trabalho de saúde e condição física

36
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICA Disciplina de Saúde e Condição Física Licenciatura em Educação Física e Desporto Ramo de Exercício e Bem-Estar - 3º Ano Sunday, 14 de August de 2022

Upload: salvadormarcio

Post on 04-Jul-2015

1.443 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Trabalho de Saúde e Condição Física

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICA

Disciplina de Saúde e Condição FísicaLicenciatura em Educação Física e Desporto

Ramo de Exercício e Bem-Estar - 3º Ano

Discentes: Márcio SalvadorPaulo Costa

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Page 2: Trabalho de Saúde e Condição Física

Índice

1. Introdução............................................................................................1

2. Revisão da Literatura............................................................................2

2.1. Perspectiva de Saúde Pública para as Actuais Recomendações.....2

2.2. Recomendações Divergentes para Actividade Física......................2

2.3. Conceito.........................................................................................3

2.4. Objectivos da Avaliação Física........................................................3

2.5. Importância da Avaliação Física.....................................................3

3. Avaliação da Condição Física................................................................3

3.1. Triagem de Saúde e Estratificação do Risco...................................3

3.1.1. Avaliação prévia.......................................................................4

3.1.2. Estratificação de risco –DAC.....................................................7

3.2. Avaliação Pré-Exercício..................................................................8

3.2.1. Anamnese (questionário de saúde e A.F.)................................8

3.2.2. Pressão Arterial........................................................................9

3.2.3. Lípidos e Lipoproteínas...........................................................10

3.2.4. Princípios básicos e linhas de orientação geral......................10

3.3. Testes de Condição Física Relacionada à Saúde e sua Interpretação............................................................................................11

3.3.1. Ordem das Diferentes Avaliações..........................................12

3.3.2. Composição Corporal.............................................................13

3.3.3. Estatura..................................................................................13

3.3.4. Peso.......................................................................................14

3.3.5. Perimetro Cintura/ Anca.........................................................14

3.3.6. Bioimpedância........................................................................15

3.3.7. Teste de Avaliação condição Cárdiorespiratória.....................18

Teste de Astrand - Cicloergometro..........................................18

3.3.8. Indicações Gerais para Interromper um Teste de esforço em Adultos de Baixo Risco...........................................................................21

3.3.9. Interpretação dos Resultados.................................................21

4. Conclusão...........................................................................................23

5. Bibliografia..........................................................................................24

Page 3: Trabalho de Saúde e Condição Física

Índice de Figuras

Figura 1 - Questionário de Triagem Pré-Participação das Instituições de Saúde/Condição da AHA/ACSM.......................................................................4

Figura 2 – Formulário PAR-Q...........................................................................5

Figura 3 – Adapatado de ACSM (2006) Monograma modificado de Astrand-Ryhming.......................................................................................................19

Índice de Quadros

Page 4: Trabalho de Saúde e Condição Física

Quadro 1 – Limiares dos factores de risco para DAC a serem utilizados com a estratificação de risco da ACSM..................................................................7

Quadro 2 – Adaptado da ACSM (2006) Categorias de Estratificação dos Riscos da ACSM, em relação ao quadro 1......................................................7

Quadro 3 – Adaptado da ACSM (2006), Procedimentos para a Avaliação da Pressão Arterial em Repouso.........................................................................8

Quadro 4 – Adapatdo da ACSM (2006), Classificação da Pressão Arterial......8

Quadro 5 – Adapatado da ACSM 82006) Classificação do ATP III do Colesterol LDL, Total e HDL em mg/dL............................................................................9

Quadro 6 – Adaptado da ACSM (2006), Classificação do Risco de Doença com Base no IMC e no Perímetro da Cintura................................................15

Quadro 7 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura Corporal) para Homens................................................................................15

Quadro 8 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura Corporal) para Mulheres...............................................................................16

Quadro 9 – Adaptado da ACSM (2006) Estado de Condição Física do Indivíduo, associado ao género....................................................................18

Quadro 10 – Adaptado da ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência Aeróbica Máxima (ml/Kg/min) para Homens................................................21

Quadro 11 – Adoptado de ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência Aeróbica Máxima (ml/Kg/min) para Mulheres...............................................21

Page 5: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

1. Introdução

Este trabalho é realizado no âmbito da disciplina de Saúde e Condição Fisica do curso de Educação Física e Desporto do Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT) e tem como objectivo a apresentação de uma proposta de Protocolo de Avaliação da Condição Física, fundamentado pelas recomendações do American College of Sports Medicine (ACSM).

Por outro lado, pretende-se apresentar uma ferramenta de trabalho para os profissionais da área do Exercício Físico e Saúde, que possibilite a medição e avaliação de diversos critérios referentes ao estatuto físico geral e de saúde de um determinado individuo, com o intuito de recolher dados fundamentais para a prescrição do seu exercício.

Este trabalho aborda, no primeiro capitulo, Revisão da Literatura, onde são descritas as perspectivas actuais de saúde pública e respectivas recomendações para a actividade física e conceitos e objectivos da avaliação física e a sua importância. No segundo capitulo, a Avaliação da Condição Física, onde são apresentadas estratégias para uma triagem de saúde e estratificação de risco, proposta para uma avaliação pré-exercício e, bateria de testes de condição física relacionada à saúde e sua interpretação.

Page 6: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

2. Revisão da Literatura

2.1. Perspectiva de Saúde Pública para as Actuais Recomendações

A missão do American College of Sports Medicine (ACSM) consiste em promover junto do público uma aumento na actividade física e na condição.

Perante esta realidade os profissionais dos programas de exercícios devem estar familiarizados com as declarações existentes na área da saúde pública que se relacionam com a actividade física e deverão estar a par da literatura científica em evolução relacionada com as actuais recomendações acerca da actividade física.

As actuais recomendações sobre as precrições dos exercícios envolvem mais do que apenas a actividade física, englobando também a vertente da saúde pública.

A finalidade dessas recomendações é as seguintes:

1. Aumentar o reconhecimento, tanto dos profissionais quanto do público, dos benefícios para a saúde associados com a actividade física diária;

2. Chamar a atenção para as quantidades e as intensidades de actividade física necessárias para alcançar esses benefícios, as quais são mais baixas que aquelas consideradas necessárias para conseguir o efeito do treino fisiológico tradicional associado ao exercício.

2.2. Recomendações Divergentes para Actividade Física

A primeira recomendação surgiu do Surgeon General de 30 minutos de actividade leve a moderada na maioria dos dias da semana.

Em 2001, a ACSM actualizou sua Declaração de Princípios acerca da perda de peso e da prevenção do ganho de peso para adultos e conclui que os adultos com excesso peso deveriam aumentar a sua actividade para aproximadamente para 45 minutos de exercícios por dia.

Em 2002, o Institute of Medicine (IOM) recomendava 60m minutos por dia de actividade física de intensidade moderada para prevenir o aumento de peso e conseguir benefícios adicionais de saúde independentemente do peso.

Por último, em 2003 a International Association for the Study of Obesity (IASO) conclui que 45 a 60 minutos de actividade física moderada por dia são necessários para prevenir a transição para o excesso peso e a

Page 7: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

obesidade em adultos, e que a recuperação do peso pode exigir de 60 a 90 minutos de actividade física moderada por dia.

No entanto a IASO reconhece que também que existem muitos benefícios de saúde associados com 30 minutos de actividade física de intensidade moderada por dia.

2.3. Conceito

A avaliação física é uma avaliação da condição física geral de um determinado indivíduo. Consta de uma bateria de testes, com os quais se pretende medir e avaliar diversos critérios como sejam a:

1. Composição corporal;2. Resistência cardiovascular;3. Força e resistência muscular;4. Flexibilidade.

2.4. Objectivos da Avaliação Física

Informar e sensibilizar o sócio para o seu nível de condição física; Obter informação relevante para a prescrição do programa de treino,

adaptado aos pontos fortes e fracos do indivíduo; Compilar informação que forneça um ponto de partida e possibilite

um seguimento do programa de treino, de modo a que se possa verificar a sua eficácia;

Motivar o sócio pela determinação de objectivos coerentes e atingíveis.

2.5. Importância da Avaliação Física

Prescrição do exercício Avaliação dos efeitos do programa de exercício Motivação dos participantes através do estabelecimento de objectivos

razoáveis Educar os sócios para a prática de exercício físico no âmbito da saúde

3. Avaliação da Condição Física

3.1. Triagem de Saúde e Estratificação do Risco

A triagem de saúde e a estratificação do risco tem como principal objectivo ajudar na elaboração de uma prescrição do exercício segura e efectiva, como também optimizar a segurança durante os testes de esforço. É muito importante realizar uma triagem dos possíveis participantes para factores de risco de várias doenças cardiovasculares, pulmonares e metabólicas

Page 8: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

3.1.1. Avaliação prévia

As finalidades da avaliação prévia são as seguintes:

Identificação e exclusão de sócios com contra-indicações para a avaliação física

Identificação de sócios que necessitem previamente de uma avaliação/exame médico antes de realizar a avaliação física

Identificação de sócios que devem realizar a avaliação ou programas de exercício com supervisão médica

Identificação de problemas de saúde (diabetes mellitus, problemas ortopédicos, etc)

Page 9: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Figura 1 - Questionário de Triagem Pré-Participação das Instituições de Saúde/Condição da AHA/ACSM

Page 10: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Figura 2 – Formulário PAR-Q

Page 11: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

3.1.2. Estratificação de risco –DAC

Este processo requer a identificação da presença de:

Factores de risco positivos de doença das artérias coronárias;

Sinais ou sintomas de doença cardiovasculares, pulmonar e/ou metabólica;

Doença cardiovascular, pulmonar e/ou metabólica.

Factores de Risco Positivos Critérios Definidores

1. História familiar

Enfarte do miocárdio, revascularização coronariana, ou morte súbita antes de 55 anos de idade no pai ou em outro parente masculino de 1º grau, ou antes de 65 anos de idade na mãe ou em outra parente feminina de 1º grau

2. TabagismoFumador actual ou que deixaram de fumar até 6 meses atrás

3. Hipertensão

PA sistólica >= 140 mm Hg ou diastólica >= 90 mm Hg, confirmadas por mensurações em pelos menos duas ocasiões separadas, ou por uso de medicação anti-hipertensiva

4. Dislipidemia

LDL > 130 mg/dl (3,4 mmol/L); HDL < 40 mg/dl (1,03 mmol/L) ou medicação redutora dos lípidos; Colesterol Total > 200 mg/dl (5,2 mmol/L) em vez do LDL > 130 mg/dl

5. Glicose em jejum alterada

Glicose sanguínea em jejum >= 100 mg/dl (5,6 mmol/L) confirmada por mensurações em pelos menos duas ocasiões separadas

6. ObesidadeIMC > 30 Kg/m2 ou circunferência da cintura > 102 cm nos homens e > 88 cm nas mulheres

7. Sedentarismo Pessoas que não participam em um programa de exercícios regulares ou que não atendem às recomendações mínimas de actividade física do U.S.

Page 12: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Surgeon General Report

Factores de Risco Negativos Critérios Definidores

1. Colesterol HDL > 60 mg/dl (1,6 mmol/L)

Quadro 1 – Limiares dos factores de risco para DAC a serem utilizados com a estratificação de risco da ACSM

Categorias de Estratificação dos Riscos da ACSM:

1. Risco BaixoHomens <45 anos e mulheres <55 anos, assintomáticos e não mais do que um factor de risco.

2. Risco moderado

Homens> 45 anos e mulheres> 55 anos ou pessoas com 2 ou mais factores de risco de DAC

3. Risco elevado

Sócios com doenças cardiovasculares, pulmonares ou metabólicas, ou com pelo menos 1 sintoma/sinal destas doenças.

Quadro 2 – Adaptado da ACSM (2006) Categorias de Estratificação dos Riscos da ACSM, em relação ao quadro 1.

3.2. Avaliação Pré-Exercício

Este capitulo contém informação relacionada dos testes pré-exercício e funciona como uma ponte entre os capitulos entre conceito de estratificação dos riscos apresentados no capítulo anterior e a avaliação da condição do próximo capítulo.

3.2.1. Anamnese (questionário de saúde e A.F.)

Identificar sinais e/ou sintomas sugestivos de DAC

Factores de risco para DAC

Doenças cardiovasculares, pulmonares e metabólica

Page 13: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

3.2.2. Pressão Arterial

Procedimentos para Avaliação da Pressão Arterial em repouso

O individuo deve estar sentado pelo menos 5 minutos numa cadeira com as

suas costas apoiadas e mos braços ao nível do coração;

Colocar o “cuff” à volta do braço esquerdo nível do coração alinhando-o

com a artéria braquial;

A palma da mão deve ficar voltada para cima, a braçadeira fica

aproximadamente 2 cm acima do cotovelo numa visão anterior;

Inicia-se então a medição pressionando a tecla on/off do medidor até que os

valores apareçam no monitor;

Durante toda a medição o individuo deve permanecer calmo e em silencio;

O tamanho da braçadeira deve ser apropriado para assegurar uma medição

correcta.

Quadro 3 – Adaptado da ACSM (2006), Procedimentos para a Avaliação da Pressão Arterial em Repouso

Para medir a Pressão Arterial e o pulso em repouso senta-se o indivíduo durante 5 minutos, seguidamente coloca-se o “Omron” no pulso esquerdo com a mão em supinação. O braço deve estar todo apoiado e, se possível a altura do coração.

O indivíduo deve estar descontraído, com o braço relaxado e sem firmar a mão e não deve falar durante a medição

Classificação PA PAS PAD

Normal < 120 mm Hg < 80 mm Hg

Pré-hipertensão 120 –139 mm Hg 80 –89 mm Hg

Hipertensão estádio I 140 –159 mm Hg 90 –99 mm Hg

Hipertensão estádio II >160 mm Hg >100 mm Hg

Quadro 4 – Adapatdo da ACSM (2006), Classificação da Pressão Arterial

3.2.3. Lípidos e Lipoproteínas

Page 14: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Colesterol LDL

< 100 Óptimo

100 - 129 Quase óptimo/ pouco elevado

130 - 159 Limítrofe

160 - 189 Alto

≥ 190 Muito Alto

Colesterol Total

< 200 Desejável

200 - 239 Limítrofe

≥ 240 Alto

Colesterol HDL

< 40 Baixo

≥ 60 Alto

Triglicerídios

< 150 Normal

150 - 199 Limítrofe

200 - 499 Alto

≥ 500 Muito Alto

Quadro 5 – Adapatado da ACSM 82006) Classificação do ATP III do Colesterol LDL, Total e HDL em mg/dL

3.2.4. Princípios básicos e linhas de orientação geral

Instruções aos Participantes

O indivíduo a avaliar e uma das variáveis mais importantes, pelo que deve estar perfeitamente ciente do que vai acontecer.

É importante informar previamente o sujeito acerca dos pontos de referência e das medições que se pretendem obter (respeitando o espaço intimo do avaliado quer aquando da marcação quer no momento de obtenção da (s) medida (s).

O comportamento do avaliador deve ser tranquilizante e confiante de modo a que o indivíduo se sinta a vontade.

Page 15: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Os procedimentos da avaliação não devem ser apressados (deve-se tentar reduzir os factores de stress e ansiedade). O avaliado deve seguir algumas regras básicas:

1. Deve usar equipamento desportivo adequado, leve e confortável, de preferência de 2 pecas;2. Devera estar com a digestão completa, entre 2 a 3 horas após a ultima refeição; 3. Não devera realizar exercício de intensidade moderada ou elevada nas 12 horas que precedem a realização da avaliação;4. Deve beber muitos líquidos nas 24 horas que precedem a avaliação, de modo a assegurar os níveis de hidratação (a ingestão de líquidos só devera ser realizada ate 1 hora antes da avaliação, não devendo ultrapassar os 500 ml);5. Não devera consumir álcool nas 24 horas que precedem a realização da avaliação;6. Devera evitar fumar ou consumir estimulantes, (chás, cafés), nas 12 horas previas a realização da avaliação;7. No caso de estar a tomar alguma medicação, não devera interromper a mesma;8. Na noite anterior aos testes, o indivíduo deve ter uma boa noite de descanso (entre 6 a 8 horas de sono).

3.3. Testes de Condição Física Relacionada à Saúde e sua Interpretação

Segundo a ACSM (2006) a mensuração da condição física é uma prática comum e apropriada nso programas de exercícios. As finalidades dos testes de condição física relacionada à saúde nesses programas de incluem o seguinte:

Educar os participantes acerca de seu actual estado de condição relacionada à saúde no que concerne aos padrões relacionados à saúde e às normas equivalentes para idade e género;

Fornecer dados que sejam úteis na elaboração das prescrições dos exercícios de forma a abordar todas as componentes da condição física;

Colectar dados basais e de acompanhamento que permitam a avaliação do progresso por parte dos participantes dos programas da CF;

Motivar os participantes pelo estabelecimento de objectivos de CF razoáveis e alcançáveis;

Estratificação de risco cardiovascular.

Page 16: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

3.3.1. Ordem das Diferentes Avaliações

A ordem pela qual diferentes avaliações são efectuadas pode ter influência significativa nos resultados das mesmas. Quando se realiza mais que uma avaliação, deve-se ter em conta as componentes de performance física que se vão avaliar. As avaliações de composição corporal devem anteceder as avaliações de endurance cárdio-respiratório, seguindo-se as avaliações musculares e, por fim, as de flexibilidade.

Caso esta ordem não seja respeitada, umas avaliações vão influenciar as outras.

Exemplo: uma avaliação de forca (que provoca alterações da frequência cardíaca), ira prejudicar uma futura avaliação cárdio-respiratório, principalmente em testes submáximos. Uma avaliação cárdio-respiratório antes de uma avaliação de composição corporal, também não e indicada, devido aos níveis de desidratação que esta provoca.

Se o protocolo de testes envolve medidas em repouso, (pressão arterial, frequência cardíaca em repouso, analises sanguíneas, etc.), estas devem ser efectuadas antes dos testes.

Segundo o ASCM, a ordem deverá ser a seguinte:

1. Pressão arterial e frequência cardíaca em repouso;2. Índice de massa corporal e percentagem (%) de massa gorda;3. Pregas de adiposidade;4. Perímetros;5. Teste de condição cárdio-respiratório (VO2 máx);6. Hand Grip test;7. Abdominais (Partial Curl Ups);8. Extensões de braços (Push Ups);9. Sit & Reach Test.

3.3.2. Composição Corporal

Está perfeitamente definido que um excesso de gordura corporal se associa a hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemias. O termo composição corporal refere-se à percentagem relativa de peso corporal que é gordura e massa isenta de gordura. A composição corporal pode ser estimada através de técnicas laboratoriais ou técnicas de campo, os quais variam em termos de complexidade, custo e rigor.

Page 17: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Índice de massa corporal (IMC) e percentagem de massa gorda

O IMC e utilizado para avaliar o peso relativamente a altura (total peso (KG) /quadrado altura (metros). Os problemas de saúde relacionados com a obesidade aumentam com um IMC superior a 25 (considera-se obesidade quando acima dos 30 kg/m2).

O IMC pode ser dividido em 2 categorias:

1. Massa corporal magra (composta por músculos, órgãos, fluidos internos, etc.);2. Massa corporal gorda (massa de gordura ou tecido adiposo).

3.3.3. Estatura

A estatura apresenta variações diárias, sendo normal haver uma diminuição de 1% ao longo do dia.Para a medição da altura dever-se-á utilizar um Antropometro.A altura total e a distância do vertex (ponto superior do crânio) ao solo. O individuo deve estar descalço e usando pouca roupa no momento da medição, para que seja visível a posição do seu corpo. Deve estar numa posição erecta sobre uma superfície lisa.

A cabeça deve estar orientada segundo o plano horizontal.

Os calcanhares devem estar unidos e as pontas dos pés afastadas aproximadamente 60o (o ajuste dos pés depende da posição dos joelhos que, preferencialmente, devem estar em contacto). O peso deve estar distribuído sobre os dois pés.

Deve-se ajudar o indivíduo a adoptar uma posição “erecta” fazendo uma ligeira pressão lombar com a mão direita e apoiando a mão esquerda na região esternal. Simultaneamente faz-se uma ligeira tracção na zona cervical.

A mão esquerda e colocada debaixo do queixo enquanto a mão direita coloca a haste móvel do antropometro sobre o vertex, fazendo pressão suficiente para comprimir o cabelo.Sempre que possível, pede-se ao avaliado que faca uma inspiração profunda durante o momento da mensuração. A medida deve ser arredondada ate ao milímetro (0,1 cm).

3.3.4. Peso

Page 18: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

O peso é a medida que traduz a massa corporal total, estando sujeito também a significativa variação diurna em associação com a actividade e a ingestão de alimentos. O peso não constitui informação suficiente para apreciarmos completamente o indivíduo em relação à sua massa corporal. Esta, sendo decomponível em diversos compartimentos, pode apresentar um valor igual em dois indivíduos estruturalmente diferentes.

O impacto da gravidade, da fadiga e da tensão neuromuscular acarretam, no mesmo indivíduo, variações importantes ao longo do dia – variação diurna do peso. No caso de um adulto essa variação pode ser na ordem dos 2 kg.Os valores mais estáveis são os que se obtêm de manha em jejum (para efeitos de comparação entre AF’s a medida deve ser tomada sempre a mesma hora). Antes de proceder a mensuração do peso, o avaliador deve aferir a balança e colocar-se de frente para o indivíduo que vai medir. Este coloca-se no centro da plataforma da balança com o peso bem distribuído sobre os pés e olhando em frente. Deve estar descalço e com roupas leves.

3.3.5. Perimetro Cintura/ Anca

O índice cintura-anca (ICA), divisão da circunferência da cintura pela circunferência da anca, tem sido utilizado como um simples modo de determinar o padrão de deposição de gordura.

Estudos recentes têm revelado que a circunferência da cintura pode ser utilizada isoladamente como indicador de risco de saúde já que a essência da questão é a gordura abdominal.

As circunferências atrás referidas devem ser medidas com o indivíduo em posição antropométrica e de acordo com as seguintes referências:

1. Circunferência da cintura: medida tendo como referência o "omphalion" (umbigo) e o bordo superior da crista ilíaca;

2. Circunferência da anca: medida tendo como referência a zona de maior protuberância glútea.

3.3.6. Bioimpedância

A bioimpedância (BIA) é um método fácil de administrar, não invasivo e uma forma segura de avaliar a composição corporal. Este método envolve a passagem de uma pequena corrente eléctrica pelo corpo e consequente determinação da impedância ou oposição à passagem dessa corrente. Os tecidos isentos de gordura, bem como a água corporal, são bons condutores ao passo que a gordura é um mau condutor.

Page 19: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Deste modo, a resistência à passagem da corrente eléctrica está inversamente relacionada com a quantidade de massa isenta de gordura e a água corporal, as quais podem ser determinadas por esta via. Apurada a bioimpedância, estes equipamentos determinam automaticamente a densidade corporal e, por consequência, a percentagem de gordura (através de fórmulas específicas).

A execução desta técnica implica o respeito pelas seguintes condições basais:

1. Não comer ou beber nas 4 horas anteriores ao teste;2. Não realizar actividade física moderada ou vigorosa por um período

de 12 horas antes do teste;3. Evacuar e urinar antes do teste;4. Não consumir álcool nas 48 horas antes do teste;5. Não ingerir diuréticos, incluindo cafeína, antes da avaliação, a não ser

que prescritos pelo médico.

O desrespeito por estas orientações aumenta substancialmente o erro de medição, normalmente situado nos 3-4%. Adicionalmente, deve verificar-se se as equações contidas no aparelho são válidas para a população a ser avaliadas. Em geral, a predição da percentagem de gordura a partir da BIA é semelhante à das pregas adiposas.

Risco de doença relativa/a peso e perímetro normais

IMC (Kg/m2) Homens≤ 102 cmMulheres≤ 88 cm

Homens> 102 cmMulheres> 88 cm

Magreza <18.5Normal 18.5-24.9

Excesso de peso

25.0-29.9 Aumentado Elevado

ObesidadeGrau 1 30.0-34.9 Elevado Muito elevadoGrau 2 35.0-39.9 Muito elevado Muito elevadoGrau 3 ≥40 Extr. Elevado Extr. Elevado

Quadro 6 – Adaptado da ACSM (2006), Classificação do Risco de Doença com Base no IMC e no Perímetro da Cintura.

BioimpedânciaZona saudável masculina: 10-22%

Factores de Risco Positivos Critérios Definidores

Idades

Page 20: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Percentil 20-29 30-39 40-49 50-59 60+

90 7,1 11,3 13,6 15,3 15,3

80 9,4 13,9 16,3 17,9 18,4

70 11,8 15,9 18,1 19,8 20,3

60 14,1 17,5 19,6 21,3 22

50 15,9 19 21,1 22,7 23,5

40 17,4 20,5 22,5 24,1 25

30 19,5 22,3 24,1 25,7 26,7

20 22,4 24,2 26,1 27,5 28,5

10 25,9 27,3 28,9 30,3 31,2

Quadro 7 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura Corporal) para Homens

BioimpedânciaZona saudável feminina: 20-32%

Factores de Risco Positivos Critérios Definidores

Idades

Percentil 20-29 30-39 40-49 50-59 60+

90 14,5 15,5 18,5 21,6 21,1

80 17,1 18 21,3 25 25,1

70 19 20 23,5 26,6 27,5

60 20,6 21,6 24,9 28,5 29,3

50 22,1 23,1 26,4 30,1 30,9

40 23,7 24,9 28,1 31,6 32,5

30 25,4 27 30,1 33,5 34,3

20 27,7 29,3 32,1 35,6 36,6

Page 21: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

10 32,1 32,8 35 37,9 39,3

Quadro 8 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura Corporal) para Mulheres

3.3.7. Teste de Avaliação condição Cárdiorespiratória

Teste de Astrand - Cicloergometro

Este é um teste sub máximo baseado na relação linear existente entre o consumo de oxigénio e a frequência cardíaca. Como o cicloergómetro permite estimar o consumo de oxigénio pela intensidade do trabalho efectuado, Astrand e Rhyming elaboraram um nomograma para calcular o VO2 max a partir de cargas submáximas.

Este nomograma pode ser representado graficamente por uma tabela de duas entradas na qual o VO2 máx em litros por minuto é determinado a partir da frequência cardíaca estabelecida para a carga seleccionada que deve ser aplicada no mínimo durante 6 minutos. A determinação da FC é feita no final do quinto e sexto minutos, estando o atleta em condições de equilíbrio entre o trabalho produzido e o oxigénio consumido (steady state).

Este trata-se de um teste submáximo utilizado essencialmente para estimar o VO2máximo a partir de simples medições da frequência cardíaca durante o mesmo;

Page 22: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Protocolo

Consiste num único patamar de 6 minutos; A cadência deverá ser de 50 rpm; O objectivo é obter valores entre 120 Bpm e 85% da Fcmáx no final

do teste; A frequência cardíaca é medida nos dois últimos minutos do patamar,

4º e 5º minuto; Se houver uma diferença nos valores da Fc nos últimos 2 minutos

superior a 5Bpm o teste/patamar deve ser prolongado por mais 1 minuto;

Os valores da Fc podem muito facilmente ser alterados ou que não correspondem à verdade dependendo de diversos factores, tais como (ambientais, psicológicos, alimentares, hormonais etc).

Potência em Watts

Homens:

Sedentários/má condição física 50-100

Activos/boa condição física 100-150

Mulheres:

Sedentárias/má condição física 50-75

Activas/boa condição física 75-100

Quadro 9 – Adaptado da ACSM (2006) Estado de Condição Física do Indivíduo, associado ao género.

Fórmula de Cálculo

VO2submáximo= (Potência(Kgm/min)/peso(Kg))x1,8ml/min+7ml/Kg/min

(1 Watt=6,12Kgm/min)

VO2máx= VO2submáximox((Fcmáx-Fcrepouso)/(FCsubmáxima-Fcrepouso))

(Fcsubmáxima = Média da Fc registada nos 2 últimos minutos de cada patamar)

Page 23: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Monograma de Astrand-Ryhming

Page 24: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Figura 3 – Adapatado de ACSM (2006) Monograma modificado de Astrand-Ryhming

3.3.8. Indicações Gerais para Interromper um Teste de esforço em Adultos de Baixo Risco

Page 25: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Inicio de angina ou sintomas anginosos; Queda na pressão arterial sistólica de > 10mm Hg à pressão arterial

basal, apesar de aumentar a carga de trabalho; Elevação excessiva na pressão arterial: pressão sistólica > 250 mm

Hg ou pressão diastólica > 115 mm Hg; Falta de ar, sibilos, cãibras nas pernas ou claudicação; Sinais de perfusão precária: tonteira, confusão, ataxia, cianose,

náuseas, ou pele fria e húmida; Ausência de aumento na FC com uma maior intensidade do exercício; Modificação perceptível no ritmo cardíaco; O indivíduo pede para parar; Manifestações físicas ou verbais de fadiga extrema; Falha do equipamento do teste.

3.3.9. Interpretação dos Resultados

Valores en percentil para captação máxima de O2 (mL/Kg/min) para Homens

Idades

Percentil20-29

(N=2.234)30-39

(N=11.158)40-49

(N=13.109)50-59

(N=5.641)60+

(N=1.244)

90 55,1 52,1 50,6 49,0 44,2

80 52,1 50,6 49,0 44,2 41,0

70 49,0 47,4 45,8 41,0 37,8

60 47,4 44,2 44,2 39,4 36,2

50 44,2 42,6 41,0 37,8 34,6

40 42,6 41,0 39,4 36,2 33,0

30 41,0 39,4 36,2 34,6 31,4

20 37,8 36,2 34,6 31,4 28,3

10 34,6 33,0 31,4 29,9 26,7

Quadro 10 – Adaptado da ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência Aeróbica Máxima (ml/Kg/min) para Homens

Valores en percentil para captação máxima de O2 (mL/Kg/min) para

Page 26: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Homens

Idades

Percentil20-29

(N=2.234)30-39

(N=11.158)40-49

(N=13.109)50-59

(N=5.641)60+

(N=1.244)

90 49,0 45,8 42,6 37,8 34,6

80 44,2 41,0 39,4 34,6 33,0

70 41,0 39,4 36,2 33,0 31,4

60 39,4 36,2 34,6 31,4 28,3

50 37,8 34,6 33,0 29,9 26,7

40 36,2 33,0 31,4 28,3 25,1

30 33,0 31,4 29,9 26,7 23,5

20 31,4 29,9 28,3 25,1 21,9

10 28,3 26,7 25,1 21,9 20,3

Quadro 11 – Adoptado de ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência Aeróbica Máxima (ml/Kg/min) para Mulheres

4. Conclusão

Apesar de serem apresentados pelos organismos competentes na área da saúde mundial muitos outros testes de avaliação da condição física, não referidos neste trabalho, pensamos que a nossa proposta visa um protocolo de avaliação que seja prático de aplicar no dia-a-dia dos profissionais da área, mas fundamentalmente, que contemple os aspectos que julgamos

Page 27: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

serem os mais importantes ao nível da avaliação individual da condição física e o encaminhamento para a prática do exercício físico.

5. Bibliografia

ACSM. (2006). ACSM´s Guidelines For Exercise Testing And Prescription (7ª Edition). American College of Sports Medicine.

Page 28: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

Page 29: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

ANEXO 1: Regulamento e Normas do Ginásio Health Club Praia Mar

ANEXO 2: Entrevista à Gerência (Carla Isidro)

Page 30: Trabalho de Saúde e Condição Física

ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-

Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”