estetica e apreciação musical(atualizado) (1)

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    Reitor

    Prof.Ms.StefanoBarraGazzola

    Gesto da Educao a Distncia

    Prof.Ms.WandersonGomesdeSouza

    Design Instrucional e Diagramao

    DigenesCaxin

    VictorRocha

    Coord. do Ncleo Pedaggico

    Prof.Ms.TerezinhaNunesGomesGarcia

    Prof.Dr.GleicioneAparecidaDiasBagnedeSouza

    Reviso Ortogrfica / Gramatical

    ErikadePaulaSousa

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    Autor

    Celso Augusto dos Santos Gomes

    doutorando em educao pela UNIMEP, onde foca a

    (re)significao docente de formadores de musicalizadores na

    convergnciadeambientesvirtuaisefsicos.mestreemTecnologias

    da Inteligncia e Design Digital pela PUC-SP sob a rea de

    concentrao de "ProcessosCognitivos e Ambientes Digitais" ondefocalizoualinhadepesquisa"AprendizagemeSemiticaCognitiva".

    Nesse programa de ps-graduao contou com bolsa

    CAPES/PROSUP,ondepesquisouporrecursostecnolgicos,ubquos

    epervasivosemprocessoscooperativosdeensinoeaprendizagem.

    Tambmtemasseguintesps-graduaes(latosensu):Docnciaem

    Educao a Distncia, Psicopedagogia Institucional, Designer

    InstrucionalparaaEaDvirtualeTecnologiaeEaD.TemlicenciaturaeBacharelado em Msica com habilitao em Instrumento (Guitarra

    Jazz) pelo CentroUniversitrio FIAM/FAMM(Faculdades Integradas

    Alcntara Machado). Atualmente Coordenador do Curso de

    Licenciatura em Msica, professor das disciplinas de 'Tecnologia e

    Educao', 'Design de Materiais para EaD', Projeto Poltico

    Pedaggico na Escola', 'Gesto do Conhecimento e Capital

    Intelectual', 'B.I.' nas ps-graduaes do UNIS/MG.Tem experincianareadas tecnologias aplicadaseducao superior, corporativa

    em geral, educao a distncia emusical. Atua como membro do

    ComitdeticaemPesquisadaFundaodeEnsinoePesquisado

    SuldeMinas-CEP/FEPESMIG.

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    GOMES.CelsoAugustodosSantos

    GuiadeEstudoEstticaeApreciaoMusical.

    Celso A. dos Santos Gomes. Varginha: GEaD-

    UNIS/MG,2012.

    152p.

    Esttica da Msica. 2. Apreciao Musical. 3.

    EscutaAtenta.

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    SUMRIO

    Apresentao ................................................................................................ 8

    Introduo ................................................................................................... 15

    Grcia Antiga .............................................................................................. 19

    Scrates..................................................................................................................21

    Plato.......................................................................................................................22

    Aristteles...............................................................................................................25

    Pitgoras.................................................................................................................32

    Idade mdia ................................................................................................ 39

    Cantogregoriano...............................................................................................45

    Organum................................................................................................................56

    Renascimento ............................................................................................ 59

    Contraponto..........................................................................................................68

    Barroco/Classicismo ............................................................................... 76

    Formarond.........................................................................................................82

    Rousseau................................................................................................................84 AFormabinria...................................................................................................87

    Formabinriaredonda....................................................................................89

    ATeoriadosAfetos............................................................................................92

    ADoutrinadasFiguras....................................................................................94

    Baumgarten..........................................................................................................95

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    Formasonata.......................................................................................................97

    Romantismo ............................................................................................... 99Kant.........................................................................................................................101

    Principaistendnciasdesepensaraexperinciaesttica........105

    Subjetivistas........................................................................................................105

    Objetivistas..........................................................................................................106

    Schopenhauer...................................................................................................108

    Primeiravia..........................................................................................................110

    Segundavia........................................................................................................111

    Terceiravia..........................................................................................................112

    Formaternria...................................................................................................118

    Formaternriacomposta............................................................................119

    Sculo XX ................................................................................................... 122

    Merleau-PontyeaFenomenologiadaPercepo.........................124

    Fenomenologiaeaeducaomusical................................................129

    Adialticanegativaeoatonalismo........................................................138

    Consideraes finais ............................................................................. 146

    Referncias ............................................................................................... 148

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    Apresentao

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    Prezada leitora e prezado leitor, antes de iniciarmos nossos

    estudos, gostaria de levantar algumas questes que SidneyJosMolinaJuniorummsicobrasileiro,professorefilsofo

    contemporneo levantou brilhantemente em um de seus

    textos: O que acontece conosco quando ouvimosmsica? O

    que isto que ouvimos, enquanto ouvimosmsica?O que

    isto,amsica?(MOLINAJUNIOR,2012b)

    Considerandoonossointeressepormsicaparaalmdealgo

    efmero, mas sim no sentido de que Molina Junior (2012b)

    entende,ouseja,comoalgoquegeralmentenasceapartirde

    uma experincia musical forte, algo que aconteceu um dia

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    "naqueleshowouconcerto",ousimplesmenteouvindoaquele

    CDemcasa,ouassistindoaaqueleprogramanaTV.

    Pode ter sido a viso-audio de Hendrix ou Coltrane tocando?

    Pode ter sido no interstcio preciso entre a inteligncia dos

    Beatles e a irreverncia dos Stones? Ou foi em algum ponto

    entre a fora distorcida heavy e a limpeza progressiva fusion?

    Mudando um pouco de prisma: pode ter sido tambm nos

    planos assimtricos de delicadeza conceitual e interpretativa de

    Pat Metheny, ou nas evocaes multiculturais superpostas deMcLaughlin? Pode ter sido ouvindo Miles Davis ou Michael

    Jackson? Pode ter sido ouvindo o cigano Django Reinhardt ou,

    por que no, a gravao que o violonista erudito ingls Julian

    Bream fez de um concerto com orquestra erudita que contm

    uma homenagem erudita de um compositor erudito ao mesmo

    cigano Django Reinhardt? Pode ter sido numa cano popular

    de Chico Buarque ou de Caetano Veloso? Ou num samba dePaulinho da Viola ou de Joo Bosco? Pode ter sido em

    Caymmi, Noel ou Joo Gilberto? Pode ter sido em Luiz

    Gonzaga? Por que no em Beethoven? Por que no em Charlie

    Parker? Por que no em Bach? Por que no em Duke

    Ellington? Por que no em Mozart, Schoenberg ou Bartok? Por

    que no a partir de um DVD do pianista russo Evgeny Kissin

    tocando Chopin ou Liszt, na assustadora maturidade de seus 27anos de idade? Por que no ao ouvir a uma velhssima fita

    cassete contendo uma gravao de um ensaio caseiro dos

    irmos Abreu ao violo? (MOLINA JUNIOR, 2012b, p.1)

    Contudo,sejaloquetenhaincitadoessaexperinciaesttica

    quecertamentenosretiroudamesmicequotidianadenossos

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    afazeres, deixando-nosespantadosdiante densmesmos, de

    nossa condio humana, de nossomundo e, portanto, como

    algoquedeixoumarcasereferncias.(MOLINAJUNIOR,2012b)

    Assim, podemos entender que essas fortes experincias

    estticas se mostram realmente intrigantes. E nesse sentido

    almejamos,comessematerial,nosaproximardefundamentos

    filosficos emusicais que nosmotivem a sempre buscar por

    uma postura consciente e reflexiva frente apreciao e esttica musical. Um assunto fascinante e que se mostra

    realmenteinesgotvel.

    Boasleituras,reflexeseapreciaes!

    Prof.Ms.CelsoGomes.

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    Metas

    Estudar os princpios e mtodos da esttica na anlise e

    vivnciadosaspectossubjetivoseobjetivosdaexperinciada

    apreciao musical relacionados a outras formas de arte e a

    outros campos de conhecimento, como histrico, religioso,cientficoefilosfico.

    Objetivos Gerais

    Construir fundamentos subjetivos no sentido de desenvolver

    uma postura consciente e reflexiva atravs da apreciao de

    obras dos principais perodos estticos da msica erudita

    ocidentaletraandoparaleloscomamsicapopularbrasileira

    eamericana.

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    Objetivos Especficos

    Identificar fundamentos influenciadores que o pensamento

    filosficofrenteestticadaGrciaAntigaexerceunaculturada

    IdadeMdiaeosperodossubsequentesataatualidade.

    Distinguirapresenadanecessidadedoestudodaestticana

    IdadeMdiaatravsdeleiturasedeapreciaesanalticasde

    exemplosdecantogregorianoeorganum.

    Analisar, no Renascimento, pela unio terica do Belo com a

    Arte,oquegeraabelezaartsticaatravsdeexemplosmusicais

    comapresenadeconstruescontrapontsticas.

    Compreender a perspectiva do Belo, como domnio da

    sensibilidade,imediatamenterelacionadocomapercepo,os

    sentimentos e a imaginao, que Baumgarten incorporou ao

    contedo do pensamento esttico atravs de leituras e

    apreciaesanalticasdeexemplosdeformasrond,binriase

    sonatasdosperodosBarrocoeClssico.

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    Conjugar apreciaes analticas de exemplos musicais em

    formaternriadoperodoromnticocomaconcepoKantiana

    de experincia esttica atravs da unio das principais

    tendncias de se pensar a experincia esttica, ou seja, as

    tendnciassubjetivaeobjetiva.

    SobaconcepodefenomenologiadeMerleau-Ponty,conjugar

    relaesentrecorpo(movimento)eoscernessignificativosno

    sentido de se ultrapassar e transfigurar os sons, dentro do

    contextomusicaldoinciodosculoXXedaeducaomusical,

    afimdesecomprovarpelaexistnciadoqueseentendepor

    linguagemmusical.

    Validar a aproximao entre caractersticas presentes em

    msicasatonaiscomadialticanegativadeAdorno,afimdese

    estabelecerfundamentosparaaapreciaodepeassobesta

    perspectivaesttica.

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    INTRODUO

    Para iniciarmos nossas reflexes sobre os temas principais

    deste texto, que tal buscarmos as definies desses? Ento

    vamosl!

    Esttica um termo que vem da palavra grega

    (aisthsis),equesignificapercepoousensao.Tratadobeloemgeraledosentimentoqueeledespertaemns.Aestticase

    mostra presente nos textos de grandes filsofos da Grcia

    antiga.Conceitoscomoaarte,abeleza,aformaeaexperincia

    esttica se apresentaram e foram discutidos em obras

    filosficasmaisgeraisqueapenasnocampodaarte.Contudo,

    foiapenasnosculoXVIIIqueseteveaestticacomoumarea

    autnoma de estudos. Foi o filsofo alemo Alexander

    Baumgarten (1714-1762) quem fundou essa rea de estudos

    com a sua obra escrita em latim, em 1750, denominada por

    Aesthetica.

    Peter Abbs v a experincia esttica como aqueles encontros

    que so altamente memorveis ou irresistivelmente afetivos.

    Assim, Swanwick (2003) mostra que se levarmos em conta a

    viso de que existe uma espcie particular de experincia

    chamada de esttica, ento estaremos, provavelmente,

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    colocando todasas artes juntas emumacategoria geral.No

    obstante, Abbs (1994, p. 92) defende a ideia de uma

    comunidade genrica das artes e que possui trs

    caractersticas que a distingue de outras reas da atividade

    humana.

    Tendo em vista essas afirmaes de Abbs, podemos ainda

    questionar,deformaconsonanteSwanwick(2003,p.20),que

    essastrsnosocaractersticasestticasapenasaplicveisao

    campoartstico,mas,sim,pormuitasoutrasformasdediscurso

    simblicohumano,pois:

    1

    Todas as artes criam formas expressivas de vida.

    2

    Todos os seus significados dependem, sobretudo, desuas construes formais e no podem ser extradosou traduzidos sem uma perda significativa.

    3

    Requerem no uma resposta crtica, mas uma

    resposta esttica uma resposta por meio dossentimentos, dos sentidos e da imaginao.

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    Existe ainda uma dificuldade relacionada ao fato deque a experincia esttica , muitas vezes,concebida como incluindo a apreciao defenmenos artsticos. O jogo de luz na gua, umpr-do-sol dourado, um passe delicado num jogo debola, um experimento elegante, um argumentoardiloso todos eles podem ser qualificados comoestticos. (SWANWICK, 2003, p. 20)

    No entanto, no conjunto do ensino da esttica, muito raro

    encontrar autores que examinem os conceitos no campo daMsica, pois, de modo geral, nas artes plsticas que essas

    investigaessorealizadas.Aconsequnciadessefato,caso

    noseja o total desconhecimento sobreoqueseja a esttica

    musical, o conjunto de ideias errneas ou mesmo a

    desconfiana de que seja possvel haver alguma discusso

    estticacomrelaomsica.(TOMAS,2005)

    H de se destacar, contudo, que a esttica pode ser

    contextualizada msica de forma correlacionada histria

    geralemseusaspectosreligiososecientficos,bemcomocom

    a histria da filosofia. A esttica se faz presente no campo

    musical principalmenteno desenrolarda histria damsicae

    suaproximidadecomahistriadafilosofia(c.sculoVIa.C),a

    qualseestendeatosdiasatuais.

    Partilhando do ponto de vista do musiclogo alemoCarl Dahlhaus, considera-se tambm que no hefetivamente uma separao entre a Histria da

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    Msica e a valorao esttica da prpria Msica,pois os julgamentos realizados, bem como toda aatividade musical, so sustentados porpressupostos esttico-filosficos. Assim, a EstticaMusical no to-somente um campo que serestringe ao estudo comparativo e cronolgico deobras, de gneros musicais, ou mesmo dashistrias da Filosofia e da Msica; ela uma reaque prope uma interpretao histrica dosproblemas da Esttica Musical, valendo-se paratanto, de todo o campo de escritos possveis sobrea msica (trabalhos tericos e analticos, crticamusical, escritos dos compositores, textosfilosficos, cientficos, literrios, sociolgicos,

    biogrficos, entre outros), buscando criar umcampo intermedirio e tradutor entre a Histriada Msica e a Histria da Filosofia. (TOMAS, 2005,p. 7)

    Masento,oquepodemosentenderporEstticaMusicaleo

    que esse campo de conhecimento pode nos adicionar em

    nossaprticaapreciativa?Pois a respostaaesta indagao

    que se pretende suscitar com a leitura deste material e

    apreciaesdeobrasmusicais.

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    Grcia Antiga

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    Objetivo

    Ao final dessa unidade, voc dever ser capaz de

    identificar fundamentos influenciadores que o

    pensamento filosfico frente esttica da Grcia Antiga

    exerceu na cultura da Idade Mdia e os perodos

    subsequentes at a atualidade. Tendo em vista a

    questo anteriormente levantada e que se refere ao que

    podemos entender por esttica musical, vale nos

    direcionarmos ao pensamento do musiclogo italiano

    Enrico Fubini, ao considerar que:

    Compete ao historiador descobrir o

    desenvolvimento, o caminho e o significado dareflexo sobre o fenmeno musical. Seria absurdoestabelecer aprioristicamente as fontes de umasuposta Esttica Musical, ou seja, decidir quemest legitimamente autorizado para falar de msica.Chegaram at ns reflexes procedentes tanto dematemticos, filsofos ou escritores, como demsicos, crticos, etc.; e no casual que a Msicatenha sido levada em considerao por categoriasto dspares de estudiosos. (FUBINI, 1997, p.26-7)

    Entretanto,caraleitoraecaroleitor,vamoshistria!

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    Historicamente, a esttica surge na antiguidade, mais

    precisamenteatravsdePlato,AristtelesePlotino.Aesttica,

    nessa poca, se mostrava indissocivel da lgica e da tica.

    Assim,aessnciadobeloeraobtidadeformaimplcitacomo

    bom, ou seja,pautadosobos valoresmorais.Entoobelo,o

    bomeoverdadeiroformavamumaunidadecomaobracomo

    seobservanafiguraaseguir:

    Scrates

    Foi um dos primeiros a refletir sobre as questes da esttica

    alm de ter sido um dos mais importantes pensadores da

    Obra

    Belo Bom

    Verdadeiro

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    GrciaAntiga.EmseusdilogoscomHpias,pode-seobservar

    uma resistncia aos conceitos, ento tradicionalmente,

    atribudos ao belo. Assim, Scrates evita definir o belo, pois

    julgava-seincapazdeexplicarobeloemsi.

    Plato

    Buscou entender a proporo, a harmonia, e a unio, pois

    entendia que os objetos incorporavam esses critrios. O belo

    para Plato semostrava como umaessncia divina e ideal e

    evidenciado atravsda relao estabelecidaentre oamor ea

    sabedoria. O belo era colocado como absoluto e eterno,

    confinado ao mundo das ideias, associando-se ao bem, verdade,aoimutveleperfeio.

    Para Plato, o belo no dependeria dos objetos e da

    materialidade, pois era a prpria ideia de perfeio. Assim, o

    beloeraentendidocomoalgoplenamentecompletoepassvel

    deserimitadooucopiadopelomundosensvel.

    Para Plato, somente a partir do ideal de belezasuprema que seria possvel emitir um juzo

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    esttico, portanto, definir o que era ou no belo, ouo que conteria maior ou menor beleza. Por estarfora do mundo sensvel, o belo platoniano estseparado tambm da intromisso do julgamentohumano, cujo estado passivo diante do belo.(ESTTICA, 2012, p. 1)

    Com isso, Plato estabeleceu uma unio inseparvel entre o

    belo, a beleza, o saber e o amor e que pode ser vista no

    seguinteesquema:

    Comessaconcepoobelosemostravacomoalgoafimde

    conduzirohomemperfeio.

    belo

    beleza

    amorsaber

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    Assim, esta concepo filosfica permeia, almdaarte grega,

    tambm a ocidental, com momentos histricos de maior ou

    menornfasenofazerartstico,atosculoXVIII.

    Ainda sobre Plato, Fonterrada (2008) destaca que, em

    muitos de seus textos, esse filsofo desenvolve uma ampla

    discusso esttica e tica a respeito da msica. Assim, para

    essepensador,amsicatmgrandeinfluncianocarterdas

    pessoas, e seu objetivo imprimir ritmo, harmonia etemperanaalma.Umobjetivoqueimplicavananecessidade

    do Estadode preservar tal arte em umaposio de liderana

    em relao s outras artes. Acreditava-se ser possvel

    estabelecerestreitasanalogiasentreosmovimentosdaalmae

    as progresses musicais. Assim, o propsito da msica no

    poderiaserapenasadiverso,masaeducaoharmoniosa,a

    perfeiodaalmaeoaquietamentodaspaixes(LANG,apud

    FONTERRADA,2008).

    Alm da relao apontada acreditava-se, tambm,na estreita correspondncia entre sons e fenmenoscsmicos: estaes do ano, ciclos do dia, do Sol e

    da Lua, homem/mulher, morte/renascimento, oque a coloca em relao direta com a magia. Aorigem da msica, compartilhada com a da dana,est presente nos antigos mitos e rituais deencantamento. Originria do Oriente, migrou paraa Europa e atingiu sua culminncia na doutrinagrega do thos, que explica a influncia da msica

    na formao do carter humano, bem como o papel

    dominante que lhe conferido no sistema

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    educacional e poltico, sendo difcil encontrar outrapoca em que a msica tenha ocupado um lugarto preponderante na vida mental e espiritual deuma nao quanto na Grcia clssica.(FONTERRADA, 2008, p. 28)

    NosPlatocontemplaamsicaemseustextos;Aristteles

    tambmse posiciona a respeito, questionando seupoder e a

    necessidadedeconstardosprogramaseducacionaisdapoca.

    Assim, Lang, apud Fonterrada (2008) nos mostra que tal

    pensador, que veremos mais detalhadamente a seguir,reconhece a influncia damsica sobre os desejos humanos

    pormeiodoconceitodeimitao,pois,paraele,amsicaimita

    aspaixeseosestadosdaalma.

    Aristteles

    AocontrriodeseumestrePlato,concebeuobelotendocomo

    pontodepartidaarealidadesensvel.Obelodeixadeseralgo

    abstratoparasetornarconcreto,materializando-se.Abeleza,no

    pensamentoaristotlico,semostracomoalgoquepodeevoluir,

    ou seja, no mais imutvel, nem eterna, como anteriormente

    entendida.

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    NasuaobraPotica,Aristtelesentendeaarteenquantoposis.

    Algoqueimitaanaturezajquesignificaconstruoapartirdo

    nada.Assimcomoanaturezacriaapartirdonada,aartetem

    como ponto de partida a ideia (imaginao), que abstrata,

    concretizando-sequandosetornareal.Assim,Engelmann(2008,

    p.32)destacaque,paraestefilsofo,a:

    (...) outra forma de imitao da natureza amimese, que, para Aristteles, se d a partir da

    relao entre a natureza e a arte prtica. nosentido de cpia ou reproduo exata e fiel que apalavra mimese passa a ser adotada pela teorianaturalista. A mimese a semelhana da obra dearte com a natureza. O artista, em seu processo decriao, imita a natureza, conferindo-lhe sentido.Enfim, a criao artstica consiste em representar arealidade com o uso da imaginao e a observaode regras e preceitos.

    Nessesentido,Aristtelesmostra-secomooprimeiroapropora

    ruptura do belo com a perfeio. Traz o belo para a esfera

    mundana,colocaacriaoartsticasobagidehumana,oque

    quer dizer que est j no mais se apresenta separada do

    homem,masintrnsecaaele.

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    O belo aristotlico segue critrios de simetria, composio,

    ordenao, proposio, equilbrio e, nesse sentido, confere-se

    aoartistaapossibilidadedeindividuao.

    Com todas essas consideraes destacadas anteriormente e

    agora falando mais especificamente sobre a apreciao,

    podemosentenderqueestasignificaoatoouefeitodeapreciar,

    conceitualizar,julgar,analisar,darapreo,avaliar,considerar...

    Assim,apreciaopode ser entendidacomo nos apresenta o

    seguinteesquema:

    Apreciao

    Apreo

    Ao

    ato de darapreo

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    Podemosentender,dessemodo,queapreciaoeestticaso

    dois termos inter-relacionados, j que a esttica estuda os

    motivose causas da ao de darmos apreo ao belo.O que

    quer dizer que se necessita da apreciao para que seja

    possveloestudodaesttica.

    No obstante, com as prximas unidades deste material

    objetivamos vivenciar a esttica atravs da leitura e da

    apreciao.Visamosestudar,mesmoquedeformaintrodutria,pelos princpios emtodos oriundos da esttica aplicados na

    anlise e vivncia dos aspectos subjetivos e objetivos da

    experinciadaapreciaomusicalerelatossobreamsicaem

    diversoseimportantesperodosdahistriaocidental.

    AmsicanaGrciaantigasemostravacomoalgomuito

    mais do que apenas um fenmeno sonoro perceptvel

    sensorialmente. Sabemos hoje que a msica tinha muitas

    conexescomoutroscamposdosaber,contudo:

    extremamente problemtico reconstruir opensamento grego em torno da msica referente ao

    perodo arcaico, ou seja, desde os tempos

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    homricos at os sculos VI e V antes de Cristofaltam fontes diretas e os testemunhos so quase

    todos de pocas tardias. bastante difcil ainda,

    distinguir, por um lado, o dado histrico e, poroutro, os mitos e lendas dentro do conjunto denotcias que se transmitiu. (FUBINI, 1997, p. 31)

    Todavia,Tomas(2005,p.13)afirmaque,emlinhasgerais

    nesse perodo, a msica se mostrava complexamente ligada

    comamedicina,apsicologia, atica, areligio,a filosofiaeavidasocial.

    Figura 1 - Lio de msica com liras. Cermica do sculo VI a.C.(domnio pblico)

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    Ainda Tomas (2005, p. 14) destaca que se tem notcias

    sobre as variadas funes e significados da msica na

    sociedade grega.Tais funese significadosso encontrados

    em diversas narrativas mitolgicas e esto associadas aos

    personagens Orfeu, Marsias, Dioniso e Apolo. Na literatura,

    encontram-serelatosem:

    Aqui vale destacar tambm o relato bem representativo nadocumentaomusical da Antiguidade de Enrico Fubini apud

    Tomas(2005,p.17).Umrelatoquesepropeaesclarecercomo

    eraentendidaarelaoentreamsicaeosestadosdaalma.

    Segundotalrelato:

    Sculo IX a.C.em Iladae

    Odisseia.

    Homero

    Sculo VIIIa.C. emTeogoniae Os

    trabalhoseOs dias.

    Hesodo

    comoEurpedes,SfoclesAristfanes.

    Nastragdias

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    (...) alguns jovens embriagados pelo vinho eexcitados pela melodia de uma flauta, tentavamentrar a fora na casa de uma mulher ilustre ereputada por sua conduta irrepreensvel. Nessemomento, Pitgoras (ou Damo h uma variaoquanto ao personagem central da narrativa), quepassava ocasionalmente por ali, ordenou aoflautista que executasse uma melodia em frgio(modo utilizado nas cerimnias religiosas). Ao ouvirtal melodia, os jovens mudaram completamente suaatitude, deixando imediatamente o comportamentodesordenado para assumirem uma postura solene ereligiosa. (FUBINI, 1997, p.53)

    Assim, a partir desse episdio, conclui-se que, segundo este

    pontodevista,amsicanaGrciaeravistanoscomoalgo

    queproporcionavaoeducardoesprito,mastambmeracapaz

    decorrigirmsinclinaes.Entende-se,assim,queamsicana

    GrciaAntigasepropunhaaimitarumadeterminadavirtudee

    quando escutada eliminava o vcio ou inclinao que a

    antecedeu.

    Assim, pode-se entender que, como Plato, Aristteles

    tambmacreditavaqueamsicamoldavaocarterdohomem,

    oque,essencialmente,estevidentenadoutrinadothos.

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    Essa a razo de o modo drico ser o preferido naeducao dos jovens, pois, segundo aqueladoutrina, propicia equilbrio e fora moral,importantes para a formao do cidado e ofortalecimento da plis. A doutrina deriva-se dopensamento de Pitgoras, que concebe a msicacomo um sistema de sons e ritmos regido pelasmesmas leis matemticas que operam na criao.Infelizmente, mantiveram-se os textos a respeito,mas no a msica. No entanto, apesar dessalacuna, impossvel afirmar que, entre os gregos, amsica vista sobretudo onde duas maneiras, uma

    que a concebe como regida por leis matemticasuniversais e outra que acredita que seu poderemana da relao estreita entre ela e ossentimentos - thos. (FONTERRADA, 2008, p. 28)

    Pitgoras

    Tomas (2005) denota que se tm indcios de quePitgoras(sculoVIa.C)apontadocomooprimeirofilsofoa

    organizar aquilo que,posteriormente,sechamamosem linhas

    gerais,deteoriamusical,apesardosdadoscontraditriosque

    envolvemestepersonagem.

    EssesdadoscontraditriossobrePitgorassodevidoaofato

    denohavernenhumrelatoescritoporseuprpriopunho,pois

    o que se tm so materiais de natureza secundria. Esses

    materiaissorelatosde:

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    autorescontemporneosaPitgorascomoHerdoto,Herclito

    eXenfanes;autoresqueteriamsidoalunosouseguidoresde

    suas doutrinas, denominados pitagricos; ou autores

    posteriores,pitagricosouno.

    Nesse sentido, Pitgoras aparece na Idade Mdia, no

    perodo Barroco e mesmo no sculo XX como referncia a

    escritossobreamsicaeateoriadesta.Issoindicaquesuas

    teorias cumprem papel de sustentar e comprovar ideias, ao

    longodahistria.

    O principal filsofo pitagrico e o que se tem o maior

    nmero de fragmentos autnticos, Filolau (470-390 a.c.) deixa

    transpareceremsuaobraoduploaspectoqueatravessatodaa

    filosofia pitagrica, ou seja, o aspecto filosfico-cientfico e o

    religiosodesuadoutrina,osquais,quandoatribudosmsica,

    eraminseparveis,poiseramarticuladosemconjunto.

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    Mas pode-se ver a natureza do nmero e suapotncia em atividade, no s nas (coisas)sobrenaturais e divinas, mas ainda em todos osatos e palavras humanos, em qualquer parte, emtodas as produes tcnicas e na msica. (FILAUapud FUBINI, 1997, p.15)

    Figura 2 - Representaode Pitgoras e Filolau no tratadode Pranchino Gaflurio, Theorica

    usicae.(Domnio pblico)

    Figura 3 - Busto di Pi tagora. Copiaromana di originale greco. Musei

    Capitolini, Roma. (Domnio pblico)

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    Mousikera o termogregoparamsica e compreendia uma

    diversidade de aes que se integravam em uma nica

    manifestao, pois o estudar msica na Grcia consistia

    tambmem estudar vrias coisas como se pode observar na

    representaoaseguir:

    Estudarmsica na

    Grciaantiga

    estudar apoesia;

    estudar adana.

    estudar aginstica;

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    Podemos entender que esses campos compunham o

    estudodamsica,comomostraTomas (2005)ao afirmarque

    esses no eram entendidos como reas especficas, com

    sabereseatuaesprprios,talcomoseobservaatualmente.

    Assim, essas reas na Grcia Antiga eram entendidas

    simultaneamenteedeformaequivalente,ouseja,todasessas

    reas,quandorelacionadascomamsica,tinhamimportncia

    semaexistnciadeumahierarquiaentreelas.

    Como se observa at aqui neste texto e como destaca

    Fonterrada(2008),podemosperceberqueabuscadovalorda

    msica bem como da educao musical se inicia na Grcia.

    Algo que sempre tem sido, para o Ocidente, uma forte

    referncia,poisacinciadevemuitoaospensadoresgregos.

    Nesse contexto, era grande o valor atribudo msica, pois acreditava-se que ela colaborava naformao do carter e da cidadania. As canes nopodiam ofender o esprito da comunidade, masdeviam exaltar a terra natal. Os cantos conferiamaos jovens um senso de ordem, dignidade,obedincia s leis, alm da capacidade para tomardecises. Por esse motivo, o modo preferido emEsparta era o drico, que evocava equilbrio,simplicidade e temperana. (FONTERRADA, 2008,p.26)

    Noobstante,seobserva,aindadeacordocomaautora

    anteriormentecitada,queovaloratribudomsicanaGrcia

    antiga era extramusical, isto , seuexerccio contribua parao

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    msica desse perodo no pode ser apreciada, estudada e

    compreendidacomoaconteceucomaarquiteturaeaescultura,

    asquaissetmgrandenmerodeexemplarespreservadosat

    osdiasatuais...

    O que hoje subsiste da msica daquela poca souma multiplicidade de referncias literrias,inmeras representaes visuais de msicos em

    ao com seus instrumentos, e um sistema terico,mas das obras propriamente ditas, resta apenasum punhado de fragmentos com notao, cujodeciframento exato ainda objeto de controvrsia.(MSICA DA GRCIA ANTIGA, 2012, p. 1)

    Contudo,hdesedestacarqueamsicagregadessapoca

    exerceuinflunciasignificativanaculturaromana,naculturada

    Idade Mdia e nos perodos subsequentes at a atualidade.

    Uma influncia que se deu principalmente com o pensar

    esttico, como a teoria, com modos e outras caractersticas

    comoveremosnasunidadesseguintes.

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    Idade mdia

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    Objetivos

    Ao final dessa unidade, voc dever ser capaz de

    distinguirapresenadanecessidadedoestudodaestticana

    IdadeMdiaatravsdeleiturasedeapreciaesanalticasde

    exemplosdecantogregorianoeorganum.

    Estabelecer fundamentos para a escuta consciente e

    reflexivaatravsdaapreciaodeobraspresentenesteperodo

    estticodamsicaeruditaocidentaltraandoparaleloscoma

    msicapopularbrasileiraeamericana.

    AIdadeMdiaumperododahistriadaEuropaque,

    frequentemente, se enquadra entre os sculos V e XV. o

    perodointermedirioentreaAntiguidadeeaIdadeModerna.

    ComofinaldaAntiguidadeeinciodaIdadeMdia,osprimeiros

    textos1realizadospelosprimeirospadresdaigrejacatlica,ea

    filosofia da Roma pag, marcam o pensamento ocidental de

    ento; um pensamento que faz emergir questes, tais como

    Toms(2005,p.31)destaca:

    1O conjunto destes escritos se chama Patrstica

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    Observa-se outro conflito vivido perante a experincia

    sonora nessa poca,algo quepodemosperceber nosdizeres

    deSantoAgostinhoaodestacarquenesteperodo:

    A msica a arte do movimento ordenado. E se

    pode dizer que tem movimento ordenado tudo

    aquilo que se move harmoniosamente, guardadas

    as propores de tempo e intervalo (com efeito,

    deleita e por esta razo se pode denominar

    modulao sem inconveniente algum); mas pode

    ocorrer, por outro lado, que esta harmonia e

    proporo causem deleite quando no necessrio.

    Por exemplo, se algum que canta com voz muito

    doce e dana com graa quer com isso provocar a

    diverso quando a situao reclama seriedade, no

    emprega bem, certamente, a modulao

    harmoniosa; ou seja, pode afirmar-se que tal

    artista emprega mal, ou seja, inconvenientemente,

    esse movimento, que em si bom pelo fato de ser

    harmonioso. Pois preciso considerar que a

    modulao prpria de todo cantor, desde que no

    se equivoque nas medidas das palavras e dos sons;

    mas a boa modulao pertence a esta disciplina

    liberal, ou seja, Msica. (AGOSTINHO apud

    TOMS, 2005, p. 36)

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    thos2, principalmente na premissa de que para cada modo

    musicalhaveriaumcarter.

    Assim, tinham-se oito modos eclesisticos (oktoechos),

    que foram catalogados pelo Papa Gregrio (590-604) e que

    foram renomeados nos sculos IX e X, como se observa no

    quadroaseguir:

    2A palavra ethostem origem grega e significa valores, tica, hbitose harmonia. o "conjunto de hbitos e aes que visam o bem comum dedeterminada comunidade". Ainda mais especificamente, a palavra ethossignificava para os gregos antigos a morada do homem, isto , a natureza.

    Sc.VI-VII Sc.IX-X Modo Finalis Confinalis

    Protus

    autnticoDrico

    R L

    Protus

    plagal

    Hipodrico

    R F

    Deuterus

    autnticoFrgio

    Mi (Si)D

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    De forma simplificada, podemos entender que, nos

    Modos Gregorianos, a finalis, como destacado no quadro

    anterior,eraumanotanaqualamelodiatinhaseurepousoe,

    portanto,usadacomofinaldetrechooudaprpriamsica.

    Deuterus

    plagalHipofrgio

    Mi L

    Tritus

    autnticoLdio

    F D

    Tritus

    plagalHipoldio

    F L

    Tetrardus

    autnticoMixoldio

    Sol R

    Tetrardus

    plagalHipomixoldio

    Sol (Si)D

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    Outra nota importante que tambm est destacada no

    quadroanteriorachamadaconfinalis(tambmchamadade

    nota tenor ou dominante), que era a nota sobre a qual havia

    muitainsistnciaduranteamelodiaeindicavaanecessidadede

    continuidade,poistinhaumafunodenotarecitante.

    A confinalis, no modo autntico, podia ser encontrada

    umaquintaacimadafinalis,excetonocasodomodofrgioque

    fugiaaestaregraemrazodotrtonoentreSieF,emquesefazia necessria a utilizao do D como confinalis do modo

    frgio.Nosmodosplagais,aconfinalisestumateraabaixoda

    confinalis do modo autntico correspondente, com exceo

    tambmseforSi,poisestasersubstitudaporD.

    Geralmente, os modos autnticos eram usados emocasiesfestivas,devidoaseucartermaisintenso;eosmodos

    plagais,eramutilizadospara reflexoepenitncia, por possuir

    umcartermaisameno.

    Acaractersticaprincipaldamsicamodalapresena

    constantedafinalis,aqual,decertaforma,nuncarealmenteabandonada:

    (...) a msica modal gira em torno do centro. Assim,

    a msica modal pura no tem "harmonia" - no

    sentido de trades e de funes harmnicas. Essa

    presena do centro dota esse tipo de msica de

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    uma caracterstica "hipntica", que faz com que ela

    geralmente aparea ligada a algum tipo de ritual:

    realmente, a msica da Antiguidade e a do perodo

    medieval no so independentes de cultos, festas,

    solenidades e funes religiosas.(MOLINA JUNIOR,

    2012a, p.1)

    Ainda como destacaMolina Junior (2012a), podemos chamar

    tambm de "modais" as msicas orientais, africanas e

    americanastradicionais.

    Embora tais msicas no utilizem os modos

    diatnicos que ns ocidentais utilizamos, elas

    continuaram, at pouco tempo atrs - e continuam

    ainda em certos lugares - presentes em cerimnias

    ritualsticas, jamais assumindo os riscos estticos

    proporcionados pela harmonia tonal das trades

    maiores e menores. Estruturalmente, h uma forte

    tendncia pentatnica nas msicas africanas, do

    Extremo Oriente e dos ndios americanos, e uma

    tendncia para a utilizao de escalas com mais

    sons do que a nossa na ndia e no MdioOriente.(MOLINA JUNIOR, 2012a, p.1)

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    Figura 5 - Ilustrao da "Mo Guidoniana" em um tratado de 1274.

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    Ser que podemos encontrar elementos do modalismo na

    msica popular e no folclore brasileiro? Ento que tal

    pesquisarmos repente nordestino tocado com violas? Para

    isso sugerimos comear pelo link abaixo e depois que se

    busque por vdeos e udios na internet com exemplos dessa

    tradio folclrica brasileira, cuja origem remonta aos

    trovadoresmedievais:

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Repente

    Equandopercebemosautilizaodemodosnamsica

    popular,serqueestamosfalandodeumamsicatotalmente

    modal?MolinaJunioresclareceque:

    (...) quando falamos de utilizao dos modos na

    msica popular ou erudita no sculo XX, no

    estamos falando de um modalismo total, mas de

    uma fuso entre modalismo e tonalismo.

    Explicando melhor: quando um guitarrista

    improvisa sobre o modo drico, ele est usando

    trades, ele pensa em acordes. Esses acordes sero

    maiores ou menores - menores, se ele estiver

    pensando em drico - e, sendo maiores ou menores,

    caracterizam uma msica tonal, por mais extica

    que ela possa ser. Assim, quando falamos em

    modalismo no sculo XX - e passamos a falar muito

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Repentehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Repentehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Repente
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    Surgida no sculo IX, esse tipo de msica polifnica,

    atingiuoaugecomposicionaledeutilizaonosculoXIIIpor

    meiodaescoladeNotreDame(ScholaCantorum),emParis.

    A partir do sculo XIV, com a recm teorizada ars nova, o

    Organumpassaafazerpartedaentochamadaarsantiqua.

    A Ars nova, que significa arte ou tcnica nova, se refere,

    inicialmente,aumnovomtododenotaomusical.Contudo,

    com essaars nova notandi (nova tcnica de notao) e suas

    grandesfacilidadesdeescrita,foipossvelodesenvolvimentode

    todoumnovoestilomusical,queacabouporreceberomesmonome. Um estilo que se fez presente no sculo XIV,

    especialmente na Frana e na Itlia, algo que,

    consequentemente,fezcomoqueatcnicanotacionaleoestilo

    do perodo precedente fossem conhecidos como Ars antiqua

    (arteantiga).

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    Renascimento

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    Porvoltadoanode1300,aculturaintelectualeuropeiapassava

    porumprocessodeprofundamudana.Umamudanaquese

    observa desde os sculos XII-XIII, nos quais, segundo Toms

    (2005,p.49):

    (...) o mundo latino estreitara o contato com afilosofia judaica e rabe, as quais preservaram asobras gregas nos sculos em que o mundo cristose fixou em firmar sua doutrina e combater as

    heresias. As tradues latinas do rabe e do grego

    provenientes de Toledo (Espanha), o maior centrode tradues poca, fomentaram um interesseprofissional no campo da filosofia e das cincias,pois foi atravs destes escritos que o mundoocidental tomava contato, pela primeira vez, comvrias obras de Aristteles, bem como de outros

    filsofos gregos e literatos gregos e latinos.

    OsinteressesrenascentistaspelaAntiguidadesediferiam

    dosmedievais,namedidaemquenopretendiamsubordinaro

    conhecimento a princpios religiosos ou teolgicos. Como

    destaca Toms (2005, p. 49), mesmo no indo contra o

    cristianismo, eles conseguiram recuperar a tradio da

    sabedoria secular, expandindo e melhorando o campo

    cientfico,assimcomoosestudosliterrios.

    Mesmo com a introduo de questes de ordem prtica na

    discussosobreamsica,aprimeirametadedoRenascimento

    ainda tributria do pensamento medieval, pois sua teoria,

    racionalmente elaborada, complexa e abstrata, e

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    consequentemente sua esttica, erammaisprximasdaviso

    damsicacomocinciadoquecomoarte.

    Assim, desde a IdadeMdia, as artes liberais se dividiam em

    doisgrupos:

    ArtesLibe

    rais

    trivium

    gramtica

    retrica

    dialtica

    quadrivium

    aritmtica

    geometria

    MSICA

    astronomia

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    ApesardamsicadesdeaIdadeMdiaserconsiderada

    noconjuntodasdisciplinasmatemticasepoderserestudada

    apenas em um nvel terico, abstrato, o desenvolvimento das

    questes de ordem prtica trouxeram tona uma discusso

    queforanegligenciada,porsertratadapormuitotempocomo

    irrelevante.

    (...) mesmo que a msica utilize um instrumental

    matemtico para a sua feitura, ela no pode serapenas considerada como uma cincia puramente

    matemtica, na medida em que ela compartilha

    duas disciplinas: a aritmtica, para a proporo

    dos intervalos, da notao, do ritmo, entre outros, e

    a fsica (a acstica), pela aplicao de princpios

    matemticos a uma matria fsica ou natural.

    Parece ter sido Toms de Aquino o primeiro autilizar o termo scientia mediae (cincia mdia)

    relacionado msica. (TOMS, 2005, p. 52)

    Podemos entender ainda, em consonncia a Toms

    (2005,p.50),queaparteespeculativa,essencialmentetericaepormuitasvezesafastadadarealidademusical(aharmoniado

    cosmos),comeaaseaproximardessaprticaetrazerparaseu

    campo de investigao, questes mais voltadas para as

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    composiesvocaiseinstrumentaiseparaaharmoniacriada

    pelapesquisahumana.

    Noquese referemsica,Toms(2005,p.50)destacaqueo

    inciodosculoXIVtambmfoimarcadoportransformaes:

    A polmica em torno da Ars Nova e a postura

    conservadora adotada pela Igreja ante as inovaes

    tcnicas, culturais e estilsticas, estimularam tanto

    os tericos como os filsofos da msica a revisaremseus pressupostos, desde muito cristalizados.

    (TOMS, 2005, p. 50)

    Dentro desse intento, mesmo que lento, em quebrar

    paradigmas medievais, pode-se destacar o tratamento das

    vozes,naorquestraoenaconsolidaodosgneroseformas

    puramenteinstrumentaiscomoassutesdedanasparabailes.

    Dentro desse intento, mesmo que lento, em quebrar

    paradigmas medievais, pode-se destacar algumas

    transformaesnaparteestruturaldacomposioenocampo

    daharmonia,consecutivamentedestacadosaseguir:

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    Assim,observa-sequeatcnicacomposicionaldocanto

    gregoriano do perodo medieval abandonada em favor de

    umaescrita onde as vozes so tratadasdemaneira cada vez

    maisequilibrada.

    a da nfase horizontal para a nfasevertical e

    a transformao do universo modal para otonal.

    No incio da Renascena observa-se a presenamoderada nas msicas:

    do movimentoparalelo entre

    melodias,

    de raros

    acidentes

    mas com apresena

    comum de

    dissonnciasduras

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    ComodestacaFonterrada(2008),aRenascenafoiaera

    dohumanismo,dadescobertadomundoedohomem.Assim,o

    queacaracterizatalperodo:

    (...) o rompimento de fronteiras, tanto geogrficasquanto as que se referem ao conhecimentohumano, conduzindo a um estudo renovado dasformas e arte. De acordo com o historiador HenryLang, humanismo e Renascena so termosintercambiveis, e o cultivo dos clssicos a marcada arte do perodo (1941, p.169). Nesse retorno aos

    clssicos, a msica recebeu ateno destacada. Aolado da abertura de fronteiras, havia uma buscaconstante por unidade, traduzida, na msica, pelasimultaneidade das vozes, que corresponde, nasartes visuais, perspectiva. (FONTERRADA, 2008,p. 40)

    Ouvido e olho compartilhavam de uma percepo das

    proporesentreaspartes,algoquelevouharmonia,Assim,a

    estticaerabaseadanaproporo,narelaoentreespaose

    nasimetria.

    O espao era simultneo tanto nas cincias quantonas mas de expresso artstica. Essa concepo deproporcionalidade no era conhecida no perodogtico; a harmonia, considerada essncia da beleza,era quantitativa e baseava-se em medidas e

    propores resultantes da observao da natureza.O desejo de ressuscitar a msica da Antiguidadeclssica evidente na importncia conferida aotexto, na preponderncia do ritmo das palavras ena organizao da linha meldica. As artescontinuavam dependentes da literatura e sua fonteera a poesia clssica. (FONTERRADA, 2008, p. 40)

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    Nessa perspectiva, destaca-se a tcnica composicional

    chamada de contraponto e que neste perodo j semostrava

    comoalgoconsolidado.

    Contraponto

    Ocontrapontoumatcnicadecomposioondeduas

    ou mais melodias so compostas levando-se em conta,

    simultaneamente,operfilmeldicodecadamelodia,bemcomo

    oefeitointervalar(harmnico)oriundodasobreposiodecada

    linhameldica.

    Essa tcnica tem em sua origem o propsito de traduzir em

    msicaafreligiosa,refletindoaeternabuscadeDeusatravs

    damsica.

    Otermoorigina-sedolatim punctoscontrapuntum(nota

    contranota)esurgenapocaemqueocantogregorianoou

    cantocho comeou a ser substitudo nas igrejas pelo canto

    commaisdoqueumalinhameldica(voz).Foicriadocomo

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    propsitodetraduziremmsicaafreligiosa,refletindoaeterna

    buscadeDeusatravsdamsica.(CONTRAPONTO MSICA,

    2011)

    Nocontraponto,ofocoprimeiroainteraomeldica,e

    em segunda instncia, tm-se os efeitos harmnicos gerados

    quando linhas meldicas soam concomitantemente. Assim,

    conclui-seque,paraacriaodatexturasonoranaperspectiva

    do contraponto, os aspectos harmnicos so consideradossecundrios,oquequerdizerqueanfasecomposicionalest

    mais na horizontalidade (melodia) e menos na verticalidade

    (harmonia).Entretanto,hdeseressaltarqueumaseparao

    porcompletaentreharmoniaecontrapontonopossvel,pois

    no h como se compor melodias simultneas sem produzir

    harmonia, bem como no h de se compor harmonia sem a

    atividadelinear.

    Vale destacar, ainda segundo Fonterrada (2008), que

    mesmocomapresenadocontrapontonessapocaeapesar

    da escuta simultnea ser atribuda a um perodo posterior

    (sculoXVII),quandoaharmoniaseestabeleceucomoteoria,,

    desde o sculo XVI, no auge da polifonia renascentista, o

    homemjescutavasimultaneidades.

    (...) tanto que a escrita palestriniana, at hojeutilizada como modelo para o estudo do

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    contraponto do sculo XVI, organiza a convivnciadas vozes em termos de consonncia e dissonncia,em que as consonncias so permitidas emqualquer situao, e as dissonncias, somente sepreparadas e resolvidas. Esse tipo de regulaoindica que o ouvido renascentista j no aceitavasuperposies de melodias sem que estasmantivessem relao entre todas as vozes, nem oestabelecimento de relaes nicas entre cada voz eo tenor, mas no com as outras, como ocorria napolifonia medieval at o sculo XIV. O homem dosculo XVI queria escutar as vozes em combinao,como um todo, isto , em harmonia.(FONTERRADA,2008, p. 41)

    Asfigurasmaisclebresdatcnicacontrapontsticadesta

    poca foram o italiano Giovanni da Palestrina e o flamengo

    OrlandedeLassus.

    OuaaobraSicutcervus,presentenolinkaseguireperceba

    comoPalestrina,comumaescritamelodiosaerica,degrande

    equilbrio formal e nobre expressividade, preserva a

    inteligibilidadedotexto.Umpadroquefoiseguido,nocontexto

    damsicacoral,emtodoocontinenteeuropeudestapoca:

    http://www.youtube.com/watch?v=9mdmco61Htk&list=PL7ACA3C5E038CA2E4&index=1&feature=plpp_video

    http://www.youtube.com/watch?v=9mdmco61Htk&list=PL7ACA3C5E038CA2E4&index=1&feature=plpp_videohttp://www.youtube.com/watch?v=9mdmco61Htk&list=PL7ACA3C5E038CA2E4&index=1&feature=plpp_videohttp://www.youtube.com/watch?v=9mdmco61Htk&list=PL7ACA3C5E038CA2E4&index=1&feature=plpp_videohttp://www.youtube.com/watch?v=9mdmco61Htk&list=PL7ACA3C5E038CA2E4&index=1&feature=plpp_videohttp://www.youtube.com/watch?v=9mdmco61Htk&list=PL7ACA3C5E038CA2E4&index=1&feature=plpp_video
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    Vale destacarqueo contraponto semostrou fortemente

    trabalhadonarenascena,mastambmfoiumatcnicamuito

    praticadatambmnosperodosromntico,barrocoeclssico.

    Nesse sentido, muitos consideram que a arte do contraponto

    atingiuo seuapogeu no perodo posterior a este, ou seja, no

    barroco(tardio)comJohannSebastianBach.

    Ser que podemos encontrar resqucios dessa tcnica de

    contraporvozesnamsicapopular?

    Ento, que tal buscar alguns exemplos de choros e

    prestarmos ateno nos baixos tocados em violo de setecordas (chamado frequentemente debaixaria)? Isso sem falar

    nas bandas americanas de rag time, onde a clarineta e o

    trombone frequentemente desenham melodias que se

    contrapemcomotemaexecutadopelotrompete.

    Paramelhor compreenso do significado das transformaesocorridasnamsicadesseperodo,Fonterrada(2008)chamaa

    ateno para a grande mudana de concepo nas artes

    visuais(Giotto)enaarquiteturadosculoXVI.

    (...) medida que o espao temporal sucessivo dogtico era suplantado pela simultaneidade

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    Barroco/Classicismo

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    Objetivos

    Ao final dessa unidade, voc dever ser capaz de

    compreender perspectiva do Belo, como domnio da

    sensibilidade,imediatamenterelacionadocomapercepo,os

    sentimentos e a imaginao, que Baumgarten incorporou ao

    contedo do pensamento esttico atravs de leituras eapreciaesanalticasdeexemplosdeformasrond,binriase

    sonatasdosperodosBarrocoeClssico;

    Estabelecer fundamentos para a escuta consciente e

    reflexivaatravsdaapreciaodeobraspresentenesteperodo

    estticodamsicaeruditaocidental, traandoparaleloscomamsicapopularbrasileiraeamericana.

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    Nas primeiras dcadas do Iluminismo, tambm

    conhecidocomo'sculodasluzes',duaslinhasdepensamento

    seinstauramnocampodadiscussodaestticamusical.Cada

    uma dessas linhas se polarizavam ou em Rameau ou nos

    filsofosresponsveispelarealizaodaEnrydoPdie.

    Jean-Philippe Rameaufoiumimportantetericoecompositor

    francs, responsvel pela escrita do Trait de

    l'harmonierduitsonprincipenaturel(Tratadode

    harmoniareconduzidoaseuprincpionatural),em

    1722. Um msico racionalista de pensamento

    aninhado a Descartes e que fundamenta seu

    tratado na antiga tradio pitagrica, na viso daharmonia musical explicada atravs dos nmeros e das

    proporesmatemticas.

    SegundoFonterrada(2008),foinosprimeirosdecniosdo

    sculo XVIII, que se destaca a figurade Jean-PhilipeRameau.

    Um compositor epensador que, comsua teoria da harmonia,

    imprimiuumafirmedireoaoentendimentodamsicacomo

    cincia. Uma concepo que rompeu a barreira entre arte e

    razo,sentimentoeverdade,prazerauditivoeimitaoracional

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    danatureza,reinosdistintos.Assim,Rameautratouamsicade

    umpontodevistafsico,matemtico,enfim,cineticamente.

    A msica uma cincia que deve ter regrasdefinidas; estas regras devem ser extradas de umprincpio evidente; e este princpio no pode ser,realmente, conhecido, sem a ajuda da matemtica.No suficiente sentir os efeitos da cincia ou daarte. preciso, tambm, conceituar esses efeitos,para torn-los inteligveis. (RAMEAU apudFONTERRADA, 2008, P. 63)

    Ainda Fonterrada (2008) destaca que Rameau foi umpensador movido por uma exigncia unitria e pelo esprito

    cartesiano, pois a msica para ele cincia, com regras

    estabelecidasebaseadaemprincpiosmatemticos.

    No que Rameau abandone a ideia de imitao danatureza; para ele, a natureza um sistema de leis

    matemticas. Desse modo, afasta-se da esttica deseu tempo, opondo o rigor de sua concepomatemtica aos quadros pastoris da poca. Seuconceito fundamental que, entre razo esentimento, intelecto e sensibilidade, natureza ematemtica, no h contraste, mas perfeitaconcordncia. No basta sentir a msica; precisotorn-la inteligvel, dentro das leis eternas queregem sua construo. Mas a razo s temautoridade se no se afastar da experincia e da

    audio. Como a msica racionalidade pura, tambm a mais universal das linguagens. Asdiferenas entre msicas de diversas naes estono contorno meldico, que depende do gosto,estando, portanto, ligada aos sentimentos. Aharmonia mais importante que a melodia, porquerepresenta o princpio ideal, racional, do qualderivam todas as outras qualidades da msica.(FONTERRADA, 2008, p. 64)

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    na conta de irrelevantes, ou consideradas apenas

    sob o aspecto racional das normas aplicveis ao

    reconhecimento de uma e produo da outra. A

    Esttica de Baumgarten inspirou-se, sobretudo, na

    ideia de que a Beleza e seu reflexo nas artes

    representam uma espcie de conhecimento

    proporcional nossa sensibilidade, confuso e

    inferior ao conhecimento racional, dotado de

    clareza e que tende para a verdade. (NUNES, 1989,

    p. 12)

    No entanto, Toms (2005, p. 82) lembra-nosque o ideal

    iluministavisavaaumaartequecomprometesseohomemem

    sua totalidade enoaquela que se limitasse a provocaruma

    reaoimpulsivaeprazerosaemseupblico.

    Esta arte imediata, hedonista, que afastava o

    homem de qualquer reflexo, era

    institucionalmente aceita na corte e representada

    por um certo tipo de msica instrumental, que

    cumpria um papel acessrio e decorativo em festas,

    jantares e reunies sociais diversas. Nesse sentido,

    a msica instrumental, quando comparada

    msica vocal e operstica, era vista apenas como

    um conjunto de sons simultneos, desconexos e

    alienantes, pois era difcil para um iluminista

    conceber que um pensamento artstico, coerente,

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    engajado e reflexivo pudesse se prestar a uma

    situao to frvola. (TOMS, 2005, p. 82)

    Para ilustrar essa concepo de msica, que tal apreciarmos

    duas peas em forma binria de um compositor do final do

    perodobarroco?

    A Forma binria

    Constitui-sedeumapeamusicalemduaspartes:AeB.

    Acesse o vdeoe aprecie umapea em formabinria de umgrandecompositordoperodoclssico:

    http://www.youtube.com/watch?v=1S0TYtr6kzA

    Muitasvezes,secoBdobinriomaiorqueaparteA.

    Isso sem falar que parte da parteAgeralmente repetida no

    finaldapea.AparteB,muitasvezes,vememumtomdiferente,

    mais frequentementeno tomdadominante, quando aparteA

    http://www.youtube.com/watch?v=1S0TYtr6kzAhttp://www.youtube.com/watch?v=1S0TYtr6kzAhttp://www.youtube.com/watch?v=1S0TYtr6kzA
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    Aquitemosumexemplodemeiacadncia:

    A forma binria redonda no deve ser confundida com

    forma ternria, tambm rotulado ABA e que veremos mais

    adiante.

    Diferenasentreaformabinriaeaternria:

    Adiferena entre as duas que a forma ternria

    segue o padro ABA, a qual a parte B contrasta

    completamentecomomaterialA,talcomoacontece com

    umminuetoetrio.

    Outra importante diferena entre a forma binria

    redonda e a ternria, que na forma binria redonda,

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    quando a parte A volta, normalmente esta contm

    apenasmetadedoperodo integraldaparteAinicial. J

    a formaternriaterminarcomaparteAiteira.

    Muitos exemplos de msicas na forma binria redonda

    soencontradasentreassonatassacrasdeVivaldi,incluindoa

    o primeiromovimento de sua Sonata n 1 para violoncelo ecravo. A seguir, temos um exemplode umMinueto, na forma

    binria redonda, do notvel compositor do final do perodo

    barroco-J.S.Bach:

    http://www.teoria.com/tutorials/forms/binary03.php

    A formas binrias podem ser encontradas na msica popular

    brasileira e no jazz. Ento, que tal analisar o tema damsica

    Garotade Ipanema,de TomJobimeVincius deMoraeseotema damsica Autumn Leaves de Joseph Kosma e Johny

    Mercer, para exercitarmos nossos conhecimentos sobre as

    formasbinrias?Qualdessasbinriaredonda?

    http://www.teoria.com/tutorials/forms/binary03.phphttp://www.teoria.com/tutorials/forms/binary03.php
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    Mas voltando aos nossos estudos por sobre o perodo

    barroco e clssico, vale destacar que foi nestes perodos que

    floresceramasprimeirasdiscussesdecunhoverdadeiramente

    esttico.Discussesquedenotaramdeformantidapelasreais

    posies das linhas de pensamento frente esttica. E desse

    modo, pode-se destacar duas importantes teorias que

    prosperaramnessesperodoshistricoseque,cadaqualaseu

    modo, reafirmaram a esttica barroca que conferiu estatuto

    superior msica ligada literatura ou aos sentimentos, em

    relaomsicapuramenteinstrumental.SoelasaTeoriados

    AfetoseaDoutrinadasFiguras.

    A Teoria dos AfetosA Teoria dos Afetos, surgida no ltimo perodo barroco,

    explica os eventos musicais por sua relao com os

    sentimentos.Fonterrada(2008)mostraqueMatheson,em1739,

    descreveu a teoria com grande riqueza de pormenores,

    enumerando mais de vinte afeies e o modo pelo qual

    deveriamserexpressasnamsica:

    A tristeza deve ser expressa por melodias demovimento lento e lnguido, e quebrada por saltos.

    O dio representado por uma harmonia repulsivae rude, e por uma melodia semelhante.

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    Nas danas, tambm estavam presentes os vriosafetos (isto , emoes caractersticas):

    A giga expressa calor e impacincia e a courante,doce esperana e coragem. (APEL apudFONTERRADA, 2008, p. 53)

    Ainda Fonterrada (2008) nosmostra que foi a partir do

    perodo barroco, e em especial na Alemanha, os escritores e

    compositores estavam bastante familiarizados com essa

    doutrina esttica e, com frequncia, incorporavam suas

    manifestaesemsuascomposies.

    Uma das normas usualmente aceitas era a de queuma obra ou um movimento de uma obra maiorpodia expressar apenas uma emoo. No se podedeixar de notar, tambm, que a Teoria dos Afetos,embora tenha florescido no barroco, muito deve doutrina do thos, da antiga Grcia, com Plato eAristteles, e que continuou a florescer durante a

    Idade Mdia, a Renascena e o incio do barroco,com Isidoro de Sevilha, Glareano, Ramos de Pareja,Monteverdi e Descartes. O canto gregorianotambm se utilizava de climas emotivos, em quecada modo expressava um determinado estado deesprito, e, por isso, no podiam ser utilizadosindiscriminadamente, como base de qualquer partedo ordinrio da missa, ou em cada poca docalendrio litrgico; isso porque havia os modos de

    jbilo e os modos de tristeza e recolhimento,

    adequados aos estados emocionais de cada parte damissa ou do ano litrgico. (FONTERRADA, 2008, p.54).

    Assim, embora sempre tenha havido, no decorrer da

    histria, estreitas ligaesentremsica eemoes,Apelapud

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    Fonterrada, (2008) afirma que o perodo ureo desse tipo de

    propostapermanecesendoosculoXVIII.

    A Doutrina das Figuras

    A Doutrina das Figuras, segundo Fonterrada (2008)

    concebia amsica comoanloga retrica, isto , artedo

    bemfalar,comoeraconhecidadesdeapocalatina.

    Os romanos, que davam s palavras um lugarpreponderante, agruparam preceitos destinados aoaperfeioamento da composio e do estilo. Aestreita relao entre msica e palavra propiciava oemprego de recursos da retrica na composiomusical. A ideia de empregar, em msica, asfiguras da retrica era conduzida a partir de um

    elaborado sistema de recursos estandardizados,estabelecido desde Quintiliano, diferentes dos dafala comum, com a finalidade de tornar a oratriamais expressiva e impressiva. So exemplos defiguras: a anaphora (repetio da mesma palavra noincio de sentenas sucessivas), a aposiopesis(parada sbita, silncio expressivo), a pathopoeia(expresso de sentimentos), a hypallage (mistura deduas construes distintas), a hypotyposis (uso deilustrao por exemplos) e o noema (referncia a

    algo comumente conhecido). (FONTERRADA, 2008,p. 55)

    Enfim, com tal doutrina, se observa pela utilizao de

    outros recursos da retricanamsica.Recursos essesquese

    mostravam destinados para provar e convencer determinado

    pontodevistaequeemmsica,eramutilizadosparaestimular

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    ainvenoequeseconfiguravamnousodediferentestiposde

    notao, valores, inverses e respostas locus notationis -,

    mudanademetroetempo,empregodenotasnastessituras

    aguda e grave, como categorias de contraste locus

    oppositorum -, ou, ainda, imitao de estilo de outros

    compositores ~ locus exemplorum. (APELapudFONTERRADA,

    2008,p.56).

    Comessasduasteorias,ouseja,adosAfetosquantoaDoutrinadasFiguras,seobservaquehumtributounioda

    palavraedamsicaeconcebiamamsicacomoexpressode

    sentimentosequenocampodaestticaculminounadefinio

    doBeloporBaumgarten.

    Baumgarten

    Baumgarten(1714-1762)definiuoBelocomoaperfeio

    doconhecimento sensvel, edividiuaEstticaemduaspartes

    comoseobservanoesquemaaseguir:

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    Nesse sentido, podemos trazer um marco quemostrou

    definitivamente que a esttica no pode ser caracterizada

    apenas pelo estudo do Belo, pois aoriginalidade esttica, na qualidade de

    disciplina filosfica configurou-se

    integralmente atravs da obra Critica do

    Juzo (1790), de Emmanuel Kant (1724-

    Esttica

    Terica

    Onde estuda as condies doconhecimento sensvel que

    correspondem beleza

    Prtica

    Na qual, ocupando-se da criaopotica, chega a esboar uma

    espcie de lgica da imaginao,que contm os princpios

    necessrios formao do gosto eda capacidade artstica.

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    Romantismo

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    Objetivos

    Ao final dessa unidade, voc dever ser capaz de

    conjugar apreciaes analticas de exemplos musicais em

    formaternriadoperodoromnticocomaconcepoKantiana

    de experincia esttica atravs da unio das principais

    tendncias de se pensar a experincia esttica, ou seja, astendnciassubjetivaeoobjetiva.

    Estabelecer fundamentos para a escuta consciente e

    reflexivaatravsdaapreciaodeobraspresentenesteperodo

    estticodamsicaeruditaocidentaltraandoparaleloscoma

    msicapopularbrasileiraeamericana.

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    Kant

    Vale destacar que foi Kant quem estabeleceu de formacontundente,naobraCrticadoJuzo,aautonomiadodomnio

    doBelo, queBaumgarten considerouobjeto deconhecimento

    inferior. Assim, Kant admite trs modalidades de experincia

    comoseobservanoesquemaaseguir:

    modalidadesde

    experincia

    cognoscitiva

    prticaexperincia

    esttica

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    Apartir de Kant, a questo do Belo converteu-se, contudo, na

    questo da experincia esttica, diferentemente interpretadapelas diversas tendncias ou correntes do sculo XIX, como

    veremosaseguirnaleituradeNunes(1989,p.13)aoretratar

    dessastendncias,asprincipais.

    Pode-se entender que Kant restringiu o

    Belo condio de objeto da experinciaesttica, a qual se caracteriza:

    pela forma nodeterminada

    por conceitos,

    pelodesinteresse, j

    que contemplativa e

    pela autotelia,j que tem

    finalidadeintrnseca.

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    Dois so os aspectos de todaexperincia esttica:

    um, subjetivo

    o sujeito que sente ejulga

    outro, objetivo

    os objetos quecondicionam OUprovocam O que

    sentimos e julgamos

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    Principais tendncias de se pensar a

    experincia esttica

    Subjetivistas

    Essas correntes inspiradas na psicologia, tambm chamadas

    psicologistas,estudam,comexclusividade,oaspectosubjetivo,poisvalorizam:

    (...) os seus elementos heterogneos, como o prazersensvel, os impulsos, os sentimentos e emoes.(Fechner, em 1871, e depois Wundt, Kulpe e Ziehenaplicaram os mtodos da ento nascente psicologia

    experimental para avaliao das impresses

    estticas.) Divergindo entre si quanto aos mtodosde investigao, elas partem de fatos psquicosdeterminados, sejam estados simples ou complexos

    de conscincia, sejam processos ou inclinaes danossa vida mental, para explicar a experincia

    esttica. A tentativa de aproximao, e at deidentificao do esttico com o psquico, que nos

    autoriza a filiar a essa mesma linha de pensamentoteorias como as de Theodor Lipps (1851-1914), de

    Johannes Volkelt (1848-1930) e da chamadaesttica psicanaltica (Charles Baudouin, Ernst

    Kris). (NUNES, 1989, p. 14)

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    Objetivistas

    Essas correntes focalizam o aspecto objetivo e valorizam oselementosmateriais(sons,cores,linhas,volumes),assim:

    (...) as relaes formais puras (ritmo, harmonia,proporo, simetria), as formas concretas no espaoe no tempo, capazes de produzir efeitos estticos.Dentre essas, as mais recentes, que encaram asobras de arte como objetos estticos privilegiados,

    examinando-as do ponto de vista de sua estrutura,pretendem determinar-lhes as caractersticas

    essenciais e, s com base nesse levantamentopreliminar, estabelecer concluses de ordem geral eobjetiva que se apliquem a todas as artes. Tal aambio legtima da Teoria ou Cincia Geral da Arte

    que Emil Utitz (1883-1956) e Max Dessoir (1867-1947) representam. (NUNES, 1989, p. 14)

    Contudo, ainda embasados por Nunes (1989), h de seconsiderar apenas os dois aspectos, subjetivo e objetivo, da

    experinciaestticaquenobasta,poisprecisonoesquecer

    queosentidoaelainerente:

    no reside nos estados psquicos do sujeito,

    nem deriva dos objetos, como diretaconsequncia de suas qualidades fsicas.

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    MasvaledestacarqueparaSchopenhauer,questionando

    o pensamento de Kant, o conhecimento do mundo no se

    encontrarestritoaofenmeno.H,portanto,algoqueprecede

    asrepresentaesqueSchopenhauercrseracoisaemsi.Por

    estemotivo,paraestepensador,omundocomorepresentao

    apenas uma parte de um todo aspecto fundamental na

    filosofiaschopenhauriana.

    Sobreessaperspectiva,sepercebequecadaumdenssemostra como uma corrente agitada de desejose impulsos

    quesedirecionamparaoconheceracoisa-em-si.Oquequer

    dizer que somos seres de vontade e que intentamos ao

    conhecerpelocorpoepelosentimentoenopelarazo,jque

    essaltimaseapresentainsuficienteparacontemplaracoisa-

    em-si. Tal intento, portanto, equivale aumamotivao que se

    apresenta no apenas em ns, mas tambm em toda a

    realidadequenoscerca.Todaarealidade,nessesentido,um

    quererquequer a simesma infinitamentenasmultiplicidades

    desuasobjetivaesequenosealcanamnunca.

    Incluso nesse entendimento de que somos um desejo

    eternamenteinsatisfeito,pode-seentenderquenoscolocamos

    sempre em busca de conhecer objetos para jamais

    alcanarmo-los, pois todos esses objetos so, entretanto,

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    apenas representaes que a nossa vontade proporciona.

    Nossavida,nessesentido,vistacomopermanentesofrimento.

    Contudo, para escaparmos desse permanente sofrimento,

    destacam-setrsvias:

    Primeira via

    A primeira via a contemplao esttica, j que os

    diferentes tipos de expresses artsticas correspondem a

    diversos graus de objetividade da vontade. Assim,

    Schopenhauer entende que a arquitetura, passando pela

    escultura,pintura,poesiaechegandoatatragdia,aqualtrs

    arelaoconflituosadavontadecomsigomesma,semostram

    silenciadorasdavontade,mesmoqueporalgunsinstantes.

    Schopenhauerconsideraquepormeiodasatividadesartsticas

    as ideias eternas revelam-se ao homem, pois permitem osurgimento da contemplao desinteressada, algo que

    proporcionaumalviomomentneoaosofrimentopermanente.

    Oquequerdizerqueaarteseapresentasomentecomouma

    possibilidadededistanciamentorelativamentepassageiroeno

    asupressodavontade.

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    No obstante, amsica, para tal pensador, era a mais

    elevadaexpressoartsticaequeseapresentacomoamelhor

    maneira de direcionar ao conhecimento do universo. Uma

    inversodaconcepoHegelianaaoconsiderarapoesiacomo

    a expresso artstica hierarquicamente mais elevada. Assim,

    percebe-se em Schopenhauer que a msica vista como

    reproduodavontadeemsi,poisquandoseouveumagrandeobra musical, liberta-se de toda referncia especfica aos

    diversosobjetosdavontade.Nessesentido,comaapreciao

    musical se pode entrar em contato com a vontade em sua

    essnciageraleindiferenciada,jqueamsica,segundoesse

    pensador,trazconsigoapossibilidadedalibertaodohomem

    emfacedosdiferentesaspectosassumidospelaVontade.

    Segunda via

    A segunda via para o escapar do sofrimento (e mesmo daalegria) a tica, pois esta possibilidade, pautada atravs do

    desinteresse ou indiferena (tal como Scrates e os estoicos

    concebem),mostraqueSchopenhauerentendequeavontade

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    filosofia do Belo;

    estudo da experincia esttica;

    investigao da estrutura dasobras de arte - que so objetos

    dessa experincia;

    conhecimento dos valores a queesses mesmos objetos se achamligados.

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    Assim, na acepo ampla para a qual todas essas correntes

    confluem,aEstticamuitasvezesvistatantocomo:

    Assim,valedestacarqueseentendeporFilosofiadaarte

    como uma senda aberta reflexo filosfica, por onde esta

    renovaoseudilogoexpansivocomomundo,comaexistncia

    humana e com o ser. Da decorre o fato de que semelhante

    filosofia guarda a profundidade dos legtimos problemas

    filosficos.(NUNES,1989,p.14)

    Com esse dilogo entre filosofia da arte com omundo

    podemos, no entanto,nosperguntar tal comoNunes (1989, p.

    16)faz:

    filosofia

    do Belo

    filosofia

    da Arte

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    Perguntas complexas e que semostram como osmais

    relevantes problemas da Filosofia da Arte. Nesse sentido,

    podemosbuscar respostas para estas questesnos idealistas

    alemes, Schelling, Schopenhauer e Hegel. Pensadores que

    contriburam,demaneiradecisiva,depoisdeKantedeSchiller,

    parafazerdafilosofiadaarteoqueelaatualmente:

    (...) uma reflexo que tem como um dos seus fins

    ltimos justificar a existncia e o valor da Arte,determinando, no conjunto das criaes do esprito

    humano, a funo que ela desempenha, ao lado da

    cincia, da religio, da moral e, tambm, fato digno

    de nota, ao lado da prpria filosofia, cujo atual

    interesse pela Arte no encontra paralelo em pocas

    passadas. (NUNES, 1989, p. 16)

    Nesse sentido, se faz importante entender, que a Arte

    atualmenteentendidacomoumaformadeconhecimento,pois:

    (...) a Arte, como forma simblica, uma forma deconhecimento para o artista que cria e para a

    conscincia que contempla o produto de suacriao. No possuindo a mesma universalidade doconhecimento cientfico, a Arte goza, entretanto, deuniversalidade esttica: est disposio de quempode fazer dela, como diria Kant, um objeto desatisfao desinteressada e universal, isto ,acessvel a todas as conscincias receptivas. (Id,1989, p. 70)

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    Podemosconcluirque,talcomodestacaCassirerapudNunes

    (1989, p. 70): A imaginao do artista no inventa de forma

    arbitrriaasformasdesuasobras,masmostraestasformasem

    sua verdadeira figura, tornando-as visveis e reconhecveis.

    Nesse sentido, o artista escolhe um determinado aspecto da

    realidade,umprocessodeseleoqueaomesmotempode

    objetivao. Assim, quando apreciamos uma obra de arteestamos, na verdade, entramos na perspectiva do artista e

    somosforadosaolharomundocomseusolhos.

    E para tentarmos entrar na perspectiva de um compositor do

    perodo romntico, que tal apreciar e entender uma pea em

    formaternria?

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    Outraimportantediferenaentreaformabinriaredonda

    eaternria,quenaformabinriaredonda,quandoaparteA

    volta, normalmente esta contm apenas metade do perodo

    integraldaparteA inicial.Ja formaternria terminarcoma

    parteAiteira.

    Aformaternriafrequentementeencontradadesdeoperodo

    barroco nas rias de peras e em muitas formas de dana,

    comoaspolcas.tambmumaformautilizadanaeraclssica,

    encontrada geralmente no terceiro movimento das sinfonias,

    quartetosdecordas,sonataseobrassimilares.

    Forma ternria composta

    O que caracteriza uma pea com a forma ternria

    compostaqueumaoumais partes, geralmenteasmaiores,

    podemserdivididasempartesmenores.

    Um bom exemplo de forma ternria encontrado em

    sutes barrocas, muitas vezes compostas de duas danas

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    Sculo XX

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    Objetivos

    Aofinaldessaunidade,vocdeversercapazde:

    SobaconcepodefenomenologiadeMerleau-Ponty,conjugar

    relaesentrecorpo (movimento)eoscernessignificativosno

    sentido de se ultrapassar e transfigurar os sons, dentro do

    contextomusicaldoinciodosculoXXedaeducaomusical,

    afimdesecomprovarpelaexistnciadoqueseentendeporlinguagemmusical;

    Validaraaproximaoentrecaractersticaspresentesem

    msicasatonaiscomadialticanegativadeAdorno,afimdese

    estabelecerfundamentosparaaapreciaodepeassobesta

    perspectivaesttica;

    Estabelecer fundamentos para a escuta consciente e

    reflexivaatravsdaapreciaodeobraspresentenesteperodo

    estticodamsicaeruditaocidentaltraandoparaleloscoma

    msicapopularbrasileiraeamericana.

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    ingnuo com o mundo, para dar-lhe enfim um

    estatuto filosfico (MERLEAU-PONTY, 1999, p.01).

    Nesse sentido, entendeu que considerar o organismo

    como um todo se faz necessrio para se descobrir as

    decorrnciasaumdadoconjuntodeestmulos.

    A relao do sujeito e do objeto no esta relao

    de conhecimento de que falava o idealismo clssico

    e no qual o objeto aparece sempre como constitudopelo sujeito, mas uma relao de ser segundo a

    qual, paradoxalmente, o sujeito seu corpo, seu

    mundo e sua situao, e de certa forma estabelece

    com estes uma permuta. (MERLEAU-PONTY apud

    Von ZUBEN, 1984, p. 125).

    Merleau-Ponty entende a percepo como contatoprimeiro com o mundo sendo o ponto de partida o

    comportamento. Nesse sentido, h uma relao pr-objetiva,

    pr-consciente,decarterdialtico,equedemodoalgumsefaz

    causalouconstituinteentreocorpoeomundo.Assim,comsua

    concepo do corpo-sujeito, Merleau-Ponty vai at raiz da

    subjetividade, pois como destaca Von Zuben (1984), fazer do

    corpoosujeitodaperceponosignificacederaoimpulsodo

    empiricismo, mas antes tomar partido contra o racionalismo

    cmplice do empirismo no sentido de se ligarem ao

    pensamentocausal.

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    Com essa concepo de corpo-sujeito pode-se destacar a

    importncia do gesto, algo que desenha, exposto no prprio

    gesto, a estrutura do mundo. As frases musicais, nessa

    concepo, no se mostram arbitrrias, pois se levar-se em

    considerao o sentido emocional das frases musicais, h

    tambm um sentido gestual nestas. Sob a concepo de

    Merleau-Ponty pode-se compreender que o sentido de umafrase musical no a contm enquanto som pr-determinado

    pelalinguagem,masocorpo,aoapropriar-seemvriosatos

    descontnuos e de cernes significativos, que ultrapassa e

    transfiguraospoderesnaturaisdossons.

    Nocasodeumafrasemusicalcantada3,essacolocaproblemas

    tais como: uma contrao da garganta, uma emisso de ar

    sibilante entre a lngua e os dentes, certa maneira de

    desempenhar do corpo deixam-se repentinamente investir de

    um sentido figurado. Ou seja, preciso que a gesticulaofonticautilize umamplo lequedesignificaes jadquiridas,

    3Conjectura-se que a voz se mostra como o primeiro meio, antesmesmo dos instrumentos, a ser utilizado para se produzir sons e,consequentemente, linguagem musical.

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    Nainternetouemlivros,busquesabermaissobreaobra(que

    apreciamosnoslinksanteriores)ASagraodaPrimaverado

    compositor erudito russoIgor Stravinsky, e sua inteno em

    subverter a esttica musical do sculo XX, dando origem ao

    Modernismo.

    Fenomenologia e a educao musical

    Tendo em vista a concepo de

    Merleau-Ponty(1999),ondeocorposemostraintimamente ligado expresso de

    significados, pode-se destacar por alguns

    pensadores da educao musical que

    observaram a importncia da inter-relao

    entreoorganismoeexpressomusicalfrente

    aoprocessodeaprendizagemdamsica.

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    Jaques-Dalcroze (1919), observando e ensinando crianas no

    processo de aprendizagem musical, entendeu que estas

    desenvolviammelhoracapacidadedeaudiointeriorapartir

    daapreciaomusicalativaecomautilizaodosmovimentos

    corporais.

    Sendo assim, observa-se a importncia do corpo no

    processodeaprendizagemmusical,antesmesmodequalquer

    instrumento.Jaques-DalcrozetraztonaoconceitodeEurritmia

    e que significa bom ritmo, pois eu significa bome ritmia se

    refere a fluxo, rio ou movimento. Nesse sentido, Dalcroze

    apresentou muitas formas de propor a estudantes de msica

    situaes musicais de ensino e aprendizagem atravs da

    rtmica,organizandoumconjuntodeprincpiosnorteadores:

    1) Todo ritmo movimento; 2) Todo movimento material; 3) Todo movimento necessita de espao e

    tempo; 4) O espao e o tempo esto ligados pelamatria que os atravessa num ritmo eterno; 5) Osmovimentos das crianas bem pequenas sopuramente fsicos e inconscientes; 6) a

    experincia fsica que forma a conscincia; 7) Aperfeio dos meios fsicos produz a inteligibilidade

    da percepo intelectual; 8) Regular os movimentos desenvolver a mentalidade rtmica. De onde se

    retiram outras concluses: I) Aperfeioar, regular e