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Faculdade de Letras – UFRJ Disciplina: FUNDBRAS I Horário: 11:00 Professor: Luis Alberto Aluna: Larissa Fernandes A música brasileira moderna A música brasileira sempre foi riquíssima não apenas sonoramente, mas também para pensar, como uma forma de expressão de sentimentos e ideias, muitas vezes reprimidos, usada para influenciar gerações, e pode-se dizer que foi o que ocorreu no período dos anos 50 aos 80, época que caminhava para a ditadura dentro do modernismo. A MPB como um movimento de muitos momentos e características, sendo amplo e responsável pela modernização da música tradicional, desenvolveu durante esse período dois movimentos para que acontecesse esse processo de modernização musical. O primero deles, os Bossa-Novistas , que, nos fins dos anos 1950, resolveram romper com o projeto de folclorização da música popular, que era uma proposta em que Mário de Andrade possuía por volta dos anos 20 e 30, em que defendia a pesquisa do folclore como principal temática e técnica do compositor erudito preocupado com a criação da música erudita brasileira e nacionalista. Os compositores Bossa-Novistas então, passaram a buscar a valorização da mistura dos gêneros musicais brasileiros, com as tendências da música internacional do período. Assim, João Gilberto, Edu Lobo e Nara Leão, entre outros tinham como características a sutileza na interpretação, a harmonia valorizada e elementos estruturais da canção, construídos em torno de temáticas intimistas . A Bossa-Nova mais que rompeu com a tradição musical, ela ressignificou,

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Faculdade de Letras – UFRJDisciplina: FUNDBRAS IHorário: 11:00Professor: Luis AlbertoAluna: Larissa Fernandes

A música brasileira moderna

A música brasileira sempre foi riquíssima não apenas sonoramente, mas também para pensar, como uma forma de expressão de sentimentos e ideias, muitas vezes reprimidos, usada para influenciar gerações, e pode-se dizer que foi o que ocorreu no período dos anos 50 aos 80, época que caminhava para a ditadura dentro do modernismo.

A MPB como um movimento de muitos momentos e características, sendo amplo e responsável pela modernização da música tradicional, desenvolveu durante esse período dois movimentos para que acontecesse esse processo de modernização musical. O primero deles, os Bossa-Novistas, que, nos fins dos anos 1950, resolveram romper com o projeto de folclorização da música popular, que era uma proposta em que Mário de Andrade possuía por volta dos anos 20 e 30, em que defendia a pesquisa do folclore como principal temática e técnica do compositor erudito preocupado com a criação da música erudita brasileira e nacionalista.

Os compositores Bossa-Novistas então, passaram a buscar a valorização da mistura dos gêneros musicais brasileiros, com as tendências da música internacional do período. Assim, João Gilberto, Edu Lobo e Nara Leão, entre outros tinham como características a sutileza na interpretação, a harmonia valorizada e elementos estruturais da canção, construídos em torno de temáticas intimistas . A Bossa-Nova mais que rompeu com a tradição musical, ela ressignificou, incorporou elementos e proporcionou um dinamismo no que era fixo na cultura brasileira. 

Quando se pensa em MPB, remetemos a outros nomes famosos e grandiosos como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e muitos mal sabem que esses artistas, na época modernista brasileira, também inovaram fazendo música dissociada da ideia de se enquadrar em um gênero, buscando a identidade nacional ao misturar toda a música que estava chegando da Europa e sendo “engolida” pelos brasileiros, absorvendo-a e misturando-a com a nossa música de diversos estilos, incrementados com o que tivesse de nacional, para exportar de volta para o mundo, um pensamento muito influenciado pela obra do escritor modernista Oswald de Andrade, “Manifesto Antropófago”que tinha por objetivo repensar a dependência cultural brasileira.

O modernismo também se preocupava em fazer música inovadora que não tivesse apenas um caráter estético, mas também crítico, tendo um compromisso não apenas cultural, mas social, político e ético de encarar os problemas de seu tempo, eis que, com todo esse conceito inédito de música brasileira, surge o segundo movimento,

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tropicalismo.

“O sol se reparte em crimes,Espaçonaves, guerrilhasEm cardinales bonitasEu vouEm caras de presidentesEm grandes beijos de amorEm dentes, pernas, bandeirasBomba e Brigitte Bardot(...)Eu tomo uma coca-colaEla pensa em casamentoE uma canção me consolaEu vou”

Nesse trecho de “Alegria, Alegria”, Caetano descreve uma cena em que lê retratos e mensagens de uma banca de jornal, e é possível dizer que ele anuncia a proposta tropicalista de não se fechar ao que vem de fora, o que fica mais explícito ao final da música quando cita “coca-cola”, sendo uma das marcas que mais vende globalmente.A melodia tropicalista também foi muito influenciada por esse ideal revolucionário de descartar pouco, incluindo o que era erudito até o popular, desde instrumentos tradicionais de percussão a guitarras elétricas.

No festival de música da TV Record em 1967, algumas músicas com esses novos ideais modernistas foram apresentadas e como consequência desse material de ruptura de antigos pensamentos e estruturas, tiveram como consequência muitas vaias do público, que ainda possuía os antigos pensamentos restritos quanto ao conteúdo da música nacional . Nesse mesmo festival, pouquíssimas músicas ganharam o público conseguindo uma salva de palmas, uma dessas exceções foi “Roda Viva” de Chico Buarque, já “Beto Bom de Bola” interpretada por Sergio Ricardo, que foi vaiada do início até o fim famoso que, irritado com as vaias, ele deu a música, dizendo que o público o venceu e com a famosa quebra do violão no palco.

O tropicalismo terminaria em dezembro do ano seguinte, quando os dois compositores foram presos após a edição do AI-5 (Ato Institucional n° 5, decretado pela ditadura militar, que endureceu ainda mais o regime político) e depois exilados. “O tropicalismo quis e conseguiu ser uma chuva de verão que alagasse infinita enquanto durasse”, disse Capinan , um dos letristas do movimento.

Esse tempo revolucionário da MPB fez com que as músicas e artistas dessa época se tornassem um patrimônio histórico e ídolos da história brasileira, ressignificando tudo que surgiria após esse tempo de ruptura de ideias e renovação cultural.

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