fim do pânico 27

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Aja Com Integridade & Respeite Nossos Direitos Autorais Entendemos que nem todo mundo que está lendo este livro realmente comprou ele. Pedimos gentilmente que você faça uma compra genuína deste produto depois que ele mudar sua vida completamente para melhor, se você de fato obteve-o ilegalmente. Para os que compraram, agradecemos sinceramente pela contribuição para novas soluções aos mais diversos problemas relacionados à saúde & bem estar.

Por favor, não envie este e-book para seus amigos. Acredito que você agirá com integridade e irá indicar nosso website, onde eles possam efetuar a compra de uma cópia original deste produto.

Lembre-se que nós valorizamos aquilo que nós investimos tempo e dinheiro. Se você gastou parte de seu suado salário neste produto, você vai apreciá-lo ao máximo. Se não investiu nada, os ensinamentos deste livro serão deixados para depois e este arquivo vai acabar se perdendo em seu HD.

Acreditamos que você fez a escolha certa.

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TABELA DE CONTEÚDO

INTRODUÇÃO Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Definição de Ansiedade Mitos e Erros de Interpretação A técnica do Movimento Único Aplicações da técnica do Movimento Único Ansiedade Geral Medicar ou Não Despertando Seu Potencial Escondido Conclusão

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Introdução

Parado na fila do supermercado após uma longa espera, mas agora há apenas um cliente a ser

atendido no caixa antes de você. Espere aí, que sensação foi essa? Uma sensação desagradável forma-

se em sua garganta, você sente o seu peito apertar, uma repentina falta de ar e veja só - o seu coração

deixa de dar uma das batidas. "Deus, por favor, aqui não!"

Uma rápida conferida no território – é ameaçador? Quatro rostos hostis fazem fila atrás de você,

uma pessoa na frente. Alfinetes e agulhas parecem perfurar seu braço esquerdo, você se sente

levemente tonto e então vem a explosão de medo que você mais temia. Você está prestes a ter um

ataque de pânico. Não há dúvida alguma de que este será um dos grandes. Tudo bem, concentre-se:

Lembre-se do que lhe foi ensinado e agora é a hora de aplicar

as técnicas de superação. Comece os exercícios de respiração profunda que seu médico recomendou:

―Inspire pelo nariz, expire pela bocaǁ‖. Mantenha pensamentos relaxantes, e novamente, enquanto

inspira, pense ―relaxeǁ‖ e então expire. Mas parece não estar surtindo qualquer efeito positivo; na

verdade, concentrar-se na respiração o deixa paranóico e ainda mais tenso.

Tudo bem, técnica de superação número 2:

Relaxe os músculos gradativamente. Tensione os ombros, segure por 10 segundos e solte. Tente mais

uma vez. Nenhuma diferença ainda. A ansiedade está piorando e o próprio fato de você não ter mais

nenhuma técnica de superação o deixa ainda mais em pânico. Se pelo menos você estivesse perto de

seus familiares ou se um amigo íntimo estivesse ao seu lado para lhe

ajudar a sentir-se mais confiante em lidar com esta situação.

Agora a adrenalina está percorrendo seu corpo com força total, seu corpo está formigando com

sensações desconfortáveis e a assustadora sensação de perda total do controle toma conta de suas

emoções. Ninguém à

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5

sua volta tem idéia do absoluto terror que você está sentindo. Para eles é

apenas um dia normal e mais uma fila frustrantemente lenta no

supermercado.

Você não tem mais opções. É hora do Plano C. A mais básica de todas as técnicas de

superação é ―fugirǁ‖. Peça licença e saia da fila; você se sente

um pouco envergonhado já que agora é a sua vez de pagar. O atendente do caixa olha perplexo

enquanto você deixa suas compras para trás e se dirige à porta. Não há tempo para pedidos de

desculpas. Você precisa ficar sozinho e, então, sai do supermercado e entra em seu carro para ir

embora. Será que

este é o mais intenso de todos? Aquele que você receia que lhe faça extrapolar seus limites físicos e

mentais. Dez minutos depois o pânico desaparece.

São 10h30min da manhã. Como você irá enfrentar o resto do dia? Esta situação lhe parece de

alguma forma familiar? Talvez as sensações corporais tenham sido um pouco diferentes. Talvez sua

primeira vez tenha sido em um avião, na cadeira do dentista ou mesmo em casa, enquanto não fazia

nada em particular. Se você alguma vez já teve o que hoje é conhecido como ―ataque

de pânicoǁ‖, conforte-se no fato de que você não está, de forma alguma, sozinho.

Um ataque de pânico sempre vem acompanhado de uma sensação aguda de uma ameaça

iminente. Você sente que vai enlouquecer ou que alguma das funções vitais do seu corpo vai parar de

funcionar e que vai morrer

ali mesmo, em meio aos enlatados e às comidas congeladas. Você não está, de maneira alguma,

sozinho; você nem mesmo é um em um milhão. Nos Estados Unidos, estima-se que quase 5% da

população sofrem, de alguma forma, do problema. Para alguns, os ataques de pânico podem ser raros;

para outros podem se tornar tão freqüentes que os impede de sair de suas próprias casas. Crises

freqüentes desse tipo, na maioria das vezes, evoluem até o que os médicos chamam de ―distúrbio de

ansiedadeǁ‖.

Um dos primeiros passos para recuperar o controle da sua vida é conseguir informações úteis.

Este livro lhe dará isto e muito mais. O início de sua recuperação começa aqui. Você aprenderá que

existem grandes chances

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de os ciclos de pânico em sua vida sumirem completamente. No entanto, não quero fazer declarações

exageradas sobre as técnicas deste livro (outras pessoas gentilmente já o fizeram por mim). O ponto

principal é que sua vida pode voltar a ser como era antes. Na verdade, ao seguir e aplicar as técnicas

aqui descritas, você aprenderá não apenas a recuperar a vida tranqüila que já teve, mas ganhará

também uma nova confiança para viver. A resposta para uma vida livre de ―pânicoǁ‖ ou ―ataques de

ansiedadeǁ‖ está em suas mãos.

Neste livro é mostrado que a sua experiência com o pânico será a própria chave para sua

coragem e sucesso. O medo que você sente, quando

―dominadoǁ‖ e não ―controladoǁ‖, é na verdade seu melhor aliado. É o combustível para que você dirija a

sua nova vida. Tenha certeza - Você está lendo agora o material completo que será o catalisador para

sua recuperação. As únicas questões que ficam são: Por que não lhe deram a resposta antes? Por que

você perdeu tanto tempo vivendo com medo?

Irei revelar uma técnica simples chamada de ―Movimento Únicoǁ‖ que irá atacar o ponto central

dos seus ataques de pânico. Em seguida, eu lhe

ensinarei as quatro ferramentas para criar uma vigorosa área neutra de proteção entre você e sua

ansiedade; que irá lhe garantir livrar-se do longo desconforto e da ansiedade, reclamação freqüente das

pessoas que sofrem de ansiedade extrema e ataques de pânico.

Primeiro, vamos começar a estrada à recuperação, examinando o que é um ataque de pânico e

um pouco da terminologia comumente usada quando

se refere a esses ataques. Muitos de vocês devem ter lido quase toda a literatura possível relacionada

ao pânico e à ansiedade, mas eu lhes peço que leiam este material até o fim e não pulem partes, pois

garanto que ele oferece algo muito eficiente e útil no controle destas condições.

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Capítulo 1

Ataques de pânico são causados por extrema ansiedade. Isto é óbvio. A ansiedade é

provavelmente a mais básica de todas as emoções. Enquanto ela, por si só, for apenas uma sensação

desagradável, não apresenta perigo algum. Um dos maiores mitos em torno do assunto é que este

sentimento é prejudicial e pode levar a várias condições que põem a vida em risco.

Definição de Ansiedade

A ansiedade é definida como um estado de apreensão ou medo, provocado pela antecipação

de uma ameaça, incidente ou situação, sejam elas reais ou imaginárias. É uma das emoções humanas

mais comumente sentidas durante a vida. No entanto, a maioria das pessoas que nunca teve um ataque

de pânico, ou extrema ansiedade, não consegue compreender a natureza

assustadora dessa experiência. Tontura extrema, visão embaçada, formigamento, falta de ar - e isso é apenas o começo! Quando estas sensações

acontecem e as pessoas não sabem a razão, acham que contraíram uma doença ou algum grave

problema mental. A ameaça de perder completamente o controle parece bastante real e, naturalmente,

assustadora.

Reação de Luta/Fuga

Tenho certeza de que a maioria de vocês já ouviu falar da reação de luta/fuga como uma

explicação para o seu problema. Você já fez a ligação entre esta reação e as sensações incomuns que

sente durante e depois de um ataque de pânico?

A ansiedade é uma resposta ao perigo ou a uma ameaça. É denominada assim porque todos

os seus efeitos servem para fazer-nos lutar ou fugir do perigo. Portanto, o único propósito da ansiedade

é proteger o

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indivíduo do mal. Era vital para a sobrevivência diária de nossos ancestrais, quando enfrentavam algum

perigo, uma resposta automática que os fazia

tomarem uma atitude imediata, como atacar ou correr. Mesmo no

movimentado mundo de hoje, este é um mecanismo necessário. É bastante

útil quando se tem que responder a uma ameaça real de maneira muito rápida.

A ansiedade é um mecanismo intuitivo que nos protege do perigo. Curiosamente, é um

mecanismo que protege, mas não prejudica—um ponto importante que discutiremos mais tarde.

As Manifestações Físicas de um Ataque de Pânico

Nervosismo e Efeitos Químicos

Quando confrontado com o perigo, o cérebro envia sinais para uma seção do sistema

nervoso. Este sistema é o responsável pela adequação do corpo à execução de uma ação e também o

acalma e restaura o equilíbrio. Para realizar estas duas funções vitais, o sistema nervoso autônomo tem

duas subdivisões, o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático. O sistema nervoso

simpático é o que tendemos a conhecer melhor, já que é o responsável por fazer nosso corpo funcionar

a fim de agir, nos prepara para a reação de ―luta ou fugaǁ‖. Já o sistema nervoso parassimpático é o que

amamos profundamente, pois ele atende como nosso sistema de recuperação,

retornando o corpo ao seu estado normal. Quando qualquer um desses sistemas é

ativado, eles estimulam todo o corpo, que tem um efeito de ―tudo

ou nadaǁ‖. Isto explica o porquê do indivíduo sofrer uma série de diferentes sensações pelo corpo quando

um ataque de pânico acontece.

O sistema simpático é responsável por liberar adrenalina a partir das glândulas adrenais nos

rins. Estas pequenas glândulas localizam-se logo acima dos rins. O que muitos não sabem, entretanto, é

que as glândulas adrenais também liberam adrenalina por conta própria, funcionando como

mensageiras químicas do corpo para que a atividade continue. Quando um ataque de pânico

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tem início, este sistema não se desliga tão facilmente quanto foi ligado. Até que estes mensageiros

percorram o corpo todo, há sempre um período de aparente aumento ou constância da ansiedade.

Depois de um período de tempo, o sistema nervoso parassimpático entra em ação. Seu papel é fazer

com que o corpo retorne ao seu funcionamento normal, uma vez que o perigo detectado não exista

mais. O sistema parassimpático é aquele que todos conhecemos e amamos por que ele nos traz de

volta a um estado de calma e relaxamento.

Quando nos empenhamos em uma estratégia de superação aprendida, como por exemplo,

uma técnica de relaxamento, estamos na verdade

estimulando o sistema nervoso parassimpático a entrar em ação. É sempre bom ter-se em mente que o

sistema entrará em ação em algum momento, quer queira ou não. O corpo não pode continuar numa

espiral crescente e constante de ansiedade. Chega um ponto onde ele deve simplesmente agir e

contribuir, relaxando o corpo. Este é um dos muitos sistemas intuitivos de proteção do corpo para a

nossa sobrevivência.

Você pode dar o melhor de si durante os pensamentos preocupantes, mantendo o sistema

nervoso parassimpático funcionando, mas eventualmente ele pára. Com o tempo, ele fica um pouco

mais esperto do que nós e percebe que, na verdade, não há perigo algum. Nosso corpo é incrivelmente

inteligente—a ciência moderna está sempre descobrindo fantásticos padrões

de inteligência que ocorrem através das células do nosso corpo. O corpo humano parece ter infinitas

maneiras de lidar com as mais complicadas funções, sem que percebamos. Fique tranqüilo tendo a

certeza de que a meta principal de seu corpo é mantê-lo vivo e bem.

Não está convencido ainda?

Tente prender sua respiração pelo máximo de tempo possível. Não importa o quão forte seja

a sua determinação, ela nunca anulará a vontade do corpo. Esta é uma boa notícia—não importa o

quanto você tente se convencer de que morrerá de um ataque de pânico, isto não irá acontecer. Seu

corpo irá

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superar este medo e buscar um estado de equilíbrio. Não há registro algum de

alguém que tenha morrido de um ataque de pânico. Lembre-se disto na próxima

vez que tiver uma dessas crises. A sua mente pode fazer com que as

sensações continuem por mais tempo do que o corpo esperava, mas eventualmente tudo voltará a um

estado de equilíbrio. Na verdade, equilíbrio (homeostácia) é o que o seu corpo tentará constantemente

alcançar.

Para seu corpo, a interferência não é diferente do que as sensações de estar se exercitando

intensamente. Nosso corpo não se alarma com estes

sintomas. Por que deveria? Ele conhece sua capacidade. Éo nosso

pensamento consciente que entra em pânico, que exagera e grita, completamente aterrorizado! Temos a tendência a temer o pior e exagerar nas

nossas próprias sensações. Uma batida mais rápida do coração torna-se um ataque cardíaco. Uma

mente hiperativa parece, e muito, com esquizofrenia. É nossa culpa? Na verdade não—estamos

simplesmente fazendo um diagnóstico com informações errôneas.

Efeitos Cardiovasculares

A atividade no sistema nervoso simpático aumenta nossa freqüência cardíaca, acelera a

corrente sangüínea do corpo, garante que todas as regiões estejam abastecidas de oxigênio e que

produtos desnecessários sejam removidos. Isto acontece para que o corpo seja preparado para ação.

Um fascinante atributo do mecanismo de ―luta ou fugaǁ‖ é que o sangue (que é direcionado das

áreas onde não é necessário no momento através da constrição dos vasos sangüíneos) é trazido até

regiões onde se precisa dele urgentemente. Por exemplo, se houver um ataque físico o sangue é

drenado da pele, dedos da mão e dos pés para que menos sangue seja perdido, são levados até as

―áreas ativasǁ‖ como as coxas e os bíceps a fim de

que o corpo se prepare para ação. É por esta razão que muitos sentem dormência e

formigamento durante os ataques de pânico, normalmente

interpretados como algum grave risco de saúde, como o anúncio de um ataque cardíaco. Curiosamente,

a maioria das pessoas que sofrem de ansiedade freqüentemente sente que tem problemas de coração.

Se você está realmente

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preocupado de que este seja o seu caso, consulte um médico. Pelo menos assim você pode descansar

sua mente.

Efeitos Respiratórios

Um dos efeitos mais assustadores de um ataque de pânico é o medo de se sufocar ou de não

conseguir respirar. É muito comum durante um

ataque de pânico sentir um aperto no peito e na garganta. Tenho certeza de que todos apresentam

algum medo de perder o controle da respiração. Por experiência própria, a ansiedade cresce a partir do

medo de que sua respiração irá parar e você será incapaz de recuperá-la. Um ataque de pânico pode

parar a nossa respiração? Não.

Um ataque de pânico está associado ao aumento da velocidade e profundidade da

respiração. Isto tem uma importância óbvia para a defesa do organismo, já que os tecidos precisam

receber mais oxigênio a fim de se prepararem para agir. As sensações provocadas por esse aumento na

respiração, entretanto, podem incluir dispnéia (falta de ar), hiperventilação (excesso de respiração),

sensações de asfixia, esganamento e até dores e sensação de aperto no peito. O problema real é que

tais sensações são estranhas para nós e não parecem naturais.

Como eu mesmo já tive ataques extremos de pânico, lembro-me de não conseguir, em muitas

ocasiões, confiar que meu corpo fosse respirar automaticamente e que por isso eu teria que fazê-lo

manualmente, dizendo a mim mesmo quando inspirar e quando expirar. É claro que isto não supriu as

necessidades de oxigênio do meu corpo e a sensação então aumentou junto à ansiedade. Somente

quando empreguei a técnica que descreverei mais tarde, é que permite que o corpo faça o que faz de

melhor — comandar todo o show.

Um importante efeito colateral do aumento da respiração

(especialmente se nenhuma atividade real acontecer) é que o suprimento de sangue à cabeça diminui.

Embora esta redução seja minúscula e nem um pouco perigosa, provoca uma série de sintomas

desagradáveis, porém

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inofensivos. Estes incluem tontura, visão embaçada, confusão, senso de irrealidade, além de

vermelhidão e aumento da temperatura da pele.

Outros Efeitos Físicos dos Ataques de Pânico

Uma série de outros efeitos é provocada pela ativação do sistema nervoso simpático, nenhum

deles é de maneira alguma, nocivo. Por exemplo, as pupilas se dilatam para permitir uma maior

passagem de luz, podendo resultar em visão embaçada ou na impressão de ―ver estrelasǁ‖, etc. Há uma

redução na salivação provocando boca seca. Há também uma diminuição na atividade do sistema

digestivo, o que freqüentemente produz náuseas, sentimento de peso no estômago e até mesmo

constipação (prisão de ventre). Finalmente, muitos dos grupos musculares se tencionam preparando-se

para a reação de ―luta/fugaǁ‖, provocando sentimentos subjetivos de tensão que

muitas vezes tornam-se dores e desconfortos reais, como tremedeiras e convulsões.

De uma maneira geral, a reação de luta/fuga resulta numa ativação completa de todo o

metabolismo do corpo. Desta forma a sensação normalmente é de se estar quente e corado, e já que

este processo consome muita energia, a pessoa geralmente se sente cansada e esgotada.

Manifestações Psíquicas

O objetivo da reação de luta/fuga é deixar o indivíduo ciente do perigo em potencial que pode

se apresentar. Portanto, quando ativado, a prioridade mental é procurar potenciais ameaças. Neste

estado a pessoa fica altamente nervosa, por assim dizer. É muito difícil concentrar-se em alguma

atividade específica, já que a mente foi condicionada a procurar todas as potenciais ameaças e não

desistir até que tenham sido identificadas. Assim que o pânico acontece, muitas pessoas procuram pela

saída mais fácil e rápida do lugar

onde se encontram, como simplesmente abandonar a fila do banco e sair

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andando. Em algumas situações a ansiedade pode aumentar se sentirmos que a saída brusca pode

causar algum tipo de constrangimento social.

Se você tiver um ataque de pânico no local de trabalho, mas sentir que deve seguir em frente

com a tarefa que estava realizando, é bastante compreensível que você tenha muita dificuldade em se

concentrar. É muito comum sentir-se agitado e inquieto numa situação destas. Muitos indivíduos com

quem trabalhei e que sofreram com ataques de pânico ao longo dos anos, apontam que luz artificial—

como a que vem dos monitores de computador e telas de televisão—podem, muitas vezes, causar ou

piorar um ataque de pânico, particularmente se a pessoa estiver se sentindo cansada ou exausta. Vale a

pena ter isto em mente se você trabalha por longos períodos em um computador. Avisos regulares de

descanso devem ser colocados em seu computador para que você se lembre de sair da mesa e respirar

ar puro

quando possível.

Em outras situações, se durante um ataque de pânico uma ameaça externa não pode ser

normalmente encontrada, a cabeça volta-se para o interior do indivíduo e começa a observar as

possíveis doenças físicas ou mentais que possam estar sofrendo. Isto abrange desde achar que foi algo

que você comeu no almoço até a possibilidade de uma parada cardíaca em andamento.

A pergunta imediata é: Por que a reação de luta/fuga é ativada durante um ataque de pânico mesmo

quando aparentemente não há nada a se temer?

Analisando de perto, temos a impressão de que o que nos causa medo são as próprias

sensações—tememos que o corpo esteja perdendo o controle. Estes sintomas físicos inesperados

provocam o medo ou pânico de algo estar terrivelmente errado. Para começar, por que você sofre os

sintomas físicos da reação de luta/fuga se não está com medo? Existem muitas maneiras pelas

quais estes sintomas podem se manifestar, não apenas através do medo. Por exemplo, pode ser que

você tenha ficado estressado de uma maneira geral por alguma razão em sua vida e este estresse

resulte em um aumento da

Page 14: Fim Do Pânico 27

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produção de adrenalina e outras substâncias que, de vez em quando,

provocam sintomas. Este aumento da adrenalina pode ser mantido

quimicamente no corpo, mesmo muito tempo depois de o estresse ter

passado. Outra possibilidade é a dieta, que afeta diretamente nosso nível de estresse. Cafeína, álcool e

açúcar em excesso são conhecidos por estressar o corpo (O Capítulo 5 apresenta uma discussão

completa sobre a dieta e sua importância).

Emoções mal resolvidas são apontadas, muitas vezes, como possíveis causadoras de

ataques de pânico. Mas é importante ressaltar que eliminar os ataques de pânico da sua vida não requer

necessariamente analisar sua psique

e vasculhar o seu subconsciente. A técnica do ―Movimento Únicoǁ‖ lhe ensinará a lidar com o momento

presente e neutralizar o ataque, além de remover a base que dá início à ansiedade inicial.

Antes de passar para o ponto-chave examinaremos alguns dos mitos comuns e erros de

interpretação sobre o distúrbio de ansiedade.

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Capítulo 2

Mitos e Erros de Interpretação

―Estou enlouquecendo?ǁ‖

É compreensível que qualquer pessoa tema estar enlouquecendo quando tem os primeiros

ataques de pânico. O verdadeiro conhecimento da população sobre as doenças mentais é pouquíssimo,

o que normalmente provoca conclusões extremas. Estas conclusões geralmente são baseadas em más

informações e imaginação exagerada.

O problema de saúde mental mais conhecido é a esquizofrenia—até mesmo a palavra em si

causa terror ao cidadão comum. A esquizofrenia é um distúrbio grave caracterizado por sintomas

severos como pensamentos e comunicação verbal desarticulados, fala rápida e incompreensível,

ilusões, crenças estranhas (por exemplo, os esquizofrênicos muitas vezes afirmam ouvir vozes

interiores) e alucinações. Além disso, esta doença é amplamente aceita como uma doença genética,

com grande incidência em membros da mesma família.

A esquizofrenia geralmente começa muito gradualmente e não de forma abrupta (como um

ataque de pânico). Sem contar que, por ser uma doença hereditária, apenas certa proporção da

população pode se tornar esquizofrênica, enquanto em outras pessoas estresse algum pode

desencadeá- la. Outro ponto importante é que as pessoas que se tornam esquizofrênicas comumente

apresentarão alguns sintomas leves durante a maioria de suas

vidas (como pensamentos incomuns, discursos retóricos, etc.). Portanto, se

isto ainda não foi percebido em você, as chances são de que você não venha a se tornar um

esquizofrênico. Isto é ainda mais verdadeiro se você tem mais de

25 anos, já que a esquizofrenia geralmente se manifesta entre a adolescência e os 23 anos.

Perdendo o controle

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Durante um ataque de pânico, algumas pessoas tendem a acreditar que vão ―perder o

controleǁ‖. Esta perda de controle pode ser corporal, ou seja, que todos os seus órgãos vitais vão parar

completamente de funcionar levando o corpo à desordem total, ou que o indivíduo vai mentalmente

perder o senso de realidade. Geralmente são aqueles que odeiam constrangimentos sociais quem

sofrem mais deste medo.

Perder controle pode significar desde atropelar com seu carro um pedestre inocente até pegar

uma faca e matar a pessoa mais próxima e que você mais ama (não que todos nós não pensemos nisso

de vez em quando! ). Não se preocupe! Por mais assustadores que estes pensamentos possam ser,

você não cometerá nenhum desses atos. Relaxe. Você só está tendo tais pensamentos porque seu

corpo se sente fora de controle. Sua mente pensa que se seu corpo está fora de controle, ela é a

próxima da lista.

Você não irá perdê-lo. Na verdade tenho certeza de que em todos os ataques de pânico que

você possa ter tido em lugares públicos, ninguém percebeu o seu desconforto. Somos, por natureza,

animais sociais e tememos ser vistos em qualquer tipo de situação constrangedora. Pular da sua cadeira

em uma reunião de negócios e gritar por uma ambulância pode passar pela

sua cabeça, mas é improvável que aconteça. No final das contas, mesmo que nós realmente tenhamos

vergonha na frente dos outros, isto realmente importa? Temos que aprender a sermos gentis conosco.

Sendo assim, qual o problema se causarmos uma cena e um grande constrangimento? A vida é muito

curta para se manter as aparências o tempo todo. Na verdade, quanto mais honesto você for com os

seus medos, menos pressão você submeterá a si mesmo.

Desmaiando em Público

O centro do medo de desmaiar em público é que nos tornamos repentinamente muito

vulneráveis, especialmente se estivermos sozinhos. Quem irá nos cuidar enquanto estamos deitados,

esparramados na calçada?

Page 17: Fim Do Pânico 27

17

Também tememos a idéia de desmaiar por medo de nunca mais acordar e entrar em coma. Desmaios

são causados por falta de sangue no cérebro. Quando desmaiamos, o corpo vai ao chão e permite que

o sangue seja facilmente levado ao cérebro—o que é, novamente, outro dos inteligentes mecanismos de

segurança do corpo. Desmaiar durante um ataque de pânico é bastante incomum devido à grande

quantidade de sangue que está circulando. Seu coração normalmente bate rápido e há pouca

preocupação com o fato do cérebro não receber suprimento fresco. A tontura muitas vezes sentida

durante um ataque de pânico e causada pelo aumento da respiração e ainda que cause confusão no

indivíduo, é inofensiva e não leva ao desmaio.

Ataques do Coração

Este é realmente um assunto delicado e praticamente todo mundo que já teve um ataque de

pânico, em algum momento, temerá pela saúde do seu coração. Vamos analisar os fatos sobre as

doenças cardíacas e ver de que

forma diferem dos ataques de pânico.

Os sintomas principais das doenças cardíacas são: falta de ar e dores no peito, além de

palpitações ocasionais e desmaios. Tais sintomas estão geralmente relacionados à quantidade

executada de esforço físico. Isto é,

quanto mais você se exercita, piores os sintomas e exercitando-se menos eles

melhoram.

Os sintomas normalmente vão embora rapidamente assim que o indivíduo descansa. Bem

diferente dos sintomas associados aos ataques de pânico. Certamente, sintomas de pânico podem

ocorrer durante o exercício, mas são diferentes dos sintomas de um ataque do coração, pois ocorrem

freqüentemente quando se está parado. Mais importante ainda, doenças cardíacas quase sempre

produzirão grandes mudanças elétricas no coração, que são obviamente percebidas em um

Eletrocardiograma (ECG). Em ataques de pânico a única mudança que aparece no ECG é um pequeno

aumento da freqüência cardíaca.

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Algumas vezes os indivíduos passam por preocupações com seus corações similares às

preocupações com suas respirações. As pessoas se convencem de que ao se preocupar bastante com

seus corações, ou se concentrarem demasiadamente nas ações cardíacas, ele se confundirá de alguma

forma e se esquecerá de bater corretamente. É muito comum entre as pessoas que sofrem ataque de

pânico checar regularmente seus corações em intervalos, para ter certeza de que eles ainda estejam

batendo.

É verdade que, mentalmente, todos podemos afetar o padrão das batidas dos nossos

corações. Quando você se concentra muito pode perceber uma ou duas batidas irregulares. Não há

nada de preocupante nisto. Lembre- se de que nosso corpo tem uma inteligência interna incrível e dizer

ao seu coração, em pânico, que ele pode parar não significa que irá prestar atenção. Aprenda a ficar

mais confortável com o seu coração, deixe que ele faça o trabalho dele. Escute seu coração quando

relaxado e quando estiver se exercitando. Quanto mais confortável você estiver com a diversidade e

abrangência de suas batidas, mais confiante será durante uma atividade intensa.

Se você está preocupado com problemas cardíacos, presenteie-se com um ECG e tire isso

da cabeça. Caso você já tenha feito um ECG e o médico lhe disse que está tudo bem, pode

seguramente assumir que não tem problemas cardíacos. Ainda, se seus sintomas acontecem a qualquer

hora e não apenas

sob esforço, é mais uma evidência da ausência de distúrbios cardíacos. Irrealidade/Estado de

Desconexão

Há um sintoma não mencionado freqüentemente na literatura sobre ataques de pânico

(induzido pela ansiedade extrema) que eu gostaria de discutir. É a sensação de irrealidade. Muitas

pessoas ficam agoniadas com esta sensação e acham que estão enlouquecendo.

Pessoas que têm ataques de pânico relatam sentirem-se

desconectadas de seu mundo, ou a sensação de que nada é real. A sensação é

descrita como se o mundo nada mais fosse do que a projeção de um filme.

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Esta situação é bastante angustiante, pois muitas vezes leva o indivíduo a acreditar que algum dano

permanente foi causado ao seu cérebro, provocando tais sensações. Um exemplo típico é quando o

indivíduo está conversando com alguém e repentinamente sente-se totalmente isolado e excluído da

situação. Uma vez que a sensação surge, pode ser tão impactante que demora dias para que o

estranho sentimento desapareça. Menciono isto porque normalmente

não se fala sobre esta condição e também para reafirmar àqueles de vocês que possam ter tido esta

sensação, que é apenas um efeito colateral da ansiedade extrema e que irá passar assim que o corpo

aprender a relaxar. Uma vez que

o corpo volte ao normal e disperse as substâncias químicas produzidas em excesso pelas glândulas

adrenais, esta sensação estranha irá dissipar-se. Dê tempo ao tempo e este sentimento sumirá

enquanto você passa de uma vida de ansiedade para uma vida muito mais tranqüila.

Analisamos as características comuns dos ataques de pânico. Agora, vamos ver como neutralizá-lo.

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Capítulo 3

A Técnica do ―Movimento Únicoǁ‖

Todos estão cientes do quão assustador um ataque de pânico pode ser. Nossa cabeça viaja na

possibilidade de uma mente e um corpo fora de

controle. Colocamos em uso todos os mecanismos de superação que temos e, quando eles falham, nos

sentimos vulneráveis e sozinhos com diversas sensações corporais desconcertantes e pensamentos

aterrorizantes.

Permitam-me dividir com vocês minha visão de como os ataques de pânico mudaram por

completo a minha vida—de uma vida de medo para uma de coragem e autoconfiança verdadeira. A

técnica é sutil e mesmo assim quero que vocês a considerem cuidadosamente, pois ela não só eliminou

totalmente os ataques de pânico da minha vida, mas também das vidas de muitos que sofriam do

mesmo mal há tempos. É diferente de qualquer outro tratamento

de distúrbio de ansiedade que eu já me deparei, pois ataca diretamente o âmago da ansiedade e dos

ataques de pânico.

A abordagem tradicional para lidar com distúrbios de ansiedade é falha. As pessoas são

constantemente ensinadas a usar o confronto e a superação para ―derrubarǁ‖ suas ansiedades. Existem

inúmeras técnicas de superação que são recomendadas e ensinadas como ―armasǁ‖ para vencer os

perigosíssimos

―ataques de pânicoǁ‖. Até mesmo o termo ―ataque de pânicoǁ‖ é sugestivo para batalhas e conflitos.

Ataques de pânico são descritos como uma força externa que visa derrotar e levar ao isolamento

aqueles que os têm. A verdadeira realidade do assunto é que não há um ataque real nem um atacante.

Ataques

de pânico não são ameaçadores ou perigosos; são uma percepção ampliada de uma série de sensações

corporais. Mas onde está a verdadeira resposta para uma vida sem pânico? Está em uma batalha

contínua para frustrar o avanço

da ansiedade ou quem sofre com isso tem que se resignar a viver pra sempre com esta condição

perturbadora pelo resto da vida?

Page 21: Fim Do Pânico 27

21

A resposta foi descoberta observando a natureza. Esta é uma ótima professora, observe como

ela lida com forças opostas. A árvore se inclina com o vento, o rio corre em torno da pedra, o verão abre

caminho para o outono. A natureza nunca luta, nunca resiste, tudo flui com uma aceitação inata e aí está

a chave para lidar com os ataques de pânico.

Nossos instintos primordiais nos dizem para nos afastarmos e nos protegermos do medo. Ou

lutamos com nossas melhores técnicas de superação ou nos fechamos e corremos para um refúgio

seguro. Todas estas ações criam uma luta interna. Como um cabo-de-guerra no caso de um ataque de

pânico, juntamos nossas forças e lutamos contra a ansiedade com resistência máxima, tentamos

superar/lidar com a situação provocando ainda mais estresse interno, medo e conflito. Pensamos de

maneira nervosa, ―E se eu perder esta luta?ǁ‖ ―O que acontecerá se a ansiedade me vencer? Serei

hospitalizado, ou pior, ficarei louco?ǁ‖ Enquanto enfrentamos estes

pensamentos, apertamos nossa captação mental e nos afastamos da ameaça

através da tentativa de suprimir estas sensações. Podemos tomar remédios calmantes, iniciar uma série

de exercícios de superação ou até mesmo beber um pouco de álcool para suprimir esses sentimentos

assustadores que estão percorrendo nosso corpo.

Algumas vezes, quando temos sorte, estamos em boas condições para lutar e o medo

aparentemente desaparece. Outras vezes, perdemos feio e experimentamos ataques de pânico com

força máxima enquanto o medo

destrói nossas emoções fazendo que nos sintamos vulneráveis e

amedrontados. Não importa a forma que aconteça, sempre somos deixados

com um último e recorrente pensamento: ―Quando acontecerá novamente? Quando terei que combater

este terror de novo?ǁ‖

Assim que os intrigantes sinais de um ataque de pânico aparecem, como

a aceleração da respiração ou o aumento da freqüência cardíaca,

imediatamente tentamos cortar e controlar as sensações na esperança de

forçar um estado de relativa tranqüilidade. Aqueles que sofrem de ataques regulares de pânico muitas

vezes mencionam que o seu medo predominante é o de perder o controle do corpo e da mente.

Fazemos o melhor que podemos

Page 22: Fim Do Pânico 27

22

para controlar a situação e, ao fazer isso, não permitimos que nosso corpo flua nas funções corporais

ampliadas causadas pela reação de lutar ou fugir. Fechamos-nos e tencionamos nossos músculos,

ainda que estejamos nos preparando para uma colisão psicológica. Esta preparação para colisão é

similar àquela que nosso corpo realiza para uma colisão física da vida real, como um acidente de carro.

Usando uma simples analogia de um acidente de carro, podemos observar o iminente perigo

adiante na estrada e respondemos com reflexos automáticos a partir da adrenalina liberada na corrente

sangüínea. Então, aplicamos toda e qualquer manobra de fuga que pudermos a fim de evitar a ameaça

extremamente real de um impacto físico. A diferença principal para um ataque de pânico é que não há

ameaça real. Ao invés de uma rápida explosão de ansiedade que normalmente se dissiparia assim que

a ameaça terminasse, uma pessoa sofrendo de ataques de pânico revê a ameaça observada várias e

várias vezes em câmera lenta, levando-a a um estado prolongado de ansiedade extrema.

Antes de apresentar-lhe a técnica do "Movimento Único", é importante entender: Nunca existe

uma colisão prejudicial psicológica ou física

durante um ataque de pânico. Pode parecer que exista uma ameaça real e presente, como no exemplo

do acidente de carro. Lembre a si mesmo de todas as ocasiões anteriores em que você saiu ileso dos

ataques de pânico. Pense em todos os ataques de pânico que você viveu e como você sempre chegou

do outro lado—possivelmente apavorado, porém vivo e inteiro, sem ter sofrido nenhum mal em seu

corpo, exceto pelo possível cansaço. A real questão aqui, que causa a maior parte da angústia e

compreensível agonia, é o medo de o dano que um ataque de pânico supostamente causa.

Então onde isso nos leva? A primeira pista para uma recuperação bem- sucedida está em nossa

capacidade de ativar um ataque de pânico, de se comprometer totalmente com a experiência. Para usar

um clichê, precisamos

―fluir com eleǁ‖, tornando-nos observadores do medo e da ansiedade, não vítimas. O medo e o pânico

vivido durante ansiedade extrema é resultado de o indivíduo reagindo às suas emoções e identificando-

se com o aviso de um

Page 23: Fim Do Pânico 27

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―ataqueǁ‖, acreditando numa real e iminente ameaça física ou psicológica. Então o primeiro ponto para a

compreensão é que não há pânico se

não há ameaça.

Você percebe que há uma grande semelhança entre um ataque de pânico e uma volta em uma

montanha-russa? Os dois são experiências

estimulantes que excitam nosso sistema nervoso e aumentam nossa percepção corporal. A montanha russa, no entanto, não nos causa tanto

pânico, pois estamos bem cientes de que não corremos risco de vida e logo pararemos em segurança.

Esta é a mesma atitude que precisamos adotar ao enfrentarmos os ataques de pânico. O que difere é

apenas a nossa interpretação. Estamos procurando mudar essa interpretação. O que isto significa em

termos práticos? Significa que se você aceitar o medo e deixar as emoções e sensações correrem

livremente através de si, em vez de se fechar frente a um iminente ataque de pânico, seu medo

imediatamente diminui. As sensações que normalmente o apavoram, não passam disso, sensações, e

nada mais, como suor nas mãos, tontura, palpitações, falta de ar, etc. o incomodará. Sim, são

sensações desconfortáveis, mas o ponto-chave para esta abordagem é que elas não levam a um ataque

de pânico.

Não que você nunca vá se sentir ansioso; certo nível de ansiedade faz parte do dia a dia. A

diferença é que a sua ansiedade ocasional vai se desenvolver até uma experiência de maior ansiedade.

O sentimento esporádico de ansiedade é bom e vivido por todos. Sua nova resposta é colocar-se em

sintonia com todas as pessoas que nunca tiveram ataques de pânico porque seus sentimentos não se

desenvolvem até uma sensação exagerada e

irracional de medo.

Então por onde começamos? Já que não há perigo, não há ameaça real. Esta compreensão

simples, mas verdadeira, combinada com a técnica do

―Movimento Únicoǁ‖ descrita abaixo serão as ferramentas pelas quais você aprenderá a neutralizar os

ataques de pânico em segundos!

Vamos analisar, então, o primeiro passo para neutralizar um ataque de pânico.

Page 24: Fim Do Pânico 27

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- Abraçar e aceitar o medo para que as emoções corram livremente e se dissipem, ao invés de trancar-

se em um ciclo vicioso de ansiedade recorrente. Em outras palavras, observe e não reaja.

A faísca inicial que dispara um ataque de pânico origina-se a partir de um conflito interno, localizado,

normalmente, no fundo do nosso subconsciente. O que causou este conflito inicial é irrelevante, já que

varia muito para cada um

e é desnecessário saber disso para eliminar os ataques de pânico. De todo o jeito, visite um

psicoterapeuta e descubra a raiz da ansiedade, mas esteja ciente de que isto apenas lhe dará a

percepção do gatilho original, e não

necessariamente resultará na cura da sua condição. O que estamos

procurando é um reconhecimento consciente do ataque de pânico e uma nova

e mais forte resposta para ele quando surgir. Uma reação que anulará o ataque de pânico quando

estiver chegando e eliminará o padrão dos ataques recorrentes.

Durante os momentos iniciais de um ataque de pânico, você perceberá alguns padrões

familiares. Para muitos, pode ser simplesmente um sentimento de desconforto ou aperto no estômago,

uma respiração mais curta ou pressão no peito. Os sintomas normalmente começam em um nível muito

sutil,

algumas vezes horas ou dias antes do verdadeiro ataque, dependendo da

situação. Quando você sentir as sensações iniciais que geralmente

acompanham uma crise, pare o que estiver fazendo e, se possível, encontre

um lugar confortável para si mesmo e fique sozinho. Desta vez, porém, você

não está preparando a cena para entrar em uma batalha como antes, mas está preparando o espaço—

um espaço de aceitação para convidar e dar as boas vindas ao medo e à ansiedade.

Abrace o medo quando surgir dentro de você. Envie uma pequena mensagem mental dizendo que você

está feliz com a visita dele, você estará enviando um

―seja bem-vindoǁ‖ aconchegante. Envie uma mensagem de que você está convidando este sentimento

para dentro do seu corpo e sua mente. Trate-o

Page 25: Fim Do Pânico 27

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como um velho amigo que está vindo lhe visitar. Você o está recebendo mais perto para conhecê-lo e

observá-lo. Não é anormal estar se sentindo um pouco apreensivo a esta altura, já que esta nova

abordagem pode parecer estranha— convidar a ansiedade para que chegue mais perto. Você está na

verdade convidando e saudando o pânico que normalmente o perturba e assusta.

– Seja firme. Apenas observe enquanto o sentimento de medo surge e se aproxima.

Se você é do tipo visual, pode querer dar à ansiedade uma imagem mental como uma criança irritante

ou um personagem engraçado de desenho animado.

Deixe o medo tomar conta de você. Sinta toda e cada sensação em detalhes. Não estamos tentando

fugir do ataque de pânico desta vez—de fato, estamos na verdade tentando abraçá-lo completamente.

Mantenha-se com as sensações e as observe como se observasse uma onda no oceano enquanto ela

quebra e surge de novo por todo o seu corpo. O período

de tempo estimado para cada ataque de pânico individual é de cerca de vinte minutos.

Chegará uma hora em que você pode observar e experimentar até um ponto, e então ficará

impressionado, você pode querer lutar contra ou retirar-se em segurança. Isto é compreensível, pois as

sensações podem ser muito desconfortáveis. Entretanto, este é o ponto vital do processo. Sinaliza o

momento para o uso da técnica que fez toda a diferença na minha vida — o

―Movimento Únicoǁ‖. Neste momento-chave, quando você sentir que tudo está perdido e que não

consegue mais continuar a observar e experimentar as fortes sensações, identifique a fonte da sua

ansiedade e exija mais.

MAIS?

Page 26: Fim Do Pânico 27

Você está pensando, ―Só pode ser brincadeira!ǁ‖, ―Eu mal agüento isso, quanto mais uma dose extraǁ‖.

Exija mais! Grite se quiser, mas deixe sua ansiedade saber que você está fazendo uma firme exigência

de querer experimentar o pior que ela pode lhe oferecer! O pedido de mais é a mais poderosa

declaração que você pode fazer, em meio a um ataque de pânico com força total. Envia uma declaração

clara e forte que, por trás de tudo, você está desafiando o blefe do medo, você ainda está realmente no

controle e sempre esteve. Até então, você estava apenas observando. Como ao andar de montanha-

russa você estava se permitindo sentir aquela experiência, as sensações de medo. Você foi um

participante

pago e por vontade própria, não uma vítima. Agora você está conscientemente se movendo em direção

ao medo, exigindo que ele lhe mostre mais destas incomuns sensações físicas que você está passando.

Aqui estão algumas frases que você pode usar e repetir pra si mesmo:

―Sinto-me ansioso, mas agora me mostre como é estar muito, muito ansiosoǁ‖.

―Mostre-me como é sentir minha garganta e meu peito ainda mais apertadosǁ‖.

―Posso sentir meu estômago embrulhado, mas eu quero saber como seria se ficasse ainda pior,

consegue deixá-lo pior? Isto é o pior que pode fazer?ǁ‖

―Percebo todo o tipo de pensamentos assustadores passando pela minha

cabeça; torne-os mais rápidos, existem mais desses pensamentos

assustadores?ǁ‖

Esta exigência é algo que o medo não consegue cumprir. Você está voluntariamente se movendo na

mesma direção que as sensações, não dando chance para que o medo possa criar o conflito mental e a

ansiedade. Isto atinge a ansiedade em cheio, pois não há mais combustível para manter a

campanha do terror. O fusível que estava perigosamente perto de explodir em 26

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um ataque de pânico extremo é eliminado. A novidade é que esta atitude desafia o blefe do medo e é

neste momento que ele, até então controlando toda a experiência, revela a verdade por trás da situação

— desde o começo nunca houve nada a temer realmente. A ameaça era uma farsa. O ataque de pânico

fracassou, nunca houve uma ameaça real e tangível.

Seu medo não tem escolha, a não ser retirar-se. Você não lhe deu espaço para manobrar.

Pode ajudar exigir mais de uma maneira agressiva. As sensações, claro, são desagradáveis e ninguém

está tentando fingir o contrário—mas isto não tem que lhe impedir de experimentá-las por completo. Na

verdade você sempre as vivenciou por inteiro, mas desta vez está participando porque quer. O que

você está fazendo é declarando com confiança em si mesmo e, ao seu corpo, ser capaz de viver esta e

qualquer quantidade de ansiedade extrema que possa surgir em seu caminho porque você sabe a

verdade. Não há nada a temer. Eu sugiro mudança nestas últimas linhas, a idéia não está clara,

coerente.

Insista em pedir mais.

O medo não sabe como lidar com essa exigência; fica completamente confuso com essa nova

reação, não tem outra opção a não ser entrar em colapso consigo mesmo e desaparecer. O medo

alimenta a ausência do medo; Você está eliminando o combustível que move um ataque de pânico.

Agora

não há conflito, nada com o que alimentá-lo. Como medida extra (com o medo se extinguindo),

silenciosamente diga a ele: ―Isto é o melhor que pode fazer?ǁ‖ Convide-o a voltar! ―Fique, você não tem

mais nada com o que me

aterrorizar?ǁ‖ Enquanto vai embora—e ele irá—despeça-se dele e novamente mantenha aberto o convite

para que retorne. Você precisa acolher a ansiedade

para que ela retorne a fim de acabar com pensamentos prolongados de um

27

Page 28: Fim Do Pânico 27

28

retorno inesperado. Você está falando do medo ou da ansiedade? Parece-me que há uma diferença

entre esses sentimentos, apesar de semelhantes.

Quando feito corretamente, os resultados desta técnica são

instantâneos. Você sentirá imediatamente o momento decisivo e o sistema

nervoso parassimpático, do qual falamos anteriormente, entrar em ação restabelecendo a calma. É

como se você tivesse passado para o outro lado do medo com confiança renovada. Não houve abismos

nem penhascos para que você despencasse. Tudo não passou de uma série de sensações físicas.

Pode ser que você perceba o medo tentando voltar, ou seja, alguma coisa aterrorizante, como

um pensamento assustador passando pela sua cabeça. Não se preocupe. É apenas o ciclo de

encerramento da ansiedade. Não deixe que tome conta de você. Observe-o da mesma forma que antes,

como

se olhasse para uma nuvem passando no céu e deixe que vá embora. Lembre- se, observe e não reaja.

Mantenha-se firme e continue a observar seu corpo e sua mente. Fique tranqüilo sabendo que não

importa o que venha a surgir em seu caminho você sabe como resolver. Deixe que esta seja sua oração

diária.

―Posso lidar com qualquer situação que a vida coloque em meu caminhoǁ‖.

No início você provavelmente achará difícil acreditar em si mesmo para exigir mais, já que os

ataques de pânico podem ter minado sua autoconfiança. Isto é mais do que natural—você pode flagrar-

se pedindo mais e então imediatamente sair correndo com as mãos pra cima. Não deixe que qualquer

empecilho o preocupe. Pratique e pratique. Se você não conseguir resultados imediatos, continue;

quanto mais usar esta técnica mais você verá a força que ela tem. Com o tempo você chegará ao ponto

de sentir um ataque de pânico chegando e lhe dar as boas vindas, com todo o seu corpo e mente de

maneira sincera. Você entenderá, verdadeiramente, que não há nada com o que se preocupar. Você

pedirá mentalmente para que sua ansiedade entre — mas desta vez ela não aparecerá. Você já notou

que quando se sente relaxado não consegue provocar em si mesmo um ataque de pânico, não importa o

quanto tente? Tampouco consegue forçar a si mesmo para que se sinta empolgado ou

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29

radiante. Por mais força que empregue você não consegue fazer o seu corpo ter um ataque de pânico.

Agora você sabe o porquê. Mover-se em direção ao medo elimina a fonte que este exerce sobre você do

seu poder. Ambíguo: a fonte do medo ou sua fonte? Você provavelmente está pensando: ―De jeito

nenhum! Não vou pedir por mais sensações de pânico, conhecendo a minha sorte, é exatamente isto

que vou conseguir, finalmente chegarei e morrereiǁ‖. Você teme que se realmente pedir por mais medo,

mais ansiedade, esta exigência lhe criará mais problemas.

Confie em si mesmo. Confie na capacidade de seu corpo em lidar com a situação.

Aplique o que você leu aqui, pratique; será seu melhor aliado nos momentos mais assustadores.

Vamos usar um exemplo e colocar isto em prática.

Você está em um trem e acabou de sentar-se. Foi um longo dia; você está cansado e pretende dormir

durante o trajeto. O apito soa e a porta do trem se fecha com um som alto. Um pensamento de

ansiedade passa pela sua cabeça.

―E se eu tiver um ataque de pânico neste trem? Como irei superar? Não poderei descer do trem! ǁ‖

E então uma nova crise inicia-se. De repente seu peito sente um aperto; você percebe sua freqüência

cardíaca aumentar. Rapidamente olha em volta. Algum rosto amistoso para que você possa se

consolar? Nenhum. Os sintomas iniciais de um ataque de pânico começam. E aí vamos nós,

analisaremos primeiro a forma com a qual você vem lidando com isto:

À medida que sua freqüência cardíaca aumenta você fica nervoso. Deve ter aprendido algumas técnicas

de respiração e então você as coloca em prática. Um dos problemas com as técnicas de respiração,

apesar de serem úteis, é

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30

que os resultados nunca parecem ser rápidos ou evidentes o suficiente. Portanto, são raramente

executados até o fim e mantidos. Muitas pessoas não gostam de concentrar-se em sua respiração, pois

sentem que isto apenas causa uma sensação de sufocamento e mais intensidade de quê? Não fica

claro.

Então a respiração parece não estar funcionando. Provavelmente sua próxima ação é levantar-se e dar

uma volta. Entrar no banheiro, por exemplo, onde você pode ficar sozinho. Levantar-se e caminhar faz

com que você se sinta menos encurralado. Você fecha a porta do banheiro e senta-se no vaso.

Sente-se um pouco melhor. É bom estar sozinho—longe de qualquer um que possa vê-lo em desespero

e fazendo papel de bobo. O problema é que você está começando a se sentir encurralado novamente e

não há mais lugares para aonde correr. Você procura em seu bolso e pega seu relaxante de emergência

para ataques de pânico. Não precisa ser necessariamente um medicamento; talvez uma pequena

garrafa de bebida alcoólica ou até mesmo

um rosário. Qualquer que seja a sua supressão, isto é o melhor que você pode fazer. Caso contrário

você terá que usar a última estratégia de superação— puxar a corda de emergência e saltar do trem.

Esta situação, como a maioria dos ataques de pânico, é de agravamento da crise e exaustão das

técnicas de superação.

Agora vamos tentar o mesmo cenário com a nova compreensão:

Quando você ouve a porta do trem se fechar, os pensamentos amedrontadores

surgem desta vez, você não reage com terror, mas simplesmente

observando—talvez uma leve excitação, já que lhe será oferecida uma nova

oportunidade de aprender mais sobre seus ataques de pânico.

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Não estou dizendo que você não vai ter medo—isto é algo inevitável. Mas a diferença é que seja qual for

as sensações que você vai experimentar, irá se dedicar a elas. Você é um sobrevivente.

Seu coração está batendo mais rápido agora e você percebe sua respiração se tornado curta e rápida.

Você decide continuar sentindo tudo isso—cem por cento. Uma idéia o arrepia e lhe diz para se levantar,

andar por aí, ir ao banheiro. Você decide que não. Diz a si mesmo que caso se torne realmente intenso,

talvez considere isto como uma última opção. Mas por enquanto, você resistirá onde está.

Você está agora no momento de um ataque de pânico. Está ouvindo seus pensamentos apavorantes e

mal sente as estranhas sensações físicas. Está satisfeito consigo mesmo. Percebe que está surfando na

onda de ansiedade e nem mesmo começou a usar as técnicas de superação. Então ela se intensifica.

Você começa a sentir um medo extremo em seu estômago, enquanto seu braço esquerdo parece ser

espetado por alfinetes e agulhas. Você está atingindo o clímax da ansiedade. Examina todas as suas

opções— grite, fuja ou peça mais. Então é isso que você faz—pede mais. Na verdade você exige, com

firmeza, que o pânico aumente até que você experimente a abrangência total da emoção. Alguns

segundos se passam. Sem aumento algum, você pede novamente—e mais uma vez, nada. Na verdade,

as coisas começam a se acalmar. Seu coração não está acelerado como antes, o seu peito parece de

alguma forma mais leve. Está chegando ao fim. Agora pode realmente sentir-se confiante! Você não só

atravessou um ataque de pânico, mas também o acompanhou e o vivenciou por inteiro. Manteve seu

território, não de maneira agressiva, mas como um explorador, buscando sentir toda a extensão de suas

experiências. Não ficou medo algum de um novo ataque de pânico em sua viagem de trem porque você

está seguro de que caso apareça, irá suportá-lo como o anterior. Você fecha os olhos e relaxa confiante

em seu assento.

Page 32: Fim Do Pânico 27

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O que você está fazendo é encarando o medo sem confrontá-lo. Você está convidando-o à sua vida,

tornando-o seu, dominando-o.

É uma reviravolta total em tudo que já foi ensinado anteriormente. Normalmente nos dizem para

combatermos as crises usando técnicas de superação e após um significativo período de tempo, você

vencerá sua ansiedade. Contorne esta abordagem submissa. Vá para a linha de chegada. Tente o

oposto total—auxilie seu medo, e então observe sua ansiedade perder a força rapidamente.

Esta não é de maneira nenhuma uma técnica nova. Podemos ver como isto foi aplicado no passado em

diversas áreas na busca de uma vida bem-sucedida.

As milenares artes marciais chinesas como o aikidô, usam esta abordagem como autodefesa.

Quando estavam frente a um agressor, os praticantes que iniciavam nestas escolas de defesa eram

ensinados que a melhor de todas as maneiras para se defender era nunca reagir, em primeiro lugar.

Simplesmente observe e se afaste. Caso um ataque persista depois de se ter tentado o caminho da não

resistência, era ensinado aos iniciantes movimentos como o bloqueio das mãos, para canalizar a

energia do agressor de uma forma inofensiva e deixar que siga seu caminho. Eventualmente o agressor

(após ir ao chão por muitas e muitas vezes) desiste e recua. Ele se torna inofensivo. O perigo foi

desarmado.

Descrevo o medo de forma simples—como uma força externa, um invasor que vem visitar. A

verdade é que fomos nós quem criamos tudo—um jogo com nós mesmos. O medo é uma reação

exagerada às sensações corporais. Quero destacar o fato de que isto não é apenas um processo onde

simplesmente se observa a ansiedade ou, usando um termo popular, ―fluindoǁ‖ com a ansiedade. O

método de aceitar e observar é mencionado e usado em outras abordagens cognitivas de como lidar

com a ansiedade, mas se realiza apenas o primeiro passo da técnica do Movimento Único.

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Por si só, a observação não chega nem perto de ser forte o suficiente para parar o ataque em

seu andamento. Apenas observar é como sentar imóvel em uma cerca. É uma posição de neutralidade,

embora você possa ter notado, no passado, que permanecer neutro em direção à ansiedade não é algo

comum. Para realmente eliminar de vez os ataques de pânico você

precisa de um elemento extra. Você precisa de ação. Esta ação é interna e em direção à ansiedade e

aos ataques de pânico. Pedir por mais é uma destas ações. Devido à sua natureza simples, é um

conceito muitas vezes descartado ou negligenciado pelos médicos.

Não se confunda com o jargão acadêmico usado para explicar seus distúrbios de ansiedade. O

que os psicólogos e médicos não explicam a você é que o mecanismo da ansiedade não é um problema

complexo. Sim, os problemas em sua vida ou as reações químicas do seu corpo que ocasionam a

ansiedade inicial podem ser complexos, mas ser capaz de entender e desarmar o mecanismo da

ansiedade não é um processo complexo. ―Os 33 Passos para Livrar-se da Ansiedadeǁ‖ não é uma

solução. É simplesmente uma lista elaborada de habilidades de superação. Você só precisa de um

passo, um movimento voltado para o âmago da ansiedade. Esta mudança de pensamento

vai levar-lo aos resultados que está procurando. Lembre-se, a ansiedade não é algo

lógico. Olhe para os medos que passam pela sua mente; eles não têm

fundamento para serem validados, nem apresentam razão ou estrutura.

Os ataques de pânico são totalmente ilógicos; não fazem sentido. Não há ameaça e mesmo

assim você teme as sensações. O que você precisa é uma solução igualmente ilógica. Neste caso,

significa fazer o contrário do que a sua mente lógica tem tentado fazer todo esse tempo ao lutar contra a

ansiedade.

Você precisa adotar o Movimento Único.

Resumindo, os passos discutidos são os seguintes:

1. Quando o pânico chega onde quer que você esteja, simplesmente comece a observá-lo. Não

tente evitar ou suprimir as sensações físicas.

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2. Participe o máximo possível da experiência, sinta todas as sensações enquanto elas percorrem

seu corpo. Não rotule as sensações como boas ou ruins.

3. Quando parecer que o pânico vai sair do controle e sua confiança na capacidade de observar o

medo sumir utilize o ―Movimento Únicoǁ‖ convidando seu corpo a experimentar mais. Exija mais

das estranhas sensações.

4. Mantenha. Repita o processo; continue movendo-se em direção ao medo pedindo por mais. Em

pouco tempo seu corpo voltará ao normal.

O que acontece quimicamente quando você tem um ataque de pânico é que você pensa ‗estou em

extremo perigo‘. Este pensamento ativa suas sinapses nervosas e lança a reação de lutar ou fugir. O

pensamento original que provoca

todo o processo vem das sensações físicas incomuns que falamos

anteriormente. O que causa esta sensação inicial varia de pessoa para pessoa.

Para alguns são problemas emocionais mal resolvidos, para outros é a alimentação ou mudanças no

corpo. As causas ou origem das sensações não são o que nos preocupam agora; é a nossa reação a

estas sensações que causam a ansiedade e o pânico.

Então o pensamento dispara em sua cabeça que algo está fora de controle. Que algo realmente

ruim está prestes a acontecer e você pode vir a sofrer

algum dano terrível ou até mesmo o pior de todos os males, irreversível – a morte. Estes pensamentos

aterrorizantes ativam o fusível de um iminente ataque de pânico.

-Você anula esta ameaça imediatamente tirando a força destes pensamentos assustadores.

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-Você tira a força destes pensamentos usando o Movimento Único. Embrulhe sua cabeça com esta

técnica e vá com tudo.

A diferença principal entre os que se curam dos ataques de pânico e os que não conseguem é na

verdade muito simples. Os que conseguem Não têm medo

dos ataques de pânico. Eles vêem as sensações físicas como sensações e não como algo para se

assustar. Estou lhe mostrando como se tornar uma destas pessoas.

Aqui está outra interessante maneira de analisar a técnica do Movimento Único:

O truque para acabar com os ataques de pânico e ansiedade é querer ter um. -

o desejo o manda embora. Você consegue ter um ataque de pânico neste exato segundo? Tente com

afinco, aposto que não consegue. Você já ouviu o ditado

‗àquilo que você resiste, persiste‘. Bom, este ditado aplica-se perfeitamente ao medo. Se você resiste à

situação ou foge, o medo em questão persistirá. Como parar de resistir – vá imediatamente a sua

direção e ao fazer isso, ele não conseguirá persistir. Na essência, isto significa que se você diariamente

buscar um ataque de pânico, de forma voluntária, você não consegue tê-lo. Você pode não perceber,

mas sempre decidiu entrar em pânico. Você faz a escolha ao pensar ‗isto é além do meu controle‘, ‗algo

terrível está prestes a acontecer‘.

Para usar uma analogia visual; imagine que ter um ataque de pânico é como ficar à beira de um

precipício. A ansiedade parece estar lhe empurrando para mais próximo da beirada. Cada uma das

sensações incomuns confirma que algo terrível está para acontecer e você se sente cada vez mais perto

do limite do abismo. Restam-lhe duas opções nesta situação.

1. Você pode dar a volta e lutar para conseguir um caminho de recuo a um território seguro usando

as técnicas e estratégias de superação que você aprendeu anteriormente. Pode procurar

conforto em um amigo ou tomar

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uma dose de medicação a fim de ajudá-lo a sentir-se melhor.

Basicamente você luta.

2. Ou dois. Você usa a minha técnica. Bravamente você pula!

Para ficar realmente livre do medo você deve metaforicamente ‗pular‘. Deve saltar do penhasco que

tanto o assusta para dentro das coisas que você mais teme.

Como pular – Você pula chamando mais medo.

Sua segurança garantida é o fato de que um ataque de pânico nunca lhe machucará. Isto é um fato

médico. Você está seguro, as sensações são violentas, mas nenhum dano lhe será causado. Seu

coração disparou, mas nenhum mal lhe acontecerá. O pulo nada mais é do que uma queda de meio

metro! Você tem todos os arreios de segurança que precisa, pois nunca teve nada a temer, em primeiro

lugar. O abismo que havia à sua frente era uma ilusão. Confie nesse conhecimento medico, assegure-se

disto – pense em todos os ataques que teve que enfrentar e atravesse para o outro lado.

Então agora vamos tratar cada uma das situações de ansiedade de maneira diferente. Você

regularmente procura os ataques de pânico como um aventureiro. Esta busca pela ansiedade aplica-se

quando você se vê em meio a um episódio de ansiedade, mas também ajuda a fazê-lo quando está se

sentindo bem e descansado. Comece agora e o faça durante o resto do dia. Saia de casa desejando de

verdade que você tenha um ataque de pânico! Parece um pouco maluco, mas tente. Sinta como esta

nova forma de pensar o fortalece. Até agora você temia sua chegada, mas agora você a está buscando.

O medo não tem onde se esconder agora que os papéis se inverteram.

Quero que você pense na ansiedade como uma bolha que nos cerca. Quando estamos dentro

desta bolha de medo, nossa percepção das coisas muda e sentimos nosso mundo ficar cada vez menor.

Sentimos-nos literalmente

Page 37: Fim Do Pânico 27

37

desconectados do mundo que nos cerca enquanto o olhamos através dessa bolha de medo. A bolha de

medo distorce os cenários do dia a dia. Para alguns, uma tarefa simples como fazer compras pode se

tornar uma experiência aterrorizante.

Usar o ―Movimento Únicoǁ‖ como descrito acima é bastante eficiente porque é como pegar um

alfinete e estourar a bolha. Pop!—Explode a ilusão de uma ameaça real. O alfinete nesta situação

imaginária é vontade ou desejo de desafiar o ataque de pânico, exigindo mais, pagando pra ver. É a

confiança que você tem dentro de si mesmo que o faz sair da bolha de medo em direção à vida.

Pânico Fora, você está nas mais seguras das mãos!

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38

Capítulo 4

Neste capítulo, quero lhe dar alguns exemplos de como o Movimento Único pode ser aplicado em várias situações na vida real. Pode ser que você tenha uma situação específica que lhe causa pânico e não está certo de como a técnica pode ser aplicada apropriadamente. Espero que este capítulo esclareça algumas questões.

Dirigindo com a Ansiedade

Uma das perguntas mais comuns que me fazem é como aplicar a técnica do Movimento Único

para superar a ansiedade quando se está dirigindo. Desde o medo se per pego no trânsito até o de ser

pego ao atravessar pontes, as

pessoas temem muitas coisas diferentes nesta área. Muitas vezes a ansiedade

se origina a partir do medo de ficar preso no veículo durante um

engarrafamento ou de perder o controle do carro e causar uma batida.

Não é necessário dizer que, embora tenham lutado contra a fobia de dirigir por muitos anos,

quase todas as pessoas que aconselhei não viram seus medos de um acidente se concretizar. Vamos

analisar o medo primordial, de sofrer um acidente devido às distrações de um ataque de pânico

enquanto dirige. A maioria das pessoas acaba provocando em si mesmas um estado de ansiedade

extrema antes mesmo de tirarem o carro da garagem, imaginando situações onde ―surtamǁ‖, batem em

outro veículo e causam acidentes

envolvendo vários carros. Se você tem estas preocupações, a primeira coisa importante para

começar é uma revisão do seu histórico como motorista. Você

já foi um motorista irresponsável no passado? Você tem histórico de dirigir mal? A maioria dos que tem

fobia de dirigir na verdade não tem nenhum registro de problemas no trânsito e nem mesmo estiveram

em um pequeno acidente. Motoristas ansiosos não são um perigo mortal na estrada; pra ser sincero eles

podem ser mais alertas do que muitos motoristas comuns que depois de um longo dia no trabalho estão

verdadeiramente sonolentos ao volante.

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Conforme discutimos anteriormente, quando olhamos para a biologia da ansiedade, em virtude

da sua condição, um motorista ansioso tem um alto nível de percepção sensorial. Este nível de

percepção o mantém alerta para quaisquer potenciais perigos e concentrado na tarefa de dirigir, sem

sonhar acordado, conversar ou fuçar o porta-luvas. É claro que isto não quer dizer que dirigir ansioso é o

jeito ideal de ir para o trabalho, mas acredito ser importante

ressaltar este ponto já que muitos se punem por ficarem ansiosos em seus carros. Se você é, de uma

maneira geral, um bom motorista, então antes de entrar em seu carro tenha confiança nisto e reafirme

este fato para si mesmo. Tendo certeza e reafirmando que você é um motorista capacitado vai de

alguma forma suavizar esta preocupação. Esta auto-afirmação, junto à ―técnica do Movimento Único

para motoristasǁ‖ (abaixo) o ajudará a ser novamente o motorista confiante que foi um dia.

A segunda maior preocupação da maioria dos motoristas fóbicos é o medo de ficar preso no

carro de alguma maneira. Quero dizer, ser pego no tráfico,

numa Estrada de três pistas engarrafada, em pontes muito longas ou mesmo ao parar no sinal vermelho.

Quando permitida, a mente acompanhará este medo e imaginará todos os tipos de situações mortais

onde você pode vir a sentir-se encurralado ou preso em seu veículo sem nenhuma assistência caso

tenha um grande ataque de pânico.

O importante aqui é conter estes medos antes que criem raízes, oferecendo a si mesmo

soluções viáveis para qualquer uma destas situações e não deixar que sua cabeça o engane fazendo-o

acreditar que há uma armadilha a sua frente. Pense um pouco. Existe realmente alguma situação, como

as descritas acima, onde você está preso e sem maneira alguma de escapar?

Não, é claro que não.

O tráfego sempre se movimenta, o engarrafamento não dura para sempre. Existe fluxo e sempre há uma

saída. Isto pode significar ter que descobri-la saída por conta própria, mas nunca deixe que estes

pensamentos o encurralem e o façam pensar que não há escapatória. Quando você contra-ataca estes

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medos com soluções lógicas, mina o controle que ele tem sobre você. Você começa a enxergar o blefe

usado para mantê-lo apavorado com o que pode potencialmente acontecer no tráfego. Sua mente pode

se rebelar e criar o pior cenário possível, mas de novo, esta é realmente a armadilha apavorante que

você imaginava? Tome cuidado para não deixar que estes pensamentos prendam a sua mente. Todos

os dias os carros das pessoas quebram no trânsito. Estes motoristas não têm opção senão ligar as luzes

de emergência e sair do veículo. Não vai a lugar algum. Aí está, esta é uma saída, embora seja extrema.

Entretanto, ao usar a minha técnica nunca será preciso chegar a este ponto. Na verdade você aprender

como dirigir pode mais uma vez ser uma experiência agradável.

O Movimento Único para Motoristas

Irei mostrar como aplicar o Movimento Único em situações onde se está dirigindo. Neste caso

estamos procurando neutralizar o ataque de pânico enquanto se dirige um carro. Ao conduzir um

veículo, o procedimento é exatamente o mesmo de quando se usa o Movimento Único conforme foi

descrito no capítulo anterior, exceto o fato de existir um grau necessário de precaução. Eu explicarei.

Sugiro que você comece saindo de carro na prática, possivelmente à noite ou no Domingo

quando o tráfego é menor. Siga uma rota que o deixe ansioso; talvez isto signifique ir além da sua zona

de segurança ou dirigir sobre uma

ponte. Caso sinta-se muito nervoso, comece com um teste mais fácil. O importante, porém, é desafiar a

si mesmo com um caminho que ao menos lhe cause algum grau de preocupação. Não levará muito

tempo em sua viagem para que a ansiedade comece a se manifestar. Esta ansiedade pode ser baixa,

mas se dirigir é realmente um problema, ela se manifestará gradualmente até os sentimentos de pânico.

Ao sentir que o pânico surge, comece encorajando as sensações. Perceba o quão ansioso seu

corpo se sente. Tenha interesse nas sensações incomuns

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que percorrem seu corpo e comece forçadamente a encorajar os ataques a aumentarem a força. Você

está agora desafiando a ansiedade a se revelar. Entre na ansiedade o máximo possível. Seu

treinamento consiste em sair de carro

para um ―passeio testeǁ‖ na esperança de ter um ataque de ansiedade. Esta é a sua meta. Antes mesmo

de sair de casa você está caçando a ansiedade ao se preparar para a viagem, propositadamente. É uma

mudança de situação porque quando se sente ansioso, você normalmente prefere nem pensar em

dirigir. De início, os passeios para praticar podem ser feitos com outra pessoa, mas após algum tempo

eu recomendo fazê-los sozinho, pois é assim que a verdadeira independência e liberdade são

encontradas. Se você sempre pratica com outro indivíduo, pode formar a idéia de que é o seu

passageiro quem faz com que se sinta seguro e não a nova confiança que encontrou.

Existem algumas coisas que você precisa cuidar quando praticar. Tenha certeza de estar

dirigindo a uma velocidade segura e mantenha a concentração na Estrada e no tráfego. Se você sentir-

se tonto e desmaiar é melhor encostar e continuar com o Movimento Único com o carro estacionado; de

qualquer forma você está perfeitamente seguro. Está seguro porque, na verdade, está em um elevado

estado de percepção e, mantendo uma velocidade baixa, não

representa perigo para si mesmo nem para outros carros. Está seguro porque as sensações estranhas

nada mais são do que isto, ―sensaçõesǁ‖; não causará mal algum. Os pensamentos em sua cabeça que o

aterrorizam são meras ilusões.

Quando voltar para casa depois de um passeio bem-sucedido, você pode se ajudar mantendo

um diário para acompanhar seu desempenho. Auxilia a reafirmar como você está progredindo bem e

caso tenha um dia ruim na

estrada, será capaz de retornar ao diário e lembrar que está verdadeiramente fazendo progressos.

Tente afirmar para si mesmo que você está indo bem. Podemos ter uma

ótima semana, um dia ruim e de repente é como se os seis

dias bons nunca tivessem existido! Então tente se concentrar no sucesso para que ele cresça e se

expanda pela sua vida. Isto se aplica a qualquer situação em que você tente superar a ansiedade.

O Movimento Único lhe dará a capacidade de encarar o medo de qualquer situação na estrada.

Mover-se em direção ao medo cancela a força ou o impacto

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da ansiedade. Isto requer um pouco de prática, mas como eu digo, alguns passeios como teste durante

horas de pouco tráfego é o melhor a se fazer.

Para terminar, gostaria de dar algumas afirmações que você pode usar enquanto dirige. Podem

ser repetidas silenciosamente ou em voz alta e o ajudarão a manter a mente relaxada e centrada,

permitindo que você

concentre-se em dirigir bem.

―Sou um motorista competente e sempre chego a meu destino de forma seguraǁ‖.

―Sou calmo, alerta e tenho controle total enquanto dirijoǁ‖.

Estudo de Caso

O Medo de Dirigir de Lindsey

―Meu medo de dirigir estava debilitando minha vida. Dirigir em pistas movimentadas, especialmente auto-

estradas, freqüentemente me levava aos ataques de pânico. Começava com um pensamento trivial

normalmente sobre alguma história de horror nas estradas que eu tivesse ouvido recentemente. Então

meu corpo respondia com batidas do coração mais rápidas, respiração superficial, o show completo. O

próprio fato de o meu corpo estar ficando nervoso ligava o medo de que eu tivesse um dos meus

infames ataques de pânico. Não era incomum para mim, ter que ligar para meu marido e pedir que ele

viesse me resgatar!

―Era impossível parar de dirigir. Tenho crianças para levar à escola todos os dias da semana e o único

jeito de fazer isso é comigo dirigindo. Tenho certeza de que eles adorariam se eu dissesse: ‗Sinto muito

crianças, nada de escola por hoje; sua mãe está com medo demais para levá-los‘. Mas é claro que esta

não era

uma opção. Eu lutava com este medo demoníaco todas as manhãs e, muitas

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vezes, sentia que estava perdendo. Estava me esgotando e me tirando o sono, pois eu não dormia

pensando em ter que dirigir no dia seguinte.

―Existem dois jeitos de se chegar à escola. Um é a auto-estrada, o outro, muito mais longo, faz uma volta

que é um completo desperdício de tempo. De acordo com o que estava sentindo, saía extremamente

cedo para fazer o caminho mais longo se estivesse um pouco tensa, ou no mesmo horário que as outras

mães da vizinhança, caso me sentisse corajosa. Chegou a tal ponto que meus filhos já estavam

percebendo.

‗Caminho mais longo hoje; mamãe não deve estar se sentindo bem‘.

―Algo precisava ser feito. Comecei pesquisando na Internet e me deparei com o programa Pânico Fora.

Levou um tempo até que eu entendesse por inteiro o que estava sendo ensinado pela técnica do

Movimento Único e realmente não fazia idéia de como aplicá-la nas idas à escola. Mas após algumas

leituras, devo ter tido um estalo. Acho que começou comigo perdendo a calma com este medo

demoníaco. Por mais embaraçoso que seja eu literalmente gritei ‗Vem com tudo!

‘ como eles falam nos filmes. ‗Se você vai me aterrorizar por toda a minha vida enquanto eu dirigir, então

venha e faça o pior que puder‘.

―Foi realmente assustador e surpreendentemente fortificante, como se estivesse tirando um peso do meu

peito. Saí de casa na manhã seguinte com a mesma postura. E pela primeira vez em anos, encontrei-me

dirigindo pela estrada com um senso de calma resignação. Analisando agora, era resignação ao fato de

que se tivesse o enorme e terrível ataque de pânico que sempre tive, eu simplesmente aceitaria! ‗Isto

não vai me matar, portanto se não vai me matar,

que diabos! É melhor deixar-me levar as crianças à escola e continuar com

meus afazeres diários‘. Esta linha de pensamento mais tarde se desenvolveu em ‗Se isto não vai me matar é melhor que caia fora ao invés de eu ter que viver com isto pelo resto dos

meus dias‘.

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―Uau, que reviravolta! Tive realmente um estalo. Sim, eu senti os mesmos formigamentos e as mesmas

palpitações estranhas durante semanas, mas agora eu realmente não me importo. Minha postura mudou

totalmente, de se sentir apavorada para simplesmente não me importar. É quase como se eu tivesse

cansado da explosão dos ataques de pânico e não tolerasse mais os medos. Não tenho certeza se esta

é a verdadeira interpretação do Movimento Único, mas é o que eu tirei dela e realmente funciona para

mim.

―Agora dirijo com confiança e com uma vaga lembrança de me sentir assustada. Não vou dizer que não

há estresse algum, o barulho, o tráfego, etc., mas acho que isto significa que estou de volta ao mesmo

patamar que qualquer outro motorista por aíǁ‖.

Medo de Sair de Casa

Existem fobias ligadas à experiência de se ter ataques de pânico e existe a agorafobia. A

agorafobia é o medo de lugares abertos ou de locais públicos lotados, como supermercados. É um medo

associado ao fato de sair de uma zoa segura, como a sua casa.

Devido a um sentimento de vulnerabilidade, as pessoas que

experimentam este medo, mesmo freqüentemente têm ataques de pânico

nestas situações ―abertasǁ‖. É correto dizer que muitas pessoas que têm ataques regulares de pânico

experimentam diferentes graus de agorafobia. Alguns apresentam um longo histórico de ansiedade por

medo de sair de casa e ter um ataque de pânico. Outras pessoas ficam tão paralisadas pelo medo que

acham muito difícil sair de casa mesmo por um curto período de tempo. O pensamento por trás da

agorafobia normalmente segue a mesma linha de um ataque de pânico. Quem irá cuidar da pessoa,

como conseguirá a assistência e segurança que precisa? A vulnerabilidade cresce a partir do sentimento

de que, uma vez que as vítimas da agorafobia são pegas pela ansiedade, repentinamente

tornam-se incapazes de cuidar de si mesmas e dependem da compaixão de estranhos. Em seu grau

máximo a agorafobia pode levar as pessoas a se

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confinarem em casa por vários anos. Por favor, observe que isto não é de maneira nenhuma algo sem

salvação e eu sempre preciso reforçar o fato de que só acontece se a pessoa realmente acreditar que é

o caso. O Movimento Único tirou muitas pessoas da agorafobia e as devolveu uma vida ativa.

O primeiro assunto a ser discutido é a crença na zona de segurança. Para esclarecer, quando

falo sobre zona de segurança, refiro-me ao lugar onde se pensa que os ataques de pânico não

acontecem, ou pelo menos com menos freqüência. Por ser um lugar confortável é onde a pessoa tende a

passar cada

vez mais tempo. A zona de segurança da ansiedade é um mito sustentado pela mente. A mente

desenvolveu o hábito de que ordenar o indivíduo a permanecer dentro da zona de segurança é a única

maneira de mantê-lo seguro.

Se a agorafobia é um problema para você, observe como a sua mente cria razões para acreditar

que um determinado espaço é seguro e outro não. Essas razões podem variar desde estar perto do

telefone ou pessoas em quem você confia até permanecer em ambientes familiares que o tranqüilizem.

A realidade da ansiedade é que não há uma zona de segurança. Não há nenhum risco de vida em um

ataque de pânico e, portanto, sentar-se em casa é o mesmo que se sentar sob as estrelas ou em uma

ilha deserta. Claro que sua cabeça vai imediatamente lhe dizer que uma ilha deserta é um lugar ridículo

para se estar, pois não há hospitais, tranqüilizantes, NEM SEGURANÇA.

Você precisa rever suas experiências anteriores com ataques de pânico. Você não continua aqui, vivo e

bem, depois de todos estes ataques onde tinha certeza que morreria?

Em algumas ocasiões você pode ter dirigido até um hospital onde foi medicado e se acalmou,

mas você realmente acha que não teria sobrevivido se não fossem pelas drogas? Teria. Se o mesmo

ataque de ansiedade tivesse acontecido em uma ilha deserta também passaria, mesmo estando

totalmente sozinho. Sim, quando se trata de condições que necessitam de cuidados médicos como

asma, diabetes e tantas outras doenças, ter assistência médica por perto é uma grande vantagem, mas

nenhum médico no mundo diria a

alguém com ansiedade que existem apenas lugares específicos onde se pode ir.

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Sei melhor do que ninguém o quão assustador pode ser sair da sua zona de segurança

enquanto o sentimento de medo surge por dentro, e não é minha intenção parecer rude. Este curso não

pretende castigar ninguém pelo seu comportamento. É uma maneira de analisar conjuntamente as

soluções e enxergar a verdade por trás dos mitos que aprisionam. O objetivo é permitir que

você retorne a uma vida mais rica e significativa. Também percebo que as pessoas

ao seu redor não entendem por que uma ida ao shopping lhe causa

tanto desconforto. Você terá que perdoá-los e tentar não se aborrecer por sua falta de compreensão do

problema.

Se um indivíduo com um parceiro ou um membro da família não teve um problema de

ansiedade parecido, pode achar difícil entender e aceitar o que

você está passando. Tenho certeza de que você já foi arrastado de sua casa inúmeras vezes contra sua

vontade, chutando e gritando. Isto provoca tensões e brigas e o deixa chateado, pois o faz sentir

incompreendido pelos que o cercam. As pessoas próximas aos agorafóbicos estão simplesmente

tentando fazer o que julgam ser o melhor. Se você conseguir ver que suas atitudes são bem

intencionadas (apesar de errôneas) será capaz de se relacionar melhor e ajudar

a apaziguar potenciais conflitos. Há algo de que tenho certeza, você concordará que é o fato da única

pessoa capaz de tirá-lo do seu pensamento agorafóbico é você mesmo. Estes pensamentos são seus e

somente você pode mudar esses padrões. Lidar com a agorafobia a longo prazo, é um processo lento

para começar, mas assim que os resultados começam a aparecer, ficam cada vez mais rápidos até

chegar a um ponto em que você achará difícil acreditar que sair de casa era uma tarefa tão difícil.

Estudo de Caso Agorafóbico

A ‗Movimento Único‘ de Sylvia

Page 47: Fim Do Pânico 27

47

―Minha utilização do Movimento Único era na verdade bastante simples. Vejo a técnica como a mudança

de uma vida de restrições para uma de liberdade e confiança. Fiquei confinada à minha casa por cinco

anos. Eu conseguia funcionar em certo nível por que tinha um marido e filhos que faziam coisas para

mim,

mas por dentro eu estava realmente morrendo. Estava brava comigo mesma por não ser corajosa e me

sentia presa por uma fobia que iria durar até o fim dos meus dias. É realmente muito deprimente quando

não se consegue enxergar uma solução.

―Meu problema surgiu a partir de uma ansiedade geral até chegar ao medo de ser pega na rua por um

ataque de pânico. Qualquer lugar fora de casa me deixava extremamente ansiosa. Até mesmo caminhar

até o fim da rua se tornava um problema.

―Não tenho certeza de como esta fobia se tornou tão ruim, mas foi somente quando cheguei ao fundo do

poço que decidi parar de viver desta maneira. Meu casamento estava sendo prejudicado e não tenho

certeza o quanto duraria se eu não tivesse derrubado a agorafobia. Eu precisava de uma solução.

―Meu marido me apoiava bastante, mas sei que lamentava ter perdido a mulher confiante com quem

tinha se casado anos atrás. Quando olho pra trás agora, vejo que estava vivendo uma vida vazia. Tinha

me feito prisioneira, não da minha casa, mas da minha cabeça. Meus pensamentos eram meus

carcereiros

me ameaçando de que se eu tentasse fugir, sofreria as conseqüências. Acontece que depois da fuga a

conseqüência era a liberdade!

―Foi a raiva, mais do que qualquer outra coisa, que é motivo a pesquisar e eventualmente comprar o livro

Pânico Fora. Li o material e inicialmente não

fiquei muito empolgada. Acho que estava procurando um método que não desse trabalho e que me

permitisse apagar todas as memórias de medo que tinha – uma pílula mágica. Depois de lê-lo mais

algumas vezes eu o guardei e não voltei a ele até chegar ao fim da minha sagacidade.

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―A primeira vez que decidi usar a técnica foi em um passeio pelo shopping. Fazia um tempo que

planejava comprar cortinas e queria fazê-lo eu mesma. Cheguei ao shopping com meu marido,

assustada, mas empolgada por que hoje seria diferente. Eu podia sentir. Comecei conversado com o

medo conforme me foi ensinado, sem reagir às suas vozes assustadoras, apenas observando e o

tratando como se tivesse cinco anos de idade.

―Quando o pensamento de um iminente ataque de pânico apareceu, vi-me prestes a entrar numa crise.

Já ia começar a dizer a mim mesma ―Vou morrer se não chegar em casaǁ‖. Este tipo de pensamento era

exatamente o que me mantinha prisioneira o tempo todo. Que absurdo. Dei meia volta e disse, ‗NÃO,

pode vir! Venha pânico, vamos nessa. Mostre-me o pior que puder e seja rápido, tenho cortinas para

comprar‘.

―Nada.

―Vamos logo com o pânico, a sensação de morte, etc., etc. Não tenho o dia todo‘.

―A bolha estoura ali mesmo. Eu era agora a professora escolar mantendo as crianças indisciplinadas

(meus pensamentos) sob meu controle. Isto me dava forças. Terminei a ida ao shopping sem problemas,

voltei para casa e comemorei com meu marido tomando uma taça de vinho.

―Minha recuperação completa não foi imediata. Levou mais algumas saídas, junto com algumas derrotas,

até que eu encontrasse meu próprio caminho. Logo comecei a acordar de manhã e pensar aonde

gostaria de ir aquele dia. Antes do que eu imaginava, estava viajando por conta própria.

―Espero poder inspirar outros leitores que vivam algo semelhante, de que a coisa mais importante a se

lembrar é que há esperança. Não deixe estes

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pensamentos encurralá-lo e fazê-lo pensar que este é o único lugar seguro. Isto não é verdade. Não é

mesmo.

Medo de Voar

Voar é muitas vezes uma experiência que causa ansiedade nas pessoas comuns, então é

compreensível que seja um difícil desafio para quem tem ansiedade extrema e ataques freqüentes de

pânico. Demonstrarei como aplicar

o Movimento Único para subjugar o medo de voar, além de se sentir confiante e seguro quando

enfrentar vôos de curta e longa distância.

A maioria daqueles que têm ataques de pânico, normalmente, não teme uma falha mecânica do

avião, mas uma falha em si mesmo, ou seja, um incidente abrupto de perda de controle durante o vôo.

Isto acontece porque a pessoa que tem ataque de pânico sente-se carregando uma bomba interna capaz

de explodir a qualquer momento e afundá-lo no pânico. Se esta ―bomba internaǁ‖ explodir em um local

seguro como em casa, é muito mais fácil de lidar porque aquele ambiente, na cabeça da pessoa, é uma

zona segura. Estar a

30.000 pés de altura faz com que não se sinta seguro e confortável no ambiente. Muitas vezes há

também o agravante da claustrofobia, que se manifesta a partir do medo de voar. A pessoa que sofre

freqüentemente com a ansiedade sente a necessidade de mais espaço aberto ou de algum lugar para

esconder-se e ficar sozinha, longe dos outros.

Se o medo de voar lhe afeta, sua atitude inicial quando agendar seu vôo é importante.

Empolgue-se em ter esta oportunidade. Lembre-se de que quando estiver a bordo, terá novas técnicas

para lhe ajudar a superar o medo e voar

para destinos distantes. Não se preocupe! Você estará perfeitamente seguro no avião. Muitas vezes

poder voar, despreocupadamente, é um processo que começa na noite anterior. Tenha certeza de estar

bem descansado antes da decolagem. Isto evitará a fadiga que pode lhe causar estresse excessivo. No

dia do vôo, organize a sua agenda da melhor maneira possível para que não haja nenhum problema em

chegar até o aeroporto, passar pelos passageiros, etc.

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Você pode fazer isso usando bem o seu tempo. Não há razão para somar estresse a uma viagem

nervosa, apenas por que você precisa correr pelo aeroporto no ultimo minuto. Quando estiver entrando

no avião, você precisa reafirmar o fato de que se a ansiedade manifestar-se não irá machucá-lo. Como

sempre aconteceu no passado, você terá um período de ansiedade e estar em um avião não significa

que estes pensamentos não surgirão.

Então aqui está sua nova abordagem ao voar.

Você entra no avião não na esperança de sentir-se relaxado e calmo, mas na esperança de ter ansiedade ou medo.

Como sempre o verdadeiro truque para que o Movimento Único seja totalmente efetivo é jogar-se

completamente na experiência. Se você mantiver em mente que todas as sensações e sentimentos de

ansiedade são ruins ficará ainda mais aterrorizado e com menos vontade de voar.

Entre no avião, sente-se e se não estiver sentindo nenhuma das sensações familiares de

ansiedade peça que apareçam. Se estiverem lá você quer que se revelem. Você pode fazer isso por que

não está correndo ou se escondendo delas. Não está sentado em seu assento rezando para que não

apareçam—lembre-se de como reagiu antes quando começavam a surgir? Provavelmente entrava em

pânico e pensava que aquele avião era o último lugar no mundo onde gostaria de estar. Estes

pensamentos cresciam até que você se assustasse de maneira boba antes mesmo de a cabine ser

fechada. Porém, se você não sentir nada alarmante, tudo bem; distraia-se com uma revista, livro ou

música; mas tenha certeza de conferir seus sentimentos para ver se existe uma pontinha de ansiedade

escondida.

Na esperança de ter um ataque de pânico você está voluntariamente atraindo as sensações de

ansiedade. Parece ser a última coisa que devia estar fazendo em um avião, mas lembre-se de não fugir

do potencial ataque de pânico. É nossa voz interior que, quando alertada de um potencial ataque, grita

uma das duas coisas:

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1) ―Deus, por favor, não consigo superar isto aqui. Alerta Vermelho!ǁ‖. Ou a positiva, fortalecedora:

2) ―Aí está você; Estava esperando que você aparecesse. Bom, mostre-me o que você tem. Estou

pronto, esperando e interessadoǁ‖.

Então, se sentir os inícios de uma crise, tudo bem. Você nunca esteve tentando fugir dele; na verdade

estava torcendo para que aparecesse e você pudesse enfrentá-lo.

Obs.: A expressão ‗ataque de pânico‘ aparece incansavelmente no decorrer do texto. Para substituí-la a

língua oferece elementos coesivos que tomei a liberdade de adicionar sem alterar o sentido.

Pelo fato de a situação toda lhe ser estranha e você temer um final ruim, será preciso um pouco

de coragem para pedir, de todo o coração, mais das sensações incomuns. Mas o quanto mais você

exige ter um ataque durante o vôo, mais forte e confiante você fica. Às vezes ajuda emocionar-se e

excitar-se com o medo quando você o peça que apareça, pois ajuda com que as emoções sejam

liberadas e fluam.

Caso sinta a dose de adrenalina/medo, perceberá que tem o efeito de uma onda. Percorre seu

corpo e se você prestar bastante atenção, sentirá acabar rapidamente em vinte ou trinta segundos. Não

há nada a temer. Depois que passa, a confiança retorna, até que a próxima onda venha, e a próxima até

que eventualmente você note o padrão. E por você não reagir, os efeitos nada mais são do que

sensações físicas sem o pânico.

Se estiver voando com pessoas que não conhece bem, ajuda não lhes dizer o quão ansioso

está se sentindo, já que isto pode deixá-lo menos à vontade perto deles. Eles acabam se preocupando e

você pode interpretar isto de maneira errada como prova de que realmente há algo a se preocupar.

Diga a si mesmo:

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―Usarei meu treinamento e se mais tarde eu achar que preciso contra a eles, contarei; por enquanto,

porém, enfrentarei a experiência sozinhoǁ‖.

Finalmente, se estiver se sentindo muito ansioso durante o vôo, com a cabeça pesando, aqui estão

algumas dicas úteis adicionais para deixá-lo mais confiante a respeito da viagem:

Se não estiver tomando nenhum medicamento relaxante, considere visitar seu médico e explicar

sua situação. Mesmo que você nunca use, uma receita de Xanex, por exemplo, é útil. Na

verdade recomendo que você tenha os tabletes em sua bagagem de mão. Desta forma, você

pode racionalizar que caso tenha as sensações desconfortáveis, pode usá-los para se acalmar.

Só em saber que você tem um apoio nestas situações já ajuda bastante.

Beba bastante água fresca e leve uma garrafa para o vôo. É muito fácil ficar desidratado durante

viagens longas. Goles de água na decolagem e aterrissagem também ajudam a normalizar a

pressão nos seus ouvidos.

Caso ache que ajuda a acalmar sua aflição em voar, diga aos funcionários do avião que você é

um passageiro nervoso. Eles têm bastante experiência, estão bem familiarizados com este

medo e sempre poderão lhe assistir caso precise. Faz parte do seu treinamento e da sua função

ajudar passageiros nervosos. Alguns acham que avisar aos funcionários do avião faz com que

se sintam menos sozinhos durante o vôo. A realidade é que você não está sozinho;

provavelmente existem outros passageiros nervosos no mesmo vôo que você.

Estudo de Caso

O Medo de Voar de Stephen

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―Até o meu primeiro ataque de pânico, em 1999, voei por muitos anos sem medo algum de voar. Após o

primeiro ataque de pânico que aconteceu acidentalmente quando eu realizava serviços para a igreja,

minha atitude

quanto a voar mudou drasticamente. Nada de cruzar o Oceano Atlântico em um avião; por medo de um

ataque de pânico, eu estava agora ficando preocupado com o simples fato de estar longe de casa.

Percebi como eu comecei a criar desculpas para evitar voar. Convenci minha namorada que passar as

festas em casa era muito mais prazeroso e que não havia necessidade de voar para outros lugares.

―Em 2001, troquei de emprego, e parte das minhas novas responsabilidades exigiam vôos regulares.

Isto se tornou uma enorme fonte de estresse para mim. Mal dormia na noite anterior e após me obrigar a

subir a bordo, bebia muito

para acalmar meus nervos. Chegava aos meus destinos levemente bêbado, cansado e sem condições

de trabalhar apropriadamente. Alguma coisa tinha que mudar.

―Li sobre o programa Pânico Fora em um fórum de discussão e decidi conferir para ver se ajudaria com o

meu, agora, crônico medo de voar. Faltavam apenas alguns dias para que eu voasse de novo e eu

estava realmente procurando por um milagre da mente. Chegou a manhã do vôo e fui nervoso para o

aeroporto munido da minha pequena bagagem de mão e as novas habilidades de sobrevivência ao

pânico na cabeça. A técnica fez sentido pra mim no papel, mas funcionaria numa situação real?

―Sentei em meu assento, no fundo do avião e me concentrei em perceber como estava me sentindo.

Sim, eu estava assustado. Tudo bem, me foi dito para esperar isto. O avião taxiava na pista e, como

sempre, eu me sentia mais ansioso. O engraçado é que eu realmente sei quando o pânico está

começando. Meus pensamentos parecem espremer-se como se agarrassem a minha mente. Meus olhos

começam a lançar-se pelo avião e qualquer movimento ou som me

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54

distrai. Eu tinha uma garrafinha de bebida alcoólica e não tinha certeza se deveria tomá-la em um só

gole como sempre, ou tentar a nova técnica.

―Devo ter sentido o tipo de excitação que os soldados sentem antes de saltar das trincheiras para a

batalha. Lembro de gritar (em pensamento) para que a ansiedade viesse-me pegar–FAÇA O PIOR.

Arrumei-me em meu assento e esperei o massacre. Eu estava me entregando ao medo de uma maneira

corajosa. Senti uma injeção de adrenalina, mas não me pareceu fora de controle. Por que fui eu quem

chamou esta experiência, ao invés das ondas de

medo me afogarem, me senti surfando nelas, sobre elas, não abaixo, sufocando. Continuei a fazer isto

por mais alguns minutos. Como eu havia lido, o medo estava saindo do meu corpo em forma de onda, e

se faz algum sentido, me

senti pegando fogo. Quando o ataque terminou fiquei alegre. Senti-me corajoso, uma coragem infantil

que eu não sentia há muitos anos.

―Este e os vôos seguintes foram maravilhosamente de acordo com o plano. Após vários outros vôos

comecei a não me preocupar tanto com o vôo na noite anterior. Comecei a confiar que lidaria com

qualquer situação que cruzasse meu caminho. Não digo que sou hoje um passageiro totalmente

relaxado, pois ainda sinto uma leve preocupação quando entro no avião ou se passamos por alguma

turbulência. Porém, a verdadeira diferença para mim é que superei o obstáculo que tornava voar algo

tão terrível. O obstáculo era um medo de ‗perder o

controle‘ dentro de um avião. Agora percebo que esta barreira era uma ilusão. Eu havia permitido que

minha mente acreditasse que ‗perder o controle‘ era

uma possibilidade real e este pensamento me colocava dentro de uma espiral de pânico.

―Surpreendentemente, assim que derrubei o medo de voar, a preocupação em ter ataque de pânico em

terra firma desapareceu. Acredito que este bônus tenha acontecido por que alguma parte de mim

deduziu que se eu conseguia lidar com o pânico enquanto voava então, um cinema apertado ou um

passeio de carro

era molezaǁ‖.

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55

Medo de Falar em Público

É bastante observado que o maior medo de muitas pessoas não é a morte, mas ter que falar em

público. O engraçado é que estas pessoas preferem estar em um caixão no funeral do que dar um

discurso. Falar em público pra quem tem ataques de pânico ou ansiedade, em geral, pode se tornar uma

enorme fonte de preocupação durante as semanas ou meses que antecedem o evento em que se fará o

discurso.

Esses compromissos não precisam necessariamente ser no pódio

tradicional, podem ser tão simples quando uma reunião no escritório onde se

espera que o indivíduo expresse sua opinião ou responda alguma coisa. O medo, nesse caso, está em

ter um ataque de pânico enquanto se está falando. A

pessoa teme ser incapaz de completar o que estava dizendo, devido à ansiedade. Imagina-se fugindo

dos holofotes e mais tarde inventando todo tipo de desculpa para a sua patética saída pela janela do

escritório.

Isso difere levemente da maioria das pessoas que têm medo de falar em público porque

normalmente esse medo gira em torno de ter um branco

enquanto se fala ou de sentir-se desconfortável com os colegas prestando atenção. A tensão ou

nervosismo de falar em público são, é claro, um problema para este grupo também, mas eles não

conhecem a debilitante ameaça que é um ataque de pânico, já que nunca tiveram um.

Então como uma pessoa com problemas de ansiedade pode conseguir falar em público?

O primeiro estágio é aceitar que todas essas sensações bizarras e extremamente enervantes

não sumirão da noite para o dia. Na verdade você nem vai se preocupar em se livrar delas na próxima

vez que falar. Quando elas surgirem durante um discurso/reunião, você as abordará de uma nova

maneira.

O que precisamos fazer é trazer sua confiança de volta para onde estava antes dessas

sensações acontecerem. Desta vez você as abordará de uma

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maneira fortalecedora e única, permitindo que se sinta confiante novamente. Diz-se que os melhores

oradores são consumidos pela ansiedade antes de falarem, mas de alguma forma eles usam esse

nervosismo para melhorar seu discurso. Vou lhe mostrar exatamente como fazer isso.

Meu primeiro ponto é este e é importante. A pessoa comum e saudável pode

experimentar uma quantidade enorme de ansiedade e sensações

desconfortáveis enquanto dá um discurso, sem perigo de perder o controle, ou

de parecer ansioso para o público. Não importa o quão difícil seja sempre terminará a sua parte, mesmo

que no início seja bastante desconfortável continuar. Você não será incapacitado de forma alguma. A

verdadeira conquista acontece quando você acredita totalmente que não está em perigo e que as

sensações vão passar. Em essência, é isso que o Movimento Único quer encorajar; ao pedir por mais,

você está dizendo:

―Sei que você (a ansiedade) não é ameaça para mimǁ‖.

O que mantém os ataques de pânico voltando sempre é o medo do medo—o medo de que o próximo vai

acabar lhe destruindo e que você tem sorte em ter escapado do último ileso. Por serem enervantes e

assustadores, abalaram a sua confiança com os episódios anteriores de ansiedade. Uma vez que

entenda não estar sob ameaça alguma, você pode ter uma nova reação à ansiedade quando

ela surge enquanto você discursa. Sempre há um ponto de transformação quando a

pessoa passa de uma ansiedade geral para um ataque de pânico e no

caso de falar em público, isto acontece quando você diz a si mesmo: "Não serei capaz de lidar com isso

na frente destas pessoas".

Esta fração de segundo de dúvida provoca uma injeção de adrenalina e a ansiedade extrema chega a

formato de onda. Entretanto, se quando você sentir a ansiedade inicial, reagir com confiança de que não

é uma ameaça, você sairá da ansiedade rapidamente. Usar esta nova abordagem é uma ferramenta

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poderosa porque significa que não tem problema sentir ansiedade durante um discurso – tudo bem; você

vai sentir e se mover com, e através das sensações em seu corpo, saindo do outro lado. Por estar se

sentindo muito ansiosa, normalmente antes da fala começar, a pessoa pode achar que vai se

decepcionar. Quanto a isso fique tranqüilo. É perfeitamente natural sentir a ansiedade. Tome como

exemplo a pior das sensações que você já teve nesta situação—desde um desconforto geral à falta de

ar. Você terá uma reação inicial automática que diz:

―Perigo! Terei um episódio de ansiedade aqui e não posso permitir que isso aconteçaǁ‖.

Nessa hora a maioria das pessoas reage a essa idéia e confirma ser verdade devido a todos os

sentimentos incomuns que está tendo. É aí que a sua cabeça pode afundá-lo em pensamentos que

criam um ciclo de ansiedade, produzindo um efeito negativo em suas habilidades gerais de

apresentação.

Então deixe que este primeiro pensamento de ―oh meu deus, não agora!ǁ‖ passe e em seguida mantenha

a atitude de:

―Aí está você – Estava me perguntando quando você ia chegar. Estive esperando que aparecesse. À

propósito, não me sinto nem um pouco ameaçado por nenhuma das estranhas sensações que você está

criando—estou completamente seguro aquiǁ‖.

Em vez de empurrar a energia emocional estômago abaixo você a está superando. Seu corpo está em

um leve estado de excitação, exatamente como deveria quando faz um discurso, então libere esta

energia na sua expressão corporal. Coloque-a em sua apresentação, não a sufoque em seu estômago.

Você a coloca para fora se expressando. Deste jeito deposita a ansiedade a seu favor para realizar um

discurso mais vivo, energético e presente. Quando menos perceber a ansiedade baixa como acontece

quando voluntariamente se move em

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direção a ela. Quando tiver uma pausa momentânea (tenho certeza que tem em seu discurso) mande

um rápido pensamento pedindo por ―maisǁ‖. Você quer mais dos sentimentos intensos, pois está

interessado nesse, nem um pouco ameaçado.

Parece coisa demais para pensar enquanto se está falando a um grupo de pessoas, mas na

verdade não. Você ficará surpreso ao descobrir a infinidade de pensamentos não relacionados que pode

ter durante um discurso. Esta

abordagem consiste em adotar uma nova atitude de confiança naquilo que, até então, você considerava

uma séria ameaça.

Se seu medo predominante de compromissos oratórios é movido por um sentimento de estar

preso, então eu sugeriria criar alguns lembretes mentais

que podem ser preparados antes do evento. Por exemplo, algumas

reuniões/discursos o permitem que volte a atenção para a sala a fim de coletar

opiniões, etc. do grupo. Se possível, pode tentar preparar tais oportunidades em sua própria cabeça

antes dos compromissos. Não quer dizer que você precise usá-las, mas pessoas nesta situação muitas

vezes frisam que ter pequenas oportunidades onde a atenção pode ser desviada, mesmo que por um

momento breve, podem tornar a tarefa menos assustadora. Pode ser algo simples como fazer com que

as pessoas se apresentem ou abrindo para questões. Sei que estas distrações nem sempre são

possíveis e depende de cada situação, mas qualquer coisa que você possa criar que o faça sentir menos

preso e sob os holofotes vale esforço.

Estudo de Caso

Experiência de Falar em Público de Robert

―Sou o diretor-executivo de uma empresa de desenvolvimento de softwares.

Sou convidado freqüentemente para falar sobre nossos produtos em

conferências e congressos para públicos que variam de poucos grupos a

centenas de pessoas. Fiz isso por muitos anos sem problema algum até ter tido

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o que foi diagnosticado mais tarde pelo meu médico como um ataque de pânico. Meu primeiro ataque de

pânico aconteceu durante uma semana muito estressante. Dormi tarde na noite anterior devido a uma

festa da empresa e estava levemente de ressaca na manhã da minha apresentação.

―Estava prestes a começar minha parte quando senti meu coração iniciar uma rápida sucessão de

batidas e minha cabeça girar. Senti meu braço inteiro formigar e calor. Estava convencido de estar

sofrendo um ataque cardíaco. Fui até o organizador e, sob a desculpa de problemas com meu

PowerPoint, fiz com que me agendasse para o final do dia.

―Este incidente realmente me assustou e apesar de todos os exames médicos estarem ok, achei muito

difícil acreditar que era apenas ansiedade. Eu sabia o que era ansiedade, mas nunca a tinha sentido

assim antes, nunca desta maneira extrema. Como outros compromissos oratórios estavam marcados

para o resto do ano, precisava realmente resolver isto antes que me intimidasse totalmente em aparecer

em público. Isto estava se tornando um problema real na minha cabeça, pois apresentações são

funções cruciais do meu cargo na empresa.

―Foi minha esposa quem pesquisou e comprou o programa Pânico Fora para mim. Tiramos férias

tranqüilas por uma semana, o que me permitiu ter alguma perspectiva do que estava acontecendo. À

noite eu fazia anotações a partir do programa e via se havia um jeito de implementá-lo totalmente para

ajudar com meu medo. As sensações que eu sentia eram bastante enervantes e eu achava que apenas

remédios poderiam me fazer superá-los.

―Meu próximo discurso não correu perfeitamente de acordo com o plano, apesar de eu ter sentido que

apresentei melhor. Porém, a grande diferença foi não ter sentido medo das sensações que

anteriormente me faziam entrar em pânico. Pensei que drogas seriam necessárias para cancelar os

sentimentos de medo, mas o que aprendi com o curso foi que estava tudo bem; que o medo era algo

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que meu corpo estava criando, seja qual fosse a razão, freqüência cardíaca alta, suor nas mãos, peito

apertado.

―A novidade, porém, foi a minha reação a estas alarmantes sensações internas. Anteriormente, eu

exagerava e dizia a mim mesmo que iria morrer. Agora

estava superando as sensações e até mesmo as recebendo de bom grado. Eu as estava observando e

não rotulando como boas ou ruins. Elas eram apenas isso, sensações.

―Com o passar do tempo fiquei mais e mais confortável com os sentimentos, apesar de um pouquinho

fora de controle antes de uma apresentação. Foi com esta nova postura que as sensações

desapareceram rapidamente. Durante o último discurso que fiz em Novembro, eu estava mais relaxado

do que nunca. Subi no palco com este profundo sentimento de confiança dentro de mim; o sentimento

estava me dando sustentação total. Foi uma atitude de: ―Bom, lá vamos nós de novo. Sou muito macaco

e muito experiente para me incomodar com estes pensamentos e sensações de medo. Vou prosseguir

com o que vim fazer aqui e se eu morrer no palco, então que diabos, morri.ǁ‖.

―Este foi o despertar que tive ao usar o programa Pânico Fora. O Movimento Único foi a ferramenta que

permitiu com que eu me abrisse para o sentimento de: ―Venha como quiser, não sairei daqui. Sou uma

rocha sólida por dentroǁ‖.

―Pessoalmente, acredito que todos nós gastamos tempo demais agindo de acordo com os pensamentos

em nossas cabeças. A maioria das pessoas com quem trabalho vive desequilibrada e estressada. O

Movimento Único me ensinou a dar um curto circuito nos pensamentos assustadores que estavam me

causando pânico e voltar minha atenção ao meu corpo. Ao sentir novamente as sensações sem

exagerar minha reação a elas, eu não estava mais as recusando e me pressionando. O simples fato de

estar ali com estas sensações permitia

que elas fossem processadas de maneira mais efetiva e, portanto, me trazendo de volta ao meu senso

de equilíbrio mais rapidamenteǁ‖.

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62

Capítulo 5

Quando enfrentar um ataque de pânico, a técnica do Movimento Único é a ferramenta

psicológica mais poderosa que você pode usar. Aplique-a a qualquer momento, quando sentir uma crise

chegando e a situação será neutralizada imediatamente.

Falamos sobre desenvolver uma estratégia específica para se mover em direção ao medo a fim

de diminuir seu poder e controle. Somente quando

lutamos contra ou fugimos é que a ansiedade ganha espaço. Só seremos vítimas do medo se

permitimos.

―Faça aquilo que tem medo, e a morte do medo é certaǁ‖.

(Ralph W aldo Emerson)

Agora quero derrubar os efeitos colaterais dos ataques de pânico. A maioria das pessoas que

tem ataque de pânico descreve sentir uma ansiedade escondida que se prolonga até muito depois de o

ataque acabar. Ataques de pânico não acontecem de forma espontânea e aleatória. Eles são

fundamentados em uma ansiedade suporte que os alimenta para que possam acontecer.

Algumas pessoas afirmam que os ataques acontecem do nada, mas, na verdade, examinando de

maneira minuciosa, a pessoa normalmente já está em certo nível de ansiedade antes de o ataque

começar. É esta ansiedade escondida que iremos destruir neste capítulo.

As pessoas descrevem a ansiedade geral como um embrulho no estômago acompanhado por

pensamentos assustadores. Esta condição é chamada de Transtorno de Ansiedade Generalizada o

TAG. Esta ansiedade generalizada é o berço dos futuros ataques de pânico e é importante que seja

gerenciada e

eliminada para que o indivíduo possa seguir com as obrigações diárias livre das

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desconfortáveis sensações de estresse. Se criarmos uma escala de ansiedade de

1 a 10, um ataque de pânico com força máxima seria 10 e relaxamento total e feliz, 0.

Em um dia típico, a pessoa comum em uma área metropolitana deve ter um grau de estresse/ansiedade

entre 4 e 5. Já as pessoas que têm ataques de pânico atingem o topo da escala (9/10) durante o ataque

e não voltam totalmente ao normal por um bom tempo. O que é particularmente preocupante é que uma

grande porcentagem de pessoas nunca mais retorna totalmente aos níveis normais.

Muitos indivíduos com ataques freqüentes de pânico relatam sentimentos de constante ansiedade,

variando entre 6 e 7 quase todos os dias. Eles levantam pela manhã com ansiedade e vão para a cama

com a mesma aflição. É quase como se seus corpos estivessem presos a um permanente estado de

ansiedade extrema. Esta sensação constante os deixa nervosos, irritáveis e com mal-estar físico. O

corpo fica tenso e desconfortável, enquanto a mente torna-se obcecada pelas sensações de ansiedade.

Esta tensão permanente na mente e no corpo provoca sensações irritantes como:

Náusea

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Tontura Exaustão Problemas de visão Câimbras

Pensamentos perturbadores

Sentimentos de irrealidade e depressão

Esta condição é comumente diagnosticada como Transtorno de Ansiedade

Generalizada (TAG) e está normalmente ligada aos ataques de pânico.

Se você foi diagnosticado com o Transtorno de Ansiedade Generalizada, não ache que tem uma

doença clínica. Você não tem. Este transtorno não significa que você tem uma doença física ou mental.

Seu cérebro está

bem; seu corpo está bem. Se eu tivesse autoridade editorial a respeito do que está escrito nos manuais

de psicologia, eliminaria o uso do termo ―transtornoǁ‖. O termo é exagerado e equivocado. Cria a idéia de

caos e colapso total das

funções mentais. Não é o caso. TAG é uma condição comportamental e habitual que pode ser revertida

facilmente, seguindo alguns passos. Você conseguirá voltar a uma vida mais tranqüila se seguir os

passos e as técnicas psicológicas que descreverei abaixo.

Tratando a Ansiedade Generalizada

Assim que praticam a técnica do Movimento Único para eliminar os ataques de pânico, o medo

intenso que cerca a ansiedade entra em colapso. À medida que os ataques de pânico se tornam menos

freqüentes, a ansiedade generalizada evapora, enquanto um sólido estado de calma se restabelece.

Porém, se depois de um período de tempo você sentir que seu grau de ansiedade generalizada não

diminuiu pode, então, começar a implementar os passos a seguir para tratá-la. Pode ser também, que

nunca tenha tido ataques de pânico propriamente dito, mas tem um problema constante com ansiedade

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generalizada. Se for este o seu caso, este capítulo é particularmente relevante para você.

Explicarei cinco ferramentas poderosas que lhe capacitarão a remover qualquer ansiedade

escondida da sua vida e permitirão que seu corpo e mente volte a um estado de paz e tranqüilidade.

Estas ferramentas podem ser usadas separadamente, mas para obter o máximo de benefício é melhor

executá-las todas juntas. As ferramentas são as seguintes:

Eliminar pensamentos ansiosos/perturbadores

Dieta Exercício Distração

Terapia do Campo do Pensamento (TFT-Thought Field Therapy)

Lidando com Pensamentos Indesejados

Em quase todos os casos de ansiedade generalizada, o combustível que

abastece as sensações são pensamentos ansiosos. Sem acessar estes

pensamentos ansiosos, há pouca chance de sucesso em eliminar a origem da

ansiedade. As pessoas que têm ansiedade e ataques de pânico normalmente precisam lidar com os

efeitos colaterais negativos de pensamentos ansiosos indesejados. Estes pensamentos podem variar

entre preocupações com a saúde, com os entes queridos ou até mesmo medo que, racionalmente, não

faz sentido algum, mas permanece perturbando a mente. Algumas vezes os pensamentos indesejados

provêm de experiências anteriores; outras vezes são simplesmente bizarros, deixando a pessoa

preocupada com a razão pela qual estão acontecendo. Em todos estes casos a pessoa é aborrecida

pelos pensamentos ansiosos porque eles provocam aflição e preocupação. Ao longo das próximas

páginas, o guiarei através de um simples processo de dois passos que está, em parte, relacionado ao

Movimento Único, mas criado especificamente para lidar com os pensamentos de ansiedade.

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Obs.: Em alguns casos, como esse, parece-me que a palavra ‗cabeça‘ deve ser trocada por ‗mente‘. É

mais técnico, mais formal, menos coloquial.

Derrubar os pensamentos ansiosos de maneira efetiva exige uma abordagem em duas partes. Para

eliminar os padrões negativos de pensamento é preciso que haja uma mudança de postura junto a uma

detalhada visualização das ferramentas.

A Mudança de Atitude

Não é o pensamento de ansiedade em si que causa a sua aflição. É como você responde a

estes pensamentos. É a sua reação que permite com que o pensamento tenha influência e força sobre

você. Para ajudar a entender melhor como os pensamentos indesejados acontecem, pode-se visualizar

uma imagem divertida do processo. É um exemplo fictício e lhe ajudará a entender melhor

como lidar com o problema.

Imagine-se parado na rua e em volta estão flutuando preguiçosos, seus pensamentos. Alguns

deles são seus, outros são das fontes externas que você tem acesso como jornais, TV, revistas etc.

Você percebe que quando presta atenção em um pensamento ele gravita mais perto. Os pensamentos

que você ignora vão embora. Quando você se concentra e analisa um pensamento de perto, percebe

como ele se conecta a outro pensamento semelhante e você acaba de um a outro. Algumas vezes são

pensamentos práticos, do dia a dia,

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como contas, obrigações, etc., ou então pensamentos sobre o passado ou alguma fantasia.

Em nossa situação imaginária, você inesperadamente percebe um pensamento pairando em

sua frente que o assusta. Este pensamento é chamado

―Medo Xǁ‖. X podem ser ataques de pânico, saúde ruim ou algo bizarro. Você acha impossível não olhar

para o pensamento e quando lhe dá atenção total ele chega cada vez mais perto. Ao examiná-lo você

reage com medo, como se não gostasse do que vê. Mais tarde percebe como aquele pensamento

assustador inicial está ligado a outros pensamentos preocupantes do tipo ―e seǁ‖ e também os analisa em

detalhes. Quanto mais você tenta fugir destes pensamentos se afastando, mais eles o seguem como se

estivessem amarrados a você. Você tenta se concentrar em pensamentos agradáveis, mas acaba

voltando sempre para os pensamentos amedrontadores.

Há uma expressão que diz ―pensamentos que gruda feito colaǁ‖. O próprio ato de reagir

emocionalmente gruda o pensamento ainda mais em você e,

quanto mais tempo você gasta se preocupando e ficando obcecado com este pensamento, mais a cola

endurece. Todos estes pensamentos estão lá quando você acorda pela manhã e continuam à noite

quando você tenta dormir. O pensamento acaba se prendendo à sua psique, pois sua reação a ele o

fortalece. Pensamentos são uma forma de energia, nem boa nem ruim. É a maneira como julgamos

estes pensamentos que determina seu impacto em nossas vidas. Pensamentos primeiro se alimentam

de atenção, mas o que eles realmente gostam é uma boa reação emocional que os faça ficar!

Pensamentos que ficam conosco são atraídos primeiramente pela atenção que lhes damos e

permanecem firmes de acordo com o grau de reação emocional que temos a eles.

Este é um ponto importante. Um pensamento somente poderá lhe influenciar se você permitir. Nossa

reação emocional é uma fonte de energia ao pensamento. O interessante é que para o pensamento

tanto faz se a reação é negativa ou

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positiva. Energia e atenção são o que o atraem. Sempre que reagir emocionalmente a um pensamento,

será sugado por ele até que a reação emocional perca sua energia e desapareça. Por exemplo, se

alguém que você conhece lhe faz um ótimo elogio, você pode se encontrar involuntariamente atraído por

este pensamento sempre que tiver um tempo livre. Provavelmente acha que melhora seu nível de

confiança e humor, de uma maneira geral, ao longo do dia. Porém, infelizmente temos a tendência de

nos concentrarmos

menos no positivo e mais no negativo. Parece que esquecemos os elogios

positivos facilmente e somos atraídos mais freqüentemente àqueles

pensamentos que nos incomodam. Usando o exemplo oposto, se algum

conhecido o insulta, tenho certeza de que você reage emocionalmente a este pensamento muito mais

intensamente e provavelmente por bem mais tempo.

Então os padrões básicos de pensamento são:

Se você não está comprometido com uma atividade ou tarefa, sua mente tenderá a divagar a

respeito de qualquer pensamento que provoque uma reação emocional forte em você. Em geral, já que

provavelmente são os que você

reage de maneira mais forte, pensamentos de raiva e medo aparecem mais facilmente. O que estou

sugerindo é que a pior maneira de eliminar

pensamentos indesejados é tentar suprimi-los. Estudos sobre supressão de

pensamentos, (W egner, Schneider, Carter, & W hite, 1987) provaram que o

simples ato de tentar abafar um pensamento apenas resulta em uma freqüência maior do pensamento.

Esta recorrência do pensamento é chamada de ‗efeito rebote‘. Resumindo, quanto mais você tentar

suprimi-lo, mais o pensamento indesejado continuará voltando (dando rebote).

Então como acabamos com o problema dos pensamentos indesejados?

É preciso uma mudança de postura. Com isso, quero dizer uma mudança na forma como você tem

reagido aos pensamentos. Uma mudança de postura rapidamente desarmará a reação emocional que

você tem aos pensamentos de

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medo. Assim que as reações emocionais tiverem reduzido significativamente, os pensamentos

indesejados de ansiedade se dissiparão. No passado você provavelmente tentou se livrar dos

pensamentos lutando contra eles. O truque, no entanto, não é lutar contra, mas ter uma nova reação a

eles quando

surgirem em sua mente. Nunca conseguimos controlar totalmente o que se passa em nossa cabeça,

mas podemos controlar como reagimos ao

que acontece por lá. Esta é a diferença principal entre quem se deixa capturar por pensamentos

assustadores e quem não deixa.

Os pensamentos que nos aterrorizam não são abastecidos por alguma

força desconhecida; mas por nós mesmos. Quando tem um pensamento desagradável, você prefere não

pensar, sua primeira reação normalmente é se fechar internamente e dizer a si mesmo: "Oh não, não

gosto desta idéia! Não quero este pensamento agoraǁ‖. O simples ato de tentar afastar o pensamento e

se aborrecer, de forma compreensível, quando não funciona, faz com que o pensamento se prenda mais

ainda à sua psique. É como dizer à sua mente várias e várias vezes "o que quer que faça, não pense em

elefantes cor-de- rosa", e adivinhe? Você não consegue pensar em nada que não esteja relacionado a

elefantes cor-de-rosa.

Enquanto você lutar contra o pensamento, sua cabeça, tal qual uma criança folgada, continuará

voltando a ele. Não quer dizer que sua mente esteja trabalhando contra você, maliciosamente. É melhor

comparar a mente a um radar que sinaliza os pensamentos internos ligados a altos níveis de reação

emocional. Para não reagir emocionalmente você precisa aprender a

enfraquecer o ―fator de medoǁ‖ ou o pensamento. Então você deve aceitar e ficar

confortável com qualquer coisa que surgir em sua mente. Não se esconda ou afaste os pensamentos de

ansiedade.

Veja um exemplo:

Digamos que você tem o medo "X" passando pela sua cabeça. O medo pode ser verdadeiramente

qualquer coisa que a sua mente possa imaginar. Você sabe

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70

que os pensamentos não são um medo realista e você quer que parem de interromper sua vida.

Da próxima vez que os pensamentos de medo aparecerem em mente, não os afastem. Isso é

importante. Diga a si mesmo que tudo está bem e que o pensamento pode continuar a brincar em sua

cabeça se quiser, mas você não lhe dará muita bola e certamente não o premiará reagindo com medo.

Em seu coração você sabe que é muito improvável que aquele pensamento aconteça. Você tem um

senso profundo de confiança e não vai ser incomodado emocionalmente o dia todo por um pensamento.

Diga a si mesmo:

"Bom, este pensamento/medo é uma possibilidade, mas é muito remota e não vou me preocupar com

isto agora. Hoje estou acreditando que tudo está bem".

O que é de suma importância é não se angustiar com a chegada do

pensamento. Para evitar qualquer reação emocional hesitante ao

medo/pensamento, dê ao medo algumas características de desenho animado.

Imagine por exemplo que é o Pato Donald lhe dizendo que "Algo terrível vai acontecer. Você não está

assustado". Dê ao personagem uma voz esganiçada e crie uma cena completamente ridícula. Como

você pode levar a sério um pato ansioso com seus pés enormes? O uso de personagens de desenhos

animados reprograma a reação emocional inicial que você poderia ter tido ao pensamento, e elimina

qualquer autoridade que possa ter sobre você. Desta forma, você está reduzindo a ameaça do

pensamento. Quando isto for feito, volte a pensar no

que estava fazendo antes. Lembre-se, você não está tentando se afastar do pensamento ou afogá-lo

com estímulos externos.

Isso requer prática no começo, mas você se verá conferindo cada vez menos como se

sente/pensa durante o dia e como não há uma emoção forte e assustadora ligada à sua mente, ela não

será sugada pelo pensamento irritante. Colocando em outros termos, o pensamento se solta e

desaparece porque a reação emocional foi neutralizada. Na verdade este é o primeiro passo para se

livrar dos pensamentos de ansiedade—neutralidade. É como se sua energia

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mental girasse em um ciclo negativo quando você era capturado pelos pensamentos ansiosos. Agora

você está aprendendo a parar o ciclo negativo e colocá-lo em posição neutra (veja a ilustração abaixo).

A partir dessa nova posição de neutralidade, você terá um senso de claridade muito maior, livre

da confusão de uma mente exageradamente ansiosa. Mover-se para este estado mental de neutralidade

é o seu primeiro passo. Pensamentos normalmente nos conduzem para uma direção ou outra - um ciclo

positivo (paz/senso de controle e ordem) ou um ciclo negativo (ansiedade/ medo/ desordem). O próximo

passo é adotar um estado mental relaxado, em paz e transferir sua energia para um ciclo positivo de

pensamento.

Descreverei agora uma técnica que vai levar sua confiança e senso de bem- estar às alturas,

levando sua cabeça e emoções a um estado mental positivo.

Ao praticar este exercício, você sentirá uma leveza e um maior senso de perspectiva de tudo que o

incomoda. Você colocará uma distância emocional maior entre você e a ansiedade, enquanto seus

pensamentos movem-se na direção contrária à ansiedade.

Quero que feche os olhos e volte sua atenção para a área do seu coração. Imagine um

sentimento de entusiasmo saindo do centro do seu peito.

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Concentre-se em algo na sua vida que você aprecie de verdade. Pode ser uma ou mais coisas

que você realmente gosta de ter em sua vida

(família, saúde, amigos, trabalho, sua casa, etc.).

Continue a se concentrar nisto por mais alguns minutos até que se sinta grato em seu coração e

perceba uma mudança positiva em seu estado emocional.

A prática de ser grato pelo que você tem em sua vida é uma ferramenta muito antiga para mudanças

positivas e tem sido ensinada na maioria das religiões do mundo por séculos. Atualmente é muito

popular em diversos programas de

auto-ajuda. O Hearth Math Institute (www.heartmath.com) realizou algumas pesquisas muito

interessantes sobre o coração e como este está intimamente ligado ao cérebro através do sistema

nervoso central. Eles concluíram que concentrar-se no coração e gerar emoções positivas envia sinais

ao cérebro que faz que seus centros mais altos funcionem em maior harmonia. Isto traz o benefício de

baixar a pressão sangüínea, além de reduzir a tensão e estresse do corpo. O exercício acima completa a

primeira parte da abordagem para lidar

com a ansiedade, a mudança de atitude. Você precisará praticar esta mudança diariamente até que se

torne natural para você.

Você pode ter se perguntado por que algumas pessoas parecem mais suscetíveis a

preocupações e pensamentos indesejados do que outras. Agora você sabe a resposta disso. A diferença

é que as pessoas despreocupadas são aquelas que não sentem uma forte sensação de medo quando

tem um sentimento ansioso. Estas pessoas têm a mesma quantidade de pensamentos que alguém

ansioso, mas não fazem com que um pensamento de medo seja parte de suas vidas. Elas dispensam o

pensamento ou riem da situação, com um senso de confiança de que tudo acabará bem. Eles não vêem

razão em reagir com medo desses pensamentos, e isso garante que o pensamento não tenha força ou

autoridade sobre eles.

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73

Você pode achar que é uma pessoa ansiosa por natureza e que sempre reagirá com medo a

estes pensamentos, já que fez isso por muitos anos. Não é o caso. Pensamentos contínuos ou

obsessivos de ansiedade são um hábito de comportamento e, como qualquer hábito, pode ser

desaprendido. Descrevi a maneira mais rápida e efetiva de fazer isso, usando uma única mudança de

postura. Você pode desfazer anos de pensamentos ansiosos e reduzir seu grau de ansiedade

generalizada rapidamente. Só é preciso prática.

Mencionei no começo desta seção que para eliminar totalmente os pensamentos de ansiedade

uma abordagem em duas partes era mais eficiente. Explicarei agora a segunda parte desta abordagem,

que é o uso de uma ferramenta de visualização.

Ferramenta de Visualização para Acabar com o Pensamento Ansioso

A ansiedade causa um desequilíbrio em sua vida, através do qual todas as preocupações em

sua cabeça criam uma sensação de peso. Toda a sua concentração passa do centro do corpo para sua

cabeça. Escolas de meditação normalmente gostam de mostrar um exemplo deste desequilíbrio pesado,

demonstrando como o corpo pode facilmente perder o senso de centralização.

Um aluno é chamado à frente de seu grupo e lhe é pedido que fique em pé com as pernas

afastadas. O professor, então, pede ao aluno que se concentre em um aborrecimento pessoal ou

preocupação. Assim que o aluno está fixado

na preocupação, o professor silenciosamente se posiciona ao lado do aluno e lhe diz que vai tentar

empurrá-lo. O professor o empurra pelos ombros e o derruba com relativa facilidade. Pede-se ao mesmo

aluno que esqueça a preocupação e concentre sua atenção em visualizar algo sólido e fundamentado.

Mais uma vez

o professor tenta derrubá-lo, mas encontra muito mais resistência do que antes. O aluno está no lugar

com os pés firmes no chão. Esta demonstração é dada à classe para mostrar o quão importante é sentir-

se firme e centrado no momento presente e não continuamente preso à atividade mental. Quando está

capturada por ansiedades mentais, uma pessoa pode sentir-se desconectada da vida, vivendo no piloto

automático.

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Irei ensinar-lhe uma visualização única, separada em três partes. O propósito da visualização é

permitir-lhe limpar o estresse mental e a tensão. A visualização pode ser usada quando se sentir

estressado e é particularmente útil quando sua mente está cheia de pensamentos de medo. Existem

várias destas visualizações, encontradas em diferentes cursos de auto-ajuda, mas eu

combinei três das mais efetivas e as adaptei para que a visualização resultante única possa ser usada

literalmente em qualquer lugar.

O processo de visualização, quando praticado regularmente, é muito eficiente na eliminação de

ansiedades mentais entranhadas ou pensamentos invasivos. Para obter máximo benefício, o exercício

deve ser mantido por mais de 10 minutos a cada vez, pois menos que isso não trará resultados

perceptíveis. Não há jeito certo ou errado de realizar a visualização. Seja intuitivo e não se sinta incapaz

de realizá-lo se achar que não é muito bom em

enxergar imagens mentais. Enquanto sua atenção estiver no exercício, você terá benefícios. É melhor

fazer este exercício em um lugar calmo, onde você não

será incomodado e quando estiver bem treinado obterá os mesmos resultados positivos em um

ambiente mais movimentado, como seu local de trabalho. Você deve perceber um efeito calmante em

seu estado mental, junto com a sensação de liberação da mente e relaxamento.

Certo, vamos começar.

Sentado ou em pé, feche os olhos e volte sua atenção à sua respiração. Para ficar ciente da sua

respiração coloque uma mão na parte superior do seu peito e a outra em seu estômago. Respire e deixe

que seu estômago projete-se

a frente quando inspira e volte gentilmente quando expira. Repita o processo a cada vez, tentando

manter um ritmo equilibrado. A mão em seu peito deve se mexer o mínimo possível. Mais uma vez, tente

repetir a respiração a cada inspirada. Isto se chama Respiração Diafragmática. Quando se sentir à

vontade com esta técnica, tente diminuir a respiração, colocando uma pequena pausa após expirar e

antes de inspirar novamente. Inicialmente pode parecer que não

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está obtendo ar o suficiente, mas com a prática esta respiração mais lenta logo será agradável.

Muitas vezes é útil desenvolver um ciclo, onde você conta até três quando inspira, pausa, e

então conta até três quando expira (ou 2, ou 4—o que for confortável para você). Isto também lhe

ajudará a se concentrar em sua

respiração sem qualquer outro pensamento aparecendo em sua cabeça. Se você perceber outros

pensamentos entrando em sua mente, deixe-os irem e traga de volta sua atenção à contagem e à

respiração. Continue a fazer isto por alguns minutos. (Se você praticar, fortalecerá o Músculo do

Diafragma e ele começará a funcionar normalmente—o deixando com uma gostosa sensação de

relaxamento o tempo todo).

Agora passe a atenção para os seus pés. Tente realmente senti-los. Veja se consegue sentir

cada dedo do pé. Imagine a planta do seu pé e visualize

raízes saindo dela lentamente e entrando no chão. As raízes crescem em um ritmo acelerado e entram

profundamente no solo. Você agora está fixado firmemente no chão e sente-se estável como uma

grande árvore. Mantenha esse sentimento de segurança e seguridade na terra por alguns momentos.

Uma vez criado um forte sentimento ou impressão de estar fixo ao chão como uma árvore,

quero que visualize uma nuvem de luz brilhante se formando acima de você. Um raio vindo da nuvem

luminosa acerta a coroa da sua cabeça e isto acende um feixe de luz branca que desce lentamente da

sua cabeça e percorre todo o seu corpo, suas pernas e sai pelos seus dedos do pé. Enquanto o feixe de

luz passa por você, sinta-o clareando seu estado mental. Está iluminando sua mente e limpando

qualquer entulho de pensamento. Repita esta imagem quatro ou cinco vezes até que sinta um senso de

limpeza e liberação.

Para terminar, imagine-se debaixo de uma luminosa cachoeira. A água é radiante e borbulha

com vitalidade e vigor. Enquanto fica debaixo da cachoeira, você sente a água percorrer cada centímetro

do seu corpo, tranqüilizando e instalando uma profunda sensação de calma. Tente sentir o gosto da

água. Abra a sua boca e deixe a água entrar, refrescando-lhe. Ouça-a bater no chão. A

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76

água é a própria vida e está levando embora o estresse e as preocupações da sua mente e corpo.

Depois de um momento, abra seus olhos.

Tente usar todos os seus sentidos enquanto realiza a visualização. Para tornar as imagens em sua

mente as mais reais possíveis use seu tato, paladar e audição. Sinta a água escorrer pelo seu corpo;

ouça o som que faz quando bate em você.

Quanto mais realista o cenário imaginado, mais benefícios você obterá. Muitas pessoas relatam

resultados bastante benéficos e tranqüilizantes usando estas simples visualizações regularmente. A

mente é como um músculo que para relaxar precisa soltar regularmente o que está segurando. Ao

visualizar as diferentes situações, você permite que sua mente se solte. É como mandar uma

mensagem ao seu cérebro que ao fechar os olhos e iniciar o processo, é hora de largar tudo que estiver

sendo mentalmente segurado. Para começar, a fim de treinar sua mente em como largar o estresse, é

importante praticar diariamente. Com treino, você pode aprender a soltar todo o estresse minutos após

iniciar o exercício. Recomendo que seu treino diário seja antes de ir para a cama, pois isso o permitirá

dormir mais profundamente. Muitas pessoas não fazem as visualizações no quarto, mas em outro

cômodo antes de irem para a cama. Assim, quando entram no quarto e fecham a porta, deixam o

estresse mental para trás.

A visualização, enquanto ferramenta para lidar com o estresse mental, é muito efetiva. Se for

realizada apropriadamente, você pode atingir uma

sensação profunda de paz interior. Porém, por experiência própria, não acho que a visualização é

suficiente para acabar com um ataque de ansiedade ou pânico (isto é um trabalho para a técnica do

Movimento Único), mas é uma ferramenta de suporte poderosa para livrá-lo das sensações de

ansiedade generalizada.

Isto conclui a abordagem em duas partes para lidar com pensamentos ansiosos. Com prática,

você alcançará seus dias sem estes pensamentos

ansiosos interrompendo sua vida e mais importante, reduzindo

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significativamente o nível de ansiedade generalizada que sente. Vamos analisar agora a próxima

ferramenta importante, a dieta.

Dieta

Água

Não há maneira mais rápida de reduzir a ansiedade generalizada do que ter bons hábitos

alimentares. Uma das coisas mais eficientes e fáceis de adicionar à sua dieta é água fresca. A água é

um ótimo matador da sede—mas ainda mais relevante para este curso—também da ansiedade.

Praticamente

todas as funções do corpo são acompanhadas e fortificadas pelo fluxo eficiente de água pelo nosso

sistema. A água transporta hormônios, mensageiros químicos e nutrientes para os órgãos vitais do

corpo. Quando não mantemos nosso corpo bem hidratado, ele reage com vários sinais como a

ansiedade, que

nunca pensaríamos estar relacionada ao pouco consumo de líquidos.

Aqui estão algumas informações importantes sobre a água:

1. Setenta e cinco por cento das pessoas são cronicamente desidratados.

2. Em 37%, o mecanismo da sede é tão fraco que muitas vezes é confundido com fome.

3. Mesmo uma LEVE desidratação diminuirá o metabolismo de uma pessoa em até 3%.

4. Um estudo da Universidade de W ashington mostrou que um copo de água acaba com a fome

noturna de quase 100% dos que fazem dieta.

5. A falta de água é a razão número 1 do cansaço durante o dia.

O consumo regular de água é vital à sua dieta. Quando estamos desidratados,

nossas células sentem isso em nível molecular e comunicam isso ao

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subconsciente na forma de uma ansiedade escondida sutil. A chave para equilibrar um déficit de fluidos

é beber oito copos de água fresca diariamente.

Você já notou os efeitos da desidratação nas suas emoções antes? Se você já sofreu com os

sintomas de uma grande ressaca depois de uma noitada, entenderá os sentimentos da desidratação

muito bem. Ressacas resultam da desidratação e desequilíbrio de eletrólitos. Tenho certeza de que

muitos de

vocês conhecem a tendência do que ficou conhecido como ―medo da ressacaǁ‖. É um senso de

ansiedade e nervosismo ampliado que resultam da desidratação causada por uma ressaca. A maneira

mais certa de alguém que sofre de ansiedade ter um ataque de pânico é tomar bebidas alcoólicas em

excesso e esperar a ressaca do dia seguinte.

É importante estar ciente que a desidratação é um fator que contribui para a ansiedade. A boa

notícia é ser facilmente remediada bebendo líquidos regularmente. Pessoalmente, descobri que não só o

consumo regular de água impede qualquer sentimento sutil de ansiedade, mas é também incrivelmente

eficiente para produzir energia e evitar a fadiga.

Dieta (Alimentação)

Em média, a maioria das pessoas tem uma dieta com muitos alimentos ácidos, o que resulta

não apenas em uma resistência mais baixa ao estresse, mas em uma variedade de sérios problemas de

saúde. A sua dieta é algo que você pode controlar imediatamente. Ao dominá-la, não está apenas

melhorando seu bem-estar geral, mas construindo uma atitude mental positiva, que diz: ―Eu controlo meu

corpoǁ‖.

Se nosso ambiente interno é muito ácido, pode acabar exagerando qualquer ansiedade que se

tem. O corpo encontra-se em ótima saúde quando está equilibrado internamente. É necessário manter o

pH interno total do corpo em parâmetros aceitáveis. A eliminação da ansiedade extrema não é fácil, a

não ser que se mantenha o equilíbrio alcalino nos alimentos que você ingere. Se sua alimentação é

muito ácida ou excessiva, seu corpo não consegue funcionar da melhor maneira. Terá dificuldades para

eliminar toxinas e ficará estressado,

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deixando que você fique vulnerável e abalado quando a ansiedade atacar. Alimentos como sal, açúcar e

produtos refinados ou processados, baixam a resistência do seu corpo, enquanto frutas e vegetais a

aumentam. Ao controlar as necessidades do seu corpo, você se fortalece e constrói gradativamente um

corpo que não se sente ameaçado por um ataque de ansiedade extrema.

Proteínas, sementes, grãos e laticínios (exceto iogurte) junto ao álcool, e açúcar são alimentos ácidos.

Frutas, vegetais e sucos são alcalinos.

Para um ótimo equilíbrio você precisa de uma dieta 80% alcalina. Isto significa concentrar-se

nas frutas e vegetais crus usando proteínas em pequenas quantidades para quando precisar de energia.

Uma pessoa com uma boa dieta precisa de apenas 50 gramas de proteína por dia. Isto é igual a cerca

de 200 gramas de proteína animal (ou o equivalente vegetariano) ou cerca de 1 litro de um bom iogurte.

O resto da sua dieta deve ser alcalina (caso tenha uma

profissão desgastante fisicamente, você pode precisar de mais que 50 gramas de proteína por dia).

Abaixo temos uma lista mais abrangente de alimentos alcalinos que lhe ajudarão a equilibrar sua dieta.

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Repolho Couve-Flor

Cogumelos

Ervilhas

Verdes Melão

Feijão Verde Batata Melão Amarelo Tangerinas

Tomates Limão Verde Morangos

Abacaxi

Laranjas

Amora

Pêras

Uvas Pêssegos Maçãs

Damasco Framboesa Feijão

Figo Desidratado

Passas

Batata Doce

Alimentos Desidratados Abacate Melancia

Bananas Ameixas Melão Doce

Amêndoa

s Vagem

Agrião

Pepino

Milho Verde Aipo Repolho Azedo Beterraba

Folha de

Alface

Beterraba

Repolho Verde

Cenoura

Espinafre Cru

Brócolis Soja Verde

Minerais

As reservas de minerais em seu corpo têm ação neutralizadora nos ácidos e tendem a reduzir a

acidez no ambiente interno. Concentrações baixas ou deficientes de minerais podem deixar o pH

corporal mais ácido. A ação apaziguadora dos minerais mantém o pH num nível mais saudável e

levemente mais alcalino. Este sistema de neutralização é delicadamente

equilibrado e pode ser prejudicado sob condições de deficiência de minerais. Tanto os resíduos ácidos

quanto os minerais são eliminados através da urina. Com o tempo isto esgota as reservas de minerais

se não são repostas. Este é o motivo pelo qual devemos garantir níveis adequados de mineral em

nossa dieta. Se não conseguirmos isto através das frutas e vegetais que comemos, então precisamos

utilizar suplementos minerais de boa qualidade.

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Os nutrientes que mais ajudam o corpo a lidar com o estresse incluem vitaminas do complexo

B, concentrado adrenal, fígado ressecado,

óleo de semente de linhaça e minerais coloidais. Um suplemento balanceado de vitaminas do complexo

B é essencial para as funções normais das glândulas pituitárias e adrenais. Sem o complexo B, estas

glândulas não produzirão a quantidade adequada de hormônios.

Os minerais são extremamente essenciais para as funções normais do corpo, incluindo as do

sistema nervoso autônomo. Um bom exemplo da sua importância é demonstrado pelo papel que um

mineral, como o Magnésio,

tem no funcionamento do corpo. O Magnésio serve de instrumento em mais de

270 reações bioquímicas do corpo. Ele também ajuda a regular o pH (equilíbrio ácido-base) da fisiologia

humana. O corpo humano funciona com uma variação muito pequena do pH. O Sódio e o Potássio são

essenciais para o funcionamento do sistema nervoso. Sem um dos dois, nosso sistema ficaria

inativo e morreríamos. Estes minerais são normalmente encontrados

naturalmente nos vegetais que comemos. Entretanto, a quantidade de minerais nos

vegetais tem diminuído ao longo dos anos devido ao desgaste

do solo. Portanto, talvez seja necessário consumir suplementos minerais.

A verdade é que é muito difícil manter a compostura e a confiança em sua habilidade de lidar

com todos os percalços da vida se seu corpo estiver subnutrido ou com déficit de alimentos importantes.

Proteja as necessidades do seu corpo e estará fortalecendo sua capacidade de lidar, não somente com

os ataques de pânico, mas também com qualquer forma de estresse diário.

Estou convencido de que nos próximos cinco a dez anos, uma ligação definitiva será feita entre

a dieta e o aumento da incidência de ataques de pânico e ansiedade na população em geral. Existem

pesquisas muito interessantes sendo conduzidas a respeito da conexão entre uma melhora drástica da

esquizofrenia e uma dieta sem glúten. Embora a esquizofrenia

não tenha nada a ver com ansiedade ou ataques de pânicos, é um exemplo de como a ciência está

procurando pela ligação entre a alimentação e nossa saúde mental.

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Exercício

Exercitar-se é uma prática excelente para se ter vantagem em relação ao estresse e à

ansiedade. Além de todos os benefícios comprovados do exercício regular, ele ainda ajuda a aumentar

bastante a confiança e a crença das pessoas na capacidade do corpo.

Durante um ataque de pânico, muitos dos sintomas são semelhantes aos que sentimos após uma ótima

sessão de exercícios:

- Aumento da freqüência cardíaca

- Suor

- Sensações corporais ampliadas

- respiração Acelerada

Uma das maiores vantagens de um treinamento cardiovascular saudável é ensinar-lhe a sentir-se

confortável com seu corpo durante um estado de esforço intenso. Exercícios vigorosos nos dão a

oportunidade de submeter nosso corpo de maneira segura a um estado de atividade intensa, parecido

com a reação corporal que temos durante um ataque de pânico. Os exercícios nos levam ao imite do

esforço aceitável e nos treinam para ficarmos mais confortáveis com sensações físicas como respiração

pesada e freqüência cardíaca acelerada. Isto constrói uma nova confiança na capacidade do nosso

corpo em lidar com altos níveis de esforço. Se você dá ao seu corpo oportunidades regulares de sair de

um estado de exaustão para um de relaxamento, não sentirá ameaça alguma quando seus batimentos

cardíacos se acelerarem durante um ataque de pânico. Você terá o conhecimento e a confiança para

dizer a si mesmo que seu corpo é bem capacitado a lidar com esse estado, como já o fez muitas vezes

antes. Saberá que em um curto período de tempo, seu corpo retornará a um estado tranqüilo, como

sempre.

Para muitos, o fator de medo combinado de um ataque de pânico vem da ansiedade pelas

reações físicas estranhas. O exercício é um estresse saudável e imposto ao corpo por nós mesmos.

Ajuda a liberar as tensões e é um útil exaustor de qualquer emoção que precise ser liberada.

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A exigência para que o exercício apropriado o ajude a construir esta confiança natural, na

capacidade física do seu corpo, é um regime de exercícios de 20 a 30 minutos de treinamento

cardiovascular, no mínimo. Pode ser uma caminhada vigorosa, trote, corrida, natação—qualquer coisa

que o deixe bem suado.

Ao começar um programa de exercícios é melhor fazê-lo com calma e estabelecer objetivos

modestos. Escolha a atividade que lhe for conveniente

e que lhe dê prazer para que continue sempre. Leve seu corpo a um alto estado de exaustão,

conseqüentemente elevando sua freqüência cardíaca e respiração pesada . O melhor jeito de se

exercitar é atingir o auge do esforço por alguns minutos, reduzir a intensidade e então aumentá-la

novamente.

Isto faz com que mantenha seu corpo progredindo a cada sessão, sem estagnar nunca. Quando você

entra realmente em forma, sua confiança, de uma maneira geral, aumenta. Tenho certeza de que você

já experimentou o estímulo natural que o exercício oferece. Ele envia uma mensagem clara pelo seu

corpo que batimentos cardíacos acelerados, ou respiração aumentada são reações perfeitamente

naturais e dentro da sua capacidade.

Pesquisas recentes comprovam que o exercício abastece os

amenizadores de estresse do cérebro. Evidências anteriores sugerem que

pessoas fisicamente ativas têm taxas mais baixas de ansiedade e depressão do que pessoas

sedentárias. Os pesquisadores estão agora procurando possíveis ligações entre o exercício e as

substâncias químicas do cérebro, em relação ao estresse, ansiedade e depressão. A pesquisa

conduzida por Mark Sothmann, PhD da Indiana University School of Medicine (Escola de Medicina da

Universidade de Indiana) sugere que biologicamente, o exercício dá ao corpo a chance de treinar como

lidar com o estresse. Ele força os sistemas fisiológicos do corpo—todos os que estão envolvidos na

reação ao estresse—a se comunicarem muito mais que o usual: o sistema cardiovascular se

comunica com os rins, que então se comunica com os músculos. Todos

estes são controlados pelo sistema nervoso central e simpático, que

também se comunicam entre si. Este treinamento do sistema de

comunicação do corpo talvez seja o verdadeiro valor do exercício.

Não há dúvida, começar e manter um regime de exercícios requer comprometimento. Se achar

que não tem tempo para investir nisso, pode

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deixar passar um ponto muito importante. Exercitar-se trará benefícios tremendamente positivos à sua

saúde mental, emocional e física. Seus níveis de energia decolarão, sua resistência ao stress irá

melhorar, reduzindo, assim, as sensações gerais de ansiedade que discutimos anteriormente. Sua

percepção geral da vida será aprimorada à medida que a confiança em seu novo corpo aumentar. Para

finalizar a questão, seja sempre gentil consigo mesmo, não se repreenda se sentir que está fora de

forma por que não

consegue correr em volta do quarteirão. Comece devagar e seja

determinado. Se conseguir incorporar os exercícios regulares à sua vida, os

benefícios serão profundos.

(Existem muitos livros disponíveis nas livrarias e na Internet, a respeito da implementação de exercícios da maneira

adequada. Como sempre, caso tenha algum problema de saúde consulte, é claro, o seu médico antes.)

Distração

Para livrar-se da ansiedade generalizada, você precisa se dedicar

100% ao que quer que seja. Pode ser difícil fazê-lo no começo,

especialmente se suas ocupações são tarefas diárias como lavar a louça ou

fazer compras, que não são muito atraentes. É preciso comprometer-se regularmente com uma

atividade que o estimule e prenda totalmente sua atenção. Algo que o faça imergir totalmente. Quanto

mais física é a atividade, melhor.

Algumas das atividades que podem possivelmente interessar-lhe são jardinagem, tocar um

instrumento musical, praticar algum esporte ou simplesmente conversar com um amigo. A idéia aqui é

encontrar algo que você pode repetir regularmente e que o tire dos pensamentos e o traga para

a vida. Alguma coisa que o distraia é uma ferramenta valiosa no que diz respeito a tirar sua atenção das

sensações desagradáveis que podem estar perturbando seu corpo. Quanto mais se envolve em uma

destas atividades, mais se compromete com a vida, menos estagnado e ansioso se sentirá. Uma das

melhores distrações que posso recomendar para qualquer um que esteja incerto sobre o que poderia

lhe interessar é procurar um trabalho voluntário local. Pode ser qualquer coisa, desde fazer sopa para

os sem-teto até

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conservação ambiental. Se puder passar pelo menos uma ou duas horas por semana nesse tipo de

trabalho, não só sentirá sua auto-estima melhorar,

mas acabará com qualquer sentimento persistente de isolamento ou solidão que acompanham os

ataques de pânico e ansiedade. Pode ter certeza que existe alguma organização perto de você

precisando de voluntários para ajudá-la.

A arte da distração sempre foi usada para ajudar as pessoas a focalizar e evitar que se

concentrem em qualquer desconforto físico ou emocional que estiverem sentindo. Como um amigo

carinhoso, que convida seu colega de coração partido para sair e se divertir. Dentistas e médicos muitas

vezes

usam técnicas de distração para tirar a atenção do paciente de um possível desconforto físico os

oferecendo alguma outra coisa em que se concentrar (normalmente a conta). O propósito de usar a

distração para as pessoas que querem viver sem ansiedade é criar novas atividades que façam com

que o indivíduo esqueça o transtorno de ansiedade que afeta sua vida.

Se você perceber que todos os pensamentos ansiosos de medo que passam pela sua cabeça

são como um rolo de filme sendo rodado em um projetor (sua mente) dentro da sua vida, concentrar-se

em alguma atividade imediatamente corta o filme e o traz diretamente para o momento presente.

Quando você vive o momento, não há espaço algum para o transtorno de ansiedade. Isto dá ao seu

corpo e mente mais tempo de relaxamento necessário para expelir qualquer excesso de substâncias

químicas em seu sistema que possam levar a sentimentos desagradáveis de ansiedade.

Terapia do Campo do Pensamento (TFT)

A quarta e última ferramenta para a eliminação de quaisquer sentimentos de ansiedade do seu

corpo é um tratamento natural e revolucionário com muitos relatos empolgantes: a Terapia do Campo do

Pensamento (TFT).

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Dezenas de milhares de pessoas usam esta técnica para tratar problemas psicológicos como

ansiedade, fobias e emoções negativas em geral. A TFT é comprovadamente uma ferramenta poderosa

a fim de ajudar as pessoas a superarem seus medos. Eu a estou colocando aqui como ferramenta extra

para ajudar-lhe a eliminar qualquer resquício da ansiedade escondida persistente, que discutimos

anteriormente. O maravilhoso a respeito desta técnica é que é completamente segura e pode ser

aplicada à sua situação com resultados efetivos em questão de minutos.

A Terapia do Campo do Pensamento é diferente de qualquer outro tratamento psicológico que

você já tenha usado ou ouvido falar. É um sistema que acessa e soluciona a essência e a raiz do

problema, sejam em ataques de pânico, traumas, fobias, tristeza, etc., simplesmente estimulando

pontos específicos do corpo. Para entender por inteiro o método TFT, é preciso uma pequena

introdução à acupuntura, pois é a base desta abordagem.

A acupuntura age no sistema energético do corpo. Esse método de cura milenar, desenvolvido

na China, baseia-se na premissa de que ao estimular o fluxo de energia, ativa-se a rede própria de cura

do corpo. É em torno desta energia corporal que a TFT aplica sua técnica. A TFT é um processo onde

se estimula pontos exatos, tradicionalmente através da inserção de agulhas, para incitar a energia ou a

força vital e dissolver padrões de bloqueios energéticos do organismo da pessoa.

Terapeutas do campo do pensamento descrevem as emoções como informações condensadas

em forma de energia, ligadas ao que se denomina

―campo do pensamentoǁ‖. O tratamento consiste em influenciar o campo bioenergético do organismo,

estimulando com os dedos pontos específicos do corpo localizados ao longo dos meridianos

energéticos. Acredita-se que emoções improdutivas ou ―negativasǁ‖ são bloqueadas ou estagnadas no

campo energético e isto leva ao desenvolvimento de ansiedades, medos irracionais, etc. Estas emoções

―negativasǁ‖ são então eliminadas através de várias estimulações em pontos específicos.

Devo admitir que não acreditei nessa terapia quando fui apresentado a ela, mas as informações

e relatos de pessoas que experimentaram o método são bastante encorajadores. Através de um

processo de fácil compreensão, destaquei abaixo o tratamento específico, usando a TFT, para os

ataques de

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pânico e ansiedade. Primeiro, o indivíduo é encorajado e pensar no problema, ou seja, os ataques de

pânico e ansiedade e então, dimensiona a intensidade da aflição emocional que está sentindo, em uma

escala de 1 a 10. Em

seguida há uma série de exercícios de estimulação em partes específicas do

corpo em uma seqüência determinada. Ao fazer isso, elimina-se o

desequilíbrio no sistema energético do corpo, além de erradicar as emoções

negativas e sintomas de sofrimento psicológico, no processo.

Será que funcionará para você? Bom, a maneira mais simples de saber é tentar. O fator

realmente interessante desta técnica é que os resultados

são quase instantâneos. Como não é preciso nada, além de simplesmente pressionar pontos do corpo,

é uma terapia inofensiva e fácil de fazer. Tive várias respostas positivas a respeito desta técnica,

especialmente na sua capacidade de dissolver o sentimento de embrulho no estômago, tão associado à

ansiedade extrema.

A seguir, veremos a seqüência de exercícios de estimulação usada para o tratamento da

ansiedade e dos ataques de pânico. (a TFT possui diferentes seqüências para uma ampla lista de

emoções negativas e fobias).

Passo 1

Intencionalmente pense na sua ansiedade e em qualquer ataque de pânico que tenha tido. Tente sentir

a aflição que esta situação lhe causa. Classifique esta aflição numa escala de 1 a 10.

O grau 1 indica absolutamente nenhuma aflição, enquanto o 10 significa aflição total. Isto é chamado de

escala de desconforto (SUD).

Passo 2

Usando dois dedos, bata levemente abaixo do olho, a cerca de 2 cm abaixo do globo ocular no centro

do osso orbital, na parte de cima da bochecha. Mantenha as batidas firmes, mas sem machucar. Cerca

de cinco batidas servirão. (Veja a ilustração 1 abaixo.)

Observação: Não importa em qual dos lados do corpo o tratamento é feito. Você pode estimular o lado

esquerdo ou o direito.

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Passo 3

Dê pequenas batidas firmes ao lado do seu peito, embaixo do braço, cerca de

4 cm diretamente abaixo à axila, na parede torácica, por cinco vezes novamente. Este ponto fica na

altura do mamilo para os homens e mais ou menos no centro do sutiã nas mulheres.

(Veja a Ilustração 2 abaixo)

Passo 4

Encontre o ―ponto da clavícula" da seguinte maneira. Usando dois dedos de cada mão, percorra o

centro de sua garganta e desça até atingir a parte

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superior do esterno (começo do tórax). A partir deste ponto desça mais 3 cm e então mais 3 cm para a

direita ou esquerda. Dê pequenas batidas neste ponto por cinco vezes.

(Veja Ilustração 3 abaixo)

Passo 5

Neste momento, pergunte a si mesmo como está se sentindo. Se a diminuição for de 2 o mais pontos,

vá para o Passo 6. Somente se não houver mudança ou uma mudança muito pequena na maneira

como

se sente, é que você deve seguir estas instruções, caso contrário vá direto ao passo 6:

Encontre o ponto de Inversão Psicológica (PR spot – Psychological Reverse) (veja a ilustração

4). É localizado na parte de fora da mão, no ponto médio entre o pulso e a base do dedo

mindinho. Bata neste ponto por cinco vezes com os dedos da mão oposta e então retorne

ao Passo 1.

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Passo 6

Certo, você percebeu certo decréscimo na sua ansiedade ou nos sentimentos que causam seus

ataques de pânico. Este próximo passo é chamado de ponto gama. Está localizado no dorso da mão—

cerca de um centímetro abaixo da saliência que o dedo anular e o mindinho formam quando mantemos

a mão fechada. (Veja Ilustração 5 abaixo). Comece batendo no ponto com dois

dedos da mão oposta mais ou menos três vezes por segundo e continue a

bater quando executar a série de passos abaixo.

1. Olhos Fechados

2. Olhos Abertos

3. Mova os olhos para baixo e para o lado, cabeça parada

4. Mova os olhos para baixo e para o lado oposto, cabeça parada

5. Faça um círculo com os olhos em uma direção

6. Faça um círculo com os olhos na direção oposta

7. Sussurre um pedaço de uma canção 90

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8. Conte de 1 a 5 em voz alta

9. Sussurre um pedaço de uma música

O truque aqui é continuar batendo no ponto gama enquanto executa esses passos, simultaneamente.

Passo 7

Agora refaça a escala de desconforto (SUD). Em outras palavras, como se sente agora a respeito da

sua ansiedade em uma escala de 1 a 10?

Se você sentir que atingiu o nível 1 na escala—Que significa não ter ansiedade persistente—vá para a

última etapa, o Passo 8. Se você perceber uma redução, mas não de maneira significativa, volte ao

Passo 5 e bata no ponto da inversão psicológica (PR) como descrito no passo 5. Neste caso, porém,

aumento o número de vezes que baterá no ponto de 5 para 15.

Observação: o ponto da inversão psicológica (PR) é usado para pessoas que não estão obtendo

máximo resultado. Ele ativa um ponto onde a energia

pode precisar de estimulação extra para desbloquear-se e mover-se livremente.

Passo 8

O rolar dos olhos de cima para baixo é feito ao final de uma bem-sucedida série de tratamentos. A

pessoa normalmente relata 1 ou 2 na escala e este tratamento serve para consolidar o 1 e baixar o 2

para 1. O indivíduo bate no ponto gama (veja Ilustração 5) no dorso da mão, mantendo a cabeça parada

(muitas pessoas querem mexer a cabeça neste exercício ao invés dos olhos, portanto tente manter a

cabeça imóvel). Agora, enquanto dá pequenas batidas no ponto gama:

- Role seus olhos para baixo olhando para o chão e então

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- - Role-os verticalmente (levando cerca de 10 segundos) até em

cima, olhando para o teto. Deve-se continuar batendo

constantemente no ponto gama durante esse movimento dos olhos.

É isso!

Sei que alguns destes procedimentos podem parecer um pouco estranhos. Mas, acredito firmemente

que os resultados que você terá depois serão provas suficientes de que usar a Terapia do Campo de

Pensamento,

definitivamente, atinge resultados bastante efetivos. Segundo estudos

realizados, os resultados não são apenas soluções em curto prazo, é a

eliminação completa de qualquer medo ou fobia que esteja sendo tratado.

É uma área nova e em desenvolvimento, com uma grande quantidade de informações

disponíveis sobre o assunto. Recomendo que você leia o livro Terapia do Campo do Pensamento de

Roger Callahan, PhD, para maiores informações sobre a origem da terapia e dos estudos que

comprovaram sua eficácia. Seria interessante que você me enviasse sua opinião a respeito

desta técnica.

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Capítulo 6

Medicar ou Não

Se você está tomando algum medicamento ansiolítico para seus ataques de pânico, parabéns

por procurar ajuda médica. Muitos indivíduos que têm ataques de pânico temem ir ao médico, achando

que ele lhes dirá que seu problema é muito pior do que imaginam. Parece que muito do que se

diz por aí a respeito dos ataques de pânico faz com que as pessoas sintam-se culpadas e fracas, pelo

simples fato de usarem remédios que as ajudem a enfrentar o dia.

A medicação para ataques de pânico pode ser muito benéfica se, como qualquer outra coisa,

não for usada em excesso. Existem milhares de

pessoas que não seriam capazes de manter um emprego ou recuperar algum senso de realização na

vida, se não fosse pela medicação prescrita pelo seu médico. Em minha opinião, a medicação torna-se

perigosa quando o usuário vira completamente dependente dos remédios, quando só de pensar em

esquecê-los ao sair já provoca um ataque de pânico.

A maioria dos bons médicos aconselha um plano apropriado de tratamento, garantindo que

assim que o usuário conseguir controlar melhor

seus ataques de pânico diminuirá gradualmente a dosagem. Sob

circunstância alguma um paciente assim deve eliminar o uso da medicação

completamente sem consultar seu médico. Aplique a técnica do ―Movimento Únicoǁ‖ e as quatro

ferramentas descritas acima. Quando sentir que está melhorando (o que acontecerá em pouco tempo),

discuta a situação com seu médico.

Ao discutir a medicação, não custa checar métodos naturais ou herbais, que estão se

tornando cada vez mais populares na redução da força e freqüência dos ataques de pânico. O

argumento para se usar uma abordagem natural é que ela tende a ser menos viciante e ter menos

efeitos colaterais que os remédios convencionais. O método natural mais eficiente e que mencionarei

rapidamente são florais de Bach.

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O falecido Dr. Edward Bach largou seu consultório em 1930 para dedicar seu tempo à busca

de remédios e ao aperfeiçoamento de seu método

de cura através de florais. Ele buscou remédios nas plantas, que

restaurassem o vigor dos doentes e aflitos, para que pudessem superar suas

preocupações, seus medos ou depressão e, desta maneira, ajudar na própria cura.

Os remédios usados nesta forma de tratamento são todos

preparados a partir das flores de plantas silvestres, arbustos ou árvores.

Nenhum deles é nocivo ou vicia. São prescritos, não diretamente para o problema físico, mas de acordo

com o estado mental do paciente, de acordo com seus medos, preocupações, raiva ou depressão.

Segundo Bach, "Um estado mental sem harmonia não somente atrapalha a cura e retarda a melhora da

saúde, mas é a causa principal de doenças e enfermidades".

Por exemplo, o remédio para o terror ou medo extremo (rock rose) é ministrado quando o

paciente ou aqueles próximos a ele são dominados pelo terror absoluto, isto é, um ataque de pânico. A

natureza do problema, ou o nome da doença, não faz diferença. Se o terror está presente, então o

remédio para terror é o que o paciente, seus amigos e familiares precisam.

Além disso, uma mistura de cinco florais de Bach, adequadamente chamada de ―Rescue

Remedyǁ‖ (Remédio de Resgate) é ótima para medo e ansiedade em geral. Este remédio é normalmente

usado para os momentos ansiosos, tais como, fazer uma prova, ir ao dentista ou ter uma entrevista

importante. Os remédios de Bach são benignos; não produzem qualquer reação desagradável.

Normalmente são ministrados na forma de gotas, misturadas em um copo de água. Estes dois produtos

herbais são facilmente encontrados em lojas de produtos naturais ou pela internet.

O objetivo deste capítulo é destacar que sempre existem opções para se lidar com os

ataques de pânico. Nunca deixe que sua mente o faça

acreditar que não há solução.

Tenho certeza de que você concordará que a única recuperação verdadeira bem-sucedida é

aquela livre de muletas como o álcool, remédios ou até mesmo um amigo compreensível. A proposta

deste livro é fazer com que os indivíduos usem a técnica do ―Movimento Únicoǁ‖, sem muletas

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externas, para que onde quer que você esteja e com quem quer que esteja, nunca mais tenha medo de

ter um ataque de pânico.

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Capítulo 7

Despertando Seu Potencial Escondido

Como vimos, não é a aceleração dos seus batimentos cardíacos ou a pressão em seu peito que

provocam medo em alguém quando um ataque de pânico acontece. O medo nasce de uma

preocupação que diz, ―Não consigo enfrentar isto, é demais, não sou capaz de lidar com esta situaçãoǁ‖.

Corra, evite—fuja.

Todo mundo é capaz de lidar com situações estressantes. O problema dos ataques de pânico,

porém, é que eles destroem esta força interior e com

o tempo esgotam totalmente a confiança da pessoa na sua capacidade de lidar com situações de

estresse. Use as técnicas mentais e corporais encontradas neste livro para reabastecer sua fonte de

coragem e confiança. Fortaleça sua capacidade de não somente lidar com os ataques de pânico, mas

com qualquer coisa que a vida coloque em seu caminho.

Aqui está uma última ferramenta de incentivo para lhe ajudar.

Todos sabem que nosso caráter é determinado pela nossa experiência. Mais precisamente, é

determinada por nossas memórias daquilo que já passou. O momento em que enfrentou uma prova

estressante ou conseguiu o emprego que queria e o mais importante de tudo, todas as vezes que achou

que perderia o controle em um ataque de pânico—mas manteve a compostura e superou.

Estes sucessos passados nos permitem ter confiança na maneira como lidaremos com o futuro.

Ataques de pânico devoram esta confiança. De fato, eles mandam a mensagem de que você não é

capaz de lidar com a situação e as sensações corporais parecem fugir de seu controle. Qualquer

esforço para dominá-las só torna a situação ainda pior. Mas o que realmente aconteceu? Mesmo que

você não tenha conseguido se segurar, você morreu? Sofreu

sérios danos físicos? Não.

O ataque de pânico veio e, como sempre, foi embora. Agora, armado

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com as técnicas encontradas aqui, especialmente a do ―Movimento Únicoǁ‖, você verá como todos os

futuros ataques de pânico desaparecerão tão rapidamente quanto surgiram. Aqui está a sua base para

construir sua nova confiança.

Você constrói por cima do passado, cada vez que é bem-sucedido.

Lembre-se sempre disso, não apenas quando estiver assustado, mas sempre que tiver um

momento para si mesmo. Passe o filme em sua cabeça várias vezes, de todas as vezes que os ataques

de pânico vieram e se foram

e você saiu ileso; na verdade, não apenas saiu ileso, mas com prática, indiferente. Como tudo que é

bom, requer prática. Infelizmente não temos o hábito de nos concentrarmos em nossos sucessos

anteriores, mas continue. Você pode até estar sentindo, a esta altura, que ter um ataque de pânico não

é uma experiência corajosa, para se ter orgulho. Discordo. Os ataques de pânico são provavelmente

uma das experiências mais assustadoras que uma pessoa pode passar. Na maioria dos casos, o

indivíduo sente como se estivesse encarando a própria morte e este é um medo enorme para se encarar

durante o seu horário de almoço!

Orgulhe-se das duas experiências—você não é uma vítima covarde,

mas o sobrevivente de uma experiência aterradora e, mais, você

provavelmente continuou a trabalhar no mesmo dia ou buscou as crianças na

escola. Você continuou a viver. Lembre-se de outros momentos também, não relacionados aos ataques

de pânico, onde você lidou com situações muito difíceis ou onde outras pessoas recorreram a você para

apoio e conforto.

Se você tem ataques de pânico há muito tempo, melhor ainda; você tem a vantagem de ter

diversas experiências para trabalhar em cima. Claro, devem existir más memórias de ataques de

pânico, que você prefere esquecer, mas a emoção fundamental a ser construída é que você sobreviveu

e está aqui, agora, vivo e aproveitando um novo dia.

Construa uma lista de memórias que será sua amiga, um recurso a ser explorado. Escreva as

memórias, pois isso as solidificam e as deixam mais reais em sua cabeça. Leia a lista para si mesmo

regularmente. Confiança,

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assim como o medo, é contagiosa e logo você a sentirá se espalhando por todas as áreas da sua vida,

dando-lhe mais qualidade de vida do que tinha antes dos ataques de pânico.

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Conclusão

Aplique as técnicas mentais e corporais que discutimos. Viva um dia de cada vez. Logo você

olhará e se encontrará vivendo uma vida completamente nova, confiante e sem medo. Este livro foi

escrito para todos os indivíduos

que sofrem com os ataques de pânico, mas especialmente àqueles que acham que viverão para

sempre sentindo medo e terror. Seu futuro será brilhante. Como eu sei disso? Por que você tem a

técnica que está mudando as vidas de muitas pessoas; você já deu o primeiro passo, investindo em seu

próprio bem-estar ao comprar este livro. Quando se esforçar, o sucesso é garantido. Ataques de pânico

representam realmente as trevas antes da luz.

Ao seu futuro brilhante, Joseph Barry http://www.fimdopanico.com

Referências

W egner, D.M., Schneider, D.J., Carter, S., III & W hite, L. (1987) Paradoxical effects of thought suppression. Journal of Personality and Social

Psychology, 58, 409-418.

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