém-nascidos, com mais de 2.000 (dois mil) servidores, no quadro de pessoal (níveis de escolaridade: superior, médio e elementar).

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3.3.7.1 DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS UNIDADES

Do organograma da Instituição, depreende-se que a Gerência de Estrutura Físico-Funcional e Patrimônio e a Gerência de Humanização e Saúde do Trabalhador não estão com a devida importância dentro do quadro técnico-funcional da Entidade.

Considerando os mais de 27.000 m2 de área construída e os mais de 2.000 (dois mil) servidores da FSCMPA, sem contar com os terceirizados, ambas as Gerências deveriam possuir uma diretoria.

A gestão de instalações prediais e o desenvolvimento dos trabalhos em segurança e medicina do trabalho precisam de planejamento e ações de curto, médio e longo prazos.

Embora os setores dependam da Diretoria Financeira, onde estão alocados, muito mais dependem da influência direta da Presidência, pois só assim, as ações decorrentes de engenharia e medicina do trabalho seriam aplicadas com o rigor necessário para o bom desempenho das atividades e saúde dos colaboradores.

Por sua vez, a área patrimonial deveria desvincular-se da Gerência de Estrutura Físico-Funcional e Patrimônio, passando a se constituir em gerência ligada à Diretoria Financeira.

3.3.7.2 – DA AVALIAÇÃO DAS INSTALAÇÕES GERAIS E DA SEGURANÇA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO HOSPITAL

Os relatórios examinados mostram que as energias hidráulica e elétrica são fornecidas através das concessionárias COSANPA e REDE CELPA, respectivamente. Outros serviços relacionados à hidráulica e elétrica são executados pelo grupo de funcionários da casa e por empresas de serviços especializados, contratadas por licitação.

A empresa Hidroservice, especializada em serviços laboratoriais de redes hidráulicas, é a contratada para coletar e pesquisar mensalmente a qualidade da água utilizada pela Instituição.

A COSANPA, além de fornecer água, executa, semestralmente, as avaliações da qualidade da mesma, coleta e processa em seu laboratório o padrão normativo. O acompanhamento desse procedimento é feito pelo Setor de Estrutura, contando com a Assessoria de Risco, que, em caso de alguma anormalidade, confere e determina os passos para a normalidade.

Os serviços de manutenção corretiva na rede física de hidráulica são executados por servidores da Fundação.

A FSCMPA possui cisterna e caixa d´água de abastecimento, com capacidade total de mais de 20.000 litros, e também conta com um poço artesiano com energia elétrica integrada (grupo gerador), para atender uma possível falta de fornecimento de água pela COSANPA.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o hospital, que possui sistema de abastecimento de água suficiente para suprir a sua necessidade, durante 48 horas, por ocasião de interrupção de abastecimento, tecnicamente será considerado eficiente e não deverá “sofrer” dificuldades por falta de água.

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Desse modo, constatou-se que a Fundação não tem problemas de abastecimento de água.

O fornecimento de energia elétrica é feito pela Rede Celpa, com a qual a FSCMPA mantém convênio para manutenção da sub-estação, da rede de alta tensão e poda das árvores que interceptam os cabos, que possam causar black-out.

Havendo interrupção no fornecimento de energia elétrica pela concessionária, a Instituição possui grupo gerador próprio, com tanque para diesel, com capacidade de 3.000 litros, suficiente para atender aos serviços hospitalares como um todo, havendo pequenas restrições quanto à área administrativa.

A manutenção interna é executada, inicialmente, por um grupo formado de 01 (um) engenheiro elétrico e de 04 (quatro) eletricistas, todos concursados, sendo que a manutenção da rede de alta interna é realizada por empresa contratada, através de licitação.

Observou-se a necessidade de levantamento e avaliação dos sistemas existentes, tanto do hidro-sanitário como do elétrico, tendo em vista que os prédios vêm sofrendo modificações, com incremento de aparelhos hidráulicos, elétricos e eletrônicos.

O ingresso de engenheiros (civis e elétrico), por meio de concurso público, veio ao encontro das necessidades do setor, pois a execução e acompanhamento desses serviços estavam a cargo de servidores de nível médio, que não documentavam as modificações realizadas.

3.3.7.3 – DA AVALIAÇÃO DA COLETA E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS

A coleta e destinação dos Resíduos de Serviços de Saúde – RSS englobam os resíduos gerados em farmácia e drogarias, laboratórios de análises clínicas, consultórios médicos, clínicas, banco de sangue e outros estabelecimentos similares.

Até pouco tempo, na grande maioria dos municípios brasileiros, a gestão dos resíduos dos serviços de saúde era realizada junto com os resíduos sólidos urbanos. A consciência da população e das autoridades sobre os problemas ocasionados pela gestão incorreta dos RSS determinou que estes passassem a receber um tratamento diferenciado.

Embora sejam motivos de ampla discussão, as classificações adotadas para os RSS são definidas pela Resolução CONAMA 283/2001 e Resolução RDC nº. 306, de 07 de dezembro de 2004, da ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.

Na Fundação Santa Casa de Misericórdia, a coleta interna é manual e realizada por empregados da empresa EB Cardoso Ltda., contratada, mediante licitação, para executar o serviço.

A classificação é determinada pela cor do saco. Sacos na cor branca são de cunho infeccioso e os de negra, de resíduos comuns. Primeiramente, são armazenados em salas próximas as enfermarias, de onde são coletados em carros confeccionados em chapa cromada, para melhor condição de higiene.

O carro segue pelos corredores até a área destinada à mudança de forma de transporte, onde são transferidos para tambores de plástico, após o que são

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levados para o depósito de resíduos. Nesse local, os sacos são depositados nas salas, conforme sua cor, da seguinte forma: saco preto, na sala de resíduos comuns; sacos brancos, na sala de resíduos de origem infecciosa.

A coleta externa dos resíduos comuns é efetuada pelo Órgão responsável pela limpeza pública municipal. Por sua vez, os resíduos infecciosos são coletados pela empresa Clean Service Ltda., especializada em resíduos hospitalares.

A destinação dos resíduos não é monitorada pelo setor de Estrutura nem pelo de Segurança do Trabalho.

As fotografias contidas no PPRA e no Relatório do TCE 2006 sobre o depósito de resíduos do hospital mostram que não houve mudança na logística de procedimento de coleta dos RSS, nem no deposito. 3.3.7.4 – DA AVALIAÇÃO DO USO DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO E DAS CONDIÇÕES GERAIS DOS SETORES DE APOIO

Os serviços de engenharia/manutenção vêm sendo realizados respeitando as orientações técnicas da ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, da Resolução – RDC no

Os responsáveis pelas obras do setor de estrutura e os técnicos em segurança do trabalho não estão coibindo as irregularidades praticadas pelos

. 50 de 21 de fevereiro de 2002, que dispõem sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Todavia, seguir somente as orientações da ANVISA não é suficiente, é necessário que os colaboradores registrados na Fundação e os colaboradores das empresas contratadas realizem os serviços, seguindo também as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho.

Durante as inspeções nas obras de reforma observou-se que haviam colaboradores sem utilizar EPI´s, colocando-se em condição e ato inseguro, em risco de ocasionar acidentes em si e em terceiros, porque, em alguns casos, as obras estão sendo efetuadas em locais onde há circulação de pessoas em outras atividades.

A condição e/ou os atos inseguros também são praticados por colaboradores da Fundação, pois em alguns locais de trabalho da Instituição, como depósitos de materiais de construção, depósitos de papel de escritório, carpintaria, oficina elétrica, encontram-se colaboradores sem EPI e em todos faltam extintores de incêndio. Na carpintaria e oficina elétrica percebe-se a desorganização no armazenamento de equipamentos com material inflamável (lata de tinta, cilindro de gás etc.), todos sem equipamento contra incêndio, novamente colocando em risco a segurança e a saúde do colaborador e a Instituição.

Na lavanderia, como em outros cômodos, verificou-se a precariedade nas instalações elétricas (gambiarra), colchões de espuma dispostos em cima de equipamento que possui temperatura elevada, roupas atrás da máquina de lavar para secar, criando-se condição insegura de possível fogo, conforme pode-se constatar nas fotos anexas.

Em anexo, apresentam-se fotos que mostram que o armazenamento de cilindros de gás observados no PPRA encontra-se da mesma forma, isto é, permanecem sem grade de proteção, placas de aviso e o bicicletário na frente.

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colaboradores da Instituição e das empresas contratadas. Além disso, em muitos casos, as reformas são executadas deixando-se pendências.

Esses procedimentos vêm ocorrendo porque o corpo técnico do setor em segurança do trabalho da FSCMPA é constituído por recursos humanos voltados à medicina, realizando somente às ações nessa área, deixando de vistoriar as outras áreas da Instituição.

3.3.7.5 - DA AVALIAÇÃO DA EDIFICAÇÃO DA UTI NEONATAL

O hospital tem 27.400,0 m2 de área construída e o berçário que é constituído do berçário externo, berçário interno e UTI neonatal, foco desta inspeção, tem 877,2 m2

Quanto ao espaço entre leitos observou-se que as distâncias mínimas não estão sendo obedecidas, conforme as orientações da RDC n

de área construída, não representando 10 % do Hospital. As Unidades de Cuidados Intensivos – UCI ou berçário externo tem o

objetivo de receber todos os pacientes que nasçam dentro da Fundação ou não, que são levados para esta unidade por serem pacientes de meio risco; o berçário interno dedicado a pacientes de alto risco, que nasçam ou não dentro da FSCMPA, conforme a necessidade, vão para a Unidade de Tratamento Intensivo – UTI neonatal.

Esse conjunto sofreu reformas e adaptações, a fim de atender às exigências normativas e, assim, integrar o Sistema Único de Saúde - SUS. As reformas seguiram as Normas Técnicas da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para poder abrigar os novos equipamentos e serem consideradas aptas para o desenvolvimento das atividades dentro do que seria o padrão de atendimento médico às mulheres e crianças.

Na inspeção, observou-se que as paredes externas permaneceram com arquitetura original, sofreram substituição no reboco e pintura com tinta para exterior padrão nas cores creme e bege. Essas paredes externas, pelo lado interno, seguem o mesmo padrão adotado pela Instituição, pintadas com tinta interna em PVA acrílica, variando nas cores creme e verde claro.

As paredes internas, que separam os cômodos, compõem-se de divisórias modulares nas cores creme e areia, com janelas fixas com vidro transparente, que permitem visualização entre cômodos.

O piso predominante é em corodur na espessura de 8mm, polido, cor cinza e o forro, tem pé direito de 3,0 metros, é em lâminas de PVC de encaixe, e largura de 100mm em toda extensão, arrematado com réguas de mesmo material.

Os banheiros e as áreas de lavagem têm piso em cerâmica P4 e as paredes em azulejos branco 15x15cm. Todas as ferragens encontram-se em funcionamento.

Todo o conjunto é climatizado com aparelhos tipo Split e as luminárias são de luz fria, padrão Eletrobrás, fornecidas por doação, pelo Programa de Eficiência Energética do Sistema Eletrobrás.

Durante a vistoria, verificou-se que o berçário estruturalmente vem sendo mantido conforme o especificado na reforma, não tendo sofrido desde sua inauguração alguma modificação. A manutenção é preventiva e as instalações encontram-se em boas condições para as atividades que foram destinadas (fotos 01/10, págs. 17 e 18).

o. 50 da ANVISA,

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de 21/02/2002. A justificativa está no fato de que a demanda de pacientes cresceu, enquanto as instalações não, o que tornou necessário o aumento do número de leitos no mesmo espaço.

3.3.7.6 – DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA

O PPRA é um dos programas instituídos através da Portaria no. 3.214, de 08/06/1978, exigidos pela CLT e pelo Ministério do Trabalho, que consiste na avaliação quantitativa e qualitativa dos riscos envolvidos no local de desenvolvimento do trabalho. É elaborado, através de inspeção in loco, por técnico em segurança e medicina do trabalho e sua implantação fica a cargo do gestor da Instituição ou empresa.

Dessa forma, é explícita a responsabilidade da execução das ações estabelecidas no programa pela Presidência da FSCMPA, para o controle e a prevenção da saúde dos colaboradores e da clientela.

Das ações sugeridas em cronograma que deveriam ser implementadas no ano de 2006, poucas foram executadas, inclusive a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, ou Norma Regulamentar no

Datas

. 5, está em projeto para o ano de 2008.

No processo n°. 2006/51.005-0, deste Tribunal, o Relatório de Auditoria, amparado no Laudo Pericial n°. 011/98, de 17/06/1998, emitido pelos técnicos em segurança do trabalho da SETEPS, apontou condições de riscos existentes na Fundação. Contudo, por ocasião da presente Inspeção, constatou-se que algumas recomendações feitas por esta Corte de Contas foram atendidas pela FSCMPA, mas, ainda, restam determinadas pendências. 3.3.8 – AVALIAÇÃO DO PROCESSO SUBSTITUIÇÃO DA MÃO-DE-OBRA TÉCNICA (TRANSIÇÃO ENTRE A DEMISSÃO DOS TEMPORÁRIOS E A CONTRATAÇÃO, VIA CONCURSO PÚBLICO, DOS NOVOS SERVIDORES)

A FSCMPA apresentava em sua composição funcional 754 (setecentos e cinqüenta e quatro) servidores temporários, que, por determinação legal deveriam ser dispensados.

Para atender à necessidade de mão-de-obra, a FSCMPA, realizou concurso público, para o preenchimento de cargos efetivos, nos níveis fundamental, médio e superior, no total de 821 (oitocentos e vinte e uma) vagas.

A cronologia das demissões dos servidores temporários e das admissões dos servidores concursados está apresentada na tabela a seguir:

Tabela 7 – Relação entre a Cronologia e a Quantidade de Demissões e Admissões de Servidores na FSCMPA (período de 01/01/2008 a 01/07/2008)

Demissões Admissões 19/02/2008 - 67 01/03/2008 - 720 04/03/2008 269 - 01/04/2008 - 101 01/04/2008 196 - 01/05/2008 62 -

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09/05/2008 - 214 Datas Demissões Admissões

01/06/2008 44 - 01/07/2008 53 -

Totais 624 1.102 Fonte: Relatório da Gerência de Administração de Pessoal

Como se pode observar, na tabela acima descrita, em 01/03/2008, a

FSCMPA admitiu 720 (setecentos e vinte) servidores concursado, entre eles 415 (quatrocentos e quinze) técnicos em enfermagem, 13 (treze) médicos pediatras, 08 (oito) enfermeiros intensivistas e 08 (oito) enfermeiros neonatologistas.

No dia 04/03/2008, ou seja, 03 (três) dias após a admissão dos novos servidores, houve a rescisão de 269 (duzentos e sessenta e nove) contratos de servidores temporários, dentre os quais 167 (cento e sessenta e sete) técnicos em enfermagem, 03 (três) médicos pediatras e 05 (cinco) enfermeiros.

A Gerência de Educação Permanente informou a necessidade e a quantidade atual de técnicos em enfermagem e enfermeiros, que estão lotados na área de neonatologia, conforme discriminado a seguir:

Tabela 8 – Relação entre a quantidade necessária e a atual de técnicos em enfermagem e enfermeiros, na área de neonatologia

Cargo Quantidade necessária

Quantidade atual

Déficit Servidores Temporários em Exercício

Técnico em Enfermagem

208 185 23 69

Enfermeiro 56 57 0 07 A Gerência de Educação Permanente informou, também, através do

Relatório das Ações de Formação e Desenvolvimento das Pessoas – 2008, que foram aplicados os seguintes programas aos novos servidores (concursados): - Programa de Acolhimento Multiprofissional – PAM, visando apresentar as práticas e a filosofia da organização, com foco em sua missão, visão, objetivos e ações/programas em desenvolvimento na FSCMPA, além de acolhê-los e integrá-los à Instituição, com vistas ao atendimento ético, de qualidade e humanizado; - Programa de Educação Permanente em Saúde – PEPS, voltado a todos os profissionais da Instituição, abordando temáticas de interesse geral dos servidores; - Programa de Educação Permanente em Enfermagem – PEPE, que foi desenvolvido através de treinamento técnico específico, visando sensibilizar os profissionais da área quanto à importância do atendimento humanizado e do desenvolvimento da ética e das competências do profissional de enfermagem, oportunizando à equipe, a atualização, o treinamento e a padronização dos procedimentos técnicos dentro da Instituição.

De janeiro a junho de 2008 foram realizados 06 (seis) acolhimentos do PAM; contudo, vale ressaltar, que esse programa não possui o caráter de formação ou atualização técnico/profissional, mas tão somente de informar ao novo servidor, as rotinas administrativas do Hospital. Participaram desse Programa 659 (seiscentos

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e cinqüenta e nove) servidores, divididos em 06 (seis) turmas, ou seja, em média, cada turma de treinamento do PAM era formada por 110 (cento e dez) alunos (servidores).

O Programa de Educação em Saúde – PEPS, realizou 15 (quinze) cursos, com 492 (quatrocentos e noventa e dois) participantes, com uma média de 33 (trinta e três) servidores por turma.

Já o Programa de Educação Permanente em Enfermagem – PEPE, que são treinamentos específicos de formação e de atualização, capacitou de março a maio de 2008, segundo o Relatório das Ações de Formação e Desenvolvimento das Pessoas – 2008, no “Treinamento Técnico-situacional em Assistência de Enfermagem”, 272 (duzentos e setenta e dois) servidores, divididos em 04 (quatro) turmas, sendo 02 (duas) pela manhã e 02 (duas) à tarde. Vale ressaltar que o total de inscritos para os treinamentos era de 389 (trezentos e oitenta e nove) servidores, mas devido às faltas registradas nas listas de freqüências, apenas 69,92% dos inscritos foram capacitados, sendo que esses treinamentos não foram específicos para a UTI NEONATAL, mas para todos os técnicos em enfermagem da FSCMPA.

Os cursos específicos para a UTI NEONATAL (assessoria de gestão de risco) foram: – Treinamento sobre o uso racional de equipamentos, realizado de 10 a 14 de 03/2008, em duas turmas: manhã (28 servidores) e tarde (29 servidores). - Treinamento em Equipamentos (incubadora e fototerapia FANEM), com a participação de 12 (doze) servidores, ocorrido em 18/03/2008; - Treinamento em Equipamentos (incubadora e respirador inter-plus, inter V), com a participação de 06 (seis) servidores, ocorrido no dia 19/03/2008.

Considerando que não foram apresentadas à Comissão de Fiscalização deste Tribunal as listas de freqüências dos referidos esse treinamento, não foi possível apurar o índice de absenteísmo registrado nos eventos.

Diante do exposto, ficou caracterizado que o processo de substituição dos servidores temporários, pelos concursados foi realizado sem o devido planejamento, pois o ingresso de 1.102 (um mil, cento e dois) novos servidores, em um intervalo de tempo de 120 (cento e vinte) dias, exige uma preparação adequada para a formação e o desenvolvimento dos mesmos, no exercício de suas funções.

Nesse sentido, convém salientar que no processo seletivo (concurso público) não foi exigida habilidade prática como critério de avaliação. Logo, vários servidores concursados que ingressaram na FSCMPA, no referido período, não possuíam a devida experiência profissional, e em particular em UTI NEONATAL.

Assim, os novos técnicos em enfermagem concursados não receberam os treinamentos pertinentes à área de neonatologia suficientes para habilitá-los a assumir suas funções.

A boa gestão de pessoas (também conhecida como gestão de recursos humanos), estabelece que um novo colaborador (servidor) deve ser treinado/preparado para desenvolver as suas novas atividades, devendo ser submetido a um conjunto/programa de treinamentos intensivos que possibilitem que o mesmo esteja ambientado com as rotinas do hospital, as suas normas, bem como o uso adequado dos equipamentos que serão manuseados, o que não

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ocorreu no processo de contratação dos novos servidores da FSCMPA. O processo de dispensa dos servidores temporários ocorreu de forma

muito intensa, no período compreendido entre 04/03/2008 a 01/04/2008. Com efeito, nesses 27 (vinte e sete) dias, foram dispensados 465 (quatrocentos e sessenta e cinco) servidores. No período de 01/03/2008 a 01/04/2008, ou seja, em 30 (trinta) dias foram nomeados 821 (oitocentos e vinte e um) novos servidores.

Um processo de transição, no caso de substituição do capital intelectual de uma entidade, deve ser realizado de forma gradual, visando não comprometer a qualidade dos serviços prestados, o que não aconteceu na gestão de recursos humanos da FSCMPA, entre 01/03/2008 a 01/07/2008, pois em 120 (cento e vinte) dias houve a dispensa de 624 (seiscentos e vinte e quatro) servidores temporários e a admissão de 1.102 (um mil, cento e dois) servidores concursados.

Associando esse fato aos poucos treinamentos e cursos (capacitação) promovidos, além do reduzido intervalo de tempo de contato entre os servidores mais antigos (contratados), que foram exonerados, bem como o grande intervalo de tempo decorrido (de novembro/2007 a junho/2008), para que a Administração da FSCMPA adquirisse mais equipamentos para a UTI NEONATAL, proporcionaram que a Gerência de Neonatologia emitisse um diagnóstico sombrio e preocupante sobre a situação do setor, conforme projeto de ampliação da UTI NEONATAL encaminhado à Direção da FSCMPA, em março/2008, no qual levanta a possibilidade de um número maior de óbitos no hospital.

Portanto, a Administração responsável pela gestão da Fundação, no período de outubro/2007 a junho/2008, não procedeu um escalonamento nas contratações dos concursados, bem como, não implantou um programa de treinamento, formação ou atualização dos novos servidores, medida esta que oferece uma qualificação funcional à mão-de-obra de uma organização.

Desse modo, reitera-se o entendimento de que a gestão dos recursos humanos na FSCMPA não foi qualificada de forma suficiente, para assumir os seus cargos e desempenhar as suas funções de forma satisfatória.

A seguir, demonstra-se o movimento das demissões dos temporários e das contratações dos novos servidores, no exercício de 2008 (até 01/07/2008):

Tabela 9 – Movimento de Demissões e Admissões na FSCMPA, em 2008

Cargo Demissões Admissões Administrador 1 2 Advogado 1 1 Agente de Artes Práticas - 100 Agente de Serviços Gerais e Operacionais 67 - Agente de Saúde/Assistente Técnico 70 - Assistente Administrativo 99 152 Assistente Social 1 7 Biblioteconomista - 1 Biomédico 2 9 Contador 2 1 Economista 1 -

Cargo Demissões Admissões Enfermeiro 28 31

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Enfermeiro Infectologista - 3 Enfermeiro Intensivista - 8 Enfermeiro Neonatologista - 10 Enfermeiro Obstetra - 10 Estatístico 2 1 Engenheiro - 1 Farmacêutico/Bioquímico 5 8 Fisioterapeuta 21 23 Fonoaudiólogo 7 8 Historiador 1 1 Médico 22 - Médico do Trabalho 1 1 Médico Anestesiologista - 10 Médico Auditor - 2 Médico Cirurgião Geral - 2 Médico Cirurgião Vascular - 2 Médico Clínica Médica - 2 Médico Ginecologista/ Obstetra - 16 Médico Hematologista - 1 Médico Infectologista - 1 Médico Intensivista - 1 Médico Medicina Preventiva - 1 Médico Neurocirurgião - 1 Médico Oftalmologista - 1 Médico Otorrinolaringologista 1 1 Médico Patologista - 2 Médico Pediatra 3 35 Médico Pneumologista - 1 Médico Radiologista - 1 Médico Reumatologista - 2 Médico Urologista - 2 Nutricionista 5 5 Psicólogo 2 7 Técnico em Contabilidade - 2 Técnico em Enfermagem 251 580 Técnico em Farmácia 4 - Técnico em Laboratório 7 5 Técnico em Mecânica/Manutenção - 2 Técnico em Radiologia 16 21 Técnico em Segurança do Trabalho 2 3 Técnico em Telecomunicações - 1 Técnico em Eletrônica - 1 Terapeuta Ocupacional 2 10

Totais 624 1.102 Fonte: Memorando n°. 554 da Gerência de Administração de Pessoal

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3.6 – O PAPEL DO CONTROLE INTERNO DA FUNDAÇÃO SANTA CASA: É necessário ter uma visão completa do significado de controle interno

dentro de uma organização, inicialmente vamos conceituar controle: “... caracteriza-se, portanto, por qualquer atividade de verificação

sistemática de um registro, exercida de forma permanente ou periódica, consubstanciado em documento ou outro meio, que expresse uma ação, uma situação, um resultado esperado, ou, ainda, com o que determinam a legislação e as normas.” (Cruz, Flávio da. et al. 2003, p. 20)

O controle deve ser exercido na administração das áreas operacionais e na entidade como um todo, tendo como parâmetros básicos: o desempenho global e setorial. O referido autor destaca quatro etapas para o sucesso na implantação de um sistema de controle:

“1. prever resultados das decisões na forma de medidas de desempenho. 2. reunir informações sobre o desempenho real. 3. comparar o desempenho real com o previsto. E 4. verificar quando uma decisão foi deficiente e corrigir o procedimento

que a produziu e suas conseqüências, quando possível.” (Cateli, Armando. et alli. 2001, p. 146)

O controle liga-se diretamente à função de planejamento, pois a sua finalidade é assegurar que as atividades da organização sejam desenvolvidas de acordo com o plano (orçamento), para fazer esta comparação com o planejado é necessário o uso de um sistema de informações visando obter o feedback que servirá de base para o planejamento a curto e longo prazos.

Para o INTOSAI (1992) o controle interno é um instrumento gerencial usado para proporcionar razoável segurança de que os objetivos da direção superior estão sendo atingidos, sendo que esta entidade entende como os seus objetivos fundamentais os seguintes:

“- promover operações ordenadas, econômicas, eficientes e eficazes, produtos de qualidade e serviços em consonância com os objetivos da organização;

- a salvaguarda dos recursos contra perdas provenientes de desperdício, abuso administrativo, desordem administrativa, erros, fraudes e outras irregularidades.

- aderência a leis, regulamentação e diretrizes da administração superior. e

- desenvolvimento e manutenção de dados financeiros e gerenciais confiáveis, revelando, razoavelmente, tais dados, em relatórios oportunos.” (apud Ribeiro, 2004).

Controle Interno é o conjunto de procedimentos que, integrados ao fluxo operacional da empresa, visa detectar e prevenir desvios, erros e irregularidades, visando:

1 – Afetar negativamente o desempenho da entidade; 2 – Ocasionar impactos em sua lucratividade e ou lucratividade financeira; 3 – Resultar em reflexos significativos em suas demonstrações contábeis

para o usuário interno ou externo, relatórios gerenciais e demais análises e demonstrativos operacionais e financeiros.(Oliveira, 2002)

Diante dessa visão, pode-se entender que o controle interno moderno não

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está preocupado apenas com as informações de caráter financeiro, mas com as informações de natureza operacional, tais como: produtividade global e setorial, nível de satisfação interno e externo, entre outras serão consideradas, analisadas e informadas à alta direção, para que esta possa montar estratégias de ação com base em relatórios oriundos do controle interno e não apenas ver este setor como fornecedor de dados financeiros de receitas, despesas e lucros e possíveis fraudes dentro da organização.

Portanto, as informações geradas pelo controle interno podem envolver: - A montagem de estratégias de curto (orçamento anual e a lei de diretrizes orçamentárias) e longo prazo (PPA); - Definições de custos básicos para a elaboração dos serviços públicos oferecidos à população; - Relatórios operacionais visando identificar áreas em que a iniciativa privada pode ser usada como instrumento de ação de serviços públicos; - Comparações entre os diversos segmentos da Administração Pública (Secretarias Municipais), respeitando as peculiaridades de cada setor; - A capacitação dos servidores, visando a melhora do capital intelectual do corpo funcional do Município;

O artigo 74 da Constituição Federal de 1988 definiu as competências do controle interno, no âmbito da Administração Pública brasileira:

“Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e entidades da administração estadual, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.”

Interpretando a Carta Magna podemos encontrar o desejo de utilizar essa ferramenta gerencial que é o controle interno não apenas para informações financeiras, mas fundamentalmente para mensurar a eficácia e a eficiência, ou seja, se os recursos aplicados no serviço público em relação a qualidade, a satisfação dos clientes (sociedade), enfim no alcance dos resultados programados com o uso de recursos adequados à realidade de mercado.

A Comissão deste Tribunal de Contas analisou os Relatórios de Controle Interno da Unidade Gestora – RCIUG – FSCMPA, de 2005 a 2008 (1º. trimestre), e

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verificou que a análise realizada pelos técnicos é de natureza financeira, com uma preocupação excessiva à formalização dos processos e nenhuma citação aos aspectos operacionais do Órgão.

Portanto, detectou-se que, no período analisado, o Controle Interno não se manifestou sobre: - Os resultados alcançados pela FSCMPA; - As condições gerais do imóvel e das instalações; - O estado, conservação e a necessidade de aquisição e/ou substituição dos equipamentos hospitalares ou não; - As condições gerais e o processo de controle dos bens de consumo (almoxarifado) e dos medicamentos (farmácia).

Face o exposto, o entendimento desta Comissão é que o Controle Interno da FSCMPA, não cumpriu o seu papel Constitucional estabelecido no artigo 74, incisos I, II e IV da Constituição Federal.

3.7 – LEVANTAMENTO DOS ÓBITOS DE RECÉM-NASCIDOS OCORRIDOS EM JUNHO DOS ÚLTIMOS 05 (CINCO) ANOS:

Objetivando levantar se houve elevação do percentual dos óbitos de recém-nascidos ocorridos na FSCMPA, a Comissão deste Tribunal definiu como parâmetro de comparação apurar as mortes dos pacientes ocorridas em um mesmo período de tempo, adotando-se o mês de junho dos últimos 05 (cinco) anos, a fim de reduzir distorções na avaliação dos resultados.

Nesse sentido, solicitou-se as informações pertinentes, obtendo-se da Gerência de Neonatologia os seguintes dados:

Tabela 9 – Relação de Internações e óbitos na UTI NEONATAL no mês de junho de 2004 a 2008:

Dados 2004 2005 2006 2007 2008 Internações 289 245 260 257 255

Óbitos 63 38 41 41 54 % de óbitos 21,80% 15,51% 15,77% 15,95% 21,18%

Fonte: Relatório da Gerência de Neonatologia.

Analisando os dados descritos na tabela supra, nota-se que, no exercício de 2004 o percentual de óbitos foi de 21,80%; já nos exercícios de 2005, 2006 e 2007 houve um percentual de óbitos relativamente estável (em torno de 15%), com 15,51%, 15,77% e 15,95%, respectivamente; porém, no mês de junho de 2008, o percentual de óbitos aumentou, em relação aos três exercícios anteriores, para 21,18%, evidenciando um crescimento na ordem de 32,79%, em relação ao mesmo período do ano anterior. 3.8 – DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES GERAIS DA UTI NEONATAL

No mês de março/2008, a Gerência de Neonatologia apresentou um

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Projeto de Ampliação da UTI NEONATAL da FSCMPA. Nesse documento, a Administração da Fundação foi informada dos problemas existentes naquele setor, conforme a seguir relatado.

A Unidade de Neonatologia da FSCMPA atende à demanda nascida na própria Fundação, bem como, a procedente de outras instituições e de todos os municípios do Estado do Pará e alguns municípios do Maranhão e do Amapá.

Junto à Secretaria Municipal de Saúde de Belém (SESMA), estão cadastrados 85 (oitenta e cinco) leitos de Unidade de Cuidados Intermediários -UCI – Berçário, sendo 63 (sessenta e três) de berçário interno, incluídos os leitos da enfermaria Mãe Canguru, e 22 (vinte e dois) de berçário externo e, ainda, 22 (vinte e dois) leitos de Unidade de Terapia Intensiva – UTI, que atende às duas demandas.

Conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde há necessidade de 01 (um) leito de UTI e 03 (três) de UCI, para cada 1.000 (um mil) nascidos vivos, por ano. No Estado do Pará, em 2007, nasceram cerca de 161.000 pessoas.

A FSCMPA é o único berçário público cadastrado no Estado, que atende a demanda de todos os municípios paraenses. Como conseqüência, existe um déficit de 60% de leitos de UCI NEONATAL e de 30% de leitos de UTI NEONATAL na FSCMPA.

O relatório da Gerência de Neonatologia descreve a situação específica da UTI NEONATAL:

“Temos mantido a média de 150 a 160 recém-nascidos/dia nos Berçários e UTI Neonatal, sem haver controle na entrada de pacientes para a maternidade(refletindo no Berçário Interno) e para o Berçário Externo, retratando uma queda na qualidade do atendimento, com possibilidade de aumento do risco de infecção hospitalar e da mortalidade, visto não podermos prestar os cuidados necessários, no que diz respeito a recursos humanos(principalmente nos plantões), recursos físicos como aparelhos de fototerapia, berços, incubadoras, oxímetros de pulso, bombas de infusão, ventiladores mecânicos, CPAD nasal, e estrutura física como distância entre leitos, números de saídas de oxigênio/ar comprimido/vácuo, refrigeração, conforme exigências do ministério da saúde nas portarias 3432/MS e 1091/MS, que tratam sobre UTI e UCI, forçando-nos a atitudes inadequadas, na tentativa de salvar a vida do paciente, .....”(grifos nosso)

Ao analisar as situações ou “atitudes inadequadas” descritas no projeto em tela, bem como as constatadas in loco pelos técnicos do TCE, verifica-se que os principais problemas enfrentados pela área de neonatologia da FSCMPA, que podem ter contribuído para a elevação do número de óbitos de recém-nascidos ocorridos, no mês de junho/2008, foram: 1 – A quantidade insuficiente de equipamentos para suprir a demanda, bem como a defasagem tecnológica da maior parte desses bens, uma vez que não houve aquisição significativa de novos equipamentos, nos últimos 04 (quatro) anos de gestão, e, quando autorizadas, os processos de compras transcorreram de forma morosa, como, no caso da aquisição de oxímetros de pulso, responsáveis pela saturação de oxigênio no sangue, equipamento essencial na identificação do estado de saúde dos recém-nascidos, mas cuja entrega ocorreu mais de 07 (sete)

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meses após a celebração do Contrato, conforme exposto no subitem 3.2.2.1.4 do presente relatório; 2 – A desproporção de recursos humanos por leito, em especial de médicos pediatras nos plantões, considerando que há somente 02 (dois) médicos plantonistas no berçário interno para 80 (oitenta) a 100 (cem) pacientes, quando deveria ser 01 (um) médico para cada 15 (quinze) pacientes, sendo que 35% a 40% desses pacientes deveriam ter cuidados de unidade de terapia intensiva; 3 – Ausência de regulação e aumento dos leitos de UTI NEONATAL, havendo, portanto, necessidade de ações imediatas e coordenadas de políticas de saúde entre os gestores estaduais (Governo do Estado do Pará) e os gestores municipais (prefeituras da região metropolitana de Belém e demais regiões), visando à criação de Unidades de Cuidados Intermediários – UCI, nos municípios pólos, em cada região do estado e em áreas estratégicas na capital, assim como a expansão do número de leitos de UTI NEONATAL no estado, com base em estudo logístico e de demanda adequados.

4 – CONCLUSÕES

Diante do exposto, conclui-se que restou comprovada a omissão da Administração, quando permaneceu inerte e não exerceu o devido controle de determinados contratos, ocasionando que os mesmos não fossem executados ou executados tardiamente, pelas empresas contratadas.

Tal incúria administrativa resultou na entrega de equipamentos essenciais à UTI Neonatal da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMPA, até 07 (sete) ou 08 (oito) meses depois das celebrações dos respectivos ajustes.

Nesse sentido, viu-se que a Administração da FSCMPA não foi diligente, pois deixou de adotar as medidas cabíveis, que lhe eram afetas, para que fizesse valer a supremacia do interesse público, no sentido de obrigar o fiel cumprimento dos contratos, por parte das empresas contratadas.

Partindo-se da premissa de que os serviços públicos, mormente aqueles que envolvem ações na área da saúde, devem sempre ser prestados de forma eficiente, ficou evidenciada, em razão da conduta desidiosa apontada, a violação ao princípio da eficiência (artigo 37, “caput” da Constituição Federal), configurada na má gestão administrativa, a quando da condução dos atos inerentes às aludidas contratações.

Ressalta-se que a negligência da Administração, ora relatada, assumiu uma gravidade maior, haja vista a essencialidade da UTI Neonatal da FSCMPA.

Logo, a desobediência ao princípio constitucional supracitado consistiu no fato de que a excessiva demora na efetivação das aquisições de imprescindíveis equipamentos médico-hospitalares, necessários a melhor equipar aquela Unidade, por certo, comprometeu a qualidade do atendimento ali prestado.

Corroborando o entendimento quanto à essencialidade e à necessidade desses equipamentos, destaca-se o contido no Projeto de Ampliação da UTI Neonatal da FSCMPA, elaborado, no presente exercício, pela Coordenação de Neonatologia da Instituição, que descreve a situação enfrentada, em virtude da falta dos mesmos e suas conseqüências desastrosas.

Outra constatação apontada neste Relatório diz respeito ao processo de

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substituição dos servidores temporários, pelos concursados, que não se desenvolveu com o devido planejamento, o que pode ter afetando a qualidade dos serviços oferecidos pela FSCMPA, principalmente, quanto ao número insuficiente de médicos pediatras durante os plantões de final de semana.

Constatou-se que a quantidade de médicos pediatras, nos plantões de final de semana, não atende as determinações da Organização Mundial de Saúde.

Ressalte-se que a Administração não tomou medidas saneadores, mesmo tendo sido alertada dessa situação pela Gerência de Neonatologia, no mês de março do corrente ano.

Identificou-se, ainda, a falta de coordenação na execução das políticas de saúde desenvolvidas entre o Estado e os Municípios, haja vista que os números de leitos de UTI NEONATAL da FSCMPA são insuficientes para atender a demanda absorvida, o que acarreta superlotação do único espaço público destinado aos recém-nascidos enfermos, comprometendo a qualidade dos serviços prestados pela Instituição.

Verificou-se que a demanda da área de Neonatologia dobrou e não houve a devida operacionalização da capacidade de leitos instalados, no que tange aos recursos humanos, aos aparatos e aos equipamentos necessários para pleno desempenho daquele setor. 5 – RECOMENDAÇÕES

Em razão da análise das situações descritas ao longo deste Relatório, recomenda-se à FSCMPA: 5.1 – Que a Gerência de Humanização e Saúde do Trabalhador e a Gerência de Estrutura Físico-Funcional e Patrimônio desenvolvam suas atividades de forma harmônica e recíproca; 5.2 - Que a Direção da FSCMPA adote as medidas necessárias, a fim de evitar a morosidade na execução dos contratos; 5.3 – Que, no momento do registro dos bens que ingressam na Gerência de Almoxarifado, deva ser especificado no corpo das fichas de prateleiras o nome do fornecedor, o número do documento que deu origem a cada material adquirido e data, além de outras informações, de modo a permitir a identificação individualizada e comprovação da procedência dos mesmos; 5.4 – Que não seja permitida a retirada de materiais do Almoxarifado sem a imediata apresentação das correspondentes requisições dos setores solicitantes; 5.5 – Que os equipamentos e materiais permanentes adquiridos pela FSCMPA, sejam recebidos pelo Almoxarifado, que, por sua vez, após o recebimento, deverá comunicar ao Setor de Patrimônio, a fim de efetuar os devidos registros e tombamentos obrigatórios para a incorporação do bem ao parque patrimonial do Órgão; 5.6 – Que adote o SIMAS como único instrumento gerencial de materiais e medicamentos, além do controle de estoque através de ficha de prateleiras; 5.7 – Que providencie a retificação das diferenças entre os registros consignados nas fichas de prateleiras, nos sistemas (SISALM e SIMAS) e a quantidade de materiais e medicamentos armazenados;

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5.8 – Que promova cursos e treinamentos para melhor capacitar os servidores que operam o sistema de gerenciamento de materiais (SIMAS); 5.9 – Que o recebimento de equipamentos de informática, médico-hospitalares, laboratorial e materiais técnicos sejam atestados pelo gerente do Almoxarifado ou por servidor, por ele designado, bem como, por servidor que tenha conhecimento técnico acerca do equipamento adquirido; 5.10 – Que mantenha os medicamentos em suas embalagens originais, com a identificação e validade visíveis, a fim de facilitar a sua localização; 5.11 – Que verifique a real necessidade dos recursos humanos lotados no Almoxarifado e no Centro de Atendimento Farmacêutico; 5.12 – Que realize conferência de estoque físico periódico com relatórios de materiais fornecidos pelo sistema; 5.13 – Que institua normas de procedimentos e rotinas a serem adotadas pelo Almoxarifado e pela Farmácia; 5.14 – Que sejam observados os aspectos quanto ao espaço físico e à segurança, que possam comprometer não apenas o patrimônio público, como também, a integridade dos servidores; 5.15 – Que seja reavaliado o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, com a implantação das ações previstas em cronograma; 5.16 – Que seja implantado o setor pertinente aos Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, conforme determina a Norma Regulamentadora n°. 4, aprovada pela Portaria no. 3.214, de 08/06/1978, do Ministério do Trabalho; 5.17 – Que seja elaborado e implementado o Programa de Condições de Meio Ambiente de Trabalho – PCMAT e o Programa de Controle de Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO, nos termos indicados em Normas Regulamentadoras da Portaria no. 3.214, de 08/06/1978; 5.18 – Que seja levado a efeito um processo de modernização administrativa, com a reavaliação do organograma, no sentido de readequá-lo ao porte da Fundação; 5.19 – Que seja elaborado e implantado projeto de Prevenção contra Incêndio e Catástrofe; 5.20 – Que seja elaborado e implantado projeto de prevenção em alarme e inclusão (roubo, terceiros etc.); 5.21 – Que as edificações sejam reformadas e/ou ampliadas, a fim de melhor atender a demanda; 5.22 - Que seja realizado um programa de atualização técnico-profissional destinado aos servidores, com carga horária adequada às necessidades das atividades da Fundação; 5.23 – Que o Setor de Controle Interno acompanhe a execução dos contratos, bem como, ofereça à Administração, informações sobre as atividades operacionais do Órgão (metas alcançadas, resultados obtidos), não se limitando apenas ao exame processual, sob os aspectos contábil. Financeiro e legal.

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5.24 - Que sejam contratados mais médicos pediatras, a fim de atender às determinações da Organização Mundial de Saúde – OMS.

Em anexo, seguem os documentos e as fotos que fornecem a devida

sustentação aos argumentos descritos no presente Relatório. É o Relatório. Belém, 11 de agosto de 2008.

LUIZ THOMAZ CONCEIÇÃO NETO Assessor Técnico de Controle Externo

CARLOS ALBERTO M. RUFINO JÚNIOR Analista de Controle Externo

ARÃO DE JESUS ROCHA Analista de Controle Externo

LUIZ OTÁVIO SOUZA DO CARMO Analista de Controle Externo

ALEXANDRE MELO DA COSTA Analista Auxiliar de Controle Externo

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ANEXO: Fotos

Foto: Entrada do berçário Foto: hall de entrada

Foto: Hall de atendimento Foto: neonatal

Foto: atendimento no neonatal Foto: controle no neonatal

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Foto: Entrada da enfermaria Sta. Ludovica Foto: Enfermaria Sta. Ludovica

Foto: Limpeza na enfermaria Foto: Limpeza na enfermaria

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Fotos: Trabalhos sendo executados sem segurança;

Foto: Instalação de splint Foto: Instalação de splint

Foto: instalação elétrica sem segurança

Fotos: infiltrações

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Foto: Gambiarra Foto: Infiltração no corredor

Foto: Almoxarifado - Infiltração e falta de extintor

Foto: Depósito de material de construção: Infiltração e falta de extintor

Foto: Farmácia – Infiltração, gambiarra e falta de extintor.

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Fotos: Armazenamento de cilindros com bicicletário e sem grade de proteção.

Armazenamento de cilindro, junto com bicicletário, sem proteção e sem placas de sinalização de perigo.

Armazenamento de cilindro sem tela de proteção.

Foto: Exemplo de falta de uniformidade no traje. O primeiro EPI é o uniforme completo.

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Foto: Depósito de materiais em desuso sem extintor de incêndio e garoto recolhendo material para reciclagem.

Foto: Carpintaria: desarrumação, falta extintor.

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Foto: Oficina elétrica: desarrumação, falta extintor.

Fotos: Lavanderia

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ANEXO: resíduos

Foto: Carro de coleta interna Foto: Coleta interna: enfermaria

Foto: Classificação de resíduos Foto: Transporte em tambor plástico

Foto: Depósito de resíduos classificado Foto: Depósito de resíduos classificado

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Foto: Depósito de resíduos classificado Foto: Depósito de resíduos classificado

Foto: Portão externo de retirada de resíduos Foto: Portão externo de retirada de resíduos

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ANEXO II DA RESOLUÇÃO Nº. 17.563 Voto do Excelentíssimo Senhor Conselheiro Ivan barbosa

da Cunha

Da análise global, resulta comprovada a omissão da

administração, quando permaneceu silente, deixando de exercer o

necessário controle de determinados contratos. Decorre, daí, a incúria

administrativa na entrega de equipamentos essenciais à UTI Neonatal da

Fundação Santa Casa, em até 07 ou 08 meses depois das assinaturas

: Adoto, integralmente, como voto, o alentado, disciplinado e

consistente relatório da auditoria, feito sob medida, nos estritos

parâmetros a que se propôs, pela comissão que desenvolveu a inspeção

extraordinária, tendo como fato gerador a Resolução nº. 17.533, de 24 de

junho de 2008, do TCE.

Não obstante deva-se ter uma leitura global para

conhecimento e ciência do relatório, também, de forma e modo

universais, procurei assentar a idéia de me deter às recomendações e

conclusões, como desiderato maior e, talvez, único caminho para melhorar

todo o sistema administrativo/funcional da referida Fundação. As

recomendações são todas de caráter pedagógico e, portanto, não ensejam

dificuldades a mais não poder adotá-las.

Já as conclusões, vistas com olhos analíticos que remetem a

um juízo – que pode até ser dito de valor –, mas que têm contorno

conclusivo, merecem atenção especial, sem receio de dizer especialíssima,

para o bom desempenho da missão sublime e necessária a que se destina

a Santa Casa: hospital geral e de ensino, campo aberto para graduação e

estagiários, servindo a UFPA, a UEPA, a SEDUC de forma integrada e o

SENAC, sem contar que desenvolve pós-graduação médica (residência

médica) nas áreas de pediatria, tocoginecologia, dermatologia e clínica

médica, todas, sob supervisão do Ministério da Educação.

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desses contratos. Observa-se que a administração da fundação não foi

diligente, deixando de adotar medidas sob sua atribuição para fazer valer

a supremacia do interesse público, ao não obrigar o fiel cumprimento dos

contratos às empresas contratadas. E aqui, parte-se da premissa de que

os serviços públicos, mormente aqueles que envolvem ações na área da

saúde, devem ser prestados de forma eficiente e, no entanto, ficou

evidenciada, em razão da conduta desidiosa apontada, a violação ao

princípio da eficiência (CF/1988, artigo 37), configurada na má gestão

administrativa, a quando da condução dos atos inerentes às aludidas

contratações. Tem-se, ainda, a enfatizar que a negligência da

administração, ora relatada, assumiu uma gravidade maior, haja vista a

essencialidade da UTI Neonatal. Logo, o não cumprimento ao princípio

constitucional citado acima consistiu no fato de que a excessiva demora na

efetivação das aquisições de imprescindíveis equipamentos médico-

hospitalares, necessários a melhor equipar aquela unidade, por certo,

comprometeu a qualidade do atendimento ali prestado.

Ao final, corroborando o entendimento quanto à

essencialidade e à necessidade desses equipamentos, destaca-se o

contido no projeto de ampliação da UTI Neonatal da Fundação elaborado,

no presente exercício, pela coordenação de neonatologia da Instituição,

que descreve a situação enfrentada em virtude da falta dos mesmos e

suas conseqüências desastrosas.

Outro ponto fundamental foi o processo de substituição dos

servidores temporários pelos concursados, que não foi desenvolvido com o

devido planejamento, afetando a qualidade dos serviços oferecidos,

principalmente, no número de médicos pediatras nos plantões dos finais

de semana, que não atende às determinações da OMS, não obstante a

administração da Fundação ter sido alertada pela gerência de

neonatologia, no mês de março do corrente ano. Percebe-se, ainda, uma

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falta de coordenação na execução das políticas de saúde, desenvolvidas

entre o Estado e os municípios, visto que, os números de leitos de UTI

neonatal são insuficientes, o que leva à superlotação no único espaço

público destinado aos recém-nascidos enfermos, o que compromete,

sobremodo, o bom desenvolvimento dos serviços prestados pela

instituição.

Eminentes Conselheiros, procuramos desenvolver nosso

trabalho de forma absolutamente técnica, ao obedecer a princípios

naturais do procedimento de auditoria. Mas, a forma fria e técnica da

observação deste Relator não impede a idéia do exercício da sensibilidade,

por se tratar do bem mais precioso que existe, que é a vida e, como não

poderia ser diferente, o respeito à dignidade humana pressupõe respeito a

todas as pessoas do nascimento ao ocaso. Procuramos, sobremodo, e não

foi difícil fazê-lo, não nominar quaisquer administradores, servidores,

agentes públicos, pessoas de um modo geral que têm relação com o

hospital por entender que nossa missão, a missão deste TCE tipificada na

Constituição, não deve ultrapassar os limites ali determinados. Não

tratamos de pessoas e com pessoas para assacar-lhes responsabilidades

penais; não cabe a nós. Nosso trabalho foi estampado, largamente, à

sociedade paraense no momento da publicação, no DOE, da referida

resolução.

Do exposto, portanto e em conclusão, temos a sugerir:

a) recomendações constantes deste relatório;

b) a juntada do presente processo à prestação de contas

respectiva para análise em conjunto;

c) sugerimos ainda, que seja submetido à apreciação do

Douto Plenário a recomendação final do parecer do

Ministério Público/TCE, com o que concordamos, e;

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d) Por derradeiro, determino a remessa do presente,

recém-lido, relatório, com o respectivo voto, aos

seguintes órgãos, além da Fundação Santa Casa: Casa

Civil da Governadoria do Estado, Assembléia Legislativa

e Secretaria Executiva de Saúde Pública do Estado.

Este é o voto.

Ivan Barbosa da Cunha Conselheiro Relator

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VOTAÇÃO

Voto do Exmº. Sr. Conselheiro Lauro de Belém Sabbá: Acompanho o

relator.

Voto do Exmº. Sr. Conselheiro Nelson Luiz Teixeira Chaves: Acompanho o

relator, ratificando os meus pronunciamentos anteriores no sentido de

expressar o meu respeito aos técnicos, em todos os sentidos, da Santa

Casa de Misericórdia que a despeito de toda a situação descrita

minuciosamente pela comissão e pelo eminente relator, sei do sacrifício

que muitos daqueles profissionais desenvolvem para que a situação não

chegue ainda a um estado pior.

Voto da Exmª. Sra. Conselheira Maria de Lourdes Lima de Oliveira: De

acordo com o relator.

Voto do Exmº. Sr. Conselheiro CIPRIANO SABINO DE OLIVEIRA JÚNIOR:

Senhor Presidente, eu também quero manifestar o meu voto

integralmente, acompanhando o relatório do nobre conselheiro Ivan, mas

dizer o seguinte: finalmente nós vemos campanhas de ajuda à Santa

Casa, doutora Maria Helena, nobres conselheiros. Muitas doações, verbas,

medicamentos, fraldas, apoio voluntário àquela instituição. É uma ajuda

importante, mas a maior ajuda que podemos dar é uma gestão eficiente

com resultado positivo, que são as sugestões apresentadas pelo

conselheiro Ivan. Então acompanho integralmente o voto do relator.

Voto do Exmº. Sr. Conselheiro ANTONIO ERLINDO BRAGA: Eu acompanho

o voto do relator. Apenas esclareço que não estamos fazendo julgamento,

que se assim fosse haveria a necessidade das partes contrárias serem

ouvidas para ficar assegurado o contraditório e a ampla defesa. Estamos

aprovando um relatório; e as partes terão oportunidade, por ocasião da

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prestação de contas, de fazerem a sua defesa. Quero deixar bem claro

este ponto para não p0arecer que o Tribunal está fazendo julgamento de

administrações sem o direito de defesa.

Voto do Exmº. Sr. Conselheiro FERNANDO COUTINHO JORGE

(Presidente): Como presidente tenho a satisfação de parabenizar o ilustre

relator e a sua brilhante equipe que participou dia após dia,

exaustivamente, realizando esse estudo sério, profundo e que vai gerar

resultados importantes na mudança da situação. Esta presidência

satisfeita pelo cumprimento mais uma vez da missão deste Tribunal

perante a sociedade paraense vota favorável e integralmente ao seu

relatório, sobretudo ao seu voto.