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Fundação OSESP

Serviço Social do Comércio - SP

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OSESP ITINERANTE

Apreciação Musical

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Música Arcaica

Detalhe da “Norma de UR” c. 2,650-2,400 a.c. Constitui um dos mais informativos objetos de arte sumérios descobertos em Ur. Está preservado atualmente no British Museum de Londres. Neste detalhe vê-se uma harpa suméria.

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Sabe-se que:

Ceilão (atual Sri Lanka) e China: manifestações musicais já em 5.000 a.c.

Mesopotâmia: primeiro registro de atividade musical (c. 1800 a.c.) com teoria musical complexa.

O músico na mesopotâmia era apenas subalterno ao rei e gozava de grande respeito. Sua atividade era ligada à vida religiosa e a seus rituais.

Sinos Zhong. A idade dos vários sinos encontrados em tumbas chinesas varia do século XVI a.c. ao I d.c.

Harpa suméria (c. 2.600 a.c.)

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Egito

A música foi sempre presente mas seu papel diferiu muito ao longo das diferentes dinastias.

A partir de 3.100 a.c., com o surgimento e ascensão dos faraós, a música toma suma importância, o músico era aceito e respeitado.

Em 1250 a.c. a música era tida como atividade marginal, subalterna e o músico era considerado um súdito inferior.

No Egito, neste época, não existia um sistema de registro da altura das notas.

Hebreus

Há registros de atividade musical entre os povos hebreus desde 1.200 a.c.

Apesar dos numerosos registros e relatos contidos na Bíblia, não se sabe que tipo de sistema musical era utilizado por esses povos.

Harpa Egípcia

Alaúde e flauta dupla

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Grécia

A Grécia é considerada o berço da música ocidental, pela grande influência que exerceu sobre a música romana e a música cristã como um todo.

Na Grécia a música tinha papel vital na educação dos jovens e cidadãos. Era considerada essencial na educação do caráter do homem, moldando-o. Esta era a doutrina do Etos, das qualidades e efeitos da música. A música, como microcosmo de todo o universo visível e invisível, atuava sobre o próprio universo (Pitágoras). Acredita-se posteriormente que ela irá afetar também a vontade dos homens, seu caráter e conduta.Para Platão e Aristóteles era possível produzir-se um cidadão virtuoso com o ensino público da música e da ginástica. Em Platão, a estabilidade do Estado dependia do ensino da boa música aos cidadãos. Nela se deveria fazer uso dos modos melódicos corretos, evitando aqueles que exprimiam brandura e indolência. Da mesma maneira, os ritmos incongruentes e alguns instrumentos musicais também deveriam ser banidos da educação musical do cidadão.

Na Grécia, a mitologia explicava a criação da música:Hermes constrói a lira com uma carcaça de tartaruga e a dá a seu irmão Apolo, em troca do gado que havia roubado deste.Palas Athena cria o aulos para imitar o grito das irmãs de medusa ao vê-la decapitada por Perseu. Desinteressada por sua invenção, Palas Athena se livra do aulos e este é achado por Pã, tornando-se seu instrumento preferido.

É possível ver nesses dois mitos de criação duas concepções bem diferentes:

1) Música como algo material-prático, objetivo e com um propósito.2) Música como algo subjetivo, a imitação de um sentimento. Visão até hoje em voga.

A partir de então os instrumentos de corda estarão associados a Apolo, assim como estarão relacionados à disciplina, à contenção, à retidão e à sapiência. Inversamente, os instrumentos de sopro estarão associados a Pã, o fauno, a Dionísio, representando a desmesura, o descontrole e a pândega.

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Grécia sistematizará a música

Sua sistematização será diferente da do oriente. Sua base será a obra de Pitágoras (século VI a.c.), um matemático que se utilizará de números para representar os sons. Desta maneira, falamos de “sistema pitagórico”.

Os gregos elaborarão um sistema complexo e sofisticado chamado teleion (ou Grande Sistema Perfeito), onde as notas eram representadas por letras do alfabeto grego, tanto arcaico quanto moderno. Os chamados “Nomos” eram o conjunto de leis que ditavam as regras do teleion.

A música grega era monódica, de apenas uma melodia.

A palavra era muito importante na música. Assim, a música era predominantemente vocal, baseando-se na tradição da retórica e da oratória.

Os instrumentos apenas acompanhavam a voz na mesma nota, ou seja, em uníssono.

O teatro, manifestação grega por excelência, continha muita música. A chamada “poesia lírica”, era acompanhada pela lira, numa récita onde a música se misturava à fala.

A métrica e o ritmo da música eram o a métrica e o ritmo da fala e da palavra. Desta maneira, os “metros” empregados na poesia grega, configuravam o ritmo da música. Os metros eram formados pela adição de modos rítmicos:

Principais modos rítmicos gregos: u = sílaba curta - = sílaba longa

u - = Iambo - u = troqueu - u u = dáctilo u u - = anapesto - - - = espondeu u u u = tribáquio

Os instrumentos utilizados pelos gregos serão: lyra, cítara, harpa e tambura (cordas); flautas, aulos, diaulos e trombetas (sopro); címbalos, crotalos e tambor (percussão).

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Roma

Em Roma, a música se desprestigia completamente na sociedade e seu uso servia a ocasiões vis como festas e orgias. O músico é marginalizado.

Com a invasão da Grécia pelos romanos, a música, tão importante no passado grego, também perderá seu papel primordial. Mas o sistema musical grego influenciará a música romana (como o fizeram seus deuses, sua filosofia, sua arquitetura e sua retórica) e sua base teórica permanecerá viva no ocidente.

O Cristianismo irá mudar a música e a cultura no ocidente e o sistema grego será então o alicerce da música cristã. A poética e a retórica gregas, intimamente relacionadas à música (predominantemente vocal), também serão importantes durante toda a Idade Média ocidental.

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MÚSICA MEDIEVAL

Monodia ca. 700 – ca. 1300Polifonia ca. 900 – ca. 1400

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A Herança do Mundo Antigo:

A Música era uma linha melódica pura e despojada.

Sua melodia era intimamente ligada à palavra, principalmente em sua rítmica e métrica.

Sua execução era baseada na improvisação a partir de regras, convenções e fórmulas musicais tradicionais. Não havia notação fixa e à cada execução, a música era reinventada.

A música era um sistema ordenado, indissociável do sistema da natureza; capaz de afetar o pensamento e a conduta do homem.

Da Grécia especificamente, o mundo cristão herdará: uma teoria acústica cientificamente fundamentada, um sistema de escalas e uma terminologia musical detalhada.

A transmissão dessa herança, mesmo de maneira imperfeita e incompleta, se dá via: Igreja Cristã (fontes judaicas; sem instrumentos e sem danças); Padres da Igreja e os grandes tratados enciclopédicos do início da Idade Média. O principal desses tratados é De intitutione Musica de Boécio.

Contexto Histórico

Desagregação do Império Romano Difusão e consolidação do cristianismo em toda a Europa

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Os primeiros séculos da Igreja cristã e a unificação da Liturgia – o canto gregoriano

A igreja cristã absorve características da música Grega e das sociedades mistas orientais e helenísticas do mediterrâneo oriental durante seus 2 ou 3 primeiros séculos de existência.

Alguns aspectos herdados rejeitados: cultivo da música para o prazer, associar a música a espetáculos públicos, e cultivá-la no convívio íntimo. Estas eram impróprias para a igreja, já que eram consideradas desviantes.

Entre os séculos V e VIII, a liturgia cristã havia absorvido a tradição oriental (cultivada e desenvolvida em Bizâncio) e havia misturado essa com tradições locais, dando origem a liturgias bem distintas.

Essas liturgias serão gradativamente romanizadas à medida que o poderio do imperadores cristãos cresce no ocidente, durante os séculos IX e XIV.

A partir da coroação de Carlos Magno na Gália (ano 800) a cantochão, ou canto gregoriano, organizado pelo Papa Gregório (590-604), será imposto em grande parte da Europa a partir do século VIII. Junto ao canto gregoriano, impunha-se também o rito romano em toda a Gália.

O canto gregoriano uniformizou e padronizou a liturgia em toda a cristandade. Levado a todos os cantos da Europa pelos missionários cristãos (Schola Cantorum), o canto gregoriano é um dos pilares da música ocidental.

Alguns do ritos locais antigos sobreviveram até os dias de hoje, como o milanês, cujo cântico é o ambrosiano.

A música deveria servir à religião. Deveria elevar a alma à contemplação das coisas divinas. Como se acreditava que uma música sem texto não produzia tais efeitos, a música instrumental foi excluída a princípio. A música mundana e instrumental eram veementemente combatidas.

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Os grandes teóricos medievais serão:

Marcianus Capella. Escreve “da Filologia” (século V), um manual sobre as sete artes liberais: gramática, dialética e retórica (trivium, ciências da palavra); aritmética, geometria, música e astronomia (quadrivium, ciências do número)

Boécio. Escreve De institutione Musica (início do século VI). Será a autoridade mais respeitada e influente no domínio da música em toda a Idade Média. Em seu livro, os leitores compreendiam basicamente que:

1) A música é uma ciência do número.2) Os quocientes numéricos determinam os intervalos admitidos na melodia, as consonâncias, a composição das escalas e a afinação dos instrumentos e das vozes. A música para Boécio podia ser dividida em três:

1) Música mundana (cósmica), a harmonia no macrocosmo (universo e natureza)2) Música humana, do corpo, da alma e partes.3) Música instrumental, audível e produzida por instrumentos incluindo a voz humana.

Esta última é efetivamente a música que conhecemos.

A música instrumental estava em terceiro lugar porque, como seus mentores gregos, Boécio concebia a música mais como um objeto de conhecimento do que como uma arte criadora ou uma forma de expressão de sentimentos. O verdadeiro músico era então o filósofo, o crítico e não o cantor ou aquele que faz canções por instinto.

Boécio

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Ancius Manlius Severinus Boethius (480-524)Musica mundana, humana e instrumentalisBiblioteca Médici, Florença (ca. 1300)

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Gêneros do canto gregoriano Séc. VIII. (sempre monódico)

Graduais e Alleluias

Salmos

Cantado das seguintes maneiras:

Antífona, onde um coro responde a outro.Responsório, solista pergunta e o coros responde.Direto: sem perguntas nem respostas.

Leitura

O livro do gradual continha todos os cânticos da igreja. Era a obra que continha o cantochão, o canto pleno. Era completamente monódica.

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GRADUAL DOMINE, DOMINUS NOSTER

Senhor, oh, nosso Senhor.Quão admirável é Teu nomeEm todo o universo!Pois Tua magnificência Se eleva além dos céus.

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Gêneros litúrgicos do século IX a X:

Laudas (ca. 800)

Salmos com melismas (ca.1000)

Tropos (ca. 1000)

Seqüencia/prosa (ca. 850)

Hinos (ca. 800) Advindos da igreja ortodoxa oriental

Primeira Manifestação da Polifonia:

O Organum é a forma polifônica deste período. Nele se tinha as seguintes vozes:

Principalis (tirada do cantochão) e organalis (em geral uma 4ª abaixo). Cantavam em paralelo.

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Gêneros litúrgicos monódicos cultivados a partir do século X

Missa

Ordinário: Kyrie, Glória, Credo, Sanctus (Benedictus) e Agnus Dei

Próprio (partes inseridas para dias e celebrações específicas): Intróito, Gradual, Aleluia, Tractu, Ofertório e Comunhão

No campo Polifônico:

A partir do século XI o Organum se modifica e a vox principalis fica abaixo da vox organalis e passa a ser chamada de discantus (passa a designar um tipo de música). Em vez de cantarem paralelamente, usavam movimentos contrários.

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Séculos XI e XII, um novo contexto social

Os burgos começam a surgir com a desagregação do sistema feudal, e o conhecimento, até então detido pela igreja, começa a se descentralizar. Surgirão as primeiras universidades: Bologna (1088), Paris (1120) e Oxford (1130).

A música passa a ser ensinada a leigos como uma das disciplinas do Quadrivium, as ciências do número.

A rítmica da música, submetida aos antigos modos rítmicos gregos, passa a ser cada dia mais revisada. Os teóricos se esforçaram para criar um sistema de mensuração para a música.

Livros das horas “Les trés Riches heures du Duc de Berry”, página do mês de junho com a Paris medieval ao fundo.

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Surge a chamada “Ars Antiqua”

Marca o início da polifonia a 3 ou 4 vozes.

Surgem os primeiros compositores retratados da história da música, Léonin e Pérotin, ambos mestres de capela da Catedral de Notre Dame. Serão os formadores da chamada “Escola de Notre Dame”. A obra de Pérotin (1160-1240), discípulo de Léonin, se baseará em conductus, missas, organum (não abandona a polifonia antiga) e motetos.

O moteto surge na metade de século XIII e é um gênero secular cantado em três vozes: a inferior, o tenor e a primeira voz, chamada de triplum. O tenor tinha um papel importante e era a base da composição (tenere). Sua parte era extraída do canto gregoriano e era chamada de cantus firmus. Sua voz também era chamada de duplum ou moteto. Cada voz cantava um texto diferente, sacro ou secular, em latim e em francês.

Como a Missa, o moteto é um gênero que perdurou. Seu nome vem de mot, do grego, palavra. O anonimato era quase uma regra para os compositores do período.

A Ars antiqua irá sair da França e se espalhar por outros países Europeu, principalmente a Espanha.

Para mais informações sobre a Catedral de Notre Dame: www.notredamedeparis.fr

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Gêneros profanos ou seculares

Do século XI ao XIII ocorrerão as cruzadas iniciadas pelo Papa Urbano II em 1096 (até 1271). Nelas, a Palestina é libertada da mão dos muçulmanos e este é o período em que a igreja católica mais acumulará riquezas durante a Idade Média.

Começam a surgir uma série de relatos decorrentes das cruzadas. Muitos eram musicados pelos menestréis que haviam presenciado o combate de seus senhores. Relatavam seus feitos heróicos e verso e em música.

Como reflexo disso, surgirá gradativamente o primeiro movimento litero-poético-musical da história ocidental, depois da Grécia antiga. Esses profissionais eram pessoas da nobreza, educadas e instruídas. Neste momento começa a haver notação, ainda que rudimentar, da música destinada aos instrumentos musicais.

Troubadours c. 1100 (ao sul do Rio Loire): compõem em Langue d’oc

Guilherme IX de Aquitânia (1071-1127) , Bernard de Ventadour (? -1195) Arnaud Daniel (c.1180 – c.1200)

Trouvères c. 1150 (norte da França): compõem em Langue d’oïl

Gace Brulé (1160-1213), Thibault de Champagne (1201-1253) Adam de la Halle (1240-1287)

Compunham as chamadas Chansons e seus temas eram: Amor, sátira e crítica. Além das chansons, cultivarão outros gêneros como o Rondeau, o Virelai e a Ballade.

Na Alemanha surgirão, a partir do século XII, os chamados Minnesänger, cantores do amor cortês. A partir do século XIV, seu desdobramento culminará nos Meistersänger, burgueses que se dedicavam à arte do canto, organizados em confrarias.

Na Espanha, durante o século XIII, o mesmo movimento existirá. Este sofrerá, no entanto, a influência moura, dando características muito peculiares ao gênero em toda a península ibérica.

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Cantigas de Santa Maria, Alfonso X, o Sábio. Conjunto de 427 canções em galaico-português com ilustrações de instrumentos

Guitarra latina, cantiga 150

Launeddas, cantiga 60

Carrilhão, cantiga 400

Alboques duplos, cantiga 220 Flauta e tambor, cantiga 370

Medio canon, cantiga 50

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Alaúde, cantiga 30 Sinfonia, cantiga 160

Viola árabe, cantiga 210

Harpa gótica, cantiga 380

Cítara, cantiga 290 Címbalos, cantiga 190

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Gaita, cantiga 350 Odrecillo, cantiga 280 Dulcaina, cantiga 390

Albogón (e darabuka), cantiga 300Alboque (e tejoletas), cantiga 330 Rota, cantiga 40

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Século XIV - Contexto histórico

As estruturas tradicionais implodem: a cristandade está dividida pela crise do Papado, a sociedade é cada vez menos feudal e cada vez mais comercial, as numerosos revoltas camponesas e urbanas contestam a ordem social.

A França se enfraquece por conta da guerra dos cem anos que devasta seu território e sua população. As classes camponesas, afetadas terrivelmente pela fome, acabam, freqüentemente lideradas por chefes carismáticos, por se revoltarem contra seus mestres e empreendem verdadeiras guerras de classe.

A peste recomeça a partir de 1347 e dizima mais de dois terços da população européia.

Da mesma maneira que as outras artes, a música se coloca ao serviços dos múltiplos detentores de poder que empreendem o chamado mecenato artístico. Aqueles que encomendam as obras musicais não são mais exclusivamente as instituições religiosas, mas grupos civis ou famílias saídas de classes prósperas das cidades manufatureiras tanto do norte do continente como da Itália.

Em meio à uma época de reviravoltas e de mutações que marcam o fim da Idade Média e seu sistema de representação do mundo, uma nova fase da música irá surgir. A civilização ocidental de separa do sagrado e se abre a novas idéias centradas na valorização do homem e da natureza, anunciando assim a Renascença. Como testemunho, tem-se o fato de que muitos dos compositores dessa época irão assinar suas obras. Escreverá o músico-poeta mais famoso desta época Guillaume de Machaut:

Et Musique est une scienceQui vuet qu'on rie et chante et dence; (...)

Par tout, où elle est, joie y porteLes desconfortez reconforte,

Et nès seulement de l'oïrFait elle les gens rejoïr.

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A música muda de status

Se até o período que chamamos de “Ars Antiqua” a música era tida como uma ciência cuja finalidade era apenas fornecer um suporte melódico discreto à Palavra da verdade, durante a “Ars Nova” a música se tornará de fato uma arte independente, uma arte que irá oferecer em seu próprio seio, em meio aos ofícios, os prazeres intelectuais aliados aos prazeres dos sentidos, uma mistura capaz de dispersar a atenção dos fiéis e desviá-los dos mistérios divinos. A música não será porém mais importante do que a palavra, irá, após séculos de submissão, igualá-la em importância.

A “Ars Nova”

O termo Ars Nova, que designa a música polifônica produzida entre 1320 a 1400 principalmente na França, é retirado de um dos dois mais influentes tratados teóricos da época: Ars Nova de Philippe de Vitryo, e o Ars Nove Musice de Jean de Murs. Ambos escritos por volta de 1320.

A questão central da obra Ars Nova é a notação do ritmo. É com esta obra que toda uma codificação religiosa irá cair por terra. Na novas obras, a simbologia do número 3 (que simbolizava a unidade divina da santíssima trindade), que permitia uma divisão apenas ternária das outras figuras rítmicas (chamado modo perfeito), irá dividir seu espaço com uma divisão binária (que será chamado de modo imperfeito). A princípio, o emprego de duas cores diferentes na escrita musical fará o papel de distinguir os modos. A tinta preta será usada para indicar as notas perfeitas e a vermelha para as imperfeitas. Não é possível falar da invenção de uma novo sistema. O que de fato é feito por Philippe de Vitry e seus contemporâneos é aprovar, generalizar e dar maior precisão a procedimentos já existentes.

Uma página do tratado de Philippe de Vitry, intitulado Ars Nova (1320)

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Guillaume de Machaut

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Algumas das características da Ars Nova

O cantus firmus (ou tenor) poderá ser qualquer canção em língua profana e poderá ser literalmente inventado.

Há o aparecimento do contratenor abaixo do tenor. Este será freqüentemente executado por um instrumento e dará origem ao baixo.

Haverá um impulso na música instrumental. Os instrumentos poderão substituir não importa qual voz.

Uma outra contribuição da Ars Nova se faz na estrutura geral da missa. No século XIV, todas as partes do ordinário da missa foram pela primeira vez tratados como um todo por Guillaume de Machaut na Missa de Notre-Dame.

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A Ars Subtilior e o declínio da polifonia medieval

Depois de Machaut, a polifonia evolui para um refinamento cada vez mais complexo ao qual se dá

o nome de Ars Subtilior, termo recentemente usado na historiografia da música e que significa “arte mais sutil”. Designa a música produzida entre 1380 até o início o final da Ars Nova, sendo também usado para designar o prolongamento desse estilo sobre o século XIV.

A Ars Nova leva ao extremo sua complexidade rítmica. Esse refinamento pode ser colocado em relação com a evolução do estilo gótico na arquitetura que nesta mesma época desenvolve o chamado Gótico Flamboyant ou Flamejante, com seus rendilhados e suas linhas sinuosas lembrando chamas agitadas pelo vento. Sob o plano estético, a música desse período tende a ser escrita e elaborada para um público de iniciados que são em quase sua totalidade membros de uma elite. Os compositores não hesitam em se deixar levar pela fantasia na própria escrita musical, escrevendo partituras que em sua própria aparência já são obras de arte gráficas.Alguns de seus compositores:

Matteo da Perugia, Jacob de Senleches, Antonello da Caserta, Solage, Trebor, Johannes Galiot, Baude Cordier, Philippus da Caserta, Johannes Ciconia, Grimace, Jacopo da Bologna, Lorenzo da Firenze, Martinus Fabri, Magister Zacharias, Johannes Aleyn (Alanus), Fanciscus Andrieu, Berlatu, Bernard de Cluny, Borlet, Jean Cuvelier, Goscalch, Guido, Johannes Hasprois, Pierre de Molins, Pykini, Jean Vaillant etc.

Uma canção de amor “Belle, bonne, sage” de Baude Cordier, está em forma de coração, com notas em vermelho indicando alterações

rítmicas.

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MÚSICA RENASCENTISTA

CRISTALIZAÇÃO DA POLIFONIA FRANCO-FLAMENGADIFUSÃO DO ESTILO FRANCO-FLAMENGO

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Adam von Fulda: De Musica (1490)

Musica

Musica Naturalis

Musica artificialis

Musica mundana

Musica Humana

Musica instrumentalis

Musica Vocalis

Vera FictaSimplexvel plana

Mensurabilisvel figurativa

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Contexto histórico do Renascimento

• País pioneiro: Itália, desde o século XIV, o famoso Trecento (com Boccacio, Petrarca e Dante)

• Surgimento da Imprensa, c. 1450 (Gutenberg).

• Fim da Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra (1453).

• Individualismo e liberdade de pensamento.

• Reforma Protestante (Luthero, 1517, Calvino)

• Mudança da visão que se tinha sobre o mundo (Copérnico e Galileu: heliocentrismo)

• Importância da burguesia (mecenato)

• Progressos técnicos (Michelangelo).

• Comércio é grande motor da ação política.

• Surgimento de parlamentos em várias cidade-estado da Europa.

• Descobrimentos, navegações e contato com o Oriente (caravela, uso da bússola, do sextante e do astrolábio)

• Época dos grandes Humanistas (Erasmo, Thomas Morus).

• Redescoberta da antiguidade greco-romana, suas pinturas, mosaicos, escultura e arquitetura.

• Uso da perspectiva, e da luz e sombra na pintura.

• Mudanças na política e no direito (Machiavel)

• Línguas nacionais se impõem ao uso do Latim

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A música e o espírito da Renascença.

A Renascença não pode ser lida como a origem de uma cultura superior, mas uma mudança de luz. Ela evoca a sensibilidade refinada, a expressão adequada, o hedonismo sonoro e o brilho das festas, a busca da perfeição numa arte livre das injunções, o impulso, a descoberta.

Será o apogeu da polifonia vocal.

Será o palco de uma progressiva alfabetização musical das novas classes dirigentes, agora facilitada pela imprensa. A música seria, pela primeira vez, uma mercadoria, sem no entanto enriquecer qualquer compositor do período. Todo homem de bem, e de posses, deve conhecer não só a prática mas também a teoria da música, que agora se vincula aos estudos gerais, e não mais às ciências.

Como na pintura e na escultura, haverá também os mecenas da música, principalmente nas 5 grandes cidades da Itália: Roma, Veneza, Milão, Florença e Nápoles.

Teoria da Música

Gioseffo Zarlino, Le istitutioni harmoniche de 1558.

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A escola Franco Flamenga

Representou um movimento de renovação musical, desenvolvido a partir do século XV. Surgiu nos países Baixos e na Borgonha, espalhado-se depois por toda a Europa. Recebeu influências da leitura que a Inglaterra fez da própria Ars Nova.Sua caractéristica principal é: grande desenvolvimento da Polifonia, estabelecendo assim as bases da harmonia moderna (em contraste com a medieval ou gótica).

Constituirá o primeiro estilo musical internacional depois da instituição do canto gregoriano.

Ocorrerá entre 1420 e 1600 e é dividida em 5 gerações:

Primeira geração (1420-1450), a “escola borgonhesa”, dominada por Guillaume Dufay, Gilles Binchois e Antoine Busnois. É uma geração que marca uma ruptura com a música medieval, anunciando um desenvolvimento vertical da polifonia.

Segunda geração (1450-1485), onde se descata Johannes Ockeghem.

Terceira geração (1480-1520), com Josquin des Prés, frequentemente considerado o mais importante compositor valão da escola franco-flamenga. São importantes também Jacob Obrecht e Heinrich Isaac.

Quarta geração (1520-1560) : Adriaan Willaert et Jacob Clemens non Papa.

Quinta geração (1560-1600), dominada por Orlando de Lassus.

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Itália: Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594)

É o representante mais reconhecido da Renascença entre os compositores católicos. Palestrina teve um impacto enorme sobre o desenvolvimento da música religiosa católica e sua obra pode ser interpretada como um grande resumo da polifonia da Renascença.

De suma importância na História da Música, sua técnica de composição foi admirada durante séculos. Era considerado por muitos "O Príncipe da Música", e suas obras foram classificadas como a "perfeição absoluta" do estilo eclesiástico.

Palestrina captou, melhor que nenhum outro compositor, a essência do aspecto sóbrio e conservador da Contra-Reforma numa polifonia de extrema pureza, apartada de qualquer sugestão profana.

A base do seu estilo é o contraponto imitativo franco-flamengo

Seus sucessores mais importantes foram Constanzo Festa, Jacob Arcadelt e Cristóbal de Morales.

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Espanha: O século de ouro

Os descobrimentos, a riqueza do comércio com as Índias e o vento da contra

reforma também irão dar um grande impulso às artes em toda a Espanha. Na música se destacarão os seguintes

compositores:

Tomás Luis de Victoria (influenciado por Palestrina)

Cristóbal de Moráles(influenciado por Josquin des

Prés e Ockeghem)

Francisco Guerrero

Juan de Encina

Diego Velázquez (1599-1669) “ Las Meninas”

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GÊNEROS 1500-1550

frottola: deriva do virelai, ballade; estilo baixo, popular.

chanson: gênero novo; sem forma fixa, vocal a 4 vozes.

madrigal: gênero novo; estilo alto

música instrumental: ricercares, fantasias, arranjos de canções/danças, diminuição; consorts mistos (broken) e homogênios.

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GÊNEROS 1550-1600

madrigal: relação total entre texto e música

canção acompanhada com alaúde (França/Inglaterra)

música instrumental: novos gêneros fantásticos (toccata, intonazione [praeambulum], cappriccio, stravaganza)

também na Inglaterra e Alemanha

concerto (lat. Symphonia): alternância entre textura vocal X instrumental

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Créditos de imagens

Música ArcaicaNorma de Ur (capa) e Harpa Suméria (música na mesopotâmia):

http://www.zwoje-scrolls.com/zwoje35/text11.htmSinos Chineses: http://www.uh.edu/engines/epi1676.htmMúsicos egípcios: http://www.touregypt.net/featurestories/music.htmShophar judaico: http://www.biblepicturegallery.com/free/screen-sized%20pictures.htm

Música MedievalBoécio: http://angulosaxofonico.blogspot.com/2007_10_01_archive.htmlGárgulas de Notre Dame: http://stonecarver.spaces.live.com/blog/cns!1C500E1C309188AE!486.entryRicas Horas do Duque de Berry (junho, colheita): http://www.cosmovisions.com/artMiniature.htmMúsica de Guillaume de Machaut, Ma fin est mon comencement:

http://www.geocities.com/Vienna/3624/machaut.jpgCantigas de Santa Maria: http://www.pbm.com/~lindahl/cantigas/images/all_color.html

Música RenascentistaIlustração representando os compositores flamengos Dufay e Busnois:

http://www.answers.com/topic/guillaume-dufayMichelangelo (capa): http://luminescencias.blogspot.com/2004/08/detalhe-de-o-ltimo-julgamento-capela.htmlLes Stitutioni Harmoniche, Giosefo Zarlino: http://xoomer.alice.it/alessandro_corti/images/zarlino-58.PNGPalestrina, Missa Papae Marcelli: http://whollycatholic.blogspot.com/2007/10/pope-benedict-xvi-on-sacred-

music.htmlLas Meninas, Diego Velásquez: http://www.dialogica.com.ar/unr/epicom/archives/velasquez-1656-las-

meninas.jpgCatedral de San Marco: http://catedraismedievais.blogspot.com/2007/08/baslica-de-so-marcos-jia-do-

estilo.htmlCristof Angermair: http://www.recorderhomepage.net/inline/arcadia_1.jpg