trabalho final de segurança e higiene no trabalho - i

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Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Nível III Marco Abreu Trabalho de Final de Curso 24-12-20 2 009 2009

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Trabalho final do curso de técnico de segurança e higiene no trabalho - nível III. Avaliação de riscos efectuada a empresa, no ramo de comércio e reparação automóvel, centrada na secção de mecân ica, bate-chapa e pintura.

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24-12-2009

2009

2009

2009

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 2

CAPÍTULO I

1. Conteúdo

CAPÍTULO I

1. Conteúdo 2

2. Agradecimentos 5

3. Introdução 6

4. Objectivos 7

CAPÍTULO II

5. Caracterização da Leça & Fernandes, Lda. 8

5.1. A Empresa 8

5.2. Missão 8

5.3. Política de Qualidade 8

5.4. Estrutura Organizacional 9

5.5. Localização 9

6. Enquadramento Teórico 11

7. Panorama da Sinistralidade Laboral em Portugal 12

7.1. Metodologia de Estudo 12

7.2. Definições 13

7.3. Acidentes de trabalho e Localização Geográfica 14

7.4. Acidentes Não Mortais e Dias de Ausência 14

7.5. Acidentes Não Mortais e Dias Perdidos 16

7.6. Correspondência entre o “Total e o sector do Comércio Grosso/Retalho e

Reparação de Veículos Automóveis (G) ” 17

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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CAPÍTULO III

8. Caracterização da Secção de Bate-Chapa/Pintura e Mecânica de Pesados 18

8.1. Localização 18

8.2. Exterior 18

8.3. Interior 19

9. O Método de Avaliação de Riscos 20

9.1. Definições 21

10. O Método de William Fine 23

10.1. Etapas do Método de William Fine 23

11. Análise dos Riscos Associados às Tarefas Clássicas das Oficinas de Reparação

Automóvel 30

11.1. Secção de Mecânica 30

11.2. Secção de Bate-Chapa 32

11.3. Secção de Pintura 36

CAPÍTULO IV

12. Relatório do Trabalho Realizado 41

12.1. Comunicação do Risco 41

12.2. Caracterização Estrutural da Secção de Bate-Chapa 42

12.3. Identificação dos Perigos 52

12.4. Estabelecimento dos Níveis de Acção 56

CAPÍTULO V

13. Conclusão 57

14. Anexos 58

Anexo I – Comunicação de Riscos 58

Anexo II – Lista de Verificação 58

Anexo III – Avaliação de Riscos 59

Anexo VI – Avaliação de Riscos – Grelha de Avaliação 59

Anexo V – Plano de Acções e Controlo 59

15. Bibliografia 60

16. Referências Electrónicas 60

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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17. Figuras

Fig. I – Imagem Aérea da Localização da Auto Atlântico 9

Fig. II – Organograma Funcional e Nominal da Leça & Fernandes 10

Fig. III – Fluxograma de Funcionamento do Método de William Fine 23

Fig. IV – Tabela Alfabética de Factores de Risco – Probabilidade (P) 24

Fig. V – Tabela Alfabética de Factores de Risco – Exposição (E) 25

Fig. VI – Tabela Alfabética de Factores de Risco – Consequência (C) 25

Fig. VII – Procedimento de Comunicação do Risco 25

Fig. VIII – Tabela Alfabética dos Factores de Risco 26

Fig. IX – Determinação do Factor de Probabilidade (P) 26

Fig. X – Determinação do Factor de Exposição (E) 27

Fig. XI – Determinação do Factor de Consequência (C) 27

Fig. XII – Determinação do Grau de Perigosidade (GP) 27

Fig. XIII – Determinação do Factor de Custo (FC) 28

Fig. IX – Determinação do Grau de Correcção (GC) 28

Fig. IX – Determinação do Índice de Justificação (J) 29

18. Quadros e Gráficos

Quadro 1 – Acidentes de Trabalho por Região 14

Quadro 2 – Acidentes de Trabalho Não Mortais e dias de Ausência 15

Gráfico 1 – Acidentes de Trabalho “Com e Sem” Dias de Ausência 15

Gráfico 2 - Dias de Trabalho Perdidos, por Actividade Económica 16

Gráfico 3 – Correspondência “Total dos Acidentes de Trabalho” 17

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Trabalho de Final de Curso

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2. Agradecimentos

Uma jornada desta magnitude, nesta altura da vida, não se concretiza facilmente. Ao

longo do percurso vários foram os incidentes, os acontecimentos, as motivações, as

inspirações e as decepções mas, sobre estas nada será dito, não merecem lugar neste

trabalho.

Primeiramente, quero agradecer às pessoas que mais sentiram a minha falta e de quem

mais falta senti, a minha mulher e o meu filho, pela paciência e compreensão com que

encararam as repetidas ausências, os fins-de-semana condicionados, as chegadas a casa

a horas tardias, etc. Um beijo e um abraço muito grandes à Micaela e ao Afonso!

Também quero manifestar o meu agradecimento aos meus colegas, àqueles que me

ajudaram, apoiaram e, melhor que tudo, ofereceram a sua amizade, a qual entendo

manter, acarinhar e, nesta oportunidade, registar, para que esteja escrito e sempre

presente. À Andreia Freitas, ao Miguel Lemos e à Tânia Pestana, um muito obrigado.

Ainda faltam os formadores, aqueles que me inspiraram, uns, pela sua sabedoria e

conhecimento, outros, pela sua postura e personalidade. Agradeço a vários mas,

especialmente à formadora Isabel Alves, quem nos acompanhou até ao fim e continuou

a ajudar mesmo depois do fim.

Ainda existem aqueles que, não estando directamente relacionados com o curso,

prestaram a sua colaboração em momentos cruciais e, como tal, não posso deixar de

demonstrar o meu apreço, aos meus cunhados (Timóteo e Constança), à Dr.ª Rubina

Cabral, ao Eng.º Eduardo Barradas e, finalmente mas não menos importante, ao Sr.

Pedro Novais, administrador da Leça e Fernandes, Lda.

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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3. Introdução

A sabedoria popular tem momentos de grande clareza de espírito e a frase “Mais vale

prevenir que remediar!”, assenta muito bem no âmbito da segurança e higiene no

trabalho mas, para prevenir riscos, necessitamos de avaliar riscos e, sobretudo

implementar eficazmente as correspondentes medidas correctivas, funções que se

apresentam cada vez mais, de grande dificuldade.

Esta perspectiva torna-se ainda mais preocupante se prestarmos atenção ao panorama

mundial. A crise económica mundial poderá facilmente conduzir as organizações a

ignorar ou minimizar a importância da segurança e saúde nos locais de trabalho. Ora

vejamos, com o aumento do desemprego as pessoas estão mais preocupadas com a

estabilidade da sua permanência no emprego do que com a segurança e saúde das suas

condições laborais. Ao mesmo tempo, enquanto as organizações visam reduzir a sua

mão-de-obra, poderão negligenciar os efeitos a longo prazo daqueles que não são

dispensados.

Quando estes cortes de mão-de-obra acontecem, mesmo que em pequena escala, aliados

ao aumento da carga de trabalho, à sobrecarga horária, e ao receio de perder o emprego,

os níveis de stress com que os trabalhadores têm de lidar diariamente aumenta

significativamente. Se ainda contarmos com o actual estrangulamento dos empréstimos

bancários nos sectores da construção, habitação e crédito automóvel, damos de caras

com um panorama deveras sombrio.

Numa outra perspectiva, mais optimista e pessoal, poderemos considerar que os efeitos

deste “estrangulamento do crédito” poderão não ser completamente negativos em

termos de sinistralidade ocupacional. Eventualmente, e isto só como teoria, poderá vir a

verificar-se uma redução dos acidentes de trabalho já que, nesta conjuntura, as

organizações tendem a depositar mais confiança nos seus funcionários mais experientes

e mais capacitados, em detrimento de empregar outros novos e inexperientes.

A vida humana é extremamente vulnerável e, é nossa responsabilidade, futuros técnicos

de Segurança e Higiene no Trabalho, dar continuidade ao trabalho e ao esforço

daqueles que a muito custo, mas com muita determinação e dedicação, deram início a

esta dura e interminável batalha, quase sempre travada ao segundo, pela preservação da

vida e do bem-estar dos seres humanos no seu ambiente de trabalho.

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 7

4. Objectivos

Das memórias resgatadas dos tempos da formação teórica de técnico de SHT, existe

uma que perdura, dita por um dos formadores considerado dos mais capazes e cultos,

que disse: “…a primeira coisa que irão apreender quando começarem a exercer

funções como técnico de sht, é que ainda têm muito para aprender...” – Nada mais

verdadeiro!

O Curso de Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho – Nível III, frequentado na

CAMFOR – Empresa de Formação Profissional, Lda., compreende uma duração de

1.200 horas, em que 1.040 das quais foram reservadas à componente mais teórica do

curso, a formação sociocultural e científico-tecnológica. Ultrapassadas que estão estas

duas primeiras etapas, chegamos à fase final, 160 horas de prática no contexto de

trabalho, período este que foi passado na empresa Leça & Fernandes, Lda., na qualidade

de estagiário.

É neste âmbito de prática real que se insere o presente trabalho, o qual tem como

objectivos, estabelecer uma passagem entre o saber e o saber fazer, para além de colocar

em prática toda a aprendizagem retirada da formação teórica. É esperado também, que

constitua o ponto de partida para uma nova fase de aprendizagem, a mais consciente e

valiosa de todas, a aprendizagem proporcionada pela própria experiência.

Tendo em conta as limitações a nível de tempo para a execução deste trabalho, foi

estabelecida a escolha de uma única secção como objecto de estudo, a secção de “Bate-

Chapa/Pintura e Mecânica de Pesados” da empresa Leça & Fernandes, Lda. Esta

escolha foi motivada pela constatação das variadas carências em termos de segurança e

higiene no trabalho, detectadas em anteriores visitas às instalações na qualidade de

visitante.

Para a elaboração do trabalho foram tidos em conta vários aspectos básicos a observar

pelo técnico de segurança e higiene no trabalho por exemplo: analisar as condições

estruturais do pavilhão da secção em estudo, as condições de higiene, a concepção

ergonómica dos postos de trabalho e das tarefas desempenhadas, as condições de

segurança, a sensibilização dos funcionários para as matérias relativas à higiene e

segurança através de conversas e trocas de informações preciosas para ambas as partes.

Page 8: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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CAPÍTULO II

5. Caracterização da Leça & Fernandes, Lda.

5.1 A Empresa A Leça & Fernandes foi constituída em 1974 com 3 colaboradores. Dado o grande

crescimento verificado nos últimos anos, a empresa tem actualmente ao seu serviço 51

colaboradores.

É representante, desde o seu início, da marca Mitsubishi e também das marcas que no

passado estiveram associadas ao Grupo Rover. O crescimento da empresa tem-se dado

de uma forma gradual e sustentada, neste momento a empresa é distribuidor/reparador

autorizado das marcas Mitsubishi, Land Rover e Chevrolet para todos os concelhos da

Região Autónoma da Madeira.

5.2 Missão É missão da Leça & Fernandes, Lda. comercializar produtos e prestar serviços do ramo

automóvel, gerando mais-valias, maximizando os seus volumes de vendas e notoriedade

das marcas que representa, através da satisfação dos seus clientes.

5.3 Política de Qualidade A política de qualidade da Leça & Fernandes, Lda. assenta nos seguintes valores

fundamentais:

� Prestar serviços de excelência;

� Desenvolver as boas práticas ambientais, minimizando o impacto ambiental

causado pela sua actividade;

� Atender os clientes com cortesia e eficácia, promovendo a sua satisfação,

� Cumprir as normas das marcas e requisitos legais;

� Promover a melhoria contínua dos serviços da empresa através da satisfação e

formação dos seus colaboradores;

É política da empresa proporcionar formação e acções de sensibilização para que cada

colaborador se aproxime, cada vez mais, do seu perfil de funções mantendo-os assim

num permanente estado de consciência relativamente à relevância das suas funções e de

como contribuem para o atingir dos objectivos de qualidade.

Page 9: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

5.4 Estrutura OrganizacionalO organograma da empresa representa o seu modelo de estrutura organizativa e, de

certo modo, reflecte a sua cultura.

A estrutura organizativa caracteriza

comercial e a operacional (oficina/peças) em torno das quais todos os órgãos operam e

interagem.

Todos os membros da Leça & Fernandes

escolaridade, formação específica relevante, saber fazer e experiência.

5.5 Localização A sede da Leça & Fernandes

Atlântico, sito ao Sítio da Azenha, 9125

Fig. I – Imagem Aérea da Localização da

Caniço Shopping

Trabalho de Final de Curso

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Estrutura Organizacional O organograma da empresa representa o seu modelo de estrutura organizativa e, de

certo modo, reflecte a sua cultura.

aracteriza-se pela existência de três áreas: a administrativa, a

comercial e a operacional (oficina/peças) em torno das quais todos os órgãos operam e

Leça & Fernandes têm as suas funções definidas com base na

ormação específica relevante, saber fazer e experiência.

Leça & Fernandes está localizada nas instalações denominadas de

Atlântico, sito ao Sítio da Azenha, 9125 – 909 Caniço.

Imagem Aérea da Localização da Auto Atlântico

Fonte: Google Earth

Auto Atlântico, Lda

Secção de Bate-Chapa

O organograma da empresa representa o seu modelo de estrutura organizativa e, de

se pela existência de três áreas: a administrativa, a

comercial e a operacional (oficina/peças) em torno das quais todos os órgãos operam e

têm as suas funções definidas com base na

está localizada nas instalações denominadas de Auto

Atlântico

Auto Atlântico, Lda .

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Fig. II – Organograma Funcional e Nominal da

Responsável

Peças

Mitsubishi

Vendas/Stock

Caixeiros

Outras

Vendas/Stock

Caixeiros

Mecânica Mitsubishi

GarantiasResp. Exp.

Ligeiros

Mecânicos

Resp. Exp. Comerciais

Mecânicos

Recepção

Lavadores

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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Organograma Funcional e Nominal da Leça & Fernandes

Gerente

Responsável

Serviço

Recepção

Lavadores

Mercânica Outras

Recepção

Resp. Exp.

Mecânicos

Colisão/Pintura

Resp. Colisão

Bate-chapas

Pintores

Chefe Serv . Admin./Finanças

Contabilidade

Facturação

Cobranças

Telefone

Arquivo

Pessoal

Documentação

Consultor de Vendas Mitsubishi

Vendas Funchal Vendas Caniço

Vendedor

Adjunto de Gerência/Qualidade

Assistente Clientes/Marqueting

Director Geral

Responsável

Vendas

Chevrolet

Vendedor

Land Rover

Vendedor

Usados

Vendas Caniço

Vendas Cancela

Stocks e Aprovisionamento

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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6. Enquadramento Teórico

As actividades de Segurança e Higiene no Trabalho têm como objectivo contribuir para

a eliminação dos riscos profissionais e, quando tal não for possível, indicar quais as

medidas necessárias para reduzi-los a níveis aceitáveis. Assim sendo, o presente

trabalho tem como função não só enumerar os riscos de acidente presentes e as suas

respectivas medidas preventivas como também fornecer algumas directrizes, sempre

numa perspectiva de melhoria contínua tanto das condições de segurança e higiene

como o do bem-estar dos trabalhadores, mediante uma organização cuidada dos seus

respectivos métodos e postos de trabalho.

Neste contexto, não pode ser descurado o carácter dos princípios gerais de prevenção.

Estes princípios foram definidos primeiramente pela Directiva Quadro n.º 89/391/CEE,

de 12 de Junho, relativa à aplicação de medidas destinadas a promover a melhoria da

segurança e da saúde dos trabalhadores no trabalho no espaço europeu, alterada pela

Directiva n.º 2007/30/CE, do Conselho, de 20 de Junho e, transposta para a ordem

jurídica interna pelo Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de Novembro, recentemente

revogado pela Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro, onde constam os seguintes

princípios:

� Evitar os riscos;

� Avaliar os riscos que não possam ser evitados;

� Combater os riscos na origem;

� Adaptar o trabalho ao Homem, especialmente no que se refere à concepção dos

postos de trabalho, à escolha dos equipamentos de trabalho e dos métodos de

trabalho e de produção, tendo em vista, nomeadamente, atenuar o trabalho

monótono e o trabalho repetitivo e reduzir os efeitos destes sobre a saúde;

� Ter em conta o estádio da evolução da técnica;

� Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

� Planificar a prevenção com um sistema coerente que integre a técnica, a

organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações sociais e a

influência dos factores ambientais no trabalho;

� Dar prioridade às medidas de prevenção colectiva em relação às medidas de

protecção individual;

� Dar instruções adequadas aos trabalhadores;

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Trabalho de Final de Curso

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7. Panorama da Sinistralidade Laboral em Portugal

A sinistralidade em termos de indústria de reparação e manutenção automóvel é muito

pouco representativa dentro do panorama nacional mas, enquanto existam acidentes de

trabalho, estes serão sempre representativos, seja um único ou sejam milhares, estamos

sempre a falar de vidas humanas e, desde que sejam estes os termos, os números

simplesmente passam a ser irrelevantes.

Os estudos publicados neste sector de actividade são escassos, em parte porque os

acidentes de trabalho não são muito frequentes, o que é sempre positivo mas, em

consequência, a documentação disponível para consulta torna-se quase inexistente. As

dificuldades aumentam ainda mais se considerarmos os estudos realizados no âmbito da

informação regional, por isso, iremos concentrar as atenções no panorama nacional,

estabelecendo algumas conclusões sobre a realidade do sector da reparação e

manutenção automóvel comparativamente às outras áreas económicas existentes no

nosso país.

A produção de informação estatística sobre acidentes de trabalho a seguir apresentada

está enquadrada pelo regime jurídico constante da Lei n.º 100/97, de 13 de Setembro,

proximamente revogada com a entrada em vigor da Lei nº 98/2009, de 10 de Setembro,

a 1 de Janeiro de 2010. Esta informação resulta da recolha, validação e tratamento dos

dados constantes das participações remetidas às Companhias de Seguros, referentes ao

momento de ocorrência do acidente e dos mapas de encerramento de processo referentes

à data de encerramento propriamente dito ou um ano após a ocorrência do acidente,

caso este ainda não esteja clinicamente concluído.

7.1 Metodologia de Estudo

Os estudos realizados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS),

coordenados e publicados pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), revelaram

os dados estatísticos relativamente aos acidentes de trabalho ocorridos entre 2004 e

2006 (aqueles cujos processos estivessem encerrados até Junho de 2008), abrangendo

todas as actividades económicas, tanto no território continental, como nas Regiões

Autónomas.

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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A metodologia aplicada foi a seguinte:

7.1.1. Plano de Amostragem

Base de Amostragem

A base de amostragem é constituída pelo conjunto das participações de acidentes de

trabalho ocorridos em cada ano, satisfazendo as condições referidas no conceito de

“Acidente de Trabalho”.

Método de Amostragem

Os acidentes de trabalho mortais do Continente e os acidentes de trabalho mortais e não

mortais ocorridos nas Regiões Autónomas foram tratados na sua totalidade.

Foi estabelecido que a dimensão da amostra seria de cerca de metade do total de

participações recebidas, isto é, aproximadamente 130.000.

Para cada ano é fornecido pelas diversas seguradoras a operar no ramo de Acidentes de

Trabalho, um ficheiro com a totalidade dos acidentes de trabalho ocorridos, com

informação individualizada por acidente contendo o n.º de identificação da seguradora e

do acidente, o n.º de identificação de pessoa colectiva ou equiparada onde ocorreu o

acidente, data do acidente, dias de trabalho perdidos, natureza da lesão, parte do corpo

atingida e consequência (mortal ou não mortal). Com base nesta informação o

GEP/MTSS constitui o ficheiro universal dos acidentes de trabalho ocorridos em cada

ano (âmbito da Lei n.º 100/97, de 13 de Setembro).

7.2 Definições Eis algumas definições elementares para a melhor compreensão dos dados:

Acidente de Trabalho Mortal Acidente de que resulte a morte da vítima num período de um ano após o dia da sua

ocorrência.

Dias de Trabalho Perdidos São contabilizados os dias de ausência ao trabalho no mínimo de um dia (para além do

primeiro dia) até um ano. São também considerados aqueles que, embora não resultem

em perda de trabalho, comportam despesas para as entidades responsáveis.

Page 14: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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Acidente de Trabalho: Acontecimento inesperado e imprevisto, incluindo actos derivados do trabalho ou com

ele relacionados, do qual resulte uma lesão corporal, uma doença ou a morte de um ou

vários trabalhadores. São também considerados acidentes de trabalho os acidentes de

viagem, de transporte ou de circulação, nos quais os trabalhadores ficam lesionados e

que ocorrem por causa, ou no decurso do trabalho, isto é, quando exercem uma

actividade económica, ou estão a trabalhar, ou realizam tarefas para o empregador.

Excluem-se do âmbito deste estudo: Os ferimentos auto - infligidos; acidentes que se

devem unicamente a causas médicas e doenças profissionais; acidentes que ocorram no

percurso para o local de trabalho ou no regresso deste (acidentes de trajecto) e com

pessoas estranhas à empresa, sem qualquer actividade profissional.

7.3 Acidentes de Trabalho e Localização Geográfica Em 2006 apuraram-se 237 392 acidentes de trabalho, isto é, mais 8 508 que em 2005

(mais 3,7%). Para este aumento terá contribuído uma recolha de dados mais ampla e

próxima do universo dos acidentes, fruto de uma cooperação cada vez mais eficaz com

o sistema segurador. Destaca-se, ainda, um menor número de acidentes de trabalho

mortais: 253 em 2006 e 300 em 2005 (menos 5,7%).

Quadro 1 – Acidentes de Trabalho por Região

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

Em relação à distribuição regional dos 237 392 acidentes, 68% concentram-se no Norte

e Centro do país, bem como o maior n.º de acidentes mortais, 150. Na RAM, os

resultados traduzem-se em 4 048 acidentes, aproximadamente 2%. Estes resultados

acompanham, assim, a concentração do emprego naquelas zonas do país.

7.4 Acidentes Não Mortais e Dias de Ausência A maioria dos acidentes de trabalho não mortais (237 139) provocou dias de ausência,

situação comum a todas as actividades, como podemos observar no quadro seguinte:

Total Mortais Não Mortais

TOTAL 237.392 253 237.139 Norte 96.715 74 96.641 Centro 63.249 76 63.173 Lisboa 47.987 41 47.946 Alentejo 12.162 19 12.143 Algarve 7.223 12 7.211 R. A. Açores 2.864 4 2.860 R. A. Madeira 4.048 8 4.040 Estrangeiro 3.144 19 3.125

Page 15: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Quadro 2 – Acidentes de Trabalho Não Mortais

A. Agricultura, Produção Animal, Caça e SilviculturaB. Pesca C. Indústrias Extractivas D. Indústrias Transformadoras E. Produção e Distribuição de Electricidade, Gás e ÁguaF. Construção G. Comércio Grosso e Retalho, Reparação Veículos AutomóveisH. Alojamento e Restauração I. Transportes, Armazenamento e ComunicaçõesJ. Actividades Financeiras K. Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serv.L. Administração Pública, Defesa, Segurança SocialM. Educação N. Saúde e Acção Social O. Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e PessoaisP. Famílias com Empregados DomésticosQ. Organizações Internacionais e Outras Instituições ExtraCAE Ignorada

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

Gráfico 1 – Comparação Acidentes de

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

1.4

53

47

7

44

5

20

.65

5

27

3

12

.04

7

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38

1.3

39

1.5

12

54

.00

0

86

5

39

.66

0

Trabalho de Final de Curso

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Acidentes de Trabalho Não Mortais e Dias de Ausência, por Actividade Económica

Total

TOTAL (Não Mortais) 237.139Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura 6.691

1.8161.957

74.655Produção e Distribuição de Electricidade, Gás e Água 1.138

51.707Reparação Veículos Automóveis 36.895

11.491Transportes, Armazenamento e Comunicações 10.632

792obiliárias, Alugueres e Serv. Prestados às Empresas 14.394

Administração Pública, Defesa, Segurança Social 7.4462.1248.627

Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais 4.753Famílias com Empregados Domésticos 854Organizações Internacionais e Outras Instituições Extra-Territoriais 11

1.156Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

Comparação Acidentes de Trabalho “Com e Sem” Dias de Ausência

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

12

.04

7

9.7

32

3.0

64

2.7

75

37

3 4.2

53

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76

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0

27

.16

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7.8

57

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9

10

.14

1

5.3

70

1.3

03

5.0

84

Actividades Económicas

Sem Ausência Com Ausência

e Dias de Ausência, por Actividade

Sem

Ausência Com

Ausência

237.139 63.865 173.274 6.691 1.453 5.238 1.816 477 1.339 1.957 445 1.512

74.655 20.655 54.000 1.138 273 865

51.707 12.047 39.660 36.895 9.732 27.163 11.491 3.064 8.427 10.632 2.775 7.857

792 373 419 14.394 4.253 10.141 7.446 2.076 5.370 2.124 821 1.303 8.627 3.543 5.084 4.753 1.475 3.278

854 175 679 11 0 11

1.156 228 928

Trabalho “Com e Sem” Dias de Ausência

1.4

75

17

5

0 22

8 5.0

84

3.2

78

67

9

11

92

8

Page 16: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

As Actividades Financeiras, a Saúde e Acção Social e a Educação regi

mais baixos: 53%, 59% e 61

contexto, a actividade de Comércio

Automóveis (G), registou 27.163 acidentes de trabalho com dias de ausência, o

equivalente a 73,6% das 36 895 ocorrências verificadas.

7.5 Acidentes Não Mortais e Dias PerdidosOs sectores onde mais dias se perderam por motivos de acidentes de trabalho foram as

Indústrias Transformadoras (D), com 28,6%, a Construção (F), com 24,8% e o

Comércio por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos Automóveis (G)

Gráfico 2 – Dias de Trabalho Perdidos, por

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

Os 7 082 066 dias de trabalho perdidos constituem o reflexo dos 137 274 dias de

ausência provocados pelos 237 139 acidentes não mortais.

TOTAL

A.

B.

C.

D.

E.

F.

G.

H.

I.

J.

K.

L.

M.

N.

O.

P.

Q.

CAE Ignorada

253.735

58.038

75.751

36.077

1.022.669

344.593

357.149

25.980

416.964

199.242

61.019

200.953

152.021

46.799

410

45.496

Act

ivid

ad

es

Eco

mic

as

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 16

As Actividades Financeiras, a Saúde e Acção Social e a Educação regi

mais baixos: 53%, 59% e 61%, respectivamente, de acidentes com ausência. No

Comércio por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos

registou 27.163 acidentes de trabalho com dias de ausência, o

equivalente a 73,6% das 36 895 ocorrências verificadas.

Acidentes Não Mortais e Dias Perdidos ores onde mais dias se perderam por motivos de acidentes de trabalho foram as

Indústrias Transformadoras (D), com 28,6%, a Construção (F), com 24,8% e o

Comércio por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos Automóveis (G)

Dias de Trabalho Perdidos, por Actividade Económica

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

Os 7 082 066 dias de trabalho perdidos constituem o reflexo dos 137 274 dias de

ausência provocados pelos 237 139 acidentes não mortais.

2.027.332

1.757.938

1.022.669

416.964

Dias de Trabalho Perdidos

As Actividades Financeiras, a Saúde e Acção Social e a Educação registaram valores

%, respectivamente, de acidentes com ausência. No mesmo

por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos

registou 27.163 acidentes de trabalho com dias de ausência, o

ores onde mais dias se perderam por motivos de acidentes de trabalho foram as

Indústrias Transformadoras (D), com 28,6%, a Construção (F), com 24,8% e o

Comércio por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos Automóveis (G), 14,4%.

Actividade Económica

Os 7 082 066 dias de trabalho perdidos constituem o reflexo dos 137 274 dias de

7.082.066

Dias de Trabalho Perdidos

Page 17: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

7.6 Correspondência entre o e Reparação de Veículos Automóveis

Estabelecendo um paralelo entre os dados de que dispomos podemos concluir que, no

sector de Comércio por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos Automóveis

ocorreram 36 916 acidentes de trabalho, dos quais 36 895 não foram mortais.

Destes acidentes não mortais, 27 163 tiveram dias de ausência, e destes dias de ausência

resultaram 1 022 669 dias de trabalho perdidos.

Gráfico 3 – Correspondência “Total dos Acidentes de Trabalho / Comércio Grosso Retalho e Reparação de Veículos Automóveis”

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

Acidentes de Trabalho Acidentes de trabalho

23

7.3

92

36

.91

6

TOTAL

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 17

entre o “ Total e o Sector do Comércio Grosso/Retalho e Reparação de Veículos Automóveis (G) ”

Estabelecendo um paralelo entre os dados de que dispomos podemos concluir que, no

Comércio por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos Automóveis

ocorreram 36 916 acidentes de trabalho, dos quais 36 895 não foram mortais.

Destes acidentes não mortais, 27 163 tiveram dias de ausência, e destes dias de ausência

resultaram 1 022 669 dias de trabalho perdidos.

Correspondência “Total dos Acidentes de Trabalho / Comércio Grosso Retalho e Reparação de Veículos Automóveis”

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento

Acidentes de trabalho

Não Mortais

Acidentes de trabalho

Não Mortais com Dias

de Ausência

Acidentes de trabalho

Não Mortais com Dias

23

7.1

39

17

3.2

74

36

.89

5

17

3.2

74

TOTAL Com Grosso/Retalho e Rep Veículos Auto

Total e o Sector do Comércio Grosso/Retalho

Estabelecendo um paralelo entre os dados de que dispomos podemos concluir que, no

Comércio por Grosso, a Retalho e de Reparação de Veículos Automóveis (G),

ocorreram 36 916 acidentes de trabalho, dos quais 36 895 não foram mortais.

Destes acidentes não mortais, 27 163 tiveram dias de ausência, e destes dias de ausência

Correspondência “Total dos Acidentes de Trabalho / Comércio Grosso -

Acidentes de trabalho

Não Mortais com Dias

de Ausência e Dias

Perdidos

7.0

82

.06

6

1.0

22

.66

9

Com Grosso/Retalho e Rep Veículos Auto

Page 18: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

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CAPÍTULO III

8. Caracterização da Secção de Bate-Chapa

Este relatório tem por objecto de trabalho a secção de Bate-Chapa/Pintura e Mecânica

de Pesados da empresa Auto Atlântico, a qual designaremos, como já referido, como

secção de bate-chapa. Este espaço está organizado da seguinte maneira:

8.1 Localização Este pavilhão fica num anexo localizado no Sítio da Azenha, 2º D – Caniço, Concelho

de Santa Cruz (Fig. II), já que o edifício está fisicamente separado do resto das

instalações da empresa, pese embora a proximidade, cerca de 30m. O percurso entre as

duas estruturas faz-se a pé em 50% das ocasiões, sendo que na outra metade faz-se a

bordo de viaturas a caminho de reparação ou de volta aos respectivos proprietários, já

depois de reparadas.

8.2 No Exterior: 8.2.1. Parque de Viaturas

Estacionamento reservado a clientes e a viaturas em espera da sua respectiva ordem de

entrada para execução do correspondente serviço ou, viaturas já preparadas a espera da

recolha por parte dos seus proprietários.

8.2.2. Depósito de Pneus Usados

Local reservado para depósito de pneus usados aguardando pela respectiva recolha a fim

de serem reciclados. Não existe uma divisão física deste local.

8.2.3. Contentor para Lixo Volumoso

Recipiente destinado ao depósito de resíduos volumosos de chapa, vidro e plásticos,

com finalidade de posterior separação e reciclagem.

8.2.4. Compressor de Ar Comprimido

Compressor de ar comprimido que alimenta a rede de ar comprimido. O manómetro

possui selo de aprovação do modelo pelo Instituto Português da Qualidade (2004), o

qual possui uma validade de 10 anos, e selo de verificação de 2006 (validade até 31 de

Dezembro do ano seguinte à inspecção), Decreto-Lei n.º 291/90, de 20 de Setembro.

8.2.5. Filtro de Poeiras Provenientes da Estufa de Pintura

Espaço reservado ao filtro de água que recepciona as poeiras e vapores provenientes das

cabines de preparação de peças, pintura de peças e cabine completa de pintura (estufa).

A marcação CE e as fichas de inspecção periódica estão anexas às cabines de pintura

das quais estes filtros fazem parte integrante.

Page 19: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 19

8.3 No Interior: 8.3.1. Recepção

Emprega um funcionário com 33 anos de idade. Tem como funções recepcionar as

viaturas dos clientes, encaminhá-las para a respectiva especialidade, proporcionar uma

estimativa do tempo de reparação, valor e prazo de entrega da viatura reparada ao

cliente. Também tem a responsabilidade de agendar serviços, caso não exista

necessidade ou condições para uma intervenção imediata.

8.3.2. Escritório das Chefias da Secção de Bate-chapa

Este local é utilizado como escritório para os dois chefes existentes nesta secção, o

chefe de mecânica e o chefe de bate-chapa e pintura. Está situado directamente acima

dos módulos da recepção e das instalações sanitárias sociais.

8.3.3. Pintura

Integra 2 funcionários, com 30 e 36 anos de idade. Nesta secção efectua-se a pintura de

peças de carroçaria ou de carroçarias completas, procedendo ao tratamento

anticorrosivo, insonorização e verificação da estanquicidade, escolhendo a sequência de

pintura adequada, preparando, afinando e aplicando a tinta, organizando e controlando a

qualidade do trabalho. Efectuam-se trabalhos em viaturas ligeiras e pesadas. Possui duas

cabines de pintura, uma aberta, mais utilizada na preparação para pintura de peças

individuais e também de viaturas completas e, uma fechada, destinada à pintura de

peças e viaturas. As duas possuem marcação CE e fichas de inspecção periódica.

8.3.4. Laboratório de Tintas

Recinto dedicado ao armazenamento e mistura de tintas. Utilizado pelos funcionários da

secção de pintura. As tintas em utilização são do tipo hidrosolúvel, ou seja, tintas com

solventes aquosos, o que permite substituir a adição de diluentes. Eventualmente são

utilizadas tintas com solventes orgânicos para a pintura das carroçarias de carga dos

veículos de mercadorias, neste caso já são adicionados diluentes.

8.3.5. Bate-chapa

Integra 4 funcionários, com idades entre os 33 e os 64 anos. Esta secção executa

diversos trabalhos de carroçaria, nomeadamente, tratamento ou substituição de peças,

respectiva montagem/desmontagem, corte e soldadura, desempeno e aplicação de

produtos para uniformização das superfícies de chapa, e também produtos adesivos para

fixação de algumas peças, por exemplo, pára-brisas. Trabalham vários tipos de materiais

como aço, plástico, ligas de alumínio e até vidro. Para isto recorrem a diversas

operações, manipulando diferentes tipos de produtos, equipamentos e ferramentas.

Page 20: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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8.3.6. Mecânica de Pesados

Integra 5 funcionários com idades compreendidas entre os 31 e os 51 anos. Nesta secção

procede-se à manutenção e reparação de viatura pesadas, utilizam-se variadas

ferramentas, algumas máquinas, fluidos lubrificantes e combustíveis. Os trabalhos, na

sua grande maioria, efectuam-se debaixo das viaturas, estas suportadas por macacos

hidráulicos, cavaletes ou elevadores, com grande recurso à movimentação manual de

cargas e consequente utilização de força muscular.

9. O Método de Avaliação de Riscos

A avaliação de riscos é a chave da segurança, pois permite determinar a origem, a

natureza e os efeitos dos riscos presentes num determinado contexto de trabalho.

Implica um processo de observação e análise, com vista a estabelecer uma estimativa da

gravidade do risco e a sua consequente hierarquização na prioridade de actuação. Este

processo terá de ser constante, dinâmico e contínuo, deverá estar em alerta e correcção

permanentes, de modo a poder acompanhar todos os momentos e actividades da

empresa e proceder em tempo útil, a eventuais correcções, para que os desvios sejam

tanto quanto possível minimizados ou mesmo, numa perspectiva optimista, eliminados.

Em qualquer avaliação de riscos, haverá que ter em conta alguns aspectos importantes,

nomeadamente:

� Assegurar que todos os aspectos laborais estão abrangidos;

� Incluir todas as situações de perigo grave ou eminente;

� Acompanhar os riscos e perigos de modo a identificar os perigos com maior

potencial de dano;

� Ter em conta tudo o que acontece no trabalho e durante o trabalho;

� Abranger todos os trabalhadores, terceiros, e outras potenciais vítimas, sejam ou

não trabalhadores da empresa;

� Identificar os trabalhadores mais vulneráveis;

� Comunicar para a globalidade dos trabalhadores e os envolve a todos;

� Registar todas as informações e resultados obtidos nas avaliações;

� Considerar as informações pessoais obtidas como sendo confidenciais;

� Ser efectuada por profissionais competentes e habilitados para o efeito;

Page 21: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 21

9.1 Definições É pois importante, nesta fase, introduzir alguns conceitos fundamentais para melhor

compreender o método de análise de riscos, a saber:

Perigo

Fonte ou situação com potencial para o dano, em termos de lesões ou ferimentos para o

corpo humano ou danos para a saúde, perdas para o património, para o ambiente do

local de trabalho, ou uma combinação destes. Por exemplo, a electricidade.

Risco

A probabilidade do potencial danificador ser atingido nas condições de uso e/ou

exposição ao perigo incluindo a possível gravidade do dano. Por exemplo, o risco da

electricidade e a gravidade dos danos depende do valor da corrente, do isolamento, etc.

Risco tolerado

Risco que foi reduzido a um nível que possa ser aceite pela organização, tomando em

atenção as suas obrigações legais e a sua própria política de SST.

Acidente de trabalho

Um acidente que se verifique no local e/ou tempo de trabalho e produza directa ou

indirectamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução

da capacidade de trabalho ou ganho de morte.

Prevenção

Conjunto de técnicas com o objectivo de controlo dos factores de risco no trabalho.

Probabilidade (P), de que o acidente se produza quando se está exposto ao risco.

Exposição ao risco (E)

Período de tempo no qual os agentes receptores se encontram expostos ao risco de

acidente.

Consequências (C)

São normalmente calculadas ou estimadas no caso de se produzir o acidente.

Grau de Perigosidade (GP)

O nível de risco, permite estabelecer uma listagem de riscos segundo uma determinada

ordem de importância (hierarquização).

É determinado mediante a fórmula [GP = C × E × P]

Factor de Custo (FC)

Valor monetário, estimado em euros, da acção correctiva proposta.

Grau de Correcção (GP)

Grau estimado em que será reduzido o risco por meio da acção correctiva proposta.

Índice de Justificação (J)

Page 22: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 22

Coeficiente encontrado pela divisão do Grau de Perigosidade pelo produto do Factor

de Custo e o Grau de Correcção.

É determinado mediante a fórmula [J = GP/ (FC x GC)]

Riscos Ambientais

São os riscos que, em função do exposição mais ou menos prolongada no tempo e em

determinadas doses ou concentrações podem provocar doenças profissionais.

Estes riscos podem ter uma origem física, química, biológica ou ergonómica, quando

nos referimos, respectivamente, e a título de exemplo, aos ruídos e vibrações; às

poeiras, gases e vapores; aos fungos e bactérias; e por fim, à não adaptação dos

equipamentos e máquinas e processos de trabalho ao Homem.

A avaliação de risco pode ser realizada com recurso a diversas metodologias, tendo

sempre presente o objectivo de permitir a tomada de decisões, e a adopção de medidas

de prevenção dos riscos.

Em termos gerais, podemos definir Risco, como sendo o resultado da aplicação do

factor de Probabilidade de ocorrência de acidente sobre o Índice de Gravidade desse

mesmo acidente, obtendo a seguinte equação:

A fim de estabelecer prioridades para a eliminação e/ou controlo dos riscos, é necessário

dispor de metodologias para a sua avaliação e, apesar de existirem uma diversidade de

métodos, o escolhido para a avaliação de riscos no presente projecto foi o método de

William T. Fine , devido à sua simplicidade, tanto de aplicação como de compreensão

dos dados resultantes.

RISCO (R) = PROBABILIDADE (P) × GRAVIDADE (G)

Page 23: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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Página 23

10. O Método de William Fine

A avaliação de riscos é a chave da prevenção, pois permite determinar a origem, a

natureza e os efeitos dos riscos em presença, possibilitando a adopção de medidas

capazes de os eliminar na origem, ou de os reduzir a níveis aceitáveis, através de

medidas de engenharia, administrativas ou outras. Para isso existem diversos métodos

de avaliação de risco, desenvolvidos ao longo dos anos para aplicação de acordo com as

necessidades das organizações e adequados às mais diversas actividades. Estes podem

ser do tipo qualitativos, quantitativos ou semi-quantitativos. O método aplicado a este

trabalho é do último tipo, o método de William T. Fine. Este método permite quantificar

a magnitude dos riscos existentes e hierarquizar a sua prioridade de correcção através

dos resultados traduzidos pelo grau de perigosidade (GP), o qual é obtido mediante o

resultado do produto matemático entre os índices dos factores de probabilidade (P) de

ocorrência de um acidente, da frequência de exposição (E) ao risco e das consequências

(C) normalmente esperadas no caso de se produzir o acidente. A operação é traduzida

pela expressão:

10.1 Etapas do Método de William Fine

Fig. III – Fluxograma de Funcionamento do Método de William Fine

GP = P × E × C

4. Identificação dos Perigos

5. Valoração do Risco

6. Acções Correctivas

1. Comunicação do Risco

3. Elaboração da Lista de Verificação

2. Apreciação da Pertinência da Comunicação Recebida

8. Níveis de Acção

7. Índice Justificativo do Investimento nas Medidas de Correcção

Page 24: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 24

10.1.1. Comunicação do Risco

Deve ser assegurada a participação da empresa a todos os níveis, de modo a que seja

implementado um sistema de informação sobre os riscos identificados, as soluções

adoptadas e as revisões a que foram sujeitas. Esta comunicação escrita (Anexo I –

Comunicação de Riscos), permite uma rápida correcção das deficiências detectadas e

oferece vantagens a vários níveis.

A informação das deficiências existentes nos locais de trabalho é comunicada por

qualquer trabalhador ao responsável pelo serviço mediante o preenchimento de um

impresso próprio (Anexo I), onde cada risco é já valorado através de um código de

letras, explicado no mesmo documento. Existe ainda a possibilidade de sugerir acções

correctivas. Assim, para além de transmitir aos trabalhadores a noção de que existe uma

preocupação genuína com a sua segurança, e que a sua opinião é realmente importante

para as chefias da organização, permite também experimentar um contacto mais real e

mais específico com os riscos diários, visto receberem a informação por parte de quem

está directamente em contacto com eles.

Dessa comunicação constam dados essenciais de identificação da secção, da operação, e

da tarefa, juntamente com a descrição do risco e a estimativa da magnitude, caso o

acontecimento se venha a verificar. Para isso, este método disponibiliza um conjunto de

tabelas baseadas em 3 factores determinantes de perigosidade [probabilidade (P),

exposição (E) e consequência (C)], fazendo corresponder um valor alfabético a cada

uma das classificações de risco, o que permite uma avaliação simplificada ao nível de

qualquer trabalhador consciente da identificação do perigo.

Fig. IV – Tabela Alfabética dos Factores de Risco – Probabilidade (P)

PR

OB

AB

ILID

AD

E (

P) A Muito Provável

Acidente, como resultado mais provável e esperado, se a situação de risco ocorrer.

B Possível Acidente como perfeitamente possível (probabilidade de 50%).

C Raro Acidente como coincidência rara (probabilidade de 10%).

D Repetição Improvável Acidente como coincidência remotamente possível. Sabe-se que já ocorreu (probabilidade de 1%).

E Nunca Aconteceu Acidente como coincidência extremamente remota.

F Praticamente Impossível Acidente como praticamente impossível. Nunca aconteceu em muitos anos de exposição.

Page 25: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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Página 25

Fig. V – Tabela Alfabética dos Factores de Risco – Exposição (E)

EX

PO

SIÇ

ÃO

(E

)

A Contínua Muitas vezes por dia B Frequente Aproximadamente 1 vez por dia C Ocasional >1 Vez por semana a 1 vez por mês D Irregular ≥1 Vez por mês a <1 vez por ano E Raro Sabe-se que ocorre, mas com baixíssima frequência F Pouco Provável Não se sabe que ocorre, mas é possível que possa acontecer

Fig. VI – Tabela Alfabética dos Factores de Risco – Consequência (C)

CO

NS

EQ

NC

IA

(Q)

A Catástrofe Elevado número de mortes, grandes perdas.

B Várias Mortes Perdas de valor ≥ €500.000 e < €1.000.000

C Morte Acidente mortal. Perdas ≥ €100.000 e < €500.000

D Lesões Graves Incapacidade Permanente. Perdas ≥ €1.000 e < €100.000

E Lesões com Baixa Incapacidade Temporária. Perdas < €1.000

F Pequenas Feridas Lesões Ligeiras. Contusões, golpes.

A partir da obtenção destes factores, P, E e C, as chefias encontra-se em posição de

encontrar o GP (Grau de Perigosidade), mediante a transformação dos valores

alfabéticos em valores numéricos. No entanto, esta informação é apenas orientadora,

devendo-se comparar o nível de probabilidade de acidente, com o nível de

probabilidade estimável a partir de outras fontes mais precisas, como por exemplo,

dados estatísticos de sinistralidade ou de fiabilidade de componentes. O procedimento

da etapa de “Comunicação do Risco” deverá ser o seguinte:

Fig. VII – Procedimento de Comunicação do Risco 1 Identificação da situação de perigo a analisar;

2 Preenchimento da comunicação de risco (Anexo I – Comunicação de Riscos);

3 Atribuição de uma classificação simplificada a cada um dos factores determinantes de perigosidade mediante uma tabela alfabética para cada um dos factores (Fig. IV - Fig. V - Fig. VI);

4 Revisão pela chefia da comunicação de risco recebida; 5 Avaliação do Posto de Trabalho (Anexo III – Avaliação de Riscos);

6 Comparação dos resultados obtidos com os estimados a partir de fontes de informação precisas e da experiência;

10.1.2. Apreciação e Pertinência da Comunicação Recebida

A chefia aprecia e determina qual o posto de trabalho identificado na comunicação,

depois, reunirá toda a informação pertinente sobre a tarefa (legislação, manuais de

instruções de máquinas, fichas de dados de segurança de substâncias perigosas,

processos e métodos de trabalho, dados estatísticos, etc.) e procurará avaliar não só o

perigo já referenciado, mas também o seu contexto face ao posto de trabalho.

Page 26: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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Página 26

10.1.3. Elaboração da Lista de Verificação

A utilização de uma lista de verificação (check list) permite analisar os possíveis

factores de risco para cada situação, não se focando apenas na tarefa, mas abrangendo

também o ambiente de trabalho, utilizando para o efeito, por exemplo, o formulário

seguinte (Anexo II – Lista de Verificação);

Fig. VIII – Tabela Alfabética dos Factores de Risco Condições Físicas

Espaços de Trabalho Máquinas Ferramentas Manuais Objectos / Manipulação Instalação Eléctrica Equipamento em Pressão Equipamento de Elevação / Transporte Incêndios Substâncias Químicas

Condições Ambientais Exposição a Contaminantes Químicos Ventilação / Climatização Ruído Vibrações Calor / Frio Radiações Ionizantes Radiações Não Ionizantes Iluminação Organização do Trabalho

10.1.4. Identificação dos Perigos Baseado nos dados recolhidos na fase de comunicação de riscos, juntamente com os

factos verificados na check list, a chefia procede ao preenchimento do formulário de

avaliação de riscos pelo método de William Fine, representado em formulário (Anexo

III - Avaliação de Riscos), onde se utilizam as classificações estabelecidas pelas tabelas

dos factores determinantes de perigosidade, probabilidade (Fig. IX), exposição (Fig. X)

e consequência (Fig. XI).

Fig. IX – Determinação do Factor de Probabilidade (P)

P - PROBABILIDADE

Muito Provável Acidente como resultado mais provável e esperado, se a situação de risco ocorrer 10

Possível Acidente como perfeitamente possível (probabilidade de 50%) 6

Raro Acidente como coincidência rara (probabilidade de 10%) 3

Repetição Improvável

Acidente como coincidência remotamente possível. Sabe-se que já ocorreu (probabilidade de 1%) 1

Nunca Aconteceu Acidente como coincidência extremamente remota 0,5

Praticamente Impossível

Acidente como praticamente impossível. Nunca aconteceu em muitos anos de exposição 0,1

Page 27: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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Página 27

Fig. X – Determinação do Índice de Exposição (E) E – EXPOSIÇÃO

Contínua Muitas vezes ao dia 10 Frequente Aproximadamente uma vez por dia 6 Ocasional ≥ 1 Vez por semana a <1 vez por mês 5 Irregular ≥ 1 Vez por mês a <1 vez por ano 4

Raro Sabe-se que ocorre, mas com baixíssima frequência 1 Pouco Provável Não se sabe se ocorre, mas é possível que possa acontecer 0,5

Fig. XI – Determinação do Índice de Consequência (C)

C – CONSEQUÊNCIA

Catástrofe Elevado número de mortes, grandes perdas. 100

Várias Mortes Perdas entre ≥ €500.000 e < €1.000.000 50

Morte Acidente Mortal - Perdas ≥ €100.000 e < €500.000 25

Lesões Graves Incapacidade Permanente - Perdas ≥ €1.000 e < €100.000 15

Lesões com Baixa Incapacidade temporária - Perdas < €1.000 5

Pequenas Feridas Lesões ligeiras. Contusões, golpes. 1

10.1.5. Valoração do Risco

Recorrendo aos valores obtidos a partir das tabelas dos factores determinantes de

perigosidade, procede-se à obtenção do grau de perigosidade (Fig. XII – Grau de

Perigosidade), expresso pelo produto matemático entre os 3 factores anteriores. Este

valor também é estabelecido no formulário representado na tabela (Anexo III –

Avaliação de Riscos). A determinação do grau de perigosidade permite estabelecer os

critérios de actuação consoante a classificação determinada pelos diversos níveis de

correcção.

Fig. XII – Determinação do Critério de Actuação com Base no Grau de Perigosidade (GP)

GP – GRAU DE PERIGOSIDADE

GP = C x E x P CLASSIFICAÇÃO ACTUAÇÃO CORRECTIVA

Superior a 400 GRAVE E IMINENTE Suspensão imediata da actividade perigosa!

≥ 200 e < 400 ALTO Correcção imediata.

≥ 70 e < 200 NOTÁVEL Correcção necessária urgente.

≥ 20 e < 70 MODERADO Não é urgente, mas deve corrigir-se.

Inferior a 20 ACEITÁVEL Pode omitir-se a correcção.

Page 28: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 28

10.1.6. Acções Correctivas

Propor acções correctivas que permitam eliminar ou reduzir o risco a níveis toleráveis

para a organização, tendo sempre presente a prioridade da protecção colectiva sobre a

individual.

10.1.7. Índice Justificativo do Investimento nas Medidas de Correcção

Neste ponto mede-se a vertente económica das medidas correctivas a implementar, que

deve levar em linha de conta a perigosidade dos riscos medidos e valorados através do

indicador do Grau de Perigosidade (GP). Em igualdade de circunstâncias, deve ser

prioritária a intervenção de menor custo, quando a medida correctiva a implementar

aumente a segurança de forma mais eficaz. Deverá ser também valorizada a opinião dos

trabalhadores que, com o seu envolvimento contribuirão para a implementação de um

desejável processo de melhoria. O índice de justificação (J) do investimento pode obter-

se mediante a aplicação da fórmula [J = GP/ (FC × GC)]. O formulário (Anexo III –

Avaliação de Riscos) calcula automaticamente o produto dos factores, obtendo-se o

Índice de Justificação (J), associado à correcção do risco.

Pela aplicação das tabelas abaixo, valoriza-se o factor de custo (Fig: XIII), grau de

correcção (Fig: XIV) e índice justificativo (Fig: XV) do investimento a realizar.

Fig. XIII – Determinação do Factor de Custo (FC)

Acima de €2.500 10

De €1.250 a €2.500 6

De €675 a €1.250 4

De €335 a €675 3

De €150 a €335 2

De €75 a €150 1

Menos de €75 0,5

Fig. XIV – Determinação do Grau de Correcção (GC)

Risco Completamente Eliminado 1 Risco reduzido a 75% 2 Risco reduzido entre 50% e ≤ 75% 3 Risco reduzido entre 25% e ≤ 50% 4 Ligeiro efeito sobre o risco ≤ 25% 6

O cálculo do grau de perigosidade (GP) permite identificar as medidas que necessitam

de intervenção, embora existam algumas acções para as quais deve ser feita uma

reavaliação, uma vez que a determinação do índice justificativo (J) indica que a medida

proposta não é aceitável. Para o ser deve obter um valor de J superior a 10, conforme a

tabela seguinte:

Page 29: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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Fig. XV – Determinação do Índice de Justificação (J)

10.1.8. Níveis de Acção

Após a definição das medidas correctivas, feridas pelo índice de justificação, são

descritas por ordem decrescente de importância, definida pelo GP – Grau de

Perigosidade e estabelece-se o Plano de Acções Correctivas. Para o efeito, é

fundamental conhecer as medidas de prevenção de riscos a implementar em cada caso,

uma vez que serão estas as medidas que permitirão o combate eficaz aos acidentes de

trabalho e às doenças profissionais. As medidas de prevenção e/ou protecção, de acordo

com o seu tipo são:

� Medidas Construtivas: Deverão ser identificadas, planeadas e

concretizadas acções correctivas e preventivas relativamente aos postos de

trabalho;

� Medidas Organizacionais: Estudo da situação relativamente ao conjunto

dos postos de trabalho, compreendendo a análise das situações, objectivos a

atingir e medidas a implementar;

� Medidas de Protecção: Conjunto de equipamentos e medidas que têm por

finalidade proteger os trabalhadores contra acidentes de trabalho ou doenças

profissionais. Para todas as medidas de protecção apresentadas é necessário

fazer um estudo dos EPI (Equipamentos de Protecção Individual) para

correcta selecção dos mesmos.

ÍNDICE JUSTIFICATIVO (J) IMPLEMENTAÇÃO DA MEDIDA

≥20 Muito Justificada

≥10 e <20 Provável Justificação

<10 Não Justificada (Reavaliar a medida proposta).

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Trabalho de Final de Curso

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11. Análise dos Riscos Associados às Tarefas Clássicas das Oficinas de Reparação

Automóvel

No capítulo que se segue será abordada a análise de riscos associados às tarefas mais

comuns realizadas dentro de cada sector da oficina. Para um melhor esclarecimento

pode-se elaborar um pequeno resumo daquilo que é considerado como “actividade

clássica” no contexto das oficinas de reparação automóvel.

11.1 Secção de Mecânica

11.1.1. Trabalhos efectuados debaixo de veículos

Por diversas razões são efectuados trabalhos debaixo do veículo. Os riscos inerentes a

estes trabalhos variam muito em função da forma como o veículo está posicionado,

elevado e suportado. Das situações de risco, destacam-se as seguintes:

11.1.2. Macacos hidráulicos

Principais Riscos

� Resvalamento e cedências deixando cair o veículo.

Medidas de Prevenção � A carga máxima deve vir inscrita e deve ser escrupulosamente respeitada; � Deve ser efectuada uma verificação a cada 6 meses ou anualmente conforme o grau de

utilização; � Só devem ser utilizados em superfícies niveladas;

Os macacos devem servir apenas para levantar e descer o veículo, não suportá-lo para permitir trabalhos debaixo deste, para tal existem outros dispositivos.

11.1.3. Cavaletes

Principais Riscos

� Rotura no passador do cavalete; � Balanço do veículo; � Pancadas de outros veículos; � Saída do cavalete do suporte do veículo; � Cedência do pavimento;

Medidas de Prevenção

� Manter os cavaletes em bom estado, especialmente o passador; � Sinalizar o local; � Manter o veículo nivelado;

Debaixo do veículo o trabalhador deve estar deitado sobre estrados ergonomicamente concebidos.

Page 31: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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11.1.4. Elevadores

Principais Riscos

� Cedência ou ruptura do elevador; � Colocação incorrecta do veículo; � Queda do veículo; � Queda de peças e/ou ferramentas;

Medidas de Prevenção � Devem ser manobrados por trabalhadores formados e designados para o efeito; � Possuir bloqueador do botão de comando e limitadores de curso; � Possuir mecanismos de segurança contra obstáculos na descida e mecanismo regulador

da velocidade de descida em caso de rotura do sistema hidráulico; � Nunca submetê-los a sobrecargas e efectuar manutenção cuidada e regular com registo

de anomalias;

11.1.5. Levantamento e Movimentação de Cargas

A actividade de mecânica obriga por vezes a esforços acima do aconselhável, em ordem

a poder levantar, movimentar e suster peças ou componentes do motor. Nestas situações

devem ser utilizados alguns equipamentos, tais como:

� Gruas hidráulicas;

� Suportes para sustentação do motor;

11.1.6. Manuseamento de Gasolina e Óleos Lubrificantes

A gasolina e os óleos lubrificantes são produtos resultantes da destilação do petróleo

que, para poderem desempenhar as funções a que se destinam, precisam de incorporar

uma série de aditivos, na sua grande maioria, de baixa toxicidade. No entanto devem

ter-se em linha de conta as seguintes recomendações:

� Evitar todo o contacto desnecessário com gasolina, gasóleo e óleos minerais e

sintéticos;

� Utilizar vestuário apropriado e luvas de protecção

� A roupa deve ser limpa regularmente mudando frequentemente a roupa interior;

� Não utilizar nenhum destes produtos para limpeza da pele;

� Utilizar cremes de protecção adequados;

11.1.7. Ferramentas

Numa oficina ocorre uma grande utilização de ferramentas, manuais, eléctricas,

pneumáticas, etc. Estas ferramentas devem ser adquiridas, manuseadas e armazenadas

Page 32: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

Página 32

de acordo com os critérios de segurança descritos na legislação e nas recomendadas

pelas próprias marcas.

Estas devem respeitar, muito sucintamente, o seguinte:

� Manter as ferramentas em bom estado, estabelecendo e cumprindo os

procedimentos de inspecção periódica;

� Informar e formar sempre os trabalhadores na selecção das ferramentas mais

correctas para o desempenho de cada trabalho;

� Guardar as ferramentas em local seguro;

� Utilizar carrinhos porta-ferramentas apropriados;

11.2 Secção de Bate-Chapa Esta actividade apresenta uma grande variedade de riscos ligados à multiplicidade de

tarefas e equipamentos que envolve:

� Desmontagem e montagem de peças de carroçaria;

� Corte e soldadura de peças;

� Desempeno e separação de peças;

Para desenvolver estas tarefas genéricas empregam-se uma enorme variedade de

equipamentos e processos associados a riscos específicos.

11.2.1. Segurança na Manipulação de Gases Sob Pressão

Em vários processos de soldadura são empregues gases sob pressão, apresentando

genericamente, os seguintes riscos:

� Pressão: Passível de provocar explosões ou roturas;

� Temperatura: Elemento potenciador do risco anterior;

� Características físico-químicas dos gases:

• Combustíveis, podem provocar inflamação e explosão;

• Comburentes, podem provocar presença de oxigénio e misturas

explosivas com gorduras;

• Inertes, podem provocar asfixias;

Page 33: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Seguidamente apresentam-

É um gás inerte ou raro (sem actividade), incolor e inodoro, obtido da destilação fraccionada do ar líquido. É utilizado na

É um gás incolor, inodoro e insípido, obtido a partir do gás natural. É igualmente utilizado na soldadura TIG e MIG.

Recomendações de Segurança para os Gases Inertes� Devem ser armazenados num local com uma cobertura

directa de raios solares. Vedar com rede e possuir uma porta com abertura para o exterior;� As garrafas devem estar todas devidamente identificadas e, preferencialmente, separadas

por grupos de gases (acetileno/hidrogénioincombustíveis);

� Devem estar separadas de locais onde estejam armazenados produtos inflamáveis, como combustíveis líquidos ou gasosos, gasolinas, tintas, vernizes, gorduras, etc;

� Devem permanecer sempre na vertical, � Devem ser transportadas em carrinhos próprios e munidas dos capacetes de protecção e

permanecerem afastadas de locais com grande movimentação de peças;� Devem também, possui

hidráulica, o gás contido no interior e a pressão de trabalho, inscritos na sua parte superior (ogiva);

No grupo dos gases inertes, incluídos o Anidrido Carbónico, o Árgon e o Hélio, o prino de provocarem uma súbita carência de oxigénio, provocando, consequentemente, a asfixia.Para facilitar a identificação de todos estes gases implementou

� Branco pintado na ogiva das garrafas de oxigénio;� Castanho para as de acetileno;� Cinzento para o anidrido carbónico;� Amarelo esverdeado para o árgon;

O oxigénio existe no ar numa percentagem volumétrica de 21%. É um gás comburente (não arde), inodoro e insípido. O oxigénio industrial apresenta uma pureza de cerca de 99%. É obtido a partir da destilação fraccionada de ar líquido. A

� Não lubrificar qualquer peça em contacto com o oxigénio, muito das garrafas, pois existe o perigo de explosão;

� O oxigénio nunca deve substituir o ar comprimido, pois pode provocar riscos de combustão ou de explosão;

Trabalho de Final de Curso

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Página 33

-se alguns dos mais utilizados:

Árgon (Ar)

É um gás inerte ou raro (sem actividade), incolor e inodoro, obtido da destilação fraccionada do ar líquido. É utilizado na soldadura TIG e MIG.

Hélio (He)

É um gás incolor, inodoro e insípido, obtido a partir do gás natural. É igualmente utilizado na soldadura TIG e MIG.

Recomendações de Segurança para os Gases InertesDevem ser armazenados num local com uma cobertura ligeira, e não receber a incidência directa de raios solares. Vedar com rede e possuir uma porta com abertura para o exterior;As garrafas devem estar todas devidamente identificadas e, preferencialmente, separadas por grupos de gases (acetileno/hidrogénio; outros gases combustíveis; gases tóxicos

Devem estar separadas de locais onde estejam armazenados produtos inflamáveis, como combustíveis líquidos ou gasosos, gasolinas, tintas, vernizes, gorduras, etc;Devem permanecer sempre na vertical, na armazenagem, no transporte e Devem ser transportadas em carrinhos próprios e munidas dos capacetes de protecção e permanecerem afastadas de locais com grande movimentação de peças;Devem também, possuir a identificação do fabricante, do proprietário, a data da prova hidráulica, o gás contido no interior e a pressão de trabalho, inscritos na sua parte superior

No grupo dos gases inertes, incluídos o Anidrido Carbónico, o Árgon e o Hélio, o prino de provocarem uma súbita carência de oxigénio, provocando, consequentemente, a asfixia.Para facilitar a identificação de todos estes gases implementou-se um código de cores:

Branco pintado na ogiva das garrafas de oxigénio; s de acetileno;

Cinzento para o anidrido carbónico; Amarelo esverdeado para o árgon;

Oxigénio (O2)

O oxigénio existe no ar numa percentagem volumétrica de 21%. É um gás comburente (não arde), inodoro e insípido. O oxigénio industrial apresenta uma pureza de cerca de 99%. É obtido a partir da destilação fraccionada de ar

. Armazenado e distribuído em garrafas sob pressão de cerca de 200 bar.

Recomendações de Segurança Não lubrificar qualquer peça em contacto com o oxigénio, muito das garrafas, pois existe o perigo de explosão; O oxigénio nunca deve substituir o ar comprimido, pois pode provocar riscos de combustão

É um gás inerte ou raro (sem actividade), incolor e inodoro, obtido da destilação soldadura TIG e MIG.

É um gás incolor, inodoro e insípido, obtido a partir do gás natural. É igualmente

Recomendações de Segurança para os Gases Inertes

ligeira, e não receber a incidência directa de raios solares. Vedar com rede e possuir uma porta com abertura para o exterior; As garrafas devem estar todas devidamente identificadas e, preferencialmente, separadas

; outros gases combustíveis; gases tóxicos

Devem estar separadas de locais onde estejam armazenados produtos inflamáveis, como combustíveis líquidos ou gasosos, gasolinas, tintas, vernizes, gorduras, etc;

no transporte e na utilização; Devem ser transportadas em carrinhos próprios e munidas dos capacetes de protecção e permanecerem afastadas de locais com grande movimentação de peças;

r a identificação do fabricante, do proprietário, a data da prova hidráulica, o gás contido no interior e a pressão de trabalho, inscritos na sua parte superior

No grupo dos gases inertes, incluídos o Anidrido Carbónico, o Árgon e o Hélio, o principal risco é o de provocarem uma súbita carência de oxigénio, provocando, consequentemente, a asfixia.

se um código de cores:

O oxigénio existe no ar numa percentagem volumétrica de 21%. É um gás comburente (não arde), inodoro e insípido. O oxigénio industrial apresenta uma pureza de cerca de 99%. É obtido a partir da destilação fraccionada de ar

rmazenado e distribuído em garrafas sob pressão de cerca de 200 bar.

Não lubrificar qualquer peça em contacto com o oxigénio, muito especialmente as torneiras

O oxigénio nunca deve substituir o ar comprimido, pois pode provocar riscos de combustão

Page 34: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

É um gás incolor e inodoro, com sabor picante a partir da combustão do carvão, do fuel ou gás natural. Não é combustível e é misturado com árgon no processo de soldadura MIG/MAG para determinados materiais.

É um hidrocarboneto, combustível, menos denso do que o ar. Tem um odor característico e provoca misturas explosivas com o ar. em garrafas, onde é armazenado sob pressão de 1,5 bar, dissolvido em acetona (solução de acetona é ret

� As garrafas não devem ser armazenadas em caves;� O acetileno em contacto com cobre, mercúrio ou prata, pode formar compostos explosivos,

pelo que, ligas com mais de 65% de cobre� A detecção de fugas só deve ser efectuada com água de sabão;

11.2.2. Riscos na Soldadura

Soldadura é a operação que permite ligar dois ou mais elementos, quer por

aquecimento, quer por pressão, quer por ambos, com ou sem adição de material

suplementar. Os processos utilizados na reparação de carroçarias são vários,

nomeadamente:

� Por arco eléctrico –

� Por resistência – pontos;

� Por chama – oxiacetiléni

� Queimaduras; � Radiações; � Incêndios e explosões;� Inalação de gases e fumos;

� Só devem efectuar operações de soldadura pessoal com formação adequada;� Em todos os processos de soldadura deve ser garantida a exaustão� Deve existir um extintor em todos os locais onde se efectuem operações de soldadura;� Devem tomar-se precauç� Não efectuar operações de soldadura em solo húmido, no caso d

energia eléctrica; � As canalizações e mangueiras devem estar em boas condições, perfeitamente ligadas, e não

se devem arrastar pelo chão;

Devem eliminar-se pinturas, óleos, mass

Trabalho de Final de Curso

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Anídrico Carbónico (CO2)

É um gás incolor e inodoro, com sabor picante e é mais peado que o ar. Obtéma partir da combustão do carvão, do fuel ou gás natural. Não é combustível e é misturado com árgon no processo de soldadura MIG/MAG para determinados

Acetileno (C2H2)

É um hidrocarboneto, combustível, menos denso do que o ar. Tem um odor característico e provoca misturas explosivas com o ar. em garrafas, onde é armazenado sob pressão de 1,5 bar, dissolvido em acetona (solução de acetona é retida numa matéria esponjosa no interior das garrafas).

Recomendações de Segurança As garrafas não devem ser armazenadas em caves; O acetileno em contacto com cobre, mercúrio ou prata, pode formar compostos explosivos,

ligas com mais de 65% de cobre, não devem entrar em contacto com o acetileno;A detecção de fugas só deve ser efectuada com água de sabão;

Riscos na Soldadura

operação que permite ligar dois ou mais elementos, quer por

r pressão, quer por ambos, com ou sem adição de material

suplementar. Os processos utilizados na reparação de carroçarias são vários,

eléctrodo revestido, TIG, MIG e MAG;

pontos;

oxiacetilénica;

Principais Riscos

Incêndios e explosões; Inalação de gases e fumos;

Medidas de Prevenção Só devem efectuar operações de soldadura pessoal com formação adequada;Em todos os processos de soldadura deve ser garantida a exaustãoDeve existir um extintor em todos os locais onde se efectuem operações de soldadura;

precauções em relação aos locais adjacentes e respectivos trabalhadores;Não efectuar operações de soldadura em solo húmido, no caso de soldadura com fonte de

As canalizações e mangueiras devem estar em boas condições, perfeitamente ligadas, e não se devem arrastar pelo chão;

s, óleos, massas, etc, normalmente existentes nas

e é mais peado que o ar. Obtém-se a partir da combustão do carvão, do fuel ou gás natural. Não é combustível e é misturado com árgon no processo de soldadura MIG/MAG para determinados

É um hidrocarboneto, combustível, menos denso do que o ar. Tem um odor característico e provoca misturas explosivas com o ar. Habitualmente distribuído em garrafas, onde é armazenado sob pressão de 1,5 bar, dissolvido em acetona (a

matéria esponjosa no interior das garrafas).

O acetileno em contacto com cobre, mercúrio ou prata, pode formar compostos explosivos, entrar em contacto com o acetileno;

operação que permite ligar dois ou mais elementos, quer por

r pressão, quer por ambos, com ou sem adição de material

suplementar. Os processos utilizados na reparação de carroçarias são vários,

Só devem efectuar operações de soldadura pessoal com formação adequada; Em todos os processos de soldadura deve ser garantida a exaustão localizada de fumos; Deve existir um extintor em todos os locais onde se efectuem operações de soldadura;

em relação aos locais adjacentes e respectivos trabalhadores; e soldadura com fonte de

As canalizações e mangueiras devem estar em boas condições, perfeitamente ligadas, e não

, normalmente existentes nas carroçarias.

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Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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11.2.3. Desempeno e Separação de Peças

As operações levadas a cabo para restituir à carroçaria a forma inicial, dependem

normalmente, do tipo de deformações. As pequenas deformações podem ser reparadas,

manual ou mecanicamente com a utilização de pequenos equipamentos, enquanto as

grandes deformações obrigam à realização de operações de estiramento em bancadas

próprias.

Principais Riscos com Utilização de Cinzel Manual e/ou Pneumático � Golpes e cortes nas mãos � Projecção de partículas incandescentes; � Ruído excessivo;

Medidas de Prevenção � Empregar cinzel com protector de mãos; � Utilização de luvas; � Optar por equipamento menos ruidoso; � Utilização de auriculares;

Principais Riscos em Operações de Lixagem � Produção e liberação de poeiras; � Golpes e cortes nas mãos;

Medidas de Prevenção � Equipamento de extracção; � Utilização de máscaras contra poeiras; � Utilização de luvas de protecção;

Principais Riscos das Operações de Estiramento � Golpes e contusões nas mãos e pés; � Impactos fortes em todo o corpo; � Introdução de corpos estranhos nos olhos quando se trabalha debaixo do veículo;

Medidas de Prevenção � Utilizar luvas; � Utilizar calçado com biqueira de aço; � Verificar e manter as correntes e acessórios em rigoroso estado de manutenção; � Utilizar correntes de segurança; � Nunca ultrapassar a carga máxima; � Utilizar óculos de protecção adequados;

As operações de estiramento, devido às forças presentes, apresentam sérios riscos, pelo que devem ser tomadas as medidas adequadas. O maior risco deste equipamento está na possibilidade do resvalar ou soltar das pinças ou das correntes de estiramento. Progressivamente têm sido introduzidas melhorias neste aspecto, como os sistemas de descompressão hidráulica que, caso a pinça se solte ou a chapa rompa, todo o sistema entra em descompressão instantaneamente.

Page 36: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

Marco Abreu

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11.3 Secção de Pintura O processo de pintura tem conhecido um grande desenvolvimento e ultrapassou em

muito o objectivo de simplesmente conferir cor a uma superfície. A moderna pintura é

mais um tratamento de superfícies, desempenhando funções de protecção contra a

corrosão, isolamento, resistência química, elasticidade e durabilidade. A pintura como

tratamento e acabamento de superfícies, engloba as seguintes fases principais:

� Preparação da superfície;

� Preparação e aplicação da tinta;

� Secagem;

� Polimento ou acabamento final;

11.3.1. Preparação da Superfície

A preparação da superfície a pintar consiste habitualmente nas operações de Limpeza;

Lixagem e Aplicação de massas para retoques, enchimento, etc.

Lim

peza

Principais Riscos � Inalação de poeiras e/ou vapores; � Contacto de produtos com a pele e/ou olhos;

Medidas de Prevenção � Utilização de máscaras para vapores e óculos de segurança ou viseira; � Luvas com resistência adequada e vestuário apropriado;

Lixa

gem

Principais Riscos � Inalação de poeiras; � Contacto de poeiras com a pele e/ou com os olhos;

Medidas de Prevenção � Utilização de máscaras para partículas e óculos de segurança ou viseira; � Luvas adequadas e vestuário apropriado;

Apl

icaç

ão d

e M

assa

s

Principais Riscos � Inalação de vapores de estireno (tóxico); � Contacto com a pele e/ou olhos;

Medidas de Prevenção � Utilização de máscaras para vapores de estireno � Luvas adequadas; � Óculos de segurança ou viseira;

11.3.2. Preparação das Tintas

A sala de misturas (laboratório de tintas), é actualmente, uma zona fundamental numa

oficina de pintura. Por vezes, neste mesmo espaço também se procede à lavagem do

material, o que é desaconselhável. Os equipamentos normalmente existentes são o leitor

de micro-fichas, a balança de precisão e o armário agitador de tintas.

Page 37: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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Principais Riscos � Libertação de vapores que podem ser inalados; � Possibilidade de incêndios e explosões;

Medidas de Prevenção C

onst

ruçã

o � Deve estar próxima da zona de aplicação; � Nunca devem ser construídas em caves; � As paredes devem ter, pelo menos, resistência ao fogo de uma hora; � Deverão possuir um sistema de drenagem para o exterior, conduzindo os

derrames para o exterior ou para um depósito separado da rede de esgotos; � O solo e toda a área das instalações devem ser de material antiderrapante, de

fácil limpeza e que não produza faísca com a queda de ferramentas;

Inst

alaç

ão

Elé

ctric

a

� Deve respeitar o Regulamento de Segurança de Utilização de Energia Eléctrica (RSUEE) no respeitante aos locais de risco de explosão;

� Os interruptores de ligação devem estar preferencialmente instalados no exterior da sala;

� As tomadas de corrente, armaduras de iluminação e interruptores devem possuir dispositivos antideflagrantes;

Ilum

inaç

ão

de

Em

ergê

ncia

� Deve dispor de iluminação de emergência adequada, mantendo pelo menos durante uma hora, uma intensidade de 5 Lux;

Aqu

ecim

ento

e

Ven

tilaç

ão

� Qualquer sistema de aquecimento não deve constituir fonte de ignição, e as temperaturas devem ser sempre inferiores às temperaturas de auto-ignição dos produtos utilizados;

� Podem ser utilizados preferencialmente os radiadores de água quente, embora sejam aceitáveis os radiadores eléctricos antideflagrantes;

� A ventilação é fundamental devido à possibilidade da existência de produtos inflamáveis a baixas temperaturas;

Equ

ipam

ento

de

Com

bate

a

Incê

ndio

s � Deve existir pelo menos um extintor de pó químico polivalente ou de dióxido de carbono;

� Se existir uma RIA, uma das bocas-de-incêndio deve estar colocada a uma distância, não superior, a 5 m do local;

11.3.3. Outras Medidas Pertinentes

� Deve existir sinalização de advertência para:

o Proibição de fumar ou de produzir chamas;

o Protecção obrigatória das vias respiratórias;

o Perigo de incêndio ou explosão;

� Todas as embalagens devem estar fechadas e rotuladas;

� A limpeza deve ser constante;

Page 38: Trabalho Final de Segurança e Higiene no Trabalho - I

Trabalho de Final de Curso

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11.3.4. Aplicação da Tinta

As oficinas de pintura devem situar-se ou integrar-se, sempre que possível, numa

construção de um só piso, em local isolado de outras secções que apresentem riscos de

incêndio, dispor de janelas amplas, de preferência voltadas a norte ou nascente, com

vidros temperados ou laminados. Devem possuir, pelo menos, duas portas de largura

igual ou superior a 1,20m abrindo facilmente para fora e para recintos diferentes ou de

preferência para o ar livre, não sendo do tipo de “correr”.

Na pintura por pulverização, a utilizada na reparação automóvel, existem três tipos de

processos diferentes:

� Pulverização de alta pressão (airless);

� Pulverização electrostática;

� Pulverização pneumática ou método do ar comprimido;

O processo mais utilizado é o de pulverização pneumática, habitualmente designado

como pintura à pistola. Relativamente ao espaço de aplicação, este pode ser, ao ar livre,

cada vez menos adoptado devido à parca qualidade dos resultados e à grande falta de

segurança que implica; ou em espaço confinado, em cabine aberta, ou em cabine

fechada. Este último método é hoje em dia o mais utilizado, assegurando uma pintura de

grande qualidade juntamente com uma diminuição de riscos substancial. O grau de risco

está relacionado com o processo no qual o agente/agentes estão envolvidos, por isso, é

fundamental conhecer profundamente todo o processo e a todo o momento.

Principais Riscos � Inalação de partículas e vapores tóxicos; � Contacto desses produtos com a pele; � Risco de incêndio e explosão;

Medidas de Prevenção � Tas paredes, o tecto e, sempre que possível, o chão, devem ser lisos e constituídos por

materiais impermeáveis, resistentes ao fogo e, que não dêem lugar à formação de faíscas; � É proibido o uso de sapatos com elementos metálicos ou outro material susceptível de

produzir faíscas, bem somo roupas de nylon; � Os reservatórios de ar devem ser inspeccionados regularmente; � A instalação eléctrica deve obedecer às prescrições do Regulamento de segurança de

Instalações de Utilização de Energia Eléctrica (RSIUEE), devendo serem considerados como locais com risco de explosão;

� Apenas deve ser conservada a quantidade de tinta necessária para um dia de trabalho; � No exterior da oficina de pintura, e perto da sua entrada, deve existir um dispositivo de corte

que, em caso de emergência, permita desligar as instalações eléctricas situadas no seu interior; Na luta contra o fogo não deve utilizar-se água mas sim extintores de espuma, CO2 ou pó, que devem existir em número suficiente e convenientemente assinalados.

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Trabalho de Final de Curso

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11.3.5. A Protecção Individual do Pintor

Nas operações de pintura devem sempre utilizar-se equipamentos de protecção individual adequados às condições de trabalho tais como duração, concentração de produtos tóxicos susceptíveis de serem inalados e, amplitude de movimentos executados pelos operadores, os quais devem:

� Usar fatos de trabalho fechados no pescoço, nos pulsos e nos tornozelos, bem

como uma protecção para a cabeça;

� Os fatos de trabalho devem ser lavados, pelo menos, uma vez por semana;

� Usar luvas de protecção e, para a lavagem das mãos, devem usar produtos

apropriados, excluindo a utilização de solventes e diluentes;

� Não devem trabalhar em jejum, fumar ou tocar nas mucosas. Devem sim, lavar

cuidadosamente as mãos, unhas, boca e mudar de vestuário no fim de cada

período de trabalho, muito especialmente antes de ingerir qualquer alimento.

Devem também manter a cara e o corpo afastados da pistola e das peças a pintar;

� O local onde são guardadas as refeições deve ficar afastado do local de trabalho;

� Os períodos de descanso devem ser passados fora dos locais de trabalho, de

preferência ao ar livre;

� Os operadores devem ser submetidos a exame médico, pelo menos, de seis em

seis meses;

11.3.6. Cabines de Pintura

A cabine de pintura automóvel, hoje largamente vulgarizada, configura-se como o

equipamento que melhor assegura a protecção colectiva e individual nas aplicações por

pulverização. Existem três tipos: abertas, em túnel ou fechadas. A empresa adoptou as

do tipo abertas, para o tratamento de peças individuais; e do tipo fechadas, para a

pintura parcial ou total dos automóveis sem necessidade de desarmá-los.

11.3.7. Secagem

A operação de secagem por aquecimento de ar é normalmente mais demorada do que a

aplicação da pintura, obrigando assim à procura de alternativas que encurtassem este

espaço de tempo, normalmente através dos processos de convecção do ar quente gerado

e por raios infravermelhos;

Medidas Preventivas � Evitar a permanência de pessoas dentro da cabine e controlar constantemente a temperatura; � Não deixar no interior da cabine qualquer produto inflamável ou perigoso; � Deve manter-se uma ventilação eficaz com condutas de aspiração independentes das da secção de

aplicação;

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Trabalho de Final de Curso

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11.3.8. Acabamento Final

As operações de polimento devem ser sempre acompanhadas de medidas de prevenção

em tudo semelhantes às tomadas para a preparação, adaptadas fundamentalmente às

características dos produtos utilizados, bem como aos riscos a eles associados e

constantes das fichas de segurança.

11.3.9. Formação e Informação

Em última análise nada terá resultados deveras consistentes se não forem respeitados

todos estes requisitos no seu conjunto e muito menos se não existir uma base de

conhecimento sólida e pertinente para o desempenho de qualquer das funções

abordadas. Em soma, a informação e a formação, são elementares para qualquer

processo de trabalho que se pretenda profissional, eficiente e seguro para todos.

Informação

Em todas as fases anteriormente descritas são utilizados vários produtos (desengordurantes, solventes, massas, tintas, etc.).

Medidas de Prevenção Atendendo ao grande número destes produtos, de diversas proveniências, a primeira medida de prevenção consiste no conhecimento pormenorizado dos mesmos. Daqui a importância e a exigência da existência das fichas de segurança de todas as substâncias e preparações perigosas utilizadas nas várias fases do processo de pintura. Todas as pessoas que contactem com estes produtos devem estar informadas dos riscos a eles inerentes. Sempre que são introduzidos produtos novos deve ser efectuada uma análise cuidada da ficha de segurança.

Formação

Atendendo aos riscos inerentes a esta actividade e à gravidade das suas consequências, é de primordial importância a formação profissional dos pintores, com relevo para os principiantes na actividade.

Medidas de Prevenção Ao empregador cabe assegurar que os seus trabalhos estejam alertados para:

� Processos seguros de trabalho; � Utilização, manutenção e limitações do equipamento de protecção; � Processos adequados de prestação de primeiros socorros;

Avaliação de Poluentes

Em todas as oficinas que possuam pintura, em cabine ou não, deve ser efectuada uma avaliação da concentração de agentes poluentes na respectiva atmosfera, dando a conhecer esses resultados aos trabalhadores, e tomando as medidas entendidas como convenientes e aconselhadas pela entidade avaliadora, que deve ser uma entidade de referência ou reconhecida como tal.