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Universidade Estadual de Maringá 27 e 28 de abril de 2010 1 TRAJETÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL SECUNDARISTA PARANAENSE: 1964 – 1988 SCHMITT, Silvana Lazzarotto (UNIOESTE) FIUZA, Alexandre Felipe (Orientador/UNIOESTE) Atualmente os estudos sobre o Movimento Estudantil 1 têm apontado para uma “desarticulação” dos estudantes diante de questões educacionais, bem como sociais, especialmente a partir da redemocratização do Brasil. Tendo em vista que o ME demonstrou, durante a Ditadura Militar brasileira, uma participação destacada nos debates que se faziam diante de questões como: reforma agrária, o voto do analfabeto, o imperialismo, entre outros. Neste sentido, este trabalho, pretende responder questões como estas: Como o ME Secundarista se (re) organizou após a Ditadura Militar no Paraná? Existiu uma articulação das instituições estudantis secundaristas com a sociedade civil? Qual? Como a UNE (União Nacional dos Estudantes), UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e a UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas), organizaram-se a partir de 1979 2 , de modo a assessorar o ME de base – Grêmio Estudantil? Pode-se afirmar que o Grêmio Estudantil atuou na luta em favor dos alunos? Ou ainda, o ME atuou como correia de transmissão das orientações do Estado nas escolas do que como representante dos interesses dos alunos? Fato que pode ocorrer por meio de trabalhos voluntários, de monitoria, de arrecadação de fundos financeiros para contribuir com o custeio da educação escolar entre outros. Para refletir sobre tais aspectos, faz-se necessário então compreender quais as questões que propiciaram tal forma de organização. 1 Doravante denominado ME. 2 Está data foi “escolhida” porque representa oficialmente a data da reorganização dos estudante tendo a frente a UNE –União Nacional dos Estudantes. Tal fato foi registrado durante o XXXI Congresso da UNE realizado em Salvador, Bahia.

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Universidade Estadual de Maringá 27 e 28 de abril de 2010

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TRAJETÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL SECUNDARISTA

PARANAENSE: 1964 – 1988

SCHMITT, Silvana Lazzarotto (UNIOESTE)

FIUZA, Alexandre Felipe (Orientador/UNIOESTE)

Atualmente os estudos sobre o Movimento Estudantil1 têm apontado para uma

“desarticulação” dos estudantes diante de questões educacionais, bem como sociais,

especialmente a partir da redemocratização do Brasil. Tendo em vista que o ME

demonstrou, durante a Ditadura Militar brasileira, uma participação destacada nos

debates que se faziam diante de questões como: reforma agrária, o voto do analfabeto, o

imperialismo, entre outros.

Neste sentido, este trabalho, pretende responder questões como estas: Como o ME

Secundarista se (re) organizou após a Ditadura Militar no Paraná? Existiu uma

articulação das instituições estudantis secundaristas com a sociedade civil? Qual? Como

a UNE (União Nacional dos Estudantes), UBES (União Brasileira dos Estudantes

Secundaristas) e a UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas),

organizaram-se a partir de 19792, de modo a assessorar o ME de base – Grêmio

Estudantil? Pode-se afirmar que o Grêmio Estudantil atuou na luta em favor dos alunos?

Ou ainda, o ME atuou como correia de transmissão das orientações do Estado nas

escolas do que como representante dos interesses dos alunos? Fato que pode ocorrer por

meio de trabalhos voluntários, de monitoria, de arrecadação de fundos financeiros para

contribuir com o custeio da educação escolar entre outros. Para refletir sobre tais

aspectos, faz-se necessário então compreender quais as questões que propiciaram tal

forma de organização.

1 Doravante denominado ME. 2 Está data foi “escolhida” porque representa oficialmente a data da reorganização dos estudante tendo a frente a UNE –União Nacional dos Estudantes. Tal fato foi registrado durante o XXXI Congresso da UNE realizado em Salvador, Bahia.

Universidade Estadual de Maringá 27 e 28 de abril de 2010

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Os estudos sobre história da educação brasileira, poucas vezes se detêm especificamente

na questão do papel do ME Secundarista, e isto não é diferente em relação ao ME no

Paraná. Neste sentido, esta pesquisa será, especialmente exploratória, bem como

documental e bibliográfica.

Entendemos a necessidade de contextualizar os acontecimentos sociais, políticos,

culturais e econômicos do período que se pretende analisar, para compreender a atuação

do ME perante tais acontecimentos, e encontrar respostas que fundamentem a forma

como os estudantes vêm se organizando. Ou seja, refletir sobre o ME no contexto em

que está inserido, considerando ainda que os estudantes que participaram do ME do

período em apreço são parte da juventude.

Para tanto é importante ter em vista que a organização do corpo discente é fundamental

para que aconteça o enfrentamento do coletivo nas suas divergências, para a ampliação

da capacidade de negociação e para o fortalecimento dos vínculos que fazem parte da

questão social da escola. Neste caso, os alunos necessitam estar visualizando a escola

dentro da totalidade da sociedade, compreendendo que inseridos na totalidade da escola,

podem ter voz ativa na instituição, bem como na sociedade. O grêmio estudantil, então,

precisa garantir maior expressão de idéias, dos modos de ser e de agir característicos de

adolescentes e jovens nas suas diferenças para possibilitar novas relações político-

pedagógicas dentro da escola. Portanto, o grêmio estudantil, sendo parte do Movimento

Estudantil, deveria apresentar-se como uma perspectiva crítica e transformadora do

corpo discente, através da participação política dos alunos, do desenvolvimento do

pensamento crítico dos mesmos, frente às questões educacionais e também as sociais.

Para que esta conscientização aconteça é preciso buscar na história do ME as causas de

sua “desarticulação”, ou então compreender a forma como os estudantes vem se

organizando. Com base em alguns estudos, evidenciamos que após o período da

ditadura militar os estudantes perderam sua capacidade de organização e mobilização,

tão articulada no pré-64 e no início do regime militar. Por isso, a importância de

compreender esse momento, para dar subsídios aos jovens da atualidade, no sentido de

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buscar uma posição que vai além de espectador. Não pretendemos sugerir aos

estudantes da atualidade que façam como os estudantes da década de 1960, mas que eles

percebam que há possibilidade de organização, bem como que a história do ME está

intrinsecamente ligada às mudanças que vem ocorrendo na sociedade.

Dessa forma, o objetivo principal desta pesquisa é compreender o formato como os

estudantes secundaristas paranaenses estiveram organizados durante a ditadura civil

militar e como se reorganizaram a partir do período de abertura política, de 1979 à

1988.

Bem como, analisar as políticas educacionais implementadas no período no que tange a

organização dos estudantes, portanto, dos grêmios estudantis nas escolas estaduais,

procurando identificar os interesses do governo militar na orientação da organização dos

estudantes.

O estudo que vem se realizando, sobre o Movimento Estudantil a partir da ditadura civil

militar, tem mostrado que a bibliografia sobre este tema é escassa, especialmente do ME

do Estado do Paraná.

Todavia, uma breve pesquisa no acervo do DOPS (Departamento de Ordem Política e

Social) do Paraná, permitiu observar que há documentos relevantes sobre o ME

paranaense, especificamente o Secundarista, a partir da Ditadura Militar. Podemos citar

a presença de alguns estatutos para organização de instituições que pretendiam

representar os interesses dos estudantes secundaristas, como: Associação Central

Medianeirense Estudantil de 1º e 2º graus, entre outros.

Além dos arquivos do DOPS PR, também serão utilizadas fontes que tratem do contexto

da década de 1980, dentre elas pode-se citar o livro “A década de 1980. Brasil: quando a

multidão voltou às ruas”, de Marly Rodrigues, em que a autora discute o contexto

político brasileiro após a Ditadura Militar. Bem como autores que tratam da educação,

das políticas educacionais e do papel do Estado no período em estudo

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Citamos, dentre os autores que estudaram o período de 1964-1985, e que serviram de

base para realização do nosso trabalho: Milton Ivan Heller, José Luís Sanfelice, José

Wellington Germano, Evaldo Vieira, Maria Helena Moreira Alves.

Milton Ivan Heller faz um acervo de entrevistas sobre as especificidades que a ditadura

adquiriu no estado do Paraná, dentre os entrevistado estão ex dirigentes e membros do

movimento estudantil paranaense.

Sanfelice escreve sobre o Movimento Estudantil universitário, se utiliza de fontes

primárias e secundárias, fazendo uma análise crítica da organização estudantil desde

meados do século passado até a década de 1969, quando os estudantes são impedidos de

continuar suas manifestações devido a repressão exercida pelo governo militar. Este

autor faz sua análise tendo como base a legislação imposta pelos militares, bem como os

documentos produzidos pelos estudantes no período.

Germano faz um trabalho extraordinário de discussão sobre a política educacional

“imposta” pelo regime militar, considera para tanto as questões políticas, econômicas,

sociais e culturais presentes durante os 20 anos de ditadura no Brasil. Sobre o ME, o

autor resume a atuação no períododa seguinte forma:

Os estudantes reagem, sobretudo a partir de 1966, contra o autoritarismo e a política educacional dos militares. Em 1966 foi travada uma luta contra a Lei Suplicy que desaguou na “setembrada”, um movimento de repercussão nacional contra a repressão. Em 1967, começam as mobilizações contra os Acordos MEC-USAID e outros aspectos da política educacional, como a privatização do ensino, com os estudantes exigindo mais vagas e mais verbas para e educação. Finalmente, em 1968, são realizadas grandes mobilizações nas principais cidades do país, com destaque para a passeata dos 100 mil em junho de 1968 no Rio de Janeiro, contra o Regime Militar. Os estudantes, em geral, protestavam contra a ditadura e contra o imperialismo norte-americano. No campo especifico da educação colocavam na ordem do dia a expansão do ensino superior e a reforma universitária. Daí as constantes passeatas dos chamados excedentes, que haviam sido aprovados no vestibular mas que não tinham acesso à universidade por falta de vagas. (GERMANO, 1994, P. 114)

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Nosso objeto de estudo não é o ME universitário nacional, mas há que de estudá-lo na

medida em que o ME Secundarista do Paraná está inserido num processo mais amplo,

que vai além inclusive das questões nacionais.

Já Alves, também num trabalho extraordinário, faz uma discussão mais ampla das ações

do governo militar, ressaltando os aspectos de cada governo, o mesmo é feito por

Vieira, porém de maneira mais sucinta. Ainda Maria Helena Moreira Alves, tem um

livro excelente intitulado “Estado e Oposição no Brasil (1964-1984)”, no qual ela

discute as principais características econômicas, políticas, sócias da ditadura civil

militar brasileira.

Dentre os autores que escreveram sobre os acontecimentos do período, no estado do

Paraná, mencionamos Silvia Calciolari com seu livro “Ex-presos políticos e a memória

social da tortura no Paraná (1964-1978)”, na qual a autora fez um estudo tendo como

principal fonte os dados de uma pesquisa realizada a partir dos dossiês, estes, por sua

vez, elaborados por ex-presos políticos que foram beneficiados com a Lei 11.255/95, do

Beto Richa , a qual, “autorizou o Estado a pagar indenização às pessoas que entre 1961

e 1979 foram mantidas sob custódia de agentes públicos em prédios do Estado e que

sofreram tortura psicológica ou física” (CALCIOLARI, 2006:5). Foram 245 pedidos de

indenização e só 230 foram deferidos mas, destas vítimas, apenas 175 ainda eram vivas

e foi com estas que a autora realizou sua pesquisa. O resultado da investigação, que se

deu por meio da aplicação de um questionário, sistematiza dados específicos da ditadura

militar no estado do Paraná.

Em seu livro “Resistência Democrática: A repressão no Paraná”, Milton Ivan Heller faz

um acervo de entrevistas sobre a ditadura militar no Paraná. Em relação ao movimento

estudantil ele entrevistou ex-alunos da Universidade Federal do Paraná que participaram

do movimento durante a ditadura. Com base nessas entrevistas é possível compreender

como estavam organizados os alunos da UFPR contra o regime e também como foram

reprimidos por ele, ou seja, como aconteceram as prisões, como foram torturados e

como tentavam agir contra o regime.

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Ana Carolina Caldas em sua dissertação de mestrado intitulada “Centro Popular de

Cultura no Paraná (1959-1964): Encontros e Desencontros Entre Arte, Educação e

Política”, ao tratar da história do CPC do Paraná traz elementos da organização

estudantil no período pré e durante a ditadura militar. Tendo em vista que este

movimento de cultura popular foi organizado pelos estudantes, e como os demais

movimentos de educação e cultura popular que vinham sendo organizados no início de

1960, foram destruídos pelo regime militar. A autora resgata a história da organização

estudantil no sentido de criar o CPC paranaense e de como após o golpe militar esta

instituição foi duramente reprimida pelos militares, fazendo com que seus membros

fossem presos, exilados ou obrigados a fugir da polícia política.

Ainda sobre os movimentos de educação e cultura popular que foram extintos com o

regime militar, podemos encontrar mais informações no livro: “O golpe na educação”

de Luiz Antônio Cunha e Moacyr de Góes. Nesta obra os autores tanto fazem a análise

dos movimentos educacionais de base popular nos anos 1950 e 1960, quanto das

políticas educacionais implementadas pelo governo autoritário de 1964 a 1984, este

visando também substituir estes movimentos por acordos e projetos sugeridos pelo

governo e também por organismos internacionais.

Com relação à atuação e organização do ME e sua instituição a nível nacional podemos

citar a dissertação de mestrado intitulada: “O diálogo é a violência: movimento

estudantil e ditadura militar em 1968” – Maria Ribeiro do Valle faz uma retrospectiva

da história do movimento estudantil a partir de 1964 até o XXX, Congresso da UNE,

quando o movimento faz uma tentativa de reorganização. O dado novo neste trabalho é

o fato de que em 1968 o ME parte para o confronto, ou seja, trata da violência assumida

pelos estudantes neste momento. Eles tiveram como norteadoras de suas ações as idéias

de “Che Guevara” e os acontecimentos internacionais relacionados ao Movimento

Estudantil. Havia uma forte relação deste movimento universitário com os grupos

armados, nesse sentido, a repressão atingiu duramente a classe universitária o que se

refletiu até mesmo na faixa etária da população de presos.

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De acordo com esta autora, mesmo que o fim do regime já complete seus 25 anos, há

ainda acertos de conta a serem feitos, ou seja, ainda é preciso estudar, analisar,

questionar este período.

Há ainda a revista produzida por Luiz Henrique Romagnoli e Tânia Gonçalves, edição

especial, com o titulo: “A volta da UNE: de Ibiúna a Salvador”. Esta revista é um retrato

dos estudantes brasileiros, após nos de clandestinidade, os quais ficaram desarticulados

desde 1969. Por isso, este texto procura relatar e discutir a situação do ME brasileira,

sua expectativas, interesses, uma outra forma de organização. Há entrevistas com

integrantes do ME na ditadura e aqueles que estavam entrando no movimento em 1979.

As matérias da revista trazem também a história da organização estudantil, durante os

cinco primeiros anos da ditadura militar.

Também será utilizada a dissertação de mestrado de Aparecida da Graça Carlos,

intitulada: “Grêmio Estudantil e participação do estudante”, nela a autora realiza uma

pesquisa com os alunos participantes dos grêmios estudantis do estado de São Paulo e

analisa como está a atuação desses alunos diante da instituição a que pertencem. O texto

faz uma análise da organização dos grêmios estudantis do referido estado, nesse sentido

pode contribuir para orientar nossa pesquisa no que diz respeito a forma de encaminhá-

la em relação à atual organização dos estudantes paranaenses.

Marcilene Rosa Leandro Moura, em sua dissertação de mestrado intitulada: “Reformas

Educacionais, Protagonismo Juvenil e Grêmio Estudantil: a produção do indivíduo

resiliente”, desenvolveu uma pesquisa na rede estadual de ensino de Sorocaba, com a

finalidade de observar e problematizar o papel do Grêmio Estudantil entendido como

um dos espaços que referenciam o processo de formação dos indivíduos, considerando

as políticas educacionais do anos 1990. Neste sentido, o trabalho pode indicar caminhos

a serem percorridos para a realização da pesquisa proposta por este projeto.

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Alessandra Reis, ao analisar a organização dos estudantes de enfermagem, também traz

elementos que possibilitam a análise e a compreensão da forma como o ME atual vem

se organizando. A autora fez uma pesquisa com o titulo: “O sentido do ME

contemporâneo pela voz dos estudantes da saúde”.

Nos utilizaremos ainda de outras dissertações de mestrado que tratam de outros objetos

de pesquisa, mas no estado Paraná durante o período em apreço, dessa forma podem

contribuir para a produção do resultado de nossa pesquisa. Dentre as dissertações

podemos citar a de Leandro Brunelo, na qual o pesquisador trabalho com a Operação

Marumbi, na qual: “as atenções se voltaram especialmente para a ocasião em que foi

montada e colocada em funcionamento uma operação policial-militar conhecida como

Operação Marumbi, no ano de 1975, no Estado do Paraná.” (BRUNELO, 2006, p. 12)

A pesquisa terá também como fonte a história oral, a qual é um instrumento de pesquisa

que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram ou

testemunharam acontecimentos passados, pois de acordo com Alberti a história oral é

uma versão do passado na busca de:

[...] ampliar o conhecimento sobre acontecimentos e conjunturas do passado através do estudo aprofundado de experiências e versões particulares; de procurar compreender a sociedade através do individuo que nela viveu; de estabelecer relações entre o geral e o particular através da analise comparativa de diferentes versões e testemunhos. (ALBERTI, 1989, p. 3).

Além das entrevistas, serão utilizados com fontes primárias para a pesquisa no período

da ditadura militar, a Lei 4.464 de 9 de novembro de 1964 (Lei Suplicy), que dispõe

sobre os Órgãos de Representação dos Estudantes, o Decreto Lei nº 477 de 26 de

fevereiro de 1969, o Relatório Meira Matos, bem como registros no Dops-Pr (Delegacia

de Ordem Política e Social do Paraná), tais como dossiês que tratam de participantes e

também de instituições do ME.

Como fontes secundárias, utilizaremos a bibliografia citada anteriormente, acrescida de

livros de memória, como: “1968 o ano que não terminou” de Zuenir Ventura e “Onde

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foi que enterraram nossos mortos?” de Aluízio Palmar, pois ambos relatam

acontecimentos da ditadura militar e o livro de Fernando Gabeira sobre a luta armada,

“O que é isso Companheiro”.

Importante ressaltar o fato de que os estudos sobre o ME têm refletido o contexto social

mais amplo, uma vez que os trabalhos publicados nas décadas de 1960 a 1980 tratam do

ME enquanto um movimento contra a ditadura militar. Todavia a partir a partir da

década de 1990, os estudos vêm tentando demonstrar uma nova forma de organização

deste movimento. Estas pesquisas trazem para discussão a questão da influência dos

partidos políticos, uma possível desarticulação do movimento e os reflexos do

individualismo da sociedade no interior da organização estudantil.

Consideramos necessário ainda, observar que as entrevista serão realizadas com ex-

militantes do ME Secundarista da região oeste do Paraná, tendo em vista que nas

cidades de Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu ainda encontramos tais pessoas, dispostas

contribuir com nossa pesquisa.

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