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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 2 a Quinzena de Janeiro de 2010 Ano XXX - No. 1078 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual TELEVISÃO www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected] A UNIÃO FAZ A FORÇA 1+1+1+1 = 1 CULTURA Pág. 4 Sanjoaninas 2010 na California A Comissão das Festas das Sanjo- aninas 2010 chega à California no dia 20 de Janeiro. A Comitiva é cons- tituida pela Presi- dente das Festas Leticia Vieira, que se faz acompa- nhar de José Cou- to, representando a Tauromaquia e Vanessa Martinho, relações públicas. No dia seguinte juntar-se-á à co- mitiva a Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroismo, Andreia Cardoso. Este ano a comitiva traz consigo um grupo chamado “Alma do Fado” que fará uma homenagem a Amália. Veja o programa da visita na página 4. DESPORTO Gabriel Silva um futuro campeão Chama-se Ga- briel Silva e co- meçou a patinar aos quatro anos de idade. Joga nos juniores dos Sharks e com treze anos ape- nas já tirou o curso de arbitro, sendo o mais novo da história deste desporto. Além de se de- dicar de alma e coração ao des- porto que mais gosta, Gabriel Silva é tambem editor do Boletim da sua Escola - St. John Vianney, em San José, California. Gabriel é filho de Gabriel e Camila Silva e neto do nos- so amigo e assinante Carlos Silva, de San José. Parabéns ao Gabriel. TRANSPORTES Pag. 15 Preços da SATA mais convidativos para 2010 Como podem ler no anúncio da página 15, os preços da SATA Internacional são mais convidativos este ano. A viagem Oakland - Terceira e volta, custa $799.00 mais taxas, ou seja $1064.00 dólares. Para a viagem Pico e Faial o custo é de $1010.00 mais ta- xas. Esperemos que o próximo objectivo da SATA Internacional seja o de criar uma tarifa especial para todas Ilhas por igual preço. As comunidades das Américas merecem isso. Segundo informações da Azores Expresso, a campanha deste ano está com bom ritmo de vendas, o que é um bom sinal. PORTUGUESE FRATERNAL SOCIETY OF AMERICA - da fusão de quatro nasceu uma, mais forte, mais competitiva. Páginas 16, 17, 18

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Page 1: Tribuna 01/15/10

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2a Quinzena de Janeiro de 2010Ano XXX - No. 1078 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

TELEVISÃO

www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected]

A UNIÃO FAZ A FORÇA

1+1+1+1 = 1

CULTURAPág.4

Sanjoaninas 2010 na California

A Comissão das Festas das Sanjo-aninas 2010 chega à California no dia 20 de Janeiro.A Comitiva é cons-tituida pela Presi-dente das Festas Leticia Vieira, que se faz acompa-nhar de José Cou-to, representando a Tauromaquia e Vanessa Martinho, relações públicas.No dia seguinte juntar-se-á à co-mitiva a Presidente

da Câmara Municipal de Angra do Heroismo, Andreia Cardoso. Este ano a comitiva traz consigo um grupo chamado “Alma do Fado” que fará uma homenagem a Amália.Veja o programa da visita na página 4.

DESPORTO

Gabriel Silvaum futuro campeãoChama-se Ga-briel Silva e co-meçou a patinar aos quatro anos de idade. Joga nos juniores dos Sharks e com treze anos ape-nas já tirou o curso de arbitro, sendo o mais novo da história deste desporto.Além de se de-dicar de alma e coração ao des-porto que mais gosta, Gabriel Silva é tambem editor do Boletim da sua Escola - St. John Vianney, em San José, California.Gabriel é filho de Gabriel e Camila Silva e neto do nos-so amigo e assinante Carlos Silva, de San José.Parabéns ao Gabriel.

TRANSPORTESPag.15

Preços da SATA mais convidativos para 2010Como podem ler no anúncio da página 15, os preços da SATA Internacional são mais convidativos este ano.A viagem Oakland - Terceira e volta, custa $799.00 mais taxas, ou seja $1064.00 dólares.Para a viagem Pico e Faial o custo é de $1010.00 mais ta-xas.Esperemos que o próximo objectivo da SATA Internacional seja o de criar uma tarifa especial para todas Ilhas por igual preço. As comunidades das Américas merecem isso.Segundo informações da Azores Expresso, a campanha deste ano está com bom ritmo de vendas, o que é um bom sinal.

PORTUGUESE FRATERNAL SOCIETY OF AMERICA - da fusão de quatro nasceu uma, mais forte, mais competitiva. Páginas 16, 17, 18

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2 15 de Janeiro de 2010SEGUNDA PÁGINA

Year XXX, Number 1078, Jan 15, 2010

Faltou liderança...EDITORIAL

Depois de ler na revista Time e no Modesto Bee a história da demissão de quatro Bispos Irlandeses, por te-rem encoberto durante vinte anos as patifarias pedófilas de 170 padres que abusaram de crianças indefesas, veio-me à memória uma conversa que a minha avó me disse um dia depois de um célebre julgamento em Angra do Heroismo no princípio dos anos sessenta.A história deste julgamento (um dos mais tristes episódios da Justiça) conta-se em poucas palavras.Um pobre pedinte na hora de almo-ço bateu à porta de uma das casas da baixa de Angra. Alguém veio abrir a porta e distraídamente trazia a faca que estava a usar no almoço. Re-sultado: o pobre pedinte acabou no Hospital de Angra esfaqueado.Possívelmente esta notícia nunca saíu na imprensa local porque no tempo do fascismo a censura cortava todos estes casos de violência.Não me lembro quanto tempo é que demorou até ao julgamento, mas penso que foi rápido.A Sala de Julgamentos do Tribunal de Angra estava cheia para ver um caso inédito. Muitos alunos do Liceu faltaram às aulas, eu incluído, claro está.O advogado de defesa era um dos mais brilhantes defensores que ja-mais a Terceira teve.Depois do advogado de defesa e de várias testemunhas falarem bem do

arguido e já na parte final do julga-mento, o célebre advogado de defesa concluíu, em frente aos nossos olhos e em frente a um Juíz que ainda acre-ditava no sexo dos Anjos, que afinal o pobre pedinte tinha escorregado e tinha caído sobre a faca que o argui-do tinha na mão.Oh my God! Como era possível este desfecho? Nós, jovens na altura, fi-cámos boquiabertos. Toda a sala apercebeu-se que estávamos perante uma autêntica fraude judicial.Claro que um funcionário publico nunca poderia perder em favor de um pobre pedinte. Nesse dia a Jus-tiça foi mesmo injusta para ele e o Juíz, coitado, engoliu em seco, acre-ditou em todas as tretas que o advo-gado da defesa pôs na mesa. Foi um triste espectáculo que nunca mais esquecerei.Mas ainda o que mais me irritou-foi ver o advogado de defesa tentar comparar a família do pobre pedinte com a família, não do arguido, que era de outra ilha, mas com a família da esposa dele. Que raio de critério era esse? Uma autêntica fantasia.Ao chegar a casa contei este triste episódio durante o jantar e a minha avó disse “A Justiça não é, nem nun-ca será, igual para todos”. Sábias palavras de uma graciosense.

Diga-se em abono da verdade que nessa mesma Sala de Julgamentos, vi a Justiça ser servida e bem, quan-

do o Tribunal condenou a 28 anos de cadeia um homem da Terceira que pegou fogo à mulher e ao filho, es-tando ela grávida. Neste julgamento perdi dois ou três dias de aulas, mas valeu a pena.

Já agora conto-vos outro episódio ju-dicial, desta vez passado na Cidade da Horta. Eu deveria ter uns 14 anos e estava de férias lá por uns dias. Houve um jogo no Estádio do Faial Sport e alguém bateu no árbitro. Pas-sados dias ouvi que o julgamento era no outro dia.Lá compareci no Tribunal para mais uma vez observar como se fazia Jus-tiça nos Açores.A sala tinha pouca gente. Talvez en-tre oito a dez pessoas.Sentei-me a meio da sala e observei todo o princípio do julgamento com a defesa e acusação a esgrimirem ar-gumentos.Passado mais ou menos uma hora, o Juíz interrompe o julgamento e diz: “Aquele senhor ali faça favor de sair”.Olhámos todos para tráz para ver de quem se tratava e nada vimos de anormal. Novamente o Juíz diz a mesma frase e nada aconteceu, até que ele diz: “O senhor de pullover amarelo saia se faz favor”. Eu era o unico na sala com pullover amarelo e saí. Passados 50 anos ain-da estou para saber porquê.

Arnold Schwarzenegger veio para Sacramento com uma missão bem definida. Alterar regras do jogo político para que a California fosse melhor governada e que todos os anos não tivessemos que assistir à vergonhosa façanha de como não saber fazer orçamentos a tempo e horas.Passados estes anos, Arnold falhou a sua missão. É verda-de que ele era pago a um dólar por ano, por isso talvez não devessemos esperar muita coisa dele, mas rodeou-se de muitos assessores (que pouco o ajudaram) que ganhavam tanto como um deputado. Nesse aspecto ele só desperdi-çou dinheiro.O seu mandato acaba em pouco tempo e a California nada aprendeu com ele e ele nada aprendeu com a California. Os partidos dominantes do poder precisam urgentemente de serem contra balançados com um terceiro partido que urgentemente tem de aparecer. O que se lê na imprensa so-bre as guerrilhas políticas em Sacramento dá para um fil-me de terror e quem paga sempre são os que menos podem ou as organizações que mais precisam como a Educação.

Recebemos uma cópia da mensagem de Natal do Secretá-rio de Estado das Comunidades e pensámos logo: “Mensa-gens, leva-as o vento”. O que precisamos é de acção.Um Secretário de Estado só é reconduzido num governo se houver uma ou duas razões de três:1°. Se fez um bom trabalho durante quatro anos2º. Se é amigo do Primeiro Ministro3°. Ou se é um “Apparatchik” do seu Partido (vejam a defi-nição deste termo russo muito usado em política).

Deixamos à vossa consideração qual destas razões é que sustentaram a recondução do actual Secretário de Estado das Comunidades, que ninguém conhece. Passem bem.

jose avila

Crónicas do Perrexil

J.B.CastroAvilaA Justica não é igual para todos...

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3COLABORAÇÃO

LendasdoBomLadrãoTribuna da Saudade

FerreiraMoreno

No capítulo 23 do Evangelho de S. Lu-cas lê-se, “Quando chegaram ao chama-

do lugar da Caveira, ali crucifi-caram Jesus e os criminosos, um à sua direita e outro à sua esquer-da”. Enquanto um dos criminosos crucificados insultava Jesus, o outro repreendeu-o e pediu a Je-sus, “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus respondeu, “Eu te garanto, hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.Entretanto, esta passa-gem da narração evangélica não revela a identidade do criminoso, a quem Jesus garantiu entrada no Paraíso, mas através dos tempos, por via de lendas e narrativas apócrifas, o malfeitor à direita de Jesus tornou-se popularmente conhecido com o nome de Dimas e alcunha de O Bom Ladrão.Curiosamente, na Califórnia, a cerca de trinta milhas de Los Angeles, encontra-se a cidade de San Dimas, assim chamada à memória do Bom Ladrão e cor-respondendo à influência da orto-grafia espanhola, cujo sinónimo

em inglês é Saint Dismas. Apa-rentemente, o anglicizado nome Dismas deriva do grego Dysme, significando morte ou moribun-do. A referida cidade de San Dimas, com uma população ava-liada acima de 36 mil habitantes, foi estabelecida em 1887 pela San Jose Land Company, numa locali-dade denominada Mud Springs.Outra curiosidade, digna de re-gisto, está transcrita no Marti-rológio Romano. Na hipótese de Jesus ter sido crucificado aos 25 de Março, é esse dia designado em Jerusalém p’ra uma comemo-ração litúrgica ao Bom Ladrão. Igualmente de particular interes-se, convém apontar que, desde a Idade Média, São Dimas tem sido venerado e invocado como patro-no de prisioneiros e de gatunos.Exceptuando o que escreveu S. Lucas, nada mais sabemos a res-peito da história do Bom Ladrão. Mas tal qual como nos casos dou-tras personalidades mencionadas nos Evangelhos (Pilatos, José da Arimateia, Lázaro, Marta), de-pressa se fabricaram narrativas

O Carnaval já anda por aí

que se notabilizaram sobrema-neira na literatura apócrifa dos primeiros séculos da Cristanda-de.Assim, no Arábico Evangelho da Infância diz-se que, na Fuga p’ró Egipto, a Sagrada Família foi assaltada por uma quadrilha de bandidos, cujos chefes eram Titus e Dumachus. Movido por compaixão, Titus pediu a Du-machus a dar livre passagem aos viajantes. Ante a recusa obstina-da de Dumachus, Titus conse-guiu subordiná-lo com quarenta dracmas.

A narrativa prossegue descrevendo que Ma-ria teria prometido a Titus um lugar à

mão direita de Deus e remissão dos seus pecados. E o Menino Jesus, voltando-se p’ra Maria, te-ria acrescentado, “Daqui a trinta anos os judeus vão crucificar-me em Jerusalém e estes dois saltea-dores serão crucificados comigo, Titus à minha direita e Dumachus à minha esquerda, após o que Ti-tus entrará comigo no Paraíso”.Esta história, como tantas outras, foi acolhida com extraordinária popularidade, embora os nomes

vulgarmente associados com os ladrões serem Dimas e Gestas. De igual modo, temos conheci-mento doutros nomes, tais como Zoathan e Camatha.Era eu ainda criança nas ilhas, e já me regalava a ouvir contas as histórias do Bom Ladrão. Por exemplo, aquele episódio quan-do a Sagrada Família se abrigou numa caverna de salteadores, e um deles ficou encantado com o Deus-Menino. Quando a Sagra-da Família se aprontava a cami-nhar novamente, o salteador de nome Dimas depositou o meni-no no colo de sua Mãe, em cima da burrinha, e ofereceu-lhe um alvo cordeirinho. Num sorriso de agradecimento, Jesus teria dito a Dimas que se tornariam a encon-trar, o que alegadamente ocorreu ao tempo da crucifixão.Ouvi episódio semelhante ao contarem-me que, uns trinta anos antes da crucifixão, quando a Sagrada Família atravessava o deserto a caminho do Egipto, Dimas ter-se-ia lançado sobre dois bandidos da sua igualha, os quais haviam roubado a bolsa e o jumento de José. Sem delongas, Dimas obrigou os companheiros

Fotos de Jorge Ávila “Yaúca”

Grupo de Carnaval Cultural de San José actuando em Escalon no dia 9 de Janeiro, 2010

a fazer restituição, que o Menino Jesus agradeceu e prometeu que lhe pagaria na devida altura.Noutro episódio, na Fuga p’ró Egipto, a Sagrada Família per-noitou numa estalagem, cujos proprietários tinham um filho le-proso. Maria teria levado o Meni-no Jesus juntamente com o filho do casal. Este ficou milagrosa-mente curado da doença, encar-reirando mais tarde por uma vida de contrabando e ladroagem, que o levaria a ser crucificado. Ago-nizando no alto da cruz, Dimas demonstrou ser um ladrão ex-cepcional, pois que justamente à beira da morte foi ele, incontes-tavelmente, o ladrão que roubou o Paraíso!Ó minha bela menina,O teu amor é ladrão;Apanhei-o lá na quintaRoubando o meu coração.

Murmurar na vida alheiaÉ pior que ser ladrão;A quem furta, Deus perdoa,Mas a quem murmura, não!

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4 15 de Janeiro de 2010COLABORAÇÃO

Perspectivas

FernandoM.SoaresSilva

[email protected]

Da Música e dos Sons

NelsonPonta-Garç[email protected]

As desordens neuro-lógicas actualmente chamadas autistas quiçá já existiam sé-

culos antes de serem assim re-conhecidas e cunhadas por dedi-cados médicos que, após vários estudos e meticulosos rastreios, repudiaram a cruel e lastimável prática de se considerar retardado mental ou louco quem manifes-tasse sintomas ou anormalidades semelhantes à esquizofrenia ou a perturbações psicológicas. A primeira pessoa a usar a pa-lavra “autismo” num dos seus estudos publicado em 1911, foi o psiquiatra suíço DR. EUGEN BLEUTER, que, a empregou em referência às síndromes de esqui-zofrenia. Note-se aqui que o Dr. Bleuter foi também quem inven-tou o termo “esquizofrenia”. A palavra “autismo” era usada oca-sionalmente naquela época para designar alguém com síndromes que o, ou a, colocavam fora da “realidade da vida”.Só mais tarde, em 1943, o médi-co austríaco DR. LEO KANNER (1894-19810) deu ao “autismo” o seu significado contemporâneo. Nascido na Áustria e educado na Alemanha, o Dr. Kanner emigrou para os EUA em 1924. Em 1930, após já haver trabalhado 5 anos na famosa faculdade de Medicina da Universidade John Hoplins, em Baltimore, no Estado de Ma-ryland, o Dr. Kanner foi escolhido e nomeado para organizar e diri-gir a primeira clínica norte-ame-ricana de psiquiatria infantil num hospital pediátrico. Assim, o Dr. Kanner foi o primeiro psiquiatra pediátrico nos EUA. O seu livro “Child Psychiatry” (1935) foi a primeira obra em inglês dedicada ao estudo e realce de problemas psicopediátricos.Baseado nos seus estudos come-çados em 1938, o Dr. Kanner em 1943 publicou um novo estudo onde, sob o rótulo Early Infantile Autism, ele identificou e descre-veu os sintomas característicos de doenças de autismo infantil. Antes do aparecimento das con-clusões do Dr. Kanner, as crian-ças vitimadas por desordens de cunho autista eram classificadas deficientes mentais ou emocio-nais, e por vezes relegadas a rela-tivo ostracismo social. Nas suas experiências clínicas o Dr. Kanner havia observado que muitas das crianças confiadas aos seus cuidados psiquiátricos não exibiam sinais de perturba-ção mental ou emocional, e que os aparentes problemas cogniti-vos deveriam ter outras origens e causas. O seu supramencionado Early Infantile Autism é, na ver-dade, uma correcção cientifica de uma errada classificação tradi-cional. O termo “autismo” usado pelo Dr. Bleuter no contexto da esquizofrenia, foi adoptado pelo Dr. Kanner quiçá para expressar a tendência do autista em afastar-se da “realidade normal da vida”. Enquanto o Dr. Leo Kanner se concentrava na elaboração dos seus estudos, independentemente o médico pediatra HANS AS-PERGER (1906-1980) abordava aspectos de desordens de espec-tro autista, focalizando a meni-nice. Era natural de Viena, na Áustria, onde estudou e se espe-

As mais ouvidas em 2009

Programa da Visita das Sanjoaninas 2010

cializou em medicina pediátrica que ele exercia no hospital pedi-átrico da Universidade de Vie-na. Depois do findar da Segunda Guerra Mundial, o Dr. Asperger foi nomeado Director do Depar-tamento de Pediatria da mesma universidade, posto que ele ocu-pou durante 20 anos.As síndromes estudadas por este insigne pediatra hoje são deno-minadas SÍNDROMES ASPER-GER. No seu estudo “Psicopa-tologia Autista na Meninice” escrito antes de 1943 mas publi-cado em 1944, o Dr. Asperger es-pecificou e definiu as síndromes referentes aos modos de agir e às habilidades da criança autista, isto é, referentes à sua psicopatia autista. O Dr. Asperger notou a predomi-nância das seguintes anomalias no benigno tipo de autismo por ele estudado: Falta de empatia, que resulta em dificuldade em formar e manter relacionamentos de amizade; conversação monó-tona, repetitiva e unilateral; con-centração ou absorção intensa e exclusiva em coisas de interesse especial; movimentos desajeita-dos. Ele também verificou que numa criança vitimada por sín-dromes autistas a faculdade de comunicação muitas vezes não é afectada negativamente. Isto é, a criança nem sempre é destituída de fala, e pode falar. Actualmen-te é costume dizer-se que o, ou a, autista capaz de falar é autista do tipo “Asperger”.É interessante realçar que o Dr. Asperger durante a sua meninice sofria de alguns dos síndromes actualmente chamados “asper-ger”; talvez este facto tenha sido uma poderosa motivação na sua enorme dedicação profissional ao estudo do autismo benigno em crianças. Ele tinha experiência própria… e havia tido fases difí-ceis e penosas durante a sua me-ninice e juventude. Os historia-dores revelam que, entre outros problemas, ele tinha dificuldade em adquirir amigos, e era “remo-to” e solitário, embora talentoso e expressivo em varias línguas. Talvez baseado em parte na sua própria experiência autista, e qui-çá também fundamentado na sua prática profissional, o Dr. Hans Asperger acreditava que muitas crianças benignamente autistas possuidoras de talentos especiais ultrapassariam as suas anomalias e eventualmente funcionariam bem, ou muito bem, nas suas res-pectivas sociedades. Nisto ele diferiu do seu conterrâneo Dr. Leo Kanner que não se mostrou optimista numa positiva recupe-ração do indivíduo autista. Ao contrário de Kanner que atribuía as desordens autistas a causas principalmente psicológicas, As-perger acreditava serem as cau-sas biológicas, ou mais, precisa-mente, neurológicas.O doutor Asperger faleceu antes de os seus processos de identifi-cação de desordens autistas serem reconhecidos e popularizados in-ternacionalmente. A expressão “Síndromes Asperger” deve-se à cientista britânica Lorna Wing que discordava do modelo autista tradicional proposto pelo Dr. Leo Kanner em 1943 Em sínteses explicativas, serão

apresentados seguidamente os mais basilares e relevantes dados e aspectos dos fenómenos autis-tas que tanto preocupam a Hu-manidade dos nossos tempos. PRINCIPAIS CARACTERÍS-TICAS E SINTOMAS DE DE-SORDENS DE ESPECTRO AUTISTA

As desordens autísticas podem ser detectáveis com acuidade em crianças com 1 ano de idade, mas, em geral, são mais notórias aos 3 anos de idade. É importante salientar-se que o aparecimento de qualquer sintoma de aparente natureza autísta é sempre motivo suficiente para submeter a crian-ça a uma avaliação profissional especializada. De uma maneira geral, os pais ou familiares são os primeiros a no-tar anomalias no modo de agir e reagir da criança, apercebendo-se de diferenças ou inibições verifi-cadas talvez desde o nascimento, tais como inabilidade do bebé ou da criança em responder ou reagir aos que o circundam, ou persistente tendência em focar a sua atenção em qualquer coisa ou evento só por breves momentos. Note-se que estes sinais de pos-sível desordem autstica também surgem em crianças cujo desen-volvimento parece ou parecia ser normal. As principais características des-tas doenças são, em variáveis graus de intensidade, marcantes inibições e dificuldades em in-teracções sociais, anomalias nos processos de comunicação verbal e não-verbal, e restritivos bem como repetitivos e estereotipados padrões de comportamento.Mais especificamente: A gravida-de e o tipo de cada desordem de espectro autístico dependem dos respectivos sintomas e dos seus conjuntos de anomalias. Public Health Training Network Web-cast, apresentado por “Autism Among Us” aponta os seguintes indícios de possíveis doenças au-tísticas:A)O bebé, já com a idade de 1 ano, não balbucia, não aponta ou não gesticula significativamente.B)Ao atingir 16 meses de idade, ainda não formula uma palavra.C)Ao atingir 2 anos de idade, ain-da não combina duas palavras.D)Não responde ao ouvir o seu próprio nomeE)Perdeu habilidade linguística ou de interacção social.F)OUTROS SINTOMAS: Não estabelece contacto visual com outras pessoas: G)Exibe constante ou quase constante, mudança de atenção e interesse no que faz;H)Não sabe como brincar com brinquewdos, ou alinha-os com-pulsivamente; I)e faz o mesmo a outros objec-tos; J)Não sorri; K)Ocasionalmente parece ter di-ficuldade em ouvir.L) Às vezes, se o seu sistema sensorial é deficitário, a criança manifesta estranhas reacções a certos sons, tais como o tocar do telefone, os ruídos de uma venta-nia, o rolar e bater das ondas do mar, ou o mero som de um aspi-rador. (continua prox. edição)

A Tragédiado Autismo (I)

Chegada a São Francisco no dia 20 de Janeiro da Presidente das Sanjoani-nas, Letícia Vieira acompanhada por José Couto, representando a Tauro-maquia, Vanessa Martinho relações publicas e um grupo de 2 guitarristas e 2 fadistas, cujo conjunto tem o nome de Alma do Fado.No dia 21 às 7 horas da noite a comi-tiva será recebida no SalãoIFDES em Gilroy pela organização Gilroy Sister Cities Association, onde será servido um copo de água.

No dia 22, a comitiva vai estar na área de São Jose visitando vá-rios lugares turisticos, e darão uma entrevista na Rádio.Às 7 horas haverá jantar na SF Nova Aliança. Depois do jantar e da apresentação do Programa das Festas deste ano, seguir-se-á um espectaculo de Fados, com o Conjunto Alma do Fado, como tributo à grande Amália Rodrigues.Os bilhetes custam $20.00 e podem-nos reservar chamando o 408-842-4619 ou 408-483-3886

No dia 23, visita à Cidade irmã de Gustine e área circunvizinha.

No dia 24, visita à Cidade irmã de Tulare.

No dia 25 e 26 visita à Cidade de Artesia

No dia 27 partida para os Açores.

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5

Muito Bons Somos Nós

[email protected]

COLABORAÇÃO

As curvas de Zé Carioca

Confronto-me com mais um criterioso casting para a capa da Playboy portuguesa e lembro-

me de uma anedota da infância. Um homem abastado, pai de uma só filha, recebe em casa um pretendente à mão da miúda. O jantar corre bem: Pedro Miguel está nervosíssimo, Margaridinha idem aspas –mas a mãe, bondosa, desdobra-se em simpatias para com o rapaz e o velho, bem vis-tas as coisas, podia estar muito mais mal-encarado do que está. Até que a refeição acaba, as mu-lheres retiram-se para a cozinha e os homens sentam-se junto à la-reira, para fumar. “O cavalheiro pretende casar com a minha filha por amor ou por interesse?”, per-gunta, enfim, o velho dr. Sousa, cheio de gravidade. O moço pen-sa, meneia a cabeça, franze a tes-ta. E dispara: “Olhe, doutor, deve ser por amor, porque interesse nela eu não tenho nenhum.”O mesmo, de alguma forma, se passa com a Playboy portuguesa. Depois de Ana Malhoa, Cláudia Jacques e Cristina Areia, a Play-

boy-a-que-temos-direito desnuda agora Ruth Marlene, que se faz acompanhar nas fotografias pela sua irmã Jéssica (não, não é brin-cadeira, a moça chama-se mesmo Jéssica, louvado seja Deus Nosso Senhor, Pai da Eternidade, Prín-cipe da Paz). Pois é quanto bas-ta para declararmos consumado mais um feito único da autoria da Playboy portuguesa. Depois de ter sido a primeira Playboy do mundo a colocar um homem na capa (Ricardo Araújo Pereira, na edição de Dezembro), a Playboy portuguesa confirma-se tam-bém como a primeira Playboy do mundo que os leitores efecti-vamente compram pelos artigos. Pelas mulheres que ela lá traz é que ninguém a compra, de certe-za absoluta.Por acaso, estou a ser mauzinho. Na verdade, até tenho bastante ternura por Ruth Marlene, que, depois da última plástica que fez ao nariz, ficou parecidíssima com um candeeiro do Zé Carioca que eu tinha na mesa de cabeceira du-rante a infância, e à luz do qual praticamente aprendi a ler (devo-lhe tanto, ao diabo do candeeiro).

Mais: se alguma coisa tem pre-ocupado a Playboy portuguesa, é fazer as pessoas felizes. Pelo andar da carruagem, não há-de tardar muito até termos a senhora dona Júlia Pinheiro na capa, para infinito deleite de tantos e tantos frequentadores dos centros de dia deste país, tão necessitados an-dam eles de uma alegriazinha – e, mais tarde ou mais cedo, ainda haverá, enfim, umas páginas para a taróloga Maya, o que, tendo em conta as ansiedades da senhora, não deixa de ser um gesto de uma caridade imensa.

Mas não deixa de provocar-me algu-ma curiosidade a reacção do velho

Hugh, lá na mansão californiana onde costuma mandar uns piro-pos às coelhinhas antes de mais um crapaud com o motorista (a denúncia não é minha, é de Ken-dra Wilkinson, uma rapariga que viveu lá ano e meio e só fez sexo duas vezes) a este, digamos, esta-do de coisas. Quer dizer: como é que os senhores da Playboy por-tuguesa justificam ao bom do Mr.

Hefner as escolhas que fazem para a capa da revista? Pronto, vá lá: não falo de Ricardo Araújo Pereira, que de facto é um naco (embora tenhamos ficado todos com a impressão de que tinha muito mais para mostrar, pois aquilo, no fundo, foram só as co-vinhas do queixo e mais nada). E também não falo de Ana Ma-lhoa, que como todos sabemos foi a inspiração primeira do es-tilo de Rhianna (e que, portanto, Los Angeles conhece bem). Mas como explicar-lhe que, onde um dia a Playboy teve Marilyn Mon-roe, a Playboy portuguesa tenha Cláudia Jacques; que, onde um dia a Playboy teve Jane Mans-field, a Playboy portuguesa tenha Cristina Areia; que, onde um dia a Playboy teve Ursula Andress, a Playboy portuguesa tenha o meu candeeiro do Zé Carioca, ainda por cima acompanhado de um candeeirinho chamado (louvado seja Deus Nosso Senhor, Ma-ravilhoso Conselheiro, Anjo da Aliança) Jéssica?Pois talvez o elucidem, assim que o velho começar a levantar cabe-

lo: “Mas Hugh (podemos tratá-lo por Hugh?), não se esqueça de que cada uma destas raparigas se des-pe por apenas 800 euros…” – e o mais provável é que o argumento colha. Efectivamente, e após 55 anos a investir milhões para fazer uma revista que não fosse apenas de divas despidas, Hugh Hefner está agora falido, como se lê por toda a imprensa norte-americana. E talvez seja isso, aliás, a explicar porque é que, depois de tantos ve-lhos empresários de comunicação social terem tentado sem sucesso obter o franchise da Playboy para Portugal, o fundador da revista tenha optado por entregá-la a uns tipos que, para não fazerem uma revista apenas de divas despidas, decidiram fazer uma revista ape-nas de mulheres nuas.

in NS’, 9 de Janeiro de 2010

Crónicas Terceirenses

VictorRuiDores

[email protected] cheiros de Angra

...como explicar-lhe que, onde um dia a Playboy teve Marilyn Monroe, a Playboy portuguesa tenha Cláudia Jacques; que, onde um dia a Playboy teve Jane Mansfield, a Playboy portuguesa tenha Cristina Areia; que, onde um dia a Playboy teve Ursula Andress, a Playboy portuguesa tenha o meu candeeiro do Zé Carioca, ainda por cima acompanhado de um candeeirinho chamado (louvado seja Deus Nosso Senhor, Maravilhoso Conselheiro, Anjo da Aliança) Jéssica?

Guardo, da minha adolescência terceirense, cheiros, aromas e odores que continuam impreg-nados na minha memória afec-

tiva.Nos inícios dos anos 70 do século passado, eu era aluno do Liceu de Angra – em fase de iniciação poética e a contas com uma intensa crise sentimental. Nesse tempo, Angra cheirava a mar e, mais do que uma cidade sossegada, ela era um modo de ser. Eu vivia na rua das tascas (a Rua de Santo Espírito) e ainda hoje recordo exactamente o forte e intenso cheiro do vinho da “Ade-ga Santa”, do “Escondidinho” ou da “Ade-ga Biscoitense”.Em “Dia de São Vapor”, o Cais da Alfân-dega enchia-se de gente, malas, caixotes, sacas e carros de praça. O “Lima” ou o “Carvalho” Araújo” e, anos mais tarde, o “Funchal” ou o “Angra do Heroísmo” fica-vam fundeados ao largo da baía e pequenas lanchas, num vaivém constante, levavam e traziam passageiros e mercadorias. (Ali, por perto, as águas de um esgoto escor-riam para o mar e serviam de engodo para pescadores de todos os dias… E pairava no ar aquele cheirinho agridoce…).Era também em “Dia de São Vapor” que o Pátio da Alfândega, com a sua esplana-da repleta de mesas e cadeiras de vimes, assumia um ar festivo e elegante. Os em-pregados do Café Atlântico, situado ali ao lado, esmeravam-se no serviço. Com o Monte Brasil em frente, o Pátio da Al-fândega era uma verdadeira sala de visi-tas para todas as classes sociais. Gente da alta sociedade misturava-se com magalas do Castelo, vendedores ambulantes (o “Já Deu”), concubinas, maricas, reformados, polícias, guardas-fiscais, marítimos, ope-rários, pescadores… O Pátio da Alfândega cheirava a maresia. E, nas banquetas do Pátio da Alfândega,

partilhava-se muita ternura. E quando o desejo era inadiável, ia-se para o Relvão… Ou para o Tanque do Preto…No Pátio da Alfândega vagueava um no-bre vagabundo chamado Leonço, de cabe-los e barbas brancas, ele que usava sempre as calças muito puxadas e nunca calçava meias. Contava-se que, um dia, um caixei-ro-viajante o havia provocado: -Então, Leonço, tens umas meias que nun-ca mais as gastas…Ao que Leonço replicou:-Aí é que o meu amigo se engana. É que eu tenho umas cuecas feitas do mesmo tecido e já têm um buraco…

Anexa ao Café Atlântico, havia a barbea-ria de mestre Rocha, homem afável, me-tódico e bem disposto, que me cortava o cabelo uma vez por mês e era um “expert” nas tácticas futebolísticas. Ainda sinto os perfumes daquela barbearia…Ali, na Rua Direita, havia um dos cafés mais carismáticos de Angra do Heroísmo: o Chá Barrosa, local de tertúlias e de mui-to fumo e onde eu ia beber pirolitos…E havia o cheiro saboroso das queijadas da Pastelaria Lusa, cujo proprietário, o incontornável senhor Manuel Pereira da Costa, foi o primeiro “gentleman” que eu

verdadeiramente conheci. Mesmo ao lado, os odores variados da loja de retalho do Basílio Simões & Irmãos Lda. E, a fazer esquina para a Rua da Sé, o cheiro inten-síssimo a café do Berbereia. Nesse tempo, a Praça Velha era lugar de cavaqueira e local pertencente à estátua de Álvaro Martins Homem e aos engraxado-res e taxistas…Mais à frente e era o cheiro inebriante das flores exóticas e das árvores frondosas do Jardim Duque da Terceira. (Não se podia pisar a relva, sob pena de se pagar uma multa de 20 escudos…). O “Nicks” e o Tio Bailhão, recostados à fresca sombra, eram

os guardiães do Jar-dim…Na Rua da Sé, havia o cheiro dos produtos alimentícios do Mini-Max (a modernidade a chegar a Angra) e do Zeferino. E lá esta-va (e continua a estar) a Pastelaria Ataná-sio impregnada dos odores apetecíveis da melhor doçaria ter-ceirense.E havia a tasca do

Bailhão (alcunha de João Machado Bendi-to), onde comi o melhor pão de milho e o melhor queijo de cabra da minha vida.Não esquecerei o cheiro da fruta fresca do Mercado Duque de Bragança. E para sem-pre recordarei os bons filmes que vi no Te-atro Angrense ao cheiro nauseabundo do “chulé” dos soldados que povoavam o 4º piso da geral (a “pulga”)…À noite, a caminho da rua do mar para o Cais das Pipas, era aquele cheirinho fétido a urina…O Joaquim das Horas acertava invariavel-mente no tempo e, para ele, nevoeiro baixo

era “morrinha de cão”.E outros cheiros existiam. Ia-se para o Li-ceu com versos na algibeira e com discos do Zeca Afonso debaixo do braço. Havia intensa actividade cultural. Dentro e fora do Liceu e do Seminário. Escrevi a minha primeira prosa no “Vida Académica”. Ou-tros estudantes, mais velhos do que eu e já finalistas – o Marcolino Candeias, o Rui Rodrigues, o Luís Fagundes Duarte e ou-tros – eram considerados uma “cambada de comunistas”, segundo o reitor Eliseu Pato François… Falava-se em surdina con-tra a Guerra Colonial. As reuniões clan-destinas em casa do dr. José Bretão (a que eu assistia sem perceber patavina), o pro-grama “Vampiros” e as crónicas corajosas do padre Coelho de Sousa aos microfones do Rádio Clube de Angra, as “recomen-dações” poéticas que nos dava Emanuel Félix eram já o prenúncio que Abril estava a chegar… Aliás nesse tempo de opressão e repressão, tudo servia como manifesta-ção cultural e política, até a Tourada dos Estudantes…Quando, na rua, encontrava Armindo Jor-ge, meu saudoso professor primário, ele que sempre vaticinou para mim um futu-ro de historiador, recordava-me o glorioso passado da ilha Terceira:-Não te esqueças que aqui já foi só Por-tugal.E depois recordava-me o papel da Tercei-ra na resistência ao domínio filipino e na importante acção desempenhada nas lutas liberais. (O que, hoje, não me canso de lembrar aos meus alunos).É verdade. Saí um dia da Terceira. Mas a Terceira não saiu de mim.Não sei se tenho saudades do tempo que lá vivi ou se é da idade que tinha nesse tem-po… O que sei é que, em termos culturais, continuo a ser profundamente terceirense.

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6 15 de Janeiro de 2010COLABORAÇÃO

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Foi há 19 anos

Este artigo foi escrito no dia 28 de Outubro de 1987. Mas, agora ao relê-lo, lembrei-me que talvez alguns estimados leitores gostas-

sem de o ler e, quem sabe, recordar a sua aventura a caminho da América.Foi na tarde cinzenta e fria do dia 10 de De-zembro de 1967, que os meus pais, Victor e Margarida Nunes, manos, Isilda, Victor, Cecília, Maria e eu dissemos adeus ao nos-so torrão natal e, de abalada, caminhámos até à terra da América. Como quase todos que emigram, não foi fácil a partida.Os familiares e amigos encheram a nos-sa casa para um último abraço, um adeus até quando Deus quizesse! Parecia que também que o tempo queria associar-se à tristeza da partida. Chuvoso e frio fa-zia arrochar ainda mais o coração com a saudade que já começara a chegar, que nos acompanharia na viagem, e que connosco ficaria na nova Pátria adoptiva.Apesar da despedida e da distância que nos iriam separar, todos queriam um futu-ro melhor para nós. Tentar a sorte como já tinham feito tantos familiares e conterrâ-neos. Podia-se verificar que todas as pes-soas que tinham saído da nossa freguesia para outras ilhas, continente e Américas, tinham melhorado as suas vidas, incluindo parentes nossos na Califórnia que já tanto bem nos tinham feito.A decisão de emigrar foi tomada certa noite durante a ceia. O pai perguntou se era nosso desejo ir para a América, mas, que para isso, os filhos teriam que ajudar a sustentar o lar, porque, na sua idade, não o poderia fazer sozinho. Todos concorda-ram e, embora mais tarde alguém tivesse criticado isso, nenhum dos filhos se arre-pendeu.Só quem emigra sabe bem os problemas que envolve a preparação dos documen-tos, as despesas e as dores de cabeça... No nosso caso, tivemos de tratar da documen-tação no Faial para “emigrar” para São Miguel, onde, de novo, tivemos que fazer mais papelada...Quando se viam grupos de pessoas com grandes envelopes debaixo do braço, logo se sabia que eram as radiografias, símbolo de emigração. Ainda hoje estou para sa-ber quem teve a ideia de dizer que, quem bebesse cerveja preta antes de tirar as ra-diografias, ficava com os pulmões limpos. Quer dizer, se alguém tivesse algumas ci-catrizes nos pulmões, não havia problema. Era só ir à Melo Abreu e pronto, ficava tudo clarinho...Durante a nossa estadia em Ponta Delgada fomos hóspedes da tia Ana Cipriano que durante muitos anos abriu as suas portas a tantos emigrantes.

A passagem Santa Maria-Boston foi mar-cada para o dia 30 de Dezembro de 1967. Por muitos anos que viva, jamais esquece-rei o que senti quando foi anunciada a par-tida através dos altifalantes do aeroporto. Estava a ser arrancada das “pedras negras” para um mundo sem fronteiras. A emoção do momento é difícil de explicar. Parte de mim queria partir, outra parte queria ficar. Como era a primeira vez que entrava para um avião, foi com bastante ansiedade que subi os degraus da aeronave. A viagem decorreu cheia de sol e sem balanços mas, mesmo assim, parecia que o relógio queria gozar com os mais cobardes...A primeira paragem foi no aeroporto Kennedy, em New York. Para quem nun-ca lá passou, calculem a sensação de sair dos Açores e passar naquele aeroporto na véspera de passagem de ano. Depois seguimos para Boston onde nos espera-va o primo José Gonçalves que nos levou para Gloucester no seu “espada”, um novo Mercury. Permanecemos naquela cidade durante cinco dias na companhia dos tios José e Ludovina Morais e sua família. A mana Isilda e eu pernoitámos em casa dos primos José e Maria do Carmo Gonçalves. Estava a dormir há pouco tempo, quando acordei ao som de uns ruídos estranhos. Era o aquecimento da casa que eu des-conhecia. De manhã, ao chegar à janela, deparei com um cenário que jamais esque-cerei. Céu límpido e casas e ruas cobertas de neve que caira abundantemente durante a noite. Nem o mais talentoso pintor pode-ria duplicar na tela tamanho espectáculo. A Maria do Carmo preparou um delicioso pequeno almoço mas, de tudo o que ela colocou sobre a mesa, o que mais me pren-deu a atenção, foram as fatias de queijo amarelo individualmente embrulhadas em fino plástico. Como era diferente do nosso queijo do Pico!Em Gloucester tivemos as nossas primei-ras experiências na América. Entre outras, quedas no “snow”, visitas às grandes “sto-res”, ver televisão, as comidas. Tudo era novidade para nós e comecávamos a ob-servar a grandeza e o bulício desta terra.Após aqueles belos dias passados em Glou-cester e ao ver como os nossos familiares viviam, ganhámos ânimo para a nossa adaptação à nova vida na Califórnia. Chegou a altura de mais um adeus e de to-mar o avião para San Francisco onde nos esperava os tios Manuel e Maria da Silva, responsáveis pela nossa vinda e a quem fico eternamente grata, a tia Sara Candido e filha Maria José, o Sr e Sra Rui Silva e filha Cecília, e o Sr. Joaquim Vargas. Mui-toa abraços e algumas lágrimas. Caloro-sas boas-vindas e muita amizade. Era a última etapa da nossa viagem Açores-Ca-lifórnia e o começo da nossa peregrinação emigrante. Foi há 19 anos...

Traços do Quotidiano

[email protected]

Portuguese Cultural ClassPurpose: To reacquaint those of Portuguese ancestry with their Portuguese roots, including history (immigration to the U.S.A. included) and a study of Manteca’s Portuguese community over the years, cultural traditions, .religious and fraternal, foods, language and folk dances, with an emphasis on Azorean influence.Target Group: Anyone age 14+ who wishes to refresh their Portuguese culture or any other person who would like to know more about the Portuguese culture.When: Wednesday’s 6:00-8:00 p.m. Dates: Jan. 6 tbru Mar. 3, 2010Nine, two hour sessions (18 hours of total instruction)Where: Manteca Ripon Pentecost Society (M.R.P.S. Hall) Chapel/Capella133 N. Grant Street, MantecaFee: $50 - Also covers cost of printed curriculum materials ,the maincourse for a Portuguese potluc~ and Chamarita lessons.Each island of the Azores is covered, Fatima, Festas, Fado etc.’(SIGN UP/AND PAY AT DELICATO WINETASTING ROOM HWY 99/FRONTAGE ROAD TO INSURE A SPOT IN THE CLASS)

Instructor: Mary (Gomes) Del PinoCredentialed High School TeacherFirst Editor of the Luso-American Fraternal Magazine

A Foto da Quinzena by Jorge Avila “Yauca”

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7COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

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Ano novo, renovada esperança, reavivados estímulos reacen-dem-nos a chama anímica no reabrir do calendário.

Novidades? Tudo indica que sim. Que este ano vai ser ligeiramente melhor do que o transacto, ja não parecem restar grandes dúvidas. É uma perspectiva feliz que começa a reunir consensos encorajantes e a ganhar contornos animadores. Os especialistas na matéria já vislumbram o definhar da crise e, cada um de nós, à sua maneira, tambem tenta arranjar argumentos válidos para ul-trapassar as dificuldades. Os meus perma-necem optimistas. Afectado pelo desemprego mas sempre atarefado com trabalho útil que não deixo por mãos alheias, venho hoje ilustrar aqui com um simples exemplo o meu ousado e instintivo optimismo.Primeiro, e para que possamos arrancar todos de boa fé rumo ao que de bom nos espera, acho importante desfazermo-nos de certos mitos prejudiciais à saúde comu-nitária.Há certas “bocas” que se mandam por aí ao desbarato em atrevidinho tom de sa-loia brincadeira que não nos ficam nada bem. Antes pelo contrário. O malicioso zumzum, por exemplo, dalguns “bossas” portugueses carregarem com a má fama de serem uns perfeitos “sanabaganas” para os seus luso-empregados, terá porventura al-guma piada? Acho que não. Há, no entan-to, quem se divirta por aí a denegrir com certo ar de gozo a nossa empreendedora gente de sucesso comprovado. Qual é o problema em dar-se crédito e reconhecer-se valor a quem o merece? Trabalhei durante nuitos anos para uma “companhia” de portugueses que me dei-xaram as melhores recordações. Trabalho

de vez em quando para um “contratista” açoriano que me trata muitíssimo bem. Aliás, não o vejo tratar ninguem mal. Bem pelo contrário. O homem trata os empre-gados muito melhor do que manda a lei. Às vezes, até parece mentira. Mas, esta é mesmo verdade.

Foi no penúltimo dia do ano. Trabalhá-vamos os três com afinco num projecto urgente que requeria redobrado esforço e a máxima concentração. O meu colega ajudava mais de perto o nosso deligente patrão que, mesmo a contas com uma ter-rível dor de cabeca, fazia das tripas cora-ção para acabar com a empreitada dentro do prazo exigido. Eu estava ali apenas pra

lhes prestar assistência. A dada altura, já meio “stressado”, pede-me o “bossa” uma qualquer ponta de madeira ajeitada para largar umas quantas pancadas num pesa-do tubo de metal que não queria dar de si. Arranjei-lhe um tosco toro de “tubaifor” que ele de pronto entregou ao meu colega dizendo-lhe para desferir cautelosamen-te as pauladas no tubo que segurava com firmeza entre as mãos. Zeloso mas tam-bem nervoso, ao querer fazer-se forte para mostrar serviço e ganhar alguns pontos ali na cara do patrão, o meu colega desancou a primeira pancada com conta, peso mas sem medida. O pau bateu no tubo e esca-poliu de pronto para a nuca desprotegida do “bossa”, que soltou um grito dolorido enquanto levava as mãos à cabeça, con-torcendo-se em óbvia dor. O meu colega ficou sem saber o que fazer e eu temi por ele. Aquela desajeitada pancada podia-lhe vir a sair bem cara. A cara do patrão metia dó quando me pe-diu para lhe apalpar com a ponta dos de-dos o feio “galo” a cacarejar-lhe capricho-samente na superficie inflamada do couro cabeludo. “Está despedido. O meu colega não escapa des-ta”, desabafei para com os meus botões. Sem saber onde se meter, ele tambem pen-sou o mesmo. Nisto, contra as nossas falha-das previsões, o “bossa” levanta vagarosamente

a cabeça deixando escapar um amarelado sorriso entredentes com palavras inespe-radas: “Pancada milagrosa! Passou-me a dor de cabeça.” Passado o episódio sem estragos de maior, talvez grato pelo remédio santo que lhe curara abruptamente a enxaqueca, o nosso simpático patrão decidiu-se generosamen-te por nos pagar o almoço, sentando-se à mesa connosco. Ainda condoído e enver-gonhado pela desastrada pancada de há bocado, o meu colega tratou logo de assu-mir a culpa procurando desculpas: “…para a próxima, garanto que não volta a acon-tecer…”. O “bossa” interrompeu-o. Estava bem humorado: “…para a próxima, não há que enganar. Se me voltarem as dores de cabeça, eu aviso-te. Em vez duma pancada mal dada, dá-me duas bem medidas.”

As gargalhadas, à sobremesa, caíram-nos muitissimo bem. Eram, afinal, a tónica ideal para arrancarmos optimistas para este novo ano – inspirados naquele espiri-to fraterno e tolerante que, às vezes, tanta falta nos faz.

Tónica ideal

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8 15 de Janeiro de 2010COLABORAÇÃO

Monumentoaosex-CombatentesdoUltramar

Cada Ano Novo chega cheio de esperança — que trará mais paz, mais amor, mais pros-

peridade. No entanto, como po-demos ver, ouvir, e ler todos os dias, e por todo o mundo a vio-lência reina: violência doméstica, misogamia, discriminação racial, sexual, e etária; famílias destitu-ídas e desalojadas; empresas fali-das e milhares de desempregados; ataques de terrorismo; guerras e ameaças de mais guerras. A revista Times denominou os últimos dez anos, o prazo entre os anos 2000-2009 a “Deca-de from Hell.” Começou com 9/11 e terminou com a dizima-ção financeira, afirmando que os primeiros dez (10) anos deste século provávelmente serão con-siderados a década mais desen-corajante e decepcionante para os americanos da era após-Segunda Guerra Mundial. O jornal San Jose Mercury News, por sua vez, chama esta mesma era a “Lost Decade” e usa o NASDAQ (Na-tional Association of Securities Dealers Automated Quotations) para exemplificar o seu ponto de vista. Esta bolsa, uma das mais influentes do mundo, no começo da década, chegou a listar mais de 5.000 ações de diferentes em-presas, muitas do Silicon Valley, e em Março de 2009 baixou a pouco mais de 1.000, uma queda de 74.9 por cento. É compreensível que muitos se sintam desencorajados e pessi-mistas mas, do meu ponto de vis-ta, penso que todos estes acon-tecimentos fazem parte do que chamamos em inglês “growing pains”, dores de crescimento. Acredito que a consciência da humanidade está sempre a evo-luir e a crescer. Um número cada vez maior começa a compreender que fazemos todos parte da mes-ma família, a Humanidade, e que compartilhamos da mesma casa, a Terra. A tecnologia desenvol-vida durante esta década muito contribuiu para aproximar todos os membros da nossa “família”. O mundo, embora agora mais pe-queno, tem os meios e a capaci-dade de se tornar mais acolhedor e tolerante. Não nego, a nível pessoal, os últimos dez anos foram anos de desafio e de grandes mudanças, algumas bastante dolorosas, mas também vivi momentos de gran-de alegria e descobrimento. Hoje,

a manhã do primeiro dia do ano 2010, sinto-me mais sábia e mui-to mais segura na vida que há dez anos. Gostaria de acreditar que a cons-ciência humana, tal como nós, continua a crescer e a desen-volver a caminho do “paraíso” prometido. Só temos que olhar à nossa volta para apreciarmos as grandes transformações sociais da última década do século XX e da primeira década do século XXI. Peter F. Drucker num artigo na revista Atlantic Monthly, em Novembro de 1994, escreve que nenhum outro século na história moderna sofreu mais transfor-mações sociais do que o século XX e que nenhuma delas devido à política sangrenta daquele pe-ríodo. Pelo contrário, afirma que o século XX provou que a polí-tica, as guerras civís e mundiais, massacres, limpezas étnicas, e holocausto, foram inúteis e em vão. Drucker prediz que estas transformações continuarão na primeira década do século XXI e termina a sua tese declarando que, se o século XX foi a época de transformação social, o século XXI terá de ser a época de inova-ção social e política.

Tal como Drucker in-sinua, não creio que muitas das instituições existentes tenham a

capacidade de lidar com as pre-sentes condições precárias do mundo. Na minha experiência, a maioria dos seres humanos são “homens de boa vontade”, seres sensíveis, caridosos, e pacíficos — ao contrário do que nos pos-sam dizer — foram as instituições que falharam miseravelmente.Tenho esperança que o século XXI será realmente a época de inovação social e política. Faço votos para que a segunda década deste século, ainda bastante jo-vem, seja impregnada de ideias e acções inovadoras e que todos os “homens de boa vontade” te-nham a sabedoria e a circunspec-ção para rejeitar todas as cren-ças, sociedades, congregações, instituições, e partidos politicos que já não podem justificar a sua existência entre a humanidade — uma verdadeira inovação social e política.Feliz Ano Novo!

O monumento em honra aos ex-combatentes portugueses do Ul-tramar, sobre o qual

vos falei no verão passado, foi oficialmente inaugurado com pompa e circunstância, para re-gozijo de toda a comunidade e dos organizmos envolvidos.O Memorial, tornando realida-de uma iniciativa da Associa-ção Portuguesa de Manitoba e Núcleo da Liga dos Combaten-tes de Portugal em Winnipeg, de que Pedro Correia é ilustre presidente, homenageia os com-batentes do passado, presente e futuro.Constituindo um acontecimento inédito entre as nossas comuni-dades espalhadas pelo Canadá e respectivos núcleos da Liga dos Combatentes, mereceu ex-tensiva cobertura da parte da comunicação social da comuni-dade portuguesa do Manitoba e dos “Média” canadianos locais. Paralelamente, foi alvo de mui-ta consideração nas páginas da revista continental, Combaten-te, da Liga dos Combatentes, de Lisboa.Segundo a “Combatente”, em cuja capa reproduz uma suges-tiva foto do monumento sob o título “mais um marco de Por-tugal no Mundo”, trata-se de um “projecto do arquitecto por-tuguês Varandas dos Santos,

desenvolvendo um conceito de universalidade da cultura por-tuguesa e invocando a presença do Combatente Português nos vários continentes”. Foi concre-tizado com o apoio da provín-cia do Manitoba, da Liga dos Combatentes, da comunidade Canadiana e Portuguesa, da re-ferida Associação Portuguesa de Manitoba e da Chapel Lawn Memorial Gardens.Continuando a citar a supermen-cionada revista, o evento, a que assistiram elementos dos três ramos das forças armadas ca-nadianas e o Cônsul Português, entre inúmeras outras individu-alidades civis do Manitoba, “de-senvolveu-se de acordo com um programa devidamente elabora-do, que começou por evidenciar a atitude da Cidadania de todos os presentes, com o toque dos Hinos Nacionais do Caanadá e de Portugal, a cargo da Banda Lira de Fátima, de Winnipeg”.De relevo, também, o facto de, logo após a inauguração do monumento, o coronel Lucas Hilário, com o apoio do mais novo combatente residente em Winnipeg - Paulo Gomes - ter entregue a bandeira de Portu-gal, usada no acto, ao Cônsul de Portugal e meu amigo de longa data, Paulo Cabral, “para que o Consulado se tornasse fiel depo-sitário da mesma, por estar as-

sociada a um acto histórico para a comunidade, para os comba-tentes e para Portugal”.Para o dinâmico presidenete da Associação Portuguesa dos Ve-teranos da Guerra, de Winnipeg, Manitoba, Pedro Aires Simões Correia, natural de Ponta Delga-da e meu amigo de infância, ao salientar o desejo e o empenha-mento patentes na comunidade em ter querido homenagear os heróis da Pátria, e evidenciando, também, todos os apoios rece-bidos, esta é uma “realidade de que todos se sentem orgulhosos e que prestigia os Portugueses, a Liga dos Combatentes e Por-tugal”. O feliz acontecimento foi en-cerrado com uma agradável re-cepção nas instalações dos jar-dins da Chapel Lawn Memorial Gardens, com elevado número de esposas dos combatentes e o sentimento de regozijo e orgu-lho de todos os presentes. Felicito a comunidade irmã de Winnipeg, com uma saudação muito amiga e de orgulho por este notável projecto em terras canadianas, que muito honra Portugal, marca com distinção a comunidade local e premeia toda a dedicação e esforço da Associação Portuguesa dos Ve-teranos da Guerra, daquela pro-víncia.

Crónica de Montreal

[email protected]

A Outra Voz

GorettiSilveira

[email protected]

Consulado Geral de Portugal em São FranciscoTelefone 415.346.3400Fax [email protected]ões telefónicas e endere-ços de e-mail:

Cônsul GeralDr. António Costa MouraExt. [email protected]ônsulManuela SilveiraExt. [email protected]

ChancelerJúlia ChinExt. 200Jú[email protected]

- Venceslau SilveiraExt. [email protected] Anthony LaoExt. [email protected] Susana PintoExt. [email protected] Anabela SousaExt. [email protected] João MendonçaExt. 206

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9COLABORAÇÃO

Nascimento • Tiago Câmara Ferreira

Comunidades do Sul

FernandoDutra

Como é tradição, no dia 5 do mês de Dezembro este magnífico grupo levou a efeito mais um

convívio Natalício e simultânea-mente celebraram o seu décimo aniversário ao serviço da comu-nidade. Pelas 12:30, o mestre de cerimónias e director do mesmo, António Coelho, anunciou o pro-grama, fez as apresentações da praxe, incluindo a do Mayor da Cidade, Tony Lima e chamou D. Alice Pacheco a qual procedeu à Oração de Graças. Seguiu-se o inicio do programa, com a actu-ação do supracitado grupo que, sob a regência do mestre, Manuel

Madruga da Silva, os seus vinte componentes e quatro tocadores, Manuel Ivo Cota no acordeão e piano, Antonio Sousa, no violi-no, João Esteves, bandolim, Lary Coelho à viola e Manuel José-Martins no saxafone. Apresenta-ram um maravilhoso programa, constando do seguinte: “Natal de Esperança”, “Noite de Famí-lia”, “Boas Festas”, “Eu tive um sonho”, “O Tia Anica”, ”A vida”, “Canção do Grupo de Amizade”, “Parabéns a Você” e “America the Beautiful”. Realmente foi um programa espectacular.Um pequeno intervalo que foi aproveitado para o lauto lanche, onde todos foram servidos com diversas comidas apetitosas e abundantes.

Fado

Chegou a hora do Fado e Rafael Ferreira, acompanhado por Ivo Cota e Larry Coelho, cantou três magnificos fados. O Rafael podia ser um excelente fadista, mas está mal aproveitado, apenas canta uma ou duas vezes por ano. Tam-bém apreciámos o grupo jovem da Luso American em algumas canções do Natal. Subiu então ao palco Juliana Sousa que acompa-nhada por Ivo Cota e Larry Co-elho, mostrou que também daria uma boa fadista. O caso é idênti-

co ao do Rafael, só canta em fes-tas deste género e evidentemen-te sem ensaios. O outro fadista, pensamos que foi a primeira vez que se apresentou em publico, Pa-trick Sales, acompanhado pelos mesmos tocadores, desempenhou a sua missão para agrado geral. Como é muito novo deveria con-tinuar, porque voz e apresentação não lhe faltam. Seguiram-se dois jovens, Andrew Coelho e um amigo americano, cada um com a sua viola, tocaram e encantaram, várias cancoes, em inglês, a duas vozes. Combinaram perfeitamen-te, bem afinados e entoados.Para terminar apreciámos a ban-da de metais do Artesia D.E.S., vinte elementos incluindo o maestro, o dinâmico David Cos-ta. Como nos anos anteriores, este grupo de metais interpretou diversos e significativos nume-ros musicais natalícios, dignos de

Grupo Coral da Hora Social Portuguesa de Artesiaapreciação e aplausos.Estão de parabéns todos os in-tervenientes nesta festa de Natal bem como todo o grupo organi-zador com um excelente progra-ma.

Além do mestre de cerimónias, sr. Antonio Coelho, usaram da palavra o Mayor da Cidade, Tony Lima, Manuel Madruga e Ercílio Cardoso, Presidente da Artesia D.E.S.

Da nossa parte sinceras congra-tulações e agradecimentos pelo convite endereçado.

Nasceu na madrugada do dia 24 de Se-tembro, Tiago Câmara Ferreira, filho de Deanne Câmara Ferreira e Fernando Ferreira, com domicilio em Filadelfia, Pennsylvania. Pesou 7 lb. e 14 oz. Nas-ceu no The Birth Center (em Bryn Mawr, Pennsylvania) com a assistência duma parteira e uma enfermeira. Os avós ma-ternos (na foto) são Joe e Silvina Câmara, de Turlock. Os avós paternos são Elza Vendramel e Samuel Ferreira de Maringa, Brazil.

Tribuna Portuguesa congratula todas as familias.

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10 15 de Janeiro de 2010COLABORAÇÃO

Relacionamento com PortugalReflexos do Dia–a–Dia

[email protected]

Memorandum

João-Luí[email protected]

Convergência de afectos*

Bom dia!Começo por saudar os presentes e por expressar o meu sincero contentamento por estar aqui,

como participante, neste invulgar “episó-dio democrático” da rotina sócio-cultural da Universidade dos Açores. Na minha condição de amador da teimosia de viver, creio estar dispensado duma justificação nobilitante para me credenciar ̀ a participa-ção neste honroso painel. De resto, é sem-pre bom lembrar que as universidades não devem ficar cativas da sua missão “disse-minadora” do conhecimento armazenado na velha escola do “quieta non movere”. A aposta democrática na inter-convivialidade sócio-cultural com os que se distinguem nas trincheiras comunitárias da lusofonia, diz bem da maturidade do testemunho de coragem académica em curso.O simpático convite da Direcção Regional das Comunidades faz parte dessa aposta descomplexada no entusiasmo participati-vo do talento disperso pela geografia, mas solidário com o projecto de reaproximação e concertação da diversidade artístico-li-terária. Gostaria ainda de salientar o facto (para mim muito gratificante) deste painel ser presidido pelo professor Eduíno de Jesus. Atrevo-me a ir um pouco “ao arrepio” do protocolo para dizer que o escritor Eduí-no de Jesus é uma das mais conceituadas referências literárias do panorama artísti-co da diáspora açoriana. Aproveito ainda para recordar, com justificada emoção, um dos primeiros textos da sua autoria que me foi dado ler: refiro-me ao preâmbulo ao li-vro do saudoso poeta Virgílio de Oliveira, intitulado “Rosas que vão Abrindo”, edita-do nos Açores, em 1957.

Vamos adiante. Agora vou cuidar da magnânima pergunta que acaba de ser proposta ao painel de que faço parte: Porque Escrevo? Vamos a ver se consigo descobrir a chave do o cofre da espontaneidade... Ainda não logrei saber se escrevo para descortinar segredos porventura escondidos na voz do silêncio. Reconheço que disponho de ma-gro capital inventivo para investir em de-finições. Preocupa-me mais a “chave-do-segredo” da mensagem do que a idolatria do perfil do mensageiro. Gosto de pensar à sombra das palavras, não por comodismo puritano, mas pela prudência; as palavras nem sempre seguem pressurosas em busca da luz das ideias inquietantes... E também gosto de escrever quando me sinto sob o pálio dos inventores da alegria de fintar a morte. Já esclareço: quando me sinto “notário oficioso” da tristeza de ter nascido, atrevo-me a rasgar as folhas des-botadas da espera... (se calhar, escrever é como ser massagista das curvas do pensa-mento, para fazê-lo murmurar ideias que-ridas ao ouvido das emoções...). Sugiro que talvez valha a pena aprender-mos uns com os outros a não resvalar no delírio de rubricar a história com o traça-do das nossas ego-urgências. Que adianta ficarmos cativos do circuito-fechado da auto-escultura? Desde há muito vimos aprendendo que o mastro da vida dispensa estandartes para despertar vaidades... Confesso que sou candidato a operário da escrita: sou aprendiz do ofício de construir pontes de comunicacão com dois sentidos: Chegadas & Partidas. E aprecio quando a solidariedade vive “solteira” – ou seja, a solidariedade não deve namorar a reci-

procidade, na mira de ser herdeira da pro-messa jurídica da troca dum bem por outro bem considerado equivalente... Entretanto, caros companheiras(os), seja-me permitido lembrar uma quadra que fiz publicar em 2007:

... luta contra todo o mal faze o bem e logo esquece:

a vida é missa-campal quando a justiça acontece.

Recapitulemos: o bem-comum não deveria uma alavanca calculista para o investimen-to matreiro na “bolsa” da reciprocidade. A Escrita é a aleluia da palavra ressuscitada na brancura do papel. Mas afinal ... porque escrevo? Vejamos: escrevo porque preciso de ar para respirar; não me divirto a “brincar-às- escondidas” atrás do guarda-vento do mistério da Vida! Gosto muito de escre-ver no papel da imaginacão... Para mim, escrever é não falhar presença no cais de desembarque da palavra-de-honra... para celebrar o presente e escutar o evangelho do futuro! Sim, também escrevo quando ouço as so-natas melancólicas da dor alheia. (Acho que foi a poetisa Maya Angelou quem sugeriu esta interrogação maravilhosa: - “porque será que os pássaros cativos em gaiolas continuam a cantar...?” Ó céus! delicio-me a escrever (esculpir palavras?) quando reparo no arco-íris da inteligência duma Mulher-poema, cujo perfil desafia o “analfabetismo” estético-emocional dos que bocejam distraídos pe-rante a beleza que dispensa dizeres eston-teantes da vulgaridade provinciana... Estimados Companheiros e Colegas:

como estamos prestes a escutar os dize-res do artista Semy Braga (que faz parte da embaixada cultural que veio do outro lado do equador para “abrasar” a nossa convivialidade artística), vou interromper este meu curto desabafo emocional, usan-do como interruptor alguns versos do meu poemeto “Em busca do Poema”, patente no (Re)verso da Palavra:

marchar com a coragem de ter medosem temor das curvas do mistério:atlanta-comovido a oeste do dilemacativo na vala-comum duma espera

em queda-livre em busca do poema... Fico desde já à mercê das vossas questões, para descortinar algoque tenha porventura ficado nublado pela emocionalidade discursiva deste vosso poeta-emigrante, que há três décadas mur-murou aos seus conterrâneos que “emigrar não é partir nem vergar – é partir para um novo-estar.” Termino, com um excerto poético das res-sonâncias aquecidas no crepitar da foguei-ra da saudade, como ilhéu descendente de gerações formadas “na escola da tortura repetida e no uso do penar tornado cren-te”...

vim, estou aqui, para testemunhara dor-de-parto da palavra de honra:

– vamos proibir o Infinito de minguara finitude humana...

(*) – I Encontro “convergência de afectos” da diáspora lusófona, realizado na Universidade dos Açores Outubro, 2009

É o início de mais um ano. Um ano, que como todos os que o procede-ram, será assinalado por

uma amalgama de eventos que marcarão as nossas vidas indi-viduais e colectivas. Nas nossas comunidades de origem portu-guesa do estado da Califórnia, será, indubitavelmente, mais um ano de transição para as novas comunidades. A tal metamorfo-se que andámos a falar há anos. E apesar de ser íngreme reflectir-se as nossas comunidades em voz alta, faço-o neste espaço porque há muito que me habituei a pagar o preço dessa factura.Em 2009, tivemos um pouco das mesmas actividades e vivemos os mesmos dilemas que há anos nos circunscrevem como comunida-des étnicas no multiculturalismo californiano. Lamentámos as mesmas vicissitudes e pouco ou nada fizemos para as modificar. Daí que para olharmos a 2010, não seria má ideia, fazermos uma retrospectiva a 2009 e relembrar-mo-nos alguns dos assuntos que estiveram na ribalta das nossas pequenas praças públicas. Um dos assuntos que marca as nossas comunidades, além das habituais festas, que são impor-tantes para o espírito social que temos, foi, o das relações Portu-gal/Comunidades. Como se sabe Portugal, e os seus sucessivos go-vernos, ora do centro/direita ora do centro/esquerda, tem tido um

relacionamento dificultoso como todas as suas comunidades, mas a dos Estados Unidos, e a da Ca-lifórnia em particular, tem sido extremamente complexo. Por um lado as comunidades da Califórnia estão, como se sabe, geograficamente bastante disper-sas. Desde Arcata no norte a San Diego no sul, vivem pequenos nú-cleos de portugueses e luso-des-cendentes que ainda têm algum relacionamento com Portugal e com a cultura do seu país de ori-gem ou do país dos seus antepas-sados. Mas este facto ainda hoje continua despercebido por Por-tugal e muitos dos seus políticos e governantes ligados à temática das comunidades. Daí que ainda se auscultam clamores do terreiro do paço (que para muitos de nós não representa mais do que um termo caricato) a verbalizarem, e em voz bem alta na comunicação social, que fizeram uma visita às comunidades da Califórnia, quando apenas estiveram numa cidade ou numa região. Caso para relembrar o actual Secretário de Estado das Comu-nidades, que esteve em San Die-go, mas para ele, esteve na Cali-fórnia. Se é verdade que esteve numa cidade da Califórnia, por sinal uma das cidades mais bo-nitas da Califórnia (não sei se já repararam mas nunca escolhem as mais feiinhas) e uma das que mais gosto, estar em San Diego, ou outra cidade onde vivem por-

tugueses durante uns dias não lhes dá direito a dizer, nem a ele nem a ninguém, que conhecem as comunidades da Califórnia. Permitam-me abrir um parênte-se para relembrar dois episódios anedóticos que vivi com os “peri-tos” que nos visitam.Já lá vão uns anos (talvez uns 15) que na cidade de São José, num congresso da Luso-American Education Foundation, tive uma longa conversa com uma entida-de dos Açores que vinha frequen-tar o evento, um dos raros even-tos de reflexão que ainda temos nas nossas comunidades. Após os cumprimentos iniciais, come-çámos a travar um debate sobre as nossas comunidades. Pouco falei, porque o dito político, na altura Secretário Regional, que tinha visitado a Califórnia 4 ve-zes, dois a três dias de cada vez, daí que já estava licenciado em sociologia comunitária. Chegou ao ponto de me dizer como eram as nossas comunidades e como seriam no futuro. Porque, como se diz na minha ilha (por sinal a mesma do dito politico pseudo-intelectual) faltou-me a pachorra, apenas retorqui: dou-lhe os para-béns pela sua super inteligência, é que vivo nesta comunidade há (hoje mais uns anitos) 26 anos e estudo-a há mais de uma década e não tenho metade das certezas que o senhor tem. Os meus para-béns por em meia dúzia de dias perceber mais destas comuni-dades do que muitos de nós em décadas de vivências, activismo e observação. Escusado será dizer que não ficámos muito amigos. Mas creiam que é esta atitude

que, infelizmente, ainda prevale-ce na maioria dos casos das rela-ções Portugal/Comunidades.

O outro “incidente” foi numa sessão com en-tidades americanas e uma delegação vinda

das nossas ilhas, daquelas que, ano após ano, por estes lados apa-recem para vender as suas festas. Nesse dito encontro foi-me dito, por um outro “perito” que era im-pressionante como os portugue-ses tinham uma forte presença no mundo Californiano o que não acontecia com outros grupos étni-cos, como por exemplo os mexi-canos. Tentei não ser totalmente indelicado, embora tenha pouca paciência para a mediocridade embrulhada num inadmissível e extremamente barroco eurocen-trismo. Daí que perguntei que me explicasse o que queria dizer com tal afirmação de que os por-tugueses tinham construído mui-to mais do que os mexicanos, ao que me respondeu: Olhe para as cidades onde vivem portugueses lá está um salão do Espírito San-to, e em algumas cidades outros edifícios para bandas, os clubes desportivos e não se vê isso nos mexicanos. Acreditem que o que citei parece anedótico, mas não é. Primeiro, sou um admirador das obras das nossas comunidades. Os salões do ES e os outros edifí-cios merecem o nosso respeito, a nossa admiração e o nosso apoio. Porém como dizem os meus alu-nos, nada de misturar laranjas com maçãs. É que, se é verdade que a comunidade mexicana não

tem um salão em cada localidade, tem sim uma influência extraor-dinária em todos os aspectos da vida deste estado e deste país. Sem entrar nas explicações que são desnecessárias para quem cá vive, trabalha e reflecte, citei este caso, concreto (um caso da vida real como diz uma prima minha) para vermos como é dificultoso o relacionamento Portugal/Comu-nidades. Sem entrarmos em simplismos exagerados, diga-se a bem da verdade, que Portugal, e a vasta maioria das pessoas que nos vi-sitam ligadas a agências gover-namentais, pouco ou nada enten-dem das nossas vidas, do nosso mundo entre dois mundos, das realidades que marcam as nossas comunidades em todo o estado da Califórnia. É que na minha perspectiva, que admito ser mui-to minha e um bocado fora da or-todoxia, não precisamos que nos digam, nem que somos os melho-res de todos os emigrantes, me-lhores do que os nossos vizinhos e amigos que vieram de outras terras, detentores de outras cultu-ras e com os quais comungamos o sonho americano, nem que por cá apareçam uns dias para se li-cenciarem em “doutores das nos-sas comunidades.” Será 2010 o ano em que as comu-nidades de origem portuguesa no estado da Califórnia tomarão de uma vez por todas uma posição nesta matéria? Seria muito bom que finalmente as nossas comuni-dades, com todos os seus talentos, tivessem a palavra que precisam ter no relacionamento Portugal/Comunidades.

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11COLABORAÇÃO

2009, um ano que, como nenhum outro, marcou e transformou a in-dústria de lacticínios dos Estados Unidos

Ninguém nesta indústria ficou triste assis-tindo à despedida do ano 2009.Foi uma contínua luta com altos custos de produção e inconcebíveis baixos preços pelo leite. Esta situação descarregou uma pesada onda de inacreditável pressão nas famílias da agricultura em geral, especial-mente a agropecuária, ao mesmo tempo que pôs à prova aqueles que os servem, quer com máquinas, rações, a indústria bancária e até outros serviços necessários, e indispensáveis, ao bom funcionamente destas indústrias.Muitos na indústria decidiram, ou foram forçados a parar por completo ou parcial-mente as suas operações, porque os incal-culáveis prejuízos se tornaram uma carga tremenda, e insuportável cuja recupera-ção financeira razoável seria impossível a muitos. Pelo menos 800 operações de lacticínios nos Estados Unidos cessaram produção, inscrevendo-se no Programa CWT. Calcula-se que apenas uma pequena percentagem voltará à produção, depois do requerimento de um ano.Enquanto que todos os indicadores apon-tam para um 2010 mais prometedor, levará muito tempo para estas famílias agrícolas e muitas outras indústrias relacionadas re-cuperarem. Analistas indicam-nos que os preços do leite atingirão o custo de pro-dução neste ano, mas mesmo quando isso acontecer há que recuperar o perdido e

restaurar o valor dos bens de raíz que tem vindo a declinar, e são indispensáveis para valorizar e proteger os empréstimos finan-ceiros.Além dos desvastadores problemas finan-ceiros, o ano passado causou problemas emocionais para muitas famílias ligadas à agricultura e que viram anos de trabalho e sacrifícios evaporar-se a pouco e pouco, impossibilitando-os de passá-los para as gerações vindouras.Verdadeiramente 2009 foi um ano como nenhum outro na história recente, mas tem sido único, não só como um desastre financeiro, mas um ano de determinação para aqueles que escolheram continuar esta vida árdua que muitas vezes não com-pensa os sacrifícios que passam àqueles que continuarão por esse caminho.Olhando o futuro, um pouco mais brilhan-te e urgente, que esta indústria implemen-te mecanismos para garantir que desastres como este não vão continuar a acontecer, em que anos de sacrifício vão evaporando a pouco e pouco. As Agências Federais e Estaduais bem assim como organizações associativas privadas, tem que actuar em união, para assegurar um preço estável pelos produtos do leite, dando maior voz áqueles que os produzem, e não aqueles que tem capacidade de manipular os mer-cados, ao mesmo tempo que os produtores não se devem dar ao luxo de ignorar as leis da oferta e procura observando as exi-gências dos mercados, doméstico e global e produzindo de acordo com os mesmos, evitando assim perdas substanciais.

Temas de Agropecuária

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2009 um ano para esquecer

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12 15 de Janeiro de 2010PATROCINADORES

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13COLABORAÇÃO

SOCIEDADE DE ST. ANTÃO DE GUSTINE

Ao encerrrarmos as cele-brações do décimo ani-versário da New Bethany não temos palavras que

expressam adequadamente o nosso profundo agradecimento por tantas Bênçãos recebidas ao longo destes dez anos de dedicação e serviço aos nossos residentes. Uma das grandes bênçãos que jamais deixaremos de agradecer é a generosidade da So-ciedade de Santo Antão pela grande ajuda que nos vem oferecendo desde o dia 16 de Novembro do ano 2003. Desde esta data até ao presente, membros da comissão organizadora da Festa deste grande Santo têm-se deslocado todos os anos à New Be-thany em Los Banos, para se encon-trarem com a Ir. Júlia Dias Fonseca, Directora da parte residencial deste Lar e apresentar um donativo. De-pois de uma reunião juntos e tendo conhecimento do custo elevado e da grande necessidade de apoio fi-nanceiro para uma causa tão digna, a comissão tem vindo apresentar a New Bethany parte dos seus fundos da festa de St. Antão, Padroeiro dos Animais, realizada todos os anos no dia 17 de Janeiro. A assinalar este grande jesto de generosidade e de caridade, uma placa memorial foi integrada na àrvore da vida de New Bethany cujos benfeitores são lembrados diàriamente nas ora-ções de todos os beneficiados. Este é o sétimo ano que esta Sociedade vem contribuindo para New Be-thany. Esta ajuda financeira é como uma resposta à oração diária feita durante a Missa pelas necessidades espirituais e temporais de New Be-thany. Esta Sociedade benemérita, à semelhança do seu Santo Padroeiro que ainda bastante jovem, distribuiu a sua riqueza pelos mais nessitados, tem vindo anualmente contribuin-do para a New Bethany, ajudando a manter, e a melhorar a qualidade de vida para os seus residents. Por esta

grande ajuda, o nosso sincero agra-decimento e profunda gratidão.New Bethany é um Lar Residencial com Enfermaria localizado em Los Banos que foi inaugurado e dedi-cado no dia 15 de Janeiro de 1999. Este recebeu os primeiros residents no dia 1 de Março de 1999; mais tar-de em Julho do mesmo ano, a par-te de enfermaria ficou a funcionar para doentes a longo e curto prazo. New Bethany, com um total de 111 quartos para confortàvelmente ac-comodar pessoas de terceira idade, tem sido uma bênção para a Comu-nidade do Vale central. Aqui os re-sidents tem assistência e supervisão 24 horas por dia e sete dias na sema-na, vivendo num ambiente atractivo, confortável, alegre e pacífico. As Irmãs e empregados, cuja dedicação exceede em qualidade, procuram dar resposta às necessidades fisicas, es-pirituais, emocionais, sociais e inte-

lectuais dos residents num ambiente de respeito e dignidade. As Obras de Misericórdia são practicadas dia e noite na New Bethany. Pessoas que apoiam a Sociedade de St. Antão de Gustine, contribuindo com os seus donativos para a sua festa anual de Janeiro 17, estão a praticar a carida-de, ajudando New Bethany na sua missão de bem-fazer em favor dos nossos irmãos já de idade avançada e com necessidade de assistência.

As Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição agradecem profundamente à Comissão da Festa de St. Antão de Gustine, tanto dos anos anteriores como a do ano pre-sente, bem como a todos o que vêm contribuindo anualmente para a sua festa. Ao mesmo tempo que expres-samos sincera gratidão por todo o bem feito a favor de New Bethany, encorajamos outros a fazerem o mesmo, considerando que O Senhor abençoa os que dão com alegria. Que Deus abençoe cada membro da presente e passadas comissõs e to-dos os que de boa vontade os apoiam na prática da caridade.No encerramento do aniversário dos dez anos de New Bethany, foi publi-cado em Inglês um livro, entitulado, “A Shower of Blessings” da autoria da Directora, Irmã Júlia Dias Fon-seca. Trata-se de uma colectânia de reflexões feitas ao longo destes dez

anos através das quais se pode apro-fundar o conhecimento acerca de New Bethany e de outros assuntos de interesse espiritual e religioso. Se tiver gosto de obter uma cópia des-te livro, podem chamar para o (209) 827-8933 ou comunicar directamen-te com a autora via e-mail [email protected]. O donativo é apenas de $10.00.

Irmã Júlia Dias Fonseca

Agua Viva

[email protected]

Ainda ouvimos sinos a tocar até à exaustão em muitos campanários do mundo cristão, fogue-tes a estoirar em cores de júbilo e exuberância pela vinda de um ano que todos desejamos

seja melhor do que o que passou em muitos sentidos; ou-vimos música nos ares e ainda a dos Revival a tocar no delicioso repasto de Fim-de-Ano, a abrilhantar o requin-tado e faustoso salão do Athletico; abraçamos os amigos e conhecidos com a cumplicidade da alegria e boa vontade de uma boa viragem da página velha para uma nova do calendário e já estamos fazendo o balanço ao que valeu e não valeu a pena ter vivido, ter sofrido, amargurado ou simplesmente ter suportado com esperança de coisas me-lhores um dia. Estou certa de que em muitos outros salões de festa se passou quase o mesmo, se bem que muita gente optou por ficar em casa, não só para evitar um gasto mais, mas porque sabe bem estar com a família a degustar uma boa ceia cozinhada à medida de cada paladar.As festas em família são propícias a avalição de aconteci-mentos, de sentimentos individuais e colectivos e de uma forma ou outra é sempre bom repensar o que se tem de precioso no aconchego do lar, em termos de saúde, bem-estar, amizade, amor, alegria e paz, coisas que faltam imenso em muita gente à volta do Mundo.Por vezes pensamos que temos pouco e se olharmos para o lado, encontramos pessoas que têm menos do que nós. Devemos estar gratos a Deus pelo pouco que possamos ter mas ao mesmo tempo não devemos ficar impassíveis ao que se passa na nossa comunidade. Por enquanto ainda ouvimos música portuguesa da nossa estação, ainda que poucas horas; ainda temos Missa em português, ainda que menos; ainda temos um restaurante português nesta área que teima em resistir, umas socieda-des portuguesas com bandas, futebol e carnavais e uma única mercearia, -Trade Rite Market - que se estrangu-la para sobreviver com mercadorias de qualidade vindas de Brasil, Portugal e ilhas de Açores e Madeira, com um seviço de refeições que pode ir para casa do cliente em menos de um ai, é só pedir por telefone ou internet, mas até quando? Isto para alguns poderá não valer um comi-nho, mas também sei que existem os que se preocupam com a hipotética ideia de que o que é Português deixará de existir em poucos anos - da nossa visinhança, da nossa vivência diária, acostumada aos produtos das nossas ter-ras de origem. É que apesar dos luxos e das vaidades, dos teres e haveres que muitos possam exibir, continuamos a ser por dentro os mesmos, com um pé em terra e outro no barco e o coração dividido em muitos compartimentos de saudade. Que este seja um Ano Novo Feliz até final para todos, de entre-ajuda e muita Paz, e já com cheiro a Carnaval!

1600 Colorado AvenueTurlock, CA 95382Telefone 209-634-9069

... já cheira a Carnaval

Uma das Bençãos de Deus para New Bethany

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14 15 de Janeiro de 2010FESTAS

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15 PATROCINADORES

Como decor-reu a campa-nha da SATA Internacional em 2009?

2009 foi um ano muito di-fícil para a viação civil, e a SATA não esteve imune à crise que se fez sentir.

No que se refere ao caso particular das rotas dos EUA, houve um decréscimo significativo no tráfego das rotas de Bos-ton e Oakland, reflectindo, naturalmente, condições económicas menos favoráveis sentidas naquele país.Vários terão sido os factores nagativos que contribuiram para... mas creio que po-demos destacar o desemprego, o preço dos combustíveis e possívelmente a baixa do Dólar em relação ao Euro.

Quais são as grandes diferenças da campanha de 2010?

Procuramos introduzir um novo modelo tarifário permitindo mais varidas com-binações tarifárias e, consequentemente, preços mais acessíveis, além de uma re-dução na sobretaxa de combustível. Nes-te momento a SATA oferece um leque de serviços comparável a qualquer outra transportadora de dimensão: vendas atra-vés de todos os sistemas informáticos uti-lizados pelos agentes, vendas através de website próprio, transporte de carga, pro-

gramas de fidelização do pax (passageiro frequente), tarifário variado, etc. Em termos de oferta para 2010, temos planeado um aumento de capacidade em relação a 2009, pois acreditamos que a crise já faz parte do passado e 2010 será um ano de retoma, embora lenta. Estamos

atentos às mais pequenas oscilações do mercado e tentamos reagir em confor-midade. Temos também planeado fazer alguns investimentos em outros mercados por forma adisfrutarmos de alguma diversidade.Ainda em termos de melhorias, cremos que a renovação da frota da SATA AirAçores será um factor significativo para um melhor serviço aos nossos passagei-ros. Haverá um maior leque de escolha para outros destinos a partir dos Açores e isso será, sem dúvida, uma mais valia.

Quais as vossas expectativas para este ano?Conforme atrás referido, as espectativas tem de ser vistas com optimismo e é o que estamos a fazer. Temos de ser realistas, en-frentar os desafios que temos de enfrentar com cabeça fria, determinação, emprenho e dedicação à nossa causa que é levar cada vez mais pessoas aos Açores. Temos cons-ciência que somos uma empresa pequena e com especificidades muito próprias, e que temos variadíssimas dificuldades a ul-trapassar. Contudo, não poderemos nunca perder de vista o nosso objectivo. Assim sendo, 2010 apresenta-se como «mais um» desafio que pretendemos ultrapassar com calma e serenidade, esperando melhorar o nosso serviço em todos os quadrantes e em prol dos Açores.

Nuno Puim, da Azores-Expresso

Levar cada vez mais pessoas aos Açores

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16 15 de Janeiro de 2010COMUNIDADE

ACONTECEU HISTÓRIA NA IGREJA DAS CINCO CHAGAS

4 = 1 para melhorCom a fusão a 1 de Janeiro último dos Conselhos Supremos da Irmandade do Divino Espírito Santo (IDES, fundada em 1889), Sociedade do Espírito Santo (SES, 1895), União Portuguesa do Estado da California (UPEC, 1880) e União Portuguesa Protec-tora do Estado da California (UPPEC, 1901) na nova Portuguese Fraternal Society of America, os seus directores e associados reuniram-se numa Missa de Unificação no passado dia 10 de Janeiro.

A Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas em San José engalanou-se para rece-ber a delegação e estandartes das quatro associações que de lá sairam já como uma. A Missa foi celebrada em Português pelo Rev. António Reis e o Pároco Rev. Donald Morgan recebeu a comitiva e serviu de anfitrião neste importante e histórico momento da vidas das sociedades fraternais. O Rev. Don Morgan aproveitou a ocasião para dese-jar os maiores sucessos à nova sociedade fraternal e anunciar o começo de uma missa da família - tão desejada pela comunidade - já a partir de 7 de Fevereiro pelas 12h30. A Tribuna congratula-se com esta união e deseja as maiores felicidades à PFSA.

Mary Jean Calote, Tisha Cardosa, SPRSI Grand President, Jackie e Virgil Hood, UPPEC Supreme President, Carol Bates, UPPEC Supreme Treasurer-CEO

Jack Perry, Director e Joe Dias, Marshal

Jackie e Virgil Hood, Supreme President of UPPECEmbaixo: Duarte Teixeira e Fatima Teixeira, SES Supreme Presidente

Antoinette Duarte, SES e Timothy Borges, UPEC

Marie Kelly-Barreiro, UPEC Presidente

Supreme Presidente Anthony Mendes, Marjorie Gifford, Director e Edward Rodrigues Past President

Texto e fotos de Miguel V. Avila

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17COMUNIDADE

A IGREJA NACIONAL DAS CINCO CHAGAS foi testemunha de um acto histórico nas vidas das nossas FRATERNAIS

Supreme Pres IDES, Anthony e Gloria Mendes

Supreme Pres. UPEC, Marie Kelly-Barreiro e Jonine Barreiro,

TRIBUNA PORTUGUESA sauda a nova Organização PORTUGUESE FRATERNAL SOCIETY OF AMERICA

Padre Antonio Reis no altar da nossa linda Igreja Nacional das Cinco ChagasUma fotografia que já pertence ao passado

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18 15 de Janeiro de 2010COMUNIDADE

PFSA - Portuguese Fraternal Society of America

Já na escadaria da Igreja das Cinco Chagas, uma foto para a história

Na primeira fila reconhecem-se Manuela Silveira, Vice-Cônsul de Portugal, Isolete Grácio, Marie Kelly e Jonine Barreiro, Virgil e Jackie Hood.Embaixo: Padre Antonio Reis benzendo o estandarte da nova organização que era transportado por Richard Castro

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19COMUNIDADE

1. A cavalariaNos inícios da nacionalidade portu-guesa era primordialmente o embate

entre duas forças de cavalaria o que deter-minava a vitória numa batalha.Os guerreiros pertenciam na sua essência à nobreza, Existiam também os cavaleiros-vilãos, homens livres que dispunham de bens suficientes para possuir uma monta-da, designados pelos concelhos. median-te certos privilégios, para servir na hoste real.Os cavaleiros ou os seus antepassados ha-viam recebido do soberano os chamados feudos, vastas terras cultivadas pelos ser-vos da gleba, estes quase escravos. Com os proventos das colheitas os cavaleiros po-diam atender aos altos custos das armas e armaduras. Formaram-se então as mesna-das ou hostes senhoriais, que constituíam forças disponíveis para entrar em acção, a uma voz do rei, nas frequentes contendas do tempo.Também faziam parte da cavalaria os membros das ordens militares, como San-tiago, Hospitalários ou Templários, estes já presentes no Condado Portucalense e eventualmente nacionalizados e converti-dos na Ordem de Cristo.A ascensão à categoria de cavaleiro era lenta e trabalhosa. Aos sete ou oito anos os jovens de classe nobre eram designa-dos para servir como pagens na casa de família. Aos doze partiam para viver com outros fidalgos. Aí familiarizavam-se com hábitos sociais e com um rudimentar uso das armas.Aos catorze anos entravam ao serviço de um cavaleiro como escudeiros. Compe-tiam-lhes polir as armas e armaduras e ajudar o seu mentor a vestir e despir os apetrechos defensivos de guerra, já que uma armadura completa podia pesar até trinta quilos.A certo ponto entrariam em combate, trans-portando o escudo do senhor e auxiliando-o no que fosse possível. Aos 21 anos, se experimentados em batalha, tornavam-se elegíveis para ser armados cavaleiros. O ritual da cerimónia era variável mas podia incluir um jejum, banho purificador, uma noite de vigília e oração, comunhão e bên-ção da espada,Tudo terminava com a “pranchada”, pe-queno golpe desferido com a parte plana da espada pelo soberano ou senhor sobre a nuca ou ombro do neófito. Em casos espe-ciais de distinção em combate, o escudei-ro era armado cavaleiro numa cerimónia simples realizada no próprio campo de batalha.A lança, que podia alcançar o comprimen-to de quatro metros, era a arma inicialmen-te usada pelo cavaleiro no campo de lide. Se perdida ou quando começava a fase do corpo-a-corpo, utilizava-se a espada, de vários tipos. O montante, longo e pesado, tinha de ser brandido com as duas mãos.Em vez da espada muitos cavaleiros pre-feriam emprgar a maça de armas, uma ca-beça metálica, por vezes dotada de pontas, ligada a um cabo. Uma alternativa era o chicote de armas, uma empunhadura que continuava numa haste que no cimo se di-vidia em três ramas, cada uma terminando numa bola de ferro de onde emergiam agu-çados picos.Para sua protecção os cavaleiros usavam o escudo, a cota de malha e a armadura. O escudo, de madeira ou metal, podia apre-sentar diversas formas e ser de dimensão suficiente para cobrir quase todo o corpo. Detido pelo braço esquerdo, deixava a mão direita livre para manejar uma arma. A cota de malha, envergada sobre um gibão acolchoado, consistia numa veste formada pelo entrelaçamento de peque-nos anéis de metal, geralmente ferro. O gibanete era uma gibão de malha de ferro.

A loriga, por sua vez, consistia num saio também de malha, coberto de placas ou escamas de metal. As primeiras armaduras compunham-se de uma couraça de tela grossa ou de couro revestida de peças metálicas. A armadu-ra completa ou arnês, começada a usar no século XII, incluía um grande número de peças, unidas entre si por ganchos.A cabeça era protegida pelo elmo, ao prin-cípio de topo plano com ou sem apêndi-ce nasal que assentava sobre uma touca de cota de malha descida até aos ombros. Mais tarde passou a utilizar-se um elmo arredondado, com crista e viseira móvel. A couraça revestia o tronco enquanto que os braços, pernas e pés se cobriam com várias peças permitindo o movimento. Nas mãos iam as manoplas mas muitos cavaleiros preferiam não as usar na mão esquerda, a que segurava as rédeas. Exis-tiam de igual modo armaduras para prote-ger os cavalos.

2. A infantariaCom o decorrer dos anos a infantaria co-meçou a assumir certo relevo no comba-te. Entre várias armas por ela empregadas contava-se o pique, uma pequena lança, e o chuço, idêntico mas desprovido de lâmi-na no alto. A alabarda assemelhava-se ao pique mas a haste encimava-se por uma lâmina em forma de meia-lua.Durante a Idade Média desde as ameias dos castelos lançavam-se pedras e azeite a ferver sobre os sitiantes. No entanto o úni-co armamento de arremesso baseava-se na sua propulsão em processos manuais de flexão ou torção, ou seja o que se designa actualmente por neurobalística. Existiam basicamente três armas deste tipo, a fun-da, o arco e a besta.A funda, a mais rudimentar das três, era uma tira de couro ou uma corda com uma bolsa a meio, onde se colocava uma pedra. O fundibulário segurava as duas pontas, fazia a funda girar sobre a altura da cabe-ça e quando calculava a direcção desejada soltava uma das pontas e a pedra era arre-messada.O arco, com uma altura de cerca de um metro e oitenta, levava anos a fabricar en-quanto a madeira secasse e se adaptasse à curva necessária. A corda obtinha-se à base de fibra de linho, de seda ou de tripa entrançada. Tratava-se de uma arma efi-caz, com um alcance mortal de 40 a 100 metros. Um archeiro levava para o campo de batalha de 60 a 70 flechas mas com cer-ta frequência tinha de ser remuniciado.Eram normalmente pouco numerosos os archeiros incluindos numa hoste. Enquan-to os restantes peões faziam uma vida normal no trabalho agrícola, sendo apenas chamados a servir em caso de uma conten-da ou por ocasião dos “fossados”, sortidas realizadas a fins do verão para captura das colheitas do inimigo, os archeiros haviam adquirido um relativo grau de profissio-nalização. Demoravam anos a conseguir uma necessária presteza e tinham de se exercitar constantemente.A besta usava um princípio idêntico ao do arco, já que consistia num braço metálico terminado por um arco e dotado de um ga-tilho que desfazia a tensão dada à corda do arco e impulsionava o disparo. Um carril neste braço alojava curtas setas metálicas, muitas vezes envenenadas, ou pequenos projécteis de ferro chamados virotes ou vi-rotões, capazes de penetrar uma couraça.Com um alcance de 300 metros, o manejo era fácil, apenas apontar e apertar o gati-lho, O besteiro podia disparar de bruços em terra, de pé ou mesmo a cavalo. Precursora das armas de fogo, largamente usada, a besta permitia pontaria por um processo idêntico ao das armas modernas. O seu uso implicava todavia um processo

lento, três ou quatro disparos por minuto, em oposição aos dez que um hábil archei-ro conseguia. Além disso, o besteiro fica-va exposto enquanto recarregava a arma e muitas vezes tinha de ser protegido com um escudo por um companheiro. Podiam chegar a cavalo ao campo de batalha mas regra geral desmontavam para combater,A utilização de armas disparáveis era con-siderada desonrosa pelos cavaleiros, que criam apenas poder ganhar glória enfren-tando directamente inimigos do seu nível social. O uso da besta, sobretudo, era de-testado pela nobreza. Enquanto um cava-leiro capturado pelo inimigo normalmente recebia a clemência dos seus pares, em idênticas circunstâncias um besteiro era executado.A introdução da pólvora na Europa alterou drasticamente a arte da guerra. Na linha da utilização das armas de fogo (a piroba-lística) a besta deu lugar à espingarda, ao arcabuz e ao mosquete.A espingarda medieval, antecessora das armas de fogo ligeiras, disparava balas de pedra. Estava dotada de uma longa coro-nha e apoiava-se numa forquilha. Só no século XVI se adaptou uma coronha per-mitindo o apoio sobre o ombro.O arcabuz, introduzido no século XV, po-dia perfurar uma couraça de ferro. Mon-tado sobre uma armação de madeira, em 1392 substituída por uma coronha que reduzia o impacto do recuo, possuía um cano de ferro e era accionado por um ga-tilho. Tinha um alcance de 50 metros mas apenas de 25 se se necessitava maior pre-cisão. Os arcabuzeiros podiam combater a pé ou a cavalo.O mosquete, mais manejável, começou a ser usado no século XVI e, curiosamente, perdurou até ao XIX. Era uma arma grande e pesada, embora mais ligeira e certeira do que o arcabuz, com um longo cano. Carre-gado pela boca, disparava-se por meio de uma mecha ou de uma pederneira que pro-duzia uma chispa. Para maior precisão no disparo podia apoiar-se numa forquilha. As suas balas tinham o dobro do peso das utilizadas no arcabuz e maior alcance.Um mosqueteiro experimentado disparava uma ou duas vezes por minuto, enquanto que um arcabuzeiro necessitava dois mi-nutos para cada disparo. Na luta corpo-a-corpo era viável calar uma baioneta no cano da arma, o que no entanto impedia o disparo.No tempo de D. Manuel existiam em Lis-boa, junto à Porta da Cruz, as chamadas tercenas, depósitos de armas e oficinas para a sua fabricação.Quanto aos efectivos da infantaria obser-va-se a partir da época da expansão uma mais moderna organização militar, que incluía soldados e marinheiros recrutados por contrato e recebendo soldo, tal como mercenários estrangeiros. Entre estes re-cordem-se os espanhóis, ingleses, alemães e italianos que partiram na expedição a

Alcácer-Quibir em 1578 e as forças ingle-sas de apoio à causa de D. António Prior do Crato e, desembarcadas em Peniche pouco depois.Para a Índia saiu “gente de guerra”, com um contrato de três anos, ajudas de custo e liberdade de comerciar. Afonso de Al-buquerque organizou as primeiras forças permanentes na Índia, com 300 piqueiros, 50 besteiros e cinco espingardeiros, enqua-drados por capitães suíços. No reinado de D. Sebastião formaram-se as Ordenanças do Reino, constituídas por moradores, an-tecessoras dos regimentos de infantaria.Muitos historiadores consideram que a valorização da infantaria como arma de-cisiva do combate teve início em Portugal com a batalha de Aljubarrota, travada a 15 de Agosto de 1385. É sabido que o Mestre de Aviz e o Condestável, D. Nuno Álva-res Pereira, pretendiam com a sua reduzi-da hoste, deter o avanço do exército de D. João I de Castela, que se julgava o herdeiro legítimo do trono português após a morte de D. Fernando.O Mestre de Aviz contava apenas com 1 700 lanças, já que muitos nobres portu-gueses, apegados ao sistema feudal, reco-nheciam o rei de Castela como verdadeiro soberano e se haviam incorporado no seu exército. Iam também com o Mestre 800 besteiros, 600 archeiros ingleses e cerca de 4 000 homens de pé. A esta hoste opunham-se 5 000 lanças, 8 000 besteiros e 15 000 ho-mens de pé.Foi uma inspirada táctica do Condestável que levou à vitória portuguesa. De facto formou o seu quadrado, com uma das alas integrada pelos archeiros ingleses, num estreito terreno na base de uma colina e entre dois ribeiros, e mandou cavar trin-cheiras em frente, o que impediu um pode-roso ataque frontal pela cavalaria inimiga, castelhana e francesa. A primeira carga desta cavalaria conse-guiu romper a vanguarda portuguesa. D. Nuno pôde contudo reorganizar o quadra-do fazendo desmontar os cavaleiros que quebraram as suas lanças para mais fácil manejo e formaram a primeira linha de de-fesa. Esta manobra desorientou o inimigo, aliás já duramente flagelado pelos archei-ros e decidiu a batalha.No campo ficaram cerca de 3 000 caste-lhanos, cujos corpos chegaram a atulhar um dos ribeiros. Muitos outros inimigos foram mortos no dia seguinte nos campos vizinhos por cavaleiros e aldeãos que os perseguiam.Fora de facto uma vitória, a primeira em Portugal, da infantaria sobre a cavalaria.

(conclui na próxima edição)

Minha Língua Minha Pátria

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A Arte da Guerra no Portugal medievo e quinhentista

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20 15 de Janeiro de 2010COLABORAÇÃO

Sabor Tropical

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Ao Sabor do Vento

José[email protected]

À pressa, pegou o comboio que o levaria em sua longa e der-radeira viagem. Seguiu sem se despedir, sem tempo para um

último abraço, sem dizer adeus. Estava lá, no horário marcado!

Tomou assento à janela e viu as flores do jardim da sua vida terrena despetalando-se, lentamente, enquanto perdiam a ex-pressividade da suas cores. As pétalas caí-das, levadas pelo vento, plainavam alegres até se perderem no horizonte e, em busca do infinito, cantavam:“Rainha cheia de brilhos,Mãe deste teu filho amigo,Que me livra dos sarilhos,Da desgraça e do perigo,Depois de eu criar meus filhosEstou pronto a ir contigo!”Na vida que se congelava, sentiu sua alma mergulhar no hiato que se fez entre sua matéria e seu espírito e, imortal, levantar vôo rumo à eternidade para tomar posse de um novo tempo. Viu-a banhar-se, pelo caminho, nas “Fontes de Lágrimas” e jun-tar, num belo rosário, as contas das suas doces recordações:“O tempo passa e a saudade fica. Fontes de lágrimas renascem... Quem me faria acreditar que a meninice e a juventude me fugissem! Quem me faria acreditar que a velhice chegaria! Ninguém o faria. Mas hoje me soam as benditas palavras dos antigos: “Este mundo não é nosso e a vida são dois dias.” E se recordar é viver...recordo a camisa ponteada, as calças re-mendadas e os pés nus pelo chão, calcando as pedrinhas da rua;recordo o saboroso pão trabalhado à misé-ria e eu faminto;recordo as pobres palhas onde adormecia e sonhava, a velha manta que me cobria nas geladas noites de inverno e o quarto defumado pela candeia;recordo a boa professora que me ensinou a escrever a palavra saudade e o saudoso vigário que, com suas santas mãos, me baptizou com a água, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E foi ele quem pela primeira vez, desvendou minha boca com o corpo de Jesus;recordo o Império do Divino Espírito San-to, a despensa onde se guardavam as es-molas e as Sociedades onde passei parte da minha juventude;

Ai que saudades de ti, minha aldeia, a quem deitaram o lindo nome de Altares, berço de homens honrados, assim como este teu filho imigrado que vê brotar entre suspiros de saudade e o amor que sente por ti, suas eternas fontes de lágrimas!Lá distante, Deus te abençoe, ALTARES”Talvez, seu ultimo olhar tenha sido para sua ilha Terceira, antes de cruzar os um-brais que o levariam aos braços de Deus, seu Pai muito amado, e por ele, tantas ve-zes, em seus versos, entronizado.Morreu o Poeta? Não! O Poeta não morre: imortaliza-se através da sua obra.

E Daniel Arruda, além de perpetuar-se na sua descendência, no amor da sua compa-nheira e no carinho dos seus diletos ami-gos, terá seu nome lembrado pelos seus poemas, pelos seus versos instigantes e cheios de bom humor, como Cantador ao desafio e pelos seus dramas de carnaval, todos eternizados no livro “Em busca de um sonho”.

[email protected] Soube da morte do Daniel por Angelina Bertão, sua amiga, e enquanto ela me dava a noticia, entristecida lembrei as muitas horas dos serões que ele, eu e José Raposo fizemos durante a correção dos seus poe-mas, momentos de alegrias e choros emo-cionados, que estreitaram nossos laços de

a m i z a d e . R e s o l v i t e l e fo n a r para co-mentar com José sobre o aconte-cimento e

como ele ainda não estava a par, resolvi deixar com isilda a tarefa de dar-lhe a tris-te notícia. O DANIEL MORREU!

Disse-me a minha mulher e em seguida perguntei-lhe como ficou sabendo. Res-pondeu-me que a Elen chamou do Brasil a dar a notícia.

Entristeci-me, imensamente, e pensei: pelo menos acabou de penar e conseguiu realizar o seu último grande sonho. Há anos, como sabem, o Daniel me disse que o seu sonho era publicar um livro an-tes de morrer. Não foi fácil e se não fosse a ajuda de tanta boa gente, o sonho do Da-niel nunca passaria de um sonho. Houve quem abriu a carteira para o ajudar; houve quem não pôde ajudar monetariamente, mas ajudou de outra forma; houve quem imediatamente recusou a ajuda no que quer que fosse e houve, ainda, quem prometeu muito, que se deslocaria de Portugal para vir ao lançamento do livro e que traria um cheque de mil euros e essa pessoa não veio e esse cheque nunca chegou. Não obstante o seu nome figura na lista dos contribuin-tes. Quando eu contei ao Daniel que esse senhor comendador havia prometido tal quantia, ele disse: - Oh, José, quando a es-mola é muito grande o santo desconfia! E houve, também, alguém que quis lixar o Daniel, depois de se ter feito as festas do lançamento do livro e que conseguiu fazer negros muitos meses da sua vida. O Daniel não era perfeito, ninguém é, po-rém foi uma pessoa sincera, que ajudou a comunidade no que pôde e a comunidade soube retribuir quando ele precisou de ajuda. Numa fase da sua vida, o Daniel serviu de pai e de mãe para os seus filhos. Lem-bro-me de uma cantoria que fomos fazer em Buhach, para angariar fundos para o Azores Relief Fund, e os filhos do Daniel foram connosco. Estavam bem vestidos e portaram-se muito bem durante a viagem de ida, durante a estadia em Buach e du-rante a viagem de regresso. Ainda hoje a filha mais nova do Daniel, a Falícia, fala nessa viagem. Durante o tempo que eu e a Elen ajudamos ao Daniel na correcção do seu livro, nos ri-mos muito, zangamo-nos e, muitas vezes, choramos os três juntos. Lembro-me de um poema que ele escreveu e que acabava nestes termos:“.... estás entregue a satanás.” Eu disse: - Ó Daniel por pior que essa mu-

lher tenha sido, não digas uma coisa des-sas. Quando se diz uma cantiga em cima de um palco, a maior parte das vezes as pessoas não se lembram do que foi dito, mas o que se escreve fica para sempre. O Daniel era pessoa de pouca escola, no entanto, era um óptimo repentista e há, para aí, outros tantos que não ficam atrás. Há tempos, na Tribuna Portuguesa, foi lançado o alvitre para se fazer, aqui na Califórnia, como que um congresso de Cantadores ao Desafio. Eu disse que es-taria pronto a ajudar. Talvez, não devesse ter-me oferecido! Deveria ter esperado que pedissem a minha ajuda, pois a ideia não vingou... Que eu saiba, o casal Beirão, de Napa, foram as únicas pessoas, até hoje, que fizeram uma festa para honrar os Can-tadores ao Desafio. Temos uma Organização, a Portuguese He-ritage Publication of California, que tem feito lançamentos e publicado alguns Poe-tas e Escritores de grande talento, na nossa comunidade. A maioria dos Cantadores ao Desafio - como o Daniel - são pessoas que não têm a cultura e o saber desses outros intelectuais, mas, são gentes que também enriquecem, preservam e difundem a nos-sa cultura, são gentes que têm talento e valor. Não foram à escola para aprender a escrever poemas, porém a arte nasceu com eles e, se bem que a Portuguese Heritage Publication of California e os seus respon-sáveis tenham feito um excelente trabalho, seria uma óptima ideia se tal organiza-ção chamasse a si a responsabilidade de publicar um livro sobre os cantadores ao desafio, aqui da Califórnia. Isso só pode-ria vir a contribuir para o prestígio de tal organização e deixar para as gerações fu-turas algo do qual nos poderíamos todos orgulhar. O Daniel realizou o seu sonho: deixou escrito suas danças, suas cantigas e seus poemas e assim viverá, eternamente, na memória dos Portugueses da Califor-nia, da sua Terceira, dos seus amigos e dos amantes das cantorias ao desafio.Não pude ir ao funeral, mas fui ao rosá-rio e fiquei deveras comovido quando, tal-vez, pela primeira vez na Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas se ouviu as vozes dos cantadores ao desafio, acompa-nhadas pela guitarra e violão a prestar ho-menagem a alguém. Mais comovido ainda fiquei quando a voz do Luíz quebrou o si-lêncio sepulcral, ao cantar um lindo fado enquanto o caixão com corpo do Daniel saía da Igreja. À família enlutada as nossas condolências. Paz à sua alma.

[email protected]

Atéumdia,meu amigo!

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21 COMUNIDADE

FalecimentosMário Rodrigues

No passado dia 27 de Dezembro, pelas 11 horas da manhã, faleceu Mário Rodrigues, rodeado pela sua esposa Josefina Rodri-guez e seus três filhos Nelson e esposa Angie; Melanie e marido Manny Sousa e Mark e esposa Monique bem como os seus cinco netos, na sua residência em Oakdale, no Estado da California.Contava setenta anos de idade e gozava de um excelente período de reforma depois de 25 anos de trabalho exemplar em ‘Alma-den Lincoln and Mercury’.Mário Rodrigues foi um pessoa muito ac-tiva e um líder em vários aspectos, nomea-damente, membro-fundador da conhecida associação ‘Os Amigos dos Cedros’, bem

como participante no programa de rádio automóvel na KSQQ.Rodeado da sua família mais chegada, Mário Rodrigues foi decididamente um homem feliz que espalhou felicidade pelos familiares e amigos que com ele convive-ram.A sua lembrança estará sempre presente na memória da sua família e amigos.

Lino Pedro de Sousa

Lino Pedro DeSousa faleceu no Mercy Medical Center em Merced no dia 30 de Dezembro de 2009 com a idade de 81 anos. Seus pais foram Manuel Pedro de Sousa e Esmeria Arruda de Sousa, da Ri-beira Seca, Ribeira Grande, São Miguel, Açores. Lino nasceu a 23 de Setembro de 1928. Estudou na Ribeira Grande e no Se-minário de Angra do Heroísmo. Depois de servir a tropa veio para Stockton com

um primo seu. Começou então a ensinar Português nesta cidade e empregou-se na U.P.E.C..Em 1965 trabalhou para Merced County Housing Authority e acompanhou de per-to a construção dos “Migrant Centers” em Merced e Cortez, onde se tornou “Housing Manager” durante 25 anos até se reformar em 1990.Lino Sousa foi um activo membro de di-versas Sociedades - U.P.E.C, I.D.E.S, S.E.S, U.P.P.E.C., St. Anthony Society, Buhach Pentecost. Em Maio de 1988 foi membro fundador da Festa de Santo Cris-to de Buhach.Deixa a chorar a sua morte, sua esposa Norma Jean, filho Michael, esposa Mar-ci, de Glendale; Richard, esposa Adele, de Visalia: 4 netos, Mateo DeSousa, Elizabe-th DeSousa, Caroline DeSousa and Maya DeSousa, uma irmã Maria Jacinta Lima, São Miguel, Açores.

José Coelho Dias JrCom a idade de 87 anos faleceu nos Bis-coitos, Ilha Terceira no dia 23 de Dezem-bro de 2009, José Coelho Dias Jr. Veio para os Estados Unidos em 1971 e radicou-se no Chino e depois em Artesia, tendo regressado à Terceira em 1979.Veio a California em 1980 e depois em 1991 onde se demorou seis meses com a familia.

Deixa de luto seu filho Joe E. Dias, de

Turlock, filha Maria Inês Almeida residen-te nos Biscoitos, Terceira.Também deixa a chorar a sua morte 4 ne-tos, Alexandra Almeida, da Terceira, The-resa Robinson e marido Rusty, de Hanford, Steve Dias, de Albuquerque, New Mexico e Felipe Duque, da Terceira. Dois bisnetos - Beatriz Almeida e Francisco Almeida da Terceira. Irmã Maria Calmarinda Louren-ço e marido João, do Chino.

Tribuna Portuguesa envia sentidas condo-lências a todas as famílias enlutadas.

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22 15 de Janeiro de 2010DESPORTO

Liga Portuguesa de Futebol Sporting de Braga “Campeão” da 1ª Volta

Completou-se a primeira volta da Liga 2009/10, espera-se mais uma com idên-tica ou superior emotividade. O anúncio recorrente da morte do futebol português é manifestamente exagerado. A cada ano, surgem novas provas de vitalidade. Desta vez, graças a um Sp. Braga avassalador.Domingos Paciência assumiu o compli-cado legado de Jorge Jesus e superou a fasquia, na primeira metade da viagem. Este Sp. Braga não pára, ri-se de cada vez que alguém aposta na sua queda e segue a caminhada altiva, no topo da tabela clas-sificativa. Na sexta-feira, voltou a apre-sentar uma candidatura forte, frente ao europeu Nacional da Madeira. Há muito mais Sp. Braga nesta Liga, o suficiente para acompanhar o retor-no do forte investimento do Benfica em treinador e jogadores. Luís Filipe Vieira apostou muitas fichas, recebendo em tro-ca vitórias, bom futebol, entusiasmo de adeptos e estádios cheios por todo o país. O vermelhão faz-se sentir, mas o trono pertence aos encarnados do Minho.Mais atrás, um F.C. Porto com cróni-ca tendência para evoluir de trás para a frente. Tal como no passado recente, os dragões esperam recuperar posições na segunda volta. Aliás, Jesualdo Ferreira sabe que os números são idênticos aos anteriores. Mas a oposição está mais for-te. E o Dragão segue assim, nem formoso nem seguro.O Sporting está a 12 pontos da li-derança e assume-se com a principal desilusão da época. Com Carlos Carvalhal, espe-ra recuperar a alegria condicionada dos

adeptos. Os milhões investidos em Ja-neiro, nada habitual no clube, despertam a curiosidade para a segunda volta. Tal como aconteceu com os ocupantes do pódio, excepção feita ao Sp. Braga, os le-ões também venceram à justa, agora na recepção ao Leixões (1-0).Nos restantes encontros da última jorna-da da primeira volta, destaque para mais um trunfo do V. Guimarães no legado de Paulo Sérgio. Garantindo três pontos no reduto do Marítimo, os vitorianos ficam numa posição invejável na corrida à Liga Europa. Outra nota positiva para André Villas Boas, com a sua Académica a ven-

cer um derby regional, comprovando que há sempre bons treinadores em Portugal. Basta procurar bem e arriscar.Nota final para dois empates, entre quatro equipas que ocupam os últimos lugares da tabela classificativa da Liga. Assim, será difícil sair de lá.

in Maisfutebol.pt

A Comissão para Regeneração da Liga de Honra continua a trabalhar na altera-ção do actual modelo do segundo cam-peonato nacional e em cima da mesa tem uma proposta para alargamento da Liga de Honra para vinte clubes.O aumento do número de competidores passaria pela inclusão de quatro equipas B, ou seja, quatro equipas secundárias de clubes que compitam na Liga principal.Recorde-se que os três grandes já tiveram equipas B, mas deixaram morrer os pro-jectos em grande causa devido à impossi-bilidade das mesmas competirem na Liga de Honra: actualmente apenas podem jo-gar na II Divisão ou inferiores.

A proposta que a Comissão para Rege-neração da Liga de Honra está a estudar inclui ainda a alteração de número de lugares de subida e descida de divisão. Desta forma, passaria a haver três clubes promovidos à Liga e três despromovidos à Honra.Estas ideias foram hoje reveladas por Lo-pes de Castro, presidente do Varzim, um dos clubes que integra a Comissão de Re-generação da Liga de Honra. O dirigente informou também que no próximo dia 19 de Janeiro vai haver uma reunião geral dos clubes da Liga de Honra para análise destas propostas.Depois disso, será formulada uma pro-

posta mais concreta que terá de ser apre-sentada à Assembleia-Geral da Liga, para ser ou não aprovada. De qualquer das formas, mesmo que a proposta seja aprovada, as alterações não serão ainda aplicadas na próxima temporada.

Recorde-se por fim que a ideia da inclu-são de equipas B dos três grandes na Liga de Honra foi defendida por Tiago Cravei-ro, Secretário-Geral da Liga de Clubes, recentemente em entrevista ao jornal O Jogo.

in ojogo.pt

A Liga portuguesa de futebol profissional (LPFP) revelou, esta segunda-feira, que in-terpôs um procedimento criminal à Naval, que poderá provocar a exclusão da Liga.A comissão executiva da LPFP vai agir criminalmente contra os dirigentes e revi-sor oficial das contas, que tinha dado o seu aval e confirmado que o clube não tinha dívidas para com jogadores ou técnicos.Para se inscreverem na Liga, os clubes têm de apresentar o comprovativo onde garan-tem que não têm salários em atraso para com jogadores ou equipa técnica.Como a LFPF tem dúvidas nos documen-tos apresentados pela Naval interpôs um procedimento criminal, visto que não tem jurisdição para declarar a falsidade ou não dos documentos em questão.Assim, e também de acordo com a LPFP, qualquer decisão será apenas tomada de-pois de a Justiça civil se pronunciar sobre a eventual invalidade dos documentos.

in abola.pt

O treinador-adjunto da selecção nacional, Agostinho Oliveira, deixou a entender que o estágio antes do Campeonato do Mundo deverá ser feito em Portugal, mas que o estágio na África do Sul está dependente de uma decisão da FIFA.“Em princípio, o estágio será em Portugal”, afirmou Agostinho Oliveira, sem querer confirmar a cidade de Covilhã, onde a Federação Portuguesa de Futebol já reservou um hotel durante três semanas. “É uma possibilidade”, referiu.Por outro lado, o ‘quartel-general’ na África do Sul continua por definir e segun-do Agostinho Oliveira “está dependente de uma decisão da FIFA”. “Houve outras selecções do grupo que escolheram o mesmo local na África do Sul”, respondeu o adjunto de Carlos Queiroz, que excluiu em definitivo a opção do alojamento em Moçambique.Agostinho Oliveira não indicou o local escolhido para o estágio em Portugal, mas reconheceu que seria bom “os jogadores dormirem em altitude”.Portugal está integrado no grupo G e estreia-se no Mundial 2010 a 15 de Junho frente à Costa do Marfim. A 21, a equipa das “quinas” defronta a Coreia do Norte e, quatro dias depois, joga com o Brasil.O Mundial 2010 é o primeiro a disputar-se no continente africano e decorre entre 11 de Junho e 11 de Julho.

sapodesporto

Naval em risco de exclusão“Quartel General”

depende da FIFA

Liga de Honra pode aumentar para 20 clubes

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23PATROCINADORES

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24 15 de Janeiro de 2010TAUROMAQUIA

Forcados Amadores de Turlock nas Sanjoaninas 2010

Para já a má notícia do dia - o cance-lamento inesperado da Feira do Pico dos Padres.A boa noticia, é a referente à alter-nativa do cavaleiro Praticante Sário Cabral, que irá acontecer na Corri-da da Festa de Patterson, a realizar na Praça de Gustine a 14 de Junho. Estarão presentes os Cavaleiros de Alternativa Victor Ribeiro e Paulo Ferreira. A não perder.

O ano de 2010 deve continuar a ser um ano de contenção de despesas nas nossas organizações taurinas, por isso é natural que os artistas que nos visitarão não sejam aqueles que todos gostariam de ver. O importan-te é que, qualquer que sejam eles, se portem com dignidade profissional e que mostrem a sua arte e a sua téc-nica taurina.Pena temos que a maioria dos ar-tistas portugueses (melhor dizendo, os seus empresários) ainda vejam a California como a terra dos dólares pendurados nas árvores à espera que eles os venham colher.Vocês acreditam que há empresários, que além de pedir o justo (ou injusto) preço para o seu artista tourear, ain-da têm o descaramento de pedir 3, 4, 5, 6, 7 e 8 passagens?

Vou repetir - ainda pedem 3, 4, 5,

6, 7, 8 passagens. Para quem? Para a família, para os amigos, para, para, para, para..... Inacreditável, não e?

Quando será que os artistas portu-gueses aprendem de uma vez por to-das a pedir o justo preço. A maioria deles nunca ganhou na sua vida o que ganham aqui. Nunca, mas nunca.É preciso deixar-nos de fantasias, dizer não a estes abusos, e contra-tar espanhóis ou mexicanos, até que os nossos aprendam a respeitar-nos como os respeitamos a eles.Como é possivel os artistas portu-gueses pedirem dezenas e dezenas de milhares de dólares, quando nem toureiam em Portugal nem em parte nenhuma?Como é possivel pedirem-se milha-res e milhares de dólares e depois tourear como se fizessem um frete?Nós não precisamos de fretes, o que precisamos é de homens sérios, ho-nestos e que venham ganhar o seu dinheiro em troca do seu valor, da sua arte e da sua integridade. Isso é o que nós precisamos.E se as nossas organizações caírem nas armadilhas, então isto quer dizer que elas estão ao mesmo nível deles, isto é, não sabem o que estão a fa-zer.

É necessário que as nossas organiza-

ções sejam solidárias umas com as outras, se não, nunca haverá remédio para curar esta maleita dos abusos.

Outro dia encontrei a lista de mata-dores mexicanos que estão a actuar na Praça Mexico, a maior do Mundo, nesta temporada de 2010.Se eles são bons para tourear na Pra-ça mais importante da America do Sul, então seriam também bons para tourear nas nossas praças. Aqui fica o nome deles:

Jerónimo, Alberto Huerta, Miguel Ortas ‘Miguelete’, Guillermo Mar-tínez, Omar Villaseñor, Fermín Spínola, José Luis Angelino, Leo-poldo Casasola, Alejandro Amaya, Israel Téllez, Christian Ortega, Manolo Lizardo, Juan Antonio Adame, Jorge López,Ismael Ro-dríguez, Aldo Orozco, Fermín Ri-vera, Pedro Rubén, Juan Chávez, Víctor Mora, Guillermo Capetillo, Manolo Mejía, Alfredo Lomelín, Humberto Flores, Federico Pizar-ro, Fernando Ochoa, Uriel Moreno ‘El Zapata’ y Pepe López.

Estes artistas estão a duas ou três horas de avião, chegam num dia e regressam a casa no outro dia. As-sim se pode poupar muito e ver bons artistas.

Quarto Tércio

JoséÁ[email protected]

Atiro o meu chapéu nem sei quantas vezes contra o Muro de Berlim (que já não existe) pela tristeza que senti, ao saber do cancelamento da Feira Taurina do Pico do Padres que se iria realizar em Abril. Oh Manuel de Sousa Junior, como é que pudeste fazer isso à gente?

Tiro o meu chapéu três vezes à Comissão Taurina das Sanjoaninas 2010, pelo convite que fize-ram ao Grupo de Forcados Amadores de Turlock para participarem na Feira Taurina deste ano, com a certeza que eles, mais uma vez, irão orgulhosamente representar bem, toda a forcadagem da California, como o fizeram no passado.

Tiro o meu chapéu ao Sário Cabral pela oportunidade que ele irá ter em tornar-se Cavaleiro de Alternativa, o que no entanto implica muitas maiores responsabilidades que terá que gerir no futuro com mais eficiência.

Fico com o meu chapéu a dançar no ar em expectativa ao saber das dificuldades que certas organizações têm, em nomear Vice-Presidentes. Porque será? Haverá alguém que explique tim-tim-por-tim-tim as razões dessas dificuldades e como superá-las?

Tiro o meu chapéu a todos os aficionados que no dia 1 de Janeiro foram à primeira Tourada à Corda do ano.Havendo uma boa aguardente para aquecer, não há frio que afaste o povo das touradas à corda. Aí valentes!

As Sanjoninas acabaram de anunciar que os Forcados Amadares de Turlock estarão presentes na Corrida de Concurso de Ganadarias a realizar no dia 26 de Junho, pegando dois toiros. Nessa mesma corrida será premia-da a melhor pega e o melhor toiro. Esta será mais uma oportunidade para que a forcadagem Californiana mos-tre todo o seu valor em terras açorianas.

20 de Junho: Cavaleiro Luís Rouxinol Matador Miguel Angel Perera Forcados da Tert. T. Terceirense Toiros de Rego Botelho

24 de Junho: Cavaleiro Rui Fernandes Rui Lopes, que toma a alternativa Forcados do Ramo Grande Ruben Pinar Toiros de José Albino Fernandes

25 de Junho: Cavaleiro Tiago Pamplona Cavaleiro Tiago Carreiras Cavaleiro João Pamplona Matador António Ferrera Forcados da Tertúlia Terceirense Toiros: 4 de Rego Botelho, 3 de José Albino Fernandes

26 de Junho: Cavaleiro Luís Rouxinol Cavaleiro Rui Fernandes Cavaleiro Tiago Carreiras Forcados da Tertulia Tauromáquica Terceirense, Amadores de Turlock e Amadores do Ramo Grande Toiros: 2 Rego Botelho, 2 José Albino Fernandes e 2 Herd.s de Ezequiel Rodrigues

O custo da Feira Taurina está orçamentado em 380 mil euros.Para os tempos de crise e mantendo uma qualidade aci-ma da média, esta será uma feira de sucesso, como a do ano passado.Muito mais do que nomes sonantes, interessa aos aficio-nados ver profissionalismo, arte e boa disposição para triunfar.O triunfo de uma feira não se faz sómente com artis-tas, faz-se com praças cheias de aficionados, que devem participar num empreendimento artístico de bom nível como este.

E por aqui, o que é que nos espera?

Page 25: Tribuna 01/15/10

25PATROCINADORES

Portuguese Historical CenterRecognition Dinner

The Portuguese Historical Center Recognition Dinner is to be held on Saturday, February 27, 2010. At this dinner we will be recognizing four (4)members of our community who we believe show leadership, dedication and hard work. Weare proud to announce our four (4) recipients:

2010 Humanitarian of the Year - Gabe Leal2010 LifetimeAchievement Award - Joe Silva2010 Business Leader of the Year - Tony Calabrese2010 Organization of the Year - Cabrillo Civic Club # 16

Along with the dinner we are happy to have “Kicks Entertainment” who will be per-forming as the evening entertainment. Please visit their website at www.kicksband.com and listen to their fantastic music.The Portuguese Historical Center’s only income comes through membership each year. To help with the expenses of this dinner we are sending a Sponsor Form. We hope that you will help us with some of the cost, so this event can be a successful one.

Sincerely,Daniel A SilvaRecognition Dinner Chair

Name or Company __________________________________________Address _________________________________________________Contact Person_____________________________________________Phone Email___________________________ Portuguese Historical Center Sponsor $1000.00 - 10 Dinner TicketsName or Business displayed at the Dinner___ Tunaman’s Memorial Sponsor $500.00 - 5 Dinner TicketsName or Business displayed at the Dinner___ Skipper Sponsor $250.00 - 2 Dinner TicketsName or Business displayed at the Dinner___ Crew Member Sponsor $100.00Name or Business displayed at the Dinner___ Membership Sponsor $50.00

Send checks payable to:Portuguese Historical Center, P.O. Box 60749, San Diego, CA92166

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26 15 de Janeiro de 2010ARTES & LETRAS

A Divina Miséria de João de Melo

Bem-vindos à primeira Maré Cheia para 2010. Começamos o ano com um texto extremamente interessante do nosso ami-go e distinto colaborador o poeta Victor Rui Dores. É uma recensão ao novo livro do escritor João de Melo. Um açoria-no que há muitos anos está radicado no continente português. Aliás, nos últimos anos João de Melo, que for professor du-rante algumas décadas, vive e trabalha em Madrid onde é adido cultural na em-baixada de Portugal. Damos as boas vindas a 2010, a uma nova década, destacando o novo livro de João de Melo.

abraços e bom ano diniz

“E nada pode haver de mais triste para quem morre do que ser enterrado à chuva, sentir o corpo misturar-se com a ou-tra lama de que fomos feitos, a qual há-de ser sempre o lixo de Deus, a divina miséria da nossa criação”. (pág. 78)

Estão agora na moda os “romancistas” que escrevem para o Mercado, cujos livros

denotam muito Dan Brown, muito diálogo, muitas peripé-cias e muitas frivolidades sen-timentais e (tele)novelescas… José Rodrigues dos Santos, Margarida Rebelo Pinto e que-jandos estão nesta lista. Por outro lado, existem os verda-deiros escritores para quem a literatura é uma forma de Arte e que encaram a escrita como objecto estético. João de Melo encaixa-se cla-ramente neste último grupo, pelo alto nível vocabular das suas obras, pela sua prodigiosa imaginação criadora, por uma sintaxe esplendorosa e pelo deleite estético produzido na consciência do leitor. Habita em João de Melo um estilo, uma linguagem de cria-ção, a precisão da palavra e da frase, a multiplicidade de signi-ficações. Com mais de 30 anos de percurso literário e uma vintena de títulos publicados, os livros deste autor dão con-ta da experiência açoriana, da vida em Lisboa, da dimensão de África (ele que deu um notá-vel testemunho literário sobre os horrores vividos e sentidos na Guerra Colonial), das mito-logias do quotidiano e de uma ideia de universalidade a partir do espaço insular.Retomando o tema de abertura desta recensão: costumo dizer aos meus alunos que a diferen-ça entre a boa e a má literatura está na diferença entre comer um fillet mignon e uma sandes de chouriço… E, nesta matéria, é óbvio que os portugueses an-dam a consumir muitas sandes de chouriço…Ocorrem-me, a propósito, dois exemplos de escritores que viveram gloriosamente um presente literário e que foram absolutamente esquecidos no futuro: Pinheiro Chagas (1842-1895), “profícuo escritor” na sua época, mas que hoje só é conhecido por razões que se prendem com a toponímia da cidade de Lisboa. E Reis Ven-tura (1910-1988), o consagrado plumitivo que, num concurso

literário promovido em 1934 pelo Secretariado de Propa-ganda Nacional, concorrendo com o pseudónimo Vasco Reis, apresentou um livro execrável intitulado A Romaria, o qual viria a relegar para a categoria B a Mensagem, de Fernando Pessoa.Ora, é na palavra que começa e acaba toda a arte literária. O que torna perene a literatura é justamente a qualidade da escrita e a dimensão humana das personagens que povoam as verdadeiras obras de fic-ção. Dito de outra maneira: a

perenidade da literatura está na escrita literária, não está na reportagem jornalística… On-tem como hoje, os bons livros escasseiam, os maus abundam. Que se cuidem, pois, aqueles que, nos nossos dias, produ-zem sandes de chouriço, digo, escrevem livros de fácil, rápida e larga difusão…Vem tudo isto a propósito da leitura que acabo de fazer de A Divina Miséria, de João de Melo (Dom Quixote, 2009), novela ao longo de vários anos urdida e cuja gestação assim se explica: esta é uma nova versão, bastante ampliada e su-cessivamente reescrita, de três

narrativas mais ou menos apa-rentadas entre si: “O Tempo de Todos Nós” (publicada na re-vista Aresta, 1984), o conto “O Homem da Idade dos Corais” (inserto no livro Bem-Aventu-ranças (Dom Quixote, 1992) e “A divina miséria” assim mes-mo já figurando enquanto título no livro Entre Pássaro e Anjo (Círculo de Leitores, 1987). O texto surge agora, revisto e aumentado, perfeitamente au-tónomo.Não há literatura sem geogra-fia. E, em A Divina Miséria, João de Melo dá-nos uma visão

que é ao mesmo tempo mítica e realista da ilha, falando-nos de um tempo insular e insula-do, marcado pelo contencioso social. Rozário, uma pequena comunidade açoriana, é o lugar onde tudo se passa e onde pulsa todo o universo e todo o ima-ginário de um povo rural mar-cado pela religião, que sofre o isolamento, o cerco atlântico (isto é, tem o mar imenso como única fronteira e horizonte) e está sujeito à “pavorosa soli-dão” de que fala Raul Brandão em As Ilhas Desconhecidas.O “leitmotiv” de A Divina Mi-séria prende-se com a morte e o funeral do padre Governo,

figura central do livro, sendo que a morte daquele pároco é, de alguma forma, a morte simbólica da Igreja Católica. Acima de tudo, o livro dá con-ta de muitas e variadas formas de obscurantismo – memória de um tempo em que grassava o medo, a angústia, a cruelda-de, a injustiça e a intolerância, numa visão desapiedada da Igreja: aqui se denuncia preci-samente a “tirania eclesiástica” (pág. 84), “as leis da ditadura eclesiástica” (pág. 91)... Um narrador autodiegético (ou seja, o narrador é participante e testemunha na acção) conta a história desse povo sereno e submisso aos ditames da moral católica: a confissão, a culpa, o remorso, a superstição, as pe-nitências, as humilhações. O sacristão Calheta tipifica – e bem – essa submissão ances-tral. Aqui se fala da opressão dos poderes terreno e divino, tipificados não só no padre Governo, mas também no re-gedor Guilherme-José. Apenas o “revolucionário” João Lázaro representa a consciência crítica desse mundo de misérias. Dele é que vêm propostas de liberta-ção. Simbolicamente, na parte final do livro, essa libertação será feita por marines ameri-canos que invadem Rozário, numa clara alusão a que, den-tro e fora do espaço insular, sempre fomos culturalmente

Victor Rui Dores

colonizados pela nação americana.Na sua essência, A Divina Miséria (de)es-creve a morte de padre Governo – a real e a simbólica. Em tom de brincadeira e ma-ledicência, alguém me dizia que este é um livro de caixão à cova… Mas não. Este é mais um sério ajuste de contas que João de Melo faz com a História e com o pas-sado, até porque como escreveu William Faulkner, “o passado não está morto. Nem sequer é passado”. Bem vistas as coisas, catártica é a boa li-teratura.

Horta, 9 de Janeiro de 2010

[email protected]

Apenas Duas Palavras

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27 COLABORAÇÃO

Arnaldo Matos e

João NevesDesejam a todos os seus estimados clientes, familiares,

amigos e toda a comunidade

UM BOM ANO NOVOCHEIO DE PROSPERIDADE

Tel: 408-258-7240 Fax: 408-2589-71331897 Alum Rock Ave, San José, CA 95116

Page 28: Tribuna 01/15/10

28 15 de Janeiro de 2010ENGLISH SECTION

portuguese S E R v I N G T H E P O R T U G U E S E – A m E R I C A N C O m m U N I T I E S S I N C E 1 9 7 9 • E N G L I S H S E C T I O N

Ideiafix

MiguelValleÁ[email protected]

T h e B e s t o f 2 0 0 9PERSONS OF THE YEAR

Bernadine and Lionel Goularte are lea-ders and philanthropists in the Portuguese-American community. They established the Portuguese Heritage Collection at the Martin Luther King Jr. Library at San José State University. With their significant mo-netary donations, the Portuguese Studies Program survived budget cuts and lack of enrollment and thrived in 2009 to become an official Minor at SJSU. Bernie and Lio-nel were the big promoters of a 4-month-long Portuguese exhibit at the King Li-brary on the Portuguese Discoveries and the Capelinhos Volcano. This exhibit was prominently displayed in the main exhibit hall at the library and was visited by thou-sands of library patrons and visitors. Lio-nel was also presented with the 2009 Dia de Portugal Award by the Luso-American Education Foundation.One of Bernie and Lionel’s many le-adership qualities is to know when to step down from leadership roles in an organization to give opportunities to the newer generations while still supporting the organization’s initiatives. A definite lesson for many of our community lea-ders.

ORGANIZATIONSOF THE YEARNew Bethany in Los Banos celebrated 10 years of doing good for the elderly. The Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Ima-culada Conceição manage this beautiful elder care institution with 111 rooms. A great example of can-do attitude.The Portuguese Historical and Cultural Society of Sacramento celebrated its 30th anniversary. No other organization in the Sacramento area has promoted the Portu-guese presence as well as the PHCS.

BOOK OF THE YEARThe New Portuguese Table by David Leite of Leite’s Culinaria (Portuguese Tribune’s 2005 Organization of the Year) took the culinary publishing world by storm. Going into its second edition, The New Portuguese Table is a delight to read with delicious recipes to try. By far, the book with the largest impact in promoting Portuguese culture in the US in 2009.

BUSINESS OF THE YEARA.V. Thomas Produce continued to bro-aden its distribution channels — its swe-et potatoes and yams proudly displayed in the “Buy Local” campaign at Safeway and other big chain supermarkets —, is the largest distributor of sweet potato in the United States, and is the world’s lar-gest organic sweet potato producer. Ma-nuel Eduardo Vieira and his management team at A.V. Thomas Produce continue to innovate even in the traditional agricultu-ral industry.

RELIGIOUS OF THE YEAR

St. Elizabeth’s Church (Igreja de Santa Isabel) in Sacramento celebrated its cen-tennial in 2009. It is the oldest Portuguese National Church west of New England. The parish was founded by Fr. João V. Azevedo of Pico, Azores, on October 24, 1909 and the church was dedicated on Fe-bruary 2, 1913.

Congratulations on its first 100 years!

Rev. Harvey Fonseca of St. Jude Thad-deus Catholic Church in Livingston was honored by Pope Benedict XVI with the title of Monsignor in 2009. He previous-ly served in Tulare, Merced, and Hanford. One more Portuguese-American priest who through his dedicated work was awar-ded such an honor by the Vatican.

ARTISTS OF THE YEARMaestro Joana Carneiro assumed the role of conductor at the Berkeley Sym-phony Orchestra in 2009. She is one of the few female symphony conductors and brings new dynamism and enthusiasm to classical music.

Tributo, the excellent ensemble from São Jorge Island in the Azores, marveled the audience at the Portuguese Band of San Jose hall. Unfortunately, the event was not sold out and many community mem-bers lost an opportunity to see live the best Azorean band. Tributo composer (and the best São Jorge has produced since Francis-co Lacerda) and musician António Severi-no accompanied local talents Nelson Pon-ta-Garça, Roberto Lino and Os Lá Fora in concerts.

Honorary mentions go to Sete Colinas guitar group for being our best local per-formers of the fado and to soprano Sepi-deh Moafi for her performance (especially the Kyrie) at the Dia de Portugal concert at Five Wounds Portuguese National Church with the Mission Chamber Orchestra and Deo Gloria Choir.

INSPIRATION OF THE YEARThe Portuguese classes at the Morgan Hill Adult School taught by Fernando Salvador are an inspiration of what can be done at the local level to teach the Portu-guese language. And the students use The Portuguese Tribune as a learning aid.

REVELATIONS OF THE YEAROs Lá Fora band was (hopefully still is) a great approach to new music in the Portuguese-American community. May the group make a comeback in 2010 be-cause we desperately need an alternative to “pimba” music.

Garrett Monteiro at age 10 is a talented young player of the Portuguese guitar. May he continue and become our local re-ference on the guitarra portuguesa.

CULTURAL EVENT OF THE YEARMariza’s concert at Oakland’s Paramount Theatre before over 3,000 enthusiastic spectators brought pride to being Portu-guese and an admirer of this new wave of fado. She had five standing ovations and delighted spectators from Asia, Africa, Europe, the Americas, and even Oklaho-ma. AMAZING MARIZA! was the entry on facebook that evening.

Honorary mentions goes to Modesto’s Gallo Center for the Arts and the San Francisco Jazz Festival for promoting Portuguese musicians to broad audiences.

EDUCATIONAL EVENT OF THE YEARThe elevation of the Portuguese Studies Program to official Minor at San José State University was the culmination of a dream of over three decades. Congratula-tions to program director Dr. Virginia da Luz Tarver and lecturer Aurélio Dias-Ferreira for taking the program to this next step. More enrollment and support will lead to an official Major...

Honorary mentions go to the Luso-Ame-rican Education Foundation Summer Camp that helps our youth leaders grow educationally and professionally and the Jardim Infantil (Daycare and Preschool) Dom Dinis that celebrated 25 years of edu-cating our young children.

PROJECTING OURIMAGE ABROAD’ AWARDAlzira Silva stepped down in January 2009 as Director of the Azorean Government’s Direcção Regional das Comunidades after 12 years. She had been one of the strongest advocates of the talents of our community and great supporter of cultural and edu-cational programs. She has already been greatly missed.

Manuel Eduardo Vieira was recognized in Portugal with the “Prémio Empreende-dorismo Inovador da Diáspora Portugue-sa” (The Innovative Entrepreneurial Award in the Portuguese Diaspora). He was also presented with the PALCUS Business Le-adership Award. With a childhood friend, he has also built a “hipermercado” in his native Pico Island.

Forcados Amadores de Turlock were in-vited to participate in several bullfights in Portugal and were awarded the best pega at the most important bullring in Portu-gal, Praça de Touros do Campo Pequeno, in Lisbon. Congratulations and thanks for demonstrating that the Portuguese-Ameri-can community can compete with the best anywhere.

‘CALLS TO ACTION’ OF THE YEARIn 2009, The Portuguese Tribune took firm positions in different areas and topics. The key positions were about the antiqua-ted Luso-American Education Foundation (LAEF) Conference model, the expen-sive costs and lack of clarity on SATA Internacional’s trips and cost structure from/to Oakland International Airport, the much needed remodeling of the Portu-guese Consulate in San Francisco, and the lack of interest in the Portuguese elections

among the local (potential) voters.

We are happy to report that the LAEF under the leadership of José Luis da Silva and Manuel Bettencourt is implementing significant changes to its organizational structure and conference model starting in 2011, that SATA has come clean on its cost structure including a first-ever exclusive interview with its CEO, that the Portu-guese Consulate has better working con-ditions, the article and opinion pieces on Renato Leal’s electoral campaign visit and the lack of attention by ‘our’ current Mem-bers of the Portuguese Parliament struck a chord in the Azores and among politicians which will hopefully attract new attention and action in 2010.

2009 – In MemoriamSerafim Inácio Teixeira, 1937-2009Anibal Rodrigues Cabral, 1924-2009José Luis Parreira, 1926-2009John Paul Abranches, 1931-2009Conchita Cintron, 1922-2009Abel Manuel Faria Jr., 1957-2009Ana Oliveira Vieira, 1914-2009José T. Gomes, 1921-2009Amilcar Quaresma, 1943-2009Rev. Manuel Bernardo Soares, 1929-2009Maria Noelia Mota, 1933-2009António Tavares Filho, 1939-2009Isabel Pacheco Silveira, 1949-2009Raul Solnado, 1930-2009Ilda da Encarnação Silva Vale, 1918-2009Rev. Carlos (Charles) Macedo, 1924-2009Frank R. Santos, 1925-2009Paula do Amor Divino, 1925-2009Bel R. (Belchior Reis) Martin, 1924-2009Josefina Mendes, 1941-2009 Joe A. Mattos, 1929-2009José Soares, 1914-2009Daniel Arruda, 1957-2009Mario Rodrigues, 1939-2009Lino Sousa, 1928-2009And many others who left the Portugue-se-American community poorer.May their souls rest in peace! 2009 Welcomed Newborns

Xavier Thomas Vallence, January 1Mason and Landon Gomes, February 4James Carlos Vaz, February 12Charles Michael Prenger, March 16Anjolie Christine Marie Banderas, May 10Alissa Silva, June 6Sofia Isabel Soares Ávila, August 1Fernando Bryant Zapiain Jr., August 31Luis Manuel Miranda Pimentel, Sept. 15Luke Franklin de Oliveira, September 16Mia Ashley Teixeira Silva, October 9And many others who were welcomed into the Portuguese-American commu-nity. May they become our leaders of tomorrow!

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29ENGLISH SECTION

Tribuna: at Age 30 and BeyondAs The Portuguese Tribune celebrated its 30th anniversary in September 2009, it is reaching farther than ever before. In late 2008, the management decided to publish its entire edition online free of charge at www.portuguesetribune.com. By early 2009, the readership of the online version reached over 20 countries. In mid-2009, the online presence was augmented with updates on social network Twitter (twitter.com/porttribune) and by November, the Tribune’s facebook page was launched reaching more than 500 fans within its first five weeks.During the summer of 2009, The Portuguese Tribune contributed with weekly columns to the oldest Portuguese daily newspaper, Açoriano Oriental.Through its online presence, The Portuguese Tribune was the first media outlet to notify its reader of a fire at the IES Hall in San José (later released by the San Jose Mercury News, Yahoo!News, USA Today, TV stations, etc.) and a 3.8 earthquake in the San Francisco Bay Area (later released by the San Jose Mercury News and the San Francisco Chronicle).December 2009 also saw the launch of the Tribune’s YouTube page with short videos from community events and the world premiere of an 8mm film sho-wing the devastation of the January 1, 1980 7.2 earthquake on Terceira Island, Azores.The Portuguese Tribune was also the only print media organization to report live from Five Wounds Portuguese National Church at the unification mass of the newly formed Portuguese Fraternal Society of America (PFSA) on January 10, 2010 with regular updates on its facebook page.2010 will bring more and better from YOUR Portuguese Tribune!

The members of the Luso-American Education Foundation met at its annual membership meeting on December 12, 2009 at the POSSO building in San José to discuss regular business, elect new directors and officers, as well as discuss its future.At the request of LAEF Chairman of the Board, José Luis da Silva, and Presi-dent Manuel Bettencourt, an ad-hoc advisory committee had met on Septem-ber 26 at the LALIS headquarters in Dublin, CA to define the future path of the organization. The group defined a new Vision and Mission Statement for the LAEF that were subsequently presented and approved at the LAEF Bo-ard meeting on November 14. The new Vision is “To Advance the Portuguese Culture and Language in the United States” and the Mission Statement is “To lead initiatives for the advancement of the Portuguese culture and language; To support qualified students in accessing higher education; To foster lifelong learning programs.”Members of the ad-hoc advisory committee Miguel Ávila, Angela Costa-Simões, Nelson Ponta-Garça, Francisco Alves, and Diniz Borges presented proposed education and cultural strategies, a plan for the conferences (to start in 2011), communication approaches, and a new organizational structure. The LAEF Board will further define and approve these education, cultural, and communication strategies in early 2010.The LAEF membership showed good signs of being open to change to grow into the 21st century.

LAEF thinks about its Future

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30 15 de Janeiro de 2010

página da educaçãoA Página da Educação é organizada e editada pela Coordenação do Ensino Português na Califórnia (CEP.CA). O seu objectivo é dar a conhecer ao pú-

blico os programas e actividades de escolas e organizações educativas em toda a Califórnia. Aqui encontrará notícias, temas da educação, ideias …

A participação dos leitores será também muito apreciada. Esta página estará online no Blog da Coordenadora em versão bilingue (português e inglês).

ANA CRISTINA SOUSA | COORDENADORA DO ENSINO PORTUGUÊS NA CALIFÓRNIA | [email protected] | (209) 202-0980

2 0 1 0 A N O D O E N S I N O P O R T U G U Ê S n a C a l i f ó r n i a

Renascença PortuguesaQuem tenha acompanhado os artigos da Coordenadora de Ensino Português desde a implementação da Coordenação de Ensino da Califórnia e outros estados ocidentais (CEP.CA) em Outubro de 2007, poderá já ter reparado num dos seus objectivos principais – dar maior apoio e visibilidade ao ensino da língua portuguesa através do envolvimento de toda a comunidade. Ou seja, não basta o esforço de professores, escolas, admi-nistrações escolares e até governos de outros países e regiões (Portugal e Açores) se os principais “clientes” não “comprarem” o pro-duto, ou se este não for de boa qualidade.

HERANÇA AMEAÇADA

Os leitores talvez nem saibam que todos os dias se estão a perder falantes de Português na Califórnia.

Basta olhar para os números oficiais. Em 2000 havia na Califórnia 78.390 pessoas que declaravam falar Português em casa. Em 2005 esse número tinha baixado para 71.026, verificando-se que em apenas 5 anos se perderam 7.364 falantes de Português, tanto entre as gerações mais velhas, como entre as mais novas. O Português está a tornar-se em pouco tempo numa herança ameaçada.

O QUE PODEMOS FAZER?

Poderá haver quem pense que por já não ter filhos a estudar, ou ter os netos encaminhados, não tem nada que se preocupar com o futuro do Português na Califórnia. A sua vida está feita; deixa isso para os outros. Nada poderia ser mais errado.

Quem é que já não observou um grupo de luso-americanos de meia idade a conversar numa festa? Que língua ou línguas falam eles? Podem iniciar a conversa em Português, continuar em Inglês e acabar em Portinglês, essa imaginosa mescla das duas primeiras. Mas se chega uma criança ou mesmo um jovem, imediatamente se lhe dirigem em Inglês, como se a língua de Camões não servisse para a comunicação com os mais novos, ou como se estes nascessem com alguma incapacidade para a aprenderem.

COMUNIDADE SOMOS TODOS NÓS

Na verdade, somos todos responsáveis pela sobrevivência da nossa língua e da nossa cultura. Não podemos encomendar somente às escolas a missão que é de uma comunidade inteira. Nas famílias, nas lojas e empresas portuguesas, nas festas, nas escolas, nas igrejas, nas associações e fundações, todos temos oportunidade de falar em Português. Melhor ainda, todos temos o dever de falar Português. Em todos esses locais os nossos jovens deviam poder ouvir e falar Português. O exemplo, o modelo vem da família e da comunidade como um todo. A escola, por mais importante que seja, por muito que tente, nunca poderá substituir esse papel formativo e educativo.

RENASCENÇA PORTUGUESA?

Descubra de novo o prazer de falar Português – a doce língua – como lhe chamava Cervantes, o grande escritor espanhol. Este ano, apoie o Ensino Português e “adopte” uma escola ou um programa de Português na sua zona de residência, ou noutra região da Califórnia. Tenha orgulho em participar activamente nesta nova Renascença Portuguesa. O futuro agradece!

Esta página é interactivaCorreio dos Leitores

Todas as ideias presentes nesta página

estão abertas à discussão. Todos os

pedidos de esclarecimento serão

respondidos. Os comentários mais

interessantes serão aqui trazidos à

colação. Para tal basta ligar-se à

Internet e navegar até ao blogue

da Coordenadora. Leia, comente,

participe. Sinta que faz parte.

Pode também enviar correspondência:

Center for Portuguese StudiesCollege of Humanities and Social Sciences | CSU StanislausOne University Circle

Turlock, CA 95382, USA

ORGULHO PORTUGUÊS

rapariga encontra rapaz

rapaz encontra rapariga

T O P T E N D A S E S C O L A S NÚMERO DE ALUNOS DE PORTUGUÊS

Elim Elementary (Hilmar) 282Tulare Union 198San José High Academy 123Hilmar High 94Jorge de Sena (Turlock) 80Turlock High 73Los Banos High 70Tulare Western 70Vitorino Nemésio (Tulare) 65Mission Oak 65

Ana Cristina SousaCoordinator of

Portuguese Programs

t: (209) 667-3819

f: (209) 664-7183

c: (209)-202-0980

Dezembro 2009

COMUNIDADE

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Festa de Natal e Matança em Hilmar

Grupo de Violas da Casa dos Açores, sob a maestria de Gino Almeida

Adelino Toledo, António Azevedo, Vital Marcelino, José Ribeiro e João Pinheiro

Lizandra Jorge cantando o Fado

Tito Rebelo também quiz participar nesta noite de festa em Hilmar

Carmencita cantou Fado sempre acompanhada por uma “inesperada” bailarina

O Grupo Coral do Pastor André

Vital Marcelino, André Santos, Michelle Rosa, Lizandra Jorge e Carmencita

A Casa dos Açores, da presidência de Vital Marcelino, levou a efeito a sua festa de Natal no dia 13 de Dezembro, com um programa de variedades como se pode ver nas fotos desta página, além da visita do Pai Natal que encantou as criancas.No dia 8 de Janeiro teve lugar a tradicional matança, que este ano teve um sucesso ines-perado - 540 “take-outs” e cerca de 500 pessoas a encherem por completo o pavilhão de Hilmar. Diga-se em abono da verdade que a morcela estava muito boa, sem exageros de condimentos que às vezes podem estragar uma festas destas. Tudo feito e condimentado de maneira correcta e simples. Assim se preserva uma tradição.

Em pé (esq/dir) - Noémia Vieira, Lionilde Parreira, Madalena Marcelino, Fátima Monteiro, Hermínia Parreira, Conceição Silveira, Margarida Cabral, Natália Sousa, Lina Alves, Cre-milde Faustino e Anália Furtado. Sentadas - Sãozinha Rodrigo, Odília Vieira, Elene Souza

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32 15 de Janeiro de 2010ÚLTIMA PÁGINA

As festas de Natal na Comunidade

A festa de Natal do Abilio Sousa é sempre muito alegre e com muita gente

Joe Simas, Tony Silva, Amélia e José Loeo, José Silva, Fernando Silva, Horácio Nevese Abilio Sousa

A Familia Fontes na noite de Natal em Casa de Joe Souza, em Stevinson

Festa de Natal da “League of Portuguese Fraternal Benefit Society of California”. Em cima: Presidente da Liga, Carolina Mazilu e Antonio Costa Moura, Cônsul GeralEmbaixo: Joe Câmara, League Treasurer and Past Secretary of UPPEC, Barbara Fraga, League Past President and Past Treasurer of UPPEC, Carol Bates and League Representative and Past Secretary of UPPEC Lidia Mata.

O Sporting de Santa Clara juntou os seus amigos na Festa de Natal

A Noite de Reis foi bem passada na Tertúlia de António Nunes (o maior coleccionador de chocalhos do mundo), em Merced.

O Portuguese Athletic Club de San José alegrou-se na Passagem do Ano

Um povo folgazão como o nosso, não podia desperdiçar a oportunida-de para festejar o Natal, a Passagem de Ano e os Reis, e assim, por esta linda California fora, foram às dezenas ou centenas as festas comemo-rativas desta quadra festiva.O importante é que continuemos a festejá-las todos os anos, alegre-mente e com muita saúde.