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CURSO DE DIREITO  ANGELA TEREZA LUCCHESI TRABALHO DIREITO AMBIENTAL I Londrina 2013

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CURSO DE DIREITO

 ANGELA TEREZA LUCCHESI

TRABALHO DIREITO AMBIENTAL I

Londrina2013

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 ANGELA TEREZA LUCCHESI

TRABALHO DIREITO AMBIENTAL I

Trabalho apresentado ao Curso de Direito à da

Faculdade Arthur Thomas, Londrina-PR, para disciplina

Direito Ambiental e Urbanístico I, como requisito parcial

para obtenção de grau de bacharel em Direito.

Professores: Valéria Martins

Londrina2013

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1) CONSIDERE AS AFIRMATIVAS QUE SE SEGUEM E ASSINALE A RESPOSTACORRESPONDENTE E JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA:

a) O empreendedor e os profissionais que subscrevem o Estudo de Impacto Ambiental são responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se àssanções administrativas, civis e penais.

(X) Correta ( ) Incorreta

Justifique:Sim, de acordo com LEI Nº 2.257/ 2001, que “dispõe sobre as

diretrizes do licenciamento ambiental estadual, estabelece os prazos para a emissão

de Licenças e Autorizações Ambientais, e dá outras providências”, em seu art. 5º, §

único. Bem como a Resolução CONAMA n.237/97, art.11, § único. Como explica

Oliveira (2005)

(...) a responsabilidade técnica referida na Resolução CONAMA n.237/97não abrange os pareceres, opiniões, ainda que discutíveis tecnicamente,mas apenas os erros derivados de imperícia, negligência ou imprudência,ou dolo de introduzir dados ou informações incorretas para conclusõesdistorcidas. O fato da Resolução CONAMA n.237/97 haver imputadotambém ao empreendedor a co-responsabilidade pelos estudos reforça oponto de vista de que a punição visa a coibir sejam introduzidos nos estudosdos impactos ambientais dados inexatos ou manipulados com a intenção defacilitar o licenciamento do empreendimento”.

b) O órgão ambiental competente, apesar de verificar que a atividade ouempreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação,poderá, mesmo assim, exigir os estudos ambientais pertinentes ao respectivoprocesso de licenciamento.

(X) Correta ( ) Incorreta

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Justifique:

Conforme art. 225, IV da CF

c) Durante o período de análise técnica, o RIMA deve estar disponível ao publico noórgão ambiental estadual, observado o sigilo industrial

(X) Correta ( ) Incorreta

Justifique:

De acordo com estabelecido no art. 225 º, § 1º, IV da CF, o Poder 

Público é obrigado a dar Publicidade ao EIA/RIMA, salvo o sigilo imposto, não

poderá ser este oculto à sociedade, sob pena de responsabilidade.

 A publicidade do EIA/RIMA visa permitir que a população possa

participar das discussões a respeito da viabilidade da obra ou atividade licenciada,

realizando, sempre que possíveis pesquisas e estudos próprios. Visando garantir a

eficácia do preceito constitucional da publicidade dos atos administrativos, a Lei nº

10.650/2003, ao regulamentar o acesso público aos dados e informações existentes

nos órgãos e entidades existentes no SISNAMA, estabeleceu que o registro de

apresentação do estudo de impacto ambiental, bem como o ato de sua aprovação

ou rejeição, deverão ser publicados em Diário Oficial.

Desta forma os comentários podem ser feitos por qualquer pessoa

(nacional ou estrangeira), pelas associações ambientais (não exigindo 1 ano de

existência legal), pelas associações que não tenham finalidade ambiental, pelos

sindicatos, pelas universidades, pelos partidos políticos, pelas tribos indígenas, pelo

Ministério Público e pelos organismos de Administração direta e indireta de qualquer 

esfera (federal, estadual e municipal).Podendo o próprio proponente do projetor 

apresentar seus comentários ao EIA/RIMA.

Utiliza-se audiência pública como instrumento garantidor deste

principio, e no Brasil, é definida pela legislação federal de um modo genérico que

conceitua: como espaços participativos e públicos, que visam dar transparência ao

processo de decisão. De acordo com Machado (2004)

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Formalmente, possui um caráter meramente informativo, cujo público selimita ao direito de ser informado e de exprimir seu ponto de vista, com a

expectativa de que isto influencie de certa forma a decisão que deverá ser tomada pelo órgão ambiental. Todas as criticas e sugestões resultantesdessa reunião serão registradas em ata e levedas em conta na tomada dedecisão do órgão ambiental oficial. Como se vê com ela são alcançadosdois objetivos “prestar informações ao público e o público passainformações para Administração.

Ela visa considerar o empreendimento sob a ótica direta e final da

comunidade, contribuindo para os necessários ajustes metodológicos e de conteúdo

do EIA/RIMA, proporcionando ideias, argumentos e sugestões ditadas pelo interesse

da população, pois presume-se que está representando todos os participantes da

audiência pública, de forma organizada, obedecendo ritual estabelecido em normas

legais e gerenciais, não podendo assim, serem descumpridos os requisitos

elementares de ordem e disciplina social.

2) ASSINALE A OPÇÃO CORRETA:

a) A legislação brasileira estabelece, em enumeração taxativa, todos os casos emque a administração pública deve exigir do empreendedor a elaboração de estudoprévio de impacto ambienta;

b) A exigência, ou não, do EIA esta vinculada ao custo final do empreendimentoproposto, de acordo com tabela fixada pela administração pública;

c) O Estudo Prévio de Impacto Ambiental é exigível para todos os licenciamentosambientais;

d) O Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – RIMA é parte integrante doEstudo de Impacto Ambiental.

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3) O LICENCIAMENTO AMBIENTAL É FEITO EM TRÊS ETAPAS DISTINTAS,CONFORME A OUTORGA DAS SEGUINTES LICENÇAS: A PRÉVIA, A DEINSTALAÇÃO E A DE OPERAÇÃO. A LICENÇA DE OPERAÇÃO NÃO PODERÁULTRAPASSAR:

a) 2 anos;

b) 3 anos;

c) 10 anos;

d) 6 anos;

e) 5 anos

Justificativa (citar legislação)

 Art. 18, Resolução 237/1997

 Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validadede cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levandoem consideração os seguintes aspectos:

(...)

III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deveráconsiderar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4(quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.

(...)

§ 2º - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos devalidade específicos para a Licença de Operação (LO) deempreendimentos ou atividades que, por sua natureza epeculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação emprazos inferiores.

§ 3º - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ouempreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediantedecisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, apósavaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimentono período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidosno inciso III.

§ 4º - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ouempreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de

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120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixadona respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até amanifestação definitiva do órgão ambiental competente.

4) O IBAMA, APÓS REALIZAÇÃO DE PRÉVIO ESTUDO DE IMPACTOAMBIENTAL, EXPEDIU AUTORIZAÇÃO PERMITINDO QUE UM PARTICULAREXPLORASSE OS RECURSOS NATURAIS DE DETERMINADA ÁREA. ALGUMTEMPO DEPOIS, DURANTE UMA VISITA DO FISCAL DO IBAMA PARAVERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS CONDICIONANTES DAAUTORIZAÇÃO, FOI DESCOBERTO QUE ESTAVA OCORRENDO O

COMPROMETIMENTO DE UMA ÁREA DE MATA ATLANTICA LOCALIZADANAQUELA ÁREA, QUE NÃO ERA CONHECIDA NO MOMENTO DA CONCESSAODA AUTORIZAÇÃO. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA E JUSTIFIQUE:

a) A autorização emitida por órgão ambiental se reveste de caráter absoluto eimutável

b) Identificada pelo IBAMA – órgão executor da politica Nacional do meioAmbiente, a quem cabe exercer o poder de politica ambiental - aocorrência da lesão à parcela de Mata Atlântica, é possível adeterminação de interrupção da atividade empreendida.

Justificativa:

Súmula 07/STJ

5) “DIFERENTEMENTE DO QUE OCORRE NA MAIORIA DOS PAISES, NOBRASIL, A OBRIGATORIEDADE DO PREVIO ESTUDO DE IMPACTOAMBIENTAL É UMA IMPOSIÇÃO CONSTITUCIONAL. EM TESE, A SITUAÇÃOBRASILEIRA É MUITO MAIS SEGURA JURIDICAMENTE QUE AQUELADESFRUTADA POR OUTRAS NAÇÕES. OCORRE QUE A EXPERIENCIABRASILEIRA DEMONSTRA QUE O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL,MUITAS VEZES, É VISTO COMO EMPECILHO AO DESENVOLVIMENTOECONOMICO E SOCIAL; UM INSTRUMENTO DESMOBILIZADOR DOPROGRESSO. O NÚMERO DE DERROGAÇÕES E DE DISPENSAS DAREALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL TORNA-SE CADA VEZMAIOR. ATÉ MESMO EM SEDE LEGAL, SÃO CRIADOS MECANISMOS PARAQUE SE POSSA DISPENSAR A REALIZAÇÃO DESTES ESTUDOS.” (ANTUNES,

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Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002, p.98)

Tendo o texto acima como referencia inicial, julgue os itens acerca do estudo deimpacto ambiental e da administração pública.

I) A exigência pelo poder público da realização do estudo de impacto ambientalé exercido pelo poder discricionário do Estado no processo de licenciamentoambiental.

( ) certa (X) errada

II) A exigência pela administração pública da realização de estudos de impactoambiental para o licenciamento de atividades potencialmente poluidorasconfigura exercício do poder de polícia.

(X) certa ( ) errada

III) Em virtude do principio administrativo da presunção da legitimidade, aadministração pública, na execução direta de obras, é dispensada darealização prévia de estudo de impacto ambiental.

( ) certa (X) errada

6) RESPONDA AS SEGUINTES QUESTOES (em folha separada)

6.1 Como se dá a responsabilidade da equipe multidisciplinar do EIA-RIMA?

 A Resolução 001/86 do Conama diz que

(...) o estudo de impacto ambiental será realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto

e que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados(Machado, 1995).

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 A responsabilidade de cada membro da equipe multidisciplinar ou a

equipe como um todo (sendo ou não pessoa jurídica), depende da prova da culpa. Aconduta dolosa dos membros da equipe multidisciplinar poderá configurar o crime de

falsidade ideológica, sendo a pena de reclusão de 01 a 05 anos e multa se o

documento for público, e reclusão de 01 a 03 anos e multa se o documento for 

particular (Machado, 1995).

O Estudo de Impacto Ambiental é um documento público, mesmo sendoelaborado por particulares, portanto a pena por falsificação na elaboraçãodo EIA, omissiva ou ativa, é referente a de documento público (Machado,1995).

6.2 Qual a resolução CONAMA disciplinadora do licenciamento ambiental? Deacordo com artigo 10 desta resolução quais as fases do licenciamento?

Resolução 237/97, Art. 10:

 Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá àsseguintes etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação doempreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais,necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à

licença a ser requerida;

II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhadodos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se adevida publicidade;

III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dosdocumentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização devistorias técnicas, quando necessárias;

IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão

ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, emdecorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientaisapresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesmasolicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido

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satisfatórios;

V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentaçãopertinente;

VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgãoambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber,podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos ecomplementações não tenham sido satisfatórios;

VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer  jurídico;

VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devidapublicidade.

§ 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar,obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o locale o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com alegislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, aautorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água,emitidas pelos órgãos competentes.

§ 2º - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo deimpacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de novacomplementação em decorrência de esclarecimentos já prestados,conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente, mediante decisão

motivada e com a participação do empreendedor, poderá formular novopedido de complementação.

6.3 Fale a respeito da natureza jurídica do licenciamento

O conceito de licenciamento ambiental, conforme o art. 1º, I, da

Resolução CONAMA 237/97:

 Art.1º (...)

I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgãoambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e aoperação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursosambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelasque, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicasaplicáveis ao caso.

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Desta forma, pode-se dizer que a natureza jurídica do licenciamento

ambiental é um instrumento preventivo de tutela do meio ambiente, inserido na tutela

administrativa do meio ambiente (vide: art. 9º, inciso IV, da Lei da Política Nacional

do Meio Ambiente de nº 6.938/81).

6.4 Em quais hipóteses a licença ambiental poderá ser cancelada? Neste caso,existe a possibilidade de indenização para o empreendedor?

O art. 19 da Resolução 237/97, trata da possibilidade de

modificação, suspensão e cancelamento da licença, onde modificar significa dar 

nova configuração ao estado anterior; suspender significa sobrestar, sustar até

adequação aos requerimentos ambientais necessários; e cancelar, simplesmente,

desfazer, anular, tornar o ato ineficaz por algum motivo.

Entende-se que licença ambiental é uma espécie de pacto entre o

empreendedor e o poder público:

(...) de um lado, o particular se compromete a desenvolver sua atividadeeconômica nos estritos termos da licença, cumprindo com todas ascondicionantes que lhe foram impostas; de outro, o poder público se abstémde exigir qualquer outra providência a título de proteção ambiental, desdeque mantidas as circunstâncias que ensejaram a concessão da licença(OLIVEIRA, 1999)

Questiona-se quais as consequências jurídicas aplicáveis àshipóteses em que, antes do término do prazo de validade da licença, alteram-se as

circunstâncias que levaram à sua concessão.

 A modificação se aplica às hipóteses em que a proteção ambiental

demanda a alteração das condicionantes impostas ao empreendedor.

 A despeito de não haver previsão legal expressa sobre a

possibilidade de modificação da licença ambiental, a doutrina defende a aplicação

por analogia do art. 58, inciso I, da Lei 8.666/93, que dispõe sobre a chamada teoriada imprevisão aos contratos administrativos. De acordo com Mello (2002):

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Esforça-se em que a ocorrência de fatos imprevisíveis, anormais, alheios àação dos contraentes, e que tornam o contrato ruinoso para uma das partes,

acarreta situação que não pode ser suportada unicamente pelo prejudicado.

Já o cancelamento da licença corresponde a supressão do ato

administrativo, medida utilizada para casos em que a licença é expedida em

contrariedade às normas legais, está lastreada em pressupostos de fato não

verdadeiros ou mesmo quando se trata de riscos supervenientes, desde que a

imposição de novas condicionantes não seja suficiente à prevenção. (MARÇAL,

2013)

O direito à indenização é mais complexa. Entre os administrativistas,

que definem a licença como ato vinculado, entendem que há o direito à indenização.

Já na seara do direito ambiental, as opiniões divergem.

Dawalibi (2000) defende que não há direito à indenização:

(...) posto que, em face da irrelevância da licitude da atividade (...), ninguémadquiri direito de implantar empreendimento lesivo ao meio ambiente, alémdo que sempre haverá responsabilidade pelos danos ambientais causadospela obra ou empreendimento, mesmo que regularmente licenciados.

Compartilha deste entendimento Silva (2009) que, com base nos

princípios da precaução e do poluidor-pagador, explica:

Nesse mesmo contexto, sob a égide dos Princípios acimamencionados, a revogação da licença ambiental não poderá originar indenização ao

empreendedor por parte do Poder Público.

 Ao empreendedor são imputados todos os riscos de sua atividade, taldiretriz coaduna-se até mesmo em face dos princípios do Poluidor-pagador e da Precaução. Portanto, constatada a impertinência ambiental dedeterminada atividade econômica regularmente licenciada, impõe-se aoPoder Púbico a análise da conveniência e oportunidade da revogação, esendo esta a melhor forma de contemplar a proteção do meio ambiente -leia-se contemplar o interesse público¬¬ -, não se vislumbra a possibilidade

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de indenização por perdas e danos decorrente exclusivamente darevogação realizada pela Administração, pois o dever de proteção não é sódo Poder Público, mas também de toda a coletividade incluindo o próprioempreendedor.

No entanto, Milaré (2009) defende a existência do direito à

indenização:

(...) parece difícil sustentar possa a Administração aniquilar um direito doadministrado, privando-o da correspondente indenização. Mesmo suspensa

ou caçada a licença, é importante assinalar, remanesce o direito doadministrado de algum modo vinculado ao empreendimento: se não sob aforma de atividade efetiva, ao menos sob a forma de ressarcimento dosdanos (materiais e morais) que vier a sofrer pela perda dos investimentosque antes foram legítima e legalmente autorizados. Não se pode esquecer que, por vezes, os danos morais são mais graves e onerosos dos que osdanos materiais.

Entende-se que a situação deve ser analisada conforme

comportamento do particular para a ocorrência do cancelamento da licença. Se agiude má-fé, omitindo dados relevantes sobre a atividade exercida ou mesmo falseando

informações que serviram de base à emissão da licença, não há que se falar em

pagamento de indenização. A mesma solução é aplicável às hipóteses em que o

cancelamento ocorre por descumprimento das condicionantes impostas para

realização da obra ou atividade. No primeiro caso, temos a anulação da licença. No

segundo, sua cassação.

Caso a superveniência de tecnologia e conhecimento científicopermitem dar nova interpretação ao potencial lesivo da atividade, se não for 

oportuno nessas situações, aguardar o término do prazo de vigência da licença para

a imposição das novas exigências, a licença deve ser revogada. Nesses casos, não

é lícito expor o empreendedor a revés econômico, tendo em vista os investimentos

que foram aplicados na obra ou atividade – sem a respectiva compensação

pecuniária. Todavia, é imprescindível que haja prova do prejuízo efetivo, havendo

direito à indenização, a ser realizado por meio de processo de desapropriação.

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REFERENCIAS

DAWALIBI, Marcelo. Licença ou autorização ambiental? Revista de Direito Ambiental. Vol 17. São Paulo: Editora RT, 2000, p. 186.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio da Precaução no Direito Brasileiro eno Direito Internacional. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 50.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14. ed. ref.,amp., atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 586.

MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A gestão Ambiental em foco. Doutrina.Jurisprudência. Glossário. 6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora RT, 2009, p.440.

OLIVEIRA, Antônio Inagê de Assis. Introdução a Legislação Ambiental Brasileirae Ambiental. 2ed., Rio de Janeiro: Lunem Juris Livraria e Editora: 2005, p.206.

OLIVEIRA, Antônio Inagê de Assis. O licenciamento ambiental. São Paulo: Iglu,1999.

SILVA, Maurício de Jesus Nunes da. A revogação da licença ambiental. Revistade Direito Ambiental. Vol. 53. São Paulo: Editora RT, 2009, p. 187.