trabalho aspecto ambiental brasileiro

Upload: jose-marques-dias-filho

Post on 10-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    1/45

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    2/45

    2

    DANILO FRAGOSO GARBIN - RA: A27276-3DINARA CRISTINA DUARTE RA: A2824D-0JOS MARQUES DIAS FILHO RA: A27049-3

    ROBSON BISPO MARINS RA: A26812-0

    TRABALHO DE PROCESSOS INDUSTRIAIS:

    ASPECTO AMBIENTAL DAS INDSTRIAS

    Trabalho de Processos Industriais deAspecto Ambiental das IndstriasApresentado Universidade Paulista

    Orientador: Prof. Heverton Bacca

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    3/45

    3

    AGRADECIMENTOS

    Agradecemos em primeiro lugar a DEUS por nos dar cincia e perseverana, assimnos capacitando para elaborao e execuo de nossos projetos.

    Ao Prof. Eng. Heverton Bacca por nos disponibilizar tempo e ateno para auxiliar -nos na concluso deste trabalho.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    4/45

    4

    RESUMO

    Este texto uma tentativa de apresentar indicadores ambientais queretratem os aspectos ambientais (degradao e exausto dos usos dos recursosnaturais), das principais questes ambientais do Brasil. O objetivo procurar indicaralguns aspectos que definam uma avaliao do grau de sustentabilidade brasileira.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    5/45

    5

    SUMRIO

    1.INTRODUO ........................................................................................................ 62.ASPECTOS DA POLUIO NO BRASIL .............................................................. 92.1 Recurso gua ............................................................................................. 92.2 Poluio Hdrica ....................................................................................... 102.2.1. As Fontes de Poluio Hdrica no Brasil ................................ ............. 112.2.2. A Poluio Hdrica na Indstria Brasileira ................................ ........... 122.2.3. O Esgoto Urbano .................................................................................... 16 2.3. Poluio Atmosfrica .................................................................................... 172.3.1. As Fontes de Poluio Atmosfrica no Brasil .............................................. 182.3.2. Indicadores de Concentrao da Poluio Atmosfrica ............................... 192.3.3. Aes de Controle da Poluio Atmosfrica ................................................ 20

    3.PADRO DE USO DE RECURSOS FLORESTAIS................................................ 213.1 Recursos Florestais...................................................................................... 213.2 O Padro de Explorao do Solo Florestal ................................................... 223.3 Desmatamento no Brasil.............................................................................. 223.4 Produo de Madeira .................................................................................. 243.5 Produo Agropecuria............................................................................... 26

    4.RESDUOS SLIDOS E RECICLAGEM............................................................... 274.1 Resduos Slidos .......................................................................................... 274.2 Coleta e Disposio de Lixo Urbano ............................................................. 274.3. Reciclagem Industrial ............................................. Error! Bookmark not defined.

    5.. DEGRADAO DO SOLO .................................................................................. 315.1. O Recurso Solo ....................................................... Error! Bookmark not defined.

    6.APERFEIOANDO A GESTO AMBIENTAL ..................................................... 316.1 O Consumo de Capital Natural no Brasil ..................................................... 326.2 A Gesto Ambiental no Brasil...................................................................... 346.3 Opes de Instrumentos de Gesto Ambiental.............................................. 376.4 Controle Ambiental timo .......................................................................... 376.5 Instrumentos Econmicos ............................................................................ 386.3.4. As Dificuldades de Implantao..................................................................... 416.6 Comentrios Finais ..................................................................................... 42

    7.BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 43

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    6/45

    6

    1. INTRODUO

    Este texto uma tentativa de apresentar indicadores ambientais queno retratem somente os aspectos ambientais (degradao e exausto dos usos dosrecursos naturais), mas tambm revelem a dimenso econmica (eficincia alocativa

    do uso dos recursos) e eqitativa (distribuio dos custos e benefcios do uso dosrecursos) das principais questes ambientais do Brasil.O objetivo procurar indicar alguns aspectos que definam uma

    avaliao do grau de sustentabilidade de uma economia brasileira.Crescimento econmico e preservao ambiental so

    freqentemente considerados objetivos antagnicos. Existem evidncias suficientespara comprovar que a industrializao, a expanso da fronteira agrcola e aurbanizao criam presses significativas na base natural de uma economia, sejapela utilizao acelerada de recursos naturais exaurveis nos processos produtivos,seja devido gerao de poluio que degrada a qualidade ambiental. Advoga -se,tambm, com evidncias igualmente irrefutveis, que as naes, atualmenteconsideradas as mais ricas, alcanaram nveis satisfatrios de crescimento custadestas perdas ambientais. Portanto, tal padro de crescimento se torna inevitvelpara aquelas naes que hoje se encontram ainda em processo dedesenvolvimento.

    No entanto, a questo ambiental no deve ser necessariamenteentendida dentro dessa contradio. Embora ainda carente de evidnciasigualmente fortes, existem argumentos tericos consolidados que permitem refutaras posies extremas acima mencionadas. Esta alternativa tem sido denominadadesenvolvimento sustentvel. Nos ltimos anos uma vasta literatura foi elaborada nosentido de construir as bases de um crescimento econmico dissociado da

    degradao ambiental [ver Pearce e Atkinson (1992), Turner (1992), Vic tor (1991) eCommon e Perrings (1992)].

    Dentro de uma perspectiva econmica, no cerne deste novoparadigma do crescimento -- desenvolvimento sustentvel -- observam-se doisaspectos:

    a) A escassez dos recursos naturais e a dos servios ambientais jse encontram em nveis suficientemente elevados para constituir uma ameaa continuidade do padro de crescimento at aqui observado.

    b) Isso implica que um novo padro deve ser incentivado atravs doestabelecimento de novos preos relativos destes recursos naturais e servios

    ambientais dentro de critrios de eficincia e eqidade.Para uma viso mais associada cincia poltica ou sociologia, ver Colby (1990).Servios ambientais referem-se a todos os servios gerados pelo capital natural queno correspondem ao uso direto do recurso natural na forma de insumo.

    Embora tais aspectos permeiem esta nova literatura e em grandeparte as aes das Organizaes No-Governamentais (ONG), a dimenso em queestes so colocados diverge em substncia e delimitao. Nos extremos esto duascorrentes: uma que segue o padro de "fraca sustentabilidade", no qual se encontra

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    7/45

    7

    a hiptese de que existe substituibilidade perfeita entre capital natural e capitalmaterial. Ou seja, existe a possibilidade tecnolgica de c rescimento contnuo, desdeque parte da renda econmica seja reinvestida de forma a manter o nvel total decapital -- natural e material -- de uma economia. Desta forma, garante-se umacapacidade produtiva (e de acesso a recursos naturais de consumo diret o) a

    geraes futuras equivalente ao que disponvel gerao presente. No outroextremo, situa-se o padro de "forte sustentabilidade", no qual as duas formas decapital no so substituveis e, portanto, o crescimento sustentvel s se daria se onvel do estoque de capital natural fosse mantido constante. Ou seja, como seriammuito restritas as possibilidades tecnolgicas de compensar perdas de capitalnatural por capital material, o bem-estar de geraes futuras somente estariagarantido se o estoque de capital natural fosse mantido intacto.

    Conforme se observa, o nvel de consumo de capital natural torna-se, assim, um importante ndice de sustentabilidade.

    Definir as possibilidades de substituio entre capital natural ecapital material, isto , nveis de degradao e exausto dos recursos naturaissocialmente desejveis em termos dos respectivos custos e sua distribuio entrecontemporneos e no tempo, tornam-se, assim, uma condio bsica na tentativa deseguir trajetrias de sustentabilidade.

    Generalizando, a questo da sustentabilidade se formaliza nacapacidade de uma economia em realizar investimentos que compensem o seuconsumo de capital.

    Esta generalizao torna-se, contudo, sem contedo prtico, para atomada de decises em direo a qualquer trajetria de sustentabilidade, se asociedade no capaz de reconhecer e reorientar os custos ecolgicos, econmicose distributivos das possibilidades de substituio entre capital natural (capacidade de

    gerar bens e servios ambientais) e capital material (capacidade de gerar bens deconsumo material) resultante do processo de crescimento da renda nacional.

    A contribuio deste estudo neste sentido. Ou seja, analisarindicadores que possam ajudar a refletir sobre a dimenso destes custos. No seprocurar por convico, mensurar ou indicar nveis de sustentabilidade, mas sim, esomente,

    Esta a premissa dos textos seminais de Solow (1978) e Hartwick(1977) sobre eqidade intertemporal na alocao de recursos naturais.Uma hiptese intermediria de sustentabilidade seria aquela em que se determinariaque tipo de capital substituvel ou qual o nvel de substituio possvel.

    No entanto, a contribuio oferecida ser muito limitada, por trsrazes principais:

    a) primeiro, devido s restries usuais de tempo e recursosfinanceiros.

    b) segundo, uma anlise ambiental tem que privilegiar o ciclo de vidado produto. Isto , analisar os impactos ambientais na produo dos insumosnecessrios para sua transformao at a disposio final do produto final e seusresduos. Tal anlise bastante complexa dado que de difcil delimitao a

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    8/45

    8

    definio do incio e fim deste ciclo, sem comentar as necessidades de informaespara avaliar devidos impactos.

    c) terceiro, a gerao de indicadores ambientais complexa porqueas estatsticas ambientais no esto ainda sistematizadas como as de demografia edas atividades produtivas e muito menos integradas a estes sistemas de

    informaes. Enquanto, por exemplo, os estudos de distribuio de renda podemcontar com o sistema de pesquisas domiciliares e os estudos de desempenhoeconmico com o sistema de contas nacionais, os estudos ambientais tm que sereferenciar a diversas fontes de dados e estimativas pontuais no tempo e espao.

    A necessidade de sistematizao das estatsticas ambientais e suaconciliao com outros sistemas tambm requisito bsico de sustentabilidade.Dessa forma, a anlise das questes ambientais foi certamente limitada e dirigida deacordo com a disponibilidade de informaes estatsticas. Todavia, o leitor poderter a certeza que se procurou privilegiar as questes ambientais que soconsideradas mais urgentes por especialistas, rgos governamentais, entidadesambientalistas e de interesse da opinio pblica. As omisses na seleo deindicadores e as limitaes das anlises, entretanto, no passaro despercebidas eestudos futuros tentaro corrigir estas lacunas.

    Assim sendo, na Seo 2 discute-se a questo da poluio,particularmente a de origem domstica e industrial. A Seo 3 apresenta umaanlise do padro de uso do solo florestal em termos de desmatamento eexplorao de recursos florestais. A coleta, disposio e reciclagem dos resduosslidos so temas especficos da Seo 4. A Seo 5 analisa alguns aspectos dadegradao do solo devido s atividades agrcolas. E, finalmente, na Seo 6,discutem-se opes de poltica ambiental e econmica que poderiam induzir aeconomia brasileira a trajetrias mais sustentveis de crescimento.

    Pelas mesmas razes de disponibilidade de dados, alguns temas esuas anlises ganharam espao editorial maior. Livre de dvidas que tal fato noest associado importncia do tema.

    Nos temas associados degradao, a anlise das questeseconmica e distributiva foi concentrada nas questes intratemporais devido aosseus efeitos imediatos entre contemporneos. Para os recursos naturais emprocesso de exausto, a questo distributiva intertemporal prevaleceu de forma arefletir a transferncia desses recursos para geraes futuras.

    Vale mencionar que o anexo estatstico apresenta todos osindicadores bsicos, isto , estimados por levantamentos sistemticos, disponveis

    em nvel de estado. Outros indicadores obtidos de estudos especficos constamsomente do texto analtico.

    Este texto, contudo, por questes de densidade de informaes epara facilidade de interpretao do leitor, concentrou -se mais nas informaes emnvel de grandes regies sempre que a anlise estadual no foi consideradaessencial para a compreenso dos fatos.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    9/45

    9

    2. ASPECTOS DA POLUIO NO BRASIL

    Esta seo apresenta indicadores ambientais que refletem adimenso econmica e distributiva da poluio hdrica e atmosfrica no Brasil, comsuas principais fontes e impactos. Em seguida, procura discutir alguns indicadores

    econmicos dos custos destes impactos e os seus possveis efeitos distributivosintratemporais.

    2.1 RECURSO GUA

    A gua um dos recursos naturais de uso mais intensivo ediversificado pelo homem. Entre os usos mais comuns, pode-se citar sua utilizaopara dessedentao humana e de animais, irrigao, criao de espcies aquticas,gerao de energia, insumo industrial, higiene pessoal e ambiental, transporte, lazer,composio de paisagens e diluio de efluentes industriais e dejetos orgnicos(inclusive os humanos).

    Cada uma dessas possveis formas de utilizao da gua demandaum padro de quantidade e qualidade diferenciado, que normalmente no compatvel com a qualidade da gua devolvida aps seu uso para um determinadofim. Com isso, a despeito de sua capacidade natural de renovao em um horizontede tempo relativamente curto (se comparado ao de outros recursos naturais), ainexistncia de esforos no sentido de controlar e recuperar a gua utilizada pelaao humana.

    Embora importante, no foram consideradas neste estudo asquestes de poluio relacionadas insalubridade dos locais de trabalho. Antes de avaliar os efeitos da poluio do uso do recurso gua, vale discutir sua

    disponibilidade e a distribuio dos seus principais usos.Enquanto na regio Norte este balano de 0,01, nas regies mais

    desenvolvidas e populosas o balano 5 a 8 vezes maior que a mdia nacional. Talcenrio propcio para conflitos de usos localizados em bacias nas quais hgrandes concentraes de atividades econmicas e de populao, como o casodas regies metropolitanas de So Paulo e Rio de Janeiro. O balano favorvel daregio Centro-Oeste superavaliado considerando a fragilidade hidrolgica doPantanal.

    Quase 60% do consumo de gua no pas so destinados irrigao.Nas regies Nordeste, Sudeste e Sul, onde o balano hdrico mais desfavorvel,

    este percentual , respectivamente, de 69,9, 40,8 e 80,9. Os percentuais nestasregies para os outros usos da gua se equivalem. Isto confirma a potencialidade dairrigao de gerar conflitos em diversas bacias onde maior a concentrao do usoda gua.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    10/45

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    11/45

    11

    degradao. Portanto, estas camadas esto mais expostas ao contato e contgiodas guas poludas.

    Conforme ser analisado, so os mais pobres que, por falta desaneamento, geram uma parte significativa da poluio hdrica urbana e, ao mesmotempo, so os que mais sofrem com esta degradao.

    As informaes sobre qualidade das guas so muito precriasdadas a dimenso do Territrio Nacional e a reduzida capacidade institucional demonitoramento. ndices de qualidade de gua so elaborados em alguns estadosbrasileiros para algumas bacias hidrogrficas, mananciais subterrneos e regiescosteiras.8 Estes ndices quase sempre incluem somente indicadores de matriaorgnica e sedimentos (por exemplo, demanda por oxignio, coliformes e turbidez). Assim, uma anlise destes ndices ser evitada na medida em que revelariamapenas aspectos pontuais e localizados sem permitir resultados conclusivos.

    Nesta seo sero, ento, discutidos as fontes de poluio hdrica,seus efeitos econmicos e distributivos em termos de sade humana e osrespectivos custos de controle que a sociedade deveria incorrer para evitar esta

    forma de degradao.

    2.2.1. AS FONTES DE POLUIO HDRICA NO BRASIL

    No caso de matrias orgnicas, um estudo recente [verMendes(1994)] estima a participao das principais fontes de poluio hdrica noBrasil, conforme apresentado na Tabela 2. As estimativas referem-se ao ano de1988 devido a disponibilidade de dados para todo o pas, principalmente, os daindstria e de tratamento de esgoto urbano,ser possvel, somente neste perodo.

    As estimativas apresentadas nas seis primeiras colunas da Tabela 2so de emisses que potencialmente seriam geradas sem qualquer prtica de

    controle(carga potencial) pelos efluentes industriais e agropecurios, esgotos urbanoe rural e run-off agrcola. Nas colunas seguintes da Tabela 2 estimou-se tambm acarga residual que gerada aps a introduo de prticas de controle(cargaremanescente) para os efluentes industriais e o esgoto urbano.

    A Resoluo Conama 20 de 18/06/86 estabelece critrios paraclassificao das guas no Territrio Nacional.

    Estes ndices podem ser encontrados em publicaes de rgosfederais de controle ambiental ou de gesto dos recursos hdricos. Para uma anlisedos casos de So Paulo, Rio de Janeiro e Paran, ver Seroa da Motta et alii.(1993).

    Alm de serem emisses pontuais que permitem constantemonitoramento, o seu controle tecnologicamente avanado e de relativa facilidadeoperacional.

    Em termos percentuais, as cargas potenciais da indstria e doesgoto urbano so equivalentes em termos nacionais. Entretanto, observando aTabela 2, a carga orgnica remanescente da indstria menos da metade geradapelo esgoto urbano. Tal fato evidencia que o controle dos efluentes industriais,representado pelo nvel de tratamento, est muito acima daque le praticado noesgoto urbano. Entretanto, conforme j assinalado e que ser analisado

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    12/45

    12

    detalhadamente mais adiante, o tratamento do esgoto urbano apenas um aspectoda importncia ambiental e econmica desta fonte de poluio. O acesso aosservios de saneamento (gua potvel e coleta de esgoto e lixo) tambm apresentaimportantes impactos distributivos.

    Para as fontes de carga inorgnica no existe ainda estimativasadequadas, exceto as relativas a metal pesado na indstria que sero analisadas nasubseo seguinte.

    Entretanto, em relao a estes poluentes, possvel afirmar que;a) Dada a intensidade de uso de insumos qumicos na agricultura

    brasileira seu carreamento afeta tanto os corpos dguas superficiais comosubterrneos em termos de nitrogenados, fosfatados e cargas qumicas txicas e;

    b) As emisses de metais pesados e fenis podem ocorrer comintensidade no run-off urbano devido existncia de descarga direta (e ilegal) deprodutos qumicos (por exemplo, atividades protticas, de galvanizao e de trocade leo automotivo) na rede pluvial.

    2.2.2. A POLUIO HDRICA NA INDSTRIA BRASILEIRAEstudo recente de Mendes (1994), utilizando metodologia proposta

    inicialmente em Seroa da Motta et alii (1993), apresenta indicadores que permitemanalisar o desempenho do controle da poluio hdrica da indstria brasileira porsetor e unidade da Federao.

    Estimou-se o nvel de controle ou remoo de carga orgnica e demetais pesados por setor e estado como a relao entre carga potencial (cargaemitida sem este problema pode tambm ser verificado nas emisses agropecuriasem diversas regies do pas onde tais atividades so intensas e concentradas.Entretanto, os dados disponveis no permitem uma anlise mais detalhada desta

    questo.Em Seroa da Motta et alii (1993) estes indicadores so tambm

    estimados. As estimativas de Mendes (1994) so realizadas com uma base dedados revisada e ampliada.

    Nvel de Controle Setorial O nvel mdio de remoo de matria orgnica de origem industrial

    para o pas como um todo de 73,06% e de metais pesados 51,66%.Os setores com o melhor desempenho de controle de matria

    orgnica-metalurgia e qumica -- apresentam nveis de controle de 96,6 e 81,4%,respectivamente. Todos os outros setores apresentam nveis de controle abaixo damdia nacional. As indstrias de papel e celulose, junto com as de material detransporte, bebidas, alimentos, madeira e couro possuem nveis de remoovariando de 52,2 a 65,4%. Em seguida, com nveis mais baixos, esto os setorestxtil, perfumaria, sabes e velas e farmacutica, que controlam as emissesorgnicas em 38,2, 34,7 e 34,6%, respectivamente. O menor grau de controle,18,3%, aparece na indstria mecnica.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    13/45

    13

    Os setores com maior carga orgnica potencial, apesar deapresentarem elevados nveis de controle, so tambm aqueles com maior cargaremanescente. A qumica, por exemplo, controla mais de 80% da carga potencial eainda assim possui a carga remanescente mais alta. Estes indicadores revelam,assim, que o controle ambiental est dirigido a estes setores mais poluidores.

    Uma possvel correlao positiva entre o indicador de intensidadepotencial de poluio e o indicador de remoo. Os setores com intensidades depoluio baixa -- possuem nveis de controle bastante reduzidos e aqueles comintensidades altas tm um controle mais elevado. Nos setores com alta intensidadepotencial, destaca-se a qumica (20) com um nvel de controle de 81,21%. Ametalurgia (11) uma exceo, pois mesmo apresentando uma baixa intensidadepotencial, atinge um controle de 96,6%.

    Esta correlao parece indicar que o controle ambiental tem sidoeficaz em reduzir a intensidade de poluio orgnica da indstria. Os dados daTabela 3 comprovam a reduo nacional da intensidade de poluio de 27,7 ao nvelpotencial para 8,8 ao nvel remanescente, embora exista uma ordenao setorialsemelhante entre os dois indicadores de intensidade.

    No caso dos metais pesados, que o nvel de controle de poluio pormetal pesado relat ivamente homogneo entre setores e situa-se em torno damdia nacional de 51,7%. As indstrias de papel e celulose e a qumica so asnicas que se distanciam da mdia com nveis de controle de 88,8 e 18,3%,respectivamente.

    Entretanto, a metalurgia, responsvel por grande parte da cargapoluidora, no apresenta o nvel de controle mais elevado. Os demais setoresapresentam cargas, tanto potenciais como remanescentes, muito abaixo dametalurgia e um maior nvel de controle, exceto pela qumica.

    A intensidade de poluio por metal pesado na indstria como um todo se reduziude 0,32 em termos potenciais para uma remanescente 0,15. Esta reduo deaproximadamente 50% foi inferior observada para carga orgnica, em torno de75%.

    O indicador de intensidade poluidora remanescente pode serutilizado como um indicador de eficincia ambiental. Portanto, constatam-se que aindstria metalrgica, alm de apresentar as maiores cargas, a que mais lanametais pesados por unidade de receita gerada na atividade pro dutiva.

    Em suma, analisando os indicadores de intensidade remanescentede poluio orgnica e de metais pesados na indstria brasileira, percebe -se que

    estes acompanham a ordenao setorial dos indicadores de intensidade potencial,ou seja, os setores com alta intensidade potencial mantm-se, em termos relativos,com elevada intensidade remanescente. Desta forma, apesar de o controleambiental da poluio hdrica na indstria se concentrar nos maiores poluidores enaqueles setores com maior intensidade potencial, o resultado final sugere que aintensidade de poluio industrial, embora reduzida, ainda se deve aos setorespotencialmente poluidores.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    14/45

    14

    Assim sendo, a expanso econmica destes setores, mantendo-se onvel de controle observado, conduz a uma estrutura produtiva com alta intensidadede poluio.

    Nvel de Controle Regional So Paulo, o estado mais industrializado, apresenta o maior nvel de

    remoo de carga orgnica em torno de 93%. Todavia, os indicadores desta tabelano confirmam uma forte correlao entre grau de industrializao e nvel deremoo. Bahia, Pernambuco e Paran apresentam nveis de controle de cargaorgnica em torno da mdia nacional de 73,1%. Maranho, Rio de Janeiro, EspritoSanto e Rio Grande do Sul controlam as emisses orgnicas em 68,9, 51,4, 50,4 e47%, respectivamente. Gois controla 38,4%, enquanto Minas Gerais, SantaCatarina e Cear atingem nveis de controle entre 24,2 e 29,1%. Com o menorcontrole, 13,7%, surge o Par.

    Apesar dos resultados para So Paulo e Par, a correlao entre acarga potencial orgnica e o nvel de controle no to evidente em outros estados

    como, por exemplo, Minas Gerais ou Bahia.O mesmo se observa no controle de metais pesados. Embora Rio de

    Janeiro e So Paulo sejam os estados que apresentam maior carga poluidora destesmetais, no se constata uma correlao significativa entre nvel de carga e nvel deremoo.

    Outra semelhana observada para os metais pesados com o padrode controle de matria orgnica por estados se revel a na fraca associao entre onvel de remoo e o nvel de industrializao nos estados.

    Conforme diagnosticado na avaliao setorial, a ordenao dosestados em termos de intensidade potencial e remanescente no se altera

    significativamente. Ou seja, mantida a expanso espacial atual da indstria, no seobservaria uma reduo da intensidade de poluio do setor.

    As Necessidades de Investimento em Controle Para atender a metas maiores de controle, o setor industrial requer

    investimentos na sua estrutura produtiva. Estes abrangeriam gastos em conversopara processos de produo mais limpos e/ou obras e instalao de equipamentospara reduo da carga poluidora emitida.

    Os gastos em converso de processo so de difcil estimaoquando se trata de converter o estoque de capital j existente. Sua adoo tende aser mais ampla na expanso do processo produtivo.

    Dessa forma, somente gastos em obras e equipamentos de controlesero aqui considerados nas estimativas das necessidades de investimento emcontrole da poluio hdrica do setor.

    O custo total de remoo de poluentes hdricos industriais por plantaindustrial estimado a partir do produto entre as cargas a serem removidas e ocusto unitrio de remoo de poluentes, conforme inicialmente apresentado emSeroa da Motta (1994) e atualizado posteriormente em Mendes (1994).

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    15/45

    15

    As medidas de carga por fonte poluidora so as mesmas utilizadasnas estimativas de carga potencial e remanescente da subseo anterior.

    Os dados sobre custos unitrios de tratamento foram obtidos deestimativas de custos internacionais em Jantzen (1993). Neste trabalho soapresentadas seqncias de tecnologia de tratamento adequadas para os diversos

    setores da indstria, com os respectivos custos analisados de controle de cargaorgnica e metais pesados com base em preos internacionais. Estes custosrepresentam custos de investimentos unitrios analisados, taxa de 12%, para umperodo de depreciao de 25 anos, e tambm custos operacionais.

    A adoo de preos internacionais pode significar vieses nosclculos realizados. Todavia, de se esperar que a mdio prazo os custosdomsticos se aproximem dos custos internacionais, principalmente porque soempresas multinacionais que dominam este setor.

    Os custos de tratamento so dados por faixas de volume deefluentes a serem tratados, o que permitiu reduzir os problemas relacionados comeconomias de escala. Os valores dos custos unitrios variam com a eficincia datecnologia de tratamento empregado. Assim, adotaram-se trs cenrios: 50 e 75%de remoo mnima e individual e de quase 100% no qual as tecnologias maisavanadas so adotadas.

    A indstria como um todo teria que comprometer aproximadamente1% do seu PIB para atingir um nvel de 50% de controle da sua poluio potencialem cada setor. Este percentual de gastos se eleva em mais ou menos 0,25 paraatingir a meta de 75 e dobra para 2,08 se 100

    Est aqui admitindo-se que a introduo de tcnicas degerenciamento para reduo de resduos teria efeito limitado no total da carga dosetor, (utilizando a melhor tecnologia disponvel). Ou seja, a indstria brasileira

    deveria aumentar de 1 a 2% a sua formao bruta de capital para evitar as perdasambientais devidas a sua poluio hdrica.

    Conforme pode ser observado, os custos de controle socrescentes, principalmente no ltimo quartil analisado. Isto se deve reconhecidaexponencialidade dos custos de controle e tambm pelo fato, j analisadoanteriormente, que o setor j pratica um nvel de controle mdio de carga orgnicaprximo de 75%. A significncia da magnitude destes custos de difcil avaliaoem termos da indstria como um todo. Entretanto, possvel discutir algunsaspectos:

    a) Estes percentuais so estimativas mdias para os setores, que

    por sua vez apresentam alto grau de agregao. Uma anlise da distribuio destespercentuais entre os subsetores e as firmas dentro destes revela desvios padrosignificativos.

    Ou seja, tais percentuais podem ser bastante elevados em algunssubsetores e firmas.

    b) Embora uma anlise de relaes intersetoriais e de ciclo de vidados produtos fosse mais adequada, as magnitudes dos custos estimados dossetores de

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    16/45

    16

    Estas anlises ainda esto em elaborao na Coordenao deEstudos Ambientais (Cema) do IPEA e a densidade dos resultados preliminares nopermitiria uma apresentao objetiva.

    O estudo de relaes intersetoriais com base nestes coeficientes deintensidade tambm est em elaborao na Cema/IPEA.

    A demanda final que refletem a parte preponderante da cesta deconsumo das camadas mais pobres -- como, por exemplo, alimentos, bebidas,farmacuticos, sabes e velas e txtil -- so bem inferiores a 1%. Portanto, estesresultados indicariam que um controle mais restrito da poluio hdrica industrial nogeraria efeitos distributivos significativos diretos.

    c) Somente os setores de couros e peles e o metalrgicoapresentam percentuais de custos muito altos, variando de 5 a 16, que certamenteresultam em restries de investimentos para melhorar seu desempenho ambiental.Sendo importantes setores de insumos industriais, sua participao no ciclo doproduto dos setores consumidores poderia resultar em impactos distributivosnegativos.

    2.2.3. O ESGOTO URBANO

    Esta seo discute o tratamento do esgoto urbano que, se situacomo uma das principais fontes de poluio hdrica orgnica.

    O acesso a servios de saneamento na rea rural ainda incipientee com informaes imprecisas. Em 1990, estimativas da cobertura do servio derede geral de abastecimento de gua situavam -se em 16% e de coleta de esgoto emtorno de 5%.

    Esta preferncia pelo urbano nos investimentos de saneamento justifica-se pela ampliao dos efeitos ambientais negativos que as concentraes

    urbanas tendem a gerar sem a adequada proviso destes servios. Isto no significaa inexistncia destes problemas ambientais derivados da carncia de saneamentono setor rural, mas que apenas sua magnitude de menor escala e suas soluespodem ser alcanadas com alternativas tecnolgicas diferenciadas.

    Tratamento de Esgoto Os percentuais de tratamento do esgoto urbano por estaes de

    tratamento ligadas rede de coleta e por fossas spticas em relao ao volume totalgerado e ao volume total coletado por rede geral no pas. O percentual do volumecoletado que tratado foi obtido da Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico e

    refere-se a dados das empresas de saneamento de 1989.Estes percentuais, todavia, no diferenciam a eficincia dotratamento adotado, que em grande parte se realiza em nvel primrio, cujaeficincia muito baixa.

    Vale observar, entretanto, que o lanamento de efluentes poremissrios submarinos, no includo nestes indicadores por ausncia deinformaes adequadas, pode tambm representar um tipo de disposio adequadosob o ponto.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    17/45

    17

    O clculo dos percentuais considera estimativas destes nveis deeficincia, de vista sanitrio e ambiental. Este tipo de tratamento no muitorepresentativo no total, mas pode ser significativo em algumas cidades costeiras.

    Os percentuais para esgoto gerado que tratado foram estimadosmultiplicando os percentuais de tratamento pelos percentuais de cobertura

    populacional do servio de coleta de esgoto obtido da Pesquisa por Amost ras deDomiclio do IBGE para o ano de 1990. Isto , admitiu -se que a cobertura detratamento em 1988 foi mantida em 1990 para compensar a inadequao do nvelde tratamento existente.

    Observa-se a mdia nacional de tratamento do total de esgotogerado realizado por estaes de tratamento muito baixa, sendo inferior a 10%. Asvariaes regionais indicam que a regio Sudeste apresenta o maior percentual com14,4, seguida das regies Sul e Centro -Oeste com aproximadamente 8 e 7,respectivamente, e as regies Nordeste e Norte com percentuais, respectivamente,de 3,7 e 1,4.

    Somente alguns estados apresentam nveis de tratamentosignificativos. Entre eles esto Rio de Janeiro (29,3%), Distrito Federal (23,6%),Paran (18,1%), So Paulo (14,6%), e Esprito Santo (9,8%). Os outros estadosapresentam nveis inferiores a 5% e em muitos casos, principalmente no Norte eNordeste, menores que 1%.

    Dividindo as medidas de cargas pelo PIB do estado ou setor,estimaram-se indicadores de intensidade de poluio potenc ial e remanescente querepresentam a capacidade de gerao de poluio por unidade de produto industrial.

    Os dados utilizados referem-se ao nico levantamento nacional decargas poluidoras industriais realizado para a avaliao do Programa Nacional deControle da Poluio Industrial (Pronacop) e referem -se a uma pesquisa conduzida

    em 1988 junto aos cadastros dos diversos rgos ambientais estaduais. Estes dadosesto agregados a partir da classificao de atividades industriais dos CensosEconmicos do IBGE.

    2.3 POLUIO ATMOSFRICA

    A qualidade do ar tem se tornado um dos principais temas depreocupao ambiental nos grandes centros urbanos.

    As fontes antrpicas de poluio atmosfrica so bastanteconhecidas. O Quadro 1 discrimina estas fontes e seus principais poluentes. Seus

    efeitos afetam principalmente a sade humana. Todavia, tambm se observamimpactos negativos no processo vegetativo das plantas, na corroso de materiais ena sade de animais.

    As emisses cumulativas de outros gases atmosfricos, tais comometano, dixido de carbono(CO232), clorofluorcarbonos (CFCs), podem gerarmudanas climticas futuras significativas no planeta, embora sem afetar nomomento a sade humana. Tais gases no sero aqui discutidos por no se tratar

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    18/45

    18

    de uma questo de soluo unicamente brasileira. Todavia, no se poderia negarsua importncia distributiva entre naes.

    O grau de concentrao de um poluente emitido depende da suainterao com a atmosfera, que se realiza por diluio e por reaes qumicas. Esteprocesso de interao, est, assim, sujeito a variaes relativas s condies

    climticas e meteorolgicas.

    2.3.1. AS FONTES DE POLUIO ATMOSFRICA NO BRASIL

    Somente o Estado de So Paulo mantm uma rede integrada eautomtica de monitoramento do ar com medies de diversos poluentes para aregio Metropolitana de So Paulo (RMSP) e Cubato.

    Isto quer dizer que as solues globais tm um contedo distributivosignificativo [ver, por exemplo, Parikh (1984) e Rose(1994)].

    Pontos de monitoramento so tambm encontrados em outros 18municpios do estado, mas sem apresentar informaes suficientes para critriosmnimos de representatividade.

    O Estado do Rio de Janeiro, embora pioneiro nas atividades demonitoramento na cidade na regio Metropolitana do Rio de Janeiro, sofreudescontinuamento de mensuraes ao longo da dcada de 80, exceto no caso demedidas dos particulados (PI). Este tambm foi o caso do Estado de Minas Gerais.Recentemente, estes estados esto reiniciando e modernizando suas ativida des demonitoramento.

    Outras unidades da Federao, como Rio Grande do Sul, Paran ePernambuco, tambm acabam de iniciar suas redes de monitoramento.

    A anlise aqui apresentada, ento, ser preponderantementebaseada nas informaes consolidadas pela Cetesb.

    A participao de cada fonte de poluio urbana estimada na RMSPpara 1990.

    Observam-se que os veculos automotivos so as principais fontesde poluentes atmosfricos. Estes contribuem com mais de 90% nos casos de CO,HC e NOx, 64% no SOx e 40% nos particulados (PI).

    Os veculos leves contribuem quase cinco vezes mais que osveculos pesados em CO e HC, mas quatro vezes menos em NOx, 15 vezes menosem SOx e menos que a metade em particulados.

    Entretanto, considerando a emisso por passageiro transportado,certamente o transporte coletivo representa uma emisso per capita extremamente

    superior ao transporte individual. A indstria, exceto para os gases sulfurados, contribui com menos

    de 10% na emisso de outros poluentes. No caso de CO e HC sua contribuio igual da queima de lixo. Todavia, a poluio atmosfrica industrial no pode s erconsiderada sem importncia. Locais de alta concentrao industrial e condiesatmosfricas de diluio desfavorveis podem gerar nveis de concentrao depoluentes extremamente elevados com efeitos negativos desastrosos. Um exemploamplamente citado a cidade de Cubato (O Vale da Morte) onde at medidas de

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    19/45

    19

    evacuao da populao foram necessrias. A despeito de uma campanhaagressiva de controle de poluio industrial, esta cidade ainda apresenta nveis deconcentrao de poluentes bastante acima, por exemplo, da RMSP.

    Entre os poluentes analisados, so as partculas inalveis (commenos de 10 micromilmetros de dimetro) que mais afetam as condies

    respiratrias da populao de forma acumulativa e prolongada, por se reterem nospulmes. Exposies prolongadas a xidos de enxofre podem agravar tambm asdoenas respiratrias e cardiovasculares. O monxido de carbono, embora semefeito acumulativo, pode gerar mal-estar diminuindo reflexos e acuidade visual.

    Os xidos de nitrognio em reao com os hidrocarbonetos formampor reao fotoqumica o gs oznio (O3) que, alm de irritao ocular, tambmagrava doenas respiratrias. A presena constante de NOx nos pulmes pode serum agente cancergeno.

    2.3.2. INDICADORES DE CONCENTRAO DA POLUIOATMOSFRICA

    Medidas mensais de concentrao de poluentes atmosfricos paradiversos pontos de monitoramento nas regies Metropolitanas de So Paulo (RMSP)e Rio de Janeiro (RMRJ).

    No caso da RMSP, estas medidas so disponveis para particuladose dixido de enxofre , enquanto a nica srie atualizada disponvel na RMRJ serefere a particulados com alguns perodos sem mensurao.Nestas tabelas esto indicados os padres legais de qualidade do ar 2526 queprocuram garantir o mnimo efeito nocivo da poluio na sade humana, fauna eflora e materiais.

    Observa-se no Grfico 6 que a concentrao de dixido de enxofre

    na RMSP tem declinado acentuadamente, se situando, a partir de 1984, abaixo dopadro legal. Tal tendncia se explica em decorrncia do contro le e afastamento dasindstrias poluidoras.

    Em termos de particulados, observa-se uma tendncia oposta tantona RMSP e na RMRJ, conforme mostram, respectivamente, os Grficos 7 e 8.No caso da RMSP, as estaes selecionadas indicam uma tendncia semelhante dequase estabilidade de concentrao ao longo da dcada, com concentraesbastante acima do padro legal.

    Na RMRJ, esta estabilidade somente se verifica em alguns pontosde monitoramento, enquanto outros apresentam tendncia crescente de

    concentraes. Em todos os pontos selecionados os padres mnimos foramultrapassados.

    Embora sejam internacionalmente aceitos, devido incerteza dosefeitos destes poluentes, principalmente na sade humana, tais nveis so muitasvezes contestados.

    No objetivo de oferecer uma viso mais completa da qualidade doar, a Tabela 12 apresenta dados da distribuio diria das medidas do ndice dequalidade do ar (IQA) na RMSP em termos de nmeros de dias em que estes

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    20/45

    20

    ndices so classificados como bom, regular e inade quado nos diversos pontos demonitora- mento. O IQA um ndice composto de funo linear segmentada, combase nas concentraes de todos os poluentes medido pela Cetesb.

    2.3.3. AES DE CONTROLE DA POLUIO ATMOSFRICA

    Os indicadores das subsees anteriores revelam que os veculosautomotivos so as principais fontes de poluio atmosfrica nas grandes reasurbanas.

    Indicou-se tambm que os nveis de concentrao nas cidades maisdesenvolvidas do pas excedem, principalmente em particulados, os padresdesejados. Dessa forma, os efeitos negativos sobre a sade humana podem serconsiderveis, conforme ser analisado mais adiante.

    Todavia, vale mencionar anteriormente alguns aspectos econmicose distributivos da poluio do ar.

    As iniciativas de controle da poluio do ar na indstria, alm dainstalao de equipamentos de controle e substituio e conservao energtica,atuaram mais eficazmente atravs da realocao espacial das grandes instalaesindustriais.

    No caso da poluio automotiva, uma iniciativa merece destaque: oPrograma de Controle da Poluio do Ar por Veculos Automotores (Proconve) queinstituiu metas de nveis de emisso veicular a serem atendidas pela indstriaautomobilstica na produo de veculos novos. A consecuo d as metasestabelecidas at 1992 tem sido bastante satisfatria, atingindo, no caso dosveculos novos, mais de 80% de reduo mdia de poluentes em relao a 1986 [verCetesb (1992)]. Inclusive, algumas metas estabelecidas para 1997 j esto quase

    atendidas. Alm de variaes tecnolgicas adotadas nos veculos novos (por

    exemplo, nos processos de ignio e carburao), o Proconve estimulou aintroduo de catalisadores que atuam nos escapamentos dos veculos.

    Tambm como exigncia do Proconve consolidou-se melhoria naqualidade dos combustveis com eliminao do chumbo e fixao do percentual damistura do lcool gasolina e reduo do teor de enxfre no leo diesel.

    Os resultados do Proconve referem-se aos veculos novos a partirde 1986 e as metas realmente significativas foram alcanadas na sua fase II em1992. Alm do mais, estes nveis de emisso requerem contnua manuteno e

    regulagem dos motores.Em termos de padres de emisso, ver Resoluo Conama 05 de

    15/06/89 que institui o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar.Resoluo Conama 18 de 06/05/86.

    A inspeo da manuteno dos veculos foi estabelecida na Resoluo Conama 07de 31/08/93, mas ainda no implementada.

    Estando a propriedade dos veculos leves concentrada nas camadasmais ricas da populao, ento plausvel afirmar que so estes os maiores

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    21/45

    21

    responsveis pelas emisses destes veculos. Positivamente estes proprietriospagam, via preo do veculo novo, os custos de controle de emisso possivelmentederivados do Proconve.

    Entretanto, os segmentos dos mais pobres acabam, devido a suasrestries de renda, possuindo veculos mais antigos e, portanto, com maior

    potencial poluente e exigncia de manuteno e regulagem.No caso dos veculos pesados, as emisses derivadas do transportecoletivo so as mais importantes. Alterando o perfil modal dos servios de transportecoletivo urbano para alternativas com menor impacto na qualidade do ar ( metrovias,por exemplo), a comutao dos mais pobres seria menos degradadora, alm deoferecer menor tempo de locomoo e maior conforto. Adicionalmente, induziria osmais ricos a reduzirem seu uso de transporte individual.

    Resumindo, o problema de qualidade do ar nos centros urbanos estfortemente associado ao sistema de transporte coletivo que atualmente gera grandeparte das emisses totais e incentiva o transporte individual. Os efeitos negativosno se restringem qualidade do ar, mas incluem o aumento do congestionamentodo trfico e a exigncia de comutao de lon ga durao para os mais pobres emveculos inseguros e com pouco conforto. Em suma, tal situao resulta em perdasambientais, gera ineficincia energtica e reduz a produtividade do trabalho.

    3. PADRO DE USO DE RECURSOS FLORESTAIS

    Esta seo apresenta indicadores que discutem o grau desustentabilidade do padro de explorao dos recursos florestais no Brasil.

    Estes indicadores procuram refletir os principais usos destesrecursos e as suas implicaes em termos de esgotamento da base natural e os

    efeitos distributivos intertemporais decorrentes.

    3.1 RECURSOS FLORESTAIS

    O Brasil possui as maiores reas de florestas tropicais do planeta etambm extensas reas cobertas com cerrados (savanas) e caatingas. Dessa forma,so ilimitados os benefcios que podem ser obtidos da explorao destes recursosflorestais.

    Os recursos florestais so todos os bens e servios ambientaisderivados das florestas e outras formas de vegetao.

    No presente, em termos comerciais, os recursos mais importantesso os produtos madeireiros e extrativos. A biodiversidade da fauna e flora tambm oferece ilimitadas

    possibilidades comerciais ainda pouco exploradas em termos de conhecimentocientfico e tecnolgico (por exemplo, desenvolvimento de frmacos) ou mesmo parasua explorao turstica.

    As florestas tambm oferecem servios indiretos e no comerciaisque refletem um valor econmico ao garantirem sustentabilidade a diversas

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    22/45

    22

    atividades econmicas. Entre estes estariam a regulao da disponibilidade e daqualidade das guas, a estabilidade climtica, a reduo da concentrao depoluentes atmosfricos e a prpria preservao do solo.

    O valor existencial das florestas, s vezes denominado valorecolgico, pode ser de igual importncia quando se considera a preservao de

    espcies no-humanas.Conforme j amplamente reconhecido, a dominncia ou a dinmicade um tipo de explorao geralmente afeta o benefcio de outro uso. Para avaliar adimenso deste conflito, e a sustentabilidade das formas de explorao, precisoinicialmente discutir os usos antrpicos do solo florestal.

    3.2 O PADRO DE EXPLORAO DO SOLO LORESTAL

    O padro de uso dos recursos florestais resulta, em ltima instncia,dos usos antrpicos destinados ao solo florestal.Na maioria das formas de explorao, a vegetao nativa retirada para que o solo

    seja utilizado para diversos fins, tais como: assentamentos populacionais, atividadesagropecurias, explorao mineral e construo de barragens e reservatrios paragerao hidreltrica.

    Nestes casos, fica caracterizado o processo de desmatamento. Namedida em que a converso de reas florestais para estes fins no permite aregenerao da vegetao primria, o desmatamento se assemelha explorao deum recurso finito. Ou seja, os recursos florestais tornam-se exaurveis.

    Outras formas de uso do solo florestal, entretanto, no resultam noesgotamento dos recursos florestais como seriam diversas prticas de extrativismo eas unidades de conservao.

    3.3 DESMATAMENTO NO BRASIL

    Nesta subseo so apresentados alguns indicadores que refletem onvel de desmatamento nos principais ecossistemas brasileiros.

    Conforme ilustrado no mapa anexo, a composio da vegetaobrasileira bastante diversa.

    A anlise a seguir se concentrar na Floresta Amaznica, na Mata Atlntica e no Cerrado, onde a disponibilidade de dados maior devido importncia ecolgica e econmica destes recursos. Estes tipos de vegetao so

    considerados os mais ricos em biodiversidade e ainda ocupam as regieseconomicamente mais dinmicas do pas.Isto no quer dizer que outros ecossistemas no sejam importantes.

    No caso da caatinga, por exemplo, amplamente reconhecida a sua riquezagentica e a sua contribuio para as variaes climticas da regio nordestina.

    Em termos de Brasil como um todo, as reas remanescentessignificam apenas 8,19% das reas originalmente florestadas. Indiscutivelmente, aMata Atlntica o ecossistema nacional mais ameaado do pas. Esta situao

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    23/45

    23

    alarmante gerou matria legal que em 1990 proibiu qualquer tipo d e desmatamentoem reas de domnio da Mata Atlntica.

    Os Estados do Rio de Janeiro e Bahia so os que mantmpercentuais de reas remanescentes mais elevados, respectivamente 20,9 e 16,indicando taxas de desmatamento mais acentuadas que os outros estados. As

    maiores taxas de desmatamento so observadas em Minas Gerais (2,9%) e RioGrande do Sul (4%) onde a rea remanescente representa 2,9 e 4%,respectivamente.

    A estimativa exata destas taxas no foi realizada porque aconverso das reas nos estados se realizou em distintos perodos de tempo.Todavia, a razo entre rea remanescente e rea original um indicador preciso dasmagnitudes relativas das taxas entre os estados.

    Devido magnitude das reas originais, os estados de So Paulo,Santa Catarina, Paran e Bahia apresentam as maiores reas remanescentesvariando em torno de 1,5 milho de hectares. Estes estados mantm quase 70% dototal da rea remanescente de Mata Atlntica do pas.

    Conforme se pode observar, a distribuio espacial da Mata Atlntica coincide com as regies que tm liderado historicamente a expansoagropecuria, industrial e conseqentemente urbana do pas e, portanto, constata -seque a converso da floresta foi parte desse processo de desenvolvimento.

    A expanso da fronteira agropecuria e industrial, seguindo omodelo de desenvolvimento adotado nas regies ao Sul do pas, foi tambmestimulada nas regies Norte e Centro-Oeste, nas quais predominam,respectivamente, a Floresta Amaznica e o Cerrado.

    Esta expanso logrou a converso de enormes reas de soloflorestal. Isto foi possvel, por um lado, pela concentrada estrutura fundiria e de

    distribuio de renda existente no pas, e, por outro, pela abertura de estradas deintegrao nacional, assentamentos agrcolas, conce sso de incentivos fiscais agropecuria e implantao de mega projetos de desenvolvimento nessas regies,mas os resultados em termos de rea desmatada so expressivos. A eficinciaeconmica e distributiva desse processo de ocupao questionvel,

    O desmatamento da Floresta Amaznica ainda no pode seravaliado pela magnitude das reas remanescentes. Primeiro porque, conforme jsalientado, uma rea de fronteira, ou seja, de recente ocupao. Segundo, aextenso da rea originalmente florestada qu atro vezes maior que a estimada paraa Mata Atlntica e representa quase 50% do Territrio Nacional.

    As taxas recentes de desmatamento da Floresta Amaznica(limitada na sua demarcao legal).

    No perodo 1978/89, no qual se inicia o processo mais recente eambicioso de ocupao da regio, a taxa de desmatamento anual atingiu a mdia de0,54% ou mais de 21.000 ha por ano. Mantida esta taxa, a floresta desapareceriaem menos de 130 anos.

    O processo recessivo da economia brasileira aps este perodo quereduziu os investimentos em estradas e mega projetos, as alteraes na estrutura de

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    24/45

    24

    incentivos fiscais e o fortalecimento da capacidade fiscalizatria dos rgosambientais o principal fator explicativo para a significativa reduo dessas taxasnos anos posteriores.

    No ano de 1991, ltimo dado oficial disponvel, esta taxa declinoupara 0,30%, mas ainda sendo responsvel por uma rea desmatada de mais de

    11.000 ha. Observa-se tambm que as frentes de expanso, onde as taxas somais elevadas e acima de 1%, ocorrem nos Estados de Tocantins, Maranho,Rondnia e Mato Grosso. Os Estados do Acre e Amap e o Territrio de Roraimaapresentaram taxas constantes ou crescentes no perodo, o que pode indicar umanova frente de expanso. O Estado do Amazonas, por outro lado, ainda mantm aolongo do todo o perodo as menores taxas.

    Vale mencionar que as taxas verificadas no Par e no Maranho sorelativas a um processo de desmatamento anterior ao perodo recente analisado.

    A manuteno da tendncia declinante dessas taxas, todavia,depender basicamente das condies polticas e econmicas que assegurem aconstante reverso dos fatores indutores ao desmatamento acima discutidos.

    Entretanto, para dar uma dimenso da magnitude do desmatamento j realizado na regio Amaznica, o total da rea desmatada entre 1978 e 1991equivale somente a 5% da originalmente florestada, mas com uma extensoterritorial prxima do Estado de So Paulo.

    As reas abertas no Cerrado so mais expressivas. De acordo comWWF (1994), 50,7 milhes de hectares foram abertos at 1985 de uma rea originalde aproximadamente 180.000 hectares.

    3.4 PRODUO DE MADEIRA

    Conforme j discutido, a produo de madeira rolia -- madeira sembeneficiamento aps sua extrao -- um dos usos comerciais mais importantes dosrecursos florestais.

    A evoluo desta produo no pas da dcada de 80 de acordo comdados preliminares levantados no estudo da Funatura/Itto e publicados em Prado(1995).

    Observa-se que a regio Norte em 1980 contribua com apenas9,2% do total da produo de madeira oriunda de matas nativas. Este percentualeleva-se para 22,5 em 1990/91 devido a um crescimento de mais de 170% no

    perodo. A produo de madeira de matas nativas manteve -se mais ou

    menos constante nas regies Nordeste e Sudeste, registrou queda de 25% naregio Sul e um crescimento de 8,5% na Centro-Oeste. Como a produo nacionalcresceu 11,8%, a expanso foi praticamente toda conduzida pela regio Norte.

    Nota-se que a produo de madeira de matas plantadas (dereflorestamento) correspondeu em 1990/91 a menos de 25% da produo total demadeira no pas, embora tenha apresentado um crescimento superior a 30% durante

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    25/45

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    26/45

    26

    Ou seja, a produo madeireira torna-se coadjuvante das atividadesagropecurias no processo de desmatamento. O desmate agropecurio financiadoem troca da produo madeireira resultante ou, pior, o desmate agropecurio umaforma legalizada de expandir a extrao madeireira sob formas de manejo nosustentveis.

    Vale lembrar que o consumo de madeira nativa, por fora do CdigoFlorestal, pode somente ser realizado se houver contrapartida em florestasplantadas. Recentemente, permitiu -se a explorao de matas nativas de acordo comum plano de manejo sustentado que seja aprovado pelo Ibama com normas decontrole ambiental bastante rgidas. Para os pequenos consumido res, com consumomenor que 12.000m39 anuais, existe a possibilidade de pagamento de uma taxa dereposio florestal nos casos onde a reposio no atendida.

    As formas de manejo sustentado em florestas tropicais, alm detecnicamente complexas, so de rentabilidade de longo prazo e requereminvestimentos iniciais e custos de operao muito altos. O valor da taxa de reposioflorestal, embora no seja elevado em comparao com os custos dereflorestamento, exige uma sofisticada administrao de coleta e fiscalizao.

    Dessa forma, o desmatamento para fins agropecurios, permitidopor lei em at 50% da rea total da propriedade, tornou -se uma excelenteoportunidade para evitar as restries legais de explorao madeireira.

    Neste cenrio, a fragilidade fiscalizatria dos rgos ambientais empouco interfere no processo de desmatamento. Criar polticas realistas e osapropriados incentivos ao manejo sustentado pode se revelar mais eficaz.

    3.5 PRODUO AGROPECURIA

    Conforme discutido, a explorao agropecuria uma das formasmais importantes de converso de florestas. Embora existam tcnicas que permitamatividades agrcolas e pecurias com menor intensidade de degradao do solo euso de insumos qumicos, permanece a necessidade de retirada da vegetao,mesmo que sejam seguidas de prticas mais conservacionistas.

    As possibilidades de adoo de prticas conservacionistasminimizadoras de degradao e desmate esto relacionadas com o padrotecnolgico adotado no setor agropecurio. J amplamente evidenc iado que noBrasil estas prticas so pouco utilizadas e tambm pouco incentivadas pelasagncias de fomento e crdito do setor [ver Estudos Econmicos (1994)].

    Adicionalmente, a estrutura fundiria da agropecuria no pas altamente concentrada e com baixos nveis de produtividade em termosinternacionais. Alm do incentivo a tcnicas mais conservacionistas, uma forma deracionalizar a converso das florestas induzir a expanso da fronteira para reasde maior aptido agroecolgica. Nestas reas os n veis mais elevados deprodutividade so possveis com menor uso de insumos qumicos e perdas de solo.Ou seja, reduz-se a necessidade de expanso em reas virgens.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    27/45

    27

    reas de aptido agroecolgica foram estimadas a partir de umlevantamento da Embrapa (1991). Este levantamento define a aptido do solo comoaquela de menor ndice de agresso ao ecossistema combinada com a menorinverso relativa de capital.

    4. RESDUOS SLIDOS E RECICLAGEMEsta seo apresenta alguns indicadores da cobertura dos servios

    pblicos de coleta e disposio de resduos slidos, em particular o lixo urbano, nopas e a intensidade com que estes resduos so reintroduzidos no processo detransformao industrial.

    Enquanto a disponibilidade de informaes, embora desatualizadas,sobre lixo urbano so razoveis, os indicadores de reciclagem ainda so bastanteincipientes.

    4.1 RESDUOS SLIDOS

    A gerao de resduos slidos ou lixo (municipais, hospitalares,industriais e agrcolas) tambm um dos principais problemas ambientais. Osresduos no coletados compem a carga poluidora que escorre pelas guaspluviais (run-off) urbanas e rurais. O lixo coletado e com disposio inadequada ematerros ou a cu aberto e em reas alagadas gera problemas sanitrios e decontaminao hdrica em tais locais. Quando se trata de carga txica, geralmente deorigem industrial e agrcola, as conseqncias ambientais na sade humana e napreservao da fauna e flora so mais significativas.

    O tratamento por compostagem ou incinerao tambm gera

    efluentes e emisses atmosfricas por vezes muito intensas.A reciclagem nem sempre possvel dada a qualidade dos resduos

    ou seus custos de coleta e transporte aos pontos de transformao.Os problemas dos servios de coleta de resduos slidos, assim, no

    se restringem prpria coleta, mas tambm transferncia do lixo coletado paratratamento e sua disposio final.

    Os resduos txicos constituem atualmente um dos maioresproblemas ambientais nos pases ricos. Embora a situao no Brasil ainda carea deindicadores sistemticos, sua magnitude considerada alarmante pelos rgos eentidades ambientais.

    Adicionalmente, no caso brasileiro, conforme ser mostrado aseguir, a situao do prprio lixo urbano no pode ser considerada ideal.

    4.2 COLETA E DISPOSIO DE LIXO URBANO

    A expanso da cobertura do servio de coleta de lixo urbano nadcada de 80 foi significativa, crescendo 15,6% no perodo.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    28/45

    28

    A distribuio por classe de renda semelhante aos servios degua e esgoto anteriormente analisados. Mesmo com a recente expanso sendofortemente dirigida para os mais pobres, estes segmentos da populao ainda soos que apresentam menor acesso ao servio em todas as regies, principalmentenas menos desenvolvidas economicamente.

    Os indicadores nacionais mostram que 78,4% da populao urbanatm acesso a este servio. O acesso na classe de renda at 1 SM de apenas51,3%, nas de 1-2 SM de 56,8%, nas de 2-5 SM eleva-se para 69,6% e salta para89% nas classes com renda superior a 5 SM.

    Alguns indicadores sobre a disposio de lixo coletado realizadapelos rgos municipais de limpeza urbana com base na Pesquisa Nacional deSaneamento Bsico do IBGE relativa a 1989. Estas informaes indicam que nopas 47,6% do volume do lixo coletado so disposto s a cu aberto. Na regioNordeste este percentual atinge quase 90 e nas regies Sul e Centro -Oeste,respectivamente, 40,7 e 54. A regio Sudeste apresenta o menor uso de disposioa cu aberto com um percentual de 26,2%.

    A disposio em vazadouro em reas alagadas muito baixa esomente expressiva na regio Norte onde 22,8% da disposio so realizados comesta modalidade.

    A disposio em aterros responsvel por 45,3% do volume do lixocoletado no pas, predominantemente em aterros controlados. Nas regies Sudeste,Sul e Centro-Oeste os percentuais so, respectivamente, 65,2, 57 e 40,1. Nasregies Norte e Nordeste menos de 8% do lixo coletado so dispostos em aterros.Embora os percentuais estaduais sejam diferenciados, a distribuio regional indi caque os estados mais desenvolvidos economicamente so os que apresentam menorprtica de disposio a cu aberto em favor da prtica de aterro de menor impacto

    ambiental.Entretanto, a adequao do tipo de aterro e a intensidade de

    usinagem modificam esta distribuio regional. A disposio em aterros sanitrios, de eficincia sanitria superior

    aos aterros controlados, somente tem expresso em alguns estados como Acre,Minas Gerais, So Paulo e Gois onde, respectivamente, 73,7, 64, 40,8 e 28,9% dolixo coletado so dirigidos aos aterros sanitrios. Ou seja, a prtica mais indicada deaterro sanitrio, em nvel estadual, no apresenta uma clara correlao com o graude desenvolvimento econmico.

    Aterramento de resduos especiais representa em todo o pas

    apenas 0,11% do volume do lixo urbano coletado.A usinagem para compostagem (gerao de compostos orgnicos),

    reciclagem (triagem de material) e incinerao (queima de resduos) de apenas5,4% em todo o pas. Todavia, aps 1989, ano de referncia destes dados, estasprticas foram bastante intensificadas, embora em magnitude ainda no avaliada emtermos nacionais de forma sistemtica.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    29/45

    29

    A importncia da prtica da compostagem e reciclagem so dereduzir a necessidade de expanso de aterros e aumentar a oferta de matria-primareciclada que atenua a demanda por recursos naturais.A prtica de incinerao, alm de no gerar matria reciclada, tem sido questionadadevido sua intensidade energtica e de emisso de poluentes atmosfricos.

    Todavia, pode ser a alternativa econmica e ambientalmente mais eficiente emcertos casos de resduos qumicos.No ano analisado, a prtica de usinagem ocorria somente em alguns

    estados. A compostagem, por exemplo, representava 3% do volume do lixo coletadono pas. Esta cobertura superior mdia nacional no Amazonas (7,5%), Roraima(16,7%), Rio Grande do Norte (4,4%), So Paulo (8,3%) e Distrito Federal (27,28%).

    As usinas municipais de reciclagem triavam 2,2% do lixo coletado.Acima da mdia nacional esto Rio Grande do Norte (3,44%), Paraba (10,1%), Riode Janeiro (6,13%) e So Paulo (3%).

    A incinerao de apenas 0,2% do volume de lixo coletado e ocorriasomente no Par, Amap, So Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.Mais uma vez, observa-se no caso de usinagem que o grau de desenvolvimentoeconmico no explica a prtica deste tipo de tratamento de resduos.

    4.3 RECICLAGEM INDUSTRIAL

    A reciclagem de resduos, reintroduzindo na estrutura produtivaparte dos materiais j processados, reduz tanto os custos ambientais intratemporaisda disposio do lixo como tambm os custos intertemporais de uso dos recursosexaurveis. O nvel de reciclagem determinado pela participao da produo damatria reciclvel em proporo ao total de matria virgem utilizada no processo

    industrial. Os nveis de reciclagem no Brasil para 1994 esto apresentados naTabela 24.

    Somente no caso do alumnio e papel, o nvel brasileiro dereciclagem se aproxima da mdia dos nveis praticados nos pases ricos. Em termosde expanso, a reciclagem das sucatas de ferro e ao vem declinando nos ltimosanos, a de papel estabilizou-se e presenciou-se um crescimento significativo na deplstico e, principalmente, na de vidro e alumnio.

    A expanso do mercado de reciclagem depende basicamente darelao de custos entre a matria virgem e a sucata. O custo da matria -primavirgem resulta do custo de extrao, da escassez das reservas e dos custos

    (principalmente deenergia) de processamento. O custo do material reciclveldepende, por outro lado, dos custos de coleta, separao e transporte.

    Quanto maior o custo da matria-prima virgem em relao ao custode substituio por sucatas, maior ser o estmulo econmico para a coleta doresduo e as possibilidades de absorver os custos de coleta e transporte como soos casos de alumnio e ao.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    30/45

    30

    Este nvel depende tambm da forma como os resduos socoletados e transferidos para o processador de matria-prima. Estas formasdeterminaro o nvel de qualidade e, assim, o de aproveitamento dos resduos.

    As fontes de material para reciclagem so o lixo urbano coletado por

    servios pblicos ou catadores, as sobras do comrcio e as geradas no prprio processamento

    de matria-prima virgem na indstria.A coleta seletiva uma das formas de melhorar a qualidade do lixo urbano

    para a reciclagem, pois evita a necessidade de mistura entre os diversos componentes do lixo

    urbano atravs da separao do lixo por matria nos prprios domiclios e escritrios.

    Embora represente ainda uma proporo pouco expressiva do lixo total

    coletado, esta modalidade de coleta tem se ampliado nos ltimos anos. Uma pesquisa recente

    do Cempre (1995) indica que passou de 54 em 1889 para 84 em 1994 o nmero de municpios

    com programas de coleta seletiva. Estes municpios esto na maioria localizados nas regies

    Sul e Sudeste do pas.

    O custo da coleta seletiva por tonelada de lixo, entretanto, segundo o

    Cempre (1995), 10 vezes superior ao da coleta convencional e com retorno financeiro da

    reciclagem de apenas 10% dos custos de coleta. Isto porque esta modalidade requer uma

    organizao especfica de coleta, transporte e transferncia com custos mais altos. O aumento

    da escala do servio certamente contribuir para a reduo do custo unitrio.

    Todavia, vale notar que um custo de coleta seletiva superior ao da coleta

    convencional pode se justificar socialmente pelos custos ambientais evitados com a

    reciclagem. Importante ser determinar estes custos evitados para, ento, definir os custos de

    coleta compensatrios.

    Uma outra forma de ampliar a oferta de matria para reciclagem dolixo urbano, com menor custo e maior impacto distributivo, so as cooperativas decatadores. Nestas cooperativas os catadores fazem a triagem de resduos (papel,

    vidro, plstico e metais) coletados em pontos como depsitos ou locais de entregavoluntria e os vendem geralmente para atacadistas (sucateiros).

    Estas cooperativas so alternativas de organizao para oscatadores de lixo que trabalham dentro dos aterros, pois as cooperativas o fereceminstalaes sanitrias adequadas e outras facilidades para segurana e conforto dotrabalho.

    Uma forma de dinamizar a reciclagem de lixo industrial so asbolsas de resduos existentes em 12 grandes capitais do pas sob a gesto dosrgos ambientais. A atuao destas bolsas a de aproximar os geradores erecicladores de resduos industriais e, com isso, dinamizar o mercado de reciclagem.

    Entretanto, sua atuao tem sido limitada principalmente porque asbolsas tm fracassado em reduzir a volatilidade do mercado de resduos. Asvantagens de manter fontes seguras de abastecimento e demanda devido pequena escala do mercado induz compradores e vendedores -- aproximadosatravs da bolsa -- a manterem transaes sem sua intermediao. Tambm existeo temor dos grandes geradores de resduos, ao divulgarem continuamente suadisponibilidade, de sofrerem presses fiscalizatrias dos rgos ambientais.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    31/45

    31

    A volatilidade da oferta e demanda devido pequena escala dosetor de reciclagem um dos fatores restritivos expanso do setor e responsvelpela sua marcante tendncia a concentrao e verticalizao.

    Este cenrio indica claramente a necessidade de uma ao conjuntaentre setor privado e governo em estabelecerem instrumentos econmicos para

    incentivar a dinamizao do setor, inclusive alguns penalizadores ao consumo dematriaprima no-reciclada, quando os custos ambientais evitados assim justificarem. Adicionalmente, existem questes relativas tributao diferenciadaentre matria virgem e reciclada.

    A reciclagem no deve ser considerada uma vantagem ambientalinquestionvel. O balano ambiental e energtico do ciclo da reciclagem em termosde coleta, triagem e transporte que deve definir o nvel desejvel a ser estimulado.

    5. . DEGRADAO DO SOLO

    Esta seo apresenta simultaneamente alguns valores dos custosda degradao do solo devidos a seu uso para fins agrcolas baseados nos poucosestudos realizados no pas para mensurao deste tipo de degradao.

    5.1 O RECURSO SOLO

    O uso do solo para fins agrcolas, principalmente as atividades delavoura, alm das perdas em vegetao, tambm impe perdas ambientais naprpria reduo da camada de solo. Esta perda de solo altera a prpria estrutura dosolo e induz a maior intensidade de compostos qumicos (fertilizantes) para restauraros nutrientes perdidos de forma a minimizar as perdas de produtividade.

    Adicionalmente, o solo perdido carreia sedimentos e insumos qumicos para osmeios hdricos.

    O carregamento agrcola para os meios hdricos j foi discutidoanteriormente na Seo 1. Dependendo da sua intensidade, afeta a qualidade dagua, estreita os canais de navegao e prejudica a gerao de hidroeletricidade.

    A adequao do tipo de cultivo aptido agro ecolgica do solo, operodo de repouso do solo (intervalo entre plantios), o plantio em reas de nvel, ascondies pluviais, o tipo e a intensidade de irrigao e a extenso de matas ciliaresso fatores que determinaro o nvel de perda de solo. Dessa forma, cada reaagrcola refletir um nvel de perda especfico.

    6. APERFEIOANDO A GESTO AMBIENTAL

    Esta seo discute algumas opes de poltica ambiental no Brasil.Primeiro, no objetivo de discutir exploratoriamente as possibilidades

    de sustentabilidade do crescimento econmico do pas, resu me alguns custosambientais estimados nas sees anteriores em relao capacidade deinvestimento da economia brasileira. Apresenta uma descrio sucinta do sistema

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    32/45

    32

    nacional de gesto ambiental, discute brevemente seus desafios atuais e mostraalgumas opes de instrumentos de poltica ambiental e econmica para oaperfeioamento da gesto dos recursos naturais do pas e incentivo a seu uso deforma mais sustentvel.

    6.1 O CONSUMO DE CAPITAL NATURAL NO BRASILO consumo de capital natural seria uma medida das necessidades

    de investimentos na economia para financiar o consumo de estoque de capitalnatural nas atividades produtivas geradoras da renda nacional, medidas peloproduto interno bruto.

    Conforme discutido na Introduo, uma economia no seriasustentvel, at pela hiptese de fraca sustentabilidade, se no fosse capaz derealizar os investimentos suficientes para compensar o consumo de capital natural ematerial. Esta uma forma de introduzir a varivel ambiental no Sistema de ContasNacionais que

    No se procedeu a qualquer ajuste nos custos de Caval canti (1995)para o ano de 1990, mede o desempenho econmico. Tal mensurao, alm dascontrovrsias tericas e metodolgicas, depende em grande parte dos princpios desustentabilidade adotados.

    O nvel de sustentabilidade desejado define em ltima instncia oscustos ambientais a serem evitados e, portanto, o consumo de capital natural a serestimado e as formas de investimentos que o compensem.

    No exerccio apresentado a seguir sero adotados algunsprocedimentos bastante simplificados no intuito somente de avaliar a magnitude doconsumo de capital no pas no ano de 1990.

    A estimativa de consumo de capital natural no Brasil ser estimadacomo a soma dos seguintes custos:

    a) de investimentos nacionais estimados no Seo 2 comonecessrios para o controle mximo da poluio hdrica domstica (esgoto urbano) eindustrial. No caso dos efluentes industriais, os custos foram apresentados empercentuais do PIB industrial para o ano de 1988. O perce ntual de 2,08 serassumido para o ano de 1990 e aplicado ao PIB indstria de transformao dasContas Nacionais do mesmo ano. A adoo do nvel de controle mximo, conforme j discutido na segunda seo, pode ser uma superestimativa em diversaslocalidades onde a capacidade de assimilao do meio no o exige. Todavia, esta

    superestimativa no controle da poluio hdrica servir de compensao para acarncia de estimativas de investimentos necessrios para controle da poluioatmosfrica e de resduos slidos.

    Valores calculados Esgoto urbano: US$ 2,023 milhes;Efluentes industriais: US$ 2,286 milhes.b) de uso dos recursos florestais que sero estimados multiplicando

    o percentual de 0,2, estimado para o pas na Seo 3 para o ano de 1985 relativo aoproduto lquido agropecurio do hectare desmatado, pelo PIB da agropecuria das

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    33/45

    33

    Contas Nacionais no ano de 1990. Conforme discutido na terceira seo, a adoodeste percentual uma subestimativa do custo de uso dos recursos florestais, umavez que somente considera perdas de produo sustentvel de madeira e produtosextrativos e somente aqueles relativos ao desmatamento do ano.

    Valor calculado: US$ 87,2 milhes.

    c) de uso da degradao do solo estimados na Seo5

    . Conformediscutido nessa seo, estes custos so baseados em estimativas regionaisbastante inferiores a outras apresentadas em estudos realizados e somenteconsideram perdas de nutrientes.

    Valor calculado: US$ 5,900 milhes.46O valor total estimado para o consumo de capital natural, de acordo com

    os procedimentos acima, foi de aproximadamente US$ 10,3 bilhes. Sendo o valor do PIB de

    US$ 437 bilhes (PIB a preos de mercado estimado taxa de cmbio mdia de Cr$ 68,55 de

    1990), o consumo de capital natural mensurado equivaleria a aproximadamente 2,4% do PIB

    de 1990. Deste percentual, apenas 1% se refere poluio e 1,4% est associado s perdas de

    recursos do solo florestal e agrcola.

    Isto indica que as perdas ambientais inter-temporais da exausto dos

    recursos naturais so superiores quelas perdas intra-temporais devido degradao.

    Considerando a ausncia de estimativas de outras formas de degradao e

    esgotamento de recursos naturais e o carter conservador das estimativas usadas, o valor

    calculado pode ser entendido como um limite inferior ao verdadeiro valor do consumo de

    capital natural no Brasil.

    A formao bruta de capital (FBC), total dos investimentos na economia,

    declinou de 23,6% do PIB em 1980 para 15,5% em 1990. Este percentual da FBC inclui as

    inverses em capital material para compensar seu consumo (depreciao) e expandir seu

    estoque. Esta composio, entretanto, no mensurada nas Contas Nacionais e, assim, no

    permite uma avaliao precisa de quanto da FBC representa investimentos lquidos que

    aumentam o estoque de capital da economia.

    Considerando, todavia, este declnio na taxa da FBC, seria plausvel supor

    que um adicional de 2,5%, exigido para compensar totalmente o capital natural consumido,

    no poderia ter sido realizado. Ou seja, com base nestas estimativas exploratrias, o nvel de

    inverses na economia brasileira parece ter sido insuficiente para compensar o consumo de

    capital natural indicando uma trajetria no sustentvel de crescimento.

    Associado a esta trajetria no-sustentvel em termos de renda, h que se

    considerar os aspectos distributivos que discriminaram os mais pobres dos benefcios do

    consumo deste capital natural, alm de impor a estes os custos ambientais resultantes.

    Estes valores e percentuais diferem daqueles estimados em Seroada Motta (1993 b ) para o ano de 1985 devido no somente ao perodo de anlise,mas tambm ao uso de base de dados mais atualizada para poluio hdrica e aincluso/excluso de outros tipos de recursos e formas de degradao e suashipteses de sustentabilidade.

    Isto , no se estima a formao de capital lquido da suadepreciao.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    34/45

    34

    6.2 A GESTO AMBIENTAL NO BRASIL

    Como na maioria dos pases, a gesto ambiental no Brasil tem sepautado exclusivamente pelo uso de regulao, isto , por instrumentos de comandoe controle. Na Poltica Nacional do Meio Ambiente, estes instrumentos so

    classificados em quatro categorias:a ) padres ambientais (de qualidade e emisso); b ) controle do usodo solo (zoneamento e unidades de conservao); c ) licenciamento [Estudo deImpacto Ambiental (EIA/Rima), Planos de Manejo

    (Pifi), Tc)]; d ) penalidades (multas, compensaes etc.).Na Constituio de 1988, ecossistemas nacionais como Amaznia e

    Pantanal foram considerados patrimnio nacional e tambm criadas leis e specficaspara aes pblicas por danos causados ao meio ambiente com penalidades derecluso para seus responsveis.

    Atualmente, as empresas, principalmente as indstrias exportadoras,esto se preparando para a adoo de normas internacionais de gest o ambiental(srie ISO 14000). Em discusso no Congresso Nacional, e j aprovada, em algunsestados tambm existe uma legislao sobre auditoria ambiental obrigatria nasempresas. A poltica ambiental, ento, se realiza atravs de restries quantitativase gerenciais ao uso dos bens e servios ambientais definidos por lei. Alm dalegislao nacional acima citada, os estados e municpios podem criar suas prpriasleis, desde que no se contraponham aos limites estabelecidos nacionalmente. Aimplementao das leis ambientais cabe na maioria dos casos aos estados, comexcees para reas de patrimnios ou de preservao e certos tipos delicenciamento e controle de poluio.

    Embora desde a criao da Secretaria Especial do Meio Ambiente

    (Sema), do Ministrio do Interior, em 1973, este conjunto de princpios einstrumentos j houvesse sido adotado ou concebido, foi somente a partir da Lei6.938, de 1981, que definiu a Poltica Nacional do Meio Ambiente e o SistemaNacional do Meio Ambiente (Sisnama), que se tornou possvel a execuo de umapoltica ambiental mais autnoma.

    Alguns indicadores da eficincia da gesto neste perodo j foramdiscutidos anteriormente e este desempenho pode ser atribudo eficcia do usodos instrumentos propostos.

    Entretanto, no aspecto institucional, a autonomia da gestoambiental, com a criao do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

    NaturaisEsta subseo foi baseada em Seroa da Motta (1991 a e b).

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    35/45

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    36/45

    36

    Em nvel municipal existem tambm, nas grandes capitais, assecretarias de meio ambiente com funes muitas vezes dependentes e superpostasao rgo estadual.

    Alm destes rgos tipicamente ambientais, coexistem geralmenteem nvel de gesto ambiental dos estados -- dificilmente dentro das secretarias demeio ambiente -- as empresas de abastecimento de gua e saneamento, os rgosde fomento e controle da pesca e rgos de controle da produo mineral. Asempresas de limpeza urbana, quase sempre municipais, tambm so parteimportante da gesto ambiental.

    No governo federal, o Ibama tanto rgo de controle de poluiocomo de recursos florestais. Recentemente, o Ministrio do Meio Ambiente se tornoutambm da Amaznia Legal e posteriormente tambm dos recursos hdricos. Estaextenso de competncia sobre os recursos hdricos ainda no alterou a atuao doIbama desde que o Departamento Nacional de gua e Energia Eltrica (DNAEE)continue funcionando no Ministrio das Minas e Energia como rgo normativo efiscalizador do setor de guas federais interiores.

    A questo mineral delegada ao Departamento Nacional dePesquisa Mineral (DNPM) ligado ao Ministrio de Minas e Energia.

    As iniciativas de gesto ambiental tm, ento, se caracterizado pelafragilidade nas aes entre agncias oficiais de um mesmo governo e entre distintosnveis de governo. Na medida em que as restries ambientais interferem nosinteresses setoriais de cada governo, de se esperar que haja reaes no sentidode rejeitar tal interferncia. Dessa forma, torna-se difcil incluir restries ambientaisnos modelos subjacentes de formulao de polticas macroeconmicas e setoriais.Dado o carter regulatrio dessas restries, a sua efetividade estar sempre sujeitaa presses polticas especficas, o que reduz o interesse por iniciativas de integrao

    intragovernamental. Esta situao manifesta-se tanto entre os ministrios comoentre as secretarias estaduais.

    No caso das relaes intergovernamentais, estas j esto emgrande parte balizadas pela prpria legislao. Entretanto, as dificuldades emefetiv-las crescem quando da necessidade de transferncia de recursos e dedistribuio de responsabilidades no definidas ou com interpretao dbia da lei. Oprocesso ainda se torna mais restritivo nos casos onde as polticasmacroeconmicas e setoriais do governo federal acabam por dificultar as aes nosnveis estaduais e federais.

    Em suma, a performance da gesto ambiental depender de

    solues para sua crise de financiamento e aes que visem integrar os diversosobjetivos governamentais.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    37/45

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    38/45

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    39/45

    39

    de mercados, criam-se mecanismos que acabem por estabelecer um valor social.Em suma, adota-se o "princpio do poluidor/usurio pagador". Atuan do diretamentenos preos, objetiva-se internalizar os custos ambientais nos custos privados que osagentes econmicos incorrem no mercado em atividades de produo e consumo.

    Estes incentivos podem atuar diretamente sobre os preos -- taxas etarifas52 -- ou indiretamente com certificados ou direitos de propriedade.As taxas seriam uma cobrana direta pelo nvel de poluio ou uso

    de um recurso natural. Esta cobrana, na sua forma mais simples, pode ser atravsde um tipo de multa que se aplica sobre o excesso de poluio ou uso acima dopadro ambiental estipulado por lei cujo valor determinado proporcional eprogressivamente a este excesso atravs de uma frmula na qual cada unidade depoluio ou uso tem um preo estipulado.

    Com este sistema poder-se-ia tambm aplicar uma cobrana sobre onvel permitido por lei, com valores inferiores, no objetivo de incentivar menoresnveis de poluio e uso. Entretanto, neste caso de nveis legalmente aceitos, acobrana se assemelha a um imposto e no a uma multa por no atendimento a umrequisito legal.

    J os certificados ou direitos de propriedade procuram estabelecernveis desejados de uso do bem ou servio ambiental, como, por exemplo, aquantidade total de poluio ou de uso permitida, que so distrib udos entre osusurios ou produtores em formas de certificados ou direitos. Estes certificados,ento, podem ser transacionados em mercados especficos com controle e taxaoda autoridade ambiental atravs de operaes de emisso e resgate destes ttulos .As firmas os comprariam e os venderiam de acordo com seus custos de controle depoluio.

    Ambas as opes acima possibilitam superar parte dos problemasenfrentados pela gesto ambiental brasileira, na medida em que:

    a) permitem a gerao de receitas fiscais e tarifrias, atravs dacobrana de taxas, tarifas ou emisso de certificados para lastrear os incentivosprmios ou capacitar

    Outros mecanismos menos abrangentes seriam o seguro (ou bnus)ambiental, os sistemas de depsito-ressarcimento ( deposit refund ) e, at mesmo,expedientes de mdia como as listas negras de poluidores que podem induzir reduo do consumo de seus produtos, afetando as cotaes das aes dasempresas,os rgos ambientais.

    Dependendo da sua magnitude, podem tambm ser vir para reduzir acarga fiscal sobre outros bens e servios da economia que so mais desejveis quea degradao, como so os casos de investimentos e emprego.

    b) consideram as diferenas de custo de controle entre os agentes e,portanto, alocam de forma mais eficiente os recursos econmicos disposio dasociedade, ao permitirem que aqueles com custos menores tenham incentivos paraexpandir as aes de controle. Portanto, com IE a sociedade incorre em custos decontrole inferiores queles que seriam incorridos se todos os poluidores ou usurios

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    40/45

    40

    fossem obrigados a atingir os mesmos padres individuais ou do limite decertificados;

    c) possibilitam que tecnologias menos intensivas em bens e serviosambientais sejam estimuladas pelas vantagens de reduo da despesa fiscal que

    ser obtida pela reduo da carga poluente ou da taxa de extrao;d) atuando no incio do processo de uso dos bens e serviosambientais, o uso de IE pode anular ou minimizar os efeitos das polticas setoriaisque, com base em outros incentivos setoriais, atuam negativamente na baseambiental;

    e) minimizam os custos administrativos ao dispensar a necessidadede tratar separadamente cada caso de degradao ou explorao e evitam osdispndios em pendncias judiciais para aplicao de penalidades; e

    f) um sistema de taxao progressiva ou a alocao inicial decertificados podem ser efetivados segundo critrios distributivos onde a capacidadede pagamento de cada agente econmico considerada.

    Resumindo, o uso de incentivos econmicos promoveria no s amelhoria ambiental como tambm a melhoria econmica, em termos fiscais, deeficincia produtiva e de eqidade.

    Conforme proposto na teoria, a eficincia da taxao teria o seuponto timo quando os custos marginais incorridos pelos agentes, em decorrnciado uso de uma unidade de um bem ou servio ambiental, fossem equivalentes aocusto ambiental (externo) imposto sociedade por este uso incremental. Entretanto,a definio das taxas ou valores dos certificados segundo este princpio geralmenteno possvel, pois requer um esforo proibitivo de coleta e anlise de informaesnem sempre disponveis a custos compensadores.

    Na prtica, ento, observa-se que, na maioria dos casos onde taismecanismos foram adotados, sua utilizao complementa os instrumentos deregulamentao

    Os custos de pesquisa e administrativos dos instrumentos decomando e controle so expressivos e considerados superiores aos decorrentes dosmecanismos de mercado. Estas questes esto exaustivamente discutidas em textoclssico de Baumol e Oates (1988).

    Este motivo para se propor a definio dos nveis destesinstrumentos (taxas ou valores de certificado) com base nos nveis de poluio ouextrao definidos por lei. Assim, decorre que os mecanismos sero estabelecidos

    para que o mercado funcione de forma a no ultrapassar estes limites, ao invs de,atravs da equivalncia de custos marginais, estabelecer o ponto timo destesnveis.

    Dessa forma, o valor monetrio de cada instrumento dever seraquele necessrio para gerar mudanas no processo produtivo ou no de controleambiental por parte dos agente econmicos. Para tal, faz -se necessrio estimar oscustos marginais individuais de controle de cada agente e simular para cada valor areduo esperada de poluio.

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    41/45

  • 8/8/2019 Trabalho Aspecto Ambiental Brasileiro

    42/45

    42

    Mesmo que os IE gerem receitas suficientes para cobrir ou compensar os custos deproteo ambiental, existem inmeros investimentos que tm de ser realizadosantes de se iniciar um processo de forma a viabilizar a aplicao destesmecanismos. Os investimentos seriam tanto a capacitao dos rgos ambientais

    para formular e implementar estas polticas como as obras de recuperaoambiental ou tratamento e controle de poluio.

    6.7 COMENTRIOS FINAIS

    Sumariando, trs recomendaes devem ser feitas:a) conciliar o objetivo de gerao de receita com a induo da

    mudana do padro de uso e consumo dos recursos naturais; b ) ajustar osmecanismos de comando e controle com instrumentos econmicos; e c ) definirformas de cobranas progressivas ou de polticas compensatrias para reduzir osimpactos distributivos da cobra