trabalho - apreciação musical

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Carlos Gomes Antônio Carlos Gomes nasceu no dia 11 de Julho de 1836 em Campinas (SP) e morreu no dia 16 de Setembro de 1896 em Belém (PA). Filho de Fabiana Maria Jaguary Cardoso e Manoel José Gomes, que era mestre de banda, teve 26 irmãos. Carlos Gomes iniciou os seus estudos musicais aos dez anos, sob a supervisão de seu pai. Aprendeu a tocar vários instrumentos e, aos 20 anos, já dava aulas de música para ajudar no orçamento familiar. Seu talento para a composição se manifestou cedo. Em 1854, com 18 anos, compôs sua primeira missa, a de São Sebastião, na qual eram percebidos sinais de um estilo musical brasileiro que mais tarde estaria presente em suas modinhas. Logo em seguida escreveu o "Hino Acadêmico", a modinha "Quem sabe?" ("Tão longe de mim distante") e a "Missa de Nossa Senhora da Conceição". Devido o seu temperamento difícil, Carlos tinha conflitos frequentes com a família. Esses conflitos fizeram com que ele se mudasse para Santos, aos 25 anos, e em seguida, em 1960, para o Rio de Janeiro. No Rio ele continuou os seus estudos no Conservatório de Música e foi contratado como pianista e ensaiador da Ópera Nacional. Ele também compôs sua primeira ópera “A Noite no Castelo” (1861) com libreto em português de Fernando Reis, encenada com grande êxito no Teatro Lírico e “Joana de Flandres" (1863), com libreto de Salvador de Mendonça. Sua segunda ópera chamou tanta atenção que Dom Pedro II lhe cedeu uma para estudar na Itália, onde teve aulas com o maestro Lauro Rossi, e recebeu o título de Maestro no Conservatório de Milão, em 1866. Em peças como a

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Carlos Gomes

Antônio Carlos Gomes nasceu no dia 11 de Julho de 1836 em Campinas (SP) e morreu no dia 16 de Setembro de 1896 em Belém (PA). Filho de Fabiana Maria Jaguary Cardoso e Manoel José Gomes, que era mestre de banda, teve 26 irmãos. Carlos Gomes iniciou os seus estudos musicais aos dez anos, sob a supervisão de seu pai. Aprendeu a tocar vários instrumentos e, aos 20 anos, já dava aulas de música para ajudar no orçamento familiar. Seu talento para a composição

se manifestou cedo. Em 1854, com 18 anos, compôs sua primeira missa, a de São Sebastião, na qual eram percebidos sinais de um estilo musical brasileiro que mais tarde estaria

presente em suas modinhas. Logo em seguida escreveu o "Hino Acadêmico", a modinha "Quem sabe?" ("Tão longe de mim distante") e a "Missa de Nossa Senhora da Conceição". Devido o seu temperamento difícil, Carlos tinha conflitos frequentes com a família. Esses conflitos fizeram com que ele se mudasse para Santos, aos 25 anos, e em seguida, em 1960, para o Rio de Janeiro.

No Rio ele continuou os seus estudos no Conservatório de Música e foi contratado como pianista e ensaiador da Ópera Nacional. Ele também compôs sua primeira ópera “A Noite no Castelo” (1861) com libreto em português de Fernando Reis, encenada com grande êxito no Teatro Lírico e “Joana de Flandres" (1863), com libreto de Salvador de Mendonça. Sua segunda ópera chamou tanta atenção que Dom Pedro II lhe cedeu uma para estudar na Itália, onde teve aulas com o maestro Lauro Rossi, e recebeu o título de Maestro no Conservatório de Milão, em 1866. Em peças como a sua famosa modinha “Quem sabe?” e em algumas peças para piano no estilo de música de salão, como “A Cayumba”, “Quilombo” e “Quadrilha”, fica evidenciada a combinação da temática brasileira com o estilo italiano, influenciado pelas óperas de Verdi.

Em 19 de março de 1870, aos 34 anos, estreou no Teatro Scala de Milão sua ópera mais conhecida, "O Guarani", com libreto de Antonio Scalvini e baseada no romance homônimo de José de Alencar. Encenada depois nas principais capitais européias, essa ópera deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos de seu tempo. Entretanto, num gesto precipitado, no intervalo da estréia, Carlos Gomes venderia por uma soma irrisória os direitos da obra ao editor De Lucca, que ficaria com os lucros a partir de então, restando ao autor apenas as glórias.

Em razão das comemorações do aniversário de D. Pedro II, a ópera foi encenada no Rio de Janeiro e Carlos Gomes permaneceu alguns meses no

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Brasil, antes de retornar a Milão, com uma bolsa do Imperador, para iniciar a composição da "Fosca", que estreou em 1873, no Scala. Mal recebida pela crítica, mais tarde viria a ser considerada como a mais importante de suas obras.

Sua produção operística inclui ainda Salvador Rosa (1874), Maria Tudor (1879) e O Escravo (1889). Em 1895 dirigiu O Guarani no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo rei Carlos I. De volta ao Brasil, viveu um momento de glória quando, consagrado na Europa, veio apresentar “O Guarani”, “Salvador Rosa” e “Fosca” no Rio de Janeiro, em Salvador e no Recife. Entretanto, com a proclamação da república, perdeu tanto o apoio que recebia do Imperador D. Pedro II, quanto a esperança de ser nomeado diretor da Escola de música do Rio de Janeiro. Sendo assim retomou a Milão, onde estreou “O Condor” (1891), no Scala.

Doente, deprimido e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho, "Colombo", que dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Seu retorno ao Brasil em 1895 foi melancólico. Já padecendo de um câncer de garganta, veio dirigir o Conservatório de Música de Belém do Pará, onde morreu três meses depois.

- O GuaraniIl guarany (em português, O Guarani) é a pricipal ópera de Carlos

Gomes, baseada no romance de José de Alencar, O Guarani.. É uma ópera dividida em quatro atos, em italiano com o libreto de Antônio Scalvini. Estreou no Teatro Scala de Milão, na Itália, em 19 de março de 1870, fazendo um grandioso sucesso. Sua abertura é muito conhecida por ser o tema do programa de rádio A Voz do Brasil.

Essa ópera é normalmente executada por uma orquestra sinfônica. Seus instrumentos de corda: violino, violoncelo, viola e contrabaixo; de madeira: flautas, oboé, clarinete e fagote; metais: trompete, trombone, trompa e tuba; de percussão: tímpano, prato, caixa e bumbo.

Essa ópera é apresentada em quatro atos mais a abertura. Seu enredo é épico e retrata a história verídica da dizimação dos índios Aymorés. Igualmente, mostra o interesse econômico de Espanha na colônia portuguesa.

A abertura apresenta trechos dos quatro atos. O começo só com os metais e pratos e, logo após entram os outros instrumentos para encorpar o som e dar o ar triunfal, representando o primeiro ato da ópera, no qual se dá com o retorno dos aventureiros espanhóis. Logo em seguida, a música diminui a intensidade representando a conversa na qual Peri e Cecy descobrem que estão apaixonados. A parte relacionada ao segundo ato começa com um tom apaixonado, parecido com uma valsa que representa a Cecy sonhando com o Peri, e, logo em seguida a música fica tensa quando o vilão, Gonzales, tenta levá-la e então começa uma briga entre os fiéis a Dom Álvaro e a Gonzales, que é interrompida quando os índios Aymorés começam a atacar. O terceiro ato começa com um tom melancólico e lento representando a conversa entre Peri e Cecy onde ele revela o plano de se envenenar e matar todos os índios. Entretanto, quando os índios vão fazer o ritual de sacrifício de Peri, os portugueses chefiados por dom Antônio começam a atacar a aldeia. No começo do quarto ato, a música lenta e de esperança na qual representa a

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decisão de Dom Antônio, que ordena que Cecy fuja com Pery para o Rio de Janeiro. A música vai aumentando a intensidade, representado os aventureiros chegando e fica mais intensa quando e Dom Antônio põe fogo na pólvora, explodindo a casa. No final da ópera apenas Cecy e Pery sobrevivem.

Villa LobosHeitor Villa Lobos nasceu no dia

5 de Março de 1887 no Rio de Janeiro (RJ) e morreu em 17 de Novembro de 1959 também no Rio de Janeiro (RJ). Filho da dona-de-casa Noêmia Villa-Lobos e do funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador Raul Villa-Lobos.

Villa-Lobos inicia-se na música logo cedo, a partir dos seis anos de idade. Seu pai o ensina a tocar clarinete e violoncelo (uma viola especialmente adaptada). Raul ainda lhe obriga a executar exercícios de percepção musical que incluem o reconhecimento de gênero, estilo, caráter e origem de músicas, de notas musicais e ruídos. Foi também nessa época, e graças à sua tia, que lhe apresenta os prelúdios e fugas do "Cravo Bem Temperado", que eke se

fascina pela obra de Johann Sebastian Bach, compositor que acaba por servir-

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lhe de fonte de inspiração para a criação de um de seus mais importantes ciclos, o das nove "Bachianas Brasileiras".

Além da cidade do Rio de Janeiro, Villa-Lobos reside com a família em cidades do interior do estado do Rio de Janeiro (Sapucaia) e de Minas Gerais (Cataguazes e Bicas) durante os anos de 1892-1893. Durante as viagens, ele conhece as modas caipiras e os tocadores de viola, que formam parte do folclore musical brasileiro e que, mais tarde, vem a universalizar-se em suas obras. Entre elas, destacam-se: "Cair da Tarde", "Evocação", "Miudinho", "Remeiro do São Francisco", "Canção de Amor", "Melodia Sentimental", "Quadrilha", "Xangô", "Bachianas Brasileiras", "O Canto do Uirapuru", "Trenzinho Caipira". Por esse motivo ele é considerado um revolucionário por provocar um rompimento com a música acadêmica no Brasil

Em 1903, Villa-Lobos terminou os estudos básicos no Mosteiro de São Bento. No período de 1905 a 1912, ele realizou suas famosas viagens pelo norte e nordeste do país, ficando impressionado com os instrumentos musicais, as cantigas de roda e os repentistas. Suas experiências resultaram, mais tarde, em "O Guia Prático", uma coletânea de canções folclóricas destinadas à educação musical nas escolas.  Em 1913 Villa-Lobos casou-se com a pianista Lucília Guimarães. Em 1915, Villa-Lobos realizou o primeiro concerto com suas composições, sendo elas influenciadas por Wagner, Puccini, Franck, compositores da virada do século, do alto romantismo e do impressionismo francês. Entretanto, com as Danças Característica Africanas, para piano e com os bailados Amazonas e Uirapuru (1917), estas influências começaram a ser ignoradas. A crítica considerava seus concertos modernos demais. Mas à medida que se apresentava no Rio e São Paulo, ganhava notoriedade.

Em 1913 conclui a “Prole do Bebê”, sendo essa obra a primeira, a mais importante e também a mais conhecida internacionalmente devido ao trabalho de divulgação feito por Arthur Rubinstein (1886-1982), célebre pianista virtuoso, grande amigo e admirador incondicional de Villa-Lobos. Rubinstein incorporou a Prole do Bebê ao seu repertório e a executou nos melhores teatros e para as mais exigentes platéias, em programas com composições de Bach, César Franck,  Chopin e Liszt. Na semana da Arte Moderna de 1922, ele aceitou participar dos três espetáculos no Teatro Municipal de São Paulo, o primeiro palco "erudito" a receber as obras de Villa-Lobos, apresentando, entre outras obras "Danças Características Africanas" e "Impressões da Vida Mundana".

Atacado violentamente pela crítica da época, Villa Lobos viaja para Paris (1923), financiado pelos amigos e pelos irmãos Guinle. Durante sua permanência em Paris,  compôs uma extraordinária série dos Choros. Com o apoio do pianista Arthur Rubinstein e da soprano Vera Janacópulus, mostra aos europeus sofisticados e intrigados, a arte selvagem, irracional e sensual deste novo compositor. A audição dos Choros, em Paris, revela a nova forma de composição musical, que agrupa variados gêneros musicais brasileiros.

Sua intensa admiração por Bach manifesta-se em sua plenitude com sua obra mais famosas dos anos 1930-45, as Bachianas Brasileiras, para diversas formas de orquestras. Nesta série de nove obras, denominadas Bachianas Brasileiras, Villa-Lobos com inspiração eminentemente brasileira,  adaptou estas obras as formas barrocas, clássicas e contrapontísticas. A Bachianas N. 1 foi composta para orquestra de violoncelos;  N. 2 para orquestra e tem como

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tocata final O Trenzinho do Caipira; a N. 3 para piano e orquestra; a N. 4 para solo de piano ou orquestra; N. 5 para soprano e orquestra de 8 violoncelos, começa com a Cantilena, e é a mais conhecida nacional e internacionalmente;  N. 6 , camerística, para flauta e fagote; a N. 7 para orquestra; a N. 8 também para orquestra; a N. 9 para coro a cappella ou orquestra de cordas.

De volta ao Brasil, Villa-Lobos fez um trabalho de alta importância para a educação, durante a Revolução de 30. Nesta ocasião, lança o Guia Prático, extraordinária coleção de temas populares. A partir de então, a maioria de suas composições se voltou para a educação musical. Em 1932, o presidente Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas escolas e criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto. Em 1933, foi organizada a Orquestra Villa-Lobos. Em 1932 é nomeado superintendente da Educação Musical no Estado do Rio. Faz um notável trabalho pedagógico, sem par, e em 1942 funda o seu Conservatório Nacional de Canto Orfeónico com a criação de inúmeros corais populares nas escolas. Neste período separa-se da sua primeira mulher e casa-se agora com Arminda Neves de Almeida, que viria a dirigir o Museu Villa-Lobos.

Villa-Lobos apresentou seu plano educacional, em 1936, em Praga e depois em Berlim, Paris e Barcelona. Escreveu à sua esposa Lucília pedindo a separação, e assumiu seu romance com Arminda Neves de Almeida, que se tornou sua companheira. De volta ao Brasil, regeu a ópera "Colombo" no Centenário de Carlos Gomes e compôs o "Ciclo Brasileiro" e o "Descobrimento do Brasil" para o filme do mesmo nome produzido por Humberto Mauro, a pedido de Getúlio Vargas. Em 1944/45, Villa-Lobos viajou aos Estados Unidos para reger as orquestras de Boston e de Nova York, onde foi homenageado. Em 1945 fundou a Academia Brasileira de Música.

Villa-Lobos teve uma grande produção artística, cerca de 1500 obras conseguindo realizar-se no espírito nacionalista que dominou sua época. Compôs 12 sinfonias, sendo a mais importante a N. 10, Sumé Pater Patrium, uma obra-prima. Poemas sinfônicos, concertos para violino, violoncelo, piano; diversas peças para piano, numerosas melodias com acompanhamentos de piano ou orquestra. Sua produção operística é irregular: Izaht, Yerma e outras sem maior importância, num total de 5 óperas e 15 bailados. É nas Serestas para canto e piano, nas suas muitas canções que Villa-Lobos soube muito bem, melhor que ninguém, captar a alma da modinha brasileira. Sua obra pianística, impressionista, é importantíssima: Cirandas, no Ciclo Brasileiro e o virtuosismo de Rudepoema. Esta fantasia pianística (1921-26) é um obra violenta e tem como objetivo retratar a personalidade musical de seu amigo  e admirador Arthur Rubinstein. As quatro suítes orquestrais Descobrimento do Brasil, os 12 Estudos e os 5 Prelúdios para Violão são certamente suas composições mais conhecidas, divulgadas, executadas pelo mundo afora.

Praticamente residindo nos EUA entre 1957 e 1959, Villa-Lobos retornou ao Brasil para as comemorações do aniversário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Já com a saúde abalada, foi internado para tratamento e veio a falecer no Rio de Janeiro, aos 72 anos, no dia 17 de novembro de 1959, sendo velado no Teatro Municipal e enterrado no Cemitério São João Batista. Na lápide de

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seu túmulo lê-se: "Considero minhas obras como cartas que escrevi à Posteridade sem esperar resposta".

- Trenzinho do Caipira (Bachianas Brasileiras n°2)

A peça “Bachianas Brasileiras n°2” foi escrita por Villa-Lobos em 1930 para uma orquestra de câmara. Ela possui quatro movimentos:

Prelúdio (O Canto do Capadocio) - Adagio - Andantino Ária (O Canto da Nossa Terra) - Largo Dança (Lembrança do Sertão) - Andantino moderato Tocata (O Trenzinho do Caipira) - Un poco moderato

Os primeiro, segundo e quarto movimentos foram escritos, originalmente, para violoncelo e piano. E o terceiro é um piano de solo. Analisaremos essa obra executada por uma orquestra de câmara. Nela podemos observar a presença de vários instrumentos de percussão, como o tímpano, pratos, chocalhos, ganzá, reco-reco, pandeiro, triângulo e bumbo. Instrumentos de sopro como a flauta, contrafagote, fagote, oboé, trompete, clarinete, trompa, e saxofone. Instrumentos de corda como violinos, violoncelos, viola clássica e contrabaixo. Assim como a celesta, que um instrumento idiofônico.

Essa peça se tornou muito popular, sendo considerada uma identidade nacional. Seu andamento é suave, representa o início dos movimentos de um trem, o momento em que ele ganha velocidade; depois, ocorre um arrefecimento em sua marcha para chegar ao repouso. A obra começa com a aceleração do trem representada pelos instrumentos de percussão como o ganzá, os instrumentos de corda, e o apito do trem é feito pelos instrumentos de sopro agudos. Tirando os instrumentos de percussão que ficam constantemente representando a cadência do trem, as cordas e os sopros se mesclam, uma hora representando a melodia e harmonia da música e outra hora representando os sons emitidos pelo trem.

José Vieira Brandão

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José Vieira Brandão nasceu no dia 26 de Setembro de 1911 em Cambuquira (MG) e morreu dia 18 de Outubro de 2002 no Rio de Janeiro (RJ). Filho de Thomé Dias dos Santos Brandão e Marina Luiza Ottoni Vieira.

Aos sete anos se mudou juntamente com seu irmão Otávio para o Rio de Janeiro, indo morar com os tios Adolfo e Luiza. Em 1921 começou a ter aulas de piano. José Vieira era tão talentoso que aos 13 anos, em 1924, conseguiu ingressar

na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1929 concluiu seu curso de piano, contemplado com a Medalha de Ouro, como prova do reconhecimento de seus professores. Em 1945, conseguiu uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, onde realizou um Curso de Aperfeiçoamento em Educação Musical na Universidade do Sul da Califórnia. Em 1969 recebeu o título de Doutor, defendendo a tese “O Nacionalismo na Música Brasileira para Piano”.

José Vieira abriu mão de sua carreira de pianista e compositor que poderia ter sido brilhante, para dedicar sua vida ao magistério. Mesmo assim nunca deixou de tocar piano. Em 1932 ficou amigo de Villa-Lobos, ao se tornar membro do Orfeão Federal dos Professores. José Vieira foi um grande intérprete de Villa-Lobos e o assessorou na divulgação do canto orfeônico. O canto orfeônico tinha como principal objetivo auxiliar o desenvolvimento artístico da criança e produzir adultos musicalmente alfabetizados.

Além da atuação como Técnico de Educação do MEC, também fez parte do primeiro corpo de funcionários do antigo SEMA (Superintendência e Educação Musical e Artística) da Prefeitura do Distrito Federal, com o intuito de desenvolver o ensino de música nas escolas. Além disso, também fundou o Departamento de Música da Universidade de Brasília. Posteriormente, José Vieira voltou para o Rio de Janeiro, onde, em 1940, assumiu a posição de professor titular de Piano e Canto Coral no Conservatório Brasileiro de Música. Em 1943 assumiu o cargo de Professor de Técnicas de Ensino de Canto Orfeônico e, em seguida, de Polifonia Coral e Prática de Regência no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico do Rio de Janeiro. E, em 1945, foi membro fundador da Academia Brasileira de Música, juntamente com Villa-Lobos.

Além das canções e de inúmeras obras para coro, Brandão deu grande contribuição à música de câmara brasileira, destacando-se, entre outras obras, os quartetos de cordas, as sonatas para violoncelo e piano, e para violino e piano, o “Trio”, de 1963 e o “Divertimento”, para quinteto de sopros. Destacam-se ainda, a ópera “Máscaras” e a sua Fantasia concertante, para piano e orquestra.