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Transtorno do Pânico Alexandra Melo Fernandes Psicóloga – Pedagoga e Hipnoterapeuta Mestranda

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Transtorno do Pânico

Alexandra Melo FernandesPsicóloga – Pedagoga e HipnoterapeutaMestranda

Transtorno do Pânico

• O Transtorno do Pânico, caracteriza-se pelaocorrência espontânea e inesperada de ataquesde pânico. Esses ataques geralmente tem duraçãorelativamente breve, em média menos de meiahora e apresenta intensa ansiedade e medo, alémde alguns sintomas somáticos como palpitações etaquipinéia (batimentos cardíacos e respiratóriosacelerados) e que podem ser confundidos comoutras enfermidades como infarto do miocárdioou com o chamado sintoma histérico (DSM-V).

Transtorno do PânicoDiante de qualquer ameaça,situação estressante oupercebida como tal, o corporeage com alteraçõesfisiológicas, com o objetivo decriar condições físicasnecessárias para enfrentar oproblema ou fugir dele.Contudo, no transtorno dopânico, o indivíduo nãopercebe assim, assimilandoequivocadamente os sintomasemergentes como algo grave.

Transtorno do PânicoOs ataques de pânico podemapresentar maior tendência dese tornarem recorrentesquando existem associaçõesentre certas sensações ousintomas corporais como sinaisde possíveis novos ataques.Sendo assim, as atividades queproduzem sensações corporaissemelhantes aos sintomasfísicos de ataque de pânico,como exercícios físicos,estímulos sexuais, ingestão decafeína, alterações térmicas,entre outras, costumam ativaros ataques de pânico.

Transtorno do Pânico

O início dos sintomas deataque de pânico ocorreria apartir do momento em que oindivíduo interpreta assensações fisiológicascorporais normais emergentescomo sintomas de doençagrave ou morte. Quando essaassociação distorcida seestabelece, passa a ser areferência cognitiva vigente dopaciente

Critérios de DiagnósticoSegundo o DSM-V, umataque de pânico écaracterizado como umsurgimento abrupto deintenso medo oudesconforto que atingeum pico dentro de algunsminutos e que envolvepelo menos quatro dosseguintes sintomas:

1. palpitações/taquicardia/ritmo acelerado2. sudorese3. tremores ou abalos4. sensação de falta de ar ou sufocação5. sensação de asfixia6. dor ou desconforto torácico7. náusea ou desconforto abdominal

Critérios de Diagnóstico

8. tontura/instabilidade/ vertigem ou desmaio9. calafrios/calorões10. dormências/formigamentos12. medo de perder o controle/enlouquecer e13. medo de morrer

DSM - V

O Transtorno de Pânico e a Agorafobia foram separadoscomo diagnósticos independentes, reconhecendo aexistência de casos nos quais a Agorafobia ocorre sem apresença de sintomas de pânico. Além disso, aobservação de que o Ataque de Pânico pode ocorrercomo comorbidade em outros transtornos mentaisalém da ansiedade fez com que o DSM-5 incluísse oAtaque de Pânico como especificador para todos osdemais transtornos.

AgorafobiaÉ o medo de estar emlugares de onde pode serdifícil ou constrangedorescapar ou nos quais podenão haver auxílio à mão se apessoa sofrer um ataque depânico. A crise écaracterizada por ansiedadeintensa, aumenta dafrequência cardíaca e dapressão sanguínea,respiração agitada, sudorese,sensação de sufocação, faltade ar, náuseas, tremores edespersonalização.

AgorafobiaEla pode se manifestar de formaespecífica como generalizada (comosair de casa, ir ao trabalho ou aomédico). Lugares específicos maisevitados são os túneis, passarelas,pontes, avenidas largas ou rodovias.Pode ocorrer o medo de multidõescomo nos shopping centers,restaurantes, filas, cinemas, teatros,elevadores. Nesses casos, a limitaçãoeventual já o incomoda significamente,mas quando atingem locais essenciaiscomo ônibus, carros, metrô ou trens, avida social do paciente fica bem maiscomprometida.

Critérios de DiagnósticoA. Medo ou ansiedade marcantes de duas ou mais situações a seguir:

• Uso de transporte público• Permanecer em espaços

abertos (estacionamento,pontes, etc.)

• Permanecer em locaisfechados (lojas, cinema, etc.)

• Permanecer em uma fila ouficar em meio à multidão

• Sair de casa sozinho

B. O individuo tem medo ou evitasituações devido a pensamentosde que pode ser difícil escapar oude que o auxílio não estádisponível no caso dodesenvolvimento dos sintomas dopânico ou sintomasincapacitantes (medo de cair,medo de incontinência, etc).

C. As situações agorafóbicasquase sempre provocam medoou ansiedade;

Critérios de DiagnósticoD. As situações agorafóbicas sãoevitadas ou requerem umacompanhia;

E. O medo é desproporcional aoperigo real ;

F. O medo, ansiedade ou esquivaé persistente, geralmentedurando mais de seis meses;

G. O medo, ansiedade ouesquiva causa sofrimentoclinicamente significativo ouprejuízo social, profissional ou emoutras áreas importantes;

H. Se outra condição médica estápresente, o medo, a ansiedade ouesquiva é claramente excessivo;

I. O medo, ansiedade ou esquivanão é mais bem explicado pelossintomas de outro transtornomental e não estão relacionadosexclusivamente a obsessões,percepção de defeitos ou falhasna aparência física ou medo deseparação.

Critérios de DiagnósticoNotaA Agorafobia édiagnosticadaindependente da presençade transtorno de Pânico.Se a apresentação de umindivíduo satisfaz aoscritérios para transtornode pânico e Agorafobia,ambos os diagnósticosdevem ser dados.

Pânico

Tratamento segundo a TCC

A TCC é um tratamento efetivo para o TP, variandoentre 74% e 95% o seu grau de eficácia, medida emtermos de ausência de ataques de pânico depois detrês meses de tratamento, e com os ganhos semantendo de modo consistente depois de seguimentosde um e dois anos.A taxa de recaída é significativamente menor do quecom a de antidepressivo.A análise de componentes indica que os efeitos operampor mudança cognitiva e extinção interoceptiva eexteroceptiva (Rangé, 2008).

A.C.A.L.M.E.-S.E.

A chave para lidar com um estado de ansiedadeé aceitá-lo totalmente. Permanecer no presente eaceitar a sua ansiedade fazem-na desaparecer. Paralidar com sua ansiedade você pode utilizar a estratégiaACEITE a sua ansiedade “A.C.A.L.M.E.-S.E.”, de oitopassos.

• ACEITE a sua ansiedade, as sensações do seu corpo;• CONTEMPLE as coisas em sua volta, tire o foco;• Aja com sua ansiedade, continue em movimento;• LIBERE o ar de seus pulmões, respire bem devagar;• MANTENHA os passos anteriores, passo-a-passo;• EXAMINE seus pensamentos, podem ser negativos;• SORRIA, você conseguiu!• ESPERE o futuro com aceitação.

Tratamento segundo a TCCConforme a literatura, a TCC possui a técnica mais eficaz notratamento do Pânico e Agorafobia;Segundo a TCC, na crise ocorre um aprendizado mediantecondicionamento clássico: o mal-estar físico é associado asensações fisiológicas inofensivas. Como resultado desse con-dicionamento, do primeiro ataque em diante, a pessoa ficaansiosa a cada vez que se percebe uma pequena mudança noorganismo. O passo seguinte é a consolidação e generalizaçãodo aprendizado. Aprende-se assim a ter medo diante de outrassituações parecidas. Desse modo, o comportamento de escape,a evitação ou ambos são reforçados pelo alívio imediato daansiedade, assim, a probabilidade de o indivíduo optar pelaestratégia de fuga aumenta.

Tratamento• Psicoeducação

Esclarecimento e definição, e naclarificação da fonte dos sintomasde ansiedade e de pânico,introduzindo o papel dospensamentos na manutenção domedo e da ansiedade, e o papelda evitação e doscomportamentos de fuga namanutenção dos medos e naperpetuação do transtorno.

• Técnicas para lidar com aansiedade

A respiração diafragmática é umatécnica que utiliza os músculosabdominais para o controlerespiratório. O relaxamentomuscular progressivo é umexercício que envolve a prática datensão e do relaxamento dosprincipais grupos musculares.Ambas as técnicas, podem serpraticadas em sequência ouindependentemente,especialmente em situações emque existe ansiedadeantecipatória.

Tratamento

• Técnicas CognitivasAs intervenções distorcidas e catastróficas dassensações físicas de ansiedade são comuns no TP,assim como as crenças do paciente sobre adesesperança e a incapacidade de administrar aansiedade e o pânico. Os objetivos da terapia cognitivasão os de reestruturar esses pensamentoscatastróficos.

Tratamento• Técnicas de Exposição:• 1. Exposição InteroceptivaEssa exposição é feita por meio da provocação intencionaldos sintomas utilizando-se de exercícios físicos. Ex. ossentimentos de tontura poderiam ser induzidos pelo rotarde uma cadeira giratória, desrealização e tontura poderiamser induzidas por um minuto de hiperventilação. Além dotreinamento direto para sentir-se confortável com essassensações (em que os pacientes aprendem a vivenciar assensações como estranhas ou desconfortáveis, mais do queassustadoras), Ela também permite que os pacientesidentifiquem os pensamentos automáticos e asinterpretações catastróficas associadas às sensações físicase corrigi-las.

Tratamento• 2. Exposição in vivo

A exposição in vivo é a principal intervenção aplicada parasuperar a evitação agorafóbica. Para planejar a exposição in vivo,o paciente deve fazer uma lista de lugares ou situações queevitou devido aos medos, juntamente com o nível de ansiedade eos pensamentos automáticos que surgem nessas situações.Essa lista deverá ser disposta em uma hierarquia de acordo onível de dificuldade para enfrentar lugares e situações.A exposição deve ser prolongada no tempo (permanecer em umasituação dada por aproximadamente o dobro do tempo do que énecessário para sentir-se confortável naquela situação), repetidafrequentemente, e o nível de ansiedade deve ser sentido durantea tarefa e monitorado tanto pelo paciente como pelo terapeuta.

Tratamento

• 3. Dependência dos Parentes

Os parentes podem envolver-se em algum estágio dotratamento para auxiliar as tarefas de exposição. Porém,o tratamento deve encorajar os pacientes a irem alugares aos quais eles não costumam ir sozinhos pararestaurar a autonomia perdida

Referências• American Psiychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statiscal Manual of Mental

disorders (5ª ed.). Washington, D. C. & London: New School Library.• King, A. L. S., Valença, A. M., Melo-Neto, V. L., & Nardi, A. E. (2007). A importância do foco da

terapia cognitivo-comportamental direcionado às sensações corporais no transtorno do pânico: relato de caso. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), 34(4), 191-195.

• Manfro, G. G., Heldt, E., Cordioli, A. V., & Otto, M. W. (2008). Terapia cognitivo-comportamental no transtorno de pânico. Revista Brasileira de Psiquiatria, 30(Suppl. 2), s81-s87.

• Rangé, B. (2008). Tratamento cognitivo-comportamental para o transtorno de pânico e agorafobia: uma história de 35 anos. Estud. psicol.(Campinas), 25(4), 477-486.