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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Ureia Projeto FEUP 2014/2015 - Mestrado Integrado em Engenharia Química: Prof. Armando Sousa e Prof. Manuel Firmino Prof. João Bastos Equipa Q1FQI02_1: Supervisor: Prof. João Bastos Monitor: Hélder Nunes Estudantes & Autores: Ana Margarida Silva [email protected] Ana Teresa Nogueira [email protected] Carolina Chantre [email protected] Diana Corte-Real [email protected] Filipa Carvalho Santos [email protected] Mariana Pereira [email protected] Rita Bravo Lima [email protected]

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Ureia

Projeto FEUP 2014/2015 - Mestrado Integrado em Engenharia Química:

Prof. Armando Sousa e Prof. Manuel Firmino Prof. João Bastos

Equipa Q1FQI02_1:

Supervisor: Prof. João Bastos Monitor: Hélder Nunes

Estudantes & Autores:

Ana Margarida Silva [email protected]

Ana Teresa Nogueira [email protected]

Carolina Chantre [email protected]

Diana Corte-Real [email protected]

Filipa Carvalho Santos [email protected]

Mariana Pereira [email protected]

Rita Bravo Lima [email protected]

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FEUP 1

Sumário

Este trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP e tem

como objetivo aprofundar o conhecimento científico relativo à produção de ureia.

Numa fase inicial são apresentadas as características da ureia sendo,

posteriormente, abordados os processos de produção. Ao cabo desta pesquisa

escolheram-se três processos de síntese da ureia para uma explicação mais

detalhada.

É ainda feita uma análise às numerosas aplicações, das quais apenas as mais

comuns são referidas, aos mercados mundiais destacando o impacto da ureia na

economia de alguns produtores, nomeadamente no Brasil.

Palavras-Chave

Ureia; Ciclo da ureia; Síntese de Wӧhler; Carbamato de amónia; Resinas; Cosméticos.

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FEUP 2

Agradecimentos

Para a elaboração deste relatório contribuiu o monitor Hélder Nunes que

pacientemente ouviu as nossas dúvidas e que prontamente nos informou sobre as

melhores decisões a tomar. Também o professor João Bastos deu o seu contributo

quando solicitado. Os nossos agradecimentos, pois, a estes dois elementos.

Apesar de não terem tido contacto direto com os alunos integrantes de cada

grupo do Projeto FEUP por serem deveras numerosos, não poderíamos deixar de

agradecer a todos os que participaram nas palestras lecionadas durante a semana do

Projeto FEUP. As apresentações foram um guia importante na elaboração deste

relatório.

Finalmente, e como não poderia deixar de ser, deixamos o nosso profundo

agradecimento à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto pela

disponibilização de recursos vários, sem os quais não era possível a elaboração deste

trabalho.

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FEUP 3

Índice de Figuras

Figura 1 – Ciclo da ureia …………………………………………………………………… 6

Figura 2 – Diagrama processual da síntese de ureia …………………………………… 7

Figura 3 – Equações envolvidas na síntese de ureia …………………………………… 8

Figura 4 – Equação simplificada da obtenção de ureia ……………………………….. 10

Figura 5 – Distribuição mundial de produção de amoníaco …………………………... 12

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Índice

1. Introdução ............................................................................................................................ 5

2. Estado de arte ..................................................................................................................... 6

2.1. Ureia – Processos De Produção .................................................................................. 6

2.1.1. Síntese Biológica .................................................................................................... 6

2.1.2. A partir de dióxido de carbono e amoníaco ........................................................ 7

2.1.3. Síntese de Wӧhler ................................................................................................ 10

2.2. Ureia – Aplicações........................................................................................................ 11

2.2.1. Fertilizantes ........................................................................................................... 11

2.2.2. Rações Animais .................................................................................................... 11

2.2.3. Resinas .................................................................................................................. 11

2.2.4. Usos Medicinais & Cosméticos .......................................................................... 12

2.3. Ureia – Impacto Nos Mercados Mundiais ................................................................. 12

3. Conclusão .......................................................................................................................... 14

4. Bibliografia ......................................................................................................................... 15

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1. Introdução

A ureia foi descoberta, em 1773, pelo químico francês Hilaire Marin Rouelle e

sintetizada pela primeira vez pelo químico alemão Friedrich Wӧhler a partir de ácido

cianídrico (HCN) e amoníaco (NH3), em 1828.

Este composto orgânico é classificado como não tóxico tendo como fórmula

química CH4N2O. À temperatura ambiente, é incolor, inodoro e insípido. O seu ponto

de fusão regista-se entre os 133˚C e 135˚C, não apresentando ponto de ebulição uma

vez que se decompõe antes de atingir a temperatura ideal para este fenómeno

ocorrer. Por último, a sua densidade é de 1.32g/cm3 e a sua solubilidade de 1080g/L

em água (20˚C).

A ureia tem aplicações variadas, sendo que é principalmente usada na

produção de fertilizantes. Quando dissolvida em água, hidrolisa originando carbamato

de amónia. Uma vez atingido o seu estado elementar, é constituída por amoníaco e

dióxido de carbono. A ureia é ainda utlizada na produção de suplementos para a

alimentação de gado e na manufaturação de resinas, colas, solventes e alguns

produtos medicinais.

Existem vários processos para a sua produção, entre os quais se destacam:

Síntese biológica;

A partir de dióxido de carbono e amoníaco;

Síntese De Wӧhler.

Apesar de estar presente no organismo do ser humano, assim como em vários

fármacos e cosméticos, a ureia deve ser utilizada em pequenas concentrações, pois é

prejudicial a vários níveis. Assim, a utilização de ureia em elevadas quantidades pode

ser desvantajosa, tornando-se irritante para a pele (pode causar dermatites), olhos e

vias respiratórias.

Logo, este relatório tem como objetivo primordial compreender os métodos de

fabrico da ureia assim como a sua demanda internacional e que tipo de influência tem

em certos setores da economia mundial.

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2. Estado de arte

2.1. Ureia – Processos De Produção

2.1.1. Síntese Biológica

O organismo dos animais terrestres, como o Homem, realiza o ciclo da ureia.

Este ciclo foi descoberto, em 1932, por Hans Krebs e é um conjunto de reações

bioquímicas que consistem na produção de ureia a partir de amoníaco, cuja equação

química se encontra abaixo escrita.

Este ciclo, representado na Figura 1, ocorre principalmente nos citoplasmas

dos hepatócitos (células do fígado) e nas mitocôndrias, onde a ureia é filtrada e

sintetizada nos rins, sendo posteriormente eliminada através da urina ou do suor. Em

quantidades menores, está também presente no sangue, na linfa, nos fluidos serosos

provenientes da decomposição das células do corpo e das proteínas dos alimentos.

Como a produção de ureia é o destino de grande parte do amoníaco que é

enviado para o fígado, é de extrema importância o bom funcionamento do ciclo da

ureia uma vez que o amoníaco é muito mais tóxico que a ureia. Desta forma, o mau

funcionamento deste ciclo, por insuficiência hepática ou problema genético, resulta

numa encefalopatia hepática.

Equação geral do ciclo da ureia:

2NH3 + CO2 + 3ATP + H2O → CH4N2O + 2ADP + 4Pi + AMP + 2H+ (1)

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2.1.2. A partir de dióxido de carbono e amoníaco

Neste momento, mais de 95 % de todas as novas fábricas de ureia são

licenciadas pelas empresas Snamprogetti, Stamicarbon ou Toyo Engineering. Cada

uma destas empresas procura obter ureia através da remoção térmica ou usando a

remoção por dióxido de carbono.

A base dos processos resume-se a separar a ureia a partir de outros

componentes, para recuperar o excesso de amoníaco e decompor o carbamato para

reciclagem.

Os três licenciadores têm abordagens diferentes e têm melhorado a sua

tecnologia ao longo dos anos, através da aproximação entre a quantidade

estequiométrica de consumo de matéria-prima e a redução do consumo de vapor a um

nível aparentemente mais económico. Também na maior confiabilidade e eficiência de

melhorias mecânicas e avanços em novas estruturas metalúrgicas.

Na remoção térmica, as principais vantagens são a alta eficiência do processo,

uma poluição ambiental sustentável, tratando- se de uma operação fácil e segura, com

baixa corrosão e de fácil manutenção.

Na remoção por dióxido de carbono prima-se por utilizar menos componentes

no circuito de síntese da ureia, a fim de simplificar o processo. Isso diminui os custos

de construção, com a instalação do reator no solo no processo de remoção. Além

disso, as condições de operação da secção de síntese foram otimizados sob pressão

de funcionamento mais baixa do que no processo original.

Segue-se agora a descrição mais detalhada do processo de síntese de ureia,

cujo diagrama processual é representado na Figura 2.

Figura 1 - Ciclo da ureia (Wikipédia 2014)

Figura 2 - Diagrama processual da síntese de ureia

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A ureia é produzida através de amoníaco líquido e dióxido de carbono a altas

pressões e temperaturas. A desidratação da ureia e a formação do carbamato de

amónia acontecem em simultâneo, segundo as equações da Figura 3.

Esta reação ocorre a uma pressão abaixo da pressão de formação de

carbamato de amónia, no qual a dissociação começa. No entanto, a pressão de

funcionamento do reator deve ser mantida acima da pressão de vapor de carbamato

de amónio.

O carbamato de amónia é um cristal branco, solúvel em água, que encontra o

seu ponto de fusão aos 150°C. Este é formado à temperatura ambiente, a partir da

passagem do amoníaco liquido por gelo seco, formando uma solução aquosa que se

converte gradualmente em carbonato de amónia por adição de uma mole de água.

Atingidos 60°C, o carbonato de amónia começa a transforma-se em carbamato de

amónia, até que aos 100°C apenas se encontra presente na solução o carbamato de

amónia. Quando a temperatura atinge, aproximadamente, 150°C a solução perde uma

mole de água originando ureia.

O máximo de conversão da ureia no estado de equilíbrio é atingido

aproximadamente aos 185°C. A conversão no estado de equilíbrio pode ser

aumentada, quer por aumento de temperatura do reator, quer por desidratação de

carbamato de amónia na presença de um excesso de amóniaco.

O excesso de amoníaco provoca a evolução da reação no sentido direto, ou

seja, no sentido de formação de produtos. Por outro lado, o excesso de água provoca

a evolução do sistema no sentido inverso.

Os processos de formação de ureia fornecem uma solução aquosa com cerca

de 70 a 80% de ureia. Esta pode ser usada para suspensões de azoto de fertilizantes

ou para soluções de ureia e nitrato de amónio.

Figura 3 - Equações envolvidas na síntese de ureia

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A solução de ureia pode ser concentrada por evaporação ou cristalização e é

utilizada na preparação de fertilizantes compostos granulados e outros produtos. A

ureia concentrada é solidificada em forma pura como prills (difere da granulação pelo

tamanho dos grãos de ureia), granulados, flocos ou cristais.

A ureia no estado sólido é mais vantajosa que em solução, pois esta pode ser

transportada, armazenada, distribuída e utilizada de forma mais económica. Além

disso, no estado sólido, a ureia é mais estável e é menor a probabilidade de formação

de biureto.

Numa instalação de prilling ocorre pulverização da solução de ureia a partir da

secção de recuperação e esta é evaporada em duas fases para a resistência. A

solução é bombardeada para o topo de uma torre de cilindro onde é alimentada por

um balde de giro contendo pequenos orifícios. As gotas líquidas ao caírem são

arrefecidas por um fluxo de ar forçado e solidificam.

Os pequenos pós que se formam e que saem pelo topo das torres com o fluxo

de ar são um problema ambiental. Outro problema é a resistência à moagem, que é

muito menor do que para a ureia granular, e isto leva a que haja muitos problemas a

lidar tanto na fábrica como no transporte. Consequentemente, o fabrico de prills está a

diminuir rapidamente.

Em termos ambientais, é necessário referir que atualmente verifica-se um

esforço por parte das indústrias de fertilizantes no sentido de otimizar o tratamento de

águas residuais, removendo os poluentes NH3 e ureia.

O principal problema enfrentado na remoção do NH3 e da ureia das águas

residuais é a dificuldade de remover um na presença do outro. Assim, uma das

técnicas adotadas é a utilização de soda cáustica com o objetivo de evaporar o NH3.

Outra técnica é a hidrólise da ureia em carbamato de amónia que é posteriormente

decomposta em NH3 e CO2. Algumas vezes, estes gases são depois reciclados. (Kirk-

Othmer 2007)

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2.1.3. Síntese de Wӧhler

Ainda no século XVIII, a Química Orgânica era conhecida como a química dos

compostos relacionados com os seres vivos enquanto, por sua vez, a Química

Inorgânica correspondia à ciência dos compostos presentes no reino mineral.

Assim, em 1807, Jans Jakob Berzelius propôs a teoria da força vital, sugerindo

que apenas os seres vivos seriam capazes de produzir substâncias orgânicas de

modo que tais substâncias jamais poderiam ser sintetizadas, ou seja, produzidas

artificialmente.

No entanto, em 1828, o químico alemão Fredrich Wöhler conseguiu sintetizar

a ureia (composto orgânico presente na urina e no suor de alguns seres vivos),

a partir do fornecimento de energia a um composto inorgânico, o cianato de amónia.

Esta reação endotérmica, apresentada na Figura 4, ficou conhecida como síntese de

Wöhler e a reação química simplificada associada está exposta abaixo. Esta

descoberta tornou-se relevante não só a nível químico, como também histórico, uma

vez que representa a primeira síntese de um composto orgânico a partir de

um inorgânico. Isto levou ao declínio do paradigma do Vitalismo (que afirmava que

apenas os seres vivos poderiam sintetizar compostos orgânicos) e ao início

da química orgânica moderna.

O intuito de Wöhler não era sintetizar o composto ureia, mas visava produzir

cianato de amónia (NH4OCN) utilizando cianato de chumbo (Pb(OCN)2), hidróxido de

amónia (NH4OH) e calor. Após obter o cianato de amónia, submetido também ao calor,

Wöhler percebeu que acabara de produzir uma substância muito diferente daquilo que

previra e, ao analisá-la, observou que ao evaporar uma solução aquosa de cianato de

amónia obtinha cristais incolores e límpidos geralmente maiores que 2.5 cm de

comprimento, os quais correspondiam à ureia.

Figura 4 – Equação simplificada da obtenção de ureia

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2.2. Ureia – Aplicações

2.2.1. Fertilizantes

A ureia contém 46% de azoto que é usado principalmente como fertilizante. O

azoto é o nutriente mais importante para a produção agrícola, pois é semelhante a

outros nutrientes das plantas, já que é capaz de estimular o crescimento da raiz,

sendo rapidamente reconhecido por estas.

Para além deste tipo de fertilizante, a ureia combinada com outros aditivos

forma variados fertilizantes tais como: Fosfato de Ureia de Amónia (UAP), Ureia

Sulfato de Amónia (UAS) e Ureia-Fosfato. A ureia é solúvel em água o que a torna

adequada para uso de soluções fertilizantes. (Kirk-Othmer 2007) (Meessen 2010)

2.2.2. Rações Animais

A ureia tem propriedades que se assemelham às das proteínas podendo ser

um substituto viável das mesmas. Os ruminantes conseguem digerir alguns compostos

contendo azoto, tal como a ureia. A função da ureia é melhorar o ato de ruminar,

juntamente com o enxofre, em pequenas quantidades. Assim, contribui-se para o

aumento desejável da atividade de ruminar e para o desenvolvimento da microflora do

rúmen, facilitando a digestão do alimento para o animal. Deste modo, os ruminantes

retêm no seu organismo maiores quantidades de proteína. (The State of Queensland

(Department of Agriculture 2012) (Meessen 2010)

2.2.3. Resinas

A ureia é usada como matéria-prima na produção de resinas de ureia-

formaldeído. A reação entre a ureia e o formaldeído sintetiza um polímero. Estas

resinas são usadas na manufaturação de adesivos, cartão, madeiras, revestimentos

de superfície, resinas de moldagem e vernizes. Além deste tipo de resina, a amónia

adicionada à ureia, sob alta temperatura e pressão, sintetiza resinas de melamina-

formaldeído. Esta resina é semelhante a resina de formaldeído de ureia no entanto, a

melamina é mais resistente à humidade e mais forte o que a torna adequada para

aplicação em tintas, laminados para superfícies, mesas, revestimentos de papel e

têxteis. (Britannica 2013) (Meessen 2010)

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53%

10%

8%

7%

19% 3%

Capacidade mundial de produção de amónia

Ásia e Pacífico

América do Norte

América Latina

Europa Ocidental

Leste Europeu e ex-URSS

África

Fonte: IFDC Surveys and published reports.

2.2.4. Usos Medicinais & Cosméticos

A ureia, sendo altamente solúvel em água, possui também funções hidratantes

e antibacterianas. É também usada no tratamento de doenças crónicas da pele, como

eczemas, psoríase, pele seca e escamosa, entre outras. A ureia, presente nos

cosméticos e cremes medicinais, penetra na pele e absorve a água permitindo um

efeito calmante e hidratante.

2.3. Ureia – Impacto Nos Mercados Mundiais

A ureia é utilizada nas regiões em desenvolvimento do mundo e é amplamente

negociada em mercados internacionais devido aos seus custos de transporte

relativamente reduzidos. As duas principais áreas de comércio de ureia estão situadas

no Mar Negro e no Golfo Árabe, sendo estes fluxos a determinar os preços globais. O

Mar Negro normalmente abastece a Europa e a América Latina, enquanto o Golfo

Árabe fornece a América do Norte e a Ásia/Oceânia. A produção mundial de ureia

diminuiu de 6,5% em 2007 para apenas 1,7% em 2008. Mais tarde, estimou-se que a

demanda global pela ureia deveria crescer cerca de 3,7% por ano devido ao aumento

da procura de fertilizantes. A capacidade mundial de produção é altamente

concentrada no continente asiático sendo que os maiores produtores individuais de

ureia são a China, Índia, Rússia e os EUA.

Figura 5 - Distribuição mundial de produção de amoníaco

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Para ser possível ter uma noção do impacto da produção da ureia num

determinado país, foi estudado o caso do Brasil.

Os fertilizantes constituem um dos principais

conjuntos de elementos que entram na produção de bens ou serviços, neste caso

agrícolas, e têm como fontes de matéria-prima produtos oriundos da petroquímica e da

mineralogia. Destaca-se a importância dos fertilizantes azotados, fosfatados e

potássicos. O consumo de fertilizantes no Brasil encontra-se mais abundantemente

concentrado em algumas culturas, mais especificamente na da soja e do milho que

representam mais de metade da procura nacional. A dependência em relação à

agricultura explica a volatilidade da procura de fertilizantes no Brasil, pois as

mercadorias agrícolas têm vindo a sofrer alterações bruscas e acentuadas nos preços

internacionais, além de terem a rentabilidade reduzida pela valorização cambial. Face

ao alto grau de importação, a demanda por fertilizantes apresenta um impacto

considerável sobre a balança comercial brasileira. Segundo dados da Associação

Nacional Para Difusão De Adubos (ANDA), a importação correspondeu a quase 25%

do défice de US$ 8 mil milhões (aproximadamente 6 mil milhões de euros) na balança

comercial de produtos químicos em 2005. O setor de fertilizantes brasileiros passou

por transformações estruturais nas últimas décadas. Tais transformações, ainda em

curso, anunciam uma nova configuração setorial, com provável domínio de grupos

estrangeiros e com maior nível de concentração.

No caso da fabricação de fertilizantes compostos, esta não envolve qualquer

tipo de complexidade técnica e é feita pela mistura de fertilizantes simples nas

proporções adequadas. Já no caso dos fertilizantes azotados, a volatilidade de preços

e a insuficiente disponibilidade de gás natural no país têm impacto sobre o processo

produtivo de ureia, fonte de matéria-prima para o azoto utilizado nos fertilizantes. De

facto, os preços elevados e crescentes do gás natural boliviano e o baixo valor

agregado da ureia não permitem a estimulação de investimentos em unidades

industriais no país. A procura acaba por ser atendida pelas importações, que contam

até com linhas internacionais de financiamento a longo prazo.

Existe por isso, um interesse especial e um grande esforço das empresas para

desenvolver avanços tecnológicos próprios. Assim sendo, para aumentar a

competitividade da indústria brasileira de fertilizantes, entre outros aspetos, é

necessário pensar na dimensão das empresas existentes e nas suas escalas de

produção, especialmente as de ureia. (Fernandes 2006)

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3. Conclusão

Neste trabalho, que analisa os métodos de produção, as aplicações e a

relevância económica da ureia, permite concluir que este composto orgânico é

imprescindível em muitas aplicações quotidianas, nomeadamente nos fertilizantes,

pois sem os fertilizantes o mercado agrícola não conseguiria perdurar com sucesso o

que por sua vez, traria inúmeras consequências para a indústria alimentar. O mesmo

acontece com outras indústrias como a de cosmética e a de tintas.

No âmbito pessoal, este trabalho alargou o nosso conhecimento científico,

nomeadamente nos processos químicos e permitiu um melhor e maior contacto com o

que se pretende de um Engenheiro Químico.

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FEUP 15

4. Bibliografia

Britannica, The Editors of The Encyclopædia. 2013. "Urea-formaldehyde resin." Accessed 20-10-2014. http://www.britannica.com/EBchecked/topic/619659/urea-formaldehyde-resin.

Fernandes, Victor Pina Dias; Eduardo. 2006. Fertilizantes: Uma visão global sintética. edited by Departamento de Indústrias Químicas do BNDES.

Kirk-Othmer. 2007. Urea. In Encyclopedia of Chemical Technology. Meessen, Jozef H. 2010. "Urea." doi: 10.1002/14356007.a27_333.pub2. The State of Queensland (Department of Agriculture, Fisheries and Forestry). 2012. "Urea

supplementation." Accessed 20-10-2014. http://www.daff.qld.gov.au/environment/drought/managing-drought/drought-strategies/urea-supplementation.

Wikipédia, a enciclopédia livre. 2014. "Ureia." Accessed 20-10-2014. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ureia.