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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Tratamento de Águas Residuais de uma Indústria de Niquelagem e Cromagem de Metais Projeto FEUP 2014/2015 Engenharia Química: Armando Silva e Manuel Firmino João Bastos Equipa Q1FQI04_2: Supervisor: José Inácio Martins Monitor: Helder Xavier Nunes Estudantes & Autores: Ana Borges [email protected] Patrícia Coimbra [email protected] Cristiana Gomes [email protected] Rui Ferreira [email protected] José de Sá [email protected] Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 1/18

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Tratamento de Águas Residuais de uma Indústria

de Niquelagem e Cromagem de Metais

Projeto FEUP 2014/2015 ­­ Engenharia Química:

Armando Silva e Manuel Firmino João Bastos

Equipa Q1FQI04_2:

Supervisor: José Inácio Martins Monitor: Helder Xavier Nunes

Estudantes & Autores:

Ana Borges [email protected] Patrícia Coimbra [email protected]

Cristiana Gomes [email protected] Rui Ferreira [email protected]

José de Sá [email protected]

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 1/18

Resumo

Este relatório desenvolvido no âmbito da disciplina de Projecto FEUP tem como

principal objectivo perceber os diversos processos existentes numa indústria de

cromagem e niquelagem de metais, assim como possíveis tratamentos das águas

residuais provenientes destas. Para tal, são explicadas as etapas de electrodeposição

tanto em metais ferrosos como em metais não ferrosos, e aquelas que são responsáveis

pela poluição dos efluentes, explicando quais os principais riscos para a saúde pública

das águas residuais derivadas destas industrias.

Refere­se também a caracterização e composição dos efluentes gerados e quais as

normas de descarga para águas residuais industriais expressas na legislação em vigor.

De forma a mostrar um exemplo prático, usou­se informações retiradas de uma empresa

portuguesa de metalização de plásticos DOURECA ­ Produtos Plásticos, Lda para

perceber quais os valores da composição desses efluentes.

Por fim abordam­se possíveis tratamentos e apresentam­se opiniões sobre outras

formas possíveis de tratar os efluentes de modo a recuperar os metais.

Palavras-Chave

Cromagem;

Niquelagem;

Águas Residuais;

Electrodeposição;

Efluentes residuais

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 2/18

Índice

Lista de figuras

1. Introdução

2. Industrias de Cromagem e Niquelagem

2.1 Eletrodeposição

2.1.1 Fases da Poluição

2.1.2 Riscos do Níquel e do Crómio em águas residuais para a Saúde Pública

2.2. Caracterização e composição dos efluentes

2.2.1.Legislação

2.2.2 Exemplo Nacional

2.3 Processos de Tratamento de Efluentes Líquidos

3. Conclusão

Referências bibliográficas

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 3/18

Lista de figuras

Ilustração 1. Processo de eletrodeposição em metais ferrosos……………………………....6

Ilustração 2. Processo de eletrodeposição em metais não ferrosos…………………….….. 7

Ilustração 3. Principais tipos de poluentes encontrados em diversos tipos de atividades..10

Ilustração 4. Possível tratamento de efluentes………………………………………….….....14

Tabela 1. Normas de descarga de águas residuais do sector…………………..………..…12

Tabela 2. Concentração de Crómio………………………………………………..…..........…13

Tabela 3. Concentração de Níquel………………………………………………...…...……....13

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 4/18

1. Introdução

A eletrodeposição é um processo de aplicação de um revestimento metálico sobre

um material base, normalmente uma superfície condutora, tendo em vista aspetos de

natureza decorativa, de resistência à corrosão e eventualmente aumento da capacidade

de resistência ao desgaste. Em suma procura ter­se à superfície um material com

características físico­químicas totalmente distintas do substrato. Qualquer uma destas

razões tende a melhorar a performance esperada do produto final, um compósito do tipo

sandwich, ou seja, a materialização de novos “produtos de valor acrescentado”.

(trabalhosfeitos.com 2013)

O princípio base da eletrodeposição é a transferência de iões metálicos de uma

solução eletrolítica, chamada de banho de eletrodeposição, para a superfície metálica

alvo de tratamento. Para que este processo aconteça coloca­se a superfície alvo no lugar

do cátodo num circuito eletrolítico, sendo que o ânodo deve ser feito de uma placa do

metal que se deseja revestir a superfície, ou então ser inerte se a solução aquosa

eletrolítica for de um sal desse mesmo metal. (Brasil 2013, Fogaça 2014)

O processo de eletrodeposiçao é muito utilizado num vasto leque de indústrias e

envolve diferentes conceitos, consoante o metal a depositar, e também aciona outros

mecanismos paralelos e complementares á realização da eletrodeposição. Neste trabalho

falar­se­á com mais especificidade do processo de tratamento de águas residuais

resultantes de uma indústria de cromagem e niquelagem de metais ferrosos e não

ferrosos.

A niquelagem é o processo eletrolítico de deposição de níquel, que pode ser mate

ou de alto brilho, sendo este último mais duro por via da incorporação de alguns aditivos

utilizados para tornar a superfície com alto poder de reflexão. Atendendo à sua

capacidade de passivação, o níquel confere uma maior resistência à corrosão ao

substrato, e permite uma fácil cromagem posterior. (Rafael)

A cromagem é o processo eletrolítico de deposição de crómio, a partir de banhos

de ácido crómico com uma pequena percentagem de ácido sulfúrico. O revestimento de

crómio (metal menos reativo que o níquel) apesar da sua espessura, da ordem de 1­3

micra, tem uma durabilidade muito superior à camada de níquel, da ordem de 25­50

micra, atendendo a que tem uma “película passivante” mais resistente que a do níquel.

(Rafael)

Como veremos na continuação deste trabalho, estes processos são obtidos a

partir de várias fases operacionais que, entre si, são as responsáveis pelas

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 5/18

contaminações metálicas e de outros componentes destes efluentes residuais, e deste

modo pondo em causa o meio ambiente em geral e o próprio ser humano.

Sendo estes processos usados em indústrias bastante diversificadas que vão

desde a do automóvel ate á das bijuterias, torna­se indispensável o tratamento dos

resíduos provenientes destas atividades, nomeadamente das suas águas residuais que

constituem o tema deste trabalho.

2. Industrias de Cromagem e Niquelagem

2.1 Eletrodeposição

Ilustração 1. Processo de eletrodeposição em metais ferrosos(Rodrigues 2010)

Polimento Mecânico – remoção de substâncias estranhas ao corpo de modo a que a

superfície que irá ser recoberta esteja totalmente limpa, isto para se conseguir um

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 6/18

revestimento de boa aparência, boa aderência e também uniforme.

Desengorduramento – remoção de óleos, gorduras e ceras que podem impedir uma

boa aderência do revestimento à peça a recobrir.

Lavagem – banho com água pura para eliminar contaminações dos passos anteriores

Decapagem química ou electroquímica – remoção de óxidos ou outros compostos.

Cobreagem – banho eletrolítico para a deposição de cobre, onde o ânodo é de níquel

e o cátodo a superfície a revestir.

Niquelagem – banho eletrolítico para a deposição de níquel, onde ânodo é de níquel e

o cátodo a superfície a revestir.

Cromagem – banho eletrolítico para a deposição de crómio, onde o ânodo é de

crómio e a superfície metálica já niquelada funciona como cátodo.

(Moreira 2012)

Ilustração 2. Processo de eletrodeposição em metais não ferrosos (Rodrigues 2010)

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 7/18

2.1.1 Fases da Poluição

A poluição nas fases de eletrodeposição de níquel e crómio ocorre quando os banhos

eletrolítcos se associam às lavagens com água pura, fazendo com que haja uma corrente

de água com metais poluentes, levando à poluição do meio ambiente. Estes metais, mais

corretamente iões dos metais níquel e crómio, dissociam­se quando o bloco de metal está

a funcionar como ânodo, libertando muitos iões que vão em direção do corpo a ser

revestido. Além do níquel e crómio, também os iões do corpo metálico a ser revestido que

se desagregam, para serem substituídos, podem ter propriedades poluentes, levando a

que a mistura entre os iões de crómio e/ou níquel e do metal a ser revestido formem

metais, ou iões, poluentes para o meio ambiente.

2.1.2 Riscos do Níquel e do Crómio em águas residuais para a Saúde Pública

Os riscos da eletrodeposição do níquel e do crómio são variados, tanto para o ser

humano como para o ambiente.

No caso do níquel, as principais vias de exposição ao metal acontecem por ingestão

de água e alimentos. Apesar de o níquel ser necessário (em pequenas quantidades) para

o organismo humano, a acumulação de quantidades elevadas no organismo causa a

contaminação. Doenças relacionadas com a exposição ao níquel são por exemplo a

anencefalia (má formação de fetos), a dermatite, cancros (por exemplo, o pulmonar), o

aumento dos níveis de proteína na urina, doenças cardiovasculares, entre outras. Não são

conhecidos os efeitos do níquel noutros organismos que não nos humanos, porém a alta

concentração do níquel em solos prejudica as plantas e o crescimento normal das

algas.(Center 2013, eCycle 2013)

No caso do crómio as pessoas estão expostas ao metal a partir da respiração, e a

partir

da ingestão de alimentos e de água. Tal como o níquel, o crómio é necessário ao ser

humano em pequenas concentrações, mas quando existe em grandes quantidades

torna­se prejudicial e origina doenças como irritações, úlceras estomacais, problemas

respiratórios e sistema imunitário enfraquecido. As atividades humanas relacionadas com

o crómio aumentam a quantidade do metal na água, nos solos e no ar. O crómio existente

no ar acaba por eventualmente repousar e ficar ‘’instalado’’ no solo ou na água, porém,

apenas uma pequena parte do crómio que acaba por entrar na água é dissolvido, sendo

por isso tão prejudicial aos seres humanos.(Lenntech 2014, PCEX­Recycle 2008)

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2.2. Caracterização e composição dos efluentes

“O setor dos tratamentos de superfícies é um setor fortemente gerador de

resíduos, dadas as características dos seus diversos processos produtivos. Estes

processos envolvem, na sua maioria, a utilização de banhos concentrados

(desengraxantes, decapantes, fosfatizantes, cromatizantes, de deposição, de

desengorduramento…), que sofrem arrastes significativos para as águas de lavagem

seguintes. Originam, assim, grandes quantidades de resíduos e efluentes líquidos com

elevadas concentrações em óleos e gorduras, compostos metálicos, ácidos, bases,

aditivos, cianetos e outros, dando origem, em certos casos, a lamas metálicas. No caso

de existirem tratamentos de fim de linha, são também geradas nas ETAR’s elevadas

quantidades de lamas do tipo coloidal, de difícil desidratação, que concentram a maior

parte da poluição gerada no processo.”

“Estes resíduos são representados, principalmente, por metais pesados, que

apresentam forte tendência a bioacumulação.”

Os resíduos industriais produzidos por este tipo de setor podem ser classificados

como resíduos sólidos, líquidos e semi­sólidos ou pastosos. Os resíduos que vamos dar

mais ênfase são os líquidos, devido ao facto de estes poluírem as águas.

“Os resíduos líquidos são provenientes dos tratamentos químicos e eletroquímicos,

que englobam os banhos concentrados e os banhos de escorrimento. São fortemente

agressivos, constituídos por ácidos ou bases fortes, podendo ainda conter compostos de

maior ou menor nocividade, como óleos e gorduras, diversos metais (crómio, níquel),

cianetos, solventes…

O destino final dos banhos concentrados (cerca de 90%) é a sua condução até às

ETAR’s para tratamento, resultando daí a produção de lamas. Quando não existem

ETAR’s, estes resíduos são normalmente canalizados para operadores licenciados de

resíduos industriais, para tratamento posterior em unidades próprias, geralmente fora do

País (nomeadamente no caso dos perigosos).” (Gerson Kutianski , Francisco Delmas

2000)

Normalmente é difícil obter informações reais relativamente à composição dos

resíduos líquidos ou efluentes, mas podemos classificá­los em quatro categorias:

∙ despejos ácidos contendo crómio;

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∙ despejos ácidos isentos de crómio, mas contendo outros metais (cobre,

cádmio, níquel, zinco, etc.);

∙ despejos alcalinos isentos de cianeto;

∙ despejos alcalinos contendo cianeto.

“Os despejos ácidos (contendo ou não crómio) são normalmente constituídos por

soluções de ácidos sulfúrico, clorídrico, nítrico e fluorídrico, além dos respectivos sais

(exemplo típico deste despejo são as águas residuárias originadas do processo de

decapagem).

As águas predominantemente alcalinas são habitualmente constituídas por sais de

sódio, zinco, potássio, hidróxidos de sódio e potássio, de emulcionantes orgânicos e de

detergentes sintéticos.” (Gerson Kutianski)

Mas não são só estes os componentes que existem nos resíduos líquidos

produzidos, existem muitos mais como podemos ver na Tabela 1.

Ilustração 3. Principais tipos de poluentes encontrados em diversos tipos de atividades

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Como podemos ver os efluentes produzidos no tratamento de superfícies são

muito poluentes e perigosos e, por esse motivo, tratar os poluentes gerados é

extremamente necessário e indispensável, independente do volume de descarte. (Ponte)

2.2.1.Legislação

Tendo em conta que as águas residuais brutas provenientes das indústrias de

tratamentos de superfícies têm um grande impacte no ponto de vista ambiental e na

saúde humana, devido sobretudo à presença de substâncias tóxicas que são prejudiciais

para ambos, devemos ter em conta a lei Nº241 colocada em vigor a 14­10­1993 no que

diz respeito ao Ministério da Indústria e energia da saúde e do ambiente e recursos

naturais.

Esta lei foca­se sobretudo em definir as condições nas quais as águas residuais,

provenientes da unidade de sectores dos tratamentos de superfícies, podem ser

depositadas no meio receptor natural, como as águas ou o solo. Neste caso englobam:

∙ Tratamentos e Revestimentos electrólitos;

∙ Tratamentos e Revestimentos químicos;

∙ Tratamentos térmicos em banhos e sais fundidos;

∙ Decapagem, desengorduramento e preparação de superfícies.(República 1993)

Todas as unidades industriais deste sector que adquiram anualmente:

­500Kg ou mais de ácido crómio para cromagem decorativa

­1000Kg ou mais de ácido crómio para cromagem dura

ficam sujeito a parecer prévio obrigatório das Direcções­Gerais da Saúde e do

Ambiente.

As normas de descarga focam­se sobretudo:

­ Na diminuição a quantidade de poluidores nas águas residuais provenientes das

unidades industriais do sector de tratamentos de superfícies;

­ Na redução dos caudais máximos de poluentes, ou seja, na quantidade de

poluentes descarregados por linha de tratamento e por unidade de tempo;

­ Adopção de medidas internas, como a seleção de processos de fabrico industriais

pouco poluentes, implementação de técnicas de reciclagem, recuperação e

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regeneração dos metais dos banhos saturados e das águas de lavagens, e só

depois como recurso de medidas externas.

O quadro seguinte mostra parâmetros que devem ser analisados em qualquer ponto de

descarga de águas residuais no meio receptor provenientes da unidade industrial. O

comprimento das normas constantes no quadro são verificados através de procedimentos

de autocontrolo, sendo estas referentes à qualidade que as águas residuais têm de

possuir antes de estarem aptas a serem lançadas para o meio ambiente.

Tabela 1. Normas de descarga de águas residuais do sector

(República 1993)

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2.2.2 Exemplo Nacional

Um exemplo de uma empresa de metalização de plástico é a DOURECA – Produtos Plásticos, LDA, situada em São Bento – Cossourado, 4940­139 Paredes de Coura.

Nas tabelas seguintes encontram­se explícitos os valores das análises dos teores de

metais como o Crómio e o Níquel nas lamas de amostras recolhidas em diversos pontos

distintos da ETAR, e também das análises em diversos pontos da linha processual.

Tabela 2. Concentração de Crómio

Tabela 3. Concentração de Níquel

(Lima 2010)

Está em vigor que o valor mensal admissível de crómio trivalente em águas residuais

é de 3,0mg/l, no entanto nos valores da Tabela 1 a concentração de crómio nas águas de

lavagem é de 50,100g/l.

Também, está estipulado um valor mensal admissível do níquel em águas residuais é

de 5,0mg/l, no entanto, como é visível na Tabela 2, nas águas de lavagem do Níquel

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Químico a concentração do níquel é de 18,349mg/l e nas águas de lavem do Níquel

Brilhantes de 232,948mg/l.

Visto que na legislação as normas de descarga para os valores mensais admissíveis

são muito inferiores aos valores registados na tabela 3 e 4 é necessário tratar as

amostras, de forma a recuperar os metais para estes, no futuro, terem uma nova

utilização, e consequentemente, limpar as águas residuais que no futuro serão

depositadas no meio ambiente, de forma segura para o mesmo.

2.3 Processos de Tratamento de Efluentes Líquidos

Ao longo de todo o processo de tratamento de efluentes líquidos resultantes das

indústrias de cromagem e niquelagem de metais as unidades processuais utilizadas são:

equalização, neutralização, floculação, precipitação e filtração.

Este tratamento de efluentes pode ser representado pelo seguinte esquema:

Ilustração 4. Possível tratamento de efluentes (Moreira 2012)

A primeira de todas as etapas é a equalização, esta etapa dá­se no tanque de

equalização e tem como objectivo fazer com que sejam atingidas as concentrações ótimas

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 14/18

de modo a aumentar a eficiência das etapas de tratamento subsequentes.

Sendo que muitos destes efluentes podem por vezes ter um caráter muito ácido ou

básico, torna­se necessária a criação de uma nova etapa, a neutralização. Aqui dão

geralmente entrada os efluentes resultantes da linha de oxidação dos cianetos, de

redução do crómio.

Estas águas resíduais possuem não raras vezes sólidos em suspensão que é

necessário remover, segue­se então a etapa de coagulação­floculação. Aqui são

adicionados aos efluentes coagulantes e floculantes (polímeros orgânicos e alguns sais

metálicos) que irão aglomerar­se aos sólidos suspensos que se pretende remover destes

efluentes, levando assim à formação de flocos (partículas de maior dimensão). Estes

flocos de maior dimensão são então removidos por decantação.

Posteriormente é necessário proceder­se à remoção dos metais pesados em solução,

para isto recorre­se à precipitação dos mesmos. Estes metais precipitam sob a forma de

hidróxidos pela a adição de uma cal hidratada até um nível de pH correspondente à

solubilidade mínima.

Depois desta etapa utiliza­se a filtração para separar o precipitado dos restantes

resíduos, obtendo­se apenas “lamas resíduais” sem qualquer valor económico.(Moreira

2012)

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3. Conclusão

O processo de cromagem e niquelagem de metais é uma imensa fonte de poluentes

para o meio ambiente, principalmente para o meio aquático, devido ao volume de

efluentes gerados, que contém metais pesados (Níquel e Crómio) e outros poluentes em

quantidades variáveis, caracterizando­se como um efluente bastante tóxico.

É possível atuar não só ao nível da sua redução dos resíduos, mas também,

simultaneamente, ao nível da reutilização das matérias­primas e da água, com a

consequente redução de custos. Nomeadamente, no caso das lavagens intermédias que

se situam entre banhos eletrolíticos, algumas das tecnologias existentes consistem em

sistemas de concentração/purificação que permitem a recirculação do concentrado (com

os constituintes do banho) para o banho de tratamento anterior e da água para os andares

de lavagem. Consegue­se assim, ao mesmo tempo, a redução do consumo de água, a

recuperação de matérias­primas e ainda a redução significativa do volume de efluente

gerado e dos resíduos de fim de linha correspondentes. A substituição do processo de

lavagem mais tradicional por lavagens em cascata e em contracorrente, pode também

conduzir a uma redução do consumo de água e consequentemente dos efluentes líquidos

gerados, mantendo a mesma eficiência de lavagem.

O objetivo destas medidas é a otimização da utilização dos banhos de tratamento e

respectivas águas de lavagem, através de processos de concentração e recirculação dos

mesmos.

“No entanto, acreditamos que em alternativa a estas metodologias de tratamento de

efluentes, poder­se­ia realizar no processo uma forma de não criar inicialmente um

efluente bruto que converge no tanque de equalização. Mas sim realizando o tratamento

destas águas em separado, o que iria levar a um custo de montagem inicial bastante mais

elevado porém seria duplamente benéfico dado que a precipitação de metais pesados ao

ser feita em separado tornaria possível o seu reaproveitamento fazendo aumentar assim o

lucro da empresa com estes tratamentos. Para além disto o processo de lavagem de

algumas águas seria bem mais simples quando estas se encontram isoladas, podendo­se

assim eliminar alguns “passos” no tratamento das mesmas.”

Os principais fatores de incentivo à implementação de medidas e tecnologias de

prevenção no sector são, para além dos incentivos financeiros e fiscais, a garantia prévia

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 16/18

de que através dessas medidas/tecnologias se consegue a eliminação/redução

substancial dos seus resíduos. No entanto, o facto de a maioria das empresas deste

sector terem captações próprias de água, o que se obtém a um custo bastante reduzido,

implica uma menor sensibilidade do industrial face às medidas/tecnologias cujo principal

objetivo consiste na redução do consumo de água.

O impacto destas tecnologias não tem sido muito visível junto dos industriais

portugueses, quer por exigirem investimentos mais elevados, quer por induzirem a ideia

de que têm períodos de retorno do investimento demasiado longos, o que em muitos

casos e após uma análise económica simples, se verifica não corresponder á realidade.

As soluções existentes podem ser extremamente vantajosas para as empresas,

porque, para além de benefícios económicos associados, introduzem melhorias

significativas no processo em termos ambientais.

Os principais objetivos de qualquer linha galvânica são a melhoria da qualidade do

processo, a redução dos custos de produção e o cumprimento das normas ambientais.

Tratamento de Águas Residuais de uma Industria de Niquelagem e Cromagem de Matais 17/18

4. Referências bibliográficas

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