trendline [mag] ed 004

52
Giles Slade Futebol: Você gosta de comer, mas . não gosta de tomar remédios E que tal se alguém juntasse as duas coisas em uma, e ainda colocasse no formato de guloseima? Essa é a proposta dos nutracêuticos. Celso Roth, o bigode e um pendrive Gastronomia: Um gastropub em Caxias Turismo: Estilo: Amsterdã, sua linda O preço da alta costura Entrevista: ANO 02 EDIÇÃO 04 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA VENDA PROIBIDA

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Na capa, matéria especial sobre nutracêuticos. Entrevista com Giles Slade, sobre obsolescência programada. Mais: Celso Roth, Amsterdã e outros.

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Page 1: Trendline [mag] Ed 004

Giles Slade Futebol:

Você gosta de comer, mas .não gosta de tomar remédios

E que tal se alguém juntasse as

duas coisas em uma, e ainda

colocasse no formato de guloseima?

Essa é a proposta dos nutracêuticos.

Celso Roth, o bigode

e um pendrive

Gastronomia: Um gastropub

em Caxias

Turismo: Estilo: Amsterdã, sua

linda

O preço da

alta costura

Entrevista:

ANO 02 EDIÇÃO 04

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Page 2: Trendline [mag] Ed 004

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Page 3: Trendline [mag] Ed 004

ECOGRAFIA / ECOGRAFIA 4DRESSONÂNCIA MAGNÉTICATOMOGRAFIA COMPUTADORIZADAMAMOGRAFIA DIGITALDENSITOMETRIA ÓSSEAULTRASSONOGRAFIA MORFOLÓGICARADIOLOGIA GERALBIÓPSIAS E PUNÇÕES

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Page 6: Trendline [mag] Ed 004

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]

Foto Samuel Ramos

34

38

42

44

48

50

TURISMO / GO THERE

QG DO ESTILO / STYLE

IMIGRAÇÃO ITALIANA / SÉRIE PARTE III

CULTURA / FOLK

IMPEDIMENTO / FÚTBOL

TELEFONE VERMELHO / CRT

Você pode ficar alto nos Países Baixos

Não é caro, você que é pobre

Bella Polenta

Festival de Folclore, o retorno

Juarez, o highlander dos Pampas

Batendo queixo no pago

30

38

46

QUE FOME / FOOD

SAÚDE / GOOD LIVING

O primeiro gastropub da região

Massagens e drenagens ajudam, mas não resolvem sozinhas

22

2412

ENTREVISTA / SPOTLIGHT

Giles Slade

NEGÓCIOS / BUSINESS

20 MÍDIA / MEDIA TALKING

Mercados que as grandes não querem

A nova Todeschini Kazalla

Informação e desinformação18 MERCADO / MARKET ANATOMY

24CAPA / FEATURED

Você ainda compra comidano mercado?

06

Foto Janaina Silveira

Foto Image.net

34

Page 7: Trendline [mag] Ed 004
Page 8: Trendline [mag] Ed 004

Atendimento telefônico: 54 3242 5793 | 54 9188 3815

Para anunciar: [email protected]

Opiniões e sugestões de pauta: [email protected]

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Criação e foto: Samuel Ramos

PUBLICAÇÃO

Jarbas Gambogi e Alexandre Lattari

- Mercado Financeiro

Maria Cristina Frazon Telles

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Marcos Beck Bohn

- Crônicas

Quéli Giuriatti

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Douglas Ceconello, Luís Felipe dos Santos

e Iuri Müller (Impedimento.org)

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- Cultura

Samuel Ramos - Reg. Prof. 11.388-RS

Caroline Boito Maurmann

Marcos Beck Bohn

COMERCIAL:

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(54) 9176 1384

Diego Rigo (2tm.com.br)

Samuel Ramos

REVISÃO

Marcel Nogueira

Coan Indústria Gráfica

Trimestral

Próxima edição: Dezembro 2011

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Fale conosco:54 3242 [email protected]

CAROS LEITORES QUEM FAZA ficha de que o primeiro ano de

Trendline passou só foi cair na

diagramação: ao revisar os

rodapés, percebi que ali diz

"Ano[02]".

É muito legal olhar para trás e ver

tudo o que passou. Ver como o

nosso projeto se desenvolveu e,

tal qual uma criança que ainda

ontem engatinhava, já

conseguimos - com alguma desenvoltura - dar os primeiros passos.

Sabemos que ainda temos um longo caminho pela frente, mas também

reconhecemos o quanto essa revista cresceu.

Conhecemos muita gente boa ao longo desses doze meses: parceiros

comerciais, leitores, admiradores e um sem fim de amigos que tanto

ajudam a mantermos esse padrão editorial que vocês conheceram, o

mesmo que surpreende algumas pessoas que recebem a Trendline

e perguntam: «Tem certeza que essa revista é produzida no interior

gaúcho?». Nossa meta, há um ano, era apresentar um produto de mídia à

altura da Serra Gaúcha. Penso que conseguimos. Agora, contudo, é hora

de ir além: estipular novas metas e continuar superando expectativas.

Seria impossível nominar todos os agradecimentos que são devidos

nesse período de Trendline, de maneira que me limito a agradecer

a todos vocês por terem nos acompanhado nesse tempo, permitindo

que um projeto dessa monta, realizado de maneira independente e longe

de um grande centro urbano, esteja prosperando.

Imaginem quando a criança crescer.

Samuel Ramos, o seu editor.

Page 9: Trendline [mag] Ed 004
Page 10: Trendline [mag] Ed 004

Onde encontrarOnde encontrar

www.tlmag.com.br

A TL[MAG] É FREE, ONDE RETIRAR A SUA*

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BENTO GONÇALVES

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Aromas e Sabores EmpórioBella Gulla (San Pelegrino)Bier Haus (Tronca, 3068)Boccati Vinhos (B. Sta Catarina)Café Nobre (Centro e Iguatemi)Colcci (Iguatemi)Croasonho Café (Centro)Di Paolo (Lourdes)Do Arco da Velha LivrariaÉvidence (Centro e Iguatemi)Moda Viva (Centro e Iguatemi)Original (Centro e Iguatemi)Stella Doceria e GelateriaThe King Gastro Pub (Tronca)

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Cantina do LenziEmpório São JoãoPH FashionPousada dos PinheiraisSabor CaféVigor Musculação

NOVA PRATA

VERANÓPOLIS

Academia VigorConfraria das LetrasDelicato CestasJ´adore le Café Parisiense

CARLOS BARBOSA

Café BrasilFLORES DA CUNHA

Empório FachinFranshopL’Osteria Del GalloVinícola Viapiana

GARIBALDI

Café Luna ParkCoisas Boas DelicatessenSelezione

OUTRAS CIDADES

Vila Flores - RSParadouro MascaronVilla do Pão

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Page 11: Trendline [mag] Ed 004

Reservas:

(54) 3242.2309 e (54) 9119.6056Av. Pres. Vargas, 1485 . Subsolo . Centro

Nova Prata . RS . Serra Gaúcha

Terça a sábado, ao meio dia:

- comida caseira no fogão

Terça a sábado, à noite:

- Filés e panquecas;

- Frutos do mar e outros pratos

especiais (reservas para, no

mínimo, doze pessoas)

Terça a sábado, ao meio dia:

- comida caseira no fogão

Terça a sábado, à noite:

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- Frutos do mar e outros pratos

especiais (reservas para, no

mínimo, doze pessoas)

Identidade própria.Proposta única.

Page 12: Trendline [mag] Ed 004

ENTREVISTA / SPOTLIGHT

Por Samuel Ramos*Jornalista, editor da Trendline [mag][email protected]

Você lembra quanto pagou pelo seu último telefone celular? E peloseu notebook? Você lembra quanto tempo o modelo anterior durou? E o motivo pelo qual você trocou? Bem-vindo ao mundo daobsolescência planejada, um modelo de negócios amplamente utilizado por grandes empresas que se baseia no compre mais.

Giles Slade: «Você compra, o produto quebra»

«No meu tempo...» é um dos começos de frases mais

utilizadas por pessoas que hoje atingiram mais de 50

ou 60 anos quando querem registra a mudança pelo

qual passou o mundo no decorrer das últimas décadas

e de como, na opinião dessas pessoas, alguns valores

se perderam.

Se em alguns casos há exageros, em outros eles estão

certos. Eletrodomésticos, carros, bens de consumo e,

claro, sobretudo os eletrônicos ganharam número nas

nossas vidas e residências, e possuem um papel

incompreensível para as gerações anteriores. Nossa

sede por novidades e por quantidade de tralhas

eletrônicas é inimaginável para alguém que morou em

uma casa que possuía um único televisor.

Giles Slade, escritor americano, é uma das pessoas

que mantém sérias críticas quanto a esse nosso estilo

de vida moderno. Veja nos próximos parágrafos o

porquê:

Giles Slade Se você substituiu algum eletrônico nos

últimos meses, as chances são grandes de que o

equipamento trocado ainda pudesse funcionar. E as

chances são maiores ainda de que o modelo recém

trocado irá funcionar por menos tempo do que esse

que foi substituído.

[mag] Giles, você é o autor de uma obra muito famosa

nos meios acadêmicos, chamada «Made to Break:

Technology and Obsolence in America» (Feito para

quebrar: tecnologia e obsolescência nos Estados

Unidos) - 2006 - Harvard Press. O livro, infelizmente,

não possui tradução em português, então peço que

defina esse conceito para os nossos leitores.

Mais do que um modelo de negócio, esse sistema de

obsolescência programada, que prevê uma vida útil

reduzida para uma série de produtos, se tornou a

essência do estilo de vida americano durante o último

século e também foi exportado para todo o mundo nas

últimas décadas.

A descartabilidade é, hoje, indispensável para toda a

sociedade de consumo. É preciso formar

consumidores eternamente descontentes, sempre

interessados em substituir os produtos antigos por

novos. A impermanência é essencial, e essa cultura

quebrou totalmente com o senso de tradição e

durabilidade das gerações anteriores.

[mag] Eu acho curioso que essa discussão sobre a

durabilidade dos bens tenha surgido na Europa e nos

Estados Unidos com muita força e aqui no Brasil o tema

não tenha ganhado debates públicos, sobretudo nos

meios de comunicação. Recentemente em uma

viagem vi lâminas de barbear importadas,

superavançadas, com cinco linhas de corte, a um

preço de US$ 30 por seis cartuchos. Aqui no Brasil, a

mesma marca vende aparelhos com três linhas de

corte, pelos mesmos US$ 30 e eles duram, em média,

cinco vezes menos. No terceiro barbear a sua cara fica

igual a do Freddy Krueger.

GS Lâminas de barbear são produtos de higiene

pessoal que há muito tempo são considerados

«descartáveis». A cultura de consumo evoluiu de uma

maneira que hoje até mesmo lentes de contato são

consideradas descartáveis. Esses produtos duram por

uma quantidade bem específica de tempo e o pior é

que essa condição é entendida pelo consumidor no

momento da compra. Ele sabe que não irá durar.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]12

Page 13: Trendline [mag] Ed 004

Technology and

Obsolence

in America

Page 14: Trendline [mag] Ed 004

«A história reserva um lugar de destaque para sociedades que constroem coisas que duram - para sempre, se possível.

Que lugar terá uma sociedade viciada no consumo, que baseia a sua cultura no efêmero das coisas que são feitas para quebrar?»

Giles Slade

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]14

Quando o consumidor paga caro por um item que ele

sabe que irá durar pouco, aí temos o começo do

processo de consumo repetitivo, e esse é o estágio que

antecede o da obsolescência programada.

Eu acredito que a maior parte dos produtos que estão

no mercado hoje, sobretudo os fabricados por grandes

empresas, possui uma vida útil pré-determinada e ela é

atribuída de acordo com pesquisas de mercado, ou

seja, é deliberadamente atribuída de acordo com o que

o consumidor aceitará como tempo normal de uso de

determinado produto. Mas tudo começa na

predisposição de uso e de compra, ou seja, com o fato

do produto ser encarado como descartável. Somente

depois é que entra a obsolescência planejada.

Já sobre o custo dos produtos, hoje eu moro no

Canadá e aqui os carros são muito mais caros do que

nos Estados Unidos, mesmo com o nosso câmbio um

pouco mais favorável. As explicações que nos dão aqui

devem ser as mesmas que você ouve aí: impostos de

importação e custo de transporte. Contudo, a verdade

é que as empresas vão cobrar o valor máximo que

cada mercado aceita. Se o consumidor aqui no

Canadá ou aí no Brasil paga mais, os fornecedores irão

explorar isso até o limite que seja possível.

O preço alto é bom para a lucratividade desses

negócios e é bom para o bolso do governo, que recebe

mais impostos nessas vendas.

GS Na verdade o que originou o livro foi mais um

trabalho de pesquisa sociológico do que econômico.

Eu andava à procura de respostas que explicassem

por que as nossas relações interpessoais, aqui na

América do Norte, haviam se tornado tão frias,

austeras, insatisfatórias e por que andamos tão rudes

entre nós em público.

Minha conclusão é que começamos a estabelecer

relações pessoais de acordo com as premissas

econômicas, ou seja, começamos a nos tratar não

como pessoas, mas como produtos, o que também

significa que se nossas relações são produtos, elas

também podem ser descartáveis.

Parece haver uma vinculação entre a nossa atitude

com os bens de consumo e a nossa atitude entre as

pessoas. Isso levou a uma desvalorização do contato

entre humanos.

[mag] Como foi que surgiu a ideia de escrever o «Made

to Break»?

FOTO ALAN BENNETT

Page 15: Trendline [mag] Ed 004

TRENDLINEMAG . NO[04] 15

[mag] Durante o seu trabalho de pesquisa, quais foram

as evidências que você encontrou que corroboram a

tese de que as indústrias constroem produtos feitos

para falhar/quebrar depois de determinado tempo de

uso?

GS

dessas «falhas» programadas. A primeira delas é o fato

de continuamente comprarmos novos produtos para

substituir os antigos. Faça as contas e pense consigo

mesmo: quantos celulares você teve nos últimos dez

anos? Quantas vezes trocou seu televisor?

Outro ponto que mostra como o consumidor virou

refém dessa estratégia é o custo de reparo das

mercadorias que apresentem problema. Em 100% dos

casos, o conserto custará praticamente o preço de um

novo produto.

Os próprios serviços de assistência são guiados a

gerar novas vendas, pois em geral há dois problemas:

as peças de cada fabricante são únicas - limitando o

trabalho das oficinas - e o preço do reparo é muito alto.

Esses dois fatos encorajam o consumidor a comprar

um novo equipamento. Outras vezes a entrega das

peças é muito demorada, e o equipamento está tão

presente na rotina das pessoas que o cliente

simplesmente desiste de esperar e compra um novo

item.

Há várias evidências que comprovam a existência

Esse sistema mostra claramente como os produtos

não são feitos para não durar.

Há uma regra simples que diz: quanto mais caro você

pagar por um produto, mais tempo ele irá durar.

Digamos, por exemplo, que você compre um

automóvel da Chevrolet ou da Ford, e então ele quebra

depois de dois ou três anos. Se você comprar uma

Mercedes ou um BMW, é possível que ele quebre só

depois de sete ou oito anos. Da mesma forma, se você

comprar um relógio simples, ele funcionará por alguns

anos, mas se você tiver comprado um Patek, ele

provavelmente irá durar toda sua vida (se você estiver

preocupado com isso, claro).

E aí eu volto a falar sobre o custo e tempo da garantia.

Se você adquire uma lavadora, uma secadora em uma

grande loja, ou um computador na Apple ou na Dell,

eles te darão dezoito meses de garantia

pelo produto. Porém, depois desse tempo, se

torna muito caro para eles assumirem o risco do

produto sofrer avarias, então essa garantia mais curta é

outra evidência de como as coisas são feitas. Caso

contrário, eles poderiam nos dar, vamos dizer, cinco

anos de garantia.

GS Os produtos que possuem o seu tempo de vida útil

mais reduzido são, sem sombra de dúvidas, os

equipamentos eletrônicos. Computadores, telefones,

smartphones, câmeras digitais e etc. são feitos para

durar dezoito meses. Depois disso, só com muita sorte

você continuará usufruindo desses equipamentos.

Há outras classes de produtos que, com o passar dos

anos, também adquiriram características descartáveis.

É engraçado dizer isso, mas as lâmpadas e as meias

de nylon (meias-calças) que nossas avós usavam

duravam muito mais do que as comercializadas hoje.

Com todo o avanço tecnológico é impressionante ter

que admitir isso, mas é outra prova inconteste de como

a característica original dos produtos é alterada para

fazer com que compremos mais.

A primeira lâmpada da história, criada por Thomas

Edison, em 1881, durava 1.500 horas de uso. Em 1911,

algumas lâmpadas vinham com um certificado de

duração de 2.500 horas. Então, em 1924 um cartel

entre os principais fabricantes na Europa e nos EUA

negociou de forma a limitar a vida útil de uma lâmpada

elétrica para 1.000 horas.

(nota do editor:

no Brasil não passará de doze, se quiser mais é preciso

pagar)

[mag] E com base na sua pesquisa, quais são os

produtos que mais apresentam problemas para os

consumidores?

Em Livermore, na Califórnia (EUA), se localiza a

Centennial Bulb (centenária lâmpada

de bulbo), que se encontra ligada

ininterruptamente há 110 anos.

A história da lâmpada

integra o roteiro do documentário

«Comprar, tirar, comprar» (Comprar, jogar fora,

comprar), produzido pela TV3 da Catalunha.

FOTO DIVULGAÇÃO

Page 16: Trendline [mag] Ed 004

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]16

Outro exemplo bastante utilizado pelos historiadores é

a invenção da meia de nylon, na década de 40. Os

engenheiros da DuPont, criadora das meias,

desenvolveram um produto tão resistente que era

possível rebocar um carro com uma meia elástica.

Então, por uma necessidade óbvia de mercado (a

DuPont não desejava vender uma meia calça que

durasse um século), a vida útil das meias de nylon foi

sendo reduzida e hoje qualquer arranhão inutiliza um

desses produtos

.

GS Há algumas classes que estão cada vez durando

menos. Brinquedos de criança, por exemplo, estão se

tornando cada vez mais frágeis. E alguns

consumidores já encaram isso como normal,

começam a enxergar os brinquedos como

descartáveis.

A maior amostragem advém dos produtos chamados

low end, que são geralmente os mais baratos. Veja

esses aparelhos de MP3, a maior parte deles possui

uma vida útil extremamente curta. O mesmo se pode

dizer dos fones de ouvido que vêm com eles,

raramente é possível utilizar algum desses produtos

por mais de alguns meses.

Outra classe que está diminuindo mais e mais a sua

vida útil é a das câmeras digitais. Esses aparelhos, que

hoje viraram uma espécie de brinquedo infantil, eram

caríssimos no começo da década passada. Hoje, ao

contrário, são extremamente baratos e mal

construídos. Entendo que, por serem baratos, o

consumidor não se sente lesado quando quebram

fácil. E esses produtos estão durando cada vez menos.

Talvez isso explique o fenômeno.

GS Essa é a parte do desenvolvimento econômico em

que se baseia a economia do consumo que ninguém

quer conhecer.

(nota do editor: todas essas

informações constam no documentário da TV3

«Comprar, tirar, comprar», disponível no YouTube ou no

Vimeo - inclusive com legendas)

[mag] É possível identificar uma tendência de que a

vida útil dos produtos esteja decaindo, digamos, na

última década?

[mag] Já referimos anteriormente que quando um

produto quebra se torna mais barato e cômodo

simplesmente comprar um novo do que efetuar o

reparo. Isso levanta outra questão, que você aborda no

seu livro: para onde vai todo esse lixo eletrônico e

tecnológico, oriundo dos aparelhos abandonados?

A dura realidade é que o lixo eletrônico é enviado para

países em desenvolvimento, tais como China,

Bangladesh, Índia, Nigéria e outros. Nesses países, os

restos dos aparelhos eletrônicos são desmontados a

mão por pessoas que vivem disso, contribuindo para

formar imensos lixões.

É claro que esse tipo de atividade é ilegal, vender lixo,

que é o caso, mas as empresas recolhem esses

dejetos - ou contratam companhias que façam o

trabalho sujo por elas -, chamam isso de reciclagem e

através dessa etiqueta «verde», obtêm liberação dos

órgãos internacionais de fiscalização.

Os metais mais valiosos desse entulho são removidos

do lixo eletrônico através do uso de soluções ácidas,

altamente tóxicas, e que muitas vezes são despejadas

em rios e fontes de água.

A resistência do nylon, que foi reduzida de maneira a permitir

um produto menos durável, é um exemplos clássicos

na história da obsolescência programada.

FOTO DIVULGAÇÃO

Page 17: Trendline [mag] Ed 004

O material plástico é queimado em altíssimas

temperaturas, o que polui o ar com petroquímicos e

acaba afetando a todos nós. Em suma: estão

realmente prejudicando o meio ambiente com essa

prática e, lamentavelmente, a opinião pública não tem

ideia de como esse tipo de «reciclagem» é feita e nem

do efeito nocivo que todo esse consumo excessivo

causa ao nosso planeta.

GS Imagino que você esteja citando instituições como

o Sillicon Valley Toxic Coalition. Bem, esses órgãos

tentam passar leis federais nos Estados Unidos e

influenciar outros países a fazerem o mesmo, porém,

sinceramente, com essa situação econômica que

vivemos e com o atual cenário político, é realmente

impossível mudar algo nesse momento.

GS Sim, existem. Fabricantes de maquinário pesado,

tais como Caterpillar e AGCO, por exemplo, sabem que

o seu consumidor não aceita trocar o equipamento a

cada par de anos. Além deles, produtos do segmento

de luxo, tais como grandes marcas de carros e

relógios. Esses são produtos feitos para durar.

[mag] E existem órgãos - governamentais e não

governamentais - que estejam monitorando essas

ações? Há alguém ao lado do consumidor nessa

história?

[mag] E a postura das empresas, há casos de

empresários que estejam preocupados em colocar no

mercado produtos de maior durabilidade?

Uma estratégia muito interessante desses fabricantes

é construir equipamentos que possam durar um

número específico de anos, que sejam facilmente

desmontáveis - e recicláveis. Esse é realmente o

melhor caminho a seguir.

GS Certamente. Não só é possível, como é a maneira

mais correta e inteligente de trabalhar. Existe um ditado

em inglês que diz o seguinte: compre barato, compre

duas vezes (buy cheap and buy twice). E se você

compra um produto caro, é natural que você espera

que ele dure mais. Penso que é esse o motivo pelo qual

as pessoas pagam por relógios Rolex ou por jóias de

ouro e diamante.

GS Estou finalizando esse livro agora mesmo, porém

ele não terá o mesmo tema de «Made to break».

Estou me concentrando em escrever sobre a maneira

como a nossa cultura de bens materiais e a nossa

relação com a tecnologia - por mais de um século - está

mudando o nosso comportamento humano e

permitindo que troquemos o relacionamento pessoal

em favor de interações com máquinas.

[mag] E é possível fazer produtos de grande

durabilidade e ainda fazer dinheiro, ter um bom lucro?

[mag] Para finalizar, você me disse, antes de iniciarmos

a entrevista, que está escrevendo um novo livro. Fale

mais sobre esse novo projeto.

TRENDLINEMAG . NO[04] 17

Cerca de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidas a cada ano. Uma boa parte desse descarte é encaminhado

para países em desenvolvimento. A China é um dos destinos mais comuns [foto acima].

FOTO DIVULGAÇÃO GREENPEACE

Page 18: Trendline [mag] Ed 004

MERCADOS / MARKET ANATOMY

Por Alexandre Lattari*marketsbyfactfinder.blogspot.com* Trader, especulador.

«Por que dizer muitas coisas para algumas pessoas se posso dizer nada para todo o mundo?»

Quando a ausência de notícias e de comentáriosé uma boa notícia

Em sua aparição inesperada nos palcos ingleses, após

longos anos de ausência, Jerry Seinfeld lançou a frase

acima, para falar sobre o fenômeno Twitter. É uma

discussão premente, entre a comunicação em excesso

(overcommunication) e, bem, o não ter nada de útil

para dizer. Chistes à parte, é interessante verificar

como hoje tomamos como normal uma ferramenta de

comunicação simplesmente inimaginável há 20 anos.

Outro dia li um artigo de um analista financeiro norte-

americano em que ele reconhecia a importância das

redes sociais e da Internet, mas repudiava a

repercussão dada a informações de baixa qualidade.

Notoriamente o comportamento de manada (herding)

dos participantes dos mercados tem sido

potencializado por uma avalanche incessante de

análises, visões e comunicados contraditórios..Citemos, por exemplo, a celeuma que absorveu boa

parte dos esforços da mídia especializada no início de

maio/2011. Dados fornecidos trimestralmente pelo

órgão regulador dos mercados acionários dos Estados

Unidos (SEC, a Securities and Exchange Commission)

revelaram que o hedge fund do lendário George Soros

havia liquidado quase todas as suas posições em

ativos lastreados em ouro e prata. De pronto, diante do

sinal emitido pelo “homem que quebrou o Banco da

Inglaterra”, analistas passaram a avaliar as

perspectivas macroeconômicas dos países do G-7.

Inflação ou deflação à vista?

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]18

A matéria de capa da revista acima - propositadamente não identificada -, de maio de 2009,convidava o leitor a «bombar» na bolsa de valores. Por ironia, menos de seis meses depois da publicação,o índice cairia quase 50%.

Page 19: Trendline [mag] Ed 004

Não chegaram a conclusão alguma, principalmente

porque outros grandes hedge fund managers - dentre

eles John Paulson e Eric Sprott - mantinham suas fés

inabaláveis nos metais preciosos.

Não antes de julho último a verdade veio à tona: o

Soros Fund Management liquidou suas posições

porque estava encerrando suas atividades. Simples

assim. Uma trajetória profissional fantástica de mais de

40 anos chegara ao final. Habitué dos informativos da

área, não percebi qualquer mea culpa por parte dos

mesmos analistas.

A sanha dos veículos de comunicação por page views

e números de audiência, que se refletem diretamente

em suas receitas de publicidade, abriu uma nova

perspectiva no uso da informação. Com alguma

experiência é possível servir-se de estatísticas de

mecanismos de busca na Internet e/ou manchetes de

publicações para aprimoramento do timing de

mercado. Diga-se, de passagem, que esta abordagem

contrária (contrarian) não é nova.

Paul Montgomery desenvolveu, por décadas, um

reconhecido trabalho associando pontos de virada nos

mercados acionários a capas da revista Time. Mas não

se enganem. O assunto é extenso e exige certas

características do traço cognitivo do investidor.

O tema deste artigo não é fortuito. Da minha

experiência percebo que sempre que conhecidos

personagens - frequentemente associados a crises

econômicas e crashes de mercados - começam a

ganhar visibilidade, boa parte da queda de preços já se

esgotou no curto ou médio prazo.

Atualmente não conheço nenhum representante desse

grupo melhor que o superstar Noriel Roubini, consultor

e professor da Universidade de Nova Iorque. À medida

que preços de ativos aceleram a queda, cresce o

número de aparições televisivas do Prof. Roubini e de

buscas pelo seu nome na Internet. Um fato alimenta o

outro até o atingimento do clímax.

Quando os preços subitamente se estabilizam e

começam a subir ninguém se interessa mais pelas

palavras proféticas do Dr. Roubini... até o próximo

crash.

Como disse uma vez Mark Twain, “a história não se

repete, mas rima”.

TRENDLINEMAG . NO[04] 19

Acima, capa do The Economist de novembro de 2009, quando o Ibovespa marcava cerca de 65 mil pontos.

Depois, a famosa capa que marcou o ápice da especulação imobiliária americana, em junho de 2005.

Page 20: Trendline [mag] Ed 004

A indústria de publicidade passou os últimos 50 anos

olhando para as grandes cidades. Lá estavam não

apenas o maior número de pessoas, mas também as

taxas de crescimento mais consistentes. Logicamente,

para esses mercados também foi - e é - direcionada a

maior fatia de investimentos das grandes marcas, de

diferentes segmentos, seja no quesito publicidade,

ações culturais ou patrocínios a eventos.

Tal realidade ainda perdura nos dias de hoje e qualquer

agente de mídia que contatar o marketing de grandes

empresas (ou mesmo o pessoal de mídia das agências

de publicidade, que cuidam das contas dessas

empresas) ouvirá algumas explicações parecidas com

essa: «Nosso foco é o mercado de São Paulo e Rio» ou

«Direcionamos todo nosso investimento para grandes

centros e no momento não temos verba».

O que mui tas dessas grandes empresas

desconhecem é que nas pequenas e médias

localidades se encontram excelentes indicadores

econômicos. O Rio Grande do Sul, por exemplo,

possui 10 das 50 cidades com maior renda domiciliar

média (IBGE). Dessas, sete possuem menos de 200

mil habitantes. Na Serra Gaúcha estão quatro das dez,

e, à exceção de Caxias do Sul, três se encaixam nesse

perfil: Nova Bréscia, Carlos Barbosa e Bento

Gonçalves possuem menos de 200 mil moradores.

Também no quesito Produto Interno Bruto (PIB) per

capita (IBGE), a listagem dos primeiros lugares é

dominada por pequenas cidades. Na região da Serra,

Nova Prata e Nova Bassano encabeçam a listagem,

sendo o 5º e 6º lugares, respectivamente, no Estado.

Para efeito de comparação, Caxias do Sul fica na 22ª

posição e Porto Alegre na 23ª.

PAPO DE MÍDIA / COMUNICATE

Por Paulo Mattos Pinto** Diretor de Mídia.

Você mora no interior, tem um bom padrão de vida e gosta das grandes marcas. Mas a verdade é que elas não estão nem aí para você ou para a sua cidade.

Essa realidade se repete em outros Estados do Brasil.

Estudo realizado pelo Ipea, em 2009, mostrou que as

cidades de médio porte vinham crescendo

praticamente o triplo dos municípios de grande porte:

enquanto o crescimento do PIB de municípios com

mais de 500 mil habitantes foi de 1,55% entre 2002 e

2005, o de cidades com menos de 100 mil habitantes

foi de 3,22%, e o de cidades com população entre 100

mil e 500 mil foi de 4,71%.

Tal realidade tem provocado alguma movimentação

entre as marcas mais ligadas que, sabiamente, têm

dividido seus orçamentos de marketing entre grandes,

médias e pequenas cidades, evitando, assim,

concentrar toda sua verba nos saturados (e mais

caros) mercados das metrópoles.

Essa movimentação, contudo, ainda é bastante

incipiente e você não irá encontrar uma participação

forte de uma grande marca em uma ação que seja

realizada em cidades menores - à exceção de

incentivos fiscais que se transformam em apoio à

realização de feiras e mostras municipais. A verdade é

que ainda perdura um grande preconceito por parte do

empresariado e de alguns publicitários quanto aos

mercados menores.

As redes e marcas locais mais antenadas é que se

beneficiam dessa ausência. Essas, que conseguem

aproveitar o maior poder aquisitivo da população e a

falta de um grande número de concorrentes em

determinados segmentos, conseguem planejar e

executar ações de excelente relação custo x benefício

para colher uma maior presença comercial.

Bom para eles.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]20

O Brasil que as grandes nãoquerem

Page 21: Trendline [mag] Ed 004

Nossas estradas estão passando por umupgrade importante

Apesar das críticas, cada vez mais frequentes, as estradas daSerra Gaúcha, em especial a RS 470, trechos da RS 122, RS 324, Rota do Sol (ERS-486), bem como outras, estão passando por importantes melhorias.

Através do programa de capacitação das rodovias para deficientes visuais, buracos estão sendo implantados paraaplicar o alfabeto Braille nas estradas, fazendo, assim, comque todos possam dirigir em segurança. Até mesmo quemnão enxerga - e aqueles que enxergam poderão dirigir à noitecom os faróis desligados. Só tem vantagens!

Você, contribuinte, pode ficar tranquilo que o dinheiro dos seusimpostos seguirá financiando a construção de mais e maisburacos. Somente assim teremos estradas seguras para todos.

Para agradecer ao governo por essa importante obra,contate o Secretário de Infraestrutura do RS no Twitter: @betoalbuquerque

na foto, trecho da RS 324, entre Nova Prata e Nova Bassano | crédito sônia reginato . jornal correio livre

Nossas estradas estão passando por umupgrade importante

Realização:

Page 22: Trendline [mag] Ed 004

Faltando menos de dois anos para o aniversário de

quatro décadas da Kazalla, a loja, referência no

segmento de móveis planejados sob medida,

representante oficial da Todeschini, acaba de

inaugurar o seu novo show room, em Veranópolis.

A nova loja, completamente reformulada - em apenas

duas semanas, para a loucura de todo o staff - traz um

padrão visual bastante contemporâneo para o local,

em linha com a apresentação que ocorre nas demais

lojas da famosa marca de móveis de Bento Gonçalves.

Além de ser bastante clean, com um toque quase

minimalista, a decoração também convida o cliente a

se aconchegar nos ambientes montados.

«Queremos que as pessoas caminhem aqui dentro,

sem ter medo de tropeçar em nada. E também

queremos que elas possam conferir de perto o

acabamento e todos os detalhes do produto que

oferecemos», explica Fábio Kaczalla, diretor da

empresa.

O projeto de reformulação já vinha sendo programado

há vários meses e no ano passado, com a qualificação

da Todeschini Kazalla de Veranópolis como loja

referência na região em que está instalada, foi posto

em execução, contando com projeto da equipe de

design da Todeschini e execução da própria equipe de

montagem da loja.

Fábio, por sinal, enche a bola dos colaboradores,

responsáveis pelos projetos que saem da loja: «Todos

os nossos funcionários e funcionárias passam por

cursos de qualificação periódicos. Isso começa no

conhecimento que o pessoal do projeto precisa ter de

decoração, design de interiores e termina na

montagem, com o trabalho dos profissionais

especializados», menciona.

Esse respaldo da direção ao trabalho de seus

colaboradores é resultado de um longo trabalho de

investimento em pessoal, que faz da Todeschini

Kazalla a única empresa da região que possui uma

equipe própria de montagem trabalhando na execução

dos projetos.

Por Redação Trendline [mag][email protected]

NEGÓCIOS / BUSINESS TRENDS

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]22

Todeschini Kazalla, de cara novaTodeschini Kazalla, de cara nova FOTOS SAMUEL RAMOS

Page 23: Trendline [mag] Ed 004

Além disso, o reconhecimento de Fábio à qualidade da

sua equipe se apoia na própria experiência que ele

possui no ramo: como é o representante da segunda

geração de uma família moveleira, atividade que os

Kaczalla iniciaram ainda na década de 70, já trabalhou

em praticamente todas as áreas da loja: «Já trabalhei

na venda, nos projetos, na montagem e até na

logística. Houve uma época que eu passava o dia na

loja e, no fim do expediente, lá pelas oito horas, saia

todas as noites para buscar material em Bento

Gonçalves. Atravessava a Serra, carregava a

camionete e voltava. Chegava em casa tarde da noite,

cansado, e no dia seguinte começava tudo de novo»,

conta.

Seus pais, Fabiano Kaczalla e Cleci Rigon Kaczalla,

ainda hoje sócios do negócio, acompanham de perto

todo o dia a dia da empresa e relembram como tudo

começou: «Tínhamos uma pequena oficina de

conserto de rádios aqui nesse espaço, era o nosso

trabalho no começo dos anos 70. Então, em 1973,

começamos a trabalhar com a venda de móveis. A loja

ficava bem aqui onde estamos hoje. Na época esse

prédio era uma casa antiga, bem simples. O Fábio

cresceu aqui, praticamente dormia na loja, sempre

esteve muito envolvido com o negócio da família»,

revelam.

Com o sangue moveleiro correndo nas veias, a família

Kaczalla acompanhou toda a evolução do setor, que

sofreu grandes modificações ao longo das últimas

décadas: «Esse segmento sempre foi muito

concorrido. Desde as lojas que vendiam móveis, sem

personalização alguma, até a consolidação do

mercado hoje, muita coisa passou. O setor está

amplamente profissionalizado e os clientes já

procuram as lojas e os fabricantes esperando um alto

padrão de atendimento, produto e acabamento. De

nossa parte temos a convicção de que a Todeschini

Kazalla está muito bem consolidada e preparada para

atender a esse público exigente e aos novos desafios

que o mercado oferece», avalia Fábio.

A Kazalla desde 2003 mantém todo o espaço de sua

loja, de 240 m² de área, voltados exclusivamente para

os produtos da Todeschini.

Visite:Av. Oswaldo Aranha nº 1115, CentroVeranópolisFone: (54) 3441 1215

Page 24: Trendline [mag] Ed 004

Comida delaboratório

CAPA / FEATURED

Texto e fotos de Samuel Ramos*[email protected]* Jornalista e editor da TL[mag]

E se você fosse à farmácia para comprar gomas, balas, chocolates e sopas?

Guarde esse nome: Nutracêuticos. Apesar do termo

ter sido criado em 1989, o tema é tão novo que até

mesmo no Wikipedia, em português (o site

enciclopédia que jogou a última pá de cal no finado

mercado de vendas dos enciclopedistas andarilhos),

as meras quatro linhas que definem o conceito foram

adicionadas apenas esse ano.

A rigor, se refere à combinação de uma coisa que

adoramos (comer), com outra que detestamos (tomar

remédios - exceção feita aos hipocondríacos).

Bom, na verdade o tema é mais complexo do que isso.

Ainda há algum ceticismo quanto às propriedades

terapêuticas dessa nova classe de produtos

farmacológicos- o próprio Wikipedia afirma que o

termo «nutracêutica» está mais vinculado ao marketing

do que à ciência, mas o fato é que produtos criados a

partir desse preceito de combinar nutrição e

farmacêutica já são uma realidade.

O ponto de partida dos pesquisadores desses

produtos reside na fitoquímica, campo da farmácia que

estuda os componentes presentes nas frutas,

verduras, legumes e cereais.

Também são alvos de pesquisa ervas, folhas, raízes e

espécies vegetais. Tudo para que, segundo os

entendidos, se possa identificar elementos que

possam trazer benefícios a saúde.

Debate científico a parte, em termos de mercado, é fácil

entender que a combinação de nutrição e farmacêutica

se desenha como um caminho muito atraente para

esse trilionário mercado global.

A possibil idade de agregar à alimentação

determinados princípios ativos não apenas facilita o

tratamento de algumas adversidades físicas, mas

também descortina um novo mundo para os

laboratórios, sejam eles pequenos ou grandes.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]24

Page 25: Trendline [mag] Ed 004

Chocolate que promete diminuir a fome e

aumentar a saciedade é um dos produtos

nutracêuticos que está sendo desenvolvido

na região.

Page 26: Trendline [mag] Ed 004

Nutracêutico não é alimento funcional

Embora os nutracêuticos não tenham nenhuma

relação direta com os alimentos funcionais (que são

produtos que declaram ter benefícios extras, além da

nutrição básica), foi por causa desses últimos que eles

surgiram.

Na década de 80 o governo do Japão estabeleceu um

programa para desenvolver alimentos saudáveis para a

sua população. Esse financiamento fez com que

surgisse, pela primeira vez, pesquisas orientadas a

descoberta de alimentos funcionais, dando origem a

uma série de novos produtos que, ainda hoje, muitas

vezes são confundidos com suplementos. A grande

diferença é que os funcionais são consumidos na forma

in natura, como um alimento convencional, e não

através de shakes, pós ou cápsulas. Os exemplos

nessa área são muitos, e passam por peixes, grãos,

legumes, frutas, verduras, cada um com funções

específicas.

Da década de 90 para cá, o assunto interessou a

diversos pesquisadores e empresas ao redor do

mundo se dedicaram a procurar novas substâncias

que de alguma forma pudessem ser identificadas como

benéficas à saúde. A identificação de populações que

tivessem uma baixa incidência de determinas doenças

foi um dos pontos de partida que levaram os cientistas

a estudar a alimentação desses grupos. Um caso

clássico nesse sentido foi identificado com os

esquimós, cuja alimentação baseada em peixes

parecia ter uma relação com a baixa incidência de

problemas cardíacos.

A partir de premissas como essa, estudos foram

realizados para identificar substâncias presentes nos

mais diversos tipos de alimentos que pudessem, de

alguma maneira, trazer benefícios para quem os

consumia. Daí a isolar esses princípios ativos, para,

então, introduzi-los em alimentos comuns, foi tão óbvio

quanto dois e dois são quatro. Nascia, então, a

nutracêutica, e com ela um novo campo de

possibilidades para a alimentação humana, tão amplo

que tem potencial para revolucionar cardápios por todo

o mundo.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]26

BALAS, GOMAS, SOPAS, IOGURTES, CHOCOLATESE SORVETES SÃO ALGUMAS DAS FORMAS DECONSUMO DE PRODUTOS NUTRACÊUTICOS

Page 27: Trendline [mag] Ed 004

Cada produto que ela comercializa hoje passou por um

longo tempo de testes. Ao final, diferentes

nutracêuticos, com as mais variadas indicações, foram

desenvolvidos. E nos mais diversos sabores: vão

desde balas de laranja, abacaxi, limão, banana,

morango, dentre outros, até sopas de mandioquinha e

de ervilha com bacon.

Claro que o sabor não agrada a todos. Por mais que

Graciana se esforce, alguns paladares, mais afeitos ao

doce tradicional, irão estranhar, por exemplo, o gosto

das balas e o amargor do chocolate (que é composto

de 70% cacau). Contudo, se você não for nenhuma

formiga, não deve ter problemas em consumir numa

boa. A sopa que a Graciana nos serviu também foi uma

agradável surpresa: ao contrário das instantâneas

oferecidas no varejo, não é tão rala. E possui um sabor

bem melhor. (P.s.: Faço a ressalva de que o fato da sopa

nutracêutica ter superado o gosto daquelas «de

mercado» é tarefa facilitada simplesmente pelo fato

dessas últimas serem muito ruins).

O valor de varejo dos nutracêuticos ainda não é aquele

que a Graciana gostaria. Pelo fato deles contarem com

matérias primas importadas, o investimento mensal

médio em um desses produtos deve variar entre R$ 50

e R$ 100. Contudo, quem paga, acaba achando muito

mais cômodo e prático se deliciar com balas, sopas e

chocolates que possuam algum efeito terapêutico. «A

perspectiva no setor farmacêutico é que as cápsulas

saiam de uso nos próximos anos. As grandes

empresas estão trabalhando em outras formas de uso,

e as balas são o futuro», resume.

E na prática, o que temos no cardápio?

Para conhecer alguns produtos desse novo campo de

pesquisas, contatamos diversas farmácias de

manipulação da Serra Gaúcha. Foi assim que

chegamos até a farmacêutica Graciana Neumann,

que comanda uma manipulação na cidade de Nova

Prata. Apesar de residir e trabalhar em um pequeno

município, ela possui, hoje, no mercado, a amostra

mais completa de produtos nutracêuticos da região.

Graciana comenta que o tema é realmente bastante

novo, e que muitos colegas da área já estão

trabalhando para produzir nutracêuticos. «Em Porto

Alegre e São Paulo você já encontra em diversos

lugares, aqui as pessoas ainda estão conhecendo e

começando a olhar para esse ramo», explica.

Ela também nos explicou quais são as aplicações mais

comuns para essa nova categoria de produtos: saciar a

fome (auxiliando dietas); reduzir o apetite; controlar a

insônia; reduzir a ansiedade (calmante natural) e, por

fim, agir como estimulante. Para isso, diferentes

princípios ativos - todos derivados de produtos naturais

- são isolados e inseridos dentro de diferentes formas

de alimento, tais como balas, gomas, sopas, iogurtes,

sorvetes, dentre outros.

Para operacionalizar o uso, ela nos conta que passou

os últimos três anos realizando experimentos:

«Passava o tempo todo tentando melhorar o paladar, o

aroma, a consistência. Algumas balas derretiam,

outras ficavam com um gosto horrível, enfim, tudo que

se possa imaginar, aconteceu. O mais difícil de tudo, no

fim, é retirar dos produtos o gosto de remédio», avalia.

TRENDLINEMAG . NO[04] 27

Graciana Neumann, que trabalha na cidade de Nova Prata, é uma das pioneiras na pesquisa e no desenvolvimento de produtos nutracêuticos na região da Serra Gaúcha.

Page 28: Trendline [mag] Ed 004

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]28

Grandes de olho nesse mercado

Apesar desse mercado ainda ser novo e, por isso

mesmo, ainda de baixo faturamento, gigantes do setor

farmacêutico estão com os dois olhos em cima de

novas possibilidades de negócio. «No Brasil, tudo

começou em 2005. Nos últimos três anos melhorou

bastante, cresceu bem. Hoje, duas grandes empresas

já tomaram a dianteira e praticamente dominam a

distribuição e a comercialização das matérias primas»,

conta Graciana.

Por falar no conteúdo desses alimentos feitos em

farmácia, perguntamos a ela sobre os riscos de uma

dosagem excessiva. A farmacêutica nos explicou que

esses produtos não utilizam substâncias que causem

dependência e nem que apresentem risco de uma

hiperdosagem. Segundo ela, os nutracêuticos se

caracterizam pela presença de princípios ativos

derivados de produtos naturais, manipulados com

dosagens extremamente seguras. «Mesmo assim, é

importante não deixar esses produtos ao alcance de

crianças, sobretudo pela cor chamativa», acrescenta.

A farmacêutica também revela que os grandes

divulgadores dessa nova categoria de produtos, que

servem para complementar a dieta - Graciana é

categórica quando diz que eles não substituem

refeições - não têm sido os farmacêuticos, mas sim os

nutr ic ionistas: «Os nutracêut icos não são

medicamentos, portanto não é necessário receituário

para adquirir. Mesmo assim, é sempre bom consultar

um nutricionista antes. São eles que indicam o melhor

complemento dentro de uma dieta específica, e muitos

p r o f i s s i o n a i s , c o m q u e m c o n v e r s a m o s

periodicamente, estão aprovando o uso desses

produtos», resume.

Graciana também espera que o desenvolvimento dos

nutracêuticos desperte o interesse para novas formas

de ingestão desses produtos. E conta com o apoio de

chefs de cozinha: «O farmacêutico não tem formação

gastronômica, por isso consegue ir até um limite em

termos de formulação de sabores. A partir daí, é preciso

iniciar um trabalho de pesquisa com chefs, em busca

de aproximar cada vez mais o sabor desses alimentos

dos que as pessoas costumam consumir. É possível,

por exemplo, acrescentar um princípio que reduza o

apetite em sobremesas, consomès ou em qualquer

prato de preferência das pessoas. As possibilidades

são muitas», conclui.

«Muitos profissionais da áreafarmacêutica acreditam queo futuro da indústria passa

pela eliminação das cápsulase comprimidos, com aadoção cada vez mais

frequente de balas e gomas».Graciana Neumann

Page 29: Trendline [mag] Ed 004

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Page 30: Trendline [mag] Ed 004

TRENDLINE[MAG] . DEZ 2010 JAN/FEV 201122

QUE FOME / FOOD IN MY BELLY

Texto e fotos de Samuel [email protected]

O pub do rei

Um lugar para beliscar, petiscar, beber, jantar e dançar.Assim é o The King Pub, de Caxias do Sul, o primeirogastropub da região. Tá bom prá ti?

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]30

Os pubs não são mais novidade. Sobretudo na Serra

Gaúcha, onde a tradição das Public Houses (o nome

pub é uma contração informal - apelido - desse termo)

já se estende por alguns anos.

Claro que na maior parte dos casos, os nossos pubs

gaudérios tem muito pouco a ver com a rotina desses

estabelecimentos na cidade referência do assunto:

Londres. O modelo exportado de lá, também

consolidado na Irlanda, chegou na Austrália e Nova

Zelândia da mesma maneira: como regra geral, pub

abre cedo, fecha antes da meia-noite, possui ambiente

rústico e vive de servir doses cavalares de trago - em

especial de cerveja. Aqui, com exceção da cerveja, as

coisas são um pouco diferentes: o pessoal toma banho

antes de ir a um pub (????), chega tarde e sai depois

que a carruagem da Cinderela virou abóbora.

Essa característica básica do serviço de bebida

alcoólica faz do pub gaúcho uma espécie de boteco

Reloaded, ou para ficar na linguagem local, uma

releitura mais fina do bolicho, budega (com U), bareco

e afins. E apesar de alguns estabelecimentos

possuírem uma boa cozinha, com acompanhamentos

dignos ao trago nosso de cada dia, a verdade é que as

opções mais refinadas são escassas.

Pois é justamente nesse vácuo que os ingleses tiveram

a brilhante ideia de criar os gastropubs. Se desde

sempre os pubs foram dedicados com afinco ao vinho

(o precursor dos pubs foram as tabernae dos romanos,

estalagens que atendiam aos enófilos ao longo das

estradas romanas) e à cerveja, porque não dedicar a

mesma atenção à cozinha?

Pois foi exatamente assim que pensou o pessoal do

The King, em Caxias do Sul, local que desde o começo

desse ano abriga o primeiro gastropub da Serra

Gaúcha.

A proposta deles é se posicionar nesse nicho de

mercado, se dedicando a atender não apenas as

necessidades líquidas de seus clientes, mas também

dispondo de uma carta gastronômica mais ampla e,

que contemple, também, uma culinária mais elaborada

e complexa.

Dessa forma, além de uma extensa carta de cervejas,

vinhos, espumantes e cocktails, há também uma

diversidade de pratos que vão desde aperitivos (como

o agnolini frito, da foto acima), steak & fries (bife com

batatas fritas) e, claro, bacalhau, codorna, risotos e o

que mais a chef Tuta inventar.

Page 31: Trendline [mag] Ed 004

TRENDLINEMAG . ANO01NO.01TRENDLINEMAG . ANO01NO.01

O THE KING APOSTA EM UMAMBIENTE MODERNO,

DESCOLADO E CASUALPARA ATRAIR TANTO O

PÚBLICO DE HAPPY HOURS,QUANTO O PESSOAL QUE

QUER UM LUGAR LEGALPARA JANTAR E ATÉ

MESMO OS BALADEIROS.

Page 32: Trendline [mag] Ed 004

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]32

Gastronomia e diversão

Maurício Rech, o promoter da casa, nos conta que o

The King inaugurou esse ano, em fevereiro. Ele mesmo

explica que a proposta do The King é tripla: 1) atrair as

pessoas que saem do trabalho para que venham ao

pub aproveitar a happy hour; 2) Fazer com que o

vivente que veio para o happy fique para o jantar; e 3)

Fazer com que, depois do jantar, se possa esticar a

noite em uma balada. «Nossa casa aqui contempla e

agrada a essas três situações. Você pode vir aqui

beliscar e tomar uma cerveja, também pode vir para um

belo jantar ou então optar por vir mais tarde e curtir uma

de nossas festas. Claro que nossa ideia é fazer com

que as pessoas encarem o cardápio completo de

gastronomia e diversão», emenda.

No quesito diversão, impossível não citar a presença

do DJ Gui Oliveira. Responsável pela programação

musical - que é dividida com as bandas e acústicos -,

ele mostra muita sensibilidade na escolha da trilha

sonora eletrônica que embala as noites do The King: o

chillout, música de longe mesmo, é mesclada com

deep house, nu disco e outras vertentes. Gui também é

o DJ residente da pista de dança, que fica ali mesmo no

pub, ao lado do restaurante.

Torta Holandesa, do The King: tão doce e tão boa que chega a doer os carrinhos.

Page 33: Trendline [mag] Ed 004
Page 34: Trendline [mag] Ed 004

TURISMO / GO THERE

Texto de Janaína Silveira*[email protected]* Jornalista, diretora do Radar China.

É uma viagem essaAmsterdãFôlego, bom humor e umpunhado de euros.

Os três itens acima descrevem tudo o que você

precisa para curtir a famosa Amsterdã. A cidade vive

intensas 24 horas, que vão da pura contemplação

artística ao prazer da festa pela festa. Escolha o seu

barato ou aproveite de tudo. De uma forma ou de outra,

você ficará com vontade de voltar.

Os pequenos prédios que ladeiam os canais, em

ângulos que desafiam a física, ora inclinados à direita,

ora à esquerda e algumas vezes projetando-se para a

frente são só o início das surpresas. Aliás, um passeio

de barco pode ser ótima pedida para conhecê-los.

Pode parecer tudo meio igual, mas igualmente

encantador.

O emaranhado de ruas estreitas e a extensão de canais

com prédios que parecem se debruçar sobre eles

transforma a geografia urbana quase em labirinto.

Fácil se perder por ali, então tenha sempre em mãos o

seu endereço. E decore em qual parada deve descer. O

sistema de transporte público é super eficiente e vale a

pena utilizá-lo. Os bondes elétricos cobrem a maior

parte da região central, onde usualmente estão os

turistas.

Um dos truques ao chegar à cidade – ou mesmo ao

planejar a visita, pois ele pode ser adquirido online – é

comprar o Amsterdã City Card, um cartão inteligente

que garante a entrada em museus e a utilização de

todo o sistema de transporte, à exceção do trem que

liga o Aeroporto Schiphol à Estação Central. Há

versões para um (39 euros), dois (49 euros) ou três dias

(59 euros).

A primeira impressão é de que Amsterdã é uma festa.

São jovens que estão por ali. Músicos pelas ruas

esperando por doações em euros impõem um ritmo,

quem sabe até uma ginga. A cidade tem um grupo de

capoeira que vez ou outra apresenta suas evoluções

nas praças. E são várias.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]34

FOTO PANO ART´S

Page 35: Trendline [mag] Ed 004

OS PRÉDIOS DE AMSTERDÃ

NÃO ESTÃO TORTOS, FOI VOCÊ

QUEM BEBEU POUCO.

FOTO JANAÍNA SILVEIRA

Page 36: Trendline [mag] Ed 004

Amsterdã é verde. O Vondelpark, bem no centro, é

parada obrigatória. E Amsterdã se move sobre duas

rodas. A maioria dos moradores opta pela bicicleta –

veículo que por lá têm itens obrigatórios, como pisca-

alerta e espelho retrovisor. Os ciclistas podem circular

casualmente em terno e gravata ou sobre saltos

agulha. Sim, quem vai ao escritório também opta pelo

transporte ecológico.

A cidade tem esse ar de que tudo é muito bacana, tudo

pode e de que todos se respeitam. Deve ser por isso

que por ali circulam livremente os usuários de

maconha ou haxixe, recém deliciados com as ervas em

algum dos diversos coffee shops (ou pot shops?).

Onde, aliás, não é vendido álcool. O cardápio chega a

ser inusitado. Você entra e escolhe o quanto quer

experimentar de poder lisérgico. Se for se aventurar na

religião do Bob Marley, a dica é pegar leve.

O consumo livre da cannabis é motivo de orgulho local.

Lojinhas vendem sementes, cogumelos que

prometem alucinações e toda uma gama de

apetrechos para ampliar e melhorar a experiência de

fumar.

Mas nem só de cannabis vivem as lojinhas de

souvenires: um produto que carrega o orgulho

holandês são os famosos tamancos em madeira, bem

como moinhos de vento, tulipas, holandesinhas em

porcelana e, como não poderia deixar de ser, um que

outro mimo que reverencie a erva e seus derivados.

À noite, o Red Light District, ou o bairro da Luz

Vermelha, fervilha.

Os imensos janelões dos prédios típicos, aqueles

mesmos que se debruçam sobre os canais, são vitrines

para prostitutas que atuam legalmente na cidade. E há

muita gente disposta a conhecer o trabalho de perto.

Um programa de 15 minutos sai por 50 euros. Se você

quer apenas matar a curiosidade, nem tente registros

fotográficos: o clique pode provocar confusão e uma

noite na cadeia pode ser a consequência.

À luz do dia, o Rijksmuseum é um dos endereços

preferidos. A coleção abriga obras do holandês

Rembrandt (1606-1669), um dos maiores nomes da

pintura ocidental. A poucos metros dali, um museu

dedicado a outro conterrâneo de peso, Vincent Van

Gogh (1853-1890), mestre do pós-impressionismo.

Amsterdã não é conhecida como cidade verde apenas por causa da liberação do consumo de cannabis. O senso

de ecologia da sua população faz com que as bicicletas sejam o meio de transporte mais comum.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]36

FOTO JANAÍNA SILVEIRA

Page 37: Trendline [mag] Ed 004

Reserve pelo menos cinco horas para visitar os dois

museus, nem pense em destinar um tempo menor do

que esse.

Se houver fôlego para mais história, inclua a Casa de

Anne Frank no seu roteiro. A adolescente alemã de

origem judaica que morreu aos 15 anos em um campo

de concentração escreveu um diário, cuja publicação

póstuma, em 1947, se transformou em um dos livros

mais importantes do século 20. Ela e a família viveram

escondidos em Amsterdã por quase uma década

(1934-1942).

Para relaxar, existe o Heineken Experience, uma micro

viagem pela cervejaria mais famosa da Holanda.

Depois, feche o dia com um prato de queijo Gouda,

preferência nacional. Aliás, toque gastronômico: há

casas especializadas em carne argentina a cada

esquina. E a sorveteria norte-americana Ben & Jerry's

garante a sobremesa perfeita para quem quiser adoçar

a vida ou, simplesmente, dar um jeito na larica.

TRENDLINEMAG . NO[04] 37

Os museus da cidade são parada obrigatória.

O mesmo vale para os parques.

FOTO KARSTEN QUALMANN

FOTO ELVIS SANTANA

Page 38: Trendline [mag] Ed 004

A moda que aparentemente “custa caro” tem uma razão de ser. E a tal alta costura vai muito além de assustar por suas cifras e encantar por sua beleza.

Ela perpetua o fazer manual, a verdadeira artesania das roupas através das gerações.

Obra de arte...

Para vestir.

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]38

Page 39: Trendline [mag] Ed 004

QG DO ESTILO / STYLE

Por Quéli Giuriatti*twitter.com/quelig

*Jornalista e Professora de Moda

FOTO IMAGE.NET

Page 40: Trendline [mag] Ed 004

Muitas vezes, ao lermos uma revista de moda

bacana, nos deparamos com editoriais recheados de

roupas lindas e caríssimas. Coisa que extrapola fácil os

três dígitos.

E nos perguntamos: quem compra uma peça de R$

10 mil ou mais? Para tudo nessa vida há uma

explicação e vou arriscar-me aqui dizendo: a alta

costura tem valores astronômicos sim, mas que,

muitas vezes, nem cobrem o custo de produção. Em

outras palavras: um vestido de R$ 30 mil vale quanto

pesa - dependendo do trabalho de confecção até saiu

barato.

Antes de virar a página e desistir da matéria, deixe-me

explicar o porquê e, para tanto, vou precisar dar uma

voltinha no tempo.

Na virada do século XIX para o XX, um inglês chamado

Charles Frederick Worth mudou-se para a capital

mundial da moda, Paris, na França, e causou uma

revolução.

Criou, numa só tacada, a moda como a conhecemos

hoje – no formato de criador/estilista + criação/coleção

+ consumidoras – e os desfiles/shows fechados de

apresentação das roupas para a clientela.

Esperto como ele só, Worth também fundou a

Chambre Syndicale de La Haute Couture, ou seja, a

câmara da alta costura, e delimitou por meio de várias

regras quem poderia entrar e permanecer neste nicho. Essa instituição existe até hoje e, entre seus dogmas,

estão:

- Nenhuma peça pode ser costurada em máquina,

apenas à mão, o que garante que o avesso é

perfeitíssimo, contudo, gasta dezenas de horas de

trabalho;

- Conforme o nível de detalhamento, um único vestido

pode ser trabalhado por 300, 400 horas só em

aplicações de canutilhos (de cristal), por exemplo;

- Só podem ser feitas duas cópias de um único

modelo apresentado no desfile, ou seja, se o desfile

teve 25 vestidos, haverá, no máximo, 50 vestidos (ou

menos) neste mundo;

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]40

- Se uma consumidora norte-americana comprou um

tailleur verde menta da haute couture Chanel, a outra

interessada e possível compradora não poderá ser das

Américas! Essa mulher poderá ser da Europa, Ásia,

África ou Oceania. Assim, garante-se que as clientes

tenham exclusividade total;

- Um busto de modelagem é esculpido em madeira

conforme as medidas da cliente (o que custa

muitíssimo caro) e a compradora em si deve realizar

duas provas, no mínimo, da peça encomendada. A

primeira prova é numa réplica em algodão (que é

descartada) e a segunda já no tecido escolhido. Muitas

recebem as equipes das marcas nas suas mansões,

em qualquer lugar do mundo, no maior conforto;

FO

TO

IM

AG

E.N

ET

Page 41: Trendline [mag] Ed 004

TRENDLINEMAG . NO[04] 41

- A marca deve manter um ateliê com um número

mínimo de costureiras full time e a maison deve ficar

localizada em uma determinada região/bairro de Paris.

E agora, o ponto fundamental: alta costura é apenas a

francesa. Os políticos, ainda mais espertos que os

estilistas, registraram a exclusividade do termo haute

couture para a França. Então, seja na Itália, no Japão

ou no Brasil, pode-se realizar peças de “alta costura”

incrivelmente rebuscadas ou extravagantes, porém

não pode-se denominá-las assim.

A proteção legal é a mesma que o Brasil tem sobre a

cachaça. Ou seja, existem centenas de fermentações

da cana-de-açúcar no mundo inteiro, entretanto,

cachaça só se for feita em território tupiniquim.

A semana de alta costura francesa ocorre

semestralmente. São poucas marcas e, a cada

temporada, algumas grifes “caem” por não conseguir

sustentar esse modo de criar tão especializado,

artesanal e raro. O processo todo de criação é

dispendioso e a mão de obra, superespecializada,

onera, pois cobra bem pelo seu savoir faire. Para você

ter noção, existe Mestrado em Bordado na França. No

Brasil, tivemos apenas duas damas da sociedade

clientes de verdade de haute couture: Carmen Mayrink

Veiga e Bethy Lagardère. Se você nunca ouviu falar

nelas, entre no mágico Google e conheça essas sábias

senhoras. São atemporais no quesito elegância.

Agora, como é que todo esse sistema persevera se, lá

no início da matéria, ousei dizer que mal se paga?

A Haute Couture é responsável por gerar imensos

volumes de mídia espontânea para as marcas. Um

desfile em Paris repercute na TV, revistas, jornais e sites

que, entre aspas, “bancam” toda essa função. E vou

além: você pode não ter grana para comprar uma

roupa com a etiqueta Yves Saint Laurent, porém, com

certeza, um batonzinho ou um perfuminho você tem,

certo? E por que você comprou um batom que custa

uma fortuninha e um perfume que cada aplicação sai

por R$ 10? É, minha amiga, algo, algum dia, chamou

sua atenção e a conduziu a um sonho mítico, em um

baile de máscaras, no qual você estava esvoaçante e

linda num longo incrível Christian Dior...

Mas ainda resta uma dúvida: no Brasil, temos alta

costura? Sim, com certeza. E as revistas – aquelas do

início dessa conversa – valorizam e muito nossos

grandes criadores nacionais, aproveitando peças

desfiladas em seus editoriais de moda. Porém, não

temos direito de usar o nome. André Lima, Lino

Vi l laventura, Samuel Cirnansck, Alexandre

Herchcovitch, Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho, e

tantos outros nomes de nossa cena fashion fazem

vestidos por encomenda, no tamanho da modelo, e

com exclusividade. O valor é que é para bolsos

profundos.

Se o seu é curto, paciência. E ponto final.

FOTO DIVULGAÇÃO CHRISTIAN DIOR HAUTE COUTURE SPRING/SUMMER 2011

Page 42: Trendline [mag] Ed 004

O Rio Grande do Sul tem um folclore rico, que mistura

as tradições dos primeiros gaúchos e os costumes dos

povos que aqui se instalaram ao longo da sua história,

principalmente dos negros, alemães e italianos.

No caso da Serra Gaúcha, podemos afirmar

tranquilamente que a colonização italiana marcou

fortemente esse local. Quando os imigrantes aqui se

instalaram, trouxeram consigo as tradições folclóricas

da Itália do final do século XIX e início do XX, que aqui

se fundiram com as já existentes, transformando-se em

uma espécie única de folclore, que muito pouco se

parece com as tradições existentes no seu país de

origem nos dias atuais.

De influência italiana notamos: as festas de igreja,

capelinhas, histórias e contos e as cantigas

italianas - principalmente aquelas que contam a saga

da imigração -, crendices , superstições ,

benzimentos, artesanato, comidas típicas, entre

outros.

Os imigrantes, quando aqui chegavam, organizavam-

se para que as primeiras construções levantadas na

comunidade fossem a igreja e o salão de festas. Mais

do que representar toda a religiosidade desse povo,

essas duas construções representavam o encontro e a

vida social destes imigrantes. Ali eles festejavam,

praticavam esportes, cantavam, e, claro, se divertiam.

Geralmente relacionadas às festas realizadas em

homenagens a santos padroeiros e da devoção da

comunidade, estas manifestações folclóricas ainda

são mantidas em quase todas as cidades de

colonização italiana.

Outra manifestação mantida são as histórias e mitos

sobre os primeiros imigrantes e contados por eles.

Por Ângela Pomatti *[email protected]*Mestre em História das Sociedades Ibero-Americanas - PUC-RS.

ESPECIAL / A IMIGRAÇÃO, PARTE 3

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]42

O termo folclore provém da expressão folk-lore, de raiz saxônica, que significa: folk povo e lore saber. Nessa, que é terceira parte do Especial sobre Imigração Italiana, a historiadora Ângela Pomatti fala mais sobre o folclore que chegou aoBrasil através dos imigrantes que chegaram às colônias.

Nannetto, polenta così

Um dos mitos mais presentes entre os descendentes

de imigrantes italianos são as histórias do Nanetto

Pipetta.

Escritas pelo frei Aquiles Bernardi, em dialeto italiano, e

publicada inicialmente em forma de folhetim pelo jornal

Stafetta Riograndense, de Caxias do Sul, entre os anos

de 1924 e 1925, as histórias de Nannetto Pipetta

descreviam como era a vida dos primeiros imigrantes

italianos no Brasil.

A saga de Nanetto Pipetta representava a busca

utópica da cucagna em terras distantes.

Nascido em Veneza, em noite de lua minguante, e por

isso fadado ao azar durante toda a vida, este

personagem demonstrava as dificuldades dos

italianos recém-chegados, bem como o sonho de

melhorar de vida, sempre vendo-se envolvido em

contratempos e acidentes, que fazem com que os

contos assumam uma veia cômica.

Dentre muitas

manifestações

folclóricas

trazidas pelos

imigrantes

italianos está

a Capelinha,

que ainda hoje

costuma circular

entre os lares

de diversas

localidades da

região.FOTO DIVULGAÇÃO

Page 43: Trendline [mag] Ed 004

Os contos de Nanetto Pipetta chegaram a ser

publicados em um livro: Vita e Stòria de Nanetto Pipetta

– Nassuo in Itália e vegnudo in Mèrica par catare la

cucagna (1937). Porém, com o início da Segunda

Guerra Mundial, o livro foi proibido, de acordo com a

política governamental de reprimir os estrangeirismos.

A partir de 1956, após o fim das proibições, a obra foi

reeditada várias vezes. Apesar de surgirem como

publicações, não se encaixando na definição de

folclore que prega a transmissão oral, as histórias de

Nanetto Pipetta transformaram-se em mito e foram

passadas oralmente pelos imigrantes aos filhos e

netos, tornando-se contos de aceitação coletiva. Hoje

a figura de Nanetto Pipetta é considerada um símbolo

da cultura italiana no Rio Grande do Sul.

Merica, Merica

Outra manifestação folclórica muito presente no Rio

Grande do Sul é a presença de cantigas italianas que

remetem à chegada dos imigrantes e/ou aos primeiros

anos desta colonização no Brasil.

Uma das canções mais conhecidas chama-se Merica,

Merica. Ela tornou-se uma espécie de hino dos

imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, pois

descreve a saga da chegada dos primeiros imigrantes

ao estado.

Dalla Italia noi siamo partiti

Siamo partiti col nostro onore

Trentasei giorni di macchina e vapore,

e nella Merica noi siamo arriva'.

A Bela Polenta também é uma das cantigas mais

conhecidas e descreve a fabricação da polenta,

alimento muito tradicional na serra gaúcha - que não é

lá muito conhecida na Itália -, desde o seu plantio,

preparo, até ser servida. Essas canções são

amplamente conhecidas e cantadas em praticamente

todas as festas que homenageiam a cultura italiana.

Quando si pianta la bela polenta,

la bela polenta si pianta così,

si pianta così, si pianta così.

Bela polenta così.

Cia cia pum, cia cia pum.

Cia cia pum, cia cia pum.

Ainda podemos citar outras manifestações folclóricas

muito conhecidas, como o artesanato em palha de

milho e trigo, utilizado na confecção de bolsas e

chapéus; a alimentação típica; as crenças populares,

como benzimentos e superstições, os costumes como

o filó e os jogos de carta, entre outros inúmeros

exemplos.

TRENDLINEMAG . NO[04] 43

«Nanetto, piampianelo, el se tirava vanti verso le tere

alte. Co la speransa de catar calche ànima viva.»

Trecho da história de Nanetto Pipetta.

Além dos livros e da transmissão oral das histórias,

os contos do imigrante também integram o folclore

da região através de interpretações cênicas, tais como

o Teatro de Bonecos de Nazareno (Caxias do Sul).

Ininteligível para leigos, o jogo de mora é um dos mais

divertidos - e barulhentos - da tradição folclórica

dos imigrantes que chegaram à Serra Gaúcha.

FOTO DIVULGAÇÃO

FOTO GILMAR GOMES

Page 44: Trendline [mag] Ed 004

FOLCLORE É CULTURA / FOLK

Por Marcelo Pandolfo Nedeff** Coordenador Geral e Diretor Artístico do Festival Internacional de Folclore de Nova Prata

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]44

Nova Prata tem ritmo e esse ano voltou a dançar. É dessa formaque eu encaro o retorno do Festival Internacional de Folclore.

A cidade voltou a dançar

Devemos comemorar, pois esse ano o Festival

Internacional de Folclore de Nova Prata voltou a

ocorrer, mostrando que esse povo tem ritmo.

Ritmo que tomou um compasso de espera, pois

tivemos que aguardar quatro longos anos para

entender melhor a nossa população, seus desejos e

seus sonhos e encarar o amadurecimento do projeto.

O Festival de Folclore é de extrema importância para o

município, pois é vitrine tanto para os talentos da casa

quanto para artistas internacionais, que durante os

dias de festa apresentam suas mais variadas

expressões culturais, através da dança, da música e

das artes em geral.

Esta declaração de amor ao público, seja no palco, nas

escolas, nas feiras, nas praças e nas ruas, fez com que

a energia fosse restabelecida: no começo de agosto

nossa cidade estava colorida, saudável e feliz. Durante

uma semana Nova Prata não apenas esteve na moda,

mas também foi a própria moda.

Não acho que tenhamos perdido o título de “Cidade

Cultura”, penso que ele talvez estivesse apenas

adormecido, pois vimos durante esses dias de Festival

quantos artistas temos, e o belíssimo trabalho que

cada grupo apresentou. Acredito, sim, na palavra

“reinvenção”.

O festival, em sua nova formatação, agora se encaixa

em nosso calendário permanente de eventos,

merecendo ser repensado quanto a uma festa “oficial”

do nosso município. Não precisamos ter as mesmas

feiras que outras cidades possuem, pois já fomos

considerados o melhor Festival da América Latina pelo

IOV – International Organization of Folk Art – entidade

que mantém relações institucionais com a UNESCO.

O sucesso da verdadeira festa que é o Festival de

Folclore se deve também à pluralidade de nosso povo,

constituído não somente por descendentes italianos,

como ocorre na maioria das cidades vizinhas, mas

também por outras tantas etnias: africanos, poloneses,

alemães, dentre outros povos.

Atribuo a esse fato a nossa identificação com estes

artistas que a cada edição do Festival nos encantam e

entendo que nos reconhecemos através de suas

manifestações.

Tenho certeza de que o Festival Internacional de

Folclore veio para ficar, conquistou sim o seu lugar no

coração de todos os pratenses e da população da

região da Serra, pois ao vermos os sorrisos e os olhos

de cada um dos espectadores, brilhando nas noites

gélidas de espetáculo, não tenho dúvidas: Nova Prata

tem ritmo, portanto, precisava voltar a dançar.

FOTOS SAMUEL RAMOS E EDIANE BUSSOLOTTO

Page 45: Trendline [mag] Ed 004
Page 46: Trendline [mag] Ed 004

EM FORMA / GOOD LIVING

Por Maria Cristina Frazon Telles*[email protected]* Personal Trainer, Pós Grad. em Fisiologia do Exercício – UGF/RJ

Com tantos tratamentos e promessas de resultados de maneira rápida, parece que é possível ter aquele corpo perfeito sem fazersacrifícios na academia. Será?

A magia estética ajuda, mas não substitui.

Já pensou, passar horas por mês fazendo

procedimentos maravilhosos nas coxas, abdômen e

nos famosos glúteos mas aí na hora de dar tchau o

esquecido braço ficou balançando?! Você pensou que

escaparia da boa e velha malhação em uma

academia? Na na na, ledo engano.

Para ter um visual proporcionalmente trabalhado e

saúde em dia, é preciso complementar os tratamentos

que a tecnologia nos oferece com um bom treinamento

com pesos e uma dose de aeróbicos.

Também não é possível se esquecer da reeducação

alimentar. Mesmo que você encare uma das muitas

alternativas cirúrgicas (lipoescultura e afins), a verdade

é que a duradoura transformação do corpo, no longo

prazo, resulta do cuidado com duas áreas:

alimentação e exercícios. Sem esse cuidado duplo

com o corpo nenhum procedimento extra será

suficiente para garantir o corpo “invejável” desta ou

daquela pessoa.

Tecnologia à parte, os BONS e VELHOS exercícios são

a garantia para conseguir BONS e DURADOUROS

RESULTADOS. Ainda dá tempo, estamos na contagem

regressiva para o verão. Se você realmente deseja um

corpo que sempre pediu a Deus, tenha certeza que

com o passar do tempo todo o esforço e suor serão

muito bem recompensados. Comece já a batalhar pelo

corpo que merece exibir quando o calor chegar.

PersonalTrainer MusculaçãoPilates

Ginástica

Bike Indoor

Rua Pinheiro Machado, 770Galeria da SOAL, Veranópolis-RS

Fone: (54) 3441-7237

Para quem pretende exibir uma silhueta curvilínea na

próxima temporada de calor, o mercado está

bombando com inúmeros tratamentos de fora pra

dentro - e vice-versa. São tantos que é até complicado

escolher por quais deles iremos optar. E mais difícil

ainda é descolar toda a grana que se precisa para ficar

bem, investimento que sempre é encarado como uma

necessidade estética e de autoestima.

Que atire a primeira pedra a mulher que nunca

experimentou ao menos uma drenagem linfática para

melhorar a aparência. Até mesmo os homens, quem

diria, também estão investindo no cuidado com seu

corpo - ao que somos muito gratas, é claro!

Massagens, cremes, máquinas que vibram, aparelhos

de beleza que agem através de radiofrequência

reduzem medidas, melhoram a celulite, o tônus

muscular, tudo de forma rápida e prática.

Agora, se você é daquelas que experimentam todas as

novidades, a hora da vez é um tênis específico para

corrida e outro para musculação. A ideia é que a

tecnologia do solado ajude a emagrecer e dar tônus

muscular aos glúteos, coxas e panturrilhas.

Mas fiquemos atentos, tudo isso acontece de maneira

localizada. E o restante do corpitcho, como fica?

Page 47: Trendline [mag] Ed 004

Laboratório Bioclínico da Região Serrana Travessa 31 de Outubro, 7 - Centro

Garibaldi - RSFone: (54) 3462 5660

A sua confiançaé o nosso compromisso.

Page 48: Trendline [mag] Ed 004

IMPEDIMENTO / FUERADEJUEGO

por Douglas Ceconello*www.impedimento.org* Jornalista e editor do Impedimento

Fica, sai, chega, voltaCelso Roth

No futuro breve, todos os técnicos de futebol serão

substituídos por um APLICATIVO. Não tem jeito. É uma

evolução natural da tecnologia e do futebol:

acrescentar todo o conhecimento tático já adquirido

em um PENDRIVE e conectá-lo para dar palestra aos

jogadores antes dos embates futebolísticos. Quando

esta revolução finalmente acontecer, não vai adiantar

chorar e socar paredes. Será um passo irreversível da

modernidade, como todos estes que vem se

sucedendo recentemente. No entanto, teremos muito

a lamentar, sobretudo a ausência do já mitológico

Celso Roth.

Nascido em Caxias do Sul, Celso Roth (Sexy Hot para

os íntimos) está perdendo dinheiro, justamente por ser

único e inconfundível.

Se abrisse uma agência – “Bigode Empreendimentos

Futebolísticos” é uma sugestão de nome – poderia

atender Grêmio e Inter ao mesmo tempo, colocando

sósias à beira do gramado. Nos últimos anos, desde

Cláudio Duarte, nenhum outro técnico tem socorrido a

dupla Gre-Nal com tanta frequência.

Nas últimas décadas, Celso Roth adquiriu aquele

car imbo de “técnico que aje i ta a casa”,

independentemente se esta característica será usada

para livrar um time do rebaixamento ou para conduzir

ao flamante título da Libertadores, como ocorreu em

2010 com o Inter. Dificilmente nosso eterno sargento é

chamado para iniciar um trabalho de fôlego, liderando

um time de janeiro a dezembro, com a possibilidade de

consolidar uma trajetória sem sobressaltos ou

constantes ameaças de demissão.

É bem verdade que Sexy Hot também colabora para

este estado de ebulição infinita em suas aventuras.

Como não é de arreganhar os dentes para qualquer

ANEDOTA, tende a ser rotulado de ranzinza pela

opinião pública, o que sempre deixa sua rotina repleta

de sensações extremas. Também se destacou por não

ser exatamente um ás da psicologia no trato com os

craques, colocando Ronaldinho na reserva de ITAQUI

no Grêmio, em 1999, e chamando o colorado

Chiquinho de “xodó da torcida” ao mandá-lo resolver

um jogo aos 40 minutos do segundo tempo. Se não

merece ser caricaturado com chifres e tridente,

também não é santo, este Roth.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]48

FOTO JEFFERSON BERNARDES / VIPCOMM

Page 49: Trendline [mag] Ed 004

Em sua epopeia rothiana, o treinador já passou três

vezes pelo Inter e outras quatro pelo Grêmio (contando

esta atual). Seus grandes títulos foram vencidos em

sua HOSPEDAGEM no Olímpico ou no Beira-Rio.

Comandando Fabiano Cachaça, ganhou a primeira

taça de expressão, com o Gauchão de 1997. Depois,

com o Grêmio, faturou o Estadual de 1999 e a Copa Sul

daquele mesmo ano. Também logrou um triunfo de

respeito ao faturar a Copa Nordeste com o Sport em

2000. Desde então, até levantar a Libertadores com o

Inter ano passado, viveu um retumbante CELIBATO de

troféus, um dos maiores desde sua primeira conquista,

a copa DALTRO MENEZES, em 1996, com o Caxias.

Pode não ser um retrospecto totalmente glamoroso,

mas certamente não é pela ausência de taças que

Celso Roth é tão carinhosamente odiado por colorados

e gremistas.

A grande celeuma que a presença de Celso Roth

desencadeia onde quer que sua carteira de trabalho

seja assinada não se refere à disposição em trabalhar.

Muito pelo contrário, já que testemunhas confiáveis

podem comprovar que o homem é praticamente um

PEÃO insaciável, que tenta ajeitar o time a marretadas

faça chuva ou faça sol. O problema é que, devido à sua

inquestionável autoestima, este caudilho da casamata

sempre encontra uma forma de bater de frente com a

opinião do UNIVERSO e, num jogo decisivo, sacar um

atacante para colocar um volante, preferir o craque

indiscutível pelo centromédio contratado da segunda

divisão do ACRE. Quando a casa está desabando e

parece prudente que todos juntem seus pertences e

desçam pela escada de incêndio, ele semicerra os

olhos e prega: “Cautela”.

Dessa forma, é importante ressaltar que há dois

aspectos de fundamental importância para que Celso

Roth finalmente ingresse no PANTEÃO dos treinadores

inquestionáveis. A primeira, e sem dúvida a mais

urgente, é retomar em seu ESPECTRO o uso daquele

inolvidável bigode, cuja ausência provocou a

derrocada de sua autoridade moral à beira do campo.

FOTO IURI MÜLLER

TRENDLINEMAG . NO[04] 49

Em priscas eras, não havia jogador e juiz que

não murchasse a crista ao se deparar com

aquele glorioso e eriçado chumaço de pêlos. A

segunda mudança, mais sutil, é perceber que,

por mais injusto que pareça, o planeta

infelizmente não segue uma rotação rothiana.

As galáxias não orbitam ao redor daquela

nuvem de resmungos e genialidades táticas.

Quando Celso Roth, qual um cachorro atento,

levantar a orelha para ouvir ao menos uma

ínfima parcela do que nós, simples mortais,

estamos dizendo, sem dúvida começará a

pavimentar com tijolos dourados seu caminho

para o hall da fama do futebol.

Porque, bem, ele é muito mais charmoso que

um pendrive.

FOTO DANIEL MARENCO FOTO DIVULGAÇÃO GOOGLE IMAGES

FOTO FERNANDO SANTOS/FOLHAPRESS

Page 50: Trendline [mag] Ed 004

TELEFONE VERMELHO / CRT

Por Marcos Beck Bohn** Jornalista, com Mestrado em Comunicação Transnacional e Mídia Global pelo Goldsmiths College, em Londres.

De fato, a Escócia é o Rio Grande do Sul do Reino Unido.

Cama na varanda

Durante muitos anos, ouvia a famosa música do Raul

Seixas (composta, como muitas outras, em parceria

com o Paulo Coelho) e me identificava bastante com

um verso escondido lá no meio da canção. É mais ou

menos assim: “Quando todos praguejavam contra o

frio, eu fiz a cama na varanda”. Não é que tenha

nascido dez mil anos atrás, mas sempre achei que

fosse um homem do frio. Até passar o último inverno no

Rio Grande do Sul.

Era ainda outono. Camarada de longa data chama

para ver um jogo qualquer na televisão. Ali pelo meio

da partida, ele estranha: “Tá com frio, meu?”. Estou

encolhido no canto do sofá, abraçado a mim mesmo,

tentando disfarçar a vontade de ir embora antes do fim.

Quando qualquer um dos presentes falava, o ar era

cortado por aquela fumacinha que sai da boca nos dias

gelados. Isso, dentro do apartamento, que fica na parte

alta de Porto Alegre.

No livro «Educação de um Bandido», autobiografia do

Edward Bunker, que vem a ser o Mr. Blue do filme Cães

de Aluguel, ele conta da própria surpresa quando

compra a primeira ceroula. Está em viagem – ou em

fuga – para o nordeste dos Estados Unidos, subindo a

Rota 66. Quando alcança Oklahoma, descobre que o

carro tem diversas fendas que ele ainda não havia

notado. O aquecedor não dá conta de amainar o gélido

vento que entra. E o Bunker, que nunca tinha saído de

Los Angeles, percebe que não tem roupa para o frio.

Antes de assaltar o banco de uma cidadezinha

qualquer (ele não esperava até ficar completamente

sem dinheiro), vai até uma loja para comprar casacos e

blusões. A atendente, então, sugere a ceroula. Talvez

porque tenha contado que estava vestindo duas

calças. “Sempre achei que só homens velhos usassem

cuecão”, arremata o Bunker. E sai, aquecido para

continuar a sua jornada de alguns crimes, muita

literatura e temporadas na prisão.

Se ele, numa improvável hipótese, tivesse conhecido

algum gaúcho gauderiando pelos pagos do Tio Sam,

provavelmente já saberia que a verdade é bem outra.

O cuecão, meu amigo, é a salvação da lavoura.

Comprei dois antes de me mudar para Londres.

Quando voltei, achei por bem trazê-los na bagagem. O

nosso inverno ainda não estava na metade, e ambos já

tinham sido muitíssimo mais usados – aqui – do que o

foram na Inglaterra.

Mesmo assim, naquela noite do convescote esportivo,

no apartamento na parte alta de Porto Alegre, o cuecão

ajudou, mas não resolveu. Diz o anfitrião, sem saber da

ceroula: “Mas o que aconteceu contigo, tchê?”. Diante

da pergunta, desacostumado com o frio, lembrei-me

de uma teoria que circula em algumas rodas de

conversa “underground”. Fala sobre a função social do

bairrismo. Lugares em que os habitantes encontram

formas de valorizar coisas que, na verdade, são

desagradáveis, ou até bastante desagradáveis.

Em texto publicado aqui no ano passado, escrevi que a

Escócia é o Rio Grande do Sul do Reino Unido. Lá,

segundo os próprios escoceses, é o único lugar do

mundo onde se tem as quatro estações do ano no

mesmo dia. Felizmente, não é só por essa

característica que nos parecemos com eles. Passei

menos de uma semana por aquelas bandas. Tempo

suficiente, no entanto, para poder dizer: é verdade. Faz

sol, chove, faz frio, o céu abre, esquenta de novo...

Tudo em poucas horas. Com todo o respeito, e

sinceramente apreciando a Escócia, pergunto-me:

isso lá é coisa para se orgulhar?

A propósito, o nosso frio não é o problema. Gosto do

frio e de tudo que representa. Mas lamento por aquilo

que ele não nos trouxe. A estrutura do Rio Grande do

Sul não condiz com o frio que faz no estado. Cama na

varanda, meu guasca, nem vestindo duas ceroulas,

nem que tivesse nascido há dez mil anos. Pior para

quem a única opção é dormir ao relento. Sem poesia,

sem lirismo meia-boca, sem qualquer pueril

identificação com uma canção. Talvez sem um próximo

inverno, de tanto frio. Agora... Agora é primavera, a

gente nem lembra mais.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]50

Page 51: Trendline [mag] Ed 004

Nossos resultadosrefletem qualidade!

Estamos trabalhando para conquistara melhor gestão de qualidade emanálises clínicas - ISO9001.

Page 52: Trendline [mag] Ed 004