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Set/Out/Nov 2016

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Reabilitação sustentávelcom cunho escandinavo

Texto: Pedro CristinoFotos: Grant Harder e Bruce Damonte

Casper Mork-Ulnes tem colaborado com Lars Richardson, um empresário que trabalha com antiguidades e arte escandinavas, eLaila Carlsen, uma pintora, desde que o casal se mudou de São Francisco para Sonoma, em 2005. Tudo começou com o projectode várias estruturas novas na quinta deste duo, uma propriedade que o arquitecto classifica de “invulgar”, na medida em que

“exemplifica a espontaneidade criativa e uma predilecção para o experimentalismo dos seus donos e do seu arquitecto”. Recente-mente, Mork-Ulnes e o atelier homónimo concluíram um pavilhão, que toma a “forma de uma ameba”, e que compreende uma cozi-nha e um salão de jantar – a extensão para um estúdio artístico que o arquitecto escandinavo havia desenhado no ano anterior, paraRichardson e Carlsen. Da obra original, resultou um celeiro com um telhado borboleta invertido, que acomoda um estúdio e uma ofi-cina artísticos. A nova extensão “flui para o jardim”, onde os proprietários plantaram bambu, estrelícias, aloés, ínhames-dos-Açores euma figueira. Apesar de facilmente selado dos elementos, o pavilhão dispõe de portas deslizantes em vidro que podem abrir comple-tamente, tirando partido do acolhedor clima deste condado.

Indoor/outdoor“Queríamos criar um ambiente interior/exterior confortável, interessante e atraente – um local conducente a um estilo de vida sus-tentável”, explicam os clientes, citados pelo comunicado de imprensa do atelier de arquitectura. Richardson e Carlsen perceberam quenecessitariam de mais espaço para trabalhar, de um espaço seguro face ao clima para armazenar obras de arte e colecções e de umlocal adequado para servir de estúdio de pintura. Assim nasceu a extensão para o celeiro – um salão de jantar denominado “Amoeba”(“ameba”, em português). O projecto inclui ainda uma nova piscina e uma casa de apoio à referida piscina, em frente à Amoeba, ac-tualmente ainda em esboço, pronta a ser edificada em 2017.

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Primeira fase do projecto: o celeiroO catalisador e factor impulsionador do projecto foi a criação de uma “segunda vida”para um antigo e decrépito celeiro na propriedade rural localizada em Sebastopol, a umahora de São Francisco. Todavia, este elemento teve de ser transformado num novo edi-fício, uma vez que a estrutura existente não era recuperável. Ainda assim, os responsá-veis do atelier concluíram que a utilização da tipologia do celeiro existente teve “umapelo instantâneo” e que o principal desafio se tornara a criação de um estúdio artístico“ideal” enquadrado na arquitectura vernacular desta estrutura. A inversão do telhado deduas águas do referido celeiro duplicou a altura do espaço para a produção artística earmazenamento, proporcionando, também, ventilação e iluminação naturais, bem comouma visão panorâmica da propriedade. De acordo com a Mork-Ulnes Architects, o novoceleiro terá a mesma “pegada” que o existente e consiste numa estrutura de madeira comelementos de aço. Esta estrutura permite as “grandes aberturas e vãos utilitários” ne-cessários para a manobra de tractores e para a entrada e saída de obras de arte do edi-fício, sem deixar de proporcionar condições de iluminação naturais “óptimas” para osartistas. Neste sentido, Casper Mork-Ulnes salienta que os proprietários, noruegueses, es-timam a madeira como material de construção, o que leva à utilização de pedaços de ma-deira – com 100 anos – da parede do celeiro como revestimento exterior, “reflectindo ocarácter agrário do edifício anterior”, enquanto os condicionamentos orçamentais e fun-cionais levaram à utilização de contraplacado para o revestimento interior. As madeirasda estrutura antiga serão ainda utilizadas para marcenarias. O telhado foi construídocom os elementos de aço enferrujado da cobertura e das paredes do edifício anterior.

Segunda fase do projecto: AmoebaNo início do ano transacto, Richardson e Carlsen pediram ao atelier de Casper Mork-Ulnes para criar um novo espaço na sua proprie-dade, com o intuito de receberem visitantes, numa “suave” ligação ao exterior. Uma cozinha e um salão de jantar crescem agora a par-tir do estúdio. Alcunhado de Amoeba, este espaço proporciona “um solto e orgânico contraponto para a estrutura mais rigorosa do

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celeiro, da qual se expande”. “Abraça incondicionalmente a natureza e o ex-terior, capturando literalmente a paisagem para criar um verdejante jardiminterior com ínhame-dos-Açores, uma figueira e bambu que, de forma suave,separam a cozinha do salão e jantar”, explica Mork-Ulnes. De acordo com omesmo, “Lars queria uma cozinha e um salão ao ar livre que pudesse utilizartodo o ano”. “A ideia foi deixar a paisagem sangrar dentro e fora do edifício”,continua, explicando que o cliente imaginou o espaço “como uma selva, complantas exóticas”. A estrutura tem paredes de cimento com oito polegadas deespessura e em forma de S, cuja “considerável massa térmica mantém a divi-são fresca no Verão e quente em dias mais frescos”. O telhado inclinado con-siste em madeira exposta, com vigas traçadas, com uma “grande e difusailuminação natural, que transporta a luz para o centro do edifício”, banhandopessoas e plantas. Apesar de a sua forma e os seus materiais poderem pare-cer “estranhos”, as suas paredes foram formadas por camadas de cimentoShotcrete aplicadas em painéis da madeira reciclada que anteriormente com-punha as paredes do celeiro existente. Uma vez seco o betão, as tábuas foramremovidas, expondo a “textura amadeirada familiar”, e reutilizadas como ve-dação.

Sustentabilidade através de reutilizaçãoPara este projecto, os arquitectos utilizaram estratégias de reutilização adap-táveis para uma grande parte dos materiais de construção, minimizaram en-vidraçados desnecessários onde possível, utilizaram caixilhos de janelastermicamente danificados, isolamento sem formaldeído, madeira certificadae minimizaram a utilização de novos materiais para reduzir os resíduos. Paraaquecimento, foi instalado piso radiante, tendo o empreiteiro ainda incorpo-rado partes das fundações demolidas para elementos paisagísticos. O projectopara este estúdio e oficina em Sonoma representa “mais um opus no coerenteportfólio de trabalhos da Mork-Ulnes Architects”, no qual constam “todos osprojectos que testemunham as fortes inspirações biculturais do atelier – o ladopragmático, funcional norueguês e a abertura californiana à invenção”. ■

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