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Espírita Tribuna Tribuna Ano XXXIV - Nº 184 março/abril - 2015 Preço: R$ 5,00 Aspectos científicos e espirituais Nessa edição: O Coma e os Distúrbios da Consciência O Coma e os Distúrbios da Consciência O Espírita e os Problemas Políticos Atuais

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  • EspíritaTribunaTribuna Ano XXXIV - Nº 184março/abril - 2015Preço: R$ 5,00

    Aspectos científicos e espirituais

    Nessa edição:

    O Coma e os Distúrbios da ConsciênciaO Coma e os Distúrbios da Consciência

    O Espírita e os Problemas Políticos Atuais

  • Tribuna Espírita • março/abril • 20152

    Investir nos dois mundosInvestir nos dois mundos

    O Homem vive inserido numa socie-dade competitiva, em meio a desi-gualdades, onde uns possuem em excesso, sem se dar contas de que a outros tudo falta.

    Os que tem dinheiro disponível tratam de protege-lo, e procuram investir de ma-neira a que se mantenha pelo menos es-tável, resguardando-o do “fenômeno” da inflação. O certo, porem, é que de uma ma-neira geral, todos procuram investir as suas reservas, cada vez mais e melhor, numa fonte segura que lhes propicie as mais van-tajosas rendas. Dinheiro não pode ficar pa-rado um dia que se “evapora”.

    Os empresários, comerciantes, ban-queiros todos estão empenhados na busca dos lucros dos seus negócios, como reza a cartilha do mundo capitalista. É verdade que o capital empregado nas atividades trabalhadoras significa o progresso, asse-gurando a economia e proporcionando o sustento familiar.

    Investir, portanto, ainda é o melhor ne-gócio, propalam os grandes agenciadores das Bolsas, dos mercados financeiros. To-dos querem investir porque é a alternativa do momento.

    Mas, nessa corrida encetada para asse-gurar a rentabilidade do capital, parece que o homem deixou de investir em si próprio, como deveria fazer; e por ignorância, ou mesmo porque relute em faze-lo, relegou a transcendentalidade que lhe integra o ser estrutural. Esqueceu do eu espiritual que ele é. Como não vê nenhum resultado fi-nanceiro nesta operação, não deseja empa-tar o seu capital de forma “ociosa”, nessa “coisa”. Porém, ao fugir deste lance, quem deixou de ganhar foi ele mesmo, que por

    isso, continua aflito, sobressaltado, desen-tendido e violento.

    No entanto, todo aquele que encara a vida, numa visão ampla, sob os dois gran-des aspectos – material e espiritual – for-mula um melhor conceito sobre o modo de existência. Sabe que existe uma outra realidade que escapa aos sentidos, mas não a percepção transcendental, agora revelada de forma clara e precisa, pelo Espiritismo. É o outro mundo de que falou Jesus. É o mundo espiritual demonstrado pelos espíritos em todas as épocas e em todos os lugares do globo. Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo observou que este “é a ciência que trata da origem, natureza e destino dos espíritos após a morte; e das comunicações com os vivos”. Eles são as almas das pessoas que aqui vi-veram, que vêm dizer através de testemu-nhos irrefutáveis, o que acontece na outra dimensão, e, quais são as penas e gozos que aguardam todos que partem para lá.

    Riqueza e pobreza são pesadas provas da vida e, tanto uma como outra, são di-fíceis de ser vencidas, dizem os amigos orientadores da espiritualidade, na questão 815, desta magistral obra que é “O Livro dos Espíritos”, que completa 158 anos no dia 18 de abril deste. Em seguida, na ou-tra questão proposta (816), acentuam que “quando mais o homem for rico e poderoso, mais obrigações tem a cumprir, maiores são os meios de que dispõe para fazer o bem ou o mal.” Quer dizer, portanto, que uns estão a carecer, enquanto outros estão para dar, para ajudar. Não foi assim que o Mestre, há mais de dois mil anos, ensinou quando disse: “A quem muito foi dado, muito será pedido.”

    As fontes do BEM estão por toda parte, a oferecer mais do que uma opção, uma al-ternativa de cunho espiritualista, às nossas decisões de investir.

    A qualquer horaEm qualquer lugarQualquer um podeDe qualquer maneira disponívelFazer qualquer bemA qualquer pessoa.

    Todavia na imensa SEARA ESPÍRI-TUAL, onde não existe profissionalismo religioso; onde os recursos financeiros não procedem de outros países e nem são enviados para lá; onde todos trabalham consciente e espontaneamente por amor ao ideal que abraçaram, está a carecer dos investimentos de quem possa e quei-ra, contudo, de forma incondicional, para que se mantenham e ampliem muitas das suas atividades. Estas são as mais diversas, desde aquelas de órbita interna, como a as-sistência espiritual e material, até as outras da área externa, na faixa da comunicação, como o livro, a TV, o rádio, a internet e o jornal.

    Investir nos negócios é fazer circular o dinheiro, como sangue nas veias; é revita-lizar o organismo econômico que deverá representar trabalho e bem-estar.

    Investir nas obras do Bem é participar da transformação moral do planeta, para que nele se instale o Reino da Fraternidade Universal.

    O bem é um investimento seguro, sem risco, é a única riqueza que se transfere para a conta do seu portador, desta para outra vida.

    AZAMOR CIRNEJoão Pessoa-PB

  • janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 3

    Fundada em 01 de janeiro de 1981Fundador: Azamor Henriques Cirne de Azevedo

    TRIBUNA ESPÍRITARevista de divulgação do Espiritismo, de pro-priedade do Centro Espírita Leopoldo CirneAno XXXIV - Nº 184 - março/abril - 2015

    Diretor Administrativo e Financeiro: Severino de Souza Pereira ([email protected])

    Editor: Hélio Nóbrega Zenaide

    Jornalista Responsável: Lívia Cirne de Azevedo PereiraDRT-PB 2693

    Secretaria Geral: Maria do Socorro Moreira Franco

    Revisão: José Arivaldo Frazão

    Assessoria: Uyrapoan Velozo Castelo Branco

    Colaboradores: Azamor Henriques Cirne de Azevedo, Elmanoel G. Bento Lima, Edilmo Vieira de Carvalho,Flávio Mendonça,Frederico Menezes,Guilherme Travassos Sarinho,Hélio Nóbrega Zenaide, Igor Mateus,Marcos Panterra,Mauro Luiz Aldrigue,Octávio Caúmo Serrano,Pedro Camilo,Raimundo Espelho,Walkíria Araújo.

    Diagramação: Ceiça Rocha ([email protected])

    Impressão: Gráfica JB (Fone: 83 3015-7200)

    ASSINATURA BRASILANUAL: R$ 30,00TRIANUAL: R$ 80,00EXTERIOR: US$ 30,00CONTRIBUINTE ou DOADOR: R$....?ANUNCIANTE: a combinar

    TRIBUNA ESPÍRITARua Prefeito José de Carvalho, 179Jardim 13 de Maio – Cep. 58.025-430João Pessoa – Paraíba – BrasilFone: (83) 3224-9557 e 9633-3500

    e-mail: [email protected]

    Expediente

    Nota da Redação Os Artigos publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores.

    Sumário

    2 Investir nos dois mundos

    4 Amor sem correntes

    7 Fatalidade

    5 O Crime e a Pena

    3 CELC - Centro Espírita Leopoldo Cirne com nova diretoria.

    6 Doutora Marlene Nobre(Um exemplo de vida para todos nós)

    8 A Justiça Divina, na Visão Espírita9 Este povo se aproxima de mim com...10 Reflexões de um Espírita Médico11 Alex Carrel12 Política Divina13 O Espírita e os Problemas Políticos atuais

    16 Amar, além...

    20 O Coma e os Distúrbios da Consciên-cia - Aspectos científicos e espirituais

    17 O Sacrifício mais Agradável a Deus18 Fé19 Aproveitando o tempo

    22 Justiça24 A Força do Amor

    27 Os Três Franciscos26 Esquizofrenia: a linha tênue entre a Loucura e a Mediunidade25 Um livro que precisa ser lido

    O CELC - Centro Espírita Leopoldo Cirne com nova diretoria.

    No dia vinte e oito de fevereiro, às dezesseis horas, em sua sede no bair-ro Jardim 13 de maio (João Pessoa/PB), foram realizadas a eleição e posse da nova Diretoria Executiva e do Con-selho Fiscal, triênio 2015/2018, do Centro Espírita Leopoldo Cirne, para mais uma etapa de trabalho na grande seara do Mestre Jesus. Na mesma oca-sião, foi aclamado Presidente de Hon-ra, o seu ex-presidente, o Sr. Azamor Henriques Cirne de Azevedo, em re-conhecimento aos relevantes serviços que vem prestando à instituição des-de muitos anos. O CELC , instituição mantenedora deste periódico, com-pletará 74 anos de plena atividades em setembro deste ano.

    A Diretoria Executiva ficou assim formada: Presidente: Vicente Augus-to Loureiro Gayoso de Souza; Vice--presidente: Jussara Cirne de Azeve-do Pereira; 1º Tesoureiro: Severino de Souza Pereira; 2º Tesoureiro: Ge-nilda Bezerra Cavalcanti da Nóbrega; 1º Secretário: Mauro Luiz Aldrigue; 2º Secretário: Maria do Socorro Mo-reira Franco e Diretor de Patrimônio: Marco Antonio Motta Alves.

    O Conselho Fiscal será compos-to como membros titulares: José Arivaldo Frazão, Zélio Lima de Bri-to e Hélio Nóbrega Zenaide e como suplentes: Hugo Gomes de Souza, Mércio Almeida Lima e Rosa Amé-lia Cavalcanti.

    14 MIEP – Movimento de Integração Espírita na Paraíba SUCESSO ABSOLUTO

  • Tribuna Espírita • março/abril • 20154

    Amor sem correntes

    Em seu livro, “O Profeta”, Kalil Gibran fala do matri-monio com grande sabedoria.Vamos comentar algumas frases a fim de retirar delas ensinamentos úteis.

    Referindo-se ao casal, diz Gibran: Amai-vos, um ao ou-tro, mas não façais do amor um grilhão.

    Desconhecendo ou ignorando essa importante orien-tação, muitos casais transformam o amor em verdadeiras cadeias para ambas as partes.

    O amor deve ser espontâneo. Não pode ser motivo de brigas e exigências descabidas.

    O amor compreende. Não deve se constituir em gri-lhões que prendem e infelicitam.

    Por vezes, em nome do amor, nós queremos que nosso companheiro ou companheira faça somente o que dese-jamos.

    Só corta o cabelo quando permitimos. Só pode usar as roupas que aprovamos. Só sai se for em nossa companhia e não pode violar as regras estabelecidas pelo nosso ego-ísmo, para evitar brigas.

    Isso não é amor, é prisão.Amar sem escravizar, eis o grande desafio.E o profeta aconselha:Dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mes-

    mo pedaço.Isto significa dizer que devemos compartilhar, ser gen-

    til, dar do nosso pedaço, mas sem exigir nada em troca.É comum depois da gentileza vir a cobrança. Fazemos

    um favor e esperamos logo alguma recompensa. Preten-demos tirar alguma vantagem.

    Dividir o pão, sim, mas não comer do mesmo pedaço. Isso quer dizer deixar ao outro o direito que lhe cabe do pedaço.

    E Gibran continua: Cantai e dançai juntos, e sede ale-gres, mas deixai cada um de vós estar sozinho.

    É importante compartilhar, mas saber respeitar a individualidade um do outro, sem invadir a intimidade da pessoa amada.

    Há pessoas que, se pudessem, controlariam até mesmo o pensamento do seu par, a ponto de torná-lo a sua pró-pria sombra.

    Isso não é amor, é extremado desejo de posse.Mais uma vez Kalil Gibran aconselha: Vivei juntos,

    mas não vos aconchegueis em demasia, pois as colunas do templo erguem-se separadamente, e o carvalho e o ci-preste não crescem à sombra um do outro.

    Grande ensinamento podemos retirar daí, pois a com-paração é perfeita.

    Viver juntos, mas cada um respeitar o espaço do outro.O lar é um templo que deve ser sustentado por duas

    colunas: cada uma na sua posição para que realmente haja apoio.

    Se as colunas se aconchegam em demasia, o templo pode desabar. Por isso o profeta recomenda: Vivei juntos mas não vos aconchegueis em demasia.

    O amor tem por objetivo a união e não a fusão dos seres. Não se pode querer viver a vida do outro, controlar os gostos e até mesmo os desgostos da pessoa com quem nos casamos.

    É preciso que cada um cresça e permita o crescimento do outro, sem fazer sombra um para o outro.

    Se os casais observassem esses pequenos mas eficien-tes conselhos, certamente teriam uma convivência mais harmônica e mais agradável.

    * * *O verdadeiro amor é aquele que compreende, perdoa,

    renuncia.Em nome do amor devemos estender a mão para ofere-

    cer apoio e não para acorrentar.Quem ama propicia segurança, confiança e afeto.Lembre-se de que a pessoa com quem você convive

    não lhe pertence. É uma alma em busca do próprio aper-feiçoamento, tanto quanto você.

    Lembre-se também que beijos e abraços só têm valor se não forem cobrados.

    E, por fim, guarde a recomendação:Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um

    grilhão. Redação do Momento Espírita com base em palestra proferida

    por Raul Teixeira e no cap. O matrimônio, do livro O Profeta, de Gi-bran Kalil Gibran, ed. Acigi. Disponível no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. Em 4.4.2013

  • 5março/abril • Tribuna Espírita • 2015

    Em nossos estudos das quintas-feiras, quando analisamos, durante hora e meia, “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, foi-nos per-guntado, se o mandante de um crime é tão culpa-do quanto o criminoso.

    Nossa resposta foi não! O mandante do cri-me é muito mais culpado; no mínimo, duplamente. Primeiro, por ter ideali-zado o delito de maneira intencional. Como Deus considera mais a intenção do que o ato, ele é culpa-do. Depois, é culpado, também, por ter sido co-varde e não empunhar, ele mesmo, um artefato, ima-ginando esconder-se no anonimato para conseguir seus intentos, fazendo de arma do seu crime um infeliz miserável que não sabe cuidar de sua vida, porque talvez des-conheça as implicações do futuro.

    O mandante vai responder pelo crime encomendado e por ter acrescentado dé-bitos na vida do verdadeiro autor, além de todos os demais crimes que advirão, poste-riormente, quando o assassino de aluguel decida aumentar seus ganhos, por habitu-ar-se a esta facilidade brutal.

    Para entendermos, ainda mais, pode-mos comparar aos cartéis do tráfico. O poderoso chefão, idealizador e incentiva-dor desse comércio desumano, financia o plantio, a industrialização e a distribuição das drogas, formando uma imensa cadeia de delinquentes conscientes, enquanto ele é quem mais ganha e menos se expõe. Considera-se um gênio; um esperto!

    Ele terá, na relação dos seus crimes, os delitos de cada um dos seus comandados, nos mais diferentes escalões. A partir dos grandes subchefes, passando pelos distri-buidores das vielas ou favelas e chegando ao consumidor que, muitas vezes é, tam-bém, traficante e acaba por cometer outros tipos de crimes (roubos, furtos, assaltos, se-questros, etc.) até chegar ao reduto domés-tico, onde lesa pais, irmãos, avós, venden-do objetos da família para saldar dívidas do vício. Estes, quase sempre, terminam sua

    OCTÁVIO CAÚMO SERRANO João Pessoa-PB

    O Crime e a Pena

    vida muito cedo, nas mãos da polícia ou banidos pelos credores do vício.

    O grande e principal culpado, que acu-mula crimes incontáveis, é o chamado poderoso. Do tipo Don Pablo Escobar de quem dizem o seguinte: Pablo Emilio Es-cobar Gaviria (Rionegro, 1 de dezembro de 1949 – Medellín, 2 de dezembro de 1993) conquistou fama mundial, como o senhor da droga colombiano, tornando-se um dos homens mais ricos do mundo, graças ao tráfico de cocaína nos Estados Unidos e ou-tros países. Membros dos governos norte--americano e colombiano, repórteres de jornais e o público em geral o consideram o mais brutal, impiedoso, ambicioso e pode-roso traficante da história.

    Que são os “mulas”, diante dele? Quan-do falamos em tráfico de drogas, o termo “mula” se refere ao indivíduo que, cons-cientemente ou não, transporta químicos, em seu corpo, geralmente para outros pa-íses. Em casos mais extremos, pela inges-tão da droga, encapsulada ou em forma de pacotes, embrulhados em plásticos. Para os grandes traficantes, utilizar este tipo de “mão de obra” é vantajoso, por afastá-los da fiscalização, pois envolvem pessoas que, geralmente, não levantam suspeitas e pelo fato de que, caso uma mula seja presa, os “prejuízos financeiros” são menores. Sem falar dos indivíduos que a ingerem e cor-rem sérios riscos de saúde, considerando

    a grande probabilidade de uma ou mais cápsulas se romperem no organismo deles. Em diversos casos, a morte instantânea en-cerra este fato.

    Noutro tipo de vício, para exemplificar, houve Alphonsus Gabriel Capone, ou sim-plesmente Al Capone, (Brooklyn, 17 de ja-neiro de 1899 — Palm Beach, 25 de janeiro de 1947) foi um gângster ítalo-americano que liderou um grupo criminoso dedicado ao contrabando e venda de bebidas entre outras atividades ilegais, durante a Lei Seca que vigorou, nos Estados Unidos, nas

    décadas de 20 e 30 do sécu-lo passado. Considerado, por muitos, como o maior gângster dos Estados Uni-dos.

    Muitos outros exemplos envolvem líderes do mal que terão duros resgates pela frente, inclusive, ter de amparar muitos dos que destruiram que virão como seus filhos, seus pais ou seus senhores. Sem contar com lesões que deverão por-tar em seu corpo, especial-mente na mente, já que são grandes inteligências usa-das para o mal. Diríamos que, aqui, se enquadram os senhores que mantinham, sob seu jugo, os negros na escravidão, cerceando-lhes a liberdade, o estudo, o pro-gresso e o direito de pensar.

    Pena que, ainda, exista coisa semelhante nos dias atuais, mesmo que veladamente. Mas, ninguém ficará sem punição.

    Concluindo, vê-se que o mandante, o idealizador e organizador do crime é, sempre, o mais culpado; mais que o pró-prio criminoso, embora este tenha também suas dívidas a resgatar, porque somos to-dos donos do livre arbítrio e não há descul-pa, para o envolvimento no erro, por mais miserável que seja a vida de uma pessoa. Ainda, há meios honestos de sobrevivên-cia, para todos; só precisa ser corajoso para lutar e superar as dificuldades!

    Mas ninguém desanime. O bem é mais forte e sempre aparece. Ainda agora, vi-mos que as manifestações dos ecologistas, a atuação do Green Peace e outras ONGs, estão dando resultado. Chegam notícias que o buraco na camada de ozônio está diminuindo e que, até 2025, poderá es-tar fechado, evitando o efeito estufa, com degelos anormais que aumentam o nível dos mares e causam inundações. O novo mundo está sendo reformado, de maneira acelerada. Confiemos que Deus não perdeu o controle. Tudo é preciso acontecer, para conhecermos o verdadeiro valor. Toda re-forma causa transtorno, antes que a casa fique renovada e bonita. A Terra está nes-se caminho. Em breve, sentiremos orgu-lho deste planeta e da nossa humanidade. Confia e segue!

  • Tribuna Espírita • março/abril • 20156

    Doutora Marlene NobreCARLOS ROBERTO DE S. OLIVEIRA (*)

    Campina Grande-PB

    Caros amigos e irmãos, existem pessoas que passam pela terra e deixam uma marca tão grande, que as palavras são insuficientes para descrevê-la. Doutora Marlene Nobre é uma dessas pessoas. O seu trabalho e o seu exemplo de vida foram e serão, para muitos, um referencial a ser seguido, de-vido à enorme influência positiva que tem proporcionado, na vida de todos.

    Essa influência vai do Movimento Espírita, da Associação Médico-Espírita até à vida pessoal de alguns que tiveram a oportunidade de conhecê-la, em sua intimidade. Sua autoridade moral in-questionável ratificava o que dizia e pre-gava. No Movimento Espírita, jamais, conheci uma pessoa tão sensata em suas colocações e posições. Sua fidelida-de a Kardec, Chico Xavier, Emmanuel e André Luiz era indiscutível. Honrar os compromissos assumidos com Jesus, junto com Doutor Bezerra de Menezes, era uma prioridade em sua vida; prin-cipalmente, na tarefa incansável de for-talecer o braço científico da Doutrina Espírita, através da reaproximação da ciência com a espiritualidade.

    Nesse campo, ciência e espiritualida-de, foi trabalhadora que não conheceu limites para atuação. Desde a funda-ção da Ame-São Paulo, em 1968, onde foi cofundadora, lutou para expandir o ideal médico-espírita no Brasil, através da criação da AME-Brasil, e, no mundo, pela fundação da “AME-Internacional”. Sua dedicação à causa médico-espírita tornou-a a maior expoente, no mundo, sobre esse assunto. Estimulando, orga-nizando e participando de eventos, no Brasil, EUA, Portugal, França, Alema-nha, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxem-burgo, Bélgica, Polônia, Viena e outros países, proporcionou uma contribuição incalculável à união do conhecimento científico com a religiosidade e espiri-tualidade, ajudando a entender o ser hu-mano, numa abordagem multidimensio-nal; ou seja, corpo-mente-espírito.

    Além disso, apoiou e incentivou a implantação do conhecimento espírita, nas Universidades e Faculdades de Me-

    (Um exemplo de vida para todos nós)

    dicina, através da abertura de discipli-nas ou cursos de extensão universitária, numa proposta futurista de expansão do Espiritismo. Também, escreveu diver-sos livros, gravou inúmeros programas e entrevistas sobre o tema “saúde e es-piritualidade”; fundou creches, etc., dei-xando um legado grandioso e difícil de ser seguido; mas, ao mesmo tempo, esti-mulante para aqueles que desejam con-tinuar com o seu trabalho. Entre muitos exemplos que ela nos deixou, ressalto sua humildade, perseverança, determi-nação, conhecimento e capacidade de liderança. Conseguiu agregar médicos-espíritas e outros, como uma grande família, a qual chamamos de “Família AME”. Suas expressões, “VAMUKIVA-MU” e “JESUS ESTÁ NO LEME” ficarão, para sempre, gravadas em nossas memó-rias, como estímulo ao trabalho e con-fiança na orientação espiritual.

    Enquanto sua saúde física permitia, ela fazia questão de participar de todos os eventos das “AMEs”; mesmo como ouvinte. Procurava assistir todas as pa-

    lestras e, numa atitude de humildade e simplicidade, dizia-me que era por res-peito e consideração aos outros orado-res. São atitudes nobres, de um nobre Espírito que, não por acaso, tinha NO-BRE, em seu nome.

    Todos nós, das “AMEs” temos uma história pessoal para contar, sobre a convivência com a Doutora Marlene. Conheci a “Doutora” (era assim que a chamávamos, carinhosamente), no ano de 1993, na cidade de Natal-RN, quan-do desejávamos fundar a AME-Campina Grande. Falei dos nossos propósitos e, desde aquele dia, suas palavras de in-centivo demonstraram suas intenções, em relação à divulgação do ideal mé-dico-espírita. Em 1997, através de um telefonema, convidou-me, pela primeira vez, para participar de um “Mednesp”. Senti, pela sua voz, a ligação que tería-mos e, desde aquele dia, ela se tornou, para mim e para outros, uma mentora, em nossa tarefa espiritual a se cumprir nesta encarnação.

    Posso afirmar que conhecê-la mudou,

  • Fatalidade

    ELMANOEL G. BENTO LIMA João Pessoa - PB

    Conforme está dicionarizado, esse vocábulo (do lat. fatalitate) encerra, sempre, um sentido de causa fatal, de sorte inevitável, destino ruim, acontecimento funesto, desgraça, consequência deplorável, acaso infeliz.

    Segundo esclarece “O Livro dos Es-píritos” (Questões 851 e outras adiante citadas), de Allan Kardec, “a fatalidade nos acontecimentos da vida não existe senão pela escolha do próprio Espírito de, em se encarnando, suportar tal ou tal prova. Ao fazer a escolha, ele traça uma espécie de destino que é a conse-quência mesma da posição em que se encontra; isto, dito em relação às pro-vas físicas, porque, para o que é prova moral e tentações, o Espírito, conser-vando seu livre arbítrio sobre o bem e sobre o mal, é, sempre, senhor de ceder ou de resistir. Embora um bom Espí-rito, vendo-o fraquejar, pode, até, vir em sua ajuda; porém, não pode influir sobre ele, de maneira a dominar-lhe a vontade. Já, um Espírito mau; isto é, in-ferior, mostrando-lhe, exageradamente, um perigo físico, pode abalá-lo e assus-tá-lo. Mas, nem por isso, a vontade do Espírito encarnado não fica menos livre de todos os entraves.”

    Naqueles casos em que “certas pes-soas não escapam de um perigo mor-

    tal, senão, para cair num outro, até parecendo que elas não poderiam es-capar à morte”. A Questão 853, do li-vro anteriormente citado, informa que, no verdadeiro sentido da palavra, não há de fatal, senão, o instante da mor-te. Quando esse momento chega, seja por um meio ou por outro, ninguém pode se livrar dele. Contudo, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morremos, antes da hora ser chegada, e disso temos inúmeros exemplos. Mas, quando é chegado o momento de par-tir, nada poderá impedir esse desfecho. Deus sabe, de antemão, de que gênero será a morte do homem e, muitas vezes, seu Espírito também o sabe, porque isso lhe foi revelado, quando escolheu esta ou aquela existência, como tam-bém (Questão 856) ele sabe que o gê-nero de vida por ele escolhido o expõe a morrer, mais de uma maneira, que de outra. Além disso, ele, ainda, sabe quais as lutas que terá de sustentar para o evitar. E que, se Deus o permitir, não sucumbirá.”

    Apesar de tudo isso, há pessoas des-temidas, ousadas, desafiadoras, cuja confiança, em si, supera qualquer te-mor em por em risco sua própria vida. É o caso de certos desportistas − alpi-nistas, pilotos de corrida automobilísti-

    ca ou de acrobacia com aviões, motoci-cletas etc. − ou do suicida passivo que brinca de roleta-russa, confiando, nos 16,6% - 20%. só, de possibilidade fatal.

    Na questão seguinte (857), ao tratar desse ponto, os Espíritos esclarecem que, “com muita frequência, o homem tem o pressentimento do seu fim, como o pode ter o de que, ainda, não morre-rá. Esse pressentimento lhe é dado por seus Espíritos protetores, que desejam adverti-lo, para que esteja pronto a par-tir, ou reerguerem a sua coragem, nos momentos em que se faz necessário. Também, lhe pode vir da intuição da existência por ele escolhida, ou da mis-são que aceitou e sabe que deverá cum-prir. Caso haja dúvida, invoque seu Es-pírito protetor, ou ore a Deus, para que lhe envie um mensageiro, um de nós” (Questão 523).

    Por fim, devemos, sempre, estar atentos em considerar que as “adver-tências de nossos Espíritos protetores têm, por objetivo único, a conduta mo-ral ou, também, a conduta a ter nas coi-sas da vida particular. E, ainda, (Ques-tão 524), eles procuram fazer-nos viver o melhor possível, mas nós. muitas ve-zes, não consideramos as advertências e nos tornamos infelizes, por nossa cul-pa, por nossa imprudência.”

    Painel Espírita

    7março/abril • Tribuna Espírita • 2015

    não somente a minha vida, como a da minha família. Tínhamos e temos um profundo respeito e carinho por ela, bem como agradecimento, por tudo o que nos proporcionou, em esclarecimentos e oportunidades de trabalho. Viajamos, muitas vezes, juntos com outros com-panheiros de ideal. Nossos encontros doutrinários, no Brasil, e nossos péri-plos internacionais foram marcantes, principalmente, pela oportunidade de conhecê-la e desfrutar de sua intimida-de, como pessoa humana e preocupada com todos. Foram viagens descontraí-das, alegres e que, hoje, nos proporcio-nam agradáveis lembranças. Cada via-gem era, para nós, um momento novo de revelação, aprendizado, reflexão e estí-mulo, para seguirmos adiante em nossa caminhada. Para cada um, ela tinha um conselho, uma advertência carinhosa ou, algumas vezes, o silêncio, em respei-

    to ao livre-arbítrio do interlocutor.Quando a Doutora Marlene abria

    veredas científicas, para divulgação do ideal médico-espírita, no Brasil e no ex-terior, e nos convidava a participar, tam-bém estava criando verdadeiros e reais caminhos de trabalho pessoal, para que cada um de nós tivesse valiosas oportu-nidades de redenção, em nossas vidas, e construíssemos o caminho da própria libertação.

    Na organização dos eventos interna-cionais, ela sabia onde cada um de nós deveria estar, de acordo com o nosso passado, tendências, perfil e necessida-des educativas.

    Será, sempre, uma mãe espiritual para nós. Temos a certeza que, breve-mente, estará, do plano espiritual, reto-mando o comando do movimento médi-co-espírita e nos inspirando, com o seu pensamento lúcido, firme e sensato.

    Devemos, muito, a ela por tudo isso. A ela, nosso eterno carinho e nossa eter-na gratidão.

    Doutora Marlene, sabíamos que, um dia, chegaria o dia de vossa partida para pátria espiritual, mas não imagináva-mos que seria agora. Ficou um vazio do vosso magnetismo, em nossos corações. Um misto de tristeza e alegria nos en-volve. A tristeza pela partida repentina e a alegria pelo vosso retorno vitorioso, na certeza que os ideais de imortalidade que o Cristo nos deixou, e que a senho-ra ajudou a fortalecer, serão sustentácu-los valiosos para suprir vossa ausência física e fortalecer a nossa fé, a fim de que possamos honrar o vosso legado e o benefício de vos ter conhecido.

    Um carinhoso beijo, um carinhoso abraço. Até logo, até breve.

    (*) Associação Médico-Espírita de Campina

    Grande/PB

    Painel Espírita

  • No Espiritismo, a concepção da Justiça Divina perpassa por en-tendimentos que refletem a pró-pria natureza da Doutrina dos Espíritos.

    “Deus é a inteligência suprema, cau-sa primária de todas as coisas”. Esta é a afirmação constante na questão núme-ro 1 de “O Livro dos Espíritos”. A causa primária; a origem de tudo o que há; o mantenedor, em inteligência suprema, do microcosmo ao macrocosmo, do infinita-mente pequeno ao infinitamente grande, da unidade energética; o plasma divino, o elemento primordial, que vibram e vi-vem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.

    O ser inteligente, que denominamos de Espírito, é o princípio inteligente do Universo; é uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea, que evolui, desde o átomo primitivo, até o arcanjo que, tam-bém, começou por ser átomo. Este ser interage com a matéria, organizando-a em seu percurso de evolução, ao lon-go de bilhões de anos. Em sua origem de ser inteligente, inicia o seu domínio sobre a matéria com força fraca; sendo, nessa relação, dominador e dependente; age sobre a matéria e sofre a ação desta. À medida que vai se desenvolvendo em inteligência, vai desenvolvendo, gradati-vamente, a sua capacidade de organizar a matéria. As experiências se somam; o aprendizado se faz em automatismo, em áreas com as da funcionalidade orgânica dos corpos do ser. Quando atinge o es-tágio humano, inicia o desenvolvimen-

    to do aprendizado sobre a sua natureza, sobre a Inteligência Suprema e, paulati-namente, vai adquirindo, cada vez mais, consciência, permitindo agir sobre o am-biente, construindo o seu livre arbítrio. De modo consciente, aprende a dominar a si e a matéria que lhe serve na organi-zação de seus corpos. Quando alcança o estágio de Espírito puro, é pelo fato de ter conquistado o domínio pleno sobre a matéria e sobre si mesmo.

    No período humano de conquistas, realiza a tarefa de educar a si mesmo, promovendo, lentamente, a sua interação com a Inteligência Suprema. Quando atinge o estágio de Inteligência Divina, que são os “Devas” da teologia hindu ou os Arcanjos da interpretação de variados templos religiosos, atinge comunhão in-descritível, com o próprio Senhor Supre-mo e, ao influxo deste, realiza tarefas, em plano maior, de construção dos sistemas da imensidade, na condição de agente orientador da Criação Excelsa.

    A educação do ser inteligente é o prin-cípio que norteia a comunhão com a Inte-ligência Suprema.

    Ao conseguir acessar recursos de sua estrutura mental, inicia a sua escalada de ser consciente de si mesmo, no Universo. Até este período, transitou pelos estágios da evolução, tendo, como inteligência preponderante, o instinto. A partir de então, fará o grande exercício de adminis-trar a inteligência baseado na consciên-cia de si mesmo.

    Os recursos que residem, na sede da

    Tribuna Espírita • março/abril • 20158

    A Justiça Divina, na Visão Espírita

    EDILMO VIEIRA DE CARVALHO João Pessoa-PB

    inteligência, na mente, possui o poder, em potencial, da Inteligência Suprema. Tomar conhecimento de si mesmo e ad-ministrar este poder não é fácil. Vamos, lentamente, descobrindo, nos ensaios da vida, que o uso do poder da inteligência gera frutos ou abusos, gera luz ou sombra. O uso gera efeitos, sobre o próprio autor e sobre os que estão em sua volta; des-te modo, gera aprendizado para todos os envolvidos. Lentamente, aprendemos a aplicar intensidade ao uso da inteligência associada aos efeitos desta aplicação. De acordo com os efeitos, teremos satisfação e desejo de ampliar, ou teremos danos e inevitáveis restaurações. O programa de ampliação e o de restauração, sempre, são realizados de comum acordo com os instrutores maiores, aqueles seres que já palmilharam, na senda da evolução, e que já possuem vasto conhecimento e a mais ampla experiência, no traquejo da energia sublime que estamos, na qualida-de de aprendizes, a utilizar.

    Na escalada evolutiva, o ser inteli-gente, utilizando os recursos residentes na sede de sua inteligência, constitui órgãos que lhes são úteis, na sua intera-ção consigo mesmo, e com os de seu re-lacionamento. A depender da aplicação que faz desses recursos que alimentam a vida inteligente, aperfeiçoa ou estagna os órgãos, fornecendo-lhes vitalidade, sublimando, ou desgasta estes, compro-metendo o seu funcionamento essencial. O divino processo de evolução autocons-ciente, sempre, está a realizar, em coope-ração com os seres sublimados, o avanço dos que já aprenderam a brilhar e o rea-juste, pelo recomeço dos que, ainda, não sabem a perfeita aplicação da energia da Inteligência Suprema, em si mesmo.

    A Justiça Divina, na Visão Espírita

  • 9março/abril • Tribuna Espírita • 2015

    O Espírito traz, em si mesmo, o ca-bedal de suas conquistas. O aferidor destas é a intensidade de luz que emite. Ampliar a intensidade de luz é conquis-tar a harmonia com os princípios regen-tes no Universo; manter a intensidade é não ter efetuado novas conquistas; re-duzir a intensidade é ter causado prejuí-zo na contabilidade divina escrita em si mesmo. O livro da vida, que é a mente do ser inteligente, registra a dinâmica imposta a si mesmo, ao longo das ex-periências e mutações do ser. Portanto, não há como esconder o que foi feito, o que foi pensado; pois que, além de re-gistrar em si mesmo, o Espírito mantém vínculo essencial com o seu Criador, que é a fonte inesgotável de energia para a sua inteligência, para a sua vida.

    A relação do ser inteligente é consi-go e com o seu mantenedor. É um ser solitário, por excelência. Porém, dire-cionando a energia divina, que recebe, instante a instante, para o ambiente ex-terno a si; aplicando, de modo preciso a benefício do próximo, faz, de si mes-

    mo, condutor de energia e luz. Quan-do retém a energia divina e a utiliza, somente em benefício próprio, promo-ve a sua estagnação e, como a água es-tagnada, também fica estragada. Desse modo, se torna visível o entendimento de que cada um colhe, exatamente, o que plantou.

    Na escalada, em direção ao estado de Espírito Puro, não há, segundo a visão espírita, punição de Deus ou de quer que seja; há, sim, processo educativo, em que, o que acerta avança e o que erra recebe nova oportunidade de acertar, quantas vezes sejam necessárias. Para percebermos que, sempre, somos con-vidados ao aperfeiçoamento, quando resistimos ao avanço, conquistamos um elemento valioso de progresso: a dor. Administrar a dor, com serenidade, é conquistar os novos elementos de que tanto necessita o Espírito, para avan-çar. No plano material, quando o corpo biológico fala através da dor, o ser in-teligente está recebendo o convite, para que, no império do exercício sereno de

    sua vontade, faça a reestruturação da área por ele maculada.

    Oportunidades e oportunidades são concedidas para a corrigenda, através dos sucessivos estados de encarnação, onde o providencial bloqueio da memó-ria faz conviverem os rivais, em clima de construção do amor, onde são refei-tos os laços de fraternidade e de coope-ração. Após cada reencarnação, quando o Espírito entrega o corpo biológico ao solo, retorna ao seu estado original, o de vida nos mundos dos Espíritos. Aí, terá a colheita da semeadura, realizada durante a reencarnação. Em havendo êxito na restauração ou na aplicação dos princípios ensinados por Jesus, objeto de sua programação reencarnatória, se sentirá feliz. Se não houve êxito, sofre-rá, por não ter vencido; sofrerá, pela fal-ta de serenidade, de paz e de harmonia; sentirá vergonha, pelo defeito íntimo não vencido.

    A Justiça Divina é a da Educação e da oportunidade de aprender a refletir a luz do Supremo Senhor.

    FLÁVIO MENDONÇARecife-PE

    Já nos perguntamos o quanto essa má-xima diz respeito aos nossos próprios atos? O quanto isso é verdadeiro e tem a ver conosco?

    Jesus, orientador por excelência, aproveitava todos os instantes para en-sinar seu evangelho de amor, seu rotei-ro de luz, para que a Humanidade, não só dos tempos de sua vinda, mas de to-dos os tempos, onde o homem, Espírito imortal, pudesse aprender, através das

    reflexões que estes ensinamentos ense-javam e ainda ensejam.

    Por vezes, imaginamos que essa orientação se dirigia aos hipócritas da sua época; porém, se observarmos com mais zelo, quantas vezes nos referimos a Jesus com os lábios, mas carregando no coração sentimentos antagônicos com os seus ensinamentos? Quantas vezes nos distanciamos do seu roteiro, mesmo fazendo parte de correntes religiosas e

    Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com

    os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.

    (Mateus 15:8)

    filosóficas que, em princípio, esposam o dever no bem?

    Certamente, fazemos isso por ne-gligenciar nossa atenção, cedendo às conveniências sociais ou, mesmo, aos condicionamentos profundos, arraiga-dos a nossa natureza ainda primária. É fato, nossos hábitos de homens velhos, muitas vezes, falam mais alto dentro de nós, e repetimos palavras bonitas, bons sermões; no entanto, com o coração dis-tantes do Evangelho.

    Quando o mestre sugere que oremos e vigiemos é, justamente, para que o “homem velho”, com seus velhos vícios seja sepultado nos porões do passado, dando forma ao novo ser, Espírito re-novado, em nova carapaça carnal, não obstante, também, em cada escolha no caminho evolutivo.

    Fiquemos atentos, sempre. É preciso cuidar da renovação interior, para que esse “homem novo” cresça, definitiva-mente para alto da montanha espiritual. A busca do entendimento de si mesmo, percebendo-se, através do autoconhe-cimento, é o único meio de enxergar os vícios que temos e substituí-los por virtudes. Nesse mister, a prática do amor, a caridade viva é a única possibi-lidade de levar esse homem ao que Jesus chamou de Reino dos Céus. Procure-mos, portanto, amar a Jesus, com atitu-des evangelizadas, não nos permitindo nos limitar as belas palavras vãs. Que Jesus seja nosso guia e modelo!

  • Tribuna Espírita • março/abril • 201510

    GUILHERME TRAVASSOS SARINHO João Pessoa-PB

    Não seja egoísta. O egoísmo é um dos grandes males do caráter hu-mano. O egoísta é um ser primário, na moralidade. É um ser ingrato, interes-seiro, individualista, personalista, calcu-lista, egocêntrico. Deveria morar, solitário, em uma ilha desabitada. Via de regra, é um aproveitador e explorador da sociedade. Comete injustiças, para se beneficiar; é um ser perturbado, espiritualmente. Helena Petrovna Blavatsky, filósofa e teósofa russa,

    Reflexões de um Espírita Médico

    há mais de um século, dizia: “O egoísmo é um edifício humano, cujas janelas e por-tas estão escancaradas para toda espécie de iniquidades que entra na alma”. O egoísta é um doente da alma, normalmente odia-do, antipatizado, perturbado e solitário, no meio da multidão. O ser humano não nasceu para ser egoísta. A finalidade do homem, na Terra, é ser bondoso, caridoso, altruísta, abnegado e generoso, pois esta é base da evolução, como ser espiritual. A Doutrina Espírita, através do insigne Allan Kardec, explicita muito bem: “O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes”. (O Livro dos Espíritos, Questão 917, Notas explicativas, “in fine”.)

    Segundo a Física Quântica, o tempo, talvez, nem exista. Mas não o jogue fora. Aprenda a valoriza-lo, em todos os mo-mentos. Use-o, com sabedoria, sem, no entanto, dele se tornar escravo. Aprenda a dar valor ao milagre das horas. Há tempo, para tudo: trabalho, aprendizado, medita-ção, repouso, diversão, ajuda ao próximo. O tempo perdido é como as águas de um rio: depois que passa, não mais retorna. Ninguém se banha, duas vezes, nas mes-mas águas de um rio, já ensinava, há mais de dois mil anos, o filósofo grego Heráclito de Éfeso. Não seja ocioso e não perca o seu tempo. Aproveite-o, bem, enquanto pode, e não deixe o que, hoje, planejou fazer, para

    amanhã. O amanhã, talvez, nunca chegue.Não valorize, demais, as coisas mate-

    riais, as coisas terrenas. Na medida certa, elas são úteis e necessárias, mas não traba-lhe e viva, só, em função delas. Viva, em função de você mesmo, de sua família, de seus amigos. Viva, para si e para eles. Va-lorize, mais, o amor e a amizade, no seu conceito maior: o amor fraternal que tudo vige e tudo supera. As coisas materiais, mundanas, são transitórias. Só o amor e os bons atos, praticados na vida, seguem, conosco, no post-mortem para a dimensão espiritual.

    Faça, do seu lar, a base de onde você possa reabastecer de energias saudáveis as “baterias” do corpo e do espírito, para re-tornar, com alento, ao trabalho, e faça, do trabalho, uma terapia de vida, de liberação do estresse, de onde você possa retornar ao lar, com alegria e ânimo, consciente do de-ver cumprido.

    Ninguém sofre, sem merecer. Pode-se, até, sofrer, sem conhecer a causa do sofri-mento, mas, não sem merecer. A Natureza é perfeição e Deus, o Senhor dos Mundos é fonte de amor e justiça. A doença que se manifesta, hoje, sob qualquer faceta, em alguém, é ganho do presente (vida atual) ou do passado (vidas pretéritas). Ninguém paga o que não deve; mas, ao contrário, pagará o débito, até o último ceitil, ensina-va, há dois mil anos, o Mestre de Nazaré (

    Chico Xavier

  • 11março/abril • Tribuna Espírita • 2015

    HÉLIO NÓBREGA ZENAIDE João Pessoa-PB

    O Dr. Alex Carrel, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, ao ser convidado para dirigir o De-partamento de Pesquisa da Fundação Rockefeller, decidiu realizar uma pes-quisa sobre o poder da oração na cura dos doentes. Os resultados da pesqui-sa foram comentados no seu livro “La Prière” (A Oração), traduzido para o português pelo professor Eduardo Pi-nheiro e editado pela Livraria Tavares Martins, de Porto, Portugal.

    Ele informa que a pesquisa com-provou que a oração provoca efeitos psico-fisiológicos nos doentes:

    “A oração atua sobre o espírito e so-bre o corpo, por uma forma que parece depender da sua qualidade, da sua in-tensidade e da sua frequência”.

    “Quando a oração é habitual e ver-dadeiramente fervorosa, a sua influ-ência torna-se mais manifesta, e pode-mos compará-la à de uma glândula de secreção interna, como, por exemplo, a tiróide ou a suprarrenal. Consiste numa espécie de transformação men-tal e orgânica, transformação essa que se opera por uma forma progressiva. Dir-se-ia que, no mais profundo da consciência, se acende uma chama. O homem vê-se, tal qual é. Põe a des-coberto o seu egoísmo, a sua cupidez, os seus juízos errados e o seu orgulho. E, então, verga-se ao cumprimento do dever moral, procurando adquirir hu-mildade intelectual. Assim, se abre perante ele o reino da graça. Pouco a pouco, vai-se produzindo um apa-ziguamento interior, uma harmonia de atividades nervosas e morais, uma maior resignação perante a pobreza, a calúnia e as canseiras, bem como a capacidade de suportar, sem enfra-quecimento, a perda dos seus, a dor, a doença e a morte. Por tal motivo, o médico que vê o seu doente orar deve se regozijar com isso, pois a calma

    proveniente da oração é uma podero-sa ajuda para a terapêutica”.

    “A oração, segundo parece, eleva os homens acima da estatura mental que lhes pertence, de harmonia com a sua hereditariedade e a sua educação. Esse contacto com Deus impregna-os de paz. E a paz irradia deles. E levam a paz para toda a parte para onde vão. Infelizmente, não há, hoje em dia, se-não um número ínfimo de indivíduos que sabem orar, de uma maneira efi-ciente”.

    O Dr. Alexis Carrel, através da equi-pe médica da pesquisa, comprovou, claramente, que a oração tem efeitos curativos:

    “A oração tem, por vezes, um efei-to que podemos chamar, de explosivo. Há doentes que têm sido curados, qua-se instantaneamente, de afecções tais, como o lúpus facial, câncer, infecções renais, tuberculose pulmonar, tubercu-lose óssea, tuberculose peritoneal, etc.”

    “Este conjunto de fenômenos nos conduz, para um mundo novo, cuja exploração não foi ainda iniciada, mas que há de ser fértil em surpresas. O que sabemos já, por forma segura, é que a oração produz efeitos palpáveis”.

    Afirma Alexis Carrel que os remé-dios surtem melhor efeito, e de modo mais rápido, nos doentes que têm fé e oram. E que os processos de cicratiza-ção, nos doentes que a têm e oram, são muito mais velozes.

    “É, pela oração, que o homem vai até Deus e que Deus entra nele”.

    “O homem tem necessidade de Deus, como tem necessidade de água, de alimento, de oxigênio”.

    Se você tem alguma enfermidade, mesmo estando entregue aos cuida-dos dos médicos, ajude-se a si mesmo e ajude aos médicos: converse com Deus.

    Deus, Nosso Pai, nos abençoe.

    Mateus 5:26 e Lucas 12:59 ). A Doutrina dos Espíritos, codificada pelo incompará-vel professor Alan Kardec, no século de-zenove, esclarece, muito bem. É uma Lei Universal. “Lei de Causa e Efeito”, também conhecida, como “Lei da Causalidade”. É a sexta lei da milenar “Sabedoria Hermética” e um dos postulados da Doutrina Espírita, que ensina: “Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa in-teligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito”.(“Revue Es-prit”, Paris, jan/1858).

    O amor é a estrutura-base do Univer-so. Tudo, nele, está alicerçado no amor. Deus, em seu conjunto, em sua totalida-de, é Amor. Por isso, o amor é tão forte, tão poderoso, tão imbatível. O amor ven-ce o ódio, a desarmonia, a violência, as guerras. Une os homens e leva à paz. In-felizmente, ainda hoje, há gente de todos os níveis sócio-culturais que não atingiu o patamar mínimo da espiritualização, da iluminação, do amor ao próximo e vive digladiando-se, dentro e fora do lar, nas furnas do primarismo do espírito, como se, ainda, estivesse na antiga Roma dos Césares, nas Legiões Romanas, nas in-trigas palacianas, nas lutas de gládio do Coliseu. Milhões há, mundo afora, em pleno século vinte e um, que não con-seguem crescer moralmente, espiritual-mente, que vivem, ainda, nas trevas e não conseguem ver a luz e nem aprenderam o significado do amor amplo, fraterno, cós-mico. Na estrada da evolução, ninguém fica, definitivamente, para traz. Um dia, os atrasados, os desgarrados, também, chegarão para verem o esplendor da Luz e assimilarão o amor que estrutura o Uni-verso. Até, a Roma do gládio, da crucifi-cação, das feras sedentas de sangue, das atrocidades, evoluiu. O próprio nome, Roma, é amor, ao contrário.

    Não se prenda ao passado. No Uni-verso, tudo vive e se renova. Tudo é di-namismo, tudo é evolução. Abra a sua mente ao progresso, às ideias novas e re-novadoras. Tudo, na Natureza, é estrutu-rado na mudança. Use o passado, como experiência de vida, como aprendizado e deixe a vida seguir seu curso. Siga, adiante, se renove, se atualize e se modi-fique, para melhor.

    Eduque-se. Aprenda a atender as pes-soas do seu ciclo de amizade, do seu rela-cionamento, do seu trabalho, com polidez, com gentileza, com atenção. Você, só, tem a ganhar. Evite os atendimentos ríspidos, grosseiros, estressantes, porque provocam descargas súbitas de hormônios que, só, causam doenças. O atendimento cortês, educado, amigável, mantém o seu corpo e o ambiente, em harmonia, e torna você uma figura simpática, querida e amiga. Como médico, há muitos anos, aprendi que é muito menos estressante atender bem, do que atender mal. Na convivência harmoniosa, todos ganham e o primeiro be-neficiado é você.

    Alex Carrel

  • Tribuna Espírita • março/abril • 201512

    O discípulo sincero do Evange-lho não necessita respirar o clima da política administra-tiva do mundo para cumprir o minis-tério que lhe é cometido.

    O Governador da Terra, entre nós, para atender aos objetivos da polí-tica do amor, representou, antes de tudo, os interesses de Deus junto do coração humano, sem necessidade de portarias e decretos, respeitáveis embora.

    Administrou servindo, elevou os demais, humilhando a si mesmo.

    Não vestiu o traje do sacerdote, nem a toga do magistrado.

    Amou profundamente os seme-lhantes e, nessa tarefa sublime, teste-munhou a sua grandeza celestial.

    Que seria das organizações cris-

    Política Divina“Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve.” -

    Jesus. (Lucas, 22:27.)

    tãs, se o apostolado que lhes diz res-peito estivesse subordinado a reis e ministros, câmaras e parlamentos transitórios?

    Se desejas penetrar, efetivamente, o templo da verdade e da fé viva, da paz e do amor, com Jesus, não olvi-des as plataformas do Evangelho Re-dentor.

    Ama a Deus sobre todas as coisas, com todo o teu coração e entendimento.

    Ama o próximo como a ti mesmo.Cessa o egoísmo da animalidade

    primitiva.Faze o bem aos que te fazem mal.Abençoa os que te perseguem e ca-

    luniam.Ora pela paz dos que te ferem.Bendize os que te contrariam o co-

    ração inclinado ao passado inferior.Reparte as alegrias de teu espírito

    e os dons de tua vida com os menos afortunados e mais pobres do cami-nho.

    Dissipa as trevas, fazendo brilhar a tua luz.

    Revela o amor que acalma as tem-pestades do ódio.

    Mantém viva a chama da esperan-ça, onde sopra o frio do desalento.

    Levanta os caídos.Sê a muleta benfeitora dos que se

    arrastam sob aleijões morais.Combate a ignorância, acenden-

    do lâmpadas de auxílio fraterno, sem golpes de crítica e sem gritos de con-denação.

    Ama, compreende e perdoa sem-pre.

    Dependerás, acaso, de decretos hu-manos para meter mãos à obra?

    Lembra-te, meu amigo, de que os administradores do mundo são, na maioria das vezes, veneráveis pre-postos da Sabedoria Imortal, am-parando os potenciais econômicos, passageiros e perecíveis do mundo; todavia, não te esqueças das reco-mendações traçadas no Código da Vida Eterna, na execução das quais devemos edificar o Reino Divino, dentro de nós mesmos.

    Do livro “Vinha de Luz”, pelo Espírito Emmanuel (psicografado por Francisco Cân-dido Xavier), editado pela FEB.

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    Começarei o texto esclarecendo que, nas últimas eleições, não votei nem em Aécio, nem em Dilma. Aliás, eu sequer votei, tendo em vista que, tanto no primeiro, quanto no segundo turno, estive impedido de comparecer ao local de vota-ção por estar em viagem. E, caso tivesse votado, não o faria em qualquer dos dois.

    Entretanto, para além de opção política ou de qualquer partidarismo, na condição de espírita e cidadão, não posso fechar os olhos para os fatos sociais, políticos e econômicos que assolam nosso país. De-núncias de corrupção, desvios de verbas públicas, manifestações populares e mo-vimentação no meio virtual têm preenchi-do a pauta no nosso dia-a-dia, razão pela qual precisamos refletir sobre eles.

    É, perfeitamente, legítimo e, porque não dizer, inevitável, que o espírita parti-cipe da vida política de seu país, estado ou município. A condição de espírita, longe de liberar-nos das necessidades da vida fí-sica, mais nos torna responsáveis diante delas, por compreendermos que “vida na matéria”/“vida fora da matéria” são dois aspectos de uma mesma realidade – a do Espírito imortal, que pré-existe ao corpo e sobrevive à sua morte e que, sendo um ser responsável, carrega consigo o que é e o que realiza e realizou, em seu próprio benefício e em benefício da coletividade. Assim, tudo é espiritual, mudando, tão so-mente, a forma de manifestação.

    Nesse sentido, precisamos refletir so-bre a maneira como devemos exercer esse papel de cidadãos, se as luzes que o conhecimento espiritual devem mudar,

    PEDRO CAMILO Salvador-BA

    O Espírita e os Problemas Políticos Atuais

    O Espírita e os Problemas Políticos Atuais

    não somente, o nosso modo de ver, mas também o de compreender e lidar com as problemáticas sociais. Certamente, temos todo o direito – e o dever – de sentir in-dignação, diante das injustiças, das viola-ções e do que avaliarmos como impróprio, indo às ruas pedir mudanças, clamando por transformações nas redes sociais ou nas rodas de amigos, bem como no meio profissional ou no próprio lar. Contudo, devemos nos preservar do clima de ódio, de desesperança e de julgamento sumário que vem se abatendo sobre grande parte de nossos compatriotas.

    O Espiritismo nos ensina a compreen-der e amar (ao menos tentar) aqueles que se encontram distantes da “verdade”. Faze-mos esse exercício com os familiares, os co-legas de trabalho, os “amigos” distanciados e, mesmo, com os obsessores mais empe-dernidos. Por que agiremos de modo dife-rente, com os que ocupam cargos políticos?

    Ensina-nos, ainda, “O Evangelho Se-gundo o Espiritismo”, que a fé é “mãe da esperança e da caridade”. Como, então, justificarmos discursos que lançam des-crença e descrédito em um futuro melhor, mais digno e mais humano, de mais res-peito e solidariedade?

    O “não julgueis” da recomendação do Cristo deve ser entendido, também, como alerta, para não nos precipitarmos diante daquilo que, nada obstante todo alarde, não foi suficientemente discutido e pro-vado, segundo as leis humanas. E, ainda conforme as leis humanas, cabe a elas e às Instituições Públicas o poder de per-secução criminal e aplicação das devidas

    sanções, em sendo o caso, e às Leis Di-vinas alcançar os que, só aparentemente, permaneçam impunes. Ou não é exata-mente esse o discurso com que recebe-mos os mais odientos obsessores com que topamos nos misteres mediúnicos?

    Para não ser compreendido de forma errada, volto às afirmações iniciais: te-mos todo o direito – e o dever – de estar indignados, de pugnarmos por mudanças e de manifestarmos nossos sentimentos, quanto às questões sociais, políticas e econômicas que nos assolam. Todavia, o dever de cristãos nos traz o dever de não esquecer o respeito que devemos ter pelo outro, sobretudo por aqueles que, demo-craticamente, ainda que contra a nossa opção, ocupam cargos públicos e levam, consigo, a grave responsabilidade de con-duzir os rumos da nossa nação.

    Daí porque é preciso pensar a forma que se tem dado a tanta insatisfação. Dei-xar-se mergulhar no sentimento de ódio, além de não resolver o problema, cria, para si e para a coletividade, uma onda de energias e vibrações negativas, cuja re-percussão pode significar mais desequilí-brio e mais desarmonia, íntima e social.

    O papel do espírita deve ser proativo, no sentido de questionar, discutir, agir e produ-zir o melhor, mas, também, o de dar susten-tação a governantes e governados, através da prece, do desejo sincero de mudança, da fé em dias melhores e do compromisso ético de sermos, nós mesmos, melhores do que somos, praticando a pauta que tanto re-clamamos de nossos dirigentes políticos: a honestidade e o amor ao próximo.

  • Tribuna Espírita • março/abril • 201514

    Espíritas de Campina Grande se con-gratulam pelo sucesso da 42ª edição do Movimento de Integração Espí-rita na Paraíba (MIEP), evento religioso mais antigo realizado no período de car-naval. Um evento que caminha, inovan-do a cada ano, obtendo sucesso de públi-co e de satisfação de seus participantes. Iniciou no ano de 1974, como inspiração de um jovem acadêmico de medicina, Alexandre Magno Pimentel, que concreti-zou a ideia na companhia de Paulo Rob-son, Ana Florindo, Silvio Nery, Antônio de Lima, José Nicolau de Araujo, apoiados pelo presidente da então Liga Espírita Campinense, hoje, AME-CG, quando, na oportunidade, buscavam uma alternativa de ocupação para o período das festivida-des do carnaval, já que, naquela época, a cidade ficava muito agitada. O primeiro MIEP aconteceu, no “Centro Espírita Va-rões do Senhor”, com incentivos morais e financeiros dos Srs. Luiz Tavares, Chico e Creuza, da UFE.

    Estes, que idealizaram o MIEP, não deslumbravam a importância de um even-to, que se iniciou singelo, mas de grande magnitude, como farol que leva luz aos ti-moneiros da escuridão, na busca de uma praia serena e frutífera da paz interior,

    MIEP – Movimento de Integração Espírita na Paraíba

    SUCESSO ABSOLUTO

    balizados no Evangelho do Mestre Jesus e esclarecimentos pelos princípios da Doutrina Espírita, como projeto espiritual a iluminar almas sedentas de felicidade.

    Organizado pela AME-CG - Associa-ção Municipal de Espiritismo de Campi-na Grande, sob a tutela da Coordenadoria Espírita da Borborema e da Federação Es-pírita Paraibana, o MIEP se efetiva, com

    o apoio direto e operacional das institui-ções espíritas da cidade.

    O Encontro foi realizado no Colégio Estadual da Prata, com uma programação extensa e diversificada que durou cinco dias, desde a sexta feira (13 fev) até a terça (17). Sua abertura (veja foto) se fez com um seminário do maior tribuno espíri-ta da atualidade, Divaldo Pereira Franco

    Mesa de Abertura

  • 15março/abril • Tribuna Espírita • 2015

    que, por quase três horas, versou sobre o tema: “Vida, Desafios e Soluções”.

    Antes da apresentação de Divaldo, houve uma cerimonia especial da Câ-mara Municipal de Campina Grande, na qual os edis campinenses entregaram o título de cidadão campinense ao nobre tribuno. A proposição para a homena-gem foi do vereador Joseildo Alves (Ga-

    lego do Leite, PMN), que usou, como ar-gumento, o fato de Divaldo ter ajudado Campina Grande a se projetar no cenário nacional, como polo de eventos religio-sos, através de reiteradas vindas à cidade e, também, por ter apoiado a fundação da “Nova Consciência”, proferindo, na oca-sião, a conferência de abertura.

    O vereador destacou que “Campina

    tem uma importante contribuição a dar ao paradigma de tolerância religiosa que se busca internacionalmente. A cidade acolhe, há mais de vinte anos, eventos re-ligiosos de várias denominações e Sr. Di-valdo nunca se negou a vir à cidade, seja para falar aos espíritas, seja para falar na “Nova Consciência”, sem fazer discrimi-nação alguma; ao contrário, promovendo a paz e a tolerância”.

    O evento transcorreu, nos demais dias, com diversos seminários e palestras pú-blicas, proferidas por diversos exposito-res de renome nacional, dentre eles des-tacam-se: o professor Luiz Cláudio Costa (DF), atual Ministro interino da Educa-ção e Cultura, o terapeuta Alberto Almei-da (PA), internacionalmente conhecido por seus livros sobre o perdão e sobre as relações afetivas; André Luiz Peixinho (BA), médico, psicólogo, filósofo e pre-sidente da Federação Espírita da Bahia; Denise Lino de Araújo (PB), professora da UFCG, evangelizadora e presidente da So-ciedade Espírita Joanna de Ângelis; Geral-do Campetti Sobrinho (DF), coordenador de publicações e diretor da FEB; o médi-co e psiquiatra e psicoterapeuta Leonar-do Machado (PE), Marcel Mariano (BA), expositor da Federação Espírita da Bahia; Pedro Camilo (BA) escritor, médium e trabalhador do Núcleo Espírita Telles de Menezes e, ainda, Sandra Maria Borba, da Federação Espírita do RN.

    O encerramento na terça-feira (dia 17), ficou por conta de André Luiz Peixinho, com o tema “Jesus e a felicidade perfeita do Reino dos Céus”, com o ginásio com-pletamente lotado.

    A programação, constou, ainda, de atividades para crianças e jovens, com o “Espaço Adolescente” e o “Miepinho”, as quais colaboraram para se ter maior abrangência de público em todas as faixas etárias, formando um verdadeiro banque-te espiritual.

    Naquela atmosfera de festa espiritual, Divaldo Franco confirmou sua participa-ção para a edição de 2016, na qual fará a palestra de abertura do próximo MIEP; na sexta feita, e no sábado pela manhã, um seminário.

    Para o 43º MIEP, que ocorrerá de 05 a 09 de fevereiro de 2016, foi definido, como tema central, “Brasil − Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, em alusão à obra de Humberto de Campos e Chico Xavier. Estão confirmadas as presenças de Divaldo Franco, Haroldo Dutra Dias, Frederico Menezes, Severino Celestino, Juselma Maria Coelho, Pedro Camilo, Si-mão Pedro, André Luiz Peixinho, Luiz Hu Rivas e Rossandro Klinjey.

    Se você desejar, adquira os DVDs das palestras e seminários deste ano e dos anteriores. Veja como fazer, no site da AME www.ame.miep.com.br e, ain-da, confira a programação e mais deta-lhes do MIEP 2016, a partir do mês de junho próximo.

    Divaldo Franco e Ivanildo Fernandes (segundo plano)

    Pedro Camilo

    Delegação do C. E. Leopoldo Cirne (João Pessoa-PB)

    Marcel MarianoAlberto Almeida

  • Tribuna Espírita • março/abril • 201516

    Amor, eis o grande desafio das nos-sas vidas, e a razão maior de estar-mos reunidos nesse orbe terrestre. O sentido da Vida. A nossa grande busca. Podemos entender a nossa jornada evolu-tiva, como uma jornada para a aquisição deste sublime sentimento e da sua vivên-cia em plenitude: viver o amor em um ní-vel crístico, conforme exemplificado pelo nosso grande Mestre, Jesus de Nazaré.

    Ele é o nosso professor; nós somos os alu-nos, matriculados na “Escola da Vida”, nesse processo de aprendizado, esforçando-nos, a cada dia na conjugação do Verbo Divino: Eu amo? Tu amas? Ele ama? E nós, amamos?

    Acontece que, quais crianças na esco-la, titubeamos; erramos, durante o nosso processo de aprendizado, confundimos... E, isso é, perfeitamente, natural, espe-cialmente quando consideramos o nosso nível de infância espiritual, aliado ao de-safio da lição a ser apreendida? E, amar, como já dissemos, ainda se nos apresenta, por isso mesmo, como um grande desafio.

    Isso, porque o nosso modo de amar, ainda, é recheado pelas nossas imperfei-ções. Amamos aqueles que nos amam. Por esses, somos capazes de entregar a nossa própria vida, se preciso for. Po-rém, amar em plenitude, amar, nesse ní-vel crístico, é fazer mais; é ir muito além. Para passar, com louvor, na disciplina do amor, precisamos nos superar!

    E o Mestre dos mestres, tal como fa-zem os grandes professores, durante o seu messianato terreno, já nos lançava o desa-fio: “Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu

    IGOR MATEUS Natal-RN

    Amar, além...próximo’ e ‘Odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimi-gos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai, [que está] nos céus, já que seu sol despon-ta sobre maus e bons, e cai chuva sobre justos e injustos. Pois, se amais os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem o mesmo os publicanos? E se sau-dais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem também os gentios o mesmo? Portanto, sede vós per-feitos, como é perfeito vosso Pai Celestial. ” (Mateus, 5:43 a 48)

    Amar os inimigos. Nossa! Mal conse-guimos amar, verdadeiramente, os nossos amigos, os nossos entes queridos. Como dissemos, ainda, confundimos tanto esse nobre sentimento, com paixão, com pos-se, com exclusivismo... Como ir além e estender a nossa devoção àqueles que, ainda, não conseguem nos retribuir da mesma maneira, sendo, portanto, incapa-zes de nos amar de retorno?

    Uma resposta lógica a que a Doutrina Espírita nos conduz, com os seus ensina-mentos, é: Porque são esses os ditos nos-sos inimigos, nossos desafetos, nossos adversários, aqueles que mais necessitam de nosso amor. Às vezes, o ódio nada mais significa que um grito desesperado de alguém que, de uma maneira meio equivocada, nos clama: AME-ME!

    O espírita, esclarecido pelas luzes do Consolador Prometido por Jesus, e pelos muitos “professores de reforço do Além”, tem muitos mais motivos de

    indulgência, para com os inimigos. O mestre lionês, Allan Kardec, no capítulo XII, item 5 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos diz: “Ainda outros mo-tivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primei-ramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens: que ela decor-re de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.”

    Outra razão, apontada pelo Espiri-tismo, para nos incentivar a prática da lição de Jesus é o fato de sabermos que a vida é muito mais que uma simples existência terrestre, e que essas “inimi-zades” não se acabam com a morte do corpo físico, mas, muito ao contrário, perpetuam-se no além-túmulo, geran-do conflitos e processos obsessivos de variadas espécies, reclamando reajuste mútuo de seus protagonistas.

    E esses ditos “obsessores” não sãos em nadas diferentes de nós. Na grande maio-ria das vezes, o algoz do presente nada mais é do que uma vítima do passado; alguém que amou e não foi correspon-dido e que, agora, nos cobra, com juros, os efeitos da ausência desse amor. De modo, que as palavras do Cristo perma-necem ecoando em nossas mentes e co-rações, advertindo-nos: “(...) assim como vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. ” (João, 13:34 a 35)

  • 21março/abril • Tribuna Espírita • 2015

    MAURO LUIZ ALDRIGUE João Pessoa-PB

    O Sacrifício mais Agradável a Deus

    Afirma, então, o Codificador, no mesmo capítulo anteriormente mencio-nado do Evangelho, e no item seguinte: “Pode-se, portanto, contar inimigos as-sim entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolên-cia pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que re-presentam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser (...)”

    Isso mesmo, leitor amigo, provas que a escola da vida nos oferece, para que internalizemos as inesquecíveis lições do Mestre de Nazaré, e que, com os esclarecimentos espíritas, re-forçam a nossa necessidade de amar mais e mais, e ir além, para estender esse amor, principalmente, àqueles que mais necessitam dele. Somente assim, passaremos com louvor na disciplina do Amor!

    Enquanto não decidirmos colocar em prática a desafiadora recomendação de amar os nossos inimigos, não somente, estaremos adiando o nosso progresso, bem como, o dos nossos próprios de-safetos, encarnados ou desencarnados, perpetuando, com isso, os sentimentos do ódio, da discórdia e do desejo de vin-gança, que nada mais representam, se-não a ausência do amor, a escuridão que se instala, pela carência da luz.

    E, na condição de desencarnados, esses chamados “inimigos do passado” estarão em condição de vantagem, uma vez dissociados das limitações que o corpo físico impõe, tornando-se obses-sores que funcionarão, conforme nos esclarece o Evangelho, como “instru-mentos da Justiça de Deus”, a nos lem-brar, de uma maneira dolorosa, o quanto ainda precisamos nos melhorar e apren-der a amar. Mas, um dia, nem que seja constrangidos pelo cansaço de sofrer e padecer sob o guante da dor purificado-ra, ouviremos a voz compassiva e doce do Divino Rabi da Galiléia a ecoar, den-tro de nós, convidando-nos: “Reconci-liai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário (...)” (Mateus, 5:25)

    Isto, porque o amor é o nosso gran-de destino, a grande fatalidade do Uni-verso. Dia virá, em que amaremos, no quilate do Amor que Jesus Cristo tem por cada um de nós, e depende, só de nós, fazer com que esse futuro chegue, o mais depressa possível, sendo os me-lhores alunos que pudermos ser, e nos dedicando, ao máximo, no aprendizado das lições do Evangelho, que se tornam mais abrangentes e belas, a partir das luzes desta maravilhosa Doutrina Es-pírita. O Espiritismo, nada mais, é do que a revivescência da própria mensa-gem de Jesus, cuja essência do ensino é um convite cotidiano a que nos ame-mos, cada vez mais e mais, e além...

    “Portanto, se estás fazendo a tua oferta diante do altar, e te lembrares aí que teu irmão tem

    alguma coisa contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar, e vai

    te reconciliar, primeiro com teu irmão, e, depois, virás fazer a tua

    oferta.” (Mateus, V: 23 e 24)

    Alçar o olhar para além da vida material é a dimensão que se de-monstra aos seres humanos, para a compreensão de sua verdadeira vida.

    A ciência vem trazendo desafios às mentes mais brilhantes da humanida-de, em todas as épocas, para compre-ender as relações, as leis, os fenômenos que envolvem o homem e a natureza, e tem oferecido vastos conhecimentos de como o ser humano pode usufruir de sua estrutura e natureza, para melhorar o seu conforto e bem-estar. Ainda hoje, estamos sendo desafiados pelas necessi-dades básicas da vida: a água, a energia e o alimento. O que dizer dos cerca de 800 milhões de seres humanos que esta-rão à beira da desencarnação, por falta de alimento? O que dizer de milhões que não dispõem de água e de água de qualidade? Para todos estes, isto é um sacrifício? Seria um sacrifício agradá-vel? Agradável a Deus?

    Então, há sacrifícios de seres huma-nos que não conhecem Deus e, também, não dispõem dos bens básicos às suas vidas? Como justificar esse tipo de qua-lidade de vida, distribuído pela Terra? Seria assim, simplesmente, abster-se de elementos essenciais, por um período

    ou por toda a vida, que estaríamos sendo gratos e agradando a Deus?

    Sabendo-se que a vida não é, somen-te, a vida material e que, mesmo com todo o sacrifício a que o ser humano está submetido, em maior ou menor grau, invitando todos os seus esforços e co-nhecimentos, acumulados durante milê-nios, para construir uma vida saudável e feliz; ainda assim, esse não é o sacrifício que é agradável a Deus. Ainda que pro-cure, nas hostes religiosas, o empenho de suas ações, visando compreender as Leis Divinas, está, na essência do ser, o alcance de sua superação, para demons-trar e oferecer à vida a superação de suas mazelas.

    Não é, através de qualquer sacrifício material, que se reparará um mal ende-reçado a outro ser humano; mas sim, aquele que superar os próprios ressen-timentos, o exercício do perdão aos ou-tros: “reconcilia-te, primeiro, com teu irmão...” e reparar o mal executado.

    O verdadeiro cristão não oferece prendas materiais, promessas, concha-vos com a Divindade; pois, que espiritu-alizou o sacrifício. Oferecendo sua alma a Deus, deve apresentá-la purificada. Ao entrar no templo do Senhor, deve dei-xar, lá fora, todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão, é o que Jesus ensina: “(...) deixa, ali, a tua oferta diante do al-tar, e vai te reconciliar, primeiro, com teu irmão...”, − se queres ser agradável a Deus.

    Este é o sacrifício que aquece a alma, acomoda os sentimentos, pacifica a mente e fortalece o coração; porquan-to, ao restabelecer o equilíbrio fraterno, favorece a compreensão da justiça, da misericórdia e do verdadeiro sentimento cristão!

  • FéFéWALKÍRIA LÚCIA DE A. CAVALCANTI

    João Pessoa-PB

    “Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, dis-se: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus respondeu. dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. - E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? – Res-pondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se trans-portaria, e nada vos seria impossível.” ( MATEUS, cap. XVII, vv. 14 a 20.)

    A princípio, iremos definir a fé como a paciência que sabe esperar. Pois faz que a criatura tenha confiança em Deus e nas Suas Leis. Não, uma confiança inoperante, mas uma confiança que dá tranquilidade e esperança, acreditando que as Leis Divinas se cumprem. Além de o próprio “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIX, temos, como ponto de apoio para análise temática, o livro “Jesus e o Evangelho à Luz da Psi-cologia Profunda”, da autora espiritual Joanna de Ângelis, psicografado por Di-valdo Franco.

    A fé se expressa, mediante a con-fiança que o Espírito adquire em torno de algo. Pode se apresentar natural, adquirida ou procedendo de vivências transatas. Natural, se expressa de for-ma espontânea, simples, destituída de reflexão ou de exigência racional, ca-racterística normal do ser humano. Ad-quirida, é conquista do pensamento que elabora razões para estabelecer os seus parâmetros e manifestar-se. Procedendo

    de vivências transatas, quando o Espíri-to enfrentou situações e circunstâncias que foram experienciadas, deixando os resultados dos métodos utilizados para superá-las.

    Kardec destaca, na parte final do item 7 do citado capítulo do “ESE: “Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.” Nós, seres hu-manos, não nos constituímos, somente, de um conjunto organizado de carne; possuímos um Espírito que pré-existe e sobrevive à encarnação atual. A criatura humana não se contenta mais, com arti-gos de fé sem explicação. Procuramos desenvolver o conhecimento; mas que este esteja alicerçado em bases verda-deiras, corretas. Que, antes de sermos tocados no sentimento, sejamos toca-dos na razão; por isso, que a fé cega não deve fazer parte da vida daqueles que se dispõem a abraçar a Doutrina Espírita, como doutrina salvadora de almas. E, aqui, o termo salvadora não está sendo utilizado no aspecto de salvação sem esforço; mas, de encontro consigo mes-mo e visão real de quem somos; para, a partir daí, conseguirmos utilizar as fer-ramentas que existem em nós e avançar-mos rumo à perfeição.

    “O homem de fé reconhece o limite das próprias forças e não se aventura em empresas que lhe podem comprometer a resistência, levando-o à falência moral. Por isso, há um limite entre a fé e a ação, que deve ser tido em conta, quando da tomada de decisão ante o que fazer ou deixar de realizá-lo.” É muito interes-sante a forma como o Joanna de Ânge-lis aborda o assunto. Verifica-se que a demonstração de fé nada tem a ver com práticas exteriores. Deixar de comer pão irá ajudar a afinar a silhueta, mas não transformará a criatura em uma pessoa de fé. Não é crítica, com relação a quem faz isso, mas uma análise de um com-portamento que não nos convêm adotar. Também, os sacrifícios que, na antigui-

    dade, eram humanos; depois, passaram a ser de animais, até chegarem a flores e frutos, o que, ainda, é um pensamento distorcido. O sacrifício que mais agrada a Deus é de aplacarmos o orgulho e a vai-dade, ainda, tão fortes em nós.

    A fé raciocinada faz com que caminhe-mos, com segurança, diante das situações do dia-a-dia, sem fraquejarmos ou, sem antes, desistirmos da empreitada empre-endida. Fazermos algo uma vez, denota esforço; mas, a empolgação nos impulsio-na, também. Fazer, sempre, todos os dias, representa a avaliação judiciosa do que é melhor para nós. Quando fazemos o mal ao nosso próximo, estamos, em realidade, fazendo mal às Leis Divinas, através do outro; por isso, que a nossa vinculação de reajuste é com as leis e não com o ofen-dido. O que acontece é que a relação de ódio e remorso que nos une, em tal situ-ação, se cristaliza, de tal forma, que nos vinculamos a outra criatura e acabamos por estabelecer uniões no pós-desencarne, permitindo, assim, um reajuste com as leis, através daquele a quem fizemos mal. Tudo se encadeia, perfeitamente.

    A fé é muito mais racional do que se imagina. O Evangelho nos diz: “(...) entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer al-cançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança.(...)” Quando temos confiança em Deus, em suas leis, sabemos racionalizar os fatos e achar a melhor saída. Como temos a certeza de que ninguém foge ao cumpri-mento de Suas leis, e a própria experiên-cia nos mostra que a sucessão dos fatos levará ao objetivo almejado, lembrando a fé que tem origem em vidas transatas, ve-mos, com calma, os fatos transcorrerem e esperamos, com paciência, a hora certa de acontecerem.

    Voltando àquela passagem de Mateus exposta no início, o Mestre Jesus fica de-fronte a um pai que vê seu filho sofrendo de pungente obsessão, na qual o espíri-to o submete às mais tristes situações, para levá-lo à loucura e ao desencarne. Esta situação, segundo Joanna de Ânge-lis, ocorre, logo após a transfiguração no Monte Tabor, em que Moisés e Elias se materializam na presença dos apóstolos. Então, Jesus e os apóstolos vinham imbu-ídos de tal situação e veem um pai que pedia ajuda para seu filho. Isto tocou, profundamente, o Mestre. Jesus, com a facilidade de conhecer o ser humano, não só, no que ele falava, mas principalmen-te, no que silenciava, compadeceu-se do jovem e daquela criatura que o envolvia nas trevas. O jovem havia cometido er-ros, no passado, que o vinculavam àquela criatura e esta, com o desejo de desforra,

    Tribuna Espírita • março/abril • 201518

  • levava-o a situações vexatórias.“Aturdido na sua insânia, não ra-

    ciocinava, nem se apiedava daquele que lhe sofria a vindita, incidindo no mesmo erro de que fora vítima anterior-mente.” É muito interessante o desejo da desforra, na criatura. Quando somos atingidos, temos, como primeiro impul-so, o desejo de revide e, quando estamos conseguindo fazer com que tal situação chegue a seu ápice, não nos apiedamos do outro, mas somos capazes de fazer campanhas contra morte das baleias no Oceano Ártico. E muito interessante este estado de cegueira moral, em que nos encontramos, quando não racioci-namos e temos fé em Deus. O jovem, ao ser tocado pelo amor imensurável

    do Mestre, arrependeu-se do que fez no passado, sendo este o primeiro passo para se libertar do mal feito. Isto fez com que ele se deslindasse do persegui-dor, deixando de ser o seu hospedeiro. Ele, agora, iria trabalhar com o seu lado sombra; não, com a sombra do outro. A explicação que Joanna nos dá, sobre o fato de os apóstolos não terem conse-guido afastar tal entidade é porque “ (...) para cada Espírito em sofrimento, a te-rapia é específica, porque não são todos da mesma classe moral, do mesmo es-tágio evolutivo, necessitando de varia-da gama de recursos para chegar-se até cada qual.” E ela conclui com relação ao fato: “Faltava-lhes fé, profundidade de confiança, para conseguirem os bons

    resultados da empresa, em detrimento do esbravejamento estúrdio, da gritaria exterior a que se haviam entregado.”

    Nas situações mais adversas, as cria-turas mais calmas são aquelas que gran-jeiam mais simpatia e conseguem resol-ver a situação, com mais facilidade. Não podemos e não devemos nos assemelhar ao bruto, já que reclamamos do seu com-portamento. A presença insofismável do Mestre produziu tal estado de coisas que fez com que o Espírito se sentisse profundamente tocado. Não era a força das palavras, mas a força da moralidade e do amor do Mestre que tocou a todos, ali, presente. Não foram, só, os três vincula-dos à situação que foram ajudados; mas, todos os presentes.

    Uma das coisas mais perturbadoras que eu conheço é a compreensão do tempo. O que é o agora, o ontem, o amanhã? Qual a visão de Deus acerca do tempo que Ele mesmo criou?

    Quase todos nós estamos habituados a viver o presente, antevendo o gozo dos dias que virão; dos nossos projetos; dos nossos sonhos imaginários, convivendo simultaneamen-te com os nossos momentos atuais...

    Muita coisa sequer aconteceu, e já está interferindo no nosso dia a dia... O amanhã martirizando o hoje, ou produ-zindo alegrias e expectativas, principalmente, quando pla-nejamos uma viagem, por exemplo.

    Vendo as bonecas sem braço; os carrinhos sem roda, des-prezamos nossos brinquedos e os substituímos por outros mais novos... Queremos e aspiramos novidades, esquecidos de que somos de ontem e, nem por isso, devemos diminuir o valor da experiência adquirida.

    Para mim, só há dois tempos: o antes e o depois; o passa-do e o futuro.

    Ninguém consegue deter o agora. E, se o momento atual é tão fugaz, por que desperdiçamos tanta energia, tentando vivê-lo, quando o que importa, mesmo, é o amanhã de paz e luz para o Espírito?

    O que estamos nós, fazendo para construir o ninho de amor, que aquecerá a nossa alma? As aves do céu levam gravetinhos no bico e, paulatinamente, edificam os seus castelos...

    Com quais tijolos estamos erguendo as paredes de nossa morada espiritual? Sabemos todos, que é, juntando os tijoli-nhos, que levantamos o grande edifício que nos identificará como construtores do bem.

    Sabemos que, para manter em perfeito funcionamento as engrenagens do nosso corpo físico, carecemos zelar por ele, para que não lhe falte equilíbrio alimentar, higiene pes-soal, saúde...

    Sabemos, ainda, que ligado ao corpo material carregamos em nosso ego, um corpo etéreo, sutil, imperceptível ao nosso olhar comum, mas que, indiscutivelmente, necessita, tam-bém, de cuidados paralelos.

    É estar, ao mesmo tempo, com um olho no gato e outro

    no peixe, como dizem... Porque é preciso cuidar da matéria, sem esquecer a alma. Regulemos o nosso relógio biológi-co, para que forneçamos, minuto a minuto, alimento para os dois corpos. Ajudando um, sem esquecer o outro. Façamos um inventário de nossas ações e verifiquemos, se estamos empanturrando um e subnutrindo o outro...

    Minuto a minuto, carreguemos, no bico, as luzes da alma, para iluminar o nosso porvir; para povoar o nosso amanhã com o que realizamos – aparentemente − no presente, por-que, à medida que vamos concluindo etapas, elas vão se tor-nando passado.

    Façamos o bem, sem descanso, e o tempo de Deus coroará nossos dias.

    Desperdicemos as oportunidades e veremos o amanhã se tornar presente, infernizando nossas vidas, por dias e dias...

    Eu sei que nosso Pai criou o tempo e que, para qualquer mortal, tentar defini-Lo é impraticável... Mesmo assim, passou pela minha mente e pelo meu coração a seguinte definição:

    O tempo é a manjedoura sublime, onde Deus acalanta seus filhos. Nazaré (*)

    (*) Nazaré Lima de Brito.(Mensagem mediúnica recebida, por Zaneles, em 10.03.2015, na Asso-

    ciação Espírita Leopoldo Machado, em Campina Grande-PB)Nota da Redação: A autora da mensagem, em sua última encarnação,

    foi genitora do irmão Zaneles.

    Aproveitando o Tempo

    19março/abril • Tribuna Espírita • 2015

  • Tribuna Espírita • março/abril • 201520

    INTRODUÇÃO Nos últimos anos, as técnicas de ressuscitação cardiopulmo-

    nar levaram a um aumento considerável, no número de pacien-tes que sobrevivem a lesões cerebrais graves. Alguns pacien-tes se recuperam, nos primeiros dias após o acidente, enquanto outros morrem, rapidamente. Outros, no entanto, recuperam a consciência, mais lentamente, passando por diferentes estágios, antes de, total ou parcialmente, recuperarem a consciência. Os principais estados de alteração da consciência que envolvem di-lemas éticos são: Coma, Estado Vegetativo Persistente, Estado de Consciência Mínima, Síndrome do Encarceramento (Locked-in) e Morte Encefálica.

    A palavra “Coma” vem do grego Kõma, que significa sono profundo. É um estado em que o indivíduo não demonstra conhecimento de si próprio e do ambiente, apresentando ausên-cia ou extrema diminuição do nível de alerta comportamental, não respondendo aos estímulos externos e internos, e com os olhos fechados. (1)

    No Estado Vegetativo, o paciente abre e fecha os olhos, evi-denciando ciclos de sono e vigília; porém, continua sem nenhu-ma evidência de percepção de si próprio e do ambiente, assim como não apresenta resposta proposital aos estímulos visuais, auditivos, táteis e nocivos. Após mais de um ano (nos casos de traumas) ou seis meses (outra causas), são considerados Estados Vegetativos Persistentes.

    No Estado de Consciência Mínima, o indivíduo é incapaz de estabelecer uma comunicação eficaz; mas, pode verbalizar e ges-ticular, alcançar e agarrar objetos, seguir objetos móveis e loca-lizar sons. Esses pacientes podem recuperar, completamente, a consciência.

    Na Síndrome do Encarceramento, o indivíduo apresenta pa-ralisia dos quatro membros e de alguns pares cranianos. Esses pacientes são capazes de se comunicar por movimentos ocula-res, denotando preservação completa das funções cognitivas.

    A Morte Encefálica é caracterizada pela perda irreversível de todos os reflexos do tronco cerebral e da demonstração de interrupção contínua da função cerebral e respiração, num pa-ciente em estado de coma persistente (Laureys e Fins 2008 ).(2) Deve haver uma evidente causa do Coma, descartando os casos de hipotermia (baixa temperatura), distúrbios de intoxicação por drogas, eletrólitos e endócrinos. A ausência de atividade elétrica cerebral, por eletroencefalograma (EEG) ou a ausência de fluxo sanguíneo cerebral, pode, também, servir como testes de confir-mação (Laureys et al. 2004a ).(3)

    Os pacientes, em estados alterados de consciência, apresen-tam grandes desafios relativos diagnóstico, prognóstico e cuida-dos diários. De fato, detectar sinais de consciência não é sempre fácil e, em alguns casos, eles podem passar despercebidos.

    COMPONENTES DA CONSCIÊNCIAEm uma abordagem clínica, a consciência envolve dois com-

    ponentes principais: O primeiro: Nível ou Excitação, demons-trado pelo estado de vigília e sono, é observado, olhando-se a presença de abertura dos olhos. Em nível neuroanatômico, a ex-citação é sustentada, principalmente, pelo tronco cerebral (que é a região entre o cérebro e a medula espinhal) e o tálamo. O s